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O QUE PODEMOS FAZER PELO NOSSO RIO TIETÊ. Informativo Mensal - Volume 1 SABEMOS O QUE FAZER PARA DESPOLUIR O TIETÊ? Como defensor do meio ambiente, uma das perguntas que mais ouço é: - você acredita que o mundo vai acabar? A minha resposta é um categórico não! E complemento, caso não utilizarmos a inteligência humana para reverter nossa inadimplência com o ambiente que vivemos, nós desapareceremos da face da terra, mas a terra e o rio Tietê, após alguns milhões de anos, sem nossa devastadora presença, irá regenerar-se. Pois bem, sabemos o que fazer para despoluir o Tietê? Temos diversos exemplos de ações de sucesso na revitalização de rios importantes em diversas partes do planeta, e podemos identificar alguns fatores comuns, aos quais atribuo destacada relevância em um processo sério de revitalização de rios em grandes centros urbanos. O primeiro fator é, existe o interesse comum dos setores público, empresarial e da sociedade civil em revitalizar o recurso hídrico em questão? O programa de revitalização está devidamente estruturado e alicerçado para sua execução e continuidade a médio e longo prazo? Todos os envolvidos sabem sobre a importância do programa e da necessidade de uma auditoria séria e transparente durante toda a sua execução? É possível despoluir os rios urbanos? O crescimento desordenado das cidades, somado ao descaso do poder público e à falta de consciência da população, fazem com que boa parte dos rios urbanos do Brasil mais pareçam a extensão das lixeiras. A falta de tratamento de esgoto e o descarte de poluentes industriais são os grandes vilões para esse quadro. Atualmente, os 500 maiores rios do planeta enfrentam problemas com a poluição, segundo dados da Comissão Mundial de Águas. Contudo, diversas cidades conseguiram transformar seus rios mortos em belos retratos de cartão-postal, como Paris e Londres, integrando-os à sua vida econômica e social. Confira alguns exemplos que pode nos inspirar aqui no Brasil: 1. Rio Sena, Paris (França) O Sena, em Paris, foi degradado por conta da poluição industrial, situação comum a outros rios europeus. Neste caso, porém houve um agravante: o recebimento de esgoto doméstico. Por conta de seu estado lastimável, desde a década de 1920 o Sena é alvo de preocupações ambientais. Mas foi apenas em 1960 que os franceses A VOZ DO TIETÊ Desde 2005 o Instituto Navega São Paulo tem o objetivo de atrair a atenção da população para o rio Tietê, a partir do seu trecho mais degradado, a região metropolitana de São Paulo. Conseguimos atingir nossa proposito por meio das navegações monitoradas com a embarcação Almirante do Lago, entre as pontes dos Remédios e Bandeiras. Agora nossa proposta, é com esse informativo mensal, atrair sua atenção, levando até você informações sobre o nosso Tietê para que juntos identifiquemos o que fazer para revitalizar o nosso precioso patrimônio. DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS

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Rio Tietê - Informativo

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O QUE PODEMOS FAZER PELO NOSSO RIO TIETÊ.

Informativo Mensal - Volume 1

SABEMOS O QUE FAZER PARA DESPOLUIR O TIETÊ?

Como defensor do meio ambiente, uma das perguntas que mais ouço é: -

você acredita que o mundo vai acabar? A minha resposta é um categórico

não! E complemento, caso não utilizarmos a inteligência humana para

reverter nossa inadimplência com o ambiente que vivemos, nós

desapareceremos da face da terra, mas a terra e o rio Tietê, após alguns

milhões de anos, sem nossa devastadora presença, irá regenerar-se. Pois

bem, sabemos o que fazer para despoluir o Tietê? Temos diversos

exemplos de ações de sucesso na revitalização de rios importantes em

diversas partes do planeta, e podemos identificar alguns fatores comuns,

aos quais atribuo destacada relevância em um processo sério de

revitalização de rios em grandes centros urbanos. O primeiro fator é,

existe o interesse comum dos setores público, empresarial e da sociedade

civil em revitalizar o recurso hídrico em questão? O programa de

revitalização está devidamente estruturado e alicerçado para sua execução

e continuidade a médio e longo prazo? Todos os envolvidos sabem sobre a

importância do programa e da necessidade de uma auditoria séria e

transparente durante toda a sua execução?

É possível despoluir os rios urbanos?

O crescimento desordenado das cidades, somado ao descaso do poder

público e à falta de consciência da população, fazem com que boa parte

dos rios urbanos do Brasil mais pareçam a extensão das lixeiras. A falta de

tratamento de esgoto e o descarte de poluentes industriais são os grandes

vilões para esse quadro.

Atualmente, os 500 maiores rios do planeta enfrentam problemas com a

poluição, segundo dados da Comissão Mundial de Águas. Contudo,

diversas cidades conseguiram transformar seus rios mortos em belos

retratos de cartão-postal, como Paris e Londres, integrando-os à sua vida

econômica e social.

Confira alguns exemplos que pode nos inspirar aqui no Brasil:

1. Rio Sena, Paris (França)

O Sena, em Paris, foi degradado por conta da poluição industrial, situação

comum a outros rios europeus. Neste caso, porém houve um agravante: o

recebimento de esgoto doméstico.

Por conta de seu estado lastimável, desde a década de 1920 o Sena é alvo

de preocupações ambientais. Mas foi apenas em 1960 que os franceses

A VOZ DO TIETÊ

Desde 2005 o Instituto

Navega São Paulo tem o

objetivo de atrair a atenção da

população para o rio Tietê, a

partir do seu trecho mais

degradado, a região

metropolitana de São Paulo.

Conseguimos atingir nossa

proposito por meio das

navegações monitoradas com

a embarcação Almirante do

Lago, entre as pontes dos

Remédios e Bandeiras. Agora

nossa proposta, é com esse

informativo mensal, atrair sua

atenção, levando até você

informações sobre o nosso

Tietê para que juntos

identifiquemos o que fazer

para revitalizar o nosso

precioso patrimônio.

ambiental ambiental.

DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS

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passaram a investir na revitalização do local construindo estações de

tratamento de esgoto. Hoje já existem 30 espécies de peixes no rio,

mas o processo para que isso acontecesse foi lento.

No começo, havia apenas 11 estações em funcionamento. Em 2008 já

eram duas mil, mas a meta é que em 2015 o rio já esteja 100%

despoluído. Como parte do processo de tratamento de esgoto, o

governo criou leis que multam fábricas e empresas que despejarem

substâncias nas águas. Além disso, há um incentivo entre 100 e 150

euros por hectare para que agricultores que vivem às margens do rio

não o poluam.

2. Rio Tâmisa, Londres (Reino Unido)

O Tâmisa tem quase 350 km de extensão e um longo histórico de

poluição. As águas deixaram de ser consideradas potáveis ainda em

1610, por conta da falta de saneamento básico da Inglaterra. Ocorriam

até mesmo mortes por cólera. Em 1858, no entanto, reuniões

parlamentares precisaram ser suspensas por conta do mau cheiro das

águas, o que levou os governantes a resgatar a vida do rio apelidado

como “Grande fedor”.

Na época foi colocado em prática uma alternativa sem êxito, já que o

sistema que coletava o esgoto despejava os dejetos recolhidos no rio a

certa distância abaixo da cidade. Apenas entre 1964 e 1984 novas ações de revitalização surtiram efeito. Foram criadas

duas estações de tratamento de esgoto com investimentos de 200 milhões de libras. Quinze anos depois, um

incinerador passou a dar destino aos sedimentos vindos do tratamento das águas, gerando energia para as duas

estações. Fora isso, hoje dois barcos percorrem o Tâmisa de segunda a sexta e retiram 30 toneladas de lixo por dia.

3. Rio Tejo, Lisboa (Portugal)

Para despoluir o famoso rio de Lisboa foram investidos 800 milhões

de euros. A revitalização, que se encerrou em 2012, incluiu obras de

saneamento e renovação da rede de distribuição de águas e esgotos,

visto que os dejetos eram depositados diretamente nas águas do rio.

Foram beneficiados com o projeto 3,6 milhões de habitantes.

O Tejo é o maior rio da Europa ocidental e passou a ser despoluído

com a criação da Reserva Natural do Estuário do Tejo, em 2000. O

plano envolveu a construção de infraestrutura de saneamento de

águas residuais e renovação de condutas de abastecimento de água.

Hoje, até golfinhos voltaram a saltar nas águas do rio europeu.

4. Rio Cheonggyecheon, Seul (Coreia do Sul)

Pode parecer mentira, mas os 5,8 km do rio que corta a grande

metrópole de Seul foram totalmente revitalizados em apenas

quatro anos. Hoje ele conta com cascatas, fontes, peixes e é ponto

de encontro de crianças e jovens.

Seu renascimento começou em julho de 2003, quando o governo

da cidade implodiu um enorme viaduto (com cerca de 620 mil

toneladas de concreto) que ficava sobre o rio e começou, em

paralelo, um grande projeto de nova política de transporte público

e construiu diversos parques lineares, ampliando a quantidade de

áreas verdes nas ruas para uma cidade sustentável. Todo o processo teve um investimento de 370 milhões de dólares.

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Com as melhorias ambientais, a temperatura em Seul diminuiu 3,6°C, além de haver melhorias econômicas para a

cidade. O rio sul-coreano era responsável pela drenagem das águas da metrópole com mais de 10 milhões de

habitantes quando seu leito se tornou poluído. Hoje, as águas que correm por lá são bombeadas do Rio Han, outro que

passou pelo processo de despoluição.

5. Rio Han, Seul (Coreia do Sul)

Formado pela confluência dos rios Namhan e Bukhan, ele passa

por Seul e se junta ao rio Imjin, que em seguida deságua no Mar

Amarelo. Com 514 km de extensão, sendo 320 navegáveis, o rio

sempre teve papel fundamental para o desenvolvimento da

região, visto que era fonte para a agricultura e o comércio, além

de ajudar na atividade industrial e na geração de energia elétrica.

No entanto, o Rio Han sofreu grande degradação durante a

Segunda Gerra Mundial e Guerra da Coreia, além de receber o

despejo de esgoto.

Mas, em 1998, com o plano de Desenvolvimento e Implementação de Gestão da Qualidade da Água, o local mudou o

seu destino. Com a revitalização do rio Cheonggyecheon, o Han também passou por mudanças e hoje é considerado

limpo e já tem algumas espécies de peixe. O governo tem em prática, inclusive, o projeto Han Renaissance, que tem

por objetivo revitalizar 12 parques à beira do rio.

6. Rio Reno, várias cidades da Europa

Com cerca de 1,3 mil km de extensão, o rio nasce nos Alpes

Suíços e banha seis países europeus até desaguar no Mar do

Norte, na Holanda. Durante muitos anos recebeu dejetos de

zonas industrias, o que o levou a ser conhecido, em 1970, como a

cloaca a céu aberto da Europa.

Um dos principais casos de contaminação aconteceu em 1986,

quando 20 toneladas de substâncias altamente tóxicas foram

despejadas no rio por uma empresa suíça. Com o ocorrido, o

governos das cidades banhadas pelo Reno se reuniram e criaram

o Programa de Ação para o Reno em 1987, investindo mais de 15 bilhões de dólares em sua recuperação, que contou

com a construção de estações de tratamento de água monitorado. O resultado são 95% dos esgotos das empresas

tratados e a existência de 63 espécies de peixes vivendo por ali hoje.

7. Rio Cuyahoga, Cleveland (Estados Unidos)

Localizado no estado de Ohio, ele conta com 160 km de

extensão, passando pelo Parque Nacional do Vale Cuyahoga e

desaguando no Lago Eire. Hoje ele é parte fundamental do

ecossistema da região, sendo lar e fonte de sustento de diversos

animais. No entanto, a história era bem diferente em um

passado não muito distante.

Devido à atividade industrial maciça e o esgoto residencial da

região entre Akron e Cleveland, o rio era bastante poluído. Para

piorar a situação, em junho de 1969, uma mancha de óleo e

outros produtos químicos incendiaram o rio. Por conta desses fatores, em 1970 foi assinado o Ato Nacional de

Proteção Ambiental, que viabilizou a criação do Ato Água Limpa, em 1972, estipulando que todos os rios do país

deveriam ser apropriados para a vida aquática e para o lazer humano.

Assim, Cleveland investiu mais de 3,5 bilhões de dólares para a purificação da água do Cuyahoga e dos seus sistemas

de esgoto. E a previsão é de investir mais 5 bilhões nos próximos 30 anos para manter o bom estado de suas águas.

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• 8. Canais de Copenhague (Dinamarca)

Provavelmente você conhece a capital dinamarquesa por ser referência

no assunto meio ambiente. Hoje ela possui uma meta muito clara: quer

chegar em 2025 como a capital a primeira capital do mundo a neutralizar

suas emissões de carbono.

Mas nem sempre foi assim. Antes os canos que levavam a água da chuva

para os rios e canais muitas vezes se misturavam com a rede de esgoto,

transportando os dejetos para as águas. Além disso, o entorno do rio era

uma área industrial, o que fazia com que boa parte do lixo da região fosse

para os canais e rios.

Em 1991, no entanto, surgiu o plano de despoluição das águas e a

remoção da área industrial ao redor do rio. Assim, as galerias pluviais

foram reconstruídas, os reservatórios de água foram estabelecidos em

pontos estratégicos da cidade para que a água da chuva se armazenasse

em caso de tempestade e o encanamento dos esgotos foi melhorado. O

lixo, por sua vez, passou a ser reciclado e incinerado.

Hoje os habitantes e turistas podem, até, tomar banho nas piscinas

públicas artificiais criadas pelo governo.

“Mesmo se eu soubesse que amanhã

o mundo se partiria em pedaços, eu ainda

plantaria a minha macieira....”

Martin Luther King Jr.

Tietê - Ponte da Freguesia do ó

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