Infraestruturas Urbanas - Memória de Cálculo
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Infraestruturas Urbanas
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Traduzido e adaptado pela Top-Informtica, Lda. para a
CYPE Ingenieros, S.A.
1 Edio (Outubro 2009)
Windows marca registada de Microsoft Corporation
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Infraestruturas Urbanas Memria de Clculo
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ndice geral
ndice geral ..................................................................... 3
Apresentao ................................................................. 5
Infraestruturas Urbanas ................................................... 7
1. Memria de Clculo ................................................... 7
1.1. De Abastecimento de gua .................................... 7
1.1.1. Introduo ..................................................... 7
1.1.2. Dados prvios ............................................... 7
1.1.2.1. Condies do fornecimento ................... 7
1.1.2.1.1. Consumos ........................................... 7
1.1.2.1.2. Consumos distribudos (caudal
de percurso) ........................................................ 8
1.1.2.1.3. Depsitos ou alimentao da
rede ..................................................................... 8
1.1.2.1.4. Velocidade nas condutas .................... 9
1.1.2.1.5. Presses nos pontos de
abastecimento..................................................... 9
1.1.2.2. Condutas ................................................ 9 1.1.2.2.1. Materiais .............................................. 9
1.1.2.2.2. Dimetros ............................................ 9
1.1.2.2.3. Considerao de elementos
especiais ............................................................. 9
1.1.2.3. Escavaes ........................................... 11
1.1.2.3.1. Caractersticas do terreno ................. 12
1.1.2.3.2. Medio ............................................. 12
1.1.2.3.3. Limitaes ......................................... 12
1.1.3. Clculo (Opo Calcular) ............................ 12
1.1.3.1. Formulao tubagens ........................... 12 1.1.3.2. Tubagens com consumos
distribudos ........................................................ 13 1.1.3.3. Formulao vlvulas ............................. 13 1.1.3.4. Formulao bombas ............................. 14
1.1.3.5. Resoluo do sistema malhado............ 14 1.1.3.6. Dimensionamento (Opo
Dimensionar) ..................................................... 15 1.1.3.7. Unidades ............................................... 16
1.2. De Saneamento .................................................... 17
1.2.1. Introduo ................................................... 17
1.2.2. Dados prvios ............................................. 17
1.2.2.1. Condies de recolha ........................... 17
1.2.2.1.1. Caudais recolhidos pela rede ............ 17
1.2.2.1.2. Caudais distribudos .......................... 18
1.2.2.1.3. Infiltrao ........................................... 18
1.2.2.1.4. Ponto de descarga ............................ 18
1.2.2.1.5. Velocidade nos colectores ................ 18
1.2.2.2. Colectores ............................................. 19
1.2.2.2.1. Materiais ............................................ 19
1.2.2.2.2. Geometria .......................................... 21
1.2.2.2.3. Dimetros .......................................... 22
1.2.2.3. Escavaes ........................................... 23 1.2.2.3.1. Caractersticas do terreno ................. 23
1.2.2.3.2. Medio ............................................. 23
1.2.2.3.3. Limitaes ......................................... 23
1.2.3. Clculo (Opo: Calcular) ........................... 23
1.2.3.1. Formulao ........................................... 23
1.2.3.1.1. Frmula de Prandtl-Colebrook .......... 24
1.2.3.1.2. Formulao geral de Chesy .............. 24
1.2.3.1.3. Frmula de Manning-Strickler ........... 25
1.2.3.1.4. Frmula de Tadini ............................. 25
1.2.3.1.5. Frmula de Bazin .............................. 25
1.2.3.1.6. Frmula de Sonier ............................. 25
1.2.3.1.7. Frmula de Kutter .............................. 25
1.2.3.1.8. Frmula de Ganguillet-Kutter ............ 25
1.2.3.2. Colectores com caudais afluentes
distribudos ........................................................ 25 1.2.3.3. Dimensionamento (Opo:
Dimensionar) ..................................................... 25
1.2.3.4. Unidades ............................................... 26 1.3. De Electricidade .................................................... 27
1.3.1. Introduo ................................................... 27
1.3.2. Dados prvios ............................................. 27
1.3.2.1. Condies de abastecimento ............... 27 1.3.2.1.1. Consumos ......................................... 27
1.3.2.1.2. Consumos distribudos ..................... 27
1.3.2.1.3. Alimentao da rede ......................... 27
1.3.2.1.4. Intensidade nos condutores .............. 28
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1.3.2.1.5. Tenso nos pontos de
consumos ......................................................... 28
1.3.2.2. Cabos ................................................... 28
1.3.2.2.1. Material condutor .............................. 28
1.3.2.2.2. Isolamento ........................................ 28
1.3.2.2.3. Seces ............................................ 28
1.3.2.2.4. Incremento de comprimento ............ 29
1.3.3. Clculo (Opo: Calcular) .......................... 29
1.3.3.1. Formulao .......................................... 29 1.3.3.1.1. Clculo elctrico em regime
permanente ...................................................... 29
1.3.3.1.2. Clculo da corrente mxima de
curto-circuito em tramos .................................. 29
1.3.3.1.3. Clculo da corrente de curto-
circuito mnima ................................................. 30
1.3.3.1.4. Curto-circuito nos bornes do
primrio do transformador ................................ 30
1.3.3.1.5. Curto-circuito nos bornes do
secundrio do transformador ........................... 30
1.3.3.2. Instalaes com consumos
distribudos ....................................................... 31 1.3.3.3. Resoluo do sistema malhado ........... 31
1.3.3.4. Dimensionamento (Opo:
Dimensionar) ..................................................... 31
1.3.3.5. Unidades .............................................. 31 1.4. De Gs .................................................................. 33
1.4.1. Introduo................................................... 33
1.4.2. Dados prvios ............................................. 33
1.4.2.1. Condies do fornecimento ................. 33 1.4.2.1.1. Consumos ........................................ 33
1.4.2.1.2. Consumos distribudos ..................... 33
1.4.2.1.3. Alimentao da rede ......................... 33
1.4.2.1.4. Velocidade nas condutas ................. 34
1.4.2.1.5. Presses nos pontos de
abastecimento .................................................. 34
1.4.2.2. Condutas .............................................. 34 1.4.2.2.1. Materiais ............................................ 34
1.4.2.2.2. Dimetros ......................................... 34
1.4.2.2.3. Considerao de elementos
especiais .......................................................... 34
1.4.2.3. Escavaes .......................................... 35 1.4.2.3.1. Caractersticas do terreno ................. 35
1.4.2.3.2. Medio ............................................ 35
1.4.2.3.3. Limitaes ......................................... 35
1.4.3. Clculo (Opo: Calcular) .......................... 35
1.4.3.1. Formulao .......................................... 35 1.4.3.2. Condutas com consumos
distribudos ....................................................... 36 1.4.3.3. Resoluo do sistema malhado ........... 36
1.4.3.4. Dimensionamento (Opo:
Dimensionar) ..................................................... 36 1.4.3.5. Unidades .................................................. 37
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Infraestruturas Urbanas Memria de Clculo
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Apresentao
Infraestruturas Urbanas um conjunto de programas que lhe oferece as ferramentas necessrias para
resolver todos os aspectos relativos ao clculo de infraestruturas para urbanizaes. So programas desenhados de
modo similar e equivalente, de forma que as opes e ferramentas gerais coincidem no seu modo de utilizao.
Desta maneira a aprendizagem de um dos programas servir-lhe- para avanar no conhecimento dos restantes.
Abastecimento de gua, o programa desenvolvido para o clculo, desenho, verificao e
dimensionamento automtico de redes de abastecimento de guas.
Saneamento, a ferramenta pensada para o clculo, desenho, verificao e dimensionamento automtico
de redes de saneamento, cujo objectivo evacuar as guas residuais desde os pontos de recolha at ao ponto de
descarga.
Electricidade, a aplicao para o clculo, desenho, verificao e dimensionamento automtico de redes
elctricas, que d a potncia requerida em cada ponto de consumo. Permite redes malhadas, ramificadas ou mistas,
em mdia e baixa tenso e em redes de iluminao pblica.
Gs, o programa para o clculo, desenho, verificao e dimensionamento automtico de redes de gs,
cujo objectivo fazer chegar o gs a cada ponto de abastecimento.
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Infraestruturas Urbanas Memria de Clculo
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Infraestruturas Urbanas
1. Memria de Clculo
1.1. De Abastecimento de gua
1.1.1. Introduo
O objectivo fundamental no dimensionamento de uma
rede de distribuio fazer chegar a gua a cada ponto
de abastecimento. O problema pode abordar-se de dois
pontos de vista diferentes:
Dimensionamento. Pode ser o caso mais habitual,
no qual a partir de uma srie de dados de consumo
e topografia se deseja obter os dimetros
adequados das condutas de gua.
Verificao. A partir de uma rede j dimensionada,
deseja-se conhecer se cumpre as limitaes de
projecto impostas ou consideradas pelo critrio do
tcnico.
Quer se deseje dimensionar, quer verificar, necessrio
ter em conta os seguintes aspectos:
As condies de chegada da gua aos pontos de
abastecimento. necessrio respeitar uma srie de
condicionantes, como as presses nos pontos de
abastecimento ou a qualidade da gua distribuda.
Facilidade de construo. A utilizao de materiais,
dimetros e outros elementos facilmente disponveis
no mercado, que se ajustem s normas tanto nas
suas dimenses, como no seu comportamento.
Manuteno. Conseguir um bom funcionamento da
rede para evitar uma excessiva e custosa
manuteno correctiva, facilitando a manuteno
preventiva, fundamental.
Economia. No serve apenas fazer com que a rede
funcione. Esta deve comportar, alm disso, um custo
razovel, evitando quanto possvel,
sobredimensionar.
Uma vez recolhidos todos os dados necessrios,
efectua-se o clculo em relao formulao adequada
em cada caso.
1.1.2. Dados prvios
1.1.2.1. Condies do fornecimento
So necessrios vrios dados para calcular uma rede.
Estes dados so, definitivamente, os que marcaro o
comportamento da mesma.
1.1.2.1.1. Consumos
Geralmente, esta a principal condicionante no
funcionamento da rede.
O caudal a fornecer em cada um dos ns da rede deve
estimar-se em funo do tipo de abastecimento (urbano,
industrial, rural ...).
No caso de distribuio domiciliria, deve-se ajustar esse
consumo dependendo do nmero de habitantes.
De forma orientadora, na tabela 1.1 apresentam-se as
capitaes a considerar na distribuio exclusivamente
domiciliria.
Adicionalmente, deve-se ter em conta no apenas os
habitantes actuais das zonas que se deseja urbanizar,
mas tambm se deve realizar uma previso de um
possvel crescimento da populao que se teria de
abastecer a partir da rede que se est a calcular.
De forma orientadora, pode-se calcular a populao
futura como:
t
aP P 1
sendo:
P: A populao futura
Pa: Populao do ltimo censo
: Taxa de crescimento da populao
t: Tempo decorrido desde o ltimo censo
Capitao na distribuio domiciliria
a) 80 l/habitante/dia at 1000 habitantes
b) 100 l/habitante/dia de 1000 a 10 000 habitantes
c) 125 l/habitante/dia de 10 000 a 20 000 habitantes
d) 150 l/habitante/dia de 20 000 a 50 000 habitantes
e) 175 l/habitante/dia acima de 50 000 habitantes
Tabela 1.1
Por aparelhos instalados, o caudal o que se mostra na
tabela 1.2. Os valores dos consumos aqui apresentados
so orientadores para a distribuio domiciliria, o
Regulamento apresenta outros tipos de consumos, de
acordo com o fim a que se destina a rede, apresenta
ainda os caudais para combate a incndios.
Os caudais calculados nos ns de abastecimento para a
rede de gua so posteriormente levados rede de
saneamento, na hiptese de guas residuais em redes
unitrias de saneamento, ou como nico caudal em
redes separativas. Deve-se ter em conta que as redes de
gua potvel devem-se instalar sempre por cima das
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redes de saneamento, para evitar contaminao da gua
potvel em caso de ruptura ou fuga nas redes de
saneamento.
Uma vez determinado o caudal de consumo em cada n,
necessrio introduzir uma considerao de picos de
consumo.
Em alguns casos, pode ter interesse a utilizao de um
coeficiente que incremente ou reduza, de forma geral, os
consumos de uma rede. Desta forma possvel simular
funcionamentos sazonais ou com menores ocupaes.
Este coeficiente poder aplicar-se apenas no momento
de clculo sobre os caudais a abastecer nos ns.
Caudais mnimos nos dispositivos de utilizao gua
fria ou quente
Dispositivos de utilizao para: Caudais mnimos(l/s)
Lavatrio individual 0.10
Lavatrio colectivo (por bica) 0.05
Bid 0.10
Banheira 0.25
Chuveiro individual 0.15
Pia de despejo com torneira de
15 mm
0.15
Autoclismo de bacia de retrete 0.10
Mictrio com torneira individual 0.15
Pia lava-loua 0.20
Bebedouro 0.10
Mquina de lavar loua 0.15
Mquina ou tanque de lavar
roupa
0.20
Bacia de retrete com fluxmetro 1.50
Mictrio com fluxmetro 0.50
Boca de rega ou de lavagem de
15 mm
0.30
Idem de 20 mm 0.45
Mquinas industriais e outros
aparelhos no especificados
Em conformidade
com as indicaes
dos fabricantes
Tabela 1.2
1.1.2.1.2. Consumos distribudos (caudal de percurso)
Em casos especiais, pode ser de grande utilidade no
projecto simular os consumos da rede como distribudos
linearmente ao longo de um tramo de tubagem. Para
isso, o caudal deve-se indicar por metro linear de
conduta.
Isto d um primeiro clculo na resoluo de redes com
consumos similares distribudos ao longo de um tramo
de grande comprimento de tubagem. Nos resultados
grficos podem-se verificar a partir de que ponto, no se
cumpre os requisitos estabelecidos para a obra,
podendo dividir o tramo em dois com dimetros mais
adequados.
Para a resoluo de casos como os de rega gota a gota,
podem-se ajustar mais os resultados com esta opo,
sem necessidade de introduzir ns de consumo.
1.1.2.1.3. Depsitos ou alimentao da rede
Uma rede de gua recebe alimentao por um ou vrios
pontos. Tais pontos podem ser:
Depsitos. Quando se encontram numa cota
elevada, geram a altura piezomtrica que move a
gua atravs das condutas. Considera-se a sua
capacidade para produzir presso como a altura
piezomtrica do mesmo, isto , a sua cota mais o
seu nvel.
Alimentao de rede. So os pontos de entrada
procedentes da entidade fornecedora ou ento de
outras redes capazes de fornecer gua rede.
Como os depsitos, so os pontos que geram o
movimento de gua na rede. A sua altura
piezomtrica determinada pela sua cota mais a
presso que a entidade fornecedora assegurar em
tal ponto.
A nvel de clculo, ambos os ns so do mesmo tipo, isto
, pontos com altura piezomtrica fixa e igual sua cota
mais a presso disponvel (o nvel no caso de depsitos;
a presso disponvel, no caso de pontos de
alimentao).
Deve-se consultar a entidade fornecedora sobre a
presso que capaz de garantir em cada um dos pontos
de alimentao da rede que se tiver planeado incluir no
clculo.
Com efeito, dois pontos de alimentao com presses
similares e alturas geomtricas diferentes podem
produzir circulaes entre eles, devido diferena de
alturas piezomtricas. Se no existir entre eles uma carga
suficientemente grande para atenuar a diferena de
alturas piezomtricas, pode produzir-se um transvase de
gua de um para o outro.
Para evitar as circulaes, pode-se tomar as seguintes
medidas:
Evitar quanto possvel um grande nmero de ns de
alimentao e, no caso de ser necessrio colocar
vrios destes pontos, devero estar o mais separado
possvel.
Evitar grandes diferenas de altura piezomtrica
entre os ns de alimentao. Pode-se supor que a
rede da entidade distribuidora suficientemente
extensa e est desenhada para proporcionar alturas
similares em todos os pontos.
Colocar vlvulas anti-retorno que permitem a
circulao apenas no sentido desejado.
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Ao ser possvel a introduo numa rede de vrios pontos de
alimentao, podem produzir-se circulaes entre pontos de
alimentao da rede. Se desejar fazer o clculo com circulaes
de gua entre depsitos ou pontos de alimentao, deve
recordar que este tipo de comportamento pode falsear o
dimensionamento das condutas.
1.1.2.1.4. Velocidade nas condutas
Uma das principais limitaes para dimensionar uma
rede de condutas de gua a velocidade do fluido nas
mesmas.
Deve-se utilizar como limite inferior de velocidade o valor
regulamentar, pois abaixo deste valor tm lugar
processos de sedimentao e estancamento.
A velocidade mxima no deve ultrapassar o valor
regulamentar, para evitar fenmenos de arrasto e rudos,
assim como grandes perdas de carga.
1.1.2.1.5. Presses nos pontos de abastecimento
Quando se desenha uma rede hidrulica de
abastecimento de gua potvel, necessrio assegurar
nos pontos de abastecimento uma presso disponvel
mnima qual se distribui a gua.
Tambm pode limitar o dimensionamento, em alguns
casos, o excesso de presso, j que poderia provocar
rupturas.
Existe definido um intervalo de presses disponveis nos
ns de consumo, mesmo quando estes valores so
determinados em grande medida pelas necessidades e
tipo prprios de cada consumo, juntamente com um
incremento nas fugas na rede e a necessidade de
vlvulas redutoras nos locais dos consumos que no
podem suportar to altas presses.
1.1.2.2. Condutas
O funcionamento de uma rede de abastecimento de
gua depende em grande medida do tipo e tamanho das
condutas utilizadas.
1.1.2.2.1. Materiais
Determinam a rugosidade superficial do tubo com a qual
a gua se vai encontrar. Uma maior rugosidade do
material implica maiores perdas no tramo. Deve-se utilizar
em milmetros.
Estes so os valores habituais, no projecto, da
rugosidade absoluta:
Valores habituais de rugosidade absoluta
PVC 0.0025 mm
Fibrocimento 0.0250 mm
Ferro fundido revestido 0.0300 mm
Ferro fundido no revestido 0.1500 mm
Ferro galvanizado 0.1500 mm
Beto armado 0.1000 mm
Beto liso 0.0250 mm
Tabela 1.3
1.1.2.2.2. Dimetros
O tratamento dos materiais realiza-se atravs da
utilizao de bibliotecas, das quais se obtm os materiais
a utilizar. Cada um destes materiais ocasiona a sua
caracterstica de rugosidade absoluta juntamente com
uma srie de dimetros. Estas bibliotecas so definveis
pelo utilizador, que pode modificar os coeficientes de
rugosidade, assim como tirar ou acrescentar dimetros
srie.
Para cada material, existem sries pr-definidas de
dimetros normalizados. Estes tm, habitualmente, a
anotao DN juntamente com a dimenso aproximada do seu dimetro em milmetros.
Um DNx no significa que o dimetro interior da conduta seja de x milmetros. Provavelmente menor, mas deve-se consultar
em qualquer caso. Os materiais predefinidos procedentes das
bibliotecas contemplam esta diferena e pode-se consultar
directamente na prpria biblioteca ou no momento de atribuir o
dimetro a cada tramo. Para os materiais criados ou editados,
deve ser o prprio utilizador a designar o dimetro interior da
conduta.
Dimetros maiores proporcionam perdas de carga
menores nas condutas e vlvulas e diminuem a
velocidade de circulao, mas encarecem o custo da
rede, com o risco acrescentado de ter velocidades
excessivamente baixas ou presses demasiado altas nos
ns.
1.1.2.2.3. Considerao de elementos especiais
Devido a necessidades construtivas ou de controle, as
redes de abastecimento de gua requerem a utilizao
de elementos especiais diferentes das tubagens, como
vlvulas (nas suas diferentes variantes), cotovelos,
redutores.
No caso das vlvulas, podem-se introduzir de vrios tipos
que, atendendo ao modo como realizam a sua funo no
sistema, podem classificar-se em:
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Vlvula de regulao. a que origina perdas de
carga na rede para as suas posies intermdias,
com o objectivo de variar desta maneira a
distribuio de presses na mesma. Tambm pode
ser utilizada como vlvula tudo/nada. Pode definir-se
distintos graus de abertura para cada combinao.
Do ponto de vista construtivo, existem diversas
vlvulas que realizam esta funo: de comporta, de
borboleta, de assento plano,... Por isso, so
necessrios os dados do fabricante sobre o
coeficiente adimensional de perdas com vlvula
aberta e a tabela de relao das perdas com o grau
de abertura dessa vlvula.
Vlvula anti-retorno ou de reteno. Trata-se de uma
vlvula que apenas permite a passagem da gua
num sentido. As suas aplicaes podem ser
mltiplas: evitar recirculaes num by-pass, tornar
independente zonas da rede com pontos de
abastecimento distintos, etc. O tipo de vlvula que
realiza esta funo construtivamente muito
diferente das anteriores. Segundo o desenho, ter
umas perdas de carga no sentido de passagem e
um encerramento rpido perante a circulao da
gua no sentido contrrio. Como dado, requer-se o
coeficiente de perdas com vlvula aberta e o sentido
em que se situa relativamente tubagem (da origem
ao extremo).
Vlvula de controle de presso. Esta uma vlvula
de regulao pilotada por presso. Controlando a
sua posio de fecho far com que a jusante da
vlvula se alcance o limite de presso estabelecida,
sempre que a presso a montante seja superior a
esta. Podem-se definir distintas taras de presso
para cada combinao. Se a rede ficar com uma
presso inferior estabelecida, s se introduziro as
perdas com vlvula aberta.
Vlvula de controle de caudal. Esta vlvula de
regulao de funcionamento similar anterior, mas
o limite de caudal. Da mesma forma, podem-se
definir distintas taras de caudal para cada
combinao. Se o fluxo for menor ou igual ao
estabelecido, s se introduziro as perdas com
vlvula aberta.
Os restantes elementos especiais da rede (redutores,
cotovelos, ...) podem-se considerar agrupados num
mesmo tipo que unicamente requer o coeficiente
adimensional de perdas que vir nos catlogos dos
fabricantes.
Bombas.
As redes de abastecimento de gua podem ver-se
intercaladas com elementos de ganho de presso
como so as bombas para ultrapassar obstculos
geogrficos.
Distinguem-se trs grandes grupos em funo da
trajectria que segue o fluido junto turbina da
mesma:
Centrfugas. So as de uso mais vulgar. Esto
especialmente indicadas para caudais moderados e
alturas considerveis.
Heliocentrfugas. O seu campo de utilizao
intermdio entre as bombas centrfugas e as axiais.
Os elementos constituintes como turbina, difusor,...
podem ser comuns nuns casos s primeiras e
noutros casos s segundas.
Axiais. Utilizam-se na elevao de grandes caudais a
uma altura bem mais reduzida. A sua rede
praticamente sempre com o eixo vertical e
submergida num depsito de aspirao
Seja qual for o tipo de bomba a tratar, o dado que a
define a curva caracterstica obtida a partir de
ensaios que o fabricante realiza num banco de
ensaios e que deve vir detalhada nos catlogos.
Esta a curva da bomba a uma velocidade de
rotao dada, onde Hb a altura manomtrica da
bomba e Q, a outra varivel mais significativa, o
caudal trasfegado.
b bH H Q
Dito de outra maneira, em funo do caudal
impulsionado pela bomba, produzir-se- um
incremento de presso no fluido que corresponde
diferena de presso manomtrica (altura
manomtrica Hb) que existe entre a entrada e a sada
da bomba. Isto supondo a existncia de tubos de
aspirao e impulso do mesmo dimetro.
O ngulo de sada do fluido da turbina pode ser
pequeno, entre 15 e 35, para reduzir as perdas por
frico nos elementos posteriores turbina. Isto faz
que a curva seja de pendente decrescente sempre
que < 90.
O programa s permite definir a curva da bomba de
pendente decrescente, por ser condio de
dimensionamento habitual nas bombas centrfugas.
Outras curvas de interesse que definem uma bomba
so a curva de potncia em funo do caudal e a
curva de rendimento em funo do caudal. Estas
tambm devem vir nos catlogos de bombas e
caracterizam as prestaes e qualidade de desenho
da turbomquina, embora para efeitos de clculo
hidrulico no so necessrios e portanto, no se
requerem neste programa.
b b
b b
P P Q
Q
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11
Na falta de dados do fabricante, pode-se utilizar esta
tabela de valores (tabela 1.4.) do coeficiente
adimensional de perdas para vlvulas em posio de
abertura:
Vlvulas (abertas) Coef. perdas
De esfera K = 0.1
Comporta K = 0.1 0.3
Reteno K = 1.0
De assento standard.
Assento de ferro fundido
K = 4.0 10.0
De assento standard.
Assento de forja (pequenas)
K = 5.0 13.0
De assento a 45 .
Assento de ferro fundido
K = 1.0 3.0
De assento em ngulo.
Assento de ferro fundido
K = 2.0 5.0
De assento em ngulo.
Assento de forja (pequenas)
K = 1.5 3.0
Borboleta K = 0.2 1.5
Diafragma K = 2.0 3.5
De cunha. Rectangular K = 0.3 0.5
De cunha. Circular K = 0.2 0.3
Tabela 1.4
Para o aumento de perdas em vlvulas parcialmente
abertas relativamente ao valor do coeficiente em abertura
total, podem-se considerar:
Quociente K / K (aberta)
Condio Comporta Esfera Borboleta
Aberta 1.0 1.0 1.0
Fechada 25% 3.0 5.0 1.5 2.0 2.0 15.0
50% 12 22 2.0 3.0 8 60
75% 70 120 6.0 8.0 45 - 340
Tabela 1.5
Em alguns casos, as perdas de carga sofridas nestes
elementos, podem-se considerar incrementando uma
percentagem ao comprimento fsico dos tramos para
conseguir um comprimento resistente que inclua estas
perdas de carga localizadas.
Por isso, possvel definir uma percentagem de
incremento do comprimento resistente para simular estas
perdas. Este incremento de comprimento apenas se
aplica no dimensionamento, no na medio da
tubagem.
1.1.2.3. Escavaes
As condutas de gua potvel instalam-se geralmente
enterradas. Para isso, deve-se escavar valas para acolher
as condutas.
A forma da vala, o volume de escavao e outra srie de
factores podem ter interesse para calcular uma rede.
-
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12
1.1.2.3.1. Caractersticas do terreno
A forma como ser escavada a vala depende em grande
medida das caractersticas do terreno onde se enterrar
a conduta.
Para isso, devem conhecer-se os terrenos nos quais se
vai escavar e algumas caractersticas prprias do
processo de instalao da conduta:
Talude. a mxima inclinao de uma parede
escavada num terreno com a solidez suficiente para
no se desmoronar. Deve-se expressar em metros
de abertura horizontal por cada metro escavado
verticalmente.
Distncia lateral. Distncia mnima que se dever
separar a conduta das paredes da vala.
Largura mnima. Por limitaes mecnicas, no se
podem construir valas com larguras excessivamente
pequenas. No caso da conduta ser de pequeno
dimetro e juntamente com as distncias laterais
no se completar ou superar a largura mnima, toma-
se esta largura mnima como largura de clculo.
Leito. Distncia entre a soleira da vala e a base da
conduta. Deve encher-se com areia, embora
tambm seja possvel encontrar leitos de beto em
alguns casos.
Enchimento. Uma vez depositada a conduta sobre o
leito, enche-se com areia at cobrir a conduta.
Denominar-se- distncia de enchimento a
espessura de areia por cima da conduta.
1.1.2.3.2. Medio
Para realizar o clculo da escavao, necessrio dispor
de informao sobre as profundidades de escavao:
Cota do n. Indica a cota da parte inferior da
conduta em cada um dos ns da rede. necessria
tambm para o clculo hidrulico das condutas.
Cota do terreno. a cota na qual fica o terreno
modificado, isto , o terreno uma vez terraplenado,
sobre o qual se vai realizar a escavao.
Cota da rasante. a cota na qual ficar a superfcie
depois de ter fechado as valas e construdo o
pavimento sobre o terreno.
habitual que a espessura do pavimento seja constante
para toda uma obra, pelo que apenas seriam necessrias
as cotas de rasante, deduzindo o terreno como a cota de
rasante menos a espessura do pavimento. Se no existir
pavimento (espessura = 0), coincidiro rasante e terreno.
Tudo isto vlido em obras novas, dado que, se se tratar
de reparaes ou modificaes sobre ruas j existentes,
podem existir diferenas na medio, ao existir dois
estratos de caractersticas diferentes para efeitos de
escavao.
1.1.2.3.3. Limitaes
Devido situao, debaixo da terra, de diferentes tipos
de redes (electricidade, gua, gs, telefones ...), deve
existir uma limitao de profundidade mnima que se
deve respeitar para evitar colises com outras redes.
Esta profundidade mnima mede-se a partir da cota de
rasante at aresta superior da face interior da conduta.
Respeitando estas profundidades mnimas, contribui-se
para que em futuras escavaes no se produzam
rupturas acidentais da conduta.
1.1.3. Clculo (Opo Calcular)
Uma vez recolhidos os dados de partida, procede-se ao
clculo da rede, de acordo com os tipos de condutas,
dimetros, elementos intercalados, caudais e presses
de abastecimento. Para tal, utiliza-se a formulao e o
mtodo de resoluo que se pormenorizam a seguir.
1.1.3.1. Formulao tubagens
Em redes hidrulicas, utiliza-se para a resoluo do
sistema de equaes, malhadas, ramificadas ou mistas,
o mtodo dos elementos finitos de forma discreta.
Para resolver os segmentos da rede calculam-se as
quedas de altura piezomtrica entre dois ns ligados por
um tramo, atravs da frmula de Darcy-Weisbach:
2
p 2 5
8 L Qh f
g D
sendo:
hp: Perda de carga (m.c.a.)
L: Comprimento equivalente da conduta (m)
Q: Caudal que circula pela conduta (m3
/s)
g: Acelerao da gravidade (m/s2
)
D: Dimetro interior da conduta (mm)
f: Factor de frico
O factor de frico f funo de:
O nmero de Reynolds (Re). Representa a relao
entre as foras de inrcia e as foras viscosas na
tubagem.
- Quando as foras viscosas so predominantes
(Re com valores baixos), o fluido escorre de
forma laminar pela tubagem.
- Quando as foras de inrcia predominam sobre
as viscosas (Re grande), o fluido deixa de se
-
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13
mover de uma forma ordenada (laminarmente) e
passa a regime turbulento, cujo estudo de forma
exacta praticamente impossvel.
Quando o regime for laminar, a importncia da
rugosidade menor em relao s perdas devidas
ao prprio comportamento viscoso do fluido do que
no regime turbulento.
Ao contrrio, no regime turbulento, a influncia da
rugosidade torna-se mais patente.
A rugosidade relativa ( /D). Traduz matematicamente
as imperfeies do tubo.
No caso da gua, os valores de transio entre os
regimes laminar e turbulento para o nmero de Reynolds
encontram-se no intervalo de 2000 a 4000, e calcula-se
como:
DRe
sendo:
:A velocidade do fluido na conduta (m/s)
D: O dimetro interior da conduta (m)
: A viscosidade cinemtica do fluido (m2
/s)
Para valores de Re abaixo do limite de turbulncia,
aconselha-se a utilizao da frmula de Poiseuille para
obter o factor de frico:
64f
Re
Para o regime turbulento aconselhvel a utilizao da
equao de Colebrook-White:
l 2.512log
3.7Df Re f
que se deve iterar para poder chegar a um valor f, devido
ao carcter implcito da mesma e onde:
f: Factor de frico
: Rugosidade absoluta do material (m)
D: Dimetro interior da conduta (m)
Re: Nmero de Reynolds
Como parmetros, supe-se:
Viscosidade cinemtica do fluido: 1.15e-6m2/s
N de Reynolds de transio entre regime turbulento
e regime laminar: 2500.
Infelizmente, no se pode assegurar que para o valor
umbral de Reynolds escolhido como ponto de transio
entre regime laminar e turbulento (Re = 2500), o factor de
frico calculado por Poiseuille seja igual ao calculado
por Colebrook-White.
Por isso, ao calcular o factor de perdas necessrio
realizar uma primeira iterao com Colebrook-White.
Se esta iterao proporcionar um valor de caudal na zona
laminar, calcula-se por meio de Poiseuille.
Se Poiseuille der um resultado na zona turbulenta, toma-
se como valor definitivo o calculado por Colebrook-White.
1.1.3.2. Tubagens com consumos distribudos
Para a resoluo de um tramo com consumo uniforme,
realiza-se uma discretizao dos caudais pedidos por
metro linear em pequenos consumos pontuais.
A introduo desta discretizao incrementa o nmero de
ns que a rede tem, por conseguinte, o nmero de
equaes do sistema. Isto implica um aumento no tempo
de clculo similar ao produzido pela introduo manual
de cada um dos ns gerados por essa discretizao.
Uma vez obtida a soluo do sistema de equaes para
os subtramos, obtm-se um caudal e uma velocidade
varivel linearmente com o comprimento do tramo e a
curva correspondente de presses, que poder variar em
funo de se a tubagem tem tambm intercalada uma
vlvula, se tem consumo de caudal pelos dois extremos,
etc.
Este ltimo caso provoca que o tramo seja percorrido
pelo fluxo nos dois sentidos, encontrando ao longo do
mesmo um caudal e velocidade nula, correspondente a
uma presso mnima (mxima queda no tramo).
1.1.3.3. Formulao vlvulas
As perdas locais em vlvulas ou outros elementos
intercalados, calculam-se atravs da frmula seguinte
que, substituindo termos para que fique de forma
equivalente a Darcy-Weisbach, :
2 2
p p 2 4
V 8 Qh K h K
2g g D
sendo,
hp: Perda de carga local (m.c.a.)
Q: Caudal que circula pela vlvula (m3
/s)
g: Acelerao da gravidade (m2
/s)
D: Dimetro interior da vlvula (m)
O coeficiente adimensional K para perdas locais
depende do tipo de elemento de que se tratar: curvas,
cotovelos, ts ou outros acessrios, vlvulas abertas ou
parcialmente fechadas. Habitualmente, este termo de
queda de presso mede-se experimentalmente e,
sobretudo no caso das vlvulas, depende do desenho do
fabricante. Em tabelas anteriores, pode-se ver alguns
valores mdios habituais. Geralmente K diminui ao
aumentar o dimetro.
Alguns tipos de vlvulas influem de maneira especial no
clculo da rede:
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Vlvulas anti-retorno. Segundo o sentido no qual o
caudal tente circular pelo tramo onde esto
instaladas (sempre de maior altura piezomtrica para
menor), considerar-se- que a vlvula afecta a rede
com o K de vlvula aberta, ou como uma vlvula
completamente fechada com K de perdas infinita.
Neste caso, em que a vlvula impede a circulao
de gua, ser necessrio o transporte de caudal por
outro ponto da rede; doutra forma, surgir um
problema de clculo.
Vlvulas de controle de presso. A resoluo de um
sistema com este tipo de vlvulas realiza-se numa
primeira iterao considerando as quedas de
presso para as vlvulas inicialmente abertas. Vo-
se obtendo as presses nos ns e verificando se a
jusante o sistema chegaria a presses superiores
taras da vlvula.
Se no alcanar o valor estabelecido, as perdas so
introduzidas atravs da frmula geral de perdas
locais com a constante K para vlvula aberta. Se o
valor da presso do ponto a jusante da vlvula
alcanar ou superar a presso da tara, fecha-se a
vlvula at posio que introduziria as perdas
necessrias para alcanar a presso estabelecida.
Esta modificao altera as condies da rede e
modifica a distribuio de presses de forma que na
seguinte iterao ajusta-se esta regulao at que as
diferenas sejam mnimas.
Vlvulas de controle de caudal. No controle de
caudal, actua-se de igual modo, verificando os
caudais circulantes pelo tramo da vlvula com o
caudal de tara.
As perdas da vlvula aumentar-se-o at que o
caudal nesse tramo no supere o da tara, fazendo
com que os consumos se alcancem atravs do
transporte de gua por outros tramos da rede. Se
no houver transporte para todos os pontos de
abastecimento da rede, o programa avisar que
existe um problema de clculo.
Se a vlvula estiver numa tubagem situada num terreno
inclinado, com cotas nos ns diferentes, a altura piezomtrica da
vlvula calcula-se com a presso que lhe chegar ou com a da
tara mais a sua cota de terreno real. Assim, conveniente que
coloque as vlvulas de controle de presso prximas do ponto
de abastecimento que quiser controlar para ter alturas
piezomtricas similares.
1.1.3.4. Formulao bombas
Para calcular uma rede em que exista uma bomba de
impulso de gua necessrio uma expresso
matemtica que modele a curva obtida
experimentalmente num banco de ensaios referente a
essa bomba.
Geralmente os fabricantes fornecem nos seus catlogos,
informao acerca de pontos de funcionamento a partir
dos quais se ajustar analiticamente bomba, atravs do
mtodo dos mnimos quadrados.
A forma analtica da curva caracterstica da bomba
corresponde a uma parbola de segundo grau, na
seguinte forma:
2
ph C B Q A Q
sendo,
hp: Incremento de altura manomtrica (m.c.a.)
Q: Caudal que circula pela bomba (m3
/s)
C, B, A: Coeficientes calculados.
A varivel Q costuma-se suprimir devido a representar a
parte ascendente do grfico, distante dos pontos de
funcionamento recomendados para a bomba, ficando a
equao da seguinte forma:
2
ph C A Q
O coeficiente C ser sempre positivo por representar a
altura da bomba a caudal nulo. O termo AQ2 apresenta-
se com sinal negativo pela concavidade da curva para
baixo. O programa permite tanto a introduo directa
destes coeficientes para modelizar a bomba a verificar na
rede, como a introduo de pontos caudal-altura obtidos
nos grficos dos catlogos.
Por baixo da lista onde se devem introduzir os pontos, o
dilogo mostra a curva de ajuste realizada pelo mtodo
dos mnimos quadrados. Os pontos devem introduzir-se
por ordem de caudais crescentes e alturas decrescentes.
Se os parmetros obtidos do ajuste dos pontos
resultarem ficar fora dos limites normais, no se
desenhar no grfico a curva da bomba.
ATENO: Para colocar uma bomba numa tubagem situada
num terreno inclinado, com cotas nos ns diferentes, h que ter
em conta que a altura piezomtrica da bomba se calcula com a
presso que lhe chega, mais a sua cota de terreno real. As
bombas devem instalar-se num ponto mais abaixo da rede para
evitar problemas de ferragem.
1.1.3.5. Resoluo do sistema malhado
Para resolver o sistema malhado, utiliza-se uma variante
do mtodo dos elementos finitos discretizado.
Considera-se o modelo da conduta como uma matriz de
rigidez K para cada um dos elementos da rede:
-
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(e) 1 1
K G
1 1
sendo,
G(e)
o factor que relaciona a queda de presso no elemento e
com o caudal circulante de forma linear.
Denominaremos G(e)
o factor de rigidez do elemento (e).
Realiza-se posteriormente a unio das matrizes de rigidez
da rede numa nica matriz, cuja resoluo se aborda por
mtodos matriciais.
Graas a este mtodo, possvel resolver indistintamente
sistemas malhados, ramificados ou mistos, com um ou
vrios pontos de abastecimento com presso fixa.
1.1.3.6. Dimensionamento (Opo Dimensionar)
Se, depois de efectuar o clculo, existirem tramos e/ou
ns que no cumpram todas as limitaes impostas,
pode-se recorrer a um pr-dimensionamento ptimo
automtico.
Devido complexidade no comportamento de sistemas
malhados, aliado falta de linearidade e necessidade de
iterao que apresentam as redes hidrulicas, o
dimensionamento deve-se realizar pelo mtodo de prova
e rectificao.
Ao pr-dimensionar, o programa tratar de optimizar e
seleccionar o dimetro mnimo que cumpra todas as
restries (velocidade, presso).
Para iniciar o dimensionamento, estabelece-se o
dimetro de cada um dos tramos ao menor da srie do
material atribudo.
Tenha em conta que no se alterar durante o
dimensionamento o material do tramo, uma vez que as
variaes no material utilizado numa obra podem ser
limitaes impostas ao projecto por factores externos ou
normas.
O clculo desta primeira iterao proporciona uma srie
de desvios sobre os limites estabelecidos em
velocidades e presses.
O tramo que se encontrar em piores condies, isto ,
cujo desvio sobre os limites de velocidade for o maior,
modificado da seguinte forma:
Se a velocidade do fluido for maior que o limite
mximo, aumenta-se o dimetro.
Se a velocidade do fluido for menor que o limite
mnimo, diminui-se o dimetro.
No caso de encontrar oscilaes, isto , que no exista
uma soluo que contemple os dois limites,
automaticamente tirar-se- a condio menos restritiva a
nvel tcnico, isto , a velocidade mnima.
Depois de os tramos cumprirem as condies, verifica-se
se existem ns que no cumpram as condies de
presso mxima e mnima. No caso de existir, modificar-
se- o dimetro das condutas mais carregadas, isto ,
aquelas com uma perda de carga unitria maior.
Novamente, no caso de encontrar solues impossveis
de alcanar, o sistema eliminar automaticamente a
condio de presso mxima.
Deve ter em conta que o dimensionamento de redes com
vlvulas de controle de caudal ou de presso, realizar-se-
da mesma forma. Isto far com que ao obter o
dimetro ptimo para a tubagem, seja possvel que as
presses e caudais da rede sejam inferiores s da tara e
por conseguinte, as vlvulas deixem de ser necessrias.
Varivel Dados e resultados Operao
L (Comprimento) metros (m) metros (m)
D (Dimetro) milmetros (mm) metros (m)
R (Rugosidade) milmetros (mm) metros (m)
Q (Caudal) litros por segundo (l/s) ou (m3/h) metros cbicos por hora (m
3/h)
H (Altura Piezomtrica) metros coluna de gua (m.c.a.) metros coluna de gua (m.c.a.)
(Velocidade) metros por segundo (m/s) metros por segundo (m/s)
(Viscosidade cinemtica) metros quadrados por segundo (m2/s) metros quadrados por segundo (m
2/s)
Tabela 1.6
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1.1.3.7. Unidades
O programa solicita os dados numa srie de unidades,
embora internamente utilize as unidades requeridas pela
formulao. Estas so as unidades utilizadas (Tabela
1.6):
-
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1.2. De Saneamento
1.2.1. Introduo
O objectivo fundamental no dimensionamento de uma
rede de saneamento evacuar as guas residuais dos
pontos de recolha at ao ponto de descarga.
O problema pode abordar-se de dois pontos de vista
diferentes:
Dimensionamento. o caso mais habitual, no qual a
partir de uma srie de dados de guas residuais
recolhidas e topografia, se deseja obter as
dimenses adequadas dos colectores.
Verificao. A partir de uma rede j dimensionada,
deseja-se conhecer se cumpre as limitaes de
projecto impostas ou consideradas pelo critrio do
tcnico.
Quer se deseje dimensionar, quer verificar, necessrio
ter em conta os seguintes aspectos:
Exigncias de caudal a evacuar. necessrio
respeitar uma srie de condicionantes, tanto na
recolha de guas residuais, como de guas pluviais.
Facilidade de construo. A utilizao de materiais,
dimetros e outros elementos facilmente disponveis
no mercado, que se ajustem s normas em
dimenses, e em comportamento.
Manuteno. Conseguir um bom funcionamento da
rede para evitar uma excessiva e custosa
manuteno correctiva, facilitando a manuteno
preventiva, fundamental.
Economia. No serve apenas fazer com que a rede
funcione. Esta deve comportar, alm disso, um custo
razovel, evitando quanto possvel,
sobredimensionar.
Uma vez recolhidos todos os dados necessrios,
efectua-se o clculo em relao formulao adequada
em cada caso.
1.2.2. Dados prvios
1.2.2.1. Condies de recolha
So necessrios vrios dados para calcular uma rede.
Estes dados so, definitivamente, os que marcaro o
comportamento da mesma.
1.2.2.1.1. Caudais recolhidos pela rede
Geralmente, esta a principal condicionante no
funcionamento da rede. Para calcular os caudais
recolhidos em cada cmara, deve-se partir de duas
fontes:
guas residuais. So as geradas como
consequncia do desenvolvimento de actividades
urbanas, industriais, etc. O caudal pode-se estimar
mais facilmente devido ao seu valor estar muito
ligado ao consumo de gua potvel.
guas pluviais. Procedentes da recolha da gua de
chuva, a sua estimativa mais complexa.
Geralmente, gera maiores volumes de gua
transvasada.
Adicionalmente, o clculo de caudais a evacuar depende
tambm do tipo de rede de saneamento:
Redes unitrias. Recolhem tanto guas residuais
como pluviais. O clculo realiza-se com base em
duas condies: Velocidade mnima com apenas
residuais e velocidade mxima, somando as pluviais
e as residuais.
Redes separativas. Estabelecem-se como redes
independentes e, por isso, calculam-se
independentemente com os caudais recolhidos quer
de residuais, quer de pluviais.
Em qualquer caso, as redes de saneamento devem ser
ramificadas, com um s ponto de descarga. O seu
funcionamento deve ser, salvo casos que requeiram um
clculo especial, em superfcie livre. Existem mtodos de
clculo para resolver redes malhadas de saneamento,
mas a sua utilizao requer uma modelao dos
cruzamentos e a sua validade limitada.
O caudal a recolher em cada n da rede deve basear-se
no tipo de utilizao (urbano, industrial, rural, ...).
No caso de drenagem de guas residuais domsticas, o
caudal depende do nmero de habitantes da populao.
De forma orientadora, na tabela 1.7 mostram-se valores
habituais para projectos.
Adicionalmente, deve-se ter em conta no apenas os
habitantes actuais das zonas que se deseja urbanizar,
mas tambm se deve realizar uma previso de um
possvel crescimento da populao que se teria de
abastecer a partir da rede que se est a calcular.
De forma orientadora, pode-se calcular a populao
futura como:
t
aP P 1
sendo:
P: A populao futura
Pa: Populao do ltimo censo
: Taxa de crescimento da populao
t: Tempo decorrido desde o ltimo censo
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Capitao na distribuio domiciliria
a) 80 l/habitante/dia at 1000 habitantes
b) 100 l/habitante/dia de 1000 a 10 000 habitantes
c) 125 l/habitante/dia de 10 000 a 20 000 habitantes
d) 150 l/habitante/dia de 20 000 a 50 000 habitantes
e) 175 l/habitante/dia acima de 50 000 habitantes
Tabela 1.7
Os valores dos consumos aqui apresentados so
orientadores para o consumo domstico, o regulamento
apresenta outros tipos de consumo de acordo com o fim
a que se destina a rede, bem como os restantes
requisitos necessrios na determinao dos caudais a
drenar.
Os caudais calculados nas cmaras de recolha para a
rede de saneamento esto relacionados com os caudais
consumidos na rede de gua.
Deve-se ter em conta que as redes de abastecimento de
gua potvel devem-se instalar sempre por cima das
redes de saneamento, para evitar contaminao da gua
potvel em caso de ruptura ou fuga nas redes de
saneamento.
Uma vez determinado o caudal de consumo em cada n,
necessrio introduzir consideraes como o factor de
afluncia rede e os picos de consumo, que se
repercutiro no caudal a drenar.
Em alguns casos, pode ter interesse a utilizao de um
coeficiente que incremente ou reduza, de forma geral, os
consumos de uma rede. Desta forma possvel simular
funcionamentos sazonais, ou com menores ocupaes.
Este coeficiente poder aplicar-se apenas no momento
de efectuar o clculo sobre os caudais a drenar.
1.2.2.1.2. Caudais distribudos
Em casos especiais pode ser de grande utilidade no
dimensionamento simular a afluncia rede como
distribuda linearmente ao longo de um tramo de colector,
em vez de acrescentar um grande nmero de cmaras
de recolha.
Isto d um primeiro clculo da rede com uma rpida
introduo dos caudais afluentes ao longo de um tramo
de grande comprimento de colector.
Dos resultados grficos, pode-se verificar a partir de que
ponto o colector entra em carga e dividir o tramo em dois
com os dimetros ou as inclinaes mais adequadas.
A afluncia de caudal uniforme deve-se indicar em
unidades por metro linear de colector.
1.2.2.1.3. Infiltrao
O factor de infiltrao define afluncias lineares nos
colectores devidos porosidade (quer seja natural, por
m conservao, fendilhao ou intencional).
Esta pode-se definir a nvel geral e aplicvel a todos os
tramos da obra, ou ento a nvel particular para um
determinado tramo no qual se queira aplicar um nvel
diferente de infiltrao.
Os caudais e infiltrao devem definir-se de acordo com
os requisitos regulamentares.
1.2.2.1.4. Ponto de descarga
O local de despejo o ponto final onde chega toda a
gua residual drenada pela rede de saneamento. Tais
pontos podem ser:
Central de bombagem. Local onde a gua residual
recolhida bombada presso, geralmente at
zona de tratamento de guas residuais.
Emissrios. Tramos de tubagem que entram no mar
e levam a gua at pontos distantes da costa. O
emissrio requer um clculo especial que no
objecto deste programa, por isso o ponto de
descarga encontrar-se- no incio e no no extremo
do prprio emissrio.
Redes de saneamento existentes. a situao mais
habitual, na qual a nossa rede da urbanizao
desemboca na rede geral de saneamento urbano.
As redes de saneamento devem ter um nico ponto de
descarga.
1.2.2.1.5. Velocidade nos colectores
As principais limitaes para dimensionar uma rede de
saneamento so:
A altura da lmina lquida. A gua deve circular pelo
colector em superfcie livre. Se for necessrio o
trabalho em carga do colector, o tramo afectado
deve-se calcular como um tramo em presso.
Um tramo cuja altura da lmina lquida exceda a
dimenso vertical mxima do colector entra em
carga e, por isso, os clculos de velocidade no so
vlidos.
A altura da lmina lquida a verificar deve ser a
estabelecida no regulamento.
Velocidade mnima. Deve-se utilizar como limite
inferior de velocidade o valor regulamentar, uma vez
que abaixo destes valores tm lugar processos de
sedimentao e estancamento.
-
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Velocidade mxima. A velocidade mxima no deve
exceder o valor regulamentar, para evitar fenmenos
de eroso e rudos.
1.2.2.2. Colectores
O funcionamento de uma rede de saneamento depende
em grande medida do tipo, geometria e tamanho dos
colectores utilizados.
1.2.2.2.1. Materiais
Uma rugosidade menor do material implica maior velocidade no
tramo.
Determinam a rugosidade superficial do tubo com a qual
a gua residual se vai encontrar.
A forma de expressar a rugosidade depende, em grande
medida, do tipo de formulao que se vai utilizar.
No caso mais desenvolvido, a frmula de Manning-
Strickler, os valores recomendados na prtica so os da
tabela 1.8.
No caso da frmula de Prandtl-Colebrook, utilizam-se os
valores da rugosidade absoluta em metros (Tabela 1.9).
Se se vai utilizar a frmula de Tadini, no se requer
nenhum valor especfico do material.
No caso de optar pela frmula de Bazin, os valores so
os indicados na tabela 1.10.
Se se utilizar a frmula de Sonier, veja a tabela 1.11.
Para a frmula de Kutter, os valores do coeficiente de
rugosidade so os da tabela 1.12.
A frmula de Ganguillet-Kutter utiliza o mesmo factor que
a frmula de Manning-Strickler (Tabela 1.8).
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Superfcie ptimo Bom Mediano Mau
Tubo
Ferro fundido no revestido 0.012 0.013 0.014 0.015
Ferro fundido revestido 0.011 0.012 0.013 0.014
Ferro forjado comercial, preto 0.012 0.013 0.014 0.015
Ferro forjado comercial, galvanizado 0.013 0.014 0.015 0.017
Beto 0.012 0.013 0.015 0.016
Vidro e lato, lisos 0.009 0.010 0.011 0.013
Soldados, lisos 0.010 0.011 0.013 0.014
Ao em espiral 0.013 0.015 0.017 0.018
Vitrificado para esgotos 0.010 0.013 0.015 0.017
Drenagem argila comum, unies abertas 0.011 0.012 0.014 0.017
Construdo In situ Alvenaria de tijolo vitrificado 0.011 0.012 0.013 0.015
Tijolo com argamassa 0.012 0.013 0.015 0.017
Superfcies de cimento sem areia 0.010 0.011 0.012 0.013
Superfcies de argamassa de cimento 0.011 0.012 0.013 0.015
Tubo de aduelas de madeira 0.010 0.011 0.012 0.013
Canais de madeira tratada 0.010 0.012 0.013 0.014
Canais de madeira no tratada 0.011 0.013 0.014 0.015
Canais com ripas de madeira 0.012 0.015 0.016 0.018
Canais revestidos a beto 0.012 0.014 0.016 0.018
Superfcie de entulho de obras em cimento 0.017 0.020 0.025 0.030
Superfcie de entulho de obras 0.025 0.030 0.033 0.035
Superfcie de pedra lavrada 0.013 0.014 0.015 0.017
Canais e valas
Canais semicirc. metal, liso 0.011 0.012 0.013 0.015
Canais semicirc. metal, ondulados 0.023 0.025 0.028 0.030
Valas de terra, rectas e uniformes 0.017 0.020 0.023 0.025
Valas escav. em rocha, lisas 0.025 0.030 0.033 0.035
Valas escav. em rocha, irregulares 0.035 0.040 0.045 0.050
Valas com formas sinuosas 0.023 0.025 0.028 0.030
Canais dragados na terra 0.025 0.028 0.030 0.033
Canais leito pedregoso, com vegetao 0.025 0.030 0.035 0.040
Fundo de terra, margens de cascalho 0.028 0.030 0.033 0.035
Cursos naturais
Limpos, margens rectas 0.025 0.028 0.030 0.033
Margens rectas, alguns matagais 0.030 0.033 0.035 0.040
Serpenteantes limpos 0.033 0.035 0.040 0.045
Serpenteantes profundos 0.040 0.045 0.050 0.055
Serpenteantes, matagais e pedras 0.035 0.040 0.045 0.050
Serpenteantes profundos com pedras 0.045 0.050 0.055 0.060
Tramos lentos com vegetao fechada 0.050 0.060 0.070 0.080
Tramos lentos com muita vegetao fechada 0.075 0.100 0.125 0.150
Tabela 1.8
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Material Rugosidade absoluta (m)
Grs 0.00010 - 0.00025 m
PVC 0.00010 - 0.00025 m
PRV 0.00020 - 0.00050 m
Fibrocimento 0.00025 - 0.00040 m
Ferro fundido recoberto 0.00040 - 0.00080 m
Beto normal 0.00080 - 0.00150 m
Beto rugoso 0.00120 - 0.00400 m
Tabela 1.9
Tipo de parede dos canais Coef. Bazin
Paredes muito lisas
(madeira aplainada,
rebocado de cimento, fibrocimento)
0.06
Paredes lisas
(pedra talhada, tijolo, beto)
0.16
Paredes pouco lisas
(alvenaria, empedrado)
0.46
Paredes de natureza mista
(taludes alisados)
0.85
Canais em terra normais
(fundo e taludes sem irregularidades)
1.30
Canais em terra com irregularidades
(fundos de cantos arredondados,
paredes com vegetao ou pedras)
1.75
Tabela 1.10
Tubagens Factor de frico de Sonier fs
Rebocadas de cimento 0.00103
De beto 0.00214
Tabela 1.11
Seco Natureza paredes Coef.Kutter m
Circular Plstico, fibrocimento 0.10 - 0.15
Cimento liso, tbuas aplainadas 0.15 - 0.20
Beto liso de alta qualidade 0.20 - 0.25
Beto liso de qualidade mdia 0.30 - 0.35
Rectangular Tbuas aplainadas 0.15 - 0.20
Tbuas no aplainadas,
pedra talhada,
blocos ordinrios de cimento
0.25 - 0.30
Alvenaria de pedra
ou tijolo, cuidada
0.30 - 0.35
Alvenaria de pedra
ou tijolo, normal
0.40 - 0.45
Alvenaria de pedra
ou tijolo, encaixada
0.50 - 0.55
Alvenaria rugosa
com juntas
0.60 - 0.75
Alvenaria deteriorada
com juntas 0.90 - 1.00
Trapezoidal Pequenos canais em rocha ou
terra, regulares sem vegetao
1.25 - 1.50
Canais em terra, mal cuidados,
com vegetao, cursos
regulares
1.75 - 2.00
Canais em terra, no tratados,
cursos naturais com plantas
2.00 - 2.50
Tabela 1.12
1.2.2.2.2. Geometria
Em alguns casos, conveniente utilizar outro tipo de
geometria diferente da circular. Pode-se utilizar:
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Seco trapezoidal
Sendo B a base do trapzio, o ngulo da parede, P a altura da
lmina lquida mxima
Seco ovide
Seco oval vertical
Seco oval horizontal
Seco ferradura 1
Seco ferradura 2
Seco ferradura 3
Seco ferradura 4
sendo D a dimenso considerada como dimetro base.
1.2.2.2.3. Dimetros
O tratamento dos materiais realiza-se atravs da
utilizao de bibliotecas, das quais se obtm os materiais
a utilizar nas obras. Cada um destes materiais contm o
seu coeficiente juntamente com uma srie de dimenses
de canalizao. Estas bibliotecas so definveis pelo
utilizador, que pode modificar os coeficientes, assim
como tirar ou acrescentar dimetros srie.
Para cada material, existem sries pr-definidas de
dimetros normalizados. Estes tm, habitualmente, a
anotao DN juntamente com a dimenso aproximada do seu dimetro em milmetros.
Um DNx no significa que o dimetro interior do colector seja de x milmetros. Provavelmente menor, mas deve-se consultar
em qualquer caso. Os materiais pr-definidos procedentes das
bibliotecas contemplam esta diferena e pode-se consultar
directamente na prpria biblioteca, ou no momento de atribuir o
dimetro a cada tramo. Para os materiais criados ou editados,
deve ser o prprio utilizador a designar o dimetro interior do
colector.
Dimetros maiores diminuem a velocidade de circulao
e a possibilidade de entrar em carga, mas encarecem o
custo da rede, com o risco acrescentado de ter
velocidades excessivamente baixas.
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1.2.2.3. Escavaes
Os colectores de saneamento em urbanizao
geralmente instalam-se enterrados. Para isso, devem
escavar-se valas para acolher os colectores.
A forma da vala, o volume de escavao e outra srie de
factores podem ter interesse para calcular uma rede.
1.2.2.3.1. Caractersticas do terreno
A forma como ser escavada a vala depende em grande
medida das caractersticas do terreno onde se enterrar
o colector. Para isso deve-se conhecer os terrenos nos
quais se vai escavar e algumas caractersticas prprias
do processo de instalao do colector:
Talude. a mxima inclinao de uma parede
escavada num terreno com a solidez suficiente para
no se desmoronar. Deve-se expressar em metros
de abertura horizontal por cada metro escavado
verticalmente.
Distncia lateral. Distncia mnima que se deve
separar o colector das paredes da vala.
Largura mnima. Por limitaes mecnicas, no se
podem construir valas com larguras excessivamente
pequenas. No caso do colector ser de pequeno
dimetro e juntamente com as distncias laterais,
no se completar ou superar a largura mnima, toma-
se esta largura mnima como largura de clculo.
Leito. Distncia entre a soleira da vala e a base do
colector. Deve encher-se com areia, embora
tambm seja possvel encontrar leitos de beto em
alguns casos.
Enchimento. Uma vez depositado o colector sobre o
leito, enche-se com areia at cobrir o colector.
Chamaremos distncia de enchimento espessura
de areia por cima do colector.
1.2.2.3.2. Medio
Para realizar o clculo da escavao, necessrio dispor
de informao sobre as profundidades de escavao.
Deve-se dispor, portanto, de:
Cota do terreno. a cota qual fica o terreno
modificado, isto , o terreno uma vez terraplenado,
sobre o qual se vai realizar a escavao.
Cota da rasante. a cota qual ficar a superfcie
depois de ter fechado as valas e construdo o
pavimento sobre o terreno.
Profundidade de enterramento do colector. Pode
mudar ao longo do colector. Deve-se indicar a
profundidade dos extremos do colector.
Profundidade da caixa. Considera-se como a
profundidade do fundo da cmara medida desde a
cota de rasante. Deve ser maior ou igual maior
profundidade dos tramos confluentes. Existe a
possibilidade, deixando este valor a 0, de o
programa calcular este valor de forma automtica.
habitual que a espessura do pavimento seja constante
para toda uma obra, pelo que apenas seriam necessrias
as cotas de rasante, deduzindo o terreno como a cota de
rasante menos a espessura do pavimento. Se no existir
pavimento (espessura = 0), coincidiro rasante e terreno.
Tudo isto vlido em obras novas, uma vez que, se se
tratar de reparaes ou modificaes sobre ruas j
existentes, podem existir diferenas na medio, ao
existirem dois estratos de caractersticas diferentes para
efeitos de escavao.
1.2.2.3.3. Limitaes
Devido situao debaixo da terra de diferentes tipos de
redes (tais como electricidade, gua, gs, telefones ...),
deve existir uma limitao de profundidade mnima que
se deve respeitar para evitar colises com outras redes.
Esta profundidade mnima mede-se a partir da cota da
rasante at aresta superior da face interior do colector.
Respeitando estas profundidades mnimas, contribui-se
para que em futuras escavaes no se produzam
rupturas acidentais do colector.
1.2.3. Clculo (Opo: Calcular)
Uma vez recolhidos os dados de partida, procede-se ao
clculo da rede, de acordo com os tipos de colectores,
dimetros e caudais recolhidos. Para tal, utiliza-se a
formulao e o mtodo de resoluo que se
pormenorizam a seguir.
1.2.3.1. Formulao
No caso de redes de saneamento, utiliza-se o mtodo de
contagem de caudais desde a recolha at ao ponto de
descarga.
Por isso a rede deve ser ramificada e com um nico
ponto de descarga.
Devido diversidade de frmulas utilizadas no clculo de
colectores de saneamento, e aos costumes locais no uso
das mesmas, possvel utilizar qualquer um das
frmulas indicadas.
Estas frmulas proporcionam um clculo aproximado,
dado que supem um regime de circulao uniforme em
todo o trajecto, o que praticamente impossvel em
colectores reais.
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1.2.3.1.1. Frmula de Prandtl-Colebrook
Parte da frmula de Darcy-Weisbach para colectores sob
presso:
2
vI f
2 g D
sendo:
I: Perda de carga (m.c.a.) por metro de colector. Se o colector
trabalhar em superfcie livre, ao no existir presso no colector, a
perda de carga devida apenas perda de cota geomtrica. A
perda de cota geomtrica por unidade de comprimento de
colector a pendente da soleira do colector.
f: Factor de frico de Darcy-Weisbach
v: Velocidade do fluido que circula pelo colector (m/s)
g: Acelerao da gravidade (m/s2
)
D: Dimetro interior do colector (mm)
O factor de frico f funo de:
O nmero de Reynolds (Re). Representa a relao
entre as foras de inrcia e as foras viscosas na
tubagem.
Quando as foras viscosas so predominantes (Re
com valores baixos), o fluido escorre de forma laminar
pela tubagem.
Quando as foras de inrcia predominam sobre as
viscosas (Re grande), o fluido deixa de se mover de
uma forma ordenada (laminarmente) e passa a
regime turbulento, cujo estudo de forma exacta
praticamente impossvel.
Quando o regime for laminar, a importncia da
rugosidade menor em relao s perdas devidas ao
prprio comportamento viscoso do fluido do que no
regime turbulento.
Ao contrrio, no regime turbulento, a influncia da
rugosidade torna-se mais patente.
Rugosidade relativa ( /D). Traduz matematicamente
as imperfeies do tubo.
No caso da gua, os valores de transio entre os
regimes laminar e turbulento para o nmero de Reynolds
encontram-se no intervalo de 2000 a 4000, e calcula-se
como:
v DRe
sendo:
v:A velocidade do fluido no colector (m/s)
D: O dimetro interior do colector (m)
: A viscosidade cinemtica do fluido (m2
/s)
aconselhvel a utilizao da equao de Colebrook-
White para o clculo do factor de frico:
l 2.512log
3.7Df Re f
que se deve iterar para poder chegar a uma valor f,
devido ao carcter implcito da mesma e onde:
f: Factor de frico
: Rugosidade absoluta do material (m)
D: Dimetro interior do colector (m)
Re: Nmero de Reynolds
Como parmetros supe-se:
Viscosidade cinemtica do fluido: 1.31e-6m2
/s
Se se eliminar f nas frmulas, obtm-se:
10
2.51v 2 2 g DI log
3.71 D D 2g DI
vlida para colectores de seco cheia.
Para seces circulares, utiliza-se o coeficiente corrector
de Thormann-Franke baseado no ngulo de enchimento:
0.625
pV 2 sen 2W
V 2 sen
onde:
V: Velocidade de seco cheia
Vp: Velocidade de seco parcialmente cheia
2 : Arco da seco molhada
: Coeficiente de Thormann que representa o atrito entre o
lquido e o ar do interior do colector, calculando-se da seguinte
forma:
3
y0.5 0
D
20 0.5y 0.50.5
D 20 3
y: Altura da lmina lquida
D: Dimetro interior do colector
O nico inconveniente na frmula de Prandtl-Colebrook
a sua limitao em colectores circulares, uma vez que a
obteno de coeficientes correctores no habitual
noutras seces.
1.2.3.1.2. Formulao geral de Chesy
A expresso de Chesy agrupa grande parte das frmulas
aproximadas de clculo de colectores de qualquer
seco parcialmente cheia:
a b
hv C R I
sendo:
v: Velocidade do fluido no colector (m/s)
C, a, b: Valores especficos conforme as diferentes formulaes
Rh: Raio hidrulico, obtido como a seco de gua dividida pelo
permetro molhado (m)
I: Pendente da soleira do colector (m/m)
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1.2.3.1.3. Frmula de Manning-Strickler
Possivelmente a frmula mais utilizada para o clculo de
saneamento, expressa-se como:
2 / 3 1/ 2 2 / 3 1/ 2
hh h
1 1v R I ; Q= R I A
n n
sendo:
Ah: seco de fluido (m
2
)
n: coeficiente de Manning. Este valor depende do material (ver o
ponto Materiais) e da geometria da canalizao, embora se
possa desprezar esta ltima influncia
1.2.3.1.4. Frmula de Tadini
das mais antigas. A sua simplicidade chega ao extremo
de no requerer nenhum parmetro do material utilizado:
hv 50 R I
1.2.3.1.5. Frmula de Bazin
bastante utilizada em Frana, e a sua expresso :
h
h
87 R Iv
R
onde:
:Coeficiente de rugosidade de Bazin, que depende da natureza
das paredes (ver o ponto Materiais).
1.2.3.1.6. Frmula de Sonier
Vem dada pela expresso:
0.65
h
s
3.135v R I
f
onde:
fs: Factor de frico de Sonier (ver o ponto Materiais).
1.2.3.1.7. Frmula de Kutter
Bastante utilizada na Alemanha e na Blgica:
h
h
100 R Iv
m R
onde:
m: Coeficiente de rugosidade de Kutter (ver o ponto Materiais).
1.2.3.1.8. Frmula de Ganguillet-Kutter
Utilizada antigamente na Alemanha e nos Estados
Unidos:
h
1 0.0015523
n Iv
0.00155 n1 23
I R
onde:
n: Coeficiente de Ganguillet-Kutter, que coincide com o
coeficiente de Manning (ver o ponto Materiais).
1.2.3.2. Colectores com caudais afluentes
distribudos
Para a resoluo de um tramo com afluncia uniforme,
realiza-se uma discretizao dos caudais afluentes por
metro linear em pequenos consumos pontuais.
A introduo desta discretizao incrementa o nmero de
ns que a rede tem, e portanto, o nmero de equaes
do sistema.
Isto implica um aumento no tempo de clculo similar ao
produzido pela introduo manual de cada uma das
cmaras geradas por essa discretizao.
Uma vez obtida a soluo do sistema de equaes para
os subtramos, obtm-se um caudal varivel linearmente
com o comprimento do tramo e as curvas
correspondentes altura da lmina lquida e
velocidade, que podero mudar a sua trajectria, em
funo de se o colector chega a entrar em carga.
1.2.3.3. Dimensionamento (Opo: Dimensionar)
Se, depois de efectuar o clculo, existirem tramos e/ou
ns que no cumpram todas as limitaes impostas,
pode-se recorrer a um pr-dimensionamento ptimo
automtico.
Ao utilizar sries de dimetros normalizados e ter
diferentes geometrias na seco, juntamente com o
carcter implcito da maior parte das frmulas, recorre-se
ao mtodo de prova e rectificao para o pr-
dimensionamento.
Ao pr-dimensionar, o programa tratar de optimizar e
seleccionar o dimetro mnimo que cumpra todas as
restries (velocidade e altura da lmina lquida).
Para iniciar o dimensionamento, estabelece-se o
dimetro de cada um dos tramos como o menor da srie
do material atribudo.
Tenha em conta que no se alterar durante o
dimensionamento o material do tramo, uma vez que as
variaes no material utilizado numa obra podem ser
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26
limitaes impostas ao projecto por factores externos ou
normas.
O clculo desta primeira iterao proporciona uma srie
de desvios sobre os limites estabelecidos em
velocidades e alturas da lmina lquida.
Qualquer tramo que se encontre que no cumpra as
condies de altura da lmina lquida, aumentado e
recalcula-se at que, se as sries e caudais o permitirem,
nenhum tramo entre em carga.
A partir desse ponto, verificam-se as velocidades da
rede.
O tramo que se encontrar em piores condies, isto ,
cujo desvio sobre os limites de velocidade for o maior,
modificado da seguinte forma:
Se a velocidade do fluido for maior que o limite
mximo, aumenta-se o dimetro.
Se a velocidade do fluido for menor que o limite
mnimo, diminui-se o dimetro.
No caso de existir oscilaes, isto , se no existir uma
soluo que contemple os trs limites, automaticamente
tirar-se- a condio menos restritiva a nvel tcnico, isto
, a velocidade mnima.
1.2.3.4. Unidades
O programa solicita os dados numa srie de unidades,
embora internamente utilize as unidades requeridas pela
formulao. Estas so as unidades utilizadas:
Varivel Dados e resultados Operao
L (Comprimento) metros (m) metros (m)
D (Dimetro) milmetros (mm) metros (m)
R (Rugosidade) milmetros (mm) metros (m)
Q (Caudal) litros por segundo (l/s) ou (m3/h) metros cbicos por segundo (m
3/h)
I (Pendente) percentagem (%) tanto por um (m/m)
(Velocidade) metros por segundo (m/s) metros por segundo (m/s)
(Viscosidade cinemtica) metros quadrados por segundo (m2/s) metros quadrados por segundo (m
2/s)
Tabela 1.13
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1.3. De Electricidade
1.3.1. Introduo
O objectivo fundamental no dimensionamento de uma
rede elctrica proporcionar a potncia requerida em
cada ponto a alimentar. O problema pode abordar-se de
dois pontos de vista:
Dimensionamento. o caso mais habitual, no qual a
partir de uma srie de dados sobre os consumos se
deseja obter as seces adequadas dos condutores
elctricos.
Verificao. A partir de uma instalao j
dimensionada, deseja-se conhecer se cumpre as
limitaes de projecto impostas pelos regulamentos
ou consideradas pelo critrio do tcnico.
Quer se deseje dimensionar, quer verificar, necessrio
ter em conta os seguintes aspectos:
As condies de fornecimento de potncia aos
pontos de consumo. necessrio respeitar uma
srie de condicionantes como quedas de tenso nos
pontos a alimentar ou intensidades mximas nos
cabos.
Facilidade de construo. A utilizao de materiais,
dimetros e outros elementos facilmente disponveis
no mercado, que se ajustem s normas nas suas
dimenses e no seu comportamento.
Manuteno. Conseguir um bom funcionamento da
instalao para evitar uma excessiva e custosa
manuteno correctiva, facilitando a manuteno
preventiva, fundamental.
Economia. No serve apenas fazer com que a
instalao funcione. Esta deve comportar, alm
disso, um custo razovel, evitando quanto possvel,
sobredimensionar.
Uma vez recolhidos todos os dados necessrios,
efectua-se o clculo em relao formulao adequada
em cada caso.
1.3.2. Dados prvios
1.3.2.1. Condies de abastecimento
So necessrios vrios dados para calcular uma
instalao. Estes dados so, definitivamente, os que
marcaro o comportamento da mesma.
1.3.2.1.1. Consumos
Geralmente, esta a principal condicionante no
funcionamento da rede. Dependem em grande medida
do tipo de instalao, sendo habituais trs tipos
fundamentais a nvel de urbanizao:
Rede de mdia tenso. Liga os centros de
transformao da zona a urbanizar com a rede
existente de mdia tenso.
Rede de baixa tenso. Distribui a potncia a partir
dos centros de transformao at aos pontos de
consumo em baixa tenso.
Redes de iluminao pblica. Distribuem a potncia
necessria para alimentar os pontos de luz que
configuram a instalao.
Adicionalmente, deve-se ter em conta no apenas os
habitantes actuais das zonas que se deseja urbanizar,
mas tambm se deve realizar uma previso de um
possvel crescimento da populao que se teria de
abastecer a partir da rede que se est a calcular.
De forma orientadora, pode-se calcular a populao
futura como:
t
aP P 1
sendo,
P: A populao futura
Pa: Populao do ltimo censo
: Taxa de crescimento da populao
t: Tempo decorrido desde o ltimo censo
Em alguns casos, pode ter interesse a utilizao de um
coeficiente que incremente ou reduza, de forma geral, os
consumos de uma rede. Desta forma possvel simular
funcionamentos sazonais ou com menores ocupaes.
Este coeficiente apenas se aplica para o clculo sobre as
potncias consumidas nos ns.
1.3.2.1.2. Consumos distribudos
Em casos especiais, pode ser de utilidade no
dimensionamento simular os consumos da instalao,
como distribudos linearmente ao longo de um tramo. A
potncia indica-se em kW por metro linear de condutor.
Isto d uma primeira estimativa da instalao com uma
rpida introduo dos consumos. A resoluo de casos
como os de iluminao pblica, pode-se simplificar com
esta opo, sem necessidade de introduzir tantos ns de
consumo quantos pontos de iluminao tenha a
instalao.
1.3.2.1.3. Alimentao da rede
Uma rede elctrica recebe alimentao por um ou vrios
pontos. Dependendo do tipo de rede elctrica, os
fornecimentos podem ser:
Mdia tenso: Posto de transformao, subestao
ou rede de mdia tenso existente.
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Baixa tenso: Posto de transformao ou rede de
baixa tenso existente.
Iluminao: Posto de transformao ou rede de
baixa tenso existente.
As tenses de alimentao dependem da gama pela
qual se distribui. baixa tenso correspondem 400 V.
A distribuio de energia elctrica realiza-se normalmente
em trifsica.
1.3.2.1.4. Intensidade nos condutores
Uma das principais limitaes para dimensionar uma
rede elctrica a intensidade nos condutores.
Cada material, dependendo da sua composio,
isolamento e instalao, tem uma intensidade mxima
admissvel. Esta intensidade admissvel aquela que,
circulando em regime permanente pelo cabo, no causa
danos no mesmo. Uma intensidade superior
intensidade admissvel pode produzir efeitos como a
fuso do material condutor ou a perda de capacidade
dielctrica do isolante por causa de uma deteriorao do
mesmo por excesso de temperatura.
A intensidade admissvel vem especificada nos
regulamentos vigentes. Em funo do tipo de instalao,
devem considerar-se certos coeficientes redutores da
intensidade admissvel (tipo de enterramento,
temperatura mdia do terreno, mltiplos condutores em
vala, ...).
1.3.2.1.5. Tenso nos pontos de consumos
Quando se dimensiona uma rede elctrica, necessrio
assegurar nos pontos de consumos uma tenso prxima
da tenso nominal da rede elctrica.
O valor mximo da queda de tenso em qualquer n de
consumo em relao tenso nominal da instalao de
5% em redes de alimentao, e de 3% em redes de
iluminao pblica.
1.3.2.2. Cabos
O bom funcionamento de uma instalao elctrica
depende em grande medida do tipo e seco dos cabos
utilizados.
1.3.2.2.1. Material condutor
Determina a resistncia elctrica dos condutores.
Praticamente os dois nicos utilizados so o cobre e o
alumnio.
A resistncia do condutor expressa-se em /Km e faz
parte das caractersticas que o fabricante dos cabos
fornece.
1.3.2.2.2. Isolamento
Esta caracterstica a que proporciona dois parmetros
bsicos:
Tenso nominal. O isolamento determina o intervalo
de tenso vlido para a sua utilizao. Indica-se esta
tenso nominal de utilizao como o conjunto tenso
simples/tenso composta, isto , tenso entre uma
fase e o neutro/tenso entre duas fases. As
espessuras dos revestimentos dos cabos variaro
em funo da capacidade dieltrica do material
isolante.
Reactncia. A capacidade de isolamento determina
a reactncia de fase de um condutor, juntamente
com a disposio do mesmo (cabo unipolar ou
tripolar), disposio de blindagens do cabo e, em
menor medida, distncia entre cabos. A reactncia
mede-se em /Km e fornece-se com as
caractersticas do cabo. habitual desprezar este
valor em instalaes de baixa tenso, pela sua
pouca importncia no clculo.
1.3.2.2.3. Seces
O tratamento das seces realiza-se atravs da utilizao
de bibliotecas, das quais se obtm os materiais a utilizar
nas obras. Cada material traz uma srie de seces
juntamente com as suas caractersticas elctricas.
Estas bibliotecas so definveis pelo utilizador, que pode
eliminar ou acrescentar seces srie e modificar as
caractersticas de cada seco.
Para cada material h sries pr-definidas de seces
normalizadas. Deve-se utilizar o nmero de condutores
de fase como multiplicador da seco.
Para trifsica, por exemplo, utiliza-se 3xS, indicando trs condutores de fase de seco S. Noutros casos pode
convir a forma 3xS+Sn, indicando adicionalmente a
seco Sn do condutor de neutro.
De cada seco pode-se definir:
Seco. Serve para que o programa ordene as
seces de forma crescente, facilitando o processo
de seleco,