INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS · 2019. 3. 26. · INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 1...

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana MISSÃO 1 Fonte: Better Crops with Plant Food, v. 99, n. 1, 2015. 2 Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; e-mail: [email protected] INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N o 150 JUNHO/2015 ISSN 2311-5904 – ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS – EDIÇÃO ESPECIAL 1 Robert Mikkelsen 2 A cada dia, cada um de nós mantém uma estreita relação com o solo, porém, raramente paramos para considerar sua importância. Na verdade, se não houvesse solo, não haveria vida na Terra! Em reconhecimento ao papel essencial que os solos desempenham na manutenção da água, do ar e do alimento no planeta, as Nações Unidas declararam 2015 como o Ano Internacional dos Solos. A importância dos solos está diretamente relacionada à missão do International Plant Nutrition Institute (IPNI), a qual é promover o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana. O solo, com sua capacidade de manter a produção agrícola adequada, desempenhará papel fundamental na realização da nossa meta. Temos o prazer de dedicar este número do jornal para destacar algumas áreas-chave relacionadas ao papel essencial do solo. O elo fundamental que existe entre solo e segurança alimentar é indiscutível. Ao longo da história, solos férteis e produtivos têm sustentado sociedades saudáveis e prósperas. O alimento, que é cultivado para fornecer energia, proteínas, vitaminas e minerais, depende diretamente da condição do solo. A maior parte dos solos do mundo requer algum grau de melhoria para que as culturas alcancem seu pleno potencial de produtividade. Felizmente, vivemos em época na qual esses fatores limitantes são conhecidos. Mas a implementação de estratégias para superá-los continua a ser um desafio em muitas partes do mundo. A degradação dos solos ocorre inevitavelmente quando eles são negligenciados, resultando em declínio do rendimento das culturas e queda na rentabilidade do agricultor. O manejo inadequado dos nutrientes é um fator importante que leva à degradação dos solos. A capacidade do solo de agir como regulador do fluxo de gases, água e energia e sustentar o crescimento das plantas depende de muitos processos invisíveis, porém vitais. As raízes das plantas cres- cem em ambiente edáfico incrivelmente complexo, no qual existem muitos organismos do solo. Ainda há muito a aprender sobre essa ligação vital entre as raízes das plantas e a comunidade microbiana do solo. O papel do solo na manutenção do ambiente químico, físico e biológico, onde as raízes podem sustentar o crescimento saudável das plantas, também está sendo melhor compreendido. O cuidado adequado dos recursos do solo permite que a quanti- dade máxima de alimentos seja produzida em uma determinada área de terra, conservando, assim, mais terras para serem utilizadas para outros cultivos. Este conceito de intensificação sustentável requer cuidadosa aplicação de técnicas de manejo e conservação. A seleção de práticas de manejo específicas para a proteção do solo irá con- siderar resultados sociais, ambientais e econômicos equilibrados. Quando os solos estão deficientes em algum dos nutrientes essenciais para as plantas, não podem manter o crescimento saudável da cultura, resultando em menor produtividade e qualidade. Conside- rando o conhecimento avançado sobre nutrição vegetal e manejo de nutrientes e a abundância de excelentes fertilizantes existentes, não há mais motivo para a escassez de nutrientes no solo, dificultando a produção de alimentos. No entanto, os nutrientes das plantas precisam ser utilizados com técnicas adequadas de manejo. O IPNI adotou o quadro educacional dos 4Cs – aplicação de nutrientes na fonte certa, na dose certa, na época certa e no local certo – para orientação nas decisões de manejo de nutrientes. A implementação dos princípios do manejo 4C corresponde à aplicação dos conceitos da agricultura de precisão, utilizando ape- nas os nutrientes específicos exigidos em cada parte de um campo. Práticas de manejo do solo abrangentes devem ser mais ampla- mente adotadas a fim de satisfazer as necessidades alimentares de uma população mundial em crescimento. O IPNI continua compro- metido com essa meta, conduzindo pesquisas e realizando esforços educacionais sobre manejo do solo que resultem em melhorias contínuas na nutrição das plantas.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILAvenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil

Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil

Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana

MISSÃO

1 Fonte: Better Crops with Plant Food, v. 99, n. 1, 2015.2 Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; e-mail: [email protected]

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

No 150 JUNHO/2015

ISSN 2311-5904

– ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS – EDIÇÃO ESPECIAL1

Robert Mikkelsen2

A cada dia, cada um de nós mantém uma estreita relação com o solo, porém, raramente paramos para considerar sua importância. Na verdade, se não houvesse solo,

não haveria vida na Terra! Em reconhecimento ao papel essencial que os solos desempenham na manutenção da água, do ar e do alimento no planeta, as Nações Unidas declararam 2015 como o Ano Internacional dos Solos.

A importância dos solos está diretamente relacionada à missão do International Plant Nutrition Institute (IPNI), a qual é promover o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana. O solo, com sua capacidade de manter a produção agrícola adequada, desempenhará papel fundamental na realização da nossa meta. Temos o prazer de dedicar este número do jornal para destacar algumas áreas-chave relacionadas ao papel essencial do solo.

O elo fundamental que existe entre solo e segurança alimentar é indiscutível. Ao longo da história, solos férteis e produtivos têm sustentado sociedades saudáveis e prósperas. O alimento, que é cultivado para fornecer energia, proteínas, vitaminas e minerais, depende diretamente da condição do solo.

A maior parte dos solos do mundo requer algum grau de melhoria para que as culturas alcancem seu pleno potencial de produtividade. Felizmente, vivemos em época na qual esses fatores limitantes são conhecidos. Mas a implementação de estratégias para superá-los continua a ser um desafio em muitas partes do mundo. A degradação dos solos ocorre inevitavelmente quando eles são negligenciados, resultando em declínio do rendimento das culturas e queda na rentabilidade do agricultor. O manejo inadequado dos nutrientes é um fator importante que leva à degradação dos solos.

A capacidade do solo de agir como regulador do fluxo de gases, água e energia e sustentar o crescimento das plantas depende de muitos processos invisíveis, porém vitais. As raízes das plantas cres-cem em ambiente edáfico incrivelmente complexo, no qual existem

muitos organismos do solo. Ainda há muito a aprender sobre essa ligação vital entre as raízes das plantas e a comunidade microbiana do solo. O papel do solo na manutenção do ambiente químico, físico e biológico, onde as raízes podem sustentar o crescimento saudável das plantas, também está sendo melhor compreendido.

O cuidado adequado dos recursos do solo permite que a quanti-dade máxima de alimentos seja produzida em uma determinada área de terra, conservando, assim, mais terras para serem utilizadas para outros cultivos. Este conceito de intensificação sustentável requer cuidadosa aplicação de técnicas de manejo e conservação. A seleção de práticas de manejo específicas para a proteção do solo irá con-siderar resultados sociais, ambientais e econômicos equilibrados.

Quando os solos estão deficientes em algum dos nutrientes essenciais para as plantas, não podem manter o crescimento saudável da cultura, resultando em menor produtividade e qualidade. Conside-rando o conhecimento avançado sobre nutrição vegetal e manejo de nutrientes e a abundância de excelentes fertilizantes existentes, não há mais motivo para a escassez de nutrientes no solo, dificultando a produção de alimentos. No entanto, os nutrientes das plantas precisam ser utilizados com técnicas adequadas de manejo. O IPNI adotou o quadro educacional dos 4Cs – aplicação de nutrientes na fonte certa, na dose certa, na época certa e no local certo – para orientação nas decisões de manejo de nutrientes.

A implementação dos princípios do manejo 4C corresponde à aplicação dos conceitos da agricultura de precisão, utilizando ape-nas os nutrientes específicos exigidos em cada parte de um campo.

Práticas de manejo do solo abrangentes devem ser mais ampla-mente adotadas a fim de satisfazer as necessidades alimentares de uma população mundial em crescimento. O IPNI continua compro-metido com essa meta, conduzindo pesquisas e realizando esforços educacionais sobre manejo do solo que resultem em melhorias contínuas na nutrição das plantas.

2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

NOTA DOS EDITORES

Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>

Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não re� etem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.

N0 150 JUNHO/2015

CONTEúDO

Ano Internacional dos Solos - Edição especialRobert Mikkelsen .......................................................................................1

Solo e segurança alimentarTerry Roberts, John Ryan ...........................................................................3

A saúde humana depende dos nutrientes do solo John Duxbury, Graham Lyons, Tom Bruulsema ........................................6

Manejo do solo visando o aumento da produtividade das culturasLuís Ignácio Prochnow, Heitor Cantarella ................................................9

Estratégias para proteger e conservar os recursos do soloAna Wingeyer, Fernando O. García .........................................................12

Os solos e as raízes das plantasRobert Mikkelsen .....................................................................................15

Intensifi cação sustentável para proteger os recursos do soloRobert Mikkelsen .....................................................................................18

Aplicando os princípios do manejo de nutrientes 4C ao manejo do soloBrian Arnall, Steve Phillips .....................................................................20

Divulgando a Pesquisa ...........................................................................22IPNI em Destaque ..................................................................................23Painel Agronômico .................................................................................26Cursos, Simpósios e outros Eventos .....................................................28Publicação Recente do IPNI ..................................................................30Ponto de Vista .........................................................................................32

FOTO DESTAQUE

Publicação trimestral gratuita do International Plant Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal publica artigos técnico-científi cos elaborados pela

comunidade científi ca nacional e internacional visando o manejo responsável dos nutrientes das plantas.

COMISSãO EDITORIAL

Editorvalter Casarin

Editores AssistentesLuís Ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia regina Stipp

Gerente de DistribuiçãoEvandro Luis Lavorenti

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE (IPNI)

Presidente do Conselho Steve wilson (CF Industries holdings, Inc.)

Vice-Presidente do ConselhoMhamed Ibnabdeljalil (OCP Group)

TesoureiroJim Prokopanko (Mosaic Company)

PresidenteTerry L. roberts

Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da Ásia e ÁfricaAdrian M. Johnston

Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio

Svetlana Ivanova

Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa eCoordenador do Grupo das Américas e Oceania

Paul E. Fixen

PROGRAMA BRASILDiretor

Luís Ignácio Prochnow

Diretores Adjuntosvalter Casarin, Eros Francisco

PublicaçõesSilvia regina Stipp

Analista de Sistemas e Coordenador AdministrativoEvandro Luis Lavorenti

Assistente AdministrativaElisangela Toledo Lavorenti

Secretáriakelly Furlan

ASSINATURAS Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:

http://brasil.ipni.netMudanças de endereço podem ser solicitadas por email para:

[email protected] ou [email protected]

ISSN 2311-5904

Trado utilizado para a retirada de amostra de solo para análise.Trado utilizado para a retirada de amostra de solo para análise.

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SOLO E SEGURANÇA ALIMENTAR

Terry L. Roberts1

John Ryan2

No século passado, inovações na ciência agrícola e na tecnologia amenizaram as preocupações

da sociedade em relação à capacidade da agricultura global de alimentar e vestir a crescente população mundial. No entanto, com a previsão de que a população mundial deverá aumentar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões, ou mais, em meados do século, têm-se questionado se a humanidade poderá responder aos desafios inerentes a tais mudan-ças demográficas. Considerando o aumento da demanda de alimento nos países em desenvol-vimento, em especial a demanda por carne, a produção mundial de alimentos terá que duplicar até 2050. O desafio de atender esse objetivo é ainda mais difícil, uma vez que ele terá que ser alcançado em terras aráveis com disponibilidade per capita cada vez menor, agravada pela urbanização e degradação do solo, além do aumento exagerado do uso de água e energia (LAL e STEwArT, 2010). A agricultura tem que competir com outros usos do solo. Garantir a capacidade de produzir suprimento adequado de alimentos para a humanidade nunca foi tão assustador (GOdFrAy et al., 2010). Enquanto a redução no desperdício de alimentos, a mudança na dieta e a expansão da aquicultura podem ajudar a satisfazer a demanda de alimentos, o aumento da produtividade das culturas e a redução do déficit de rendimento entre agricultores eficientes e agricultores de subsistência são os principais objetivos. A segurança alimentar é mais do que a produção de alimentos no nível de exploração, ela é influenciada por fatores econômicos, sociais, políticos e admi-nistrativos que afetam a estabilidade, o acesso e a segurança do abastecimento de alimentos no mundo. Em termos mais simples, a segurança alimentar garante que todas as pessoas tenham acesso à alimentação suficiente, segura e nutritiva para que possam manter uma vida saudável e ativa. Solos saudáveis sustentam plantas, animais e seres humanos e funcionam como um ecossistema vivo, mantendo uma comunidade diversificada de organismos do solo que não só melhoram a produção agrícola, mas também promo-vem a qualidade do ar e da água (FAO, 2008). Embora os solos saudáveis estejam associados principalmente a bons rendimentos das culturas, mais atenção tem sido dada à qualidade nutricional de tais rendimentos, embora o benefício econômico deste aspecto da nutrição das culturas seja difícil de ser avaliado.

A composição química da planta reflete a composição do solo; se os teores de nutrientes estão baixos no solo, as concentrações

desses nutrientes estarão baixas ou deficientes no tecido da planta. Por outro lado, quando os nutrientes ou outros minerais estão em excesso no solo, podem ocorrer efeitos tóxicos para os seres huma-nos ou animais que consomem as plantas cultivadas nesses solos (BrEvIk e BUrGESS, 2012). O uso de fertilizantes pode melhorar a qualidade nutricional das culturas (BrUULSEMA et al., 2012). Por exemplo, o N pode aumentar o teor de proteína vegetal, depen-dendo da dose de aplicação, enquanto os fertilizantes fosfatados aumentam o teor de P no produto da colheita e os micronutrientes, tais como Zn e Se, podem ser aumentados pela adubação. Antes do uso generalizado dos fertilizantes fosfatados, a deficiência de P era comum em animais e humanos. Atualmente, a deficiência de Zn em seres humanos encontra-se generalizada globalmente.

devido à estreita relação entre os nutrientes e o crescimento da cultura, sua disponibilidade no solo têm sido intensamente estudada. A fertilidade, ou o fornecimento de nutrientes disponíveis para as plantas, é um componente essencial de um solo saudável e produtivo. Ela integra os processos físicos (textura, estrutura, água e ar), biológicos (microrganismos e matéria orgânica) e químicos (minerais e nutrientes) do fornecimento de nutrientes essenciais às plantas. Um solo produtivo é sempre um solo fértil, mas o estado nutricional por si só não garante a produtividade do solo. Umidade, temperatura, drenagem, condições físicas, acidez, salinidade,

Abreviações: K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo; S = enxofre; Mn = manganês; MOS = matéria orgânica do solo; Se = selênio; Zn = zinco.

1 Presidente do IPNI, Peachtree Corners, GA, Estados Unidos; e-mail: [email protected] Professor de Ciência do Solo, Consultor, Carrigataha, Irlanda; e-mail: [email protected]

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Solos terraceados suportam a produção intensiva de arroz em Mu Cang Chai, Yen Bai, Vietnã.

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estresses bióticos (ervas daninhas, insetos, doenças) e outros fatores podem reduzir a produtividade até mesmo de solos mais férteis.

Enquanto as propriedades físicas do solo são relativamente estáveis, a fertilidade do solo é dinâmica ou sujeita a alterações no tempo e no espaço. Os nutrientes são constantemente removidos do solo por meio da colheita dos produtos vegetais, são perdidos pela lixiviação, erosão e outros processos naturais, ou são fixados pelas argilas e minerais do solo. Os organismos do solo imobili-zam os nutrientes e, em seguida, os liberam, sendo estes, então, incorporados na matéria orgânica do solo (MOS). Os nutrientes das plantas estão em ciclo contínuo, mas o sistema não é fechado; além da remoção pelas plantas, alguns nutrientes se perdem do sistema, reduzindo a sua eficiência e aumentando o impacto no ambiente.

Embora os diferentes tipos de solo no mundo variem quanto à fertilidade, nenhum deles tem capacidade ilimitada para sustentar a produtividade das culturas indefinidamente. Antes da era moderna da adubação química, a qual se firmou em meados do século passado, a produção agrícola e a produtividade das culturas eram dependentes da fertilidade natural do solo. Quando os nutrientes são removidos do sistema pela colheita dos produtos vegetais e animais ou perdidos através de outros processos, devem ser repostos para que se mantenha a fertilidade e a produtividade do solo. Se a remoção de nutrientes excede continuamente a sua entrada, o solo torna-se degradado.

A matéria orgânica é um componente vital dos solos saudáveis (JOhNSTON et al., 2009), e quando ela se esgota, a estrutura do solo tende a desagregar-se, tornando-o mais suscetível à erosão e, por fim, incapaz de sustentar um sistema agrícola produtivo. Os nutrientes das plantas devem ser devolvidos ao sistema com a aplicação de fontes de nutrientes minerais ou orgânicas, e outras medidas de conservação devem ser implementadas a fim de permitir que os níveis de matéria orgânica sejam restabelecidos até que o potencial produtivo e a saúde do solo sejam restaurados.

O advento da era dos fertilizantes minerais foi, juntamente com os progressos na medicina, o principal fator que sustentou a expansão da população mundial desde o início do século 20. Jun-tamente com a mecanização e o desenvolvimento de variedades melhoradas, os fertilizantes têm sido o principal fator de apoio no aumento do rendimento das culturas. Os fertilizantes minerais têm sido a principal via de adição de nutrientes ao solo e têm desempe-nhado um papel decisivo no acesso da humanidade à alimentação.

Não obstante as preocupações despropositadas da sociedade moderna e as reservas dos ambientalistas quanto ao uso de fertili-zantes minerais, evidências esmagadoras mostram claramente que a produção mundial de alimentos é largamente dependente do uso dos fertilizantes químicos. de fato, o falecido Norman Borlaug, pai da Revolução Verde, há algumas décadas afirmou que o mundo sem fertilizantes minerais poderia manter não mais do que um sexto da população mundial. Com base em numerosos estudos de longo prazo desenvolvidos em todo o mundo, Stewart et al. (2005) atribuíram mais de 50% da produtividade das culturas ao uso de fertilizantes minerais; os autores sugerem que a dependência será ainda maior com o aumento da produtividade das culturas no futuro.

A relação entre fertilizantes e segurança alimentar é mais clara-mente mostrada no caso do N – o nutriente dominante, em termos de utilização global. Erisman et al. (2008) estimaram que o fertilizante nitrogenado foi responsável pela alimentação de 48% da população mundial desde 1908. Embora fatores como fertilidade natural do solo, condições climáticas, sistemas de cultivo, melhoramento de plantas, modificações genéticas e manejo agronômico tornem difícil a quan-tificação exata da população mundial que depende dos fertilizantes

para a produção de alimentos, as estimativas sugerem que 40% a 60% da produção mundial de cereais se devem aos fertilizantes (rOBErTS e TASISTrO, 2012). dada a divergência no uso de fertilizantes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, aliada à diversidade de culturas para consumo humano, bem como ao prazo a ser considerado, tal variação de resposta não é esperada. Alguns dados são pertinentes para indicar o significado agrícola dos fertilizantes.

Como o N domina o uso de fertilizantes comerciais, é relevante examinar seu impacto na produção de cereais nos Estados Unidos (Tabela 1). A omissão do fertilizante nitrogenado reduziu os rendi-mentos de milho, arroz, cevada e trigo de 16% a 41%. Os fertilizantes contendo P e k, bem como os nutrientes secundários e os micronu-trientes, são igualmente importantes para garantir uma dieta equili-brada de nutrientes. Os nutrientes orgânicos também são importantes. Embora a importância relativa dos fertilizantes orgânicos como fator de produção na agricultura dos países desenvolvidos tenha diminuído em relação ao uso dos fertilizantes minerais, a eliminação do estrume animal excedente tornou-se uma ameaça ambiental. No entanto, muitos agricultores de subsistência nos países em desenvolvimento dependem em grande parte dos fertilizantes produzidos localmente.

Tabela 2. Efeito do fertilizante e do esterco animal na produtividade e na estabi-lidade da produção de milho durante nove anos em Bangalore, Índia.

Tratamento anual

Produtividade média de grãos

(t ha-1)

Número de anos nos quais a produtividade média (t ha-1) foi:

< 2 2 a 3 3 a 4 4 a 5

Testemunha 1,51 9 0 0 0Esterco 2,55 1 6 2 0NPk 2,94 0 5 4 0Esterco (10 t ha-1) + NPk* 3,57 0 1 5 3

*Fertilizante 50-50-25 (kg ha-1 N-P2O5-k2O)Fonte: roberts e Tasistro (2012).

Fertilizantes minerais e orgânicos são complementares; frequentemente, os melhores rendimentos só são alcançados quando aplicados em conjunto. dados de um estudo de campo de 9 anos na Índia mostraram que os maiores rendimentos foram obtidos quando o fertilizante foi aplicado em combinação com o esterco de animais (Tabela 2).

Tabela 1. Efeito estimado da omissão de fertilizante nitrogenado na pro-dução de cereais nos Estados Unidos.

CulturaProdutividade estimada (t ha-1) Redução pela

falta de N (%)Produtividade base Sem N

Milho 7,65 4,52 41Arroz 6,16 4,48 27Cevada 2,53 2,04 19Trigo 2,15 1,81 16

Fonte: Stewart et al. (2005).

Juntos, nutrientes orgânicos e inorgânicos produziram pelo menos 3 t ha-1 de grãos em 8 dos 9 anos de estudo. Isso é mais evidente em solos exauridos ou onde o esgotamento de nutrien-tes ao longo dos anos (a saída de nutrientes excedeu em muito a entrada) provocou a degradação do solo até o ponto em que a resposta à adubação mineral só é obtida quando esterco ou outros materiais orgânicos são utilizados em conjunto. Por exemplo, os

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solos degradados na África Subsaariana respondem melhor quando o fertilizante é usado junto com o esterco. vantagens adicionais dos fertilizantes orgânicos em tais situações são o aumento da matéria orgânica (MOS) e a melhora das propriedades físicas dos solos, que por sua vez facilitam o crescimento das culturas por melhorar o estado microbiano, o arejamento e as relações hídricas. rusinamhodzi et al. (2014) relataram, em um estudo de 9 anos no Zimbábue, com pequenos produtores, que os rendimentos de milho em solos pobres em nutrientes aumentaram apenas marginalmente com o uso de fertilizantes minerais e diminuíram quando o N foi aplicado sozinho, mas aumentaram quando esterco bovino foi usado em conjunto com fertilizantes nitrogenados (Figura 1). A resposta do milho a fertilizantes e estercos variou de acordo com a textura do solo e o estado de fertilidade do solo. Esta é apenas uma ilustração da necessidade de se adequar as práticas de manejo da fertilidade às características do solo que afetam o crescimento (por exemplo, profundidade do solo, camadas de subsolo, acidez).

Embora o uso de fertilizantes minerais, especialmente de N, promova o crescimento das culturas, alguns diriam que seu uso a longo prazo prejudicaria a biologia do solo e reduziria a capaci-dade do solo de tornar os nutrientes nativos disponíveis para as plantas. Não há nenhuma base para este equívoco popular, o qual é refutado por extensos estudos de campo. Uma recente meta- análise de 64 ensaios de adubação de culturas a longo prazo, a partir de 107 conjuntos de dados coletados em várias partes do mundo, mostraram que o uso da adubação nitrogenada aumentou a biomassa microbiana em 15% e o carbono orgânico do solo em 13% (GEISSELEr e SCOw, 2014). Um ensaio sobre rotação de culturas plurianual, com aplicação localizada de fertilizantes, ava-liando vários fatores agronômicos em um local semi-árido no norte da Síria, com baixo teor de MO, mostrou que os níveis globais de carbono no solo aumentaram consistentemente com o aumento das taxas de aplicação de N e P (ryAN et al., 2008).

Figura 1. Produtividade inicial e final de milho e respostas da produção à aplicação de esterco e de fertilizantes minerais a longo prazo, em condições variáveis de fertilidade do solo, no Zimbábue. As barras representam o erro padrão das médias. 1Nutrientes = 30 kg ha-1 de P + 25 kg ha-1 S + 20 kg ha-1 Ca + 5 kg ha-1 Mn + 5 kg ha-1 Zn.

Fonte: rusinamhodzi et al. (2014).

a) Solo arenoso empobrecido

c) Solo argiloso empobrecido

b) Solo arenoso

d) Solo argiloso

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Testemunha 100 N 100 N + nutrientes1 100 N + 15 t (t ha-1) esterco

Testemunha 100 N 100 N + nutrientes1 100 N + 15 t (t ha-1) esterco

Testemunha 100 N 100 N + nutrientes1 100 N + 15 t (t ha-1) esterco

Testemunha 100 N 100 N + nutrientes1 100 N + 15 t (t ha-1) esterco

Em resumo, a agricultura moderna está relacionada à qualidade do solo e depende da utilização de fertilizantes minerais; estes mantém a alta produtividade atual e, assim, garantem a segurança alimentar para a crescente população mundial. Os fertilizantes podem também con-tribuir para melhorar a qualidade biológica e física dos solos e, assim, influenciar o ambiente por meio do sequestro de carbono, resultante do crescimento radicular reforçado. O benefício secundário do uso de fertilizantes é a contribuição indireta para a melhoria da nutrição humana e animal através do enriquecimento de nutrientes na produção das culturas. A chave para maximizar o potencial produtivo dos solos e explorar os efeitos benéficos diretos e indiretos dos fertilizantes, além de minimizar os efeitos ambientais potencialmente prejudiciais, é a adoção das melhores práticas de manejo comprovadas cientificamente.

REFERÊNCIASBREVik, E. C.; BuRgEss, L. C. Soils and human health. Boca raton, FL: CrC Press, 2013.Bruulsema, T.; HEFFER, P.; WElCH, R. M.; CAkMAk, i.; MORAn, k. (Ed.). Fertilizing crops to improve human health: A scientific review. Paris: iFA/ norcross: iPni, 2012.gEissElER, D.; sCOW, k. M. Better Crops with Plant Food, v. 98, n. 4, p. 13-15, 2014.FAO. Food Integrated crop management 6. rome: FAO, 2008. ERisMAn, J. W.; suTTOn, M. A.; gAllOWAy, J. n.; kliMOnT, Z.; WiniWARTER, w. Nature Geoscience, v. 1, p. 636-639, 2008.gODFRAy, H. C.; BEDDingTOn, J. R.; CRuTE, i. R.; HADDAD, l.; lAWREnCE, D.; MuiR, J. F.; PRETTy, J.; ROBinsOn, s.; THOMAs, s. M.; TOulMin, C. Science, v. 327, p. 812-818, 2010.JOHnsTOn, A. E.; POulTOn, P. R.; COlEMAn, k. Advances in Agronomy, v. 101, p. 1-57, 2009.lAl, R.; sTEWART, B. A. 2010. Food security and soil quality. CrC Press, Taylor and Francis, Boca raton, FL.ROBERTs, T. l.; TAsisTRO, A. In: BRuulsEMA, T.; HEFFER, P.; WElCH, R. M.; CAk-MAk, i.; MORAn, k. (Ed.). Fertilizing crops to improve human health: A scientific review. Paris: IFA/ Norcross: IPNI, 2012.RusinAMHODZi, l.; CORBEEls, M.; ZingORE, s.; nyAMAngARA, J.; gillER, k. E. Better Crops with Plant Food, v. 98, n. 3, p. 24-27, 2014.RyAn, J.; singH, M.; PAlA, M. Advances in Agronomy, v. 97, p. 273-319, 2008.

sTEWART, W.; DiBB, D. W.; JOHnsTOn, A. E.; sMyTH, T. J. Agronomy Journal, v. 97, p. 1-6, 2005.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

A SAÚDE HUMANA DEPENDE DOS NUTRIENTES DO SOLO

John Duxbury1

Graham Lyons2

Tom Bruulsema3

Adubação da cultura da mandioca com selênio, zinco e iodo no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia.

Abreviações: As = arsênico; B = boro; Ca = cálcio; Cu = cobre; FAO = Food and Agriculture Organization; Fe = ferro; I = iodo; IDR = ingestão diária recomendada; K = potássio; Mg = magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; Ni = níquel; P = fósforo; ppm = partes por milhão; S = enxofre; Se = selênio; Si = silício; Zn = zinco.

1 Professor, Soil Science and International Agriculture,Cornell University, Ithaca, NY, Estados Unidos; e-mail: [email protected] Pesquisador Associado; School of Agriculture, Food and Wine; University of Adelaide, Austrália; e-mail: [email protected] Diretor do IPNI, Guelph, ON, Canadá; e-mail: [email protected]

A nutrição humana continua em crise. Embora a prevalência da fome tenha diminuído em 21% desde 1990, pelo

menos 805 milhões de pessoas ainda passam fome. Entre as crianças menores de cinco anos, estima-se que 161 milhões apresentem crescimento atrofiado (baixa altura para a idade). A deficiência de micro-nutrientes devida à falta de vitaminas e minerais na dieta afeta cerca de 2 bilhões de pessoas, com vários impactos adversos à saúde e, muitas vezes, prejudicando tanto o desenvolvimento físico como o mental das crianças. Como os níveis atmosféricos de dióxido de carbono tendem a aumentar, as defi-ciências de zinco (Zn) também seguem a mesma tendência (MyErS et al., 2014).

A maior parte dos nutrientes essenciais às plantas também é essencial aos seres humanos. A Ingestão diária recomendada (Idr) para a nutrição humana é proporcionada por cada nutriente considerado essencial para as plantas (NAS, 2014). O boro (B) não é plenamente reconhecido como essencial, porém, algumas evidências indicam que ele exerce papel nos ossos, no raquitismo e nas funções mentais. diversas funções do níquel (Ni) são reconhecidas, embora sua necessidade na dieta humana seja < 100 mg por dia (wELCh e GrAhAM, 2012).

A adubação com Zn, Ni, iodo (I), molibdênio (Mo) e selênio (Se) aumenta a concentração desses nutrientes nos grãos dos cereais e nos tecidos vegetativos. Por outro lado, a adubação com ferro (Fe), cobre (Cu), manganês (Mn) e silício (Si) tem pouco efeito sobre as concentrações nos grãos. Em geral, os tecidos das plantas têm níveis mais elevados de micronutrientes do que os grãos, com base no peso seco, e, assim, podem ser relevantes para a nutrição animal e para o valor nutricional dos produtos alimentares derivados de animais.

As deficiências de micronutrientes mais importantes são as de Fe, Zn e I. Para as culturas de grãos, o teor de Zn no trigo e no milho pode ser aumentado em duas vezes por meio da adubação foliar, e um pouco menos pela adubação no solo, mas os ganhos com arroz geralmente são menores que 50% (TArIQ et al., 2014; Tabela 1).

A FAO e outras organizações têm enfatizado que a boa nutrição requer sistemas alimentares sustentáveis, equitativos e resilientes. A diversidade nos sistemas de cultivo é importante. As leguminosas

Tabela 1. Efeitos da adubação com Zn na concentração de Zn nos grãos de arroz e de trigo.

FonteZn nos grãos de trigo (mg kg-1)

pH do solo Sem Zn Solo (S) Foliar (F) S + F

1 7,0-8,2 25 35 - -2 7,8 10 18 27 353 5,5 24 40 48 -

FonteZn nos grãos de arroz (mg kg-1)

pH do solo Sem Zn Solo (S) Foliar (F) S + F

4 8,2 20 29 - -5 4,8-8,8 19 21 24* 26*6 7,0 20 22 - 25

*Contaminação potencial com a segunda aplicação de Zn uma semana após a floração, e o arroz em casca apresentou alto teor de Zn.Fontes: 1) Malakouti (1998); 2) yilmaz et al. (1997); 3 e 6) Bodruzzman e Dux-bury (não publicado); 4) shivay et al. (2014); 5) Phattarakul et al. (2012).

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geralmente contêm níveis mais elevados de micronutrientes, com-paradas aos cereais, mas sua viabilidade relativa diminuiu desde a revolução verde. Exceção notável é o crescimento do cultivo da soja em Bangladesh, cuja expansão foi de quase zero, em 1980, para mais de 40.000 ha, em 2010. dietas sustentáveis para a família humana requerem o planejamento de sistemas agrícolas que pro-porcionem melhor nutrição.

vastas áreas de solos no mundo têm ph baixo, restringindo a absorção de Ca e Mg, dois macronutrientes muito importantes para a saúde humana. Simples adições de calcário dolomítico podem aumentar a concentração desses dois elementos minerais, em especial nos produtos hortícolas, e, assim, prevenir doenças, como o raquitismo. Trabalho apoiado pela Universidade de Cornell, em Bangladesh, demonstrou aumentos de rendimento (10% a 50%) e melhorias na qualidade de mais de 40 culturas, incluindo amendoim, rabanete, alho, repolho, couve-flor, berinjela e açafrão, resultado da adoção da calagem em mais de 86.000 ha, por mais de 280 mil agricultores. A adição de iodato nos canais de irrigação tem sido utilizada com sucesso na China e na Mongólia para combater a deficiência de i onde o sal iodado não foi aceito (REN et al., 2008). A água fortificada distribuiu i no sistema de cultivo, aumentando os níveis nos solos, nas culturas e nos produtos de origem animal (carne, ovos e leite). Isso resultou em ganhos extraordinários na saúde humana, incluindo a diminuição de 50% na mortalidade infantil. A produtividade animal também foi maior, enfatizando os benefícios da melhora na qualidade nutricional dos alimentos para animais, bem como nos alimentos de origem vegetal.

victor Moritz Goldschmidt (1888-1947), o pai da geo-química moderna, introduziu o termo biophile para definir os elementos encontrados em concentrações elevadas, absolutas ou relativas nos organismos vivos. Eles incluem N, S, P, k, Se, I, Zn e B. Esse conceito aponta para a importância do manejo do sistema solo-planta considerando esses nutrientes para plantas, animais e seres humanos.

se e s são elementos fortemente biófilos. na forma de sulfato e de selenato são muito lixiviáveis. Como consequência de incêndios, sobretudo nos cerrados, eles também podem ser perdidos para a atmosfera sob a forma de SeO2 e SO2 (ChrISTOPhErSEN et al., 2012). Quando o solo está deficiente em s, há diminuição no con-teúdo de proteínas nos vegetais, principalmente aquelas ricas em S. Nas partes mais úmidas da África Subsaariana existem grandes áreas onde a dieta humana é deficiente em aminoácidos. Essa deficiência surge tanto pela baixa ingestão protéica como pela deficiência de s nos solos. A disponibilidade de Se é muito baixa em muitos solos na Zâmbia, Malawi, ruanda, Burundi e outros países da África Sub-saariana, com níveis comuns menores de 20 mg kg-1 (hUrST et al., 2013). Pesquisa com milho na Zâmbia, realizada em 2012, revelou concentração média de S de somente 1.030 mg kg-1 e relação N:S de 13 a 15 (LyONS et al., 2014), valores equivalentes a apenas 60% dos níveis de deficiência críticos (REUTEr e rOBINSON, 1997). Assim, nos programas que abordam as necessidades primárias de NPk dos solos na África Subsaariana, o S e o Se precisam ser levados em maior consideração.

Em muitos estudos, o selenato mostrou-se cerca de cinco vezes mais eficaz do que o selenito no aumento da concentração de se nos grãos de cereais (cevada, trigo) e de leguminosas (grão-de-bico, ervilha). relação inversa entre rendimento e concentração de Se nos grãos tem sido observada, devido à variação climática, indicando efeito de diluição/concentração da produtividade (McGrATh et al., 2013).

décadas de experiência e pesquisa na Finlândia têm documen-tado grandes benefícios do Se em humanos a partir de programas de enriquecimento de fertilizantes com Se, iniciados na década de 1980. Na década de 1970, o consumo per capita de Se na dieta era de 30 mg, dos quais 70% vinham da carne e do leite. A deficiência de Se era generalizada, mas o Se inorgânico adicionado à dieta dos animais não era transferido em quantidade suficiente à carne ou ao leite. Os baixos níveis de Se nas culturas alimentícias e nos ali-mentos para os animais foram devidos à forte ligação dos ânions Se aos óxidos, em solos tipicamente ácidos. A partir de 1984, o selenato foi adicionado a todos os fertilizantes NPk utiliza-dos em culturas forrageiras (16 mg kg-1) e de cereais (6 mg kg-1) como estratégia para alcançar níveis nutricionalmente adequados e seguros aos seres humanos. Em 1990, as taxas foram alteradas para 6 mg kg-1 em todas as culturas e depois aumentadas para 10 mg kg-1 em 1996. As alterações foram associadas às mudanças nos níveis de Se nos alimentos com a ingestão alimentar (Tabela 2). Os resultados incluíram a duplicação dos níveis de Se no soro humano e, embora outros fatores também estivessem envolvidos, a diminuição das taxas de mortalidade por doenças cardíacas em cerca de dois terços, no período de 1982 a 1997 (LAATIkAINEN et al., 2005). Efeitos sobre as taxas de câncer variaram de zero a moderado.

Tabela 2. A adubação com Se afeta os níveis do elemento nos alimentos e na dieta, na Finlândia.

Ano 1984 1991 1996 2002

Se na forragem, mg kg-1 16 6 10 10Se no cereal, mg kg-1 6 6 10 10Se no cereal de primavera*, mg kg-1 0,01 0,28 0,07 0,18Se no leite, mg kg-1 0,05 0,20 0,14 0,22Se na carne, mg kg-1 0,20 0,90 0,38 0,60Dieta, μg dia-1 40 110 80 80

*Os teores de Se no trigo e no centeio de inverno foram muito inferiores (0,02 e 0,07 mg kg-1) devido à redução do teor de selenato adicionado como selenito durante o inverno, mas aumentaram para cerca de 0,1 mg kg-1 quando o Se foi adicionado durante o crescimento da cultura.Fonte: Eurola (2005).

A disponibilidade de micronutrientes pode ser influenciada pela adição de macronutrientes. Quando fertilizantes fosfatos são adicio-nados a diferentes solos, a disponibilidade de Se para as plantas pode ser aumentada ou diminuída como resultado das reações de sorção e precipitação no solo. Mesmo que os fosforitos marinhos (rocha fosfática sedimentar) contenham muito mais Se do que os minerais fosfatados de origem ígnea (por exemplo, os da Península de kola, na rússia), a razão de concentração P/Se muitas vezes não é tão elevada como a dos solos aráveis dos ecossistemas naturais terrestres (McCONNELL, 1979). A aplicação de fertilizantes comerciais pode levar à redução da razão de concentração total Se/P no solo (depen-dendo da relação Se/P do fertilizante), que também pode conduzir à redução da proporção Se/P nos alimentos e nas plantas forrageiras. Isso remete ao princípio geral de manejo da fertilidade do solo, ou seja, quando os fertilizantes são usados para fornecer o nutriente mais limitante, pode haver implicações de longo prazo na absorção de outros nutrientes para as plantas. A aplicação de fertilizantes fosfatados de forma contínua, sem levar em conta outros nutrientes, pode levar à deficiência de outros nutrientes no solo, como s, se e Zn.

O uso de águas subterrâneas contaminadas com arsênio (As) com propósito doméstico ou de irrigação, na bacia do Bengal, Índia, levou ao aumento dos níveis de As na água potável e nas culturas

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irrigadas. Estima-se que 140 milhões de pessoas em todo o mundo estejam sob risco de contrair doenças relacionadas ao As, a maioria em Bangladesh. Pesquisas recentes com animais têm mostrado o papel potencial do enriquecimento da ração com Se na luta contra a toxicidade por As. Sah et al. (2013) forneceram lentilhas com conteúdo variável de Se (lentilhas em Saskatchewan com 0,3 ppm Se comparadas a lentilhas do noroeste do Estados Unnidos com < 0,01 ppm Se) a ratos e observaram que o Se desempenhou papel na redução da retenção e aumento da excreção de As, resultando em níveis mais baixos de danos no fígado dos animais. A relevância dessas descobertas para a nutrição humana precisa ser confirmada por ensaios clínicos. no entanto, a biofortificação de lentilhas com Se por meio do melhoramento de plantas e adubação, e/ou seleção de grãos alimentícios com base no nível de Se dos solos em que as plantas foram cultivadas, poderá desempenhar papel relevante na solução dos problemas relacionados aos danos causados pelo excesso de As na saúde humana.

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O prazo para as inscrições no concurso fotográfico anual do iPni sobre deficiências nutri-cionais em culturas – Crop Nutrient Deficiency Photo Contest – termina em 9 de dezembro. Neste ano, além das quatro categorias de nutrientes (N, P, k e outros nutrientes) há uma nova categoria, relacionada a feno e forragem.

Os prêmios são os seguintes:• us$ 300 para o primeiro lugar e us$ 200 para o segundo lugar para a melhor foto sobre

deficiência em culturas.• us$ 150 para o primeiro lugar e us$ 100 para o segundo lugar dentro de cada uma das

categorias de nutrientes: N, P, k e outros de nutrientes.Além desses, todos os vencedores receberão uma cópia atualizada da coleção de imagens do IPNI

em USB. Para detalhes sobre o coleção, consulte http://ipni.info/NUTrIENTIMAGECOLLECTIONAs inscrições só podem ser realizadas eletronicamente no site do concurso: www.ipni.net/photocontest. As informações

necessárias (em inglês) para todas as fotos, devem incluir: nome do candidato, filiação e informações de contato; cultura e estádio de crescimento, local e data da foto; informações relacionadas à planta, como análise foliar, análise de solo, fatores de manejo e detalhes que possam estar relacionados à deficiência.

Os vencedores serão anunciados e notificados em janeiro de 2016. Os resultados serão postados no site: www.ipni.net

CONCURSO FOTOGRÁFICO ANUAL DO IPNI SOBRE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS EM CULTURAS

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 9

MANEJO DO SOLO VISANDO O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS

Luís Ignácio Prochnow1

Heitor Cantarella2

Abreviações: Al = alumínio; Ca = cálcio; N = nitrogênio.

1 Diretor do IPNI, Programa Brasil; e-mail: [email protected] Pesquisador do Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: [email protected]

DISPONIBILIDADE DE SOLO NO MUNDO

Cerca de 12% da área agricultável do mundo – aproxi-madamente 1,5 bilhão de hectares – são atualmente utilizados para produção agrícola. Embora ainda

existam quantidades razoáveis de terra potencialmente adequadas para a agricultura, grande parte é coberta por florestas, protegida por razões ambientais ou utilizada para assentamentos urbanos (FAO, 2013). Como consequência direta do aumento da popula-ção mundial, o índice de terra arável per capita está diminuindo rapidamente. Estima-se que o mundo terá somente 0,20 ha per capita em 2050, em contraste com 0,45 ha em 1960. Essa “crise” de terra arável é resultado do mundo em desenvolvimento, onde a disponibilidade esperada será de 0,15 ha per capita contra 0,45 ha no mundo desenvolvido (BrUINSMA, 2009). Sendo assim, o aumento na demanda por produtos agrícolas causará maior pressão para a incorporação de terras potencialmente agricultáveis (pastagens exis-tentes – 3,4 mil milhões de ha – ou pastos, savanas e caatingas com produtividade baixa ou marginal – 1,1 bilhão de ha) para produção de alimentos (CAI et al., 2011). No entanto, a maior parte dessas áreas tem pelo menos uma condição de solo abaixo da ideal que precisa ser considerada. Todas essas questões sugerem a necessidade de intensificar a produção de alimentos, rações, fibra e energia em áreas já cultivadas. Isso somente será possível por meio do avanço em tecnologias focadas na integração do manejo adequado de todos os fatores que influenciam o crescimento da cultura.

CONDIÇÕES DE SOLO QUE AFETAM O CRESCIMENTO DA CULTURA

Várias condições de solo influenciam o crescimento da cultura e a produtividade final. Os fatores considerados mais importantes incluem: ph, disponibilidade de nutrientes, umidade, disponibi-lidade de oxigênio, permeabilidade, temperatura e salinidade do solo (Figura 1). As plantas variam na necessidade de cada uma dessas condições. No entanto, rendimentos elevados e econômi-cos somente são obtidos quando todos os fatores estão próximos do ideal. Por exemplo, a produtividade sustentável não pode ser alcançada em um solo com bom equilíbrio de nutrientes mas com baixa permeabilidade do solo restringindo o crescimento das raízes das plantas.

Para atender o desafio de aumentar o rendimento das culturas por unidade de área cultivada é importante entender onde e por que existe o déficit de produtividade, ou yield gap. O conceito de déficit de produtividade é definido por van ittersum e Cassman

(2013) como a diferença entre a produtividade obtida sob manejo ótimo (em condições não limitantes de água, nutrientes e livres de estresses bióticos) e a produtividade média alcançada pelos agricultores locais (Figura 2). As boas práticas de manejo (BPMs) são as ferramentas utilizadas para modificar a condição do solo, assegurando bom crescimento das plantas e reduzindo a amplitude de qualquer desvio de rendimento existente. Essas práticas serão mais eficazes e sustentáveis se forem respaldadas por princípios científicos universais e estiverem adaptadas aos contextos sociais, econômicos e ambientais nos quais são empregadas.

deve-se reconhecer que alguns problemas no solo são relativa-mente fáceis de serem manejados, enquanto outros são influenciados apenas indiretamente. O ph do solo, a disponibilidade de nutrientes e a disponibilidade de água são exemplos de condições do solo que podem ser modificados mais facilmente.

Figura 1. A produtividade da planta é, em parte, reflexo do manejo do solo, o qual deverá criar condições necessárias para otimizar todos os fatores do solo considerados mais influentes para o crescimento das plantas.

- pH- Disponibilidade de nutrientes- Umidade- Disponibilidade de oxigênio- Permeabilidade- Temperatura- Salinidade

Matériaorgânica Energia

solarH2O

CO2

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

pH DO SOLOO excesso de acidez do solo é um problema grave em grandes

áreas do globo, principalmente em solos altamente intemperizados dos trópicos, em terras de pastagem com baixo rendimento e em solos marginais. A capacidade das plantas de tolerar a acidez do solo é variável, porém, a maior parte das plantas cresce melhor em condições de solo ligeiramente ácidas (ph 5,5-6,5). Por exemplo, as plantas de arroz crescem bem em pH baixo, como 4,8; o milho normalmente se desenvolve melhor em pH entre 6,0 e 6,5; a alfafa cresce melhor se o pH do solo estiver próximo de 7,0. A acidificação do solo pode ocorre mesmo em solos altamente produtivos, devido à lixiviação de cátions básicos e ao uso de fertilizantes nitrogenados. Com o monitoramento da acidez do solo, por meio da análise peri-ódica, e com o uso de calcário pode-se evitar a perda de qualidade do solo associada à acidificação, principalmente na profundidade onde as propriedades do solo são mais difíceis de serem corrigidas. Assim, a calagem também pode colaborar na recuperação dos solos para a produção agrícola de alto rendimento. Em alguns casos, o gesso pode ser utilizado para corrigir os problemas de excesso de Al3+ e falta de Ca2+ no subsolo, permitindo, assim, o crescimento radicular profundo, o que é importante para a absorção de água e nutrientes abaixo das camadas superficiais do solo.

DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES

As propriedades químicas inadequadas do solo, relacionadas à disponibilidade de nutrientes, podem ser modificadas para melhorar a produção de biomassa. Para a produção adequada de plantas é importante que o solo disponha de um bom e consistente suprimento de nutrientes, o qual pode ser avaliado e gerenciado com o uso de diferentes ferramentas. A análise de solo e as recomendações nutricionais com base nas curvas de resposta de produtividade sob condições locais, com a orientação de especialistas, é um meio eficaz de garantir rendimentos elevados, evitando a degradação do solo pelo aporte desequilibrado de nutrientes, e fazendo bom uso das terras que apresentam limitação de fertilidade.

diagnósticos adequados da disponibilidade de nutrientes geram recomendações de adubação específicas para o local, reduzem custos e evitam o acúmulo de nutrientes em excesso e seus impactos ambientais indesejáveis. Outras tecnologias que podem ajudar na determinação da disponibilidade de nutrientes no solo incluem diagnósticos para interpretar sintomas visuais de deficiência ou toxicidade, análise de

tecido vegetal e experimentação agronômica local. Em países onde essas técnicas não estão disponíveis, ou viáveis, outras ferramentas devem ser desenvolvidas para ajudar a determinar a disponibilidade de nutrientes no solo e aplicar o método dos 4Cs (ou seja, uso da fonte certa, na dose certa, na época certa e no local certo) em escala de campo. Um exemplo de sucesso é o desenvolvimento da ferramenta de apoio à decisão Nutrient Expert®, que se baseia na utilização com-binada de ensaios com omissão de nutrientes no campo e modelagem do acúmulo de nutrientes para, finalmente, determinar as necessidades nutricionais para culturas específicas e fornecer a recomendação de adubação regionalizada ao agricultor (PAMPOLINO et al., 2012).

UMIDADE DO SOLOA disponibilidade de água no solo é um fator de crescente

preocupação na maior parte dos sistemas de produção agrícola. A seleção de variedades bem adaptadas e eficientes no uso da água é fundamental para alcançar o melhor uso da água no solo. Ferramen-tas eficientes de campo e técnicas sofisticadas de instrumentação, necessárias para monitorar a umidade do solo e a demanda das culturas por água – tanto em sequeiro como em sistemas irrigados –, muitas vezes são facilmente acessíveis em muitas partes do mundo afetadas pela seca. Práticas de manejo adaptativo (por exemplo, sistemas conservacionistas, cobertura do solo) são necessárias para otimizar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, esti-mular o enraizamento profundo dentro do perfil do solo e diminuir o impacto da redução da disponibilidade de água.

PRÁTICAS PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DO SOLOProblemas como compactação, salinização, erosão, formação

de crostas, perda de matéria orgânica e de diversidade microbioló-gica do solo podem ser corrigidos com várias práticas agronômicas restauradoras. Em alguns casos, a subsolagem e outras operações mecânicas e equipamentos (por exemplo, uso de pneus adequados no campo) podem minimizar ou corrigir problemas de compactação e falta de aeração no solo. Muitas práticas adaptativas são adotadas com o objetivo de melhorar, a curto e a longo prazo, o sistema de cultivo e a condição do solo. dois bons exemplos de tais práticas são o plantio direto e a rotação de culturas específicas da região.

PLANTIO DIRETOO plantio direto (também chamado de cultivo mínimo) é uma

maneira de cultivar lavouras ou pastagens em anos sucessivos com a mínima perturbação física do solo. Ele geralmente pro-move aumento na retenção de matéria orgânica, modifica a macro e microporosidade do solo e também influencia a ciclagem de nutrientes. Em muitas regiões, pode reduzir ou eliminar a erosão do solo. Como resultado de tais modificações, o plantio direto pode influenciar positivamente as condições do solo, tais como aeração, calor e permeabilidade. Também pode influenciar a disponibilidade de nutrientes e água, proporcionando melhores condições para o crescimento das plantas.

ROTAÇÃO DE CULTURASA rotação de culturas específica (ou seja, a sequência de culturas

adaptada à região) também pode ter influência positiva sobre as condições do solo. Alternativas criativas, como a prática brasileira de utilizar gramíneas forrageiras em rotação com culturas de cereais, pode gerar grandes benefícios para as condições do solo e a dispo-nibilidade de nutrientes (Figura 3). A rotação de culturas utilizando plantas com diferentes arquiteturas e fisiologias de raiz promove o

Figura 2. A diferença entre as produtividades agrícolas real e ideal, ou atingível, é um reflexo principalmente do desenvolvimento e da adoção de melhores práticas de manejo.

Pro

dutiv

idad

e re

lativ

a (%

)

Manejo atual Manejo ótimo (atingível)

Déficit deprodutividade

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 11

Figura 3. rotação braquiária-milho em diferentes estádios: (A) antes da colheita, (B) no momento da colheita, (C) logo após a colheita e (d) algumas semanas após a colheita.

acesso aos nutrientes em diferentes camadas e formas químicas no solo. A extensão mais longa do sistema radicular e a liberação de exsudatos radiculares aumentam a capacidade da planta de acessar formas de nutrientes que não estão facilmente disponíveis em sis-temas tradicionais de cultivo de cereais (CrUSCIOL et al., 2010).

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CONCLUSÃOO bom manejo do solo permite melhorar e manter a qualidade

do solo e aumentar a produtividade das culturas. O manejo dos nutrientes, associado a outras práticas agronômicas, é ferramenta fundamental para a correção dos solos que apresentam limitações permanentes ou temporárias, a fim de incorporá-los ao sistema agrícola. A literatura é extensa em informações que orientam na modificação do solo de acordo com as melhores práticas de manejo, as quais devem ser sempre adaptadas às condições locais.

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barr

onco

unty

wi.g

ov

O plantio direto reduz o potencial de erosão, porém, aumentam os processos acidificantes (como decomposição de resíduos culturais, nitrificação dos fertilizantes nitrogenados, etc.) na superfície do solo.

A B

C D

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

ESTRATÉGIAS PARA PROTEGER E CONSERVAR OS RECURSOS DO SOLO

Ana Wingeyer1 Fernando O. García2

1 Estación Experimental Agropecuaria Paraná, Oro Verde, Entre Rios, Argentina; email: [email protected] Diretor do IPNI América Latina/Cone Sul, Buenos Aires; email: [email protected]

Abreviações: C = carbono; CAD = capacidade de água disponível; COS = carbono orgânico do solo; FPNP = fonte de poluição não pontual; K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo; PD = diâmetro do peso médio = índice do estado de agregação do solo.

As práticas de manejo do solo afetam os processos e as propriedades do solo em diferentes escalas de intervenção (BrINGEZU, 2014). A eficácia dessas

práticas, para atender as diversas necessidades de manejo do solo, deve ser avaliada simultaneamente no campo/fazenda, nas bacias hidrográficas e em escalas regionais/globais.

A adoção de práticas conservacionistas, incluindo o plantio direto (Pd), tem predominado na América do Sul. Benefícios comuns do Pd incluem melhores resultados econômicos, melhoria e estabilidade da produtividade por meio da melhor eficiência no uso da água, maior atividade biológica no solo, controle da erosão, economia de combustível e de trabalho/tempo, entre outros. O Pd é adotado em 70% a 90% da área cultivada no Paraguai, Brasil, Argentina, Bolívia e Uruguai (Tabela 1).

Tabela 1. Área sob plantio direto em países da América do Sul (2008-09).

País Área sob plantio direto(ha)

Área total cultivada(%)

Brasil 25.502.000 70Argentina 19.719.000 70Paraguai 2.400.000 90Bolívia 706.000 72Uruguai 655.100 82

Fonte: derpsch e Friedrich (2009).

No entanto, somente a adoção do Pd, sem a implementação de controle da erosão hídrica e eólica (por exemplo, terraços, quebra- ventos), rotação de culturas, adubação equilibrada e outras práticas, não mantém, de forma sustentável, a produtividade agrícola e a proteção do solo. Monoculturas de soja proporcionam menores acréscimos de carbono (C) e promovem o aumento das taxas de decomposição do carbono orgânico do solo (COS), comparadas às rotações de culturas com milho ou sorgo, o que pode levar à perda de 3 t COS ha-1 ano-1, independentemente da implementação do Pd (hUGGINS et al., 2007). A rotação de culturas promove a proteção do solo por meio de cobertura contínua da superfície; diversificação de culturas e padrões de enraizamento em profundidade; populações e atividades microbianas; retorno de resíduos; melhora na utilização de água e nutrientes; redu-ção de doenças e pragas; controle mais eficiente de ervas daninhas e, ainda, melhores condições sociais de trabalho. Esses efeitos da rotação de culturas e das plantas de cobertura foram verificados por meio de

Figura 1. Estoque de carbono orgânico na profundidade de 0-30 cm em um vertisol e um Molisol e diâmetro médio ponderado dos agregados do solo a 0-5 cm de profundidade de um Molisol em função da frequência da cultura na rotação sob plantio direto.

Fonte: Adaptada de Novelli et al. (2013).

TrigoSojaCereais

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Índice de frequência da cultura

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Índice de frequência da cultura

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indicadores, tais como COs, atividade biológica, eficiência do uso da água e parâmetros físicos do solo. A intensificação do uso do solo (por exemplo, redução do período de pousio, uso de culturas duplas), as plantas de cobertura e a inclusão de pastagens no sistema de rotação estão associados a maiores estoques de COS e melhor estabilidade dos agregados do solo sob Pd (NOvELLI et al., 2013). O aumento da frequência de uma dada cultura na rotação (ou seja, tendência para a monocultura) tem impactos negativos nos estoques de COS e na estabilidade dos agregados do solo (Figura 1). O índice de frequência da soja foi o que mais estreitamente se associou à redução dos estoques de COS e da estabilidade dos agregados.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 13

Soja plantada diretamente sobre resíduo de palha de milho, cultivado anteriormente, em María-Teresa, Santa Fé, Argentina.

A incorporação de plantas de cobertura entre duas culturas principais pode acentuar os benefícios decorrentes da rotação de culturas. Proteção do solo contra erosão eólica e hídrica; redução da perda de nutrientes por meio de escoamento superficial, trans-porte de sedimentos, lixiviação ou perdas gasosas; incorporação de n pelas leguminosas por meio da fixação biológica; atividade biológica do solo e sequestro do COS estão entre os processos que são beneficiados pelo uso de plantas de cobertura.

O manejo dos resíduos é o componente-chave dos serviços ecossistêmicos em diferentes escalas (Figura 2). A produtividade agrícola, a conservação do solo e da água e a qualidade do solo são afetadas positivamente pela retenção dos resíduos no solo. Em média, os resíduos das culturas contém 40% de C, 0,8% de N, 0,1% de P e 1,3% de k, fornecendo alimentos e habitat para a biota do solo. A remoção dos resíduos das culturas para utilização como bio-combustível, ração ou outros fins aumenta a remoção de nutrientes e expõe o solo à erosão e degradação, com vários impactos adver-sos sobre o solo, o ar e a qualidade da água. Assim, é necessário a correção do solo com resíduos orgânicos para melhorar e manter a qualidade do solo e a produtividade das culturas.

A nutrição equilibrada contribui para a produtividade agrícola e a saúde do solo. A Figura 3 mostra o efeito da nutrição equilibrada na atividade microbiana e na concentração de glomalina. A glo-malina é uma substância que se acumula nas paredes celulares dos fungos do solo e contribui para a formação dos agregados do solo. A implementação do manejo de nutrientes 4C (ou seja, a aplicação da fonte certa de nutrientes, na dose certa, na época certa e no local certo) também contribui para evitar ou diminuir os efeitos externos associados à poluição do ar ou da água.

A proteção e a conservação dos recursos do solo, por meio de técnicas de manejo adequadas, é essencial para agro-ecossistemas sustentáveis e para atender às demandas globais de alimentos,

rações, biomateriais e biocombustíveis. Práticas como as descritas anteriormente deverão contribuir para esse objetivo.

REFERÊNCIAS

BRingEZu, s.; sCHuTZ, H.; PEnguE, W.; O’BRiEn, M.; gARCiA, F.; siMs, R.; HOWARTH, R.; kAuPPi, l.; sWilling, M.; HERRiCk, J. Assessing global land use: Balancing consumption with sustainable supply. Land and Soils working Group: International Panel for Sustai-nable resource Management, United Nations Environment Program, Paris, 2014.

DERPsCH, R.; FRiEDRiCH, T. development and current status of no-till adoption in the world. In: TrIENNIAL INTErNATIONAL SOIL TILLAGE rESEArCh OrGANIZATION CONFErENCE, 18., Izmir, 2009. Proceedings... Izmir, Turkey: ISTrO, 2009. Cd rOM.

gRüMBERg, B.; COnFORTO, C.; PéREZ BRAnDán, C.; ROVEA, A.; BOXlER, M.; RODRíguEZ gRAsTORF, s.; MinTEguiAgA, J.; lunA, C.; MERilEs, J.; VARgAs gil, S. La fertilización inorgánica y los hongos micorrízicos en el cultivo de maíz. In: CONGrESO LATI-NOAMErICANO dE LA CIENCIA dEL SUELO, 19., e CONGrESO ArGENTINO dE LA CIENCIA dEL SUELO, 23., 2012, Mar del Plata. Actas... Mar del Plata, Argentina, 2012.

Huggins, D. R.; AllMARAs, R. R.; ClAPP, C. E.; lAMB, J. A.; rANdALL, G. w. Corn-soybean sequence and tillage effects on soil carbon dynamics and storage. Soil Science Society of America Journal, v. 71, p. 145-154, 2007.

LAL, r. Crop residues and soil carbon. In: Proceedings of the FAO/CTIC Conservation Agriculture Carbon Offset Consultation, 28-30 October, 2008. disponível em: <http://www.fao.org/ag/ca/carbonconsult.html>

nOVElli, l. E.; CAVigliA, O. P.; WilsOn, M. g.; sAsAl, M. C. Land use intensity and cropping sequence effects on aggregate stability and C storage in a vertisol and a Mollisol. Geoderma, v. 195-196, p. 260-267, 2013.

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

Figura 2. Impactos da retenção dos resíduos de culturas na produtividade agrícola e na qualidade ambiental. CAd = capacidade de água disponível, FPNP = fonte de poluição não pontual.

Fonte: Adaptada de Lal (2008).

ProdutividadeConservação do solo e da água

Benefícios na qualidade do solo

Benefícios locais

Agregação

Infiltração

CAD

Ciclagem de nutrientes

Biota do solo

Sequestro de carbono

Menor lixiviação

Baixa evapora-ção do solo

Perda mínima de elementos

Baixa erosão Sustentabilidade

Lucratividade

Altas produtividades

Melhor Qualidade do Solo e Produção Agrícola

Manejo Sustentável de Uso da Terra

Alta Qualidade Ambiental e Menor Dano ao Turismo Ambiental e Infraestrutura

Ambiente

Qualidade da água

Baixa emissão

Baixo uso de energia

Menor hipóxia

Baixo índice de inundação

Menor filtragem

FPNP mínima

Menor dano na infraestrutura

Turismo

Infraestrutura Produtividade

Aquicultura

Rendimento das culturas

Lucratividade

Vantagens externas

Qualidade do ar

Am

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Ecossistema Melhorado pela Retenção de Resíduos Vegetais no Solo

Figura 3. Concentração de glomalina no solo e atividade microbiana sob diferentes tratamentos de fertilização, na província de Santa Fé do Sul, Argen-tina. letras acima das colunas denotam as diferenças significativas entre os tratamentos (p = 0,05).

Fonte: Grumberg et al. (2012).

Testemunha NS PS NP NPS NPS micro

Tratamentos

0,61

0,55

0,50

0,44

0,39

Res

pira

ção

mic

robi

ana

(mg

CO

2/g s

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Testemunha NS PS NP NPS NPS micro

Tratamentos

Glo

mal

ina

(mg

g-1 d

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lo)

1,90

1,75

1,61

1,46

1,32

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 15

OS SOLOS E AS RAÍZES DAS PLANTAS

Robert Mikkelsen1

1 Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; email: [email protected]

Abreviações: Al = alumínio; C = carbono; Ca = cálcio; H = hidrogênio; K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo.

As raízes das plantas desempenham muitas funções importantes – sustentam fisicamente as plantas, aumentam a superficial para a absorção de água e nutrientes e servem como local de síntese de hormô-

nios e reguladores de crescimento. A despeito da sua importância, os programas de melhoramento de plantas concentram-se priorita-riamente no aumento da produtividade e da resistência a pragas, sem dedicar a devida atenção à incorporação de características de raízes potencialmente valiosas. Algumas das características-chave incluem: vigor radicular inicial, elevada superfície radicular e capacidade de enraizamento profundo durante períodos de estresse hídrico.

As raízes das plantas crescem em ambiente complexo no solo, densamente povoado por organismos, incluindo bactérias, fungos, leveduras, protozoários e insetos, que se alimentam de vários subs-tratos. No solo da rizosfera ocorre grande variedade de interações entre plantas e organismos do solo – interações que podem ser positivas ou negativas para a raiz.

uma quantidade significativa de carbono (C), fixado por meio da fotossíntese, é alocada para sustentar o crescimento das células radiculares. Por exemplo, entre 5% e 30% do C da planta são liberados para o solo como exsudatos orgânicos, e as associações simbióticas com micorrizas podem utilizar 20% do C adicional fixado nas folhas. A fixação de nitrogênio (n) também requer fontes substanciais de C (5 a 10 gramas de C para cada grama de n fixado). A manutenção de raízes saudáveis exige o emprego de grande quantidade do C total da planta. Em condições de estresse, como seca ou deficiência de nutrientes, as plantas geralmente respondem com aumento do fluxo de C para ampliar o crescimento das raízes, em detrimento da parte aérea da planta. Esse estímulo radicular aumenta a probabilidade de exploração e aproveitamento dos escassos recursos do solo, mas pode reduzir a rentabilidade da parte aérea.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS RAÍZES

Os solos devem fornecer suporte suficiente para sustentar a planta por meses ou anos e fornecer quantidades adequadas de nutrientes, água e ar por meio da rede de poros. Quando as propriedades físicas do solo são danificadas, a capacidade de manter o crescimento do sistema radicular da planta fica prejudicada. A compactação do solo pode ser um grande impedimento para o crescimento normal das raízes. A compactação causada pelo tráfego de tratores e máquinas é significativa, principalmente com o aumento do tamanho dos equi-pamentos agrícolas. A compactação do solo provoca compressão dos macroporos do solo, o que resulta em menor velocidade de infiltração de água, movimento do ar e crescimento das raízes.

As raízes devem forçar o caminho através do solo e só crescem nos poros existentes, ou nos solos compressíveis. Nos solos com-

pactados, as raízes tornam-se atrofiadas, caso encontrem grande resistência; muitas vezes, têm menor comprimento total, ficam mais concentradas na camada superior do solo (acima de um hardpan) e encontram-se em densidades menores do que a normal em pro-fundidade, no perfil do solo. sistemas radiculares menores podem reduzir a capacidade de absorção de água e nutrientes, resultando em maior suscetibilidade ao estresse durante o período de crescimento. Considerando que muitos nutrientes têm mobilidade limitada no solo, as raízes devem crescer em direção ao volume de solo onde os nutrientes estão localizados. A baixa densidade radicular no solo compactado resulta em maior distância entre as raízes vizinhas, o que resulta em menor oportunidade para absorver os nutrientes.

A subsolagem profunda ajuda a diminuir as limitações do solo para o crescimento radicular. Equipamentos agrícolas estão dispo-níveis para romper as camadas compactadas existentes no solo, e a utilização de padrões de tráfego controlado no campo mantém as rodas de compactação em áreas específicas. Culturas que possuem enraizamento profundo também podem ajudar na descompactação dos solos. Práticas de cultivo mínimo proporcionam melhoria gra-dual, a longo prazo, dos solos compactados.

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS RAÍZES

As raízes se desenvolvem em coordenação com o vigor global de toda a planta, dependendo do ambiente do solo. Elas invariavel-mente encontram estresses ambiental, químico ou biológico durante o período de crescimento, levando-as a se adaptar rapidamente. Por

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16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

exemplo, as plantas que possuem sistemas radiculares bem adapta-dos para utilizar eficientemente os recursos das camadas superficiais do solo precisam sofrer uma mudança estrutural (plasticidade) para poder explorar a umidade do solo ou os nutrientes nas camadas mais profundas do solo e sobreviver durante os períodos de seca.

Nitrogênio: O nitrato é a principal forma de N inorgânico absorvida pela maior parte das culturas. Em ensaio realizado com milho, observou-se que o N foi absorvido pelas raízes da seguinte forma: 79% por fluxo de massa, 20% por difusão e 1% por inter-cepção direta (wATT et al., 2013). O vigor radicular inicial e a alta densidade radicular são características importantes para interceptar o nitrato à medida que ele se move com a água do solo, e antes que seja lixiviado abaixo da zona radicular no início da estação de crescimento. Se a amônia é a principal fonte de N para as plantas, a exploração do solo pelas raízes pode ser mais vantajosa, visto que esta forma de N não é altamente móvel com a água do solo.

A importante relação simbiótica entre as raízes das plantas leguminosas e as bactérias fixadoras de n2 contribui para o for-necimento de N a muitas culturas. A meta de longo prazo dos cientistas tem sido entender os controles genéticos que impedem as plantas não-leguminosas de servirem como hospedeiras para a fixação de n2.

Fósforo: Há um contínuo interesse na melhoria da eficiência de recuperação a curto prazo dos fertilizantes fosfatados aplicados. várias práticas agronômicas ajudam a alcançar esse objetivo, mas também é possível promover o aumento da recuperação de P modi-ficando a arquitetura da raiz da planta. A concentração de P solúvel

é bastante baixa no solo, mas as exigências das plantas são bastante elevadas. Por causa de suas fortes reações com os componentes do solo, o P é fornecido para as raízes das plantas principalmente por difusão. Pontas de raízes jovens, continuamente em expansão no solo, estão expostas a concentrações mais elevadas de P na solução do solo. A abundância de pelos radiculares e a associação com fungos micorrízicos também melhoram a absorção de P do solo. Como a absorção de P ocorre na superfície da raiz, uma zona de depleção de 0,2 a 1,0 mm se desenvolve em torno dela. Esta zona de depleção ao redor da raiz é o principal fator que influencia a química da rizosfera e a disponibilidade do nutriente.

Potássio: As raízes absorvem o k diretamente da solução do solo, que está em equilíbrio com o k trocável. Quando a concentra-ção de k na solução atinge valores muito baixos, pode haver difusão de parte do potássio contido nas estruturas dos argilominerais e dissolução dos minerais primários que contém k, indicando que as formas de k não trocáveis são potencialmente disponíveis para as plantas. As raízes das plantas possuem mecanismos específicos para a aquisição de k do solo. Por exemplo, transportadores e canais de k facilitam sua absorção sob condições de baixo suprimento de k.

O PAPEL DE PELOS RADICULARESOs pelos radiculares são os principais órgãos para a aquisição

de água e nutrientes minerais do solo. Eles são constituídos por células radiculares individuais, com formato tubular, que podem estender-se por 80 a 1.500 mm dentro do solo (aproximadamente a espessura de um cartão de crédito). Os pelos radiculares sobre-vivem por alguns dias a até duas semanas. Enquanto novos pelos radiculares estão sendo produzidos por trás da ponta da raiz, os pelos radiculares mais velhos estão morrendo.

Os pelos radiculares facilitam a absorção de nutrientes princi-palmente pelo aumento da área superficial da raiz em contato com o solo e pela diminuição da distância de difusão do P para a raiz. é por meio da área superficial adicional fornecida por eles que ocorre maior absorção de P. Foi demonstrado que os sistemas radiculares que possuem pelos radiculares absorvem 78% mais P do que aqueles sem pelos (BArLEy e rOvIrA, 1970). Plantas que se desenvol-vem em solos deficientes em P frequentemente respondem à falta do nutriente com o aumento do comprimento e da densidade dos pelos radiculares. O aumento da colonização por fungos micorrízicos, os quais podem estender-se a vários centímetros no solo deficiente em P, também realizam trabalho semelhante por meio da transferência de P para a raiz. Os pelos radiculares também são importantes para a absorção de k, visto que aumentam a área superficial da raiz e da zona de depleção de k no solo.

ACIDEZ DO SOLO E SALINIDADEA acidez do solo é uma das restrições mais importantes para a

produção global das culturas. O crescimento debilitado das plantas nos solos ácidos não é causado por um único fator, mas inclui a toxicidade por alumínio (Al3+) e hidrogênio (h+) e várias outras deficiências nutricionais (como Ca e P). Os sintomas iniciais da concentração elevada de Al aparecem primeiramente como encurtamento e espessamento das raízes. As raízes muitas vezes adquirem coloração marrom e a ramificação diminui à medida que o Al é acumulado. Plantas tolerantes ao Al usam ácidos orgânicos para se desintoxicar do Al, tanto internamente como na rizosfera. A aplicação de calcário é a prática mais amplamente adotada para corrigir os solos ácidos. A adição de calcário reduz a concentração do Al solúvel no solo, elevando o ph, e fornece mais Ca, o qual

As raízes das plantas têm sido tradicionalmente estudadas por meio de extensos projetos de escavação, com a finalidade de extraí-las do solo. Nos últimos 50 anos, a utilização de técni-cas não destrutivas tem tornado os estudos radiculares mais convenientes e rápidos. Por exemplo, foram desenvolvidos os rizotrons e os mini-rizotrons (janelas de raiz) para observar a atividade radicular no solo sem a necessidade de amostragem destrutiva. No início, os rizotrons consistiam de câmeras de vidro colocadas contra o perfil do solo. Os mini-rizotrons envolvem a instalação de um tubo transparente na zona da raiz, inserindo-se um dispositivo de imagem dentro do solo.Além da observação direta e da quantificação do sistema radicular, há muitas mensurações não-invasivas do crescimento das raízes que podem ser feitas diretamente usando-se micro-sensores e sensores óticos.

Abertura

Câmera

Baterias

Filtro polaroide

Luz halógena

Espelho ótico

Abertura de visualização

Estudando as raízes das plantas

Cortesia

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 17

limita a atividade radicular quando em baixas quantidades no solo. O gesso também é útil como corretivo da falta de Ca nos solos ácidos.

Concentrações excessivas de sais também representam um entrave para o crescimento das plantas em muitos solos agrícolas. Os nutrientes devem ser dissolvidos na solução do solo antes de serem absorvidos pelas raízes. No entanto, quando a concentração salina se torna excessiva, o potencial da solução do solo fica igual, ou menor, ao potencial da água nas células radiculares. Algumas plantas podem se ajustar a essas condições de elevada salinidade, porém, muitas plantas cultivadas não são tolerantes ao estresse osmótico e, assim, as células radiculares e as membranas ficam permanentemente danificadas. O estresse salino muitas vezes é mais visível nas folhas do que nas raízes. As culturas diferem largamente na tolerância à salinidade devido, principalmente, às diferentes capacidades das raízes de excluir os sais absorvidos da planta. A lixiviação é o método mais eficaz para a recuperação de solos salinos. A técnica recomenda a aplicação de água em quantidade suficiente para dissolver e trans-portar os sais solúveis da zona radicular até o sistema de drenagem.

RESUMOA manutenção das condições do solo favoráveis ao crescimento

saudável das raízes é fundamental para sustentar um abastecimento alimentar seguro e promover a responsabilidade ambiental. A melhor eficiência no uso de água, nutrientes e recursos é atingida quando raízes saudáveis promovem melhor crescimento das cul-turas. Sem raízes saudáveis, o potencial de produção das plantas não pode ser cumprido. A atenção recente para a importância das várias funções das raízes conduzirá a melhor capacidade para gerir sistemas de cultivo produtivos.

REFERÊNCIASBARlEy, k. P.; ROViRA, A. D. The influence of root hairs on the uptake of phosphate. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v. 1, p. 287-292, 1970.WATT, M.; WAssOn, A. P.; CHOCHOis, v. In: EShEL, A., BEECk-MAN, T. (Ed.). Plant roots: The hidden half. Boca raton: FL CrC Press, 2013.

PRÊMIO IPNI BRASIL EM NUTRIÇÃO DE PLANTAS, VERSÃO 2015 – PESQUISADOR SÊNIOR E JOVEM PESQUISADOR

As inscrições para o Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas estão abertas até 8 de Julho de 2015.

O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas tem por objetivo reconhecer pesquisadores brasileiros que contribuem com pesquisas relevantes em assuntos relacionados à missão do Instituto. A premiação conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).

Este ano, o prêmio será entregue no Congresso Brasileiro de Ciência do Solo 2015, a ser realizado em Natal, RN, de 2 a 7/08/2015.

Este prêmio é anual e contempla os pesquisadores em duas categorias: Pesquisador Sênior e Jovem Pesquisador.

Pesquisador Sênior: o Prêmio é indicado por sócios da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), sendo o julgamento dos indicados realizado por comissão sugerida pela SBCS.

Jovem Pesquisador: são candidatos ao Prêmio todos os alunos que enviam ao evento (Fertbio em anos pares e Congresso Brasileiro de Ciência do Solo em anos ímpares) trabalhos científicos relacionados às áreas de Fertilidade do Solo, Nutrição de Plantas e/ou Adubos e Adubação.

Mais informações podem ser obtidas no site do IPNI: http://info.ipni.net/Premio_Brasil

Premiados na categoria Pesquisador Sênior: 2014 - Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas, UFV 2013 - Dr. Alfredo S. Lopes, UFLA2012 - Dra. Janice G. de Carvalho, UFLA2011 - Dr. Ibanor Anghinoni, UFRGS 2010 - Dr. Bernardo van Raij, IAC 2009 - Dr. Segundo S. Urquiaga Caballero, Embrapa Agrobiologia

Premiados na categoria Jovem Pesquisador: 2014 - Lívia Pereira Horta, UFMG 2013 - Roger Borges, UFPR2012 - Fernando Viero, UFRGS 2011 - Carlos A. Casali, UFSM 2010 - Gelton G. F. Guimarães, UFV 2009 - Tancredo A. F. de Souza, UFPB

Dr. Luís Prochnow (à esquerda) e os vencedores do Prêmio IPNI Brasil 2014: Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas e Lívia Pereira Horta.

18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

INTENSIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL PARA PROTEGER OS RECURSOS DOS SOLOS

Robert Mikkelsen1

1 Vice-Presidente do IPNI, Diretor da Região Nordeste dos Estados Unidos; email: [email protected]

Abreviações: K = potássio; N = nitrogênio; P = fósforo.

Os solos desempenham papel vital na sustentação da produção de alimentos no mundo, mas também forne-cem suporte essencial para muitos outros serviços do

ecossistema, como armazenamento e filtragem de água, sequestro de gases de efeito estufa, processamento de resíduos, hospedagem microbiana e vida terrestre. Ameaças de degradação exigem maior urgência na proteção e reconstituição dos solos. Especialistas calculam a necessidade de aumento da produção de alimentos em 70% até 2050 para alimentar a crescente população mundial. Sem o manejo adequado dos recursos do solo será impossível atender a essa demanda em expansão.

Agricultores líderes, cientistas e grupos governamentais estão reunidos em torno do princípio da "intensificação sustentável". Por meio desse modelo, busca-se aumentar a produção de ali-mentos nas áreas já existentes usando métodos que apresentem menor pressão sobre o ambiente. O princípio da intensificação sustentável surgiu do reconhecimento de que existe a necessidade

urgente de aumentar a produção de alimentos. O desafio é assegu-rar o aumento de produtividade com maior eficiência, alicerçado em ações sustentáveis, sem a perda de novas áreas naturais. é importante reconhecer que não há uma única maneira de alcançar a intensificação sustentável, uma vez que deve ser adaptada aos recursos e condições locais.

O conceito de déficit de produtividade, yield gap, é utilizado para medir a diferença de rendimento obtido por agricultores mais eficientes na produção (com limitações mínimas de crescimento das culturas) em relação aos agricultores menos eficientes. Existem inúmeros fatores que explicam os déficits de produtividade, porém, existem muitas oportunidades para aumentar a produção de alimentos, ajudando os agricultores a utilizar o solo, a água e os outros recursos de forma mais eficiente (Tabela 1). Em recente avaliação mundial dos déficits de rendimento, descobriu-se que quase três quartos das áreas pouco produtivas poderiam melhorar significativamente a produtivi-dade concentrando-se no aporte adequado de nutrientes (Figura 1).

Ensaio de campo mostrando o déficit de produtividade de milho (yield gap) no Zimbábue. À esquerda, talhão controle, à direita, parcelas adubadas com NPK.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 19

Tabela 1. Fatores que provocam perdas de produtividade e impedem a intensificação sustentável.

Deficiência e desequilíbrio de nutrientes Estresse hídrico (secas e inundações)Matocompetição danos por insetosdoenças de plantas Genética vegetal inferiorManejo indequado do solo Limitações do solo (salinidade, acidez, compactação, etc.)

Fonte: Lobell et al. (2009).

Cientistas agrícolas e agrônomos entendem que a falta de qualquer um dos nutrientes essenciais para as plantas é prejudicial ao crescimento e à produtividade das culturas. Com o conhecimento avançado sobre nutrição de plantas e manejo de nutrientes, e com a abundância de excelentes materiais fertilizantes, é imperativo que a principal causa do déficit de pro-dutividade seja prontamente corrigida.

Práticas de manejo do solo abrangentes precisam ser amplamente implementadas se os objetivos da intensificação sustentável necessitam ser cumpridos. Algumas dessas práticas incluem a manutenção do solo coberto em grande parte do ano, utilizando plantio direto e rotações de culturas apropriadas; implementação de técnicas integradas de manejo de nutrientes, eliminando as restrições do solo que limitam o crescimento da planta (como acidez e sali-nidade) e adoção de práticas de prevenção da erosão e conservação da água.

O desafio de produzir alimentos em quantidades suficientes e com baixo impacto ambiental exige uma reavaliação cuidadosa das práticas atuais. O uso dos recursos do solo em seu pleno potencial e a preserva-ção das funções vitais do solo exigem engajamento multi-disciplinar. Muitas das ferramentas necessárias para eliminar os déficits de produtividade existentes já estão desen-volvidas e as tecnologias disponíveis podem contribuir de forma substancial para o aumento de produtividade. O objetivo atual é implementar a intensificação sustentável em benefício da huma-nidade em contexto global, e parte das medidas a serem seguidas inclui o fortalecimento das ações de transferência de tecnologia, tanto em nível local como entre países.

REFERÊNCIASlOBEll, D. B.; CAssMAn, k. g.; FiElD, C. B. Crop yield gaps: their importance, magnitudes and causes. Annual Review of Environment and Resources, v. 34, p. 179-204, 2009.

MuEllER, n.D.; gERBER, J. s.; JOHnsTOn, M.; RAy, D. k.; RAMAnkuTTy, n.; FOlEy, J. A. Closing yield gaps through nutrient and water management. Nature, v. 490, p. 254-257, 2012. doi:10.1038/nature11420.

Figura 1. Déficits de produtividade média de milho, trigo e arroz medidos como percenta-gem do rendimento atingível alcançado no ano 2000. O déficit de produtividade em cada célula da grade é calculado como média ponderada da área das culturas e é exibido em 98% da área cultivada.

Fonte: Mueller et al. (2012).

Grandes culturas: rendimento atingível alcançado (%)

Visando o aumento da produção agropecuária brasileira, o Instituto Internacional de Nutrição de Plantas (IPNI), realizou o VIII Simpósio Regional IPNI Brasil sobre Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes em Vilhena, RO. Esse evento, coorde-nado pelo Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI, abordou o manejo adequado dos fertilizantes, de forma a utilizar a dose e a fonte certas dos insumos, no local e na época corretas, com respeito ao ambiente e à sociedade. O evento contou com o apoio da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) e da Faculdade Avec de Vilhena.

O objetivo do evento foi fornecer informações técnicas aos produtores que buscam um sistema produtivo adequado, aplicando o manejo agronômico que proporcione aumento da eficiência dos insumos utilizados.

Mais informações em http://brasil.ipni.net/article/BRS-3338

VIII SIMPÓSIO REGIONAL IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

APLICANDO OS PRINCÍPIOS DO MANEJO 4C AO MANEJO LOCALIZADO DO SOLO

Brian Arnall1 Steve Phillips2

1 Professor Assistente, Precision Nutrient Management, Oklahoma State University, Estados Unidos; email: [email protected] Diretor do IPNI, Owens Cross Roads, Alabama, Estados Unidos; email: [email protected]

Abreviações: AP = agricultura de precisão; N = nitrogênio; P = fósforo.

Por definição, precisão significa "ser preciso" ou é uma "medida de

exatidão" em relação a alguma prática. Essa definição descreve perfeitamente o que tentamos rea-lizar quando adotamos o manejo de nutrientes 4C e selecionamos a fonte certa, a dose certa, a época certa e o local certo para a aplicação de nutrientes. de fato, várias fontes na literatura definem agricultura de precisão (AP) como "a aplicação do insumo certo, na época certa e no local certo". Quando definem AP, muitas pessoas tendem a pensar apenas em equipamentos de alta tecnologia, satélites e computa-dores; porém, na realidade, a AP consiste no uso de informações específicas do local para melhor auxiliar consultores e produtores na tomada de decisão de manejo e na utilização mais eficaz e eficiente dos insumos agrícolas. Em alguns casos, as tecnologias de direcionamento automático e os aplicadores em taxa variável facilitam esse processo, enquanto em outros, as ferramentas de apoio à decisão de baixa tecnologia, como tabelas de cores da folha, aumentam o conhecimento de forma eficaz e reduzem o risco da má gestão. Também importante no manejo 4C é o mecanismo dinâmico de interação entre os agentes envolvidos. As estratégias de manejo de informação comuns na AP fortalecem consideravelmente este componente do manejo 4C. do retorno imediato ao operador à credibilidade da informação para os legisladores, a AP permite ir além e mostrar às pessoas que está fazendo a coisa certa dentro da porteira, ao invés de simplesmente dizer-lhes.

é a conexão entre a ciência dos 4Cs e as ferramentas e tecno-logia da AP que aumenta a oportunidade dos agricultores e gestores agrícolas de atingirem as suas metas de sustentabilidade e alcançarem os seus objetivos de gestão. Por exemplo, a seleção da fonte certa de nutrientes pode ter um grande impacto na eficiência de absor-ção da planta, evitando perdas potenciais, e na entrega pontual de nutrientes essenciais. Novas tecnologias de nutrientes amplamente utilizadas para atender essas necessidades são aquelas encontradas nos fertilizantes com eficiência aumentada. Enquanto comercializado em grande parte como uma solução, esses produtos incorporam a interdependência do manejo 4C. Ao manter os nutrientes em for-

mas disponíveis para as plantas e ao mesmo tempo protegendo-os de diversos mecanismos de perda no campo, essas fontes podem afetar a taxa ideal de aplicação (em alguns casos, baixando-a ligeiramente, devido à maior eficiência de absor-ção), a época de aplicação (menor risco de perda de nutrientes nas aplicações pré-plantio ou no início da estação) e o local de aplicação dos nutrientes (a incorporação do fertilizante não é tão crítica quando a volatilização e o escoamento não são motivo de preocupação).

A escolha da dose certa de fertilizante é desafiadora devido à variabilidade temporal e espacial da disponibilidade de nutrientes e da demanda das culturas. A equação de Stanford, que tem sido historicamente utilizada para determinar a dose de fertilizantes nitrogenados, afirma que a dose de n = [(n absorvido pela planta – contribuições de n do solo) / eficiência de uso do fertilizante]. Este cálculo parece muito simples; no entanto, cada uma das variá-veis incluídas na equação é afetada pela variabilidade no campo, criando desafios ao produtor. Em primeiro lugar, a absorção de n é impulsionada pelo rendimento. Enquanto o rendimento-alvo do produtor tende a permanecer constante, o rendimento real obtido pode ser muito diferente de um ano para o outro, principalmente para a agricultura de sequeiro. Num estudo de longo prazo sobre fertili-dade do trigo, realizado em Oklahoma, Estados Unidos, observou-se que a produtividade média de grãos nos últimos dez anos foi de 53 bu acre-1, com faixa de produtividade de 31 a 88 bu acre-1 (Figura 1). A dose ótima econômica de N nos primeiros cinco anos variou de 20 a 100 lb acre-1, representando quase o dobro da eficiência agronômica no período de dez anos, unicamente devido à variabilidade temporal que não poderia ter sido prevista antes da estação de crescimento. Atualmente, os produtores têm acesso a um conjunto de ferramentas que os auxiliam na seleção da dose certa de fertilizante. A utilização de grandes bases de dados de respostas regionais vinculadas ao solo específico e ao ambiente, a análise de dados de rendimento de vários anos, os modelos de culturas e con-dições meteorológicas, os testes de tecido e os sensores que medem o status da planta são todos os métodos atualmente utilizados para otimizar as recomendações da dose de fertilizante.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 21

Figura 1. Produtividades de trigo de inverno (bu acre-1) obtidas com o uso de doses economicamente ótimas de n (us$ acre-1) em ensaio de longo prazo, em Lahoma, Oklahoma. Cálculo da dose ótima econômica: (Produtividade x 6,00) – (dose-N x 0,60). As doses de N avaliadas variaram de 0 a 100. Apenas as parcelas que receberam doses equilibradas de P e k foram avaliadas (dados não publicados).

O estabelecimento de várias zonas de manejo dentro do campo com base em uma combinação de fatores é uma forma bem tes-tada e comumente utilizada para tratar a variabilidade espacial. No entanto, mesmo quando se utiliza a melhor tecnologia para identificar onde os campos precisam ser tratados de forma dife-rente, as limitações do equipamento impedem que os produtores tratem a variabilidade espacial dos nutrientes no solo de forma eficiente. Dr. Randy Taylor, especialista da Oklahoma state uni-versity Extension Machinery, assinala que os agricultores têm aplicado o N em taxa variável há anos, sendo que nem sempre a critério do produtor. Por exemplo, aplicadores de amônia anidra comumente utilizados nos últimos anos muitas vezes aplicam doses variadas de N ao longo do dia, conforme a temperatura aumenta durante o dia e diminui à noite, causando alterações de pressão dentro do tanque. Atualmente, os equipamentos avançados não só permitem a dosagem uniforme em todo o aplicador, mas também permitem alterações dinâmicas na dose de aplicação à medida que o aplicador caminha pelo campo, seguindo um mapa de prescrição, ou o uso de outras tecnologias, como os sensores de culturas. As tecnologias de taxa variável atuais oferecem aos produtores a possibilidade de obter a dose certa de fertilizante em todas as áreas do campo.

Idealmente, a época certa para a aplicação de nutrientes corres-ponde ao momento da absorção pelas plantas e ocorre ao longo de todo o ciclo vegetativo da cultura para garantir que os nutrientes aplicados não sejam perdidos para o ambiente nem complexados organicamente ou quimicamente em formas indisponíveis para as plantas. Melhorias nas máquinas agrícolas permitiram aos produtores maior flexibilidade em relação à época de aplicação de nutrientes, proporcionando-lhes a possibilidade de cobrir o terreno mais rapidamente e caminhar sobre as culturas mais altas. Aplicadores foram projetados com hastes capazes de injetar o fertilizante com largura de trabalho de 1,80 m, enquanto pulverizadores autopropelidos podem passar por meio de um campo de milho na fase de pendoamento. A irrigação em taxa variável é uma tecnologia que oferece aos produtores a oportunidade de realizar aplicações controladas de nutrientes na cultura em toda a estação de crescimento. A fertirrigação permite aos agricultures

A ciência do manejo 4C apoia a implementação da agricultura de precisão por meio da integração do conhecimento dos fatores que controlam o fornecimento de nutrientes.

a possibilidade de ajustar a dose, a época e o local de aplicação de fertilizantes para melhorar a eficiência do uso de nutrientes.

A escolha do local certo também pode ter implicações sobre a eficiência dos nutrientes aplicados. Para os nutrientes imóveis, tais como P e muitos dos nutrientes secundários, a aplicação do fertilizante em faixas aumenta a sua eficiência de uso, melho-rando a intercepção radicular e diminuindo o ritmo com que os nutrientes se tornam indisponíveis para a planta por meio de reações químicas.

A aplicação do fertilizante abaixo da superfície do solo reduz as perdas por escoamento, volatilização e imobilização nos resíduos das culturas. No passado, os produtores que adotaram o plantio direto foram desafiados a melhorar a tecnologia de aplicação de fertilizantes porque a maior parte dos equipamentos disponíveis para incorporar fertilizantes causavam significativa perturbação no solo. No entanto, o uso de aplicadores que causam baixo impacto no solo tem permitido aos produtores incorporar fertilizantes com pouca perda de resíduo da superfície. Estes mesmos aplicadores também podem ser utilizados para incorpo-rar o n aplicado em cobertura no trigo sem danificar a cultura, oferecendo, assim, outra opção para mesclar o momento certo e o local certo da aplicação de nutrientes.

Com a implementação da prática de manejo de nutrientes 4C os produtores são capazes de maximizar os rendimentos, otimizar a eficiência dos fertilizantes e minimizar os impactos ambientais. A adoção do manejo 4C requer planejamento, boa gestão, capacidade de adotar novas ideias e criatividade. Muitas das tecnologias da AP disponíveis atualmente ajudam no objetivo de melhor administrar a terra. Um programa bem sucedido de AP deve ser baseado na ciência agronômica adequada, tal como os princípios fundamentais que norteiam o manejo de nutrientes 4C.

FonteDose

ÉpocaLocal

Fonte certa, dose certa, época certa e local certoDecisões requerem:• Planejamento• Bom manejo• Adaptabilidade• Criatividade

Produtividade, bu acre-1

Dose ótima econômica de N, lb acre-1

22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

DIVULGANDO A PESQUISA

DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE MACRONUTRIENTES DAPALHADA DE MILHO E BRAQUIÁRIA, SOB INTEGRAÇÃO

LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO BAIANO

FLáVIA CRISTINA dos SANTOS, MANOEL RICARDO de ALBUQUERQUE FILHO, LOURIVAL VILELA, GILVAN BARBOSA FERREIRA, MARIA da CONCEIçãO SANTANA CARVALHO, JOãO HERBERT MOREIRA VIANA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 38, n. 6, p. 1855-1861, 2014.

Tabela 1. Economia (R$ ha-1) com base nas quantidades de fertilizantes equivalentes às quantidades de N, P e k liberadas pela palhada até 110 dias após a dessecação.

NutrienteLiberado pela palhada Equivalente em fertilizante(1) Economia

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (R$ ha-1)N 26,5 59 77,29P (P2O5) 7,3 (16,7) 93 63,24k (k2O) 51,0 (51,0) 85 102,85Total 243,38

(1) n: ureia (45% n, R$ 1,31 kg-1); P: superfosfato simples (18% P2O5, R$ 0,68 kg-1); k: cloreto de potássio (60% k2O, R$ 1,21 kg-1). Preços locais dos adubos a granel.

O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) foi amplamente difundido nos últimos anos pelos bene-fícios que proporciona à atividade agropecuária, com

possibilidade de ganhos econômicos e ambientais, entre outros. Nesse sistema, o consórcio milho e braquiária merece destaque por ser a combinação predominante na ILP, ocupando as maiores áreas de cultivo. O conhecimento da dinâmica de decomposição e libera-ção de nutrientes em sistemas de produção é de grande importância para o manejo da fertilidade do solo e para a economia de recursos. dessa forma, foi conduzido um experimento em solo de Cerrado do oeste baiano com o objetivo de estudar a decomposição e liberação de macronutrientes da palhada de milho mais Brachiaria ruziziensis, sob sistema de integração lavoura-pecuária (ILP). As avaliações foram realizadas por meio de litterbags coletadas aos 0, 15, 40, 110, 170 e 220 dias após a dessecação da palhada, que ocorreu em outubro de 2008. A matéria seca total inicial foi de aproximadamente 6,6 Mg ha-1, com meia-vida de 115 dias (Figura 1). A liberação de nutrientes desse volume de palhada, com o respectivo percentual em relação à quantidade total de nutrientes acumulada na planta, até o final das avaliações, foi de 29,3 kg ha-1 n (62%); 7,8 kg ha-1 P (80%); 42,2 kg ha-1 k (94%); 48,6 kg ha-1 Ca (74%); 17,0 kg ha-1 Mg (81%) e 7,7 kg ha-1 S (79%). Esses resultados auxiliam o manejo da adu-bação das culturas e se traduzem em economia de recursos. Como exemplo, e transformando-se as quantidades de nutrientes liberadas até os 110 dias, período de certa coincidência com o florescimento da cultura sucessora principal, pelos três principais macronutrientes (N, P e k) em quantidade de adubos, ter-se-ia uma economia de R$ 243,00 ha-1 (Tabela 1). Esse valor é de grande impacto econô-mico, considerando-se que na fazenda onde foi realizado o experi-mento cultivam-se cerca de 15.000 ha; logo, haveria uma economia total em fertilizantes estimada de R$ 3.650.700,00.

Conclusões:

• A dinâmica de decomposição e liberação de nutrientes evi-dencia uma rápida disponibilização de até, aproximadamente, 70 dias após a dessecação, à exceção do N.

• Praticamente todo o k foi liberado da palhada de milho + bra-quiária, restando cerca de 20% dos demais macronutrientes.

• Em relação à matéria seca de palhada, 36% da quantidade inicial permaneceram na área após o período de avaliação.

Figura 1. variação na massa de matéria seca de cobertura do solo em fun-ção de dias após a dessecação das plantas com herbicida. Barras verticais representam o desvio-padrão da média de cada ponto.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 23

EM DESTAQUE

NUTRIÇÃO DE PLANTAS COMO FERRAMENTA DO ENGENHEIRO FLORESTAL

Em abril, dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI, ministrou a aula intitulada "A Nutrição de Plantas como ferra-menta do engenheiro florestal” para os alunos da XXVi turma do curso de graduação Engenharia Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Campus de Botucatu. Durante a aula, Dr. Casarin apresentou tópicos técnico-científicos sobre o tema abordado, além de experiências profissionais, com o intuito de motivar os futuros engenheiros florestais. A aula ministrada faz parte da programação da disciplina de Nutrição Mineral de Plantas, sob responsabilidade do professor Thiago Assis rodrigues Nogueira, do departamento de Solos e recursos Ambientais da FCA.

XXVI turma do curso de graduação Engenharia Florestal da Fa-culdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Campus de Botucatu, SP.

WEBINAR DIVULGA AS BOAS PRÁTICAS DE MANEJO DO PERFIL DO SOLO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES

dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI Brasil, moderou a palestra do Sr. Ivo Frare, consultor agrícola, que discorreu sobre as melhores práticas de manejo do solo para a produção de grãos no Brasil com a palestra “Construção do Perfil do solo para Altas Produtividades”. Segundo o palestrante, “avaliar e corrigir a acidez do solo subsuperficial é um fator-chave para a obtenção de alta eficiência no uso de nutrientes em regiões onde as condições são limitantes”. Os vídeos do webinar estão disponíveis em http://brasil.ipni.net/article/BrS-3331 e http://brasil.ipni.net/article/BrS-3334

IPNI NA LUTA PARA MELHORAR A PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS NO BRASIL

Em recente visita ao estado do rio Grande do Sul, dr. Luís Prochnow, Diretor do iPni Brasil, apresentou a palestra "Desafios para a obtenção de maiores produtividades das culturas no Brasil" a mais de 200 pessoas na Universidade de Passo Fundo. durante a apresentação, dr. Prochnow discutiu sobre as várias limitações enfrentadas pela agricultura brasileira que limitam a produtividade das culturas. Ele abordou questões das mais básicas às mais com-plexas e enfatizou a necessidade de melhorar a eficiência do manejo nutricional das culturas.

Dr. Luís Prochnow apresentando os desafios para aumentar a produ-tividade das culturas, em Passo Fundo, RS.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MANEJODO SOLO DA ESALQ

dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI, ministrou aula sobre dinâmica de Nutrientes no Solo para a turma de alunos do curso de especialização em Manejo do Solo da ESALQ em Prima-vera do Leste-MT.

Dr. Eros junto à turma de alunos do curso de especialização em Manejo do Solo da ESALQ, em Primavera do Leste, MT.

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IPNI NO DIA DE CAMPO SOBRE MANEJO DO CAFEEIRO

No dia 15 de maio, a Emater-rO realizou um dia de campo sobre a cultura do cafeeiro no município de Ministro Andreazza, rO, na propriedade do Sr. Gilmar Monteiro, que contou com a visita de produtores da região. dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI Brasil, apresentou aos participantes os princípios da boa nutrição das plantas de cafeeiro e do manejo da adubação: “o estado de rondônia é um importante produtor de café do tipo Conilon, cuja área cultivada é de aproximadamente 100 mil hectares, porém, apresenta nível tecnológico de manejo associado a baixas produ-tividades (10-15 sacas ha-1). Contudo, há produtores investindo no manejo do solo e na boa nutrição da planta, obtida com o uso adequado de nutrientes, como, por exemplo, nesta propriedade, na qual a intensificação do cultivo do cafeeiro proporcionou produtivi-dades acima de 100 sacas ha-1, demonstrando o potencial produtivo desta cultura na região”, disse dr. Francisco. O IPNI Brasil tem realizado atividades de difusão de informação sobre o uso adequado de nutrientes nos Estados de rondônia e Piauí como parte de um programa de aproximação de regiões no país que apresentam índi-ces inadequados de aproveitamento de nutrientes para algumas culturas, visando, com isso, contribuir para o aumento produtivo do agroecossistema.

Dr. Eros Francisco no dia de campo sobre café.

Dr. Eros Francisco, instruindo os participantes.

DR. PROCHNOW VISITA FAZENDA CONHECIDA POR ADOTAR A CONSERVAÇÃO DO SOLO

dr. Luis Prochnow, diretor do IPNI Brasil, visitou a fazenda Sementes Falcão, próxima a Passo Fundo, rS, reconhecida por adotar excelente manejo da conservação do solo. Com o emprego da tecnologia há aumento da eficiência nos cultivos, principalmente na utilização de nutrientes.

Conservação do solo observada na Fazenda Sementes Falcão, em Passo Fundo, RS, com baixa perda de água e nutrientes.

QUEBRANDO BARREIRAS NA PRODUTIVIDADE DE SOJA

Um novo experimento está sendo conduzido em Ponta Grossa, Pr, com o objetivo de estudar o efeito de diferentes fatores de produção no rendimento de grãos de soja. A atividade faz parte das ações de pesquisa do IPNI sobre sistemas de produção de soja propostas para as Américas: Quebrando barreiras na produtividade da soja: Integração de práticas de produção de culturas e estraté-gias de fertilização – Sistema de Cultivo 2014. Essa é uma região agrícola muito importante no Brasil e na qual a soja está inserida no sistema de rotação de culturas, juntamente com o milho, que tam-bém está sendo pesquisado. Esta é a primeira fase do experimento, e os resultados estarão disponíveis em Junho de 2015. Para saber mais sobre o projeto visite o site: http://research.ipni.net/project/IPNI-2014-GBL-62#

Sistemas experimentais de produção de soja em Ponta Grossa, PR.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 25

IPNI NAS GRANDES REGIÕES PRODUTORAS DE SOJA E MILHO NO ESTADO DO PIAUÍ

dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI Brasil, visitou as três principais regiões agrícolas do Estado do Piauí. durante a viagem, dr. Casarin reuniu-se com os principais produtores de soja e milho, participando de palestras e dias de campo. O objetivo da viagem foi conhecer as novas áreas de produção bem como o manejo nutricional adotado. "O Piauí é uma região que carece de informações técnicas e o IPNI desenvolverá alguns trabalhos de pesquisa para determinar o manejo nutricional correto, especial-mente de fósforo e potássio", disse dr. Casarin.

Dia de campo com produtores no Piauí.

Abertura de novas áreas para a produção de soja no Piauí.

Organizadores e palestrantes do SIMPAS 2015, em Barbacena, MG.

WEBINAR AJUDA A DIVULGAR O MANEJO 4C NO BRASIL

dr. valter Casarin, diretor Adjunto do IPNI Brasil, moderou a apresentação do dr. Eros Francisco e do Sr. Evandro Lavorenti no webinar sobre balanço de nutrientes na agricultura brasileira no período de 2009-2012, bem como na apresentação da nova ferramenta de balanço de nutrientes, que está disponível para uso no site do IPNI Brasil. O IPNI Brasil tem se esforçado para desenvolver periodicamente o balanço de nutrientes na agricultura brasileira; além disso, desenvolveu uma ferramenta para cálculo do balanço de nutrientes no nível de exploração. desde o seu lan-çamento, em Novembro de 2014, mais de 2.200 usuários visitaram o site para fazer uso da ferramenta. Para melhor entendimento da ferramenta, o IPNI Brasil desenvolveu um webinar para deta-lhar o uso do balanço de nutrientes, o qual está disponível em http://brasil.ipni.net/article/BrS-3334

IPNI NO SIMPAS 2015

dr. Luis Prochnow, diretor do IPNI Brasil, apresentou uma palestra sobre Boas Práticas para uso Eficiente de Fertilizantes durante o SIMPAS 2015 – Sistemas Integrados de Manejo na Produção Agrícola Sustentável –, ocorrido em Barbacena, MG. O SIMPAS é um simpósio organizado por várias instituições, incluindo o IPNI Brasil, com o objetivo de proporcionar atualiza-ção dos profissionais relacionados à assistência técnica, extensão rural, pesquisa e ensino, dentro de uma visão integrada de produção agrícola sustentável, com o intuito de estabelecer práticas racionais de aumento de produtividade e de rentabilidade do agronegócio brasileiro, em diferentes regiões do Brasil. A apresentação do dr. Prochnow focou o Manejo de Nutrientes 4C e forneceu exem-plos de campo sobre como melhorar a produtividade das culturas e os retornos sobre os investimentos em agricultura.

IPNI PROMOVE ATIVIDADE SOBRE MANEJO DE NUTRIENTES 4C NO ESTADO DE RONDÔNIA

dr. Eros Francisco, diretor Adjunto do IPNI Brasil, em parceria com instituições locais, realizou uma série de apresen-tações sobre a utilização de nutrientes em soja, café e gramíneas forrageiras, para consultores, agricultores e estudantes em regiões agrícolas importantes no estado de rondônia. As palestras fazem parte da iniciativa do iPni na difusão do uso eficiente de nutrientes no estado de rondônia, o qual apresenta, de acordo com o último balanço de nutrientes realizado (http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/issue/IA-BrASIL-2014-145), certo desequilíbrio no uso de N e k. Sete apresentações foram feitas em três locais diferentes: rolim de Moura (80 participantes), Jí-Paraná (350 participantes) e Ariquemes (295 articipantes). "O estado de rondônia é muito importante para a economia da região norte do país, apresentando crescimento significativo na área plantada com grãos nos últimos anos, bem como rebanho bovino comercial expressivo para a produção nacional de carne. há pessoas sérias desenvolvendo pesquisas e educando os pro-dutores, técnicos e estudantes locais, e o IPNI deseja colaborar para que o uso de nutrientes seja mais eficiente, impactando positivamente na produção agropecuária local", comentou dr. Francisco. Essas atividades estão relacionadas ao Outcome 1 do Plano Estratégico do IPNI Brasil.

26 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

PAINEL AGRONÔMICO

FOSFITO DE POTÁSSIO CONTROLA DOENÇAS PÓS-COLHEITA DE UVAS

Pesquisa da engenheira agrônoma rafaela Carolina Constantino roma Almeida no programa de pós-graduação em Fitopatologia, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP, em Piracicaba, avaliou o efeito do fosfito de potássio no controle de doenças pós-colheita na cultura da uva, como a podridão mole e o mofo cinzento. A recorrente preocupação com resíduos de agro-tóxicos acima do permitido em alimentos, inclusive nas uvas, tem exigido métodos alternativos no controle de doenças. No estudo, as análises físico-químicas da uvas tratadas com o fosfito de potássio não evidenciaram alterações significativas nos cachos após oito dias, indicando que o produto não afeta sua qualidade.

“O fosfito de potássio é comercializado como fertilizante foliar e existem vários trabalhos publicados demonstrando seu efeito sobre o desenvolvimento de patógenos de importância pós-colheita, porém ainda não havia nada descrito para as uvas”, comenta a pesquisadora. Foi avaliado o efeito do fosfito de potássio sobre os patógenos Rhizopus stolonifer, causador da podridão mole, Botrytis cinerea, causador do mofo cinzento, e Colletotrichum gloeosporio-ides, causador da podridão da uva madura, tanto in vitro quanto em bagas. O trabalho permitiu observar, de fato, o controle das doenças estudadas, sendo que a aplicação do fosfito após a inoculação do patógeno proporcionou cerca de 63% de controle da podridão mole na maior concentração utilizada. (ESALQ)

ALGODÃO DE FIBRA LONGA PARA TECIDOS DE LUXO

Pesquisadores da Embrapa selecionaram linhagens de algodão de fibra longa e adaptadas às condições de produção brasileiras. O resultado da pesquisa foi publicado na revista Crop Science com o título "seleção para aumento do comprimento da fibra de algodão em progênies de Acala e tipos não Acala" . durante o estudo foi obtida uma alta porcentagem de progênies (plantas filhas) de com-primento superior a 32 mm. O algodão de fibra longa permite a pro-dução de fios mais finos usados pela indústria têxtil na confecção de tecidos de luxo e linhas de costura. Apenas 3% da produção mundial de algodão é de fibras longas ou extralongas e está concentrada nos Estados Unidos, Peru e Egito, país que gerou a chancela "algodão egípcio". O Brasil já cultivou algodão de fibra longa, o algodão arbóreo (Gossypium hirsutum L.r. marie galante), mas a variedade tem hábito de crescimento perene, o que significa que permanecem vivas no campo por vários anos, o que dificulta o manejo do bicudo- do-algodoeiro e praticamente já não vem sendo produzida nos últimos dez anos. Os novos materiais têm ciclo anual e facilitam o manejo do bicudo.

Para o pesquisador da Embrapa Algodão (PB) Luiz Paulo de Carvalho, o algodão de fibra longa e extralonga é um importante nicho de mercado que pode ser explorado pelos pequenos produtores do Semiárido, a exemplo de outros algodões especiais como o colo-rido e o orgânico. “O Brasil tem um mercado potencial de cerca de 30 mil toneladas de pluma, que seriam suficientes para suprir esse mercado e deixaríamos de importar esses materiais”. Segundo ele, a melhoria da qualidade da fibra é uma das estratégias da cadeia produtiva nacional para garantir competitividade. “O algodão tem perdido mercado para as fibras sintéticas derivadas de petróleo e uma aposta para garantir a sustentabilidade da cultura é investir em fibras naturais de qualidade diferenciada e que remunere melhor o produtor,” afirmou. (Embrapa Algodão)

NOVA RECOMENDAÇÃO DE ZINCO PARA A CANAVICULTURA

O Instituto Agronômico (IAC-APTA) apresentou uma nova reco-mendação de aplicação de zinco na adubação do plantio da cana-de- açúcar no Estado de São Paulo. Os novos estudos do IAC sugerem o dobro da dose até então sugerida. Na nova tabela de adubação de plantio para a cana, o IAC passa a recomendar a aplicação de até dez quilos de zinco, por hectare, no sulco de plantio, em solos de baixa fertilidade. O objetivo é aumentar a produtividade da cultura. A correção da dose em solos deficientes em zinco poderá viabilizar ganhos de 16% na produtividade da cana na primeira safra. “Além de aumentar a produtividade, a aplicação de dez quilos, por hectare, de zinco no sulco de plantio é capaz de proporcionar o efeito resi-dual nas soqueiras e aumentar a produtividade da cana nas safras subsequentes”, explica Estêvão vicari Mellis, pesquisador do IAC.

Conforme observado em estudos realizados pelo IAC, na primeira e segunda soqueiras, o ganho médio na produtividade da cana é de 10%. “Com uma única aplicação no plantio, o aumento da produção pode chegar a 36 toneladas por hectare, em três safras de cana”, afirma. Esse resultado deverá elevar a produtividade média atual, que está em torno de 80 toneladas por hectare. As informa-ções estarão na edição atualizada do Boletim 100, manual oficial de recomendação de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. dados referentes à safra de 2012/13 indicam que a canavicultura, principal atividade agrícola paulista, ocupa 5,53 milhões de hectares, que representam 21% da área total do Estado. Segundo Mellis, cerca de 60% desses campos podem estar deficientes em zinco. (iAC)

ULTRA-ADENSAMENTO DE PLANTIO DE CITROS PODE QUASE DOBRAR PRODUÇÃO

Plantar árvores de citros mais perto umas das outras aumenta a produção, além de compensar as perdas causadas pelo huanglongbing (hLB), considerada a mais severa doença dos citros da atualidade. Os resultados foram registrados em experimentos desenvolvidos pela Embrapa em parceria com a Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), no interior paulista.

Segundo o pesquisador Eduardo Stuchi, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, “os ganhos são significativos com o pomar mais adensado, principalmente nas primeiras etapas. “Chega-se a ter até 89% a mais de produção quando você compara um pomar de 714 plantas por hectare (7 m x 2 m) contra um pomar de 238 plantas (7 m x 6 m), nas cinco primeiras safras. A vantagem dos plantios mais adensados se mantém até a décima safra. A partir daí (da 11ª a 15ª safra), verificamos um ‘empate’. isso ocorreu porque não realizamos podas. Por esse motivo, os pomares mais adensados ficaram preju-dicados por terem as plantas muito próximas e, por isso, recebiam menos iluminação. Mesmo assim, na média das 15 safras, a diferença foi de 20% em favor do mais adensado”. (UniversoAgro)

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 27

Em Abril, durante a abertura da Agrishow – maior feira agropecuária do país – o professor emérito da Univer-sidade Federal de Lavras (UFLA), dr. Alfredo Scheid

Lopes, recebeu o Prêmio Brasil Agrociência, edição 2015, como reconhecimento por sua contribuição para a construção e o desenvol-vimento do agronegócio brasileiro, em especial na área de Ciência do Solo. O prêmio foi entregue pelo vice-Presidente da república, Michel Temer, juntamente com outras autoridades presentes na cerimônia: governador de são Paulo, geraldo Alckmin; Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, kátia Abreu; secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim e o Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e Presidente da Agrishow, Fábio Meirelles.

honrado com o reconhecimento, o professor destacou: “pro-fundamente sensibilizado com essa homenagem, espero que ela, muito mais do que representar um tributo às nossas atividades no passado, me dê forças, vontade, coragem, garra, disposição e saúde para continuar na defesa dos princípios éticos, científicos e tecnológicos nos quais acredito. Para mim, essa homenagem tem um significado mais especial neste ano em que comemoramos o Ano Internacional do Solo”. O professor ainda dedicou a homenagem aos alunos, nestes mais de 50 anos de atividade na ESAL/UFLA, e ainda aos agricultores brasileiros, verdadeiros heróis no processo da produção nacional. “vocês são a razão da minha existência profissional”, completou.

O professor Alfredo Scheid foi escolhido para a distinção em função de uma carreira e trajetória profissional de destaque no seg-mento agrícola mundial, sendo reconhecido nacional e internacio-nalmente como uma das maiores autoridades na área de fertilidade e manejo de solos na região tropical.

O pioneirismo das pesquisas do professor Alfredo Scheid pro-duziram conhecimentos científicos que levaram ao desenvolvimento sustentável na região dos cerrados, sendo que as tecnologias de manejo por ele desenvolvidas são hoje aplicadas em vários países da América do Sul e da África.

PRÊMIO BRASIL AGROCIÊNCIA – EDIÇÃO 2015

O Prêmio Brasil Agrociência surgiu para estimular a pro-dução de obras técnico-científicas que tragam resultados e benefícios claros, tangíveis e mensuráveis para o desenvolvi-mento do agronegócio brasileiro e com aplicação prática que contribua efetivamente à sociedade. É um reconhecimento à contribuição do agronegócio à socie-dade brasileira e se destina a pessoas ligadas a entidades públicas ou privadas (empresas, institutos de pesquisa e universidades). Esta é uma iniciativa das entidades sócias da Agrishow – ABAG, ABIMAQ, ANDA e SRB – e de seu Presidente, Maurílio Biagi Filho.A partir de 2015, o Prêmio será concedido anualmente a personalidades de destaque nas categorias: Fitotecnia, Zoo-tecnia, Engenharia Rural, Economia Rural e Sustentabilidade.Para valorizar e conferir maior credibilidade ao Prêmio, a dire-ção da Agrishow decidiu convidar personalidades renomadas e respeitadas nacionalmente para constituir o Conselho de Notáveis, que ficará encarregado de julgar os projetos ins-critos. O Conselho de Notáveis será composto por grandes nomes do agronegócio e da pesquisa e seu Curador será o ex-Presidente da Embrapa, Silvio Crestana. Também com-põem o Conselho: os ex-Ministros da Agricultura, Antônio Delfim Netto, Alysson Paulinelli, Luiz Fernando Cirne Lima e Marcus Vinicius Pratini de Moraes; os ex-Presidentes da Embrapa, Eliseu Roberto de Andrade Alves e Carlos Magno Campos da Rocha; os ex-Diretores da Faculdade de Agronomia, Antônio Roque Dechen, Antônio Nazareno Guimarães Mendes; o pro-fessor Paulo Gabriel Nacif, além do ex-Diretor do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Ondino Cleante Bataglia.O Prêmio distribuirá, inicialmente, entre os vencedores, o valor de R$ 150 mil, cotizado entre as realizadoras da feira, que também formam a Comissão Organizadora da premiação: ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamen-tos, ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos, FAESP – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo e SRB – Sociedade Rural Brasileira. Além desse montante, o projeto contempla a possibilidade de se ampliar, significativamente, a premiação anual nos próximos anos. Junto com o prêmio, cada vencedor receberá um troféu e um selo, que poderá ser utilizado em cartões de visitas, websites, como divulgação do premiado e das instituições nas quais ele atua.

Da esquerda para a direita: Professor Luiz Roberto Guimarães; Pro-fessor Alfredo Scheid Lopes; ex-Ministro da Agricultura, Professor Alysson Paolinelli e Professor Antônio Nazareno Mendes. Foto: Antônio Sérgio/Revista Cafeicultura.

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28 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

SIMPÓSIO IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES EM FERTIRRIGAÇÃO

8/SETEMBRO/2015 – TERÇA-FEIRA

14:00-14:30 h AberturaPERíODO I – Panorama Mundial e BrasilModerador: Prof. Dr. Roberto Lyra Villas Boas, FCA/UNESP 14:30-15:30 h Visão geral sobre fertirrigação no mundo.

Harmen T. Holwerda, SQM15:30-16:15 h Visão geral sobre fertirrigação no Brasil.

Prof. Dr. Marcos Folegatti, ESALQ/USP16:15-16:45 h Coffee break16:45-17:45 h O uso eficiente da água em fertirrigação.

Dra. Regina Célia Mattos Pires, IAC17:45-18:30 h Princípios globais sobre BPUFs e dinâmica de

nutrientes visando o adequado uso em fertirri-gação. Dr. Luís I. Prochnow, IPNI Brasil, e Prof. Dr. Roberto L. Villas Boas, FCA/UNESP Botucatu

9/SETEMBRO/2015 – QUARTA-FEIRA

PERíODO II – Fundamentos da fertirrigaçãoModerador: Dr. Luís Ignácio Prochnow, IPNI Brasil

08:00-09:00 h Injetores e automação para fertirrigação. Prof. Dr. Roberto Testezlaf, Unicamp

09:00-09:45 h Sistemas de aplicação de água e fertirrigação com ênfase em gotejamento. Dr. Rubens Coelho, ESALQ/USP

09:45-10:30 h Fertilizantes em fertirrigação. Prof. Dr. Arnal-do Antonio Rodella, Aposentado da ESALQ/USP

10:30-11:00 h Coffee break11:00-11:45 h Química das soluções na fertirrigação. Dr. Pedro

Furlani, Conplant11:45-12:30 h Uso de biofertilizantes e vinhaça em fertirriga-

ção. Eng. Luiz Geraldo C. Santos, Sócio-Gerente da Ensistec Consultoria

12:30-14:15 h Almoço14:15-15:00 h Água de reuso em fertirrigação: da teoria a

prática. Prof. Dr. Adolpho José Melfi, Aposen-tado da ESALQ/USP

15:00-16:00 h Ferramentas para controle de fertirrigação. Prof. Dr. Roberto Lyra Villas Boas, FCA/UNESP Botucatu

16:00-16:30 h Coffee break

PERíODO III – Espaço Técnico (Palestras das empresas)Moderador: Dr. Ondino Cleante Bataglia, Conplant

16:30-16:50 h Palestra 1 - SQM (patrocinadora OUrO)

16:50-17:10 h Palestra 2 - yArA (patrocinadora OUrO)

17:10-17:30 h Palestra 3

17:30-17:40 h Palestra 4 - hErINGEr (patrocinadora PrATA)

17:40-17:50 h Palestra 5

17:50-18:00 h Palestra 6

18:00-18:30 h Mesa redonda - Período III

10/SETEMBRO/2015 – QUINTA-FEIRA

PERíODO IV – Fertirrigação em CulturasModerador: Dr. Marcos Folegatti, ESALQ/USP

08:00-09:00 h Fertirrigação em culturas de grãos. Prof. Dr. Durval Dourado Neto, ESALQ/USP

09:00-09:30 h Fertirrigação em cana-de-açúcar. Dr. Glauber José de Castro Gava, Apta Jaú

09:30-10:30 h Fertirrigação em fruteiras de clima tropical. Palestrante em definição

10:30-11:00 h Coffee break11:00-11:30 h Fertirrigação por pulso em tangerina verona.

Dr. Raul Castro Carriello Rosa, Embrapa Man-dioca e Fruticultura

11:30-12:00 h Fertirrigação em café. Dr. André Luís Teixeira Fernandes, Uniube

12:00-12:30 h Fertirrigação em tomate. Eng. Agr. João R. A. Junior, Consultor Agronômico

12:30-14:15 h Almoço14:15-15:15 h Fertirrigação em fruteiras de clima temperado.

Dr. Gilmar Nachtigall, Embrapa Uva e Vinho15:15-15:45 h Fertirrigação em flores. Roberto Barreto, Con-

sultor Agronômico15:45-16:15 h Fertirrigação em pasto rotacionado. Prof. Dr.

Luis Cesar Dias Drumond, UFV - Campus de Rio Paranaíba

16:15-16:45 h Fechamento do evento

PROGRAMA

Local: hotel Quality resort & Convention Center Itupeva rodovia dos Bandeirantes - km 72, s/nº Campinas – Itupeva, SP Data: 8 a 10 de Setembro de 2015Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:

http://brasil.ipni.net

Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI BrasilContato: kelly FurlanTelefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812Email: [email protected]

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 29

OUTROS EVENTOS

1. CONGRESSO MUNDIAL SOBRE SISTEMAS DE INTEGRAÇãO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA3º SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE SISTEMAS DE INTEGRAÇãO LAVOURA-PECUÁRIA Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Brasília, dFData: 12 a 17/JULhO/2015Informações: Comissão Organizadora

Email: [email protected]: http://www.wcclf2015.com.br

6. XIX CURSO SOBRE MANEJO DE NUTRIENTES EM CULTIVO PROTEGIDO Local: Instituto Agronômico, Campinas, SPData: 17 a 21/AGOSTO/2015Informações: Elaine Abramides - Infobibos

Fone: (19) 3243-0396Email: [email protected]: http://www.infobibos.com/mncp

10. INTERNATIONAL CITRUS CONGRESS Local: Mabu Thermas & resort, Foz do Iguaçu, PrData: 18 a 23/SETEMBrO/2016Informações: F&B Eventos

Fone: (43) 3025-5223Email: [email protected]: http://www.icc2016.com

2. VII SIMPÓSIO TECNOLOGIA DE PRODUÇãO DE CANA-DE-AÇúCAR Local: Piracicaba, SPData: 15 a 17/JULhO/2015Informações: FEALQ

Email: [email protected]: www.fealq.org.br

3. XXXV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIêNCIA DO SOLO Local: Centro de Convenções de Natal, Natal, rNData: 2 a 7/AGOSTO/2015Informações: Espacial Eventos

Fone: (31) 3899-2471Email: [email protected]: http://www.cbcs2015.com.br

4. XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA Local: rafain Palace hotel, Foz do Iguaçu, PrData: 4 a 7/AGOSTO/2015Informações: Ceres Eventos

Fone: (45) 3096-0081Email: [email protected] website: http://www.cba-agronomia.com.br/

5. II SIMPÓSIO DE NUTRIÇãO MINERAL DE PLANTAS: EQUILíBRIO NUTRICIONAL QUE MODULA A SANIDADE VEGETAL Local: Anfiteatro Admar Cervellini, CEnA/usP, Piracicaba, sPData: 14/AGOSTO/2015Informações: GELQ

Email: [email protected] website: http://www.gelq.com.br

7. II WORKSHOP DE FERTILIZANTES Local: Auditório Central, Campus de rio Paranaíba, Universidade

Federal de viçosa, rio Paranaíba, MGData: 19 a 21/AGOSTO/2015Informações: departamento de Solos - UFv

Fone: (31) 3899-1044Email: [email protected] website: http://www.gefert.com

8. 10º CBA - CONGRESSO BRASILEIRO DO ALGODãO Local: recanto Cataratas Thermas resort Convention, Foz do

Iguaçu, PrData: 2 a 5/SETEMBrO/2015Informações: Comunicato Eventos Inteligentes

Fone: (61) 3028-9700Email: [email protected] website: http://www.congressodoalgodao.com.br

9. 44º CONBEA - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRíCOLA Local: hotel Fazenda Fonte Colina verde, São Pedro, SPData: 13 a 17/SETEMBrO/2015Informações: SBEA

Fone: (16) 3203-3341Email: [email protected] website: http://www.sbea.org.br/conbea2015/

11. 23º SEMINÁRIO DO CAFé DO CERRADO Local: Espaço Cultural Municipal Joaquim Constantino Neto,

Patrocínio, MGData: 29/SETEMBrO/2015Informações: ACArPA PATrOCINIO

Fone: (34) 3831-8080 Email: [email protected] website: http://www.acarpa.com.br

12. ENCONTRO DE ADUBAÇãO DE PASTAGENS Local: Centro de Eventos do ribeirão Shopping, Avenida Coronel

Fernando Ferreira Leite, 1540, ribeirão Preto, SPData: 29 e 30/SETEMBrO/2015Informações: Scot Consultoria

website: http://www.scotconsultoria.com.br/encontros/

30 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

PUBLICAÇãO RECENTE DO IPNI

O livro Matemática e Cálculos para Agrônomos e Cientistas do Solo tem o objetivo de servir de literatura básica para aqueles que necessitam de auxílio no entendimento e resolução de problemas envolvendo as diferentes atividades relacionadas à Agronomia, como, por exemplo, emprego correto de unidades de medida; cálculos envolvendo fertilizantes; remoção de nutrientes do solo; aplica-ção de defensivos agrícolas; taxas de semeadura e população de plantas; armazenamento de forragem e grãos; correção da acidez, sodicidade e salinidade do solo; estimativa de custo de produção, entre outras.

Com o progresso gradativo do conhecimento sobre aspectos relacionados à Agronomia, o livro procura propiciar condições para que estudantes e profissionais do setor agronômico possam adquirir ou aprimorar seus conhecimentos.

Uma importante característica desta obra é apresentar, em cada capítulo, vários exercícios envolvendo situações reais e que ajudam o leitor na solução dos problemas apresentados.

O livro tem 241 páginas (21,5 x 28,0 cm). A encadernação é em espiral.Preço: R$ 120,00Pedidos pelo site do IPNI: https://www.ipni.net/ppiweb/BRAZIL.NSF/IPNIBrasilPublications

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015 31

LANÇAMENTO RECENTE DO IPNI

BALANÇO DE NUTRIENTES NAS CULTURAS (BNC)

O balanço de nutrientes nas culturas (BNC) é uma das ferramentas para avalia-ção do uso de fertilizantes na agricultura e representa a diferença entre a saída de nutrientes pela colheita (exportação) e sua entrada no sistema (adubação). Saldos negativos, nos quais a exportação excede a adubação, levam à diminuição da fertilidade do solo e, eventualmente, à redução da produtividade, uma vez que a disponibilidade de nutrientes cai abaixo dos níveis críticos. Saldos positivos geral-mente estão associados ao aumento da fertilidade do solo e podem, eventu-almente, representar um elevado risco de perda de nutrientes para o ambiente.

O IPNI, acredi tando que a principal função do manejo nutricional é facilitar o equilíbrio entre exportações e adições de nutrientes em níveis que suportem o crescimento ideal das culturas e a mínima perda de nutrien-tes, desenvolveu esta fer-ramenta visando facilitar o acesso de agrô nomos, consultores, produ tores e técnicos às informações de exportação e balanço de nutrientes em 18 culturas cultivadas no Brasil. Em seu primeiro acesso, o usuário deverá se cadastrar, fornecendo informações de contato como nome, email e telefone. Todos os dados inseridos serão armazenados para fins de levantamento estatístico.

O cálculo do balanço de nutrientes poderá ser feito para uma cultura individualmente ou para uma sequência de culturas em um sistema de produção. Para uma sequência de culturas, as informa-ções serão adicionadas em abas individuais. Em ambos os casos, haverá três etapas:

Etapa 1 (Exportação): selecione a cultura de interesse, informe o valor da produção por unidade de área (produtividade) e pres-sione o botão calcular. Nesta etapa, serão informados os valores da exportação de cada nutriente. Somente quando a cultura sele-cionada for a soja, deverá ser informado também se o manejo do solo de cultivo é inadequado (ausência de palhada na superfície, ocorrência de encharcamento prolongado em função de compac-tação, presença de forte acidez do solo e processo de inoculação das sementes negligenciado) ou adequado (presença de palhada na superfície, boa drenagem pela ausência de compactação, ausência

de forte acidez do solo e processo de inoculação das sementes apropriado), pois haverá impacto sobre a nodulação. Após o cálculo da quantidade exportada de nutrientes, o usuário poderá imprimir o resultado ou enviá-lo para o email cadastrado no primeiro acesso.

Etapa 2 (Adubação): introduza a quantidade aplicada de cada nutriente na adubação da cultura e pressione o botão prosseguir. Caso tenha selecionado a opção de múltiplas culturas, introduza

a quantidade aplicada de nutriente em cada uma delas, ou a quantidade total aplicada no sistema.

Etapa 3 (Balanço): a ferramenta irá, automatica-mente, fornecer os valores do balanço de nutrientes e o índice de desfrute que representa o percentual exportado em relação à adubação. Caso o balanço de nutrientes seja calculado para as culturas de soja ou feijão, a ferramenta levará em consideração que:

• Soja: a FBN atenderá 90% da quantidade de N exportada em solos em manejo adequado ou 80%

da quantidade de N exportada em solos em manejo inadequado. Ademais, o balanço contabilizará o crédito de 30 kg ha-1 de N ao sistema;

• Feijão: a FBN atenderá 50% da quantidade de N exportada.Ao final da etapa 3 (Balanço), haverá a opção de impressão

do relatório para arquivamento ou o envio do mesmo para o email cadastrado, bem como a possibilidade de visualização das infor-mações em formato gráfico.

As culturas atualmente incluídas são: algodão, amendoim, arroz, banana, batata, cacau, café (beneficiado), café (coco), cana- de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mamona, mandioca, milho, soja, sorgo, tomate, trigo.

A ferramenta é compatível com todos os computadores e dis-positivos móveis e está disponível gratuitamente em:

Cultura solteira: http://ipni.info/balancoCultura em sistema de produção: http://ipni.info/sistemaMais informações sobre a ferramente podem ser obtidas no site

do ipni: http://brasil.ipni.net/article/BrS-3293

32 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 150 – JUNHO/2015

• Agrium Inc.• Arab Potash Company• Belarusian Potash Company• BHP Billiton• CF Industries Holding, Inc. • Compass Minerals Plant Nutrition• International Raw Materials Ltda.• Intrepid Potash, Inc.• K+S KALI GmbH• LUXI Fertilizer Industry Group• The Mosaic Company

• OCP S.A.• PhosAgro• PotashCorp• Qatar Fertiliser Company• Shell Sulphur Solutions• Simplot• Sinofert Holdings Limited• SQM• Toros Tarim• Uralchem• Uralkali

MEMBROS DO IPNI MEMBROS AFILIADOS AO IPNI

• Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA)• Arab Fertilizer Association (AFA)• Canadian Fertilizer Institute (CFI)• International Fertilizer Industry Association (IFA)• International Potash Institute (IPI)• The Fertiliser Association of India (FAI)• The Fertilizer Institute (TFI)

Ponto de Vista

Valter Casarin

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTEAvenida Independência, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142

Fone/Fax: (19) 3433-3254 / 3422-9812 - CEP 13416-901 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUÍS IGNáCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

VALTER CASARIN - Diretor Adjunto, Engo Agro, Engo Florestal, Doutor em Ciência do SoloE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

EROS FRANCISCO - Diretor Adjunto, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

Esta edição do Jornal Informações Agronômicas presta uma homena-gem especial àquele que sustenta a

vida animal e a dos seres humanos no planeta: O SOLO. é por intermédio dele que as plan-tas mantém sua sustentação física e obtém os nutrientes minerais para sua sobrevivência. Uti-lizando esses nutrientes, os vegetais conseguem metabolizar os diferentes compostos orgânicos que darão forma aos seus diferentes órgãos. Os animais, quando se alimentam das plantas, suprem suas necessidades nutricionais visando seu crescimento e desenvolvimento. Assim, podemos afirmar que, indiretamente, os animais, para saciar suas necessidades minerais, estão ingerindo solo, ou melhor, seus componentes.

À medida que nos tornamos mais urba-nizados, menos contato direto temos com o solo, e perdemos de vista o quanto dependemos dele para nossa prosperidade e sobrevivência. No futuro, nosso grau de dependência do solo tende a aumentar. O crescimento geométrico da população mundial está intimamente ligado à necessidade de produção de alimentos, e isso evidencia o cuidado que devemos ter na preservação do solo, tornando-se prioritário quando pensamos na segurança alimentar. Basta lembrarmos de um dia comum em nossas

vidas, quando nosso café da manhã é mantido pelo solo, seja pelo fornecimento do trigo, que é trans-formado em pão, seja pelo café, ou seja pelo leite, oriundo dos animais, cuja base de alimentação é o capim. Isso permite entender que os animais são vegetais transformados em carne e leite. No caso do arroz e do feijão, base alimentar dos brasileiros, são plantas que também têm seu desenvolvimento dependente do solo. vale lembrar, ainda, das nos-sas roupas, as quais têm origem tanto do vegetal (algodão) como do animal (lã).

Porém, a despeito da grande importância do solo na manutenção da vida deste planeta, ainda estamos muito longe de tratá-lo como um recurso vital. A pouca informação da sociedade acerca dos solos faz com que sua preservação tenha pouca importância. Assim, devemos aprofundar nosso conhecimento sobre preservação e manejo do solo como fornecedor de recursos vitais se desejarmos sobreviver como espécie. E ensinar a esta e às futuras gerações a respeitá-lo e preser-vá-lo como mantenedor da vida neste planeta.

“No fim, conservaremos apenas o que ama-mos. Amaremos apenas o que compreende-mos. E compreenderemos apenas o que nos ensinaram”. (Baba Dioum)

ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

solos

saudáveis

para uma

vida saudável

2015International Year of Soils