Informativo nº 128

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O Informativo do Conselho Regional de Química Jan-Fev-Mar de 2013 | Ano XVII | N° 128 Desvendando Academia Riograndense de Química se reúne com a Fapergs FAPERGS A partir desta edição uma série de perfis dos nossos conselheiros CONHEÇA O CRQ-V

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Informativo nº 128 do Conselho Regional de Química

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O

Informativo do Conselho Regional de QuímicaJan-Fev-Mar de 2013 | Ano XVII | N° 128

Desvendando

Academia Riograndense de Química se reúne com a Fapergs

FAPERGSA partir desta edição uma série de perfis dos nossos conselheiros

CONHEÇA O CRQ-V

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03 Academia Academia Riograndense de Química se reúne com a Fapergs 04 Especial Desvendando o Cianeto07 FEPAM Nova medida para a remediação de área contaminadas por combustíveis08 Conheça o CRQ-V Confira os conselheiros desta edição10 PerfilRodrigo Nunes11 Agenda

INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RSFONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR

O Informativo do CRQ-V traz nesta edição informações sobre um composto que tem estado constantemente na mídia, depois do desastre que vitimou 241 pessoas na cidade de Santa Maria, e está relacionado diretamente com a Química : o cianeto. Entrevistamos o engenheiro de segurança contra incêndios Cláudio Hanssen, o historiador Fabrício Dillemburg e a coordenadora clínica do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Antonio da Universidade Federal Fluminense, Lília Ribeiro Guerra. Junto à matéria, publicamos também um artigo esclarecedor escrito pelo membro da Academia Riograndense de Química, Nelson Calafate.

Outra novidade é a atual medida exigida pela FEPAM visando a descontaminação do solo contaminado de postos de combustíveis. A partir da difusão de técnicas baseadas em estudos norte americanos, a instituição cumpre a sua finalidade: a proteção do Meio Ambiente.

O Informativo do CRQ-V segue aberto à colaboração, críticas e sugestões. Envie seu e-mail para [email protected] .

Boa leitura!

PresidentePaulo Roberto Bello FallavenaVice-presidente:Estevão SegallaSecretárioRenato EvangelistaTesoureiroRicardo Noll

Assessoria de Comunicação do CRQ-V [email protected] resp.: Vanessa Valiati Mtb 13018 DiagramaçãoGustavo FurstenauRedaçãoCarolina ReckTiragem3.000ImpressãoGráfica Ideograf

Cozinha Geek Ciência Real, Ótimos Truques e Boa Comida

Cozinhar é uma arte relacionada de maneira direta com os processos científicos. Cozinha Geek, de Jeff Potter, apresenta para o leitor a ciência que existe por trás das panelas. Além de curiosidades técnicas, o livro aborda questões como o tempo de cozimento, temperaturas, ar e equipamentos, que são responsáveis por reações químicas e físicas que aumentam o sabor e valor nutricional, além de reduzir as chances de intoxicação alimentar. Contendo as mais diversas receitas, a obra de Potter responde a questionamentos como: “Quais os tipos de fermentos e suas características?”, “Por que alguns alimentos são assados a 175 graus e outros a 190?” e “Quais os elementos químicos da indústria moderna?”.

Expediente

Índice Editorial

Números do Conselho

Dica de Livro

DOCS JAN FEV Total

AFTs Emitidas

909 488 1397

Registros Definitivos

41 - 41

Registros Provisórios

167 - 167

Certidões 26 13 39

Processos Analisados

515 162 677

Pedido de Auxílio para Eventos

Informamos que o prazo limite para o envio de solicitação de patrocínio e apoio de eventos para 2013 se estende até o dia 30 de março. Após essa data as solicitações não serão aceitas. Todos os pedidos de au-xílio devem ser enviados, dentro do prazo estipulado, para o e-mail:

[email protected]

*As opiniões expressas nos artigos não representam necessariamente a opinião do CRQ-V.

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a instituição parceira fundamental na ala-vancagem deste processo”.

Na proposta apresentada, foram elenca-das algumas sugestões que, entre outras, incluem a Federação das Indústrias - FIER-GS no que se refere à construção de um ambiente favorável para o aproveitamento das pesquisas científicas realizadas no Es-tado, levando-as para o mundo da produ-ção industrial e negócios empresariais.

Também estiveram presentes no encon-tro, além da diretora-presidente da Faper-gs, Nádya Pesce da Silveira, os acadêmicos Ione Baibich e Paulo Vellinho, e o presiden-te do CRQ-V, Paulo Fallavena.

A Academia Riograndense de Química foi criada no dia 20 de junho de 2008, e tem por objetivo congregar os segmentos da atividade química no estado do Rio Grande do Sul, por meio de pessoas que tenham valor reconhecido na comunidade. Busca ainda premiar e divulgar a área, reconhe-cendo cidadãos que se destacam no coti-diano e gravando, assim, suas identidades na memória da química do RS.

A Academia Riograndense de Quí-mica (ARQ) esteve reunida com a

diretora-presidente da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Nadya Pesce da Silveira, e ofereceu apoio à Fundação para ações que deem relevância e visibilidade aos pesqui-sadores gaúchos.

“É muito importante para a Fapergs re-ceber este suporte da Academia, fortale-cendo o vínculo da Fundação com a comu-nidade científica gaúcha”, disse Nadya.

Para Estevão Segalla, presidente da ARQ, este encontro é resultado de uma série de reuniões em que os acadêmicos identificaram a ARQ como uma entidade legítima para propiciar o amplo debate e reflexões em torno das causas que histo-ricamente têm travado o desenvolvimento do Estado, no que concerne às atividades da indústria e demais setores da Química e apontar caminhos a seguir para a re-versão deste quadro. “Assim, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS, poderá vir a ser

Academia Riograndense de Química se reúne com a Fapergs

A Academia Riogran-dense de Química está com inscrições abertas para a eleição de novos acadêmicos. Até o dia 1º de maio, os candidatos devem ser indicados por meio da ficha de inscrição que consta no site www.academiaqui-micars.com.br ou por e-mail, para [email protected].

Cabe ressaltar que os indicados ao título de acadêmico devem ter atividade técnico--profissional, científica ou docente (comprovada por títulos e trabalhos publicados), ou ainda, ter prestado serviços rele-vantes à profissão em níveis estadual, nacional ou internacional.

Inscrições

Abertas

Academia

Divulgação/Fapergs

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Renato (53) é licenciado em Ciências e em Química pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Também é graduado na Escola Técnica de Co-mércio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), univer-sidade onde tem especialização em Ciência e Tecnologia dos Alimentos . Atua na área de desenvolvimento analítico, piscinas e também certi-ficações de qualidade.

CRQ-V: Como se interessou pela área da química?Renato Evangelista: Meu interesse se iniciou por

meio da fluidez de entendimento a modelos molecula-res apresentados nas aulas de ciências.

CRQ-V : Como se tornou Conselheiro?R.E. : Por representação do Sindicato dos Químicos do

Rio Grande do Sul (Sinquirs).CRQ-V : Lembra de algum momento relacionado ao

seu trabalho com a química que mudou suas expectati-vas ou influenciou na sua escolha e modo de entender a área?

R.E. : O desenvolvimento da área petroquímica e as questões ambientais.

ESTEVÃO SEGALLA

RENATO EVANGELISTA

O Informativo do CRQ-V dá início a uma série de perfis com os seus Conselheiros para aproximar cada vez mais o leitor e a instituição. A cada edição, no decorrer de 2013, serão publicadas três entrevistas.

Estevão (57) é graduado bacharel em Química com

ênfase tecnológica pela Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua na área de la-boratórios da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM).

CRQ-V: Como se interessou pela área da química?

Estevão Segalla: Os anos de preparação para o ingresso na universidade foram marcados

fortemente pelo período de acelerado desenvolvimen-to da economia, com a preponderância do crescimento industrial. Na época, destacava-se e chamava a minha atenção o papel desempenhado pelo químico, como ele-mento imprescindível.

CRQ-V: Como se tornou Conselheiro?E.S. : Muitas vezes o desenvolvimento e bom desem-

penho do profissional da área da química necessitam de um trabalho muito focado e assim, afastado do mundo externo. Me preocupava com esse fator, querendo es-tabelecer laços profissionais além de meu próprio am-biente de trabalho. Isso favoreceu a aproximação com a comunidade profissional organizada, e no momento oportuno, fui convidado à participação de forma mais efetiva, na condição de Conselheiro do CRQ-V.

CRQ-V: Lembra de algum momento relacionado ao seu trabalho com a química que mudou suas expectativas ou influenciou na sua escolha e modo de entender a área?

E.S. : A Primeira Conferência Mundial do Meio Ambien-te, a Conferência de Estocolmo. Como citei anteriormen-te, o crescimento industrial favoreceu a formação de uma geração de profissionais. Até aquele momento, a sua atuação era marcada fortemente, senão exclusivamente, pelo estímulo à produção. Com a conferência, toda uma nova área de atuação se descortinou, com a participação imprescindível dos profissionais da área química.

Conheça o CRQ-V

Confira :

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Anamélia (46) é graduada em Quí-mica Industrial e licenciada em

Química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), também é mes-tre em Polímeros pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua como professora na Universidade Luterara do Brasil (Ulbra), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

CRQ-V: Como se interessou pela área da química?Anamélia Saenger Vasconcellos: Na hora de fazer a es-

colha para o vestibular alguns fatores foram decisivos. Os cursos na área da saúde foram descartados, pois se vejo sangue desmaio. Já imaginaram uma médica sem poder ver sangue? Assim, minha atenção foi deslocada para a área das exatas. Tinha muita curiosidade em saber do que é formado o nosso organismo, o que eram os medicamen-tos, e até mesmo os alimentos. Devido à tamanha curiosi-dade, a química foi escolhida.

CRQ-V : Como se tornou Conselheira?A.S.V. : Por incentivo de meus colegas e como represen-

tante da ULBRA.CRQ-V : Lembra de algum momento relacionado ao seu

trabalho com a química que mudou suas expectativas ou influenciou na sua escolha e modo de entender a área?

A.S.V. : Quando fiz vestibular, minha escolha foi a Quími-ca Industrial. Não passava pela minha cabeça ser profes-sora. No entanto, encontrei alguns professores excelentes, que ministravam aula como se estivessem brincando com a química. Eles mostraram o quanto é bom sabermos a ra-zão e como os fenômenos acontecem, revelaram também que a cada questão respondida novos desafios surgem. Esse foi o motivo que me levou a ser professora de química.

ANAMÉLIA SAENGER DE VASCONCELLOS

EventosFotos: Divulgação

Formatura do Curso Química Industrial da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) Com o representante do CRQ-V Wolmar Severo

Formatura do curso Técnico em Quimíca do Colégio Ulbra Cristo Redentor

Formatura do Curso Técnico em Química da Univates

Formatura do Curso Tecnólogo em Alimentos do Colégio Agrícola Frederico Westphalen

Produtora: CLICK PRODUÇÕESDiretor de Eventos: Otávio BurigoDiretora de Fotografia: Márcia Leal

*

Formaturas

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PerfilRodrigoNunes

Divulgação/CRQ-V

O professor Rodrigo Nunes (39) é exemplo para profis-sionais da área da química.

Atualmente cursa pós-graduação em fitoterapia e é o coordenador do Curso Técnico de Química do Colé-gio Contemporâneo de Camaquã, trabalho pela qual é muito elogiado por colegas e alunos. Dentre estes elogios é destacada a determinação, parceria e modo de educar do pro-fissional.

A paixão pela química veio da infância, e Nunes ressalva que suas lembranças mais remotas são relativas a experimentos caseiros ou feiras de ciência na escola. Do mun-do literário, desde criança Rodrigo desfrutava das leituras voltadas para a área científica. Tudo que en-volvesse o “ser cientista” o encan-tava. Nos filmes, bruxas, feiticeiros e alquimistas eram os personagens favoritos do coordenador. Quanto mais semelhante a um “cientista louco” fosse o personagem, maior era a adoração do garoto por ele. “Gostava de qualquer um que tives-se um laboratório em meio a fras-cos, fumaças e explosões”, brinca.

Em jogos como Alquimia ou O Pequeno Químico (replicas de kits de laboratório) ele descobriu sua vocação. Em 2004, quando o Colégio

Contemporâneo implantou o Curso Técnico em Química, Nunes foi cha-mado para assumir a responsabilida-de de coordenador. “Rodrigo sempre foi muito inteligente e seguro do que estava exercendo. Transparente em seus comentários e sugestões”, explana o colega docente Julio Claudio Vergana da Silva.

A principal preocupação é tornar o curso cada vez melhor, e o objetivo di-ário do coordenador é que cada turma seja superior às anteriores. “A ideia é que nem mesmo um dia cansativo impeça o aluno de ter vontade de vir para o curso”, esclarece Nunes.

Para alcançar essas melhorias a escola recebe apoio em forma de equipamentos, reagentes e acervos bibliográficos. Com o fim de atingir suas metas profissionais, Rodrigo conta com a direção da Escola Con-temporâneo e seus colegas de área, que expressa serem como uma famí-lia para ele. “A integração que existe dentro do curso faz toda a diferença e Rodrigo é como um pai para todos. É totalmente dedicado e envolvido com cada um que passa dentro da escola”, assinala a atual tutora do Curso Téc-nico de Química do Contemporâneo, Iara Menezes.

Uma das famas do profissional é referente à sua capacidade de enca-minhar, praticamente todos os for-mandos, para o mercado de trabalho. De acordo com seus relatos, muitos alunos estão em vias de estágio antes mesmo do término do curso. “É muito estimulante quando sabemos que nossos ‘frutos’ estão espalhados por aí, em empresas de grande reco-

nhecimento como Petrobrás, Ambev, Eletrobrás e Nestlé”, elucida.

Da relação com alunos, o coor-denador reconhece que é essencial mostrar para o educando que ele é inteiramente responsável por seu futuro. “Já dizia minha mentora, Maria Regina Soares Lopes, que se o aluno não for esforçado, ele pode estudar na NASA, Harvard ou Cambridge, que estará fadado a passar trabalho como profissional”, profere. Nunes também expõe que o aprendizado deve ser mútuo, e para ele esta é a parte fasci-nante na carreira de docente. “O que um professor aprende com um aluno não se encontra em livros, cursos e apostilas”, ilustra.

“O exemplo de profissionalismo co-meça pelo professor. Rodrigo cumpre essa missão, atuando com dedicação mesmo fora de seu horário de traba-lho. Isto motiva os alunos e os torna mais responsáveis, simplesmente por verem a competência de Rodri-go”, pronuncia Vergana. Iara ainda aponta que Rodrigo, sempre otimista, influencia seus alunos a acreditarem no próprio potencial.

Citando “O sonho de Mendeleiev”, Rodrigo Nunes deixa uma mensagem para aqueles que pretendem seguir na área da química: “Que peculiar classe de mortais são os químicos. Impelidos por um desejo quase insano, a procurar seus prazeres em meio a fumaça e vapores, fuligem e chamas, venenos e pobreza... E no entanto, entre todos esses males, te-nho a impressão que vivem tão agra-davelmente que prefeririam morrer a trocar de lugar com o rei da Pérsia”.

O que um professor aprende com um aluno não se encontra em livros, cursos e apostilas

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Cumprindo sua finalidade de proteção do meio ambiente, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Ro-essler (FEPAM) passará a exigir na Licença Ambiental nova me-dida de descontaminação do solo contaminado de postos de combustíveis. Baseada em técnicas e estudos norte-america-nos, a ideia do engenheiro químico, Renato João Zuchetti, e dos geólogos, Vicente Biermann e Errol Gaspar dos Santos, obteve resultados positivos.

Anteriormente, nos postos de combustíveis, os tanques de armazenamento enterrados com o tempo se corroíam. Desta corrosão provinham vazamentos de gasolina e óleo, que conta-minavam o solo dos arredores e lençóis freáticos.

Para eliminar o quadro de poluição foram implementadas medidas exigindo a troca dos tanques antigos por novos, en-camisados. A tática impedia que houvesse vazamentos para o meio ambiente. Além disto, os postos com o solo contaminado tinham a obrigação de recuperar a área poluída. O tratamento consistia em bombear águas do lençol freático, que passavam por um sistema de absorção com carvão ativado.

No entanto, a relação de tempo e custo não era satisfatória, o sistema apontava baixa eficiência na remediação das áreas contaminadas. De acordo com Zuchetti, o tratamento durava de cinco a dez anos e novas medidas precisavam ser avaliadas para remediar o passivo ambiental de forma eficaz. “Em cinco anos chegávamos ao percentual de apenas 10% de desconta-minação. O momento exigia que uma diferente solução fosse adotada”, revela.

A nova medida busca resolver as ineficiências do método an-tigo. Começou como uma provocação aos empresários, os ins-tigando a mudar a rota existente e investir na ideia, que reduz custos e em curto prazo proporciona melhorias para o meio ambiente. A medida foi estabelecida em 24 postos, e em um ano os resultados foram gratificantes. “Em alguns casos bas-taram quatro meses e o índice de remoção dos poluentes foi de 90%”, explana Zuchetti.

O presidente da FEPAM, responsável por apoiar o projeto, Carlos Fernando Niedesberg, ressalta que o novo sistema será incluído como exigência nas Licenças. Segundo ele, existem dois tipos de tratamento e em ambos a reação química gera somente CO2 + H2O.

Os produtos utilizados em ambos os proces-sos são: peróxido de hidrogênio, peróxido de hi-drogênio + percarbonato de sódio + solução de ferro + peróxido de magnésio e surfactantes. Zuchetti explica que os surfactantes “seques-tram” os hidrocarbonetos, favorecendo o ata-que do oxidante, ou seja, há disponibilidade de ataque direto. O percarbonato de sódio retarda a liberação do hidrogênio, como conseqüência ele prolonga o período da reação química e o produto fica ativo por trinta dias.

O primeiro tratamento consiste em aplicar peróxido quando removidos o tanque, solo e águas contaminadas. Neste caso são utilizados cerca de 200 litros para oxidação dos hidrocar-bonetos remanescentes. A operação dura três dias com grande chance de atingir os padrões internacionais de qualidade para recuperação de áreas contaminadas. O segundo tratamen-to é aplicado em postos de combustível onde os tanques foram removidos no passado sem tratamento adequado, é produzida uma malha de poços (piezômetros) para a injeção do oxi-dante (peróxidos) na pluma de contaminação mapeada. Visando atingir os padrões interna-cionais de qualidade para recuperação de áreas contaminadas, ao longo de seis meses, são fei-tas injeções periódicas. Tendo em vista a baixa velocidade das águas subterrâneas e o tipo de solo, esse processo é mais longo, pois dificulta o contato do oxidante com o contaminante.

FEPAM passará a exigir nova medida

visando a remediação de áreas

contaminadas por combustíveis

Engenheiro Químico da FEPAM, Renato Zucchetti e Presidente da FEPAM, Carlos Fernando Niedesberg

Divulgação/FEPAM

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HCN forma-se pela fácil combustão oxidativa de revestimentos acústicos produzidos com poliure-tano comum, material muito utilizado em grande número de casas noturnas. Lília ressalva que o cianeto pode se formar a partir da combustão de substâncias que contém em sua estrutura quími-ca átomos de carbono e nitrogênio, que também é o caso de resinas de melamina, plásticos, seda e borracha sintética.

O uso dos cianetos na indústria é muito abran-gente. A síntese química, a produção de colas e fertilizantes, a extração de minérios, o polimen-to de ouro e prata, curtumes, metalurgia, reve-lação de fotografia, indústria de papel e têxteis e até mesmo a fabricação de plásticos, borrachas e agrotóxicos utilizam destes recursos. Tendo em vista a necessidade de cuidados especiais ao lidar com o composto, Hanssen salienta que as emba-lagens contendo cianetos não devem ficar próxi-mas de recipientes que possuam ácidos minerais. A medida evita o risco de derramamentos, contato e liberação de cianeto de hidrogênio, ou HCN.

A contaminação ocorre por inalação de fumaça tóxica contendo gás cianídrico, contato com a pele e até mesmo ingestão do composto ou produtos que contenham grande concentração de substân-cias cianogênicas (como a mandioca brava). “O en-venenamento também pode ocorrer pela ingestão de produtos químicos, que quando metabolizados pelo fígado se transformam em cianeto, como, por exemplo, os solventes contendo organonitrilos”, explica Lília. A profissional também acrescenta que fatores como a via de administração, dosagem e forma química na qual o cianeto é apresentado são responsáveis pela toxicidade deste. Os sinto-mas após a contaminação são relativos à concen-tração de cianeto no sangue.

O incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, somou o total de 241 mortes no dia 27 de janeiro. O ocorrido ocasionou

uma série de investigações, onde estudos químicos são essen-ciais na obtenção de resultados. Em entrevista ao jornal Zero Hora, a legista-chefe do Departamento Médico Legal (DML) de Santa Maria, Maria Ângela Zuchetto, relata que todas as mortes ocorridas na boate foram causadas por asfixia provocada pela inalação de cianeto e monóxido de carbono.

O cianeto é o nome comum para compostos químicos à base de ciano (C N ), com uma ligação tríplice entre o átomo de car-bono e o de nitrogênio. A coordenadora clínica do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Antonio, da Universidade Federal Fluminese (UFF), Lília Ribeiro Guerra, que também faz parte da Rede Nacional de Centro de Informações e Assistência Toxicológica da ANVISA, informa que os cianetos podem ser de origem natural ou antropogênica (produzidos em laboratório). Segundo ela, no primeiro caso se encontram na forma de glicosídeos cianogênicos, como o amigdalosideo e linamarosideo, presentes em certos vegetais (mandioca brava), amêndoas amargas e sementes de frutas (cereja, maçã, pêra, ameixa e pêssego). Os de origem antropogênica são: o cianeto de sódio, cianeto de potássio, ácido cianídrico e cianeto de cálcio.

Absolutamente tóxico, o cianeto de potássio é um compos-to químico que ao entrar em contato com qualquer ácido se converte em gás cianídrico (HCN). De acordo com o engenhei-ro de segurança contra o incêndio, Cláudio Alberto Hanssen, o

Desvendando O

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O Ácido Cianídrico(Antigamente denominado Cianeto de Hidrogênio)

Referência: Química Inorgânica Moderna, J. W.

Mellor (Livraria Globo – Porto Alegre/ RS, 1947).

Em 1782, K.W. Scheele descobriu o Ácido Cia-nídrico (HCN), aquecendo o Ácido Sulfúrico com Azul da Prússia, daí o antigo nome de Ácido Prússico. Em 1809, I. von Ittner obteve o com-posto anidro. E J. L. Gay-Lussac estabeleceu sua composição atual, em 1811.

Na natureza, encontra-se combinado com o açúcar Glicose e com outros compostos orgâni-cos, como o glicosido “Amigdalina”, que existe nas amêndoas amargas e em outras plantas.

Preparação usual: 1) Destilando uma mus-tura de Cianeto de Potássio pulverizado, com uma mistura de volumes iguais de Ácido Sulfú-rico e Água; se usar-se ácido concentrado, des-prende-se considerável Monóxido de Carbono (CO). 2) Passando gás sulfúrico sobre o Cianeto de Mercúrio.

O chamado “Cianeto de Hidrogênio” – como os cianetos em geral – puro é um dos venenos mais mortíferos, letais que se conhece, exi-gindo cuidados especiais em suas operações. Curiosamente, o Ácido Cianídrico é um ácido fraco e, por isso, seus sais hidrolisam-se forte-mente em solução aquosa.

Os mais importantes são o Cianeto de Sódio e de Potássio. Os cianetos de outros metais são obtidos por dupla decomposição com Cia-neto de Potássio.

O presente caso de formação de HCN por combustão de poliuretanos (estes podem ser auto-extinguíveis ou não), de pesos molecu-lares muito grandes, não mensuráveis. Por exemplo, o monômero tipo poliéter.

HO(-CH2CH2-O-CH2CH2-O)nH

tipo poliéster

pode reagir com o 2,4 e 2,6 – diisocianato de tolileno (TDI)

O quadro mostra relação entre concentração sanguínea do cianeto (independente da via de exposição e da estrutura quí-mica) e os sinais e sintomas que podem ocorrer numa intoxi-cação aguda:

O gás tóxico do cianeto foi o mesmo utilizado em câmeras de gás nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Conforme o depoimento do historiador Fabrício Gustavo Dillenburg, sui-cídios por meio do uso de cianeto eram comuns na época. “A cápsula de cianeto podia ser implantada em um dente falso ou transportada em uma pequena caixa metálica. Ela era utilizada em casos de captura ou extrema dor, evitando que segredos fossem descobertos pelo inimigo, ou que o sofrimento extrapo-lasse a capacidade de resistência”, revela Dillenburg.

Concentração de cianeto no sangue (µg/ml)

0 - 0.5 Sem sintomas

0.5 - 1.0Taquicardia, rubor, dor de cabeça, hiperpneia (respi-ração rápida e profunda), tonturas

Depressão do Sistema Nervoso Central (SNC), vertigem, taquipneia (respiração rá-pida e superficial), nausea, vômitos, asfixia, confusão mental.Depressão respiratória, convulsões, coma, cianose, apneia, colapso circulatório, midrí-ase (pupilas dilatadas)

Morte

1.0 - 2.5

2.5 - 3.0

>= 3.0

Sinais e Sintomas

Fonte: http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0910/cianetos/p6.html

ARTIGO

*Químico industrial, engenheiro químico e engenheiro de segurança do trabalho e membro da Academia Riograndense de Química.

Nelson

Gonçalves

Calafate

2,4 e 2,6 - diisocianato

de tolileno (TDI)

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à temperatura ambiente e sob catálise de aminas, produzindo cadeias poliméricas que se estendem em estruturas múltiplas (poliuretanos).

Propriedades mais importantes: resistência muito alta à abrasão; capacidade de formar polímeros celula-res de larga faixa de densidade e flexibilidade.

Aplicações industriais típicas: como massa flexível, em estofados, formação de tapetes, de couros sinté-ticos; como espuma rígida, em substituição à madeira, em molduras e peças de móveis; em fibras; em tintas.

Nomes comerciais mais conhecidos: Lycra, Vulkolane.Referência: Introdução a Polímeros, Eloisa Biasotto Mano9, UFRJ

(Editora Edgard Blucher Ltda, São Paulo/SP), 1985.

A Experiência Exterior

A preocupação dos Estados Unidos/EUA, com re-gulamentação e fiscalização federais, vem do ano de 1811. Principalmente ao longo da última década, após o fogo consumir a Boate “The Station”, em Rhode Island (2003), vitimando 100 pessoas e com erros semelhan-tes à Boate Kiss/Brasil. Havia superlotação e material proibido no revestimento das paredes e teto, para não vazar som, e foi usado um sinalizador para espetáculo pirotécnico sem autorização.

Regras rígidas passaram a ser reforçadas: - Duas portas de saída para estabelecimentos com

mais de 100 pessoas; com largura desenhada para um número específico de pessoas que permita um preciso cálculo de evacuação emergencial. Essas saídas, tam-bém, devem ter separação entre elas, assegurando vá-rios pontos de fuga.

-Sistema automático de “sprinklers” (chuveirinhos), principalmente para os clubes noturnos.

- Revisão e endurecimento da relação de materiais de revestimento e decoração que possam ser liberados pe-los Corpos de Bombeiros.

É marcante a atividade NFPA (“National Fire Protec-tion Association”), que, apesar de não ter autoridade para a fiscalização, ela monitora as atividades dos Cor-pos de Bombeiros. Por exemplo, “bloquear uma saída de emergência custa a licença ou impede a sua renovação”.

O desafio para a Segurança é manter o Padrão. Com o passar do tempo, a sensação de perigo diminui, e o risco é o Poder Público relaxar de novo.

Já na Europa, como a França, é impossível abrir-se uma casa noturna, discoteca, com apenas uma porta de saída: devem ser duas e sem obstáculos. Não deve haver incêndio pelo teto ou pelo superaquecimento de cabos elétricos, como ocorreu em Santa Maria/ BR.

O alarme de incêndio deve interromper a música de imediato e ser divulgada uma mensagem que oriente as pessoas a seguir rumo para as saídas.

O pessoal de Segurança deve ter formação especial e, de preferência, deve haver uma Brigada de Incêndio.

Para o uso de fogos em locais fechados, primeiramen-te deve haver um teto muito elevado, mínimo de 6 me-tros e dispor-se de um sistema contra incêndio.

Hoje, há cerca de 2.400 discotecas na França; há 20 anos, eram perto de 10.000.

Em 1970, mais de 140 jovens morreram em incêndio, em Saint-Laurent-du-Pont: as portas de emergência es-tavam trancadas para impedir a entrada dos chamados “penetras”. O fogo pro pagou-se rapidamente porque a decoração era de poliuretano e papel “machê”.

A aprovação de uma boate é procedida por uma co-missão de policiais, bombeiros, representantes das ad-ministrações locais, do serviço de controle de qualidade dos alimentos e do serviço de verificação das regras de acessibilidade. Custo mínimo de 500 mil euros.

Ênfase para sistemas elétricos, bem como tipo de pin-tura e decoração dos locais: por exemplo, tipo de tecidos de móveis – tudo auto-extinguível (à prova de fogo).

Em alguns casos, é exigida a presença de profissional bombeiro trabalhando no local.

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18 e 19 de abril Curso Teórico/Prático de Microbiologia de Lodos AtivosInformações e inscrições:Umwelt Biotecnologia Ambiental Rua Quixabas, 245 - Velha Blumenau, SC Telefone: (47) 33253703

18 e 19 de abril I Workshop em materiais híbridos multifuncionaisAnfiteatro do ILEA - Campus do Vale - Ufrgs - Porto Alegre – RSInformações e inscrições:www.hibridosmultifuncion.wix.com/2013

23 a 26 de abril VI Congresso Latino Americano e XII Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos Informações e Inscrições:www.higienista.com.br

26 de abril Curso de Transporte de Cargas Perigosas Informações e Inscrições:Telefone: (51) 3072-6508 E-mail: [email protected]

13 a 16 de agosto1º Seminário Internacional de Química ForenseInformações:www.abqrs.com.br/portal/img/siquif/folder.pdOU www.abqrs.com.br/portal/php/siquif.php

Agenda

Cuidados Médicos A pneumonia química: problemas respiratórios (falta de ar) cau-

sados pela inalação da fumaça ácida (aqui, também, efeito do Ácido Cianídrico), cujos sintomas poderão ser sentidos, evoluídos somente depois de alguns dias (ainda há 16 vítimas em hospitais próximos).

Alguns doentes tiveram quadro de queimadura pulmonar, tam-bém pela fuligem tóxica do isolamento do som, do poliuretano. 20 a 30 ventiladores mecânicos estão, agora, disponíveis para ultimar os trabalhos médicos.

A Perícia

Segundo os primeiros passos da Perícia Técnica, deu-se a asfixia de um grande número de vítimas (241 mortos e 16 sobreviventes, até hoje), devido à formação de gás cianídrico, altamente tóxico, le-tal pela queima de espuma do material poliuretano irregularmente instalado como isolamento acústico. E, em menor escala, ocorreu a queima dos corpos.

Os laudos produzidos pelo Instituto Geral de Perícias/ IGP são fundamentais para a conclusão do inquérito, já que podem provar cientificamente a tese da polícia de que houve homicídio qualificado doloso por asfixia motivada, repetindo à exaustão, pela ação corro-siva do Ácido Cianídrico surgido da combustão de isolamento de po-liuretano de má qualidade.

Aquela tese está comprovada nas primeiras amostras analisadas e expostas às autoridades policiais.

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