INFO nº02

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Outubro - Dezembro 2004 Cardoso Simões Medalha de honra da agricultura

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O mês de Outubro foi marcado pelo desaparecimento de umafigura cimeira da Engenharia Civil portuguesa das últimas décadas,o Eng. Joaquim da Conceição Sampaio. Para todos aqueles que,como eu, tiveram o privilégio de o ter como professor na Faculdadede Engenharia da Universidade do Porto ou que com ele privaramao longo de uma vida profissional intensa, relembramos comsaudade um mestre dedicado e cativante, que marcou de formaindelével várias gerações de engenheiros civis, um técnicocompetente, altamente qualificado e criativo, um cidadão atento eempenhado nas coisas e nas causas públicas e um homemcaloroso, cordial e generoso, um verdadeiro e completo humanista. Para relembrar e agradecer ao Prof. Sampaio a herança que nosdeixa, a Região Norte da Ordem dos Engenheiros vai associar-se àFaculdade de Engenharia da Universidade do Porto e à AICCOPN,Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas, naorganização de uma singela e merecida homenagem pública, queterá lugar no próximo dia 14 de Janeiro, no Auditório da FEUP.Contamos com todos para dar a esta cerimónia a dignidade e obrilho que o homenageado merece.Deste número da nossa revista gostaria de realçar a entrevista doEng. Cardoso Simões, um transmontano de gema, que dedicouuma vida inteira a duas causas maiores: a agricultura portuguesa eo desenvolvimento da região que o viu nascer e onde, por vontadeprópria, teimou em viver. O Eng. Cardoso Simões é outra dasfiguras notáveis da Engenharia portuguesa. Profundo conhecedorda realidade agrícola nacional e internacional, estudioso incansávele insaciável, figura incontornável dos grandes projectos dedesenvolvimento agrícola de Trás-os-Montes e Alto Douro eempresário de sucesso, continua, aos 81 anos, a demonstrar umdinamismo e uma vitalidade inesgotáveis. Todos aqueles que nãotêm o privilégio de o conhecer ou de já ter trabalhado com ele, vãodescobrir um homem apaixonado pela vida, pela sua região e pelaprofissão que abraçou, um homem que deverá ser para todos nósum exemplo e uma referência.Realço ainda os excelentes artigos de opinião assinados pelo Eng.Ferreira de Oliveira, Presidente da UNICER, sobre a Engenharia eGestão, e pelo Eng. Ponce de Leão, Presidente do IMOPI, sobre aconstrução sustentável. E também a merecida homenagem que aRegião Norte da OE realizou ao Prof. Corrêa de Barros, outra figuraímpar da Engenharia portuguesa e antigo dirigente da nossaOrdem. Boa leitura e votos de um Santo Natal e de um Feliz Ano Novo.

Luís RamosVice-presidente do Conselho Directivo

índice4

8Artigos de Opinião

Notícias

Entrevista a Manuel Cardoso Simões 18

12

Vida Associativa

24 DestaqueHomenagem a Corrêa de Barros

33Agenda

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região NorteDirector: Luís Ramos ([email protected].)Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, HipólitoCampos de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, AntónioFontainhas Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, FernandoJunqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo PintoRodrigues, António Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques e redacção QuidNovi.Paginação: Paulo Raimundo.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Outubro/Novembro/Dezembro – n.º 2/2004. Preço: 2,00euros. Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região NorteJorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região NorteSede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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Ficha Técnica

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O mês de Outubro foi marcado pelo desaparecimento de umafigura cimeira da Engenharia Civil portuguesa das últimas décadas,o Eng. Joaquim da Conceição Sampaio. Para todos aqueles que,como eu, tiveram o privilégio de o ter como professor na Faculdadede Engenharia da Universidade do Porto ou que com ele privaramao longo de uma vida profissional intensa, relembramos comsaudade um mestre dedicado e cativante, que marcou de formaindelével várias gerações de engenheiros civis, um técnicocompetente, altamente qualificado e criativo, um cidadão atento eempenhado nas coisas e nas causas públicas e um homemcaloroso, cordial e generoso, um verdadeiro e completo humanista. Para relembrar e agradecer ao Prof. Sampaio a herança que nosdeixa, a Região Norte da Ordem dos Engenheiros vai associar-se àFaculdade de Engenharia da Universidade do Porto e à AICCOPN,Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas, naorganização de uma singela e merecida homenagem pública, queterá lugar no próximo dia 14 de Janeiro, no Auditório da FEUP.Contamos com todos para dar a esta cerimónia a dignidade e obrilho que o homenageado merece.Deste número da nossa revista gostaria de realçar a entrevista doEng. Cardoso Simões, um transmontano de gema, que dedicouuma vida inteira a duas causas maiores: a agricultura portuguesa eo desenvolvimento da região que o viu nascer e onde, por vontadeprópria, teimou em viver. O Eng. Cardoso Simões é outra dasfiguras notáveis da Engenharia portuguesa. Profundo conhecedorda realidade agrícola nacional e internacional, estudioso incansávele insaciável, figura incontornável dos grandes projectos dedesenvolvimento agrícola de Trás-os-Montes e Alto Douro eempresário de sucesso, continua, aos 81 anos, a demonstrar umdinamismo e uma vitalidade inesgotáveis. Todos aqueles que nãotêm o privilégio de o conhecer ou de já ter trabalhado com ele, vãodescobrir um homem apaixonado pela vida, pela sua região e pelaprofissão que abraçou, um homem que deverá ser para todos nósum exemplo e uma referência.Realço ainda os excelentes artigos de opinião assinados pelo Eng.Ferreira de Oliveira, Presidente da UNICER, sobre a Engenharia eGestão, e pelo Eng. Ponce de Leão, Presidente do IMOPI, sobre aconstrução sustentável. E também a merecida homenagem que aRegião Norte da OE realizou ao Prof. Corrêa de Barros, outra figuraímpar da Engenharia portuguesa e antigo dirigente da nossaOrdem. Boa leitura e votos de um Santo Natal e de um Feliz Ano Novo.

Luís RamosVice-presidente do Conselho Directivo

índice4

8Artigos de Opinião

Notícias

Entrevista a Manuel Cardoso Simões 18

12

Vida Associativa

24 DestaqueHomenagem a Corrêa de Barros

33Agenda

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região NorteDirector: Luís Ramos ([email protected].)Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, HipólitoCampos de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, AntónioFontainhas Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, FernandoJunqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo PintoRodrigues, António Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques e redacção QuidNovi.Paginação: Paulo Raimundo.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Outubro/Novembro/Dezembro – n.º 2/2004. Preço: 2,00euros. Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região NorteJorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região NorteSede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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Ficha Técnica

Page 4: INFO nº02

info Página 5OPINIÃO

A formação básica em Engenharia constitui, como todos osabemos bem, uma excelente plataforma para o desenvol-vimento de competências de Gestão, particularmente emEmpresas de raiz industrial. Com este pequeno texto pre-tendo demonstrar que este facto é não só óbvio, comotambém acontece com naturalidade nas carreiras profis-sionais de muitos de nós.Quando um jovem acaba a sua licenciatura, o seu primei-ro objectivo mais comum é tornar-se um especialista. Oser, e mais do que ser o sentir-se reconhecido como espe-cialista é uma experiência extremamente enriquecedora. Aautoconfiança e a maturidade que daí advêm são de umamais-valia extraordinária. Sabemos que, no que se refere auma área muito específica do conhecimento ou do exercí-cio profissional, conquistamos a autoridade com a compe-tência que desenvolvemos. Quem teve o privilégio de viveresta experiência sabe que vale bem a pena o esforço queela implica.O engenheiro especialista normalmente evolui para umafunção de chefia na sua área de competência. A primeiraexperiência de chefia de uma equipa é determinante para acarreira de um profissional; ou assume a chefia como umaactividade complementar à sua condição de especialista e,em consequência, continua a sua evolução profissionalcomo especialista, ou transforma a responsabilidade dechefiar numa oportunidade de começar a sua carreira degestão. Ambas as opções são enriquecedoras e o caminhoque se escolhe deve corresponder à vocação de cada pro-fissional e, em cada contexto específico, ao aproveitamen-to do que cada um considera ser a melhor oportunidadede evolução profissional. No que se segue refiro-me ape-nas aos colegas que não seguem a opção de aprofunda-mento da sua especialização.Chega-se assim à responsabilidade de chefiar uma equipacom base em competências técnicas. Nestas funçõesdevemos começar por aprender a chefiar; a gestão de umapequena equipa envolve uma experiência na gestão depessoas e, normalmente, a responsabilidade pela prepara-ção e execução de um orçamento. É nesta fase que oEngenheiro deve procurar formação complementar na áreada gestão; a sua formação matemática, a sua cultura derigor e a sua paixão pela quantificação de tudo quanto orodeia, constituem alguns dos atributos que o vão diferen-ciar.A formação em gestão deve abranger pelo menos as disci-plinas de Estratégia, Recursos Humanos, Finanças eContabilidade, Marketing e Vendas, Inovação eDesenvolvimento, Organização e Gestão da Cadeia de

Abastecimento.Dotado de formação em Gestão, com uma experiênciabem sucedida de Chefia de uma Equipa, começa para umEngenheiro, nestas condições, uma carreira em Gestãocom todas as condições para ser bem sucedida.O primeiro grande teste ao seu potencial para evoluir pro-fissionalmente como Gestor tem início com a sua capaci-dade de preparação de um sucessor nas funções que exer-ce. Para progredir, o Chefe tem que conseguir dois tiposde resultados complementares: atingir os objectivos quelhe foram definidos quando assumiu as funções de chefiae ter desenvolvido um sucessor que possua competênciaspara o exercício da sua função, pelo menos iguais (... e depreferência melhores) às suas. Ao ser reconhecido comocapaz de fazer o que prometeu fazer (... atingir os objecti-vos acordados) e ao ter quem lhe suceda sem perturbaçãona sua organização, a promoção é inevitável.Se, em forma consecutiva, repetir o que acima descrevo, acarreira de Gestor do jovem engenheiro que começoucomo especialista é óbvia.A gestão de topo, apesar dos custos que normalmenteimplica para a vida privada de cada um de nós, é extrema-mente compensadora. Temos a oportunidade de levar aambição, a capacidade de concretização e o alinhamentode vontades a toda uma estrutura organizacional.Os resultados que conseguimos, quando nos empenha-mos de facto na execução de planos e projectos partilha-dos pela equipa que dirigimos, são normalmente encoraja-dores. Um bom resultado é, em regra, uma excelente pla-taforma para o desafio que se segue.À gestão de topo podem aceder profissionais com a maisvariada formação básica, desde médicos a licenciados emgestão; a experiência acumulada que possuo permite-meconcluir, sem qualquer dúvida, que em empresas combase industrial os engenheiros com vocação de gestãotêm vantagens competitivas indiscutíveis. É para estesengenheiros que aqui fica uma palavra de encorajamentoe uma convicção pessoal: o esforço e a dedicação a quenos obriga a gestão de topo é, em todos os termos, gratifi-cante. Vale bem a pena iniciar a caminhada, sem pressasmas com objectivos ambiciosos.

Engenharia e Gestão

Escrevi, vai para uns meses, um artigo num jornal diário,no qual fiz referência a palavras por mim proferidas em2003, em cerimónia oficial no INESC-Porto. Um conjunto de palavras, penso que perfeitamente actual,e que, fruto do trabalho a partir daí desenvolvido, repre-sentam acções, representam uma atitude, a atitude doIMOPPI, Instituto dos Mercados de Obras PúblicasParticulares e do Imobiliário, a que presido. Um conjuntode palavras que se associam, na perfeição, ao tema queaqui vos quero trazer e que dá título a este artigo. “O estar neste campus universitário define, desde já, quetemos em mão a ligação entre o saber académico e opragmatismo empresarial! O relembrar que este campus se insere numa cidade defi-ne, desde já, que temos em mão a ligação entre a capaci-dade empresarial de arriscar e a necessidade social (etambém ambiental!) de actuar de cada autarquia!... o porquê desta Interligação para a Eficácia e outras quedemonstrem a absoluta necessidade de agarrar o SéculoXXI.Propositadamente falei em Século XXI, pois talvez tenhasido uma das expressões mais utilizadas nos anos sessen-ta, setenta e nos primórdios dos oitenta, já do século pas-sado, quando queríamos exprimir as novas tecnologias, asfantasias ou os nossos sonhos, mas que caiu, talvez, aténo ridículo! O ano 2000 não abriu com “Assim falava Zaratrusta”, nãohouve “monólito na Lua”, nem “Hall” se revoltou...Ficámo-nos por um “Bug”, que muitos jornais vendeu, ecuja probabilidade de acontecer assustou a sociedade dainformação... que passou o Milénio!Olhando com olhos de Século XXI para o Século passadoe para este novo Século, poderemos resumir a nossa posi-ção colectiva, utilizando o que está escrito numa parededa Universidade de Coimbra “isto já não é o que nuncafoi, imbecis!” (assina Tótó)Agarrar significa não perder tempo com o que já deviaestar feito, não perder tempo a decidir o que deve serfeito!”Todo este conjunto de palavras serve de introdução ao quevos quero transmitir e que mais não é do que o desenvol-vimento do discurso proferido em nome do SenhorSecretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas, Jorge

Costa, também ele membro efectivo da, nossa, Ordemdos Engenheiros.Agarrar no presente o futuro. Agarrar a SUSTENTABILIDADE.Comecei aí, para além de transmitir o gosto que me davao estar ali presente e, como preâmbulo, por relembrar atodos, às diversas gerações de possíveis, então ouvintes eagora leitores, as palavras-chave de certas épocas, de mea-dos do Século XX até aos nossos dias.Alguém que lê este texto nasceu com a palavra PAZ, nosanos do pós-guerra. Eu nasci com a palavra MODERNO,final dos anos cinquenta e início dos sessenta. Outros jánasceram com a palavra AMBIENTE, gritando “nuclearnão, obrigado!”. Ainda outros nasceram com a palavraGLOBALIZAÇÃO, não discutindo o seu tom, bom ou mau.Agora nascem com a palavra SUSTENTABILIDADE!!!Falar em sustentabilidade, ou melhor, escrever, será umexercício, não digo condenado ao fracasso, mas com todaa certeza condenado a uma crítica feroz! Penso que jámuitos utilizam a palavra, mas poucos atingem o verda-deiro significado. Acreditando ser um novo apoiante, um novo lutador, nãosou um perito e perante esses coloco a minha cabeça. Seporventura ma cortarem, espero que quem o faça seja umjuiz idóneo e um carrasco exímio. Sustentabilidade não pode ser uma palavra utilizada por-que está na moda, porque fica bem em qualquer discurso.Já basta a “dinâmica do processo” tão utilizada no mundodo futebol. Não quero esse papel para mim ou para oInstituto a que presido.Nunca separei a economia, a sustentação de um mercado,da brutal palavra lucro. O lucro premeia quem arrisca eacredito nas virtualidades do mercado para o desenvolvi-mento dos países. Pensar o contrário é, além de farisaico,contraproducente. Para haver economia, para haver lucro, é necessário espa-ço, é necessário a pessoa e que o espaço e a pessoa per-durem no tempo.Sei, e sempre soube, que não posso falar de ambiente,palavra ‘gasta’, sem falar em social, outra palavra ‘gasta’ eem outra ainda, além de ‘gasta’, ‘maldita’, para os taisfariseus talvez em fase de extinção, ‘economia’.Ora, penso que isto que acabo de dizer leva a concluir que

Sustentabilidade... em construção

Manuel Ferreira de Oliveira, Presidente do Conselho de Administração da UNICER H. Ponce de Leão, Presidente do Conselho de Administração do IMOPPI

infoPágina 4 OPINIÃO

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A formação básica em Engenharia constitui, como todos osabemos bem, uma excelente plataforma para o desenvol-vimento de competências de Gestão, particularmente emEmpresas de raiz industrial. Com este pequeno texto pre-tendo demonstrar que este facto é não só óbvio, comotambém acontece com naturalidade nas carreiras profis-sionais de muitos de nós.Quando um jovem acaba a sua licenciatura, o seu primei-ro objectivo mais comum é tornar-se um especialista. Oser, e mais do que ser o sentir-se reconhecido como espe-cialista é uma experiência extremamente enriquecedora. Aautoconfiança e a maturidade que daí advêm são de umamais-valia extraordinária. Sabemos que, no que se refere auma área muito específica do conhecimento ou do exercí-cio profissional, conquistamos a autoridade com a compe-tência que desenvolvemos. Quem teve o privilégio de viveresta experiência sabe que vale bem a pena o esforço queela implica.O engenheiro especialista normalmente evolui para umafunção de chefia na sua área de competência. A primeiraexperiência de chefia de uma equipa é determinante para acarreira de um profissional; ou assume a chefia como umaactividade complementar à sua condição de especialista e,em consequência, continua a sua evolução profissionalcomo especialista, ou transforma a responsabilidade dechefiar numa oportunidade de começar a sua carreira degestão. Ambas as opções são enriquecedoras e o caminhoque se escolhe deve corresponder à vocação de cada pro-fissional e, em cada contexto específico, ao aproveitamen-to do que cada um considera ser a melhor oportunidadede evolução profissional. No que se segue refiro-me ape-nas aos colegas que não seguem a opção de aprofunda-mento da sua especialização.Chega-se assim à responsabilidade de chefiar uma equipacom base em competências técnicas. Nestas funçõesdevemos começar por aprender a chefiar; a gestão de umapequena equipa envolve uma experiência na gestão depessoas e, normalmente, a responsabilidade pela prepara-ção e execução de um orçamento. É nesta fase que oEngenheiro deve procurar formação complementar na áreada gestão; a sua formação matemática, a sua cultura derigor e a sua paixão pela quantificação de tudo quanto orodeia, constituem alguns dos atributos que o vão diferen-ciar.A formação em gestão deve abranger pelo menos as disci-plinas de Estratégia, Recursos Humanos, Finanças eContabilidade, Marketing e Vendas, Inovação eDesenvolvimento, Organização e Gestão da Cadeia de

Abastecimento.Dotado de formação em Gestão, com uma experiênciabem sucedida de Chefia de uma Equipa, começa para umEngenheiro, nestas condições, uma carreira em Gestãocom todas as condições para ser bem sucedida.O primeiro grande teste ao seu potencial para evoluir pro-fissionalmente como Gestor tem início com a sua capaci-dade de preparação de um sucessor nas funções que exer-ce. Para progredir, o Chefe tem que conseguir dois tiposde resultados complementares: atingir os objectivos quelhe foram definidos quando assumiu as funções de chefiae ter desenvolvido um sucessor que possua competênciaspara o exercício da sua função, pelo menos iguais (... e depreferência melhores) às suas. Ao ser reconhecido comocapaz de fazer o que prometeu fazer (... atingir os objecti-vos acordados) e ao ter quem lhe suceda sem perturbaçãona sua organização, a promoção é inevitável.Se, em forma consecutiva, repetir o que acima descrevo, acarreira de Gestor do jovem engenheiro que começoucomo especialista é óbvia.A gestão de topo, apesar dos custos que normalmenteimplica para a vida privada de cada um de nós, é extrema-mente compensadora. Temos a oportunidade de levar aambição, a capacidade de concretização e o alinhamentode vontades a toda uma estrutura organizacional.Os resultados que conseguimos, quando nos empenha-mos de facto na execução de planos e projectos partilha-dos pela equipa que dirigimos, são normalmente encoraja-dores. Um bom resultado é, em regra, uma excelente pla-taforma para o desafio que se segue.À gestão de topo podem aceder profissionais com a maisvariada formação básica, desde médicos a licenciados emgestão; a experiência acumulada que possuo permite-meconcluir, sem qualquer dúvida, que em empresas combase industrial os engenheiros com vocação de gestãotêm vantagens competitivas indiscutíveis. É para estesengenheiros que aqui fica uma palavra de encorajamentoe uma convicção pessoal: o esforço e a dedicação a quenos obriga a gestão de topo é, em todos os termos, gratifi-cante. Vale bem a pena iniciar a caminhada, sem pressasmas com objectivos ambiciosos.

Engenharia e Gestão

Escrevi, vai para uns meses, um artigo num jornal diário,no qual fiz referência a palavras por mim proferidas em2003, em cerimónia oficial no INESC-Porto. Um conjunto de palavras, penso que perfeitamente actual,e que, fruto do trabalho a partir daí desenvolvido, repre-sentam acções, representam uma atitude, a atitude doIMOPPI, Instituto dos Mercados de Obras PúblicasParticulares e do Imobiliário, a que presido. Um conjuntode palavras que se associam, na perfeição, ao tema queaqui vos quero trazer e que dá título a este artigo. “O estar neste campus universitário define, desde já, quetemos em mão a ligação entre o saber académico e opragmatismo empresarial! O relembrar que este campus se insere numa cidade defi-ne, desde já, que temos em mão a ligação entre a capaci-dade empresarial de arriscar e a necessidade social (etambém ambiental!) de actuar de cada autarquia!... o porquê desta Interligação para a Eficácia e outras quedemonstrem a absoluta necessidade de agarrar o SéculoXXI.Propositadamente falei em Século XXI, pois talvez tenhasido uma das expressões mais utilizadas nos anos sessen-ta, setenta e nos primórdios dos oitenta, já do século pas-sado, quando queríamos exprimir as novas tecnologias, asfantasias ou os nossos sonhos, mas que caiu, talvez, aténo ridículo! O ano 2000 não abriu com “Assim falava Zaratrusta”, nãohouve “monólito na Lua”, nem “Hall” se revoltou...Ficámo-nos por um “Bug”, que muitos jornais vendeu, ecuja probabilidade de acontecer assustou a sociedade dainformação... que passou o Milénio!Olhando com olhos de Século XXI para o Século passadoe para este novo Século, poderemos resumir a nossa posi-ção colectiva, utilizando o que está escrito numa parededa Universidade de Coimbra “isto já não é o que nuncafoi, imbecis!” (assina Tótó)Agarrar significa não perder tempo com o que já deviaestar feito, não perder tempo a decidir o que deve serfeito!”Todo este conjunto de palavras serve de introdução ao quevos quero transmitir e que mais não é do que o desenvol-vimento do discurso proferido em nome do SenhorSecretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas, Jorge

Costa, também ele membro efectivo da, nossa, Ordemdos Engenheiros.Agarrar no presente o futuro. Agarrar a SUSTENTABILIDADE.Comecei aí, para além de transmitir o gosto que me davao estar ali presente e, como preâmbulo, por relembrar atodos, às diversas gerações de possíveis, então ouvintes eagora leitores, as palavras-chave de certas épocas, de mea-dos do Século XX até aos nossos dias.Alguém que lê este texto nasceu com a palavra PAZ, nosanos do pós-guerra. Eu nasci com a palavra MODERNO,final dos anos cinquenta e início dos sessenta. Outros jánasceram com a palavra AMBIENTE, gritando “nuclearnão, obrigado!”. Ainda outros nasceram com a palavraGLOBALIZAÇÃO, não discutindo o seu tom, bom ou mau.Agora nascem com a palavra SUSTENTABILIDADE!!!Falar em sustentabilidade, ou melhor, escrever, será umexercício, não digo condenado ao fracasso, mas com todaa certeza condenado a uma crítica feroz! Penso que jámuitos utilizam a palavra, mas poucos atingem o verda-deiro significado. Acreditando ser um novo apoiante, um novo lutador, nãosou um perito e perante esses coloco a minha cabeça. Seporventura ma cortarem, espero que quem o faça seja umjuiz idóneo e um carrasco exímio. Sustentabilidade não pode ser uma palavra utilizada por-que está na moda, porque fica bem em qualquer discurso.Já basta a “dinâmica do processo” tão utilizada no mundodo futebol. Não quero esse papel para mim ou para oInstituto a que presido.Nunca separei a economia, a sustentação de um mercado,da brutal palavra lucro. O lucro premeia quem arrisca eacredito nas virtualidades do mercado para o desenvolvi-mento dos países. Pensar o contrário é, além de farisaico,contraproducente. Para haver economia, para haver lucro, é necessário espa-ço, é necessário a pessoa e que o espaço e a pessoa per-durem no tempo.Sei, e sempre soube, que não posso falar de ambiente,palavra ‘gasta’, sem falar em social, outra palavra ‘gasta’ eem outra ainda, além de ‘gasta’, ‘maldita’, para os taisfariseus talvez em fase de extinção, ‘economia’.Ora, penso que isto que acabo de dizer leva a concluir que

Sustentabilidade... em construção

Manuel Ferreira de Oliveira, Presidente do Conselho de Administração da UNICER H. Ponce de Leão, Presidente do Conselho de Administração do IMOPPI

infoPágina 4 OPINIÃO

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info Página 7OPINIÃO

‘esquecimento’ das Câmaras, das inspecções, de cada umde nós. Não podemos atirar a primeira pedra (a segundae todas as pedras, por vezes) às autarquias, aos gover-nos… aos outros. Os outros geralmente somos, também,nós! Talvez todos sejamos um pouco, mas tem de se combateraquilo a que eu chamo o ‘consumidor clandestino’ quenão quer pagar impostos, que quer pagar o mínimo possí-vel em prazos máximos. O consumidor clandestino quer o máximo de qualidadepelo mínimo. O consumidor, seja ele o homem simplesque quer pintar a sua casa, o grande dono de obra públi-ca, a grande empresa de construção ou imobiliária, quer omáximo pelo mínimo… como todos realmente queremos. Quando pensamos, olhando para um dia, já hoje ou ama-nhã, e não para um futuro, onde, como atrás referi, quere-mos ter os nossos negócios, para tal os nossos clientes euma terra onde assentemos os pés. No fundo, um futuro onde os nossos filhos vivam emconjunto com os filhos de todos, que não nós, pois sempessoas, sem terra, não haverá mercado, não haveránegócio e não haverá lucro. Por esta casa, o IMOPPI, poderei falar e quero-vos trans-mitir que não sabemos se a aventura em que estamosempenhados… vai demorar 2, 5 ou 15 anos! Não sabemosquanto ínfima é a nossa taxa de comparticipação nesteprocesso! Estamos em cima de uma estrada e sabemos onde quere-mos que ela vá dar, mesmo que ainda tenhamos de cons-truir alguma obra de arte em falta!Para terminar, e estando a escrever numa revista da,nossa, Ordem dos Engenheiros, penso que ao querer, ecrer, que qualidade significa segurança para quem investe,para quem usufrui ou para quem, com suor, constrói, seráessencial o trabalho dos engenheiros nesta luta, nestaguerra! Talvez a próxima meta do IMOPPI, agora com a nova Leidos Alvarás, considerada uma base credível e partindodela, seja uma maior qualificação das empresas onde oengenheiro deverá ter um papel fundamental! Espero que,como até aqui, a Ordem dos Engenheiros seja um interlo-cutor activo, (porque não?) uma “dor de cabeça” paratodos os que no IMOPPI trabalham!

“Nunca separei a economia, a sustentação de ummercado, da brutal palavra lucro. O lucro premeiaquem arrisca e acredito nas virtualidades do mercadopara o desenvolvimento dos países. Pensar o contrárioé, além de farisaico, contraproducente”

o que não está gasto é o conjunto, é o equilíbrio, é o‘ambiente+social+economia’!Arriscando, agora, contrariar uma perita, que ouvi numfórum internacional, não vejo a definição da sustentabili-dade como uma mesa com três pernas de suporte: otampo a sustentabilidade, uma perna o ambiente, outra osocial e outra a economia. Vejo a definição de sustentabili-dade como uma mesa, tipo monólito. Simplificadamente três pernas, três bases, equilíbrio! Maspodem-se separar as três pernas se estivermos em susten-tabilidade? É este o conjunto que, não estando gasto, agora queremosdiscutir e aprofundar, a sustentabilidade. Se com isto nãoconcordarem, as vossas críticas serão sempre bem-vindase a minha cabeça estará ao dispor. Aqui introduzo um excerto de textos, de colaboradores doINETI:“No contexto actual, de maior exigência quanto àResponsabilidade Social das Empresas, o Valor já nãopode restringir-se apenas ao lucro para os accionistas,estendendo-se também às componentes social e ambien-tal da competitividade da empresa – Valor Sustentável.(….)Numa perspectiva que vise contribuir para oDesenvolvimento Sustentável, os critérios de selecção daspropostas terão necessariamente que atender não apenasaos parâmetros financeiro-económicos, que são cruciais,mas também e cada vez mais a critérios ambientais esociais. A gestão estratégica das empresas passará assima ter que integrar as componentes económica, social eambiental do Valor da empresa. É isto que lhe dará sus-tentabilidade.”

Mas como discutir a sustentabilidade no Sector daConstrução e do Imobiliário sem olhar ao mundo real, emque vivemos?No nosso País existem:·– Empresas de construção, 62 000, sendo 46 000 quali -ficadas pelo IMOPPI·– Empresas de materiais de construção, entre 6 000 a 8 500·– Donos de obra e promotores, quantos são? Que regrasseguem? ·– C onsumidores, que consumidores temos?Digo-vos isto para verem a dificuldade que se nos apre-senta pela frente. Para alcançar a sustentabilidade vamoster que a ‘sustentar’, começando no cumprimento, portodos, das regras mínimas. Voltando ao texto do qual retirei a introdução a este artigodirei, por escrito: “No tempo das catedrais o pedreiro ao acabar de talhar asua pedra assinava-a, e só depois retirava o avental!Assinava colocando a sua marca pois, sem dúvida era amarca de qualidade de uma peça talhada para a catedral, a

sua contribuição para a obra de Deus.No tempo das catedrais, provavelmente, o pedreiro não seinteressava nem discutia a fonte de financiamento! Seouro duma razia na Terra Santa, se ouro da venda deescravos mouros, se ouro da venda de relíquias e indul-gências!Nesses tempos das catedrais não havia Estado, como nóso sentimos e conhecemos. Nesses tempos havia o Estadode Graça, o Estado da Graça do Senhor, do divino quetudo vê, que tudo julga e agradece ou penaliza, nesta ouna outra vida. O divino que até era utilizado para justificaras fontes de financiamento!E agora, neste Ano da Graça do Senhor, deverá ser muitodiferente? Num quadro de desenvolvimento equilibrado das regiõesa obra tem que reflectir quem a faz. A obra, para ser aObra, tem que ser bem feita.As empresas têm que assinar as suas obras, mesmo quan-do constroem uma catedral do futebol! As empresas têmque querer que a sua assinatura seja a marca da sua quali-dade! O Estado nas suas múltiplas formas, desde do IMOPPI àsAutarquias, tem que ver, julgar e pagar ou penalizar! OEstado tem que estar atento às fontes, talvez impróprias,de financiamento!No tempo das catedrais todos acreditavam em Deus, naSua omnipotência, na Sua omnipresença e na Sua omnis-ciência! No nosso tempo, podendo acreditar ou não, Deusnão deverá ser para aqui chamado e faltar-nos-á semprequalidade para o igualar. Neste nosso tempo temos que informar e ser informados,num intervalo mínimo, para podermos reagir no tempomínimo.Todas as decisões tomadas por quem de direito têm quese fundamentar em informações credíveis e em previsãode consequências, em previsão correcta de objectivos.”O Cidadão cumprindo, o Estado cumprindo e fazendocumprir. Não numa perspectiva ditatorial, de pura e sim-ples obrigação, mas sim na perspectiva do benefício detodos e de nós próprios individualmente, como agenteque faz e sofre com os seus actos.Se olharmos ao mundo da construção e do imobiliáriopodemos resumi-lo na história de uma casa: decisão deconstrução, projecto, licenciamento, construção,venda/arrendamento, manutenção e demolição. Onde,como e para quem é construída?Vai ser economicamente viável? É necessária socialmente?Agride, tanto em forma, volume ou localização o ambien-te? A decisão olha o imediato ou a cinco, a dez, ou a cin-quenta anos?Os vazadouros, em cada canto mais sombrio, o transportede inertes ao “Deus dará”, o escoamento de óleos usados,pinga a pinga, nas nossas estradas e auto-estradas. O

infoPágina 6 OPINIÃO

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‘esquecimento’ das Câmaras, das inspecções, de cada umde nós. Não podemos atirar a primeira pedra (a segundae todas as pedras, por vezes) às autarquias, aos gover-nos… aos outros. Os outros geralmente somos, também,nós! Talvez todos sejamos um pouco, mas tem de se combateraquilo a que eu chamo o ‘consumidor clandestino’ quenão quer pagar impostos, que quer pagar o mínimo possí-vel em prazos máximos. O consumidor clandestino quer o máximo de qualidadepelo mínimo. O consumidor, seja ele o homem simplesque quer pintar a sua casa, o grande dono de obra públi-ca, a grande empresa de construção ou imobiliária, quer omáximo pelo mínimo… como todos realmente queremos. Quando pensamos, olhando para um dia, já hoje ou ama-nhã, e não para um futuro, onde, como atrás referi, quere-mos ter os nossos negócios, para tal os nossos clientes euma terra onde assentemos os pés. No fundo, um futuro onde os nossos filhos vivam emconjunto com os filhos de todos, que não nós, pois sempessoas, sem terra, não haverá mercado, não haveránegócio e não haverá lucro. Por esta casa, o IMOPPI, poderei falar e quero-vos trans-mitir que não sabemos se a aventura em que estamosempenhados… vai demorar 2, 5 ou 15 anos! Não sabemosquanto ínfima é a nossa taxa de comparticipação nesteprocesso! Estamos em cima de uma estrada e sabemos onde quere-mos que ela vá dar, mesmo que ainda tenhamos de cons-truir alguma obra de arte em falta!Para terminar, e estando a escrever numa revista da,nossa, Ordem dos Engenheiros, penso que ao querer, ecrer, que qualidade significa segurança para quem investe,para quem usufrui ou para quem, com suor, constrói, seráessencial o trabalho dos engenheiros nesta luta, nestaguerra! Talvez a próxima meta do IMOPPI, agora com a nova Leidos Alvarás, considerada uma base credível e partindodela, seja uma maior qualificação das empresas onde oengenheiro deverá ter um papel fundamental! Espero que,como até aqui, a Ordem dos Engenheiros seja um interlo-cutor activo, (porque não?) uma “dor de cabeça” paratodos os que no IMOPPI trabalham!

“Nunca separei a economia, a sustentação de ummercado, da brutal palavra lucro. O lucro premeiaquem arrisca e acredito nas virtualidades do mercadopara o desenvolvimento dos países. Pensar o contrárioé, além de farisaico, contraproducente”

o que não está gasto é o conjunto, é o equilíbrio, é o‘ambiente+social+economia’!Arriscando, agora, contrariar uma perita, que ouvi numfórum internacional, não vejo a definição da sustentabili-dade como uma mesa com três pernas de suporte: otampo a sustentabilidade, uma perna o ambiente, outra osocial e outra a economia. Vejo a definição de sustentabili-dade como uma mesa, tipo monólito. Simplificadamente três pernas, três bases, equilíbrio! Maspodem-se separar as três pernas se estivermos em susten-tabilidade? É este o conjunto que, não estando gasto, agora queremosdiscutir e aprofundar, a sustentabilidade. Se com isto nãoconcordarem, as vossas críticas serão sempre bem-vindase a minha cabeça estará ao dispor. Aqui introduzo um excerto de textos, de colaboradores doINETI:“No contexto actual, de maior exigência quanto àResponsabilidade Social das Empresas, o Valor já nãopode restringir-se apenas ao lucro para os accionistas,estendendo-se também às componentes social e ambien-tal da competitividade da empresa – Valor Sustentável.(….)Numa perspectiva que vise contribuir para oDesenvolvimento Sustentável, os critérios de selecção daspropostas terão necessariamente que atender não apenasaos parâmetros financeiro-económicos, que são cruciais,mas também e cada vez mais a critérios ambientais esociais. A gestão estratégica das empresas passará assima ter que integrar as componentes económica, social eambiental do Valor da empresa. É isto que lhe dará sus-tentabilidade.”

Mas como discutir a sustentabilidade no Sector daConstrução e do Imobiliário sem olhar ao mundo real, emque vivemos?No nosso País existem:·– Empresas de construção, 62 000, sendo 46 000 quali -ficadas pelo IMOPPI·– Empresas de materiais de construção, entre 6 000 a 8 500·– Donos de obra e promotores, quantos são? Que regrasseguem? ·– C onsumidores, que consumidores temos?Digo-vos isto para verem a dificuldade que se nos apre-senta pela frente. Para alcançar a sustentabilidade vamoster que a ‘sustentar’, começando no cumprimento, portodos, das regras mínimas. Voltando ao texto do qual retirei a introdução a este artigodirei, por escrito: “No tempo das catedrais o pedreiro ao acabar de talhar asua pedra assinava-a, e só depois retirava o avental!Assinava colocando a sua marca pois, sem dúvida era amarca de qualidade de uma peça talhada para a catedral, a

sua contribuição para a obra de Deus.No tempo das catedrais, provavelmente, o pedreiro não seinteressava nem discutia a fonte de financiamento! Seouro duma razia na Terra Santa, se ouro da venda deescravos mouros, se ouro da venda de relíquias e indul-gências!Nesses tempos das catedrais não havia Estado, como nóso sentimos e conhecemos. Nesses tempos havia o Estadode Graça, o Estado da Graça do Senhor, do divino quetudo vê, que tudo julga e agradece ou penaliza, nesta ouna outra vida. O divino que até era utilizado para justificaras fontes de financiamento!E agora, neste Ano da Graça do Senhor, deverá ser muitodiferente? Num quadro de desenvolvimento equilibrado das regiõesa obra tem que reflectir quem a faz. A obra, para ser aObra, tem que ser bem feita.As empresas têm que assinar as suas obras, mesmo quan-do constroem uma catedral do futebol! As empresas têmque querer que a sua assinatura seja a marca da sua quali-dade! O Estado nas suas múltiplas formas, desde do IMOPPI àsAutarquias, tem que ver, julgar e pagar ou penalizar! OEstado tem que estar atento às fontes, talvez impróprias,de financiamento!No tempo das catedrais todos acreditavam em Deus, naSua omnipotência, na Sua omnipresença e na Sua omnis-ciência! No nosso tempo, podendo acreditar ou não, Deusnão deverá ser para aqui chamado e faltar-nos-á semprequalidade para o igualar. Neste nosso tempo temos que informar e ser informados,num intervalo mínimo, para podermos reagir no tempomínimo.Todas as decisões tomadas por quem de direito têm quese fundamentar em informações credíveis e em previsãode consequências, em previsão correcta de objectivos.”O Cidadão cumprindo, o Estado cumprindo e fazendocumprir. Não numa perspectiva ditatorial, de pura e sim-ples obrigação, mas sim na perspectiva do benefício detodos e de nós próprios individualmente, como agenteque faz e sofre com os seus actos.Se olharmos ao mundo da construção e do imobiliáriopodemos resumi-lo na história de uma casa: decisão deconstrução, projecto, licenciamento, construção,venda/arrendamento, manutenção e demolição. Onde,como e para quem é construída?Vai ser economicamente viável? É necessária socialmente?Agride, tanto em forma, volume ou localização o ambien-te? A decisão olha o imediato ou a cinco, a dez, ou a cin-quenta anos?Os vazadouros, em cada canto mais sombrio, o transportede inertes ao “Deus dará”, o escoamento de óleos usados,pinga a pinga, nas nossas estradas e auto-estradas. O

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Processo de Bolonha:financiamento em questão

“A questão existe, mas acho que nãodeva ser polémica”, afirmou SebastiãoFeyo de Azevedo, coordenador do pro-cesso de Bolonha no Ministério daCiência, Investigação e Ensino Superior,sobre o financiamento diferenciado paraos cursos do 2º ciclo que constam dareforma do ensino superior emPortugal, da qual o Processo deBolonha é o grande impulsionador.

Em 1999, a Declaração de Bolonha foiassinada pelos ministros de Educaçãode 29 países, contando actualmentecom 40. Pretende-se construir até 2010um espaço europeu de Ensino Superiorque seja competitivo e que permita umamaior mobilidade e empregabilidade. Numa primeira fase do processo, foramconstituídos 23 grupos de trabalho como objectivo de coordenarem a sua res-pectiva área na elaboração de um pare-

cer curricular e de um perfil e compe-tências básicos de cada curso. O prazopara o fim dos trabalhos de cada umadas áreas de conhecimento terminou nofim de Novembro. A redução do tempo máximo das licen-ciaturas para três ou quatro anos e aimplementação de um sistema europeude créditos são os assuntos mais deba-tidos neste processo, sobretudo entreas ordens profissionais. A generalidade dos cursos passa poruma primeira formação de três anos (1ºciclo) e dois anos (2º ciclo), havendo,no entanto, excepções, como o caso da

Medicina e da Arquitectura. A estrutura curricular passa a ser feitaatravés do Sistema Europeu de Créditos(ECTS), passando um ano lectivo a cor-responder a 60 créditos. Isto permiteuma maior mobilidade dos estudantes,que também será facilitada através dosuplemento ao diploma, ou seja, umdocumento que contém os estudos rea-lizados e a instituição que o estudantefrequentou.

Uma ideia que surge associada à dura-ção dos ciclos é o financiamento da for-mação profissional, a qual tambémmereceu uma explicação do coordena-dor: “a ministra diz claramente quefinancia tudo o que seja necessário paraa formação profissional. Há uma políti-ca de financiamento generalizado dasformações do 1º ciclo e de financiamen-to diferenciado das formações avança-das.” Quanto ao título dessa formação, aindanão está definido em Portugal, massabe-se que na grande maioria dos paí-ses o 1º ciclo corresponde ao ‘bacharela-to’. Sebastião Feyo de Azevedo realçou:“a Ordem dos Engenheiros, a que per-tenço, entende que, numa perspectivado 1º ciclo ter três anos, a designação‘licenciatura’ é menos adequada do que‘bacharelato’”.

Ordens Profissionaisvs Processo de Bolonha

As ordens profissionais continuam reti-centes às mudanças que serão introduzi-das pela Declaração de Bolonha, poisreceiam que a forte alteração dos cursosque lhes dão acesso possa prejudicar aqualidade dos futuros profissionais. Fernando Santo, bastonário da Ordemdos Engenheiros, salienta que se deve tera máxima consideração pela duração doscursos. Na área da Engenharia existemformações com saída após três anos eoutras depois de seis, por isso devehaver “harmonização da formação base,que deve ser sólida”, justifica o bastoná-rio, que ainda refere que o 1º ciclo nãopode ser apenas profissionalizante, mastem de possibilitar saídas académicaspara que os finalistas continuem os estu-dos.

info NOTÍCIAS

Bastonários, presidentes e representan-tes das ordens dos médicos, biólogos,arquitectos, economistas, engenheiros,veterinários, advogados, dentistas e daCâmara dos Solicitadores reuniram-se naprimeira semana de Outubro, em Lisboa,para apreciar a reforma do ensino supe-rior proposta pelo Governo. “Tomámosuma posição conjunta contra a propostade designação do grau de licenciado parao primeiro ciclo, ao fim de três anos deformação”, afirmou o bastonário daOrdem dos Engenheiros. SegundoFernando Santo, menos tempo de licen-ciatura significa uma formação académi-ca mais limitada.Apesar de serem já conhecidas algumasmedidas, aguarda-se que o Ministério doEnsino Superior apresente o plano portu-guês de aplicação dos princípios deBolonha.

Dissolução da Assembleia adia Bolonha

Com a dissolução da Assembleia daRepública a reforma do ensino superiorfica adiada para 2006/2007, e não parao próximo ano lectivo como estava pre-visto.

A ministra Graça Carvalho explica: “daparte do ministério está tudo pronto,resta apenas que o Parlamento aprovea nova Lei de Bases (da Educação) ourectifique a actual, o que já não poderáser feito nesta legislatura”.

Nova Lei dos Alvarásfaz ‘mexer’ empresas de construção

Mais de duas mil empresas de cons-trução do mercado português vãodesaparecer com a entrada em vigorda nova Lei dos Alváras (Lei 12/2004)e a consequente necessidade dasempresas revalidarem os seus certifi-cados que as habilitam como constru-tores civis e como empreiteiros deobras públicas. Com este processo derevalidação, que só estará concluídono mês de Janeiro, Ponce de Leão,presidente do Instituto de Mercado deObras Públicas Particulares e doImobiliário (IMOPPI) afirma que “há

empresas que vão ser impedidas decontinuar no sector e há outras quevão ver alterada a sua classe. Isto por-que a base de revalidação assenta nadeclaração fiscal, e é fácil detectarmosos casos das empresas que, comdeterminada classe, não atingem osmínimos indispensáveis à sua classifi-cação em termos de declaração fiscal.Vamos ver onde está o erro, e comestes procedimentos também esta-mos a combater a fraude e a evasãofiscal”. O IMOPPI está também a concluirum processo de reflexão com osagentes do sector da promoção imo-biliária, de modo que estas políticasde moralização se estendam a estaárea. Os objectivos da iniciativa pas-sam pela criação de regras que garan-tam a segurança dos investidores epela existência de um registo dasempresas habilitadas. Entre os projec-tos que estão a ser desenvolvidospelo instituto, e que já receberam oincentivo do ministro António Mexia,encontram-se a legislação sobre agestão de condomínio, a regulamen-tação da promoção imobiliária e acriação de um Tribunal Arbitral para osector.

Projecto de alta veloci-dade mais ‘magro’

O Governo vai reduzir o projecto docomboio de alta velocidade, devido afaltas de verbas, embora se mante-nham os prazos previstos e o dese-nho apresentado por Durão Barroso eCarmona Rodrigues. Uma das medidas que marca a posi-ção do ministro António Mexia é alinha de alta velocidade Lisboa-Porto

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Processo de Bolonha:financiamento em questão

“A questão existe, mas acho que nãodeva ser polémica”, afirmou SebastiãoFeyo de Azevedo, coordenador do pro-cesso de Bolonha no Ministério daCiência, Investigação e Ensino Superior,sobre o financiamento diferenciado paraos cursos do 2º ciclo que constam dareforma do ensino superior emPortugal, da qual o Processo deBolonha é o grande impulsionador.

Em 1999, a Declaração de Bolonha foiassinada pelos ministros de Educaçãode 29 países, contando actualmentecom 40. Pretende-se construir até 2010um espaço europeu de Ensino Superiorque seja competitivo e que permita umamaior mobilidade e empregabilidade. Numa primeira fase do processo, foramconstituídos 23 grupos de trabalho como objectivo de coordenarem a sua res-pectiva área na elaboração de um pare-

cer curricular e de um perfil e compe-tências básicos de cada curso. O prazopara o fim dos trabalhos de cada umadas áreas de conhecimento terminou nofim de Novembro. A redução do tempo máximo das licen-ciaturas para três ou quatro anos e aimplementação de um sistema europeude créditos são os assuntos mais deba-tidos neste processo, sobretudo entreas ordens profissionais. A generalidade dos cursos passa poruma primeira formação de três anos (1ºciclo) e dois anos (2º ciclo), havendo,no entanto, excepções, como o caso da

Medicina e da Arquitectura. A estrutura curricular passa a ser feitaatravés do Sistema Europeu de Créditos(ECTS), passando um ano lectivo a cor-responder a 60 créditos. Isto permiteuma maior mobilidade dos estudantes,que também será facilitada através dosuplemento ao diploma, ou seja, umdocumento que contém os estudos rea-lizados e a instituição que o estudantefrequentou.

Uma ideia que surge associada à dura-ção dos ciclos é o financiamento da for-mação profissional, a qual tambémmereceu uma explicação do coordena-dor: “a ministra diz claramente quefinancia tudo o que seja necessário paraa formação profissional. Há uma políti-ca de financiamento generalizado dasformações do 1º ciclo e de financiamen-to diferenciado das formações avança-das.” Quanto ao título dessa formação, aindanão está definido em Portugal, massabe-se que na grande maioria dos paí-ses o 1º ciclo corresponde ao ‘bacharela-to’. Sebastião Feyo de Azevedo realçou:“a Ordem dos Engenheiros, a que per-tenço, entende que, numa perspectivado 1º ciclo ter três anos, a designação‘licenciatura’ é menos adequada do que‘bacharelato’”.

Ordens Profissionaisvs Processo de Bolonha

As ordens profissionais continuam reti-centes às mudanças que serão introduzi-das pela Declaração de Bolonha, poisreceiam que a forte alteração dos cursosque lhes dão acesso possa prejudicar aqualidade dos futuros profissionais. Fernando Santo, bastonário da Ordemdos Engenheiros, salienta que se deve tera máxima consideração pela duração doscursos. Na área da Engenharia existemformações com saída após três anos eoutras depois de seis, por isso devehaver “harmonização da formação base,que deve ser sólida”, justifica o bastoná-rio, que ainda refere que o 1º ciclo nãopode ser apenas profissionalizante, mastem de possibilitar saídas académicaspara que os finalistas continuem os estu-dos.

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Bastonários, presidentes e representan-tes das ordens dos médicos, biólogos,arquitectos, economistas, engenheiros,veterinários, advogados, dentistas e daCâmara dos Solicitadores reuniram-se naprimeira semana de Outubro, em Lisboa,para apreciar a reforma do ensino supe-rior proposta pelo Governo. “Tomámosuma posição conjunta contra a propostade designação do grau de licenciado parao primeiro ciclo, ao fim de três anos deformação”, afirmou o bastonário daOrdem dos Engenheiros. SegundoFernando Santo, menos tempo de licen-ciatura significa uma formação académi-ca mais limitada.Apesar de serem já conhecidas algumasmedidas, aguarda-se que o Ministério doEnsino Superior apresente o plano portu-guês de aplicação dos princípios deBolonha.

Dissolução da Assembleia adia Bolonha

Com a dissolução da Assembleia daRepública a reforma do ensino superiorfica adiada para 2006/2007, e não parao próximo ano lectivo como estava pre-visto.

A ministra Graça Carvalho explica: “daparte do ministério está tudo pronto,resta apenas que o Parlamento aprovea nova Lei de Bases (da Educação) ourectifique a actual, o que já não poderáser feito nesta legislatura”.

Nova Lei dos Alvarásfaz ‘mexer’ empresas de construção

Mais de duas mil empresas de cons-trução do mercado português vãodesaparecer com a entrada em vigorda nova Lei dos Alváras (Lei 12/2004)e a consequente necessidade dasempresas revalidarem os seus certifi-cados que as habilitam como constru-tores civis e como empreiteiros deobras públicas. Com este processo derevalidação, que só estará concluídono mês de Janeiro, Ponce de Leão,presidente do Instituto de Mercado deObras Públicas Particulares e doImobiliário (IMOPPI) afirma que “há

empresas que vão ser impedidas decontinuar no sector e há outras quevão ver alterada a sua classe. Isto por-que a base de revalidação assenta nadeclaração fiscal, e é fácil detectarmosos casos das empresas que, comdeterminada classe, não atingem osmínimos indispensáveis à sua classifi-cação em termos de declaração fiscal.Vamos ver onde está o erro, e comestes procedimentos também esta-mos a combater a fraude e a evasãofiscal”. O IMOPPI está também a concluirum processo de reflexão com osagentes do sector da promoção imo-biliária, de modo que estas políticasde moralização se estendam a estaárea. Os objectivos da iniciativa pas-sam pela criação de regras que garan-tam a segurança dos investidores epela existência de um registo dasempresas habilitadas. Entre os projec-tos que estão a ser desenvolvidospelo instituto, e que já receberam oincentivo do ministro António Mexia,encontram-se a legislação sobre agestão de condomínio, a regulamen-tação da promoção imobiliária e acriação de um Tribunal Arbitral para osector.

Projecto de alta veloci-dade mais ‘magro’

O Governo vai reduzir o projecto docomboio de alta velocidade, devido afaltas de verbas, embora se mante-nham os prazos previstos e o dese-nho apresentado por Durão Barroso eCarmona Rodrigues. Uma das medidas que marca a posi-ção do ministro António Mexia é alinha de alta velocidade Lisboa-Porto

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que deveria ser construída em bitolaeuropeia e com perfil para 300/350Km/hora, mas que será reduzida atrês variantes da actual linha doNorte: Santarém, Soure-Pampilhosa eAveiro-Gaia. O que está em discussãoagora entre Refer e Rave é se estasvariantes serão feitas em bitola euro-peia ou ibérica.Esta actuação governamental temcomo propósito rentabilizar o investi-mento que tem sido realizado há 10anos na linha convencional e que sómodernizou cerca de 40 por cento doseu percurso. Não se exclui a hipótese de ver com-pleta a verdadeira linha de alta veloci-dade, mas para já serão dados peque-nos passos de forma a haver umretorno do investimento à medida quefor efectuado.

Solução para pedreirada Trindade

A pedreira da Trindade na Baixa do Portojá tem uma solução à vista. Vai ser cons-truído um empreendimento multifuncio-nal, resolvendo assim o problema do edi-fício inacabado há sete anos devido àfalência do empreiteiro. Uma modernagaleria comercial, um hotel, um giná-sio/health club, uma unidade de superfí-cie, restaurantes, escritórios e um parquesubterrâneo constituem o projecto, apro-vado por Paulo Morais, vereador doUrbanismo, Mobilidade e Acção Socialda autarquia portuense, “que concedeuum pedido de concessão de licença espe-cial para as conclusões das obras”, e soba responsabilidade da arquitecta RosárioRodrigues. O projecto, que prevê um aumento de188 metros quadrados na área de cons-trução, terá como ‘ex-libris’ uma cober-tura de vidro em forma de leque, quecobrirá uma esplanada que estará viradapara a igreja da Trindade.Esta foi uma solução que os comercian-tes da zona aplaudiram, pois acreditamque os estabelecimentos comerciais nãoirão fazer concorrência, mas sim dinami-zar o comércio local.

Centros históricos em análise

A cidade de Mértola nos dias 21, 22 e23 de Outubro foi palco do 9ºEncontro Nacional de Municípioscom Centro Histórico, sob o tema“Tradição e Inovação”.Autarcas, técnicos e universitários detodo o país juntaram-se para debaterquestões relacionadas com a reabilita-ção em Ponte de Lima, o centro histó-rico mineiro de Pegão, o patrimóniodas águas de Caldas da Rainha, entreoutros. Foram também discutidos programas

de incentivos à requalificação e criti-cou-se a “miragem imobiliária”. Comoafirmou José António de AlmeidaSantos, presidente da Associação deMunicípios com Centro Histórico epresidente da Câmara de Lamego: “Énecessário dar prioridade nacionalaos centros históricos, reabilitando-ospara a vida e para as pessoas”, por-que “vale a pena apostar naquilo quetemos, em vez de alimentar a mira-gem imobiliária que virou as costas àreabilitação do património, em favordo caos urbanístico reinante em mui-tas autarquias portuguesas”.

Criação da SRU

De forma a combater a desertificação daBaixa do Porto foi constituída a PortoVivo – Sociedade de Reabilitação Urbana(SRU). As primeiras intervenções, quearrancam já no início do próximo ano,terão em conta algumas conclusõesalcançadas por um estudo feito pelaFEUP. Na Baixa há 43 283 residentes,sendo que 10 809 têm mais de 65 anos,

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e, na sua maioria vivem em edifíciosanteriores a 1945. Entre 10 572 edifícios,só 292 foram construídos depois de1990. Estes são alguns dados curiososdo estudo.

Prémio NacionalAgostinho Roseta

O primeiro lugar do Prémio NacionalAgostinho Roseta 2003 para estudos einvestigações científicas foi atribuído aoengenheiro Fernando Almeida Santospela sua tese de mestrado intituladaGestão económica de riscos de segurançana construção.O prémio, lançado pelo Ministério doTrabalho e Segurança Social na altura deFerro Rodrigues, é anual e tem comoobjectivo valorizar pessoas ou empresasque se destacaram com trabalhos quepromovam as boas práticas e bem-estarsocial em Portugal.

Melhor estágio de Electrotécnica

O prémio Melhor Estágio 2004’ do

Colégio de Engenharia Electrotécnica foiatribuído este ano a Patrício AntónioRodrigues Martins, licenciado naUniversidade de Trás-os-Montes e AltoDouro.O estágio do premiado decorreu naENT – Empresa Nacional deTelecomunicações, S.A. – Grupo EFA-CEC e o seu trabalho, orientado porCipriano Rogério Alves Tavares, intitula-se Prospecção de Mercados e PromoçãoTécnica de Soluções Avançadas deTelecomunicações.Este trabalho tinha como principalobjectivo desenvolver um estudo demercado relativo aos países magrebinos(Argélia, Marrocos e Tunísia) na áreados equipamentos de telecomunica-ções, percebendo as necessidades tec-nológicas do mercado e detectandooportunidades concretas para integraras soluções tecnológicas comercializa-das pela empresa.

Paisagem das regiõesardidas redesenhada

O relatório “Orientações estratégicaspara a recuperação das áreas ardidasem 2003”, concluído no passado mêsde Novembro, pelo Conselho Nacionalde Reflorestação, é uma versão prelimi-nar que será sujeito a debate público,ficando a versão final para Março dopróximo ano. Embora não seja um documento defini-tivo, já apresenta as principais linhas deforça da proposta final, estando estasdireccionadas para a criação de uma flo-resta mais independente do combate,aumentando a sua resistência ao fogo. “Propomos tentar substituir o desenho(da paisagem) que existia antes docolapso do sistema social destasregiões por um novo modelo artificial,ou seja, planeado”, explica João Pinho,

responsável da equipa de reflorestação.Além disso, pretende-se uma melhorcondução do financiamento dos projec-tos de florestação numa escala regional.No Pinhal Interior e Beira Interior,Ribatejo, Alto Alentejo e Algarve(Monchique), as quatro regiões afecta-das, serão postas em prática “medidasde silvicultura preventiva e de infra-estruturação”. A redução dos efeitos da passagem dosincêndios, a protecção de vias de comu-nicação, infra-estruturas e povoamen-tos, e o isolamento de potenciais focosde ignição de incêndios são algumasdas propostas apresentadas pelo relató-rio. Além disso, pretende-se a “diminui-ção da superfície percorrida por grandesincêndios, permitindo e facilitando umaintervenção directa de combate na fren-te de fogo ou nos seus flancos”. No que refere à silvicultura preventiva,apresentam-se acções para dificultarque o incêndio se espalhe e para dimi-nuir a sua intensidade, como através daintrodução de espécies menos combus-tíveis e de um maior espaçamento entreas árvores ou subindo a altura dascopas.

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que deveria ser construída em bitolaeuropeia e com perfil para 300/350Km/hora, mas que será reduzida atrês variantes da actual linha doNorte: Santarém, Soure-Pampilhosa eAveiro-Gaia. O que está em discussãoagora entre Refer e Rave é se estasvariantes serão feitas em bitola euro-peia ou ibérica.Esta actuação governamental temcomo propósito rentabilizar o investi-mento que tem sido realizado há 10anos na linha convencional e que sómodernizou cerca de 40 por cento doseu percurso. Não se exclui a hipótese de ver com-pleta a verdadeira linha de alta veloci-dade, mas para já serão dados peque-nos passos de forma a haver umretorno do investimento à medida quefor efectuado.

Solução para pedreirada Trindade

A pedreira da Trindade na Baixa do Portojá tem uma solução à vista. Vai ser cons-truído um empreendimento multifuncio-nal, resolvendo assim o problema do edi-fício inacabado há sete anos devido àfalência do empreiteiro. Uma modernagaleria comercial, um hotel, um giná-sio/health club, uma unidade de superfí-cie, restaurantes, escritórios e um parquesubterrâneo constituem o projecto, apro-vado por Paulo Morais, vereador doUrbanismo, Mobilidade e Acção Socialda autarquia portuense, “que concedeuum pedido de concessão de licença espe-cial para as conclusões das obras”, e soba responsabilidade da arquitecta RosárioRodrigues. O projecto, que prevê um aumento de188 metros quadrados na área de cons-trução, terá como ‘ex-libris’ uma cober-tura de vidro em forma de leque, quecobrirá uma esplanada que estará viradapara a igreja da Trindade.Esta foi uma solução que os comercian-tes da zona aplaudiram, pois acreditamque os estabelecimentos comerciais nãoirão fazer concorrência, mas sim dinami-zar o comércio local.

Centros históricos em análise

A cidade de Mértola nos dias 21, 22 e23 de Outubro foi palco do 9ºEncontro Nacional de Municípioscom Centro Histórico, sob o tema“Tradição e Inovação”.Autarcas, técnicos e universitários detodo o país juntaram-se para debaterquestões relacionadas com a reabilita-ção em Ponte de Lima, o centro histó-rico mineiro de Pegão, o patrimóniodas águas de Caldas da Rainha, entreoutros. Foram também discutidos programas

de incentivos à requalificação e criti-cou-se a “miragem imobiliária”. Comoafirmou José António de AlmeidaSantos, presidente da Associação deMunicípios com Centro Histórico epresidente da Câmara de Lamego: “Énecessário dar prioridade nacionalaos centros históricos, reabilitando-ospara a vida e para as pessoas”, por-que “vale a pena apostar naquilo quetemos, em vez de alimentar a mira-gem imobiliária que virou as costas àreabilitação do património, em favordo caos urbanístico reinante em mui-tas autarquias portuguesas”.

Criação da SRU

De forma a combater a desertificação daBaixa do Porto foi constituída a PortoVivo – Sociedade de Reabilitação Urbana(SRU). As primeiras intervenções, quearrancam já no início do próximo ano,terão em conta algumas conclusõesalcançadas por um estudo feito pelaFEUP. Na Baixa há 43 283 residentes,sendo que 10 809 têm mais de 65 anos,

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e, na sua maioria vivem em edifíciosanteriores a 1945. Entre 10 572 edifícios,só 292 foram construídos depois de1990. Estes são alguns dados curiososdo estudo.

Prémio NacionalAgostinho Roseta

O primeiro lugar do Prémio NacionalAgostinho Roseta 2003 para estudos einvestigações científicas foi atribuído aoengenheiro Fernando Almeida Santospela sua tese de mestrado intituladaGestão económica de riscos de segurançana construção.O prémio, lançado pelo Ministério doTrabalho e Segurança Social na altura deFerro Rodrigues, é anual e tem comoobjectivo valorizar pessoas ou empresasque se destacaram com trabalhos quepromovam as boas práticas e bem-estarsocial em Portugal.

Melhor estágio de Electrotécnica

O prémio Melhor Estágio 2004’ do

Colégio de Engenharia Electrotécnica foiatribuído este ano a Patrício AntónioRodrigues Martins, licenciado naUniversidade de Trás-os-Montes e AltoDouro.O estágio do premiado decorreu naENT – Empresa Nacional deTelecomunicações, S.A. – Grupo EFA-CEC e o seu trabalho, orientado porCipriano Rogério Alves Tavares, intitula-se Prospecção de Mercados e PromoçãoTécnica de Soluções Avançadas deTelecomunicações.Este trabalho tinha como principalobjectivo desenvolver um estudo demercado relativo aos países magrebinos(Argélia, Marrocos e Tunísia) na áreados equipamentos de telecomunica-ções, percebendo as necessidades tec-nológicas do mercado e detectandooportunidades concretas para integraras soluções tecnológicas comercializa-das pela empresa.

Paisagem das regiõesardidas redesenhada

O relatório “Orientações estratégicaspara a recuperação das áreas ardidasem 2003”, concluído no passado mêsde Novembro, pelo Conselho Nacionalde Reflorestação, é uma versão prelimi-nar que será sujeito a debate público,ficando a versão final para Março dopróximo ano. Embora não seja um documento defini-tivo, já apresenta as principais linhas deforça da proposta final, estando estasdireccionadas para a criação de uma flo-resta mais independente do combate,aumentando a sua resistência ao fogo. “Propomos tentar substituir o desenho(da paisagem) que existia antes docolapso do sistema social destasregiões por um novo modelo artificial,ou seja, planeado”, explica João Pinho,

responsável da equipa de reflorestação.Além disso, pretende-se uma melhorcondução do financiamento dos projec-tos de florestação numa escala regional.No Pinhal Interior e Beira Interior,Ribatejo, Alto Alentejo e Algarve(Monchique), as quatro regiões afecta-das, serão postas em prática “medidasde silvicultura preventiva e de infra-estruturação”. A redução dos efeitos da passagem dosincêndios, a protecção de vias de comu-nicação, infra-estruturas e povoamen-tos, e o isolamento de potenciais focosde ignição de incêndios são algumasdas propostas apresentadas pelo relató-rio. Além disso, pretende-se a “diminui-ção da superfície percorrida por grandesincêndios, permitindo e facilitando umaintervenção directa de combate na fren-te de fogo ou nos seus flancos”. No que refere à silvicultura preventiva,apresentam-se acções para dificultarque o incêndio se espalhe e para dimi-nuir a sua intensidade, como através daintrodução de espécies menos combus-tíveis e de um maior espaçamento entreas árvores ou subindo a altura dascopas.

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O ‘pomar’ de um engenheiro agrónomo

Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

infoPágina 12 ENTREVISTA

Manuel Cardoso Simões nasceu a 11 de Junho de 1923, naterra das cerejas, como orgulhosamente sublinha: “sou dafreguesia de Penajóia, concelho de Lamego, a chamadaterra das cerejas”. E pelas frutas germinou uma paixãoque ainda hoje com 81 anos de idade fervilha com persis-tência. Uma vida empenhada no desenvolvimento da agri-cultura portuguesa, em especial do sector da fruticultura,que meritoriamente foi recompensada com a atribuição,ao abrigo do n.º 6 da portaria n.º 484/99 de 3 de Julho, damedalha de honra da agricultura. De Penajóia, o engenheiro mudou-se com a família para oPorto, depois para Lisboa quando ingressou no InstitutoSuperior de Agronomia, estagiou em Braga, mas quisdepois o destino que regressasse a Trás-os-Montes, maisprecisamente a Vila Real, de onde nunca mais saiu.

Não passa um dia da semana sem se deslocar aosViveiros Riba-Douro, sociedade agrícola que fundou em1956. Dedicada às actividades de produção de árvores defruto e exploração de pomares, começou com dois funcio-nários e actualmente conta com 40. E foi na sede dos Viveiros Riba-Douro que concedeu aentrevista, não existindo, aliás, um local mais apropriadopara Cardoso Simões se render às confissões da sua vida. Com uma área de 40 hectares, a visita à empresa decor-reu pelas estufas aquecidas a gás ou a energia eléctrica,

Os ciclos da vida de Cardoso Simões surgem associa-dos a uma família de fruteira. Já passou pela “maça quetraduz a infância, a adolescência e agora é o castanhei-ro, que é a árvore da paisagem”

Texto de Ana Ferreira • Fotos de Alfredo Pinto

info Página 13ENTREVISTA

câmaras frigoríficas e oficina onde se preparam as plan-tas. O engenheiro agrónomo entusiasticamente identifica-va as variedades de espécies e explicava o seu modo deplantação enquanto a visita prosseguia por entre os citri-nos, as canas da índia ou as oliveiras. Entre esta diversi-dade de culturas, não faltavam, plantados à porta da sede,o pinheiro e o azevinheiro, árvores tão apropriadas nestaépoca do ano. Com um percurso de quase 50 anos, a sociedade agrícolatestemunhou períodos de grande prosperidade, como, porexemplo, quando se tornou na primeira representante emPortugal da Mondial Fruit Selection e da InternationalPlants Selection ou quando foi premiada com oInternational Trade Trophy Phoenicia, em Malta. Porém, os Viveiros Riba-Douro já não estão a passar pelaépoca favorável que conheceram outrora. O engenheiroagrónomo reconhece que “a situação vai melhorar, masestá difícil” e, por isso, simultaneamente desempenha ser-viços como trabalhador liberal ao elaborar avaliações,sobretudo de expropriações, quer para o Estado quer paraclientes privados. Assim, aumenta o orçamento familiar ecompensa a reforma de director-regional dos ServiçosIndustriais (jurisdição de Trás-os-Montes e Alto Douro),cargo que desempenhou de 1953 a 1985.Se pudesse optar viajava para o Brasil no mês deNovembro e só regressava em Março, mas tem de traba-lhar. As suas actividades ocupam-lhe muitas horas diárias,chegando a estender-se, por vezes, pela noite dentro,desabafa o engenheiro que acorda às 7.45 horas damanhã. Quanto ao tempo livre é muito pouco e quando conseguearranjar um intervalo entre um trabalho e outro é parafazer companhia à esposa ou para assistir a programastelevisivos de entrevistas sobre temas actuais.Além do trabalho liberal, actualmente tem em mãos doisprojectos para a Universidade de Trás-os-Montes e AltoDouro (UTAD): um ensaio de novas variedades e formasde condução da cerejeira e um outro sobre a produção deplantas ornamentais autóctones; e ainda participa na vidaassociativa de várias cooperativas da região e no Nevir(Núcleo Empresarial de Vila Real), no qual desempenhaas funções de vogal da Direcção e editor da revista Trás-os-Montes Empresarial.

Da época da ‘maçã’ à da ‘castanha’Os ciclos da vida de Cardoso Simões surgem sempreassociados a uma determinada família de fruteira, expli-cando que já passou pela “maça que traduz a infância, aadolescência e agora é o castanheiro, que é a árvore dapaisagem”. É como se cada pomar de macieiras, pereiras, cerejeiras ecastanheiros traduzisse os diferentes ‘sabores’ que a vidalhe tem proporcionado. Apesar de actualmente a ‘meninados seus olhos’ ser a castanha, o engenheiro agrónomo

sente que está a despertar o gosto pela olivicultura supe-rintensiva.Terceiro de oito irmãos, foi o único a herdar o ‘bichinhoda fruta’ transmitido pelo pai, um negociante de frutas,que autorizava que em novo o acompanhasse na realiza-ção dos negócios e na apanha da fruta só no período dasférias escolares. E apenas mais dois irmãos seguiram ocampo da engenharia, mas na área civil. Com qualidades de aprendizagem notáveis desde muitonovo – no 7º ano do liceu obteve a média de 18,4 –, nãofoi surpreendente a nota de 16 valores de Cardoso Simõesno final do curso de Engenharia Agronómica, no InstitutoSuperior de Agronomia da Universidade Técnica deLisboa, instituição que frequentou de 1942 a 1947. Fez de seguida um estágio obrigatório de dois anos, com

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O ‘pomar’ de um engenheiro agrónomo

Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

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Manuel Cardoso Simões nasceu a 11 de Junho de 1923, naterra das cerejas, como orgulhosamente sublinha: “sou dafreguesia de Penajóia, concelho de Lamego, a chamadaterra das cerejas”. E pelas frutas germinou uma paixãoque ainda hoje com 81 anos de idade fervilha com persis-tência. Uma vida empenhada no desenvolvimento da agri-cultura portuguesa, em especial do sector da fruticultura,que meritoriamente foi recompensada com a atribuição,ao abrigo do n.º 6 da portaria n.º 484/99 de 3 de Julho, damedalha de honra da agricultura. De Penajóia, o engenheiro mudou-se com a família para oPorto, depois para Lisboa quando ingressou no InstitutoSuperior de Agronomia, estagiou em Braga, mas quisdepois o destino que regressasse a Trás-os-Montes, maisprecisamente a Vila Real, de onde nunca mais saiu.

Não passa um dia da semana sem se deslocar aosViveiros Riba-Douro, sociedade agrícola que fundou em1956. Dedicada às actividades de produção de árvores defruto e exploração de pomares, começou com dois funcio-nários e actualmente conta com 40. E foi na sede dos Viveiros Riba-Douro que concedeu aentrevista, não existindo, aliás, um local mais apropriadopara Cardoso Simões se render às confissões da sua vida. Com uma área de 40 hectares, a visita à empresa decor-reu pelas estufas aquecidas a gás ou a energia eléctrica,

Os ciclos da vida de Cardoso Simões surgem associa-dos a uma família de fruteira. Já passou pela “maça quetraduz a infância, a adolescência e agora é o castanhei-ro, que é a árvore da paisagem”

Texto de Ana Ferreira • Fotos de Alfredo Pinto

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câmaras frigoríficas e oficina onde se preparam as plan-tas. O engenheiro agrónomo entusiasticamente identifica-va as variedades de espécies e explicava o seu modo deplantação enquanto a visita prosseguia por entre os citri-nos, as canas da índia ou as oliveiras. Entre esta diversi-dade de culturas, não faltavam, plantados à porta da sede,o pinheiro e o azevinheiro, árvores tão apropriadas nestaépoca do ano. Com um percurso de quase 50 anos, a sociedade agrícolatestemunhou períodos de grande prosperidade, como, porexemplo, quando se tornou na primeira representante emPortugal da Mondial Fruit Selection e da InternationalPlants Selection ou quando foi premiada com oInternational Trade Trophy Phoenicia, em Malta. Porém, os Viveiros Riba-Douro já não estão a passar pelaépoca favorável que conheceram outrora. O engenheiroagrónomo reconhece que “a situação vai melhorar, masestá difícil” e, por isso, simultaneamente desempenha ser-viços como trabalhador liberal ao elaborar avaliações,sobretudo de expropriações, quer para o Estado quer paraclientes privados. Assim, aumenta o orçamento familiar ecompensa a reforma de director-regional dos ServiçosIndustriais (jurisdição de Trás-os-Montes e Alto Douro),cargo que desempenhou de 1953 a 1985.Se pudesse optar viajava para o Brasil no mês deNovembro e só regressava em Março, mas tem de traba-lhar. As suas actividades ocupam-lhe muitas horas diárias,chegando a estender-se, por vezes, pela noite dentro,desabafa o engenheiro que acorda às 7.45 horas damanhã. Quanto ao tempo livre é muito pouco e quando conseguearranjar um intervalo entre um trabalho e outro é parafazer companhia à esposa ou para assistir a programastelevisivos de entrevistas sobre temas actuais.Além do trabalho liberal, actualmente tem em mãos doisprojectos para a Universidade de Trás-os-Montes e AltoDouro (UTAD): um ensaio de novas variedades e formasde condução da cerejeira e um outro sobre a produção deplantas ornamentais autóctones; e ainda participa na vidaassociativa de várias cooperativas da região e no Nevir(Núcleo Empresarial de Vila Real), no qual desempenhaas funções de vogal da Direcção e editor da revista Trás-os-Montes Empresarial.

Da época da ‘maçã’ à da ‘castanha’Os ciclos da vida de Cardoso Simões surgem sempreassociados a uma determinada família de fruteira, expli-cando que já passou pela “maça que traduz a infância, aadolescência e agora é o castanheiro, que é a árvore dapaisagem”. É como se cada pomar de macieiras, pereiras, cerejeiras ecastanheiros traduzisse os diferentes ‘sabores’ que a vidalhe tem proporcionado. Apesar de actualmente a ‘meninados seus olhos’ ser a castanha, o engenheiro agrónomo

sente que está a despertar o gosto pela olivicultura supe-rintensiva.Terceiro de oito irmãos, foi o único a herdar o ‘bichinhoda fruta’ transmitido pelo pai, um negociante de frutas,que autorizava que em novo o acompanhasse na realiza-ção dos negócios e na apanha da fruta só no período dasférias escolares. E apenas mais dois irmãos seguiram ocampo da engenharia, mas na área civil. Com qualidades de aprendizagem notáveis desde muitonovo – no 7º ano do liceu obteve a média de 18,4 –, nãofoi surpreendente a nota de 16 valores de Cardoso Simõesno final do curso de Engenharia Agronómica, no InstitutoSuperior de Agronomia da Universidade Técnica deLisboa, instituição que frequentou de 1942 a 1947. Fez de seguida um estágio obrigatório de dois anos, com

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info Página 15ENTREVISTA

Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

infoPágina 14 ENTREVISTA

Comissão instaladora do Instituto Politécnico de Vila Real– actual UTAD – de 1974 a 1976. “Fui proposto aoMinistério da Educação para fazer parte da comissão ins-taladora e eu nunca fiz parte desse ministério. AUniversidade de Vila Real nasceu como InstitutoPolitécnico vocacionado sobretudo para o sector agrário eachavam que eu, sendo engenheiro agrónomo, directordos serviços industriais e empresário, devia ser membroda comissão instaladora”, explica o engenheiro a sua par-ticipação neste movimento de implementação das novasuniversidades e dos institutos politécnicos, conhecidopela ‘reforma’ do ministro Veiga Simão. A comissão insta-ladora tomou posse a 3 de Março de 1974 e passadopouco mais de um mês deu-se a revolução de Abril. Paralelamente à actividade profissional na função pública,o engenheiro, que nasceu “com espírito de servir”, dedi-cou-se à organização cooperativa: “estou na fundação daAdega Cooperativa de Penjóia (1965). Vivia-se na altura aonda da fundação de cooperações no Douro, pois atéentão esta região não tinha o apoio cooperativista e osviticultores eram penalizados e eu empenhei-me para fun-

dar a da minha terra, sendo o sócio n.º 1. Fui presidenteda Assembleia Geral e agora estou absolutamente retiradode funções na adega.” Cardoso Simões continua a funda-mentar o seu espírito empreendedor: “na CooperativaAgrícola de Vila Real, da qual ainda hoje sou presidente daAssembleia Geral, foi uma acção parecida. Na altura criá-mos uma estação fruteira muito interessante, mas hojeestá praticamente parada devido à concorrência da UniãoEuropeia, tal como todas as estações fruteiras e cooperati-vas de frutas à excepção de uma ou outra como a daLourinhã”.Além destas associações, o engenheiro agrónomo aindaesteve ligado, entre outras, à Caixa de Crédito Agrícola deVila Real, sendo o sócio n.º 1; Associação Portuguesa deAvaliação de Engenharia como sócio-fundador; Unidouro(União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada doDouro), tendo sido director de 1965 a 1971; Fenafrutas(União das Cooperativas de Frutas) de 1970 a 1974 comomembro da Comissão de Estudos para a sua criação; eAPH (Associação Portuguesa de Horticultura eFruticultura) como vice-presidente e director da Secção de

Fruticultura de 1989 a 1993 e como presidente daAssembleia Geral de 1994 a 1997.Não foi só o associativismo que utilizou como instrumen-to para fomentar o desenvolvimento agrícola económico esocial de Trás-os-Montes. Também se somam as inúmerasvisitas a feiras, estudos de investigação e participação emcongressos e jornadas dentro e fora do país. Um dos ser-viços que mais lhe proporcionou viagens ao estrangeirofoi o de membro da comissão instaladora de diversasindústrias no âmbito do projecto para o Complexo Agro-Industrial do Cachão.

“Nasci com uma vontade terrível de trabalhar”No dia 20 de Maio de 2004, amigos e colegas reuniram-se para prestar homenagem ao mérito, prestígio e contri-buto dado por Cardoso Simões à região de Trás-os-Montes. “Nunca pensei que me fizessem uma homena-gem. Foi uma surpresa. Foi feita com secretismo entre aUTAD, a Direcção Regional de Agricultura, o governadorcivil e o Rotary Club, do qual sou membro sénior há maisde 30 anos. Por um lado, fiquei contente, mas por outro

o Engenheiro Amândio Galhano na Comissão deViticultura da Região dos Vinhos Verdes, tendo apresenta-do o relatório final sobre a caracterização dos Mostos ele-mentares das castas regionais da Região dos Vinhos Verdes,um estudo físico-químico editado por essa comissão em1952. Finalizado o estágio, candidatou-se ao Ministério daAgricultura e graças à boa nota de final de curso foi colo-cado de imediato no Posto Agrário de Braga, onde perma-neceu durante quatro anos. Aí o “primeiro serviço que fuichamado a desempenhar foi entrar nas brigadas da elabo-ração da Carta Agrícola do país, um trabalho para jovens,pois era preciso ‘pedalada’ para correr praticamente todoo país.” “Entretanto apareceu um concurso para o Ministério daIndústria, devido a uma reforma da Direcção-Geral dosServiços Industriais, ao qual concorri e fiquei na jurisdiçãode Vila Real, que apareceu na altura, juntamente com a deCastelo Branco. E passado meio ano deram-me a chefiado serviço”. O episódio que está por detrás desta promoção, CardosoSimões recorda com comoção: “O director-geral dos servi-ços industriais era o engenheiro João Maria BarretoFerreira do Amaral, pessoa que tinha muita confiança emmim. Passado dois ou três anos de estar no ministério jáse tinham feito todos os licenciamentos de indústria quehavia para fazer em Vila Real, e vi que a nossa legislaçãoindustrial era muito cerrada: «nenhum estabelecimentoindustrial pode iniciar sua laboração sem que se verifiqueo total cumprimento das condições impostas, técnicas,higiénicas, etc.» Numa das viagens que tinha de fazer aLisboa, fui para me despedir. Pedi que a partir dessa dataarranjasse outro colega, pois não me sentia bem com ocumprimento do nosso regulamento, é muito rigoroso.«Pois se vou seguir o regulamento dos três “IIIPT”: indús-trias insaluvres, incómodas, perigosas ou tóxicas à letraacabo por fechar tudo aquilo que se está a fazer em Trás-os-Montes.» Ao que Ferreira do Amaral respondeu quenão queria que eu fosse, para bem da região, apelidado de‘o coveiro’ da pouca indústria de Trás-os-Montes e disse:«já vi que tem bom senso, vá para cima e a partir destadata passa a ser director-geral dos serviços industriais emVila Real»”.Enquanto no Ministério da Agricultura apenas passou deagrónomo tirocinante a agrónomo de 3ª classe, noMinistério da Indústria, desde 1953, percorreu na escalade progresso as 3ª e a 2ª classes e devido a uma reformu-lação de serviços passou directamente a assessor edepois a director de serviços, cargo que assumiu até 1985,ano da reforma.Ainda ligado à função pública, Cardoso Simões salientouo trabalho como membro de uma comissão ‘ad hoc’ quetinha como objectivo estudar as bases da criação dosnovos cursos do ensino superior (1973) e como vogal da

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Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

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Comissão instaladora do Instituto Politécnico de Vila Real– actual UTAD – de 1974 a 1976. “Fui proposto aoMinistério da Educação para fazer parte da comissão ins-taladora e eu nunca fiz parte desse ministério. AUniversidade de Vila Real nasceu como InstitutoPolitécnico vocacionado sobretudo para o sector agrário eachavam que eu, sendo engenheiro agrónomo, directordos serviços industriais e empresário, devia ser membroda comissão instaladora”, explica o engenheiro a sua par-ticipação neste movimento de implementação das novasuniversidades e dos institutos politécnicos, conhecidopela ‘reforma’ do ministro Veiga Simão. A comissão insta-ladora tomou posse a 3 de Março de 1974 e passadopouco mais de um mês deu-se a revolução de Abril. Paralelamente à actividade profissional na função pública,o engenheiro, que nasceu “com espírito de servir”, dedi-cou-se à organização cooperativa: “estou na fundação daAdega Cooperativa de Penjóia (1965). Vivia-se na altura aonda da fundação de cooperações no Douro, pois atéentão esta região não tinha o apoio cooperativista e osviticultores eram penalizados e eu empenhei-me para fun-

dar a da minha terra, sendo o sócio n.º 1. Fui presidenteda Assembleia Geral e agora estou absolutamente retiradode funções na adega.” Cardoso Simões continua a funda-mentar o seu espírito empreendedor: “na CooperativaAgrícola de Vila Real, da qual ainda hoje sou presidente daAssembleia Geral, foi uma acção parecida. Na altura criá-mos uma estação fruteira muito interessante, mas hojeestá praticamente parada devido à concorrência da UniãoEuropeia, tal como todas as estações fruteiras e cooperati-vas de frutas à excepção de uma ou outra como a daLourinhã”.Além destas associações, o engenheiro agrónomo aindaesteve ligado, entre outras, à Caixa de Crédito Agrícola deVila Real, sendo o sócio n.º 1; Associação Portuguesa deAvaliação de Engenharia como sócio-fundador; Unidouro(União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada doDouro), tendo sido director de 1965 a 1971; Fenafrutas(União das Cooperativas de Frutas) de 1970 a 1974 comomembro da Comissão de Estudos para a sua criação; eAPH (Associação Portuguesa de Horticultura eFruticultura) como vice-presidente e director da Secção de

Fruticultura de 1989 a 1993 e como presidente daAssembleia Geral de 1994 a 1997.Não foi só o associativismo que utilizou como instrumen-to para fomentar o desenvolvimento agrícola económico esocial de Trás-os-Montes. Também se somam as inúmerasvisitas a feiras, estudos de investigação e participação emcongressos e jornadas dentro e fora do país. Um dos ser-viços que mais lhe proporcionou viagens ao estrangeirofoi o de membro da comissão instaladora de diversasindústrias no âmbito do projecto para o Complexo Agro-Industrial do Cachão.

“Nasci com uma vontade terrível de trabalhar”No dia 20 de Maio de 2004, amigos e colegas reuniram-se para prestar homenagem ao mérito, prestígio e contri-buto dado por Cardoso Simões à região de Trás-os-Montes. “Nunca pensei que me fizessem uma homena-gem. Foi uma surpresa. Foi feita com secretismo entre aUTAD, a Direcção Regional de Agricultura, o governadorcivil e o Rotary Club, do qual sou membro sénior há maisde 30 anos. Por um lado, fiquei contente, mas por outro

o Engenheiro Amândio Galhano na Comissão deViticultura da Região dos Vinhos Verdes, tendo apresenta-do o relatório final sobre a caracterização dos Mostos ele-mentares das castas regionais da Região dos Vinhos Verdes,um estudo físico-químico editado por essa comissão em1952. Finalizado o estágio, candidatou-se ao Ministério daAgricultura e graças à boa nota de final de curso foi colo-cado de imediato no Posto Agrário de Braga, onde perma-neceu durante quatro anos. Aí o “primeiro serviço que fuichamado a desempenhar foi entrar nas brigadas da elabo-ração da Carta Agrícola do país, um trabalho para jovens,pois era preciso ‘pedalada’ para correr praticamente todoo país.” “Entretanto apareceu um concurso para o Ministério daIndústria, devido a uma reforma da Direcção-Geral dosServiços Industriais, ao qual concorri e fiquei na jurisdiçãode Vila Real, que apareceu na altura, juntamente com a deCastelo Branco. E passado meio ano deram-me a chefiado serviço”. O episódio que está por detrás desta promoção, CardosoSimões recorda com comoção: “O director-geral dos servi-ços industriais era o engenheiro João Maria BarretoFerreira do Amaral, pessoa que tinha muita confiança emmim. Passado dois ou três anos de estar no ministério jáse tinham feito todos os licenciamentos de indústria quehavia para fazer em Vila Real, e vi que a nossa legislaçãoindustrial era muito cerrada: «nenhum estabelecimentoindustrial pode iniciar sua laboração sem que se verifiqueo total cumprimento das condições impostas, técnicas,higiénicas, etc.» Numa das viagens que tinha de fazer aLisboa, fui para me despedir. Pedi que a partir dessa dataarranjasse outro colega, pois não me sentia bem com ocumprimento do nosso regulamento, é muito rigoroso.«Pois se vou seguir o regulamento dos três “IIIPT”: indús-trias insaluvres, incómodas, perigosas ou tóxicas à letraacabo por fechar tudo aquilo que se está a fazer em Trás-os-Montes.» Ao que Ferreira do Amaral respondeu quenão queria que eu fosse, para bem da região, apelidado de‘o coveiro’ da pouca indústria de Trás-os-Montes e disse:«já vi que tem bom senso, vá para cima e a partir destadata passa a ser director-geral dos serviços industriais emVila Real»”.Enquanto no Ministério da Agricultura apenas passou deagrónomo tirocinante a agrónomo de 3ª classe, noMinistério da Indústria, desde 1953, percorreu na escalade progresso as 3ª e a 2ª classes e devido a uma reformu-lação de serviços passou directamente a assessor edepois a director de serviços, cargo que assumiu até 1985,ano da reforma.Ainda ligado à função pública, Cardoso Simões salientouo trabalho como membro de uma comissão ‘ad hoc’ quetinha como objectivo estudar as bases da criação dosnovos cursos do ensino superior (1973) e como vogal da

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info Página 17ENTREVISTA

xão: a fruta.

Soluções para a agricultura“Trás-os-Montes tem mais capacidade do que parece”,reforça Cardoso Simões, sobretudo no que se refere à pro-dução do azeite, castanha e vinho, “os três mosqueteirosde Trás-os-Montes”, assim apelidados por ele.Um dos seus grandes sonhos é assistir à resolução dealgumas das doenças que mais atingem os castanheiros,designadamente o cancro e a tinta. Acredita que “Trás-os-Montes – região responsável por 85% da produção da cas-tanha – tem hoje capacidade se fizermos a reconstituiçãodos soutos de antigamente. Passamos de mais ou menos25 mil hectares de plantação para 75 mil. Se plantarmos 75mil hectares de souto em Trás-os-Montes conseguimosum produto agrícola bruto na castanha que é análogo atodo o vinho da Região Demarcada do Douro. E tambémse aproveitarmos todos recursos para a olivicultura, umacultura regada, temos também cerca de 45/50 milhões decontos”. O engenheiro continua a explicação: “quando fizo meu discurso de agradecimento da homenagem deixeium desafio à rapaziada da universidade: procurar fazerporta-enxertos em que o castanheiro enxertado ficassemais pequeno, porque a fruticultura ao longo destes últi-mos 40 a 50 anos evoluiu no sentido de ser mais intensi-va. Cada vez os compassos são mais apertados. A istochama-se intensificação da fruticultura, quanto menoresforem os compassos, maior é a produção. (...) O que euqueria que se fizesse com o castanheiro em Portugal fize-ram os espanhóis com a oliveira: conseguiram um clonede oliveira que se contenta com um compasso de 3,5/1,5,por exemplo, e fazem-se olivais superintensivos”.É necessário também definir melhor as zonas do paíscom vocação particular para uma determinada espécie,como a cultura da cereja em Penajóia-Resende eAlfândega da Fé; e a cultura da nogueira nos melhores ter-renos regados do Alentejo, uma fruteira que é importadamaioritariamente da Califórnia, pois a União Europeia temum défice de cerca de 65 mil toneladas. Para o engenhei-ro, “o abandono das terras não devia existir, mas sim areconversão, a reestruturação das terras. Se uma terra nãotem vocação para dar uma nogueira de fruto devia seraproveitada para dar uma nogueira de madeira”.Quanto aos produtos produzidos e comercializados emPortugal e no mercado internacional, Cardoso Simõesfoca dois pontos essenciais que colocam o nosso país emdesvantagem em relação aos outros: custos de produçãoe deficiências de comercialização. “Os mercados têm sidoum dos pontos fracos da organização cooperativa. Salvoalgumas excepções, como a Adega de Cooperativa deSanta Marta de Penaguião e a da Régua, que pela suaestrutura e dimensão conseguiram boas campanhas demarketing, as outras cooperativas nunca conseguiram sairdo seu ninho de produção, nunca se organizaram bem no

aspecto da comercialização. Nós temos um custo de pro-dução maior quer porque temos áreas mais pequenas detrabalho quer pela nossa produtividade que não ultrapas-sa determinada barreira”.Outro aspecto a salientar no que se refere à situação dosector agrícola português é o melhor aproveitamento dasajudas comunitárias, que na sua opinião têm sido aplica-das ineficazmente.“Mesmo em relação a mim tenho uma empresa com 40trabalhadores, pago os salários mensais e há ajudas com-pensatórias que eu não usufruo porque estas são basea-das nas áreas de cultura e no tipo de cultura e não con-templa a massa salarial. Outro caso: as ajudas da PACnão contemplavam os empresários que estivessem a rece-ber reforma do Estado. E discuti isso, dizendo que as pes-soas reformadas é que, por vezes, tinham mais aptidão eamor à agricultura. Outra coisa que me dá pena são asempresas agrícolas não estarem incluídas nas PME, aocontrário de Espanha”. Não se pode falar em desenvolvimento na agricultura semreferir a formação profissional no ensino universitário,que segundo Cardoso Simões devia estar mais intima-mente ligada à vertente prática, mas não só. “Este ano a UTAD recebeu zero alunos para EngenhariaFlorestal e três para Engenharia Agrícola. Mas como a uni-versidade não pode parar, tem de se remodelar e adaptar-se. (...) Formar pessoas já licenciadas, aumentando o grauacadémico e dispersar a sua actividade na formaçãomesmo a níveis mais baixos. Os catedráticos têm boascondições pedagógicas, podem ensinar pessoas que nãopossuem grandes habilitações académicas”. Por último, Cardoso Simões foca a relação dos seus colegascom a Ordem dos Engenheiros: “os engenheiros agrónomosvivem como profissionais liberais, não têm as possibilidadesde outras engenharias, como a civil. Foi uma engenharia queviveu sempre mais acoitada na função pública e como tal amaior parte dos engenheiros agrónomos do país não é filiadana Ordem. Muitos não se inscrevem pois julgam que nãotiram proveito, não houve o atractivo da filiação pois viviam àsombra da função pública”.Porém, acredita que a secção agronómica está numa vira-gem de maior partilha com a classe. Nos últimos anos,estes profissionais têm recorrido mais à ordem profissio-nal na expectativa de os ajudar a lançar-se no mercadolaboral. A recente criação do Colégio Agronómico provaessa tendência. Mas, por outro lado, o engenheiro crê queuma maior filiação por parte dos colegas na Ordem tra-duz-se numa maior responsabilidade de esta versar ostemas agrónomos.

Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

infoPágina 16 ENTREVISTA

perguntei «mas será que mereço isto?»”, confessou.Uma das frases que melhor traduz a forma de estar navida de Cardoso Simões –“nasci com uma vontade terrívelde trabalhar” – foi destacada no seu livro de homenagem,por Luís Manuel Montegro de Araújo Pizarro, presidentedo Rotary Club de Vila Real, a qual demonstra, de facto,os alicerces do seu sucesso profissional. Porém, o que poucos sabem é que esta expressão estárelacionada com um período difícil, mas que mesmoassim recorda: “durante a minha vida pública tive doissubordinados que pisaram o risco e eu tive de colocar-lhes um processo disciplinar. Como represália (um delesestava filiado na Legião Portuguesa e era informador daPIDE) queixaram-se ao ministério que eu era uma pessoaque me valia do cargo público para beneficiar os negóciosda minha empresa. Na altura, os meus inspectores supe-riores avisaram-me que havia um inquérito político contramim dirigido pelo major Silva Pais. Eu começava a nãoaguentar o compasso de espera e pedi para acelerar oinquérito. O major disse que eu estava a ser vítima deuma cabala e que tinha de ter paciência. Eu respondi:«mas é que os nervos não são de plástico e eu começo aesgotar a minha paciência. Estou farto disto tudo. Nascicom uma vontade terrível de trabalhar, que me ponho amexer e deixo isto tudo»”. No desfecho deste episódio, oengenheiro saiu ilibado de qualquer culpa e prosseguiu asua actividade.Ao serviço do sector agrícola, demonstrou ter dinamismoe uma grande capacidade de acção, mantendo uma inde-pendência que hoje é-lhe reconhecida: “o Sr. Eng. CardosoSimões fez desenvolvimento regional sem nunca ter entra-do na política. Fez desenvolvimento associativo semnunca ter beneficiado das mordomias dos cargos dirigen-tes. Fez desenvolvimento empresarial sem ter beneficiadodos favores de ninguém.” (José Magalhães Correia, presi-dente do Nevir) “Isto tem a ver com o meu perfil. Eu também não tenhonenhum clube de futebol. Sou sócio do Vila Real, mascomo benfeitor. Sempre que vou a um desafio de futeboltenho tendência para acudir pelo mais fraco. Nunca tivepartido clubista e nos partidos políticos a mesma coisa,porque vejo que todos têm coisas boas e coisas más,umas mais aconselháveis outras menos aconselháveis.”Com 81 anos, Cardoso Simões mantém-se no activo,tendo a certeza que tão cedo não quer passar uma tardesentado num banco de jardim, como alguns dos amigos,pois ainda tem muito para fazer.“Eu estou a viver tanto a vida que ainda não tive tempopara ter saudades. Eu costumo dizer que, se não fosseagrónomo, gostava de ser engenheiro de planeamento eainda hoje gosto de planear”. Saudades, apenas tem da família que já não está ao seulado, sobretudo do ‘Germanozito’, o irmão mais novo quefaleceu.

Sonhar, continua a fazê-lo como quando tinha 30 anos.Deseja um país melhor e mais desenvolvido, embora reco-nheça que está a ficar um pouco desapontado. “Tenhoainda esperança, mas temos de refundir o espírito da fun-ção pública. Estou convencido que estamos a viver numlodo de corrupção. Vivemos numa democracia embrulha-da. Talvez o futuro da democracia passe por outra desig-nação, outra completamente purificada”. E, é claro, os outros sonhos estão associados à sua pai-xão: a fruta.

Com um percurso de quase 50 anos, os Viveiros Riba-Douro, em Vila Real, são a prova da dedicação e doempenho de Cardoso Simões, um engenheiro que “nas-ceu com uma vontade terrível de trabalhar”

Page 17: INFO nº02

info Página 17ENTREVISTA

xão: a fruta.

Soluções para a agricultura“Trás-os-Montes tem mais capacidade do que parece”,reforça Cardoso Simões, sobretudo no que se refere à pro-dução do azeite, castanha e vinho, “os três mosqueteirosde Trás-os-Montes”, assim apelidados por ele.Um dos seus grandes sonhos é assistir à resolução dealgumas das doenças que mais atingem os castanheiros,designadamente o cancro e a tinta. Acredita que “Trás-os-Montes – região responsável por 85% da produção da cas-tanha – tem hoje capacidade se fizermos a reconstituiçãodos soutos de antigamente. Passamos de mais ou menos25 mil hectares de plantação para 75 mil. Se plantarmos 75mil hectares de souto em Trás-os-Montes conseguimosum produto agrícola bruto na castanha que é análogo atodo o vinho da Região Demarcada do Douro. E tambémse aproveitarmos todos recursos para a olivicultura, umacultura regada, temos também cerca de 45/50 milhões decontos”. O engenheiro continua a explicação: “quando fizo meu discurso de agradecimento da homenagem deixeium desafio à rapaziada da universidade: procurar fazerporta-enxertos em que o castanheiro enxertado ficassemais pequeno, porque a fruticultura ao longo destes últi-mos 40 a 50 anos evoluiu no sentido de ser mais intensi-va. Cada vez os compassos são mais apertados. A istochama-se intensificação da fruticultura, quanto menoresforem os compassos, maior é a produção. (...) O que euqueria que se fizesse com o castanheiro em Portugal fize-ram os espanhóis com a oliveira: conseguiram um clonede oliveira que se contenta com um compasso de 3,5/1,5,por exemplo, e fazem-se olivais superintensivos”.É necessário também definir melhor as zonas do paíscom vocação particular para uma determinada espécie,como a cultura da cereja em Penajóia-Resende eAlfândega da Fé; e a cultura da nogueira nos melhores ter-renos regados do Alentejo, uma fruteira que é importadamaioritariamente da Califórnia, pois a União Europeia temum défice de cerca de 65 mil toneladas. Para o engenhei-ro, “o abandono das terras não devia existir, mas sim areconversão, a reestruturação das terras. Se uma terra nãotem vocação para dar uma nogueira de fruto devia seraproveitada para dar uma nogueira de madeira”.Quanto aos produtos produzidos e comercializados emPortugal e no mercado internacional, Cardoso Simõesfoca dois pontos essenciais que colocam o nosso país emdesvantagem em relação aos outros: custos de produçãoe deficiências de comercialização. “Os mercados têm sidoum dos pontos fracos da organização cooperativa. Salvoalgumas excepções, como a Adega de Cooperativa deSanta Marta de Penaguião e a da Régua, que pela suaestrutura e dimensão conseguiram boas campanhas demarketing, as outras cooperativas nunca conseguiram sairdo seu ninho de produção, nunca se organizaram bem no

aspecto da comercialização. Nós temos um custo de pro-dução maior quer porque temos áreas mais pequenas detrabalho quer pela nossa produtividade que não ultrapas-sa determinada barreira”.Outro aspecto a salientar no que se refere à situação dosector agrícola português é o melhor aproveitamento dasajudas comunitárias, que na sua opinião têm sido aplica-das ineficazmente.“Mesmo em relação a mim tenho uma empresa com 40trabalhadores, pago os salários mensais e há ajudas com-pensatórias que eu não usufruo porque estas são basea-das nas áreas de cultura e no tipo de cultura e não con-templa a massa salarial. Outro caso: as ajudas da PACnão contemplavam os empresários que estivessem a rece-ber reforma do Estado. E discuti isso, dizendo que as pes-soas reformadas é que, por vezes, tinham mais aptidão eamor à agricultura. Outra coisa que me dá pena são asempresas agrícolas não estarem incluídas nas PME, aocontrário de Espanha”. Não se pode falar em desenvolvimento na agricultura semreferir a formação profissional no ensino universitário,que segundo Cardoso Simões devia estar mais intima-mente ligada à vertente prática, mas não só. “Este ano a UTAD recebeu zero alunos para EngenhariaFlorestal e três para Engenharia Agrícola. Mas como a uni-versidade não pode parar, tem de se remodelar e adaptar-se. (...) Formar pessoas já licenciadas, aumentando o grauacadémico e dispersar a sua actividade na formaçãomesmo a níveis mais baixos. Os catedráticos têm boascondições pedagógicas, podem ensinar pessoas que nãopossuem grandes habilitações académicas”. Por último, Cardoso Simões foca a relação dos seus colegascom a Ordem dos Engenheiros: “os engenheiros agrónomosvivem como profissionais liberais, não têm as possibilidadesde outras engenharias, como a civil. Foi uma engenharia queviveu sempre mais acoitada na função pública e como tal amaior parte dos engenheiros agrónomos do país não é filiadana Ordem. Muitos não se inscrevem pois julgam que nãotiram proveito, não houve o atractivo da filiação pois viviam àsombra da função pública”.Porém, acredita que a secção agronómica está numa vira-gem de maior partilha com a classe. Nos últimos anos,estes profissionais têm recorrido mais à ordem profissio-nal na expectativa de os ajudar a lançar-se no mercadolaboral. A recente criação do Colégio Agronómico provaessa tendência. Mas, por outro lado, o engenheiro crê queuma maior filiação por parte dos colegas na Ordem tra-duz-se numa maior responsabilidade de esta versar ostemas agrónomos.

Manuel Cardoso Simões, Engenheiro Agrónomo

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perguntei «mas será que mereço isto?»”, confessou.Uma das frases que melhor traduz a forma de estar navida de Cardoso Simões –“nasci com uma vontade terrívelde trabalhar” – foi destacada no seu livro de homenagem,por Luís Manuel Montegro de Araújo Pizarro, presidentedo Rotary Club de Vila Real, a qual demonstra, de facto,os alicerces do seu sucesso profissional. Porém, o que poucos sabem é que esta expressão estárelacionada com um período difícil, mas que mesmoassim recorda: “durante a minha vida pública tive doissubordinados que pisaram o risco e eu tive de colocar-lhes um processo disciplinar. Como represália (um delesestava filiado na Legião Portuguesa e era informador daPIDE) queixaram-se ao ministério que eu era uma pessoaque me valia do cargo público para beneficiar os negóciosda minha empresa. Na altura, os meus inspectores supe-riores avisaram-me que havia um inquérito político contramim dirigido pelo major Silva Pais. Eu começava a nãoaguentar o compasso de espera e pedi para acelerar oinquérito. O major disse que eu estava a ser vítima deuma cabala e que tinha de ter paciência. Eu respondi:«mas é que os nervos não são de plástico e eu começo aesgotar a minha paciência. Estou farto disto tudo. Nascicom uma vontade terrível de trabalhar, que me ponho amexer e deixo isto tudo»”. No desfecho deste episódio, oengenheiro saiu ilibado de qualquer culpa e prosseguiu asua actividade.Ao serviço do sector agrícola, demonstrou ter dinamismoe uma grande capacidade de acção, mantendo uma inde-pendência que hoje é-lhe reconhecida: “o Sr. Eng. CardosoSimões fez desenvolvimento regional sem nunca ter entra-do na política. Fez desenvolvimento associativo semnunca ter beneficiado das mordomias dos cargos dirigen-tes. Fez desenvolvimento empresarial sem ter beneficiadodos favores de ninguém.” (José Magalhães Correia, presi-dente do Nevir) “Isto tem a ver com o meu perfil. Eu também não tenhonenhum clube de futebol. Sou sócio do Vila Real, mascomo benfeitor. Sempre que vou a um desafio de futeboltenho tendência para acudir pelo mais fraco. Nunca tivepartido clubista e nos partidos políticos a mesma coisa,porque vejo que todos têm coisas boas e coisas más,umas mais aconselháveis outras menos aconselháveis.”Com 81 anos, Cardoso Simões mantém-se no activo,tendo a certeza que tão cedo não quer passar uma tardesentado num banco de jardim, como alguns dos amigos,pois ainda tem muito para fazer.“Eu estou a viver tanto a vida que ainda não tive tempopara ter saudades. Eu costumo dizer que, se não fosseagrónomo, gostava de ser engenheiro de planeamento eainda hoje gosto de planear”. Saudades, apenas tem da família que já não está ao seulado, sobretudo do ‘Germanozito’, o irmão mais novo quefaleceu.

Sonhar, continua a fazê-lo como quando tinha 30 anos.Deseja um país melhor e mais desenvolvido, embora reco-nheça que está a ficar um pouco desapontado. “Tenhoainda esperança, mas temos de refundir o espírito da fun-ção pública. Estou convencido que estamos a viver numlodo de corrupção. Vivemos numa democracia embrulha-da. Talvez o futuro da democracia passe por outra desig-nação, outra completamente purificada”. E, é claro, os outros sonhos estão associados à sua pai-xão: a fruta.

Com um percurso de quase 50 anos, os Viveiros Riba-Douro, em Vila Real, são a prova da dedicação e doempenho de Cardoso Simões, um engenheiro que “nas-ceu com uma vontade terrível de trabalhar”

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info Página 19DESTAQUE

da queima do carvão nacional nas fornalhas da Central – oque foi feito de uma forma expedita e racional. Participouainda no aumento da capacidade desta Central com aplica-ção de turboalternadores e rectificadores de vapor de mercú-rio. Entretanto em 1943 passou a reger a disciplina deElectricidade Aplicada II, onde também era estudada aTracção Eléctrica. Surgiu, assim, o seu interesse pela TracçãoEléctrica e pelos seus problemas de movimento, o que viriaa constituir o tema da sua dissertação para doutoramentoem Engenharia Electrotécnica na FEUP em 1944 – OsComprimentos Virtuais dos Caminhos-de-Ferro Eléctricos.Aprovado por unanimidade do júri, no ano seguinte escre-veu um artigo em que aplicou o conceito de coeficiente vir-tual à Tracção a Vapor. Depois viu estes conceitos seremnaturalmente integrados nos estudos de movimento e nosprojectos de linhas de Caminhos-de-Ferro.Um dos primeiros assuntos estudados na disciplina deElectrotecnia Teórica, regida pelo Prof. Manuel Corrêa deBarros durante muitos anos no curso de EngenhariaElectrotécnica, era o estudo do campo eléctrico, desde assuas leis até ao seu traçado geométrico. Na escolha cuida-da dos assuntos estudados e na visão da sua possívelaplicação prática encontrava-se bem patente a experiênciaprofissional daquele professor, que desde 1945 na Fábricade Porcelana da Vista Alegre e depois na Empresa Electro-Cerâmica trabalhou com esses problemas quando orien-tou o desenvolvimento do projecto, do fabrico e do ensaiode isoladores nacionais (de alta tensão, de suspensão etelefónicos). Esta sua actividade de engenheiro teve talimportância que levava o Ministro da Economia Prof.Ferreira Dias, no tempo da electrificação nacional, a ques-tionar um seu interlocutor “Sabe quantos isoladores daElectro-Cerâmica se avariaram em serviço?” e a imediata-mente responder “Até agora nenhum”. Desta sua activida-de ficou, entre outras publicações, um artigo no Boletimda Ordem dos Engenheiros relatando aquilo que naEmpresa Electro-Cerâmica tinha sido feito, e que o Prof.Manuel Corrêa de Barros tinha dirigido, no âmbito deuma reorganização da indústria da porcelana em Portugal.Para as suas provas de agregação em 1947, o Prof. ManuelCorrêa de Barros escolheu o tema: a aplicação às máquinaseléctricas de corrente alternada do Método Simbólico derepresentação de grandezas alternadas sinusoidais. Vinhaseguindo e tinha estudado este assunto desde 1940, econhecia os trabalhos neste domínio realizados no estran-geiro, tanto quanto o permitiram as dificuldades de inter-câmbio criadas pelas condições de guerra. Na sua disserta-ção – Método Simbólico para Estudo das Máquinas deCorrente Alternada – o Prof. Manuel Corrêa de Barros come-ça por apresentar a representação por números complexosdas grandezas físicas com variação sinusoidal no tempo,com variação sinusoidal no espaço e com variação sinusoi-dal simultânea nos dois domínios. Surge assim a represen-

tação deste último tipo de grandezas por bicomplexos deque, depois, apresenta uma álgebra baseada no cálculosimbólico e no cálculo vectorial. Finalmente aplica os con-ceitos, puramente analíticos, de representação simbólicadivulgados na dissertação na modelização matemática porequações complexas de um motor de indução trifásico.Deste trabalho notável e pioneiro apenas ficou a forte parti-cipação da representação simbólica na investigação e noensino das máquinas eléctricas de corrente alternada minis-trado na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto.Para além destes factos de uma vida dedicada ao ensino e àvivência da engenharia como profissão, traduzida em muitasoutras publicações para além das citadas, há que salientar osoutros interesses intelectuais do Prof. Manuel Corrêa deBarros, que o levaram a publicar um curso de FilosofiaTomista ministrado aos membros da Juventude UniversitáriaCatólica em 1942, e a publicar em 1982 um último livro –Reflexões de um Estudioso de S. Tomás de Aquino –, análiseracional de algumas situações científicas, técnicas e sociaisdo seu tempo e síntese das suas reflexões pessoais influen-ciadas pela filosofia de S. Tomás de Aquino.Dos trabalhos do Prof. Manuel Corrêa de Barros, fora dosconhecimentos científicos e técnicos da sua vida profissional,encontramos um trabalho literário da mais fina sensibilidade.Trata-se da tradução para português dos poemas de ElisabethBarret Browning – Sonnets from the Portuguese, onde umamuito cuidada escolha dos vocábulos e da construção decada linha dos sonetos demonstram a fineza do espírito dotradutor que consegue manter a obra no tom clássico e pro-fundo em que a poetiza os escreveu, e isto sem perderem osentido original.Terminando estas linhas de singela homenagem ao Prof.Manuel Corrêa de Barros na passagem do seu centenárionatalício, há que chamar a atenção para o carácter multiface-tado da sua obra:• na sua actividade docente que cobriu vários campos dovasto domínio da Engenharia Civil e da EngenhariaElectrotécnica;• na sua actividade profissional que ocorreu fundamental-mente na época pioneira da electrificação nacional, com osmuitos desafios técnicos com fortes implicações industriais,e• numa actividade intelectual profunda nos domínios daFilosofia e das Belas-Letras.Para além das suas elevadas qualidades intelectuais e da suaformação pessoal, não terá sido a sua formação de engenhei-ro o elemento sintetizador da sua tão diversificada e comple-xa actividade profissional e da excelência da sua pessoa?

O professor Corrêa de Barros “desenvolveu uma carreiraprofissional vasta e uma carreira académica que o levou adesempenhar os mais altos cargos docentes e adminis-trativos na Universidade do Porto”

Manuel Corrêa de Barros Júnior

Texto de Manuel Vaz Guedes

infoPágina 18 DESTAQUE

No dia 7 de Outubro o Prof. Manuel Corrêa de Barros Júnior(1904-1991) celebraria o seu centésimo aniversário. É umfacto que nos permite recordar alguns elementos da biogra-fia de um engenheiro que marcou a sua época e que influen-ciou com o seu ensino e com o seu exemplo a carreira demuitos dos seus alunos na Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto.A distância e a extensão tornam impossível uma análise por-menorizada da biografia de um ilustre professor, que pos-suía duas licenciaturas em engenharia – Civil (1928) eElectrotécnica (1929) – e que ao longo da sua vida desenvol-veu uma carreira profissional vasta e uma carreira académi-ca que o levou a desempenhar os mais altos cargos docen-tes e administrativos na Universidade do Porto: foi ProfessorCatedrático do 6º Grupo (Electrotecnia) da Faculdade deEngenharia (1944), foi Director dessa Faculdade (1950 a1961) e foi Reitor da Universidade (1961 a 1969).Todos estes cargos, que desempenhou com mérito e distin-ção, não ofuscam na memória saudosa dos seus antigosalunos as qualidades morais e cívicas de um professor quesempre foi merecedor da elevada estima que ainda hoje lheconsagram.Sendo difícil evocar todas as suas qualidades pessoais

neste texto, ou desenvolver uma biografia minuciosa, real-çam-se apenas alguns aspectos da sua obra – da sua vidaacadémica e profissional e das suas actividades intelectuais– que podem contribuir para recordar um ilustre professore engenheiro no momento do seu centenário natalício.Logo no princípio da sua carreira o Prof. Manuel Corrêa deBarros estagiou na Alemanha (Verão de 1930) e imediata-mente concorreu ao ensino no 2º Grupo (Estradas eCaminhos-de-Ferro) da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto como assistente da disciplina deCaminhos-de-Ferro e da disciplina de Geodesia e Topografia,do curso de Engenharia Civil. Foi regente da disciplina deCaminhos-de-Ferro até 1942. Simultaneamente, de 1931 a1945, trabalhou como engenheiro na Central Termoeléctricade Massarelos da Companhia Carris de Ferro do Porto, soba direcção do Prof. Rodrigo Sarmento Beires. Nesta empresaportuense, e devido às dificuldades de importação impostaspela II Guerra Mundial, participou na resolução do problema

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da queima do carvão nacional nas fornalhas da Central – oque foi feito de uma forma expedita e racional. Participouainda no aumento da capacidade desta Central com aplica-ção de turboalternadores e rectificadores de vapor de mercú-rio. Entretanto em 1943 passou a reger a disciplina deElectricidade Aplicada II, onde também era estudada aTracção Eléctrica. Surgiu, assim, o seu interesse pela TracçãoEléctrica e pelos seus problemas de movimento, o que viriaa constituir o tema da sua dissertação para doutoramentoem Engenharia Electrotécnica na FEUP em 1944 – OsComprimentos Virtuais dos Caminhos-de-Ferro Eléctricos.Aprovado por unanimidade do júri, no ano seguinte escre-veu um artigo em que aplicou o conceito de coeficiente vir-tual à Tracção a Vapor. Depois viu estes conceitos seremnaturalmente integrados nos estudos de movimento e nosprojectos de linhas de Caminhos-de-Ferro.Um dos primeiros assuntos estudados na disciplina deElectrotecnia Teórica, regida pelo Prof. Manuel Corrêa deBarros durante muitos anos no curso de EngenhariaElectrotécnica, era o estudo do campo eléctrico, desde assuas leis até ao seu traçado geométrico. Na escolha cuida-da dos assuntos estudados e na visão da sua possívelaplicação prática encontrava-se bem patente a experiênciaprofissional daquele professor, que desde 1945 na Fábricade Porcelana da Vista Alegre e depois na Empresa Electro-Cerâmica trabalhou com esses problemas quando orien-tou o desenvolvimento do projecto, do fabrico e do ensaiode isoladores nacionais (de alta tensão, de suspensão etelefónicos). Esta sua actividade de engenheiro teve talimportância que levava o Ministro da Economia Prof.Ferreira Dias, no tempo da electrificação nacional, a ques-tionar um seu interlocutor “Sabe quantos isoladores daElectro-Cerâmica se avariaram em serviço?” e a imediata-mente responder “Até agora nenhum”. Desta sua activida-de ficou, entre outras publicações, um artigo no Boletimda Ordem dos Engenheiros relatando aquilo que naEmpresa Electro-Cerâmica tinha sido feito, e que o Prof.Manuel Corrêa de Barros tinha dirigido, no âmbito deuma reorganização da indústria da porcelana em Portugal.Para as suas provas de agregação em 1947, o Prof. ManuelCorrêa de Barros escolheu o tema: a aplicação às máquinaseléctricas de corrente alternada do Método Simbólico derepresentação de grandezas alternadas sinusoidais. Vinhaseguindo e tinha estudado este assunto desde 1940, econhecia os trabalhos neste domínio realizados no estran-geiro, tanto quanto o permitiram as dificuldades de inter-câmbio criadas pelas condições de guerra. Na sua disserta-ção – Método Simbólico para Estudo das Máquinas deCorrente Alternada – o Prof. Manuel Corrêa de Barros come-ça por apresentar a representação por números complexosdas grandezas físicas com variação sinusoidal no tempo,com variação sinusoidal no espaço e com variação sinusoi-dal simultânea nos dois domínios. Surge assim a represen-

tação deste último tipo de grandezas por bicomplexos deque, depois, apresenta uma álgebra baseada no cálculosimbólico e no cálculo vectorial. Finalmente aplica os con-ceitos, puramente analíticos, de representação simbólicadivulgados na dissertação na modelização matemática porequações complexas de um motor de indução trifásico.Deste trabalho notável e pioneiro apenas ficou a forte parti-cipação da representação simbólica na investigação e noensino das máquinas eléctricas de corrente alternada minis-trado na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto.Para além destes factos de uma vida dedicada ao ensino e àvivência da engenharia como profissão, traduzida em muitasoutras publicações para além das citadas, há que salientar osoutros interesses intelectuais do Prof. Manuel Corrêa deBarros, que o levaram a publicar um curso de FilosofiaTomista ministrado aos membros da Juventude UniversitáriaCatólica em 1942, e a publicar em 1982 um último livro –Reflexões de um Estudioso de S. Tomás de Aquino –, análiseracional de algumas situações científicas, técnicas e sociaisdo seu tempo e síntese das suas reflexões pessoais influen-ciadas pela filosofia de S. Tomás de Aquino.Dos trabalhos do Prof. Manuel Corrêa de Barros, fora dosconhecimentos científicos e técnicos da sua vida profissional,encontramos um trabalho literário da mais fina sensibilidade.Trata-se da tradução para português dos poemas de ElisabethBarret Browning – Sonnets from the Portuguese, onde umamuito cuidada escolha dos vocábulos e da construção decada linha dos sonetos demonstram a fineza do espírito dotradutor que consegue manter a obra no tom clássico e pro-fundo em que a poetiza os escreveu, e isto sem perderem osentido original.Terminando estas linhas de singela homenagem ao Prof.Manuel Corrêa de Barros na passagem do seu centenárionatalício, há que chamar a atenção para o carácter multiface-tado da sua obra:• na sua actividade docente que cobriu vários campos dovasto domínio da Engenharia Civil e da EngenhariaElectrotécnica;• na sua actividade profissional que ocorreu fundamental-mente na época pioneira da electrificação nacional, com osmuitos desafios técnicos com fortes implicações industriais,e• numa actividade intelectual profunda nos domínios daFilosofia e das Belas-Letras.Para além das suas elevadas qualidades intelectuais e da suaformação pessoal, não terá sido a sua formação de engenhei-ro o elemento sintetizador da sua tão diversificada e comple-xa actividade profissional e da excelência da sua pessoa?

O professor Corrêa de Barros “desenvolveu uma carreiraprofissional vasta e uma carreira académica que o levou adesempenhar os mais altos cargos docentes e adminis-trativos na Universidade do Porto”

Manuel Corrêa de Barros Júnior

Texto de Manuel Vaz Guedes

infoPágina 18 DESTAQUE

No dia 7 de Outubro o Prof. Manuel Corrêa de Barros Júnior(1904-1991) celebraria o seu centésimo aniversário. É umfacto que nos permite recordar alguns elementos da biogra-fia de um engenheiro que marcou a sua época e que influen-ciou com o seu ensino e com o seu exemplo a carreira demuitos dos seus alunos na Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto.A distância e a extensão tornam impossível uma análise por-menorizada da biografia de um ilustre professor, que pos-suía duas licenciaturas em engenharia – Civil (1928) eElectrotécnica (1929) – e que ao longo da sua vida desenvol-veu uma carreira profissional vasta e uma carreira académi-ca que o levou a desempenhar os mais altos cargos docen-tes e administrativos na Universidade do Porto: foi ProfessorCatedrático do 6º Grupo (Electrotecnia) da Faculdade deEngenharia (1944), foi Director dessa Faculdade (1950 a1961) e foi Reitor da Universidade (1961 a 1969).Todos estes cargos, que desempenhou com mérito e distin-ção, não ofuscam na memória saudosa dos seus antigosalunos as qualidades morais e cívicas de um professor quesempre foi merecedor da elevada estima que ainda hoje lheconsagram.Sendo difícil evocar todas as suas qualidades pessoais

neste texto, ou desenvolver uma biografia minuciosa, real-çam-se apenas alguns aspectos da sua obra – da sua vidaacadémica e profissional e das suas actividades intelectuais– que podem contribuir para recordar um ilustre professore engenheiro no momento do seu centenário natalício.Logo no princípio da sua carreira o Prof. Manuel Corrêa deBarros estagiou na Alemanha (Verão de 1930) e imediata-mente concorreu ao ensino no 2º Grupo (Estradas eCaminhos-de-Ferro) da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto como assistente da disciplina deCaminhos-de-Ferro e da disciplina de Geodesia e Topografia,do curso de Engenharia Civil. Foi regente da disciplina deCaminhos-de-Ferro até 1942. Simultaneamente, de 1931 a1945, trabalhou como engenheiro na Central Termoeléctricade Massarelos da Companhia Carris de Ferro do Porto, soba direcção do Prof. Rodrigo Sarmento Beires. Nesta empresaportuense, e devido às dificuldades de importação impostaspela II Guerra Mundial, participou na resolução do problema

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“Uma personalidade superior”, foi assim que Vasco Sá, pro-fessor jubilado da Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto (FEUP), descreveu o professor Manuel Corrêa deBarros Júnior (07-10-1904/08-05-1991), na sessão de home-nagem por ocasião do centenário do seu aniversário pro-movida pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte(OERN) no passado dia 7 de Outubro. Muitos outros elogios lhe foram proferidos nesta sessão, àqual fizeram questão de estar presentes não só familiares,mas também amigos e admiradores do seu trabalho. A sessão foi orientada por António Machado e Moura, coor-denador regional do Colégio de Engenharia Electrotécnica,seguindo-se os depoimentos de Aníbal Traça de Almeida,professor catedrático da Faculdade de Ciências eTecnologias da Universidade de Coimbra, e Jorge Vasquesde Carvalho, colaborador do homenageado na EmpresaElectro-Cerâmica, que contaram os períodos mais marcan-tes do percurso profissional académico e não académico doengenheiro. A Vasco Sá, professor jubilado da FEUP, coubeexpressar a importância que a figura de Corrêa de Barrosteve na sua vida durante a passagem pela FEUP. O discurso mais emotivo foi feito pela sobrinha e antigaaluna do homenageado, Maria da Graça Coutinho Corrêade Barros, a qual começou por afirmar que se ia basearnum texto escrito pela sua prima Helena na máquina de

escrever de 60 anos e que pertencia ao tio Manuel. Foram contadas várias histórias da família Corrêa de Barrose traçados os aspectos mais particulares quer da personali-dade do professor quer da sua vida. Um dos maiores gostos de Corrêa de Barros era a literatu-ra, tendo começado a escrever poesia aos 11 anos. O seuprimeiro poema foi dedicado ao rei Alberto dos belgas, nodia do aniversário do monarca; o segundo poema versouum tema religioso ilustrado chamado Trindade e o terceiro,com data de 11 de Agosto de 1916, era a tradução para oinglês de God Save the Queen.A escrita e a tradução ocuparam-no toda a vida. Aprendeusozinho grego, latim e russo, “era um purista da língua por-tuguesa, que bem se lembram falava com a maior das cor-recções. Não utilizava nunca o estrangeirismo, o francesis-mo. Era um poliglota distinto e um filólogo inédito”, disse asobrinha. Outro aspecto a considerar no perfil do professor era a suapaixão pela prática de bodyboard na praia de Leça, desportoque praticou até aos 60 anos. São apresentados, de seguida, extractos dos depoimentosda homenagem ao professor Corrêa de Barros, de formaque, mais uma vez, se registe o que foi dito sobre um dosgrandes vultos da Engenharia portuguesa do século XX.

Em memória de Manuel Corrêa de Barros Júnior

Depoimentos da homenagem

Texto de António Machado e Moura

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No passado dia 7 de Outubro, aproveitando a passagem do1º centenário do seu nascimento, a Região Norte da Ordemdos Engenheiros promoveu a realização de uma sessão dehomenagem evocativa da vida e obra deste mui ilustre enge-nheiro e professor, figura ímpar da engenharia e da culturaportuguesas do século XX. Nessa sessão, tiveram lugar diver-sos testemunhos de colegas, alunos e familiares do homena-geado, procurando fazer reviver algumas das múltiplas face-tas que marcaram as suas vida e obra, nas diferentes verten-tes académica, profissional, pessoal e cultural.Neste número da Info, damos conta dos aspectos maisimportantes da referida sessão e incluímos um artigo sobre afigura do Prof. Corrêa de Barros, especialmente preparadopara este evento pelo colega Manuel Vaz Guedes.Como complemento, talvez seja oportuno recordar aquialguns tópicos relativos à actividade do Prof. Corrêa deBarros ao serviço da Ordem dos Engenheiros, aspecto quefoi, eventualmente, um pouco menos destacado durante areferida sessão comemorativa. Efectivamente, durante operíodo em que foi Director da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (1950-1961), presidiu ao ConselhoRegional do Porto da Ordem dos Engenheiros durante umtriénio (1957-1960), facto que procuraremos brevemente evo-car a seguir.O Prof. Manuel Corrêa de Barros tomou posse do cargo demembro do Conselho Regional em 8 de Agosto de 1957, emrepresentação da especialidade de engenharia electrotécnica,a qual era uma das sete especialidades então representadas(juntamente com civil, mecânica, minas, quimico-industrial,agronómica e silvícola); tal posse decorreu na Sede daSecção Regional do Porto, que então estava situada na Ruade Álvares Cabral, nº 44. Na primeira reunião do ConselhoRegional realizada após a tomada de posse, e que teve lugarno dia imediatamente a seguir, o Conselho procedeu à esco-lha do Presidente, Vice-Presidente, Secretário e Tesoureiro,tendo a presidência sido atribuída ao Prof. Corrêa de Barros,o qual veio a exercê-la durante o mandato que terminaria em1960. A 4 de Setembro de 1957, o Conselho Regional desig-nou o seu Presidente como seu representante junto doConselho Geral da Ordem, resolução esta comunicada àComissão Directiva da Ordem.Este mandato do Prof. Corrêa de Barros como Presidente doConselho Regional do Porto fica assinalado por diversoseventos, dos quais merece particular destaque o da inaugura-ção do novo edifício-sede da Secção Regional, na Rua

Rodrigues Sampaio, nº 123, ocorrido em Maio de 1958. Esteedifício ainda hoje desempenha as funções de Sede daRegião Norte, tendo entretanto sido alvo de pequenos ajus-tes e obras de beneficiação. É de realçar o notável esforçodesenvolvido por este Conselho Regional, presidido peloProf. Corrêa de Barros, no sentido de gerir os escassos meiosmateriais disponíveis e conseguir os financiamentos adequa-dos, destinados não só ao pagamento do referido edifício edo seu mobiliário, como também ao seu apetrechamento emdiversos equipamentos e meios humanos, para procurar darresposta adequada às novas necessidades da associação. No período posterior à conclusão do seu mandato, mantevesempre uma forte ligação à “sua” Ordem, sem todavia assu-mir funções directivas. No ano seguinte, em 1961, deixa aDirecção da Faculdade de Engenharia para iniciar funçõescomo Reitor da Universidade do Porto (sendo o 10º Reitor),funções essas que vai manter até 1969, ano em que decideapresentar a sua demissão. Regressa então à sua Faculdadeonde assegura a regência das disciplinas de ElectrotecniaTeórica e de Medidas Eléctricas, desde o ano lectivo de1969/70 até à sua jubilação em 1974.

Familiares e amigos encheram a sala da Ordem dos Engenheiros– Região Norte para recordar Corrêa de Barros Júnior

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“Uma personalidade superior”, foi assim que Vasco Sá, pro-fessor jubilado da Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto (FEUP), descreveu o professor Manuel Corrêa deBarros Júnior (07-10-1904/08-05-1991), na sessão de home-nagem por ocasião do centenário do seu aniversário pro-movida pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte(OERN) no passado dia 7 de Outubro. Muitos outros elogios lhe foram proferidos nesta sessão, àqual fizeram questão de estar presentes não só familiares,mas também amigos e admiradores do seu trabalho. A sessão foi orientada por António Machado e Moura, coor-denador regional do Colégio de Engenharia Electrotécnica,seguindo-se os depoimentos de Aníbal Traça de Almeida,professor catedrático da Faculdade de Ciências eTecnologias da Universidade de Coimbra, e Jorge Vasquesde Carvalho, colaborador do homenageado na EmpresaElectro-Cerâmica, que contaram os períodos mais marcan-tes do percurso profissional académico e não académico doengenheiro. A Vasco Sá, professor jubilado da FEUP, coubeexpressar a importância que a figura de Corrêa de Barrosteve na sua vida durante a passagem pela FEUP. O discurso mais emotivo foi feito pela sobrinha e antigaaluna do homenageado, Maria da Graça Coutinho Corrêade Barros, a qual começou por afirmar que se ia basearnum texto escrito pela sua prima Helena na máquina de

escrever de 60 anos e que pertencia ao tio Manuel. Foram contadas várias histórias da família Corrêa de Barrose traçados os aspectos mais particulares quer da personali-dade do professor quer da sua vida. Um dos maiores gostos de Corrêa de Barros era a literatu-ra, tendo começado a escrever poesia aos 11 anos. O seuprimeiro poema foi dedicado ao rei Alberto dos belgas, nodia do aniversário do monarca; o segundo poema versouum tema religioso ilustrado chamado Trindade e o terceiro,com data de 11 de Agosto de 1916, era a tradução para oinglês de God Save the Queen.A escrita e a tradução ocuparam-no toda a vida. Aprendeusozinho grego, latim e russo, “era um purista da língua por-tuguesa, que bem se lembram falava com a maior das cor-recções. Não utilizava nunca o estrangeirismo, o francesis-mo. Era um poliglota distinto e um filólogo inédito”, disse asobrinha. Outro aspecto a considerar no perfil do professor era a suapaixão pela prática de bodyboard na praia de Leça, desportoque praticou até aos 60 anos. São apresentados, de seguida, extractos dos depoimentosda homenagem ao professor Corrêa de Barros, de formaque, mais uma vez, se registe o que foi dito sobre um dosgrandes vultos da Engenharia portuguesa do século XX.

Em memória de Manuel Corrêa de Barros Júnior

Depoimentos da homenagem

Texto de António Machado e Moura

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No passado dia 7 de Outubro, aproveitando a passagem do1º centenário do seu nascimento, a Região Norte da Ordemdos Engenheiros promoveu a realização de uma sessão dehomenagem evocativa da vida e obra deste mui ilustre enge-nheiro e professor, figura ímpar da engenharia e da culturaportuguesas do século XX. Nessa sessão, tiveram lugar diver-sos testemunhos de colegas, alunos e familiares do homena-geado, procurando fazer reviver algumas das múltiplas face-tas que marcaram as suas vida e obra, nas diferentes verten-tes académica, profissional, pessoal e cultural.Neste número da Info, damos conta dos aspectos maisimportantes da referida sessão e incluímos um artigo sobre afigura do Prof. Corrêa de Barros, especialmente preparadopara este evento pelo colega Manuel Vaz Guedes.Como complemento, talvez seja oportuno recordar aquialguns tópicos relativos à actividade do Prof. Corrêa deBarros ao serviço da Ordem dos Engenheiros, aspecto quefoi, eventualmente, um pouco menos destacado durante areferida sessão comemorativa. Efectivamente, durante operíodo em que foi Director da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (1950-1961), presidiu ao ConselhoRegional do Porto da Ordem dos Engenheiros durante umtriénio (1957-1960), facto que procuraremos brevemente evo-car a seguir.O Prof. Manuel Corrêa de Barros tomou posse do cargo demembro do Conselho Regional em 8 de Agosto de 1957, emrepresentação da especialidade de engenharia electrotécnica,a qual era uma das sete especialidades então representadas(juntamente com civil, mecânica, minas, quimico-industrial,agronómica e silvícola); tal posse decorreu na Sede daSecção Regional do Porto, que então estava situada na Ruade Álvares Cabral, nº 44. Na primeira reunião do ConselhoRegional realizada após a tomada de posse, e que teve lugarno dia imediatamente a seguir, o Conselho procedeu à esco-lha do Presidente, Vice-Presidente, Secretário e Tesoureiro,tendo a presidência sido atribuída ao Prof. Corrêa de Barros,o qual veio a exercê-la durante o mandato que terminaria em1960. A 4 de Setembro de 1957, o Conselho Regional desig-nou o seu Presidente como seu representante junto doConselho Geral da Ordem, resolução esta comunicada àComissão Directiva da Ordem.Este mandato do Prof. Corrêa de Barros como Presidente doConselho Regional do Porto fica assinalado por diversoseventos, dos quais merece particular destaque o da inaugura-ção do novo edifício-sede da Secção Regional, na Rua

Rodrigues Sampaio, nº 123, ocorrido em Maio de 1958. Esteedifício ainda hoje desempenha as funções de Sede daRegião Norte, tendo entretanto sido alvo de pequenos ajus-tes e obras de beneficiação. É de realçar o notável esforçodesenvolvido por este Conselho Regional, presidido peloProf. Corrêa de Barros, no sentido de gerir os escassos meiosmateriais disponíveis e conseguir os financiamentos adequa-dos, destinados não só ao pagamento do referido edifício edo seu mobiliário, como também ao seu apetrechamento emdiversos equipamentos e meios humanos, para procurar darresposta adequada às novas necessidades da associação. No período posterior à conclusão do seu mandato, mantevesempre uma forte ligação à “sua” Ordem, sem todavia assu-mir funções directivas. No ano seguinte, em 1961, deixa aDirecção da Faculdade de Engenharia para iniciar funçõescomo Reitor da Universidade do Porto (sendo o 10º Reitor),funções essas que vai manter até 1969, ano em que decideapresentar a sua demissão. Regressa então à sua Faculdadeonde assegura a regência das disciplinas de ElectrotecniaTeórica e de Medidas Eléctricas, desde o ano lectivo de1969/70 até à sua jubilação em 1974.

Familiares e amigos encheram a sala da Ordem dos Engenheiros– Região Norte para recordar Corrêa de Barros Júnior

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infoPágina 22 DESTAQUE info Página 23DESTAQUE

“Uma sessão para homenagear um nomeilustre da Engenharia, em especial daEngenharia do Norte de Portugal. Para nós,corpos dirigentes da Ordem dosEngenheiros – Região Norte, ter memória éessencial. Queremos tê-la, queremos home-

nagear e agradecer a todos os colegas que tanto fizerampela Engenharia e que tanto dignificaram esta actividade”.Gerardo Saraiva de Menezes, presidente do ConselhoDirectivo da Ordem dos Engenheiros – Região Norte

“Tenho muito boas recordações da minha passagem pelaFaculdade de Engenharia do Porto tanto doponto de vista técnico como social. Doponto de vista da aprendizagem o professorCorrêa de Barros foi das pessoas que maisnos marcou em termos de preparação etransmitir conhecimentos essenciais. Foi

nosso professor da cadeira de Electrotecnia Teórica, umaespécie de espinha dorsal do curso de EngenhariaElectrotécnica. (...) A preparação que nós tivemos na áreade Electrotecnia está claramente a par daquilo que se faznas melhores escolas de engenharia do mundo. (...)Para além de nos ministrar matérias de grande valor,quero salientar a sua total disponibilidade para atender osalunos. (...)O professor Corrêa de Barros, para além da grande capa-cidade técnica que tinha, também tinha beneficiado dofacto de ter uma ligação à indústria. Ele esteve ligado auma central termoeléctrica, a de Massarelos, em que foiresponsável pela adaptação da tecnologia ao carvão nacio-nal, devido às restrições que havia na altura da guerra,que era difícil fazer a importação de combustíveis impor-tados, e então ele tratou de desenvolver tecnologia quefosse adequada à queima de carvões nacionais. Tambémteve um papel-chave na parte da indústria do fabrico dosisolantes eléctricos. (...)Contrariamente ao que se poderia esperar, apesar de terexercido lugares de grande responsabilidade e de se vivernuma altura em que não havia o contacto fácil que existehoje entre professores e alunos, ele era de extrema simpli-cidade no relacionamento com os alunos”. Aníbal Traça de Almeida, professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidadede Coimbra

“Eu tive o privilégio, a sorte de ter começado a minha vida

profissional sob a orientação do engenheiroTavares Pinho, no gabinete e laboratóriocentral de estudos da fábrica de porcelanada Vista Alegre, em que era director na altu-ra o professor Corrêa de Barros. O profes-sor Corrêa de Barros tinha sido meu profes-

sor na Faculdade de Engenharia. Foi para mim uma sorte,uma alegria encontrá-lo profissionalmente e essa relaçãono meu futuro foi extremamente útil. (...)Foi preciso criar um organismo (na Empresa Electro-Cerâmica) que fizesse acreditar os isoladores, e essa fun-ção foi entregue ao professor Corrêa de Barros, na alturajá uma pessoa de grande prestígio. Primeiro, com a admi-nistração fizeram um acordo know how com os ingleses(...). Depois a segunda vertente. O professor desenvolveuum laboratório de raiz. Colaborou abertamente na criaçãodo desenho do edifício e criou um laboratório multidisci-plinar.(...)O laboratório viveu só com o professor Corrêa de Barros. Olaboratório foi fruto do engenheiro Corrêa de Barros, foi eleque o criou e desenvolveu, foi ele que lhe deu apogeu eassistiu um bocadinho ao declínio e quando se reformou,em 1971, podemos dizer que o laboratório acabou. De 1971até 1988, quando fechou, não teve grande significado. Hojena empresa, e injustamente, pouca gente ou quase nin-guém se lembra que o professor Corrêa de Barros pegounuma fábrica completamente desacreditada em termos deisoladores e quando sai deixa uma fábrica credível”. Jorge Vasques de Carvalho, colaborador do homenageadona Empresa Electro-Cerâmica

“Como director da FEUP apresentava regularmente epublicava na revista de Engenharia o relató-rio de actividades anual. Fazia-o a títulopessoal, ninguém o exigia, em obediência aelevados cânones morais, por entender queao servir a FEUP ficava a dever essa satisfa-ção a todos que nela trabalhavam ou

seguiam a sua actividade. Magnífico exemplo de serviçopúblico. (...) A descrição deste quadro de tarefas a queimpôs dá uma ideia concreta do sacrifício a que se sub-meteu para assegurar a continuidade da licenciatura deEngenharia Mecânica. O professor Corrêa de Barros não hesitou, face aos seusgrandes afazeres, em deslocar-se a Lisboa para tratarexpressamente, junto do Instituto de Alta Cultura, de assun-

tos de interesse dos alunos.Acompanhei-o na viagem de comboio e fui presenteadocom uma longa e erudita exposição sobre a história da avia-ção. Desfilou perante mim nomes de grandes aviadores,descreveu-me pormenorizadamente os seus feitos, asdatas, traçou um panorama da evolução tecnológica dosaviões. Nunca uma viagem a Lisboa, que na época duravaseis intermináveis horas, me pareceu tão curta, nem nenhu-ma foi mais agradável. (...)A história foi-lhe madrasta. Jubilou-se três meses e novedias depois da revolução de Abril e a saída coincidiu com operíodo mais conturbado vivido pela universidade, muitosdocentes da FEUP reuniram-se num jantar e fizeram-lhesentir a admiração que por ele nutriam. Acabou no entantopor não ser alvo da homenagem pública que lhe era devida. O departamento de Engenharia Mecânica ficou a dever-lheuma demonstração oficial de reconhecimento institucional.Penitencio-me dessa falta, eu que fui durante mais de trêsdécadas o seu principal animador.(...)Hoje faz-se justiça, pois são bem poucos os que são alvode uma homenagem no centenário do seu nascimento.Fazemo-lo com a convicção que foi uma personalidadesuperior, de rara envergadura moral, cívica e intelectual.Inclino-me, com veneração e gratidão, muito sentidas,perante a memória que dele sempre guardarei”. Vasco Sá, professor jubilado da FEUP

“Quando fui abordada para dizer umas palavras sobre ele,pedi à minha prima Helena – a sobrinha quemais conviveu com ele e eu arriscaria mesmoa dizer que seria a filha que ele gostava de tertido – que escrevesse um texto (...) que inti-tulou Manuel Corrêa de Barros, o nosso tio, enele me baseie para aquilo que vou dizer

sobre o tio Manuel. Mas antes disso queria dizer umacoisa, já que estamos nesta Ordem. Ele adorava a Ordemdos Engenheiros e tenho a certeza que se lhe perguntásse-mos onde queria ser homenageado, ele teria dito que olocal que era este. (...)“A praia para onde iam na sua meninice era Leça, numacasa em frente ao mar, que tinha sido comprada pelosbisavós e que era anterior à construção do Porto deLeixões. Em Leça desde muito novo fazia o tal desportoque hoje em dia é chamado bodyboard. Ia para o mar

numa prancha que chamava tábua e apanhava a onda evoltava. O gosto pela praia de Leça ficou-lhe para toda avida e aí continuou as suas épocas balneares até aos 60anos de idade com a sua prancha. A ida para Leça é umacoisa deliciosa, porque é uma espécie de aula de humani-dade. Levava consigo os sobrinhos, quantos coubessem nocarro e como era um pedagogo nato ia-lhes ensinandopelo caminho a observarem e aprenderem as diferentescoisas pelas quais passavam. (...) Finalmente chegava àpraia e aí se processava o ritual da praia. O tio Manueltinha barraca, faziam tempo para acabar a digestão.Quando era altura de ir para o mar, despia-se – era extre-mamente branco – e pegava na sua tábua que nesta alturadava pelo nome de Valquíria, mandada desenhar por ele etinha de certeza algum truque aerodinâmico porque atéaos 60 nunca ninguém o viu a cair da tábua. E fazia umasvárias carreiras e depois voltava. E quando voltava, abanheira da praia, a Sr.ª Maria, aparecia com uma bacia deágua doce e o tio Manuel lavava os pés e voltava a vestir-se por completo. E finalmente, o chapéu, que era um pana-má de imitação. Nunca a nossa tia Teta consegui que com-prasse um panamá verdadeiro. É evidente que eu nãopodia deixar de referir o seu chapéu, pois sei que era umdos acessórios da personalidade carismática do professorCorrêa de Barros. E que era comentado por todos os alu-nos e colegas e afinal a coisa mais engraçada é que o seucélebre palhinhas não passava de um panamá de imitação.(...) Faleceu em sua casa serenamente, acompanhado pordois sobrinhos e pela fidelíssima empregada que esteve asua lado durante 50 anos, a Glória”. Maria da Graça, sobrinha e antiga aluna do homenageado

“Uma palavra de júbilo pela realização desta sessão. Eaproveito para dizer que o Conselho Directivo da Região

Norte da Ordem dos Engenheiros decidiuinstituir um prémio escolar com o nome doprofessor Manuel Corrêa de Barros, e embreve será divulgado o respectivo regula-mento. Com esse prémio vamos tentarmanter viva a memória do professor Corrêa

de Barros e vamos ver se criamos um estímulo adicionalaos nossos estudantes de Engenharia Electrotécnica”. António Machado e Moura, coordenador regional do Colégio de Engenharia Electrotécnica

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“Uma sessão para homenagear um nomeilustre da Engenharia, em especial daEngenharia do Norte de Portugal. Para nós,corpos dirigentes da Ordem dosEngenheiros – Região Norte, ter memória éessencial. Queremos tê-la, queremos home-

nagear e agradecer a todos os colegas que tanto fizerampela Engenharia e que tanto dignificaram esta actividade”.Gerardo Saraiva de Menezes, presidente do ConselhoDirectivo da Ordem dos Engenheiros – Região Norte

“Tenho muito boas recordações da minha passagem pelaFaculdade de Engenharia do Porto tanto doponto de vista técnico como social. Doponto de vista da aprendizagem o professorCorrêa de Barros foi das pessoas que maisnos marcou em termos de preparação etransmitir conhecimentos essenciais. Foi

nosso professor da cadeira de Electrotecnia Teórica, umaespécie de espinha dorsal do curso de EngenhariaElectrotécnica. (...) A preparação que nós tivemos na áreade Electrotecnia está claramente a par daquilo que se faznas melhores escolas de engenharia do mundo. (...)Para além de nos ministrar matérias de grande valor,quero salientar a sua total disponibilidade para atender osalunos. (...)O professor Corrêa de Barros, para além da grande capa-cidade técnica que tinha, também tinha beneficiado dofacto de ter uma ligação à indústria. Ele esteve ligado auma central termoeléctrica, a de Massarelos, em que foiresponsável pela adaptação da tecnologia ao carvão nacio-nal, devido às restrições que havia na altura da guerra,que era difícil fazer a importação de combustíveis impor-tados, e então ele tratou de desenvolver tecnologia quefosse adequada à queima de carvões nacionais. Tambémteve um papel-chave na parte da indústria do fabrico dosisolantes eléctricos. (...)Contrariamente ao que se poderia esperar, apesar de terexercido lugares de grande responsabilidade e de se vivernuma altura em que não havia o contacto fácil que existehoje entre professores e alunos, ele era de extrema simpli-cidade no relacionamento com os alunos”. Aníbal Traça de Almeida, professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidadede Coimbra

“Eu tive o privilégio, a sorte de ter começado a minha vida

profissional sob a orientação do engenheiroTavares Pinho, no gabinete e laboratóriocentral de estudos da fábrica de porcelanada Vista Alegre, em que era director na altu-ra o professor Corrêa de Barros. O profes-sor Corrêa de Barros tinha sido meu profes-

sor na Faculdade de Engenharia. Foi para mim uma sorte,uma alegria encontrá-lo profissionalmente e essa relaçãono meu futuro foi extremamente útil. (...)Foi preciso criar um organismo (na Empresa Electro-Cerâmica) que fizesse acreditar os isoladores, e essa fun-ção foi entregue ao professor Corrêa de Barros, na alturajá uma pessoa de grande prestígio. Primeiro, com a admi-nistração fizeram um acordo know how com os ingleses(...). Depois a segunda vertente. O professor desenvolveuum laboratório de raiz. Colaborou abertamente na criaçãodo desenho do edifício e criou um laboratório multidisci-plinar.(...)O laboratório viveu só com o professor Corrêa de Barros. Olaboratório foi fruto do engenheiro Corrêa de Barros, foi eleque o criou e desenvolveu, foi ele que lhe deu apogeu eassistiu um bocadinho ao declínio e quando se reformou,em 1971, podemos dizer que o laboratório acabou. De 1971até 1988, quando fechou, não teve grande significado. Hojena empresa, e injustamente, pouca gente ou quase nin-guém se lembra que o professor Corrêa de Barros pegounuma fábrica completamente desacreditada em termos deisoladores e quando sai deixa uma fábrica credível”. Jorge Vasques de Carvalho, colaborador do homenageadona Empresa Electro-Cerâmica

“Como director da FEUP apresentava regularmente epublicava na revista de Engenharia o relató-rio de actividades anual. Fazia-o a títulopessoal, ninguém o exigia, em obediência aelevados cânones morais, por entender queao servir a FEUP ficava a dever essa satisfa-ção a todos que nela trabalhavam ou

seguiam a sua actividade. Magnífico exemplo de serviçopúblico. (...) A descrição deste quadro de tarefas a queimpôs dá uma ideia concreta do sacrifício a que se sub-meteu para assegurar a continuidade da licenciatura deEngenharia Mecânica. O professor Corrêa de Barros não hesitou, face aos seusgrandes afazeres, em deslocar-se a Lisboa para tratarexpressamente, junto do Instituto de Alta Cultura, de assun-

tos de interesse dos alunos.Acompanhei-o na viagem de comboio e fui presenteadocom uma longa e erudita exposição sobre a história da avia-ção. Desfilou perante mim nomes de grandes aviadores,descreveu-me pormenorizadamente os seus feitos, asdatas, traçou um panorama da evolução tecnológica dosaviões. Nunca uma viagem a Lisboa, que na época duravaseis intermináveis horas, me pareceu tão curta, nem nenhu-ma foi mais agradável. (...)A história foi-lhe madrasta. Jubilou-se três meses e novedias depois da revolução de Abril e a saída coincidiu com operíodo mais conturbado vivido pela universidade, muitosdocentes da FEUP reuniram-se num jantar e fizeram-lhesentir a admiração que por ele nutriam. Acabou no entantopor não ser alvo da homenagem pública que lhe era devida. O departamento de Engenharia Mecânica ficou a dever-lheuma demonstração oficial de reconhecimento institucional.Penitencio-me dessa falta, eu que fui durante mais de trêsdécadas o seu principal animador.(...)Hoje faz-se justiça, pois são bem poucos os que são alvode uma homenagem no centenário do seu nascimento.Fazemo-lo com a convicção que foi uma personalidadesuperior, de rara envergadura moral, cívica e intelectual.Inclino-me, com veneração e gratidão, muito sentidas,perante a memória que dele sempre guardarei”. Vasco Sá, professor jubilado da FEUP

“Quando fui abordada para dizer umas palavras sobre ele,pedi à minha prima Helena – a sobrinha quemais conviveu com ele e eu arriscaria mesmoa dizer que seria a filha que ele gostava de tertido – que escrevesse um texto (...) que inti-tulou Manuel Corrêa de Barros, o nosso tio, enele me baseie para aquilo que vou dizer

sobre o tio Manuel. Mas antes disso queria dizer umacoisa, já que estamos nesta Ordem. Ele adorava a Ordemdos Engenheiros e tenho a certeza que se lhe perguntásse-mos onde queria ser homenageado, ele teria dito que olocal que era este. (...)“A praia para onde iam na sua meninice era Leça, numacasa em frente ao mar, que tinha sido comprada pelosbisavós e que era anterior à construção do Porto deLeixões. Em Leça desde muito novo fazia o tal desportoque hoje em dia é chamado bodyboard. Ia para o mar

numa prancha que chamava tábua e apanhava a onda evoltava. O gosto pela praia de Leça ficou-lhe para toda avida e aí continuou as suas épocas balneares até aos 60anos de idade com a sua prancha. A ida para Leça é umacoisa deliciosa, porque é uma espécie de aula de humani-dade. Levava consigo os sobrinhos, quantos coubessem nocarro e como era um pedagogo nato ia-lhes ensinandopelo caminho a observarem e aprenderem as diferentescoisas pelas quais passavam. (...) Finalmente chegava àpraia e aí se processava o ritual da praia. O tio Manueltinha barraca, faziam tempo para acabar a digestão.Quando era altura de ir para o mar, despia-se – era extre-mamente branco – e pegava na sua tábua que nesta alturadava pelo nome de Valquíria, mandada desenhar por ele etinha de certeza algum truque aerodinâmico porque atéaos 60 nunca ninguém o viu a cair da tábua. E fazia umasvárias carreiras e depois voltava. E quando voltava, abanheira da praia, a Sr.ª Maria, aparecia com uma bacia deágua doce e o tio Manuel lavava os pés e voltava a vestir-se por completo. E finalmente, o chapéu, que era um pana-má de imitação. Nunca a nossa tia Teta consegui que com-prasse um panamá verdadeiro. É evidente que eu nãopodia deixar de referir o seu chapéu, pois sei que era umdos acessórios da personalidade carismática do professorCorrêa de Barros. E que era comentado por todos os alu-nos e colegas e afinal a coisa mais engraçada é que o seucélebre palhinhas não passava de um panamá de imitação.(...) Faleceu em sua casa serenamente, acompanhado pordois sobrinhos e pela fidelíssima empregada que esteve asua lado durante 50 anos, a Glória”. Maria da Graça, sobrinha e antiga aluna do homenageado

“Uma palavra de júbilo pela realização desta sessão. Eaproveito para dizer que o Conselho Directivo da Região

Norte da Ordem dos Engenheiros decidiuinstituir um prémio escolar com o nome doprofessor Manuel Corrêa de Barros, e embreve será divulgado o respectivo regula-mento. Com esse prémio vamos tentarmanter viva a memória do professor Corrêa

de Barros e vamos ver se criamos um estímulo adicionalaos nossos estudantes de Engenharia Electrotécnica”. António Machado e Moura, coordenador regional do Colégio de Engenharia Electrotécnica

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info Página 25VIDA ASSOCIATIVAinfoPágina 24 VIDA ASSOCIATIVA

pelos membros do Colégio deEngenharia Agronómica da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros, jun-tamente com a Associação Portuguesados Engenheiros Zootécnicos (APEZ),encontra-se em fase de alteração odecreto-lei nº 338/99 de 24 de Agosto,sobre a identificação de equinos. Estaalteração da legislação permite aosengenheiros zootécnicos inscritos naOrdem exercerem funções neste âmbito.

Colégio de EngenhariaAgronómica discute Bolonha

Os membros do Colégio de EngenhariaAgronómica da Região Norte da Ordemdos Engenheiros (OERN) participaram,no passado mês de Outubro, numa reu-nião com o membro da Comissão indi-cada pelo Ministério da Ciência,Inovação e Ensino Superior, ArnaldoDias Silva, para analisar o Processo deBolonha. Nesta reunião foram analisa-das as principais preocupações do referi-do Colégio no quadro da implementaçãodo Processo de Bolonha a nível nacio-nal, por áreas de conhecimento daEngenharia Agronómica. Foi considerado nesta reunião que aimplementação do processo constituiuma oportunidade única de reflexãosobre o ensino superior em Portugal,em particular, sobre a organização curri-cular e as metodologias de ensino-aprendizagem, que deve conduzir a umamudança de paradigma, da qual deverádecorrer uma nova organização e novasmetodologias. Foi, de igual modo, discu-tida a importância da construção deuma área europeia de educação superiorque incremente a mobilidade e conduzaa um reconhecimento das suas qualifi-cações, levando à implementação de

uma estrutura e nomenclatura de grauslegível entre os diferentes países, demodo a promover a compreensão dasqualificações adquiridas. A problemáticada designação e da duração dos grausfoi outro dos aspectos relevantes discu-tidos, tendo sido defendida a necessida-de da OE se adaptar às condições deacesso à profissão em função do siste-ma de graus instituídos.

II Seminário deEngenharia Ambiental e dos Recursos Naturais

Nos passados dias 7, 8 e 9 de Outubrorealizou-se, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o IISeminário de Engenharia Ambiental edos Recursos Naturais, subordinado aotema “Desenvolvimento e Ambiente:Novos Desafios para o Século XXI”, cujaorganização foi da responsabilidade daComissão de Dinamização e do Núcleode Estudantes de Engenharia Ambientale dos Recursos Naturais.Neste encontro foram discutidos dife-rentes temas no domínio do ambienteque constituem matérias de grandepreocupação na actualidade, designada-mente no âmbito da Preservação dosRecursos Naturais, da AvaliaçãoAmbiental, do Tratamento de EfluentesLíquidos e da Gestão de ResíduosSólidos. A sessão de encerramento foiproferida pelo professor Carlos Borrego,da Universidade de Aveiro, que versou otema “O Ambiente no 3º milénio: umdesafio à sustentabilidade”. Em paralelo,foram apresentados alguns trabalhos deprojecto realizados por alunos finalistasda Licenciatura em EngenhariaAmbiental. Merece ainda uma nota deregisto a palestra proferida pelo jornalis-ta do Público Ricardo Garcia, autor do

livro Sobre a Terra, sobre Ambiente,Ciência e Jornalismo: um triângulo commuitos vértices.No último dia desta iniciativa foramenquadradas as comemorações do 10ºaniversário da Licenciatura emEngenharia Ambiental e dos RecursosNaturais da UTAD, tendo sido realizadauma mesa-redonda dedicada às“Expectativas Profissionais”. Esta sessãoteve o apoio da recém-criada Associaçãodos Antigos Alunos da UTAD e daOrdem dos Engenheiros.

XIV Congresso de Zootecnia

A Associação Portuguesa deEngenheiros Zootécnicos (APEZ) reali-zou na Universidade dos Açores, emAngra do Heroísmo, o XIV Congressode Zootecnia intitulado “A Zootecnia -O Futuro”, de 7 a 9 de Outubro. Estainiciativa reuniu 150 congressistas dereconhecido mérito nacional e interna-cional que se repartiram por diferentessessões científicas, designadamente nodomínio da nutrição e alimentação, dareprodução animal, dos ruminantes, dobem-estar animal, da economia agrária,da produção animal e ambiente, bemcomo da genética e melhoramento ani-mal. Os trabalhos apresentados commaior relevância científica serão publi-cados na revista portuguesa de zootec-nia. A sessão de encerramento contoucom a presença do ministro daAgricultura, Pescas e das Florestas e daministra da Ciência e do EnsinoSuperior. Nesta sessão foram apresen-tadas as principais linhas de actuaçãodo Ministério da Agricultura no domínioda Ciência Animal, bem como as princi-pais preocupações ambientais relacio-nadas com o sector. No domínio doensino superior, a ministra apresentou

Encontro no Pinhão

No dia 25 de Setembro realizou-se oEncontro de Membros Eleitos daRegião Norte da Ordem dosEngenheiros, no Vintage Hotel, na vilado Pinhão.Esta foi uma boa oportunidade, paraos engenheiros nortenhos se reunireme debaterem as questões actuais maispertinentes relacionadas com a profis-são e fazer um balanço do percurso donovo corpo de dirigentes.

Lançamento Info

“A Ficha Técnica da Habitação é umaboa ideia, mas não saiu da melhor damaneira, tem várias insuficiências. (...)Carece de intervenção e rapidamente,até porque tem um defeito, na nossaopinião, e muito sério e grave, que é oda atribuição da responsabilidade daqualificação da ficha a uma entidadeque não existe”. A afirmação é do enge-nheiro Gerardo Saraiva de Menezes,presidente do Conselho Directivo daOrdem dos Engenheiros – Região Nortee foi feita no decorrer da sessão deapresentação da revista Info, magazinede informação daquele organismo.Com um novo grafismo e título, arevista da Ordem dos Engenheiros –

Região Norte (OERN) é dirigida peloengenheiro Luís Ramos, que explicaque a Info é um “instrumento de apro-ximação aos cidadãos e à sociedadeem geral”. “Contrariamente a outrasprofissões, a boa Engenharia que sefaz em Portugal, particularmente noNorte, tem sido uma profissão semrosto. O nosso primeiro desafio comoassociação profissional é dar rosto aesta profissão, daí ninguém melhor doque o engenheiro Simões Cortez”,explica o director da publicação.Por sua vez, Simões Cortez, o últimobastonário do Norte, não quis deixarde agradecer por ter sido tema da capado primeiro número da revista e apro-veitou a ocasião para dizer: “a Ordemdos Engenheiros não pára, fica sempremelhor. Tantas vezes nos acusam deser uma cooperação de interesses,mas a Ordem dos Engenheiros defen-de o bem comum, é isto que enobrecea Engenharia. Mas, temos de podar aárvore da Engenharia, dos engenhei-ros, os ramos podres, em defesa dobem comum”.Entre os convidados presentes, o lança-mento da Info recolheu opiniões favorá-veis. “Parece uma revista bem estrutu-rada, com títulos de interesse para a

classe, designadamente do ponto devista da legislação”, afirmou Maria daConceição Lobo, consultora jurídica daOERN. Na opinião de Fernando deAlmeida Santos, secretário do ConselhoDirectivo da OERN, a publicação está“muito mais canalizada para as áreasprofissionais e não para as áreas lúdi-cas e periféricas”.

Ministro da Agriculturareúne com ColégioAgronómico

No passado mês de Outubro o presi-dente do Colégio Nacional, ChaveiroSoares, e os membros do Colégio deEngenharia Agronómica da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros(OERN) participaram numa reuniãocom o ministro da Agricultura, Pescase das Florestas, dedicada exclusiva-mente à discussão dos principaisestrangulamentos que afectam o exer-cício da profissão no domínio daEngenharia Agronómica em Portugal.Nesta reunião os membros da Ordemexpressaram as principais preocupa-ções nesta matéria, tendo sido discu-tida a possibilidade de se promove-rem algumas alterações da legislação,como consequência da reforma doensino superior de acordo com oProcesso de Bolonha. A discussão dascompetências dos engenheiros zoo-técnicos constituiu outro dos pontoscentrais desta reunião, devendo aOERN entregar no referido ministérioum documento que expresse as prin-cipais competências neste domínio.

Identificação de equinoscom lei alterada

Na sequência dos contactos efectuados

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pelos membros do Colégio deEngenharia Agronómica da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros, jun-tamente com a Associação Portuguesados Engenheiros Zootécnicos (APEZ),encontra-se em fase de alteração odecreto-lei nº 338/99 de 24 de Agosto,sobre a identificação de equinos. Estaalteração da legislação permite aosengenheiros zootécnicos inscritos naOrdem exercerem funções neste âmbito.

Colégio de EngenhariaAgronómica discute Bolonha

Os membros do Colégio de EngenhariaAgronómica da Região Norte da Ordemdos Engenheiros (OERN) participaram,no passado mês de Outubro, numa reu-nião com o membro da Comissão indi-cada pelo Ministério da Ciência,Inovação e Ensino Superior, ArnaldoDias Silva, para analisar o Processo deBolonha. Nesta reunião foram analisa-das as principais preocupações do referi-do Colégio no quadro da implementaçãodo Processo de Bolonha a nível nacio-nal, por áreas de conhecimento daEngenharia Agronómica. Foi considerado nesta reunião que aimplementação do processo constituiuma oportunidade única de reflexãosobre o ensino superior em Portugal,em particular, sobre a organização curri-cular e as metodologias de ensino-aprendizagem, que deve conduzir a umamudança de paradigma, da qual deverádecorrer uma nova organização e novasmetodologias. Foi, de igual modo, discu-tida a importância da construção deuma área europeia de educação superiorque incremente a mobilidade e conduzaa um reconhecimento das suas qualifi-cações, levando à implementação de

uma estrutura e nomenclatura de grauslegível entre os diferentes países, demodo a promover a compreensão dasqualificações adquiridas. A problemáticada designação e da duração dos grausfoi outro dos aspectos relevantes discu-tidos, tendo sido defendida a necessida-de da OE se adaptar às condições deacesso à profissão em função do siste-ma de graus instituídos.

II Seminário deEngenharia Ambiental e dos Recursos Naturais

Nos passados dias 7, 8 e 9 de Outubrorealizou-se, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o IISeminário de Engenharia Ambiental edos Recursos Naturais, subordinado aotema “Desenvolvimento e Ambiente:Novos Desafios para o Século XXI”, cujaorganização foi da responsabilidade daComissão de Dinamização e do Núcleode Estudantes de Engenharia Ambientale dos Recursos Naturais.Neste encontro foram discutidos dife-rentes temas no domínio do ambienteque constituem matérias de grandepreocupação na actualidade, designada-mente no âmbito da Preservação dosRecursos Naturais, da AvaliaçãoAmbiental, do Tratamento de EfluentesLíquidos e da Gestão de ResíduosSólidos. A sessão de encerramento foiproferida pelo professor Carlos Borrego,da Universidade de Aveiro, que versou otema “O Ambiente no 3º milénio: umdesafio à sustentabilidade”. Em paralelo,foram apresentados alguns trabalhos deprojecto realizados por alunos finalistasda Licenciatura em EngenhariaAmbiental. Merece ainda uma nota deregisto a palestra proferida pelo jornalis-ta do Público Ricardo Garcia, autor do

livro Sobre a Terra, sobre Ambiente,Ciência e Jornalismo: um triângulo commuitos vértices.No último dia desta iniciativa foramenquadradas as comemorações do 10ºaniversário da Licenciatura emEngenharia Ambiental e dos RecursosNaturais da UTAD, tendo sido realizadauma mesa-redonda dedicada às“Expectativas Profissionais”. Esta sessãoteve o apoio da recém-criada Associaçãodos Antigos Alunos da UTAD e daOrdem dos Engenheiros.

XIV Congresso de Zootecnia

A Associação Portuguesa deEngenheiros Zootécnicos (APEZ) reali-zou na Universidade dos Açores, emAngra do Heroísmo, o XIV Congressode Zootecnia intitulado “A Zootecnia -O Futuro”, de 7 a 9 de Outubro. Estainiciativa reuniu 150 congressistas dereconhecido mérito nacional e interna-cional que se repartiram por diferentessessões científicas, designadamente nodomínio da nutrição e alimentação, dareprodução animal, dos ruminantes, dobem-estar animal, da economia agrária,da produção animal e ambiente, bemcomo da genética e melhoramento ani-mal. Os trabalhos apresentados commaior relevância científica serão publi-cados na revista portuguesa de zootec-nia. A sessão de encerramento contoucom a presença do ministro daAgricultura, Pescas e das Florestas e daministra da Ciência e do EnsinoSuperior. Nesta sessão foram apresen-tadas as principais linhas de actuaçãodo Ministério da Agricultura no domínioda Ciência Animal, bem como as princi-pais preocupações ambientais relacio-nadas com o sector. No domínio doensino superior, a ministra apresentou

Encontro no Pinhão

No dia 25 de Setembro realizou-se oEncontro de Membros Eleitos daRegião Norte da Ordem dosEngenheiros, no Vintage Hotel, na vilado Pinhão.Esta foi uma boa oportunidade, paraos engenheiros nortenhos se reunireme debaterem as questões actuais maispertinentes relacionadas com a profis-são e fazer um balanço do percurso donovo corpo de dirigentes.

Lançamento Info

“A Ficha Técnica da Habitação é umaboa ideia, mas não saiu da melhor damaneira, tem várias insuficiências. (...)Carece de intervenção e rapidamente,até porque tem um defeito, na nossaopinião, e muito sério e grave, que é oda atribuição da responsabilidade daqualificação da ficha a uma entidadeque não existe”. A afirmação é do enge-nheiro Gerardo Saraiva de Menezes,presidente do Conselho Directivo daOrdem dos Engenheiros – Região Nortee foi feita no decorrer da sessão deapresentação da revista Info, magazinede informação daquele organismo.Com um novo grafismo e título, arevista da Ordem dos Engenheiros –

Região Norte (OERN) é dirigida peloengenheiro Luís Ramos, que explicaque a Info é um “instrumento de apro-ximação aos cidadãos e à sociedadeem geral”. “Contrariamente a outrasprofissões, a boa Engenharia que sefaz em Portugal, particularmente noNorte, tem sido uma profissão semrosto. O nosso primeiro desafio comoassociação profissional é dar rosto aesta profissão, daí ninguém melhor doque o engenheiro Simões Cortez”,explica o director da publicação.Por sua vez, Simões Cortez, o últimobastonário do Norte, não quis deixarde agradecer por ter sido tema da capado primeiro número da revista e apro-veitou a ocasião para dizer: “a Ordemdos Engenheiros não pára, fica sempremelhor. Tantas vezes nos acusam deser uma cooperação de interesses,mas a Ordem dos Engenheiros defen-de o bem comum, é isto que enobrecea Engenharia. Mas, temos de podar aárvore da Engenharia, dos engenhei-ros, os ramos podres, em defesa dobem comum”.Entre os convidados presentes, o lança-mento da Info recolheu opiniões favorá-veis. “Parece uma revista bem estrutu-rada, com títulos de interesse para a

classe, designadamente do ponto devista da legislação”, afirmou Maria daConceição Lobo, consultora jurídica daOERN. Na opinião de Fernando deAlmeida Santos, secretário do ConselhoDirectivo da OERN, a publicação está“muito mais canalizada para as áreasprofissionais e não para as áreas lúdi-cas e periféricas”.

Ministro da Agriculturareúne com ColégioAgronómico

No passado mês de Outubro o presi-dente do Colégio Nacional, ChaveiroSoares, e os membros do Colégio deEngenharia Agronómica da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros(OERN) participaram numa reuniãocom o ministro da Agricultura, Pescase das Florestas, dedicada exclusiva-mente à discussão dos principaisestrangulamentos que afectam o exer-cício da profissão no domínio daEngenharia Agronómica em Portugal.Nesta reunião os membros da Ordemexpressaram as principais preocupa-ções nesta matéria, tendo sido discu-tida a possibilidade de se promove-rem algumas alterações da legislação,como consequência da reforma doensino superior de acordo com oProcesso de Bolonha. A discussão dascompetências dos engenheiros zoo-técnicos constituiu outro dos pontoscentrais desta reunião, devendo aOERN entregar no referido ministérioum documento que expresse as prin-cipais competências neste domínio.

Identificação de equinoscom lei alterada

Na sequência dos contactos efectuados

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info Página 27VIDA ASSOCIATIVAinfoPágina 26 VIDA ASSOCIATIVA

A elevada riqueza hídrica associada àssuas características edafo-climáticas eà ocupação agrícola resultaram numenorme potencial revestido sob aforma de vários habitats, com origem(semi)natural desde zonas húmidas azonas não húmidas, propícios à exis-tência de uma grande diversidade deespécies florísticas e faunísticas. Em relação à flora convém realçar quese podem encontrar nesta zona espé-cies pouco comuns a outros locaisdado o habitat específico de zonahúmida. No total, a área protegida sus-tenta um vasto conjunto de espécies(inventariadas cerca de 500) que lheconferem importância biológica notó-ria, pelo vasto conjunto que abrange.Quanto à fauna, destaca-se a presençade espécies de animais de interessecomunitário que exigem protecção. Atítulo de exemplo pode referir-se: a lon-tra (Lutra lutra), o corço (Capreoluscapreolus), a rã-ibérica (Rana iberica).Após reflexão sobre alguns aspectosrelacionados com a Ordem, o Eng.Vítor Mendes, Vice-Presidente daCâmara Municipal, membro daComissão Directiva da Área Protegidae da Ordem, enquadrou os restantesmembros neste projecto desenvolvido

pelo Município, que permitiu a preser-vação de um dos cantos mais fascinan-tes e encantadores de Portugal e aí lan-çar as bases para nascer um grandeprojecto de desenvolvimento rural,com base na conservação da natureza,educação e formação para o Ambiente.Na primeira fase da visita, os mem-bros da Ordem realizaram um percur-so pedestre onde foi possível interpre-tarem os valores em presença no espa-ço e as acções de gestão levadas acabo pela Área Protegida, no sentidoda sua conservação e consequenteaproveitamento ao nível da formação esensibilização ambiental.Na segunda fase, visitaram o amploconjunto de infra-estruturas e equipa-mentos, resultante do projecto de valo-rização implementado pelo Municípiode Ponte de Lima, que tornam estaárea num local de eleição para osamantes da natureza e numa verdadei-ra escola para o ambiente, proporcio-nando o contacto directo de formaordenada com os valores em presençana mesma e zona envolvente.As infra-estruturas e equipamentosencontram-se divididos em dois pólos– a Área Protegida e a Quinta dePentieiros – que permitem a prestação

de serviços como a interpretação e ani-mação ambiental, alojamento e anima-ção turística que resultam para os visi-tantes numa oferta diversificada e inte-grada.A Área Protegida principalmente voca-cionada para a vertente ambiental estádotada com um Centro deInterpretação Ambiental, que incluirecepção/sala polivalente/loja, auditó-rio, mediateca e administração, sendoo contacto directo proporcionado pelarede de cinco percursos pedestres etrês rotas histórico-culturais. De realçara ECOVIA do Rio Lima, que estabelecea ligação entre a Área Protegida e a vilade Ponte de Lima, detentora de umimponente património histórico-cultu-ral.A Quinta de Pentieiros destaca-se pelaoferta de alojamento, através doParque de Campismo e Albergue queem conjunto com a Casa do Cucoconstituem a oferta de alojamento daÁrea Protegida, mas também pela ver-tente de animação turística onde odesporto aventura se cruza com asactividades associadas ao meio rural.Ainda assim, a pedagogia está bempatente neste espaço, através da quin-ta pedagógica que procura a divulga-ção e valorização dos valores e funçõesassociados ao espaço rural.A visita à Área Protegida terminou aofinal da manhã, seguindo-se um almo-ço, onde a gastronomia típica e o agra-dável acolhimento das gentes limianascontribuíram para o perfeito encerra-mento do encontro da OE.

73/73 em debate

No Auditório Alcínio Miguel da EscolaSuperior de Tecnologia e Gestão nasinstalações do Instituto Politécnico deBragança, no dia 12 de Novembro,

as linhas gerais do Processo de Bolonhano âmbito das Ciências Agrárias enqua-dradas num espaço comum europeu,numa perspectiva de mobilidade e deempregabilidade dos licenciados.

Dia Mundial dos Materiais

No dia 3 de Novembro realizou-se, naFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP), o IVEncontro Nacional do Colégio deEngenharia Metalúrgica e de Materiais,no Dia Mundial dos Materiais. A aber-tura e a primeira intervenção coube-ram ao presidente da ComissãoOrganizadora, Horácio Maia e Costa.O engenheiro Manuel Ferreira Oliveira,o presidente da Sociedade Portuguesade Materiais, José Marat Mendes, e opresidente do Colégio de EngenhariaMetalúrgica e de Materiais da Ordemdos Engenheiros, Pedro Vieira deCastro, foram os intervenientes seguin-tes. À tarde foram apresentados os tra-balhos dos candidatos.

O Papel dos Seguros

A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN) realizou na sua sede,no dia 4 de Novembro, um debatesobre “Transferência de Riscos deResponsabilidade Profissional daActividade de Engenharia. O Papeldos Seguros”.A apresentação do tema esteve acargo do engenheiro Carlos Rhodes.Através de um conjunto de slides,esclareceu às cerca de 25 pessoas queestavam presentes na Ordem as res-ponsabilidades associadas a actos deengenharia e as soluções actualmentedisponíveis no mercado segurador.A proposta de revisão do Decreto73/73 da OERN, mencionada no deba-te, “é a proposta que qualifica compe-tências e define responsabilidades deum conjunto alargado dos agentesque intervêm no processo de constru-ção: coordenadores, autores e reviso-res de projecto, coordenadores desegurança, coordenadores de fiscali-zação, directores de obra e agentes daadministração pública, considerandofundamental que todos eles sejamobrigados à transferência da respon-sabilidade civil associada à sua activi-

dade para uma companhia de segu-ros”.Depois da apresentação de 10 minu-tos de Carlos Rhodes, o engenheiropassou a palavra ao público. De inícioa plateia estava um pouco tímida,mas o presidente do ConselhoDirectivo, Gerardo Saraiva Menezes,rapidamente apressou-se a encoraja-la a fazer perguntas para esclarecereventuais dúvidas.Bastantes perguntas foram realizadaspelos presentes, umas mais difíceisdo que outras, mas independente-mente das situações Carlos Rhodessoube sempre dar respostas e solu-ções.

Visita a Lagoas de Bertiandos e a S. Pedro de Arcos

A Ordem dos Engenheiros (OE) pro-moveu, no passado dia 6 deNovembro, um encontro dos seusmembros nas Lagoas de Bertiandos eS. Pedro de Arcos, uma Área dePaisagem Protegida de ÂmbitoRegional com cerca de 350 hectaresgerida pelo Município de Ponte deLima. Esta área localiza-se no distritode Viana do Castelo, concelho dePonte de Lima, na margem direita dorio Lima e abrange parte das freguesiasde Bertiandos, S. Pedro de Arcos,Estorãos, Moreira do Lima, Sá eFontão.O espaço desenvolve-se na zona envol-vente a duas lagoas e margens do rioEstorãos e constitui uma paisagemdinâmica resultante da conjugação devários factores ambientais, mas tam-bém da harmonia entre as actividadeshumanas e a natureza ao longo degerações.

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info Página 27VIDA ASSOCIATIVAinfoPágina 26 VIDA ASSOCIATIVA

A elevada riqueza hídrica associada àssuas características edafo-climáticas eà ocupação agrícola resultaram numenorme potencial revestido sob aforma de vários habitats, com origem(semi)natural desde zonas húmidas azonas não húmidas, propícios à exis-tência de uma grande diversidade deespécies florísticas e faunísticas. Em relação à flora convém realçar quese podem encontrar nesta zona espé-cies pouco comuns a outros locaisdado o habitat específico de zonahúmida. No total, a área protegida sus-tenta um vasto conjunto de espécies(inventariadas cerca de 500) que lheconferem importância biológica notó-ria, pelo vasto conjunto que abrange.Quanto à fauna, destaca-se a presençade espécies de animais de interessecomunitário que exigem protecção. Atítulo de exemplo pode referir-se: a lon-tra (Lutra lutra), o corço (Capreoluscapreolus), a rã-ibérica (Rana iberica).Após reflexão sobre alguns aspectosrelacionados com a Ordem, o Eng.Vítor Mendes, Vice-Presidente daCâmara Municipal, membro daComissão Directiva da Área Protegidae da Ordem, enquadrou os restantesmembros neste projecto desenvolvido

pelo Município, que permitiu a preser-vação de um dos cantos mais fascinan-tes e encantadores de Portugal e aí lan-çar as bases para nascer um grandeprojecto de desenvolvimento rural,com base na conservação da natureza,educação e formação para o Ambiente.Na primeira fase da visita, os mem-bros da Ordem realizaram um percur-so pedestre onde foi possível interpre-tarem os valores em presença no espa-ço e as acções de gestão levadas acabo pela Área Protegida, no sentidoda sua conservação e consequenteaproveitamento ao nível da formação esensibilização ambiental.Na segunda fase, visitaram o amploconjunto de infra-estruturas e equipa-mentos, resultante do projecto de valo-rização implementado pelo Municípiode Ponte de Lima, que tornam estaárea num local de eleição para osamantes da natureza e numa verdadei-ra escola para o ambiente, proporcio-nando o contacto directo de formaordenada com os valores em presençana mesma e zona envolvente.As infra-estruturas e equipamentosencontram-se divididos em dois pólos– a Área Protegida e a Quinta dePentieiros – que permitem a prestação

de serviços como a interpretação e ani-mação ambiental, alojamento e anima-ção turística que resultam para os visi-tantes numa oferta diversificada e inte-grada.A Área Protegida principalmente voca-cionada para a vertente ambiental estádotada com um Centro deInterpretação Ambiental, que incluirecepção/sala polivalente/loja, auditó-rio, mediateca e administração, sendoo contacto directo proporcionado pelarede de cinco percursos pedestres etrês rotas histórico-culturais. De realçara ECOVIA do Rio Lima, que estabelecea ligação entre a Área Protegida e a vilade Ponte de Lima, detentora de umimponente património histórico-cultu-ral.A Quinta de Pentieiros destaca-se pelaoferta de alojamento, através doParque de Campismo e Albergue queem conjunto com a Casa do Cucoconstituem a oferta de alojamento daÁrea Protegida, mas também pela ver-tente de animação turística onde odesporto aventura se cruza com asactividades associadas ao meio rural.Ainda assim, a pedagogia está bempatente neste espaço, através da quin-ta pedagógica que procura a divulga-ção e valorização dos valores e funçõesassociados ao espaço rural.A visita à Área Protegida terminou aofinal da manhã, seguindo-se um almo-ço, onde a gastronomia típica e o agra-dável acolhimento das gentes limianascontribuíram para o perfeito encerra-mento do encontro da OE.

73/73 em debate

No Auditório Alcínio Miguel da EscolaSuperior de Tecnologia e Gestão nasinstalações do Instituto Politécnico deBragança, no dia 12 de Novembro,

as linhas gerais do Processo de Bolonhano âmbito das Ciências Agrárias enqua-dradas num espaço comum europeu,numa perspectiva de mobilidade e deempregabilidade dos licenciados.

Dia Mundial dos Materiais

No dia 3 de Novembro realizou-se, naFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP), o IVEncontro Nacional do Colégio deEngenharia Metalúrgica e de Materiais,no Dia Mundial dos Materiais. A aber-tura e a primeira intervenção coube-ram ao presidente da ComissãoOrganizadora, Horácio Maia e Costa.O engenheiro Manuel Ferreira Oliveira,o presidente da Sociedade Portuguesade Materiais, José Marat Mendes, e opresidente do Colégio de EngenhariaMetalúrgica e de Materiais da Ordemdos Engenheiros, Pedro Vieira deCastro, foram os intervenientes seguin-tes. À tarde foram apresentados os tra-balhos dos candidatos.

O Papel dos Seguros

A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN) realizou na sua sede,no dia 4 de Novembro, um debatesobre “Transferência de Riscos deResponsabilidade Profissional daActividade de Engenharia. O Papeldos Seguros”.A apresentação do tema esteve acargo do engenheiro Carlos Rhodes.Através de um conjunto de slides,esclareceu às cerca de 25 pessoas queestavam presentes na Ordem as res-ponsabilidades associadas a actos deengenharia e as soluções actualmentedisponíveis no mercado segurador.A proposta de revisão do Decreto73/73 da OERN, mencionada no deba-te, “é a proposta que qualifica compe-tências e define responsabilidades deum conjunto alargado dos agentesque intervêm no processo de constru-ção: coordenadores, autores e reviso-res de projecto, coordenadores desegurança, coordenadores de fiscali-zação, directores de obra e agentes daadministração pública, considerandofundamental que todos eles sejamobrigados à transferência da respon-sabilidade civil associada à sua activi-

dade para uma companhia de segu-ros”.Depois da apresentação de 10 minu-tos de Carlos Rhodes, o engenheiropassou a palavra ao público. De inícioa plateia estava um pouco tímida,mas o presidente do ConselhoDirectivo, Gerardo Saraiva Menezes,rapidamente apressou-se a encoraja-la a fazer perguntas para esclarecereventuais dúvidas.Bastantes perguntas foram realizadaspelos presentes, umas mais difíceisdo que outras, mas independente-mente das situações Carlos Rhodessoube sempre dar respostas e solu-ções.

Visita a Lagoas de Bertiandos e a S. Pedro de Arcos

A Ordem dos Engenheiros (OE) pro-moveu, no passado dia 6 deNovembro, um encontro dos seusmembros nas Lagoas de Bertiandos eS. Pedro de Arcos, uma Área dePaisagem Protegida de ÂmbitoRegional com cerca de 350 hectaresgerida pelo Município de Ponte deLima. Esta área localiza-se no distritode Viana do Castelo, concelho dePonte de Lima, na margem direita dorio Lima e abrange parte das freguesiasde Bertiandos, S. Pedro de Arcos,Estorãos, Moreira do Lima, Sá eFontão.O espaço desenvolve-se na zona envol-vente a duas lagoas e margens do rioEstorãos e constitui uma paisagemdinâmica resultante da conjugação devários factores ambientais, mas tam-bém da harmonia entre as actividadeshumanas e a natureza ao longo degerações.

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info Página 29VIDA ASSOCIATIVAinfoPágina 28 VIDA ASSOCIATIVA

barragens propriamente ditas e dascentrais eléctricas, foi possível visitaros túneis de descarga escavados narocha.Mais recentemente, no passado dia 30de Outubro, foi proporcionada umavisita técnica às obras do túnel rodo-viário que liga a Rua de Ceuta aoJardim do Carregal na Cidade do Porto,proporcionada pela Câmara Municipaldo Porto (dona da obra) e pelaGeodata SPA (fiscalização).Associada a esta visita, será tambémefectuada uma conferência, na sede daRegião Norte em data a anunciar,sobre os métodos utilizados na escava-ção, que, por terem envolvido a utiliza-ção de detonadores electrónicos, pen-samos também ser de grande interes-se para os membros do Colégio.A consulta frequente das notícias doColégio Regional do Norte deEngenharia Geológica e de Minas emwww.ordemdosengenheiros.pt permi-tir-lhe-á ficar ao corrente das realiza-ções e permitir a sua inscrição nasmesmas.Além disso, gostaríamos que nos mani-festassem as vossas opiniões sobreeventuais eventos que desejariam que oColégio proporcionasse. Para o efeitopoderão utilizar o endereço de e-mail:[email protected]á agora, gostaríamos de renovar onosso pedido para o envio da ficha deactualização de dados, sem esquecer oendereço electrónico. Caso não o pos-sua, crie o seu e-mail personalizado (---

[email protected]) no site www.ordem-dosengenheiros.pt

Visita de estudo ao Puerto Exterior de Ferrol, UTE

Em colaboração com os nossos colegase amigos do Colégio de Engenieiros deCaminos, Canales y Puertos, a Ordemdos Engenheiros organizou mais umavisita de estudo, desta vez, ao famosoPorto de Ferrol, situado na Galiza. Obraemblemática para os Galegos e paraEspanha devido à sua dimensão eimportante para as fontes energéticasdeste país, pois tem como principalobjectivo o desembarque da matéria-prima utilizada na sua Central Nuclear.Como já nos habituaram os nossoscolegas ‘engenierios’ no âmbito docooperação existente entre as duas ins-tituições, fomos recebidos, os aproxi-madamente 25 colegas portugueses,com toda a pompa e circunstância,pelos responsáveis do Puerto de Ferrolque nos forneceram toda a informaçãorelativa ao Porto existente bem comoao que está em construção.Agradecemos aos nossos colegas‘engenierios’, nomeadamente ao seuDecano, D. Juan Manuel ParamoNeira, toda a amabilidade e simpatiadisponibilizada.

Em memória do Engº António Serra

Natural de Santo Tirso, onde nasceu a22 de Setembro de 1917, faleceu no pas-sado dia 4 de Dezembro o nosso ilustrecolega António Dias da Costa Serra,Professor Jubilado do Instituto Superiorde Engenharia do Porto (ISEP) eMembro Conselheiro da Ordem dosEngenheiros. Ao registar este facto e exprimir o seuprofundo pesar pelo desaparecimentodeste nosso colega, a Info deixa aquialgumas notas breves, evocativas da suacarreira profissional.Tendo começado por tirar o curso deConstruções Civis, Obras Públicas eMinas no Instituto Industrial doPorto(IIP), frequentou posteriormente aFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP), ondeveio a licenciar-se em EngenhariaMecânica (1951) e em Engenharia Civil(1959). Exerceu funções docentes noensino superior desde 1951 até 1987, anoem que atingiu a jubilação. Foi assisten-te extraordinário do 5º Grupo da FEUP eprofessor do IIP, convertido no ISEP em1974.No IIP fez concurso por provas públicas– dissertação original, prova prática,interrogatório e lição – para professorordinário do 4º Grupo, tendo sido apro-vado por unanimidade. A 3 deDezembro de 1974, quando da publica-ção do decreto nº 830/74, por força doqual o IIP foi convertido no ISEP,desempenhava as funções de Sub-Director. No ISEP regeu as cadeiras de Órgãos deMáquinas e Mecânica Técnica, tendopertencido, desde o início, ao ConselhoCientífico. Exerceu uma actividade profissional nãodocente extremamente diversificada, nas

decorreu um seminário que tevecomo temas a Ficha Técnica daHabitação e Proposta da Ordem dosEngenheiros de Revisão do Decreto-lei 73/73. No debate participaram osseguintes membros da Ordem dosEngenheiros da Região Norte: o enge-nheiro Gerardo Saraiva, presidente doConselho Directivo, o professorHipólito Sousa, coordenador doColégio de Engenharia Civil, e o enge-nheiro Matos de Almeida, vogal doColégio de Engenharia Civil.

Job Shop FEUP 2004

Nos dias 23, 24 e 25 de Novembro, naFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) decor-reu um ‘job shop’ que contou comstands expositivos de 13 empresas.Repetentes de eventos anteriores esti-veram presentes a Ordem dosEngenheiros – Região Norte, CINFU,EFACEC, FASE, INFINEON, LACTO-GAL, Mbit, Mota Engil, REN e NET.Pela primeira vez a AFASSOCIADOS,ALTRAN, BLAUPUNKT, GAMETAL,ISQ associaram-se a esta iniciativa,que tem como objectivo proporcionarao estudantes o contacto com o mer-cado de trabalho quanto aos estágios

e saídas profissionais e a interacçãodestes com a orgânica das empresasparticipantes. Além disso, cria-se umaoportunidade para que os estudantesentreguem em mão os seus currícu-los.Nos dois primeiros dias do Job ShopFEUP 2004, decorreram várias pales-tras, nas quais cada empresa apresen-tou os seus produtos e serviços aopúblico-alvo.

Inaugurado pólo na Covilhã

A Covilhã, nos dias 26 e 27 deNovembro, foi palco da visita deengenheiros das várias especializa-ções, que se reuniram para comemo-rar o Dia Nacional dos Engenheiros. A recepção dos participantes doencontro ocorreu na Reitoria daUniversidade da Beira Interior (UBI).Debates, visitas guiadas, missa desufrágio por alma dos colegas faleci-dos preencheram o programa do fim-de-semana. A celebração do Dia Nacional dosEngenheiros foi também a ocasiãoescolhida para o bastonário da Ordem

dos Engenheiros, Fernando Santo,inaugurar um pólo desta associaçãona UBI.O pólo, instalado no edifício dasEngenharias, vai ficar sob alçada dadelegação distrital da Ordem, emCastelo Branco, o que o torna “pionei-ro a nível nacional” a este nível.Segundo Fernando Santo “tem havidoum défice muito grande de aproxima-ção dos alunos de Engenharia daque-la que será a sua futura associaçãoprofissional”, por isso tem de “haveruma maior ligação com os estudan-tes, perceber os seus problemas eapoiá-los em muitos domínios”.

Colégio Regional de EngenhariaGeológica e de Minas

O Colégio Regional do Norte deEngenharia Geológica e de Minaslevou a efeito um conjunto de iniciati-vas com o objectivo de permitir aoscolegas da especialidade, e não só, ocontacto com realidades de trabalhonas suas áreas de interesse.Promoveu, no passado dia 19 deJunho, uma visita às obras subterrâ-neas das estações do Metro do Porto,de Faria Guimarães e Combatentes,onde foi possível observar trabalhosvários de escavação, incluindo a utili-zação de explosivos, de suporte dosterrenos e de controlo geotécnico dosterrenos.Também, a 17 de Setembro passado,levou a efeito uma visita técnica àsobras dos aproveitamentos hidroeléc-tricos do rio Rabaçal, localizados juntoa Rebordões e Bouçoais-Sonim, pro-porcionada pela ENERSIS, SA (respon-sável pela obra) e pelo empreiteiroMota Engil, SA, onde, para além das

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info Página 29VIDA ASSOCIATIVAinfoPágina 28 VIDA ASSOCIATIVA

barragens propriamente ditas e dascentrais eléctricas, foi possível visitaros túneis de descarga escavados narocha.Mais recentemente, no passado dia 30de Outubro, foi proporcionada umavisita técnica às obras do túnel rodo-viário que liga a Rua de Ceuta aoJardim do Carregal na Cidade do Porto,proporcionada pela Câmara Municipaldo Porto (dona da obra) e pelaGeodata SPA (fiscalização).Associada a esta visita, será tambémefectuada uma conferência, na sede daRegião Norte em data a anunciar,sobre os métodos utilizados na escava-ção, que, por terem envolvido a utiliza-ção de detonadores electrónicos, pen-samos também ser de grande interes-se para os membros do Colégio.A consulta frequente das notícias doColégio Regional do Norte deEngenharia Geológica e de Minas emwww.ordemdosengenheiros.pt permi-tir-lhe-á ficar ao corrente das realiza-ções e permitir a sua inscrição nasmesmas.Além disso, gostaríamos que nos mani-festassem as vossas opiniões sobreeventuais eventos que desejariam que oColégio proporcionasse. Para o efeitopoderão utilizar o endereço de e-mail:[email protected]á agora, gostaríamos de renovar onosso pedido para o envio da ficha deactualização de dados, sem esquecer oendereço electrónico. Caso não o pos-sua, crie o seu e-mail personalizado (---

[email protected]) no site www.ordem-dosengenheiros.pt

Visita de estudo ao Puerto Exterior de Ferrol, UTE

Em colaboração com os nossos colegase amigos do Colégio de Engenieiros deCaminos, Canales y Puertos, a Ordemdos Engenheiros organizou mais umavisita de estudo, desta vez, ao famosoPorto de Ferrol, situado na Galiza. Obraemblemática para os Galegos e paraEspanha devido à sua dimensão eimportante para as fontes energéticasdeste país, pois tem como principalobjectivo o desembarque da matéria-prima utilizada na sua Central Nuclear.Como já nos habituaram os nossoscolegas ‘engenierios’ no âmbito docooperação existente entre as duas ins-tituições, fomos recebidos, os aproxi-madamente 25 colegas portugueses,com toda a pompa e circunstância,pelos responsáveis do Puerto de Ferrolque nos forneceram toda a informaçãorelativa ao Porto existente bem comoao que está em construção.Agradecemos aos nossos colegas‘engenierios’, nomeadamente ao seuDecano, D. Juan Manuel ParamoNeira, toda a amabilidade e simpatiadisponibilizada.

Em memória do Engº António Serra

Natural de Santo Tirso, onde nasceu a22 de Setembro de 1917, faleceu no pas-sado dia 4 de Dezembro o nosso ilustrecolega António Dias da Costa Serra,Professor Jubilado do Instituto Superiorde Engenharia do Porto (ISEP) eMembro Conselheiro da Ordem dosEngenheiros. Ao registar este facto e exprimir o seuprofundo pesar pelo desaparecimentodeste nosso colega, a Info deixa aquialgumas notas breves, evocativas da suacarreira profissional.Tendo começado por tirar o curso deConstruções Civis, Obras Públicas eMinas no Instituto Industrial doPorto(IIP), frequentou posteriormente aFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP), ondeveio a licenciar-se em EngenhariaMecânica (1951) e em Engenharia Civil(1959). Exerceu funções docentes noensino superior desde 1951 até 1987, anoem que atingiu a jubilação. Foi assisten-te extraordinário do 5º Grupo da FEUP eprofessor do IIP, convertido no ISEP em1974.No IIP fez concurso por provas públicas– dissertação original, prova prática,interrogatório e lição – para professorordinário do 4º Grupo, tendo sido apro-vado por unanimidade. A 3 deDezembro de 1974, quando da publica-ção do decreto nº 830/74, por força doqual o IIP foi convertido no ISEP,desempenhava as funções de Sub-Director. No ISEP regeu as cadeiras de Órgãos deMáquinas e Mecânica Técnica, tendopertencido, desde o início, ao ConselhoCientífico. Exerceu uma actividade profissional nãodocente extremamente diversificada, nas

decorreu um seminário que tevecomo temas a Ficha Técnica daHabitação e Proposta da Ordem dosEngenheiros de Revisão do Decreto-lei 73/73. No debate participaram osseguintes membros da Ordem dosEngenheiros da Região Norte: o enge-nheiro Gerardo Saraiva, presidente doConselho Directivo, o professorHipólito Sousa, coordenador doColégio de Engenharia Civil, e o enge-nheiro Matos de Almeida, vogal doColégio de Engenharia Civil.

Job Shop FEUP 2004

Nos dias 23, 24 e 25 de Novembro, naFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) decor-reu um ‘job shop’ que contou comstands expositivos de 13 empresas.Repetentes de eventos anteriores esti-veram presentes a Ordem dosEngenheiros – Região Norte, CINFU,EFACEC, FASE, INFINEON, LACTO-GAL, Mbit, Mota Engil, REN e NET.Pela primeira vez a AFASSOCIADOS,ALTRAN, BLAUPUNKT, GAMETAL,ISQ associaram-se a esta iniciativa,que tem como objectivo proporcionarao estudantes o contacto com o mer-cado de trabalho quanto aos estágios

e saídas profissionais e a interacçãodestes com a orgânica das empresasparticipantes. Além disso, cria-se umaoportunidade para que os estudantesentreguem em mão os seus currícu-los.Nos dois primeiros dias do Job ShopFEUP 2004, decorreram várias pales-tras, nas quais cada empresa apresen-tou os seus produtos e serviços aopúblico-alvo.

Inaugurado pólo na Covilhã

A Covilhã, nos dias 26 e 27 deNovembro, foi palco da visita deengenheiros das várias especializa-ções, que se reuniram para comemo-rar o Dia Nacional dos Engenheiros. A recepção dos participantes doencontro ocorreu na Reitoria daUniversidade da Beira Interior (UBI).Debates, visitas guiadas, missa desufrágio por alma dos colegas faleci-dos preencheram o programa do fim-de-semana. A celebração do Dia Nacional dosEngenheiros foi também a ocasiãoescolhida para o bastonário da Ordem

dos Engenheiros, Fernando Santo,inaugurar um pólo desta associaçãona UBI.O pólo, instalado no edifício dasEngenharias, vai ficar sob alçada dadelegação distrital da Ordem, emCastelo Branco, o que o torna “pionei-ro a nível nacional” a este nível.Segundo Fernando Santo “tem havidoum défice muito grande de aproxima-ção dos alunos de Engenharia daque-la que será a sua futura associaçãoprofissional”, por isso tem de “haveruma maior ligação com os estudan-tes, perceber os seus problemas eapoiá-los em muitos domínios”.

Colégio Regional de EngenhariaGeológica e de Minas

O Colégio Regional do Norte deEngenharia Geológica e de Minaslevou a efeito um conjunto de iniciati-vas com o objectivo de permitir aoscolegas da especialidade, e não só, ocontacto com realidades de trabalhonas suas áreas de interesse.Promoveu, no passado dia 19 deJunho, uma visita às obras subterrâ-neas das estações do Metro do Porto,de Faria Guimarães e Combatentes,onde foi possível observar trabalhosvários de escavação, incluindo a utili-zação de explosivos, de suporte dosterrenos e de controlo geotécnico dosterrenos.Também, a 17 de Setembro passado,levou a efeito uma visita técnica àsobras dos aproveitamentos hidroeléc-tricos do rio Rabaçal, localizados juntoa Rebordões e Bouçoais-Sonim, pro-porcionada pela ENERSIS, SA (respon-sável pela obra) e pelo empreiteiroMota Engil, SA, onde, para além das

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info Página 31VIDA ASSOCIATIVA

Tive, mais tarde, a oportunidade de pre-senciar o seu espírito investigador noLaboratório de Ensaio de Materiais,onde desenvolveu estudos, os maisdiversos, sobre betão, suas composi-ções, seus aditivos, suas aplicações,para transmitir as conclusões aos alu-nos.Recorde-se que este material de constru-ção, inventado no século XIX, tornou-se,manifestamente, o material de constru-ção do século XX, pela extensão dassuas aplicações neste século. Pois oProf. Joaquim Sampaio era consideradoentre nós o “papa do betão”.A sua última lição não podia deixar deser sobre esse material e intitulou-se “Ofabrico de betão na Lua”! O Prof.Sampaio demostrou então, sem qual-quer suporte audiovisual ou texto escri-to, a possibilidade de se fabricar aquelematerial no nosso satélite! Outra carac-terística do bom Engenheiro: a capacida-de de prever apoiada em sólida funda-mentação científica e técnica.Foi também projectista e consultor, alar-gando à Sociedade a sua dimensão debom e verdadeiro Engenheiro.Possuidor de raras qualidades humanasde convivência, alegria, permanentebom humor, amizade e boa disposição,apenas lhe conheci, para mim, um defei-to: era adepto ferrenho, incondicional,do F.C.Porto!José António Simões CortezProf. Cat. Jub. da FEUPAntigo Aluno

Obrigado Professor Sampaio

Joaquim da Conceição Sampaio, conhe-cido por todos como o ProfessorSampaio, foi uma figura ímpar comomestre e como engenheiro, tendo eleva-do bem alto o nome da Engenharia por-

tuguesa quer no País, de Norte a Sul,quer além-fronteiras. Professor dedicado com extraordináriascapacidades de cativar os seus alunos,abria a primeira porta para a realidadedo que é ser engenheiro, profissãonobre de que todos muito nos devemosorgulhar. Não podemos deixar de evocaros seus brilhantes ensinamentos cominvulgar objectividade e sentido prático,que, estamos certos, influenciaram operfil profissional de todos aqueles quenos bancos da nossa saudosa faculdadeda Rua dos Bragas assistiram às suasaulas.Tivemos o especial privilégio de conviverde muito perto com o ProfessorSampaio desde o final dos anos 70 atéhá pouco tempo atrás, quando a doençao impossibilitou de continuar a trabalharna engenharia de que tanto gostava, pri-meiro como alunos, depois como seusassistentes e colaboradores profissionaise sempre contando com a sua amizade.Sempre disponível para ensinar, ajudarou resolver qualquer problema profissio-nal, sabíamos que se podia em qualquercircunstância contar com ele.Guardamos na memória de forma bemviva as múltiplas situações em que afor-tunadamente pudemos contar com asua inestimável e desinteressada ajuda. Foram vários os projectos e trabalhosque tivemos a honra de conjuntamenteempreender ao longo de mais de duasdécadas. Em todos eles aprendemos. Não é fácil escrever sobre alguém quenos toca de tão perto e a quem tantodevemos. Não sabemos qual a facetaque mais nos influenciou, se a do pro-fessor, a do engenheiro ou a do homem.Seguramente todas elas nos enriquece-ram. Uma coisa é certa, marcou da melhorforma muitas gerações de engenheiros.A sua maneira de encarar a engenhariae, em especial, a vida é e será sempreum exemplo a seguir.

Obrigado Professor Sampaio. Eduardo Marinho MarquesJoaquim Mateus Gomes

infoPágina 30 VIDA ASSOCIATIVA

áreas de engenharia de Minas, Mecânicae Civil. Fundou e dirigiu o GabineteTécnico da Trofa, em que a sua activida-de como engenheiro Civil foi particular-mente intensa e relevante. Em conse-quência do seu valioso currículo nestaárea, foi-lhe outorgado o nível de qualifi-cação C1 – a mais alta qualificação pro-fissional – pelo Conselho DirectivoNacional da Ordem dos Engenheiros(actual nível de Membro Conselheiro), a17 de Março de 1989.Possuidor de notáveis qualidades huma-nas, foi um professor competente e rigo-roso, muito apreciado pelos seus alu-nos, e um engenheiro de elevado mérito

e valor profissional.

Prémios escolares

O Conselho Directivo da Ordem dosEngenheiros – Região Norte (OERN)decidiu instituir, com carácter anual, pré-mios escolares aos recém-licenciadosdas várias Escolas de Engenharia daRegião Norte, dos cursos acreditadospela Ordem. Estes prémios, cujos regu-lamentos serão brevemente acordadoscom as respectivas escolas, visarão, porum lado, homenagear uma figura ilustre

da Engenharia Portuguesa da respectivaespecialidade e, por outro lado, agraciaros recém-licenciados que se tenham dis-tinguido, não só com uma boa classifi-cação geral do curso, mas também comum trabalho técnico-científico de méritoreconhecido. Aproveitamos para salien-tar desde já que, na sequência da home-nagem que a OERN prestou ao ilustreprofessor Corrêa de Barros no dia 7 deOutubro, o prémio a atribuir no caso daEspecialidade de Electrotecnia, serádesignado por Prémio EngenheiroCorrêa de Barros.

II Seminário sobre Intervenção no Património

Na sequência do sucesso alcançado noprimeiro seminário promovido pelaFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) em parce-ria com a Direcção Geral dos Edifícios eMonumentos Nacionais (DGEMN), asduas entidades estão a organizar o IISeminário sobre a Intervenção noPatrimónio; Práticas de Conservação eReabilitação. É intenção dos organizado-res que este evento seja potenciador deum debate alargado sobre o patrimónioconstruído, de reflexão sobre o seu esta-do actual e de como intervir de formasustentada numa perspectiva de futuro.As áreas em debate repartem-se porcinco sessões dedicadas a temas degrande actualidade no domínio do patri-mónio edificado: Perspectivas para aConservação e Reabilitação doPatrimónio e sua Inventariação; CasosPráticos de Intervenção em PatrimónioEdificado; Técnicas de Diagnóstico eInspecção; Reforço Estrutural; DasTécnicas Tradicionais às NovasTecnologias.

Professor Sampaio

Conheci o Prof. Joaquim Sampaio comomeu assistente na cadeira deConstruções e Instalações Industriais doCurso de Minas da Faculdade deEngenharia.Desde logo se salientava uma das suascaracterísticas de bom Engenheiro: avisão prática dos problemas, a noçãoclara da realidade, de certo modo emcontraponto com o rigor matemáticodas fórmulas.Ainda conservo o Caderno que então seusava, com os problemas dados: dese-nho da cobertura de uma casa, cálculode uma chaminé de tijolo, cálculo de ummaciço de fundação de máquina, etc.Não voltei a tê-lo como professor porser do curso de Minas, mas a convivên-cia amiga continuou. Foi o Prof. Joaquim Sampaio que meindicou para resolver os problemas, decarácter hidrogeológico, da construçãoda fábrica da Maia da SiderurgiaNacional. E em conjunto, trabalhamos ediscutimos problemas de drenagem desolos e coesão de maciços terrosos nemsempre fáceis: as fundações do fornoprincipal e do laminador!...Recordo a fotografia da Imposição deInsígnias no Salão Nobre da Faculdade,em Maio de 1958, em que a Mesa, presi-dida pelo Prof. Corrêa de Barros, eracomposta pelos professores AdrianoRodrigues, Carlos Carvalho, ÁlvaresRibeiro, Joaquim Sampaio, JazelinoCosta, Faro Barros e o representante dosalunos Cardoso Ferreira. O Prof.Joaquim Sampaio mirava a assistênciacom interesse evidente, revelando,mesmo em dia de festa, outra das quali-dades do Engenheiro: o espírito observa-dor e atento dos fenómenos que sedesenrolam à sua volta.

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info Página 31VIDA ASSOCIATIVA

Tive, mais tarde, a oportunidade de pre-senciar o seu espírito investigador noLaboratório de Ensaio de Materiais,onde desenvolveu estudos, os maisdiversos, sobre betão, suas composi-ções, seus aditivos, suas aplicações,para transmitir as conclusões aos alu-nos.Recorde-se que este material de constru-ção, inventado no século XIX, tornou-se,manifestamente, o material de constru-ção do século XX, pela extensão dassuas aplicações neste século. Pois oProf. Joaquim Sampaio era consideradoentre nós o “papa do betão”.A sua última lição não podia deixar deser sobre esse material e intitulou-se “Ofabrico de betão na Lua”! O Prof.Sampaio demostrou então, sem qual-quer suporte audiovisual ou texto escri-to, a possibilidade de se fabricar aquelematerial no nosso satélite! Outra carac-terística do bom Engenheiro: a capacida-de de prever apoiada em sólida funda-mentação científica e técnica.Foi também projectista e consultor, alar-gando à Sociedade a sua dimensão debom e verdadeiro Engenheiro.Possuidor de raras qualidades humanasde convivência, alegria, permanentebom humor, amizade e boa disposição,apenas lhe conheci, para mim, um defei-to: era adepto ferrenho, incondicional,do F.C.Porto!José António Simões CortezProf. Cat. Jub. da FEUPAntigo Aluno

Obrigado Professor Sampaio

Joaquim da Conceição Sampaio, conhe-cido por todos como o ProfessorSampaio, foi uma figura ímpar comomestre e como engenheiro, tendo eleva-do bem alto o nome da Engenharia por-

tuguesa quer no País, de Norte a Sul,quer além-fronteiras. Professor dedicado com extraordináriascapacidades de cativar os seus alunos,abria a primeira porta para a realidadedo que é ser engenheiro, profissãonobre de que todos muito nos devemosorgulhar. Não podemos deixar de evocaros seus brilhantes ensinamentos cominvulgar objectividade e sentido prático,que, estamos certos, influenciaram operfil profissional de todos aqueles quenos bancos da nossa saudosa faculdadeda Rua dos Bragas assistiram às suasaulas.Tivemos o especial privilégio de conviverde muito perto com o ProfessorSampaio desde o final dos anos 70 atéhá pouco tempo atrás, quando a doençao impossibilitou de continuar a trabalharna engenharia de que tanto gostava, pri-meiro como alunos, depois como seusassistentes e colaboradores profissionaise sempre contando com a sua amizade.Sempre disponível para ensinar, ajudarou resolver qualquer problema profissio-nal, sabíamos que se podia em qualquercircunstância contar com ele.Guardamos na memória de forma bemviva as múltiplas situações em que afor-tunadamente pudemos contar com asua inestimável e desinteressada ajuda. Foram vários os projectos e trabalhosque tivemos a honra de conjuntamenteempreender ao longo de mais de duasdécadas. Em todos eles aprendemos. Não é fácil escrever sobre alguém quenos toca de tão perto e a quem tantodevemos. Não sabemos qual a facetaque mais nos influenciou, se a do pro-fessor, a do engenheiro ou a do homem.Seguramente todas elas nos enriquece-ram. Uma coisa é certa, marcou da melhorforma muitas gerações de engenheiros.A sua maneira de encarar a engenhariae, em especial, a vida é e será sempreum exemplo a seguir.

Obrigado Professor Sampaio. Eduardo Marinho MarquesJoaquim Mateus Gomes

infoPágina 30 VIDA ASSOCIATIVA

áreas de engenharia de Minas, Mecânicae Civil. Fundou e dirigiu o GabineteTécnico da Trofa, em que a sua activida-de como engenheiro Civil foi particular-mente intensa e relevante. Em conse-quência do seu valioso currículo nestaárea, foi-lhe outorgado o nível de qualifi-cação C1 – a mais alta qualificação pro-fissional – pelo Conselho DirectivoNacional da Ordem dos Engenheiros(actual nível de Membro Conselheiro), a17 de Março de 1989.Possuidor de notáveis qualidades huma-nas, foi um professor competente e rigo-roso, muito apreciado pelos seus alu-nos, e um engenheiro de elevado mérito

e valor profissional.

Prémios escolares

O Conselho Directivo da Ordem dosEngenheiros – Região Norte (OERN)decidiu instituir, com carácter anual, pré-mios escolares aos recém-licenciadosdas várias Escolas de Engenharia daRegião Norte, dos cursos acreditadospela Ordem. Estes prémios, cujos regu-lamentos serão brevemente acordadoscom as respectivas escolas, visarão, porum lado, homenagear uma figura ilustre

da Engenharia Portuguesa da respectivaespecialidade e, por outro lado, agraciaros recém-licenciados que se tenham dis-tinguido, não só com uma boa classifi-cação geral do curso, mas também comum trabalho técnico-científico de méritoreconhecido. Aproveitamos para salien-tar desde já que, na sequência da home-nagem que a OERN prestou ao ilustreprofessor Corrêa de Barros no dia 7 deOutubro, o prémio a atribuir no caso daEspecialidade de Electrotecnia, serádesignado por Prémio EngenheiroCorrêa de Barros.

II Seminário sobre Intervenção no Património

Na sequência do sucesso alcançado noprimeiro seminário promovido pelaFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) em parce-ria com a Direcção Geral dos Edifícios eMonumentos Nacionais (DGEMN), asduas entidades estão a organizar o IISeminário sobre a Intervenção noPatrimónio; Práticas de Conservação eReabilitação. É intenção dos organizado-res que este evento seja potenciador deum debate alargado sobre o patrimónioconstruído, de reflexão sobre o seu esta-do actual e de como intervir de formasustentada numa perspectiva de futuro.As áreas em debate repartem-se porcinco sessões dedicadas a temas degrande actualidade no domínio do patri-mónio edificado: Perspectivas para aConservação e Reabilitação doPatrimónio e sua Inventariação; CasosPráticos de Intervenção em PatrimónioEdificado; Técnicas de Diagnóstico eInspecção; Reforço Estrutural; DasTécnicas Tradicionais às NovasTecnologias.

Professor Sampaio

Conheci o Prof. Joaquim Sampaio comomeu assistente na cadeira deConstruções e Instalações Industriais doCurso de Minas da Faculdade deEngenharia.Desde logo se salientava uma das suascaracterísticas de bom Engenheiro: avisão prática dos problemas, a noçãoclara da realidade, de certo modo emcontraponto com o rigor matemáticodas fórmulas.Ainda conservo o Caderno que então seusava, com os problemas dados: dese-nho da cobertura de uma casa, cálculode uma chaminé de tijolo, cálculo de ummaciço de fundação de máquina, etc.Não voltei a tê-lo como professor porser do curso de Minas, mas a convivên-cia amiga continuou. Foi o Prof. Joaquim Sampaio que meindicou para resolver os problemas, decarácter hidrogeológico, da construçãoda fábrica da Maia da SiderurgiaNacional. E em conjunto, trabalhamos ediscutimos problemas de drenagem desolos e coesão de maciços terrosos nemsempre fáceis: as fundações do fornoprincipal e do laminador!...Recordo a fotografia da Imposição deInsígnias no Salão Nobre da Faculdade,em Maio de 1958, em que a Mesa, presi-dida pelo Prof. Corrêa de Barros, eracomposta pelos professores AdrianoRodrigues, Carlos Carvalho, ÁlvaresRibeiro, Joaquim Sampaio, JazelinoCosta, Faro Barros e o representante dosalunos Cardoso Ferreira. O Prof.Joaquim Sampaio mirava a assistênciacom interesse evidente, revelando,mesmo em dia de festa, outra das quali-dades do Engenheiro: o espírito observa-dor e atento dos fenómenos que sedesenrolam à sua volta.

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HOMENAGEM

AO PROF. JOAQUIM

DA CONCEIÇÃO SAMPAIO

(1924-2004)

Registamos com muito pesar o faleci-mento no passado dia 14 de Outubrodo Prof. Joaquim Sampaio. Professore Engenheiro Ilustre, Mestre de inú-meras gerações de Engenheiros Civisque passaram pela FEUP, será sem-pre recordado por nós e pelos quecom ele privaram pela sua competên-cia e disponibilidade para todos queo procuravam, buscando com fre-quência ajuda nos múltiplos domí-nios em que era especialista. O Prof.Joaquim Sampaio era também umexcelente exemplo de Mestre naEngenharia de corpo inteiro, simbio-se entre o profundo domínio científi-co dos vários temas que leccionava ea segurança e experiência que emana-va da sua rica e diversificada activida-de como Engenheiro. O Prof. Joaquim Sampaio irá serobjecto de uma merecida homena-gem que terá lugar no próximo dia 14de Janeiro no Auditório da FEUP, pro-movida pela Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto, RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros e aAICCOPN - Associação dosIndustriais de Construção Civil eObras Públicas. A cerimónia, quegostaríamos que fosse o mais partici-pada possível, contará com interven-ções de um conjunto de personalida-des ligadas à vida académica, profis-sional, cultural e familiar do homena-geado.Nascido no Porto a 24 de Junho de1924, Joaquim da Conceição Sampaioconcluiu o Curso de Engenharia Civilna FEUP em 1948, realizou um está-gio em 1953 em Paris, junto de A.

Guerrin, doutorou-se em EngenhariaCivil em 1955, ascendendo à categoriamáxima de Professor Catedrático daFEUP em 1979. O Prof. Sampaio lec-cionou a sua última aula em Junhode 1974. O Prof. Sampaio foi responsável naFEUP por múltiplas disciplinas,Materiais de Construção, Resistênciados Materiais, ConstruçõesIndustriais, Processos de Construçãoe Betão Armado. Leccionou igual-mente em vários Mestrados, colabo-rou, nos anos lectivos de 1982 a 1984no Curso de Engenharia Civil daUniversidade do Minho onde leccio-nou Materiais de Construção. Fezparte do Conselho Científico daESBAP (1977) e da ComissãoInstaladora da Faculdade deArquitectura da UP.O Prof. Sampaio era o rosto doLaboratório de Ensaio de Materiaisda FEUP a que esteve ligado com res-ponsabilidades desde 1958, sendoseu Director de 1974 a 1997. OLaboratório de Ensaio de Materiaisdesempenhou um papel importantís-simo no ensino experimental naEngenharia Civil e no serviço queprestou à comunidade durante mui-tos anos, em que foi praticamente aúnica unidade laboratorial de referên-cia na área, para além do LNEC. OProf. Sampaio desenvolveu largainvestigação e era especialista dereferência nacional e internacional naárea do comportamento das peças debetão armado e betões e liganteshidráulicos. Nessa qualidade foivogal do Conselho Superior de ObrasPúblicas, fez parte de váriasComissões que produziram regula-mentos e normas técnicas nas áreasem que era especialista. Foi membroactivo do CEB e da RILEM com envol-vimento na produção de recomenda-ções dessas entidades. Foi autor de

múltiplas publicações científicas.Proferiu lições em inúmeros cursos,colóquios, conferências e congressos,em Portugal, nas antigas provínciasultramarinas e em vários países.Orientou e participou em muitosJúris de Teses de Doutoramento,Especialista LNEC e Mestrado. JáJubilado manteve durante vários anosactividade intensa enquanto a saúdelhe permitiu, tendo nos últimos anosdesenvolvido investigação, sobretudona área da durabilidade dos betões edos betões reciclados.Era membro da Ordem dosEngenheiros, tendo feito parte daComissão de Admissão deQualificação da OE. Era ainda mem-bro do Grupo Português de Pré-Esforçado, Grupo Português deEngenharia de Estruturas, AmericanConcrete Institute e Comité Euro-International du Béton.Para além da vertente académicadesenvolveu notável actividade pro-fissional como Engenheiro Civil, indi-vidualmente e em colaboração, tendoprojectado e dirigido a construção demúltiplas estruturas, sobretudo debetão armado e pré-esforçado, desig-nadamente obras de arte – pontesobre o rio Arda, ponte da Ferradosasobre o rio Douro, ponte sobre o rioCávado – edifícios religiosos, indus-triais, de habitação e comércio.O Prof. Sampaio foi ainda consultordo CRUARB, dos Gabinetes Vértice eTecnopor, da empresa de ConstruçãoSoares da Costa, da Ferdouro e dasempresas ligadas ao fornecimento debetão pronto e pré-esforçados BetãoLiz, Betopal e Cerpol.

info Página 33AGENDA

HOMENAGEM

14 JANEIRO. LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: OERN, FEUP e AICCOPNHOMENAGEM AO PROF. JOAQUIM SAMPAIODe forma a recordar o professor e engenheiro JoaquimSampaio, falecido no passado dia 14 de Outubro, realiza-sea 14 de Janeiro, na FEUP, uma cerimónia de homenagem,que contará com intervenções de amigos, colegas e familia-res, como Braga da Cruz, Carlos Costa, Reis Campos, J.Sarmento, Novais Barbosa, Guedes Coelho, Álvares Ribeiro,Esteves Ferreira, entre outros. Segue-se uma apresentaçãobiográfica em suporte multimédia e o encerramento seráfeito pelo secretário de Estado das Obras Públicas. Destasessão ainda consta o descerramento na FEUP de umaplaca alusiva à memória do professor e a distribuição deum livro de homenagem.

CONGRESSOS E SEMINÁRIOS

9 E 10 DEZEMBRO. LOCAL: EXPONORORGANIZAÇÃO: Associação Portuguesa de EngenheirosZootécnicosII JORNADAS DE CINEGÉTICA E DE EQUINICULTURAAs II Jornadas de Cinegética pretendem reunir os principaisespecialistas nacionais no âmbito da cinegética, com o objecti-vo de serem discutidos temas da actualidade, como a questãoda sustentabilidade do sector em Portugal. Deste modo, esta-rão presentes representantes das Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Porto, da Direcção-Geral dasFlorestas, do Instituto da Conservação da Natureza, daConfederação Nacional de Caçadores Portugueses, entreoutros. A produção de espécies com interesse cinegético cons-titui outro dos temas centrais desta iniciativa, merecendo des-taque a produção de perdiz vermelha e de coelho bravo.Em paralelo, realizam-se as II Jornadas Internacionais deEquinicultura que reúnem numerosos especialistas de reco-nhecido mérito nacional e internacional. Pretende-se anali-sar alguns temas actuais, em particular as questões relacio-nadas com a alimentação do cavalo de desporto, as instala-ções e equipamentos. A análise das perspectivas do despor-to equestre em Portugal constitui outro dos pontos centraisdeste evento, contando com a participação de representan-tes do Serviço Nacional Coudélico, da Federação EquestrePortuguesa, das Associações Portuguesas de Criadores deCavalo Puro Sangue Lusitano (APSL) e Inglês (APSI), doKentucky Equine Research Center, do Centro de NutriciónEquina, entre outras instituições.

13 A 15 DEZEMBRO. LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: Departamento de Engenharia Civil da FEUPCONSTRUÇÃO 2004 - 2º CONGRESSONACIONAL DA CONSTRUÇÃO

24 E 25 FEVEREIRO. Local: Auditório da FEUPOrganização: OERN/FEUP/APSET V COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRESEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHOQUINTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIROSessão 1: A formação de profissionais de SHST como pilarfundamental da prevenção de riscos.Moderador: Dr. Luís Conceição Freitas, Presidente da APSET.Temas: Aprofundar a aproximação da formação de técnicos desegurança e higiene do trabalho às actividades das empresas;Referenciais para a qualificação de Coordenadores deSegurança na Construção; A formação dos médicos do traba-lho face aos novos modelos de intervenção nas empresas. Sessão 2: O impacto da legislação de SHST nas empresas ena actividade dos profissionais de SHST.Moderador: Dr. Fernando Cabral, Director do Departamento.da Segurança do Trabalho da REFER.Temas: Código do Trabalho: novas obrigações em matéria deSHST?; As especificidades do enquadramento legislativo dagestão da segurança do trabalho nos empreendimentos cons-trutivos; O enquadramento legislativo da deontologia e dasresponsabilidades dos profissionais de SHST.Sessão 3: Análise dos acidentes de trabalho e das doençasprofissionais.Moderador: Eng. Paulino Pereira, Delegado Coordenador da IGT – Porto.Temas: Inquéritos às condições de trabalho na UE: que con-clusões?; As causas dos acidentes mortais em Portugal e ainvestigação pública; O stresse como factor de risco e a suaabordagem pelas empresas.SEXTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO Sessão 4: A abordagem da SHST através dos equipamentosde trabalho.Moderador: Eng. Alberto Fonseca FEUP/CATIM.Temas: As regras de mercado das máquinas e a abordagem dasegurança intrínseca; As especificidades dos equipamentos detrabalho na construção civil e obras públicas; Avaliação de ris-cos e metodologias de controlo na utilização de equipamentosde trabalho.Sessão 5: Boas práticas na prevenção de riscos profissionais.Moderador: Eng. Luís Bragança, Universidade do Minho.Temas: A gestão de riscos na REFER; O sistema de prevençãodo Grupo EDP; O sistema de controlo da sinistralidade laboralda Autoeuropa.Conferência Técnica: Gestão e Coordenação de Segurança: que

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infoPágina 32 VIDA ASSOCIATIVA

HOMENAGEM

AO PROF. JOAQUIM

DA CONCEIÇÃO SAMPAIO

(1924-2004)

Registamos com muito pesar o faleci-mento no passado dia 14 de Outubrodo Prof. Joaquim Sampaio. Professore Engenheiro Ilustre, Mestre de inú-meras gerações de Engenheiros Civisque passaram pela FEUP, será sem-pre recordado por nós e pelos quecom ele privaram pela sua competên-cia e disponibilidade para todos queo procuravam, buscando com fre-quência ajuda nos múltiplos domí-nios em que era especialista. O Prof.Joaquim Sampaio era também umexcelente exemplo de Mestre naEngenharia de corpo inteiro, simbio-se entre o profundo domínio científi-co dos vários temas que leccionava ea segurança e experiência que emana-va da sua rica e diversificada activida-de como Engenheiro. O Prof. Joaquim Sampaio irá serobjecto de uma merecida homena-gem que terá lugar no próximo dia 14de Janeiro no Auditório da FEUP, pro-movida pela Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto, RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros e aAICCOPN - Associação dosIndustriais de Construção Civil eObras Públicas. A cerimónia, quegostaríamos que fosse o mais partici-pada possível, contará com interven-ções de um conjunto de personalida-des ligadas à vida académica, profis-sional, cultural e familiar do homena-geado.Nascido no Porto a 24 de Junho de1924, Joaquim da Conceição Sampaioconcluiu o Curso de Engenharia Civilna FEUP em 1948, realizou um está-gio em 1953 em Paris, junto de A.

Guerrin, doutorou-se em EngenhariaCivil em 1955, ascendendo à categoriamáxima de Professor Catedrático daFEUP em 1979. O Prof. Sampaio lec-cionou a sua última aula em Junhode 1974. O Prof. Sampaio foi responsável naFEUP por múltiplas disciplinas,Materiais de Construção, Resistênciados Materiais, ConstruçõesIndustriais, Processos de Construçãoe Betão Armado. Leccionou igual-mente em vários Mestrados, colabo-rou, nos anos lectivos de 1982 a 1984no Curso de Engenharia Civil daUniversidade do Minho onde leccio-nou Materiais de Construção. Fezparte do Conselho Científico daESBAP (1977) e da ComissãoInstaladora da Faculdade deArquitectura da UP.O Prof. Sampaio era o rosto doLaboratório de Ensaio de Materiaisda FEUP a que esteve ligado com res-ponsabilidades desde 1958, sendoseu Director de 1974 a 1997. OLaboratório de Ensaio de Materiaisdesempenhou um papel importantís-simo no ensino experimental naEngenharia Civil e no serviço queprestou à comunidade durante mui-tos anos, em que foi praticamente aúnica unidade laboratorial de referên-cia na área, para além do LNEC. OProf. Sampaio desenvolveu largainvestigação e era especialista dereferência nacional e internacional naárea do comportamento das peças debetão armado e betões e liganteshidráulicos. Nessa qualidade foivogal do Conselho Superior de ObrasPúblicas, fez parte de váriasComissões que produziram regula-mentos e normas técnicas nas áreasem que era especialista. Foi membroactivo do CEB e da RILEM com envol-vimento na produção de recomenda-ções dessas entidades. Foi autor de

múltiplas publicações científicas.Proferiu lições em inúmeros cursos,colóquios, conferências e congressos,em Portugal, nas antigas provínciasultramarinas e em vários países.Orientou e participou em muitosJúris de Teses de Doutoramento,Especialista LNEC e Mestrado. JáJubilado manteve durante vários anosactividade intensa enquanto a saúdelhe permitiu, tendo nos últimos anosdesenvolvido investigação, sobretudona área da durabilidade dos betões edos betões reciclados.Era membro da Ordem dosEngenheiros, tendo feito parte daComissão de Admissão deQualificação da OE. Era ainda mem-bro do Grupo Português de Pré-Esforçado, Grupo Português deEngenharia de Estruturas, AmericanConcrete Institute e Comité Euro-International du Béton.Para além da vertente académicadesenvolveu notável actividade pro-fissional como Engenheiro Civil, indi-vidualmente e em colaboração, tendoprojectado e dirigido a construção demúltiplas estruturas, sobretudo debetão armado e pré-esforçado, desig-nadamente obras de arte – pontesobre o rio Arda, ponte da Ferradosasobre o rio Douro, ponte sobre o rioCávado – edifícios religiosos, indus-triais, de habitação e comércio.O Prof. Sampaio foi ainda consultordo CRUARB, dos Gabinetes Vértice eTecnopor, da empresa de ConstruçãoSoares da Costa, da Ferdouro e dasempresas ligadas ao fornecimento debetão pronto e pré-esforçados BetãoLiz, Betopal e Cerpol.

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HOMENAGEM

14 JANEIRO. LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: OERN, FEUP e AICCOPNHOMENAGEM AO PROF. JOAQUIM SAMPAIODe forma a recordar o professor e engenheiro JoaquimSampaio, falecido no passado dia 14 de Outubro, realiza-sea 14 de Janeiro, na FEUP, uma cerimónia de homenagem,que contará com intervenções de amigos, colegas e familia-res, como Braga da Cruz, Carlos Costa, Reis Campos, J.Sarmento, Novais Barbosa, Guedes Coelho, Álvares Ribeiro,Esteves Ferreira, entre outros. Segue-se uma apresentaçãobiográfica em suporte multimédia e o encerramento seráfeito pelo secretário de Estado das Obras Públicas. Destasessão ainda consta o descerramento na FEUP de umaplaca alusiva à memória do professor e a distribuição deum livro de homenagem.

CONGRESSOS E SEMINÁRIOS

9 E 10 DEZEMBRO. LOCAL: EXPONORORGANIZAÇÃO: Associação Portuguesa de EngenheirosZootécnicosII JORNADAS DE CINEGÉTICA E DE EQUINICULTURAAs II Jornadas de Cinegética pretendem reunir os principaisespecialistas nacionais no âmbito da cinegética, com o objecti-vo de serem discutidos temas da actualidade, como a questãoda sustentabilidade do sector em Portugal. Deste modo, esta-rão presentes representantes das Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Porto, da Direcção-Geral dasFlorestas, do Instituto da Conservação da Natureza, daConfederação Nacional de Caçadores Portugueses, entreoutros. A produção de espécies com interesse cinegético cons-titui outro dos temas centrais desta iniciativa, merecendo des-taque a produção de perdiz vermelha e de coelho bravo.Em paralelo, realizam-se as II Jornadas Internacionais deEquinicultura que reúnem numerosos especialistas de reco-nhecido mérito nacional e internacional. Pretende-se anali-sar alguns temas actuais, em particular as questões relacio-nadas com a alimentação do cavalo de desporto, as instala-ções e equipamentos. A análise das perspectivas do despor-to equestre em Portugal constitui outro dos pontos centraisdeste evento, contando com a participação de representan-tes do Serviço Nacional Coudélico, da Federação EquestrePortuguesa, das Associações Portuguesas de Criadores deCavalo Puro Sangue Lusitano (APSL) e Inglês (APSI), doKentucky Equine Research Center, do Centro de NutriciónEquina, entre outras instituições.

13 A 15 DEZEMBRO. LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: Departamento de Engenharia Civil da FEUPCONSTRUÇÃO 2004 - 2º CONGRESSONACIONAL DA CONSTRUÇÃO

24 E 25 FEVEREIRO. Local: Auditório da FEUPOrganização: OERN/FEUP/APSET V COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRESEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHOQUINTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIROSessão 1: A formação de profissionais de SHST como pilarfundamental da prevenção de riscos.Moderador: Dr. Luís Conceição Freitas, Presidente da APSET.Temas: Aprofundar a aproximação da formação de técnicos desegurança e higiene do trabalho às actividades das empresas;Referenciais para a qualificação de Coordenadores deSegurança na Construção; A formação dos médicos do traba-lho face aos novos modelos de intervenção nas empresas. Sessão 2: O impacto da legislação de SHST nas empresas ena actividade dos profissionais de SHST.Moderador: Dr. Fernando Cabral, Director do Departamento.da Segurança do Trabalho da REFER.Temas: Código do Trabalho: novas obrigações em matéria deSHST?; As especificidades do enquadramento legislativo dagestão da segurança do trabalho nos empreendimentos cons-trutivos; O enquadramento legislativo da deontologia e dasresponsabilidades dos profissionais de SHST.Sessão 3: Análise dos acidentes de trabalho e das doençasprofissionais.Moderador: Eng. Paulino Pereira, Delegado Coordenador da IGT – Porto.Temas: Inquéritos às condições de trabalho na UE: que con-clusões?; As causas dos acidentes mortais em Portugal e ainvestigação pública; O stresse como factor de risco e a suaabordagem pelas empresas.SEXTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO Sessão 4: A abordagem da SHST através dos equipamentosde trabalho.Moderador: Eng. Alberto Fonseca FEUP/CATIM.Temas: As regras de mercado das máquinas e a abordagem dasegurança intrínseca; As especificidades dos equipamentos detrabalho na construção civil e obras públicas; Avaliação de ris-cos e metodologias de controlo na utilização de equipamentosde trabalho.Sessão 5: Boas práticas na prevenção de riscos profissionais.Moderador: Eng. Luís Bragança, Universidade do Minho.Temas: A gestão de riscos na REFER; O sistema de prevençãodo Grupo EDP; O sistema de controlo da sinistralidade laboralda Autoeuropa.Conferência Técnica: Gestão e Coordenação de Segurança: que

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infoPágina 34 AGENDA

desafio para os actores da construção?Mesa-redonda: Qualificação de Coordenadores de Segurançano Trabalho da Construção.Moderador: Prof. Eng. Luís Alves Dias, Instituto SuperiorTécnico.Temas: A intervenção profissional dos coordenadores de segu-rança; A coordenação de segurança em situações particulares:concepção/construção; promotor/construtor; obras de peque-na dimensão; A formação e o acesso ao exercício deCoordenação de Segurança.Informações e inscrições: [email protected]

MARÇO. LOCAL: PortoORGANIZAÇÃO: OERNASSEMBLEIA REGIONAL NORTE DA ORDEMDOS ENGENHEIROS

FORMAÇÃO

11 E 18 DEZEMBRO22 E 29 JANEIRO. LOCAL E ORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONALO curso tem a duração de 10 horas e realiza-se das 10h às13h e das 14h às 17h. O número de vagas é limitado, sendoas inscrições consideradas por ordem de recepção naOERN. Para efectuar a inscrição deverá enviar a ficha deinscrição e proceder ao pagamento de 25,00 euros (inclui:documentação).

30 DEZEMBRO.LOCAL E ORGANIZAÇÃO: AICCOPNWORKSHOP – COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA O presidente da AICCOPN abrirá o workshop dedicado aotema Coordenação de Segurança. Serão debatidos: O papeldo IDICT, enquanto ponto focal da agência Europeia; OsPlanos de Segurança. Execução e Implementação em Obrae A coordenação de segurança. O perfil do coordenador desegurança, são os assuntos abordados no decorrer damanhã. À tarde, membros da Ordem dos Engenheiros –Região Norte falam sobre: O Coordenador de Segurança: Aproposta de Decreto-Lei – A posição da Ordem dosEngenheiros; A importância e o Exercício da actividade decoordenação de segurança: aspectos práticos da actividadedesenvolvida no Estádio do Dragão e na Casa da Música doPorto. Vai ser também apresentado e lançado o prémioAprendizes da Construção Civil em Segurança.

JANEIRO A JULHO.

LOCAL E ORGANIZAÇÃO: Escola Superior de Biotecnologia.Universidade Católica PortuguesaPÓS-GRADUAÇÃO GESTÃO DA QUALIDADE

JANEIRO A SETEMBRO.LOCAL e ORGANIZAÇÃO: Escola Superior de Biotecnologia.Universidade Católica PortuguesaMESTRADO/PÓS-GRADUAÇÃO SEGURANÇA ALIMENTAR

JANEIRO A SETEMBRO.LOCAL e ORGANIZAÇÃO: Escola Superior de Biotecnologia.Universidade Católica PortuguesaMESTRADO/PÓS-GRADUAÇÃO INOVAÇÃO E INDÚSTRIA AGRO-ALIMENTAR

JANEIRO A SETEMBRO.LOCAL e ORGANIZAÇÃO: Escola Superior de Biotecnologia.Universidade Católica PortuguesaMESTRADO/PÓS-GRADUAÇÃOMICROBIOLOGIA APLICADA

FEVEREIRO A JULHO.LOCAL e ORGANIZAÇÃO:Escola Superior de Biotecnologia.Universidade Católica PortuguesaMESTRADO EM SAÚDE AMBIENTAL

VISITAS TÉCNICAS

MARÇO. LOCAL: Dubay (EAU)ORGANIZAÇÃO: OERNCONSTRUÇÃO DE CIDADE ARTIFICIALVisita de estudo à Construção de Cidade Artificial em execu-ção sobre o mar em forma de palmeira, com vista doEspaço. Visita sujeita a confirmação e a um mínimo de 20 partici-pantes.

CULTURA E LAZER

3 JANEIRO. LOCAL E ORGANIZAÇÃO: OERNINAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE JOSÉ SIMÕES FERNANDESDUARTE

21 JANEIRO. LOCAL E ORGANIZAÇÃO: OERNINAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE MARIA MANUELA ROCHA