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Outubro/Novembro/Dezembro 2009 n o 58 • Ano XV AMBIENTE DA INOVAÇÃO BRASILEIRA MERCADO VERDE O desafio de desenvolver tecnologias sustentáveis SUCESSO Os vencedores do 13º Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador INOVAÇÃO EM 14 PASSOS A receita criada no Vale do Silício para o desenvolvimento de habitats inovadores

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Outubro/Novembro/Dezembro 2009 no 58 • Ano XVambiente da inovação brasileira

Mercado verdeO desafio de desenvolver tecnologias sustentáveis

SuceSSoOs vencedores do 13º Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador

Inovação em 14 passosA receita criada no Vale do

Silício para o desenvolvimento

de habitats inovadores

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30 c a p a Habitats de inovaçãoEspecialistas discutem qual o caminho para o desenvolvimento de regiões inovadoras. Confira os 14 passos propostos pelo professor da Universidade de Stanford, William Miller, para propiciar a criação de polos de inovação.

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

conselho editorial Carlos Américo Pacheco, Mauricio Guedes, Maurício Mendonça, Jorge Audy e Josealdo Tonholo (presidente)

coordenação editorialDébora Horn colaboraçãoBruna de Paula, Cora Dias, Talita Marçal, Trama Comunicação. Jornalista responsávelDébora Horn – MTb/SC 02714 JPDireção de arteLuiz Acácio de SouzaEdição de arteJoão Henrique MoçoRevisãoSérgio RibeiroFoto da capaShutterstock

presidenteGuilherme Ary PlonskiDiretoriaFrancilene Procópio Garcia, Gisa Bassalo, Paulo Gonzalez, Renato Aquino Nunes e Tony Chierighini SuperintendênciaSheila Oliveira Pires EndereçoSCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211Brasília / DF – CEP 70711-902contatos(61) 3202-1555E-mail: [email protected]: www.anprotec.org.branúncios: (61) [email protected]

produção apoio

Outubro/Novembro/Dezembro 2009 • no 58 • Ano XV

ISSN 1980-3842

ambiente da inovação brasileira

Índice

E n t R E v i S t aO CEO do 22@Barcelona, Josep Miguel Piqué, fala do distrito inovador que extrapola os limites de um parque tecnológico tradicional e integra ciência e tecnologia à arte e à cultura.

E m m o v i m E n t oTemas, debates e pessoas que transformaram em um grande sucesso o XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e o 3º Global Fórum.

n E g ó c i o SIncubadoras e empresas encontram nas tecnologias sustentáveis um mercado rentável e conectado às demandas sociais, ambientais e econômicas das regiões em que atuam.

o p o R t u n i D a D EConheça as principais tendências em tecnologias móveis e descubra por que o setor figura entre os nichos de negócio do futuro.

i n t E R n a c i o n a lPequenas empresas inovadoras apostam na internacionalização, antes vista como privilégio das gigantes.

E x t R aA diretora do infoDev, Valerie D’Costa, fala sobre o programa do Banco Mundial para empreendedorismo e a representatividade do Brasil no cenário mundial da inovação.

i n v E S t i m E n t oO Prime sai do papel e promete alavancar o desenvolvimento de milhares de empresas inovadoras espalhadas pelo Brasil.

S u c E S S oA trajetória dos vencedores da 13ª edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador.

g E S t ã oAnprotec apresenta modelo para excelência de gestão em incubadoras. Inspirada nas melhores iniciativas praticadas no mundo todo, o modelo é 100% brasileiro.

o p i n i ã oMauricio Guedes: Concentra mas não sai

impressãoGráfica Brasil Uberlândiatiragem5.000 exemplares

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T odos os anos, pessoas ligadas ao movi-mento do empreendedorismo inovador

têm a oportunidade de parar para refletir sobre os caminhos do desenvolvimento. A parada estratégica ocorre durante o Semi-nário Nacional de Empreendedorismo Ino-vador, promovido pela Anprotec em con-junto com uma série de parceiros. Em 2009, o evento ocorreu em Florianópolis (SC) e trouxe uma proveitosa novidade: foi desen-volvido em paralelo ao 3º Global Forum, encontro promovido pelo infoDev, projeto do Banco Mundial voltado ao empreende-dorismo e à inovação. Juntos, os eventos ganharam força e discutiram temas essen-ciais ao desenvolvimento sustentável, que alia crescimento econômico a avanços so-ciais e preservação ambiental.

O relato dos eventos e os temas debati-dos pelos participantes de ambos formaram a base desta edição especial da Locus. Nos-sa equipe acompanhou plenárias, sessões paralelas, workshops e outras tantas ativi-dades que integraram o Seminário e o Fo-rum, para trazer a você, leitor, uma cober-tura completa das principais discussões que cercam o movimento. Assim, as maté-rias desta edição se propõem a indicar ten-dências, relatar opiniões e descrever ações que servem de exemplo.

Nesse sentido, a reportagem de capa re-vela a importância da criação de ambientes favoráveis à inovação, nos quais parques tecnológicos e incubadoras de empresas integram uma rede maior de agentes, for-mada por governo, instituições de ensino e pesquisa e investidores. Traçando um pa-ralelo com o Vale do Silício, mostramos os 14 passos indicados por William Miller, ex-reitor e codiretor do Programa de Re-

giões Inovadoras e Em-preendedorismo da Uni-versidade de Stanford, que tornam propício o desenvolvimento de uma região inovadora. As ideias de Miller são reforçadas pelo entre-vistado desta edição, Josep Miguel Piqué, CEO do 22@Barcelona, o Distrito da Inovação que está mudando o perfil econômico da ci-dade espanhola.

Promover processos e produtos focados no bem-estar social é um dos 14 passos indicados pelo especialista de Stanford. O desenvolvimento de tecnologias sustentá-veis, tema da reportagem da seção Negó-cios, confirma a teoria. O Brasil já conta com uma incubadora especializada em eco-negócios, a IncubaLIX, que vem contri-buindo para o desenvolvimento local da Região Metropolitana de Vitória (ES). A trajetória da incubadora comprova que o mercado de tecnologias sustentáveis está em expansão, mas ainda faltam empreen-dedores dispostos a correr os riscos ine-rentes ao negócio.

Não se deixar intimidar pelos riscos é um dos segredos dos vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, protagonistas da seção Sucesso desta edi-ção. Da incubadora do interior do Paraná à empresa graduada especializada em na-notecnologia, o empreendedorismo inova-dor mostra sua contribuição ao desenvol-vimento do país.

Boa leitura!

Conselho editorial

c a r t a a o l e i t o r

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ta O talento tem que respirar

I magine uma cidade cercada por arte e cultura. Nela, empresas inovadoras

poderiam conviver com universidades e centros científicos e tecnológicos. Pessoas talentosas trabalhariam e morariam ali, desfrutando de áreas verdes e de boa qualidade de vida. Essa é a proposta de transformação urbana do 22@Barcelona, também chamado de Distrito da Inovação. O projeto está sendo desenvolvido na Espanha desde 2000 e ocupa um espaço de aproximadamente 200 hectares de solo industrial. Para falar do distrito inovador, o CEO do 22@, Josep Miguel Piqué, veio ao Brasil em 2009 para participar de um seminário sobre inovação promovido pela

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prefeitura do Rio de Janeiro.Piqué também conversou com a Locus sobre essa nova geografia urbana, desenhada pela Economia do Conhecimento. Segundo ele, estamos entrando em um território sem modelos, pois a arquitetura da cidade do conhecimento extrapola o conceito de parques tecnológicos tradicionais e demanda que arte e cultura se integrem à ciência e à tecnologia. Quem habita essa nova urbe são talentos cuja habilidade não apenas é criar, mas saber compor redes, conectando realidades locais ao mercado global.

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Locus: O Distrito da Inovação é um novo modelo de cidade, é o modelo da cidade do conhecimento. Quais são as bases nas quais o 22@Barcelona está apoiado?Piqué: O 22@ é um projeto de transfor-mação urbanística, econômica e social de um distrito decadente de Barcelona, que, no século XIX, era uma zona industrial. Além da recuperação da área, o distrito marca a tomada de consciência da nova Economia do Conhecimento e da urba-nização dessa economia. O 22@ também potencializa a força da marca de Barcelo-na para vender-se ao mundo. A cidade já era vista como amiga pelos visitantes e turistas, mas o distrito inovador projeta ainda mais a capacidade de Barcelona ser amigável e atrativa, ao valorizar a nova economia, o talento e as pessoas.

Locus: O talento é matéria-prima da Economia do Conhecimento. Como criar condições para desenvolvê-lo?Piqué: O talento tem que respirar. E res-pirar talento significa atrair, reter, desen-volver e criar de forma integrada. Se não temos talentos chineses e hindus suficien-tes nas nossas atividades diárias, dificil-mente nossas empresas vão abordar mer-cados na China e na Índia. A lógica da atração é atrair os melhores ou pessoas desses territórios. A incorporação de ele-mentos de fora também traz a vantagem de evitar grupos de pesquisa endogâmi-cos. Com a vinda e a instalação do talen-to, têm que ser criadas condições para que ele seja retido. A intenção do 22@Barce-lona é atrair grupos de várias nacionali-dades para formar comunidades conecta-das entre si, local e internacionalmente. A ideia é que um recém-chegado possa conectar-se de maneira mais estruturada à sua comunidade de referência, no geral associada à comunidade linguística.

Locus: Como a arte e a cultura podem influenciar a Economia do Conhecimento? É possível conectar

artistas e empresas?Piqué: Ao urbanizar-se, a Economia do Conhecimento permite que as atividades econômicas e industriais da cidade pos-sam beneficiar-se do próprio ambiente urbano. A cidade não só é o espaço para viver e trabalhar, como é um local capaz de estimular e prover mensagens, impac-tando a cada segundo os talentos que ne-

la vivem e gerando inovação. Passear por Barcelona e ver o Templo da Sagrada Fa-mília, de Gaudí, ou estar no 22@ e ver um artista atuar, não são mensagens neutras. Esse é um modo informal de impactar a cultura e as pessoas. Quando falamos em arte e cultura, temos que ficar atentos às suas duas expressões: a da indústria cul-tural, ligada à música, ao audiovisual ou ao mercado editorial, e especialmente, a da arte e da cultura como um elemento transversal que pode impactar em setores não necessariamente culturais. As Tecno-logias de Informação são um setor verti-cal para as telecomunicações e também podem dar valor a outras áreas que utili-zam tecnologias. O artista é criador, usu-ário, crítico e, sobretudo, capacitado pa-ra implementar um conceito, podendo, dessa maneira, participar do processo de criação de produtos e serviços mediante metodologias de inovação.

Locus: O senhor poderia citar um exemplo dessa interação?Piqué: No 22@ há o programa Disonan-cias, no qual a GTD, empresa que desen-volve software para setores aeroespaciais, utiliza um conjunto de artistas para de-senhar uma nova nave não tripulada. Se a máquina de inovação em vez de ser

Respirar talento significa atrair, reter, desenvolver e criar de forma integrada. Se não

temos talentos chineses e hindus suficientes nas nossas atividades diárias, dificilmente nossas empresas vão abordar mercados na China e na Índia.

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científico-tecnológica passa a ser artís-tica, cria-se outra forma de inovar. No lugar do método científico, lógico e pla-nificado, o método artístico, com sua criatividade. Percebemos, então, uma possibilidade de hibridação de grupos de cientistas e de artistas, ou de empre-sários e artistas, para o desenvolvimen-to de projetos não estritamente culturais ou artísticos. Inovar vira sinônimo de hibridar, tornando necessário inserir a arte e a cultura no processo de criação de novos produtos e serviços.

Locus: Pensando nos países da América Latina, em especial no Brasil, como o senhor acha que a inovação pode contribuir para a transformação social? Piqué: Acho importante a mensagem de um sistema de inovação local e global que seja baseado no trabalho conjunto do trio governo, universidade e indús-tria. Para a criação da Economia do Co-nhecimento é determinante o papel da administração pública, nas esferas fede-ral, estadual e municipal, e também a colaboração das empresas. Mas na Amé-rica Latina, principalmente no Brasil,

um fator essencial é a universidade ser uma instituição de referência em longo prazo. Se além da docência e da pesqui-sa, ela aceitar uma terceira função, a de transferência do conhecimento, teremos na América Latina a universidade como um dos grandes artífices do desenvolvi-mento econômico. A ela caberá desen-volver estruturas híbridas e mistas, como os parques científicos ou as incubadoras, que, em geral, são os meios de desenvol-

ver a economia e de ligar universidade e empresa a uma estrutura de integração mais eficaz. Se ainda urbanizarmos essa economia, não só transformamos o as-pecto econômico como também o social. A Universidade de Barcelona usou a uni-versidade como mecanismo de transfor-mação social ao localizá-la em uma área antes degradada e que hoje é o 22@.

Locus: O que seria necessário para que um distrito inovador fosse construído no Brasil? Piqué: Aqui, um dos pontos centrais é a instalação de clusters urbanos. Isso signi-fica que precisamos ter no mesmo espaço físico universidades, centros tecnológicos e empresas “tractoras” (assim chamadas em espanhol por serem grandes empre-sas, geralmente de âmbito nacional e in-ternacional, que incentivam o crescimen-to em uma dimensão macro. Elas também fomentam pequenas e médias empresas, ativando mundialmente economias lo-cais). O segundo ponto é aproveitar a transformação como elemento de apren-dizagem da cidade e forma de alavancar a compra pública. A transformação deve servir para desenvolver novas tecnolo-gias, desenvolver cidades e, sobretudo, novas soluções de cidade. As novas tec-nologias podem reabilitar setores antigos ou, no caso das tecnologias urbanas de circulação, repensar o transporte. O pro-cesso de transformação traz ainda para um pequeno empresariado local a possi-bilidade de aprendizado.

Locus: Existem micro e pequenas empresas em 22@Barcelona? Como micro e pequenas empresas podem se conectar à Economia do Conhecimento? Piqué: Em 22@ existem empresas de to-dos os portes. Cada cluster tem grandes empresas “tractoras”, médias e pequenas, e ainda novas empresas saídas de incu-badoras. No caso das pequenas e médias, é importante que não trabalhem sozi-

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Se a máquina de inovação em vez de ser científico-tecnológica passa a ser artística,

cria-se outra forma de inovar. No lugar do método científico, lógico e planificado, o método artístico, com sua criatividade.

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nhas e que estejam inseridas em uma ca-deia de valor, que se “clusterizem”. Em um meio inovador, elas podem tirar van-tagens de fusão ou de aquisição por par-te de alguma outra empresa. O ideal é que trabalhem sabendo que seu produto ou serviço, ao final, vai ter como cliente alguém do cluster, por exemplo. Isso per-mite que suas curvas de aprendizagem sejam muito mais rápidas. Uma pequena empresa não precisa vender internacio-nalmente no seu primeiro dia, mas é fun-damental que ela pense como inserir em uma escala de venda internacional o pro-duto ou o serviço que desenvolve local-mente, projetando-os para o mundo. Es-sa projeção das pequenas e médias empresas pode apoiar-se nas grandes empresas que as cercam em um ambien-te criativo, pois são as grandes corpora-ções que podem dotar as pequenas de capilaridade global.

Locus: E quanto à capacidade de ruptura das micro e pequenas empresas? Piqué: Um professor chamado Jerry Engel fala da diferença entre a inovação de uma pequena empresa e a de uma grande. Na grande empresa tudo está sistematizado e há aversão ao risco. O bom da pequena em-presa inovadora é que ela pode ser radical em sua proposta, porque não tem nada a perder. A partir do momento em que uma proposta radical de valor surge no merca-do, se a grande corporação está afinada com as novas empresas ela pode absorver a inovação dentro da sua estrutura empre-sarial. O objetivo é que as cidades sejam meios que facilitem as possibilidades de interação das grandes corporações com pe-quenas empresas inovadoras.

Locus: Como fica o papel das incubadoras no processo?Piqué: As incubadoras são a base para criar iniciativas empresariais. Elas devem apoiar não somente o nascimento das em-presas, mas o crescimento e também os

chamados planos de saída. São eles que apontam caminhos. Se uma empresa será comprada por outra maior, se ela abrirá capital no mercado acionário vendendo-

se ao IPO (Initial Public Offering), se op-tará por fusões e aquisições. O importan-te é que essa lógica prevê se uma empresa nasce com vontade de ser vendida, de en-trar no mercado de capital ou de conse-guir financiamento para crescer. As incu-badoras também devem incorporar redes de business angels, investidores que além de injetar dinheiro compartilham experi-ência e as colocam em redes de contato. As incubadoras têm que saber o que fazer para as iniciativas crescerem, têm que co-nectá-las aos mercados de saída e, prin-cipalmente, aos mercados de capital.

Locus: Quais são os desafios do Distrito da Inovação? Piqué: Temos dois grandes desafios rela-cionados ao crescimento econômico e territorial. Um é que a expressão de 22@ se expanda para o resto de Barcelona. Não a região de 22@, mas a equipe de trans-formação. E que o 22@ venha a liderar o desafio de mudança econômica do resto da cidade, uma zona franca de valor ali-mentar e o que será a zona do trem de alta velocidade, que ligará 22@ com La Sagrera, localidade de outro distrito de Barcelona. Enquanto desafio conceitual, temos o estabelecimento do diálogo entre arte, cultura e empresa. Entendemos que existem novas fronteiras e, por isso, esta-mos trabalhando em fábricas culturais e em como elas podem ser meios para co-nectar empresas e cultura.

Uma pequena empresa não precisa vender internacionalmente no seu primeiro dia, mas é

fundamental que ela pense como inserir em uma escala de venda internacional o produto ou o serviço que desenvolve localmente, projetando-os para o mundo.

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Inovação e empreendedorismo são eixos estruturantes de uma agenda de desenvolvimento à altura dos desafios do novo contexto mundial e das expectativas de uma so-ciedade mais sustentável e coesa. Para essa finalidade, foram articulados dois dos eventos mais expressivos des-se segmento: o 3º infoDev Fórum Global de Inovação & Empreendedorismo e o XIX Seminário Nacional de Par-ques Tecnológico e Incubadoras de Empresas, realizados em outubro de 2009, em Florianópolis (SC).

O encontro contou com a presença recorde de 1.077 pessoas, de 76 países. Durante quatro dias, foram reali-zados 10 minicursos, dois workshops, 11 sessões plenárias, uma rodada de negócios entre instituições de diferentes países e 69 apresentações de trabalhos. A cooperação entre as instituições envolvidas facilitou a conjugação de esforços entre o Information for Development Program (info-Dev), iniciativa vinculada ao Ban-co Mundial; o Ministério da Ci-ência e Tecnologia do Brasil, a Anprotec e o Sebrae.

Investimento, internacionali-zação e desenvolvimento inclu-sivo foram os temas que dire-cionaram as discussões entre os participantes dos eventos. Rea-lizado pela primeira vez fora da

Makhtar Diop, diretor do Banco Mundial para o Brasil, também participou do evento

seminário e Global Fórum reuniram cerca de mil pessoas em Florianópolis (sC)

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Índia, o Fórum Global se encarregou de propor uma visão participativa dos negócios em prol do desenvol-vimento inclusivo mundial. O Seminário Nacional, sob a ótica do investimento e da internacionalização, pros-pectou formas de tornar micro e pequenas empresas inovadoras alavancas econômicas e sociais.

Os dois eventos possibilitaram debates sobre políticas voltadas para a inovação, identificando as principais ações de promoção e fortalecimento de parcerias públi-co-privadas; o papel das incubadoras de empresas para o desenvolvimento de setores como agronegócios e ener-gias limpas, os tipos de investimentos que podem e es-

tão sendo aplicados nas empre-sas inovadoras nascentes, as estratégias de internacionaliza-ção que estimulam a cooperação entre empreendimentos inova-dores e a atratividade dos par-ques tecnológicos para investi-mentos públicos e privados.

Braço do Banco Mundial para empreendedorismo e inovação e um dos parceiros da Anprotec, o infoDev atua desenvolvendo atividades de tecnologia da in-

O evento do empreendedorismo brasileiro

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Khalil, do Banco Mundial: projetos brasileiros de empreendedorismo têm grandes diferenciais

Luiz Henrique da silveira, governador de santa Catarina, acompanhado por ronaldo Mota (‘a direita) e paulo Okamotto (à esquerda)

formação e comunicação (TIC) nos países em desenvolvimento. O Fórum representa a área cen-tral de atuação da entidade e vi-sa a troca de ideias e experiên-cias entre os representantes de incubadoras de diversos países do globo. “Esses encontros e fó-runs são formas importantes de reafirmar parcerias, estreitar re-lações e aprender em primeira mão sobre desenvolvimento sus-tentável. Na era do e-mail e da videoconferência, não há nada como trocas de experiência cara a cara”, disse Valerie D’Costa, di-retora do infoDev.

Para Guilherme Ary Plonski, presidente da Anprotec, a realização conjunta dos eventos no Brasil foi uma opor-tunidade para uma avaliação dos impactos da crise para o empreendedorismo inovador mundial. “É uma convic-ção que inovação e empreendedorismo são componentes essenciais não apenas de um receituário de tratamento das consequências da crise, mas também elementos cons-trutivos estruturais de uma economia privada mais sus-tentável, de um setor público mais responsivo e de uma sociedade civil mais proficiente”, afirmou.

Por que o Brasil

O diretor da área de TI do Banco Mundial – enti-dade que detém o programa infoDev, Mohsen Khalil, disse que a parceria com o Brasil repercutiu pelo mundo e um dos objetivos é justamente criar uma platafor-ma de unificação e troca de ex-periências. Khalil frisou ainda que os projetos brasileiros de empreendedorismo têm gran-des diferenciais, com foco nas pessoas menos privilegiadas como mulheres e jovens. “Nos-so objetivo é usar a tecnologia para que esses indivíduos te-nham a capacidade de realizar sonhos”, declarou.

Segundo Khalil, o valor do aporte fornecido pelo Banco

para alavancar a inovação em 70 países em desenvolvimento é de US$ 25 milhões, dos quais US$ 3 milhões em serviços e dinheiro foram investidos no Brasil, incluindo o montante destinado à organização do evento. A gerente do programa, Valerie D’Costa, reiterou que o país foi escolhido para sediar o evento por ser um expoente in-ternacional. “Com essa parce-ria, procuramos obter transfe-rência de know-how . Há incubadoras em todo o mundo olhando para o Brasil em busca de um guia para desvendar as

maneiras como o país trabalha o processo de incuba-ção”, conclui.

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, deu o exemplo da China para mostrar como um país pode alavancar a sua economia por meio do desenvolvimento inovador. “Este século vai ser mar-cado pelos países que sabem e não pelos países que têm”, destacou. O governador frisou a importância de se fazer investimentos em educação, ciência e tecno-logia para alavancar economias. “Podemos ser um Va-le do Silício pela geração de conhecimento aqui. Não somos um país de commodities, somos um país que exporta inteligência”, garantiu. Apostando nessa ideia, o estado de Santa Catarina aprovou lei que prevê in-vestimentos de 2% da receita em inovação e empreen-dedorismo.

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apresentação do Balé Bolshoi na abertura do evento

A internacionalização de empresas inovadoras ga-nhou mais aliados durante o Seminário Nacional, com as assinaturas de dois acordos entre instituições bra-sileiras e europeias. Um deles foi selado entre o Escri-tório de Negócios Internacionais (ENI), da Fundação Certi, e o Invest Lisboa, agência de promoção de in-vestimentos na capital portuguesa.

Com o objetivo de identificar negócios em Lisboa, o acordo oferece às empresas inovadoras a oportuni-dade de prestar serviços e consultorias na capital por-tuguesa, além de buscar investidores locais. “Será um facilitador para as empresas interessadas em expandir seus negócios em Portugal, dando suporte local desde a abertura de mercado até consultoria customizada”, afirma Alexandre Steinbruch, coordenador do ENI, entidade ligada à Associação Comercial de Lisboa.

Outro convênio foi assinado entre a Fundação Cer-ti e a Universidade Carlos III de Madri. O texto prevê acesso bilateral das empresas aos mercados brasileiro e espanhol. O objetivo do convênio é promover coo-peração técnica, capacitação e transferência de tecno-logia entre as empresas ligadas aos parques tecnológi-cos da universidade espanhola e da Certi. “O convênio visa diretamente a internacionalização das empresas, que terão, por exemplo, disponibilidade de espaço e infraestrutura no parque tecnológico da Universidade de Madri, assim como receberemos as empresas espa-nholas”, diz Steinbruch .

Os acordos foram resultados da rodada de negócios

promovida pelo ENI durante o Seminário da Anpro-tec. A rodada reuniu 17 estrangeiros de parques tec-nológicos, empresas, entidades e institutos de P&D, representando sete países (Portugal, Espanha, Eslovê-nia, Costa Rica, Uruguai, Chile e Colômbia). Do Bra-sil, 65 empresários participaram do evento que gerou 160 encontros. “Essa aproximação pessoal, quando os empresários se conhecem e têm a oportunidade de conversar, é um primeiro passo para a concretização de negócios”, completa Steinbruch.

Inovação cultural

Na noite de abertura do evento, em 28 de outubro, os participantes se encantaram com a apresentação do espetáculo “Divertissement”, da Companhia Jovem da Escola do Teatro Bolshoi do Brasil.

Primeira escola do Balé Bolshoi fora da Rússia, a instituição busca proporcionar uma possibilidade de crescimento cultural para crianças carentes. O projeto é desenvolvido em Joinville desde 1998 e atende crian-ças de 22 estados do Brasil, que sonham em ser baila-rinos. Com um elevado padrão de excelência na área, o Bolshoi é reconhecido como a melhor instituição de dança clássica do mundo.

acordos com espanha e portugal fomentam internacionalização

plenária também abordou internacionalização de Mpes

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Projeto do Banco Mundial para empreendedoris-mo e inovação, o infoDev atua desenvolvendo ativi-dades de tecnologia da informação e comunicação (TIC) nos países em desenvolvimento. O Fórum, que teve sua terceira edição realizada em 2009, repre-senta a área central de atuação da entidade e visa a troca de ideias e experiências entre os representan-tes de incubadoras de diversos países.

Valerie D’Costa, gerente do projeto, explica que atingiu o principal objetivo do evento: mudar a di-reção estratégica adotada até agora pela instituição. “Saindo de pura incubação de negócios e indo para um panorama internacional da agenda da inovação e desenvolvimento tecnológico. O programa do evento objetivou atingir exatamente isso. Não fala-mos apenas de questões ligadas ao dia a dia da in-cubação, mas pensamos as questões mais estratégi-cas, ligadas ao desenvolvimento, colocando a inovação como uma ferramenta para isso”.

Além disso, o Global Forum foi uma forma de destacar o Brasil, que é um novo doador do infoDev por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia. A entidade possui 175 incubadoras associadas nos pa-íses em desenvolvimento do mundo e todas parti-ciparam do evento no Brasil. O Fórum possibilitou o surgimento de novas ideias para o movimento na área de inovação e empreendedorismo e também para o próximo anfitrião do Global Forum, que se-rá a Finlândia.

Em parceria com o infoDev, a M-CAM – em-presa de serviços em transferência de tecnolgia e inovação – lançou, durante o 3º Global Forum, o Global Innovation Commons, site que agrega pa-tentes de um sistema que é arquivado desde o sé-culo XVII.

David Martin, presidente da M-CAM, explicou que essas patentes possuem um valor intangível de US$ 2 trilhões e que agora estão disponíveis na in-ternet, no site http://www.globalinnovationcom-mons.org/front. “A única condição é que o usuário das informações disponíveis no Global Innovation Commons deve compartilhar com os demais o que ele está fazendo. Caso alguma patente seja melhora-da, essa melhora deve ser compartilhada e a referên-cia ao Global Innovation, quando as informações forem compartilhadas, é obrigatória”, explica. As centenas de milhares de patentes disponíveis no si-te não são mais mantidas por órgãos oficiais e, por isso, estão expiradas.

“A universidade não se adapta mais às necessida-des da sociedade de um modo geral. Nesse contex-to, surgem os parques tecnológicos como um real-ce dessa necessidade de deixar de fazer ensino para conseguir uma relação maior com a socieda-de”. A frase acima, dita pelo reitor da Universida-de de Itajubá (Unife), Renato Aquino, resume o conteúdo de um dos workshops do XIX Seminário: “Parques tecnológicos: políticas públicas, atração de investimentos e estratégias de desenvolvimento – por que e como”. Na tarde do primeiro dia do Se-minário, profissionais do setor se reuniram para expor as razões e motivações para se investir em um parque tecnológico.

Aquino debateu as incongruências entre o merca-do e o meio universitário e disse que, no Brasil, mui-tos acadêmicos têm muito receio em misturar os dois setores. “Há um conflito entre a formação para o mercado e a formação intelectual, o que não é in-compatível de forma alguma”, comentou.

Metas do 3º Global Forum

patentes criadas desde o século Xvii estão disponíveis na internet

Workshop discutiu a importância dos parques tecnológicos

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O XX Seminário de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas ocorrerá em Campo Grande (MS), em 2010. Com 755 mil habitantes, a cidade é considerada o portal do Pantanal. Por isso, o prefeito municipal, Nel-son Trad Filho, afirma que a cidade está muito satisfeita em abrigar um evento desse porte.

De acordo com Trad, a realização do Seminário na cidade vai estimular discussões que aliem inovação e sus-tentabilidade, dois temas em destaque na agenda global atualmente. “Os administradores da geração mais jovem têm certamente uma preocupação maior com isso e sabemos que nessas discussões podem estar soluções para problema futuros, que podem ser combatidos por meio da inovação. Então, estamos muito satisfeitos em tocar nesse tema e influenciar positivamente a pauta do seminário de 2010”, afirma o prefeito. As reuniões entre a prefeitura de Campo Grande e a Anprotec iniciaram em novembro de 2009, para adequar o evento às caracte-rísticas do município.

Campo Grande sedia XX seminário em 2010

Com a mulher ganhando cada vez mais espaço nas universidades e no ambiente empresarial, seria natural que o movimento do empreendedorismo inovador também fosse bastante aquecido pela força feminina. Entretanto, segundo profissionais do infoDev, progra-ma do Banco Mundial, especialmente nos países em desenvolvimento como o Brasil ainda há inúmeras bar-reiras que impedem a presença delas no cenário da incubação de negócios.

Esse foi o tema de uma sessão paralela no Seminá-rio: “Incubadoras de Empresas & Mulheres Empreen-dedoras”. A mesa era formada por profissionais que comandaram ações do projeto do Banco Mundial em prol da promoção do empreendedorismo feminino pe-lo mundo: Zamira Akbagysheva, líder do grupo; Mba-rou Mbaye, coordenadora das ações na África, e Noe-lia de Leon, coordenadora das ações na América Latina e no Caribe.

Proveniente do Quirguistão, Zamira destacou que existem 6 mil negócios incubados no mundo e que poucos enfocam as mulheres. Exatamente para pro-mover uma maior inserção do sexo feminino nesse ambiente, o infoDev tem como estratégia a promoção de ações de divulgação de informações sobre o tema, procurando estimular a maior inserção delas no cená-rio da inovação e empreendedorismo.

As causas para a falta de inserção das mulheres no ambiente inovador, segundo a senegalesa Mbarou, são fatores desestimulantes, como barreiras culturais e re-ligiosas, sobrecarga de atividades, pouca organização e falta de acesso a crédito. “Muitas mulheres não con-seguem obter um financiamento por não terem uma

propriedade”, explicou. Noeli, da Costa Rica, destacou que na América Latina e no Caribe a falta de capaci-tação, as dificuldades de ingresso no mercado de tra-balho e o baixo acesso a tecnologias são outros obstá-culos a serem enfrentados.

Para combater o problema, o grupo apresentou re-comendações gerais para atuação dos países, como a promoção de capacitações, a criação de iniciativas de apoio aos negócios femininos e melhorar estratégias para acesso das mulheres ao mercado. As profissionais ponderaram que existem oportunidades para o empre-endedorismo feminino crescer no continente, que in-cluem ações de várias organizações pelo desenvolvi-mento das mulheres, como os cursos de capacitação via internet, o grande número de profissionais do sexo feminino em posições para tomar decisões políticas e a criação do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.

empreendedorismo feminino em pauta

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A programação do Seminário foi iniciada com uma série de treinamentos voltados a profissionais de in-cubadoras de empresas. A Anprotec, em parceria com o Sebrae, realizou cursos sobre temas ligados à inter-nacionalização e a tecnologias inovadoras.

As maneiras como as empresas incubadas podem se aproveitar do cenário internacional foram abordadas no tema “Estratégias de Cooperação Internacional”. Segundo Maurício Schneck, assessor de relações in-ternacionais da Anprotec e um dos palestrantes, a ideia era mostrar quais são os passos que levam uma em-presa a conseguir alavancar as estratégias de interna-cionalização.

Em “Avaliação e Valorização de Tecnologias Inova-doras”, os profissionais contaram com a participação de Rosangela Ribeiro e Luís Afonso Bermudéz, res-pectivamente gerente e diretor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília.

Rosangela comenta que o treinamento teve como objetivo repassar técnicas de como valorar o potencial de tecnologias inovadoras. Para a profissional, na maioria das vezes as universidades públicas e mesmo

as empresas incubadas desenvolvem pesquisas para a aplicação em produtos e processos pouco voltados ao mercado. Por isso, o treinamento discutiu o valor das tecnologias e de que maneira elas podem se inserir no mercado, pensando em elementos de gestão, como pú-blico-alvo, investimento e processos.

Para fazer com que cada incubadora consiga anali-sar sua própria realidade, Rosangela e Bermudéz apli-caram algumas técnicas que chamam de validação e valoração de tecnologias inovadoras, exemplificando com casos reais.

treinamentos incentivam a internacionalização de Mpes

Homenagem a sinhá Moreira

Durante o encerramento do XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empre-sas, representantes do Vale da Eletrônica homenagearam a precursora do polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí.

Luiza Renoó Moreira, a Sinhá Moreira, fundou a Escola Técnica de Eletrônica (ETE) em 1959. Filha do ban-queiro Francisco Moreira da Costa e descendente de uma família de políticos tradicionais, Sinhá Moreira, com recursos próprios, implantou a primeira escola técnica de eletrônica do país. Além disso, preocupou-se com questões sociais de diferentes formas, inclusive na área da saúde. O Presidente Juscelino Kubitschek ins-tituiu o ensino médio profissionalizante no Brasil, naquele mesmo ano. Dessa forma, a ETE pôde ter suas ati-vidades iniciadas.

Elias Kallás, professor de sociologia em Santa Rita, que participou do Seminário, conta que na cidade há um folclore em torno das atividades que fizeram de Sinhá Moreira o grande símbolo do Vale da Eletrônica. Preocu-pada com o fato de todos os homens saírem para estudar e retornarem já casados, ela buscou estruturar o ensi-no técnico de Santa Rita. Com isso, os homens porderiam estudar lá, as moças teriam oportunidade de se casar e a cidade não passaria por um processo de envelhecimento.

A verdade é que Sinhá Moreira se preocupou com questões sociais de diferentes formas, inclusive na área de saúde. Meia década depois da fundação da ETE, a cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí conta com 130 em-presas do setor de eletroeletrônicos, organizadas em um Arranjo Produtivo Local e que empregam 10 mil pes-soas. Sinhá Moreira faleceu em 1963, muito antes de pensar na formação do Vale da Eletrônica. A cidade ja-mais a esqueceu.

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plonski é reeleito presidente da anprotec 

Guilherme Ary Plonski foi reeleito para a presidência da Anprotec, na Assembleia Ge-ral que aconteceu no último dia 28 de no-vembro, durante o Seminário da Anprotec.

Na composição da diretoria, que coman-dará a entidade pelos próximo dois anos, está a vice-presidente Francilene Procópio Garcia, primeira mulher eleita ao cargo. Francilene é diretora geral da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (ParqTcPB) e professora e pesquisadora da Universida-de Federal da Paraíba (UFPB) desde 1989.

O reitor da Universidade Federal de Ita-jubá (Unifei) e co-criador da Rede Mineira de Inovação (RMI), Renato de Aquino Faria Nunes, reforça o comando da Anprotec, as-sim como Tony Chierighini, da Fundação Centro de Referência em Tecnologias Ino-vadoras (Certi). Foram reeleitos para o cor-po dirigente Gisa Helena Melo Bassalo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Paulo Roberto de Castro Gonzalez, da Fun-dação de Ciência e Tecnologia (Cientec).

Entre os planos para 2010 estão a imple-mentação dos programas Sapi e Cerne, o incentivo à internacionalização das empre-sas e a continuidade das parcerias para dar apoio aos parques tecnológicos. “Será uma agenda parecida com a dos dois anos an-teriores, mas com um estágio mais avan-çado dos temas”, conclui Plonski.

Na trilha do empreendedorismo inovador 

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi parceiro da Anprotec na organização do Seminário. O pre-sidente da entidade, Paulo Okamotto, comenta por que a ino-vação é um fator essencial para o desenvolvimento da econo-mia brasileira.

Quais são os instrumentos usados pelo Sebrae para dimi-nuir a dificuldade, no Brasil, em transferir conhecimento acadêmico e científico para o mercado?

Desenvolvemos algumas ferramentas, como os agentes lo-cais, 30 pessoas nos estados, contratadas pelo Sebrae, que vão às empresas e fornecem consultoria especializada. Também trabalhamos dando apoio a incubadoras e fazendo parcerias para levar esse conhecimento às empresas. Se bem combina-dos com o potencial empresarial de uma região, as incubado-ras e os parques tecnológicos podem ser um grande instru-mento para fazer com que o conhecimento crie produtos de alta tecnologia.

Quais as políticas do Sebrae para estimular MPEs a in-vestir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil? Co-mo incentivar a cooperação com ICTs, PqTs e Incubadoras nessa área?

O que nós estimulamos nas micro e pequenas empresas é que elas entendam que para inovar não necessariamente é preciso realizar longas e custosas pesquisas, como as grandes empresas. Também atuamos estimulando o acesso às novas tecnologias, porque, muitas vezes, saber que existe uma má-quina mais moderna e um processo mais eficiente já é um grande passo para a inovação.

Como fazer com que instrumentos de incentivo à inova-ção alavanquem o setor?

É importante informar às empresas que há institutos e centros de pesquisa que podem desen-volver ideias, que há dinheiro e financiamento, quais incuba-doras, parques tecnológicos e empresas podem auxiliá-los. Nesse contexto, também en-tram as orientações sobre as leis que podem ajudá-los a crescer competitivamente. parcerias 

para apoio aos parques tecnológicos seguem sendo prioridade na gestão de plonski

Okamotto explica os instrumentos utilizados 

pelo sebrae para fomentar a inovação no Brasil

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sustentabilidade social no agronegócio

A relação entre agronegócios susten-táveis e a inclusão social pautou mais uma plenária do Seminário da Anpro-tec. A mediação foi feita pelo gerente de Agronegócios do Sebrae Nacional, Paulo Alvim. Para ele, “o agronegócio sustentável é um assunto relevante e no Brasil tem sido trabalhado com a relação entre produção de alimentos, de fibras e da agroenergia”.

O chefe de Agronegócios do Institu-to Icrisat, da Índia, Kiran Sharma, res-saltou o papel do agronegócio como instrumento de mudança. “É preciso diversificar a produção e gerar recei-tas”, afirmou. O Icrisat criou na Índia um parque tecnológico que trabalha com biotecnologia para o agronegócio.

A coordenadora do Movimento em Conhecimento Rural da Fundação de Pesquisa Swaminathan, também da Índia, Ganga Vidya, falou que a instituição trabalha com conceitos como agricultura orgânica e cidades verdes, que utilizam energias renováveis e elementos não poluentes.

Índia, Brasil e África do sul na rota do desenvolvimento 

Representantes dos três países se reuniram no Se-minário para discutir as similaridades nos proble-mas e nas alternativas de empreendedorismo de ca-da região.

O diretor de inovação da Financiadora de Estu-dos e Projetos (Finep), Eduardo Costa, detalhou os principais programas desenvolvidos pelo governo federal. “Nosso trabalho é investir nas empresas e medir o retorno que essa verba tem para as mes-mas”, explica.

Boni Mehlomakulu, presidente do Bureau of Standards da África do Sul, destacou o poder da inovação nos mais diversos segmentos. “Por meio da tecnologia, podemos criar soluções para levar água e comida, por exemplo, para quem não tem”, argumenta.

Harkesh Kumar Mittal, consultor do Departamen-to de Ciência e Tecnologia da Índia, observa que os países emergentes devem se basear no exemplo de outras nações asiáticas, que começaram a investir em produtos com maior valor agregado.

estrategigrama: nova ferramenta para avaliação de parques tecnológicos

O diretor da Associação Internacional de Parques

Tecnológicos (IASP), Luis Sanz, apresentou durante o Seminário da Anprotec o Estrategigrama, uma fer-ramenta para análise de parques tecnológicos. Ele apresentou o caso do Porto Digital de Recife (PE), que utiliza o sistema.

Segundo Sanz, a ferramenta pode ser usada para mensurar o impacto de um parque tecnológico, para verificar a evolução estratégica do parque ou ainda para a tomada de decisões sobre como e onde cons-truir um parque tecnológico.

A ferramenta tem um índice que varia entre 10 e -10, com uma série de itens que são analisados e de-terminados por esses indicadores. Isso permite aos parques tecnológicos planejar mudanças em médio e longo prazo, alterando seu perfil. “Podemos tirar conclusões ao analisar dados de vários parques tec-nológicos usando as ferramentas do Estrategigrama”, explicou Sanz.

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A sustentabilidade ganha cada vez mais espaço na agenda das empresas. Além

do interesse na promoção do bem-estar nas esferas social, econômica e ambiental, di-versas iniciativas têm trilhado um caminho de sucesso em negócios sustentáveis. Aten-ta a mais esse nicho de mercado, a Anpro-tec e o infoDev reuniram especialistas para discutir o tema. A plenária sobre tec-nologias sustentáveis foi um dos destaques do XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e III infoDev Fórum Global de Inovação & Empreendedorismo.

O gerente sênior do portfólio de Tecno-logias da Informação e Comunicação (TIC) do International Finance Corporation, Kent Lupberger, conduziu a discussão, que con-tou com representantes do setor de TIC do infoDev, do Stratus Group no Brasil, da

Foco nas gerações futurasTecnologias sustentáveis geram oportunidades de negócios e um novo nicho para atuação de incubadoras de empresas

empresa GeoCiclos, do Chile; da embaixa-da finlandesa nos Estados Unidos e da Companhia de Energia do Meio Ambiente de Ruanda.

Entre as principais questões aborda-das, destacaram-se a discussão sobre a ausência de políticas públicas de incen-tivo à inovação no setor de meio ambien-te, as condições ideais para aplicação de fundos como o do Status Group e o des-taque do Brasil no cenário mundial nas questões referentes a energias limpas e potencial inovador.

Segundo Lupberger a situação é de aler-ta. “Estamos usando os recursos dos nossos filhos hoje, numa proporção de 1,4 vezes mais do que podemos restituir”. Ele defen-deu um crescimento responsável, que en-contre respaldo nas políticas públicas. “Creio que as empresas ambientalmente

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corretas deveriam ter um tratamento diferenciado, para mudar a mentalida-de da comunidade e dos empresários”, argumentou.

A falta de dife-renciação por parte do poder público é apenas uma das di-ficuldades enfren-tadas pela primeira e única incubadora brasileira especia-lizada em econegó-cios, a IncubaLIX, instalada no município de Cariacica, na Região Metropolitana de Vitória (ES). A gestora da incubadora, Ales-sandra Schirmer, considera injusta a polí-tica de tributação aplicada no Brasil. “Não temos nenhuma diferenciação em relação aos impostos, mesmo trabalhando com re-síduos. Esses produtos já foram tributados quando usados na sua finalidade original e no processo de reutilização passam por nova tributação”, explica.

Potencial verde

Apesar de condições adversas, o diretor no Brasil do grupo de investimentos Stra-tus Group, Oren Pinsky, vê no país um gran-de potencial para crescimento no mercado da inovação sustentável. O grupo trabalha com diversas linhas, como o de growth ca-pital, no qual está inserido o Fundo Stratus CleanTech, especializado em investimentos na economia limpa. “O Brasil reúne van-tagens como o meio ambiente e biodiver-sidade favoráveis, a cultura de reciclagem, o potencial hídrico, as energias renováveis e a produção orgânica”, destaca Pinsky, res-ponsável pelo CleanTech.

Mas por que, afinal, todo esse potencial ainda não é aproveitado? Para o especia-lista em política de TIC do infoDev, do BancoMundial, Seth Ayers, as startups da área de tecnologias limpas têm um proces-

so mais demorado de implantação. Segun-do ele, isso se deve basicamente a dois as-pectos: o alto investimento em P&D e a necessidade de educação do público.

No caso do fundo da Stratus, o foco são empresas que estão no final do processo de incubação, crescendo e caminhando para abrir seu capital e com faturamento anual entre R$ 15 milhões e R$ 150 milhões. Na outra ponta da cadeia estão as empresas nascentes, que sofrem ainda mais com as dificuldades apontadas por Ayers.

A IncubaLIX vive de perto essa realidade. A gestora da incubadora reconhece que a aposta no mercado de tecnologias sustentá-veis está dando cer-to, mas a captação de empreendedores é a maior dificulda-de encontrada. “Uma incubadora de econegócios tem um perfil muito di-ferenciado. Dificil-mente vemos nesse ramo histórias de jovens que saem da faculdade e mon-tam sozinhos seu próprio negócio, com um notebook debaixo do braço. O investimento ini-

plenária sobre tecnologias 

sustentáveis integrou a programação 

do seminário e do Global Forum

ayers, do infoDev: alto investimento em 

p&D e necessidade de educação do 

público são inerentes às tecnologias 

sustentáveis

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cial é geralmente alto e a demanda é por grandes espaços físicos”, afirma.

E espaço físico é o que não falta para a IncubaLIX. Com sede no aterro sanitário Marca Ambiental, a incubadora conta com 2,5 milhões de metros quadrados. Atual-mente, abriga quatro ecoindústrias em fa-se de incubação e outras sete graduadas. Elas recebem apoio nos serviços de escri-tório, na disponibilização de áreas e pré-dios para instalação, de equipamentos e na contratação de mão de obra local.

Exemplo sustentável

Na IncubaLIX, a preocupação com o meio ambiente vai além do investimento em ideias sustentáveis. A sede e as instalações do ater-ro são construídas com tijolos e telhas eco-lógicos, produzidos por uma das incubadas (mais informações no box). Ao contrário dos demais aterros, no Marca Ambiental não se sente mau cheiro, já que os resíduos não aproveitáveis são alocados em valas profun-das e isoladas do solo com material imper-meabilizante para evitar o vazamento e con-taminação dos lençóis freáticos. Quando a célula atinge a capacidade máxima, sua su-perfície é reflorestada com mudas de euca-lipto e pínus canadense.

Para chegar a esse patamar, a IncubaLIX contou com o apoio de diversos parceiros. A implantação da incubadora só foi possí-vel graças à empresa Marca Ambiental, que

atua na área de gestão de resíduos. A em-presa participa do Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis (PCMR) e apoiou a iniciativa pioneira, em parceria com o governo estadual, com o Sebrae/ES e com o Instituto Ideias.

A criação do Instituto Marca de Desen-volvimento Socioambiental (Imadesa), em 2006, consolidou a atuação da empresa na área da responsabilidade social. Da parce-ria do Imadesa com o Sebrae/ES, no ano seguinte nasceu a IncubaLIX.

A incubadora conta hoje com uma clien-tela formada pelas prefeituras de Vitória e de mais 60 cidades da região metropolita-na e do interior. Essas entidades respondem pelo desembarque de mais de mil tonela-das de resíduos por dia no aterro. Esse ma-terial é armazenado, separado e transpor-tado até as ecoindústrias ligadas à IncubaLIX.

As perspectivas dos gestores da incuba-dora são a expansão do número de incu-badas e a captação de mais recursos. “O que tem se mostrado atualmente é que o negócio não está relacionado apenas à ques-tão ambiental, mas que também tem um potencial financeiro promissor”, observa Alessandra.

A partir desse foco, muitas empresas ca-minham no estrado da aposta nas tecnolo-gias sustentáveis para agregar valor a seus produtos e processos. “A tecnologia limpa é a melhor classe de ativos do mundo de ca-pital de risco”, analisa Lupberger. Adotando essa estratégia, muitos empreendedores cap-tam recursos e investimentos, geram renda e emprego e ainda contribuem para a sus-tentabilidade social e ambiental.

No Chile

A GeoCiclos é uma empresa de econe-gócios localizada em Valparaíso, cidade ao leste do Chile. O empreendimento foi con-cebido a partir de um trabalho acadêmico realizado pela engenheira ambiental An-drea Arriagada, que buscou a parceria da engenheira química Lina Razeto, sendo que

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empresa residente na incubaLiX  fabrica tijolos ecológicos

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ta Maria, e firmou parceria com a Corfo, a agência de desenvolvimento econômico do Chile. Hoje, a GeoCiclos oferece serviços nas áreas de design e implantação de plan-tas de compostagem, assessoria na gestão de resíduos, assessoria em Produção Lim-pa, além de promover capacitação em re-ciclagem de resíduos orgânicos.

Andrea afirma que o grande desafio es-tá daqui para frente, quando a GeoCiclos deixará de receber incentivos públicos e terá que caminhar com as próprias pernas. “O mercado ainda não está consolidado, há a necessidade de uma mudança de men-talidade, uma consciência ambiental tanto no nível industrial como no domiciliar”, observa. É essa consciência, somada ao es-pírito empreendedor, que fomenta o cres-cimento constante de iniciativas rentáveis e sustentáveis como a da GeoCiclos e da IncubaLIX.

até então ambas atuavam no mercado da agroindústria. Juntas, criaram uma empre-sa especializada no desenvolvimento, inte-gração e implementação de sistemas para o tratamento de resíduos orgânicos. A re-ceita, segundo Arriagada, é simples: “Trans-formamos lixo em dinheiro”.

O carro-chefe da GeoCiclos é o desen-volvimento de plantas de compostagem e humificação (o processo de formação do húmus), que são utilizadas para o trata-mento dos dejetos orgânicos domiciliares e de indústrias. A ideia de investir na com-postagem encontrou terreno fértil no mer-cado chileno. Andrea explica que o custo para manejar somente os resíduos domici-liares é altíssimo, chegando à casa dos US$ 50 mil por mês no Chile.

A empresa está incubada no Instituto In-ternacional para La Innovación Empresa-rial, da Universidad Tecnica Federico San-

veja abaixo os produtos e processos desenvolvidos pelas empresas residentes na icubaLiX:Biococo – produz mantas e artefatos a partir de fibras de coco e já tem atuação consolidada no mercado. Revertec – trabalha com reciclagem e reaproveitamento de materiais oriundos de equipamentos e aparelhos eletroeletrônicos. Os produtos são revendidos nos mercados interno e externo.Biomarca – reaproveita óleos descartados por bares, restaurantes e condomínios para fabricar biocombustível. Fertsan – reaproveita os resíduos do setor sucroalcooleiro e utiliza o material para alimentar  uma pequena estação de energia termelétrica que opera no aterro.

O aterro Marca ambiental abriga também outras sete empresas graduadas: a ecofábrica de papel reciclado, à base de ervas e flores; a ecoindústria Marca de vassouras pet, a ecoindústria Marca de tijolos ecológicos, a ecoindústria Marca de telhas ecológicas, a ecoindústria Marca de tinta ecológica, com materiais feitos de resíduos da exploração de rochas ornamentais; a ecoindústria Marca de Grãos de plástico e a ecoindústria Marca de sacolas recicladas.

se a sua ideia é compatível com o perfil da incubaLiX 

e você reside na Grande vitória ou no interior do espírito santo, fique atento às convocações que são feitas via edital e publicadas no site: http://www.marcaambiental.com.br/

Negócios sustentáveis

Biomarca, que reaproveita óleo 

de cozinha, e fabricação de vassouras 

ecológicas

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Distantes, desiguais, conectadosAmplamente utilizada em países em desenvolvimento, tecnologia móvel figura entre nichos de negócio com grande potencial de crescimento

N ão há como negar o papel do celular na inclusão tecnológica das popula-

ções de países em desenvolvimento. Em maio de 2009 o Brasil chegou a 157,5 mi-lhões, uma densidade de 82,4 celulares por cem habitantes, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Já em 2003 o número de celulares havia superado o de telefones fixos no país. Se-gundo Marc Laperrouza, diretor de pes-quisa da École Polytéchnique Fédérale Lausanne, da França, a telefonia móvel é a única tecnologia, em toda a história, mais utilizada nos países em desenvolvi-mento do que nos desenvolvidos. Nas na-

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ções mais pobres estão 59% dos assinantes do mundo. Com base nesse fato a gerente do infoDev, Valerie D’Costa, questionou aos participantes da plenária Acessibili-dade e Conectividade Móvel: como uma ferramenta estratégica e revolucionária como o celular pode auxiliar no desenvol-vimento de novos mercados?

O infoDev, programa do Banco Mun-dial focado no desenvolvimento de ati-vidades de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), busca promover ações que respondam a essa questão. “Criando negócios sustentáveis na eco-nomia do conhecimento” é o nome dado

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ao projeto mais recente da entidade. For-malizado em dezembro de 2009 entre o infoDev, a Nokia e o governo finlandês, o projeto deve investir 11,9 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) em pro-gramas para promover inovação e com-petitividade entre micro e pequenas em-presas da África, Ásia e Europa Central, nos setores de TIC e agronegócios. “O projeto vai incentivar o uso principal-mente de tecnologias móveis para que os empresários desenvolvam plataformas, serviços e aplicativos em seus países. Acreditamos que o celular é uma impor-tante ferramenta de inclusão social”, afir-ma Valerie. A expectativa é que o proje-to crie empregos, melhore o ambiente de inovação e empreendedorismo dessas re-giões e aumente a produtividade dos se-tores que prioriza.

Crescimento constante

Ferramenta de inclusão digital, o celular foi, por muito tempo, objeto de luxo. No Brasil, há pouco mais de uma década mui-tos se angustiavam com a disputa de uma desejada e cara linha móvel. No final de 1997, véspera da privatização da Telebrás, 4,5 milhões de aparelhos móveis estavam em serviço no país.

Com a popularização do serviço, após a privatização das empresas de teleco-municação, surgiram mais usuários, mais aparelhos, mais instalações. Resul-tado: crescimento de escala e baratea-mento dos celulares e da infraestrutura de rede. Para atender a uma população de baixa renda, com possibilidade limi-tada de pagar por serviços de telecomu-nicações, ao lado de uma demanda forte nas classes mais altas, as operadoras ti-veram que oferecer serviços para todos os tipos de bolso. Criaram um mix de planos composto por alternativas com preço de minuto baixo e valor fixo alto ou preços por minuto mais altos sem ta-rifa fixa. As classes A e B escolheriam a primeira alternativa, enquanto as demais

ficariam com a se-gunda.

A estratégia deu certo. É inegável o papel do pré-pago na universalização dos serviços de te-lecomunicação. O terminal móvel é o único meio de comunicação em 12,1% das resi-dências das clas-ses C, D e E brasi-leiras. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de D o m i c í l i o (PNAD), do Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), re-alizada em 2003. Mesmo que o celular seja o famoso “pai de santo”, aquele que só recebe chamada, a ponte entre os tra-balhadores sem endereço comercial de-finido – pedreiros, manicures, taxistas e motoboys, vendedores dos mais variados produtos em feiras livres – e seus clien-tes é feita pelo celular.

Faz tudo

Celular, hoje em dia, também faz liga-ções, porque as utilidades e os aplicativos são tantos que, na maioria das vezes, o objetivo primeiro de um consumidor de celular não é apenas o de se comunicar com outras pessoas. Ele fotografa, filma, transmite canais de TV aberta, toca mú-sica... e fala. Com uma crescente oferta de inovações, a indústria de aparelhos trouxe uma grande variedade de funções, antes não relacionadas a aparelhos celu-lares. Com essa oferta, personalizaram-se, inicialmente, os toques por meio de ringtones, e o uso de sons polifônicos criou um novo negócio. O celular com câmera surgiu em 2000, quando a Sharp

valerie D’Costa, do infoDev: como o 

celular pode auxiliar o desenvolvimento 

de novos mercados? 

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o p o r t u N i d a d e

apresentou ao mercado o J-Pho-ne, nos Estados Unidos. O apare-lho foi lançado co-mercialmente em 2002 e os primei-ros modelos che-garam ao Brasil em 2003. Daí para aplicativos como GPS e TV embuti-dos foi um pulo.

Outra novidade é o pagamento de contas pelo celu-lar. Roberto Rittes, diretor geral da operadora de tele-fonia móvel Oi, apresentou na ple-nária o projeto Pa-

ggo, tecnologia que foi adquirida pela em-presa no início de 2008. O Paggo é uma plataforma que realiza pagamentos por celulares. Segundo Rittes, a oportunidade de mercado surgiu da constatação de que os lojistas resistiam a aceitar cartões de crédito devido ao custo cobrado pelas operadoras. Assim, a empresa elaborou o serviço de mobile payment, pelo qual o estabelecimento comercial só precisa ad-quirir um chip que custa US$ 2.

Disponível em nove estados do Brasil, o OiPaggo foi testado inicialmente no Nordeste do país. “A ideia é que taxistas, pipoqueiros e até barracas da beira da praia aceitem o pagamento pelo celular”, explicou Rittes. Para estimular os consu-midores a utilizarem o serviço, as transa-ções de compra são feitas por meio de torpedos gratuitos.

Em todo lugar

Atualmente, a tecnologia mais utilizada pelas operadoras móveis no Brasil é o GSM (Global System for Mobile Commu-nications), que já está na terceira geração.

rittes, da Oi: serviço de mobile payment  substitui uso do cartão de crédito

O aumento de velocidade nas redes das operadoras com a 3G, como é conhecida, está intensificando a presença dessas em-presas no mercado de banda larga para acesso à internet. Nas regras do edital de licitação dessa tecnologia, a Anatel incluiu obrigações de cobertura em municípios não atendidos e prazos para que elas se-jam cumpridas.

Atualmente, segundo dados da Anatel, 1.190 dos 5.564 municípios brasileiros não contam com o serviço de telefonia móvel. São cidades pequenas, com menos de 30 mil habitantes, mas que juntas abrigam 12,1 milhões de pessoas, o equivalente à soma das populações de Santa Catarina e do Maranhão. Conforme as recomendações da Anatel, até abril de 2010 todas essas ci-dades devem ser atendidas. Esse é o prazo máximo que o órgão regulador deu para as operadoras de telefonia móvel chegarem aos grotões do Brasil.

Com o avanço tecnológico e o com-promisso das operadoras de telefonia móvel de levarem a 3G às regiões mais isoladas do Brasil, é bem possível que muitas pessoas acessem a internet pela primeira vez via celular, tanto aquelas hoje sem conexão quanto uma nova ge-ração que já usa o aparelho quase como principal ferramenta de comunicação.

Hoje os celulares mais comprados são os smartphones, que possuem funciona-lidades avançadas e aplicativos seme-lhantes aos de computadores pessoais. Diante da falta de padronização desses aparelhos, divididos atualmente entre os sistemas Windows Mobile, da Microsoft, e Symbian, formado por um grupo de empresas no qual a Nokia é majoritária, a Google ofereceu uma saída. Propôs a formação da Open Handset Alliance, on-de estão fabricantes de chips, aparelhos e softwares, com a ideia de desenvolver um padrão aberto para os terminais mó-veis, por enquanto batizado de Android. A entrada da Google nessa área é uma mostra da força que o acesso à internet deve ganhar no celular.

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i N t e r N a c i o N a l

Pequenas empresas inovadoras provam que a conquista do mercado internacional deixou de ser privilégio das gigantes

Prontas para ganhar o mundo

A famosa internacionalização, que por muito tempo parecia possível apenas

para grandes organizações, está cada vez mais inserida no cotidiano de pequenas empresas. Nos últimos anos, o termo am-pliou seu significado. O que antes se res-tringia a vender e comprar fora do país,

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agora envolve contratos e parcerias co-merciais para fabricação, montagem, dis-tribuição, manutenção, suporte de pós-venda e mesmo para venda de licenças, marcas e franquias no exterior.

Liderados por grandes empresas no passado, os movimentos de internaciona-lização das cadeias produtivas e de globa-lização da economia hoje permitem, em-bora de forma ainda menos evidente, a

entrada de pequenas empresas no mer-cado global. Barreiras a esse proces-

so não faltam: pouca informação, baixa escala de produção e re-

cursos escassos impedem que MPEs sejam mais agressivas no mercado externo. Por outro lado, parcerias com empresas maiores e in-gresso em cadeias produ-tivas internacionais têm se mostrado boas alterna-tivas aos empreendimen-tos que buscam crescer

fora do país de origem. Ao se tornar a represen-

tante sul-americana da Ansys, a catarinense ESSS ganhou o

visto para o mercado internacio-nal. Especializada no desenvolvi-

mento de sistemas de simulação nu-mérica, a ESSS optou por atuar como

revendedora da empresa americana, que atua no mesmo nicho de negócios. Em

pouco tempo, a empresa, que foi incu-bada no Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avança-das (Celta), de Florianópolis, abriu

um escritório no Chile e passou a de-senvolver projetos nos Estados Unidos

e na Argentina.

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Em 2008, a ESSS alcançou faturamento superior a R$ 10 milhões, passando de MPE a empresa de médio porte. A traje-tória da ex-incubada mostra que peque-nos empreendimentos crescem a partir da inovação. A ESSS ganhou projeção na-cional ao desenvolver a biblioteca de pro-gramação COIlib, em parceria com o La-boratório de Simulação Numérica em Mecânica dos Fluidos e Transferência de Calor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A COIlib foi base para importantes projetos na área de simula-ção de reservatórios de petróleo, criando um vínculo entre a empresa, a UFSC e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), para realizar projetos de P&D nas áreas de exploração, produção, refino e distribuição de petróleo e derivados.

No Rio de Janeiro, a incubadora de em-presas da Coppe/UFRJ foi o palco de uma história de internacionalização diferente, em que o empreendimento já nasceu en-volvido com uma cadeia produtiva globa-lizada. Foi o caso da PGT, especializada em identificar áreas com potencial para descobertas de petróleo. Além das brasi-leiras Vale, Queiroz Galvão e Starfish, a norueguesa Norse Energy e a colombiana Ecopetrol figuravam entre seus clientes, garantindo a presença no mercado inter-nacional. Em 2008, a empresa foi compra-

da pela Vale, interessada em incorporar corpo técnico qualificado à sua busca por reservas de petróleo e gás.

Da incubadora ao exterior

Quando a conquista de mercados passa pela inovação, as pequenas tendem a levar vantagens. “Os negócios de menor porte podem responder mais rapidamente às demandas do mercado. Além disso, o alto grau de especialização é um outro dife-rencial dos empreendimentos de menor porte”, afirma André Calazans, analista de projetos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Porém, a mesma estru-tura enxuta que barateia as pesquisas pode atrapalhar os pequenos na hora da comercialização. Sem tantos recursos para investir em marketing e distribuição, fica difícil competir em pé de igualdade com os grandes nomes do mercado.

Para ajudar MPEs a superar as barreiras de acesso ao mercado externo, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) e o Sebrae desenvolvem programas específicos. O programa da APEX em parceria com a Anprotec, por exemplo, oferece R$ 6 mi-lhões em recursos para apoiar empresas de Tecnologia da Informação e Comuni-cação (TIC) instaladas em incubadoras e parques tecnológicos de todo o país.

A meta do projeto é elevar o patamar de exportações, passando dos US$ 100 mil obtidos em 2008 para US$ 1,9 milhão em 2009 e US$ 2,3 milhões em 2010. “As MPEs precisam entender que o processo de ino-vação, em especial a inovação incremental, está diretamente ligado à internacionaliza-ção. Para isso investimos também na capa-citação de gestores para que conciliem os dois processos”, explica Maurício Schnek, assessor de relações internacionais da An-protec. Os mercados-alvo iniciais do pro-jeto são Estados Unidos, México, França, Reino Unido, Alemanha, Portugal, Espa-nha e Colômbia.

alessandro teixeira, da apeX:  

maioria dos empreendimentos 

desconhece a própria capacidade 

de exportação 

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Ao promover os setores intensivos em tecnologia, o projeto busca contribuir para agregar valor à pauta de exporta-ção brasileira. “Nessa parceria, traba-lhamos com o conceito de ‘Incubadora de Exportação’, ou seja, queremos que as empresas que ainda estão nascendo, dentro das incubadoras e dos parques tecnológicos, já estejam desde o início se preparando para atuar também fora do Brasil. Sabemos que a maioria dos empreendimentos ainda desconhece sua capacidade de exportação e de geração de novas fontes de receita e conheci-mento no exterior”, explica Alessandro Teixeira, presidente da APEX. O projeto apoia as empresas que têm um baixo ní-vel de experiência internacional, mas que já apresentam boas práticas de ges-tão e um grande potencial técnico. As ações em parceria com a Anprotec in-cluem planejamento estratégico, inteli-gência comercial e branding (gestão de marcas) do setor.

O Sebrae também desenvolve programas para ajudar as MPEs a se internacionaliza-rem. De acordo com a instituição, o país possui 13.450 pequenas empresas exporta-doras. Esse dado não é conclusivo, pois muitas empresas levam seus produtos para fora do país através de tradings, de forma que o seu CNPJ não apareça no produto exportado. Em 2009, o Programa de Inter-nacionalização de MPEs do Sebrae benefi-ciou 1.100 empresas do país, com investi-mento de R$ 13 milhões, em 2009.

Além-fronteiras

Durante a plenária “Inovação: da con-cepção à comercialização e à internaciona-lização”, do XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, representantes de diferentes pa-íses apresentaram exemplos de promoção de empresas nacionais no mercado inter-nacional. No caso de Cingapura, apresen-tado por Serene Ho, diretora de negócios e

desenvolvimento do Departamento de Re-lações Internacionais, as empresas do país já nascem voltadas para fora.

Cingapura é uma ilha do Pacífico habita-da por dois milhões de pessoas, principal-mente chineses, malaios e indianos, e tor-nou-se um microestado independente em 1965. Por não possuir recursos naturais, o país buscou outra forma de desenvolver sua economia. O governo criou, então, um ambiente favorável ao empreendedorismo com incentivos fiscais, programas de ex-portação e suporte de internet. Segundo Ho, hoje, o microestado tornou-se o me-lhor lugar para se abrir um negócio do mundo, contando com 7 mil multinacio-nais e um PIB de US$ 180 bilhões.

Alessandro Teixeira, que representou o Brasil na plenária, ressaltou a diferença entre os dois países: por aqui, as empre-sas nascem substancialmente para aten-der ao mercado interno. Para ele, essa mentalidade deve mudar. “As empresas nacionais precisam ter capacidade de mutação tanto de produtos, quanto de processos produtivos, pois devem aten-der mercados com características hetero-gêneas”, afirmou Teixeira.

Na plenária, foram relatados cases de duas empresas brasileiras que tiveram su-cesso em seus processos de internaciona-lização: Natura e Ouro Fino (veja box na

serene Ho: em  Cingapura, empresas do país já nascem voltadas para fora

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página 29). A capacidade de adaptação a diferentes mercados foi essencial para que a Natura, em 1994, se lançasse no merca-do internacional. A empresa percebeu que as cores usadas nos cosméticos vendidos no Brasil não atraíam tanto as mulheres de outros países. Além de mudar o mix de produtos, a Natura precisou desenvolver processos de produção e gestão que se ade-quassem à demanda internacional. No co-meço, foram criados centros de distribui-ção e formação de consultoras na Argentina, na Bolívia, no Chile e no Peru. “Utilizar a faixa fronteiriça para dar início ao processo de internacionalização de uma empresa é um importante passo, porque a proximidade física facilita a integração”, afirma Vinicius Lages, gerente da Unidade de Assuntos Internacionais do Sebrae. Hoje a Natura está presente em sete países da América Latina e na França, com mais de 60 mil consultoras fora do Brasil.

Lages sugere ainda que as empresas na-cionais aproveitem as grandes comunida-des brasileiras que vivem em países como Estados Unidos, Japão e Europa para ex-pandir seus negócios. “Outros países como China e Índia souberam aproveitar bem essa rede de cidadãos de seus países viven-do no exterior para lançar estratégias de internacionalização de produtos, serviços e mesmo de suas marcas”, explica.

vinicius Lages, do sebrae: cooperação 

entre instituições de apoio às Mpes 

pode acelerar internacionalização

Cooperação internacional

O acirramento da concorrência inter-nacional e a intensificação dos fluxos de pessoas, mercadorias e informações pa-recem empurrar as empresas para um mercado cada vez mais global. Mas o processo de cooperação internacional é antigo. Teve início em 1944 na Confe-rência de Bretton Woods, quando foram estabelecidas regras para as relações co-merciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. Se-gundo historiadores, o sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na his-tória mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada, focada na coor-denação das relações comerciais entre as nações. Desde então, surgiram enti-dades para organizar essas relações, en-tre elas a Organização Mundial do Co-mércio (OMC).

Durante o XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, o Sebrae apresentou as diver-sas vantagens da cooperação internacio-nal, visando uma estratégia do processo de internacionalização de empresas. Compartilhamento de custos, inovação aberta e acesso a novos conhecimentos, tecnologias e mercados são as principais. “Uma relação de cooperação entre insti-tuições de apoio às MPEs pode encurtar a curva de aprendizagem, assegurando maior acesso a informações, à oferta de serviços técnicos especializados, bem como à identificação de parceiros comer-ciais idôneos”, explica Vinicius Lages.

A internacionalização de MPEs é uma das quatro metas da Política de Desen-volvimento Produtivo, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O objetivo é aumentar em 10% o número de MPEs exportado-ras em 2010, em relação às 11.792 em-presas que exportavam em 2006. Para que a meta se torne viável, a burocracia e a falta de informação das empresas ainda precisam ser combatidas.

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relatado pelos participantes da plenária, o case da Ouro Fino exemplifica as oportunidades que o mercado internacional pode guardar.  instalada em Cravinhos, nas proximidades de ribeirão preto, a 320 quilômetros de são paulo, a fábrica da Ouro Fino  desenvolve fármacos e outros produtos destinados ao cuidado de bois, cavalos, cabras, ovelhas, porcos, aves e animais de estimação. eles são vendidos em todo o Brasil e exportados para outros 30 países da África, américa Latina, Ásia e do Oriente Médio. em 2007, geraram um faturamento de r$ 176,9 milhões. a Ouro Fino agronegócio começou suas atividades num galpão alugado de 300 metros quadrados, há 23 anos. seus fundadores, os amigos de infância Norival Bonamichi e Jardel Massari investiram, em 1987, o equivalente a r$ 40 mil para transformar o sonho do negócio próprio numa empresa que hoje emprega 630 pessoas. a primeira empreitada dos dois amigos foi uma representação de produtos veterinários,  criada em 1985. 

em processo de internacionalização, desde 1997, a Ouro Fino possui uma única filial no exterior que foi montada no México. Nos outros 29 países, a empresa atua com representantes comerciais. são 42 brasileiros no exterior, para onde também são estendidas as iniciativas de inovação. em 2002, por exemplo, a Ouro Fino criou o primeiro vermífugo para camelos e dromedários do mundo. a oportunidade de negócio foi identificada por um profissional de vendas que atuava no Oriente Médio. Numa conversa com um pastor de dromedários da Mauritânia, ele descobriu que não existiam produtos específicos para esses animais, responsáveis pela produção do leite, base da alimentação dos povos nômades em regiões desérticas. Determinados a atender a uma demanda que os grandes laboratórios internacionais consideravam pequena demais para justificar investimentos, os pesquisadores da Ouro Fino se dedicaram a desenvolver a nova droga, testada e comercializada exclusivamente nos países do Oriente Médio. Hoje, ela já responde por 15% do faturamento no exterior.

O nascimento de novas drogas percorre um longo caminho. uma necessidade de mercado 

é mapeada e levada ao laboratório, adjacente à fábrica. Lá trabalham cerca de 80 profissionais, entre farmacêuticos, bioquímicos e engenheiros, divididos em equipes dedicadas a cada uma das diferentes espécies animais. Os prazos de desenvolvimento são longos. Da prancheta à prateleira, um produto leva, em média, quatro anos para ser desenvolvido. só o processo de registro consome no mínimo 12 meses. Mas, antes disso, a equipe percorre um trajeto que começa com uma pesquisa bibliográfica, segue por estudos aprofundados dos componentes, pesquisas de embalagens e formulação, desenvolvimento em laboratório e depois sua transposição para a escala industrial, testes clínicos em animais, fabricação de lotes-piloto e elaboração de dossiês. só então é feita a entrada do pedido de registro no Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento, que autoriza a comercialização.

É a prioridade dada à inovação e ao desenvolvimento de novos produtos que diferencia a Ouro Fino de suas concorrentes nacionais e lhe garante uma participação de 7% num mercado altamente pulverizado, em que a líder – a franco-americana Merial – detém uma fatia de apenas 11%. Historicamente, as multinacionais dominaram esse mercado e as empresas brasileiras se contentaram com pequenas parcelas de segmentos isolados. O investimento em pesquisa era muito pequeno e a estratégia básica adotada pelas nacionais era brigar por preços.

Made in Brazil

produção na Ouro Fino: empresa identificou oportunidade de negócios no Oriente Médio

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O s processos de inovação e de desen-volvimento regional estão diretamen-

te atrelados à implantação de parques tec-nológicos. De acordo com dados da IASP (International Association of Science Parks, na sigla em inglês), estima-se que existam hoje 1,5 mil parques em todo o mundo e que esse número tende a crescer em um curto espaço de tempo. O fenômeno que ocorre nos cinco continentes foi ampla-mente discutido durante o XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incu-badoras de Empresas, realizado em con-junto com o 3º Global Forum, da infoDev, projeto do Banco Mundial.

Quando se fala em polos de inovação,

Novas bases para o crescimentoAo estimularem a criação de empreendimentos inovadores, parques tecnológicos e incubadoras de empresas contribuem de forma decisiva para o desenvolvimento sustentável

é impossível não traçar paralelos com o Vale do Silício. A região da Califórnia (EUA) foi palco do nascimento de gigan-tes como Google, Yahoo, Intel e Hewllet Packard (HP). Impossível também disso-ciar o sucesso das empresas de base tec-nológica da influência da Universidade de Stanford.

A parceria entre instituições de ensino, governo e investidores foi, entre outros as-pectos, a mola propulsora para o desenvol-vimento da região. A receita para o suces-so é um modelo cíclico que envolve pesquisa, desenvolvimento de processos e produtos para mercado, investimento via capital de risco e retorno de uma porcen-

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tagem desse investimento à universidade para financiar novas pesquisas.

Baseado no modelo adotado pelo Vale do Silício, o ex-reitor e codiretor do Pro-grama de Regiões Inovadoras e Empreen-dedorismo da Universidade de Stanford, William Miller, elaborou uma série de 14 passos que tornam propício o desenvol-vimento de uma região inovadora. Du-rante a plenária “Habitats de Inovação Sustentável”, Miller explicou cada passo, enfatizando a importância da criação de ambientes que incentivem decisões de ris-co e a não punição por eventuais falhas, inerentes ao processo de empreendedo-rismo inovador.

Essa mesma questão, chamada pelos americanos de risk taking, foi abordada também na “Plenária sobre Parques Tec-nológicos”, em que um dos palestrantes era Tony Knopp, diretor do Programa de Liga-ção Industrial do Massachussets Institute of Technology (MIT). Knopp explicou que o jovem empreendedor não deve ser puni-do por suas falhas, pois isso faz parte do seu aprendizado. “Em uma entrevista para emprego, se eu tiver na minha frente duas

pessoas, uma das quais com falhas no seu currículo, eu vou dar preferência por essa pessoa, pois ela já aprendeu com o erro. Enquanto que aquele que nunca errou, não sabe lidar com essa situação”, destacou.

Polos de inovação

Atualmente os ambientes de inovação es-tão fortemente relacionados aos parques tecnológicos. Mauricio Guedes, vice-presi-dente da IASP, apresentou, durante a ple-

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O professor Miller define os 

14 passos para o desenvolvimento de 

um ambiente inovador

Campus da universidade de stanford, celeiro de grandes ideias

1) Intensidade em conhecimento – Fomentar o incentivo à pesquisa, através das universidades e dos institutos de ciência e tecnologia.

2) Universidades e institutos de pesquisa que interagem efetivamente com o setor produtivo – transferência de conhecimento e tecnologia para o mercado com proteção da propriedade intelectual.

3) Políticas públicas favoráveis – O governo deve utilizar ferramentas de incentivo à inovação, facilitando o acesso de empresas a novas tecnologias.

4) Estímulo à meritocracia – reconhecer o mérito de boas iniciativas e incentivá-las.

5) Flexibilidade e mobilidade de recursos humanos – recursos humanos adaptáveis e flexíveis, que atuem em redes sociais de trabalho.

6) Ambiente que incentiva atitudes de risco e tolera falhas – Capacidade de encarar o erro como parte do processo de aprendizado para empreender.

7) Capital de risco inteligente – promoção da cultura do venture capital e do investimento consciente. 

8) Ambiente de livre mercado – Desenvolvimento de um ambiente competitivo, aberto tanto a intervenções externas quanto locais.

9) Colaboração entre empresas, governo e ONGs – Manter uma relação colaborativa entre todos os envolvidos no fomento do ambiente inovador.

10) Serviço especializado para a infraestrutura dos negócios: advogados, contadores etc. – investir em áreas que demandem a expertise de profissionais especializados.

11) Alta qualidade de vida – promover processos e produtos que promovam o bem-estar social.

12) Contatos globais – articulação e interação com redes de trabalho globais.

13) Capacidade de abrigar multiclusters – Criação  de um ambiente capaz de trabalhar com  setores variados.

14) Liderança para transformar – Criação de um ambiente propício ao nascimento de líderes, com foco na transformação econômica e social.

Inovação em 14 passos

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nária, características e tendências atuais desses polos de inovação. “Os parques tecnológicos ao redor do mundo estão cada vez mais in-tegrados à universidade. Atuam como gesto-res do relacionamento dos agentes que com-põem o sistema de inovação: universidade, empresa e governo”, explica. Segundo Gue-des, os atuais parques tecnológicos têm uma preocupação maior com o envolvimento da sociedade, promovendo, inclusive, áreas de lazer, cultura e educação.

Exemplo desse modelo é o 22@Barcelona ou Distrito de Inovação, na Espanha, pro-jeto que agora completa 10 anos. Com o objetivo de transformar um bairro indus-trial obsoleto, o Poblenou, em um ambien-te inovador, o parque promoveu uma ver-dadeira transformação urbana. A ideia é integrar agentes do sistema de inovação com atividades do bairro, para proporcio-nar a melhoria da qualidade de vida da po-pulação. Todas as ações desenvolvidas no 22@Barcelona têm foco na inovação (con-fira na página 6 a entrevista com o CEO do 22@, Josep Miguel Piqué).

As diferenças regionais, culturais e eco-nômicas influenciam a formação dos par-ques. É comum que os polos tecnológicos tenham foco em dois ou três setores de atuação. “Mesmo que os parques atuem em rede com clusters de outras regiões do mundo – o que é imprescindível para a sua

sobrevivência –, seu principal objetivo é promover inovação local e regional”, afir-ma Guedes. Nesse sentido, o infoDev lan-çou, em março deste ano, um projeto que visa avaliar as necessidades de desenvol-vimento de dois países em especial: Jordâ-nia e Uganda, a partir de suas caracterís-ticas geográficas e espaciais. O programa será implantado com base nas experiências brasileira e sul-coreana, que, de acordo com a entidade, tiveram sucesso ao imple-mentar polos regionais de desenvolvimen-to (ver box).

Programas como o do infoDev geram em-prego e empresas de base tecnológica e, pa-ra o diretor mundial de Local Software Eco-nomy da Microsoft, Juliano Tubino, esse tipo de desenvolvimento decorre da aposta em polos inovadores. Segundo o diretor, a Microsoft trabalha com categorias, que de-finem quais locais são propícios ao desen-volvimento de projetos, sempre levando em conta as potencialidades de cada região e as especificidades culturais e econômicas. “Nosso foco permanente é o desenvolvi-mento local. A cultura e a atitude empreen-dedoras são pilares que definem as nossas categorias para aposta em determinadas re-giões”. Para ele, os locais têm que estar ap-tos a treinar e criar pessoas fora de uma car-reira pré-existente, atitude que deve ser fomentada pelas universidades.

O infoDev e o Departamento de Finanças, economia e Desenvolvimento urbano (Feu, na sigla em inglês) do Banco Mundial estão trabalhando juntos para avançar no mais recente projeto de tecnologia da informação e Comunicação para o Desenvolvimento (iCt4D), principal bandeira do infoDev. O objetivo do projeto é conhecer e analisar características regionais e espaciais de países em desenvolvimento, a partir de uma ferramenta de alta tecnologia, para o diagnóstico de necessidades essenciais ao crescimento dessas regiões.

a primeira etapa do projeto envolve analisar como Brasil e Coreia do sul desenvolveram polos de inovação regionais respeitando suas características econômicas, 

regionais e culturais. O segundo passo é monitorar as características espaciais de uganda e da Jordânia, dando suporte à capacidade institucional e política desses países para criarem uma estrutura regional de desenvolvimento. a partir do conhecimento adquirido, a tarefa final do programa será disseminar as lições tiradas do projeto, incluindo publicação de guias e relatórios.

O infoDev utilizará sua experiência em desenvolver programas de tecnologia da informação e Comunicação (tiC) para diagnosticar problemas reais, enquanto que o departamento do Banco Mundial atuará com a ferramenta de Gis para auxiliar nesse monitoramento regional.

Desenvolvimento inteligente

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O Microsoft Sol, articulado em parce-ria com a Anprotec, é um dos programas desenvolvidos pela empresa que leva em conta o potencial inovador de pequenas empresas de software e auxilia no seu processo de expansão acelerada. O pro-grama é uma versão brasileira de uma ini-ciativa global, que ajuda as startups atra-vés do acesso a todas as ferramentas de desenvolvimento da Microsoft, com pou-cos requisitos para participação e sem custos antecipados. Com pouco mais de um ano de operação, o programa já in-vestiu mais de R$ 2,5 milhões em startups brasileiras (leia box).

Tubino argumenta que, além da atitude empreendedora, a educação é outro aspec-to imprescindível para o desenvolvimento de polos inovadores. “Se um indivíduo pos-sui um nível de educação mais elevado tem cinco vezes mais chances de estar dentro do grupo de empreendedores”, argumenta. Qualificação e aposta em incubadoras es-pecializadas são os dois pilares que expli-cam os surpreendentes números do mer-cado inovador na China, segundo o assistente da direção do Shangai Techno-logy Innovation Center, Wang Zhen. Se-gundo Zhen, que participou da plenária

“Desenvolvendo Polos de Inovação”, no XIX Seminário da Anprotec, a China con-ta hoje com 670 incubadoras, que já gra-duaram mais de 30 mil empreendimentos e contam com mais de 44 mil empresas in-cubadas, que geram cerca de 1,2 milhão de empregos diretos.

Inovação verde e amarela

Em sintonia com o movimento de incu-badoras de empresas e parques tecnológi-cos ao redor do mundo, o Brasil também corre atrás de sua independência tecnoló-gica, investindo em inovação e empreen-dedorismo. Para 2010, o orçamento apro-vado para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) é de R$ 7,6 bilhões, in-cluindo despesa com pessoal. Desse mon-tante, R$ 2,7 bilhões estão previstos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Essa receita é aplicada pela Financiadora de Es-tudos e Projetos (Finep) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em projetos de pes-quisa e desenvolvimento.

Por muitos anos, principalmente durante o período de substituição de importações,

Com o objetivo de acelerar o processo de crescimento das micro e pequenas empresas de tecnologia da informação e Comunicação (tiC), fornecendo desde o software até a capacitação em estratégias de negócios, o programa Microsoft sOL, lançado pela Microsoft Brasil em novembro de 2008, já alcançou 320 micro e pequenos negócios de base tecnológica em todo o país. No total, 34 incubadoras do Brasil foram atendidas.

O projeto oferece 25 licenças de 55 softwares Microsoft. entre as principais estão vista, Office, visual studio e sQL server. além dos softwares, todas as empresas participantes têm direito a diversos outros benefícios, como conteúdo online, suporte técnico, hosting, treinamento presencial (técnico e de negócios), dicas e direcionamento profissional feito por especialistas. a iniciativa demandou investimentos da ordem de r$ 2,5 milhões.

Os treinamentos são realizados nos Centros de inovação Microsoft espalhados pelo país, com cursos presenciais de conteúdo técnico (28 horas) e conteúdo de negócios (28 horas).

para participar, as empresas devem ter até três anos de existência, faturamento anual igual ou inferior a r$ 1,2 milhão e atuar com tecnologia. estima-se que no Brasil existam 8 mil empresas de base tecnológica com esse perfil.

as inscrições são avalizadas por um parceiro validador – entidades como associação Nacional de entidades promotoras de empreendimentos inovadores (anprotec), sociedade Brasileira para promoção da exportação de software (softex) e associação Brasileira das empresas de tecnologia da informação, software e internet (assespro), entre outras. Mais informações no site do programa: http://www.microsoftsol.com.br/.

Crescimento acelerado

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a maior parte das empresas brasileiras ope-rava tecnologias importadas e maduras. A capacitação necessária para usar essas tec-nologias era considerada relativamente fá-cil. Por isso, não se requeria ou estimulava, de forma efetiva, a geração de novos conhe-cimentos. Esse cenário está mudando.

Desde o início do século XXI, o país co-locou na pauta de suas políticas públicas a inovação. “O Brasil melhorou de maneira incrível as formas de financiamento nos últimos 10 anos”, observa Tubino. O lan-çamento do Livro Branco, em 2002, com as estratégias para o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação, foi um mar-co. Antes disso, no final dos anos 90, a im-plantação dos fundos setoriais já foi um demonstrativo de que o país começava a se preocupar com o desenvolvimento de tec-nologias nacionais.

O marco legal veio com a regulamenta-ção da Lei 10.973, em 2004. Esses mecanis-mos lançados pelo governo federal buscam criar um ambiente adequado para que as empresas inovem, enfatizando programas cooperativos entre setor produtivo e Insti-tuições de Ciência e Tecnologia (ICTs).

O governo não é o único agente na es-truturação de um sistema nacional de ino-vação. As universidades e os centros de pesquisa também são peças importantes nesse processo, principalmente no Brasil, onde 80% dos pesquisadores estão nessas instituições. Além das ICTs, incubadoras de empresas e parques tecnológicos, que têm a inovação como razão de ser, atuam muitas vezes na estruturação de sistemas locais de desenvolvimento econômico e so-cial. No país existem 400 incubadoras e 74 parques, que já incubaram 6 mil empreen-dimentos inovadores.

No centro de todo esse processo estão as empresas. De acordo com a última Pes-quisa de Inovação Tecnológica realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), 33,4% das empresas in-dustriais brasileiras fizeram algum tipo de inovação em produtos ou processos entre 2003 e 2005.

REGIÃO NORTE

Parques Tecnológicos em fase de implantação: 1

Parques Tecnológicos em fase de projeto: 3

Estados que têm lei de inovação própria: ➔ amazonas: Lei nº 3.095, de 17 de novembro de 2006

Case:

Parque de Ciência e Tecnologia Guamá – PCT-Guamá

O pCt-Guamá, ainda em obras, é resultado de parceria entre a universidade Federal do pará (uFpa) e o governo do estado. a expectativa é que o novo polo de inovação comece a operar em 2010. O parque deverá ocupar uma área de 72 hectares do Campus universitário do Guamá. atuando nas áreas de biotecnologia, tecnologias e sistemas de informação e comunicação e energia, o pCt-Guamá já firmou convênio com a vale para implantar um laboratório de tecnologia do alumínio.

O mApA dA INOvAçÃO

REGIÃO CENTRO-OESTE

Parques Tecnológicos em fase de implantação: 2

Parques Tecnológicos em fase de projeto: 3

Estados que têm lei de inovação própria: ➔ Mato Grosso: Lei nº 297, de 7 de janeiro de 2008

Case:

Parque Científico e Tecnológico da UnB – PCTec-UnB

O parque Científico e tecnológico (pCtec), ligado à universidade de Brasília (unB), está em fase de implantação e desenvolverá as inovações tecnológicas utilizando o conhecimento produzido pela pesquisa científica, como os tradicionais modelos de parque. O projeto tem como gestor o Centro de apoio ao Desenvolvimento tecnológico da universidade, centro de incubação que já graduou 47 novos empreendimentos, a maioria de base tecnológica, e possui, atualmente, 26 empresas incubadas.

Parques Tecnológicos em operação

ICTs

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REGIÃO SUL

Parques Tecnológicos em fase de implantação: 6

Parques Tecnológicos em fase de projeto: 7

Estados que têm lei de inovação própria: ➔ santa Catarina – Lei nº 14.348, de 15 de janeiro de 2008 

➔ rio Grande do sul – Lei nº 13.196, de 13 de julho de 2009

Case:

Parque Tecnológico Itaipu

O parque tecnológico itaipu (pti), localizado em Foz do iguaçu (pr), atua através do programa pti – empreendedorismo, que contempla as diferentes etapas do desenvolvimento das startups. O pti auxilia os empreendimentos em pré-incubação, os incubados e os graduados, por meio da Fábrica de empreendimento, da incubadora empresarial santos Dumont e do Condomínio empresarial, respectivamente. Com mais de 1,16 milhão de km2, abriga três empreendimentos que estão em fase de pré-incubação, 18 que estão incubados e outros dois graduados que operam no Condomínio empresarial.

REGIÃO SUdESTE

Parques Tecnológicos em fase de implantação: 9

Parques Tecnológicos em fase de projeto: 18

Estados que têm lei de inovação própria: ➔ Minas Gerais – Lei nº 17.348, de 17 de janeiro de 2008

➔ são paulo – Lei Complementar nº 1.049, de 19 de junho de 2008

➔ rio de Janeiro – Lei nº 5.361, de 29 de dezembro de 2008

➔ espírito santo – Lei nº 7.871, de 21 de dezembro de 2009

Case:

Parque Tecnológico do Rio

O parque tecnológico do rio situa-se no campus da universidade Federal do rio de Janeiro (uFrJ) e estimula a interação entre a universidade e empreendimentos inovadores. O parque abriga a incubadora de empresas Coppe/uFrJ, que tem como prioridade de atuação as áreas de energia, meio ambiente e tecnologia da informação. são 350 mil metros quadrados, onde se concentram 16 empresas incubadas, que recebem estímulo para a transformação de pesquisas em produtos e serviços, além de 12 graduadas, que são apoiadas na consolidação do seu negócio.

REGIÃO NORdESTE

Parques Tecnológicos em fase de implantação: 1

Parques Tecnológicos em fase de projeto: 1

Estados que têm lei de inovação própria: ➔ Ceará: Lei nº 14.220, de 16 de outubro de 2008

➔ pernambuco: Lei nº 13.690, de 16 de dezembro de 2008

➔ Bahia:  Lei nº 17.346, de 2008

➔ alagoas: Lei nº 7.117, de 12 de novembro de 2009

➔ sergipe: Lei nº 6.794, de 2 de dezembro de 2009

Case:

Fundação Parque Tecnológico da Paraíba - ParqTcPB

especializada no setor de tecnologia da informação e Comunicação, a fundação foi criada em 1984 e é um dos quatro parques tecnológicos mais antigos do país, que surgiram com o início da política pública para o setor. a fundação é localizada na zona especial de Ciência e tecnologia, instituída pelo plano Diretor do Município de Campina Grande, no bairro de Bodocongó, e atua em parceria com universidades federais da região. a incubadora do parque abriga 27 empreendimentos.

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Ex

tra O papel do infoDev na economia

dos países em desenvolvimento

Braço do Banco Mundial para empreendedorismo e inovação e um dos parceiros da Anprotec, o infoDev atua desenvolvendo atividades de

tecnologia da informação e comunicação (TIC) nos países em desenvolvimento. Em 2009, a entidade realizou o 3º Global Forum em paralelo ao XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. O Fórum representa a área central de atuação da entidade e visa a troca de ideias e experiências entre os representantes de incubadoras de diversos países do globo. A seguir, confira a entrevista exclusiva com Valerie D’Costa, gerente do infoDev.

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Locus: Em sua opinião, quais são os principais aspectos de inovação nos quais o Brasil se desenvolveu a ponto de ser exemplo para os países em desenvolvimento?D’Costa: O Brasil é um país muito gran-de e que possui muitas entidades e agên-cias que atuam no desenvolvimento ino-vador. A Anprotec tem um papel essencial dentro desse contexto. Existem muitas

atividades sendo realizadas de maneira eficiente, com um excelente histórico. Há planos muito sofisticados, como, por exemplo, as estratégias de interna-cionalização. Outro ponto que realmen-te me impressiona é a ligação entre ins-titutos de alto aprendizado e incubadoras que existe no país, procurando sempre a comercialização do que é produzido. Esse é exatamente um dos maiores pro-

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Locus: Quais são as principais metas que vocês acreditam já ter atingido com o desenvolvimento desse trabalho especialmente na América Latina?D’Costa: É difícil destacar apenas algu-mas, pois existe um número enorme de trabalhos e projetos no mundo todo. Mas podermos dizer que, de uma maneira ge-ral, tentamos desenvolver uma teia de conhecimento global. Isso quer dizer que o infoDev cria uma gama de produtos e serviços nesse sentido. Disponibilizamos uma série de ferramentas em nosso site que qualquer pessoa pode baixar gratui-tamente. Tentamos agregar o conheci-mento global e descobrir as melhores práticas que as empresas e incubadoras utilizam ao redor do mundo, a fim de consolidar essas informações e repassá-las. Ou seja, muitas das ações que faze-mos são baseadas na perspectiva de de-senvolver um conhecimento global. Temos muitos bons exemplos de países ao redor do mundo que estão realmente fazendo a diferença, como Brasil, Armê-nia e China. No setor de incubadoras de empresas, possuímos uma ampla gama de conhecimento formada por meio de nosso trabalho pelo mundo.

Locus: O 3º Global Forum atingiu os resultados esperados?D’Costa: O evento superou minhas ex-pectativas. Discutimos tecnologias lim-pas, agronegócios, os problemas enfren-tados por mulheres que querem empreender os seus negócios, interna-cionalização de MPEs, gestão de incu-badoras e estratégias de inovação para países em desenvolvimento. Essas dis-cussões são muito ricas e proveitosas. Selamos novas parcerias com o Brasil e vamos realizar atividades conjuntas na agenda de inovação e empreendedoris-mo, unindo cada vez mais o nosso tra-balho. Outro ponto positivo foi que du-rante esses dois eventos pudemos reunir os acionistas do infoDev para dialogar sobre projetos futuros.

blemas que o infoDev identifica em ou-tros países onde atua: a dificuldade em tirar os conceitos do mundo das ideias e aplicar no mercado, o que o Brasil tem conseguido fazer. Percebemos que muitos países têm boas ideias no labo-ratório, dentro do campo da pesquisa, dentro da universidade, mas não con-seguem vendê-las. É preciso fazer um plano de negócios, lucrar com isso. Dessa perspectiva, vejo muitos projetos no Brasil.

Locus: Analisando um pouco o trabalho do infoDev não só no Brasil, mas no mundo, de que maneira vocês acreditam que o setor de TIC contribui para melhorar o nível de desenvolvimento das nações?D’Costa: O infoDev existe exatamente porque acreditamos que há uma conexão muito forte entre o acesso à informação, à tecnologia e o nível de desenvolvimen-to de um país. É muito claro para nós que quando existe acesso à informação há poder e inclusão. Então, o desenvol-vimento da TIC não significa apenas ga-nhar dinheiro, realizar negócios. É um elemento de inclusão social e de acesso à tecnologia. O infoDev trabalha para mostrar e provar isso e para investir em atividades ao redor do mundo que aju-dem essa realidade a ser alcançada.

Locus: O Global Forum é uma das principais, não é mesmo? D’Costa: Sem dúvidas, é uma das prin-cipais ferramentas que usamos para al-cançar essa meta. É o momento em que divulgamos essa ideia para as pessoas. Se olharmos para o mundo hoje, vere-mos que a tecnologia está caminhando a um passo muito acelerado, porque o mercado está sempre em transformação. Por isso, o infoDev vai continuar traba-lhando com afinco para conseguirmos desenvolver esse acesso à TIC e deixar o mercado igualmente dinâmico em to-dos os países.

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d e olho no potencial inovador de mais de 5 mil empresas espalhadas pelo

Brasil, a Financiadora de Estudos e Proje-tos (Finep) do Ministério da Ciência e Tec-nologia (MCT) repassou em fevereiro me-tade dos R$ 120 mil previstos para a primeira etapa de subvenção do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). Só no ano passado, quando o programa entrou em operação, foram investidos R$ 240 mi-lhões e aproximadamente 1,4 mil empresas foram contempladas pelo programa, que oferece subsídio financeiro e suporte téc-nico para desenvolvimento de empresas nascentes e inovadoras.

O aporte financeiro é administrado de forma descentralizada, por 17 incubado-ras-âncora, na forma de recursos não re-embolsáveis. As incubadoras estão distri-buídas por todo o território nacional e operam sob a chancela da Associação Na-cional das Entidades Promotoras de Em-preendimentos Inovadores (Anprotec).

O Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), da Fun-dação Certi (Centros de Referência em

Prime no caixaEmpreendedores catarinenses assinaram contratos do Programa durante o XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas

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Tecnologias Inovadoras), de Florianópolis (SC), é uma dessas incubadoras-âncora. Durante o XIX Seminário Nacional de Par-ques Tecnológicos e Incubadoras de Em-presas, os 118 empreendedores seleciona-dos pelo Celta assinaram os contratos do Prime. O diretor de inovação da Finep, Eduardo Costa, destacou a importância do programa. “Nós, da Finep, temos certeza de que é dessas empresas que virá o desen-volvimento em Ciência e Tecnologia. De-pendemos muito mais de vocês do que vo-cês dependem desse dinheiro”, afirmou.

Na hora certa

Do outro lado do país, em Campina Gran-de, interior da Paraíba, o Prime chegou na hora certa para a empresa 4 Bordas, que de-senvolve tecnologias para atletas de natação. “Se não fosse o Programa, dificilmente eu conseguiria lançar meu produto no merca-do”, reconhece o proprietário da empresa e nadador profissional Alcedo Medeiros de Araújo. Ele é o idealizador de um sistema denominado Swimming Power System (SPS), que combina transdutores de força com um software para mensurar a força de propulsão de nadadores de alto rendimento e paraolímpicos. Para Araújo, os recursos do Prime já têm destino certo. “Com os re-sultados das consultorias financeira, jurídi-ca e principalmente de marketing, financia-das pelo Programa, poderei firmar parcerias com grandes clubes no Brasil e exterior”, explica.

E são justamente esses os requisitos da Finep para a segunda etapa do programa. Somente após a constatação de que as em-presas aplicaram os primeiros R$ 120 mil

O empreendedor araújo mostra o inovador sps. recursos do prime devem impulsionar o projeto

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na contratação de recursos humanos e ser-viços de consultoria é que elas terão direi-to ao próximo passo: receber um financia-mento de mais R$ 120 mil, que podem ser pagos em 100 parcelas sem juros, por meio do Programa Juro Zero.

Com isso, estima-se que o programa con-tabilize investimentos de aproximadamen-te R$ 1,35 bilhão, nos quatro anos de apli-cação. “Cada empresa que tiver sucesso vai influenciar não apenas o seu faturamento, mas também ter um impacto positivo so-bre a cadeia produtiva na qual está inseri-da”, destacou Costa.

As vantagens do Prime são indiscutíveis, argumenta o empresário Araújo. A traje-tória de sua empresa é a prova de que a transferência de tecnologia da universida-de para o mercado é tão possível quanto necessária. Desde agosto de 2007 o empre-endedor desenvolvia sua ideia na univer-sidade, e só transformou-a em realidade depois de incubar a empresa na Fundação Parque Tecnológico da Paraíba.

Hoje Araújo já tem um protótipo com patente nacional assegurada e patentea-mento internacional em andamento. Ca-minhando a passos largos rumo à inovação e amparada pelo Prime, a 4 Bordas deve lançar o SPS em junho e tem no seu banco de ideias outras duas novas invenções do mesmo segmento de mercado, visando os dois maiores eventos esportivos no Brasil: a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

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empreendedores catarinenses assinaram contratos com a Finep 

durante o seminário

para empresas que não foram selecionadas ou que não se enquadravam nos critérios do prime, a Finep oferece outras alternativas de financiamento. Confira abaixo alguns programas desenvolvidos pela agência de fomento para empreendimentos inovadores: Finep Inova Brasil – Financiamento com encargos reduzidos para a realização de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Juro Zero – Financiamento ágil e sem exigência de garantias reais, voltado para atividades inovadoras em pequenas empresas que atuam em setores priorizados pela política industrial, tecnológica e de Comércio exterior (pitce).Inovar-Semente – programa de investimentos à Criação de empresas de Base tecnológica, focado na constituição de fundos de aporte de capital-semente.Inovar – incubadora de apoio à criação de fundos de capital de risco para empreendimentos inovadores.Subvenção Econômica – permite a aplicação de recursos públicos não reembolsáveis diretamente em empresas, compartilhando custos e riscos com o empreendimento.Inovar – Fórum Brasil Capital de Risco – processo de estímulo à capitalização de empresas de base tecnológica.pNI – programa Nacional de incubadoras e parques tecnológicos.

Saiba mais em www.finep.gov.br

Além do Prime

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v alorizar pessoas, projetos, ações e ini-ciativas voltadas ao futuro. Esse é um

dos objetivos do Prêmio Nacional de Em-preendedorismo Inovador, promovido pe-la Anprotec em parceria com o Sebrae. Em sua 13ª edição, o Prêmio contou com a par-ticipação de 46 instituições, entre incuba-

Anprotec reconhece os mais inovadores do anoCerimônia de premiação reuniu empreendedores oriundos das mais diversas regiões do país

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doras, parques tecnológicos e empresas incubadas e graduadas. A premiação aconteceu durante o XIX Seminário Na-cional de Parques Tecnológicos e Incuba-doras de Empresas e o 3º Global Fórum, em Florianópolis (SC).

A cerimônia de premiação reuniu lide-

vencedores comemoram a conquista da premiação concedida pela anprotec

RR

AM

AC

PA

AP

RO

MT

MSSP

PR

SC

RS

MG

RJ

ES

BA

GODF

TO

MA

PI

CERN

PBPE

ALSE

Melhor Parque Tecnológicoparque Científico e tecnológico da pontifícia universidade Católica do rio Grande do sul – tecnopuc, de porto alegre (rs)

Melhor projeto de promoção da cultura do empreendedorismo inovadorprojeto sinapse da inovação, de Florianópolis (sC)

Melhor Empresa GraduadaNanocore Biotecnologia s/a, de Campinas (sp)

Melhor Empresa IncubadaDesidratec – indústria e Comércio de tecnologia de Desidratação Ltda., de Fortaleza (Ce)

vENCEdORES dA ETApA NACIONAL

Melhor incubadora de empresas orientadas para o desenvolvimento local e setorialincubadora de empresas educere, de Campo Mourão (pr)

Melhor incubadora de empresas orientadas para a geração e uso intenso de tecnologias instituto Gene Blumenau, de Blumenau (sC)

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ranças do movimento e foi conduzida pelo Secretário Executivo do Ministério da Ci-ência e Tecnologia, Luis Antonio Rodri-gues Elias, e pelo presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonski. “Colocamos de vez o tema em nossa agenda, o que é um gran-de ganho para a nação”, concluiu Elias. Os

iniciativa oferece cursos gratuitos a jovens 

de escolas públicas de Campo Mourão

nove premiados concorreram em categorias regionais e nacionais, e foram avaliados por uma comissão que reuniu membros da An-protec e representantes de órgãos públicos, entidades de classe, agências de fomento e empresas (veja relação completa no box da página 46).

educação para o empreendedorismo inovador

aliar educação e tecnologia para gerar desenvolvimento social foi o segredo da incubadora de empresas educere, localizada em Campo Mourão, no Centro-Oeste do paraná. Focado na área de biotecnologia, o Centro de pesquisas e Desenvolvimento da educere abriga empresas com base em um projeto social que atua na formação de jovens com potencial empreendedor. 

O surgimento da Fundação se deu pela necessidade de uma empresa da região, a Cristófoli Biossegurança. O desafio de montar uma empresa de base tecnológica em uma cidade agrícola passava pela qualificação dos profissionais da região. para sobreviver, a empresa necessitava capacitar sua própria força de trabalho. para isso, criou a Fundação educere, em 1997.

a maioria dos jovens apoiados pela Fundação é formada por alunos de escolas públicas locais, que são estimulados a empreender por meio de atividades multidisciplinares. Desde sua criação, a Fundação educere já atendeu aproximadamente 320 jovens. Hoje oferece cursos gratuitos de eletrônica, mecânica e escultura clássica, aulas de neurolinguística, palestras, viagens e visitas técnicas, além de promover cursos de extensão em eletrônica para adultos, em parceria com o senai. a instituição dá suporte para o desenvolvimento de novos negócios voltados para a difusão e transferência de tecnologia na área biomédica.

Com o prêmio, o diretor da Fundação, ater Cristófoli, acredita na consolidação da entidade. “esse reconhecimento é uma vitrine muito importante para nós. a visibilidade não se dá somente entre a comunidade das incubadoras, mas também nos órgãos financiadores como a Finep, o sebrae e as prefeituras da região, que nos dão crédito para alavancar nossos projetos”, comemora Cristófoli. 

Integração locala conquista na categoria de incubadora orientada para o desenvolvimento local é 

fruto de uma importante vocação da região. O arranjo produtivo Local de insumos e equipamentos de uso Médico de Campo Mourão é composto por 11 indústrias, que contam com 20 fornecedores locais e regionais. O apL gera cerca de mil empregos diretos e os produtos desenvolvidos são exportados para mais de 30 países. 

a educere já auxiliou 16 empresas e hoje conta com quatro incubadas, a maioria abertas por ex-alunos. Das iniciativas apoiadas pela Fundação, oito obtiveram sucesso e hoje atuam no mercado. “Continuaremos focados na área de saúde, sempre pensando na capacitação técnica para competir nesse mercado, que os chineses estão ávidos para conquistar. e a educação é a ferramenta para garantir este sucesso”, destaca Cristófoli. 

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pioneirismo na seleção de boas ideias

O sinapse da inovação é um projeto de promoção de novas ideias, que proporciona a troca de informações entre empresas inovadoras e a sociedade, gerando um processo democrático para a escolha de empreendimentos que receberão recursos de subvenção. Coordenado pela Fundação Centros de referência em tecnologias inovadoras (Certi), de Florianópolis (sC), o projeto abrigou 1.174 ideias no ano passado.

após ampla divulgação na iniciativa em todo o estado de santa Catarina, as propostas foram apresentadas em um blog, onde poderiam ser votadas por qualquer visitante para receber a subvenção. Os votos, somados a critérios objetivos monitorados por consultores especializados, são o passaporte para participar do curso oferecido pelo projeto, que contempla apenas 10% dos inicialmente inscritos. Focado nas questões-chave de empreendedorismo – produtos e processos, capital, mercado e gestão –, o curso oferece todo o suporte para o desenvolvimento da nova empresa, servindo como um plano de negócios simplificado.

Depois de uma nova avaliação de especialistas, os projetos são selecionados pela Certi para pleitear recursos de subvenção. se cumprirem os requisitos exigidos por programas específicos, as empresas recebem r$ 50 mil da Fundação de apoio à pesquisa de santa Catarina (Fapesc) e da Finep. a Certi não intermedeia a operação financeira, apenas indica os projetos. Na operação do ano passado, 60 projetos foram contemplados, em oito diferentes regiões de santa Catarina. após o recebimento do subsídio, os empreendimentos que ainda não eram residentes instalaram-se em incubadoras para consolidar o negócio.

Transferência de conhecimentoO coordenador do projeto, professor antônio rogério de souza, acredita que a grande 

vantagem da promoção da cultura do empreendedorismo pelo sinapse está na conversa entre a academia e o mercado. “O grande ganho está na mobilização do meio acadêmico. a universidade se fecha no seu conhecimento e com isso gera um grande gap entre a ciência e os processos e produtos”, analisa.

Como a metodologia se adapta a diferentes regiões e pode ser aplicada nos mais variados segmentos, souza acredita que a tendência é de que o sinapse seja replicado em outros estados. “O mais interessante na conquista do prêmio de empreendedorismo inovador foi o marketing, a exposição da nossa ideia. a partir disso, muitas iniciativas surgiram e há uma demanda de diversos lugares do Brasil”.

idealizadores do projeto recebem 

premiação por promover 

a cultura do empreendedorismo 

inovador

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O gene da inovação

em operação desde novembro de 2002, o instituto Gene possibilita a geração de empresas focadas na inovação. para garantir o crescimento sustentável de suas incubadas, fomenta a pesquisa e a transferência de conhecimento do meio acadêmico para o mercado. em 2009, destacou-se como a incubadora com melhores indicadores de desempenho, deixando para trás outras três concorrentes à mesma categoria no prêmio Nacional de empreendedorismo inovador.

O instituto nasceu como uma consequência do desenvolvimento da incubadora de empresas Gene-Blumenau, um projeto de extensão do Departamento de sistemas e Computação da universidade regional de Blumenau (FurB), localizada no vale do itajaí, uma das regiões mais industrializadas de santa Catarina. apoiado pelo CNpq por meio da sociedade softex, o projeto Genesis (Geração de Novas empresas em software, informação e serviços) foi o pontapé inicial para consolidar a incubadora. assim como aconteceu em Blumenau, o Genesis foi responsável pela implantação de pré-incubadoras de base tecnológica em várias regiões do país.

Fundado por um grupo de professores da FurB, o instituto Gene conta hoje com 28 incubadas e já graduou outras 28 desde a sua criação. trabalhando para a capacitação e o desenvolvimento profissional, o empreendimento registra uma taxa média de crescimento de 147% ao ano entre as suas graduadas, nos dois primeiros anos de mercado. em 2009, essas empresas geravam cerca de 180 empregos diretos na região de Blumenau. além de promover o desenvolvimento econômico ao abrigar novas empresas, o instituto tem contribuído para ampliar a capacidade de inovação de empreendimentos que já estão estabelecidos.

Aposta no PrimeO instituto Gene se destacou no ano passado, quando conseguiu aprovar todos os 120 

projetos que submeteu ao programa primeira empresa inovadora (prime), da Financiadora de estudos e projetos (Finep) do Ministério da Ciência e tecnologia. “atingimos a meta porque criamos uma ampla rede de parceiros em dezenas de cidades de quatro estados diferentes, além do desenvolvimento de um software para o monitoramento do processo de atração e seleção de propostas”, explica o presidente do instituto, Carlos eduardo Negrão Bizzotto.

atingir a meta da Finep para o prime e receber o reconhecimento da anprotec foram importantes conquistas da incubadora.  “O prêmio tem grande credibilidade, pois faz uma avaliação isenta e técnica das candidatas. É um reconhecimento da qualidade do nosso trabalho e divulga a marca do instituto Gene para incubadoras, parques tecnológicos e instituições ligadas ao empreendedorismo e à inovação”, afirma Bizzotto.

sede do instituto, referência nacional em incubação de empresas

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excelência em transferência de tecnologia

Localizado no campus central da pontifícia universidade Católica do rio Grande do sul (puC/rs), em porto alegre, e com uma área de 4,5 hectares, o tecnopuc tem como objetivo principal inserir a universidade no processo de desenvolvimento tecnológico, econômico e social da região, por meio da promoção de inovação e de transferência de tecnologia. 

Com 50 empresas e entidades residentes, o parque tecnológico, vencedor do 13º prêmio Nacional de empreendedorismo inovador, atua diretamente no processo de interação entre governo, universidade e empresas. Como acontece em muitos parques tecnológicos do mundo, o tecnopuc possui áreas de atuação especializadas: tecnologia da informação e Comunicação (tiC), eletroeletrônica, energia e Meio ambiente, Ciências Biológicas da saúde e Biotecnologia. De acordo com rui Jung Neto, administrador do parque, essas áreas temáticas foram definidas em função da capacidade acadêmica da universidade, envolvendo grupos de pesquisa científica e tecnológica e cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado). isso tudo associado à existência de demandas da sociedade.

as empresas pioneiras no tecnopuc, no início dos anos 2000, foram a Dell Computadores, que instalou o Global Development Center – GDC, primeira unidade de desenvolvimento de software para uso interno da empresa fora dos estados unidos, e a Hp (Hewlett-packard), que instalou no parque duas unidades: uma de operação de p&D – a maior da américa Latina – e outra de operação de software.

Com 2.800 colaboradores, hoje as principais empresas e entidades instaladas no tecnopuc são – além da Dell e da Hp – Microsoft, ubisoft, thoughtWorks, tlantic (fábrica de software do grupo sonae), tOtvs, stefanini, DBserver, assespro-rs e abinee-rs, softsul, pMi (project Management institute), associação de Jovens empresários – aJe-pOa e a Fundação pensamento Digital. além disso, o parque abriga projetos inovadores como o CB solar (Centro de referência em energia solar do Ministério da Ciência e tecnologia) e o CpBMF (Centro de pesquisa em Biologia Molecular e Funcional), que atua integrado à empresa 4G e ao CepaC (Centro de excelência em pesquisa sobre armazenamento de Carbono), em parceria com a petrobras. 

O prédio de 15 andares do tecnopuc permite que sejam instalados escritórios de 70 a 1.000 m2, o que possibilita ao parque abrigar desde grandes empresas multinacionais até empresas nascentes que se desenvolvem na incubadora de Base tecnológica raiar. 

aliando as pesquisas acadêmicas com 

as demandas do mercado, o tecnopuc foi 

reconhecido como o melhor parque 

tecnológico do país

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inovação consciente como diferencial

segundo estimativas da Organização das Nações unidas para agricultura e alimentação (FaO), o Brasil está entre as 10 nações que mais desperdiçam comida no mundo. Cerca de 35% de toda a produção agrícola brasileira acaba no lixo. isso representa r$ 12 bilhões em alimentos jogados fora diariamente, segundo dados do serviço social do Comércio (sesC). Foi com o intuito de reduzir esse desperdício que José ailton Leão Barbosa, Clodenir ponciano Lima e Wagner Jucá criaram a indústria e Comércio de tecnologia de Desidratação Ltda., conhecida por Desidratec, empresa incubada há três anos no parque de Desenvolvimento tecnológico (padtec) da universidade Federal do Ceará.

ponciano, gerente administrativo da empresa, explica que a técnica desenvolvida pela equipe da Desidratec permite realizar a conservação de alimentos através da desidratação. “a estocagem à temperatura ambiente desses alimentos reduz os custos de logística de conservação, com baixo gasto de energia térmica e elétrica”, afirma. 

a empresa está testando o produto no mercado e tem como principal foco o setor agropecuário com a oferta de equipamentos de desidratação moduláveis, ou seja, que podem ser adaptados às necessidades do consumidor. “Os equipamentos são de fácil operação e manutenção para desidratação de produtos agrícolas que geralmente são desperdiçados na safra por falta de processos de conservação economicamente viáveis ou por falta de demanda”, defende ponciano.

exemplo disso é o que a técnica da Desidratec pode fazer com o concentrado de frutas, que vai ser consumido apenas na entressafra. a matéria-prima pode ser desidratada e guardada na temperatura ambiente, sem refrigeração. Durante a entressafra, o concentrado é reidratado para ser transformado pela indústria processadora de alimentos.

vencedora do 13º prêmio Nacional de empreendedorismo inovador, na categoria Melhor empresa incubada, a Desidratec desenvolve p&D com recursos de agências de fomento, como a Financiadora de estudos e projetos (Finep). em 2008, a microempresa cearense arrecadou cerca de r$ 1 milhão em projetos aprovados pela Finep. em 2009, foram r$ 432 mil. Com o lançamento do produto no mercado, a empresa pretende contratar 32 funcionários para se juntarem à equipe da Desidratec, que atualmente trabalha com oito pessoas.

a Desidratec quer vender sua tecnologia também para outros países. Contatos com Nigéria, Cabo verde e África do sul foram realizados em 2009. para ponciano, o objetivo de diminuir o desperdício de alimentos no Brasil é o que faz da Desidratec uma empresa inovadora.

empreendedores da Desidratec exibem o prêmio de melhor empresa incubada

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um pé no mercado e outro na academia

O emprego crescente da biotecnologia e da nanotecnologia nos diferentes segmentos da indústria motivou a criação da Nanocore, empresa de biotecnologia focada no desenvolvimento de produtos e processos no setor da saúde humana e animal. a vencedora do 13º prêmio Nacional de empreendedorismo inovador na categoria Melhor empresa Graduada destaca-se pela versatilidade de seus produtos e bons resultados.

Fundada em 2003, a partir de projetos acadêmicos envolvendo os sócios fundadores José Maciel rodrigues Júnior e Karla de Melo Lima, a empresa iniciou suas atividades no campus da universidade de são paulo em fevereiro de 2004, na incubadora supera, em ribeirão preto (sp).

em 2006, já graduada pela incubadora e focada na ampliação de suas atividades, a Nanocore foi transferida para o Condomínio technopark, em Campinas, também no estado de são paulo, que representa um polo nacional de empresas de base tecnológica e centro da indústria farmacêutica no Brasil. ainda em 2006, após o licenciamento das atividades laboratoriais da Nanocore pelo Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento (Mapa), a empresa passou a atuar em diferentes fases do desenvolvimento de produtos voltados ao agronegócio. a empresa trabalha nas diferentes etapas de desenvolvimento de medicamentos, vacinas e métodos diagnósticos, focada na obtenção de dados para viabilizar o registro de produtos junto às agências regulatórias (Mapa e anvisa). Os desenvolvimentos incluem estudos em escala de bancada, prova de conceito, desenvolvimento e validação de ferramentas analíticas de controle e caracterização, e transposição de escala de processos. as atividades são desenvolvidas dentro dos critérios de Boas práticas de Laboratório e da isO 17025 – que garante qualidade aos medicamentos analisados pela Nanocore. Hoje a 

empresa possui 60 clientes no Brasil e no exterior.a relação com o meio acadêmico permite que 

a empresa esteja atenta às novas pesquisas e descobertas. além disso, essa relação permitiu fortalecer a base tecnológica da empresa que nasceu com recursos da Fundação de amparo à pesquisa do estado de são paulo (Fapesp) por meio do pipe e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNpq). 

Com nove laboratórios, a Nanocore é um spin off de redes de pesquisa ligadas a universidades. a empresa conta hoje com a colaboração direta de mais de 25 pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa.

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empresa paulista se destacou como a melhor graduada do Brasil

CNpq – Conselho Nacional de  »Desenvolvimento Científico e tecnológico

sebrae – serviço Brasileiro de apoio às  »Micro e pequenas empresas

MDiC  – Ministério do Desenvolvimento,  »indústria e Comércio exterior 

MCt  – Ministério da Ciência e tecnologia »

secretaria de Desenvolvimento  »tecnológico e inovação

Finep – Financiadora de estudos e projetos »

aBDi – agência Brasileira de  »Desenvolvimento industrial

Consecti – Conselho Nacional de secretários  »estaduais para assuntos de Ct&i

Confap – Conselho Nacional das  »Fundações de amparo à pesquisa “Francisco romeu Landi”

apeX – agência de promoção de  »exportações e investimentos 

CNi – Confederação Nacional da indústria »

Banco do Brasil »

Fundação universia/Banco santander  »Banespa

Microsoft informática Ltda. »

revista empreendedor »

Época Negócios »

Folha de s. paulo »

pequenas empresas Grandes Negócios  »

Comissão avaliadora

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g e s t à o

O movimento de incubadoras de empre-sas no Brasil, que teve início com a

implantação do Programa de Parques Tec-nológicos em 1984, teve uma taxa expres-siva de crescimento nos últimos 10 anos, com uma média de 25% ao ano. Atualmen-te, as incubadoras brasileiras apoiam 4.800 empresas, gerando cerca de 20 mil empre-gos diretos. Além disso, já foram gradua-das mais de 1.500 empresas, que faturam mais de R$ 1,6 bilhão por ano.

Ambientes de inovação por natureza, incubadoras buscam consolidar empresas nascentes no mercado visando, principal-

O cerne do desenvolvimentoAnprotec desenvolve um novo modelo para a gestão de incubadoras, focado na melhoria contínua de processos e serviços oferecidos

mente, ao desenvolvimento sustentável. Para que auxiliem MPEs a levarem proje-tos de pesquisa e desenvolvimento para a sociedade é preciso que as incubadoras tenham modelos excelentes de gestão. Foi para isso que a Anprotec, em parceria com o Sebrae, desenvolveu o Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreen-dimentos), um programa de certificação para atestar a qualidade das incubadoras brasileiras.

O projeto, que começou a ser desenvol-vido em 2007, é um novo modelo de atu-ação das incubadoras, que visa criar uma

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g e s t à o

Workshop reuniu representantes de 

incubadoras de todo o país

Marcos suassuna, membro da equipe do projeto Cerne

do exemplo europeu dos BIC (Business Innovation Centers). “Os BIC são focados em identificar e apoiar a inovação nas empresas nascentes e também nas já exis-tentes, sobretudo pequenas e médias. Além disso, estimulam a inovação como componente importante para o desenvol-vimento econômico regional”, explica Sheila Pires, superintendente executiva da Anprotec.

O benchmark desses programas foi realizado a partir de missões internacio-nais que permitiram à Anprotec unir o que eles têm de melhor às características próprias das incubadoras nacionais. Isso faz do Cerne um modelo 100% brasileiro. O projeto foi baseado também no mode-lo de gestão de incubadoras que são refe-rência do Brasil, como as vencedoras do 13º Prêmio Nacional de Empreendedo-rismo Inovador.

De acordo com o Termo de Referência do Cerne, distribuído durante o XIX Se-minário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, que ocorreu em outubro de 2009, em Florianópolis, o sucesso do programa depende da compre-ensão e implantação de um conjunto de

plataforma de solu-ções, de forma a ampliar a capacida-de em gerar, siste-maticamente, em-p r e e n d i m e n t o s inovadores bem-sucedidos. Com is-so, cria-se uma ba-se de referência para que as incuba-doras de diferentes áreas e tamanhos possam utilizar ele-mentos básicos pa-ra reduzir o nível de variabilidade na obtenção de suces-

so das empresas apoiadas.Com o objetivo de ampliar quantitativa

e qualitativamente os resultados do seg-mento, a certificação será similar a outros programas consagrados, como ISO 9000 ou 14000. O programa foi concebido a partir da análise do modelo de atuação americana dos SBDC (Small Business De-velopment Centers), que priorizam a ace-leração do crescimento das empresas, e

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CerNe 4 – MelhOriA CONtíNuA: a partir da estrutura

organizada nos níveis anteriores, a incubadora possui

maturidade suficiente para consolidar seu sistema de

gestão da inovação. Com isso, a incubadora passa a gerar,

sistematicamente, inovações em seus próprios processos.

Cerne 2 – iNCubADOrA: além de garantir a geração sistemática

de empreendimentos inovadores, a incubadora utiliza todos

os sistemas para uma gestão focada em resultados.

CerNe 3 – reDe De pArCeirOs: a incubadora deve consolidar uma

rede de parceiros, para ampliar a probabilidade de sucesso dos

empreendimentos apoiados, focada no desenvolvimento regional.

CerNe 1 – eMpreeNDiMeNtO: todos os sistemas estão

diretamente relacionais ao desenvolvimento dos empreendimentos:

qualificação, assessoria, seleção, gestão financeira e gestão

de infraestrutura física e tecnológica. Ao atingir este nível, a

incubadora demonstra que tem capacidade para prospectar e

selecionar boas ideias e transformá-las em negócios inovadores.

princípios sobre os quais os sistemas e processos serão estruturados. Durante o Seminário, também foi realizado um workshop em que representantes da An-protec e do Sebrae puderam explicar me-lhor os objetivos e condições de implan-tação do programa.

Em função da complexidade e do nú-mero de sistemas a serem implantados, o Cerne foi estruturado como um Modelo de Maturidade da Capacidade da incuba-dora em gerar, sistematicamente, empre-endimentos de sucesso. Por isso, foram criados quatro níveis crescentes de matu-ridade. A lógica escolhida para estruturar

os níveis de maturidade foi organizá-los a partir de eixos norteadores:

empreendimentos, incubadora, rede de parceiros e melhoria

contínua (inovação) – veja ilustração.

Segundo Sheila, as in-cubadoras associadas à Anpro-

tec não são obrigadas a se certifi-car. “Mas como acontece com a ISO, ser Cerne trará um diferencial para as incubadoras e, provavel-mente, despertará interesse das en-tidades de fomento que poderão exigir que a incubadora seja creden-ciada para receber determinado ti-po de apoio”, afirma.

A superintendente explica, ain-da, que para ser certificada a in-cubadora passará por uma audito-ria que checará se ela está cumprindo todas as normas do programa. Haverá um credencia-mento de consultores – pessoas que estarão aptas a dar suporte às incubadoras para implementar o Cerne – e de auditores – pessoas que serão encarregadas de conferir/avaliar se os processo estão todos implantados e executados.

Gestores de incubadoras avaliaram ferramentas do Cerne

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Lei de Inovação impulsionou a cultura da inovação no meio científico. Criou o ins-trumento da subvenção econômica, a pos-sibilidade de licença para pesquisadores que queiram criar uma empresa de base tecnológica e a equalização de taxas de juros. Fez renascerem os Núcleos de Ino-vação Tecnológica, trouxe a previsão legal para que nossas universidades criassem incubadoras de empresas (embora já hou-vesse centenas delas em operação e a ex-periência brasileira fosse reconhecida in-ternacionalmente). Provocou a discussão do tema da inovação tecnológica nas as-sembleias legislativas de mais de uma de-zena de estados, que também criaram as suas Leis de Inovação.

No final de 2009, uma importante ini-ciativa do setor empresarial não recebeu a devida atenção dos meios de comunica-ção. Em um manifesto, a CNI assumiu um compromisso com a mudança e lançou a MEI – Mobilização Empresarial pela Ino-vação, declarando que quer fazer da ino-vação uma prioridade estratégica de todas as empresas, independentemente de seu porte ou setor de atividade.

Este clima de “concentração para o des-file” pode ser muito bem aproveitado este ano. Teremos a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o título “Política de Estado para Ciência, Tec-nologia e Inovação com vista ao Desenvol-vimento Sustentável”. Teremos eleições, um momento de debates e disputas, mas tam-bém uma excelente oportunidade para a construção de alguns consensos. A criação de um ambiente propício para a inovação e para o empreendedorismo inovador de-veria ser um desses consensos.

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Concentra mas não sai

Mauricio Guedes*

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ão No último Carnaval do Rio, mais de 500 blocos saíram pelas ruas, desfi-

lando nomes geniais. Entre os publicá-veis neste espaço, estão o Simpatia é Quase Amor, Sovaco de Cristo, Impren-sa que eu Gamo (obviamente criado por jornalistas), Nem Muda nem Sai de Cima (do bairro da Muda), Me Beija que eu sou Cineasta, Mulheres de Chico e a his-tórica Banda de Ipanema. A associação que os reúne atende pelo nome de Se-bastiana, uma bem-humorada e também genial homenagem ao santo padroeiro da cidade.

O Concentra mas não Sai, fundado em 1995 pela cantora Beth Carvalho, não desfila, só concentra. O seu nome bem que poderia ser tomado emprestado por pesquisadores, empresários e agentes de governo, para uma oportuna reflexão so-bre a dinâmica do Triângulo de Sábato (ou da Triple Helix, como queiram) entre nós.

A nossa “concentração para a inovação”, seja ela avaliada pelos investimentos em C&T, pela formação de mestres e doutores ou pelas publicações científicas, gera ex-pectativas no campo do desenvolvimento econômico bem superiores aos resultados alcançados. Temos importantes exceções, em setores como agricultura, aeronáutica e energia, mas a regra geral ainda é um distanciamento entre os mundos da aca-demia e das empresas. Nos últimos anos, a relação, que era contaminada pela falta de interesse, desconfiança ou mesmo ri-validade, evoluiu para um clima de ceri-mônia. Já é um avanço, mas não é sufi-ciente para um bom desfile.

O país avançou no campo legislativo. A

*Mauricio Guedes édiretor da incubadorade empresas daCoppe/uFrJ e doparque tecnológico dauFrJ e vice-presidenteda internationalassociation of scienceparks (iasp).

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Outubro/Novembro/Dezembro 2009 no 58 • Ano XVambiente da inovação brasileira

Mercado verdeO desafio de desenvolver tecnologias sustentáveis

SuceSSoOs vencedores do 13º Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador

Inovação em 14 passosA receita criada no Vale do

Silício para o desenvolvimento

de habitats inovadores