INOVAÇÃO AMBIENTAL COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE NO...

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Área Temática: Empreendedorismo e Inovação INOVAÇÃO AMBIENTAL COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE NO SETOR TÊXTIL AUTORES ANGELO MONTEIRO DANESE [email protected] GILBERTO PEREZ Universidade Anhembi Morumbi [email protected] ALBERTO DE MEDEIROS JR Universidade Presbiteriana Mackenzie [email protected] RESUMO: Com esta pesquisa buscou-se avaliar como a inovação com foco ambiental pode gerar competitividade no setor industrial têxtil. Especificamente, pretendeu-se identificar quais as principais características do setor industrial têxtil no Brasil, caracterizar o setor e descrever os resultados de estudos já realizados, para identificar e analisar como se dá a competitividade no setor industrial têxtil, avaliar qual a importância da inovação ambiental para as indústrias têxteis, identificar quais foram as inovações ambientais desenvolvidas no setor e quais os benefícios que estas trouxeram. A amostra de participante do trabalho foi composta por quatro entrevistas, dentre os quais duas empresas e dois especialistas. Utilizando-se a metodologia qualitativa e exploratória, chegou-se a um resultado satisfatório, o qual pôde responder o problema de pesquisa e atingir os objetivos geral e específicos deste trabalho. Pela análise dos dados obtidos, estabeleceram-se categorias essenciais para o estudo. Dentre outras, destacaram-se as categorias: Investimento em Inovação e Tecnologia; Foco em Redução dos Custos de Produção; Foco na Gestão Ambiental; os quais levam à obtenção de competitividade e conscientização, conseqüentemente, preocupação com o meio ambiente na sociedade atual. Palavras Chave: Inovação Ambiental, Vantagem Competitiva, Setor Têxtil ABSTRACT: In this study sought to assess how innovation-focused in environment can generate competitiveness in textile industry. Specifically, we set out to identify the main features of the textile industry in Brazil, characterizing the sector and describe the results of previous studies to identify and analyze it as competitiveness in the textile industry, which evaluate the importance of environmental innovation for the textile industries, to identify which innovations were developed in the environmental sector and which benefits they brought. The sample of participants was composed of four interviews, among them two companies and two specialists. Using the qualitative methodology and exploratory, it come to a satisfactory result, which could answer the problem of the research and achieve the general and specific objectives of this study. Through the data analysis, set up categories for the main study. Among others, there are the categories: Investment in Innovation and Technology; Focus on reducing production costs; Focus on Environmental Management, which lead to the achievement of competitiveness and awareness, thus concern about the environment in society today. Key Words: Environmental Innovation, Competitive Advantage, Textile Industry

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Área Temática: Empreendedorismo e Inovação

INOVAÇÃO AMBIENTAL COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE NO SETOR TÊXTIL

AUTORES ANGELO MONTEIRO DANESE [email protected] GILBERTO PEREZ Universidade Anhembi Morumbi [email protected] ALBERTO DE MEDEIROS JR Universidade Presbiteriana Mackenzie [email protected] RESUMO: Com esta pesquisa buscou-se avaliar como a inovação com foco ambiental pode gerar competitividade no setor industrial têxtil. Especificamente, pretendeu-se identificar quais as principais características do setor industrial têxtil no Brasil, caracterizar o setor e descrever os resultados de estudos já realizados, para identificar e analisar como se dá a competitividade no setor industrial têxtil, avaliar qual a importância da inovação ambiental para as indústrias têxteis, identificar quais foram as inovações ambientais desenvolvidas no setor e quais os benefícios que estas trouxeram. A amostra de participante do trabalho foi composta por quatro entrevistas, dentre os quais duas empresas e dois especialistas. Utilizando-se a metodologia qualitativa e exploratória, chegou-se a um resultado satisfatório, o qual pôde responder o problema de pesquisa e atingir os objetivos geral e específicos deste trabalho. Pela análise dos dados obtidos, estabeleceram-se categorias essenciais para o estudo. Dentre outras, destacaram-se as categorias: Investimento em Inovação e Tecnologia; Foco em Redução dos Custos de Produção; Foco na Gestão Ambiental; os quais levam à obtenção de competitividade e conscientização, conseqüentemente, preocupação com o meio ambiente na sociedade atual. Palavras Chave: Inovação Ambiental, Vantagem Competitiva, Setor Têxtil ABSTRACT: In this study sought to assess how innovation-focused in environment can generate competitiveness in textile industry. Specifically, we set out to identify the main features of the textile industry in Brazil, characterizing the sector and describe the results of previous studies to identify and analyze it as competitiveness in the textile industry, which evaluate the importance of environmental innovation for the textile industries, to identify which innovations were developed in the environmental sector and which benefits they brought. The sample of participants was composed of four interviews, among them two companies and two specialists. Using the qualitative methodology and exploratory, it come to a satisfactory result, which could answer the problem of the research and achieve the general and specific objectives of this study. Through the data analysis, set up categories for the main study. Among others, there are the categories: Investment in Innovation and Technology; Focus on reducing production costs; Focus on Environmental Management, which lead to the achievement of competitiveness and awareness, thus concern about the environment in society today. Key Words: Environmental Innovation, Competitive Advantage, Textile Industry

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1. INTRODUÇÃO O setor têxtil é um dos mais antigos setores da economia e foi um dos setores pioneiros

na industrialização, o qual teve início no século XVIII, quando ocorreu a Primeira Revolução Industrial, onde foi marcado por novo modo de produção com o tear mecânico movido a vapor, que fazia o trabalho mais rápido e preciso, até então artesanal, o que se pode ligar ao fato de a inovação estar relacionada à competitividade na industrial têxtil (COTRIM, 1999), ampliando assim a escala possibilitando a redução dos custos (BARNEY, 2007), mesmo porque o setor têxtil foi também um dos primeiros a utilizar mão de obra assalariada. Alguns reflexos desta industrialização são vivenciados hoje, tendo-se como exemplos do meio ambiente, aumento da temperatura global etc.

A conveniência da produção sem preocupação com o meio ambiente não cabe mais no contexto empresarial; sabendo que ao se dar continuidade a uma produção desenfreada e sem objetivos de aproveitamento dos resíduos, efluentes e sobras gerados pelas empresas, os recursos naturais tendem a se extinguir podendo gerar malefícios futuros às organizações e sociedade. A dependência da energia elétrica, água, combustíveis caloríficos para caldeiras, como madeira, são um fator preocupante para o futuro das organizações, que caso os problemas presentes dentro delas não sejam resolvidos, com relação ao consumo e ao desperdiço dos recursos naturais, corre-se o risco de não haver substitutos para tais, podendo levar à parada de produção ou uma possível extinção. No entanto, já existem algumas empresas ambientalmente conscientes, e para elas se protegerem e beneficiarem foram criados certificados para o novo tipo de gestão, esse que leva em consideração a questão ambiental. Um exemplo é a norma ISO 14001, cujo certificado é atribuído às empresas cujas práticas são voltadas a proteção do meio ambiente em toda sua cadeia produtiva.

Sabe-se da existência de pequenas beneficiadoras têxteis nos grotões brasileiros, que nem ao menos levam em consideração as circunstâncias em que estão inseridas, no agreste, e utilizam água sem qualquer parcimônia, gastando cerca de dez litros de água para colorir apenas um quilo de roupa, o que se pode ver uma prática inaceitável e antiética perante a sociedade que os cerca. Mas em contrapartida, algumas indústrias têxteis, principalmente das regiões metropolitanas do nordeste e do sul/sudeste brasileiro, podem dar o exemplo da boa conduta para com o meio ambiente e sociedade, trazendo a oportunidade de se desenvolver as inovações, implantar as tecnologias criadas que já estão dando resultado, transformando aquilo que não era utilizado em vantagem competitiva. Porém, se existe uma pressão da sociedade sobre as indústrias para essa preocupação ambiental, a controvérsia de aumento de custos para os consumidores desestimula a implantação das ideias de colocação da gestão ambiental no cenário empresarial, pois o comodismo do preço baixo força as empresas a perderem tal consciência. Mas no decorrer deste artigo exemplifica-se que tal preocupação traz mais benefícios que custos para a empresa (MAIMON, 1996). Sendo assim, a gestão ambiental pode de certa forma, ser configurada como ferramenta para desenvolver e caracterizar uma distinção em relação à concorrência.

Desse modo, o problema de pesquisa ficou assim enunciado: Como a inovação com foco ambiental pode ser um fator de competitividade no setor têxtil? Esse estudo, de cunho exploratório realizado por entrevistas teve como objetivos: conhecer como as indústrias que adotaram a gestão ambiental reagiram às forças competitivas do mercado e verificar como especialistas da área vêem tal inclusão no modo de administrar as empresas. Portanto, apresenta-se dentro dos fundamentos teóricos uma breve discussão em torno de competitividade, inovação e preocupação ambiental para, desta forma, explicar de forma mais objetiva os resultados auferidos pela pesquisa.

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2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Nesta seção encontram-se descritos os tópicos abordados sobre competitividade e

inovação, assim como a sua inter-relação no contexto do cenário econômico, visando atender as especificações de referencial teórico necessário para a realização deste estudo. 2.1. Competitividade

A competitividade dá-se, basicamente, pelo número de concorrentes em um determinado setor ou ramo de atividade. Estes normalmente buscam diferenciar seus produtos pelas de estratégias que podem se tornar vantagens competitivas, fazendo com que a empresa tenha destaque no mercado que atua. “Diz-se que uma empresa criou uma vantagem competitiva sobre seus rivais se ela criou uma distância maior do que de seus concorrentes entre a disposição de pagar dos clientes e seu custo de produção” (GHEMAWAT, 2007, p.60). Hitt, Ireland e Hoskinsson (2002) completam que uma vantagem competitiva é entendida como fator estratégico quando essa gera valor para a empresa no momento em que essa é implementada, e que seja dispendioso para os concorrentes imitá-la ou mesmo não conseguir reproduzi-la e ou possa ser encarada como o desenvolvimento de um sistema que aparente uma vantagem ímpar sobre os rivais (HEIZER; RENDER, 2001).

Segundo Harrison (2005, p.165), “o sucesso de um empreendimento vem de sua capacidade de acumular, combinar e direcionar recursos, de forma mais eficiente do que outras empresas, para satisfazer a uma necessidade. Porém, a vantagem não tende a durar muito devido à imitação da concorrência”, ou seja, é relevante considerar que a vantagem competitiva não é permanente, podendo ser perdida a qualquer momento, devido à alta transformação do mercado e do ambiente externo, para tanto, Porter (1989) menciona que para uma vantagem competitiva seja sustentável é necessário que haja a contínua prática da inovação.

Para Ghemawat (2007), o posicionamento competitivo é visto de três formas, uma é a vantagem competitiva pela liderança de custos, a segunda é a análise de custos da empresa baseada na curva de experiência criada pela consultoria BCG e a ultima é a vantagem competitiva pela diferenciação. Wright, Kroll e Parnell (2000) acrescentam que ainda existem mais duas formas de posicionamento competitivo, a primeira, apoiada por Heizer e Render (2001), é a vantagem competitiva pela resposta rápida e a segunda é a vantagem competitiva pela estratégia de custos baixo-diferenciação.

De acordo com os autores, a liderança de custo é aquela que busca obter o menor custo possível em relação aos concorrentes (BARNEY, 2007) e deve ser adotada quando se há um número muito grande de concorrentes num mesmo setor em que os produtos possuem pouca ou nenhuma diferença entre si e a demanda se caracteriza por ser elástica (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). O conceito de liderança por baixos custos compreende a utilização do preço máximo que o cliente está disposto a pagar sem que afete a qualidade do produto (HEIZER; RENDER, 2001). Dentro da liderança de custos, Barney (2007, p. 103) cita que há quatro maneiras diferentes para se obter redução de custos, sendo elas a “diferença de tamanho e economias de escala”, que é a diluição dos custos de produção e redução do custo médio por unidade, “usar maquinário especializado”, “construir fabricas maiores”, o que significa aumentar a capacidade instalada e “aumentar a especialização dos empregados”.

As diferenças de experiência e economias de curva de aprendizado é, segundo Barney (2007), outra forma de se obter liderança por baixos custos, todavia, esta não visa à modificação na escala de produção, sendo assim, ela se caracteriza por gerar vantagem competitiva pelo nível de experiência ou vivência cumulativa que a empresa tem (BARNEY, 2007; WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). Porém, eles expõem que o conceito de curva de

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experiência está ligado a três fatores subjacentes, o próprio aprendizado, conforme citado, a produtividade e a possibilidade de permuta de capital humano. Nesta maneira de competitividade, Barney (2007, p. 108) cita que há três formas de se conquistar a vantagem competitiva pela curva de experiência, podendo ser pelo “acesso diferencial de baixo custo a insumos de produção”, “vantagens tecnológicas independentes de escala” e “escolhas de política”, que são decisões que as empresas podem tomar em relação aos tipos de produtos ou serviços que venderão e que podem gerar um impacto sobre os custos. Essa decisão faz com que nas empresas que a adotam “a tarefa de reduzir custo não é delegada a uma única função ou a uma força-tarefa especial, mas é responsabilidade de cada gerente e empregado” (BARNEY, 2007, p.111), podendo tornar a redução de custos a meta primordial da empresa.

Ainda de acordo com Barney (2007), outra maneira de se obter vantagem competitiva é pela diferenciação de produto, que busca do aumento do valor percebido pelo cliente, possibilitando-se cobrar um preço prêmio, aumentando o lucro da empresa e gerando vantagem competitiva. Diferenciar o produto ou o serviço significa obter uma característica que vai além do que o produto ou serviço oferece (HEIZER; RENDER, 2001). Dessa forma, produtos ou serviços diferenciados são voltados para um público que está disposto a pagar um preço prêmio para tê-los (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000).

Para Barney (2007) existem diversos modos de se diferenciar um produto. Pode-se dar pela modificação de alguma característica do produto para se ganhar posição em relação ao setor, ou ainda por se atribuir um nível maior de complexidade ao produto ou serviço, fazendo com que o consumidor tenha a impressão de que um produto valha mais que outro com função igual, porém com funcionalidade mais simples. Barney (2007) ainda menciona que o timing do lançamento do produto e a localização são fonte de diferenciação do produto, podendo gerar vantagem competitiva.

Heizer e Render (2001) citam que a competitividade pela resposta rápida é atingida quando a empresa tem capacidade de rebater rapidamente e de forma confiável as mudanças e variações do mercado, ou seja, quando a organização é entendida como flexível. “A velocidade no desenvolvimento, na fabricação e na distribuição dos produtos e serviços pode trazer para uma empresa uma notável vantagem competitiva” (BULKELEY, 1994 apud WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000, p. 257).

2.2. Vantagem Competitiva pela Inovação De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação pode ser entendida como um

processo de fazer de uma oportunidade uma nova ideia e de colocá-la em uso da maneira mais ampla possível, o que já se pode perceber uma relação entre as ideias desses autores. Freire (2002) acredita que a inovação só é completa se as gerações de novas ideais forem aplicadas, como Tidd, Bessant e Pavitt (2008) têm como própria definição o uso de uma nova ideia. Rogers e Shoemaker (1971) também argumentam que uma inovação pode ser uma nova ideia, uma nova prática ou também um novo material a ser utilizado em um determinado processo.

Davila, Esptein e Shelton (2007) citam duas mudanças decorrentes da inovação, a mudança tecnológica e a mudança de modelo de negócios. Eles expõem que na verdade a inovação não se resume as mudanças tecnológicas e que a inovação do modelo de negócios também é tão importante quanto à inovação tecnológica. “Saber como mudar os modelos de negócios de tecnologia em conjunto e individualmente é a marca do inovador de sucesso” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p.34).

Modelos de negócios descrevem de que maneira a companhia cria, vende e transfere valor aos clientes, incluindo-se nessa descrição a cadeia de suprimentos, a visualização de segmentos preferenciais de clientes e a percepção, pelos clientes, do valor a eles transferido. Mudanças tecnológicas que são parte integral da produção e da entrega de serviços podem efetivamente traduzir-se em produtos e serviços melhores, mais rápidos e de menor custo

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(DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007). Percebe-se que realmente é raro ocorrer uma mudança de tecnologia que não produza ao mesmo tempo inovações nos processos de negócios. “Ambas as inovações andam em conjunto e precisam ser pensadas e implementadas como um todo” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p.49).

De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), as inovações possuem graduação desde as incrementais, que são melhorias menores e contínuas, às radicais, que são mudanças maiores que até transformam a forma como vemos ou usamos as coisas, podendo até mudar a base da sociedade.

Para Davila, Esptein e Shelton (2007), a graduação da inovação possui três fases, as incrementais, semirradicais e as radicais. Segundo Freire (2002), as três graduações são incrementais, distintivas e revolucionárias. Assim pode-se identificar que existem três graduações de inovação, mas entendidas com nomes diferentes. As incrementais são aquelas que apresentam melhorias moderadas nos produtos e processos de negócios e extraem o maior valor possível de produtos e serviços já existentes sem precisar fazer mudanças muito significativas com grandes investimentos. As semirradicais ou distintivas são aquelas que podem alavancar mudanças que são inviáveis com a inovação incremental, mas geralmente não envolve mudança tecnológica e de modelo de negócios em conjunto. Já as radicais ou revolucionárias, são aqueles novos produtos e serviços completamente novos, com mudanças fundamentais para a competitividade, e com essa graduação, pode-se ter simultaneamente mudança tecnológica e no modelo de negócios.

Mas cabe salientar que “uma inovação revolucionaria não é, por si, garantia de sucesso, é apenas uma oportunidade. Ela precisa ser seguida por uma interminável corrente de inovações sucessivas, desde as incrementais até as radicais” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p.22).

Segundo afirmação de Kotler e Keller (2006), o que cada concorrente está buscando no mercado são vantagens competitivas. Sabe-se que vantagens competitivas não são permanentes, pois o ambiente externo está em constante transformação e as organizações precisam se adaptar a todo o momento Ghemawat (2007). E a inovação é uma fonte de aumento de produtividade e uma maneira de sobreviver em uma economia competitiva (DRUCKER, 2003).

De acordo com Porter (1989), as empresas alcançam vantagem competitiva pelas de ações de inovação, e Tidd, Bessant e Pavitt (2008) ressaltam que é importante que as vantagens geradas por essas medidas inovadoras podem perder seu poder competitivo à medida que outros as imitam. Para Bateman e Snell (1998) é por isso que as empresas devem se adaptar às mudanças nas demandas de consumo e às novas fontes de competição e Tidd, Bessant e Pavitt (2008) complementam que como o ciclo de vida dos produtos é cada vez menor, a capacidade de substituir produtos por versões mais modernas, com bastante frequência, é cada vez mais importante, havendo uma crescente pressão sobre as empresas para competir com o tempo, não somente para introduzir novos produtos no mercado, como principalmente para fazê-los mais rapidamente que seus concorrentes.

Bateman e Snell (1998) acreditam que os bens não são vendidos para sempre, pois há muitos concorrentes lançando muitos produtos o tempo todo, com isso, uma empresa deve ter a consciência da inovação. De forma semelhante, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) entendem que a capacidade de prestar melhores serviços, sendo eles mais rápidos mais baratos e de melhor qualidade, é considerada fonte de vantagem quando se trata de competitividade. As empresas necessitam inovar de diversas maneiras, pois:

[...] enquanto os novos produtos são encarregados como líderes de inovação no mercado a inovação de processos desempenha um papel estratégico também importante. Ser capaz de fazer algo que ninguém mais pode, ou fazê-lo melhor do que outros é uma vantagem significativa (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p.26).

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“A inovação pode ter como resultado o crescimento das receitas, uma base mais sólida de rendimento, relações melhores com os clientes, funcionários mais motivados, desempenho melhor das parcerias e vantagem competitiva incrementada” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p.26). Neste sentido Tidd, Bessant e Pavitt (2008) afirmam que produtos novos permitem capturar e reter novas fatias de mercado, além de aumentar a lucratividade em tais mercados. Conforme Porter (2006), uma empresa diferencia-se da concorrência se puder ser singular em alguma coisa valiosa para os compradores.

2.3. Inovação Ambiental e Competitividade Maimon (1996) expõe que o paradigma que a responsabilidade ambiental corrói a

competitividade não é mais relevante, acreditando no fato que com a competição dinâmica do mundo real não há necessariamente um conflito entre a ecologia e a economia. Segundo Hart (1997), os maiores desafios a serem transpostos pelo setor industrial na busca da gestão ambiental estão na solução de problemas que envolvem a poluição e a escassez dos recursos naturais. Andrade (2002) expõe que a proteção ambiental deixou de ser uma função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função de administração.

Donaire (2007) também concorda que prevalece a idéia de que qualquer providência que venha ser tomada em relação à variável ambiental é acompanhada de aumento de despesas e o consequente acréscimo dos custos do processo produtivo. Porém, é possível proteger o meio ambiente e ganhar dinheiro desde que as empresas possuam certa dose de criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócio.

Para isso, como benefício da administração com consciência ecológica, Andrade (2002) destaca os principais pontos como a sobrevivência humana, o consenso público, a oportunidade de mercado, redução de risco, redução de custos e integração pessoal. Destes fatores, pode-se caracterizar como princípios essenciais para o sucesso em longo prazo de uma empresa administrada de forma responsável, como qualidade, criatividade, humanidade, lucratividade, continuidade e lealdade. Neste sentido, Maimon (1996) conclui que a maior produtividade dos recursos torna as empresas mais competitivas, com uma redução de custos decorrentes da eliminação dos desperdícios e pela otimização dos recursos naturais energéticos.

A Gestão Ambiental também está ligada à inovação. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) complementam que a recente preocupação ambiental impõe desafios e oportunidades para a inovação, criando produtos ou serviços, processos mais sustentáveis e novos mercados e modelos de negócios voltados para a gestão ambiental. Maimon (1996) cita que os novos padrões ambientais podem dar início a um processo de inovações que diminuem o custo total do produto ou aumentam seu valor, permitindo que as empresas usem mais eficientemente uma série de insumos, que compensam os custos com a proteção ambiental.

De acordo com Barbieri (2006), políticas públicas ambientais, que vêm sendo conduzidas e tratadas para evitar os problemas ambientais, bem como os já existentes, são também, determinadas como instrumentos de comando e controle, que são os instrumentos de regulação direta que objetivam alcançar as ações que degradam o meio ambiente, limitando ou condicionando o uso de bens, a realização de atividades e o exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade como um todo. Para o autor, as regulamentações ambientais adequadas podem estimular o surgimento de inovações que reduzem os custos ambientais e permitem o uso mais eficiente de recursos. Porém, o problema não é a regulamentação em si, mas o modo como ela é formulada, sendo questionadas tais regulamentações se podem ser lucrativas ou não, ainda assim, se são necessárias.

Donaire (2007) acredita que com a questão ambiental cada vez mais presente na globalização dos negócios, as organizações devem, diante disto, incorporar a variável

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ambiental na prospecção de seus cenários e na tomada de decisão de maneira acentuada, podendo identificar resultados econômicos e resultados estratégicos do engajamento da organização na causa ambiental através de experiência das empresas pioneiras, porém, os resultados não se viabilizam de imediato. Há a necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa então, atingir no menor prazo possível, o conceito de excelência ambiental, que resultará em importante vantagem competitiva. Por isso, de acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação conectada à gestão ambiental possui implicações sistêmicas e necessita de gerenciamento integrado para serem compatíveis com os contextos sociais, políticos e culturais, pois, podem oferecer riscos de fracasso.

Um dos problemas segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2008) é que a gestão ambiental pode trazer a idéia de descontinuidade, onde os produtos, serviços e negócios podem se sustentar por certo tempo e subitamente diminuírem por motivos de novas informações ou padrões mais rígidos. Porém, a sustentabilidade tem um potencial para criar novos mercados, como por exemplo, novos sistemas de construção e transporte, serviços e produtos ecologicamente concebidos e fontes de energia alternativa.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho de campo foi realizado com caráter exploratório, assim determinado por Gil

(2002), como trabalhos que têm o intuito de desenvolver familiaridade com o problema, explicitando-o e tendo um planejamento flexível, e serviu como uma base representativa dos conceitos que foram vistos na revisão teórica. Cervo e Bervian (2002) recomendam o estudo exploratório quando há poucos conhecimentos sobre o problema a ser estudado. A respeito dos procedimentos metodológicos, o modelo de pesquisa exploratório utilizou principalmente as técnicas de pesquisas qualitativas assim descritas por Selltiz e Leite (1965), baseadas em entrevistas com participantes do setor industrial têxtil, pois, de acordo com Cervo e Bervian (2002), a entrevista é uma conversa orientada com objetivo de recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa, e ela geralmente é usada quando há a necessidade de se obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais, sendo que estes métodos de pesquisas são capazes de aprofundar na complexidade de um problema. Para Oliveira (1998), a pesquisa qualitativa tem como objetivo situações complexas ou estritamente particulares.

Para este trabalho escolheu-se o método de análise de conteúdo, dentre outros métodos pesquisa qualitativa, em função da sua adequação ao problema proposto, pois para Bardin (2006), a análise de conteúdo trabalha tradicionalmente com materiais contextuais escritos em questão, os textos que são construídos no processo de pesquisa, tais como transcrição de entrevista e protocolos de observação. Flick (2004) determina que a análise de conteúdo em forma de categoria é uma maneira eficiente para reduzir as respostas em perguntas abertas. Bardin (2006) enfatiza tal análise para verificar a hipótese e ou descobrir para cada conteúdo escrito e mapeado, para explicitar o principal ponto de partida para identificação do conteúdo.

Bardin (2006) classifica a análise de conteúdo em três etapas, como pré-análise, que é etapa de organização e sistematização das idéias e informações das entrevistas, a análise de material que analisa a codificação, categorização e quantificação da informação, e por fim, o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação, desenvolvendo as características mais relevantes do conteúdo.

Tal pesquisa fez parte do desenvolvimento sobre o tema inovação ambiental voltado para competitividade no setor industrial têxtil brasileiro. A unidade de análise deste estudo foi definida junto ao Sinditêxtil (Sindicato das Indústrias Têxteis de São Paulo) e à ABIT (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis) organizações do setor industrial têxtil do Brasil.

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As obtenções das evidências deram-se pela busca de documentos disponíveis na mídia e por entrevistas junto aos dirigentes e responsáveis da organização e especialistas. Por último, todas as etapas de preparação, coleta de evidências na organização e análise seguiram um roteiro de entrevista pré-estabelecido.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Quatro gestores foram entrevistados no decorrer da pesquisa (quadro 1). Os

entrevistados possuem cargos diferentes, porém todos relevantes para o desenvolvimento do tema, pois todos possuem larga experiência profissional no ramo têxtil. As entrevistas ocorreram no primeiro semestre de 2009 e foram gravadas, com o consentimento dos entrevistados. Cabe salientar a dificuldade da abertura de informações da empresa e disponibilidade para entrevistas, por isso, os nomes dos entrevistados foram omitidos e as indústrias têxteis tiveram os nomes modificados para resguardar as partes envolvidas.

Entrevista Empresa Cargo E1 Alfa Diretor Industrial E2 Consultor Doutor Especialista E3 CETESB Secretário Executivo da Câmara Ambiental da Indústria Têxtil E4 Beta Analista do Sistema de Gestão Integrado (Ambiental e Qualidade)

Quadro 1: Relação da Amostra Utilizada na Pesquisa

Após transcrição e leitura das entrevistas elaborou-se um quadro de unidades de registros (UR), que visou encontrar e agrupar por semelhança trechos das entrevistas, o que auxiliou a formação das Unidades de Significado (US), que também foram agrupadas, para assim chegar-se às categorias descritas no quadro 2, que proporcionam uma visão mais clara dos resultados do trabalho.

Categoria Unidade (s) de significado C1 Foco no aumento de produtividade. US1 Foco no aumento de produtividade. Regra para inclusão: A US expressa o foco no aumento de produtividade para se ter o aumento de produtividade.

US2 Investimentos em tecnologia. C2 Investimento em inovação e tecnologia. US4 Investimentos em inovação. Regra para inclusão: As US´s identificam-se como consequências de investimento em tecnologia e investimentos em inovação como fatores para o investimento em inovação e tecnologia. C3 Foco em redução dos custos de produção. US3 Busca por menores custos de produção. Regra para inclusão: A US identifica a busca por menores custos de produção como fator pela redução dos custos de produção.

US5 Foco no aumento de competitividade. C4 Obtenção de competitividade. US9 Mudanças nos métodos de gestão. Regra para inclusão: As US´s estão relacionadas com a obtenção de competitividade com foco no aumento de competitividade e mudanças nos métodos de Gestão,

US6 Investimentos com foco em sustentabilidade. US8 Investimento em melhorias ambientais. C5 Foco na gestão ambiental. US10 Reutilização de insumos.

Regra para inclusão: As US´s estão relacionadas com o foco na gestão ambiental pelos investimentos em sustentabilidade e melhorias ambientais, como também a reutilização de insumos.

US7 Percepção do cliente e sociedade à inovação verde. C6 Percepção dos agentes externos com relação à

inovação verde US11 Enquadramento a certificados. Regra para inclusão: As US´s identificam-se para a percepção dos agentes externos com relação à inovação verde pela percepção da sociedade, como também do enquadramento a certificados da inovação verde Quadro 2 - Codificação das Categorias

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A categoria C1 (Foco no aumento de produtividade) foi criada pela Unidade de Significado (US) que expressa formas de busca ao aumento de produtividade por parte das empresas do setor têxtil. A partir da análise das entrevistas, é possível constatar, como cita Donaire (2007), que o aumento da produtividade é visto como um benefício estratégico por todas as empresas.

Drucker (2003) afirma que os processos de inovação levam a um aumento de produtividade vital à sobrevivência das empresas no cenário econômico competitivo. Como indica o entrevistado em E1, a empresa sempre busca os altos níveis de produtividade para desencadear uma série de benefícios que podem ser proporcionados.

Essencial é produtividade [...]. Produtividade e tecnologia. Como é que se consegue produtividade? Altíssima produção com o máximo de eficiência possível e o mínimo de pessoas possível, então o pessoal fala: “Ah isso gera desemprego”, eu discordo, não gera desemprego, porque se você consegue tudo isso que eu to falando você consegue um custo mais baixo e custo mais baixo sobra mais dinheiro pras pessoas comprar outras coisas, e essas pessoas tendo mais dinheiro vai abrir mercado pras pessoas que ficaram desempregadas fazer outras coisas.

A categoria C2 (Investimento em inovação e tecnologia) agrupou Unidades de Significado (US) que relatam sobre investimentos em tecnologia e investimentos em inovação. A formação, portanto, da US2 (Investimentos em tecnologia) surgiu a partir de trechos identificados em quase todas as entrevistas que falam sobre a importância do investimento tecnológico para o desenvolvimento da organização. Pode-se observar que na E1, o entrevistado diz que a tecnologia é essencial para se ter uma organização competitiva, e com a inovação tecnológica sempre se melhora a produtividade. Assim confirmado por Drucker (2003), que qualquer inovação é fonte de aumento de produtividade e uma maneira de sobreviver em uma economia competitiva.

A US4 (Investimentos em inovação) foi formulada pelas constantes citações do diferencial agregado por investimentos em inovações, também a partir de citações que definem a necessidade da organização possuir um diferencial para fazer parte do mercado competitivo. Para Drucker (2003), a inovação pode ser uma ferramenta que explora a mudança como uma oportunidade para diferentes negócios ou serviços, o qual confirma a necessidade de se investir em inovações. Com o trecho da E1, onde o entrevistado afirma:

“Só há investimento em inovação [...]”

Relata-se que investimentos sempre buscam inovar e trazer um diferencial para a organização. Já de acordo com a E4, o entrevistado tem como resposta para investimentos em inovação:

“[...] redução de custos, de resíduos, melhoria no desempenho industrial e preservação do meio ambiente”.

Portanto, podem-se identificar outras importâncias relatadas pelo uso do investimento em inovação, onde é identificada a percepção da empresa em resultados obtidos pela prática da inovação.

A categoria C3 (Foco em redução de custos de produção) reforça que a inovação pode ter como foco a redução de custos em se falando da questão ambiental, pois segundo Ghemawat (2007), um dos posicionamentos da competitividade é a análise de custos e Barney (2007) cita que a liderança de custo é voltada para ter vantagem visando à redução de custos superiores a dos concorrentes. Sendo assim, Wright, Kroll e Parnell (2000) expõem que a estratégia de liderança de custo tem que ser adotada quando há uma grande variedade de concorrentes que fazem um mesmo produto com poucas, ou nenhuma diferença, que têm demanda elástica. Em E1, o entrevistado ressalva que, para se conseguir custo baixo, é necessário investir em tecnologia para garantir a eficiência na produtividade.

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Voltando-se para a questão ambiental, Barney (2007) cita que para se obter vantagem competitiva em custos, uma empresa de grande porte pode adquirir maquinários especializados que proporcionam tais reduções, mas que empresas menores não conseguem pelo tamanho do investimento. De acordo com Maimon (1996), hoje não existe um conflito da responsabilidade ambiental com a economia, pelo contrário, quando há investimentos em inovações ambientais observam-se resultados. Com a resposta entrevistado em E3 obtém-se a comprovação que a variável ambiental está a favor da competitividade, observado assim na fala:

“[...] então na parte de resíduo a indústria teve uma discussão muito grande com a CETESB através do Órgão Ambiental do Estado de São Paulo buscar uma solução para melhor dispor, por exemplo, os resíduos, os lodos gerados pela estação de tratamento de efluentes industriais. Principalmente aquelas empresas aonde têm setores de tinturaria, engomagem, e estamparia e tudo mais que geram efluentes líquidos, esses efluentes vão ser tratados e na purificação da água você transfere da parte liquida para a parte sólida os poluentes. Então se chamado esse poluente de lodo ele precisa ser disposto, armazenado e disposto adequadamente com a aprovação do órgão ambiental”.

E ele complementa: “[...] uma das soluções que nós discutimos e buscamos e foi aprovado um procedimento pela CETESB é que esse lodo invés de ir para um aterro sanitário ele passou a ter oportunidade de ser utilizado em função da sua característica que tem um poder calorífico e ser utilizado para queima junto com a biomassa em caldeiras e equipamentos de geração de vapor, caldeiras, que são utilizadas na própria linha de produção do setor têxtil, então isso, a meu ver, é uma inovação de procedimento gerencial”.

Donaire (2007) cita que com ações de inovação ambiental é possível se garantir benefícios estratégicos e econômicos como o aumento de produtividade, melhor adequação aos padrões ambientais, economia devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos, e devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes. Pode-se confirmar esta afirmação pelo entrevistado em E2, que afirma:

“Eu trabalhei, por exemplo, em uma empresa que fazia assentos e essa empresa reutilizava resíduos. Esta desfiava e novamente fazia o tecido para o revestimento dos assentos. E também, outra coisa, por exemplo, você tem um resíduo muito grande das confecções em São Paulo que pode se reutilizado, você pode desfiar novamente e fazer outro tecido”.

Mais adiante ele complementa: “[...] a gente aqui no Brasil tem um grande mercado para desenvolver esses outros produtos e até desenvolver em termos de tecnologia.”

A categoria C4 (Obtenção de competitividade) aplica-se às unidades de significados que expressam o foco no aumento da competitividade relacionando como uma oportunidade de vantagem competitiva no desenvolvimento de inovação com a sustentabilidade do meio ambiente, como também, a unidade de mudanças no método de gestão. De acordo com Harrison (2005) o empreendimento para ter sucesso necessita da capacidade de acumular, combinar e direcionar recursos de forma eficiente do que outras empresas a fim de satisfazer uma necessidade de mercado. Na E4, o entrevistado afirma que:

“as empresas que não se encaixarem nessa modalidade, consequentemente, perderão espaço no mercado competitivo, onde se é necessário produzir com qualidade, baixo preço, possuir diferencial e ainda se ater para as questões ambientais.”.

Essa informação confirma o que Heizer e Render (2001) citam sobre vantagem competitiva, que é a capacidade de criar e apresentar uma vantagem exclusiva sobre os

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concorrentes, existindo três formas de se adquirir a vantagem competitiva. Segundo os autores, as empresas devem determinar suas missões de diferenciação, a liderança de custos e resposta rápida.

A categoria C5 (Foco na gestão ambiental) agrupou US’s que se identificam com fatores ligados ao meio ambiente, como investimentos tanto em sustentabilidade como em melhorias ambientais e a reutilização de insumos. Pode-se observar que na US6 (Investimentos com foco em sustentabilidade), as entrevistas E1 e E4 buscam relatar as vantagens que os investimentos em sustentabilidade trouxeram para as organizações. Como por exemplo, no trecho da entrevista E4:

“[...] a nossa empresa [Beta] possui certificado da ISO 14001, foi agraciada com o prêmio mineiro de gestão ambiental pela UBQ (União Brasileira para a Qualidade) e possui controles operacionais para atender aos critérios das normas e legislações ambientais promovendo uma melhor imagem institucional”.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008) complementam sobre a importância da sustentabilidade dizendo que a recente preocupação ambiental impõe desafios e oportunidades para a inovação, criando produtos ou serviços, processos mais sustentáveis e novos mercados e modelos de negócios voltados para a sustentabilidade.

Na US8 (Investimento em melhorias ambientais), observa-se a relevância sobre a questão de melhorias ambientais. Maimon (1996) agrega dizendo que a gestão ambiental vem se tornando um “pelo” na competitividade. O entrevistado de E4 confirma a teoria citada por Maimon (1996), pois clientes quando optam por alguma certa organização, é porque ela teve competitividade suficiente para se destacar e conseguir estes clientes:

“[...] é perceptível uma mudança de comportamento quanto às questões ambientais, os clientes optam por empresas que tenham essa consciência e se engajam na luta para melhoria nas condições do meio ambiente”.

Na formação da US10 (Foco em reutilização de insumos), os entrevistados citam algumas formas de melhor manuseio dos insumos para que estes possam ser reaproveitados pela própria empresa ou por terceiros, visando a menor degradação e poluição do meio ambiente, pensando sempre em atingir o melhor nível de sustentabilidade possível. Como pode ser confirmado por texto retirado da entrevista representada pela empresa Beta na E4:

“Os resíduos são separados de acordo com a classe e periculosidade. Os resíduos não perigosos são reutilizados na empresa, por exemplo, papel, outros resíduos são repensados antes da sua utilização, por exemplo, o copo descartável é substituído parcialmente por squeezes reduzindo a geração, os resíduos de processo, por exemplo, o de algodão é recuperado, voltando ao processo como matéria prima. Os resíduos perigosos são enviados para empresa licenciada onde receberão tratamento especial.”

Segundo Porter (2006), os novos padrões ambientais podem dar início a um processo de inovações que diminuem o custo total do produto ou aumentam seu valor, permitindo que as empresas usem mais eficientemente uma série de insumos, que compensam os custos com a proteção ambiental. Confirmando este conceito, em E3, o entrevistado relata:

“[...] nos estudos que nós fizemos com o setor para a prevenção da produção mais limpa houve investimentos, pequenos investimentos levaram em curto espaço de tempo a ter ganhos ambientais ok? Então, esse da telha translúcida foi um exemplo de redução de resíduos e mudança de banhos, por exemplo, na engomagem, o reuso de água de goma levou a ganhos a esses investimentos muitas vezes, isso operacionais você pode falar assim (...) isso não é inovação, mas também houve investimentos em tecnologia tecnologicamente e que essas de alguma maneira eu entendo que possa ser dito como inovações porque você quebra muitas vezes nos casos de produção mais limpa você quebra alguns paradigmas e não é um paradigma simplesmente do ponto de vista de gestão ou processo, ou no produto no seu negocio

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mas é de forma de ver e de olhar de outra maneira como é que você pode minimizar os impactos ambientais por exemplo”.

Para a formação da categoria C6 (Percepção dos agentes externos com relação à inovação verde/ambiental) agruparam-se as Unidades de Significado (US) que refletem a percepção dos agentes externos com relação à inovação verde. Constata-se que a relação entre inovação verde e aumento de vendas e fidelização por parte dos clientes ainda é um paradigma a ser quebrado. Porter (2006) afirma que novos padrões ambientais podem dar início a um processo que levará o produto a ter um valor agregado maior se estiver enquadrado em políticas ambientais e certificados de qualidade.

Na E1, o entrevistado afirma que não há uma percepção positiva dos produtos somente por se enquadrarem em parâmetros ambientalmente corretos, e também, citados por todos os outros entrevistados, o cliente ainda busca a vantagem no custo que muitos produtos verdes apresentam.

“Não, os meus não, porque grande parte dos nossos fornecedores é do Nordeste, e lá não tem esse pensamento, são empresas pequenas, então é, eu ganhar o cliente por que eu faço isso, não. O cliente vai atrás do custo, no meu caso vai atrás do custo. Ninguém vai atrás disso porque meu produto é commodity, então você faz sempre a mesma coisa a vida inteira, nunca muda, não é moda, então tem um monte de concorrente que tem um argumento a mais, dizendo que o nosso produto é feito assim, assim e assim, tenho o ISO 14000, ISO 9000, no meu caso, não”.

Em E2, o entrevistado ressalta o fato de que no Brasil apenas quatro empresas possuem certificação ISO 14001, sendo uma mesma empresa com dois certificados para unidades de produção diferentes, mostrando que ser uma empresa enquadrada nos parâmetros e critérios de qualidade que levam em consideração a preservação do meio ambiente ainda não é o foco principal de grande parte das empresas no setor industrial têxtil.

“Em relação à gestão ambiental me surpreendeu muito saber que o número de empresas certificadas no Brasil são cinco empresas certificadas pelo ISO 14000. [...] Se tem toda uma regulamentação, uma lei, e para você atender você vai precisar investir e isso custa dinheiro, e você também precisa mudar seu processo e pensar de uma forma diferente. E as empresas ainda não têm essa visão”.

A figura 1 foi elaborada com o intuito de propor uma possível relação entre as categorias que foram elaboradas a partir da análise das entrevistas e pesquisas feitas em relação ao tema definido: inovação ambiental como fator de competitividade no setor têxtil. Por esta figura procura-se mostrar da melhor forma possível qual é o processo racional resultado da elaboração das pesquisas e das entrevistas.

Figura 1: Possível relacionamento das categorias identificadas na pesquisa.

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É possível, pela análise da figura 1, compreender a relação existente entre o foco no aumento de produtividade (C1) com o foco em redução dos custos de produção (C3), já que quanto maior a produtividade de uma empresa, menor será seu custo fixo por unidade. Essa é a raiz da economia de escala, que é ter um maior volume para diluir os custos fixos da empresa entre os produtos (BARNEY, 2007). Assim como o investimento em inovação e tecnologia (C2), também possui uma relação direta com o foco em redução dos custos de produção (C3), pois quanto mais a empresa usufrui tecnologia e investe em inovação, maior sua produtividade, portanto menor seu custo unitário, sendo assim, quando se trata de aumento de produtividade o investimento em inovação e tecnologia é a primeira ferramenta. E, de acordo com Barney (2007) pode haver vantagem tecnológica pela utilização ou criação de tecnologia que traga um diferencial de custos para a empresa. “Mudanças tecnológicas que são parte integral da produção e da entrega de serviços podem efetivamente se traduzir em produtos e serviços melhores, mais rápidos e de menor custo” (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p.55). E quando se pensa em redução de custos de produção (C3), logo um dos meios mais utilizados para se chegar a este resultado é o investimento em inovação e tecnologia (C2).

Quando uma empresa possui foco em redução dos custos de produção (C3) certamente ela está se desenvolvendo, pois quando os custos de uma empresa diminuem e ficam menores do que de outras empresas atuantes no mesmo mercado ela pode se destacar pelo oferecimento de produtos de mesma ou de melhor qualidade por um preço menor ou por cobrar o mesmo preço que seus concorrentes e possuir um lucro maior, gerando assim uma vantagem competitiva perante seus concorrentes. Quanto mais próximo a organização estiver do acesso diferencial de baixo custo a insumos de produção, e a um custo inferior a de seus concorrentes os suprimentos necessários para produção ela conseguirá atingir a liderança de custo, e assim ter uma vantagem competitiva em relação ao setor (BARNEY, 2007).

E também com a redução de custos de produção, a empresa pode ter maior reserva de capital para investimentos em diferenciação, pois, de acordo com Barney (2007), a diferenciação de produto é a busca do aumento do valor percebido pelo cliente, dando a possibilidade de cobrar um preço prêmio, aumentando o lucro da empresa e gerando vantagem competitiva.

Portanto, o foco em redução dos custos de produção (C3), sempre induz o caminho para a obtenção de competitividade (C4) sendo ela praticada sozinha ou em conjunto com o Foco no aumento de produção (C1), com investimentos em inovação e tecnologia (C2) e foco na gestão ambiental (C5).

O foco na gestão ambiental (C5) está interligado a várias outras categorias, pois pela gestão ambiental é possível que uma empresa possa reduzir seus custos de produção, ter uma vantagem competitiva por este fato e pela melhora de sua imagem pela percepção de agentes externos. Andrade (2002) destaca que os principais benefícios da administração com consciência ecológica, como, a sobrevivência humana, o consenso público, a oportunidade de mercado, redução de risco, redução de custos e integração pessoal. Destes fatores, podem-se caracterizar como princípios essenciais para o sucesso em longo prazo de uma empresa administrada de forma responsável, como, qualidade, criatividade, humanidade, lucratividade, continuidade e lealdade.

Com a ilustração da figura 1, tem-se que pela gestão ambiental (C5) uma organização tem a oportunidade de diminuir seus custos de produção, Donaire (2007) cita que pode se ter benefícios econômicos com economias de custos pela redução do consumo de água, energia e outros insumos e também com a redução de multas e penalidades por poluição. O que prova que a gestão ambiental (C5) se conecta com o foco na redução dos custos de produção (C3). Para mais, Porter (1989) complementa que os novos padrões ambientais podem dar início a um processo de inovações que diminuem o custo total do produto ou aumentam seu valor,

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permitindo que as empresas usem mais eficientemente uma série de insumos, que compensam os custos com a proteção ambiental.

Outra importante ligação do foco na gestão ambiental (C5) é a ligação com os Investimentos em inovação e tecnologia (C2) que fazem com que as empresas se preocupem com o meio ambiente e busquem inovações tecnológicas que ajude a preservar e melhorar seus resultados. Confirma-se a afirmação de Tidd, Bessant e Pavitt (2008), que a recente preocupação ambiental impõe desafios e oportunidades para a inovação, criando produtos ou serviços, processos mais sustentáveis e novos mercados e modelos de negócios voltados para a sustentabilidade.

Ainda sobre o foco na gestão ambiental (C5), Donaire (2007) ressalta que alguns dos benefícios estratégicos trazidos pelo foco neste tipo de gestão são a melhoria das relações com os órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas, melhoria da imagem institucional como também o acesso assegurado ao mercado externo, gerando uma percepção dos agentes externos com relação à inovação verde (C6). E é por esta percepção que a organização pode também ter uma grande obtenção de competitividade (C4), pois a vantagem competitiva de uma empresa se estabelece de acordo com o grau de valorização dos indivíduos por esta percepção.

Maimon (1996) ainda reforça dizendo que o paradigma que diz que a responsabilidade ambiental corrói a competitividade não é mais relevante, acreditando no fato que com a competição dinâmica do mundo real, a Gestão Ambiental vem se tornando um valor agregado na competitividade, confirmando a importância da gestão ambiental para a obtenção da competitividade (C4) em um mundo globalizado e dinâmico.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise de dados realizada de forma qualitativa, pôde-se observar que todas

as categorias que foram identificadas e explicadas na seção de análise, podem influenciar direta ou indiretamente na obtenção da competitividade de uma organização. Com esse resultado, mostra-se a relevância da obtenção de competitividade das empresas do setor têxtil, que pode ser adquirida de várias formas, mas principalmente pela inovação acompanhada da vantagem competitiva trazida pela constante busca de mudanças, atualizações e compreensão das necessidades externas, inclusive as referentes ao meio ambiente.

É necessário salientar com a pesquisa, que a inovação ambiental se mostra a favor da competitividade, ao contrário do que é discutido no mercado por alguns profissionais em relação a custo e benefício, que creditam ser inviável a aplicação da variável ambiental em seus sistemas gerenciais pelo custo de investimento. Assim, comprova-se que o setor têxtil ainda possui uma visão antiquada de administração e gestão de processos e, que necessita superar barreiras, pois parte das indústrias têxteis ainda encontra-se na fase da busca de eficiência. Então quando se trata de inovação estas indústrias acabam obtendo vantagem competitiva neste setor mesmo não se preocupando com a questão ambiental. Mas em análise, vê-se que a inovação com foco ambiental pode trazer uma vantagem competitiva muito maior e se enquadrando na realidade econômica atual, seguindo as tendências do mercado global.

De acordo com os fatos citados, como a inovação com foco no meio ambiente e competitividade podem ser obtidas pelo custo, que em entrevistas foram observados diversos tipos, como por exemplo, as sobras de poliamida enviadas para o Nordeste para a produção de novas peças e artesanato, ou seja, venda de rejeitos ou sobras, o desfio do tecido para reutilização em produção de novos tecidos (reutilização dos rejeitos ou sobras). E um dos mais importantes, a utilização de tanques de lodos para absorção dos efluentes da engomagem e tinturaria, secagem dos lodos e transformação deles em combustível para caldeiras devido ao seu alto poder calorífico, sustentabilidade na cadeia.

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Ressaltando, observa-se que as empresas no setor têxtil dão importância à inovação, pois esta traz uma vantagem competitiva relevante pelas reduções nos custos produtivos e constante aumento na produtividade das indústrias têxteis, também a boa imagem proporcionada pela preocupação ambiental e pelos cuidados gerados pelas inovações verdes implantadas. Dentre os resultados obtidos pela pesquisa, destaca-se a grande interação das variáveis investimentos em inovação e em tecnologia, redução dos custos de produção e a gestão ambiental, as quais sempre chegam à vantagem competitiva.

Vale alertar que os resultados da pesquisa podem ser aproveitados nas empresas para um estudo interno, pensando na melhoria de suas práticas e as vantagens competitivas que elas podem conquistar, porém nem todos os setores da indústria têxtil podem utilizá-los. Este estudo pode ser continuado para se entender como as empresas do setor têxtil no Brasil se comportam e suas práticas para obter um estudo mais detalhado da influência da inovação ambiental na vantagem competitiva, já que a pesquisa engloba um pequeno grupo de organizações do setor têxtil e, portanto pode ser relevante para estudos mais aprofundados no setor que possam envolver uma analise quantitativa, visando validar o modelo proposto na figura 1.

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