Informe DEVS - Uso de Inseticidas Domésticos

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  Superintendência de Vigilância em Saúde  Departame nto de Vigilâ ncia Sanit ária    DEVS Rua Piquiri, 170  Rebouças  80.230-140  Curitiba  Paraná  Brasil   Fone: (41) 3330-4400 www.saude.pr.gov.br INFORME DO DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - DEVS INSETICIDA S DOMÉSTICOS - CUIDADOS EM SEU USO O verão chegou e com todo esse calor chegam também insetos como mosquitos, baratas, formigas e moscas e para controlá-los as pessoas recorrem aos inseticidas domésticos e os usam muitas vezes de forma abusiva. A alta prevalência de uso de inseticidas deve estar correlacionada com fatores como o clima, o relevo, o solo e condições de saneamento básico da cidade e, de certa forma, ao desconhecimento das propriedades tóxicas desses produtos.  A implementação de ações de saneamento básico influencia diretamente na redução da proliferação dos insetos e, consequentemente, na redução do uso de inseticidas. Esta é a forma mais barata e eficaz de controle das pragas domésticas e/ou vetores para os órgãos públicos. O uso de inseticidas domésticos tornou-se tão comum nos domicílios urbanos que a proteção mecânica, como por exemplo, mosquiteiros e telas em aberturas, ficou esquecida. O consumidor, que na maioria das vezes, desconhece as propriedades tóxicas dos componentes dessas formulações (princípios ativos e adjuvantes como, solventes, propelentes e sinergistas), é atraído pela mídia, que oferece esses produtos como se fossem inócuos. A comercialização de inseticidas sem cheiro ou com odores agradáveis como limoleno, eucaliptol e óleo de citronela faz com que o consumidor exponha-se a esses produtos de forma mais frequente, pois ele tende a permanecer no local, após a aplicação do inseticida. Além disto, o surgimento de cepas resistentes aos inseticidas faz com que o consumidor insista no uso, aumentando o risco de intoxicação. A resistência a pesticidas tem sido documentada em mais de 100 espécies de mosquitos e em muitas espécies de outros artrópodes importantes na área da saúde, tais como, moscas, piolhos, percevejos, pulgas, baratas e carrapatos. Ao serem consideradas as formas de apresentação dos inseticidas presentes nos domicílios, destacaram-se os aerossóis, talvez pela praticidade e facilidade de aplicação. Os inseticidas líquidos são facilmente absorvidos pela pele e, tratando-se de substâncias geralmente voláteis, podem também ser absorvidas

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inseticidas domesticos

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  • Superintendncia de Vigilncia em Sade

    Departamento de Vigilncia Sanitria DEVS Rua Piquiri, 170 Rebouas 80.230-140 Curitiba Paran Brasil Fone: (41) 3330-4400

    www.saude.pr.gov.br

    INFORME DO DEPARTAMENTO DE VIGILNCIA SANITRIA - DEVS

    INSETICIDAS DOMSTICOS - CUIDADOS EM SEU USO O vero chegou e com todo esse calor chegam tambm insetos como

    mosquitos, baratas, formigas e moscas e para control-los as pessoas recorrem aos

    inseticidas domsticos e os usam muitas vezes de forma abusiva. A alta prevalncia

    de uso de inseticidas deve estar correlacionada com fatores como o clima, o relevo,

    o solo e condies de saneamento bsico da cidade e, de certa forma, ao

    desconhecimento das propriedades txicas desses produtos.

    A implementao de aes de saneamento bsico influencia diretamente na

    reduo da proliferao dos insetos e, consequentemente, na reduo do uso de

    inseticidas. Esta a forma mais barata e eficaz de controle das pragas domsticas

    e/ou vetores para os rgos pblicos. O uso de inseticidas domsticos tornou-se to

    comum nos domiclios urbanos que a proteo mecnica, como por exemplo,

    mosquiteiros e telas em aberturas, ficou esquecida. O consumidor, que na maioria

    das vezes, desconhece as propriedades txicas dos componentes dessas

    formulaes (princpios ativos e adjuvantes como, solventes, propelentes e

    sinergistas), atrado pela mdia, que oferece esses produtos como se fossem

    incuos. A comercializao de inseticidas sem cheiro ou com odores agradveis

    como limoleno, eucaliptol e leo de citronela faz com que o consumidor exponha-se

    a esses produtos de forma mais frequente, pois ele tende a permanecer no local,

    aps a aplicao do inseticida. Alm disto, o surgimento de cepas resistentes aos

    inseticidas faz com que o consumidor insista no uso, aumentando o risco de

    intoxicao. A resistncia a pesticidas tem sido documentada em mais de 100

    espcies de mosquitos e em muitas espcies de outros artrpodes importantes na

    rea da sade, tais como, moscas, piolhos, percevejos, pulgas, baratas e

    carrapatos. Ao serem consideradas as formas de apresentao dos inseticidas

    presentes nos domiclios, destacaram-se os aerossis, talvez pela praticidade e

    facilidade de aplicao. Os inseticidas lquidos so facilmente absorvidos pela pele

    e, tratando-se de substncias geralmente volteis, podem tambm ser absorvidas

  • Superintendncia de Vigilncia em Sade

    Departamento de Vigilncia Sanitria DEVS Rua Piquiri, 170 Rebouas 80.230-140 Curitiba Paran Brasil Fone: (41) 3330-4400

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    pela via respiratria. Seus resduos permanecem no ambiente, contaminando

    paredes, cho, teto, tapetes, utenslios, brinquedos, etc. Crianas que engatinham

    e/ou levam as mos ou objetos boca esto em frequente contato com estes

    resduos. Os produtos com os princpios ativos piretroides e organofosforados so

    os mais usados. Uma intoxicao por piretroides pode ocasionar problemas

    respiratrios como chiado persistente e asma, dor de cabea, imunossupresso,

    formigamento, irritaes na pele, excitao do sistema nervoso, convulses e at a

    morte, dependendo da intensidade da exposio. Os organofosforados so

    compostos absorvidos com facilidade por todas as vias: drmica, gastrointestinal e

    respiratria. A absoro cutnea a principal via de penetrao deste inseticida em

    indivduos que os aplicam na forma de pulverizao. Os organofosforados interferem

    no sistema de transmisso neural, por meio da inibio da acetilcolinesterase

    produzindo efeitos, como aumento da secreo brnquica, vmitos, dificuldade de

    acomodao visual, cefaleia, tonturas, depresso, ansiedade e outros.

    No Paran de acordo com o SINANET no ano de 2012 ocorreram 169

    casos de intoxicao com inseticidas domsticos.

    Cuidados ao manusear os inseticidas domsticos:

    - Verificar se o produto adquirido tem registro na ANVISA. Todas as empresas

    fabricantes de inseticidas domsticos so obrigadas a registrar seus produtos na

    ANVISA e assim apresentarem uma srie de estudos de eficincia no controle dos

    insetos e na segurana do seu uso.

    - Antes de usar o produto ler com ateno o rtulo da embalagem. Verificar como o

    produto deve ser aplicado e os cuidados a serem tomados. Muitos produtos no

    devem ser deixados expostos ao ambiente na presena de crianas e animais, por

    isso ateno s instrues de uso.

    - Quando da utilizao do produto, use sempre roupas com mangas compridas,

    mscaras, bons, luvas, culos e cala fechados. Certifique se os produtos

    utilizados so apropriados para o uso domstico e no profissional. Nunca fique em

    reas com janelas e portas fechadas o local deve ser bem arejado.

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    Departamento de Vigilncia Sanitria DEVS Rua Piquiri, 170 Rebouas 80.230-140 Curitiba Paran Brasil Fone: (41) 3330-4400

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    - Caso haja suspeita de intoxicaes, deve-se procurar imediatamente um posto de

    sade ou Centro de Intoxicaes, levar a embalagem do produto para que o mdico

    possa medicar corretamente o acidentado.

    - Os produtos devem ser armazenados em locais separados de alimentos, de

    preferncia fechados e isolados de crianas e animais.

    - As embalagens vazias devem ser descartadas em locais apropriados e no devem

    ser furadas ou reutilizadas.

    Referncias: 1. Cmara Neto HF, Augusto LGS. Condies sanitrias do ambiente urbano e o uso de inseticidas domsticos: implicaes para a sade [Dissertao]. Recife: Departamento de Sade Coletiva/ Fundao Oswaldo Cruz; 2000. 2. Diela C. , Facchinia L.A. e Mr DallAgnol M; Inseticidas domsticos: padro de uso segundo a renda per capita. Rev Sade Pblica 2003; Ed. 37(1): p 83-90. 3. Lombardi M, Minuissi J, Midio A. Aspectos toxicolgicos de inseticidas de uso domstico. Rev. Bras Sade Ocup 1983; 11:36-48. 4. SINANET 4.0/PATCH 4.2. Intoxicaes Exgenas DBF, Base de Dados Dezembro 2012.