INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO … · 2019-02-08 · Entre os anos de 2003 e 2011,...
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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Olívia Furiama Metropolo Dias
INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO
COMPORTAMENTO DE TARTARUGAS SEMIAQUÁTICAS
DE ÁGUA DOCE TRACHEMYS SP. (CHELONIA:
EMYDIDAE) EM CATIVEIRO
São Paulo
2015
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Olívia Furiama Metropolo Dias
INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO
COMPORTAMENTO DE TARTARUGAS SEMIAQUÁTICAS
DE ÁGUA DOCE TRACHEMYS SP. (CHELONIA:
EMYDIDAE) EM CATIVEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como parte
dos requisitos exigidos para obtenção
do grau de Bacharel em Ciências
Biológicas.
Orientadora: Profª. Drª. Paola Lupianhes Dall’Occo
São Paulo
2015
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar à minha família, minha mãe Ana Paula, à
minha tia e madrinha Bel, minha vó Ceny, minha “segunda madrinha”
Fernanda, meu padrinho Daniel pelo apoio e incentivo à minha escolha de me
tornar Bióloga. Agradeço também à minha grande amiga Mayra, por tantos
anos de amizade e por nunca me esquecer mesmo quando me esqueço de
você.
À Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao CCBS pela minha
formação.
À minha querida orientadora Paola Dall’Occo, por me dar a oportunidade
de realizar este trabalho, por me suportar como aluna, monitora, estagiária e
orientanda, mas principalmente por toda a ajuda, auxilio e conselhos.
Aos meus amigos, Carolina Contatori, Fernando Rossi, Ícaro de Oliveira,
Isabella Saad, Jéssica Fleming, que de alguma forma me ajudaram no
processo deste trabalho. Ao técnico Adailson, por toda a ajuda e paciência
comigo. Também aos técnicos Nathália, Leonardo, Chris e Lucas pela
disposição.
Aos meus amigos, Artur Favero, Fabio Gargiulo, Fernando Rossi,
Gabriel Ribeiro, Isabella Saad, Julia Macedo, Joel Baek, por quase quatro anos
de cumplicidade, dedicação, muito amor e várias brigas. Obrigada por fazerem
parte da minha vida, sem vocês a faculdade não seria a mesma.
À minha turma, biomack 312 e agregados, por compartilhar comigo
momentos únicos e maravilhosos, e outros não tão maravilhosos assim. Aos
amigos do Diretório Acadêmico Abraão de Moraes, que foi, por vários anos,
minha segunda casa, e à Sol, que foi para nós todos como uma segunda mãe.
A todos os professores que fizeram parte da minha formação, vocês
foram essenciais no meu aprendizado e formação profissional, e por
reafirmarem minha paixão pela biologia.
Não existe triunfo sem perda, não há vitória
sem sofrimento, não há liberdade sem
sacrifício.
J. R. R. Tolkien
Resumo
O comércio ilegal de animais silvestres representa um grande problema
ecológico uma vez que muitos desses animais são exóticos e apresentam alto
potencial de competição com outras espécies. O gênero Trachemys é
representado no Brasil pela espécie T. dorbigni, e nos EUA, T. scripta elegans,
que muitas vezes é vendida ilegalmente no Brasil, nessas espécies grandes
mudanças na morfologia da fase jovem para adulta levam ao abandono e
assim a sua superpopulação em Centros de Reabilitação e instituições de
pesquisa. Ao serem mantidas em cativeiro muitas vezes apresentam
comportamentos estereotipados, sem propósito aparente, causado pela falta de
estímulos e dinamismo de seus recintos. A fim de melhorar a condição de vida,
assim como criar novos estímulos e layouts semelhantes ao seu ambiente
natural, o enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante utilizada com
animais cativos. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a influência no
comportamento de tartarugas semiaquáticas, com a aplicação de técnicas de
enriquecimento ambiental físico, alimentar, social e cognitivo. Foram
observados quatro indivíduos, dois de cada espécie, mantidos no viveiro da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, durante uma hora diária em um período
de 5 dias com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo. Os
enriquecimentos cognitivo e social apresentaram aumento nas frequências dos
comportamentos naturais dos machos, porém desvinculados do acasalamento.
O presente estudo reafirmou a presença de individualidade tanto nos padrões
comportamentais como na resposta de cada indivíduo, ressaltando a
necessidade da continuação do projeto, assim como a divulgação dos
resultados devido à escassez de informações e dados na literatura
especializada
Palavras-chave: Enriquecimento ambiental. Tartaruga. Trachemys.
Comportamento animal. Bem-estar.
Abstract
The illegal trade of wild animals represents a considerable problem to the
environment, since many of those are exotic and show high competitive
potential against other species. The genus Trachemys is represented in Brazil
by the species T.dorbigni, and at USA, T. scripta elegans which is often illegally
trade in Brazil. These species show large differences in their morphology
between young and adults leading to abandonment and as consequence,
overpopulation in rehabilitation centers and research institutions. To be kept in
captivity often show stereotype behavior, without apparent purpose, caused by
lack of incentives and dynamism of the enclosures. In order to improve the
conditions of life and layouts similar to their natural environmental,
Environmental Enrichment is an important tool used with captive animals. The
objective of this study is to evaluate the influence on the behavior of semi-
aquatic turtles, with the application of physical, food, social and cognitive
environmental enrichments. Four individuals were observed, two of every sort,
kept at the Universidade Presbiteriana Mackenzie, during one hour daily over a
period of five days each with remarks of 5 minutes with 2 minutes break. The
cognitive and social enrichments showed an increase in the frequency of
natural behaviors on the males, however unrelated with mating. This study
confirmed the presence of both individuality in behavioral patterns as in the
response of each individual, emphasizing the need for continuation of the
project, as well as dissemination of the results due to lack of information and
data in the literature.
Keywords: Environmental enrichment. Trachemys. Turtle. Animal behavior.
Welfare.
7
Sumário
1. Introdução .................................................................................................. 8
2. Material e Métodos................................................................................... 14
2.1 Observação prévia ............................................................................ 15
2.2 Marcação dos animais ...................................................................... 16
2.3 Observação pré-enriquecimento ..................................................... 17
2.4 Enriquecimento Físico ...................................................................... 18
2.5 Enriquecimento Alimentar ................................................................ 18
2.6 Enriquecimento Cognitivo ................................................................ 19
2.7 Enriquecimento Social ...................................................................... 20
3. Resultados ............................................................................................... 21
3.1 Observação pré-enriquecimento ..................................................... 21
3.2 Enriquecimento Físico ...................................................................... 24
3.3 Enriquecimento Alimentar ................................................................ 28
3.4 Enriquecimento Cognitivo ................................................................ 29
3.5 Enriquecimento Social ...................................................................... 31
4. Discussão ................................................................................................. 35
5. Conclusão ................................................................................................ 42
6. Referências Bibliográficas ...................................................................... 43
7. Apêndice A ............................................................................................... 47
8. Apêndice B ............................................................................................... 50
8
1. Introdução
O Brasil possui uma grande biodiversidade, possuindo 100.000 espécies
de invertebrados e 8.200 espécies de vertebrados, o que representa cerca de
10% da biodiversidade mundial (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).
Essa diversidade coloca o país como um dos principais comercializadores
ilegais de espécies da fauna e flora nativa, pois atrai colecionadores e
traficantes de espécimes endêmicos (ROCHA, 1995).
Um número alarmante de 38 milhões de animais silvestres é retirado
ilegalmente da natureza por ano no Brasil, mas apenas 4 milhões são vendidos
como animais de estimação, enquanto o restante morre por maus tratos
durante o transporte precário em gaiolas, garrafas pet, caixotes, costurados em
bolsos falsos de roupas, etc. (IBAMA, 1989). Os principais motivos que
incentivam o tráfico ilegal desses animais são a venda para zoológicos e
colecionadores, fins científicos ou biopirataria, animais para pet shops e para o
uso de produtos e subprodutos provenientes destes (DESTRO et al., 2012).
Muitos animais silvestres comercializados ao se tornarem adultos,
deixam de apresentar características vistas por seus compradores como
“atrativas”, principalmente em relação à coloração e ao tamanho (Figura 1),
(ZOOSP, 2015). Isso pode ocasionar a soltura inadequada e irresponsável
desses animais na natureza, muitas vezes fora de sua área natural, além da
destinação para instituições de ensino, zoológicos e parques onde são
mantidas em locais muitas vezes não apropriados (RENCTAS, 2011).
Figura 1 – Diferença no padrão de coloração e tamanho na fase juvenil e adulta de Trachemys dorbigni. A. Filhote B. Adulto. Fonte: Reserva Romanetto (2011).
A
B
9
Os Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETAS)
são unidades de manejo e destinação de animais provenientes de apreensões,
resgates e doações particulares, autorizados pelo IBAMA com a finalidade de
identificar, avaliar, reabilitar e destinar os animais recebidos (IBAMA, 2015).
Entre os anos de 2003 e 2011, 98.202 animais foram recebidos pelos CETAS
no estado de São Paulo (IBAMA, 2012), enquanto somente no período de 2012
e 2013 este número subiu para 115.868 (IBAMA, 2015).
Um exemplo de animal silvestre comumente comercializado como “pet”
são as tartarugas semiaquáticas, pertencentes à ordem Testudines ou
Chelonia (IBAMA, 1989).
Existem duas subordens em Chelonia, Pleurodyra na qual os animais
retraem a cabeça lateralmente, e Cryptodira, que curvam a cabeça em formato
de “S” (POUGH; JANIS; HEISER, 2008). Dentro desta última subordem, a
família Emydidae é a que possui maior número de espécies e inclui tartarugas
de hábitos semiaquáticos, aquáticos e terrestres, distribuindo-se entre Europa,
sul da América do Norte e Sudeste da América do Sul (VITT; CALDWELL,
2009), sendo Trachemys o gênero mais estudado (BUJES, 2010).
Na região sul do Brasil, Uruguai e Argentina encontra-se a espécie T.
dorbigni, (Figura 2) popularmente conhecida como tigre d’água. É uma espécie
fácil de ser encontrada, pois habita diversos ambientes aquáticos, como
banhados, lagunas, rios, canais de irrigação, açudes com abundância de
vegetação e poças (BUJES; VERRASTRO, 2007).
Uma subespécie do mesmo gênero, Trachemys scripta elegans, nativa
da América do Norte (Figura 3), e conhecida como tartaruga de orelha
vermelha, é comumente confundida e vendida ilegalmente como tigre d’água,
sendo um “pet” exótico muito cobiçado por criadores (ERNEST et al., 1989
apud COUTINHO, 2002). Isso acontece pois se assemelham muito quanto à
sua morfologia e coloração, porém é possível sua diferenciação através da
coloração da cabeça, sendo que T. dorbigni apresenta manchas
amarelas/alaranjadas e T. s. elegans, possui manchas vermelhas (Figura 4),
além de possuírem padrões distintos no plastrão (RESERVA ROMANETTO,
2015). Essa comercialização significa a introdução no território brasileiro de
10
uma espécie exótica, neste caso considerada invasora, pois apresenta grande
sucesso de adaptação e reprodução (COUTINHO, 2002; VIEIRA et al., 2008).
Figura 2 – Localização geográfica de Trachemys dorbigni na região sul do Brasil. Modificado de HAHN (2005).
Figura 3 – Distribuição geográfica de T. scripta elegans. Fonte: GIBBONS (1990).
A espécie exótica T. s. elegans é considerada atualmente, no Brasil,
uma praga urbana devido à criação ilegal e soltura desses animais de forma
irregular. Sua alta capacidade de adaptação a faz uma potencial competidora
11
por alimento e espaço, consequentemente gerando um aumento na sua
capacidade reprodutiva (FAGUNDES et al., 2010; ALCALDE, 2012).
Figura 4 – Diferenciação das espécies por meio da coloração na cabeça. A. T. dorbigni. B. T. s. elegans
Existem evidências de hibridização entre T. dorbigni e T. scripta elegans,
e análises genéticas mostram que T. s. elegans é uma invasora em potencial
uma vez que a introgressão de alelos exóticos da subespécie americana foi
encontrada em populações nativas (FIGUEIREDO, 2014).
Essas tartarugas semiaquáticas são consideradas onívoras oportunistas
(HAHN, 2005), entretanto, existem, nas duas espécies, alterações na dieta ao
longo do desenvolvimento (BAGER et al., 2013). É possível observar dois tipos
de mudanças sendo uma ontogenética, ou seja, mudança dos hábitos
alimentares na transição de juvenil para adulto, e sazonal, na qual o indivíduo
se adapta de acordo com a oferta de alimento que pode variar nas estações do
ano, tornando-os oportunistas (BAGER, 2007).
Esses répteis apresentam elevado desenvolvimento da audição, visão e
olfato, e, portanto, excelente capacidade de orientação, tanto para busca de
alimento quanto para encontrar parceiros em épocas reprodutivas, sendo a luz
captada e utilizada como estímulo para navegação e orientação (POUGH;
JANIS; HEISER, 2008).
Assim como outras espécies de quelônios de água doce encontradas no
Estado do Rio Grande do Sul, T. dorbigni não está em risco de extinção.
Contudo, a espécie sofre grande impacto por estar sujeita a coleta de ovos
destinada ao mercado de animais de estimação (BAGER, 2003).
A B
12
Esses animais possuem carapaça dorsal formada por uma camada
externa de queratina rígida seguida por uma camada óssea, fundindo as
cinturas pélvicas, costelas e vértebras, e plastrão ventral, formando uma
“armadura”. Acrescentam novas camadas de queratina abaixo das antigas dos
escudos achatados, que são trocados periodicamente (HICKMAN, 2004)
As tartarugas são répteis pecilotérmicos, incapazes de controlar
fisiologicamente a temperatura do corpo, portanto dependem da radiação da
luz solar (HICKMAN, 2004). Sabendo disso, é extremamente importante que,
quando em cativeiro, estes animais tenham acesso fácil e área de exposição
suficiente para que suas funções fisiológicas sejam contempladas.
De acordo com Costa et al. (2008) e Broom (2015), quando se mantém
animais silvestres em cativeiro, é preciso zelar pelo seu bem-estar, garantindo
um ambiente interativo que satisfaça suas necessidades básicas, permitindo
que o animal expresse um comportamento mais similar possível com o natural,
levando em conta suas necessidades fisiológicas para crescer livre de doenças
e ferimentos; necessidades psicológicas suprindo sempre a fome e não
expondo o animal a situações de medo; assim como suas necessidades
comportamentais, mantendo a ambientação do recinto próximo ao que
encontraria em seu ambiente natural.
O enriquecimento ambiental é de grande importância para diminuir o
stress dos animais cativos por meio de métodos que imitem ou que aproximem
as condições do recinto ao ambiente natural (BOSSO, 2011).
Os principais métodos de Enriquecimento Ambiental são: físico, no qual
as mudanças são realizadas no próprio recinto como implantação de tocas,
vegetação ou troncos; alimentar, no qual o alimento é oferecido de forma
diferente do habitual, sendo possível esconder o alimento na vegetação ou
congela-lo e enriquecimento sensorial, realizado por exemplo com a introdução
de odores que os animais nunca tiveram contato (COSTA et al., 2008).
Tendo em vista essas informações, é evidente a importância do manejo
correto de espécimes em cativeiro, considerando as mudanças e respectivas
necessidades em cada fase da vida.
13
Assim, o objetivo deste estudo é aplicar técnicas de enriquecimento
ambiental e analisar sua influência no comportamento de tartarugas
semiaquáticas mantidas no Viveiro de Animais e Vegetais, do curso de
Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, bem como
avaliar as condições do recinto em que são encontradas.
14
2. Material e Métodos
O trabalho de enriquecimento ambiental foi realizado no recinto que
abriga quinze tartarugas, sendo treze indivíduos da espécie T. scripta elegans
e duas T. dorbigni (Apêndice A). Foram escolhidos quatro espécimes,
escolhidos aleatoriamente, sendo um macho e uma fêmea de cada espécie. A
sexagem foi feita a partir da analise da distancia entre a cloaca e o plastrão e
formato do final deste.
Os animais se encontram em um recinto retangular (Figura 5) com
210cm de comprimento, 125cm de largura, 105cm de altura e nível da água de
aproximadamente 25cm, totalizando uma área de 2,6m². O fundo possui uma
declividade natural recoberta por cascalho e pedras de rio, e uma estreita
plataforma de descanso composta por ladrilhos e tijolos empilhados, utilizada
para exposição ao sol, enquanto que as paredes são recobertas por azulejos
da cor branca. Além disso, há uma cascata feita com canos de PVC na região
posterior do recinto. A iluminação é natural, assim como o controle da
temperatura.
Figura 5 – A. Vista frontal do recinto. B. Plataforma de descanso. C. Vista superior do recinto.
A B C
15
2.1 Observação prévia
A primeira etapa foi realizada durante o primeiro semestre de 2015, nos
meses de abril e maio, por método adaptado de Altmann (1974), “Sampling all
occurrences of some behavior”, no qual foram contabilizadas quantas vezes,
certo comportamento era observado no grupo. As observações foram
realizadas durante uma hora diária em um período de 5 dias nos meses de abril
e maio, com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, sendo que
foram executadas tanto no período da manhã quanto no período da tarde, uma
vez que o horário após o meio dia é mais quente e estimula comportamentos
mais ativos de qualquer réptil (HAHN, 2005). No quadro 1 foram especificados
os comportamentos observados e suas definições.
Quadro 1 – Comportamentos observados e suas definições.
Comportamento Definição
Seguir Animal nada atrás de outro.
Parede Nadar em direção à parede num processo repetitivo e constante.
Subir O animal reage subindo em cima do outro.
Empurrar Animal empurra o outro com os membros anteriores.
Andar Locomoção com os quatro membros tocando o chão
Nadar Locomoção dentro d’água sem tocar o substrato.
Submerso Animal permanece no fundo do tanque com o corpo completamente
dentro d’água.
Parado Corpo fica submerso deixando somente a cabeça para fora d’água,
sem tocar o substrato.
Escalando Animal sobe a rampa e os azulejos em direção à plataforma de
descanso.
Morder Apanhar com a boca.
Corte Indivíduo macho se posiciona de frente para a fêmea, estende os
membros anteriores em direção à ela e vibra-os.
Tomar sol O animal fica parado na plataforma podendo ou não estar sobreposto
por outras tartarugas.
Escorregar O animal se joga da plataforma para a água.
Arranhar Animal passa as garras no casco de outro.
16
Modificado de Altmann (1974).
2.2 Marcação dos animais
Para a identificação dos indivíduos foi realizado método de marcação
temporário com uma fina camada de resina epoxy moldada no formato de uma
das placas epidérmicas na carapaça dorsal de 3 espécimes de tartarugas
escolhidas aleatoriamente, possibilitando assim o crescimento normal das
placas que posteriormente irão se desprender do animal (Figura 6). A resina
epoxy foi escolhida, pois pode ser utilizada tanto como fixador de transmissores
PTT’s (Platform Transmitter Terminals) em tartarugas marinhas, como visto em
Coyne et al. (2009) e Gibbons e Andrews (2004), ou então na reparação de
cascos danificados, como empregado por Kaplan (1995) e Urbanik (2014),
sendo um método consagrado que não oferece riscos aos animais.
Figura 6 – Marcação em epoxy que se desprendeu do animal.
Para melhor visualização e distinção dos espécimes, cada tartaruga
recebeu um número, de 1 a 3 que foi entalhado na resina presa ao casco, e
cada número foi pintado com uma tinta não tóxica e resistente à água para que
não se perdesse ao longo do experimento (Figura 7).
17
Figura 7 – Marcação com resina epoxy e tinta atóxica para identificação dos indivíduos 1 a 3.
O presente estudo avaliou o comportamento de 4 indivíduos, entretanto
apenas três deles receberam a marcação numérica, uma vez que o quarto
espécime é facilmente reconhecido entre os outros no tanque devido seu
tamanho menor e coloração verde clara (Figura 8).
Figura 8 – Padrão de coloração diferencial do indivíduo 4.
2.3 Observação pré-enriquecimento
A segunda etapa de observações foi realizada durante quinze minutos
diários por um período de 5 dias alternados nos meses de agosto e setembro,
com observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, sendo observadas
apenas as tartarugas marcadas. Durantes os 5 minutos, foram contabilizadas
quantas vezes cada indivíduo executava cada atividade (Apêndice B).
18
2.4 Enriquecimento Físico
A precariedade da plataforma de descanso composta por ladrilhos e
tijolos empilhados fazia com que os animais se jogassem dessa plataforma. A
altura da queda era de aproximadamente 10cm, tornando este ato perigoso e
prejudicial para a saúde física dos animais. Sabendo disso, uma larga rampa
foi confeccionada a partir de uma placa de polionda (Figura 9) cortada e
dobrada a fim de suavizar a entrada dos animais na água além de aumentar a
área de exposição ao sol.
Após a instalação da plataforma, novas observações foram efetuadas,
da mesma forma que a prévia, uma hora diária por um período de 5 dias
distribuídos nos meses de outubro e novembro, em dias alternados, com
observações de 5 minutos, com 2 minutos de intervalo, todas realizadas no
período vespertino.
Figura 9 – Plataforma confeccionada a partir de placa de polionda.
A instalação da plataforma foi feita após os demais enriquecimentos para que não houvesse interferência nos comportamentos.
2.5 Enriquecimento Alimentar
19
Os animais são alimentados três vezes por semana (segundas, quartas
e sextas) com ração Alcon Club – ReptoLife e aproximadamente uma vez por
semana recebem também camarão desidratado da marca Alcon Club –
Gammarus, ambos alimentos específicos para tartarugas semiaquáticas. Para
este enriquecimento, foram feitos blocos de gelo de dois tamanhos diferentes
contendo o mesmo camarão desidratado utilizado para alimentação regular.
O gelo foi fornecido aos animais em dias com temperaturas superiores
a 30ºC, de maneira aleatória sem se repetir na mesma semana. O gelo fino
(Figura 10) foi oferecido sozinho no período da tarde após os animais terem
sido alimentados com ração pela manhã, enquanto o gelo quadrado (Figura 11)
foi oferecido junto com a ração.
Figura 10 – Gelo fino com camarão desidratado.
Figura 11 – Gelo quadrado com camarão desidratado.
2.6 Enriquecimento Cognitivo
20
Durante as observações pré-enriquecimento, o comportamento de nadar em
direção à parede se mostrou mais frequente em todo o grupo em relação às
demais atividades. Pode-se dizer que este é um comportamento estereotipado,
um movimento constante e sem propósito aparente. Sabendo disso, os animais
de estudo foram submetidos a um enriquecimento cognitivo, que consistiu na
colocação de um espelho (23cm X 16cm) suspenso por um barbante na lateral
do recinto (Figura 12) em uma posição fixa submersa na água e em um
segundo momento, na frente dos animais toda vez que estes começavam a
nadar em direção à parede.
Figura 12 – Enriquecimento utilizando espelho preso por barbante na lateral do recinto.
2.7 Enriquecimento Social
Para o enriquecimento ambiental foi escolhido o peixe ósseo de água
doce conhecido popularmente como Paulistinha (Danio rerio) (Figura 13).
Trata-se de uma espécie dócil porém muito ativa, com aproximadamente 4cm
de comprimento (NCBI, 2015). Foram colocados cinco espécimes da referida
espécie dentro do tanque das tartarugas, e então realizados três ciclos de
Barbante
Espelho
21
observações de cinco minutos com dois minutos de intervalo entre elas
durante quatro dias.
Figura 13 – Peixe Paulistinha (Danio rerio).
3. Resultados
3.1 Observação pré-enriquecimento
As atividades realizadas com maior frequência em pelo menos um dos
quatro indivíduos observados durante o pré-enriquecimento foram: “nadar”,
“parede”, “parado”, “seguir” e “corte” (Figura 14).
Figura 14 – Atividades mais realizadas e suas respectivas frequências por indivíduo estudado.
0
5
10
15
20
25
30
35
Nadar Parede Parado Seguir Corte
Indivíduo 1
Indivíduo 2
Indivíduo 3
Indivíduo 4
22
Com relação ao indivíduo 1 é possível destacar uma variedade de
atividades realizadas, porém com alta frequência de nadar em direção à
“parede” (Figura 15).
Figura 15 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1.
O indivíduo 2 apresentou comportamentos diversos com frequências
mais regulares destacando-se “nadar” e “parede” (Figura 16).
17
9
2
8
16
6
2
9
3
Nadar
Escalar
Tomar sol
Parado
Parede
Submerso
Seguir
Andar
Escorregar
Indivíduo 1
23
Figura 16 - Comportamentos e respectivas frequências observadas no indivíduo 2.
Pode-se perceber que o indivíduo 3 apresentou frequência muito alta em
relação aos comportamentos de ficar “parado” na superfície, “nadar” e nadar
em direção à “parede” (Figura 17).
Figura 17 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 3.
1
5
10
6
3
5
9
3
Escorregar
Andar
Parede
Parado
Tomar Sol
Escalar
Nadar
Subir
Indivíduo 2
35
34
44
1
1
6
Nadar
Parede
Parado
Tomar Sol
Escorregar
Submerso
Indivíduo 3
24
Já o indivíduo 4 apresentou a maior diversificação quanto às atividades
realizadas e altas frequências (Figura 18).
Figura 18 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 4.
3.2 Enriquecimento Físico
No primeiro dia de instalação da placa nenhum indivíduo tentou escalar
a nova plataforma de descanso, sendo que todos ficaram nos cantos do
tanque, se distanciando do objeto. No segundo dia os indivíduos 1 e 2 estavam
em cima da placa, porém com a aproximação do observador estes
escorregaram em direção à água, voltando a escalá-la (Figura 19) cerca de 2
minutos depois mas não voltaram a “tomar sol”.
32
9
13
29
1
39
2
5
7
Nadar
Parede
Parado
Corte
Empurrar
Seguir
Subir
Arranhar
Submerso
Indivíduo 4
25
Figura 19 – Adaptação dos indivíduos à plataforma instalada.
No terceiro dia apenas um animal estava na placa, entretanto não era
nenhum dos espécimes estudados.
Foi preciso retirar a placa no final de semana para que o recinto fosse
limpo. Houve então um novo período de adaptação com a recolocação após a
limpeza do recinto. Esperou-se um dia para que a quarta observação fosse
realizada. Seis animais se encontravam em cima da rampa no quarto dia, entre
eles os indivíduos 1 e 2 (Figura 20). Já no quinto dia, todos os indivíduos
estudados se encontravam em cima na placa.
Figura 20 – Interação dos animais com a plataforma instalada.
26
Com a instalação da plataforma foi observado que o indivíduo 1 passou mais
tempo exposto ao sol (Figura 21).
Figura 21 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1 durante o enriquecimento físico.
O indivíduo 2 passou quatro dos cinco dias de observação somente em
cima da plataforma. No quinto dia o animal também se encontrava na
plataforma (tomar sol), porém durante a observação o mesmo “escorregou”
para a água e se mostrou mais ativo (Figura 22).
13
5
3
7
9
1
2
3
Nadar
Escalar
Tomar sol
Parado
Parede
Morder
Escorregar
Submerso
Indivíduo 1
27
Figura 22 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 2 durante o enriquecimento físico.
Não foi observada grandes alterações das frequências no indivíduo 3, e
mesmo com a plataforma instalada não houve aumento na frequência de
“tomar sol” (Figura 23).
Figura 23 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 3 durante o enriquecimento físico.
Quanto ao indivíduo 1 também não foi observado aumento na frequência
de “tomar sol”, porém o animal permaneceu mais tempo “parado” (Figura 24).
3
1
4
5
4
1
Nadar
Subir
Tomar sol
Parado
Parede
Escorregar
Indivíduo 2
30
9
1
36
31
3
1
Nadar
Submerso
Tomar sol
Parado
Parede
Andar
Escorregar
Indivíduo 3
28
Figura 24 - Comportamentos e respectivas frequências realizados pelo indivíduo 4 durante o enriquecimento físico.
3.3 Enriquecimento Alimentar
O gelo fino foi oferecido no período da tarde, horário em que os animais
geralmente não são alimentados, em um dia com temperatura acima de 30ºC.
Todos os quatro indivíduos estudados mostraram interesse e rapidamente
começaram a morder o gelo quebrando-o facilmente (Figura 25) e então
ingerindo todo o camarão mesmo congelado em um tempo de 3min30s.
Figura 25 – Interação dos animais com o enriquecimento alimentar (gelo fino).
32
3
1
12
6
25
22
4
Nadar
Submerso
Tomar sol
Parado
Parede
Seguir
Corte
Empurrar
Indivíduo 4
29
Por outro lado, o gelo quadrado não despertou interesse nos indivíduos,
sendo que os animais só vieram a comer o camarão após o derretimento quase
completo do gelo. Apenas um indivíduo, não estudado, tentou morder o gelo
sem sucesso.
3.4 Enriquecimento Cognitivo
Durante as observações pré-enriquecimento, o indivíduo 3 realizou o
comportamento de nadar em direção à “parede” muito mais do que os demais
animais estudados. Pode-se dizer que este é um comportamento
estereotipado, um movimento constante e sem propósito aparente. Sabendo
disso, o animal foi submetido a um experimento diferente, que consistiu na
colocação de um espelho na frente do animal toda vez que este começava a
nadar em direção à parede.
Primeira observação: indivíduo 1 mostrou muito interesse, ficou em
frente ao espelho durante toda a observação, indo e voltando algumas vezes.
Segundo dia: Indivíduos 1 e 2 permaneceram na plataforma. Indivíduo 4
estava seguindo a fêmea e cortejando, olhou uma vez, recuou e voltou a segui-
la.
Terceiro dia: Indivíduo 3 não pareceu reagir ao espelho, continuando o
comportamento de nadar em direção à parede.
Quarto dia: Indivíduos 1 e 2 interagiram com o espelho, sendo que
quando um estava na frente do objeto, o outra o empurrava para se posicionar
diante do espelho.
Quinto dia: Indivíduos 1 e 2 interagiram muito, 3 e 4 olharam uma vez e
recuaram.
Com a utilização do espelho, o indivíduo 1 apresentou grande
interatividade com o objeto, elevando a frequência de “morder” pois essa era a
primeira reação do animal ao ver seu reflexo (Figura 26).
30
Figura 26 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 1 durante o enriquecimento cognitivo.
O indivíduo 2 apresentou comportamentos diversos com frequências
mais elevadas em “nadar” e “parede” (Figura 27).
Figura 27 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 2 durante o enriquecimento cognitivo.
Não houve mudanças perceptíveis nas frequências das atividades do
indivíduo 2, permanecendo altas (Figura 28).
10
2
1
4
6
3
12
Nadar
Escalar
Tomar sol
Parado
Parede
Seguir
Morder
Indivíduo 1
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8
3
2
1
2
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1
Nadar
Parede
Parado
Tomar sol
Andar
Escalar
Subir
Escorregar
Indivíduo 2
31
Figura 28 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 3 durante o enriquecimento cognitivo.
O indivíduo 4 também não apresentou mudanças perceptíveis com
relação às frequências das atividades (Figura 29).
Figura 29 – Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 4 durante o enriquecimento cognitivo.
3.5 Enriquecimento Social
No momento em que os cinco peixes paulistinha foram colocados no
tanque não houve interesse por parte das tartarugas, somente após
aproximadamente 1 minuto. Assim que os peixes passaram na frente dos
27
35
34
1
8
2
Nadar
Parede
Parado
Tomar sol
Submerso
Andar
Indivíduo 3
26
5
10
22
3
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2
7
Nadar
Parede
Parado
Corte
Empurrar
Seguir
Subir
Submerso
Indivíduo 4
32
indivíduos 1, 3 e 4 estes passaram a persegui-los (Figura 30) por cerca de 30
segundos até que os perdessem de vista, voltando a perseguição nos
momentos que os peixes entravam novamente no campo de visão. Nenhum
indivíduo conseguiu alcança-los mesmo projetando a cabeça na tentativa de
morder.
Figura 30 – Perseguição de peixes apontados pelo círculo vermelho. A. Indivíduo 1. B. Indivíduo 4.
No segundo dia, apenas três peixes foram visualizados, e o padrão de
perseguição foi o mesmo, iniciando no momento em que o peixe entrava no
campo de visão da tartaruga. No terceiro e quarto dia ainda foi possível ver
pelo menos um dos peixes no tanque, e por fim no quinto dia de observação
não foram encontrados mais nenhum peixe, portanto presume-se que foram
comidos.
É possível observar o aumento na frequência de “morder” e “seguir” no
individuo 1 devido sua interação com o peixe, o que também diminuiu as
frequências das outras atividades (Figura 31).
Figura 31 - Comportamentos e respectivas frequências observadas no indivíduo 1 durante o enriquecimento social.
6
1
1
3
1
11
6
Nadar
Escalar
Submerso
Parado
Parede
Seguir
Morder
Indivíduo 1
A
B
33
O indivíduo 2 não seguiu nenhum dos peixes entanto permaneceu na
água, porém “morder” foi observado uma vez pois em determinado momento
em que o indivíduo se encontrava “parado” na água o animal entrou em seu
campo de visão despertando interesse mas não suficiente para que fosse
perseguido (Figura 32).
Figura 32 - Comportamentos e respectivas frequências observados no indivíduo 2 durante o enriquecimento social.
O indivíduo 3 não apresentou comportamentos de perseguição como
“seguir”, nem de interação como “morder” em relação aos peixes, mas houve
uma pequena diminuição na frequência de “parede” (Figura 33).
Figura 33 - Comportamentos e respectivas frequências observado no indivíduo 3 durante o enriquecimento social.
3
1
3
1
6
Nadar
Morder
Tomar sol
Parado
Parede
Indivíduo 2
32
29
11
37
Nadar
Parede
Sumerso
Parado
Indivíduo 3
34
No caso do indivíduo 4, continuou mostrando grande variedade de
atividades, entretanto diferentemente das outras observações, a frequência de
“seguir” foi muito maior do que “corte” (Figura 34) devido à introdução do peixe,
o que levou o indivíduo a segui-lo além de somente seguir outra fêmea de sua
espécie.
Figura 34 - Comportamentos e respectivas observadas no pelo indivíduo 4 durante o enriquecimento social.
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2
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8
5
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15
2
5
6
Nadar
Submerso
Seguir
Parado
Parede
Seguir
Corte
Arranhar
Subir
Empurrar
Indivíduo 4
35
4. Discussão
De acordo com a regulamentação da Instrução Normativa nº04 de 2008
do Ministério do Meio Ambiente (COSTA et al., 2008) (Figura 35), no grupo dos
Testudines, o comprimento da carapaça dos indivíduos irá determinar o
tamanho adequado do recinto. O ideal no caso em estudo seriam apenas 10
animais por 4m², isso porque doze dos quinze animais possuem o comprimento
da carapaça maior ou igual a 20 cm, assim como o recinto atual apresenta
apenas 2,6m² a solução seria dividi-los em dois tanques.
Figura 35 – Especificação de recintos para répteis semiaquáticos. Fonte: Costa et al., 2008.
Um recinto maior proporcionaria aos animais maior área para locomoção
e poderia diminuir o agrupamento de vários indivíduos em uma mesma área do
tanque. Entretanto essa mudança não pode ser realizada atualmente devido à
falta de espaço disponível para relocação dos indivíduos. Quanto aos demais
requisitos, o recinto está de acordo com exceção do substrato para desova,
pois não é desejado que ocorra reprodução desses animais neste recinto.
36
Foram consideradas as frequências de cada comportamento obtidas
durante as observações durante a aplicação de cada enriquecimento para que
fosse possível compará-las às frequências apresentadas antes das aplicações
(pré-enriquecimento) (Figura 36).
Existem registros de animais que interagem com espelhos
reconhecendo a própria imagem, que é o caso de elefantes, primatas (BBC
BRASIL, 2006), e corvos, (BBC BRASIL, 2008), entretanto não há estudos
quanto às tartarugas, mas estima-se que a interação ocorre pois o reflexo se
torna “um novo animal” no recinto, despertando interesse dos indivíduos.
Figura 36 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 1 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.
Assim pode-se perceber que a utilização do espelho (cognitivo) teve
grande influência no indivíduo 1 reduzindo comportamentos estereotipados de
ir para a parede.
Houve interação desse espécime em todos os dias de aplicação desse
enriquecimento, sem que ocorresse habituação, uma vez que o espelho era
retirado após cada sessão de observação, pois segundo Anderson, Arun e
Jensen (2010) e Neto et al. (2011), a diminuição na capacidade de resposta do
2
16
8
2
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01
6
01
6
Seguir Parede Parado Tomar sol Escalar Nadar Escorregar Submerso Morder
Indivíduo 1
Pré Físico Cognitivo Social
37
animal ao estímulo (habituação), poderia ocorrer caso o estímulo, neste caso o
espelho, não fosse retirado.
A resposta comportamental do indivíduo 2 à colocação do espelho
resultou na elevação da frequência de “morder”, porém ainda executando
grande quantidade de nadar em direção à parede, o que só foi alterado com o
enriquecimento físico (Figura 37), sendo que o indivíduo permaneceu grande
parte do tempo de observação em cima da plataforma de descanso, e se
mostrou o animal menos ativo do grupo estudado.
Figura 37 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 2 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.
A plataforma de descanso do recinto é utilizada a fim de permitir acesso
à luz solar direta nos animais, entretanto era originalmente muito estreita,
sendo então executada sua ampliação para que assim mais indivíduos
pudessem ter acesso sem ser preciso escalar e se posicionar sobre os outros.
Com isso foi possível observar que os indivíduos 2 e 4 demonstraram uma
mudança, mesmo que pequena quanto ao número de vezes em que
permaneceram na plataforma, sendo que o indivíduo 2 permaneceu durante as
observações realizadas em quatro dias seguidos exposto ao sol. Esse é um
comportamento esperado pois, de acordo com Pough, Janis e Heiser (2008),
10
6
3
5
9
1
3
5
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3
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1
Parede Parado Tomar sol Escalar Nadar Escorregar Subir Andar Morder
Indivíduo 2
Pré Físico Cognitivo Social
38
os quelônios são animais que dependem da luz solar para elevarem sua
temperatura corporal, e passam grande parte do dia expostos ao sol, assim a
ampliação da plataforma passará de enriquecimento para recurso presente
permanentemente no recinto, com o objetivo de estimular esse comportamento
normal da espécie.
O comportamento de “escorregar” seguido por “nadar” pode ser
considerado uma reação de fuga, pois é uma resposta “automática” como
afirma Lorenz (1995) e ocorre quando a aproximação humana no recinto.
Animais em cativeiro estão propensos a apresentar atividades no vácuo,
que segundo op. cit., são padrões motores direcionados a um objeto em sua
maioria ligado à locomoção, que no presente estudo pode ser considerado
nadar em direção à parede. Broom e Molento (2004) afirmam também que a
presença de comportamentos estereotipados está relacionada à condições
ruins de bem-estar animal.
Foi possível também observar que quanto maior a frequência do
comportamento estereotipado (parede) menor o repertório de comportamentos
naturais esperados para a espécie com a aplicação do enriquecimento
ambiental, como “seguir” e “morder” (Figura 38).
Nenhuma das técnicas de enriquecimento aplicadas mostraram
grandes alterações na frequência das atividades “parede” do indivíduo 3, que
desde as observações pré-enriquecimento se mostraram muito altas em
relação aos outros indivíduos. Assim, mais técnicas de enriquecimento
ambiental devem ser aplicadas para o indivíduo em questão, pois segundo
Borges, Byk e Del-Claro (2011), podem resultar na diminuição de
comportamento estereotipados e aumentar o reportório comportamental.
A análise das observações comportamentais desse espécime ressalta
que muitas vezes a resposta individual a estímulos diversos é variável, o que
corrobora os conceitos de Alcock (2011), assim uma maior diversidade de
enriquecimentos poderia contemplar as diferenças individuais o que também foi
notado por Frajblat, Amaral e Rivera (2008).
As frequências de permanecer “submerso” dos indivíduos 1, 3 e 4
variaram em relação às observações sem que houvesse forte relação com o
enriquecimento, entretanto este é um comportamento esperado.
39
Quanto ao enriquecimento social, a escolha de utilizar peixes atuou
também como enriquecimento alimentar, pois de acordo com Hahn (2005), os
peixes estão dentro do padrão de alimentação das tartarugas semiaquáticas de
vida livre, o que justifica o interesse e a provável predação destes animais.
Outro fator importante a se considerar é que esses peixes nadavam
rapidamente, e por serem muito menores que as próprias tartarugas,
representaram um estímulo totalmente novo na situação de cativeiro, o que
segundo Bosso (2011) se aproxima das condições do ambiente natural.
Figura 38 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 3 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.
Os estudos de Rossi, Lovato e Höfling (2006) apontam que os
comportamentos de “corte” e “seguir” estão relacionados ao comportamento de
acasalamento, o que foi observado em machos a partir de 9cm de plastrão. O
indivíduo 4 foi o único macho estudado que apresentou “corte” em frequências
altas (Figura 39) e direcionada a uma única fêmea da mesma espécie. O
comprimento do plastrão do espécime é de 10cm indicando maturidade sexual,
e pelo padrão de coloração pode-se dizer que é um espécime jovem. O mesmo
estudo já citado conclui que as fêmeas se tornam receptivas aos machos
quando atingem aproximadamente 16cm de plastrão, entretanto a fêmea
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44
1
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Parede Parado Tomar sol Nadar Andar Submerso Escorregar
Indivíduo 3
Pré Físico Cognitivo Social
40
cortejada pelo individuo 4 possuía apenas 14cm, o que justificaria a resposta
negativa e o comportamento agressivo da fêmea para com o macho.
Como enriquecimento social o indivíduo apresentou “seguir” sem relação
com o acasalamento, ampliando seu repertório comportamental.
Figura 39 – Comparação das frequências das atividades observadas no indivíduo 4 durante as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento físico, cognitivo e social.
Com os resultados do presente estudo foi possível verificar que os
indivíduos da subespécie T. s. elegans são muito mais ativos, apresentando
maior repertório e frequência comportamental. Isso pode estar diretamente
relacionado às diferenças comportamentais de cada espécie ou somente nos
dois espécimes estudados, entretanto novas pesquisas devem ser realizadas
para gerar dados que possam comprovar isso. Pouco se sabe sobre a real
interferência do enriquecimento ambiental com tartarugas semiaquáticas
devido à escassez de informações e dados na literatura especializada.
O ambiente cativo não apresenta as mesmas condições que seriam
encontradas em meio livre, assim frequentemente não se observa os mesmos
comportamentos apresentados por um animal em vida livre, porém é desejável
que eles ocorram. Assim o enriquecimento ambiental é um método importante
e que deve oferecer ao animal cativo diferentes estímulos em intervalos
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2
Indivíduo 4
Pré Físico Cognitivo Social
41
alternados de tempo, uma vez que o ambiente não natural se torna monótono
facilmente (BOSSO, 2011).
42
5. Conclusão
O enriquecimento ambiental é uma excelente ferramenta para garantir o
bem-estar de animais em cativeiro, proporcionando um ambiente dinâmico
mais semelhante ao ambiente natural. O presente estudo demonstrou que,
apesar da individualidade de cada espécime é possível alterar os padrões
comportamentais assim como aumentar o repertório de atividades naturais
esperadas, mesmo em animais de cativeiro.
A continuação deste projeto seria interessante, uma vez que os
enriquecimentos cognitivo e social apresentaram aumento nas frequências do
comportamento natural de “morder”, fazendo com que os indivíduos machos os
realizassem com enfoque diferente, uma vez que estes estavam anteriormente
relacionados ao acasalamento. Com a introdução dos peixes e do espelho
esse comportamento se dirigia a eles, assim como ocorreu com
comportamento de “seguir”.
A alta frequência de comportamentos estereotipados em um dos
indivíduos pode ser relacionada com a falta de desafios do recinto, sendo
portanto muito importante a continuidade de projetos que visem a melhoria do
bem-estar dos espécimes de tartarugas semiaquáticas da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, assim como a divulgação dos resultados devido à
escassez de informações e dados na literatura especializada.
43
6. Referências Bibliográficas
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mar. 2015.
47
7. Apêndice A
Registro fotográfico ventral e dorsal dos espécimes presentes no recinto
estudado.
T. dorbigni macho T. dorbigni fêmea
T. s. elegans macho
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
48
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans macho
49
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
T. s. elegans fêmea
50
8. Apêndice B
Modelo de etograma utilizado nas observações.
Quadro 1 – Dia 1 – 09/09, 14:35, sol, temperatura entre 20ºC e 25ºC
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Tomar sol 1 1 - -
Seguir - - - 5
Parede - - 4 2
Subir em cima - - - -
Empurrar - - - -
Andar - - - -
Nadar - - 5 3
Submerso - - - -
Parado - - 3 -
Escalando - 1 - -
Corte - - - 6
Mordida - - - -
Escorregar - 1 - -
Arranhar - - - -
Quadro 2 – Dia 2 – 14/09, 15h, sol/frio, temperatura entre 15ºC e 22ºC
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Tomar sol - 1 - -
Seguir - - - 6
Parede 3 - 9 -
Subir em cima - - - -
Empurrar - - - -
Andar 2 - - -
Nadar 4 - 3 4
Submerso 4 - - 1
Parado 2 - 8 1
Escalando 3 - - -
Corte - - - 7
51
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Mordida - - - -
Escorregar 1 - - -
Arranhar - - - -
Quadro 3 – Dia 15/09, 14:40, muito sol, temperatura superior a 30ºC
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Tomar sol 1 1 1 -
Seguir - - - 7
Parede - - 7 2
Subir em cima - - - 1
Empurrar - - - 1
Andar - - - -
Nadar - - 5 8
Submerso - - 2 -
Parado - - 8 4
Escalando - - - -
Corte - - - -
Mordida - - - -
Escorregar - - 1 -
Arranhar - - - 4
Quadro 4 – Dia 4, 23/09, 14h, muito sol, temperatura superior a 30ºC
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Tomar sol - - - -
Seguir 2 - - 9
Parede 7 9 5 2
Subir em cima - 2 - 1
Empurrar - - - -
Andar 3 2 - -
Nadar 5 5 12 10
Submerso - 1 4
Parado 3 3 14 5
52
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Escalando 3 7 - -
Corte - - - 7
Mordida - - - -
Escorregar 1 - - -
Arranhar - - - 1
Quadro 5 – Dia 4, 25/09, 13h, sol após chuva, temperatura aproximadamente 20ºC
Comportamento Indivíduo 1 Indivíduo 2 Indivíduo 3 Indivíduo 4
Tomar sol - - - -
Seguir - - - 12
Parede 6 1 9 3
Subir em cima - 1 1 -
Empurrar - - - -
Andar 4 3 - 1
Nadar 8 4 10 7
Submerso 2 - 3 2
Parado 3 3 11 3
Escalando 3 3 1 -
Corte - - - 9
Mordida - - - -
Escorregar 1 - - -
Arranhar - - - -