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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
NONOGRAFIA ON-LINE
A FIDELIZAÇÃO DO TORCEDOR PELA FLATV: UMA PROPOSTA DE VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA
GUILHERME MIZIARA
Rio de Janeiro Junho/2010
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
MONOGRAFIA ON-LINE
A FIDELIZAÇÃO DO TORCEDOR PELA FLATV: UMA PROPOSTA DE VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA
GUILHERME MIZIARA
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências da entrega da Monografia do Instituto A Vez do Mestre
ORIENTADORA: Prof. Fernando Lima
Rio de Janeiro Junho/2010
RESUMO
Este estudo tem por objetivo avaliar de que forma a FLATV pode ser uma estratégia
de fidelização do torcedor através da utilização de novas tecnologias e como o jornalismo
pode ser complementado com a publicidade e o marketing de relacionamento.. Quanto aos
aspectos metodológicos, esta pesquisa constitui-se em um estudo de caso com suporte de um
referencial teórico desenvolvido nos dois primeiros capítulos deste trabalho. A pesquisa
procurará identificar as causas que levam o torcedor a assistirem a FLATV e o que acham dos
outros sites, bem como o que poderia ser mudado ou acrescentado. Dessa forma, este trabalho
está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo abordará a internet e o jornalismo, mais
especificamente a história da internet, o desenvolvimento, a presença do jornalismo, diferença
da internet com outros meio de comunicação, sites de jornais e revista na internet. O segundo
capítulo abordará o jornalismo esportivo e por último o marketing de relacionamento como
estratégia de fidelização: estudo de caso da FLATV. Pode-se concluir que, em termos de
mercado, isso significa que salvo pequenas exceções cada grupo desse deseja e necessita de
um produto diferente para sentir-se satisfeito na sua busca por entretenimento, nesse caso a
FLA TV seria uma ótima opção. Dada a diferença entre as populações na torcida do
Flamengo fica difícil traçar um plano de marketing que agrade e atinja a todos sob pena de se
ignorar os desejos e necessidades de alguma parcela da torcida.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
CAPÍTULO 1 INTERNET E JORNALISMO ...................................................................... 6
1 – História da Internet .......................................................... Erro! Indicador não definido.
1.1 – Início da internet ........................................................................................................ 6
1.2 – Desenvolvimento da internet e chegada no Brasil..................................................... 7
1.3 – A presença do jornalismo na internet ........................................................................ 9
1.4 – Diferenças da internet em relação a outros meios de comunicação ........................ 10
1.5 - Sites de jornais e revistas na Internet ....................................................................... 15
CAPÍTULO 2 O JORNALISMO ESPORTIVO ................................................................. 21
2.1 – O jornalismo esportivo no mundo ............................................................................... 21
2.1.1 – Jornalismo Esportivo No Brasil ............................................................................ 22
2.2 – Panorama do jornalismo esportivo: emoção e esporte ................................................ 25
2.3 – Histórico do jornalismo: rádio, tv e internet na cobertura esportiva .......................... 28
2.4 – Credibilidade, respeito e abordagem ........................................................................... 30
2.5 – Linguagem adequada aos ouvintes .............................................................................. 31
2.6 – Jornalismo de Serviço – o papel do jornalista esportivo na sociedade ........................ 32
CAPÍTULO 3 O MARKETING DE RELACIONAMENTO COMO ESTRATÉGIA DE
FIDELIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO DA FLATV ........................................................... 35
3.1 –FLATV ......................................................................................................................... 35
3.2 – A importância de conhecer o perfil dos torcedores ..................................................... 37
3.3 - Marketing de relacionamento ...................................................................................... 39
3.4 – Gestão do relacionamento com o cliente ..................................................................... 42
3.5 – Fidelização ................................................................................................................... 43
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48
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INTRODUÇÃO
O jornalismo chega à internet como uma nova forma de apresentar as notícias. No
início as redações apenas transcreviam as matérias para a internet. O jornalismo inicia-se na
internet por meio dos jornais on-line, agências de notícias e sites de notícias especializados. A
tecnologia da internet começa a ir muito além de apenas colocar a notícia em outro meio de
comunicação.
Hoje o jornalismo esportivo avançou na internet e ganhou importância, além de uma
maior valorização. O futebol é o esporte mais retratado no Brasil, por características culturais
e por ser, historicamente, o melhor do mundo. Ele é a preferência nacional, mas as editorias
esportivas não deixam de lado os outros esportes menos praticados, como vôlei, natação e
basquete. Os esportes amadores, mesmo em escala menor, não deixam de estar nos sites que
comentam e que fornecem notícias ligadas ao esporte. O jornalismo esportivo abrange todos
os esportes e não apenas o futebol.
A FLATV é uma ferramenta que o Clube de Regatas Flamengo lançou mão para criar
uma maior identificação com seus torcedores. Ela consiste em mostrar por meio da Internet, o
dia-a-dia do clube e de seus jogadores e comissão técnica, como se fosse um canal de
televisão exclusivo da Instituição. Essa ferramenta é utilizada na Europa e depois passou a ser
adotada no Brasil. Nas Américas, somente o Brasil tem esse canal. E no Brasil, somente dois
times a possuem. São eles: Corinthians e Flamengo.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é avaliar de que forma a FLATV pode ser uma
estratégia de fidelização do torcedor, uma vez que utiliza matérias jornalísticas e recursos
multimídia para conquistar e fidelizar o cliente – torcedor. Quanto aos aspectos
metodológicos, esta pesquisa constitui-se em um estudo de caso com suporte de um
referencial teórico desenvolvido nos dois primeiros capítulos deste trabalho. A pesquisa
procurará identificar as causas que levam o torcedor a assistir a FLATV e como o canal
auxilia o Clube no contato com seus torcedores (clientes).
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É um canal 24 horas de conteúdo sobre o Flamengo que visa mostrar a organização e a
preocupação do clube com os torcedores e sócios. Tem as últimas notícias, histórico do
Flamengo, vídeos dos últimos gols das últimas partidas e o entrosamento dos jogadores.
Sendo assim, o canal funciona como um Institucional do Clube.
Através da análise do site, percebe-se que a intenção do clube é provocar uma
aproximação dos torcedores com os atletas. O principal meio para fazer isso é com a
utilização de vídeos, nos quais os atletas são os protagonistas e são mostrados como pessoas
comuns, tentando diminuir a distância do torcedor com seu ídolo. Alguns vídeos mostram, por
exemplo, os jogadores em dia de folga, ou em casa com a família. Pode-se perceber que a
idéia é trazer o torcedor para o clima do clube e acompanhar seus ídolos em casa, no
treinamento, no vestiário, no jogo e finalmente no vestiário de novo, comemorando um título,
por exemplo.
O canal tenta abranger todo o país e não se focar somente no Rio de Janeiro. Devido
ao fato de o Flamengo ser um time de massa, assim como o Corinthians que também possui
seu canal na Internet, é imprescindível que o canal atinja outros estados do país, isso significa,
fazer matérias com os torcedores de cada parte do país, para que tenham interesse em
participar do canal.
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CAPÍTULO 1
INTERNET E JORNALISMO
1.1 – Início da internet
A história da internet começou na Guerra Fria. Foi quando EUA e União Soviética
tinham que trocar informações sigilosas internamente, mas não possuíam um modo de fazê-lo,
então o princípio da conectividade entre os computadores teve seu inicio na Guerra Fria. Em
1957, a antiga União Soviética colocou em órbita o seu primeiro satélite espacial artificial, o
Sputnik, e quatro meses depois, o presidente dos Estados Unidos anunciou a criação da
Advanced Research Projects Agency (ARPA), ligada ao Departamento de Defesa, cuja missão
era pesquisar e desenvolver alta tecnologia para aplicações militares.
Os norte-americanos começaram a buscar grandes cientistas para desenvolver a
ARPA. Eles seriam os responsáveis pela elaboração e confecção desse projeto inovador. Os
cientistas começaram a desenvolvê-la e ela foi trabalhada durante longos dezoito meses até,
finalmente, ter seu lançamento, por meio do primeiro satélite, desenvolvido pelos Estados
Unidos. A Guerra Fria não dava trégua e, cada vez mais, ficava visível a diferença e
afastamento dos países capitalistas e comunistas. A comunicação era muito ruim e a política
afastava-os cada vez mais. O Departamento de Defesa norte-americano começou a
desenvolver planos e estratégias de comando e controle (na ARPA) para que os políticos e
militares de maiores graus hierárquicos pudessem se comunicar caso uma guerra, ou um
conflito propriamente dito, realmente ocorresse. Com isso, os Estados Unidos seriam capazes
de sobreviver e se comunicar mesmo se ocorresse uma guerra nuclear. (BRIGGS e BURKE
citado por PINHO, 2003)
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Toda informação era codificada e sigilosa. Os adversários não poderiam nem sequer
saber que essa estrutura existia. Qualquer coisa que um tivesse e o outro não, resultaria em
uma imensa vantagem competitiva no que diz respeito a avanço tecnológico e estratégias.
Essa ferramenta (a ARPA) foi criada com o intuito de não ter um único centro onde as
informações se localizassem, pois, em um ataque inimigo, poderia ser perdido todo o
planejamento e todo o banco de dados.
A ideia era de que a informação estivesse armazenada em vários lugares diferentes,
porém com o mesmo conteúdo. Isso garantiria a “sobrevivência” das informações mesmo se o
local inicial da informação fosse atingido. Essa interconexão de computadores, desenvolvido
pela ARPA, na qual se poderia acessar a mesma informação por meio de várias fontes
diferentes é o que se chamou de ArpaNet. Essa rede foi inicialmente formada pela conexão
dos computadores no plano físico, real. Foi o primeiro passo para a Internet que conhecemos
hoje.
1.2 – Desenvolvimento da internet e chegada no Brasil
A Net, em 1975, contava com cerca de dois mil usuários e permitia que pesquisadores
e professores tivessem acesso a essa nova tecnologia. Ela havia extrapolado os espaços
militares e agora começava a se tornar uma excelente ferramenta nas universidades, pois
disponibilizavam informações, a maioria acadêmica. As universidades visualizavam a rede
como uma possibilidade de disseminar o conhecimento, mas logo veio a possibilidade de
utilizá-la e explorá-la comercialmente.
Segundo Briggs e Burke citado por Pinho (2003, p. 30)
A ampliação da consciência de suas possibilidades comercias. Então, o primeiro provedor de Internet foi criado, o CompuServe, que provia serviços comerciais online. Sua operação teve início em 1979, nos Estados Unidos. Porém, não existe boa ideia que não seja copiada e, até, aperfeiçoada. A partir desse fato, grupos franceses e alemães perceberam um novo mercado surgindo e se aliaram a AOL (América On-Line), surgindo, assim, o segundo provedor na história da internet mundial. Na América surge um novo concorrente, na mesma época, o provedor Prodigy.
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Briggs e Burke citado por Pinho (2003) afirmam ainda que “os três rivais (...) tinham
um conjunto de assinantes em 1993, que havia duplicado em dois anos, ate os três milhões e
meio”.
Ainda segundo Briggs e Burke citado por Pinho (2003), ao ser percebido o
ciberespeço como uma excelente oportunidade de negócio e um mercado extremamente
rentável e em expansão, “uma nova fase se abriu quando a internet atraiu interesses
comerciais e seu uso se ampliou”.
Na Suíça, nos laboratórios do CERN, um respeitado instituto de pesquisas europeu, foi
onde surgiu uma ideia, em 1989, o que o pesquisador inglês Tim Berners-Lee resolveu
chamar de World Wide Web. Ele imaginou a possibilidade de ter seu computador integrado a
uma rede de computadores, onde cada computador fosse uma “pasta”, um banco de dados,
uma central de arquivos de uma mesma rede, e que pudesse ser acessado por qualquer outro
computador ligado à mesma rede. Fazendo com que, toda a informação arquivada estivesse
disponibilizada para todos e interligada. A união de todas as pequenas redes que convergiam
para a construção de uma rede imensa, mundial, contemplando todos os continentes para
compartilhar informações. A união dessas redes fez com que ela teria “vida própria”, ou seja,
independente das tecnologias empregadas, nenhum governo, país ou empresa controla a
internet. Ela é fruto de padrões e normas mutantes, desenvolvidos e alterados pela
comunidade.
A internet chegou ao Brasil em 1990. Nesse ano país entrava na rede mundial de
computadores, porém a abertura da internet comercial só iria acontecer em meados de 1995.
A rede começava a abordar todos os segmentos da sociedade e não somente os meios
acadêmicos e comerciais. A internet só teve sua grande e verdadeira expansão no país quando
foi estimulada pelas grandes empresas, governos, instituições, indústrias e empresas
comerciais, que criaram suas páginas e movimentaram o mercado. Com o tempo, empresas de
comunicação migraram para esse novo meio, pois lá suas informações seriam acessíveis a
todos durante vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. E um internauta, de qualquer
lugar que estivesse, teria acesso ao conteúdo e às informações da empresa.
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1.3 – A presença do jornalismo na internet
Segundo Teixeira (2002), o jornalismo chega à internet como uma nova forma de
apresentar as notícias. No início as redações apenas transcreviam as matérias para a internet.
O jornalismo inicia-se na internet por meio dos jornais on-line, agências de notícias e sites de
notícias especializados. A tecnologia da internet começa a ir muito além de apenas colocar a
noticia em outro meio de comunicação.
Ela apresenta uma nova ferramenta e novos instrumentos que fazem da rede mundial um “parque de recursos tecnológicos” capaz de auxiliar o jornalista em suas funções, dente elas: a de agilizar a comunicação entre ele (jornalista) e seu leitor; a de buscar ideias interessantes que possam resultar em um bom fato noticioso; fontes diversas para se ter acesso a diferentes pontos de vista de uma mesma ideia; a possibilidade de acesso a arquivos de outras partes do mundo que antes seriam inacessíveis; dentre outros. (TEIXEIRA, 2002, p. 65)
Teixeira (2002) também ressalta que o jornalista tem vários meios para se manifestar e
a internet seria mais um deles. Dependendo da necessidade de cada receptor da mensagem,
um veículo se torna melhor, ou mais adequado, que o outro. Dentre essas diferentes formas de
abordagem estão: o jornalismo impresso, o radiojornalismo, o telejornalismo, o jornalismo
digital, entre outros. O interessante é perceber que cada veículo desses tem uma abordagem e
uma peculiaridade, mas todos têm a função de informar. O jornalismo tem a função de
informar e orientar a sociedade, para que, consciente dos seus direitos e a par do que acontece
a seu redor, tenha uma conduta que corresponda ao que se espera dela. Ele é parte de uma
necessidade social. As pessoas veem no jornalismo uma forma de aplicação da democracia da
mesma forma que ele só é possível se não houver censura ou qualquer privação de ideias ou
liberdade de expressão.
O jornalista já passou por diversas mudanças tecnológicas em sua carreira. É uma profissão dinâmica e em constante transformação. É só para e pensar que menos há pouco mais de uma década, as máquinas de escrever ainda faziam parte das redações. Ao longo do tempo, a história do jornalismo foi aposentando aparelhos como o telégrafo, a máquina de escrever, o telefone analógico com tom discado e o radinho de pilha com fitas K-7. E o momento agora é da internet, que chega possibilitando tudo em uma mesma ferramenta, como som, vídeo e rapidez, possibilitando excelentes recursos para as mais diversas atividades na rede. (TEIXEIRA, 2002, p. 67)
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Como nos dias atuais, a internet é acessada por muitas pessoas de diversas classes e as
informações circulam com muito mais facilidade que antes, ela se tornou um excelente campo
para renovação e prática do jornalismo, oferecendo notícias ágeis, com imagem, excelente
som e um texto curto. É ainda o meio de comunicação que mais rivaliza com a televisão e o
rádio, pois consegue colocar o conteúdo acessível em sua ferramenta.
1.4 – Diferenças da internet em relação a outros meios de comunicação
Pinho afirma que a internet é realmente uma ferramenta de comunicação bastante
distinta dos outros meios de comunicação tidos como tradicionais. Ele cita características que
diferenciam esse veículo dos demais: não-linearidade, fisiologia, instantaneidade,
dirigibilidade, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade
e receptor ativo. (PINHO, 2003, p. 98).
Não-linearidade – existem várias diferenças entre o material que é impresso em papel
e o que é visto na tela de computador. E essas diferenças são tão grandes que podem interferir
na mensagem que se deseja emitir. Para facilitar o entendimento desse item, é possível
concluir o exemplo: quando ocorre a leitura de um papel (uma carta, por exemplo) começa-se
da esquerda superior para a direita e deve-se ler palavra por palavra subsequente. Mesmo que
a carta tenha dez páginas, o mesmo recurso deve ser utilizado em cada página, até que se
chegue ao final da última página. (PINHO, 2003)
Se alguém começar a ler uma carta do meio dela e depois seguir para as primeiras
páginas terá, no mínimo, uma grande dificuldade de compreensão da mensagem. Já na
internet, essa lógica (regra) não precisa ser seguida, pois a informação é não-linear, ou seja, as
notícias não seguem uma sequência que não será possível entender uma se não tiver lido a
anterior. Tem-se o recurso do hipertexto, que através de uma palavra clicada, o leitor se dirige
para uma explicação bem mais abrangente do assunto em questão. (PINHO, 2003)
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Nos meios mais tradicionais (radio e TV) o consumidor da informação é obrigado a
seguir uma lógica, pois a informação é dada uma após a outra (parecendo com o exemplo da
carta, acima). A informação é linear, ou seja, segue uma “linha” lógica. As matérias se
complementam. Caso se perca o início de uma matéria, não há como entendê-la por complet,
enquanto na intenet, a não-linearidade permite que vários assuntos estejam expostos em uma
mesma página, sem que aquilo confunda o receptor da mensagem.
É importante frisar que o material na internet, por não ser linear, tem que chamar a
atenção do leitor e mostrar credibilidade. Isso gera um trabalho extra para o editor, pois ele
tem que antever o motivo pelo qual o leitor entraria na matéria para buscar mais informações
sobre ela. Ele precisa saber conduzir o leitor, com hipertextos interessantes e apropriados,
com o objetivo de satisfazê-lo e ter sempre esse leitor o revisitando. (PINHO, 2003)
Fisiologia – É importante observar todos os aspectos para perceber o que deve ser
feito e o que é exigência do cliente. Em um livro normal (quando o leitor pratica sua leitura
em um papel) os olhos ficam muito mais relaxados do que na tela do computador. A luz da
tela irrita a visão humana, causando dores de cabeça e irritação na vista. No papel também há
a vantagem de aproximar ou afastar o livro da vista, para que a distância fique confortável aos
olhos e as letras fiquem em um tamanho bom para a leitura. Existe um ditado que “quanto
mais cabelos brancos, menores parecem ficar as letras”. E na tela do computador isso não é
possível, pois na maioria das vezes ela está fixa em algum lugar à frente do leitor. Isso explica
porque as pessoas que leem os veículos on-line, leem mais devagar. A pesquisa, citada por
Pinho, da Sun MicroSystems averiguou esse fato da leitura mais devagar na internet e sugeriu
que os textos da web tivessem a metade do tamanho que os textos da mídia impressa.
(PINHO, 2003)
Instantaneidade – A instantaneidade é a condição de dar a notícia de forma
instantânea, ou seja, quase na mesma hora em que ela ocorre. Quando existem grandes
acontecimentos ou tragédias, não há meio de comunicação melhor que a TV, pois mostra
imagens do ocorrido e divulga os fatos ao vivo. Porém, na maioria das vezes, quando não é
possível fazer essa transmissão ao vivo, a TV tem que esperar a próxima edição do jornal,
para poder dar a informação nova. Na mídia impressa, em alguns momentos precisa-se de
esperar o outro dia para informar no jornal na parte da manhã. Mas existem notícias que não
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podem esperar, pois são rapidamente perecíveis, como um trânsito lento devido a um
acidente. Na mídia impressa o acontecimento é muito mais lento, porque o fato precisa ser
coberto pelo repórter, levado à redação, redigido, editado, rodado e distribuído. Caso aconteça
um fato noticioso às nove horas da manhã, ele só fará parte do jornal na manhã seguinte.
(PINHO, 2003)
A internet leva uma larga vantagem em quanto à instantaneidade da notícia. Ela tem
uma velocidade que só perde para o rádio. E perde muito pouco, pois no rádio, o jornalista
deve apenas falar o que ocorreu, enquanto na internet ele tem que, no mínimo, redigir seu
texto para colocá-lo no site. Mas na internet o jornalista pode lançar mão de recursos como
vídeos e arquivos que são colocados na hora e o leitor tem conhecimento imediato quando a
notícia é colocada na web. Para se ter uma ideia, existem vários sites de notícia que se
atualizam a cada minuto. Hoje, inclusive jogos de futebol utilizam esse sistema.
Por ser muito veloz e abrangente, a internet permite transmitir dados, arquivos, vídeos
em cores e muitos outros tipos de mensagem para o muno inteiro. Até mesmo o sentido de
“furo de reportagem” (notícia publicada em primeira mão, com exclusividade, antes dos
concorrentes) foi alterado, pois a informação instantânea permite que um minuto após a
notícia de um site, o outro publique a mesma notícia em seu. Conforme dito anteriormente, o
noticiário a cada minuto, na hora em que acontece, não é considerado uma conquista recente.
Rádio e TV que inseriram e consagraram essa estrutura com coberturas ao vivo de diversos
fatos e eventos, sejam eles políticos, festivais ou esportivos (esse último objeto desse estudo).
A diferença do jornalismo on-line é que sua notícia não perece e a informação pode ser
pesquisada quando necessário, tornando-o uma excelente ferramenta de estudo e pesquisa.
Dirigibilidade – As mídias impressas e eletrônicas sofrem grandes restrições de
tempo para a execução de suas matérias. Um editor é quem determina o que vai ou não ser
publicado. A vantagem na internet é que as matérias podem ser dirigidas sem muito filtro em
relação a horário, por exemplo. O jornal matutino tem que pegar a audiência e nela se tem
vários nichos, vários públicos diferentes. Já a internet pode segmentar a informação e “dirigir”
seu cliente para a forma de abordagem que ele achar mais conveniente. As informações
podem ser diretamente direcionadas ao cliente que a deseja, fazendo com que ele encontre
exatamente o que deseja, numa única ferramenta. (PINHO, 2003)
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Custos de produção e de veiculação – Cada dia mais as empresas pensam em
enxugar custos e otimizar os processos. Os custos de produção em televisão são altíssimos e o
de mídia impressa também são altos. A internet, em relação a essas mídias, é muito menos
dispendiosa. Há um investimento inicial em computadores, provedor, técnicos e manutenção,
além dos softwares e periféricos, mas depois o custo é bem pequeno. Disseminar uma
informação na Web, mandar um e-mail ou uma mensagem com um arquivo geram despesas
mínimas se comparadas ao uso de uma ligação de longa distância. O detalhe é que com a
internet essa informação atinge várias pessoas, até do outro lado do mundo, enquanto a
ligação telefônica é mais direcionada e perene. (PINHO, 2003)
Interatividade – Na televisão, se o telespectador não gosta do programa, ele muda de
canal. No rádio, se ele não esta gostando da música ele muda de estação. Ambos estão sujeitos
ao gosto do cliente. O rádio sempre tentou se aproximar do cliente e tem uma boa
interatividade. A TV de pouco tempo pra cá pensa nessa interação. É o caso das pautas como
“eu, repórter” e “vc no RJ”. Na esmagadora maioria das vezes a TV é um veículo de mão
única. Na internet a interatividade é uma ferramenta mais que utilizada. São dirigidas
informações específicas para públicos específicos. Não existe um “dono da verdade”. Os
internautas estão em constante “conversa”. (PINHO, 2003)
Pessoalidade – O contato com o interlocutor fará uma comunicação que provoca
interatividade. O estilo de escrita e a forma de atingir diversos grupos é o que torna a internet
mais próxima, mais pessoal. Isso acaba não ocorrendo em outros veículos, como a televisão,
pois muitas vezes a programação não permite essa interatividade e coloca o telespectador
passivo.(PINHO, 2003)
Acessibilidade – Sempre que o internauta quiser acessar uma página na internet ela
estará lá. Independentemente do horário, dia da semana ou feriado. Já no rádio, caso o ouvinte
perca seu programa preferido não terá como escutá-lo. Hoje em dia empresas já estão
disponibilizando os programas na internet, pois o cliente pode acessar o programa que perdeu
a hora que desejar.(PINHO, 2003)
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Receptor ativo – É importante destacar que a internet é um meio acessível a quase
todos. Anunciar nela é muito mais fácil do que anunciar em outros veículos. Enquanto na
televisão somente as empresas com verbas astronômicas podem anunciar, na internet todos
têm iguais possibilidades de alcançar o consumidor. A dinâmica da internet envolve
interatividade com o cliente e não o deixa passivo, apenas recendo uma informação, como
acontece na TV. A TV digital surge como uma nova ferramenta capaz de cobrir esse buraco
entre o que é oferecido e o que o consumidor deseja. E como na internet existem milhões de
sites, a audiência é obrigada a procurar diretamente, participar ativamente da escolha do que
deseja, enquanto nos veículos como Rádio e TV a publicidade é “imposta” mesmo que o
cliente não tenha a intenção de consumir certo produto. (PINHO, 2003)
Resumindo, o jornalismo digital se diferencia pela forma com que aborda e trata a sua
audiência. Na forma em que disponibiliza os dados e as informações que ele necessita. O
jornalismo na internet busca identificar os nichos e trabalhar em cima deles, fazendo a
abordagem correta e oferecendo a informação que é útil para cada grupo.
E sendo a internet em meio que se diferencia de todos os outros tradicionais, deve
explorar a seu favor cada detalhe que pode ser utilizado para a captação da atenção de seus
clientes. A internet se vale de ferramentas que convergem para ela, como as vantagens visuais
da TV, a mobilidade e rapidez do rádio, a possibilidade de detalhamento de um jornal ou
revista e a interatividade. (PINHO, 2003)
Essa convergência das mídias para essa única ferramenta a torna muito poderosa
quando a intenção é aproximar alguém de uma empresa, seja para consumir seus produtos,
conhecer seus pensamentos ou sua estrutura. A interatividade resulta em um conhecimento
melhor do seu público-alvo e facilita as relações comerciais com o mesmo, pelo fato de
entender a necessidade de quem acessa essa ferramenta.
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1.5 - Sites de jornais e revistas na Internet
Em 1991, quando surgiu a World Wide Web (como a parte interativa e multimídia da
internet) ninguém poderia imaginar o tamanho do impacto que esse “WWW” poderia ter ao
longo dos anos na comunicação. Já no início, os jornalistas começaram a produzir seus textos
e divulgá-los na web, para que as informações pudessem ser disponibilizadas para todo o
mundo.
Conforme Teixeira (2002), as empresas jornalísticas brasileiras seguiram o exemplo
de sucesso das versões on-line americanas e inglesas. Em pouquíssimo tempo já estavam na
World Wide Web. A primeira e ingressar na rede foi o Grupo O Estado de São Paulo, que em
1995 inseriu a Agência do Estado na rede mundial de computadores. Também segundo
Moherdaui, coube ao Jornal do Brasil, no mesmo ano, a ser o primeiro veículo a fazer uma
cobertura completa por meio virtual. O jornalismo na internet surge como um veículo rápido e
abrangente com a entrada das revistas no ciberespaço. A internet começa a reunir
características de outras mídias e a revolucionar a forma de apresentar e distribuir a notícia à
audiência.
Com diz Pinho (2003), “o papel vai cedendo lugar aos impulsos eletrônicos que
podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação”. E as informações
podem ser sempre atualizadas na tela do computador, sem a necessidade de uma nova
impressão. Surge mais tarde a possibilidade de inserir gráficos, animações, áudio e vídeo,
além de recursos multimídia que ampliam a comunicação e a abrangência das mídias
impressas.
O cálculo é fácil: a medida que a internet vai aumentando e ganhando adeptos, os
grandes grupos editoriais começam a investir mais na internet. Quanto mais pessoas
acessando, mais pessoas olhando seu produto, mais clientes para empresa e,
consequentemente mais lucro.
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O internauta é conhecido por uma incessante busca por informações, mas essas
informações devem agradá-lo. Pois na internet ele só lê o que realmente interessa, conforme
anteriormente citado em “linearidade”. A receita da internet era o que realmente atraía as
grandes empresas para o investimento em um novo mercado: o mercado virtual. As maiores
revistas e jornais do país perceberam que a internet significava uma nova forma de entender o
leitor. Mais que isso, representava uma maneira de “conversar” com ele e saber suas reais
necessidades em vez de obrigá-lo a ler uma notícia que pra ele não tinha relevância. Hoje em
dia, muitas revistas exploram vídeos e muita interatividade em seus sites, ao invés de somente
ter textos. Essa interatividade é que seduz o leitor e torna a notícia mais concreta e mais
atraente.
Com o advento da internet, as outras mídias começaram a perder grande parte do
mercado e os principais veículos de mídia impressa tinham duas escolhas: resgatar esses
leitores criando uma versão on-line de suas edições ou perdê-los para o concorrente que
criasse uma versão on-line. Não havia mais tempo a perder, os veículos de comunicação
estavam obrigados a se adaptarem. Porém, o veículo em si, perdeu alguns clientes. Em seu
livro, Pinho (2003) demonstra a pesquisa de Bottoni, realizada no período de 22 de agosto a 8
de setembro de 2002 onde é apontada a redução de utilização dos jornais impressos em 33%,
das revistas e da TV aberta em 17% e do rádio em 13%. O meio que menos concorre com a
internet é a TV paga, pois apenas três por cento dos pesquisados disseram ter reduzido a
audiência da TV paga em decorrência da internet. De todos os entrevistados, apenas 17%
responderam não ter alterado suas atividades após obter a internet.
Pinho (2003) explica que as informações dirigidas a públicos específicos (notícias que
tinham um nicho específico a atingir) começaram a chegar nas redações através de jornalistas
especializados, e também de “jornalistas amadores”. Pessoas que se interessavam pelo tema,
mas não eram chancelados para informar. Porém, essas pessoas eram tão apaixonadas que, em
muitos casos, sabiam muito mais que os jornalistas e isso possibilitava uma cobertura melhor
e mais ampla do assunto em questão. Os temas ficavam cada vez mais acessíveis. Vale
destacar que a maioria das empresas, mesmo com toda essa “ajuda”, não consegue auferir
seus lucros e resultados com o ambiente on-line, pois essas empresas não sabem como medir
o retorno que seus clientes dão a seus investimentos.
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Ainda é uma ferramenta que necessita de recursos para a medição da eficiência das estratégias traçadas. Não existe um modelo único e definido para mensurar resultados. Assim como tudo na internet, cada forma de auferir cabe a cada público e empresa específica, gerando dificuldade. (PINHO, 2003, p.102)
Mesmo assim, os editores e chefes dos grandes grupos editoriais do país sabem que o
mercado da internet ainda está em franca expansão e o processo de consolidação ainda vai
demorar alguns anos. O lucro é certo, porém existe sempre a necessidade de uma melhora
constante e aprimoramento da forma de abordagem do cliente. O mercado está sempre se
modificando, as estratégias sempre novas, mas será que o cliente está acompanhando essas
mudanças. Todos são avessos à mudanças radicais e as estratégias devem ser gradativas. Até
mesmo a mudança de um software em um caixa eletrônico pode deixar o cliente perdido,
assim como uma alteração na página inicial de um site. A internet é notadamente um veículo
com “custo zero” para o cliente acessar uma página. Ela é reconhecida por ser democrática e
cobrar certo conteúdo pode afastar o público.
Esse dilema de cobrar o não por um conteúdo é sempre latente. A empresa pode
garantir mais lucro e minimizar eventuais prejuízos com a cobrança, mas isso pode acarretar
queda da audiência e, consequentemente, saída dos anunciantes por não ter cliente para
vender. No entanto, essa aversão ao pagamento de alguns conteúdos não impede a criação de
estratégias para que o internauta compre alguns conteúdos exclusivos. O acesso pode ser
liberado a todos, mas a informação extra pode ser cobrada. Existem algumas formas do site
ganhar e gerar receita, tanto com os anunciantes como com os internautas. Alguns conteúdos
que são cobrados serão melhor analisados abaixo. Segundo Pinho (2003), são eles:
Anúncios Publicitários – O que melhor se adaptou ao estilo da internet, pois
possibilita renda à empresa dona do site e permite que o consumidor não gaste nada para
acessar o conteúdo. Hoje em dia, os banners animados são frequentes em todos os sites e
garantem uma boa visualização da marca em publicações na internet.
Classificado On-Line – Os classificados são uma excelente fonte de receita das
publicações. É o mesmo método seguido nas versões impressas. Os classificados on-line são
muito lucrativos e têm excelente retorno na web. O importante é saber trabalhá-lo, visto que
na internet surgem diversas oportunidades de mostrar seu produto, como fotos, vídeos, etc.
18
Atuar como provedor de acesso – funcionar como provedor de acesso, possibilitando
a conexão de internautas ao conteúdo da web é mais uma forma de cobrar por serviços na
internet. Para acessar o conteúdo é necessário um provedor de acesso, que liga o internauta ao
conteúdo. Existem provedores gratuitos, porém a cobrança pode ser efetuada se o cliente
perceber benefícios seja na velocidade das informações ou em algum benefício indireto.
Pagamento por serviços especiais – Os serviços especiais podem ser os de busca ou
de complementação do conteúdo. O leitor teria acesso a algumas informações gratuitamente,
mas se quisesse se aprofundar, pagaria uma taxa e teria acesso a todo o conteúdo. Os
webjornais se valem muito desses artifícios. Os clippings também são cobrados e o acesso a
alguns arquivos de um webjornal. Todos esses serviços especiais podem ser cobrados e o
cliente entende porque pagar.
Todos esses fatores não teriam sentido caso a linguagem não fosse adequada. O
conteúdo estaria lá, mas o leitor não teria interesse em procurá-la, pois as características
seriam muito longe de sua realidade. A questão de adequação e comprometimento com um
nicho de clientes é muito importante, vide as redes sociais, que unem pessoas que gostam das
mesmas coisas e interagem por terem essa semelhança.
Todos os veículos que vieram antes da internet seguiram esse caminho. Em um primeiro momento disponibilizaram seus conteúdos, sem sabe muito a quem estavam atingindo. Depois, rádio e televisão, cada um a seu tempo, foram amadurecendo e colocando o conteúdo disponível na forma que o seu interlocutor gostaria de recebê-lo. Dado que esses meios eram uma realidade, começaram a ter seu estilo e daí surgiu a linguagem radiofônica e a linguagem televisiva, que exploram as melhores características de cada meio com o objetivo de potencializar sua comunicação e atingir a maior quantidade de pessoas. A internet não é muito diferente. (PINHO, 2006, p.45)
Mesmo com a possibilidade de utilização de vídeos e outros recursos, o texto ainda é
muito necessário para o jornalismo. Uma foto, com raras exceções, não pode ser somente
colocada em uma página sem qualquer explicação. É necessário explicar, em palavras, o que o
jornalista deseja com aquela foto. A dificuldade na internet é aliar esses recursos sem errar a
mão na dose.
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Ward citado por Pinho (2006) explica que existem quatro tipos de conteúdo: estático,
dinâmico, funcional e interativo. O conteúdo estático representa qualquer informação que não
é possível alterar, ou sofrer atualização. Um bom exemplo é a data de descobrimento do
Brasil, em 1500. No que se refere a conteúdo dinâmico, é o conteúdo inverso do estático, ou
seja, ele está em constante atualização e, normalmente, está na parte de “últimas notícias”.
Este conteúdo permeia as reportagens e artigos publicados diariamente, com suas respectivas
atualizações. O conteúdo funcional é aquele conteúdo que atrai o leitor e facilita a sua escolha
das notícias. Normalmente é uma manchete ou um rápido resumo do que se trata o conteúdo.
Pode ser uma lista com as principais manchetes daquele dia, uma lista das últimas
atualizações ou até uma parte que contenha as edições anteriores. Esse conteúdo é para que o
leitor não perca tempo e ache direto a informação que ele deseja, por isso seu nome é
funcional. E o conteúdo interativo, como o próprio nome já diz, buscar interatividade com o
usuário, isto é, depende dele para existir. São os formulários, pesquisas de opinião, postagens
em fóruns de discussão, cadastros, debates on-line, etc.
O conteúdo jornalístico, texto para as novas mídias, deve ser muito bem pensado e
escrito, pois o jornalista não escreve para um público único, ele escreve para um mundo on-
line. O ambiente on-line acessa um público específico, mas isso quem escolhe é o leitor. O
jornalista deve escrever consciente de que qualquer pessoa terá acesso a seus comentários e
textos. A escrita é a maior arma de um jornalista e ele não deve esquecer as regras que regem
a redação jornalística. Ao mesmo tempo em que é muito difícil agradar a todos com um bom
texto, o jornalista que consegue abranger bastante gente conta com uma ferramenta que
multiplica seus atributos. Se ele escreve bem, muitas pessoas terão acesso a seus textos e
falarão bem. Caso contrário, não terá acessos.
Mas escrever bem na internet não é, simplesmente, redigir um bom texto. Existem
regras que colaboram para uma sensação de boa leitura. A fisiologia, conforme explicado
mais acima, é fator fundamental. Não basta transcrever um texto que seria para mídia
impressa para a mídia digital. A luz do monitor faz com que os olhos pisquem menos e o
computador fixo faz com que os olhos tenham que se adaptar à distância. Isso faz com que o
20
leitor tenha uma leitura mais devagar e obriga o texto a ter 50% menos palavras para que seja
uma leitura agradável.
Ward citado por Pinho (2003) dá mais seis dicas de como fazer com que seu leitor
ache o texto interessante sem saber por que. Vale ressaltar que o conteúdo e as regras de
português são fundamentais, porém essas dicas “lapidam” o texto e ele sempre deve ser curto
para não cansar. São as dicas para um bom texto digital:
1) não use mais palavras do que o necessário;
2) evite palavras longas se existirem outras mais curtas;
3) evite palavras de significado complexo se houver outras alternativas;
4) seja específico em vez de usar generalidades;
5) sempre que possível, use palavras com um significado concreto e não abstrato; e
6) dê às palavras o seu significado correto.
Essas regras também são muito utilizadas no rádio e conferem credibilidade ao texto,
além de “aproximar” a audiência. Outra ideia muito difundida nas universidades,
principalmente pelos professores de radiojornalismo e telejornalismo, é que o jornalista deve
fazer o texto, efetuar as correções e depois ler em voz alta. Isso pode parecer óbvio, mas evita
cacofonia e erros que passariam despercebidos. A matéria impressa é mais visível do que na
tela do computador, pois as letras ficam mais em evidência devido à ausência da luz da tela.
(TEIXEIRA, 2002)
Segundo Teixeira (2002), é importante dizer que na TV e na Rádio as notícias têm
começo, meio e fim, enquanto a internet segue a não-linearidade, ou seja, o leitor lê a notícia
no início, clica em um hiperlink ou hipertexto, vota para a notícia, até chegar ao fim. Os
hipertextos podem levar o leitor a várias conexões, a sites diferentes, à história do
acontecimento, etc. Entender que a matéria digital não tem uma linearidade é fundamental
para o jornalista que pretende utilizar esse meio. O jornalismo digital segue uma dinâmica
diferente de todos os meios que o antecederam. Ele é mais completo, mais acessível, mais
interativo. Resta às empresas saberem utilizar seus recursos de forma eficiente e conquistar a
audiência.
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CAPÍTULO 2
O JORNALISMO ESPORTIVO
2.1 – O jornalismo esportivo no mundo
De acordo Fonseca (1997), citado por Coelho (2003), a história do jornalismo
esportivo no mundo tem pouco mais de cem anos. Os primeiros registros que se tem é
do Le Sport (1854), que publicava crônicas sobre haras, turfe e caça, além de sessões de
canoagem, natação, pesca, boxe, bilhar e outros esportes.
A primeira área esportiva a receber uma cobertura mais elaborada dos veículos impressos foi o hipismo, em meados do século XIX, na França. A grande imprensa só abriu espaço em 1875, num momento de mudanças sociais e de crescimento de esportes populares, pois, até então, só se registravam notas sobre o boxe, iatismo e esgrima. Por isso, os pioneiros do jornalismo esportivo surgiram nos jornais populares. (FONSECA, 1997, p.44)
Por ser praticado pelas classes menos afortunadas, o esporte era considerado um
tema “inferior”, e só poderia mudar esse conceito se patrocinado ou praticado pela elite.
Isso ocorreu quando o Barão Pierre de Coubertin, membro da aristocracia francesa, fez
ressurgir os ideais Olímpicos, de união entre os povos.
No início a imprensa esportiva oferecia informações e explicações sobre como
praticar os mais variados esportes. Assim que o esporte começou a tornar-se importante,
as colunas esportivas começaram a ganhar novo status, porque pessoas influentes e de
classe alta começaram a se interessar pelos esportes e eram elas que apareciam nessas
reportagens, o esporte ficava em segundo plano.
Antes de 1939, havia a crônica esportiva e não um jornalismo organizado de cobertura de eventos. O primeiro órgão esportivo teria sido Bell´s Life, inglês, depois chamado de Sporting Life. E, nos Estados Unidos, a imprensa esportiva só começou a destacar-se nos anos 20 deste século. (FONSECA, 1997, p.45)
22
Baseado em Camargo (1998), as primeiras transmissões esportivas televisivas
aconteceram na década de 30, em diversos países. Nos Estados Unidos uma partida de
beisebol em 1935; na Alemanha os Jogos Olímpicos de Berlim no contexto nazista em
que Hitler queria mostrar a soberania Ariana, há um vídeo de divulgação dessa
Olimpíada chamado Olímpia, em que há um resgate dos ideais Olímpicos; a BBC, da
Inglaterra, mostrou a primeira jornada de Wimbledon, para o público britânico em 1937;
na França, 1948, a primeira transmissão da Copa Mundial de Futebol, na íntegra.
2.1.1 – Jornalismo Esportivo No Brasil
A primeira reportagem filmada para a televisão ocorre em 1950, no jogo entre
Portuguesa de Desportos e São Paulo, considerada o marco das transmissões esportivas
na televisão brasileira.
A história do jornalismo esportivo no Brasil ocorre praticamente da mesma
maneira. A partir do interesse das classes mais altas, dos jornalistas e escritores mais
respeitados é que a imprensa começou a se preocupar com o esporte, principalmente
com o futebol.
Embora hoje o futebol seja o esporte mais explorado pela mídia, em 1894, o
esporte, trazido para o Brasil por Charles Muller, não foi muito valorizado pela
imprensa. Fonseca (1997) retrata essa posição:
As pequenas colunas quase escondidas que tratavam do assunto foram crescendo apenas à medida que as pessoas passaram a comentar o esporte praticado por um pequeno grupo de jovens da sociedade. É por isso que a linguagem inicial da imprensa em relação ao futebol traduzia a posição intelectual de praticantes e torcedores. (FONSECA, 1997, p.50)
Em outras palavras, o jornalista esportivo tinha pretensões literárias ou eram
literatos que descreviam a partida, por ausência de jornalista especializado,
considerados como cronistas.
23
Maluly citado por Camargo (1998) relata que os periódicos esportivos
brasileiros preferiam abordar assuntos relativos às modalidades esportivas que estavam
mais ligadas às camadas superiores da sociedade brasileira e destacavam o público,
deixando a partida em segundo plano. A partir da cobertura desses eventos percebeu-se
que o esporte poderia ser um grande aliado do jornalismo, já que reunia, ao mesmo
tempo, personalidades e notícia.
A Copa do Mundo de 1938, na França, teve a primeira partida transmitida pelo
rádio em Copas do Mundo, com o jogo Brasil 6x5 Polônia. Na Copa de 1958, na
Suécia, com a invenção do videoteipe, era possível assistir aos jogos no cinema, cerca
de três dias após a partida. Na Copa do Chile, 1962, já era possível assistir ao videoteipe
um dia após a partida e os jornais começaram a sofrer com a forte concorrência da
televisão.
Camargo (1998) conta que o jornalista-locutor Blota Júnior passou uma semana
se preparando para a inauguração do estádio do Pacaembu: já que tinha que conhecer os
esportes para depois transmiti-los, passou essa semana narrando sozinho todas as
modalidades. Em outras situações jornalistas se aventuravam em telhados de casas
vizinhas aos estádios, já que estes não possuíam lugares reservados à imprensa, e até
subiam em galinheiros e tinham o cacarejo dos animais como pano de fundo de suas
narrações.
A presença do rádio no âmbito esportivo foi tão forte que as transmissões
esportivas foram e são fortemente influenciadas por esse, já que, de acordo com
Camargo (1998), os mesmos jornalistas e locutores que eram do rádio foram para a
televisão, levando consigo a mesma linha narrativa, ou seja, descreviam a partida,
embora as imagens falem por si só, e muitos telespectadores achavam maçantes as
transmissões pela televisão, por isso a deixavam ligada e ouviam a partida pelo rádio,
porque era mais emocionante.
Já nos anos 60, como afirma Camargo (1998), ocorre o declínio da rádio Pan-
Americana, que era considerada A Emissora dos Esportes, anunciando o declínio de
outras rádios, por causa da televisão, que direcionou as cotas de publicidade,
24
patrocinadores e audiência. Com isso, as rádios tiveram que passar por um processo de
reformulação e encontrar saídas para cobrir esse espaço.
Verifica-se que a profissão de jornalista esportivo, assim como o jornalista
policial, era mal vista, aliás, qualquer pessoa realizava essa função, porque se entendia
que de futebol qualquer pessoa sabia o suficiente para escrever para o jornal e existia até
preconceito em relação às pessoas que desempenhavam esse papel.
Fonseca citado por Coelho registra esse fato:
Durante todo o século passado, dirigir redação esportiva queria dizer tourear a realidade. Lutar contra o preconceito de que só os de menor poder aquisitivo poderiam tornar-se leitores desse tipo de diário. O preconceito não era infundado, o que tornava a luta ainda mais inglória. De fato, menor poder aquisitivo significava também menor poder cultural e consequentemente ler não constava de nenhuma lista de prioridades. (FONSECA citado por COELHO, 2003, p. 9)
Há autores que afirmam que a transmissão e veiculação da informação esportiva
eram muito utilizadas pelas forças políticas (classe dominante) para alienar o povo e
manter a ordem. Exemplos clássicos são as Olimpíadas, e a Copa do Mundo, em que o
governo brasileiro utiliza as imagens das conquistas de medalhas, principalmente as
mais difíceis, para amenizar as crises econômicas e políticas no país.
E o esporte é mais que um disfarce para essas crises é uma catarse para
alimentar a sociedade, ou como alguns autores chamavam o “ópio da sociedade”.
Fonseca (1997) citado por Coelho (2003) confirma esse dado, ao investigar os jornais da
época da ditadura brasileira e encontra no Jornal O Globo, em 4 de abril de 1964, o
relato dos repórteres:
Em 1º de maio de 1964, Dia do Trabalhador, o governo Castello Branco temia uma série de manifestações contrárias ao golpe militar, que completava um mês. Por meio do Conselho Nacional do Desporto (CND), o braço da ditadura no esporte, foi determinada a realização de uma série de clássicos regionais em qualquer cidade de mais de 50 mil habitantes. Foi, provavelmente, a primeira das muitas vezes em que o regime militar – instaurado há 40 anos – aproveitou-se politicamente da força do futebol. (...) Os amistosos “biônicos” foram o embrião de uma prática de ditadura cujo ápice foi atingido na Copa de 1970. Em nenhum outro período a maior paixão brasileira esteve tão a serviço dos militares. Enquanto militantes de esquerda desapareciam, o presidente Médici aproveitava o triunfo esportivo para popularizar seu governo. (FONSECA, 1997 citado por COELHO, 2003, p.34)
25
A televisão foi um dos meios que o governo utilizou para manutenção da ordem,
e o futebol foi instrumento para a televisão para essa unificação. Tanto que milhões de
dólares foram investido para que o Brasil tivesse transmissão a cores e ao vivo, via
satélite, da Copa do Mundo de 1970, no México. Como verifica-se em Marques (2004),
foi justamente nessa Copa do Mundo que o rádio e o meio impresso se viram
ameaçados. Em virtude disso, houve um esforço de parceria entre as emissoras de rádio
e televisão, que durante as transmissões, revezavam-se a cada 30 minutos, incluindo os
intervalos, para narrar as partidas.
Nesse ano, o Brasil conquistou o Tricampeonato e levava definitivamente a Taça
Jules Rimet, e se consagrava como mito. A imprensa utilizava a imagem dos jogos
como sendo a busca pela Taça como a busca pelo Santo Graal, para intensificar o valor
obtido pelo título, e o governo militar estava sempre ao lado da seleção, como se
embora o país estivesse vivendo todas as mazelas, o símbolo mais importante do
Mundo, pertencia ao Brasil.
Além dessas histórias encontradas em obras impressas e filmadas, encontra-se
muitos registros fotográficos em grande quantidade na internet.
2.2 – Panorama do jornalismo esportivo: emoção e esporte
É possível perceber o aumento significativo do jornalismo esportivo. Ele está
fulgurando em diversos meios de comunicação e é possível citar inúmeros exemplos da
evolução desse estilo de jornalismo e o grande avanço que ele teve. Sites especializados
e ate canais que transmitem 24 horas de programação de esporte. São vários canais que
têm o esporte como protagonista. Antigamente seria difícil imaginar uma grade de
programação exclusivamente esportiva.
A internet possui vários sites com exclusividade para esportes, seja o esporte
profissional (sites como FIFA e FLATV) ou esporte amador e até virtual (WERIO –
26
Federação de futebol virtual e FEFUMERJ – Federação de futebol,de botão), porém a
internet acaba minimizando um pouco da emoção no esporte, ao pensar mais na
instantaneidade e rapidez em vez de atentar pela emoção que o torcedor tem ao ver seu
time ganhando uma partida, por exemplo. Essa rapidez acaba gerando uma informação
com menos emoção do que se pudesse ter mais tempo para ser trabalhada e ter um bom
texto desenvolvido para emocionar o consumidor.
Coelho (2003) diz: “Talvez as notícias sejam muito sérias hoje devido à ausência
de jornalistas como Nelson Rodrigues, que são pura emoção”. O jornalismo esportivo
carece de profissionais com emoção. Cada dia eles estão mais técnicos e robotizados
devido à falta de tempo. É preciso haver muita competência, porém a emoção envolve o
interlocutor, faz com que ele entre num novo mundo, que se sinta presente nos
acontecimentos e, cada dia mais, as empresas querem trazer o cliente para perto.
Percebe-se isso até em lojas de departamento, onde antes os produtos eram apresentados
em um folheto e hoje, o cliente pode tocar, sentar no sofá, etc. Ele tem direito a
“experimentar” o produto antes de levá-lo. Muitos clientes hoje olham um produto na
internet, mas só compram depois de “degustá-lo”. As empresas querem se aproximar do
cliente e isso fica mais fácil se associar a empresa à uma emoção feliz.
Barbeiro e Rangel (2006) fazem um comentário sobre a linguagem do esporte:
A linguagem jornalística do esporte nunca teve uma escola definida. O surgimento de um estilo próprio sempre dependeu das tentativas de erros e acertos. Em 1932, início das transmissões esportivas no rádio, as linguagens utilizadas eram a de pura emoção. Os locutores chegavam a gritar para demonstrar a explosão do gol. Muitas vezes não se preocupavam com quem estava em volta e se o estádio estava lotado. (BARBEIRO e RANGEL, 2006, p.46)
As empresas especializadas em composição de marca ficam horas tentando
associar a marca a uma emoção ou a um conceito. A marca por si só perde o valor. Hoje
ela tem que estar ligada a um conceito, seja ele de sustentabilidade, prazer, qualidade,
praticidade, etc. Tudo isso representa o imaginário do consumidor e em que parte da
cabeça dele a sua marca se encontra: na parte das coisas boas ou das coisas ruins. Pior
27
do que isso é, simplesmente, não estar na cabeça do seu cliente, ou seja, ser uma marca
que nem passe pela sua cabeça. (BARBEIRO e RANGEL, 2006)
A emoção deve fazer parte do jornalismo esportivo, pois esporte é prazer,
satisfação. Não é por acaso que os locutores de TV que utilizam mais eloquência na voz
são os mais vistos e admirados. E também os mais imitados pelos amantes do esporte. O
jornalista esportivo deve ser menos informativo. Não que deva omitir informações, mas
seu papel não é apenas passá-la, é de transmiti-la com paixão, pois o torcedor (o
ouvinte) é um apaixonado pelo esporte.
O jornalista hoje sai da Universidade com todas as ferramentas para um
excelente texto. Sabe como iniciar, conduzir e fechar, sabe o lead, sabe apurar, sabe
citar as fontes, mas e quanto a emoção? E o talento? Será que isso é possível ensinar e
aprender? Talento é de cada um, porém escrever é uma habilidade, ou seja, algo que
pode ser trabalhado e aprimorado. Não há matérias na faculdade de como elaborar
textos com a intenção de emocionar o leitor. O mais próximo que a faculdade alcança é
de adequar o texto ao público que consumirá o jornal, no caso, se o jornal for focado nas
classes mais ou menos favorecidas.
Se o aluno tivesse conhecimento das técnicas e soubesse o que faz um texto ser
emocionante, certamente faria textos menos técnicos e mais completos, pois não atrairia
o leitor somente pela notícia, mas também pelo lado emocional. Teixeira (2002) relata:
A melhor maneira de passar uma mensagem é fazendo com que o aluno (ouvinte) utilize os 2 lados do cérebro. A hemisfério direito é responsável por apreender informações emocionais, como exemplos e analogias, enquanto o hemisfério esquerdo é responsável pelo pensamento lógico, baseado em fatos e dados concretos.”. Isso quer dizer que, se a informação for dada dessas duas formas, o jornalista tem chance de agradar pessoas que sejam prioritariamente “lado esquerdo” e pessoas que sejam prioritariamente “lado direito”. Cerca de todos os lados, fazendo com que todos se interessem pela notícia veiculada. (TEIXEIRA, 2006, p.102)
28
2.3 – Histórico do jornalismo: rádio, tv e internet na cobertura
esportiva
Em 2000, os sites de internet com conteúdo esportivo começaram a despontar e
muitos jornalistas se deslumbraram. Parecia que aquele novo mercado enfim abriria a
porta para um jornalismo esportivo bem remunerado. A internet virava uma necessidade
e as redações perdiam alguns de seus melhores profissionais para esse novo meio de
comunicação. Porém, um ano depois, esses mesmo sites começaram a falir e os
profissionais que lá estavam ficaram desempregados. As redações haviam substituído
essas pessoas por profissionais bem mais baratos e isso impossibilitava a volta deles ao
antigo trabalho. Foi um período de dificuldade e transformações.
Se isso ocorreu nas grandes redações, pior grau ocorreu nas menores. O
profissional recebe um salário baixo e trabalha muito. As redações têm número reduzido
de colaboradores e o mercado é muito fechado. O país tem muita demanda e pouca
oferta de vagas, o que pressiona ainda mais os salários.
Não só os profissionais das redações sofreram isso. A rádio passou por
momentos similares. Em 1970, várias rádios transmitiam jogos de futebol. O jornalismo
esportivo no Brasil pode ser chamado de jornalismo “futebolístico”. Por ser o esporte
preferido dos brasileiros, o futebol toma conta quase total das informações de esporte.
Transmissões ao vivo então podem ser até jogo de times quase desconhecidos. Já o
vôlei e o basquete, ou são times famosos ou finais de campeonato. (BARBEIRO e
RANGEL, 2006)
Voltando às transmissões de jogos pela rádio, era uma febre em 1970. Todos
valendo-se de estratégias para segurar o ouvinte. Locutores famosos criavam bordões
para segurar o ouvinte e a audiência. Waldir Amaral do Rio de Janeiro e Osmar Santos,
de São Paulo eram referências nos dias de jogo no domingo. Osmar Santos foi
contratado a peso de ouro pela Jovem Pan e a estratégia valeu a pena. A audiência da
rádio que era muito pequena melhorou muito.
29
O rádio revelou muita gente competente para o jornalismo esportivo. Coelho
(2003) comenta:
O repórter de campo que acompanhava Osmar Santos era Fausto Silva, dono da maior audiência da TV brasileira hoje, na Rede Globo de Televisão. Em 2002 os direitos de rádio para cobrir a Copa do Japão e Coréia custou 20 milhões de dólares, o que inviabilizou a transmissão para muitas rádios. (COELHO, 2003, p. 49)
A primeira locução esportiva por rádio foi feita por Gagliano Neto para todo o
país. Isso ocorreu na Copa de 1938, quando o Brasil ganhou da Polônia na prorrogação,
por 6 a 5, indo pela primeira vez a uma quartas-de-final. A rádio e conhecida por
transmitir emoções, mesmo em um lance não tão comovedor. O bom locutor sabe passar
emoção para o ouvinte, que não tem acesso direto ao que está acontecendo. (COELHO,
2003)
As mulheres nunca foram figuras fáceis nas redações e reportagens esportivas. A
partir dos anos 70, elas deram os primeiros passos nesse mercado e hoje, muitas
mulheres são referências na tela da televisão falando de esportes. É o caso de Glenda
Kozlowski da Rede Globo e Milena Ceribelli, hoje na Record, mas que comandou o
Globo Esporte, da TV Globo, por muitos anos. Mulheres falando sobre futebol ainda
são menos que os homens. Isso ocorre nos estádios, nas conversas de bar, porque não
deveria ocorrer nas redações? É somente um reflexo da sociedade. No Brasil, homens
gostam mais de futebol do que as mulheres. Não é questão de preconceito, é um reflexo
do cotidiano.
O Brasil é realmente o país do futebol, mas isso não faz das redações uma
coletora de matérias sobre futebol. Os outros esportes existem e devem ser
contemplados. É verdade que a esmagadora maioria das notícias refletem a condição do
país pentacampeão mundial de futebol, mas a Vela, o Judô, o Vôlei e a Natação já
trouxeram medalhas olímpicas para o país e devem ser comentadas. Para o profissional
que gosta de futebol, isso é bom, mas nem sempre ele vai ter que escrever sobre futebol
e, muito menos, sobre o seu time de coração. É possível que ele escreva sobre os
rebaixados da terceira divisão do campeonato capixaba, ou até mesmo de golfe ou
cricket. Para quem não é tão fanático por futebol, é pior ainda. Mesmo que se tenha
muita habilidade e faça o que gosta, o jornalista que não fala sobre futebol, terá uma
30
dificuldade ainda maior de ser reconhecido e ganhar um bom salário. As redações
querem profissionais que conheçam do assunto, mas querem que esse produto venda
também. Não há o menor sentido em ser um especialista em hóquei no gelo numa
redação no Brasil. Isso não vai aumentar seu salário e, muito menos, lançá-lo como mito
do jornalismo esportivo brasileiro.
Há casos de jornalistas que se consagraram falando de vôlei ou basquete, mas
são raros. São pessoas que além de um bom conhecimento do assunto, se valeram de
criatividade e apostaram no que gostavam. Mesmo sabendo que o seu trabalho seria
visto por muitos como um trabalho de menor importância. As empresas acabam optando
por ex-jogadores, normalmente que tiveram uma carreira de sucesso, para comentarem
os jogos desses esportes que não são preferência nacional. Com isso, as pessoas vêem
naquele ídolo alguém capaz de comentar com seriedade o esporte em
questão.(TEIXEIRA, 2006)
2.4 – Credibilidade, respeito e abordagem
E o jornalismo esportivo é assim: muito criticado até pelos próprios
“coleguinhas” que vêem as outras editorias como “política e economia” como editorias
melhores e mais importantes. O esporte parece ser algo menor perto dessas editorias e
isso atrapalha muito o jornalista esportivo. Essa fama de editoria “sem assunto” é
porque realmente existem profissionais que não são gabaritados para falar sobre o
assunto e “palpitam” o tempo todo, sem base em seus argumentos. Comentar algo, sem
ter base, tira totalmente a credibilidade, não só do comentarista, mas também da marca
que ele carrega por trás de sua análise. Caso um comentarista fale um absurdo, ele será
criticado, porém o canal que o contratou será o maior prejudicado, pois perderá a
audiência e terá sua marca associada à incompetência de seus profissionais.
Segundo Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel (2006), a editoria de esportes,
além de uma atenção diferenciada por parte até dos próprios jornalistas, tem uma
particularidade que deve ser analisada. Nas editorias “comuns”, o repórter deve ser
neutro, apurar a notícia e divulgá-la, sem dar opinião sobre algum assunto (a não ser que
seja um cronista ou um colunista). Já nos Esportes não é assim que acontece. O
31
jornalista se aproxima da notícia e a encara como um torcedor. Manchetes como: “A
vitória é nossa” ou “o nosso ouro olímpico” coloca o profissional muito mais como um
leitor do que um comunicador. Isso deve ser bem trabalhado, pois se usado muito ou de
forma massiva pode causar desgaste e até tirar a credibilidade do veículo. E por falar em
veículo, eles estão bem definidos quanto ao tratamento dos esportes.
As TVs adotaram o estilo personagem. O repórter sobe trilha, pedala, pratica
natação desce em rapel, etc. Ele acaba sendo um protagonista da história, quase um
atleta. É preciso viver aquela emoção para passar credibilidade e colocar o telespectador
“dentro” da matéria.
Os jornais e revistas optaram por descrever os detalhes de bastidores e
preparação dos atletas. Explicam as dietas, formas de treinamento, como o atleta se
preparou e qual sua história de vida. O objetivo é relacionar os fatos recentes com a
explicação para eles terem ocorrido.
Já a internet visa dar a notícia na hora em que ela acontece. É uma busca
incessante para dar a notícia da forma mais rápida e, com isso, surgem os erros de
apuração. O problema é que isso fornece ao mercado profissionais despreparados, que
não têm comprometimento com o que fazem e que pensam somente em colocar a
notícia no ar o mais rápido possível. Vale destacar que esses profissionais mal
gabaritados não são culpa da internet, que o meio de comunicação faz sua parte como
veículo, porém existem pessoas que não levam sua profissão a sério e isso acaba
refletindo no veículo.
2.5 – Linguagem adequada aos ouvintes
Os veículos que tratam de esporte são bem diversificados. Hoje é possível ter
alguns canais a cabo que tratam unicamente de jornalismo esportivo 24 horas. A Sportv,
a ESPN e o Esporte Interativo são apensa exemplos dessa programação que é uma
realidade no Brasil e no mundo. Cada canal desses tem seu “time” de comentaristas que
32
são adorados e odiados por multidões. Sempre lembrando que quando o comentarista é
percebido como bom ou ruim, ele representa uma instituição e não somente ele. Esses
canais se valem de formas diferentes de abordar o telespectador. Cada um com sua
linguagem, porém uma adequação é necessária para o público: a de falar uma linguagem
que ele entenda. Muitos comentaristas teimam em usar o “futebolês” e esquecem que o
seu veículo atinge públicos de várias idades e classes sociais. Num exemplo da Copa,
não basta apenas falar que os “Bafana Bafana” vão jogar em Joanesburgo. É preciso
dizer que a seleção da África do Sul, popularmente conhecida como “Bafana Bafana”
vai jogar em sua maior cidade, Joanesburgo.
A linguagem deve ser adaptada aos ouvintes. Assim pensaram os integrantes do
programa de rádio Rock Bola, da OI FM. Com um linguajar completamente fora das
normas do jornalismo e defendendo radicalmente seus times na mesa de discussão, os
personagens desse programa fazem questão de ironizar o outro time e o adversário.
Perceberam que assim podem atingir seu público, que são jovens que adoram futebol. O
programa começou com uma hora de duração e, devido ao sucesso, hoje tem uma hora e
meia e uma reprise de uma hora e meia na parte da noite. Com oito anos de casa, o Rock
Bola é uma quebra de paradigmas e exemplifica muito bem a forma de linguagem e
abordagem que o jornalista tem que ter: sempre de acordo com o seu público. Essa é a
única regra.
Segundo Heródoto e Patrícia (2006), as expressões curiosas sempre permearam o
meio do jornalismo esportivo. É o caso de “pimba na gorduchina”, “tá no filó”,
“balançou o esqueleto”, “subiu a flanela”. Todas essas, para quem acompanha futebol,
são de fácil tradução, mas ao se analisar com cuidado, acabam remetendo a um público
mais direcionado, mais segmentado.
2.6 – Jornalismo de Serviço – o papel do jornalista esportivo na
sociedade
É comum, quando se fala em prestação de serviços à sociedade, falar sobre
serviços de saúde e serviços de ciência. E serviços esportivos, por que não é tão
comentado? A prestação de serviços do esporte deve ser feita com a mesma seriedade,
33
porém é tido com mais naturalidade uma notícia no esporte que não se confirme, pois
alegam especulação. Uma escalação divulgada com a ausência de um jogador ou até
mesmo um problema ocorrido entre um jogador e comissão técnica acabam passando
despercebidos pelo jornalista esportivo. Normalmente a cobertura de um evento
esportivo acontece na hora. O repórter encontra alguém nas arquibancadas, alguma
celebridade e acaba fazendo sua matéria. Enquanto ele deveria criar uma estratégia
antes mesmo do jogo começar e apurar bem os fatos para não dar uma informação
errada.
O bom jornalista de serviços esportivos não deve se ater somente ao espetáculo
no estádio ou na quadra. No caminho, em direção ao local do espetáculo, ele deve
observar o melhor caminho, se as bilheterias estão lotadas, se o torcedor tem condições
de chegar ao estádio no tempo normal, etc. Essas informações normalmente não são
apuradas e fazem grande diferença para o torcedor. Hoje em dia, isso seria um
diferencial nas emissoras de rádio, por exemplo. Isso fará dele um profissional correto e
querido pelos torcedores que, por fim, confiarão na emissora que ele trabalha, que por
sua vez terá mais audiência e que, por sua vez, terá mais lucro com anunciantes. Não
existe situação pior que receber informação errada e chegar na hora errada de um jogo,
por exemplo. Isso exclui o principal pilar do jornalismo: a credibilidade. (RIBEIRO e
RANGEL, 2006)
Muitos jornalistas pensam que para ser jornalista esportivo, o profissional deve
saber muito sobre um esporte e ter alguns contatos. Certamente que isso é pertinente,
mas é o mínimo que se exige de um profissional. É como que para ser motorista o
profissional devesse saber acelerar um carro. Ler, ser criativo, interessado na audiência
e saber o que tem benefício para que ouve é o que faz um profissional na área. Às vezes
uma matéria fria, que não teria grande apelo, ganha uma dimensão enorme pelo fato de
apresentar dados curiosos ou se aproximar do público. Uma nova forma de abordagem,
a inserção de algum dado importante ou até mesmo a forma de elaborá-la faz com que a
matéria seja comentada. Uma referência em criatividade, nesse caso, é Régis Roesing. O
repórter faz as matérias dele sempre abordando o tema de forma diferente. Sai do lugar
comum, interage com o torcedor ou algum caso que ocorra na hora. Sabe aproveitar as
circunstâncias para se aproximar do público. Suas matérias não se contentam em
mostrar o que ocorreu, mas em extrapolar o acontecimento. Isso é ser um bom repórter
34
esportivo, extrapolar o reservado lugar onde ocorre o evento. Falar sobre o sol, a chuva,
o planeta Terra, mas sem perder a coerência do texto jornalístico.
Existem hoje nas redações profissionais que se resumem a dar notícias. E não
entendem que a notícia é importante, porém, mais importante é dar a notícia da forma
que o seu público quer ouvir. Muitos jornalistas “fazem o seu trabalho” divulgando as
noticias e esquecem que isso é o mínimo que se espera deles. O jornalista esportivo,
principalmente que trabalha na internet, deve saber a linguagem de seu público e se
valer de todas as ferramentas disponíveis para agradar e fidelizar seus clientes. Isso será
abordado no capítulo 3 que estabelecerá algumas estratégias para fidelizar o torcedor na
internet por meio do marketing de relacionamento e se os meios que a FLATV tem
utilizado são mais recomendados para atingir seu público.
Conforme dito anteriormente, não basta utilizar as ferramentas e dar as
informações. É necessário estar “do lado” do cliente, acompanhando suas necessidades
e anseios.
35
CAPÍTULO 3
O JORNALISMO E A FIDELIZAÇÃO DO TORCEDOR:
ESTUDO DE CASO DA FLATV
3.1 –FLATV
A FLATV é uma ferramenta que o Clube de Regatas Flamengo lançou mão para
criar uma maior identificação com seus torcedores. Ela consiste em mostrar por meio da
Internet, o dia-a-dia do clube e de seus jogadores e comissão técnica, como se fosse um
canal de televisão exclusivo da Instituição. Essa ferramenta é utilizada na Europa e
depois passou a ser adotada no Brasil. Nas Américas, somente o Brasil tem esse canal. E
no Brasil, somente dois times a possuem. São eles: Corinthians e Flamengo.
Através da análise do site, pode-se observar que a intenção do clube é promover
uma aproximação entre torcedores e atletas. O principal meio para fazer isso é com a
utilização de vídeos, nos quais os atletas são os protagonistas e são mostrados como
pessoas comuns, tentando diminuir a distância do torcedor com seu ídolo. Alguns
vídeos mostram, por exemplo, os jogadores em dia de folga, ou em casa com a família.
Pode-se perceber que a idéia é trazer o torcedor para o clima do clube e acompanhar
seus ídolos em casa, no treinamento, no vestiário, no jogo, e comemorando um título,
por exemplo, conforme figura 1.
36
Figura 1 – Comemoração de um título no FLATV
Fonte: FLATV (2010)
É um canal 24 horas, que apresenta conteúdo sobre o Flamengo com objetivo de
apresentar sua organização e preocupação com seus torcedores e sócios. Tem as últimas
notícias, o histórico do Flamengo, vídeos dos gols das últimas partidas e o entrosamento
dos jogadores. Sendo assim, o canal funciona como um Institucional do Clube a fim de
promover a fidelização do torcedor.
O canal busca abranger todo o país e não se focar somente no Rio de Janeiro.
Devido ao fato do Flamengo ser um time de massa, assim como o Corinthians que
também possui seu canal na Internet, é imprescindível que o canal atinja outros Estados
do país, isso significa fazer matérias com os torcedores de cada parte do país, para que
tenham interesse em participar do canal.
A fidelização ocorre por meio da associação, ou seja, o torcedor torna-se sócio.
O valor não é muito caro para a quantidade de informações que o torcedor garante. Cabe
ressaltar que os vídeos só são acessados por sócios e que todas as promoções no site são
para os que aderem aos pacotes. O conteúdo livre é pequeno e por isso é válido pagar
para ser associado. Existem planos mensais, trimestrais, semestrais e anuais. Os valores
37
variam de R$12,00 até R$130,00, podendo ser pagos por meio de boleto bancário, ou
em cartão de crédito.
A plataforma dos canais de Flamengo e Corinthians são a mesma. O torcedor que
navega em um site, não terá problemas para navegar no outro. O layout é o mesmo e a
disponibilidade de informações também. Porém o do Flamengo é um pouco mais
completo e as informações e notícias principais já ficam em destaque na Home do site.
O site tem uma coluna virtual e várias promoções para atrair o internauta.
Diante do exposto, pode-se perceber que a FLATV é um importante veículo de
fidelização do torcedor junto ao Clube. Sendo assim, por meio das estratégias de
marketing de relacionamento em conjunto com o jornalismo esportivo é possível
identificar os aspectos a serem melhorados a fim de garantir esta fidelização.
3.2 – A importância de conhecer o perfil dos torcedores
O perfil que hoje os torcedores apresentam é decorrente das profundas mudanças
ocorridas nas últimas décadas. A globalização e avanço da tecnologia alteraram também
o comportamento do torcedor impondo novas necessidades.
Ferreira e Sganzerlla (2000) afirmam que o ser humano não poderia limitar-se a
ficar observando atônitas essas mudanças sem passar por profundas modificações.
De acordo com Kotler (1998), as pessoas também passaram por mudanças, pois
começaram a buscar mais conhecimento, informação, agilidade e iniciativa que
repercutiram no aumento do nível de exigência.
Atualmente, o torcedor tem exigido produtos de alta qualidade, ampla variedade
de funções, preços satisfatórios, bom atendimento, produtos personalizados e atenção
pessoal.
38
Segundo Ferreira e Sganzerlla (2000), desde 1991, quando foi criado o Código
de Defesa do Consumidor, os consumidores brasileiros têm se tornado cada vez mais
consciente de seus direitos e as exigências quanto a produtos e serviços tem aumentado.
A partir das colocações dos autores citados, pode-se dizer que o consumidor –
torcedor – teve seu perfil alterado, também muda seus hábitos de consumo, lazer,
trabalho, comunicação e passa a ser mais bem informado do que no passado e
consequentemente discernir melhor no momento de realizar suas escolhas.
Portanto, pode-se entender que o cliente de hoje tem ido, em busca, do que
melhor possa atender suas necessidades e seu nível de exigência tem aumentado
consideravelmente.
Desta forma, segundo Ferreira e Sganzerlla (2000) o cliente – torcedor – é
influenciado pelo modo como recebe o serviço e como vivencia a relação. Sendo assim,
pode-se dizer que se o cliente – torcedor – for atendido nas suas necessidades de forma
satisfatória para ele, a empresa terá boa qualidade em sua avaliação, mas se o cliente –
torcedor – ficar menos satisfeito, ou a obtenção de resultado tiver sido complicado ou
demorado, ele irá simplesmente avaliar toda a empresa, seus produtos e serviços como
ineficiente e, fatalmente, se sentirá lesado.
Nesse momento, o jornalismo começa a dar espaço à publicidade e ao marketing.
Ele não sai de cena, mas necessita de outras ferramentas para realizar uma ação de
comunicação, onde cada detalhe faz a diferença. Os textos e matérias elaborados, a
forma como isso é passado para o cliente e como ele vai conhecer essa nova forma de
interagir com o clube. A forma de se relacionar com o torcedor, com promoções para
trazê-lo mais próximo ao clube e conhecer seus anseios, é a forma estudada para se
obter receita e ter um bom relacionamento com o torcedor. Obtendo um bom
relacionamento e tendo o cliente como parceiro, a fidelização é consequência de um
trabalho com essas bases.
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3.3 - Marketing de relacionamento
O conceito de Marketing de Relacionamento é relativamente recente, surgido nos
anos 90 e entende-se como uma necessidade do mercado.
Atualmente o consumidor detém uma maior quantidade de informações e se
dirigem a uma posição mais privilegiada na relação com as empresas. É o consumidor
quem já está ditando as regras em diversos segmentos de mercado, devido ao fato de
estar mais bem informado sobre os produtos e também à grande concorrência entre as
empresas.
Sendo assim, as empresas têm que estudar muito bem o mercado, e
principalmente seu público alvo, para poder atender da melhor forma suas necessidades.
O marketing de relacionamento apresenta o conceito de intangibilidade de um produto
ou serviço e trabalha bastante com a área subjetiva da mente do consumidor, lutando
para que ele realmente se torne leal à sua marca. Uma vez que, as transformações
ocorrem tão rapidamente e são tão imprevisíveis que os padrões e comportamento já
estabelecidos no mercado não conseguem se sustentar.
Pode-se entender que ao contrário do marketing tradicional, o marketing de
relações baseia-se na necessidade do relacionamento de longo prazo com o mercado,
buscando a fidelização do cliente. As empresas tornam-se mais competitivas quando
pensam em marketing de relacionamento, pois além de conquistar novos clientes não
perdem os que já conquistaram anteriormente.
A atração de novos clientes deve ser vista como um passo intermediário no
processo de marketing e solidificar relacionamentos, transformar clientes em leais
consumidores e servi-los é de fato marketing.
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Vários são os autores que têm definido marketing de relacionamento como a
relação entre comprador e vendedor, que uma empresa busca alcançar fortalecer e
desenvolver através de relações de longo prazo com clientes potenciais atuais.
Para Kotler (1998, p.30), marketing de relacionamento “é a prática da construção
de relações satisfatórias em longo prazo com partes-chaves-consumidores, fornecedores
e distribuidores – para reter sua preferência e negócios em longo prazo”.
Segundo Ferreira e Sganzerlla (2000), dizendo que o marketing de
relacionamento é um desafio que compromete a empresa integralmente e todos devem
estar sintonizados com os objetivos propostos, as condições que lhes são requeridas e
suas implicações para a empresa. Esta precisa ampliar sua capacidade de aprendizagem
do mercado para fortalecer a posição competitiva, o que implica redirecionar aspectos e
clima organizacional.
Segundo Ferreira e Sganzerlla (2000), o marketing de relacionamento é um
processo contínuo e por isso exige que a empresa busque feedback dos clientes para
poder avaliar se seus desejos e necessidade vêm sendo atendidos. O início do marketing
de relacionamento deve ser acima de tudo vontade da empresa em programar-lo, pois o
seu sucesso depende de mudanças profundas no modo de pensar e agir
empresarialmente. Para implantá-lo na organização necessita que haja uma
conscientização de todos que trabalham na empresa e que estejam convencidos que este
é o objetivo central.
Desta forma pode-se entender que vários são os autores que têm enriquecido
com contribuições para o conceito de marketing de relacionamento, porém todos
convergem para atender cada vez melhor as necessidades dos clientes buscando um
relacionamento duradouro de longo prazo que conduza à fidelização e aumento da
produtividade e conseqüentemente lucratividade.
Observa-se então que o processo de marketing de relacionamento deve começar
pela alta administração da empresa, pois envolve decisões estratégicas que, muitas
vezes, podem significar desvios de rumo.
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O marketing de relacionamento, de certa maneira, representa uma volta ao
passado. No início, quando não existia comunicação de massa e a abrangência do
comércio se restringia às imediações geográficas, atender um cliente significava falar
direto com ele, conhecer exatamente quais eram seus desejos e preferências. Conhecia-
se tudo, o nome dos filhos, onde trabalhava, a origem da família e até os problemas
pessoais que enfrentava, intimidade era a palavra chave.
É relevante salientar que o conceito de marketing de relacionamento é amplo e
compreendem múltiplas abordagens e definições, todas em busca de competitividade no
longo prazo.
Segundo uma abordagem ampla, proposta por Gordon citado por Ferreira e
Sganzerlla (2000, p.38), o marketing de relacionamento deveria abranger “todas as
atividades de marketing direcionadas para o estabelecimento, desenvolvimento e
manutenção de trocas relacionais bem sucedidas”. Como resultado, observa-se o foco
muito mais amplo em buscar novas relações do que somente o foco tradicional do
marketing na relação comprador-vendedor.
Para Grönroos citado por Ferreira e Sganzerlla (2000) um argumento usado a
favor da necessidade de se voltar o marketing na direção de um relacionamento próximo
de seus consumidores é a grande e excessiva exposição de mensagens publicitárias e de
marketing, as quais as grandes massas recebem das mais variadas formas e maneiras,
deixando, muitas vezes, os consumidores cansados, irritados e, principalmente,
desatentos a todos os esforços de comunicação das empresas.
Por isso, a construção e a individualização das mensagens e ações de marketing
propiciam a vantagem de se conhecer o cliente, suas peculiaridades, detalhes,
preferências e toda e qualquer informação que possa diferenciar o contato. O cliente
quer ter sua informação diferenciada, entregue a ele da forma que ele gostaria de
receber e de acordo com o que ele deseja. Conhecer o cliente e “falar sua língua” é
primordial para qualquer empresa que queira fidelizar seus cliente e não somente
conquistá-los em um primeiro momento.
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Na opinião de Grönroos citado por Ferreira e Sganzerlla (2000, p. 9):
Marketing (de relacionamento) é estabelecer, manter e ampliar relacionamentos com consumidores e outros parceiros, com lucro, de tal forma que os objetivos das partes envolvidas são atingidos. Isto é alcançado pela troca mútua de promessas e seu cumprimento.
Segundo Gordon citado por Ferreira e Sganzerlla (2000), marketing de
relacionamento é um processo contínuo de identificação e criação de valor com
consumidores individuais, com a divisão desse valor ao longo da duração da associação.
Ele envolve entendimento, foco e gerenciamento da colaboração existente entre
fornecedores e consumidores escolhidos para a criação e o compartilhamento mútuos de
valor, através de interdependência e alinhamento organizacional.
3.4 – Gestão do relacionamento com o cliente
Na gestão abrangente do relacionamento com o cliente – torcedor – podem ser
utilizados os mais variados processos e técnicas de marketing, vendas e comunicação,
os quais, segundo Gordon citado por Ferreira e Sganzerlla (2000), visam, em suma a:
1) Identificar clientes – torcedor – de forma individualizada e nominal;
2) Criar um relacionamento entre a empresa e os clientes– torcedores –
relacionamento que se prolongue por muitas transações;
3) Administrar esse relacionamento para o benefício dos clientes – torcedores –
e da empresa (GORDON citado por FERREIRA E SGANZERLLA (2000,
p.23).
As vantagens derivadas das necessidades e desejos de cada parte mudam,
evoluem e, em alguns momentos, se contradizem, mas, a partir da construção do
relacionamento, as partes envolvidas conseguem perceber o que está acontecendo e se
adaptam a essas novas realidades, motivadas por um objetivo comum.
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Assim sendo, pode-se dizer que marketing de relacionamento não é um
modismo passageiro que se adapta a situações momentâneas e se extingue com a
mudança desses fatores. Muito mais que isso, ele provém de iniciativas essenciais às
organizações, como um guarda chuva central, do qual emana uma nova abordagem de
marketing, criando novos valores para estruturar as organizações por um longo prazo.
3.5 – Fidelização
A Fidelização de clientes representa um desafio constante. Mas é preciso saber
entender o que fazer para fidelizá-lo, visto que os clientes não possuem as mesmas
necessidades a vida toda. Fidelizar significa manter os clientes antigos em constante
utilização dos produtos ou serviços da empresa. (KOTLER, 1998)
Os bancos de dados de informações de clientes são componentes naturais na
maioria dos serviços financeiros. Em breve série de perguntas o cliente poderá fornecer
à organização uma riqueza de informações sobre as quais ele será visado em campanhas
futuras.
É necessário que ocorra uma mudança na forma de atuação das empresas
prestadoras de serviços, embora a maioria delas ainda não tenha se apercebido de sua
importância: a tentativa de ganhar a confiança do cliente, de garantir-lhe a fidelização
por toda a duração da vida do cliente. E não apenas isso, mas garantir a fidelização dos
parentes e amigos deste, que passa a ser encarado não mais como número estatístico,
mas como cliente parceiro.
Duas contribuições são incontestáveis no relacionamento: a database marketing
(marketing com banco de dados) e o marketing direto.
De um lado, a database marketing prepara e organiza um banco de dados
eficiente. Permitindo iniciativas centradas no cliente, considerando o núcleo dos
programas de marketing de relacionamento, que inclui todos os clientes atuais,
potenciais, inativos e ex-clientes. Por outro lado, o marketing direto oferece soluções
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em comunicação para um relacionamento individualizado, em contraposição ao
relacionamento massificado.
A segmentação do banco de clientes por transação ou comportamento de compra
é apenas o primeiro passo a ser dado com a ajuda do banco de dados. Um banco de
dados eficiente, abastecido de informações via contato pessoal ou pesquisa formal
intensa, permite conhecer os clientes e entender suas necessidades peculiares,
permitindo estender o relacionamento com a base de clientes ao longo dos anos.
A utilização das informações do banco de dados surte grande efeito porque
atinge em uma dimensão muito importante dos seres humanos: a emoção. Mexer
positivamente com a emoção dos clientes, estratégia conhecida como marketing da
emoção (ou emocional), é considerado pela maioria dos especialistas como um meio
certo de conquistar vantagem competitiva para uma instituição, pois gera um valor
emocional para o cliente, que se sente querido, alvo de atenção e respeito.
A seleção de clientes baseia-se na ideia de que “alguns clientes são tipicamente
mais lucrativos para uma empresa do que outros”. A seleção de clientes permite que a
empresa concentre seus esforços na criação e compartilhamento de valores com os
clientes que irão efetivamente impactar positivamente sobre sua lucratividade.
Para que isto seja possível, a empresa precisa realizar um inventário dos clientes
e decidir quais irão atender de maneira especial e contínua, com base no cálculo da
lucratividade real de cada cliente (KOTLER, 1998).
A atração de novos clientes é importante não apenas para aumentar a carteira de
clientes da organização, mas também para manter a carteira atual. Por mais que um
cliente permaneça fiel a uma organização, diversos aspectos psicológicos e situacionais,
como mudanças, ciclo de vida da família e outros, acabam por interferir no rompimento
do relacionamento, fazendo com que as empresas sempre tenham que substituir os
clientes perdidos. A falta de dinheiro por um caso de doença na família ou até mesmo a
ideia de guardar dinheiro para investir em uma troca de carro para a família são alguns
exemplos que podem tirar o cliente da organização que o fideliza.
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A retenção de clientes é a válvula central que integra todas as dimensões de uma
empresa e mede seu desempenho na criação de valor para seus clientes que constitui
alicerce de qualquer sistema de negócios bem-sucedidos.
A criação de valor para o cliente gera fidelidade e essa, por sua vez, gera
crescimento, lucros e mais valor. Embora o lucro sempre tenha ocupado o papel central
no pensamento convencional sobre os sistemas de negócios, ele não é o principal
(KOTTER, 1998).
O lucro, obviamente, é indispensável, mas é uma conseqüência da criação de
valor, o que, junto com a fidelidade, compõe a verdadeira essência de qualquer
instituição comercial duradoura e bem-sucedida.
O termo fidelidade denota uma condição relativamente duradoura e exige que a
ação de comprar ocorra no mínimo duas vezes. A fidelidade é o resultado da atenção
dada àquilo que é necessário para manter um cliente, seguida pela execução constante
desse requisito (FERREIRA e SGANZERLLA, 2000).
O aumento da fidelidade dos clientes leva à maior lucratividade, maior
manutenção dos clientes e uma base financeira mais estável. A definição de cliente fiel
pode ser entendida como aquele que (KOTLER, 1998, p.59):
1) Realiza compras regulares e repetidas
2) Compra as diversas linhas de produtos e serviços
3) Recomenda os produtos e serviços a outras pessoas
4) Mostra-se imune aos apelos da concorrência.
Existe um denominador comum que permeia todo esse comportamento e ajuda a
explicar por que a fidelidade e a lucratividade estão tão estreitamente vinculadas; cada
componente desse comportamento contribui direta ou indiretamente para as vendas.
(KOTLER, 1998)
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CONCLUSÃO
A presente pesquisa concluiu que o segmento esportivo compõe uma importante
parcela de clientes – torcedor – a ser fidelizada pelos Clubes de Futebol. Portanto pode-
se identificar o perfil deste potencial cliente – torcedor, por meio de alguns aspectos
levantados no estudo de caso.
Do ponto de vista da administração esportiva, um clube, um evento ou um atleta
são fornecedores de um serviço de entretenimento e os torcedores de um time, fãs de um
esporte ou de um atleta são seus potenciais clientes. Neste caso, o Flamengo teria cerca
de 32 milhões de possíveis clientes a serem fidelizados, em todos os estados brasileiros,
em algumas centenas espalhados pelo mundo, e em grande quantidade em todas as
camadas sociais.
O clube de futebol por despertar paixão, é dessa maneira, um fornecedor
monopolista de serviços e produtos à sua torcida. O Flamengo e os outros times de
futebol brasileiro trabalham com esta teoria, uma vez conquistados o cliente – torcedor,
este será fiel para sempre ao clube. Entrará ainda na duvidosa soma de torcedores totais
do clube, e tentará ser atingido por todas as campanhas de marketing que o clube fizer.
Em parte sim, mas o marketing do esporte e sua relação com os fãs e as torcidas
se desenvolveram bastante e o modelo acima perdeu força e importância. O Flamengo,
na qualidade de time de futebol, é um fornecedor de entretenimento de massa. O que
significa que por mais apaixadonado que seja o torcedor, o Flamengo terá direito à
apenas uma fatia do seu tempo/orçamento semanal/mensal de divertimento. Como
qualquer outro consumidor de entretenimento, o torcedor tem contas de primeira
necessidade a serem pagas e que cuja prioridade ficam acima do divertimento (futebol).
O mercado futebolístico têm sofrido a concorrência de outras formas e fontes de
entretenimento que competem junto com o Flamengo pela parcela de tempo/orçamento
destinado a diversão e lazer individual ou em família. Cinemas, parques, passeios,
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restaurantes temáticos, viagens, outros esportes etc são formas de lazer e entretenimento
que desviam a atenção do torcedor do futebol, e consequentemente, diminuem o número
de torcedores (clientes) reais de um time de futebol, sendo assim, a estratégia de
fidelização torna-se fundamental.
O Flamengo não é o único clube que sofre com isso, mas é o que mais sofre,
pois por ter a maior torcida, é aquele que em termos proporcionais e absolutos
abandonou parte significante de sua torcida e os perdeu para formas concorrentes de
diversão, e por quê usar a FLA TV como um canal para oferecer diversão?!.
Em termos de mercado, isso significa que salvo pequenas exceções cada grupo
desse deseja e necessita de um produto diferente para sentir-se satisfeito na sua busca
por entretenimento, nesse caso a FLA TV seria uma ótima opção. Dada a diferença
entre as populações na torcida do Flamengo fica difícil traçar um plano de marketing
que agrade e atinja a todos sob pena de se ignorar os desejos e necessidades de alguma
parcela da torcida.
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REFERÊNCIAS
BARBEIRO, Heródoto; RANGEL, Patrícia. Manual do Jornalismo Esportivo. Editora Contexto, São Paulo, 2006. CAMARGO, V. R. T. O telejornalismo e o esporte espetáculo. Tese de doutorado, UMESP, São Paulo, 1998. COELHO, Paulo Vinícius Jornalismo esportivo. São Paulo: Contextos, 2003. FERREIRA, Sérgio; SGANZERLLA, Silvana. Conquistando o consumidor: o marketing de relacionamento como vantagem competitiva das empresas. São Paulo: Gente, 2000. FONSECA, O. Esporte e Crônica Esportiva. In: TAMBUCCI, P. L.; OLIVEIRA, J.G.M.de COELHO SOBRINHO, J. (orgs.) Esporte & Jornalismo, São Paulo, CEPEUSP, 1997. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1998. PINHO, J. B. Jornalismo na Internet Planejamento e Produção da Informação On Line. São Paulo: Summus, 2003. TEIXEIRA, Pollyana Ferrari. Usabilidade e Exercício de Jornalismo Dentro do Formato Portal no Brasil. Universidade De São Paulo Escola de Comunicação e Artes, 2002. TEIXEIRA, Pollyana Ferrari. Jornalismo digital. São Paulo: Contexto, 2006.