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INICIAÇÃO CIENTÍFICA: DIRETRIZES PARA BOLSISTAS Prof. Dr. Angelo Brigato Ésther Departamento de Ciências Administrativas Fev/2014

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INICIAÇÃO CIENTÍFICA:

DIRETRIZES PARA BOLSISTAS

Prof. Dr. Angelo Brigato Ésther

Departamento de Ciências Administrativas

Fev/2014

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O que é a iniciação científica (IC)

A IC é a primeira etapa para quem deseja se tornar um pesquisador. Trata-se da

execução de um projeto de pesquisa elaborado e orientado por um professor pesquisador, cujo

resultado final obrigatório é um relatório de pesquisa. De forma complementar e desejável,

espera-se a publicação de, pelo menos, um artigo científico decorrente da pesquisa.

Em geral, os projetos preveem um cronograma de execução, em função do objeto, da

natureza e das características da pesquisa a ser realizada, cujo tempo é sempre

predeterminado. Normalmente, as pesquisas desenvolvidas no âmbito da IC duram um ou

dois anos, conforme o programa específico de financiamento. Os valores pagam variam em

função da carga horária dedicada à pesquisa, em geral 12 ou 20 horas.

O projeto de IC implica a participação do aluno/bolsista em todas as etapas da

execução pesquisa, incluindo coleta de dados, análise dos dados, conclusões. Envolve, ainda,

a adoção de protocolos técnicos, científicos e éticos, os quais devem ser sempre respeitados.

Ao final, o leitor poderá ler as diretrizes do CNPq quanto à integridade e ética na pesquisa.

Quem pode participar: condições gerais da UFJF

1 Estar regularmente matriculado em curso de graduação da UFJF e ter disponibilidade

para cumprir as horas previstas conforme cada edital.

2 Não ter vínculo empregatício.

3 Ser selecionado e cadastrado no SIGA pelo orientador.

4 Aceitar, por e-mail, o Termo de Compromisso do CNPq, no caso de bolsista do

PIBIC.

5 Entregar na Coordenação de Programas de Pesquisa o Formulário de Indicação de

Bolsista e o Termo de Compromisso do Bolsista.

6 Apresentar resultado final da pesquisa sob a forma de resumo e pôster no Seminário

de Iniciação Cientifica da UFJF, conforme o calendário anual.

7 Apresentar o relatório final até a data estabelecida segundo o calendário da

PROPESQ.

8 Fazer referência à sua condição de participante do programa de bolsa nas publicações

e outros trabalhos apresentados.

9 Em geral, o aluno não pode acumular bolsas, a não ser em condições excepcionais

estabelecidas pela PROPESQ.

10 Devolver ao órgão financiados os valores atualizados da(s) mensalidade(s) recebida(s)

indevidamente caso os requisitos e compromissos estabelecidos não sejam cumpridos.

11 Estar com currículo atualizado na plataforma LATTES/CNPq.

12 Possuir endereço eletrônico.

13 O bolsista PIBIC deverá ter CPF, Currículo Lattes atualizado e conta corrente no

Banco do Brasil. A conta não poderá ser conta poupança, nem conta conjunta. Caso o

bolsista ainda não tenha conta bancária até o momento do aceite do Termo de

Compromisso do CNPq, deverá informar em qual agência do Banco do Brasil deseja

receber o primeiro pagamento, por meio de contra recibo.

Seleção de bolsista

Quando da aprovação do projeto de pesquisa pela PROPESQ, o professor contemplado

procederá a seleção dos bolsistas segundo os critérios por ele estipulados, respeitados os

critérios gerais da UFJF.

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O que é Currículo LATTES

Como o próprio nome diz, o pesquisador tem disponível um “modelo oficial” de

currículo, de modo que qualquer pessoa ou instituição tenha conhecimento sobre as atividades

dos pesquisadores. O currículo LATTES é criado e mantido no sítio do CNPq, sendo

obrigatório para todos e qualquer pesquisador brasileiro que deseje ou necessite de

financiamentos ou de apoios a pesquisa. Para cadastrar, manter ou procurar currículos, entre

no sítio da Plataforma LATTES em http://lattes.cnpq.br/.

Quais são os programas de bolsas disponíveis

As bolsas de IC são valores pagos por agências de fomento, como o CNPq (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – http://www.cnpq.br/), FAPEMIG

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - http://www.fapemig.br/) e

outras, bem como pela própria UFJF. O PROVOQUE não oferece remuneração, mas fornece

o mesmo certificado de participação para fins curriculares (veja na página seguinte). Todos os

programas são divulgados em forma de edital, disponíveis no sítio da PROPESQ, em função

do seu calendário, igualmente disponibilizado em sua página na internet.

É importante frisar que a bolsa de IC é destinada exclusivamente ao aluno. Ao mesmo

tempo, ela não configura salário nem constitui vínculo empregatício de qualquer natureza. É

importante, ainda, que o bolsista tenha clareza de que os valores recebidos são destinados,

exclusivamente, às possíveis despesas relativas à pesquisa, tais como cópias de material,

compra de livros etc.

A UFJF oferece alguns programas de fomento, abaixo listados, com os respectivos

hiperlinks ativos. O leitor pode, ainda, ir direto ao sítio da PROPESQ e obter mais detalhes de

cada programa em http://www.ufjf.br/propesq/.

- UFJF

BIC

PROVOQUE

INSTALAÇÃO DE DOUTORES

RECÉM DOUTOR “ENXOVAL”

APOIO A GRUPOS DE PESQUISA

QUALIDADE AMBIENTAL

APOIO ÀS ATIVIDADES DE FOMENTO À PESQUISA DE CURTA DURAÇÃO

- CNPQ

PIBIC

PIBIC NAS AÇÕE AFIRMATIVAS

PIBITI

- FAPEMIG

PROBIC

PROBIC-JR

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Objetivos dos programas de bolsa de IC da UFJF

De modo geral, os objetivos dizem respeito a:

- “despertar vocação científica e incentivar novos talentos potenciais entre estudantes de

graduação, contribuir para reduzir o tempo médio de titulação de mestres e doutores,

propiciar à instituição um instrumento de formulação de política de iniciação à

pesquisa para alunos de graduação.”

- “inserir os graduandos nas diversas etapas da pesquisa científica, visando à formação

diferenciada de recursos humanos qualificados.”

PROVOQUE – Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica da UFJF

Este é o programa de voluntário da UFJF, e tem as seguintes características (ver

http://www.ufjf.br/propesq/iniciacao-cientifica/bolsas-iniciacao-cientifica/):

- O regime de participação do discente será de 12 horas semanais.

- O programa terá duração de 12 meses.

- A solicitação de alunos voluntários ocorrerá em conjunto com os editais dos

programas de IC (BIC e PIBIC), sendo vedada a indicação fora dos referidos

prazos/programas.

- O número de alunos voluntários se limitará ao número de bolsas pleiteado mas não

atendido, ou seja, será de no máximo dois por programa.

- O aluno voluntário terá direito a certificado, desde que permaneça em um mesmo

projeto por no mínimo seis meses e cumpra as exigências do Programa.

- Poderão participar alunos da UFJF que não estejam participando de outros programas

de qualquer natureza, com ou sem bolsa, com exceção do Programa de Apoio

Estudantil.

- A seleção obedecerá aos mesmos critérios vigentes para os demais programas de IC.

- O aluno voluntário fica também obrigado a apresentar seus resultados, na forma oral

ou de painel, por ocasião do Seminário de Iniciação Científica.

- O aluno voluntário deverá apresentar relatório parcial após seis meses de participação

no Programa e relatório final após a conclusão do projeto.

- Nos cursos onde for permitido, os alunos podem converter sua participação no

Provoque em créditos.

Seminário de Iniciação Científica

O Seminário de Iniciação Científica da UFJF é um evento anual que tem por

objetivo a avaliação dos projetos contemplados com bolsas dos diversos programas

coordenados pela PROPESQ. Os bolsistas deverão apresentar os resultados obtidos na

pesquisa sob a forma de pôsteres e/ou apresentações orais. O desempenho do bolsista

será avaliado pelo Comitê Institucional do PIBIC e por um Comitê Externo, com base

nos trabalhos apresentados e por critérios da própria instituição.

Os resumos dos trabalhos apresentados durante o processo de avaliação serão

publicados no cd/dvd de anais e distribuídos aos participantes, sendo que os comitês indicam

para premiação os três melhores trabalhos de cada área, que são publicados, na íntegra, na

Revista Principia.

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A apresentação no Seminário de Iniciação Científica é um dos requisitos obrigatórios

para obtenção do certificado de participação no Programa de IC, conforme consta em termo

de compromisso assinado pelo bolsista e orientador. (Fonte:

http://www.ufjf.br/propesq/iniciacao-cientifica/seminario-de-iniciacao-cientifica). Consulte

também o sítio do Seminário: www.ufjf.br/semic/

Grupos de Pesquisa na UFJF

Finalmente, é fundamental esclarecer que as pesquisas propostas pelos professores

orientadores estão, geralmente, associadas e alinhadas a seus grupos de pesquisa. Os grupos

são formados por professores, técnicos administrativos em educação e estudantes, sejam estes

bolsistas ou não. Neste sentido, a participação de qualquer interessado é livre, desde que

atenda às condições de funcionamento do grupo a que pertencer.

Geralmente, os grupos são organizados em torno de linhas de pesquisa, ou seja, os

problemas centrais a serem pesquisados, as temáticas, as abordagens, as metodologias e as

orientações teóricas principais. Isto implica a aderência e o alinhamento dos participantes, daí

os projetos serem relacionados com a agenda dos pesquisadores do grupo, o qual possui um

líder. É este alinhamento que confere identidade coletiva ao grupo, sendo sua existência

estimulada pelas agências de fomento. A existência de um grupo o qualifica a participar de

editais específicos, como o edital de Apoio a Grupos Emergentes da Fapemig, por exemplo.

Diretrizes para bolsistas do Departamento de Ciências Administrativas (CAD) da FACC

De modo a tornar viáveis e produtivos os grupos de pesquisa do CAD, foram

estabelecidas algumas diretrizes para a participação e atuação dos bolsistas. A premissa

principal é que as atividades de IC devem ser consideradas prioritárias pelo bolsista, ou seja,

elas não devem ser prejudicadas por outras atividades acadêmicas e vice-versa. Em outras

palavras, o envolvimento com a pesquisa deve ser efetivo, respeitando-se a carga horária

destinada à IC e aquela destinada a sala de aula e demais atividades acadêmicas.

Em outras palavras, a conciliação das diversas atividades acadêmicas deve ser

garantida de modo a não haver prejuízo do desempenho e da aprendizagem, bem como da

própria pesquisa. Na prática, para atuar como bolsista, o aluno deve, preferencialmente, não

fazer parte da empresa júnior, não estar estagiando ou trabalhando profissionalmente, nem

exercendo quaisquer outras atividades que prejudiquem a atuação na pesquisa e seu

desempenho nas disciplinas matriculadas. Assim, recomenda-se – e cada orientador pode

adotar as recomendações a título de exigência, em função de suas necessidades específicas –

que o bolsista participe, ativa e presencialmente, das atividades do grupo a que pertence, e da

pesquisa específica a que está vinculado, de acordo com os seguintes critérios:

- bolsistas com carga horária de 20h semanais: 10h semanais presenciais, na FACC,

pelo menos; bolsistas com carga horária de 12h semanais: 6h semanais presenciais, na

FACC, pelo menos. Em outras palavras, pelo menos metade da carga horária deve ser

presencial.

- A carga horária presencial deve ser, preferencialmente, distribuída ao longo da

semana, conforme a definição do professor orientador, de modo a possibilitar reuniões

do grupo de pesquisa ou orientações coletivas.

- O bolsista deverá, ainda, participar de atividades do grupo de pesquisa, tais como

seminários, cursos, dentre outros, conforme definido pelo professor orientador.

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O trabalho científico: uma visão geral1

Natureza do trabalho científico

O trabalho científico se caracteriza como a busca incessante de explicações e de

soluções para os problemas da humanidade, em todas as suas esferas de necessidades. Uma

vez que os problemas do homem e da sociedade são intermináveis e infinitos, depreende-se da

noção acima que a ciência não é algo pronto, acabado ou definitivo. Dito de outro modo, o

trabalho científico é um processo dinâmico e em constante evolução.

Simultaneamente, o trabalho científico deve ser útil e público, ainda que sua

abrangência seja mínima e seu impacto reduzido, mesmo porque ele é “[...] um processo em

construção” (CERVO & BERVIAN, 1983, p.9).

Embora haja uma histórica e infrutífera discussão acerca da divisão entre trabalho

científico quantitativo e qualitativo – em geral expressa na divisão “pesquisa quantitativa” e

“pesquisa qualitativa” – atualmente tende-se a admitir que tal dicotomia é falsa, sendo

necessário assumir uma posição metodológica em que diversos métodos podem e devem

coexistir, até porque há momentos em que classificar uma pesquisa de uma forma ou de outra

se torna uma tarefa extremamente difícil (VIEIRA, 2006).

Teoria e Método

Para Vergara (2006, p.9), “teoria e método são interdependentes. Ambos buscam

realizar o objetivo da pesquisa, seja ele descrever, explicar, descobrir, compreender, predizer

determinado fenômeno. A teoria pode gerar e dar forma ao método e o contrário também é

verdadeiro. Ambos se nutrem.” A teoria é uma rede estendida para capturar o que chamamos

de mundo, de modo a racionalizá-lo, explicá-lo e dominá-lo, enquanto o método pressupõe

uma lógica e uma heurística, capaz de explicar não apenas seus próprios produtos, mas seu

próprio processo (BRUYNE, HERMAN, SCHOUTHEETE, 1991). Assim, teoria e método

são entendidos basicamente como as duas faces de uma mesma moeda.

Não obstante, é interessante destacar que, dentre os diversos métodos utilizados nas

ciências sociais, o método do caso é um dos principais no campo da administração, apesar das

críticas que lhe são inerentes (YIN, 2005).

Linguagem

A linguagem utilizada no trabalho científico é a vertente culta, não se admitindo o

descaso para com as regras formais vigentes. Além disso, a linguagem escrita é diferente da

falada, por mais elegante que esta possa se apresentar. É importante assinalar que a linguagem

é referencial, ou seja, o foco de interesse deve estar centrado no objeto em estudo ou em

análise. Isso significa que o texto deve ser redigido com o verbo na terceira pessoa, não se

utilizando de considerações subjetivas, de modo a aproximar o leitor do centro de interesse e

não do autor do trabalho (CYRANKA & SOUZA, 1997). Alternativamente, o trabalho

científico também pode ser escrito com o verbo na forma infinitiva, tal como o presente

manual. Operacionalmente, a linguagem deve apresentar, no mínimo, os seguintes elementos:

1 Esta seção é uma versão ligeiramente adaptada do Manual do TCC. Ver ÉSTHER, Angelo Brigato. Manual do

Trabalho de Conclusão de Curso: manual de políticas e elaboração. Juiz de Fora: FACC/UFJF, 2014 (mimeo).

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Precisão. Definições exatas, preferencialmente apoiadas em referências ou dados

comprovados.

Objetividade. Toda afirmação deve se basear em provas e não em opiniões

infundadas. Isso significa que se deve evitar expressões como: “talvez, é provável

que, melhor seria...”.

Clareza. A informação deve ser compreendida pelo leitor, não devendo conter

ambiguidades;

Simplicidade. Qualquer explicação ou afirmação deve ser redigida de modo a ser

facilmente assimilada pelo leitor, respeitando a vertente culta.

Coerência. Refere-se ao uso de nomes, de números, à grafia de palavras, no

emprego de termos. Além disso, o autor deve estar atento para não afirmar o que

negou e vice-versa.

Ordem. A apresentação das ideias deve ser organizada e dentro de uma sequência

lógica.

Imparcialidade. Não se deve deixar levar por vieses e/ou por ideias

preconcebidas.

O que um trabalho científico não é

Trabalhos científicos devem primar pelo chamado “rigor acadêmico”, de modo a

garantir sua qualidade. Neste sentido, o TCC deve ser um estudo pormenorizado e

sistemático, de acordo com as normas técnicas. No entanto, convém destacar, especialmente,

o que não é um trabalho acadêmico:

- repetição do que já foi dito por outros, sem nenhum acréscimo ao enfoque,

desenvolvimento ou às conclusões;

- resposta a uma espécie de questionário e execução de um trabalho semelhante ao

que se faz em uma prova, em um exame ou em deveres escolares;

- manifestação de meras opiniões pessoais, sem fundamentação com dados

comprobatórios logicamente correlacionados e embasados em raciocínio;

- exposição de ideias demasiadamente abstratas, alheias aos pensamentos, às

preocupações, aos conhecimentos ou aos desejos pessoais do autor da monografia,

assim como de sua particular maturidade psicológica e intelectual;

- manifestação de uma erudição livresca, com citação de frases irrelevantes, não

pertinentes e mal assimiladas, ou desenvolvimento de perífrases sem conteúdo ou distanciadas da particular experiência de cada caso (SANTOS, NORONHA, p.67).

A seguir, são apresentadas considerações importantes acerca das questões éticas que

envolvem a pesquisa, fundamentais para qualquer pesquisador, iniciante ou experiente. O

material que se segue está devidamente referenciado e deve ser seriamente observado e levado

em consideração em sua prática de pesquisa. Veja, ainda, as diretrizes da UFJF quanto a este

tema em http://www.ufjf.br/comitedeetica/.

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Referências

BRUYNE, Paul de, HERMAN, Jacques, SCHOUTHEETE, Marc. Dinâmica da pesquisa em

ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.

CERVO, A. L., BERVIAN, P. A. Metodologia científica: para uso dos estudantes

universitários. São Paulo: Edusp, 1991.

CYRANKA, L. F. M. SOUZA, V. P. Orientações para normalização de trabalhos

acadêmicos. 2.ed. Juiz de Fora: UFJF, 1997.

SANTOS, Clóvis Roberto dos, NORONHA, Rogéria Toler da Silva de. Monografias

científicas: TCC, dissertação, tese. São Paulo: Avercam, 2005.

VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas,

2006.

VIEIRA, Marcelo Milano Falcão. Por uma boa pesquisa (qualitativa) em Administração. In

VIEIRA, Marcelo Milano Falcão, ZOUAIN, Deborah Moraes. Pesquisa Qualitativa em

Administração. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

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Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa

do CNPq

Acesso direto ao documento pdf: http://www.cnpq.br/documents/10157/a8927840-2b8f-43b9-

8962-5a2ccfa74dda. [Acesso em 11 fev. 2014].

Disponível em http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizes. Acesso em 11 fev. 2014.

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Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq

A comissão instituída pela portaria PO-085/2011 de 5 de maio de 2011, constituída

pelos pesquisadores Alaor Silvério Chaves, Gilberto Cardoso Alves Velho, Jaílson

Bittencourt de Andrade, Walter Colli e coordenada pelo Dr. Paulo Sérgio Lacerda

Beirão, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, vem apresentar

seu relatório final

Introdução

A necessidade de boas condutas na pesquisa científica e tecnológica tem sido motivo

de preocupação crescente da comunidade internacional e no Brasil não é diferente. A

má conduta não é fenômeno recente, haja vista os vários exemplos que a história nos

dá de fraudes e falsificação de resultados. As publicações pressupõem a veracidade e

idoneidade daquilo que os autores registram em seus artigos, uma vez que não há

verificação a priori dessa veracidade. A Ciência tem mecanismos de correção, porque

tudo o que é publicado é sujeito à verificação por outros, independentemente da

autoridade de quem publicou.

Como ilustração, podemos citar alguns exemplos emblemáticos, como o chamado

“Homem de Piltdown” - uma montagem de ossos humanos e de orangotango

convenientemente manipulados, que alegadamente seria o “elo perdido” na evolução

da humanidade. Embora adequada para as ideias então vigentes, a farsa foi

desmascarada quando foi conferida com novos métodos de datação com carbono

radioativo. Outros exemplos podem ainda ser citados, como o da criação de uma falsa

linhagem de células-tronco embrionárias humanas que deu origem a duas importantes

publicações na revista Science em 2004 e 2005. Por esse feito, o autor principal foi

considerado o mais importante pesquisador de 2004. O que seria um feito

extraordinário mostrou ser uma fraude e resultou na demissão desse pesquisador e na

exclusão desses artigos da revista.

Essa autocorreção, no entanto, não é suficiente para impedir os efeitos danosos

advindos da fraude, seja por atrasar o avanço do conhecimento ou mesmo por

consequências econômicas e sociais resultantes do falso conhecimento. Um caso

exemplar das consequências danosas que podem ser causadas por fraudes científicas

foi a rejeição dos princípios da genética, por meio da manipulação de dados e

informações com objetivos ideológicos e políticos, feita pelo então presidente da

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Academia Soviética de Ciências, Trofim Lysenko. Essa falsificação, mesmo sendo

posteriormente contestada cientificamente, trouxe grande atraso na produção agrícola

da então União Soviética, o que contribuiu sobremaneira para a deterioração

econômica e sustentabilidade do regime soviético.

Esses casos mostram que resultados falsos ou errados podem atrasar

acentuadamente o avanço do conhecimento, sem contar com o custo, financeiro e

humano, envolvido na correção dos desvios. Mais difíceis de serem corrigidos são os

problemas advindos de plágios, onde o verdadeiro autor, seja de descobertas ou de

textos, pode ter seu mérito subtraído com possíveis prejuízos profissionais.

A falsificação de dados pode ser caracterizada quando as manipulações introduzidas

alteram o significado dos resultados obtidos. Por exemplo, introduzir ou apagar

imagens em figuras podem alterar a interpretação dos resultados. Algumas situações

são consideradas legítimas, como, por exemplo, o emprego de software de aumento de

contraste usado por astrônomos pode revelar objetos celestes dificilmente identificáveis

de outra maneira. Alterações de contraste ou brilho para melhorar a qualidade global

de uma imagem são consideradas legítimas se aplicadas a toda a imagem e descritas

na publicação. Nesses casos a imagem original deve ser mantida, e publicada como

informação suplementar quando possível.

Além das referidas consequências danosas da falsificação e do plágio, essas práticas

podem favorecer indevidamente seus autores para conseguirem vantagens em suas

carreiras e na obtenção de auxílios financeiros. Em relação a isso, surge também como

significativa a prática crescente de autoplágio. Em um ambiente de competição para a

obtenção de auxílios financeiros, isso pode significar o investimento em pessoas e

projetos imerecidos, em detrimento daqueles que efetivamente são capazes de

produzir avanços do conhecimento. A existência de software capaz de identificar

trechos já publicados de manuscritos submetidos tem facilitado a prevenção de plágio e

de autoplágio.

Por todas essas razões as más condutas na pesquisa são assunto de interesse das

agências de financiamento, que devem zelar pela boa aplicação de seus recursos em

pessoas que sejam capazes de produzir avanços efetivos (isto é, confiáveis) do

conhecimento. Isso significa instituir mecanismos que permitam identificar e

desestimular as práticas fraudulentas na pesquisa, e estimular a integridade na

produção e publicação dos resultados de pesquisa.

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Para lidar com esses problemas, a comissão recomenda que o CNPq tenha duas

linhas de ação: 1) ações preventivas e pedagógicas e 2) ações de desestímulo a más

condutas, inclusive de natureza punitiva.

Com relação às ações preventivas, é importante atuar pedagogicamente para orientar,

principalmente os jovens, nas boas práticas. É também importante definir as práticas

que não são consideradas aceitáveis pelo ponto de vista do CNPq. Como parte das

ações preventivas, o CNPq deve estimular que disciplinas com conteúdo ético e de

integridade de pesquisa sejam oferecidas nos cursos de pós-graduação e de

graduação. Também a produção de material com esses conteúdos em língua

portuguesa deve ser estimulada e disponibilizada nas páginas do CNPq. Como ponto

de partida, algumas diretrizes orientadoras das boas práticas nas publicações

científicas, inclusive nos seus aspectos metodológicos, devem ser imediatamente

publicadas, podendo ser aperfeiçoadas com contribuições subsequentes. Há que se

salientar nessa direção a importância dos orientadores acadêmicos.

Com relação às atitudes corretivas e punitivas, recomenda-se a instituição de uma

comissão permanente pelo Conselho Deliberativo do CNPq, constituída de membros

de alta respeitabilidade e originados de diferentes áreas do conhecimento. Deverá

caber a esta comissão examinar situações em que surjam dúvidas fundamentadas

quanto à integridade da pesquisa realizada ou publicada por pesquisadores do CNPq -

detentores de bolsa de produtividade ou auxilio a pesquisa. Com relação a denúncias,

é de se cuidar para não estimular denúncias falsas ou infundadas. Caberá a essa

comissão examinar os fatos apresentados e decidir preliminarmente se há

fundamentação que justifique uma investigação específica, a ser realizada por

especialistas da área nomeados ad hoc. Caberá também a essa comissão, a partir dos

pareceres dos especialistas, propor à Diretoria Executiva do CNPq os desdobramentos

adequados. Será também incumbência dessa comissão avaliar a qualidade do material

disponível sobre ética e integridade de pesquisa, a ser publicado nas páginas do

CNPq.

Definições

Podem-se identificar as seguintes modalidades de fraude ou má conduta em

publicações:

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Fabricação ou invenção de dados - consiste na apresentação de dados ou resultados

inverídicos.

Falsificação: consiste na manipulação fraudulenta de resultados obtidos de forma a

alterar-lhes o significado, sua interpretação ou mesmo sua confiabilidade. Cabe

também nessa definição a apresentação de resultados reais como se tivessem sido

obtidos em condições diversas daquelas efetivamente utilizadas.

Plágio: consiste na apresentação, como se fosse de sua autoria, de resultados ou

conclusões anteriormente obtidos por outro autor, bem como de textos integrais ou de

parte substancial de textos alheios sem os cuidados detalhados nas Diretrizes. Comete

igualmente plágio quem se utiliza de ideias ou dados obtidos em análises de projetos

ou manuscritos não publicados aos quais teve acesso como consultor, revisor, editor,

ou assemelhado.

Autoplágio: consiste na apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo

mesmo autor, sem as devidas referências aos trabalhos anteriores.

Diretrizes

1: O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente

seu trabalho.

2: Toda citação in verbis de outro autor deve ser colocada entre aspas.

3: Quando se resume um texto alheio, o autor deve procurar reproduzir o significado

exato das ideias ou fatos apresentados pelo autor original, que deve ser citado.

4: Quando em dúvida se um conceito ou fato é de conhecimento comum, não se deve

deixar de fazer as citações adequadas.

5: Quando se submete um manuscrito para publicação contendo informações, conclusões ou

dados que já foram disseminados de forma significativa (p.ex. apresentado em conferência,

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divulgado na internet), o autor deve indicar claramente aos editores e leitores a existência da

divulgação prévia da informação.

6: se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um

todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos

individuais.

7: Para evitar qualquer caracterização de autoplágio, o uso de textos e trabalhos

anteriores do próprio autor deve ser assinalado, com as devidas referências e citações.

8: O autor deve assegurar-se da correção de cada citação e que cada citação na

bibliografia corresponda a uma citação no texto do manuscrito. O autor deve dar crédito

também aos autores que primeiro relataram a observação ou ideia que está sendo

apresentada.

9: Quando estiver descrevendo o trabalho de outros, o autor não deve confiar em

resumo secundário desse trabalho, o que pode levar a uma descrição falha do trabalho

citado. Sempre que possível consultar a literatura original.

10: Se um autor tiver necessidade de citar uma fonte secundária (p.ex. uma revisão)

para descrever o conteúdo de uma fonte primária (p. ex. um artigo empírico de um

periódico), ele deve certificar-se da sua correção e sempre indicar a fonte original da

informação que está sendo relatada.

11: A inclusão intencional de referências de relevância questionável com a finalidade

de manipular fatores de impacto ou aumentar a probabilidade de aceitação do

manuscrito é prática eticamente inaceitável.

12: Quando for necessário utilizar informações de outra fonte, o autor deve escrever de

tal modo que fique claro aos leitores quais ideias são suas e quais são oriundas das

fontes consultadas.

13: O autor tem a responsabilidade ética de relatar evidências que contrariem seu

ponto de vista, sempre que existirem. Ademais, as evidências usadas em apoio a suas

posições devem ser metodologicamente sólidas. Quando for necessário recorrer a

estudos que apresentem deficiências metodológicas, estatísticas ou outras, tais

defeitos devem ser claramente apontados aos leitores.

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14: O autor tem a obrigação ética de relatar todos os aspectos do estudo que possam

ser importantes para a reprodutibilidade independente de sua pesquisa.

15: Qualquer alteração dos resultados iniciais obtidos, como a eliminação de

discrepâncias ou o uso de métodos estatísticos alternativos, deve ser claramente

descrita junto com uma justificativa racional para o emprego de tais procedimentos.

16: A inclusão de autores no manuscrito deve ser discutida antes de começar a

colaboração e deve se fundamentar em orientações já estabelecidas, tais como as do

International Committee of Medical Journal Editors.

17: Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho

merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se

realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental,

análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de

equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não justificam

a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento.

18: A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os

supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com

pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram

do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável.

19: Todos os autores de um trabalho são responsáveis pela veracidade e idoneidade

do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente responsabilidade

integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas contribuições individuais.

20: Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua

contribuição pessoal ao trabalho.

21: Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua

execução, seja com animais ou com seres humanos.

Referências

Roig, M. (2006) Avoiding plagiarism, self-plagiarism, and other questionable writing

practices: A guide to ethical writing. http://facpub.stjohns.edu/~roigm/plagiarism/

Angell, M. and A.S. Relman (1989). Redundant publication. New England Journal of

Medicine, 320, 1212-14.

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England Journal of Medicine, 333, 449-450. Retrieved, March 7, 2003 from

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http://www.icmje.org/ethical_1author.html

European Science Foundation (2010) Fostering Research Integrity in Europe

http://www.esf.org/index.php?eID=tx_ccdamdl_file&p[file]=32214&p[dl]=1&p[pid]=3728&p[s

ite]=European%20Science%20Foundation&p[t]=1318857910&hash=2118f94d59cca11be2e4f66

677089b00&l=en