INSTITUTO H&H FAUSER Para o Desenvolvimento Sustentável … · 1 INSTITUTO H&H FAUSER Para o...

81
1 INSTITUTO H&H FAUSER Para o Desenvolvimento Sustentável e a Cultura Programa de Jovens - Meio Ambiente e Integração Social Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo End.: Rua Nabor Nogueira Santos, nº 258, sala 10, Centro - Paraibuna-SP CEP: 12.260.000 TEL: (12) 39740296 HISTÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP. Bruno Silva Santos de Oliveira William Oliveira Moreira Milena Antunes de Camargo Mendes (Instituto H&H Fauser/Orientadora) Larissa Neli da Cruz Pereira Faria (Instituto H&H Fauser/Co-orientadora) Paraibuna, 2014. Período de Desenvolvimento do Projeto: de 10/06/2013 a 26/10/2013 Número FEBRACE: 800

Transcript of INSTITUTO H&H FAUSER Para o Desenvolvimento Sustentável … · 1 INSTITUTO H&H FAUSER Para o...

1

INSTITUTO H&H FAUSER

Para o Desenvolvimento Sustentável e a Cultura

Programa de Jovens - Meio Ambiente e Integração Social

Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo

End.: Rua Nabor Nogueira Santos, nº 258, sala 10, Centro - Paraibuna-SP

CEP: 12.260.000 TEL: (12) 39740296

HISTÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA

REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.

Bruno Silva Santos de Oliveira

William Oliveira Moreira

Milena Antunes de Camargo Mendes (Instituto H&H Fauser/Orientadora)

Larissa Neli da Cruz Pereira Faria (Instituto H&H Fauser/Co-orientadora)

Paraibuna, 2014.

Período de Desenvolvimento do Projeto:

de 10/06/2013 a 26/10/2013

Número FEBRACE: 800

2

BRUNO SILVA SANTOS DE OLIVEIRA

WILLIAM OLIVEIRA MOREIRA

HITÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA

REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.

Monografia apresentada à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia – 12ª FEBRACE.

Milena Antunes de Camargo Mendes (Instituto H&H Fauser/Orientadora)

Larissa Neli da Cruz Pereira Faria (Instituto H&H Fauser/Co-orientadora)

Paraibuna-SP 2014

3

HITÓRIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA

DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP.

_____________________________________________

Bruno Silva Santos de Oliveira

_____________________________________________

William Oliveira Moreira

_____________________________________________

Milena Antunes de Camargo Mendes (Orientadora)

____________________________________________

Larissa Neli da Cruz Pereira da Cruz Faria (Co-orientadora)

Paraibuna-SP 2014

4

DEDICATÓRIA

Dedicamos nosso projeto à todas as pessoas que tiveram suas vidas

transformadas pelas águas da represa, e mantêm ainda hoje a saudade em seus

olhares.

5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus.

Aos nossos queridos PAIS pelo apoio e confiança durante todo o tempo.

Às Sras. Creuza de Fátima Castilho e Silva, Rosária Claro Oliveira, Maria Rita de

Almeida, Irene Fernandes Neves e aos Sres. José Benedito Nogueira, Sebastião Santos

Bárbara, Joaquim Fideli Serra, Sebastião Monteiro de Andrade, Sérgio Cascarde, Valter

Ebram, Lourenço Rabelo dos Santos e José Tadeu Menecucci por nos terem contado

histórias impressionantes de vida, fundamentais para o projeto.

Às Orientadoras Milena Antunes e Larissa Neli, por terem nos transformado de uma

forma impressionante, que nos aturaram esse tempo, por terem tido muita paciência, e terem

nos ajudado em tudo, não terem deixado faltar nada.

À Ariane, auxiliar administrativa do Instituto H&H Fauser, que nos ajudou muito em

pesquisas e materiais.

Aos coordenadores de oficina: Bruno Barreto, Diana D’arc, Elaine Nogueira e Levindo

Neto, por terem cedido suas aulas para trabalharmos em nosso projeto.

Ao Sr. José Vicente, que nos ajudou bastante fornecendo materiais e depoimentos.

À Rogério Faria e sua esposa Letícia Sales pelo apoio e ajuda.

Aos jovens: Alice Prado, Bruna Rodrigues, Lucas Jeremias, Júlia Helena e Ana

Caroline (empréstimo de equipamento), por terem ajudado a complementar nosso projeto.

Ao projeto Azimute da OUTWARD BOUND BRASIL que, em parceria com o PJ-MAIS

Paraibuna, onde estudamos, teve a iniciativa de entrevistar alguns moradores dando-nos

inspiração.

À Deise Soares Martins e Paulo Rodolfo César, da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, e

à Beatriz Ferreira por terem cedido materiais importantes para nosso projeto.

Ao Sr. Osvaldo Vicente Mendes e à Sra. Eunice Antunes de Camargo por terem

cedido suas casas, para que estudássemos vários dias, e por ajudarem em nossa

alimentação.

À Luíz Alberto (Phil) pela ajuda na confecção dos banners.

Ao Sr. Paulo Serra, Creusa Castilho, Valter Ebram, Luisinho, Inst. Santa Cruz do

Paiolinho e César Gentile pelas fotos e vídeos.

À NOVA IMPRESSÃO, por terem tentado consertar nosso computador.

À PETROBRAS por patrocinar o Instituto H&H Fauser.

6

RESUMO

A construção da barragem dos rios Paraibuna-Paraitinga, situada em

Paraibuna-SP, alagou terras produtivas, casas, igrejas e até cidades inteiras,

ocasionando perdas de bens materiais e imateriais para algumas pessoas, como as

festas, convívio com amigos e apego ao lugar que moravam. De lá só sobraram as

memórias que hoje sentem prazer em contá-las. O Objetivo foi identificar impactos,

pessoas atingidas e alternativas de subsistência após a construção da represa de

Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra-SP e criar um documentário

para maior acessibilidade e divulgação sobre esse acontecimento. As pessoas

afetadas e entrevistadas até o momento, eram do bairro Varginha e Fazenda Mato

da Onça Campo em Paraibuna; bairro dos Remédios, Limoeiro, Bom Sucesso e Vila

Velha de Natividade da Serra; Paiol Grande e Antiga Redenção da Serra e viviam

exclusivamente da agricultura e pecuária leiteira, e que aparentemente viviam em

harmonia com a paisagem. É necessário encontrar mais desses atores importantes

que vivenciaram o enchimento da barragem. Os impactos foram perdas de criações,

terras agrícolas, bens imateriais e, o principal, é que essas histórias tem sido

esquecidas com o tempo, mesmo sendo muito importantes para os municípios e

pessoas, como as Sras. Creuza, Rosária, Irene, Maria Rita e os Sres. José Benedito,

Sebastião Bárbara, Joaquim, Sérgio, Lourenço, José Tadeu, Valter e Sebastião

Monteiro, pois foi uma época muito difícil para eles. Estes e outros atingidos

merecem ser relembrados, porque foi em detrimento de seu bem estar que foi

construída a represa, hoje símbolo para todos os Paraibunenses. Após a construção,

as formas de subsistência dessas pessoas foram trabalhar com taxi; costura; vender

peixes; trabalhar em casas de família; construtor; taxista; trabalhos esporádicos;

exército; cuidar de fazendas; desemprego por causa da idade avançada; fábrica e

firmas. Até o momento foram feitas 4 apresentações orais para valorização da

história e impactos sociais causados pela represa, dessas, 2 foram abertas ao

público. Serão elaboradas propostas de valorização dessas memórias para os

setores de cultura e educação dos municípios atingidos, levando as histórias e

memórias registradas, para que as novas gerações possam conhecer suas raízes.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Abrangência da bacia do Paraíba do Sul........................................... 15

Figura 2 - Represa dos rios Paraibuna e Paraitinga..........................................

Figura 3 - Paraibuna, Redenção e Natividade...................................................

16

16

Figura 4 - Encontro das águas no bairro hoje denominado Chororão em

Paraibuna...........................................................................................................

21

Figura 5 - Bairro da Varginha em Paraibuna antes do represamento................

Figura 6 – Fazenda Mato da Onça, Bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP-

foto histórica cachoeira não identificada............................................................

24

25

Figura 7 - Bairro dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em

Natividade da Serra............................................................................................

Figura 8 - Igreja em Natividade da Serra que foi demolida e submersa............

26

27

Figura 9 - Construção Barragem Paraibuna........................................................ 30

Figura 10 - Construção Barragem situada no bairro Rio Claro......................... 30

Figura 11 - Construção Barragem Paraibuna..................................................... 31

Figura 12 - Tulipa nos dias atuais....................................................................... 31

Figura 13 - Desmatamento Paraitinga................................................................ 32

Figura 14 - Desmatamento Paraitinga................................................................ 33

Figura 15 - Túnel de desvio................................................................................ 33

Figura 16 - Túnel de desvio, imagem do interior da obra................................... 34

Figura 17 - Vista do interior do túnel de desvio................................................... 34

8

SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................... 08

06

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 07

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09

2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 12

2.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 12

2.2. Objetivo específico ................................................................................................ 12

3. MATERIAIS E METODOS ....................................................................................... 13

3.1. Área de estudo...................................................................................................... 13

3.2. Coleta de dados..................................................................................................... 17

3.3.Identificação dos participantes................................................................................ 18

3.4. Documentário......................................................................................................... 18

3.4.1. Capacitação da equipe........................................................................................ 19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 20

4.1. Ocupação de terra, agropecuária e trabalho no Vale do Paraíba.......................... 20

4.2. As entrevistas ........................................................................................................ 23

4.3. As paisagens de antes - saudades........................................................................ 24

4.4. Rotina e relações sociais - a vida antes da represa ............................................. 27

4.5. A construção da represa - um ponto de vista........................................................ 28

4.6. O processo de negociação.................................................................................... 35

4.7. Formas de trabalho e subsistência antes e depois............................................... 36

4.8. Os impactos.......................................................................................................... 39

4.9. Relembrando a parte que faltava- a importância de disponibilizar materiais, fotos

e histórias da represa para a comunidade...................................................................

39

5. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 42

6. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 44

ANEXO A - Mapa de 1922 que mostra os recursos hídricos existentes até o

enchimento da represa e a área que ficou submersa (PARAHYBUNA, 1922)............ 49

ANEXO B - Imagens da construção da represa dos rios Paraibuna e

Paraitinga, em Paraibuna-SP....................................................................................... 50

ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -TCLE............................... 79

ANEXO D - Termo de Consentimento para uso de acervo pessoal (fotos e vídeos)

..................................................................................................................................... 81

9

1. INTRODUÇÃO

A construção da barragem da represa dos rios Paraibuna-Paraitinga, que em

parte está situada em Paraibuna-SP, alagou terras produtivas, casas, igrejas e até

cidades inteiras, ocasionando perdas para os moradores da área alagada de bens

materiais e imateriais como as festas, convívio com amigos e apego ao lugar que

moravam. De lá só sobraram as memórias que hoje sentem prazer em contá-las.

A preservação da memória é um tema em destaque nos últimos anos, a

preocupação com a conservação de registro de memória, diferentes contextos e

suportes, justifica a reflexão sobre o perigo de esquecer ou perder tais registros que

relatam fatos históricos marcantes de uma determinada sociedade. O conceito de

memória enquanto fenômeno social é um processo histórico e tradicional que

observa e analisa as características culturais de um determinado povo (LIMA E

SANTIAGO, 2011).

Toda história possui particularidades, e demonstram a visão dos indivíduos

que a constroem, a memória é como cada um visualiza a história pela qual passou,

buscando as histórias e as memórias de um povo, é possível refletir sobre quem

realmente são.

A maioria dos seres humanos pertence a um grupo, como um modo de

reconhecimento da sua existência, que os leva uma buscar constante passados

comuns, entretanto as formas de recuperar o passado são distintas entre as

diferentes esferas da sociedade, e importante lembrar que história e memória

partilham uma mesma feição de ser: são ambas narrativas, formas de dizer o

mundo, de olhar o real, atribuem significados a realidade, são representações, ou

seja, são discursos que são colocados em coisas acontecidas (PRRETO, 2011).

Segundo Matos (2011), a maior parte dos seres humanos se preocupa com a

história num âmbito mais restrito, pessoal. Por exemplo, quase todas as pessoas têm

curiosidade em conhecer a sua árvore genealógica, em obter informações sobre a

sua família, os seus antepassados. Hoje em dia existem firmas especializadas em

fazer esse tipo de pesquisa para os interessados. Com frequência, os meios de

10

comunicação mostram pais procurando filhos e especialmente filhos procurando

pais, buscando preencher lacunas importantes em suas vidas, em sua

personalidade.

Uns dos fenômenos mais trágicos da sociedade pós-modernas é a ausência

ou perda da memória, seja ela individual ou coletiva, hoje o homem é um infeliz

desmemoriado, carente, necessitado e angustiado ele recusou a memoria pois há

cerca de quarenta anos a pedagogia construtiva baniu a “decoreba” dos bancos

escolares (COSTA, 2003).

Paraibuna é um município muito antigo, tricentenário, e por isso possui muitas

histórias que hoje são contadas, parte dessas histórias estão registradas através de

documentos. A construção da barragem da represa de Paraibuna modificou não só o

encontro natural de dois rios, mas também o curso da história de toda uma

população. Muitos dos que moravam na área alagada não levaram nada, mas

mesmo os que receberam indenizações, os que conseguiram retirar seus pertences

e aqueles que conseguiram vender seus animais, tiveram que se “reconstruir” em

outros lugares.

O deslocamento da população residente nas áreas necessárias à implantação

não é em seu próprio benefício mas uma pré-condição para a realização da

hidrelétrica, o deslocamento faz com que não se dê atenção devida aos problemas

da população atingida (ZITZKE, [s.d.]).

Muitos dos moradores da área alagada pela represa já faleceram, os que

ainda vivem contam sobre como foram afetados com a construção da barragem,

falam sobre seu espaço, suas famílias e o modo como levavam a vida.

As populações são atingidas diretamente, através de alagamentos em suas

propriedades, casas, áreas produtivas e até cidades. Existem também os impactos

indiretos como perdas de laços comunitários, destruição de igrejas, separação de

comunidades e famílias, capelas e inundação de locais sagrados para comunidades

indígenas e tradicionais (VIEIRA E VAINER, [s.d.]).

Partindo da ideia sobre a importância da memória e do fortalecimento da

identidade da população e autovalorização o presente projeto buscou através de

entrevistas registrar para divulgar uma história quem está se perdendo quando se

11

trata da visão do povo, ficando somente em dados numéricos e análises estatísticas

da época.

Há falta de conhecimento da população em relação a construção da represa e

os impactos causados, poucos conhecem a história do alagamento de terras de

Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra. Considerando esta

problemática, foram formuladas as seguintes perguntas de pesquisa: quais foram as

pessoas que sofreram com esses impactos? Quais foram os impactos causados pela

construção da represa? Quais foram as alternativas de subsistência das pessoas

após os impactos? Questões estas que serão abordadas no decorrer deste trabalho.

12

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Identificar os impactos, as pessoas atingidas e quais foram as suas

alternativas de subsistência após a construção da represa de Paraibuna, Natividade

da Serra e Redenção da Serra e criar um documentário para maior acessibilidade e

divulgação sobre esse acontecimento.

2.2 Objetivos específicos

● Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da

represa.

● Entrevistar pessoas afetadas pela construção da represa.

● Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa.

● Apresentar o documentário para a comunidade.

13

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A área de estudo é o município de Paraibuna, Natividade da Serra e

Redenção da Serra-SP, que foi testemunha de uma transformação que atingiu tanto

a paisagem como seus habitantes, quando foram iniciadas as obras da represa dos

rios Paraibuna e Paraitinga (mais conhecida como “represa do Paraibuna” ou

“represa de Paraibuna”).

Segundo o SEADE, a população do município de Paraibuna em 2013 é de

17.638 habitantes; em 2011 a participação dos empregos formais da agricultura,

pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura no total de empregos formais foi

12% e o rendimento médio nesses empregos foi de R$754,66. Em 2010, a

participação no PIB do Estado foi de 0,02% e o grau de urbanização era de 30,15%.

Um dos fatores que historicamente influenciou a urbanização do município, foi a

construção da barragem.

A represa de Paraibuna está situada em uma região de grande riqueza

ambiental. Sua área de influência atinge pelo menos duas Reservas de Biosfera. As

Reservas de Biosfera, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente (1999), são

compostas por 360 regiões de importância para o globo, formando uma grande rede

internacional. Estas unidades de conservação objetivam uma correta utilização de

seus ambientes naturais e modificados e a busca do desenvolvimento sustentável.

As duas Reservas que abrangem o município são: Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo e Mata Atlântica. A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo (RBCV) foi declarada em 1984, é formada por 73 municípios onde vivem mais

de 10% da população brasileira e abriga importantes remanescestes da Mata

Atlântica (como os Parques Estaduais da Cantareira, Alberto Lofgren, Jaraguá,

Jurupará e Serra do Mar). A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) abrange

um conjunto de ecossistemas terrestres nas áreas remanescestes da Mata Atlântica.

A área da Reserva na Mata Atlântica foi reconhecida entre os anos de 1991 a 2002,

sendo a primeira unidade no Brasil inserida nos projetos da Rede Mundial de

14

Reservas da Biosfera, atuante em vários países da América Latina como: Argentina,

Bolívia, Chile, Costa Rica e Cuba. Esta reserva é considerada a maior em área

florestal do planeta, com cerca 35 milhões de hectares, abrangendo de 15 a 17

Estados brasileiros (RBMA, 2013).

Contida na RBCV e na RBMA está a unidade de preservação de proteção

integral Parque Estadual da Serra do Mar que é uma região de importância

estratégica para o Estado de São Paulo, tanto pelo desenvolvimento sustentável, por

abrigar as porções remanescestes da Mata Atlântica, quanto pelo desenvolvimento

econômico favorecido pelas ferrovias, rodovias, duto vias e instalações industriais e

portuárias (PROJETO SERRA DO MAR, 2013). Conforme o Sistema Ambiental

Paulista (2013), o Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Caraguatatuba, guarda

aproximadamente 50 mil hectares dos últimos 7% da Mata Atlântica, incluindo lindas

paisagens como os mananciais da represa de Paraibuna.

O alagamento do município de Paraibuna foi causado pelo represamento dos

dois rios (Paraibuna e Paraitinga). O Paraitinga nasce a 1800 metros de altitude na

Serra da Bocaina no município de Areias e o rio Paraibuna nasce em Cunha. A

junção dos dois rios, que acontecia com um encontro das águas entre os vales, no

bairro hoje denominado Chororão em Paraibuna, agora acontece dentro do lago da

represa e, a partir desse encontro, o rio passa a se chamar Paraíba do Sul. A bacia

do rio Paraíba do Sul estende-se pelo território de três Estados (Figura 1) - São

Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - e é considerada, em superfície, uma das três

maiores bacias hidrográficas secundárias do Brasil, abrangendo uma área

aproximada de 57.000km² (INEA, 2013).

15

Figura 1 - Abrangência da bacia do Paraíba do Sul (CHB-PS, 2012, CD-ROM).

A Usina Hidrelétrica de Paraibuna teve o início de sua construção em 1964, e

término em 1978, a área do reservatório é de 224 km² (Figura 2), a responsável pela

represa é a CESP (Companhia Energética de São Paulo) e o motivo da sua

construção foi: regular a vazão do rio Paraíba do Sul e geração de energia

(considerado baixo). O tempo de vida útil da usina é estimado em 100 anos, com

potência de cerca de 85MW (LIMA & BATISTA, 2010). Segundo a CESP (1992), o

enchimento do reservatório inundou terras dos municípios de Natividade da Serra,

Paraibuna e Redenção da Serra (Figura 3). Cada município, na mesma ordem,

perdeu cerca de 14% (120km²), 9% (70km²) e 6% (20km²) de suas áreas totais, no

período de 1970/80 que abrangeu o término das obras e o enchimento do

reservatório, os municípios de Natividade da Serra e Redenção da Serra perderam

(31,36% e 23,06%) respectivamente de sua população sendo que na área rural, os

índices foram ainda superiores 41,84% e 29,53% na mesma ordem, a redução da

16

população rural alcançou índices negativos para o pessoal ocupado nas atividades

agropecuárias, demostrando significativas mudanças na estrutura de produção. A

represa tem um perímetro de 770km.

Figura 2 - Represa dos rios Paraibuna e Paraitinga (Google Mapas, 2013).

Figura 3 - Paraibuna, Redenção e Natividade. Fonte: Wikipédia, 2013.

17

3.2 Coleta de dados

Para coleta de dados primários foram entrevistadas as pessoas que

habitavam as áreas hoje alagadas pela represa dos rios Paraibuna e Paraitinga que

abrange as cidades de Paraibuna, Redenção da Serra e Natividade da Serra,

pertencentes ao Estado de São Paulo. Os dados secundários foram baseados,

principalmente, no Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna (CESP, 1992) e fotos

cedidas por entrevistados.

O TCLE (Termo Consentimento Livre e Esclarecido) foi elaborado pela equipe

do projeto com a ajuda da orientadora, nele estava contido o objetivo do projeto,

além de esclarecer sobre riscos, benefícios e conter contatos da equipe.

A técnica utilizada para entrevista foi: apresentação dos objetivos do projeto e

origem da equipe participante, elaboração de pergunta de corte (pergunta principal,

que estimula as pessoas a contarem suas histórias), um roteiro buscando

informações importantes para ilustrar os impactos e um ângulo de filmagem que

permite que apenas o entrevistado apareça na imagem. Foi utilizada uma filmadora

SONY HDR-PJ30V. As visitas foram realizadas na própria residência do entrevistado,

e os vídeos foram editados através do software Pinacle Studio HD.

Para identificação dos participantes na gravação foram feitas duas perguntas:

“Qual é o seu nome?” e “Qual a sua idade?”. A pergunta de corte utilizada foi “Quais

foram as mudanças que a represa trouxe para sua vida?”.

Depois de iniciada a entrevista, foram direcionadas as perguntas para

identificar quais foram as formas de subsistência dos participantes: “Em que você

trabalhava antes da construção da represa?”, “Após a construção da represa quais

foram suas formas de trabalho?”.

As perguntas: “Como era a paisagem?”, “Onde viviam na época em que a

água tomou posse das terras?”, “Depois de abandonar suas terras, onde você foi

morar?”, “Como era sua infância?”, “Como eram as festas naquela época e o que

serviam nelas?”, foram feitas para os participantes lembrarem como eram as

relações com a natureza, relações sociais e para recordarem suas histórias.

18

A pergunta: “Você acha que agora a represa é importante para nosso

município?”, “Como foi a negociação dos terrenos?”, “Você recebeu indenização?”,

foram feitas para verificar a percepção sobre o grande empreendimento - a represa.

Os questionamentos sobre “Se hoje você fosse até a área alagada pela

represa, conseguiria identificar o local?”, “Lá tinha capela?”, “Qual era o nome dessa

capela?” foram aplicados para auxiliar outros projetos como o de um grupo de

mergulhadores que tentam achar uma igreja submersa na represa de Paraibuna

(GENTILE, 2013).

3.3 Identificação dos participantes

As pessoas foram identificadas através de informações coletadas junto a

conhecidos, parentes, amigos e colaboradores da equipe do projeto. O município de

Paraibuna-SP, com suas características interioranas, ainda permite contato próximo

com muitas pessoas que acompanharam a história dos atingidos pela construção da

represa, propiciando assim a construção de uma lista com nomes de possíveis

participantes. Os entrevistados escolhidos formaram um grupo heterogêneo:

moradores, técnicos da construção da represa, homens e mulheres que vivenciaram

a construção.

3.4 Documentário

O documentário será apresentado no primeiro semestre de 2014.

Em Paraibuna: as apresentações acontecerão nas comunidades do Bairro do

Macaco (onde foi iniciada a ideia do projeto), Telles (onde reside um dos autores) e

Centro, em formato de “cinema” (poderão ser organizadas outras apresentações, em

bairros diferentes após estas serem realizadas, dependendo dos recursos

financeiros da equipe). O referido material será doado para as escolas públicas do

19

município, para Diretoria de Educação de Paraibuna e Fundação Cultural “Benedicto

Siqueira e Silva”.

Em Natividade da Serra e Redenção da Serra-SP: será proposta uma parceria

com os responsáveis pela cultura e educação para mobilização da população e

exibição do documentário aos munícipes. O referido material será doado para as

escolas públicas dos municípios, para os setores de educação e cultura.

3.4.1 Capacitação da equipe

A equipe do projeto participou do curso gratuito “História Oral e a Prática do

Ouvir”, realizado em Salesópolis em 15 de agosto de 2013, realizado pelo Museu da

Energia de Salesópolis, ministrado pela historiadora Suzana Lopes Ribeiro. O

conteúdo tratou da importância de se fazer perguntas menos específicas, ter

curiosidade e atenção sobre o que o entrevistado fala; salientou métodos para

estimular a fala do entrevistado; mostrou como deve ser a abordagem respeitosa do

entrevistador e que este deve procurar não fazer perguntas objetivas (com respostas

“sim” ou “não”); e expôs sobre ângulos de filmagem.

20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Ocupação de terra, agropecuária e trabalho no Vale do Paraíba

Antes de serem descritos os depoimentos, cabe esclarecer um pouco sobre o

contexto histórico do Vale do Paraíba (formado pelos rios represados: Paraibuna e

Paraitinga) e como se desenvolveu a região onde moravam os participantes desta

pesquisa.

Segundo Salgado, Campos e Goldzveig (1997), o Vale do Paraíba começou a

partir do Séc. XVIII, e durante o ciclo de mineração para circulação e produção de

ouro ele foi muito importante. Nessa época, entre o Médio Vale e o litoral surgem no

Alto Vale as cidades de Paraibuna, Cunha e São Luís do Paraitinga, que foram o

apoio das diversas tropas de burro que transportavam o ouro para os portos.

Provindo do Rio de Janeiro a expansão cafeeira atingiu o Vale do Paraíba que foi a

mais importante área produtora do país no Séc. XIX. Quando a cultura do café

migrou para o oeste do Estado de São Paulo houve uma decadência no Vale que

fixou sua produção na pecuária leiteira e na pequena produção de alimentos, em

especial queijos e doces caseiros. Existem na região belos exemplares históricos da

época da mineração e do café, como sedes de fazendas e mercado municipal.

Paraibuna se formou de um pouso de tropeiro, no começo do Séc. XVII,

alguns homens desceram o Rio Paraitinga e pararam no encontro com o Rio

Paraibuna, eles entraram 2 km mata a dentro e fizeram uma cabana e uma capela

em homenagem ao Santo do dia, dando o nome a Vila de Santo Antônio da Barra do

Paraibuna (RURAL, 2012).

Paraibuna na língua Tupi significa “rio de águas escuras” e Paraitinga tem

nome de origem indígena e em tupi-guarani significa “rio de águas claras”, este

desaguava no primeiro, formando logo o rio Paraíba do Sul (Figura 4).

21

Figura 4 - Encontro das águas de antigamente, no bairro hoje denominado Chororão em Paraibuna-

SP. À esquerda da foto está o Rio Paraitinga em seu leito original, descendo ao encontro do Rio

Paraibuna (à direita). Ao centro da foto o Rio Paraíba do Sul, formado pelo encontro dos dois rios. [s.

d.] (PARAIBUNA, 2009).

De acordo com (RURAL, 2010), o rio Paraíba do Sul foi testemunha e

participante das principais eras econômicas do país e, nos tempos bons, tempos

tropeiros, carregavam e transportavam em suas mulas: algodão, fumo, açúcar,

aguardente e até ouro, além de trabalhar com plantações de arroz.

No começo de 1960, teve início a construção da barragem Paraibuna -

Paraitinga, com isso a produção de leite caiu e as plantações das roças foram

diminuindo, devido a ocupação das terras pelas águas e a saída de produtores da

zona rural para trabalhar na construção da barragem (segundo a Tabela 1), por um

lado, havia cerca de 5.000 pessoas indo trabalhar na barragem no período de 1965 a

1975, e por outro, inúmeros moradores (até hoje não contabilizados) foram obrigados

a abandonar suas terras e irem para outro lugar (ANEXO A). Após o término da

construção a situação piorou, a finalização das obras mudou radicalmente o estilo de

vida dos Paraibunenes, porque muitos perderam o emprego e não tinham o que

fazer. Alguns voltaram para a roça propiciando novamente o aumento da produção.

22

Em 1980 teve início a plantação do feijão, que foi a preferida dos produtores, e com

isso o município foi a maior produtora desta cultura no Vale do Paraíba, logo depois

a população rural procurou outros cultivos, como o tomate. A pecuária leiteira foi

diminuindo cada vez mais (como mostra a Tabela 2), embora existissem criadores de

gado de corte. Houve expectativas da população sobre o turismo, para que, após a

construção da represa, este fosse desenvolvido. É fato que, até hoje, Paraibuna-SP

necessita planejamento estratégico para cumprir essas expectativas de forma

sustentável (PARAIBUNA..., 2000).

Tabela 1 – Evolução da população nos municípios afetados. Fonte: CESP/Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna, 1992.

23

Tabela 2 – Evolução do rebanho bovino e do número de produtores. Fonte: CESP/ Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna, 1992.

4.2 As entrevistas

Foram realizadas 12 entrevistas até o momento e todas foram muito

produtivas. A produção de um documentário envolveu dificuldades, como achar um

lugar silencioso, e às vezes, no meio da entrevista vieram pessoas falar com o

entrevistado, o que poderia atrapalhar, mas foi gratificante poder presenciar as

emoções do entrevistado quando este contava suas histórias. É possível ver em

seus olhos a saudade que sentia do lugar onde morava, foi possível reparar que,

após a construção da barragem, sua vida foi muito sofrida. Através das entrevistas

foram coletados dados importantes e foi possível aprender com as histórias, que

foram novidade para a equipe, pois, até o momento, não se tinha ouvido alguém falar

como havia sido a vida daquelas pessoas, o sofrimento delas. Foi interessante esse

momento para esta geração, integrar-se com a geração mais velha, com aqueles

que já viveram muito e tem tanto para contar, mas tem poucas oportunidades para

isso.

24

4.3 As paisagens de antes - saudades

O bairro da Varginha (Figura 5), localizado em Paraibuna-SP, foi descrito

como um bairro grande, que ficava na beira da estrada mas havia outras

propriedades mais dispersas. Lá existia uma capela de São João e o lugar era

caracterizado por várzeas, pastos de gado, pouca mata e plantações. As culturas

iam desde plantações de uva, pomares de laranja, arroz, feijão, milho, cana,

mandioca, até abacaxi, encontravam frutas do mato também, como maracujá roxo,

gabiroba, guapa e goiaba.

Figura 5 - Bairro da Varginha em Paraibuna, antes do represamento. [s. d.]

A Fazenda mato da Onça, no bairro Campo Redondo, em Paraibuna-SP, foi

descrita com belas cachoeiras (Figura 6), criações e terras muito produtivas.

25

Figura 6 - Fazenda Mato da Onça, bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP - Foto histórica de

cachoeira não identificada. [s. d.].

Já o bairro dos Remédios, localizado em Natividade da Serra - SP foi descrito

como uma vilinha, com uma capela muito bonita de Nossa Senhora dos Remédios

(Figura 7). No bairro havia plantações de cebola, arroz, milho, mandioca e batata, no

lugar viam muitos tatus quando iam colher mandioca e batata pois também se

alimentavam das raízes. Lembram com saudades também do rio, do “Lourenço

Velho” que era onde pescavam e nadavam e tinham uma estima grande por ele.

26

Figura 7 - Bairro dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Natividade da Serra-

SP. [s.d.]

O bairro Bom Sucesso em Natividade da Serra foi descrito como um bairro

caracterizado por várzeas, plantações de milho feijão e fumo, e terras muito

produtivas.

A antiga cidade de Natividade da Serra, agora chamada por alguns de Vila

Velha Natividade da Serra, tinha um mercado municipal muito grande, uma linda

igreja de Nossa Senhora da Natividade que foi demolida antes de encher a represa

(Figura 8) e também tinha o Rio do Peixe onde pescavam, criações de galinha e

porco, além de avistarem diversas aves.

27

Figura 8 - Igreja em Natividade da Serra que foi demolida e submersa. [s. d.].

4.4 Rotina e relações sociais - a vida antes do enchimento da represa

Eles viveram lá suas infâncias, e já trabalhavam desde pequenos como

podemos ver nos relatos:

“Ah, era gostoso, porque quando a gente morava lá na Varginha mesmo, meu

pai, minha mãe e meus irmãos, toda a vida a gente trabalhou assim de lavoura e

gado né, meus pais tinham os gados e a gente tirava leite, então é isso ai minha

vida, e foi isso ai, só trabalhava mesmo, trabalhava na roça” (Depoimento Rosaria

Claro).

28

No bairro da Varginha aconteciam festas e os moradores gostavam de

participar, como o Sr. Sebastião diz:

“As festas lá juntava bastante gente, tinha fogueira tinha bingo, era 3 dias de

festa e quando terminava cada um ia pra sua casa, e o outro ano fazia isso

novamente, tinha gente que ia no começo e ia embora só no final” (Depoimento

Sebastião Santos Bárbara).

No bairro dos Remédios também tinha festas, como diz a Sra. Creuza:

“A festa era boa demais, muito boa, era festa, eu lembro que era mês de

agosto e mês de outubro… Quando não tinha o afogado era churrasco, à noite tinha

café com biscoito, tinha muita coisa boa… eu gostava, o povo gostava porque ia

muita gente de fora lá, até os meus tios iam para cantar” (Depoimento de Creuza de

Fátima Castilho e Silva).

Na antiga Redenção tinha brincadeiras, como diz a Maria Rita:

“As brincadeiras que eram na praça da igreja ao redor da praça do coreto, era

amarelinha, pula cela, pega pega” (Depoimento de Maria Rita de Almeida).

Da Vila Velha de Natividade sentem saudade do Rio do Peixe onde

pescavam, e da praça, como diz Valter Ebram:

“Tinha um rio chamado Rio do Peixe que a gente pescava, lembro bastante da

praça, eu amava aquela praça, me trazia muita recordação as histórias que meu pai

contava da praça” (Depoimento Valter Ebram).

4.5 A construção da represa - um ponto de vista

A construção da represa se iniciou no ano de 1964, primeiramente a empresa

responsável era a COMEPA (Companhia Melhoramentos de Paraibuna).

A COMEPA foi criada em 1963 e acabou em dezembro de 1966, precisamente

quando houve a criação da CESP (CESP, 1995).

O DAEE ficou reponsavél por tudo que se referia ao reservatório, inclusive as

desapropriações, enquanto a CESP assumia a responsabilidade pelas barragens. O

projeto foi da Hidroservice e a construção da Camargo Corrêa (CESP, 2014).

29

O senhor José Benedito Nogueira, conhecido como Santa Branca, veio para

Paraibuna em 1966 e trabalhou na construção da barragem (Figuras 9, 10 e 11), na

COMEPA. Acompanhou o desenvolvimento da obra desde os primeiros lançamentos

de terras (aterros) da construção da barragem, até o final da construção.

Após encerrado seu trabalho no setor de engenharia, foi trabalhar no setor de

meio ambiente, e lá ficou por 30 anos. Segundo o Sr. José, este setor começou na

CESP de Paraibuna através de um senhor que se chamava Alfredo Lobato e que

hoje é seu vizinho.

Sr. José relata que trabalhava cuidando de mudas de café, depois, tiveram

interesse em cultivar mudas de outras plantas, já que naquele tempo não plantavam

só árvores nativas, e depois disso a ideia evoluiu até que reflorestaram parte das

áreas com muitas frutíferas para os peixes. Aposentou-se na CESP, no mesmo setor

de meio ambiente e hoje ele trabalha com abelhas (Florada da Serra), sendo um dos

apicultores mais conhecidos na região.

Quando foi perguntado ao Sr. José sobre o que ele achava da construção da

represa, este disse: “Ah, foi excelente, eu acho o ponto mais bonito de Paraibuna

quando a represa está cheia e ela está descendo a tulipa (Figura 12), ali está na cota

714, ai ela está bem cheia assim você passando de barco você vai ver aquelas

matas e a água vai esta batendo em baixo das matas” (Depoimento de José

Benedito Nogueira).

30

Figura 9 - Construção Barragem Paraibuna. [s. d.]

Figura 10 - Construção da barragem Paraibuna, situada no bairro Rio Claro. [s. d.]

31

Figura 11 - Construção Barragem Paraibuna.

Figura 12 - Tulipa nos dias atuais, mencionada como belo cenário pelo Sr. José (CÂMARA

MUNICIPAL DE PARAIBUNA, 2010).

32

O Sr. Sebastião Monteiro de Andrade entrou na Camargo e Correia que foi a

empresa que construiu a barragem, ele trabalhava no setor de “desmatamento”,

como ele descreve: “Eu comecei no desmatamento, na limpeza pra limpar a área

que represa ia desocupar sabe, então tinha que tirar árvore, tinha que tirar tudo, ficar

só na terra limpa” (Depoimento Sebastião Monteiro de Andrade). O setor de

supressão vegetal (Figuras 13 e 14) trabalhava ativamente na remoção e limpeza da

área que a represa ia ocupar. Conta ele que não começou trabalhar desde a

fundação da represa, quando chegou em Paraibuna, a barragem do Paraitinga já

estava bem alta e o túnel de desvio da água já estava feito (Figura 15, 16 e 17).

Figura 13 - Desmatamento Paraitinga.

33

Figura 14 - Desmatamento Paraitinga. [s. d.]

Figura 15 - Túnel de desvio mencionado pelo Sr. Sebastião. [s. d.]

34

Figura 16 - Túnel de desvio, imagem do interior da obra. [s. d.]

Figura 17 - Vista do interior do túnel de desvio, onde trabalhou Sr. Sebastião. [s. d.]

35

Sr. Sebastião Monteiro começou a trabalhar na construção da represa em

1967 e trabalhou em várias cidades, como: São Luís do Paraitinga, Natividade da

Serra e Redenção da Serra. Depois que terminou a construção da represa ele foi

trabalhar em uma granja e lá ficou por 10 anos.

O Sr. Valter Ebram foi trabalhar na Camargo Corrêa em 1971, com 19 anos,

até o final de 1974, foi emprestado para a CESP até abril de 1975, trabalhou então

na área administrativa e não tinha muito envolvimento com a área de campo.

“Eu soube de uma vaga na Camargo Corrêa numa área administrativa... na

época de 71, eu tinha 19 anos, então comecei a trabalhar na Camargo Corrêa...

Então fiquei na Camargo Corrêa até o final de 74, ai eu fui para a CESP sem fichar,

eu fui emprestado pela Camargo Corrêa à CESP até o mês de abril de 1975”

(Depoimento Valter Ebram).

4.6 O processo de negociação

Dna. Rosária Claro Oliveira foi avisada oito dias antes de a represa inundar o

lugar em que morava, então teve que vender seu gado, não tinham onde colocar,

nem como transportar o rebanho. Segundo ela, houve conflito na negociação: “Levou

muito tempo para eles pagarem o terreno da gente, só que, pagaram

uma mixaria lá, depois, ficou um resto, daí não recebemos mais nada.” (Depoimento

Rosária Claro Oliveira).

Para ela a represa foi importante por causa da energia elétrica, mas muitas

famílias sofreram, pois havia gente sem reservas financeiras lá e tiveram que sair:

“Foi muito ruim quando a represa chegou, foi muito difícil pra nós.” (Depoimento

Rosária Claro Oliveira).

Quando avisaram o Sr. Sebastião Bárbara que a água atingiria suas terras,

ele as vendeu, segundo ele, para uns “alemães”, por um bom preço, e em relação a

indenização, declarou que não foi suficiente: “Pagaram muito pouquinho, o dinheiro

que sobrou foi o dos alemães.” (Depoimento Sebastião Santos Babara).

36

Dna. Creuza de Fátima Castilho também explica que a avisaram pouco tempo

antes de a represa começar a encher: “Eles já tinham avisado pouco tempo antes,

mas aí como o meu vô era muito birrento ele não quis sair. A minha mãe e o meu pai

saíram, mas como eu era muito ligada a minha avó, ali eu fiquei.”, “...quando deu a

enchente saímos correndo tirando as coisas com a água no pé já, levando pra cima

dos pastos, subindo o morro, e só subindo a água. Depois disso que nós viemos

para a cidade”. Segundo Dna. Creuza, também houve conflitos na negociação: “Era

para ter recebido e até hoje nada, a terra era dos meus avós e ninguém recebeu até

hoje.” (Depoimento de Creuza de Fátima Castilho).

Quando perguntado sobre o que ela acha da represa hoje ela disse: “Ah, pra

quem gosta é bom né, mas para quem vivia na roça e tinha de tudo...” (Depoimento

de Creuza de Fátima Castilho).

A família do Sebastião Monteiro perdeu diversas terras, seu pai tinha dois

terrenos, um no bairro Lourenço Velho e outro na Varginha, município de Paraibuna.

Conta Sr. Sebastião que recebeu indenização de um terreno e não concordava com

o preço que queriam pagar no outro, então foi para a justiça, a família contratou um

advogado, que veio a falecer durante o processo. Segundo ele, não conseguiram

encontrar os documentos, e até hoje não receberam por suas terras.

Para conhecimento, como assinalam Foschiera e Júnior (2012), as usinas

hidrelétricas passaram a ser construídas no Brasil desde o final do Séc. XIX, porém,

os questionamentos e ações de resistência frente a construção desses

empreendimentos se deram, de forma mais incisiva, a partir da segunda metade da

década de 1970. Da aproximação e desenvolvimento de atividades em conjunto

desses movimentos, resultou a criação do Movimento dos Atingidos por Barragens

(MAB), em 1991.

4.7 Formas de trabalho e subsistência - antes e depois

A Sra. Rosária Claro Oliveira, que morava na Varginha fazia farinha de

mandioca, tirava leite, plantava arroz, milho, feijão e cana, da qual se fazia rapadura,

37

sua vida lá envolveu apenas o trabalho na lavoura. Depois da desapropriação, foi

morar no bairro do Cedro, em Paraibuna-SP, e com o dinheiro do gado que vendeu,

seu marido comprou uma perua (automóvel) e começou a trabalhar de taxista. Mas

não deu certo, porque seu irmão capotou o carro e deu perda total. Então, seu

marido mudou de ideia e se mudaram para o município de Caraguatatuba,

trabalharam de pescadores e começaram a vender peixes, só depois de 7 anos

voltaram para Paraibuna, começaram a construir sua casa onde mora hoje aos

poucos há cerca de 30 anos e que ainda não terminou de construir.

O senhor Sebastião Bárbara, que também morou na Varginha, plantava arroz,

arava terra no enxadão e fazia bicos. Depois do alagamento, ele foi morar no bairro

Telles, em Paraibuna, e começou a trabalhar em uma fazenda onde, conforme seu

depoimento, ganhava muito pouco, “Fui trabalhar um pouco na fazenda do José

Vilhena, ganhava muito pouquito, tinha vez que não ganhava quase nada. Ai entrou

o DER (Departamento de Estrada e Rodagem), ai fui plantar milho, daí meu irmão

que morava em Caraguatatuba veio embora pra cá, eu tive sorte, arrumei serviço e

fui trabalhar no DER. No DER fiquei 13 anos trabalhando, e do que eu tenho hoje é

por isso, porque se eu estivesse empregado na fazenda não tinha nada porque era

muito ruim, foi ruim demais, agora tá tranquilo” (Depoimento Sebastião Santos

Bárbara).

A Sra. Creuza de Fátima Castilho Silva morava no bairro dos Remédios, em

Natividade da Serra-SP: “A gente trabalhava na roça, fazia de tudo um pouco, a

minha vó tirava leite, pouca coisa, mas tirava, minha mãe e nos trabalhava na roça e

meu pai trabalhava na feira” (Depoimento Creuza de Fátima Castilho Silva). Depois,

foi morar na cidade com seus avós pois era muito ligada a eles, e seus pais ficaram

morando perto da balsa do bairro do Comércio (balsa Varginha), no terreno de um tio

de sua mãe, ela ficava quinze dias na casa de sua avó e quinze dias na casa de sua

mãe. Seu pai trabalhava um pouco na roça e quando a firma (Metropolitana e

Reflora) chamava, ele ia para a cidade. Com 12 anos, Dna. Creuza começou a

trabalhar em casa de família, depois foi trabalhar em uma fábrica e se casou.

O Sr. Joaquim Fideli Serra morava no bairro do Macaco, no município de

Paraibuna-SP e fazia artesanato para sobreviver, depois que saiu de lá, foi morar em

38

Jacareí e depois morou 11 anos no Limoeiro em São José dos Campos-SP, ainda

hoje ganha a vida com artesanatos e até agora não conseguiu comprar um terreno e

mora de aluguel pois saiu de onde morava sem recursos.

Quando o pai do Sr. Sebastião Monteiro trabalhava na roça, se sustentava

tirando e vendendo o leite para cooperativas. Quando a represa veio a encher, seu

pai já estava idoso e não conseguiu mais trabalhar, morreu sem se aposentar.

O Sr. Sérgio Cascarde morava no bairro Limoeiro na Vila Velha de Natividade

da Serra e trabalhava em lavoura, plantava milho, arroz e feijão, depois saiu e foi

morar em um bairro que ficou conhecido como Quebra Galho pelo fato de que

algumas casas eram feitas de pau a pique porque o dinheiro não dava para construir

uma casa de alvenaria e porque o bairro era improvisado, e depois começou a

trabalhar sem emprego fixo: “Nós aguentava do mesmo jeito, trabalhava para um,

para outro, trabalhava para sobreviver” (Depoimento Sérgio Cascarde). E agora

trabalha na prefeitura.

O Sr. Valter Ebram lecionava como professor em escolas rurais, e com

dezenove anos entrou na Camargo Correia (construtora da represa), na área

administrativa. Ele sempre teve o sonho de ficar em Paraibuna e esse emprego deu

estabilidade financeira. Com 20 anos já estava casado.

A Dona. Irene morava na Fazenda Mato da Onça, bairro Campo Redondo, em

Paraibuna-SP e ainda não trabalhava fora antes do enchimento do reservatório

(ajudava em casa). Depois que seus irmãos foram embora para estudar e trabalhar,

e ela ficou ajudando sua mãe a cuidar de seus irmãos mais novos.

O Sr. Lourenço Rabelo morava no bairro Paiol Grande, em Redenção da

Serra-SP. Ao completar a idade de ir para o exército, ele foi. Quando voltou,

estabeleceu uma lojinha em Natividade da Serra, depois foi candidato a vereador em

Redenção da Serra.

O Sr. José Tadeu Menecucci morava no bairro Bom Sucesso, em Natividade

da Serra e trabalhava em lavoura, plantava feijão, milho e fumo e, depois da

construção do reservatório, começou a trabalhar de pedreiro (construtor).

39

4.8 Os impactos

Analisando os depoimentos, percebe-se que com a construção da represa as

pessoas que moravam lá sofreram com perdas de terras, criações, bens imateriais –

como práticas e domínios da vida social, ofícios e modo de fazer, celebrações,

formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas, e nos lugares como:

mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas, conforme

IPHAN (2014) – e desestabilidade financeira, porque alguns saíram sem recursos do

local.

De acordo com Leitão (2013), a construção de barragens para a produção de

energia elétrica é defendida como uma fonte de energia limpa, porém há muito

sofrimento para as populações atingidas por esses projetos hidrelétricos. Esses

grandes projetos de investimento vêm de decisões tomadas por pessoas que não

são do local, nem da região, principalmente as construções de barragens, dessa

forma ocorre o desconhecimento dos impactos gerados sobre aquela população.

Nesses projetos muito dinheiro é investido em um espaço de tempo curto, gerando

com isso mudanças bruscas no território. Até a década 1980 não existia no Brasil

movimentos voltados para a preservação do meio ambiente e para população

atingida por barragens, assim as Usinas Hidrelétricas eram construídas sem

preocupação com o meio ambiente e com os atingidos. Dizendo que traziam

desenvolvimento para a região, diversas hidrelétricas foram implantadas por decisão

do estado, com diversos investidores interessados no capital a ser gerado, deixando

de lado o principal atingido por esses projetos, que é a população.

4.9 Relembrando a parte que faltava - a importância de disponibilizar

materiais, fotos e histórias da represa para a comunidade

A discussão sobre a memória e a elaboração da lembrança coloca-nos o

destaque que os relatos orais tem sido assumidos como um novo conjunto de fontes

documentais (OLIVEIRA, 2007).

40

Quem vê hoje a represa não imagina quantas histórias, recordações e

prejuízo financeiro ficou debaixo daquelas águas. E essas histórias correm o risco de

ficar apenas em poucos registros fotográficos daquela época. Muitas das pessoas

que sofreram com o impacto da represa já não estão mais vivas, e a cada dia

corremos o risco de perder mais uma parte importante desse acontecimento do

passado da população de três cidades: Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção

da Serra.

A fotografia está associada à ideia de documento, ela serve para mostrar uma

realidade, logo após, para lembrar a existência dessa mesma realidade. O tempo

tem um papel fundamental no ponto de vista histórico e emocional, a fotografia tem

uma grande importância de recordação, como transformações físicas e materiais

(SILVA, 2008).

A represa de Paraibuna tem hoje um enorme potencial para virar atrativo

turístico, também pode ser fonte de diversos outros eco empreendimentos para os

proprietários da região, então registrar e fomentar essas histórias faz parte da

valorização do lugar e da população que teve sua vida alterada e sofreu diretamente

com esses impactos.

Como reforça a moradora Maria Rita: “Na época do leite conseguimos viver

bem, ter dinheiro, na época do café... e por que não, eu me pergunto, por que não no

ciclo da água a cidade não enriquece?” (Depoimento de Maria Rita de Almeida).

E também o Sr. Valter Ebram: “Hoje essa água representa turismo, na minha

visão é o turismo, é turismo náutico, é o turismo local, é o turismo interno e o turismo

externo”. Mas para Sr. Valter, o turismo não está sendo utilizado como deveria: “O

turismo não tem se desenvolvido da maneira que deveria em hipótese alguma, é

uma gota d’água no oceano, o potencial turístico é muito grande, a utilização turística

é pequena”.

A compilação de todo material recolhido para contar a história das pessoas

que moravam na área hoje alagada é um instrumento de reconhecimento. A

princípio, elaborando o material de divulgação, foram feitos cartazes para colocar

pela cidade e convites para entregar nas escolas, estes ainda estão em arquivo

digital aguardando as datas finais de exibição do documentário. Também será

41

utilizado um carro de som (meio de divulgação que mais funciona nessa cidade

interiorana) na semana de exibição. Para a exibição do documentário, no primeiro

semestre de 2014, será utilizado o telão e o data show do Instituto H&H Fauser.

Serão negociadas as mostras do documentário com as diretorias de educação das

cidades de Paraibuna, Natividade da Serra e Redenção da Serra, além de fornecer o

DVD para estes setores. Também é possível encaminhar cópias para os setores de

cultura dos referidos municípios. Serão prioritariamente convidadas as pessoas que

foram entrevistadas neste projeto.

42

5. CONCLUSÃO

Conclui-se que as pessoas afetadas, que foram entrevistadas até o momento,

eram do bairro Varginha e Fazenda Mato da Onça em Paraibuna-SP; Vila Velha de

Natividade, bairro dos Remédios, Limoeiro e bairro Bom Sucesso em Natividade da

Serra-SP; Antiga Redenção e Paiol Grande em Redenção da Serra-SP e viviam

exclusivamente da agricultura e pecuária leiteira, que aparentemente viviam em

harmonia com a paisagem e em nenhum momento relataram benefícios da

construção da represa em suas vidas (referindo-se aos moradores). É necessário

continuar a pesquisa para encontrar com mais desses atores importantes que

vivenciaram o enchimento da barragem.

Os impactos causados pela construção da represa foram as perdas de

criações, terras agrícolas, bens imateriais e o principal, é que essas histórias tem

sido esquecidas com o tempo, mesmo sendo muito importantes para o município e

para as pessoas, como as senhoras Creuza de Fátima Castilho e Silva e Rosária

Claro Oliveira, Irene Fernandes Neves, Maria Rita de Almeida e os senhores

Sebastião Santos Bárbara, José Benedito Nogueira, Joaquim Fideli Serra, Sérgio

Cascarde, Lourenço Rabelo dos Santos, José Tadeu Menecucci, Valter Ebram e

Sebastião Monteiro de Andrade, pois foi uma época muito difícil para os moradores.

Estes e outros atingidos merecem ser relembrados, porque foi em detrimento de seu

bem estar que foi construída a represa, hoje símbolo para todos os Paraibunenses.

Após a construção, as formas de subsistência dessas pessoas foram trabalhar

com taxi, costura, venda de peixes, trabalho em casas de família, construções

(pedreiro), trabalhos esporádicos, exército, serviços gerais em fazendas,

desemprego por causa da idade avançada, fábrica e firmas, como DER,

Metropolitana e Reflora.

A equipe de pesquisa elaborará propostas de valorização dessas memórias

para os setores de cultura e educação dos três municípios atingidos, levando adiante

as histórias e memórias registradas, para que as novas gerações possam conhecer

suas raízes.

43

Poderá ser elaborada outra proposta a CESP, para que se crie um material e

um espaço onde possam ser recordadas, valorizadas e contatas as histórias do

atingidos pela barragem, como foi feito com a implantação do Museu de Memórias

Regional em Porto Primavera.

44

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAIRRO da Varginha em Paraibuna, antes do represamento. [s. d.]. 1 fotografia, color. BAIRRO dos Remédios e Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Natividade da Serra-SP. [s. d.]. 1 fotografia, color. BARRAGEM Paraibuna. [s. d.]. 1 fotografia CÂMARA MUNICIPAL PARAIBUNA. Agua atinge limite da tulipa. 2010. Altura: 1080 pixel. Largura: 1920 pixel. Formato JPG. 1 fotografia. Disponível em<http://www.cmparaibuna.sp.gov.br/noticia.php?Id=112> Acesso em: 23 Out. 2013, 01:04. CESP. A COMEPA e o Alto Paraíba. CESP; Júlio César Assis Kühl. São Paulo, 1995. 69p. (Fascículo da História da Energia Elétrica em São Paulo, nº 6) CESP/Plano Diretor do Reservatório de Paraibuna. Coordenação de Francisco G. Almeida Salgado e Paulo da Silva Noffs. 2 ed. São Paulo, 1992. CBH-PS (Comitê de Bacias Hidrografias do Rio Paraiba do Sul), CD-ROM, 2012. CONSTRUÇÃO barragem Paraibuna. [s. d.]. 1 fotografia. CONSTRUÇÃO da barragem Paraibuna, situada no bairro Rio Claro. [s. d.]. 1 fotografia. COSTA, R. História e memória: a importância de prevenção e da recordação. Artigo publicado na revista sinais 2, volume 1 UFES, P. 2-15 (issn, 1981-1988) 21 a 23 de setembro de 2003. Disponível em <www.ricardocosta.com/pub/RicardoCosta_artigo.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013, 21:48. DESMATAMENTO Paraitinga 1. [s. d.]. 1 fotografia

45

DESMATAMENTO Paraitinga 2. [s. d.]. 1 fotografia FAZENDA Mato da Onça, bairro Campo Redondo em Paraibuna-SP – Foto histórica de cachoeira não identificada. [s. d.]. 1 fotografia. FOSCHIERA, A. A.; JÚNIOR, A. T. A luta dos atingidos por barragens no Brasil: o caso dos atingidos pela usina hidrelétrica de Barra Grande. Revista da Casa da Geografia de Sobral, v. 14, n.1, 2012. Disponível em: <http://www.uvanet.br/rcgs/index.php/RCGS/article/view/10>. Acesso em 25 iut. 2013. GENTILE, C. Mergulho Exploratório Represa Paraibuna. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=k8RdnJ3gYLo>. Acesso em: 21 out. 2013. GOOGLE MAPAS. Represa Paraibuna. Disponível em <https://maps.google.com.br/maps?q=represa+paraibuna&ie=UTF-8&ei=WCVYUrvRLMethQfcrYD4CA&sqi=2&ved=0CAgQ_AUoAg> acesso em: 15 Out. 2013, 10:51 IGREJA Natividade da Serra que foi demolida e submersa. [s. d.] . 1 fotografia, color. INEA - INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. Rio Paraíba do Sul. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/fma/bacia-rio-paraiba-sul.asp> Acesso em: 20 de Out. de 2013, 12:24. LEITÃO, E. S. Barragens: Um Enfoque sobre paisagem cultural e patrimônio. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, número especial EGAL, 2º semestre de 2011. Disponível em: <http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2303>. Acesso em: 25 out. 2013. LIMA, A. J., SANTIAGO, P. O. Preservação da Memoria: resgatando vestígios históricos e culturais do município de Frei Miguelino-PE. In: XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da informação, de 16 a 22 de janeiro de 2011. Disponível em: <http://rabci.org/rabci/sites/default/files/PRESERVA%C3%87%C3%83O%20DA%20

46

MEM%C3%93RIA%20resgatando%20vest%C3%ADgios%20hist%C3%B3ricos%20e%20culturais%20do%20munic%C3%ADpio%20de%20Frei%20Miguelinho%20-%20PE.pdf>. Acesso em: 25 out. 2013. LIMA, S. F. S.; BATISTA, G. T. Impacto da represa da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, SP, Brasil. Ambi-Agua, Taubaté, v. 5, n. 3, p. 208-221, 2010. (doi:10.4136/ambi-agua.163) Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92815711013> Acesso em: 20 de Out. de 2013, 16:10. MATOS, A. S.A síndrome de adão - Por que devemos valorizar a história. Portal Mackenzie. Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/7119.html>. Acesso em: 20 out. 2013. OLIVEIRA, R. E. A história oral como instrumento de pesquisa de práticas culturais e memórias no Rio Paraná. IV Seminário da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo, UAM, 27 a 28 de agosto de 2007. PARAIBUNA. 2009. Disponível em: <http://parahybvna-svper-flvmina.blogspot.com.br/2009/01/o-rio-atravessa-cidade.html>. Acesso em: 20 out. 2013. PARAIBUNA e suas histórias. Revista Histórica e Turística. Mogi das Cruzes: Editora Ativa Comunicação, p. 8-10, dez. 2000. PRRETO. L.A,2 O direito de preservar a história local, memória individual e coletiva- UNILASALLE, (CENTRO UNIVERSITARIO LA SALLE) CANOAS 2011, Disponível em: http://www.unilasalle.edu.br/canoas/assets/upload/ana%20lucia%20pretto.pdf acesso em : 23 de out. 14:50. PROJETO SERRA DO MAR. Estudos da Previsibilidade de Eventos Meteorológicos Extremos na Serra do Mar. Disponível em: <http://serradomar.cptec.inpe.br/> Acesso em: 10 Out. 2013, 16:56. RBMA - Reserva da Biosfera Mata Atlântica. Disponível em:<http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_textosintese.asp>. Acesso em: 9 de Out. de 2013, 14:38

47

RURAL, J. Guia Nascentes do Paraíba do Sul. 4 ed. São José dos Campos-SP: Editora Gráfica Mogiana, 2012. RURAL, J. Um rio generoso. Revista Histórica e Turística. Paraibuna, p. 10, Jun. 2010. SALGADO, F. G. A.; CAMPOS, M. A.; GOLDZVEIG, S. R. Fomento ao Ecoturismo no Reservatório de Paraibuna.2 ed. São Paulo: CESP, 1997. SEADE - FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANALÍSE DE DADOS. Perfil municipal. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/perfil/perfilMunEstado.php> Acesso em: 09 Out. 2013, 16:28. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE - SMA. Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo,MAB - UNESCO. 1999. 1 Folder SILVA, R. M. C. (Org.). Cultura popular e educação. Brasília: TVescola, 2008. SISTEMA AMBIENTAL PAULISTA. Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguatatuba. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/parque-serra-do-mar-nucleo-caraguatatuba/> Acesso em: 10 Out. 2013, 21: TÚNEL de desvio mencionado pelo senhor Sebastião. [s. d.]. 1 fotografia. TUNEL de desvio imagem interior da obra. [s. d.]. 1 fotografia. VIEIRA, F.; VAINER, C. O que fazer quando uma hidrelétrica “bate à sua porta”? Os Impactos Sociais e Ambientais. Disponível em: <http://www.maternatura.org.br/hidreletricas/guia/LeiaMais_Osimpactosambientaisesociais.pdf> Acesso em: 22 out. 2013. VISTA interior túnel de desvio, onde trabalhou Sr. Sebastião. [s. d.]. 1 fotografia.

48

WIKIPÉDIA. Mapa do Estado de São Paulo mostrando o município de Natividade da Serra. 800 x 540 pixels. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SaoPaulo_Municip_NatividadedaSerra.svg> Acesso em: 05 Mar 2014. ZITZKE, V. A. O deslocamento compulsório das famílias atingidas pela UHE de Estreito na perspectiva das redes sociotécnicas. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro5/cd/artigos/GT14-612-1041-20100903222134.pdf> Acesso em: 25 out. 2013.

49

ANEXO A - MAPA DE 1922 QUE MOSTRA OS RECURSOS HÍDRICOS

EXISTENTES ATÉ O ENCHIMENTO DA REPRESA E A ÁREA QUE FICOU

SUBMERSA (O PARAHYBUNA, 1922).

50

ANEXO B - IMAGENS DA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA

E PARAITINGA, EM PARAIBUNA-SP

01. Usina Félix Redenção da Serra.

02. Usina Félix Redenção da Serra.

51

04. Fundação dique 05.

11. Tomada d’Água Paraibuna.

52

14. Vila Camargo.

53

15. Vila Camargo.

16. Construção Barragem Paraibuna.

17. Canteiros de Obras.

54

18. Alojamento Camargo Correia.

19. Ensecadeiras Paraitinga.

55

20. Canal de Fuga.

21. Construção Tomada D’água.

56

22. Construção Tomada D’Água.

23. Construção Tomada D’Água.

57

24. Saída do túnel Paraibuna.

25. Ensecadeiras Paraibuna.

58

26. Saída D’Água Paraitinga.

27. Fazenda Padre Calazans.

59

28. Britador Paraibuna.

29. Desmatamento Paraitinga.

60

30. Desmatamento Paraitinga.

31. Dique Paraibuna.

61

32. Canal Vertical das Aguas.

33. Túnel Desvio.

62

34. Canal de Desvio.

35. Barragem Paraitinga.

63

36. Túnel desvio Paraibuna.

37. Túnel Desvio Paraibuna.

64

38. Acidente.

39. Festa final de ano com funcionários da CESP.

65

40. Festa final de ano CESP.

41. Festa final de ano. CESP.

66

42. Vila Camargo Campeonatos.

43. Vila Camargo Campeonatos.

67

44. Vila Camargo Campeonatos.

46. Vila Camargo.

68

47. Túnel Paraibuna.

48. Vila Camargo.

69

49. Vila Camargo.

50. Túnel Paraibuna.

70

51. Vila Camargo.

52. Barragem Paraibuna.

71

53. Barragem Paraibuna.

54. Barragem Paraibuna.

72

55. Início da construção da barragem Paraitinga.

56 Vila Camargo.

73

57. Acidente.

58. Túnel Paraíba.

74

59. Túnel de Paraibuna tomada D’Água.

60. Vila Camargo.

75

61.Tomada D’Água Paraibuna.

.

62. Tulipa vertendo agua (câmara municipal de Paraibuna, 2010).

76

63. Varginha

64. Varginha.

77

65. Varginha

66. Inauguração da Usina em 1978, General Ernesto Geisel.

78

67. Varginha.

68. Bairro da Varginha antes do enchimento.

79

ANEXO C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE

1. Você está sendo convidado para participar da pesquisa “HISTORIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA.

2. Você foi convidado pela equipe do projeto e sua participação NÃO É OBRIGATÓRIA. Não trará nenhum maleficio para você.

3. Os objetivos deste estudo são: Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da represa. Entrevistar as pessoas afetadas pela construção da represa. Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa. Apresentar o documentário para a comunidade.

Participante que era trabalhador na construção da represa: 4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder à entrevista

contanto sobre a sua história, de quando trabalhava na construção da represa.

Participante que era morador de regiões atingidas pela construção da represa:

4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder à entrevista contanto sobre a sua história, de quando morava nos bairros hoje alagados pela represa, e como foi para você depois de alagada a região.

5. Não existem riscos, nem benefícios diretos, relacionados

à sua participação nesta pesquisa. Existe um benefício para a comunidade, pois conhecerão um pouco da história do município.

6. As respostas coletadas em entrevista serão divulgadas no relatório de pesquisa e encontros de pesquisadores, feiras de ciências e exposições.

7. As informações da entrevista serão utilizados nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores, para fins de divulgação do trabalho de pesquisa.

8. As imagens (fotografias e vídeos) da entrevista serão utilizadas nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores, e na apresentação do documentário para a comunidade em geral, para fins de divulgação do trabalho de pesquisa.

9. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.

Em caso de alguma dúvida. DADOS DO ORIENTADOR DO PROJETO

NOME: Milena Antunes de Camargo Mendes

80

ENDEREÇO: Instituto H&H Fauser. Rua Nabor Nogueira Santos, 258, 1° Andar, sala 10. TELEFONE: (12) 39740296 ou (12) 981867186

ASSINATURA:_____________________

Declaro que entendi os objetivos de minha participação na pesquisa e concordo em participar. Paraibuna, _____ de ______________ de2014

______________________________________________________________

Nome por extenso

_________________________________

Assinatura do Sujeito da pesquisa

81

ANEXO D – TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE ACERVO

PESSOAL (FOTOS E VÍDEOS) DOS ENTREVISTADOS

1. Você está sendo convidado para participar da pesquisa “HISTORIA E IMPACTOS SOCIAIS CAUSADOS PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DOS RIOS PARAIBUNA E PARAITINGA.

2. Você foi convidado pela equipe do projeto e sua participação NÃO É OBRIGATÓRIA. Não trará nenhum maleficio para você.

3. Os objetivos deste estudo são: Identificar quem são as pessoas que sofreram impactos com a construção da represa. Entrevistar as pessoas afetadas pela construção da represa. Criar um documentário sobre os impactos da construção da represa. Apresentar o documentário para a comunidade.

4. Os documentos (fotografias e vídeos) do seu acervo pessoal serão utilizadas nos relatórios, pôsteres e encontros de pesquisadores.

5. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.

Em caso de alguma dúvida: DADOS DO ORIENTADOR DO PROJETO

NOME: Milena Antunes de Camargo Mendes

ENDEREÇO: Instituto H&H Fauser. Rua Nabor Nogueira Santos, 258, 1° Andar, sala 10. TELEFONE: (12) 39740296 ou (12) 981867186

ASSINATURA:_____________________

Declaro que entendi os objetivos de minha participação na pesquisa e concordo em ceder fotos e/ou vídeos do meu acervo pessoal.

Paraibuna, _____ de ______________ de 2014

______________________________________________________________

Nome por extenso

________________________________

Assinatura do Sujeito da pesquisa