Informativo Associação Médica JM - ammg.org.br · A parte social do coquetel de abertura e do...
Transcript of Informativo Associação Médica JM - ammg.org.br · A parte social do coquetel de abertura e do...
JUNHO/JULHO DE 2018 - ANO 12 - EDIÇÃO N°3 - INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
História especial compartilhadapelo Dr. Stanley Baptista
de Oliveira
08 VIAGEM DE TREM
Remetente: AMJM - Av. Wilson Alvarenga, 1225, sala 305, Carneirinhos, João Monlevade, MG - CEP: 35930-001
JornadaMédicaXXX
Acompanhe a cobertura completa da Jornada Médica 2018 que teve mais uma edição com sucesso de público. Veja todas as fotos na íntegra na página
do Facebook da Associação Médica. Pag 05
Maria MazareloImportância da fundação
do Banco de Leite
03 ENTREVISTA02 Atualização
Pediatras de João Monlevadeparticipam de XV Congresso
Mineiro de Pedriatria
2ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
“Mais uma vez, nossos agradecimentos a todos vocês por comparecerem em mais uma Jornada Médica da AMJM. Este
ano, �vemos algumas novidades que foram muito proveitosas e que permi�ram à jornada ser um sucesso. Tudo isso se
concre�zou pelo trabalho bem feito por toda a equipe e pelo entusiasmo dos associados em par�cipar dos eventos.
Demos destaque a par�cipação dos médicos "Prata da Casa", que ministraram aulas de excelente teor cien�fico, nos
brindando e compar�lhando seus conhecimentos e aos acadêmicos que apresentaram trabalhos de excelência
cien�fica. A parte social do coquetel de abertura e do churrasco foi com muita alegria e descontração. Nosso Jornal
Bimestral está voltando para informá-los das nossas ações e está aberto a todos que quiserem par�cipar. Estamos nos
esforçando para fazer uma gestão compar�lhada e da melhor maneira possível. Gostaríamos de con�nuar com a
confiança que depositaram em nossa equipe e com a par�cipação importan�ssima de vocês, sem a qual não seria possível."
Expediente
Conheça a AMJM. Veja as edições anteriores do Informativo AMJM. Acesse: www.amjm.com.br
Presidente:Dra. Anna Beatriz Dutra Valente Costa
Secretária:Dra. Maria das Dores Oliveira Jehá
Diretor Financeiro:Dr. Wagner Pessoa Arthuzo
Diretora Cien�fica:Dra. Lélia Maria Alcântara Neves
Diretora SocialDra. Valéria Maria Moreno Jacintho
Delegado Efe�vo: Dr. Elias Pinto Coelho
Delegado Suplente: Dr. Wagner Hibner
Criação e Diagramação:Gráfica Vip em parceria com Melba C. S. Carmo
Revisão e Distribuição:AMJM
Impressão:Gráfica Vip
Associação Médica de João Monlevade e Delegacia Regional do CRMMG
Av Wilson Alvarenga, 1225, sala 305, Carneirinhos,
João Monlevade - MG Telefax: (31) 3852-4747/
(31) 3851-6266
Site AMJM: www.amjm.com.br
Horário de atendimento AMJM:
Segunda a sexta: 8h às 12h
Horário de atendimento DELEGACIA CRMMG:
Segunda a sexta: 09:00 às 12:00h e 13:00 às 18:00h
O INFORMATIVO AMJM é uma publicação bimestral, com �ragem de
250 exemplares Distribuição dirigida.
Palavra da Presidente
Gente Nova
Dra. Anna Beatriz Dutra Valente CostaPresidente AMJM
Gostaríamos de dar as boas vindas aos novos associados:
- Dra. Amanda Dias da Costa
- Dr. Azenclever Eduardo Rogério
- Dr. Jorge Alberto Fernandes
- Dra. Mariana Sodré Jales Mar�ns
- Dra. Marina Bicalho Mar�ns Ferreira Torres
Junho/Julho de 2018 -
Atualização Científica
Os pediatras de João Monlevade
estão sempre se atualizando para
melhorar o atendimento a seus
pacientes; eles par�ciparam do XV
Congresso Mineiro de Pediatria em
junho de 2018.
3ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
Entrevista
AMJM: Há quanto tempo foi criado o Banco de Leite no Hospital Margarida?Mazarelo: Em 15 de Outubro de 1997, foi criado o Posto de Coleta de Leite Humano.Em 31 de Outubro de 1997, a primeira remessa de leite humano ordenhado, foi enviada para ser analisado, pasteurizado e subme�do ao controle de qualidade no Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares em Belo Horizonte, onde o PCLH (Posto de Coleta de Leite Humano) do Hospital Margarida está vinculado.Em 07 de Novembro de 1997, foi inaugurado o PCLH, uma das mais precisas conquistas do Hospital Margarida.
AMJM: Quem foram os idealizadores dessa ideia?Mazarelo: Devido o Hospital Margarida trabalhar com a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e recebe o �tulo de “Amigo da Criança”, daí veio a necessidade de implantar o PCLH. O Sr. Ivan Cruz de Matos, então administrador do Hospital nesta época, não mediu esforços para que este sonho se realizasse.
AMJM: Onde funciona o Banco de Leite?Mazarelo: O posto de coleta de leite humano, funciona no Hospital Margarida na rua Dr. Geraldo de Sá, s/n.
AMJM: Qual o papel do Banco de Leite Humano do Hospital Margarida para os recém – nascidos, as mães e sociedade em geral?Mazarelo: É papel do PCLH desenvolver ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, como programas de incen�vo e sensibilização sobre a doação de leite humano para o município de João Monlevade e região.Para os recém – nascidos é papel do PCLH oferecer o leite materno
pasteurizado de acordo com a prescrição médica, seguindo os critérios de prioridade, precarizados pelo Ministério da Saúde.
1. Recém – nascido prematuro ou de baixo peso, que não suga;2.Recém – nascido infectado, especialmente com heteroinfecções;3. Recém – nascidos em nutrição trófica;4. Recém – nascidos portadores de imunodeficiência;5.Recém – nascido portador de alergia a proteínas heterólogas;6.Casos excepcionais, a critério médico.
Para as mães: Prestar orientação sobre: Autocuidado com a mama puerperal;Cuidados ao amamentar;Pega, posição e sucção;Ordenha, coleta e armazenamento do leite ordenhado no domicílio;
Este mês, entrevistamos a Maria Mazarelo Pereira Natali, que compar�lha conosco a fundação e a importância do Banco de Leite em nossa cidade.
Junho/Julho de 2018 -
Foto: Arquivo HM
Eventos para casamento, 15 anos, confraternização, bodas e formatura.
Possuímos todo o mobiliário e vasilhames.
31 3852-3872 31 98606-3872
4ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADEJunho/Julho de 2018 -
Cuidados na u�lização do leite humano ordenhado cru e do leite humano ordenhado pasteurizado.Para a sociedade em geral:A rede brasileira de Banco de Leite Humano é considerada a maior e mais complexa do mundo pela Organização Mundial de Saúde. São mais de 220 (duzentos e vinte) Bancos de Leite, 196 (cento e noventa e seis) Postos de Coleta de Leite Humano, e registra também o maior número de doadores de Leite Humano.Cerca de 5,5 mil crianças morrem diariamente no mundo. Por isso, os Banco de Leite Humano e os PCLH, tem um papel significa�vo na redução da mortalidade infan�l;Menor custo: no Brasil um bebê pode custar metade de um salário mínimo por mês(incluindo bicos, mamadeiras, leites industrializados, gás, remédios, internações e outros).
AMJM: Como funciona a doação de leite e como ela deve ser feita?Mazarelo: Toda mãe que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Para doar, basta ser saudável, com excesso de leite no peito, superior as necessidades de seu filho, não esteja em uso de medicamento que impeçam a doação, possuir exames de pré-natal recentes (exames com mais de 6 (seis) meses realizados, deverão ser refeitos), resultados compa�veis : VDRL, HIV, HBSAG, Hemograma completo. Entrar em contato com o PCLH para receber as devidas orientaçõesde como deve ser feita a doação. Pois são vários os critérios a serem seguidos:
- Como higiene pessoal antes de iniciar a coleta;- Não usar cremes, perfumes, anéis, pulseiras, cordões, etc;- Local adequado para coletar o leite: confortável, limpo e tranquilo;- Saber como re�rar o leite das mamas;- Como guardar o leite coletado iden�ficado: nome as mãe, data e hora da coleta;- Como conservar o leite coletado.
AMJM: Quais são os bene�cios que o BLH traz para as mães e os recém – nascidos ?Mazarelo: Para as mães: as mães recebem todo apoio da equipe do PCHL;São orientadas sobre as vantagens do aleitamento materno;Mostramos as mães como aumentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;Como fazer ordenha manual;Como oferecer leite ordenhado no copinho, até o momento em que a criança esteja em condições para sugar ;São orientadas a retornar ao PCLH após alta, sempre que necessitarem de ajuda;O PCLH funciona todos os dias, durante 24 horas;Para os recém – nascidos:
São vários os bene�cios: para que se desenvolvam com saúde o leite materno é o alimento completo, porque contém todos os nutrientes, protegendo – os contra doenças, diarreia, infecção, estando as respiratórias entre as principais. O risco de colesterol alto, diabetes, asma, alergias, pressão alta e obesidade também é diminuído.
AMJM: Existe uma esta�s�ca de quantas doadoras o Banco de Leite já teve? Quantos litros já foram arrecadados?Mazarelo: Desde o momento que começamos a realizar esta�s�cas:- Abril de 1999 à Maio de 2018:Leite coletado - 52.045.020 ml;- Julho de 2005 à Maio de 2018: Doadoras – 2.686;- Julho de 2005 à Maio de 2018:
Receptores – 2.203.
AMJM: Fale de sua paixão pelo banco de leite e como você se sente
por fazer parte desta experiência?
Mazarelo: Quando realizamos o trabalho que gostamos, acaba
tornando – se uma paixão. Eu poderia ter ficado apenas naquele
sonho inicial, mas não, a semente foi plantada, fecundou, deu, está
dando e dará bons frutos;
Minha experiência: Quando vejo que um bebê recém – nascido,
que não �nha imunológicas de sobreviver sem o auxílio do PCLH,
está cuidado e já consegue absorver e digerir nutrientes sozinho,
com uma mãe igualmente amparada, posso constatar que todo
empenho é muito gra�ficante e “vale muito a pena”.
Foto: Arquivo Pessoal
5ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADEJunho/Julho de 2018 -
Fotos - Cobertura Jornada Médica 2018
A Diretoria da Associação Médica de João Monlevade realizou a 30ª jornada médica nos dias 24 a 26 de maio de 2018. A abertura do evento foi no Real Clube
e contou com a presença do médico e cantor Aggeu Marques, onde apresentou brilhantemente. A palestra da noite foi com o médico Dr. Chris�an
Westgeest falando sobre Estratégias em Carreira Médica. Finalizamos a noite ao som de Daniel Bahia e servidos pelo Buffet Barenze. Nos dias 25 e 26,
�vemos palestras nas mais variadas especialidades com médicos palestrantes de alto gabarito, trazendo atualização para os médicos de JM e região.
Finalizamos o evento com uma confraternização no Embaúba Clube, ao som de Mike Santos, com muita animação e união da classe e seus familiares.
Agradecimento a todos os patrocinadores, em especial a Unimed João Monlevade, pela parceria de anos.Crédito Fotografia: Sérgio Henrique
Nessa jornada, �vemos a par�cipação de acadêmicos, que apresentaram seu pôsteres de excelência cien�fica. Par�ciparam os acadêmicos André
Guerra Domingues, Alice Carneiro Alves da Silva, Lucas Bretas de Pádua, Rafaela Ferro Valente, Janssen Ferreira de Oliveira, Ana Beatriz Gomes Silva
e o médico Júlio Guerra Domingues, da Faculdade de Medicina Ciências Médicas de Minas Gerais. Foi um sucesso. Houve também a par�cipação
dos co-autores: Thiago Szvarça Arêas, Túlio Cezar de Souza Bernardino, Pedro Augusto Lopes Tito, Ana Paula Pereira Miranda Grossi, Ana Luiza
Prates Campos, Helena Assis Alvarenga, Le�cia Silveira Marinho, Sofia Assis Alvarenga.
6ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
ATENDEMOS:
- Aberta Saúde (Arcelor Mi�al)- Promed- Amagis Saúde- Saúde Sistema- Ciscel- AMMP- Copass Saúde
- Fundação Libertas- Unimed- Medisanitas (Vitallis)- Bradesco Saúde- Polícia Militar MG- Capesesp- Banco do Brasil- Vale / AMS / PASA
Junho/Julho de 2018 -
Palestrantes da Jornada Médica Crédito Fotografia: Arquivo AMJM
7ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
Espaço CRMMG
Delegacia Regional de João Monlevade
Dra. Janaína Maciel LopesDelegada Regional Titular CRMMGCRMMG 32014
Dra. Ângela Pinheiro Chagas MarquesDelegada Regional Adjunta CRMMGCRMMG 27350
(31)3859-1000
30ª Jornada MédicaNos dias 24 a 26 de maio, a Delegada Regional Dra. Janaína Maciel Lopes e a Delegada Adjunta Dra. Ângela Pinheiro Chagas Marques par�ciparam da 30a
Jornada Médica, promovida pela Associação Médica de João Monlevade. Esse evento contou com a presença, dentre outros, do Cons. Dr. João Ba�sta
Gomes Soares, que palestrou sobre Especialidades médicas – exercício atual da Medicina, e da Cons. Dra. Ivana Raimunda de Menezes Melo que falou
sobre o Relacionamento é�co entre os médicos e outros profissionais de saúde (médico e médico, médico e outros profissionais de saúde, médico e
paciente).
Tradicional evento de atualização de médica na região, registrou a par�cipação de palestrantes ilustres, incluindo colegas da própria cidade em número
crescente, além de acadêmicos de Medicina e, como já dito, dos
conselheiros do CRMMG. A Jornada Médica de João Monlevade
completa três décadas de vida e conta com a parceria sempre
pres�giada do CRMMG nos seus úl�mos 10 (dez) anos, mostrando, a
todos que dela têm o prazer de par�cipar, reconhecida e desejável
maturidade aliada à natural e esperada renovação do seu formato e
conteúdo, tanto cien�fico quanto de entretenimento. Convite
imperdível a todos os médicos da cidade e região. A Delegacia
Regional do CRM em João Monlevade parabeniza a todos os
organizadores e par�cipantes e se orgulha da parceria bem sucedida.
Cons. João Ba�sta Gomes Soares, Cons. Ivana Raimunda de Menezes Melo, Delegadas Dra. Janaína Maciel Lopes
e Dra. Ângela Pinheiro Chagas Marques, e a Presidente da AMJM Dra. Anna Beatriz Dutra Valente Costa
Foto: AMJM
Junho/Julho de 2018 -
Crédito Fotografia: Arquivo AMJM
8ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE JOÃO MONLEVADE
VIAGEM DE TREM
Dr. Stanley Baptista de OliveiraNo meu tempo de criança, só viajamos de trem. No Brasil da minha
infância não havia estradas asfaltadas, isto é, só exis�am duas: a Rio-Juiz
de Fora, chamada “União-Indústria”, e a Rio-São Paulo, a “Via Dutra”,
que eram estradas estreitas, cheias de curvas, com pouco trânsito de
veículos. Exis�am poucos carros no Brasil e estes eram todos
importados. As viagens de ônibus eram terríveis, pelas estradas de
terra, com muita poeira ou muita lama onde os ônibus ficavam atolados
nos dias de chuva. Avião? Só para os ricos e corajosos pois era caro e
perigoso voar nos Douglas DC-3, que par�am de aeroportos primi�vos,
improvisados, mal equipados. Então, naqueles anos das décadas de
1940 – 1950, viajei muito de trem, que era o meio de transporte mais
u�lizado no nosso país. As estradas asfaltadas e os primeiros
automóveis fabricados no Brasil só começaram a aparecer a par�r de
1956, quando Juscelino Kubitscheck de Oliveira era o Presidente da
República. É bom relembrar essas coisas, nós que par�cipamos do
progresso e da industrialização do Brasil nos úl�mos 60 anos. E estou
relembrando da primeira vez que viajei sozinho de trem, sem
acompanhantes: eu �nha apenas 12 anos de idade e fui de trem de Belo
Horizonte, onde morava com meus pais, para Carangola, na “ Zona da
Mata” de Minas, visitar meus parentes. Embarquei em Belo Horizonte
num trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, com seus vagões
grandes, bonitos, pintados de vermelho escuro e puxados por uma
possante e imponente locomo�va a vapor, conhecida como “Texas”,
bitola larga, apito bonito – TÔÔÔMMM. Eu viajaria naquele trem até a
cidade de Três Rios, onde teria que pernoitar para, no dia seguinte,
pegar outro trem que vinha do Rio de Janeiro com des�no a Carangola.
Lembro, com ni�dez, daquela viagem. Eu viajando sozinho vendo a
paisagem passando pela janela. O Chefe do trem picotando minha
passagem com ar sério, cara fechada. A matalotagem preparada pela
minha mãe, que eu ia devorando durante a viagem, pastéis, pão com
carne. Desembarquei em Três Rios à tardinha. A estação de trem de Três
Rios era interessante pois ela servia a duas empresas ferroviárias, a
Central do Brasil e a Estrada de Ferro Leopoldina Railway, um lado da
estação para cada uma. Os trens da Central com vagões grandes,
bonitos, locomo�va enorme e, no outro lado da estação, estavam os
trilhos da Leopoldina, bitola estreita, vagões pequenos, velhos, cor
amarelada, locomo�va pequena, barulhenta e com um apito de matar
de vergonha-PIUIIII... Desembarquei em Três Rios, no estado do Rio de
Janeiro, à tardinha e segui as orientações do meu pai: saí da estação,
atravessei a rua e hospedei-me numa pensão bem em frente da estação,
acho que “Pensão dos viajantes”. Era uma casa velha, mas limpa, chão
bem encerado. Peguei a chave na portaria e fui para o quarto, pequeno,
com uma cama, um guarda roupa de madeira ordinária, uma cadeira,
uma pia, um pequeno espelho pendurado na parede..
- Não saia do quarto nem saia do
hotel, foi um dos conselhos que meu
pai me deu antes da viagem. Pois saí
do quarto e saí do hotel, levando a
chave comigo, e dei uma volta pela
cidade até a hora do jantar, que foi
servido no refeitório de ladrilhos da
pensão: sopa rala de legumes, arroz,
feijão preto, bife, um ovo frito; de sobremesa, goiabada com queijo.
Depois do jantar fui para o quarto e, por medida de segurança, encostei
a cadeira atrás da porta com o encosto bem firme no trinco da
fechadura, truque que aprendi num filme de faroeste. No dia seguinte,
cedo, aprontei-me e fui para o refeitório tomar o café. Na mesa perto da
minha estavam dois moços de bigodinho, que riam muito, pareciam ser
muito amigos e alegres, contavam casos em voz alta. Depois do café –
café com leite, um pãozinho, manteiga num potezinho de vidro – fui à
estação da Leopoldina comprar a passagem de trem para Carangola e
logo voltei para a “ Pensão dos viajantes.” Na porta da pensão fiquei
encantado, admirando um belíssimo automóvel ali estacionado, um
Buick eight, ano 1948, cor preta, brilhando, novinho. O rapaz da portaria
apareceu e ficou ao meu lado, também admirando o automóvel.
- De quem é esse carro? – perguntei.
- È daqueles dois caras que estavam na mesa perto da sua, Jararaca e
Ra�nho.
- Jararaca e Ra�nho?
- Eles mesmos.
Era uma famosa dupla de cantores sertanejos, ar�stas de rádio,
excursionando pelo interior do estado do Rio de Janeiro.
Às dez horas da manhã, embarquei no velho trem da Leopoldina e
cheguei à noite em Carangola são, salvo e sozinho. Fui recebido na
estação pelas duas �as, que me abraçaram e beijaram.
Fico relembrando aquela viagem que fiz, que não teve nada de
aventura, não percebi ter passado qualquer situação de risco, de perigo
e fico pensando qual pai permi�ria hoje a um filho de 12 anos de idade
viajar sozinho, fazer baldeação de trem, dormir numa “Pensão dos
viajantes”... Hoje, tantos anos depois, tanto progresso, boas estradas
asfaltadas, automóveis aos montes, ônibus e aviões maravilhosos,
fabricados no Brasil, mas um Brasil cheio de bandidos, assaltantes,
assassinos impiedosos, estupradores, traficantes de drogas, perigos
sem fim. Um Brasil que progrediu muito no campo material, mas que
perdeu a inocência, a pureza, o encanto, a poesia. Um Brasil sem os trens
da Leopoldina e sem Jararaca e Ra�nho.
Junho/Julho de 2018 -
GIRO POR AÍCurta paisagens incríveis da viagens dos nossos médicos associados. Gire por aí e compar�lhe conosco!
Dr. Guilherme Schmi� Mar�ns em África do Sul.Dra. Angélica Parreira Pires Gonçalves e Dr José Eustáquio
Pires Gonçalves em Portugal, Roma e Áustria.