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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Olívia Furiama Metropolo Dias INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DE TARTARUGAS SEMIAQUÁTICAS DE ÁGUA DOCE TRACHEMYS SP. (CHELONIA: EMYDIDAE) EM CATIVEIRO São Paulo 2015

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Olívia Furiama Metropolo Dias

INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO

COMPORTAMENTO DE TARTARUGAS SEMIAQUÁTICAS

DE ÁGUA DOCE TRACHEMYS SP. (CHELONIA:

EMYDIDAE) EM CATIVEIRO

São Paulo

2015

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Olívia Furiama Metropolo Dias

INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO

COMPORTAMENTO DE TARTARUGAS SEMIAQUÁTICAS

DE ÁGUA DOCE TRACHEMYS SP. (CHELONIA:

EMYDIDAE) EM CATIVEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde, da Universidade

Presbiteriana Mackenzie como parte

dos requisitos exigidos para obtenção

do grau de Bacharel em Ciências

Biológicas.

Orientadora: Profª. Drª. Paola Lupianhes Dall’Occo

São Paulo

2015

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Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar à minha família, minha mãe Ana Paula, à

minha tia e madrinha Bel, minha vó Ceny, minha “segunda madrinha”

Fernanda, meu padrinho Daniel pelo apoio e incentivo à minha escolha de me

tornar Bióloga. Agradeço também à minha grande amiga Mayra, por tantos

anos de amizade e por nunca me esquecer mesmo quando me esqueço de

você.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao CCBS pela minha

formação.

À minha querida orientadora Paola Dall’Occo, por me dar a oportunidade

de realizar este trabalho, por me suportar como aluna, monitora, estagiária e

orientanda, mas principalmente por toda a ajuda, auxilio e conselhos.

Aos meus amigos, Carolina Contatori, Fernando Rossi, Ícaro de Oliveira,

Isabella Saad, Jéssica Fleming, que de alguma forma me ajudaram no

processo deste trabalho. Ao técnico Adailson, por toda a ajuda e paciência

comigo. Também aos técnicos Nathália, Leonardo, Chris e Lucas pela

disposição.

Aos meus amigos, Artur Favero, Fabio Gargiulo, Fernando Rossi,

Gabriel Ribeiro, Isabella Saad, Julia Macedo, Joel Baek, por quase quatro anos

de cumplicidade, dedicação, muito amor e várias brigas. Obrigada por fazerem

parte da minha vida, sem vocês a faculdade não seria a mesma.

À minha turma, biomack 312 e agregados, por compartilhar comigo

momentos únicos e maravilhosos, e outros não tão maravilhosos assim. Aos

amigos do Diretório Acadêmico Abraão de Moraes, que foi, por vários anos,

minha segunda casa, e à Sol, que foi para nós todos como uma segunda mãe.

A todos os professores que fizeram parte da minha formação, vocês

foram essenciais no meu aprendizado e formação profissional, e por

reafirmarem minha paixão pela biologia.

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Não existe triunfo sem perda, não há vitória

sem sofrimento, não há liberdade sem

sacrifício.

J. R. R. Tolkien

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Resumo

O comércio ilegal de animais silvestres representa um grande problema

ecológico uma vez que muitos desses animais são exóticos e apresentam alto

potencial de competição com outras espécies. O gênero Trachemys é

representado no Brasil pela espécie T. dorbigni, e nos EUA, T. scripta elegans,

que muitas vezes é vendida ilegalmente no Brasil, nessas espécies grandes

mudanças na morfologia da fase jovem para adulta levam ao abandono e

assim a sua superpopulação em Centros de Reabilitação e instituições de

pesquisa. Ao serem mantidas em cativeiro muitas vezes apresentam

comportamentos estereotipados, sem propósito aparente, causado pela falta de

estímulos e dinamismo de seus recintos. A fim de melhorar a condição de vida,

assim como criar novos estímulos e layouts semelhantes ao seu ambiente

natural, o enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante utilizada com

animais cativos. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a influência no

comportamento de tartarugas semiaquáticas, com a aplicação de técnicas de

enriquecimento ambiental físico, alimentar, social e cognitivo. Foram

observados quatro indivíduos, dois de cada espécie, mantidos no viveiro da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, durante uma hora diária em um período

de 5 dias com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo. Os

enriquecimentos cognitivo e social apresentaram aumento nas frequências dos

comportamentos naturais dos machos, porém desvinculados do acasalamento.

O presente estudo reafirmou a presença de individualidade tanto nos padrões

comportamentais como na resposta de cada indivíduo, ressaltando a

necessidade da continuação do projeto, assim como a divulgação dos

resultados devido à escassez de informações e dados na literatura

especializada

Palavras-chave: Enriquecimento ambiental. Tartaruga. Trachemys.

Comportamento animal. Bem-estar.

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Abstract

The illegal trade of wild animals represents a considerable problem to the

environment, since many of those are exotic and show high competitive

potential against other species. The genus Trachemys is represented in Brazil

by the species T.dorbigni, and at USA, T. scripta elegans which is often illegally

trade in Brazil. These species show large differences in their morphology

between young and adults leading to abandonment and as consequence,

overpopulation in rehabilitation centers and research institutions. To be kept in

captivity often show stereotype behavior, without apparent purpose, caused by

lack of incentives and dynamism of the enclosures. In order to improve the

conditions of life and layouts similar to their natural environmental,

Environmental Enrichment is an important tool used with captive animals. The

objective of this study is to evaluate the influence on the behavior of semi-

aquatic turtles, with the application of physical, food, social and cognitive

environmental enrichments. Four individuals were observed, two of every sort,

kept at the Universidade Presbiteriana Mackenzie, during one hour daily over a

period of five days each with remarks of 5 minutes with 2 minutes break. The

cognitive and social enrichments showed an increase in the frequency of

natural behaviors on the males, however unrelated with mating. This study

confirmed the presence of both individuality in behavioral patterns as in the

response of each individual, emphasizing the need for continuation of the

project, as well as dissemination of the results due to lack of information and

data in the literature.

Keywords: Environmental enrichment. Trachemys. Turtle. Animal behavior.

Welfare.

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Sumário

1. Introdução .................................................................................................. 8

2. Material e Métodos................................................................................... 14

2.1 Observação prévia ............................................................................ 15

2.2 Marcação dos animais ...................................................................... 16

2.3 Observação pré-enriquecimento ..................................................... 17

2.4 Enriquecimento Físico ...................................................................... 18

2.5 Enriquecimento Alimentar ................................................................ 18

2.6 Enriquecimento Cognitivo ................................................................ 19

2.7 Enriquecimento Social ...................................................................... 20

3. Resultados ............................................................................................... 21

3.1 Observação pré-enriquecimento ..................................................... 21

3.2 Enriquecimento Físico ...................................................................... 24

3.3 Enriquecimento Alimentar ................................................................ 28

3.4 Enriquecimento Cognitivo ................................................................ 29

3.5 Enriquecimento Social ...................................................................... 31

4. Discussão ................................................................................................. 35

5. Conclusão ................................................................................................ 42

6. Referências Bibliográficas ...................................................................... 43

7. Apêndice A ............................................................................................... 47

8. Apêndice B ............................................................................................... 50

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1. Introdução

O Brasil possui uma grande biodiversidade, possuindo 100.000 espécies

de invertebrados e 8.200 espécies de vertebrados, o que representa cerca de

10% da biodiversidade mundial (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).

Essa diversidade coloca o país como um dos principais comercializadores

ilegais de espécies da fauna e flora nativa, pois atrai colecionadores e

traficantes de espécimes endêmicos (ROCHA, 1995).

Um número alarmante de 38 milhões de animais silvestres é retirado

ilegalmente da natureza por ano no Brasil, mas apenas 4 milhões são vendidos

como animais de estimação, enquanto o restante morre por maus tratos

durante o transporte precário em gaiolas, garrafas pet, caixotes, costurados em

bolsos falsos de roupas, etc. (IBAMA, 1989). Os principais motivos que

incentivam o tráfico ilegal desses animais são a venda para zoológicos e

colecionadores, fins científicos ou biopirataria, animais para pet shops e para o

uso de produtos e subprodutos provenientes destes (DESTRO et al., 2012).

Muitos animais silvestres comercializados ao se tornarem adultos,

deixam de apresentar características vistas por seus compradores como

“atrativas”, principalmente em relação à coloração e ao tamanho (Figura 1),

(ZOOSP, 2015). Isso pode ocasionar a soltura inadequada e irresponsável

desses animais na natureza, muitas vezes fora de sua área natural, além da

destinação para instituições de ensino, zoológicos e parques onde são

mantidas em locais muitas vezes não apropriados (RENCTAS, 2011).

Figura 1 – Diferença no padrão de coloração e tamanho na fase juvenil e adulta de Trachemys dorbigni. A. Filhote B. Adulto. Fonte: Reserva Romanetto (2011).

A

B

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Os Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETAS)

são unidades de manejo e destinação de animais provenientes de apreensões,

resgates e doações particulares, autorizados pelo IBAMA com a finalidade de

identificar, avaliar, reabilitar e destinar os animais recebidos (IBAMA, 2015).

Entre os anos de 2003 e 2011, 98.202 animais foram recebidos pelos CETAS

no estado de São Paulo (IBAMA, 2012), enquanto somente no período de 2012

e 2013 este número subiu para 115.868 (IBAMA, 2015).

Um exemplo de animal silvestre comumente comercializado como “pet”

são as tartarugas semiaquáticas, pertencentes à ordem Testudines ou

Chelonia (IBAMA, 1989).

Existem duas subordens em Chelonia, Pleurodyra na qual os animais

retraem a cabeça lateralmente, e Cryptodira, que curvam a cabeça em formato

de “S” (POUGH; JANIS; HEISER, 2008). Dentro desta última subordem, a

família Emydidae é a que possui maior número de espécies e inclui tartarugas

de hábitos semiaquáticos, aquáticos e terrestres, distribuindo-se entre Europa,

sul da América do Norte e Sudeste da América do Sul (VITT; CALDWELL,

2009), sendo Trachemys o gênero mais estudado (BUJES, 2010).

Na região sul do Brasil, Uruguai e Argentina encontra-se a espécie T.

dorbigni, (Figura 2) popularmente conhecida como tigre d’água. É uma espécie

fácil de ser encontrada, pois habita diversos ambientes aquáticos, como

banhados, lagunas, rios, canais de irrigação, açudes com abundância de

vegetação e poças (BUJES; VERRASTRO, 2007).

Uma subespécie do mesmo gênero, Trachemys scripta elegans, nativa

da América do Norte (Figura 3), e conhecida como tartaruga de orelha

vermelha, é comumente confundida e vendida ilegalmente como tigre d’água,

sendo um “pet” exótico muito cobiçado por criadores (ERNEST et al., 1989

apud COUTINHO, 2002). Isso acontece pois se assemelham muito quanto à

sua morfologia e coloração, porém é possível sua diferenciação através da

coloração da cabeça, sendo que T. dorbigni apresenta manchas

amarelas/alaranjadas e T. s. elegans, possui manchas vermelhas (Figura 4),

além de possuírem padrões distintos no plastrão (RESERVA ROMANETTO,

2015). Essa comercialização significa a introdução no território brasileiro de

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uma espécie exótica, neste caso considerada invasora, pois apresenta grande

sucesso de adaptação e reprodução (COUTINHO, 2002; VIEIRA et al., 2008).

Figura 2 – Localização geográfica de Trachemys dorbigni na região sul do Brasil. Modificado de HAHN (2005).

Figura 3 – Distribuição geográfica de T. scripta elegans. Fonte: GIBBONS (1990).

A espécie exótica T. s. elegans é considerada atualmente, no Brasil,

uma praga urbana devido à criação ilegal e soltura desses animais de forma

irregular. Sua alta capacidade de adaptação a faz uma potencial competidora

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por alimento e espaço, consequentemente gerando um aumento na sua

capacidade reprodutiva (FAGUNDES et al., 2010; ALCALDE, 2012).

Figura 4 – Diferenciação das espécies por meio da coloração na cabeça. A. T. dorbigni. B. T. s. elegans

Existem evidências de hibridização entre T. dorbigni e T. scripta elegans,

e análises genéticas mostram que T. s. elegans é uma invasora em potencial

uma vez que a introgressão de alelos exóticos da subespécie americana foi

encontrada em populações nativas (FIGUEIREDO, 2014).

Essas tartarugas semiaquáticas são consideradas onívoras oportunistas

(HAHN, 2005), entretanto, existem, nas duas espécies, alterações na dieta ao

longo do desenvolvimento (BAGER et al., 2013). É possível observar dois tipos

de mudanças sendo uma ontogenética, ou seja, mudança dos hábitos

alimentares na transição de juvenil para adulto, e sazonal, na qual o indivíduo

se adapta de acordo com a oferta de alimento que pode variar nas estações do

ano, tornando-os oportunistas (BAGER, 2007).

Esses répteis apresentam elevado desenvolvimento da audição, visão e

olfato, e, portanto, excelente capacidade de orientação, tanto para busca de

alimento quanto para encontrar parceiros em épocas reprodutivas, sendo a luz

captada e utilizada como estímulo para navegação e orientação (POUGH;

JANIS; HEISER, 2008).

Assim como outras espécies de quelônios de água doce encontradas no

Estado do Rio Grande do Sul, T. dorbigni não está em risco de extinção.

Contudo, a espécie sofre grande impacto por estar sujeita a coleta de ovos

destinada ao mercado de animais de estimação (BAGER, 2003).

A B

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Esses animais possuem carapaça dorsal formada por uma camada

externa de queratina rígida seguida por uma camada óssea, fundindo as

cinturas pélvicas, costelas e vértebras, e plastrão ventral, formando uma

“armadura”. Acrescentam novas camadas de queratina abaixo das antigas dos

escudos achatados, que são trocados periodicamente (HICKMAN, 2004)

As tartarugas são répteis pecilotérmicos, incapazes de controlar

fisiologicamente a temperatura do corpo, portanto dependem da radiação da

luz solar (HICKMAN, 2004). Sabendo disso, é extremamente importante que,

quando em cativeiro, estes animais tenham acesso fácil e área de exposição

suficiente para que suas funções fisiológicas sejam contempladas.

De acordo com Costa et al. (2008) e Broom (2015), quando se mantém

animais silvestres em cativeiro, é preciso zelar pelo seu bem-estar, garantindo

um ambiente interativo que satisfaça suas necessidades básicas, permitindo

que o animal expresse um comportamento mais similar possível com o natural,

levando em conta suas necessidades fisiológicas para crescer livre de doenças

e ferimentos; necessidades psicológicas suprindo sempre a fome e não

expondo o animal a situações de medo; assim como suas necessidades

comportamentais, mantendo a ambientação do recinto próximo ao que

encontraria em seu ambiente natural.

O enriquecimento ambiental é de grande importância para diminuir o

stress dos animais cativos por meio de métodos que imitem ou que aproximem

as condições do recinto ao ambiente natural (BOSSO, 2011).

Os principais métodos de Enriquecimento Ambiental são: físico, no qual

as mudanças são realizadas no próprio recinto como implantação de tocas,

vegetação ou troncos; alimentar, no qual o alimento é oferecido de forma

diferente do habitual, sendo possível esconder o alimento na vegetação ou

congela-lo e enriquecimento sensorial, realizado por exemplo com a introdução

de odores que os animais nunca tiveram contato (COSTA et al., 2008).

Tendo em vista essas informações, é evidente a importância do manejo

correto de espécimes em cativeiro, considerando as mudanças e respectivas

necessidades em cada fase da vida.

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Assim, o objetivo deste estudo é aplicar técnicas de enriquecimento

ambiental e analisar sua influência no comportamento de tartarugas

semiaquáticas mantidas no Viveiro de Animais e Vegetais, do curso de

Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, bem como

avaliar as condições do recinto em que são encontradas.

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2. Material e Métodos

O trabalho de enriquecimento ambiental foi realizado no recinto que

abriga quinze tartarugas, sendo treze indivíduos da espécie T. scripta elegans

e duas T. dorbigni (Apêndice A). Foram escolhidos quatro espécimes,

escolhidos aleatoriamente, sendo um macho e uma fêmea de cada espécie. A

sexagem foi feita a partir da analise da distancia entre a cloaca e o plastrão e

formato do final deste.

Os animais se encontram em um recinto retangular (Figura 5) com

210cm de comprimento, 125cm de largura, 105cm de altura e nível da água de

aproximadamente 25cm, totalizando uma área de 2,6m². O fundo possui uma

declividade natural recoberta por cascalho e pedras de rio, e uma estreita

plataforma de descanso composta por ladrilhos e tijolos empilhados, utilizada

para exposição ao sol, enquanto que as paredes são recobertas por azulejos

da cor branca. Além disso, há uma cascata feita com canos de PVC na região

posterior do recinto. A iluminação é natural, assim como o controle da

temperatura.

Figura 5 – A. Vista frontal do recinto. B. Plataforma de descanso. C. Vista superior do recinto.

A B C

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2.1 Observação prévia

A primeira etapa foi realizada durante o primeiro semestre de 2015, nos

meses de abril e maio, por método adaptado de Altmann (1974), “Sampling all

occurrences of some behavior”, no qual foram contabilizadas quantas vezes,

certo comportamento era observado no grupo. As observações foram

realizadas durante uma hora diária em um período de 5 dias nos meses de abril

e maio, com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, sendo que

foram executadas tanto no período da manhã quanto no período da tarde, uma

vez que o horário após o meio dia é mais quente e estimula comportamentos

mais ativos de qualquer réptil (HAHN, 2005). No quadro 1 foram especificados

os comportamentos observados e suas definições.

Quadro 1 – Comportamentos observados e suas definições.

Comportamento Definição

Seguir Animal nada atrás de outro.

Parede Nadar em direção à parede num processo repetitivo e constante.

Subir O animal reage subindo em cima do outro.

Empurrar Animal empurra o outro com os membros anteriores.

Andar Locomoção com os quatro membros tocando o chão

Nadar Locomoção dentro d’água sem tocar o substrato.

Submerso Animal permanece no fundo do tanque com o corpo completamente

dentro d’água.

Parado Corpo fica submerso deixando somente a cabeça para fora d’água,

sem tocar o substrato.

Escalando Animal sobe a rampa e os azulejos em direção à plataforma de

descanso.

Morder Apanhar com a boca.

Corte Indivíduo macho se posiciona de frente para a fêmea, estende os

membros anteriores em direção à ela e vibra-os.

Tomar sol O animal fica parado na plataforma podendo ou não estar sobreposto

por outras tartarugas.

Escorregar O animal se joga da plataforma para a água.

Arranhar Animal passa as garras no casco de outro.

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Modificado de Altmann (1974).

2.2 Marcação dos animais

Para a identificação dos indivíduos foi realizado método de marcação

temporário com uma fina camada de resina epoxy moldada no formato de uma

das placas epidérmicas na carapaça dorsal de 3 espécimes de tartarugas

escolhidas aleatoriamente, possibilitando assim o crescimento normal das

placas que posteriormente irão se desprender do animal (Figura 6). A resina

epoxy foi escolhida, pois pode ser utilizada tanto como fixador de transmissores

PTT’s (Platform Transmitter Terminals) em tartarugas marinhas, como visto em

Coyne et al. (2009) e Gibbons e Andrews (2004), ou então na reparação de

cascos danificados, como empregado por Kaplan (1995) e Urbanik (2014),

sendo um método consagrado que não oferece riscos aos animais.

Figura 6 – Marcação em epoxy que se desprendeu do animal.

Para melhor visualização e distinção dos espécimes, cada tartaruga

recebeu um número, de 1 a 3 que foi entalhado na resina presa ao casco, e

cada número foi pintado com uma tinta não tóxica e resistente à água para que

não se perdesse ao longo do experimento (Figura 7).

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Figura 7 – Marcação com resina epoxy e tinta atóxica para identificação dos indivíduos 1 a 3.

O presente estudo avaliou o comportamento de 4 indivíduos, entretanto

apenas três deles receberam a marcação numérica, uma vez que o quarto

espécime é facilmente reconhecido entre os outros no tanque devido seu

tamanho menor e coloração verde clara (Figura 8).

Figura 8 – Padrão de coloração diferencial do indivíduo 4.

2.3 Observação pré-enriquecimento

A segunda etapa de observações foi realizada durante quinze minutos

diários por um período de 5 dias alternados nos meses de agosto e setembro,

com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, sendo observadas

apenas as tartarugas marcadas. Durantes os 5 minutos, foram contabilizadas

quantas vezes cada indivíduo executava cada atividade (Apêndice B).

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2.4 Enriquecimento Físico

A precariedade da plataforma de descanso composta por ladrilhos e

tijolos empilhados fazia com que os animais se jogassem dessa plataforma. A

altura da queda era de aproximadamente 10cm, tornando este ato perigoso e

prejudicial para a saúde física dos animais. Sabendo disso, uma larga rampa

foi confeccionada a partir de uma placa de polionda (Figura 9) cortada e

dobrada a fim de suavizar a entrada dos animais na água além de aumentar a

área de exposição ao sol.

Após a instalação da plataforma, novas observações foram efetuadas,

da mesma forma que a prévia, uma hora diária por um período de 5 dias

distribuídos nos meses de outubro e novembro, em dias alternados, com

observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, todas realizadas no

período vespertino.

Figura 9 – Plataforma confeccionada a partir de placa de polionda.

A instalação da plataforma foi feita após os demais enriquecimentos para que não houvesse interferência nos comportamentos.

2.5 Enriquecimento Alimentar

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Os animais são alimentados três vezes por semana (segundas, quartas

e sextas) com ração Alcon Club – ReptoLife e aproximadamente uma vez por

semana recebem também camarão desidratado da marca Alcon Club –

Gammarus, ambos alimentos específicos para tartarugas semiaquáticas. Para

este enriquecimento, foram feitos blocos de gelo de dois tamanhos diferentes

contendo o mesmo camarão desidratado utilizado para alimentação regular.

O gelo foi fornecido aos animais em dias com temperaturas superiores

a 30ºC, de maneira aleatória sem se repetir na mesma semana. O gelo fino

(Figura 10) foi oferecido sozinho no período da tarde após os animais terem

sido alimentados com ração pela manhã, enquanto o gelo quadrado (Figura 11)

foi oferecido junto com a ração.

Figura 10 – Gelo fino com camarão desidratado.

Figura 11 – Gelo quadrado com camarão desidratado.

2.6 Enriquecimento Cognitivo

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Durante as observações pré-enriquecimento, o comportamento de nadar em

direção à parede se mostrou mais frequente em todo o grupo em relação às

demais atividades. Pode-se dizer que este é um comportamento estereotipado,

um movimento constante e sem propósito aparente. Sabendo disso, os animais

de estudo foram submetidos a um enriquecimento cognitivo, que consistiu na

colocação de um espelho (23cm X 16cm) suspenso por um barbante na lateral

do recinto (Figura 12) em uma posição fixa submersa na água e em um

segundo momento, na frente dos animais toda vez que estes começavam a

nadar em direção à parede.

Figura 12 – Enriquecimento utilizando espelho preso por barbante na lateral do recinto.

2.7 Enriquecimento Social

Para o enriquecimento ambiental foi escolhido o peixe ósseo de água

doce conhecido popularmente como Paulistinha (Danio rerio) (Figura 13).

Trata-se de uma espécie dócil porém muito ativa, com aproximadamente 4cm

de comprimento (NCBI, 2015). Foram colocados cinco espécimes da referida

espécie dentro do tanque das tartarugas, e então realizados três ciclos de

Barbante

Espelho

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21

observações de cinco minutos com dois minutos de intervalo entre elas

durante quatro dias.

Figura 13 – Peixe Paulistinha (Danio rerio).

3. Resultados

3.1 Observação pré-enriquecimento

As atividades realizadas com maior frequência em pelo menos um dos

quatro indivíduos observados durante o pré-enriquecimento foram: “nadar”,

“parede”, “parado”, “seguir” e “corte” (Figura 14).

Figura 14 – Atividades mais realizadas e suas respectivas frequências por indivíduo estudado.

0

5

10

15

20

25

30

35

Nadar Parede Parado Seguir Corte

Indivíduo 1

Indivíduo 2

Indivíduo 3

Indivíduo 4

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22

Com relação ao indivíduo 1 é possível destacar uma variedade de

atividades realizadas, porém com alta frequência de nadar em direção à

“parede” (Figura 15).

Figura 15 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1.

O indivíduo 2 apresentou comportamentos diversos com frequências

mais regulares destacando-se “nadar” e “parede” (Figura 16).

17

9

2

8

16

6

2

9

3

Nadar

Escalar

Tomar sol

Parado

Parede

Submerso

Seguir

Andar

Escorregar

Indivíduo 1

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23

Figura 16 - Comportamentos e respectivas frequências observadas no indivíduo 2.

Pode-se perceber que o indivíduo 3 apresentou frequência muito alta em

relação aos comportamentos de ficar “parado” na superfície, “nadar” e nadar

em direção à “parede” (Figura 17).

Figura 17 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 3.

1

5

10

6

3

5

9

3

Escorregar

Andar

Parede

Parado

Tomar Sol

Escalar

Nadar

Subir

Indivíduo 2

35

34

44

1

1

6

Nadar

Parede

Parado

Tomar Sol

Escorregar

Submerso

Indivíduo 3

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24

Já o indivíduo 4 apresentou a maior diversificação quanto às atividades

realizadas e altas frequências (Figura 18).

Figura 18 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 4.

3.2 Enriquecimento Físico

No primeiro dia de instalação da placa nenhum indivíduo tentou escalar

a nova plataforma de descanso, sendo que todos ficaram nos cantos do

tanque, se distanciando do objeto. No segundo dia os indivíduos 1 e 2 estavam

em cima da placa, porém com a aproximação do observador estes

escorregaram em direção à água, voltando a escalá-la (Figura 19) cerca de 2

minutos depois mas não voltaram a “tomar sol”.

32

9

13

29

1

39

2

5

7

Nadar

Parede

Parado

Corte

Empurrar

Seguir

Subir

Arranhar

Submerso

Indivíduo 4

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25

Figura 19 – Adaptação dos indivíduos à plataforma instalada.

No terceiro dia apenas um animal estava na placa, entretanto não era

nenhum dos espécimes estudados.

Foi preciso retirar a placa no final de semana para que o recinto fosse

limpo. Houve então um novo período de adaptação com a recolocação após a

limpeza do recinto. Esperou-se um dia para que a quarta observação fosse

realizada. Seis animais se encontravam em cima da rampa no quarto dia, entre

eles os indivíduos 1 e 2 (Figura 20). Já no quinto dia, todos os indivíduos

estudados se encontravam em cima na placa.

Figura 20 – Interação dos animais com a plataforma instalada.

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26

Com a instalação da plataforma foi observado que o indivíduo 1 passou mais

tempo exposto ao sol (Figura 21).

Figura 21 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1 durante o enriquecimento físico.

O indivíduo 2 passou quatro dos cinco dias de observação somente em

cima da plataforma. No quinto dia o animal também se encontrava na

plataforma (tomar sol), porém durante a observação o mesmo “escorregou”

para a água e se mostrou mais ativo (Figura 22).

13

5

3

7

9

1

2

3

Nadar

Escalar

Tomar sol

Parado

Parede

Morder

Escorregar

Submerso

Indivíduo 1

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27

Figura 22 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 2 durante o enriquecimento físico.

Não foi observada grandes alterações das frequências no indivíduo 3, e

mesmo com a plataforma instalada não houve aumento na frequência de

“tomar sol” (Figura 23).

Figura 23 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 3 durante o enriquecimento físico.

Quanto ao indivíduo 1 também não foi observado aumento na frequência

de “tomar sol”, porém o animal permaneceu mais tempo “parado” (Figura 24).

3

1

4

5

4

1

Nadar

Subir

Tomar sol

Parado

Parede

Escorregar

Indivíduo 2

30

9

1

36

31

3

1

Nadar

Submerso

Tomar sol

Parado

Parede

Andar

Escorregar

Indivíduo 3

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28

Figura 24 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 4 durante o enriquecimento físico.

3.3 Enriquecimento Alimentar

O gelo fino foi oferecido no período da tarde, horário em que os animais

geralmente não são alimentados, em um dia com temperatura acima de 30ºC.

Todos os quatro indivíduos estudados mostraram interesse e rapidamente

começaram a morder o gelo quebrando-o facilmente (Figura 25) e então

ingerindo todo o camarão mesmo congelado em um tempo de 3min30s.

Figura 25 – Interação dos animais com o enriquecimento alimentar (gelo fino).

32

3

1

12

6

25

22

4

Nadar

Submerso

Tomar sol

Parado

Parede

Seguir

Corte

Empurrar

Indivíduo 4

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29

Por outro lado, o gelo quadrado não despertou interesse nos indivíduos,

sendo que os animais só vieram a comer o camarão após o derretimento quase

completo do gelo. Apenas um indivíduo, não estudado, tentou morder o gelo

sem sucesso.

3.4 Enriquecimento Cognitivo

Durante as observações pré-enriquecimento, o indivíduo 3 realizou o

comportamento de nadar em direção à “parede” muito mais do que os demais

animais estudados. Pode-se dizer que este é um comportamento

estereotipado, um movimento constante e sem propósito aparente. Sabendo

disso, o animal foi submetido a um experimento diferente, que consistiu na

colocação de um espelho na frente do animal toda vez que este começava a

nadar em direção à parede.

Primeira observação: indivíduo 1 mostrou muito interesse, ficou em

frente ao espelho durante toda a observação, indo e voltando algumas vezes.

Segundo dia: Indivíduos 1 e 2 permaneceram na plataforma. Indivíduo 4

estava seguindo a fêmea e cortejando, olhou uma vez, recuou e voltou a segui-

la.

Terceiro dia: Indivíduo 3 não pareceu reagir ao espelho, continuando o

comportamento de nadar em direção à parede.

Quarto dia: Indivíduos 1 e 2 interagiram com o espelho, sendo que

quando um estava na frente do objeto, o outra o empurrava para se posicionar

diante do espelho.

Quinto dia: Indivíduos 1 e 2 interagiram muito, 3 e 4 olharam uma vez e

recuaram.

Com a utilização do espelho, o indivíduo 1 apresentou grande

interatividade com o objeto, elevando a frequência de “morder” pois essa era a

primeira reação do animal ao ver seu reflexo (Figura 26).

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30

Figura 26 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1 durante o enriquecimento cognitivo.

O indivíduo 2 apresentou comportamentos diversos com frequências

mais elevadas em “nadar” e “parede” (Figura 27).

Figura 27 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 2 durante o enriquecimento cognitivo.

Não houve mudanças perceptíveis nas frequências das atividades do

indivíduo 2, permanecendo altas (Figura 28).

10

2

1

4

6

3

12

Nadar

Escalar

Tomar sol

Parado

Parede

Seguir

Morder

Indivíduo 1

7

8

3

2

1

2

5

1

Nadar

Parede

Parado

Tomar sol

Andar

Escalar

Subir

Escorregar

Indivíduo 2

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31

Figura 28 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 3 durante o enriquecimento cognitivo.

O indivíduo 4 também não apresentou mudanças perceptíveis com

relação às frequências das atividades (Figura 29).

Figura 29 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 4 durante o enriquecimento cognitivo.

3.5 Enriquecimento Social

No momento em que os cinco peixes paulistinha foram colocados no

tanque não houve interesse por parte das tartarugas, somente após

aproximadamente 1 minuto. Assim que os peixes passaram na frente dos

27

35

34

1

8

2

Nadar

Parede

Parado

Tomar sol

Submerso

Andar

Indivíduo 3

26

5

10

22

3

29

2

7

Nadar

Parede

Parado

Corte

Empurrar

Seguir

Subir

Submerso

Indivíduo 4

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32

indivíduos 1, 3 e 4 estes passaram a persegui-los (Figura 30) por cerca de 30

segundos até que os perdessem de vista, voltando a perseguição nos

momentos que os peixes entravam novamente no campo de visão. Nenhum

indivíduo conseguiu alcança-los mesmo projetando a cabeça na tentativa de

morder.

Figura 30 – Perseguição de peixes apontados pelo círculo vermelho. A. Indivíduo 1. B. Indivíduo 4.

No segundo dia, apenas três peixes foram visualizados, e o padrão de

perseguição foi o mesmo, iniciando no momento em que o peixe entrava no

campo de visão da tartaruga. No terceiro e quarto dia ainda foi possível ver

pelo menos um dos peixes no tanque, e por fim no quinto dia de observação

não foram encontrados mais nenhum peixe, portanto presume-se que foram

comidos.

É possível observar o aumento na frequência de “morder” e “seguir” no

individuo 1 devido sua interação com o peixe, o que também diminuiu as

frequências das outras atividades (Figura 31).

Figura 31 - Comportamentos e respectivas frequências observadas no indivíduo 1 durante o enriquecimento social.

6

1

1

3

1

11

6

Nadar

Escalar

Submerso

Parado

Parede

Seguir

Morder

Indivíduo 1

A

B

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33

O indivíduo 2 não seguiu nenhum dos peixes entanto permaneceu na

água, porém “morder” foi observado uma vez pois em determinado momento

em que o indivíduo se encontrava “parado” na água o animal entrou em seu

campo de visão despertando interesse mas não suficiente para que fosse

perseguido (Figura 32).

Figura 32 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 2 durante o enriquecimento social.

O indivíduo 3 não apresentou comportamentos de perseguição como

“seguir”, nem de interação como “morder” em relação aos peixes, mas houve

uma pequena diminuição na frequência de “parede” (Figura 33).

Figura 33 - Comportamentos e respectivas frequências observado no indivíduo 3 durante o enriquecimento social.

3

1

3

1

6

Nadar

Morder

Tomar sol

Parado

Parede

Indivíduo 2

32

29

11

37

Nadar

Parede

Sumerso

Parado

Indivíduo 3

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34

No caso do indivíduo 4, continuou mostrando grande variedade de

atividades, entretanto diferentemente das outras observações, a frequência de

“seguir” foi muito maior do que “corte” (Figura 34) devido à introdução do peixe,

o que levou o indivíduo a segui-lo além de somente seguir outra fêmea de sua

espécie.

Figura 34 - Comportamentos e respectivas observadas no pelo indivíduo 4 durante o enriquecimento social.

22

2

25

8

5

17

15

2

5

6

Nadar

Submerso

Seguir

Parado

Parede

Seguir

Corte

Arranhar

Subir

Empurrar

Indivíduo 4

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35

4. Discussão

De acordo com a regulamentação da Instrução Normativa nº04 de 2008

do Ministério do Meio Ambiente (COSTA et al., 2008) (Figura 35), no grupo dos

Testudines, o comprimento da carapaça dos indivíduos irá determinar o

tamanho adequado do recinto. O ideal no caso em estudo seriam apenas 10

animais por 4m², isso porque doze dos quinze animais possuem o comprimento

da carapaça maior ou igual a 20 cm, assim como o recinto atual apresenta

apenas 2,6m² a solução seria dividi-los em dois tanques.

Figura 35 – Especificação de recintos para répteis semiaquáticos. Fonte: Costa et al., 2008.

Um recinto maior proporcionaria aos animais maior área para locomoção

e poderia diminuir o agrupamento de vários indivíduos em uma mesma área do

tanque. Entretanto essa mudança não pode ser realizada atualmente devido à

falta de espaço disponível para relocação dos indivíduos. Quanto aos demais

requisitos, o recinto está de acordo com exceção do substrato para desova,

pois não é desejado que ocorra reprodução desses animais neste recinto.

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36

Foram consideradas as frequências de cada comportamento obtidas

durante as observações durante a aplicação de cada enriquecimento para que

fosse possível compará-las às frequências apresentadas antes das aplicações

(pré-enriquecimento) (Figura 36).

Existem registros de animais que interagem com espelhos

reconhecendo a própria imagem, que é o caso de elefantes, primatas (BBC

BRASIL, 2006), e corvos, (BBC BRASIL, 2008), entretanto não há estudos

quanto às tartarugas, mas estima-se que a interação ocorre pois o reflexo se

torna “um novo animal” no recinto, despertando interesse dos indivíduos.

Figura 36 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 1 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.

Assim pode-se perceber que a utilização do espelho (cognitivo) teve

grande influência no indivíduo 1 reduzindo comportamentos estereotipados de

ir para a parede.

Houve interação desse espécime em todos os dias de aplicação desse

enriquecimento, sem que ocorresse habituação, uma vez que o espelho era

retirado após cada sessão de observação, pois segundo Anderson, Arun e

Jensen (2010) e Neto et al. (2011), a diminuição na capacidade de resposta do

2

16

8

2

9

17

3

6

10

9

7

3

5

13

23

0

3

6

4

2 2

10

10

1211

1

3

01

6

01

6

Seguir Parede Parado Tomar sol Escalar Nadar Escorregar Submerso Morder

Indivíduo 1

Pré Físico Cognitivo Social

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37

animal ao estímulo (habituação), poderia ocorrer caso o estímulo, neste caso o

espelho, não fosse retirado.

A resposta comportamental do indivíduo 2 à colocação do espelho

resultou na elevação da frequência de “morder”, porém ainda executando

grande quantidade de nadar em direção à parede, o que só foi alterado com o

enriquecimento físico (Figura 37), sendo que o indivíduo permaneceu grande

parte do tempo de observação em cima da plataforma de descanso, e se

mostrou o animal menos ativo do grupo estudado.

Figura 37 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 2 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.

A plataforma de descanso do recinto é utilizada a fim de permitir acesso

à luz solar direta nos animais, entretanto era originalmente muito estreita,

sendo então executada sua ampliação para que assim mais indivíduos

pudessem ter acesso sem ser preciso escalar e se posicionar sobre os outros.

Com isso foi possível observar que os indivíduos 2 e 4 demonstraram uma

mudança, mesmo que pequena quanto ao número de vezes em que

permaneceram na plataforma, sendo que o indivíduo 2 permaneceu durante as

observações realizadas em quatro dias seguidos exposto ao sol. Esse é um

comportamento esperado pois, de acordo com Pough, Janis e Heiser (2008),

10

6

3

5

9

1

3

5

1

4

5

4

0

3

1 1

0 0

8

3

2 2

7

1

5

1

3

6

1

3

0

3

0 0 0

1

Parede Parado Tomar sol Escalar Nadar Escorregar Subir Andar Morder

Indivíduo 2

Pré Físico Cognitivo Social

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38

os quelônios são animais que dependem da luz solar para elevarem sua

temperatura corporal, e passam grande parte do dia expostos ao sol, assim a

ampliação da plataforma passará de enriquecimento para recurso presente

permanentemente no recinto, com o objetivo de estimular esse comportamento

normal da espécie.

O comportamento de “escorregar” seguido por “nadar” pode ser

considerado uma reação de fuga, pois é uma resposta “automática” como

afirma Lorenz (1995) e ocorre quando a aproximação humana no recinto.

Animais em cativeiro estão propensos a apresentar atividades no vácuo,

que segundo op. cit., são padrões motores direcionados a um objeto em sua

maioria ligado à locomoção, que no presente estudo pode ser considerado

nadar em direção à parede. Broom e Molento (2004) afirmam também que a

presença de comportamentos estereotipados está relacionada à condições

ruins de bem-estar animal.

Foi possível também observar que quanto maior a frequência do

comportamento estereotipado (parede) menor o repertório de comportamentos

naturais esperados para a espécie com a aplicação do enriquecimento

ambiental, como “seguir” e “morder” (Figura 38).

Nenhuma das técnicas de enriquecimento aplicadas mostraram

grandes alterações na frequência das atividades “parede” do indivíduo 3, que

desde as observações pré-enriquecimento se mostraram muito altas em

relação aos outros indivíduos. Assim, mais técnicas de enriquecimento

ambiental devem ser aplicadas para o indivíduo em questão, pois segundo

Borges, Byk e Del-Claro (2011), podem resultar na diminuição de

comportamento estereotipados e aumentar o reportório comportamental.

A análise das observações comportamentais desse espécime ressalta

que muitas vezes a resposta individual a estímulos diversos é variável, o que

corrobora os conceitos de Alcock (2011), assim uma maior diversidade de

enriquecimentos poderia contemplar as diferenças individuais o que também foi

notado por Frajblat, Amaral e Rivera (2008).

As frequências de permanecer “submerso” dos indivíduos 1, 3 e 4

variaram em relação às observações sem que houvesse forte relação com o

enriquecimento, entretanto este é um comportamento esperado.

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39

Quanto ao enriquecimento social, a escolha de utilizar peixes atuou

também como enriquecimento alimentar, pois de acordo com Hahn (2005), os

peixes estão dentro do padrão de alimentação das tartarugas semiaquáticas de

vida livre, o que justifica o interesse e a provável predação destes animais.

Outro fator importante a se considerar é que esses peixes nadavam

rapidamente, e por serem muito menores que as próprias tartarugas,

representaram um estímulo totalmente novo na situação de cativeiro, o que

segundo Bosso (2011) se aproxima das condições do ambiente natural.

Figura 38 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 3 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.

Os estudos de Rossi, Lovato e Höfling (2006) apontam que os

comportamentos de “corte” e “seguir” estão relacionados ao comportamento de

acasalamento, o que foi observado em machos a partir de 9cm de plastrão. O

indivíduo 4 foi o único macho estudado que apresentou “corte” em frequências

altas (Figura 39) e direcionada a uma única fêmea da mesma espécie. O

comprimento do plastrão do espécime é de 10cm indicando maturidade sexual,

e pelo padrão de coloração pode-se dizer que é um espécime jovem. O mesmo

estudo já citado conclui que as fêmeas se tornam receptivas aos machos

quando atingem aproximadamente 16cm de plastrão, entretanto a fêmea

34

44

1

35

0

6

1

31

36

1

30

3

9

1

35 34

1

27

2

8

0

29

37

0

32

0

11

0

Parede Parado Tomar sol Nadar Andar Submerso Escorregar

Indivíduo 3

Pré Físico Cognitivo Social

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40

cortejada pelo individuo 4 possuía apenas 14cm, o que justificaria a resposta

negativa e o comportamento agressivo da fêmea para com o macho.

Como enriquecimento social o indivíduo apresentou “seguir” sem relação

com o acasalamento, ampliando seu repertório comportamental.

Figura 39 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 4 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.

Com os resultados do presente estudo foi possível verificar que os

indivíduos da subespécie T. s. elegans são muito mais ativos, apresentando

maior repertório e frequência comportamental. Isso pode estar diretamente

relacionado às diferenças comportamentais de cada espécie ou somente nos

dois espécimes estudados, entretanto novas pesquisas devem ser realizadas

para gerar dados que possam comprovar isso. Pouco se sabe sobre a real

interferência do enriquecimento ambiental com tartarugas semiaquáticas

devido à escassez de informações e dados na literatura especializada.

O ambiente cativo não apresenta as mesmas condições que seriam

encontradas em meio livre, assim frequentemente não se observa os mesmos

comportamentos apresentados por um animal em vida livre, porém é desejável

que eles ocorram. Assim o enriquecimento ambiental é um método importante

e que deve oferecer ao animal cativo diferentes estímulos em intervalos

39

913

0

32

7

2 1

29

5

25

6

12

1

32

30

4

22

0

27

610

0

25

7

2 3

22

0

25

58

1

22

25 6

15

2

Indivíduo 4

Pré Físico Cognitivo Social

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alternados de tempo, uma vez que o ambiente não natural se torna monótono

facilmente (BOSSO, 2011).

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42

5. Conclusão

O enriquecimento ambiental é uma excelente ferramenta para garantir o

bem-estar de animais em cativeiro, proporcionando um ambiente dinâmico

mais semelhante ao ambiente natural. O presente estudo demonstrou que,

apesar da individualidade de cada espécime é possível alterar os padrões

comportamentais assim como aumentar o repertório de atividades naturais

esperadas, mesmo em animais de cativeiro.

A continuação deste projeto seria interessante, uma vez que os

enriquecimentos cognitivo e social apresentaram aumento nas frequências do

comportamento natural de “morder”, fazendo com que os indivíduos machos os

realizassem com enfoque diferente, uma vez que estes estavam anteriormente

relacionados ao acasalamento. Com a introdução dos peixes e do espelho

esse comportamento se dirigia a eles, assim como ocorreu com

comportamento de “seguir”.

A alta frequência de comportamentos estereotipados em um dos

indivíduos pode ser relacionada com a falta de desafios do recinto, sendo

portanto muito importante a continuidade de projetos que visem a melhoria do

bem-estar dos espécimes de tartarugas semiaquáticas da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, assim como a divulgação dos resultados devido à

escassez de informações e dados na literatura especializada.

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6. Referências Bibliográficas

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FIGUEIREDO, P. I. C. C. Verificação da ocorrência de hibridação entre Tartaruga-Tigre-D’Água, Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron, 1835) e Tartaruga-Americana, Trachemys scripta (Thunberg & Schoepff, 1792) (Testudines, Emydidae). 2014. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Instituto de Biociências, UERGS, Imbé. FRAGBLAT, M.; AMARAL, V. L. L.; RIVERA, E. A. B. Ciência em animais de laboratório. Ciência e Cultura. v. 60, n. 2, p. 44-46, 2008. GIBBONS, J. W. The slides Turtle. In: GIBBONS, J. W. Life History and ecology of the Slider Turtle. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press. 1990. p. 3 – 18. GIBBONS, J. W.; ANDREWS, K. M. PIT Tagging: Simple Technology at Its Best. BioScience, Oxford, v. 54, n. 5, p. 447-454, maio. 2004. HAHN, A. T. Análise da Dieta da Trachemys dorbigni (Duméril Bibron, 1835) no Sul do Rio Grande do Sul, Brasil (Testudines, Emydidae). 2005. 53 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) – UFRGS, Porto Alegre. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5980/000478686.pdf?sequence=1>. Acesso em: 4 maio 2015. HICKMAN Jr., C.P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. In: HICKMAN Jr., C.P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios Integrados de Zoologia, 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2004. p. 530 – 550. IBAMA. Ministério do Interior. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Projeto Quelônio da Amazônia 10 anos. Brasília, 1989. 119p. IBAMA. Ministério do Meio Ambiente. Centros de Triagem e Áreas de Soltura de Animais Silvestres no Estado de São Paulo. São Paulo, 2012. 63p. IBAMA. Ministério do Meio Ambiente. Centros de Triagem de Animais Silvestres. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-fauna-silvestre/centros-de-triagem-de-animais-silvestres>. Acesso em: 10 out. 2015. KAPLAN, M. Turtle and Tortoise Shell Repair. Melissa’s Kaplan Herp Care Collection. 1995. Disponível em: <http://www.anapsid.org/shellrepair.html>. Acesso em: 18 ago 2015. LORENZ, K. Os Fundamentos da Etologia. São Paulo: Editora UNESP, 1995. 466 p. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biodiversidade – Fauna. Brasil, 2015. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/mma-em-numeros/biodiversidade>. Acesso em: 27 maio 2015.

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7. Apêndice A

Registro fotográfico ventral e dorsal dos espécimes presentes no recinto

estudado.

T. dorbigni macho T. dorbigni fêmea

T. s. elegans macho

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

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T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans macho

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T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

T. s. elegans fêmea

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8. Apêndice B

Modelo de etograma utilizado nas observações.

Quadro 1 – Dia 1 – 09/09, 14:35, sol, temperatura entre 20ºC e 25ºC

Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Tomar sol 1 1 - -

Seguir - - - 5

Parede - - 4 2

Subir em cima - - - -

Empurrar - - - -

Andar - - - -

Nadar - - 5 3

Submerso - - - -

Parado - - 3 -

Escalando - 1 - -

Corte - - - 6

Mordida - - - -

Escorregar - 1 - -

Arranhar - - - -

Quadro 2 – Dia 2 – 14/09, 15h, sol/frio, temperatura entre 15ºC e 22ºC

Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Tomar sol - 1 - -

Seguir - - - 6

Parede 3 - 9 -

Subir em cima - - - -

Empurrar - - - -

Andar 2 - - -

Nadar 4 - 3 4

Submerso 4 - - 1

Parado 2 - 8 1

Escalando 3 - - -

Corte - - - 7

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Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Mordida - - - -

Escorregar 1 - - -

Arranhar - - - -

Quadro 3 – Dia 15/09, 14:40, muito sol, temperatura superior a 30ºC

Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Tomar sol 1 1 1 -

Seguir - - - 7

Parede - - 7 2

Subir em cima - - - 1

Empurrar - - - 1

Andar - - - -

Nadar - - 5 8

Submerso - - 2 -

Parado - - 8 4

Escalando - - - -

Corte - - - -

Mordida - - - -

Escorregar - - 1 -

Arranhar - - - 4

Quadro 4 – Dia 4, 23/09, 14h, muito sol, temperatura superior a 30ºC

Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Tomar sol - - - -

Seguir 2 - - 9

Parede 7 9 5 2

Subir em cima - 2 - 1

Empurrar - - - -

Andar 3 2 - -

Nadar 5 5 12 10

Submerso - 1 4

Parado 3 3 14 5

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Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Escalando 3 7 - -

Corte - - - 7

Mordida - - - -

Escorregar 1 - - -

Arranhar - - - 1

Quadro 5 – Dia 4, 25/09, 13h, sol após chuva, temperatura aproximadamente 20ºC

Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4

Tomar sol - - - -

Seguir - - - 12

Parede 6 1 9 3

Subir em cima - 1 1 -

Empurrar - - - -

Andar 4 3 - 1

Nadar 8 4 10 7

Submerso 2 - 3 2

Parado 3 3 11 3

Escalando 3 3 1 -

Corte - - - 9

Mordida - - - -

Escorregar 1 - - -

Arranhar - - - -