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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e
Recursos Naturais – PG-BTRN/CPG-BADPI
Leocy Cutrim dos Santos Filho
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Biologia Tropical e Recursos Naturais, do convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ciências Biológicas, curso de Biologia
de Água Doce e Pesca Interior.
Manaus – AM
2005
AVALIACÃO DA EXPLOTAÇÃO PESQUEIRA E DINÂMICA
POPULACIONAL DE MATRINXÃ Brycon amazonicus (Günther,
1869) (PISCES: CHARACIFORMES) EXPLOTADO PELA FROTA
PESQUEIRA QUE DESEMBARCA EM MANAUS - AMAZONAS
BRASIL.
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ii
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS-UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e
Recursos Naturais – PG-BTRN/CPG-BADPI
Leocy Cutrim dos Santos Filho
Dissertação apresentado ao programa de Pós-Graduação em
Biologia Tropical e Recursos Naturais, do convênio
INPA/UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do
título de mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, curso de
Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
Orientador: Prof. Dr. Vandick da Silva Batista
Manaus – AM
2005
AVALIACÃO DA EXPLOTAÇÃO PESQUEIRA E DINÂMICA
POPULACIONAL DE MATRINXÃ Brycon amazonicus (Günther,
1869) (PISCES: CHARACIFORMES) EXPLOTADO PELA FROTA
PESQUEIRA QUE DESEMBARCA EM MANAUS - AMAZONAS –
BRASIL.
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Cutrim, Leocy
Avaliação da explotação pesqueira e dinâmica populacional de matrinxã (Brycon
amazonicus)(Günther, 1869) na Amazônia Central através do desembarque pesqueiro
realizado em Manaus.
Leocy Cutrim.
Manaus: INPA/UFAM, 2005.
114 p.
Dissertação de Mestrado
1. Amazônia central 2. pesca 3. explotação pesqueiro 4. dinâmica populacional 5.
manejo 6. Brycon amazonicus 7 . matrinxã.
SINOPSE: Baseado nos dados de desembarque pesqueiro no principal porto de desembarque da Amazônia Central. Foi descrita a pesca comercial e a dinâmica populacional da matrinxã (Brycon amazonicus). Foi avaliado o nível de explotação pesqueira e a dinâmica populacional da matrinxã para os sub-sistemas Purus, Madeira e Médio e Baixo Solimões. Viabilizando futuras estratégias de manejo para a espécie
Palavras – chave: matrinxã, Brycon amazonicus, desembarque, explotação pesqueira, parâmetros populacionais, manejo, Amazônia Central.
iv
Para minha Mãe
querida que mesmo
nos momentos difíceis
sempre me incentivou
a não desistir jamais.
v
Á memória de meu Pai.
vi
AGRADECIMENTOS
À minha família pelo apoio e incentivo, que me deram para que eu seguisse em
frente, especialmente a de Manaus “Silva Lopes”, sem vocês com certeza a luta seria ainda
mais árdua.
Aos meus amigos do Laboratório do Investigação Pesqueira do Projeto Pyrá,
Tony, Keid, Michele, Ivanildo, Fernandes, Nailson, Chiquinha, Liene, Cloves e demais
colegas, pelo companheirismo e amizade com que me acolheram e pelos momentos de
descontração proporcionados no decorrer deste trabalho.
À minha irmã de orientação Rafaela Vicentini, Com certeza a mais paraense
das cariocas, por sua amizade, carinho e compreensão, valeu! Super Vic.
Ao amigos Aprígio e Batalha, Gelson por nossas bagunças, brincadeiras e pela
sinceridade da nossa amizade.
Aos meus colegas de curso da turma de BADPI - 2003, Suelen, Gilberto,
Rafael, Aprígio, Alzira, Ana Cristina, Ana Maria, Karen, Vivien, Maeda, Grace, Renato,
Rafaela, Marcelo.
Aos professores do INPA pelo incentivo e tranqüilidade na transmissão
Á minha Coordenadora de curso Dra. Angela Varella, por sua dedicação e
apreço para conosco.
Ao meu Orientador, Dr. Vandick da Silva Batista, pelo exemplo, amizade,
incentivo e confiança depositada durante todo o decorrer dessa jornada desde de bolsa
trabalho até então e “a priori “ pela orientação segura e tranqüila.
Aos Dr Carlos Edwar e Dr. José Malta, pelas conversas e pela bagunça e aos
demais professores do INPA pelos ensinamentos.
vii
À todos os funcionários da FCA que por ventura ajudaram para o êxito deste,
em particular Beckman, Fábio, Nascimento, Adalto.
Aos amigos Bosco, Batalha e Gelson, pela sua amizade e companheirismo.
Aos coletores de dados porto de desembarque de Manaus e as digitadoras do
projeto, Ligia e Luiza, que colaboraram para execução este trabalho.
À UFAM, pela estrutura do laboratório LAMP/PYRÁ.
À Juan pelas fotografias, e Alfredo por auxiliar no tratamento das estruturas.
A FAPEAM, responsável pela bolsa concedida nos dois anos de trabalho.
À minha esposa Mara, pelo apoio, carinho e compreensão nas horas difíceis.
E um agradecimento especial ao “Puparel das gatinhas”, Casota, meu filho
fonte inspiradora de toda essa grande aventura de pós-graduação. Obrigado meu filho por
você existir, eu te amo.
Á todos que de uma maneira direta ou indireta contribuíram ao longo desta
jornada.
Obrigado.
viii
ÍNDICE
CAPITULO I - Explotação da matrinxã (Brycon amazonicus) na Amazônia Central através do desembarque pesqueiro realizado em Manaus. ................................................................. 1 1 – INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1
1.1 - A pesca ....................................................................................................................... 1
1.2 - A matrinxã.................................................................................................................. 2
1.3 – Pesca e produção pesqueira ....................................................................................... 4
1.4 – Justificativa................................................................................................................ 6
1.5 - Objetivos .................................................................................................................... 8
1.5.1 - Objetivo Geral ..................................................................................................... 8
1.5.2 - Objetivos específicos .......................................................................................... 8
2 – MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 9 3 – RESULTADOS .............................................................................................................. 11
3.1 – Produção pesqueira registrada em Manaus ............................................................. 11
3.2 – Descrição quantitativa do desembarque pesqueiro de matrinxã no município de
Manaus. .................................................................................................................... 12
3.3 - Viagens de pesca e principais apetrechos utilizados na pesca da matrinxã. ............ 15
3.4 – A pesca da matrinxã no Rio Purus........................................................................... 17
3.4.1 – Desembarque pesqueiro.................................................................................... 17
3.4.2– Locais de Pesca.................................................................................................. 19
3.4.3 – Viagens e Apetrechos ....................................................................................... 21
3.5 – A pesca do matrinxã no Rio Madeira. .................................................................... 22
3.5.1 – Desembarque pesqueiro.................................................................................... 22
3.5.2– Locais de Pesca.................................................................................................. 24
3.5.3 – Viagens e Apetrechos ....................................................................................... 25
3.6 – A pesca do matrinxã no Rio Solimões..................................................................... 27
ix
3.6.1 – Desembarque Pesqueiro ................................................................................... 29
3.6.2 – Locais de Pesca................................................................................................. 30
3.6.3 – Viagens e Apetrecho......................................................................................... 32
4 – DISCUSSÃO.................................................................................................................. 34 CAPITULO II - Dinâmica Populacional da matrinxã (Brycon amazonicus) explotada na Amazônia Central através do desembarque pesqueiro realizado em Manaus...................... 43 1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 43
1.1 - A dinâmica populacional como base para o manejo pesqueiro ............................... 43
1.2 - A dinâmica populacional de Brycon amazonicus .................................................... 44
1.3 - Justificativa............................................................................................................... 45
1.4 - Objetivos .................................................................................................................. 47
1.4.1 - Objetivo Geral ................................................................................................... 47
1.4.2 - Objetivos Específicos........................................................................................ 47
2 – MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 48 2.1 – Área de estudo ......................................................................................................... 48
2.2 - Coleta de dados ........................................................................................................ 48
2.3 - Analise de dados....................................................................................................... 49
2.3.1 - Distribuição de freqüência e estatística descritiva ............................................ 49
2.3.2 – Comprimento assintótico (L∞) e taxa de crescimento (k)................................ 50
2.3.3 - Mortalidade ....................................................................................................... 52
2.3.4 - Idade de recrutamento á pesca (Tr) e de primeira captura (Tc) ........................ 53
2.3.5 – Rendimento por recruta de Berveton e Holt..................................................... 53
2.3.6 - Biomassa média por recruta .............................................................................. 54
3 - RESULTADOS............................................................................................................... 55 3.1 – Distribuição de freqüências de comprimento e estatísticas descritivas. .................. 55
3.3 – Mortalidade.............................................................................................................. 58
x
3.4 – Rendimento e biomassa por recruta......................................................................... 60
3.4 1 - Purus.................................................................................................................. 61
3.4.2 – Madeira............................................................................................................. 62
3.4.3 – Baixo Solimões................................................................................................. 64
3.4.4 – Médio Solimões................................................................................................ 65
4 – DISCUSSÃO.................................................................................................................. 68 4.1 - Dados de desembarque pesqueiro ............................................................................ 68
4.2 - A explotação de recursos pesqueiros ....................................................................... 69
4.3 - Estudos de crescimento ............................................................................................ 72
4.4 - Avaliação da dinâmica populacional de matrinxã.................................................... 74
4.5 - A sazonalidade e o crescimento. .............................................................................. 81
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 82 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 83
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Desembarque anual de matrinxã proveniente da pesca comercial, no porto de
desembarque de pescado de Manaus entre 1994-2002, com as devidas cotas
indicando a influencia da cheia fraca de anos anteriores....................................... 13
Figura 2. Contribuição percentual dos principais rios para a produção pesqueira de matrinxã
que desembarcou no município de Manaus entre 1994 e 2002, comdestaque para
os rios de água branca (Purus, Juruá,e trechos do Solimões). ............................... 14
Figura 3. Desembarque mensal total de matrinxã em toneladas entre os anos de 1994 a
2002, mostrando a predominância do período entre abril e junho (enchente).. .... 15
Figura 4. Número de viagens de pesca realizadas que capturaram matrinxã entre 1994 e
2002. ...................................................................................................................... 16
Figura 5. Número de viagens total mensal na captura de matrinxã, demonstrando o aumento
no numero de viagens no período entre abril e junho............................................ 17
Figura 6. Desembarque anual de matrinxã em toneladas proveniente do rio Purus............. 18
Figura 7. Desembarque total mensal de matrinxã do rio Purus, no período de 1994 a 2002,
indicando safra da espécie no inicio da vazante. ................................................... 19
Figura 8. Contribuição do ambiente de pesca do Rio Purus, revela a contribuição de lagos e
tributários em relação a calha principal do rio. ..................................................... 20
Figura 9. Produção pesqueira nos principais pesqueiros do rio Purus fora da calha principal,
com as devida produção desembarcada durante o período (1994-2002)............... 20
Figura 10. Viagens de pesca registradas entre 1994 a 2002 provenientes do Rio Purus que
capturaram matrinxã, com destaque para o aumento do numero de viagensentre
1999 a 2002. .......................................................................................................... 21
xii
Figura 11. Viagens totais mensais registradas, realizadas no Rio Purus, com
acompanhamento do nível do rio indicando maior numero de viagens no inicio da
vazante. .................................................................................................................. 22
Figura 12. Produção anual de matrinxã, rio Madeira, demonstrando picos de produção. ... 23
Figura 13. Produção mensal total registrada do Rio Madeira a safra ocorre meio da vazante.
............................................................................................................................... 24
Figura 14. Percentual dos principais ambientes de pesca do matrinxã no sub-sistema do
Madeira, com destaque para lagos e tributários com maior preferência. .............. 24
Figura 15. Percentual dos principais pesqueiros explotados no rio Madeira, pela frota
pesqueira que desembarca em Manaus, com destaque para o pesqueiro Canumã..
............................................................................................................................... 25
Figura 16. Número total de viagens anual, que explotaram matrinxã durante o período
1994-2002 no sub-sistema do Madeira.................................................................. 25
Figura 17. Número de viagens totais mensais que explotaram a matrinxã no sub-sistema do
Madeira, com aumento do numero de viagens no inicio da enchente. .................. 26
Figura 18. Contribuição percentual da produção do matrinxã no rio Solimões por trecho de
rio, sendo que o Médio Solimões é destaque com quase metade da produção
desembarcada desse rio. ........................................................................................ 27
Figura 19. Produção total desembarcada e registrada Rio Solimões (alto, médio e baixo)
entre 1994 e 2002, este rio mostra grandes oscilações na produção de mtarinxa
entre anos. .............................................................................................................. 28
Figura 20. Produção mensal de matrinxã no Rio Solimões, com safra no final da
enchente. ................................................................................................................ 28
xiii
Figura 21. Produção anual e mensal total do Baixo e Médio Solimões entre 1994-2002,os
trechos do rio tem safra no final da enchente (ambos) e suas produções anuais
oscila entre anos..................................................................................................... 30
Figura 22. Principais ambientes de pesca no rio Solimões, em destaque a contribuição dos
principais pesqueiros, com destaque para os pesqueiros Badajós e Coari.. .......... 31
Figura 23. Contribuição do ambiente de pesca no Médio Solimões (a) e Baixo Solimões
(b), predomínio de lagos e tributários sobre a calha principal .............................. 31
Figura 24. Principais pesqueiros Baixo Solimões (a) e Médio Solimões (b), destaque para
os pesqueiros Badajós e Coari. .............................................................................. 32
Figura 25. Número de viagens anuais registradas para o baixo e médio Solimões.............. 32
Figura 26. Número de viagens mensais para o rio Solimões (médio e baixo). .................... 33
Figura 27 – Sub-Sistemas da Amazônia Central explotados pela frota pesqueira de Manaus
que explota a matrinxã e analisados neste trabalho............................................... 48
Figura 28. Comparação da distribuição de freqüência de comprimento da matrinxã entre
1994-2002 nos sub-sistemas estudados. ................................................................ 56
Figura 29. Distribuição de freqüências de comprimento do sub-sistema Purus (a), Madeira
(b), Baixo Solimões (c) e Médio Solimões (d) dados de 1998 e 1999, estando
plotada a CCVB..................................................................................................... 57
Figura 30. Curvas de crescimento de Von Bertallanfy considerando a sazonalidade dos 4
sub sistemas estudados. ......................................................................................... 58
Figura 31. Porcentagem de mortalidade natural (M) e por pesca (F), para os estoques de
matrinxãs dos sub–sistemas: Purus, Madeira, Baixo Solimões e Médio Solimões.
............................................................................................................................... 60
xiv
Figura 32. curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Purus contra
a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de mortalidade natural (M). (
. indica o estado atual do estoque)........................................................................ 61
Figura 33. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Purus
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr). ),( . indica o estado atual do estoque) .............................. 62
Figura 34. curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Madeira
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de mortalidade natural
(M) ( . indica o estado atual do estoque). ........................................................... 63
Figura 35. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Madeira
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr). ),( . indica o estado atual do estoque) .............................. 64
Figura 36. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Baixo
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de
mortalidade natural (M). ),( . indica o estado atual do estoque)......................... 64
Figura 37. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no sub-sistema Baixo
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de
recrutamento pesqueiro pleno (Cr). ),( . indica o estado atual do estoque) ........ 65
Figura 38. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Médio
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de
mortalidade natural (M), ( . indica o estado atual do estoque). ........................... 66
Figura 39. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Médio
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de
recrutamento pesqueiro pleno (Cr), ( indica o estado atual do estoque). ........... 66
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação geográfica dos corpos d'água utilizada neste trabalho. ................ 10
Tabela 2 - Produção pesqueira dos principais pescados desembarcados em Manaus.......... 11
Tabela 3 - Posição relativa das principais pescados desembarcados em relação a estudos
pesqueiros realizados na região. ............................................................................ 12
Tabela 4 - Desembarque total de matrinxã (toneladas) em Manaus por rio e ano. .............. 14
Tabela 5 – Percentagem do número de viagens de pesca realizadas por rios entre 1994 e
2002. ...................................................................................................................... 16
Tabela 6. Comprimento Furcal (CF, cm) para matrinxã dos anos 1998-1999 do Rio Purus
(DP – Desvio Padrão; CV – Coeficiente de Variação).......................................... 55
Tabela 7. Estimativas de parâmetros populacionais para matrinxã nos 4 sub-sistema,
considerando a sazonalidade. ............................................................................... 56
Tabela 8. Estimativas de mortalidade total, natural e por pesca, para os 4 sub-sistemas
estudados. .............................................................................................................. 59
xvi
RESUMO
O monitoramento da atividade pesqueira é uma atividade fundamental para se conhecer o
estado das populações naturais de peixes, fornecendo informações não apenas sobre sua
biologia e parâmetros populacionais, mas, também, e principalmente, sobre os efeitos da
explotação pesqueira na densidade dos estoques. A estimativa correta dos parâmetros de
crescimento, associada às taxas de mortalidade natural e por pesca, são ferramentas
fundamentais utilizadas na construção de modelos quantitativos que podem reconstruir a
história do estoque e da atividade pesqueira, permitindo predizer o efeito de mudanças no
estoque ou no rendimento pesqueiro em função das medidas propostas para o manejo.
Brycon amazonicus, nome vulgar matrinxã, é um dos recursos pesqueiros mais importantes
do estado do Amazonas, ocupando a quarta colocação entre as principais espécies
desembarcadas em Manaus entre os anos de 1994 e 2002. O presente trabalho visa
contribuir para o conhecimento da explotação pesqueira e dinâmica populacional desta
espécie. Os dados de desembarques de peixes provenientes da pesca artesanal, foram
obtidos no principal porto de desembarque de Manaus entre anos de 1994 e 2002. Sendo
que os principais rios que contribuem para a produção da matrinxã, desembarcada em
Manaus foram: Purus, Juruá, Madeira e Solimões. O período de safra compreende os meses
de abril a junho. Os dados obtidos revelam que o desembarque total de matrinxã (Brycon
amazonicus) proveniente da pesca entre os anos de 1994 a 2002 correspondeu a 17.796,71
toneladas. A média anual de desembarque durante esses 9 anos foi de 1.977,41 t, com
coeficiente de variação de 80%, 1998 foi o ano de menor desembarque e 1996 o ano de
maior. Os parâmetros populacionais foram estimados fazendo uma junção de dados de 3
anos seguidos dos rios Purus, Solimões (médio e baixo) e Madeira. A produção de matrinxã
xvii
proveniente da pesca comercial, indica diminuição entre 1994 e 2002 e o principal
apetrecho utilizado na pesca foi a rede de lance ou redinha. Os valores dos parâmetros de
crescimento e taxas de mortalidade sugerem que existem unidades populacionais diferentes
entre os rios Purus, Madeira e Solimões. A espécie não se encontra sobre-explotada, sendo
que o Madeira apresentou maior taxa de explotação. A estratégia de manejo sugerida foi as
restrição aos principais pesqueiros no período de safra da espécie, requerendo, contudo
mais estudos relacionados a migração e dinâmica a da espécie.
xviii
ABSTRAT
The evaluation of the status of fishing activity is a basic activity for the management of the
natural populations of fish, supplying population information not only on its biology and
parameters, but, also, and mainly, on the effect of the fishing exploitation in the density of
the supplies. The correct estimate of the growth parameters, associate to the taxes of natural
mortality and for fishes, is used basic tools in the construction of quantitative models that
can reconstruct the history of the supply and the fishing activity, allowing to predict the
effect of changes in the supply or the income fishing boat in function of the measures
proposals for the handling. Brycon amazonicus, vulgar name matrinxã, is one of the
resources more important fishing boats of the state of Amazon, occupying the fourth rank
enters the main disembarked species in Manaus enters the years of 1994 the 2002. The
present work aims at to contribute for the knowledge of population the fishing and dynamic
explotação of this species. The data of landings of fish proceeding from fish artisan,
effected in the main port of landing of Manaus between 1994 and 2002. The main rivers
that contribute for the production of matrinxã, disembarked in Manaus had been: Purus,
Juruá, Madeira and Solimões. The period of harvest understands the months April the
June. Gotten data disclose that the total landing of matrinxã (Brycon amazonicus)
proceeding from fishes enters the years of 1994 the 2002 corresponded the 17,796.71 tons.
The annual average of landing during these 9 1.977,41 years was of t, with coefficient of
80% variation, 1998 were the year of lesser landing with t and 1996 the year of greater.
The parameters had been determined making a junction of data of 3 years followed of the
rivers Purus, Solimões (average and low) and Wood. The production of matrinxã
proceeding from fishes advertising, indicates reduction between 1994 and 2002; Main
xix
apetrecho used in fishes is the net of launches or redinha. The values of the growth
parameters and taxes of mortality suggest that different population units between the river
Purus, Madeira and Solimões exist. The species does not meet on-explotada; being that
the Wood presented greater explotação tax; the suggested strategies of handling are the
restrictions to the main fishing boats in the period of harvest of the species; requiring more
related studies the migration and dynamics of the species.
1
CAPITULO I - Explotação da matrinxã (Brycon amazonicus) na Amazônia Central
através do desembarque pesqueiro realizado em Manaus.
1 – INTRODUÇÃO
1.1 - A pesca
A pesca é uma das atividades de maior importância para a região Amazônica, tendo
um potencial pesqueiro estimado entre 425 mil e 1.500 mil toneladas anuais (Petrere et al.,
1992) para toda bacia e entre de 385 a 475 mil toneladas anuais no seu estuário (Dias Neto
& Mesquita, 1988). É uma atividade que gera emprego e renda tanto de forma direta e
indireta, sendo que estudos indicam que existem cerca de 200 a 300 mil pessoas envolvidas
no setor (Fabré & Alonso, 1998). Esta pesca denominada “artesanal” movimenta na
Amazônia, uma quantia anual em torno de 200 milhões de dólares, se considerarmos que a
captura situa-se acima de 200.000 toneladas e teorizando que o pescado seja
comercializado ao preço de um dólar por quilo, no inicio de sua comercialização (Barthem
et al., 1997).
Segundo Bayley & Petrere (1989), os peixes explorados na região podem ser
classificados em migradores e sedentários. Como exemplo de sedentários temos o tucunaré
(Cichla sp); como grandes migradores temos os bagres: piramutaba (Brachyplatystoma
vaillanti) e dourada (Brachyplatystoma rousseauxii); e como migradores de média distância
temos alguns caraciformes como os jaraquis, curimatã, pacu, matrinxã, sardinha, aracu
(Anostomidae) e tambaqui, representando cerca de 80 a 90% da produção total de pescado
desembarcado em Manaus (Batista, 1998). Estas espécies passaram a ser capturadas com
um maior esforço de pesca a partir da introdução de novas tecnologias relacionadas à
captura e a conservação do pescado, a profissionalização do pescador e ao aumento da
2
demanda de pescado pelos centros urbanos em crescimento, independendo se os estoques
pesqueiros estavam já explotados ou ainda sub-explotados na bacia Amazônica (Barthem et
al., 1997).
1.2 - A matrinxã
Caraciformes é um dos principais grupos de peixes da região (Ferreira et al., 1996) e
é o que fornece a maior parte de biomassa de pescado disponível para consumo em Manaus
(Batista, 1998), sofrendo forte esforço de pesca. As espécies que mais se destacam são
tambaqui (Colossoma macropomum), jaraqui (Semaprochilodus spp.), curimatá
(Prochilodus nigricans), pacu (Myleinae), matrinxã (Brycon amazonicus), entre outros.
Estes caraciformes vivem sazonalmente em áreas alagadas e utilizam o canal do rio como
via migratória, sendo capturados nos dois ambientes por diferentes tipos de pescadores e de
categorias de pescarias. Brycon amazonicus, é conhecida com nome vulgar de matrinxã, na
maior parte da Amazônia Central (Borges, 1986; Zaniboni et al., 1988; Lima, 2001); sendo
também chamada de jatuarana na bacia do rio Madeira (Goulding, 1979, 1980).
Suas principais características são: porte médio; corpo relativamente alto e comprido;
alcançando cerca de 40 cm de comprimento total; dentes fortes; par de dentes da sínfise dos
dentários, atrás da série principal de dentes, muito menor que os dentes imediatamente à
frente; corpo apresentando várias séries de faixas longitudinais sinuosas, formadas por
cromatóforos concentrados nas superfícies superior e inferior das escamas; quinto osso
infraorbital mais alto do que largo; nadadeiras peitorais e pélvicas geralmente escuras; uma
faixa escura relativamente difusa na base da nadadeira anal; e pigmentação escura,
relativamente difusa, na nadadeira caudal (Lima, 2001). Tem distribuição ao longo do Rio
3
Solimões-Amazonas, e nos seus tributários: Javari, Purus, Madeira, Tapajós, Japurá, Negro,
Uatumã e Trombetas; na bacia do rio Orinoco, Venezuela e Colômbia, e no rio Essequibo,
Guiana (Lima, 2001). A espécie é onívora, alimentando-se de frutos, sementes e insetos; é
migradora, se reproduzindo no início da enchente, realizando desova total e seus principais
predadores são os botos (Inia geoffrensis e Sotalia fluviatilis) (Smith, 1979; Goulding, 1979
e 1980; Zaniboni, 1985; Borges, 1986; Lima, 2001).
Os movimentos migratórios da matrinxã (Brycon amazonicus), no Baixo rio Negro
e no rio Solimões-Amazonas próximo à Manaus, foram caracterizados em seis fases:
baixada para desovar (migração reprodutiva), rio acima pós-desova (migração trófica),
baixada do peixe gordo, arribação, período de pré-desova e áreas de criação (lagos de
várzea) (Zaniboni, 1985). Já Villacorta-Correa (1987), estudando o crescimento da
matrinxã no baixo rio Negro e seus afluentes e no baixo rio Solimões, verificou que a
espécie apresenta: 1. três tipos de movimentos migratórios correspondentes às migrações de
reprodução, trófica e de dispersão; 2. proporção sexual favorável aos machos; 3.
similaridade significativa entre machos e fêmeas na relação peso-comprimento; e 4. marcas
de crescimento validadas em dois anéis por ano.
As fêmeas alcançam tamanhos maiores que os machos, tendo recrutamento durante
a vazante, com a fase de arribação. Os machos iniciam o processo de maturação gonadal
por volta de 325 mm e as fêmeas com 306 mm de comprimento padrão. Todos os
indivíduos estão potencialmente aptos para reproduzir-se com tamanhos entre 416 e 418
mm (Zaniboni, 1985).
4
1.3 – Pesca e produção pesqueira
O acompanhamento dos desembarques pesqueiros constitui-se em um método de
amostragem das populações naturais de peixes que é utilizado com sucesso na investigação
pesqueira, fornecendo informações não apenas acerca da biologia e ou parâmetros
populacionais dos estoques, mas também e principalmente, sobre os efeitos da explotação
pesqueira na densidade dos estoques (Shepherd, 1987 e 1988).
Em 1885, quando o Comitê Dalhousie estabeleceu-se na Inglaterra para investigar a
depleção de estoques de peixes por arrasteiros, se constatou que a estatística pesqueira
então existente era inadequada ou inexistente em alguns casos, tornando ineficaz as
estratégias de manejo para aquele tipo de pescaria. Assim, o Comitê recomendou ”Que uma
soma de dinheiro deveria ser garantida anualmente para a coleta de estatísticas de pesca e
assim conduzir o trabalho científico” (Williams, 1977). Desde então, diversos autores
apresentaram e discutiram os métodos de obtenção de dados da pesca comercial e sua
aplicação na análise da dinâmica populacional e avaliação dos estoques pesqueiros
(Gulland, 1966 e 1988; Cushing, 1981; Sparre & Venema, 1997).
Na Amazônia destacam-se alguns trabalhos no tema, especialmente no final dos anos
70, quando uma geração de pesquisadores desenvolveu uma série de atividades que
produziram informações fundamentais para o entendimento da atividade pesqueira (Petrere,
1978a, 1978b, 1983a e 1983b; Goulding, 1979 e 1980; Smith, 1979) e sobre a dinâmica das
populações explotadas (Petrere, 1983b; Ribeiro, 1983; Bayley, 1983; Junk, 1984, e outros).
Nos anos 80, as pesquisas já ficaram restritas à contribuição de Merona e colaboradores
(Merona & Bittencourt, 1988 e 1993; Merona & Gascuel, 1993), havendo interrupção dos
5
trabalhos de estatísticas pesqueiras no Mercado Adolpho Lisboa pelo INPA em 1986 e pela
SUDEPE em 1988.
Já nos anos 90, a partir de julho de 1993 o trabalho foi retomado no mercado da
Panair, em Manaus, local para onde a balsa de desembarque pesqueiro foi deslocada,
permanecendo em teste de readaptação até janeiro de 1994. A partir de quando, a UFAM,
com o Projeto Pesca no Amazonas retomou as atividades de coleta de dados (Batista,
1998). Atualmente, o principal desembarque de pescado é realizado na Balsa que fica atrás
do Mercado Adolpho Lisboa.
Goulding (1979), estudando a jatuarana no rio Madeira, nome pelo qual é conhecida a
matrinxã (Brycon amazonicus=Brycon cephalus) neste sub-sistema, destaca a facilidade de
captura desta espécie na desembocadura dos afluentes durante a descida para desovar. Nos
períodos de desova do ano de 1977 e 1978, a matrinxã foi a mais procurada e explotada.
(34 toneladas das 55 toneladas de peixes explotados em época de desova eram matrinxãs),
contudo já naquela época o autor já salientava da importância de se adotar medidas de
manejo para espécie.
Sua importância comercial na pesca da Amazônia Central é grande (Smith, 1979;
Petrere 1978; Saint-Paul & Bayley, 1979; Batista, 1998), assim como no Médio Amazonas
(Ferreira et al., 1996), sendo que atualmente também é um dos peixes mais comumente
encontrados em pisciculturas no Brasil (Lima, 2001).
Estatísticas de desembarque realizadas no período de 1979-1987, em nove municípios
do Estado do Amazonas, colocaram o matrinxã como a quinta espécie mais comercializada
na década de 80, com um total de 11.446 toneladas (SUDEPE, 1988). Destacou-se ainda
entre os mais desembarcados em Manaus no período de 1994 a 1996 (Batista, 1998).
IBAMA (2002), aponta a matrinxã (Brycon amazonicus) entre as cinco mais capturadas no
6
ano de 2001, com 635 toneladas, com um período de safra nos meses de março e abril,
sendo capturada antes da safra de curimatã/pacu/sardinha, alcançando um preço médio
anual de 3,78 reais para ano de 2000, ficando atrás apenas do tambaqui( (Colossoma
macropomum) com 3,94 reais.
A espécie é capturada em vários rios, sendo que a matrinxã desembarcada entre 1994
e 1996 foi capturada principalmente no Solimões, Purus e Juruá (Batista, 2000). A maior
região produtora foi o Purus, tendo produção para os anos de 1994, 1995 e 1996,
respectivamente de 1.972, 940 e 3.300 toneladas, indicando também picos de produção e
que tais picos estariam relacionados com o ciclo hidrológico de anos anteriores (Batista,
2000).
1.4 – Justificativa
A idéia do desenvolvimento sustentável pressupõe que, se houver uma gestão
adequada, e não houver nenhum cataclismo ambiental, poder-se-á perpetuar a explotação
de um recurso natural. Para isto é necessário fornecer à gestão informações sobre o estado
dos recursos pesqueiros explotados e predições quantitativas sobre a reação dessas
populações a alternativas de explotação pesqueira.
De acordo com Seatersdal (1984), o principio geral da gestão pesqueira seria: “obter a
melhor utilização possível do recurso em proveito da comunidade”. Considerando a pesca
como um todo, é necessário determinar o que se entende por melhor, possível e
comunidade. “Melhor” pode significar maior quantidade capturada, maior valor da captura,
maior lucro, mais divisas, mais empregos, etc. “Comunidade” pode significar um conjunto
de países, um país, uma região, um rio ou até um grupo de interesse (pescadores,
7
armadores, consumidores, etc.). Por “possível”, entende-se a necessidade de conservar os
recursos pesqueiros, entender seu caráter auto-renovável. Isto implica no apoio científico
das investigações pesqueiras, de modo que o princípio de gestão se possa aplicar durante
um longo período de anos, tendo então o que chamamos de “Gestão Racional”.
O desconhecimento acerca do estado dos recursos pesqueiros explotados na região
amazônica dificulta a compreensão do papel ecológico do recurso dentro do ecossistema e
inviabiliza medidas de manejo adequadas. Se, por um lado, sabemos que há necessidade de
desenvolver modelos ecossistêmicos integrados que facilitem a compreensão e simulação
da dinâmica ambiental, por outro lado sabemos que é necessário o conhecimento dos
parâmetros populacionais das espécies, com destaque para as explotadas mais intensamente
como é o caso da matrinxã, para que se possa estabelecer táticas de manejo adequadas,
tanto para a preservação da atividade, quanto para a conservação do recurso.
Tendo em conta as dimensões da Bacia Amazônica, é necessário considerar que
estratégias de manejo podem requerer o conhecimento das características da pesca, do
desembarque da espécie e dos parâmetros populacionais não apenas para a bacia como um
todo, mas também particularmente por calha de rio. Para isto é necessário termos
estimativas para estes sub-sistemas permitindo estabelecer medidas de manejo mais
adequadas e respeitando a grande importância da espécie na economia pesqueira na região.
8
1.5 - Objetivos
1.5.1 - Objetivo Geral
O objetivo deste capitulo é caracterizar o desembarque pesqueiro de matrinxã (Brycon
amazonicus) no porto de desembarque pesqueiro de Manaus, quanto à captura total,
mensal, apetrechos utilizados, ambiente de pesca, principais pesqueiros e viagens
realizadas, dando ênfase aos rios Purus, Madeira e Solimões, com intuito de subsidiar
futuras ações de manejo.
1.5.2 - Objetivos específicos
1 – Quantificar a produção pesqueira desembarcada de matrinxã no município de
Manaus, indicando os principais rios explotados.
2 – Descrever os principais apetrechos utilizados na pesca do matrinxã, número de
viagens e período de realização das mesmas.
3 – Caracterizar a pesca da matrinxã para os sub-sistemas Purus, Madeira, Baixo e
Médio Solimões, quanto aos ambientes de pesca, principais pesqueiros, número
de viagens e principais apetrechos utilizados.
9
2 – MATERIAL E MÉTODOS
Os desembarques de peixes provenientes da pesca artesanal, realizados nos
principais pontos de desembarque do município de Manaus entre os anos de 1994 e 2002
foram acompanhados pelo Programa Integrado de Recursos Aquáticos e da Várzea –
PYRÁ, da Universidade Federal do Amazonas por meio de entrevistas efetuadas por
coletores contratados pelo Projeto “Estatística Pesqueira”.
As entrevistas foram efetuadas das 19:00 às 22:00h (antes do inicio da
comercialização do pescado) com os encarregados e outros membros da tripulação sobre as
características da pescaria efetuada. Foram efetuados registros das seguintes informações:
data da chegada, nome da embarcação, local de pesca, tipo e características do apetrecho
utilizado; número de pescadores e número de dias pescando.
Entre os anos de 1994 e 1998, o desembarque pesqueiro em Manaus, foi noturno e
centralizado no porto da Panair, passando desde então a ser realizado no porto atrás da
Manaus Moderna. Outra característica desse desembarque é que as embarcações não
atracavam no porto e sim ficavam ancoradas a uns 100 m da margem.
Os coletores foram orientados para que também obtivessem dados de comprimento
furcal de pelo menos 30 exemplares por tipo de peixe por noite, durante 10 dias por mês,
selecionados aleatoriamente de forma a totalizar em torno de 300 medidas mensais,
trabalho efetuado entre as 22:00 e 01:00h. O número de exemplares a ser amostrado em
cada embarcação foi definido a cada noite, em função do número total de embarcações com
determinado tipo de pescado, de forma a obter dispersão temporal e espacial , visando a
representatividade da coleta.
10
Os pesos médios por semestre foram multiplicados pela quantidade de pescado
declarada em unidade por embarcação no semestre respectivo, obtendo-se o total em kg
desembarcado, que foi transformado em toneladas. O cálculo da captura efetivamente
desembarcada em peso seguiu os procedimentos de Merona & Bittencourt (1988),
considerando que a captura efetivamente desembarcada é 10% superior a declarada.
Valores médios são usualmente apresentados no texto junto com o intervalo de
confiança com significância de 5% padrão.
Para efeito de origem dos dados coletados, foi estabelecida a divisão de calhas em
sub-sistemas de rios proposta por Batista, (1998), conforme a Tabela 1.
Tabela 1 - Classificação geográfica dos corpos d'água utilizada neste trabalho.
Divisão Sub-divisão Sub-sistema Limites
Jutaí Toda a calha
Juruá Toda a calha
Japurá Toda a calha
Alto-Solimões A montante do Solimões, a partir da foz do Jutai.
Médio-Solimões A jusante do Jutai até Coari
Baixo-Solimões Após Coari, ate o encontro com o rio Negro
Bacia superior
Purus Toda a calha
Negro Toda a calha
Alto-Amazonas Do encontro Solimões-Negro até a Ilha Tupinambarana
Médio-Amazonas A partir da ilha Tupinambarana ate a foz do Tocantins
Amazônia Central
Bacia média
Madeira Toda a calha
11
3 – RESULTADOS
3.1 – Produção pesqueira registrada em Manaus
Dentre as mais de 80 categorias de espécies que foram registradas nos desembarques
no Estado do Amazonas entre 1994 e 2002, os caraciformes não predadores representaram
cerca de 83% da produção desembarcada, sendo que a matrinxã (Brycon amazonicus) se
apresenta como sendo a quarta espécie mais abundante (Tabela 2)
Tabela 2 - Produção pesqueira dos principais pescados desembarcados em Manaus entre
1994 e 2002.
Posição pescado Nome científico total
1 jaraqui-grossa Semaprochilodus insignis 45.367,84
2 curimata Prochilodus nigricans 36.139,59
3 pacus Mylossoma spp 22.042,89
4 matrinxã Brycon amazonicus 17.796,71
5 sardinhas Triportheus spp 12.045,79
6 tambaqui Colossoma macropomum 11.051,97
7 jaraqui-fina Semaprochilodus taeniurus 10.739,29
8 pirapitinga Piaractus brachypomus 8.362,59
9 pacu-comum Mylossoma duriventre 5.513,31
10 tucunare Cichla spp 5.055,09
11 aruana Osteoglossum spp 4.816,40
12 aracus Schizodon fasciatus 4.799,84
13 jaraquis Semaprochilodu spp 4.183,86
14 pescada Plagioscion squamossissimus 1.748,61
15 branquinha Curimatidae (alguns gêneros) 1.234,43
16 ruelo Colossoma macropomum 1.004,52
17 carau-acu Astronotus crassipinnis 911,88
18 cuiu-cuiu Pseudodoras niger 510,52
19 caparari Pseudoplatystoma tigrinus 468,85
12
20 cubiu Hemiodontidae (alguns gêneros) 468,39
O total desembarcado e registrado entre 1994 e 2002 (n = 9 anos) foi de 198.262,39
toneladas para o município de Manaus. Sendo 17.796,71 toneladas de matrinxã e
180.465,68 toneladas de outras espécies. A produção média foi de 22.053 ± 3.892 toneladas
anuais, sendo o desembarque médio anual de matrinxã de 1.977,4 ± 1.221 toneladas anuais.
3.2 – Descrição quantitativa do desembarque pesqueiro de matrinxã no município de
Manaus.
O desembarque total de matrinxã (Brycon amazonicus) proveniente da pesca entre os
anos de 1994 e 2002 correspondeu a 17.796,71 toneladas.
A Tabela 3 mostra o desempenho dos principais itens desembarcados entre os anos de
1976 a 2002, demonstrando a redução do tambaqui e a elevação da posição do pescado
matrinxã na relação de espécies mais desembarcadas em Manaus.
Tabela 3 - Posição relativa das principais pescados desembarcados em relação a estudos
pesqueiros realizados na região.
Posição 1976-1978
(*) 1976-1986
(**) 1994-1996
(***) 1994-2002
(este trabalho) 1 tambaqui jaraqui jaraqui jaraqui 2 jaraqui tambaqui curimatá curimatá 3 curimatá curimatá pacu pacu 4 pacu pacu tambaqui matrinxã 5 pirapitinga matrinxã matrinxã sardinha 6 matrinxã pirapitinga aracu tambaqui 7 tucunaré piramutaba sardinha pirapitinga 8 aracú tucunaré tucunaré tucunaré
(*) Petrere, 1985; (**) - Merona & Bittencourt, 1988; (***) – Batista, 1998
13
Durante esses 9 anos, o coeficiente de variação foi de 80%, tendo sido elevado devido
a grande diferença nos desembarque de 1996 e 1999 em relação aos demais anos. O ano de
menor desembarque foi 1998 com 538,07 toneladas e 1996 ocorreu o maior 5.480,03
toneladas (Figura 1).
A produção desembarcada nos nove anos de coleta revela uma diminuição no
desembarque de matrinxã, apesar da espécie ter apresentado picos de produção a cada 3
anos (1996, 1999 e 2002), sempre precedidos de cheias fracas (cota máxima) de anos
anteriores (1995, 1998 e 2001).
Figura 1. Desembarque anual de matrinxã proveniente da pesca comercial, no porto de
desembarque de pescado de Manaus entre 1994-2002, e cotas fluviométricas do
rio Amazonas.
Em termos de participação percentual, o pescado veio principalmente dos rios Purus
(35%), Juruá (16%), Madeira (14%), Médio Solimões (13%), Baixo Solimões (10 %) e
outros (12%) (Tabela 4 e Figura 2).
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
ton
ela
da
s
produção matrinxã Nível Rio (min)
Nível Rio (máx) Nível Rio (méd)
14
Tabela 4 - Desembarque total de matrinxã (toneladas) em Manaus por rio e ano.
RIO 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 TOTAL
Purus 786,04 387,14 2.131,07 602,75 232,78 765,81 259,34 323,65 434,28 5.922,86
Juruá 156,94 274,7 918,9 170,31 134,15 641,88 123,06 54,25 184,73 2.658,92
Madeira 257,64 64,34 629,42 309,58 45,49 437,16 168,43 139,39 261,28 2.312,73
Médio Solimões 547,18 80,67 668,49 342,71 34,97 219,33 23,78 40,23 178,53 2.135,89
Baixo Solimões 484,99 73,16 487,95 220,47 33,49 190,81 56,92 30,05 140,07 1.717,91
Alto Amazonas 314,23 64,75 281,29 74,03 1,31 99,01 7,92 1,18 21,94 865,66
Japurá 24,58 3,96 66,7 225,16 26,68 164,25 53,2 32,13 83,29 679,95
Negro 174,02 - 142,5 41,12 22,1 69,41 9,15 4,74 22,2 485,24
Indeterminado 23,83 - 135,19 - - - 0,81 14,9 241,43 416,16
Solimões 144,61 43,56 - 19,02 - 2,23 29,41 - - 238,83
Alto Solimões - - - 124,1 0,96 107,95 0,79 2,91 - 236,71
Jutaí 12,01 11,47 18,52 20,67 6,14 4,79 24,72 - - 98,32
Médio Amazonas 11,57 - - - - 11,84 - - - 23,41
Amazonas - - - - - - 4,12 - - 4,12
Total 2.937,64 1.003,75 5.480,03 2.149,92 538,07 2.714,47 761,65 643,43 1.567,75 17.796,71
Figura 2. Contribuição percentual dos principais rios para a produção pesqueira de matrinxã
que desembarcou no município de Manaus entre 1994 e 2002, com destaque para
os rios de água branca (Purus, Juruá, Madeira e trechos do Solimões).
PURUS35%
JURUA16%
MADEIRA14%
MEDIO SOLIMOES13%
BAIXO SOLIMOES10%
ALTO AMAZONAS5%
JAPURA4%
NEGRO3%
15
Observando o desembarque total da espécie ao longo do ano (Figura 3), podemos
verificar que o mês de maior desembarque foi maio e o de menor novembro. A safra da
espécie ocorre entre os meses de abril e junho. O desembarque total mensal médio foi de
1.502,9 ± 1.034 toneladas.
Figura 3. Desembarque mensal total de matrinxã em toneladas entre os anos de 1994 a
2002, mostrando a predominância do período entre abril e junho (enchente)..
3.3 - Viagens de pesca e principais apetrechos utilizados na pesca da matrinxã.
Foram registrados de 2.720 viagens, com captura de matrinxã durante o período do
estudo. Os rios em que ocorreram mais viagens foram Purus, Madeira, Solimões e Juruá.
Com média de 282 ± 116 viagens, com o valor máximo de 552 (1999) e mínimo de 116
(1998).
Registrou-se um salto no número de viagem de pesca com captura de matrinxã entre
1998 e 1999, de 157 para 552 viagens, respectivamente, o que foi atribuído há um maior
numero de viagens para o sub-sistema Madeira. O ano de maior número de viagens
registradas foi 1999 o de menor número foi 116 viagens (Tabela 5). O rio Juruá apesar de
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
mes
ton
ela
das
proução Nível Rio (méd)
16
ter apenas 8% das viagens realizadas para captura, se mostrou bastante piscoso quanto a
este recurso e pouco explotado (Figura 4).
Tabela 5 – Percentagem do número de viagens de pesca realizadas por rios entre 1994 e
2002.
RIO 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total Não identificado 0,65 1,89 0,55 0,64 1,81 10,85 27,30 37,65 10,92
Alto Amazonas 12,26 11,21 8,96 4,92 1,27 4,71 2,37 0,32 2,12 5,26
Alto Solimões 7,65 1,27 3,62 0,68 0,32 1,43
Amazonas 0,68 0,07
Baixo Solimões 19,35 13,79 8,02 9,84 9,55 10,51 5,08 3,49 6,35 10,07
Japurá 0,65 0,86 0,94 8,74 4,46 4,53 7,46 3,17 4,47 3,60 Juruá 3,44 9,48 12,74 7,10 10,83 15,40 8,47 5,71 3,76 8,38
Jutaí 0,43 0,86 0,47 2,19 0,64 0,18 1,69 0,55
Madeira 9,68 12,93 13,68 15,85 9,55 83,00 22,37 16,19 13,65 14,38
Médio Amazonas 0,65 0,18 0,15
Médio Solimões 14,19 10,34 12,26 14,21 11,46 11,41 3,73 5,71 6,35 9,82
Negro 6,24 2,36 2,19 7,64 7,43 2,37 1,90 2,82 4,26
Purus 27,31 35,34 38,68 25,14 42,68 24,82 31,86 35,87 22,59 29,52
Solimões 5,16 5,17 1,64 0,36 2,37 0,24 1,58
Total de viagens 465 116 212 183 157 552 295 315 425 2.720
Figura 4. Número de viagens de pesca realizadas que capturaram matrinxã entre 1994 e
2002.
0
100
200
300
400
500
600
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
num
ero
de v
iage
ns r
egis
trad
as
17
O maior número de viagens de pesca para a captura de matrinxã ocorreram entre abril
e junho, sendo que em agosto ocorreu um pequeno pico pouco acentuado. Entre setembro e
fevereiro o número de viagens foi pequeno (Figura 5).
Figura 5. Número de viagens total mensal na captura de matrinxã, demonstrando o aumento
no numero de viagens no período entre abril e junho.
Um dos principais apetrechos de pesca que foi utilizado para a captura da matrinxã foi
a rede de lance ou redinha, que respondeu por 94% de toda a captura.
3.4 – A pesca da matrinxã no Rio Purus
3.4.1 – Desembarque pesqueiro.
O pescado matrinxã proveniente do Rio Purus correspondeu a 34% (5.922,86 t) do
total de matrinxã desembarcado no município de Manaus entre os anos de 1994 e 2002. A
variação anual do desembarque pode ser vista na Figura 6, onde se observa que o ano de
1996 foi o ano de maior desembarque, representando 36% do total. O desembarque médio
0
100
200
300
400
500
600
700
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mes
nu
me
ro d
e v
iag
en
s
18
anual entre os anos de 1994 a 2002 (n = 9) foi de 658 ± 524,7 toneladas, com valor máximo
de 2.131 toneladas (1996) e mínimo de 232,7 toneladas (1998).
Desconsiderando a produção excepcional desembarcada em 1996 temos uma média
de desembarque de 430 ± 183 toneladas anuais, com máximo de 786 toneladas (1994) e
mínimo de 232,7 toneladas (1998).
Destaca-se, ainda, que a partir de 1995 ocorreram picos de produção a cada 3 anos
(1996, 1999 e 2002) com valores acima de 200 toneladas, destacando-se a grande produção
obtida em 1996. Em 2000, 2001 e 2002 foi registrada uma tendência ascendente da
produção.
Figura 6. Desembarque anual de matrinxã em toneladas proveniente do rio Purus.
A Figura 7 mostra o desembarque total mensal registrado entre os anos de 1994 e
2002, mostrando um desembarque total mensal médio de 493 ± 396,5 toneladas, máximo
de 2.049,3 toneladas (maio) e mínimo de 46,3 toneladas (novembro).
0
500
1000
1500
2000
2500
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
ton
ela
da
s
cota min
cota max
19
Figura 7. Desembarque total mensal de matrinxã do rio Purus, no período de 1994 a 2002,
indicando safra da espécie no inicio da vazante.
3.4.2– Locais de Pesca.
A pesca no rio Purus foi realizada em dois ambientes, na calha do rio ou corredor
principal e na região de entorno, ou seja, lagos e afluentes próximos, considerando-se que
cerca de 44% da pesca foi realizada no corredor principal do rio e 56% no seu entorno
(Figura 8).
A matrinxã desembarcada em Manaus, oriundo do rio Purus teve como principal
ambiente pesqueiro a calha do rio Purus, com uma captura estimada em 2.030 t.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mês
ton
ela
das
Produção mensal registrada PurusNível Rio (máx)Nível Rio (méd)Nível Rio (min)
20
Figura 8. Contribuição do ambiente de pesca do Rio Purus, revela a contribuição de lagos e
tributários em relação a calha principal do rio.
Os principais pesqueiros registrados fora da calha principal do Rio Purus, foram Jarí
(5°07’S e 62°32’W) próximo ao município de Beruri; Campinas (04°45’S e 63°58’W) e
Tapauá (05°46’S e 63°23’W) ambos próximos ao município de Tapauá, com produção
acima de 160 toneladas durante o período de 1994 a 2002 (Figura 9).
Figura 9. Produção pesqueira nos principais pesqueiros do rio Purus fora da calha principal,
com as devida produção desembarcada durante o período (1994-2002).
335,
4
193,
25
169,
01
153,
31
149,
67
126,
83
122,
47
97,8
1
97,3
7
92,9
4
0
50
100
150
200
250
300
350
400
JAR
I
CA
MP
INA
S
TA
PA
UÁ
BA
DA
JOS
SU
PIA
AIA
PU
A
PIL
AR
CU
RA
CU
RA
MA
MU
RIA
AN
TIM
AR
I
pesqueiro
ton
ela
das
44%
56%
calha principal lagos e tributarios
21
3.4.3 – Viagens e Apetrechos
Foram registradas 779 viagens de pesca para o Rio Purus, em que a matrinxã foi
capturada. A distribuição interanual dessas viagens indicou 1994, 1999, 2001 e 2002 como
os anos de maior número de viagens registradas e entre 1995 e 1997 com menos viagens
registradas (Figura 10).
Figura 10. Viagens de pesca registradas entre 1994 e 2002 no Rio Purus que em capturaram
matrinxã, com destaque para o aumento do numero de viagens entre 1999 a 2002.
Durante o ciclo anual, o número de viagens com matrinxã acentuaou-se entre abril e
junho e reduziu-se entre os meses de setembro e fevereiro (Figura 11).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
nú
mero
de v
iag
en
s
número de viagens N'vel Rio (med)
Nível Rio (min) Nível rio (max)
22
Figura 11. Número total de viagens mensais, realizadas no Rio Purus, com captura de
matrinxã, acompanhamento do nível do rio, indicando maior numero de viagens
no inicio da vazante.
O apetrecho mais utilizado na captura do matrinxã no rio Purus foi a redinha ou rede
lance representando 95% de toda captura, seguido pela malhadeira com apenas 1%.
3.5 – A pesca do matrinxã no Rio Madeira.
3.5.1 – Desembarque pesqueiro.
O pescado matrinxã proveniente do Rio Madeira correspondeu a 13% (2.312,73 t)
do total de matrinxã desembarcado no município de Manaus, entre os anos de 1994 e 2002.
A variação anual do desembarque pode ser vista na Figura 12, onde se observa que o ano de
1996 foi o ano de maior desembarque e 1998 o de menor. O desembarque médio anual
entre os anos de 1994 e 2002 (n = 9) foi de 257 ± 143 toneladas, com um mínimo de 45
toneladas (1998) e um máximo de 630 toneladas (1996).
0
50
100
150
200
250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mês
nú
mero
de v
iag
en
s
Purus Nível Rio (min)
Nível Rio (máx) Nível Rio (méd)
23
Destaca-se ainda um ciclo periódico de produção com máximos nos anos de 1996,
1999 e 2002. Estes máximos trianuais foram descendentes, começando com valores acima
de 600 toneladas (1996), seguindo com valores acima de 400 toneladas em 1999 e
terminando com valores acima de 200 toneladas em 2002.
Figura 12. Produção anual de matrinxã, rio Madeira, demonstrando picos de produção.
O desembarque total mensal registrado entre os anos de 1994 e 2002, apresentou
média de 192 ± 138 toneladas, com máximo de 622 toneladas (maio) e mínimo de 6,1
toneladas (novembro). A safra no Madeira ocorre entre abril e junho, com entressafra entre
outubro e novembro (Figura 13).
0
100
200
300
400
500
600
700
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
ton
ela
das
prod Nível Rio (méd)Nível Rio (máx) Nível Rio (min)
24
Figura 13. Produção mensal total registrada do Rio Madeira a safra ocorre meio da vazante.
3.5.2– Locais de Pesca.
A pesca no rio Madeira foi realizada principalmente na calha principal do rio
(Figura 14; produção de 620 t) e no seu entorno, sendo o Rio Canumã (3°55’S e 59°07’W)
próximo ao município de Nova Olinda, um dos principais pesqueiros (Figura 15), com uma
produção de cerca de 560 toneladas (45% da produção da espécie no sub-sistema Madeira)
restando 684 t para outros pesqueiros.
Figura 14. Percentual dos principais ambientes de pesca do matrinxã no sub-sistema do
Madeira, com destaque para lagos e tributários com maior preferência.
0
100
200
300
400
500
600
700
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
produção Nível Rio (min)
Nível Rio (max) Nível Rio (med)
67%
33%
lagos e tributários calha
25
Figura 15. Percentual dos principais pesqueiros explotados no rio Madeira, pela frota
pesqueira que desembarca em Manaus, com destaque para o pesqueiro Canumã.
3.5.3 – Viagens e Apetrechos
O número de viagens registradas para o período em questão (1994-2002) revela que
nos últimos 4 anos houve um aumento no número de viagens de pesca que capturaram
matrinxã no rio Madeira (Figura 16).
Figura 16. Número total de viagens anual, que explotaram matrinxã durante o período
1994-2002 no sub-sistema do Madeira.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
nú
me
ro d
e v
iag
en
s
número de viagens Nível Rio (med) Nível Rio (min) Nível Rio (max)
Excluído: <sp>
26
O número total de viagens mensais registradas para o período, revela que nos meses
de maio a junho ocorreram o maior número de viagens, e entre setembro e fevereiro o
menor (Figura 17). O número médio de viagens entre 1994-2002 (n = 12) foi de 42,4, ± 18
viagens, com máximo de 82 viagens (1999) e mínimo de 13 viagens (1995).
Figura 17. Número de viagens totais mensais que explotaram a matrinxã no sub-sistema do
Madeira, com aumento do numero de viagens no inicio da enchente.
O apetrecho mais utilizado na captura do matrinxã no rio Madeira foi a rede de
lance, com 96% do total capturado e registrado, seguido por 2% da malhadeira e 2% de
outros apetrechos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
número de viagens Nível Rio (min)
Nível Rio (max) Nível Rio (med)
27
3.6 – A pesca do matrinxã no Rio Solimões
A matrinxã proveniente do rio Solimões correspondeu a 23% de toda captura
registrada para a espécie entre 1994-2002. O desembarque médio anual entre os anos 1994-
2002 (n = 9) foi de 454,5 ± 324,5 toneladas, com valor máximo de 1.156 toneladas (1996) e
mínimo de 69,4 toneladas (1998). Fazendo a junção dos dados dos trechos alto, médio e
baixo Rio Solimões, observa-se maior participação do trecho médio, seguido pelo baixo
(Figura 18). Os picos trianuais de produção são evidentes para o Solimões como um todo
(Figura 19) e a distribuição da produção ao longo do ano concorda com os dados anteriores
observados para o Madeira e o Purus, entre abril e junho (Figura 20).
O desembarque mensal médio foi de 340,8 ± 268,7 toneladas, com valor máximo de
1.420,7 toneladas (maio) e mínimo de 8,8 toneladas (novembro).
Figura 18. Contribuição percentual da produção do matrinxã no rio Solimões por trecho de
rio, sendo que o Médio Solimões é destaque com quase metade da produção.
BAIXO SOLIMOES
40%MEDIO
SOLIMOES49%
ALTO SOLIMOES
5%
SOLIMOES6%
28
Figura 19. Produção total desembarcada e registrada do Rio Solimões (alto, médio e
baixo) entre 1994 e 2002, este rio mostra grandes oscilações na produção de matrinxã entre
anos.
Figura 20. Produção mensal de matrinxã no Rio Solimões, com safra no final da enchente.
0
500
1000
1500
2000
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
ano
ton
ela
da
s
produção Nível Rio (med)
0
500
1000
1500
2000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mes
ton
ela
das
produção Nível Rio (med)
29
3.6.1 – Desembarque Pesqueiro
A matrinxã proveniente do rio Solimões apresentou produção de 2.135,89 t no
trecho médio, representando cerca de 15% do total, de 1.717t (13%) no baixo Solimões
(Figura 21) e 236,7 t (1,8 %) no alto Solimões.
Médio Solimões
A produção anual média do Médio Solimões foi de 190 ± 138,7 toneladas para os
anos de 1994-2002 (n = 9) com máximo de 488 toneladas (1996) e mínimo de 30 toneladas
(2001). A produção mensal média entre 1994-2002 (n = 12) foi de 143,1± 129,5 toneladas,
com máximo de 593,6 toneladas (maio) e mínimo de 3,56 toneladas (novembro).
Baixo Solimões
A produção anual média do Baixo Solimões entre 1994-2002 (n = 9) foi de 237,2 ±
181,6 toneladas com máximo de 668,5 toneladas (1996) e mínimo de 23,7 toneladas
(2000). O desembarque mensal foi em média de 178 ± 143 toneladas (n = 12), com
máximo de 806 toneladas (maio) e mínimo de 3,8 toneladas (dezembro).
Os trechos do rio (baixo e médio) apresentou safra no final da enchente e a
produção anual oscilou ao longo dos anos de estudos.
30
Figura 21. Produção anual e mensal total do Baixo e Médio Solimões entre 1994-2002.
3.6.2 – Locais de Pesca
Entre os ambientes de pesca onde a matrinxã foi capturada, os lagos e tributários do
Solimões, em todos os trechos, apresenta o maior valor de captura, com 76 % da captura
total. Com destaque para os principais pesqueiros Coari e Badajós (Figura 22).
0100200300400500600
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Ano
ton
ela
das
Producão Baixo Solimões
Nível Rio (med)
0
100
200
300
400
500
600
700
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mes
ton
ela
da
s
Produção baixo SolimõesNível Rio (med)
0
200
400
600
800
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
ano
ton
ela
das
Produção médio Solimões
Nível Rio (med)
b
0
200
400
600
800
1000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mes
ton
ela
da
s
Produção médio SolimõesNível Rio (med)
31
Figura 22. Principais ambientes de pesca no rio Solimões, em destaque a contribuição dos
principais pesqueiros, com destaque para os pesqueiros Badajós e Coari..
(a) b)
Figura 23. Contribuição do ambiente de pesca no Médio Solimões (a) e Baixo Solimões
(b), predomínio de lagos e tributários sobre a calha principal .
No que concerne os pesqueiros explotados, destaca-se o Badajós (03°21’S e
62°41’W), Anamã (03°30’S e 61°32’W) e Manacapuru (03°17’S e 60°40’W) no Baixo
Solimões. Para o trecho médio, os principais pesqueiros foram Coari (04°02’S e 62°15’W),
Copeá (03°38’S e 63°35’W) e Mamiá (04°10’S e 63°03’W) (Figura 24). Todos esses
próximos a cidades de médio porte no Estado do Amazonas.
Solimões - Pesqueiros
Badajós16%
Coari17%
outros43%
calha principal
24%
31%
69%
c a lha lagos e t ributários
9 3 %
7 %
c alha lagos e tributários
32
(a) (b)
Figura 24. Principais pesqueiros Baixo Solimões (a) e Médio Solimões (b), destaque para
os pesqueiros Badajós e Coari.
3.6.3 – Viagens e Apetrecho
O número de viagens registradas para o médio e baixo Solimões no período 1994-
2002, apresentou os mais altos valores em 1994 e 1999, ocorrendo nos anos de 1985 e 2001
o menor número de viagens (Figura 25).
Figura 25. Número de viagens anuais registradas para o baixo e médio Solimões.
35%
19%8%
8%
7%
5%
18%
Badajós Manacapurú Anamã Manaquiri Solimões Anori Outros
46%
16%
10%
4%
4%
20%
Coari Mamiá Copea Arauá Lima Outros
0
10
20
30
40
5060
70
80
90
100
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
ano
nú
mero
de v
iag
en
s
Número de viagens baixo Solimões número de viagens médio Solimões
33
A média anual do número de viagens entre os anos 1994-2002 (n = 12) para o
Médio Solimões foi de 29,6 ± 15,8 viagens, com máximo de 66 (1994) e mínimo de 11
(2000). Para o Baixo Solimões, para o mesmo período (n = 9), a média foi de 30,4 ± 20,2
viagens, com máximo de 90 (1994) e mínimo de 11 (novembro).
A média mensal do número de viagens no período 1994-2002 para o Médio
Solimões foi de 21,5 ± 13,1 viagens, máximo de 66 (maio) e mínimo 2 (novembro). Para os
dados do Baixo Solimões, a média foi de 22 ± 17 viagens, máximo de 86 (maio) e mínimo
de 1 (janeiro).
O número de viagens é maior no período entre abril e junho, com um pequeno pico
em agosto, durante a vazante.
Figura 26. Número de viagens mensais para o rio Solimões (médio e baixo).
Quanto aos apetrechos utilizados na captura do matrinxã no rio Solimões, há
predominância da redinha ou rede de lance em todos os sub-sistemas analisados, com
valores acima de 90% em relação aos outros apetrechos, só reforçando a importância deste
aparelho não seletivo na captura desse pescado.
0102030405060708090
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mes
nú
mero
de v
iag
en
s
médio Solimões baixo Solimões Nível rio (med)
34
4 – DISCUSSÃO
Entre os principais grupos de espécies desembarcadas no porto de Manaus, os
caraciformes se destacam em primeiro lugar (Batista et al., 2004). Estes caraciformes
realizam migração, tanto reprodutiva quanto para alimentação, o que facilita sua captura
pelos pescadores artesanais. Além disso, esses peixes (exceto o tambaqui e matrinxã) são
de consumo de massa, ou seja, tem preços acessíveis à grande camada da população de
baixa renda, aumentando a demanda por esses pescados.
Batista et al. (2004) descrevem um total de 39 itens ou grupo de peixes conhecidos
dentre a produção pesqueira desembarcada no porto de Manaus, sendo que existem cerca
95 nomes comuns distintos para referir-se às espécies de pescado. Constam como os
principais itens desembarcados: os jaraquis compostos por duas espécies e um híbrido;
pacus constituídos principalmente por Mylossoma duriventre, além de pelo menos cinco
outras espécies contidas no item; a sardinha com pelo menos 3 espécies do gênero
Triportheus e os aracus com pelo menos 7 espécies (Goulding, 1979; Santos et al., 1984;
Ferreira et al., 1996). Completando a lista, ocorre o tambaqui (Colossoma macropomum), a
curimatã (Prochilodus nigricans), a pirapitinga (Piaractus brachipomus) e o matrinxã
(Brycon amazonicus), os quais são representados por uma espécie cada. Desses pescados
representados por uma única espécie o tambaqui já se apresenta como recurso sobre-
explotado (Isaac e Ruffino, 1996), reforçando a preocupação com o estado atual de
explotação dos outros 3 pescados, entre eles a matrinxã.
Estudos de explotação pesqueira no Amazonas, realizado desde a década de 70 até
os anos 90 (Petrere, 1985; Merona e Bittencourt, 1988; Batista, 1998), demonstram a
descida do tambaqui (Colossoma macropomum) do posto de destaque no desembarque,
35
indicando a sobrepesca de crescimento da espécie. Por outro lado, outras espécies subiram
nesta lista, como é o caso da matrinxã, a qual passou da sexta (Petrere, 1985) para a quarta
colocação entre os pescados mais desembarcados, o que não indica não haver sobrepesca
histórica, porém o aumento do esforço pesqueiro e de suas eventuais conseqüências. A
subida da matrinxã na lista das espécies mais explotadas, pode estar relacionada também
com o alto preço que este peixe alcança no mercado de Manaus, sendo a segunda espécie
mais valorizada, ficando apenas atrás do tambaqui (IBAMA, 2002), ultrapassando-o em
alguns meses do ano. Estes fatores sugerem que a pesca desta espécie tenha um retorno
interessante em termos de lucro para o pescador profissional, o que conseqüentemente,
pode ocasionar um aumento do esforço sobre este recurso.
A matrinxã é uma das espécies mais procuradas pela população local o que revela a
importância da espécie na cultura pesqueira do Estado. Considerando o preço da matrinxã
de R$ 3,8 o quilo (IBAMA, 2002) e a produção média de matrinxã de 1.977,7
toneladas/ano, podemos afirmar que a explotação desta espécie contribui, em média, com
uma circulação de capital mínima na ordem 7 milhões de reais/ano na primeira venda em
Manaus.
Este contexto indica que a espécie deve ser monitorada continuamente para fornecer
estimativas de seu estado de explotação afim de estabelecer estratégias de manejo com o
objetivo de uma explotação sustentável deste recurso.
A safra da espécie concorda com os resultados obtidos por Batista, (2000), o qual
identificou o período de abril a junho como período de maior captura. Neste estudo o
padrão permaneceu o mesmo para os 4 sub-sistemas estudados, apenas acrescentando
pequenos picos de produção no mês de agosto nos sub-sistemas Madeira, Médio e Baixo
Solimões.
36
Batista (2000) sugere que produções altas de matrinxã são decorrentes de cheia
fraca do ano anterior, indicando que tal fenômeno atua possivelmente como barreira natural
impedindo que parte dos cardumes atinjam a calha principal, tornando-os não acessíveis ao
principal apetrecho de pesca utilizado pelos pescadores comerciais, a rede de lance ou
redinha.
Merona e Gascuel (1993), em estudos realizados na Ilha do Careiro, pesqueiro
situado à cerca de 20 km de Manaus, notou que o efeito do nível do rio de anos anteriores
influenciou na produção pesqueira corrente, mostrando que a variação fluviométrica é fator
importante, e deve ser levado em consideração nos estudos de biologia pesqueira. Neste
estudo foi observado que para os anos 1996, 1999 e 2002, onde as produções foram altas e
a cota máxima dos anos anteriores (1995, 1998 e 2001), foram baixas. Contudo, há de se
considerar outros parâmetros como, por exemplo, índice pluviométrico, vazão do rio e fases
da lua, que podem influenciar na captura total da espécie.
Lowe-Mcconnell (1975) e Welcomme (1979) indicam a enchente como a principal
época de alimentação dos caracóideos não predadores em todos os sistemas tropicais.
Durante esta época, os indivíduos permanecem espalhados pelas áreas inundadas, sem
apresentar nenhum movimento migratório até que se inicie a vazante, sugerindo que estas
migrações que surgem com a vazante, decorram de um simples controle mecânico ou
mesmo químico, com objetivo de evitar o seu aprisionamento em locais pouco favoráveis.
Zaniboni et al.,(1988), citam que durante a seca, observa-se que os matrinxãs
entram em afluentes do baixo rio Negro, atingindo algumas vezes suas cabeceiras,
permanecendo nesses ambientes até o inicio da cheia. Este autor sugere que a permanência
da espécie nesse ambiente depende também do nível das enxurradas nas cabeceiras dos
igarapés, onde elas permanecem, do que propriamente do nível do rio.
37
Segundo Batista (1998), a matrinxã desembarcada em Manaus entre 1994 a 1996 foi
capturada principalmente nos Rios Solimões, Purus e Juruá. O Purus foi então à região
mais produtora, com uma participação entre 38-47% da produção anual da espécie, sendo
que o rios Juruá e Solimões tiveram percentual similar em torno de 15-20%, somando uma
contribuição dos rios de água branca de cerca de 83% da produção de matrinxã.
Vários autores têm discutido sobre a alta produtividade pesqueira dos rios de água
branca (Petrere, 1978b; Junk, 1997 e 2000; Batista, 1998, 2003; Batista et al. 2004),
atribuindo a diversos fatores tais como, transparência da água, dificuldade de localização da
presa e maior disponibilidade de nutrientes entre outros. A pesca nos rios de água branca é
intensa somente nos períodos de águas baixas, quando as áreas marginais estão secas e os
peixes se encontram migrando no canal (Isaac e Barthem, 1995). É nesta época, também,
que ocorre a frutificação de grande número de espécies de árvores da várzea, que com a
ajuda da água, podem ter suas sementes dispersas para outros locais (Kubitzki & Ziburski,
1994). Esses frutos e sementes são fontes energéticas importantes para a alimentação de
peixes (Goulding, 1980; Waldhoff et al., 1996), incluindo espécies de grande valor
comercial, como o matrinxã (Araujo-Lima & Goulding, 1998)
Uma grande quantidade e diversidade de invertebrados ocupam as florestas de
várzea (Adis, 1997) e são consumidos por numerosas espécies de peixes (Goulding, 1980;
Junk et al.,1997). As drásticas variações sazonais das condições dos ambientes aquáticos ao
qual os peixes da Bacia Amazônica são submetidos, leva-os a otimizar os ganhos
energéticos na época mais favorável, a cheia (Goulding, 1980). Neste período, ocorre um
transbordamento do canal dos rios de águas brancas que invadem grandes áreas adjacentes
(chamadas de várzeas) permitindo que muitos organismos ocupem esses locais em busca de
alimento e abrigo.
38
A predominância das capturas em rios de águas brancas reforça a importância destes
tipos de sistemas na produção pesqueira amazônica. Um dos fatores que podem estar
relacionados com influência destes rios no ciclo de crescimento da matrinxã, seria a
transição de ambientes registrada para espécie, a mudança de águas de poços e igarapés
(período de alimentação e criação) para encontros de águas, onde segundo Zaniboni et al,
(1988) é realizada a desova da espécie.
Estratégias de manejo devem ser estabelecidas levando-se em conta as
peculiaridades de cada sub-sistema, visto que a calha principal vem sendo um dos
ambientes de pesca mais explorados pelos pescadores, sendo preciso que se estabeleçam
medidas de manejo por calhas de rios, visando o aproveitamento sustentável do recurso.
Contudo, é preciso o acúmulo de mais informações pesqueiras sobre esses sub-sistemas
para subsidiar as decisões de manejo. No caso da matrinxã pode-se inferir acerca da
importância de pesqueiros como Canumã no Madeira, Jari e Campinas no Purus, Badajós e
Coari no Médio Solimões, e sugerir restrições a pesca em tais pesqueiros com sistema de
rodízio entre eles, no período de maior produção desembarcada (abril a junho) a cada dois
anos, com devido acompanhamento técnico cientifico, a fim de avaliar a eficácia da
estratégia e com ampla divulgação e discussão com os seus usuários.
Quanto ao principal apetrecho de pesca de captura do matrinxã, a redinha ou rede de
lance, cuja ineficácia da sua proibição é notória, visto que o principal pescado consumido e
comercializado no estado (jaraqui) é capturado principalmente com este apetrecho. É
necessário rever tal legislação, estabelecendo critérios para o uso desse apetrecho.
Sugerimos aos órgãos fiscalizadores, o controle da importação e/ou compra de panos e
arreios, para confecção de tal apetrecho seja um dispositivo de controle e regulação da
introdução de novas redes de lances na pesca, havendo por parte dos órgãos fiscalizadores
39
declaração do comércio e indústrias locais do número de panos e arreios vendidos por
período. Contudo, a matrinxã necessita de estudos de migração por sub-sistema afim de
quer se possa definir uma rota migratória para espécie, estabelecendo assim medidas de
prevenção de captura na rota migratória, permitindo a desova e manutenção dos recrutas.
Classificando os principais sub-sistemas onde ocorreram viagens que capturaram
matrinxã temos, pela ordem, Purus, Madeira, Baixo Solimões, Médio Solimões e Juruá,
relatando mais uma vez a importância deste rio como nova fonte produtora de matrinxã,
devido ao baixo número de viagens e o seu grande volume de captura, sendo colocado
como o segundo maior produtor de matrinxã desembarcada em Manaus. A contribuição do
Juruá é dificultada devido a distância deste rio a Manaus gerando maiores custos para se
armar embarcações para longas viagens a este sub-sistema. Por outro lado, a distância e os
custos qualificam o esforço de pesca, fazendo com que o mesmo seja direcionado a
exemplares (espécies e tamanho) de alto valor de mercado, tornando a pesca mais
sustentável temporalmente. Outro aspecto relativo à pesca efetuada neste sub-sistema, é a
indicação de que a frota que desembarca em Manaus esta explotando sub-sistemas
distantes, a procura de espécies de alto valor de mercado.
A tecnologia de pesca utilizada na captura da matrinxã destaca a importância da
redinha como o principal apetrecho utilizado gerando cerca 90 % da produção efetuada. As
próprias características migratórias da espécie já citadas por Goulding, (1979) em estudos
no rio Madeira demonstraram que esta espécie torna-se bastante vulnerável a este aparelho
de pesca devido a seus movimentos em espirais denominado “rodada”. Contudo, a baixa
seletividade deste aparelho pode acarretar captura de peixes jovens, o que é evitado apenas
devido à baixa mistura nos cardumes de indivíduos jovens com adultos (Batista, 2000),
fator favorável da espécie, que desta maneira preserva seus futuros recrutas. Tais situações
40
não ocorrem para os cardumes de pacu (Mylossoma spp.) e jaraquis (Semaprochilodus
spp.), que são compostos por peixes de tamanhos variados, o que gerou por parte dos
pescadores, a utilização de um apetrecho acessório chamado “escolhedeira”, o qual após o
lance é utilizado para separar os espécimes destinados à comercialização, antes de serem
embarcados, daqueles a serem descartados ainda vivos (Batista e Freitas, 2003). No caso da
matrinxã o uso da escolhedeira ou o descarte não tem sido detectado (Barbosa, 2002;
Batista e Freitas, 2003), devido à elevada aceitação deste pescado de todos os tamanhos nos
mercados locais.
A rede de cerco tem seu uso proibido pela portaria 466/1972 IBAMA, pouco
modificada pela IN 43/2004 IBAMA, a qual restringe o uso de redes de lance
indiscriminadamente em todas as águas interiores e pela portaria 8/1996 do IBAMA, a qual
restringe o uso de redes de lance indiscriminadamente em toda bacia do rio Amazonas.
Obviamente estas portarias não são respeitadas, havendo utilização notória deste apetrecho
sobre a espécie em todos os sub-sistemas registrados.
Similarmente, a espécie foi capturada nos meses de defeso reprodutivo (dezembro a
fevereiro) estabelecidos pelo IBAMA para os períodos de 1993-1994, 1997-1998, 2000-
2001 Entretanto, tal período de defeso não é adequado à espécie em questão, pois este é o
período do ano onde existe a menor disponibilidade desse pescado nos pesqueiros e
igualmente nos desembarques locais, não pelo defeso em si, mas pelo própria ciclo de vida
da espécie. A efetiva proteção das áreas reprodutivas da espécie nos encontros de águas e a
implementação efetiva de um defeso de época no período de maior migração
provavelmente sejam as medidas mais adequadas e eficientes para proteção da matrinxã.
Cabe, ainda, destaque no que concerne ao uso dos recursos pesqueiros na Amazônia
Central, a que se deve dar maior atenção ao uso crescente das redes de lance na foz dos
41
tributários, principalmente nas proximidades dos grandes centros urbanos da região, o que
foi indicado pelos pescadores e ribeirinhos como o maior fator responsável pela redução
dos estoques pesqueiros.
As estratégias para o manejo de estoques pesqueiros podem ser resumidas em “não
fazer nada” ou “adotar uma ou mais series de medidas restritivas ä pesca”, geralmente “não
fazer nada” é adotado quando os administradores, julgam desnecessário tais medidas,
muitas ou na grande maioria das vezes sem embasamento cientifico, pois não há
conhecimento extensivo sobre a ecologia e a pesca desses estoques e até mesmo falta de
recursos á execução do manejo (Barthem et al., 1997).
Quando os administradores pesqueiros se empenham em elaborar e executar
estratégias para o manejo de um ou mais estoques pesqueiros, geralmente adotamuma ou
mais das seguintes opções: limitar acesso ás áreas de pesca, restringir uso de apetrechos,
controla ou limitar tamanho de malha de rede de pesca, proibir a pesca em estações
definidas, controlar o esforço de pesca através de cotas e licenças para barcos de pesca,
criar reservas em que se proíba a pesca ou esta seja limitada aos pescadores de subsistência
(Bayley, 1981; Bayley e Petrere, 1989; Ribeiro e Petrere, 1990; Petrere, 1992).
No entanto essas legislações foram baseadas em pouca informação biológica,
sociais e econômicas de modo que em muitos casos, quando essas portarias e leis são
aplicadas, os problemas que geram são maiores que os benefícios, pois muitas vezes não
estão adaptadas a realidade local e não surtam o efeito esperado (Barthem et al. , 1997).
Os dados aqui analisados não revelam grandes diferenças entre sub-sistemas com
relação a produção desembarcada durante o ano, ou seja o período entre abril a junho é
safra da espécie para os quatro sub-sistema estudados. Entretanto é importante saber que a
produção desembarcada da espécie vem se destacando nos últimos anos em relação a outros
42
caraciformes migradores, requerendo maiores atenções dos tomadores de decisão locais. Os
picos de produção a cada 3 anos, para quase todos os sub-sistemas estudados, revelam a
importância de se fazer o monitoramento da pesca junto com informações ambientais (e.g.
índices fluviométricos), que possam influenciar na produção da espécie.e nas futuras
predições. Por outro lado, a proibição da redinha nos sub-sistemas estudados deva ser
revista, e negociada com os verdadeiros usuários do sistema, afim de que se possa indicar
uma forma adequada de uso desse apetrecho na captura da espécie.
43
CAPITULO II - Dinâmica Populacional da matrinxã (Brycon amazonicus) explotada
na Amazônia Central através do desembarque pesqueiro realizado em Manaus.
1 – INTRODUÇÃO
1.1 - A dinâmica populacional como base para o manejo pesqueiro
A pesca é uma atividade de exploração de estoques de animais selvagens que vivem
em seu ambiente natural (Gulland, 1983). Os recursos vivos são renováveis, mas limitados,
e a avaliação de estoques pode ser descrita como a procura do nível de explotação que, a
longo prazo, produza o máximo de captura em peso (Sparre e Venema, 1997).
Sendo explotador destes recursos naturais, o homem deve avaliar níveis de extração
que permitam a sustentabilidade da atividade, o que parte usualmente do uso de métodos de
estudos populacionais. Estes são usualmente desenvolvidos com o objetivo de estimar
parâmetros como taxas de crescimento, mortalidade, fecundidade, idade de primeira
maturação, comprimento assintótico, utilizados pela grande maioria dos modelos de
avaliação de estoques (Mateus, 2003).
O uso de modelos implica em simplificações da realidade. O grau de simplificação de
um modelo indica sua aplicabilidade e sua capacidade de fazer predições. Um modelo pode
ser simples como uma equação com apenas uma variável, ou complexo como um algoritmo
de computador com milhares de linhas (Akçakaya et al., 1999). Além disto, a maioria dos
modelos populacionais está baseado na suposição de que os parâmetros são estacionários,
isto é, mesmo que variem, não mudam sistematicamente no tempo (Forgarty et al., 1991).
A maioria das principais espécies explotadas pela pesca comercial são usualmente
conhecidas em termos biológicos, mas pouco se sabe sobre similaridades ou
44
dissimilaridades populacionais, ou de estoques pesqueiros (Bayley e Petrere, 1989; Batista,
2001).
Paralelamente, em se tratando de recursos pesqueiros economicamente importantes, o
grande objetivo da investigação pesqueira é embasar o estabelecimento de regras para sua
explotação racional, através do conhecimento da dinâmica das populações. No entanto, para
que reações correspondentes ao tratamento (regulamentação) possam ser interpretadas, é
preciso discriminar se a espécie é formada de uma ou mais unidades populacionais, que
apresentam valores próprios para os diferentes parâmetros biológicos (Fonteles-Filho,
1989), o que também é necessário considerar para a Amazônia, onde a biologia e ecologia
da maioria das espécies explotadas pela pesca comercial são apenas razoavelmente
conhecidas e pouco se sabe se os indivíduos destas são pertencentes a uma mesma unidade
de administração pesqueira ou a várias (Bayley e Petrere, 1989; Batista, 2000). Neste
contexto, há falta de uma análise comparativa da dinâmica entre as diferentes áreas de
ocorrência, sendo destaque na Amazônia as calhas dos grandes rios, o que dificulta a
determinação de uma estratégia de manejo adequada para recursos pesqueiros da região
(Batista, 2000).
1.2 - A dinâmica populacional de Brycon amazonicus
Apesar da grande importância que a matrinxã (Brycon amazonicus) representa na
explotação pesqueira no Estado, considerada a quinta espécie mais comercializada em
Manaus (Batista, 1998), poucos são os trabalhos relacionados à dinâmica populacional da
espécie. Destaque para os estudos realizados por Villacorta-Correa, (1987), que, utilizou
estruturas rígidas para determinação de parâmetros de crescimento e de Batista (2000) que,
45
a partir de dados de desembarque pesqueiro estimou o estado de explotação da espécie,
contudo usando os parâmetros estimados por Villacorta-Correa (1987). Informações bio-
ecológicas sobre essa espécie também foram determinadas pelos trabalhos realizados por
Goulding (1979 e 1980) e Zaniboni (1985).
Os problemas relacionados com a avaliação da pesca na Amazônia são decorrentes do
desconhecimento sobre a produção total; da complexa interação entre as diferentes classes
de pescadores; dos numerosos tipos de pescaria; da grande diversidade de peixes; da
heterogeneidade ambiental; e da atual ameaça de sobrepesca que alguns estoques já estão
sofrendo (Barthem & Petrere, 1995). Estoques pesqueiros, como os da piramutaba,
(IBAMA, 1994; Barthem & Petrere, 1995), do tambaqui, (Merona & Bittencourt, 1988;
Isaac & Ruffino, 1996); do jaraqui (Vieira, 1999; Batista, 2000) e também do pirarucu
(Arapaima gigas) já tem demonstram sinais de sobre-explotação. Outras espécies aquáticas
como o peixe boi (Trichechus inunguis) e a tartaruga (Podocnemis expansa), já explotadas
intensamente desde o século passado pelas comunidades indígenas tradicionais (Veríssimo,
1895), encontram-se sobre-explotadas. Estudos recentes demonstraram a sobrepesca do
jaraqui no subsistema Negro (Vieira, 2003). Esta autora demonstrou preocupação com a
situação dos caraciformes migradores de importância socioeconômica, como jaraquis,
curimatá, pacus e matrinxã (Brycon amazonicus) entre outros que, mesmo sendo r-
estratégistas, estão sujeitos a elevação do esforço de pesca.
1.3 - Justificativa
Nos estudos realizados por Villacorta-Correa (1987), realizados com exemplares
provenientes do Baixo rio Negro e Baixo rio Solimões, adquiridos em coletas
46
experimentais, foram identificadas 6 fases migratórias, proporção sexual 1:1, e formação de
dois anéis de crescimento em escamas. Estes anéis foram, atribuídos pela autora a um ritmo
de crescimento endógeno e foram traçadas curvas de crescimento em comprimento e em
peso para machos e fêmeas pelo método direto e pelo retrocálculo. Batista (2000), realizou
estudos com a espécie, utilizando dados de freqüência de comprimento, dos sub-sistemas
Purus, Madeira e Solimões, dos anos 1994 a 1996, contudo considerou todos os peixes
pertencentes a uma mesma unidade populacional, concluindo que a variação na produção
da espécie esteja relacionada com as variações interanuais dos níveis de cheia nos rios da
região. A despeito do estado de explotação, Batista (2000) salienta que, apesar da
magnitude do desembarque que ocorre anualmente em Manaus, está espécie não se
encontrava sobre-explotada para os sub-sistemas estudados.
A estimativa correta dos parâmetros de crescimento, associada às taxas de
mortalidade natural e por pesca, são ferramentas fundamentais utilizadas na construção de
modelos quantitativos que podem reconstruir a história do estoque e da atividade pesqueira,
permitindo predizer o efeito de mudanças no estoque ou no rendimento pesqueiro em
função das medidas propostas para o manejo (Gulland, 1983; Hilborn & Walters, 1992;
Sparre & Venema, 1997).
O grande objetivo das pesquisas sobre recursos pesqueiros economicamente
importantes é embasar tecnicamente o estabelecimento de regras para sua explotação
racional, através do conhecimento da dinâmica das populações componentes (Fonteles-
Filho, 1989; Hilborn & Walters, 1992; King, 1995).
Estudos relacionados a freqüências de crescimento utilizando dados de desembarque
pesqueiro são de baixo custo em relação à coleta de estruturas rígidas e marcação e
recaptura, e podem embasar dados preliminares para estudos iniciais de dinâmica de
47
populações de espécies explotáveis. É de fundamental importância estimar as
características populacionais para a espécie nas suas diferentes áreas de explotação, pois,
dessa maneira poderemos subsidiar ações mais eficazes para o manejo da espécie,
procurando garantir a sustentabilidade deste recurso, considerando as peculiaridades do
ambiente e dos explotadores locais. Isto colabora para o estabelecimento da gestão
pesqueira na região e o manejo adequado da espécie a cada sub-sistema, considerando as
diferenças sazonais e sua dinâmica de vida.
1.4 - Objetivos
1.4.1 - Objetivo Geral
Determinar as características populacionais da matrinxã (Brycon amazonicus) para
os sub-sistemas Purus, Madeira, Médio Solimões e Baixo Solimões, como base para
pesquisas de identificação de unidades populacionais, a fim de contribuir para ações de
manejo e a sustentabilidade do recurso.
1.4.2 - Objetivos Específicos.
- Analisar a distribuição de freqüência de comprimento da matrinxã nos sub-
sistemas estudados.
- Estimar os parâmetros de crescimento e mortalidade.
- Estimar o rendimento por recruta para cada sub sistema.
- Avaliar o estado atual de explotação por sub-sistemas.
- Sugerir estratégias de manejo pesqueiro para a espécie.
48
2 – MATERIAL E MÉTODOS
2.1 – Área de estudo
Foram considerados dados de matrinxã provenientes da calha dos rios Purus,
Solimões e Madeira.
Figura 27 – Sub-Sistemas da Amazônia Central explotados pela frota pesqueira de Manaus
que explota a matrinxã e analisados neste trabalho.
2.2 - Coleta de dados
As informações de desembarque foram obtidas no banco de dados do Programa
Integrado de Recursos Aquáticos e da Várzea – PYRÁ, da Universidade Federal do
Amazonas por meio de entrevistas efetuadas por coletores contratados pelo Projeto
49
“Estatística Pesqueira”, no porto de desembarque de pescado de Manaus (Panair ou
Adolpho Lisboa), no período entre janeiro de 1994 a dezembro de 2002.
Durante o desembarque do pescado, foram efetuadas medidas de comprimento furcal
(CF, cm), ou seja, distancia do focinho até a forquilha da nadadeira caudal (Ricker, 1979),
de exemplares de matrinxã (Brycon amazonicus = Brycon cephalus), selecionados
aleatoriamente, registrando-se o local de origem do pescado. Os coletores foram orientados
a obter um mínimo de 30 medidas por noite, durante 10 dias por mês, buscando totalizar
pelo menos 300 medidas por mês. O número de exemplares amostrado por embarcação foi
definido a cada noite, de forma a obter dispersão espacial e temporal das amostras, visando
aumentar a representatividade da coleta.
Os dados foram agrupados mensalmente, em classes de comprimento de 2 cm para
obter cerca de 15 a 20 classes para as análises.
2.3 - Analise de dados
Foram selecionados as seqüências de anos para os sub-sistemas de rio estudados com
dados de comprimento furcal registrados, sendo adotado o período entre janeiro de 1998 e
dezembro de 1999 para estimação dos parâmetros de crescimentos.
2.3.1 - Distribuição de freqüência e estatística descritiva
As distribuições de freqüências de comprimento furcal de Brycon amazonicus foram
analisadas em classe de 2 cm de comprimento, com o comprimento mínimo de 20 e
máximo de 52 cm. Foram calculados comprimento mínimo (Lmin), comprimento máximo
50
(Lmax), comprimento médio (Lmédio), desvio padrão (DP), variância e coeficiente de
variação da amostra (CV) para cada sub-sistema estudado.
2.3.2 – Comprimento assintótico (L∞∞∞∞) e taxa de crescimento (k)
Para calcular os parâmetros, foi usado primeiramente a rotina de busca de valores de
k do programa FISAT (FAO-ICLARM, 1996), a qual estima a aderência da curva de
crescimento de Von Bertallanfy (CCVB) aos dados de freqüência de comprimento durante
o período avaliado. O comprimento máximo foi estimado também para estabelecer pontos
referenciais. Estabelecidos os pontos de partida para cálculo dos referidos parâmetros, foi
utilizada a rotina “response surface” ou seja, análise da superfície de resposta do ELEFAN,
inserida no programa FISAT, para obter os valores de L∞ e k.
Nesta avaliação, levando em consideração a variação sazonal de cada sub-sistema,
foi calculado o WP (winter point, ou ponto de inverno), obtido de acordo com os dados de
Incremento Marginal Relativo (IMR) estimado por Villacorta–Correa, (1987), a qual
atribuiu a espécie dois pontos de diminuição no ritmo de crescimento entre os meses
fevereiro-março e julho-agosto para o Rio Negro, sendo que destes o menor índice de
crescimento foi considerado o período entre julho-agosto, o período de vazante do rio
Negro. Sendo assim, neste trabalho foi estabelecido, que o WP para os sub-sistemas
estudados foram estimados, levando em consideração o período de vazante, de cada Sub-
sistema, de acordo com a formula:
WP = ndv/365
ndv – numero de dias até a vazante de acordo com o ciclo hidrológico.,
51
A variável C (oscilação de crescimento) foi estabelecida de acordo com a variação
de temperatura entre os períodos de enchente-cheia e vazante-seca, adaptado de Vianna e
Veroni (2002), para valores locais.
Quando um modelo é usado pra descrever o crescimento em comprimento, podemos
comparar a performance de crescimento, através de ∅’. Assim ∅’ pode ser usado para
identificar erros na estimativa de parâmetros de crescimento, porém deve somente ser
usado para comparar a performance de peixes de mesma espécie ou de formas similares. As
análises preliminares sugerem que o coeficiente de variação (CV) de ∅’ para vários
estoques de uma mesma espécie não deveria exceder 5 % (Gayanilo e Pauly, 1994).
O valor de ∅’ foi estimado conforme a expressão abaixo (Pauly e Munro, 1984).
∅’ = log10(k) + 2log10(L∞)
A estimativa de t0 foi obtida pela relação empírica de Pauly (1983):
Log (-t0 ) = -0,322 – 0,2752 *Log (L∞) – 1,038 * Log (k)
O modelo de von Bertalanffy (Bertalanffy, 1938) foi utilizado para o ajuste da curva
de crescimento para os dados de comprimento. Esta equação modificada por Beverton &
Holt (1957) pode ser escrita como segue:
L(t) = L∞[1 – exp{-k(t – to)+Sts + Sto}]
Onde;
Lt – comprimento na idade t
L∞ - comprimento assintótico
k – coeficiente de crescimento
to – idade teórica em que o comprimento é zero
C - Amplitude variando de 0 até 1;.
52
ts - “ponto de verão”, a época de maior crescimento variando de 0 até 1.
Sts – (CK/2π)*sen(2π(t-ts))
Sto - (CK/2π)*sen(2π(to-ts))
2.3.3 - Mortalidade
2.3.3.1 - Mortalidade Total
A mortalidade total foi estimada pela equação de Beverton e Holt (1956).
Z = K(L∞ - Lmédio) / (Lmédio - L’)
onde:
Z = Estimativa do coeficiente instantâneo de mortalidade total
K = Coeficiente de crescimento
L∞ = comprimento assintótico
Lmédio = Comprimento médio dos peixes capturados
L’= Comprimento de recrutamento
2.3.3.2 - Mortalidade natural
A mortalidade natural foi obtida pela aplicação do seguinte método proposto por:
Pauly (1983) para peixes de cardume:
M’ = 0,8 e (-0,0152 – 0,279*ln(L∞) + 0,6543*ln(K) + 0,463*ln (T) onde:
T = temperatura média anual na superfície da água.
53
2.3.3.3 - Mortalidade por pesca
A mortalidade por pesca foi estimada como a diferença entre a taxa instantânea de
mortalidade total (Z) e a taxa instantânea de mortalidade natural (M).
F = Z – M
2.3.4 - Idade de recrutamento á pesca (Tr) e de primeira captura (Tc)
A idade de recrutamento (Tr) foi estimada a partir do comprimento médio de
recrutamento (Lr), que indica o tamanho no qual 50% dos indivíduos jovens que ingressam
na área de pesca estão passiveis de captura pelos aparelhos de pesca. As proporções foram
ajustadas ao modelo logístico de forma sugerida por King (1995):
Lr = 1/[1 + exp(-b*(Li-(-a/b)))]
Onde:
Lr = comprimento médio de recrutamento
Li = comprimento do intervalo de classe
a e b = constantes do ajuste linear entre os comprimentos (intervalo
de classe) e o logaritmo da proporção (P) entre o número de
peixes jovens/numero de peixes adultos: Ln((1-P)/P)
2.3.5 – Rendimento por recruta de Berveton e Holt
O rendimento por recruta foi estimado pelo modelo de Beverton e Holt (1957) sendo:
54
Y/R – rendimento por recruta
Tc – idade de 1ª captura
Tr – idade de recrutamento
W∞ - peso assintótico do corpo
S – e [-k(Tc – To)]
to – parâmetro do modelo de Von Bertalanffy
2.3.6 - Biomassa média por recruta
A biomassa média por recruta foi estimada a partir da equação de Beverton e Holt
(apud Sparre & Venema, 1997).
Para a análise do rendimento por recruta foram traçadas várias curvas com diferentes
coeficientes de mortalidade natural, o que permitirá avaliar os efeitos da variação deste
coeficiente nos resultados de rendimento por recruta. Este cuidado é importante devido à
falta de dados mais adequados e às dificuldades inerentes à obtenção de estimativas deste
coeficiente (Sparre & Venema, 1997). Foram também efetuadas curvas para diferentes
comprimentos de recrutamento pleno (Cr), para facilitar a comparação entre as condições
atuais e algumas alternativas de tamanho de recrutamento pesqueiro, assumindo que a
mortalidade natural se manteria constante.
1 B/R = -------- (Y/R) F
1 3S 3S2 S3 Y/R = F exp[- M (Tc – Tr)] W∞ ( ------- - -------- + -------- - -----------) onde
Z Z + k Z + 2k Z + 3k
55
As medidas diárias do nível dos rios foram obtidas para todo o período com dados
cedidos pela Agência Nacional de Águas (ANA) para as seguintes estações: Borba (4°23’S;
59°36’W); Beruri (2°00’S; 61°32’W); Manacapuru (3°19’S; 60°35’W); São Paulo de
Olivença (3°28’S; 68°45’W); Humaitá (7°30’S; 63°01’W); Manicoré (5°49’S; 61°18’W);
Canutama (6°32’S; 64°19’W) e dados cedidos pelo Sistema Nacional de Portos e Hidrovias
(SNPH) e Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) para o porto de Manaus
(3°08’S; 60°00’W);
3 - RESULTADOS
3.1 – Distribuição de freqüências de comprimento e estatísticas descritivas.
Analisando as medidas de comprimento furcal (LF) registradas, observa-se que o
matrinxã do rio Purus apresentou os maiores coeficientes de variação (CV) e o menor foi o
do Médio Solimões (Tabela 6). Comparando o comprimento furcal médio (Lmédio) dos
quatro sub-sistemas estudados, não encontramos diferença significativa (P>0,05).
Tabela 6. Comprimento Furcal (CF, cm) para matrinxã dos anos 1998-1999 do Rio Purus
(DP – Desvio Padrão; CV – Coeficiente de Variação)
1998-1999 Purus Madeira Baixo Solimões
Médio Solimões
N 2510 1560 561 820
Lmin 20 20 16 20
Lmáx 52 50 38 40
Lmedio 33,4 34 30,1 31,3
DP 4,19 3,31 2,9 2,8
Variância 15,0 11 8,62 7,85
CF (cm)
CV(%) 12 9,7 9,7 8,9
56
Figura 28. Comparação da distribuição de freqüência de comprimento da matrinxã entre
1994-2002 nos sub-sistemas estudados.
3.2 - Estimativa dos Parâmetros de Crescimento
Foram estimados os parâmetros de crescimento para a matrinxã (Brycon amazonicus),
nos 4 sub-sistemas estudados (Tabela 7) e estão apresentados na Figura 30.
As estimativas de parâmetros de crescimento, considerando as variações de fatores
como ciclo hidrológico e temperatura, apresentam indícios da existência de diferenças entre
os sub-sistemas Purus, Madeira e os Sub-sistemas Baixo-Médio Solimões, indicando haver
3 unidades populacionais.
Tabela 7. Estimativas de parâmetros populacionais para matrinxã nos 4 sub-sistema,
considerando a sazonalidade.
Sub-sistema L∞∞∞∞(cm) k(ano) to(ano) C WP ∅∅∅∅’
Purus 51,0 0,57 -0,539 0,29 0,46 3,171
Madeira 51,10 0,72 -0,644 0,29 0,46 3,274
Baixo Solimões 43,20 0,54 -0,494 0,29 0,66 3,003
Médio Solimões 46,90 0,43 -0,4014 0,29 0,66 2,976
-100
0
100
200
300
400
500
600
21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Classes de comprimento
freq
uen
cia
F(j) Purus F(j) Madeira
F(j) Medio Sol F(j)Baixo Sol
57
Figura 29. Distribuição de freqüências de comprimento do sub-sistema Purus (a), Madeira
(b), Baixo Solimões (c) e Médio Solimões (d) dados de 1998 e 1999, estando
plotada a CCVB.
(a)
(b)
(d
(c)
58
As curvas de crescimento de Von Bertallanfy (CCVB sazonais), foram plotadas na
Figura 30, apresentando similaridades entre os sub-sistemas do Solimões (baixo e médio),
que diferem dos demais (Purus e Madeira), indicando haver curvas distintas para os sub-
sistemas Purus, Madeira e Solimões.
Figura 30. Curvas de crescimento de Von Bertallanfy considerando a sazonalidade dos 4
sub sistemas estudados.
3.3 – Mortalidade
Os parâmetros utilizados para o cálculo da mortalidade total e natural encontram-se
na Tabela 8, sendo que o tamanho de recrutamento pleno adotado foi de 25 cm para Purus,
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10
idade (anos)
com
prim
ento
(cm
)
CCVB Purus CCVB Madeira CCVB Médio Solimões CCVB Baixo Solimões
59
Baixo e Médio Solimões e de 27 cm para o Madeira, L’ foi 20 cm e a temperatura média
utilizada foi de 28 0C (INPA/PPG7, 1999).
As estimativas de mortalidade calculadas (Tabela 8) indicaram que dos sub-sistemas
de rios estudados, o matrinxã do rio Madeira apresentou maior mortalidade total (Z),
enquanto que o Médio Solimões apresentou a menor. Em relação às estimativas de
mortalidade natural (M), o matrinxã do Madeira apresentou o maior valor e o menor foi
apresentado pelo matrinxã do Médio Solimões. As estimativas de F variaram entre o maior
valor de 0,52 para o Madeira e o menor valor de 0,14 para o Purus.
Tabela 8. Estimativas de mortalidade total, natural e por pesca, para os 4 sub-sistemas
estudados.
Sub-Sistema
Mortalidade Total
(Z ano-1)
Mortalidade Natural
(M ano-1)
Mortalidade por Pesca
(F ano-1)
Taxa de Explotação
(E ano-1)
Purus 1,20 1,06 0,14 0,12
Madeira 1,76 1,24 0,52 0,30
Baixo Solimões 1,39 1,07 0,32 0,23
Médio Solimões 1,06 0,90 0,16 0,15
Comparando-se os valores estimados para taxa de explotação (E) para os sub-sistemas
estudados, obtivemos que os sub-sistemas Madeira e Baixo Solimões obtiveram uma taxa
de explotação mais elevada, seguidos por Médio Solimões e por último o Purus, que apesar
da grande captura, mostra nesse estudo menor taxa de explotação.
60
Desse modo, considerando a relação existente entre F e Z, e de acordo com os dados
registrados e analisados, podemos concluir que os estoques de matrinxã do Madeira e Baixo
Solimões, estão sendo submetidos, possivelmente, à maior pressão pesqueira do que os
estoques do Médio Solimões e Purus (Figura 31). Ainda assim, tais índices sugerem que
estas unidades populacionais ainda encontram-se sub-explotadas.
Figura 31. Porcentagem de mortalidade natural (M) e por pesca (F), para os estoques de
matrinxãs dos sub–sistemas: Purus, Madeira, Baixo Solimões e Médio Solimões.
3.4 – Rendimento e biomassa por recruta
Para efeito de comparação entre os sub-sistemas estudados, foi avaliado o rendimento
por recruta em função de F e para diferentes valores de M e Cr utilizando os parâmetros
calculados para cada sub-sistema, o que é indicado a seguir.
0
20
40
60
80
100
120
Purus Madeira Baixo Solimões Médio Solimões
Sub-sistemas
% d
e Z
M F
61
3.4 1 - Purus
Para a mortalidade natural de 1,06 ano-1 e mortalidade por pesca de 0,13 ano-1,
obteve-se um rendimento máximo sustentável de 39,84 g. Comparando o rendimento por
recruta para diferentes M, foi observado que quanto menor for a mortalidade natural (M),
maior foi o rendimento pesqueiro.
Comparando o rendimento por recruta para diferentes tamanhos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr) (Figura 32), e mantendo a mortalidade natural (M) constante em 1,06
ano-1,(Figura 33) nota-se que as curvas Cr=20 cm CF e Cr=25 cm CF, tem um rendimento
maior.
Figura 32.Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Purus contra
a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr), ( indica o estado atual do estoque)
0
50100
150200
250300
350400
450
0 1 2 3 4
F
Y/R
Cr 29 Cr 25 Cr 20 Cr 34
62
Figura 33. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Purus
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de mortalidade natural
(M). ( indica o estado atual do estoque)
3.4.2 – Madeira
Para a mortalidade natural de 1,24 ano-1, e mortalidade por pesca de 0,52 ano-1,
obtivemos um rendimento máximo sustentável de 150,39 g. Comparando o rendimento por
recruta para diferentes M, quanto menor for a mortalidade natural (M), maior será o
rendimento pesqueiro (Figura 34).
0
100
200
300
400
500
600
700
0 1 2 3 4
F
Y/R
M 1,06 M 0,5 M 1,5 M 2,5
63
Figura 34. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Madeira
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de mortalidade natural
(M) ( . indica o estado atual do estoque).
Comparando o rendimento por recruta para diferentes tamanhos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr), e mantendo a mortalidade natural (M) constante em 1,24 ano-1, nota-
se que as curvas Cr=25 cm CF e Cr=29 cm CF, e tem-se um rendimento maior. Sendo que
curva CR =21, tende a entrar em declino mais rápido (Figura 35).
0
100
200
300
400
500
600
0 1 2 3 4
F
Y/R
M 1,24 M 0,6 M 1,5 M 2
64
Figura 35. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Madeira
contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr). ),( . indica o estado atual do estoque)
3.4.3 – Baixo Solimões
Para a mortalidade natural de 1,07 ano-1, e mortalidade por pesca de 0,32 ano-1,
tivemos um rendimento máximo sustentável de 45,54 g (Figura 36). Comparando o
rendimento por recruta para diferentes M, vimos que para M = 0,6 o rendimento foi maior.
Figura 36. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Baixo
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de
mortalidade natural (M). ),( . indica o estado atual do estoque)
0
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
2 5 0
3 0 0
3 5 0
0 1 2 3 4
F
Y/R
C r 2 1 C r 2 5 C r 2 9 C r 3 1
0
5 0
1 0 0
1 5 0
2 0 0
2 5 0
0 1 2 3 4
F
Y/R
M 1 ,0 7 M 0 ,6 M 1 ,5 M 2
65
Comparando o rendimento por recruta para diferentes tamanhos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr), e mantendo a mortalidade natural (M) constante em 1,07 ano-1, nota-
se que as curvas Cr=17 cm CF e Cr=20 cm CF, e tem-se um rendimento bom, contudo
tende a decréscimo de rendimento se aumentado F, e para um CR =23 cm CF, tende a um
rendimento pesqueiro maior (Figura 37).
Figura 37. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no sub-sistema Baixo
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de
recrutamento pesqueiro pleno (Cr). ),( . indica o estado atual do estoque)
3.4.4 – Médio Solimões
Para a mortalidade natural de 1,06 ano-1, e mortalidade por pesca de 0,16 ano-1,
obtivemos um rendimento máximo sustentável de 41,8 g. Comparando o rendimento por
recruta para diferentes valores de Mortalidades Natural (M), que para um M= 0,5 o
rendimento é alto, mas que pode sofrer diminuições de rendimento com o aumento de F.
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4
F
Y/R
Cr 17 Cr 20 Cr 23 Cr 33
66
Figura 38. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Médio
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes valores de
mortalidade natural (M), ( . indica o estado atual do estoque).
Comparando o rendimento por recruta para diferentes tamanhos de recrutamento
pesqueiro pleno (Cr), e mantendo a mortalidade natural (M) constante em 1,06 ano-1, nota-
se que as curvas Cr=18 cm CF e Cr=20 cm CF, e tem-se um rendimento menor que Cr=25
cm CF e Cr=29 cm CF, indicando que o CR atual está adequado para a espécies
considerando os pressupostos do modelo.
Figura 39. Curvas de rendimento por recruta (Y/R) da matrinxã no Sub-sistema Médio
Solimões contra a mortalidade por pesca (F) para diferentes comprimentos de
recrutamento pesqueiro pleno (Cr), ( indica o estado atual do estoque).
0
20
40
60
80
100
120
0 1 2 3 4
F
Y/R
Cr 18 Cr 20 Cr 25 Cr 29
0
50
100
150
200
250
0 1 2 3 4
F
Y/R
M 1,06 M 0,5 M 1,5 M 2
67
Assim, temos que todos os sub-sistemas estudados indicam valores do rendimento
máximo por recruta (Y/Rmáx) aumentado quando assumidos valores mais baixos de M. O
F máximo foi sempre superior ao estimado para os atuais níveis de explotação de matrinxã,
indicando, sub-explotacão para a espécie para todos os sub-sistemas, considerando o
objetivo de obter rendimentos maximizados. Os valores mais próximos ao Y/Rmáx, foram
apresentados no Madeira seguido pelo Purus.
68
4 – DISCUSSÃO
4.1 - Dados de desembarque pesqueiro
A base ideal para avaliação de estoques pesqueiros é ter dados representativos do
estoque. Embora na prática ainda não seja possível obter dados com esta qualidade na
região, deve ser o objetivo de qualquer programa de amostragem de dados de uma pescaria,
a obtenção de amostras adequadas, as quais, porém requere altos investimentos em longo
prazo em termos de pessoal e despesas em geral (Sparre e Venema, 1997), o que raramente
é viável em países em desenvolvimento.
Na amostragem de capturas comercias, Sparre e Venema (1997), destacam a
importância de se conhecer aspectos da pescaria, como por exemplo, área de distribuição da
espécie, tipos de embarcação que a explotam e também os principais apetrechos utilizados.
Nos últimos quatro anos foi promovida uma padronização para a coleta de dados de
pesca entre as principais instituições que realizam coleta de dados na Amazônia, a fim de se
poder analisar dados similarmente em toda a extensão da calha do Solimões-Amazonas
(IBAMA, 2002). A padronização é salutar, pois permite a avaliação de estoque que
realizam migrações e também tem efeito comparativo com outras populações explotadas
em diferentes sub-sistemas amazônicos, podendo viabilizar que futuras ações de manejo
sejam interestaduais ou mesmo internacionais.
Na região Amazônica, principalmente no que concerne a matrinxã, para se obter
informações mais adequadas, excursões de pesca teriam que ser efetuadas, com intuito de
coletar indivíduos de menor porte que não aparecem no desembarque, pois os mesmos não
são alvo da pesca efetuada com redinha, e coletar indivíduos no período de entressafra. Tais
coletas teriam que ser realizadas nas cabeceiras dos tributários, poços, corredeiras e
69
igarapés com apetrechos como malhadeira, linha e anzol, e tal procedimento acrescenta
custos a pesquisa. Este autor acredita que a coleta de material biológico nos principais
portos de desembarque também se faz necessária, a fim de que se possa estimar parâmetros
de crescimento a partir de estruturas rígidas e realizar comparações genéticas entre
indivíduos procedentes de diferentes sub-sistemas.
4.2 - A explotação de recursos pesqueiros
A pesca é uma atividade humana que existe em um ambiente multidisciplinar com
implicações ecológicas, sociais e tecnológicas. Avaliações de estoque convencionais
enfocam aspectos ecológicos e as vezes, econômicos da pesca. A avaliação da pesca
considerando todos os itens acima mencionados é fundamental para tomada de decisões
sustentáveis e efetivas (McGoodwin, 1990 apud Pitcher e Preikshot, 2001).
Os estudos de avaliação do nível de explotação de estoques pesqueiros é uma
importante ferramenta para o manejo da pesca e, a partir de cálculos matemáticos e
estatísticos, propicia previsões sobre os estoques pesqueiros explotados, apontando as
diferentes opções do manejo (Hilborn e Walters, 1992). Um estoque pesqueiro a ser
administrado pode ser definido como um grupo de indivíduos da mesma espécie, que
apresentam os mesmos parâmetros populacionais, tais como taxas de mortalidade,
crescimento, características fisiológicas e habitam a mesma área geográfica (Sparre et al.,
1989).
No desembarque pesqueiro em Manaus, o gênero Brycon é representado por duas
espécies B. amazonicus (matrinxã) e B. melanopterus (jatuarana), entretanto, os pescadores
70
conseguem diferenciar as duas espécies, (Batista com. pess) ademais os seus cardumes não
se misturam normalmente, fato que contribuiu para está avaliação.
Sob condições de equilíbrio, o crescimento líquido de um estoque não explorado é,
em média, igual à zero, isto é, todo o recrutamento e o crescimento (ganho em biomassa)
são contrabalançados pela mortalidade natural (perda de biomassa). Este é um estoque
virgem e, portanto, encontra-se na maior biomassa que o ecossistema comporta, a biomassa
virgem ou máxima, que corresponde a sua capacidade de suporte (K) no ambiente.
Com a pesca, o equilíbrio pende em direção à remoção e, ocasionalmente, o estoque
pode ser reduzido até sua extinção comercial. No entanto, mais freqüentemente, um novo
equilíbrio é estabelecido, pois a diminuição da abundância do estoque resulta em uma
maior taxa de recrutamento, ou numa maior taxa de crescimento ou em uma redução da
mortalidade natural, através de mecanismos compensatórios, caso que sugerimos tenha
ocorrido no Madeira, com taxa de crescimento alta, indicando que a espécie tem poder de
resposta a explotação pesqueira, fato que pode ser comprovado futuramente se as outras
unidades derem a mesma resposta ao aumento de explotação, ou ao contrario que as
respostas a diminuição de explotação melhor aceita por esta população no momento, visto a
sua alta taxa de crescimento, possa recuperar-se num menor espaço de tempo.
Portanto, com a pesca ocorre um aumento da produção do estoque, criando-se um
excedente (quantidade de biomassa produzida, além daquela necessária para a reposição)
que pode ser explotado (Ricker, 1975; Pitcher e Hart, 1982; Hilborn e Walters, 1992).
Recursos pesqueiros ameaçados têm em comum o fato de serem muito apreciadas
para consumo por terem boa aceitação perante aos consumidores locais. Além de serem
explotadas muito intensamente, várias espécies possuem uma baixa taxa de crescimento, de
maneira que a reposição dos seus estoques adultos é relativamente demorada. As altas taxas
71
de crescimento da espécie é um fator favorável ao manejo, pois as medidas restritivas a sua
captura no período e local adequado poderão surtir efeito positivo em curto prazo.
Um dos primeiros sinais do efeito da pesca é a diminuição da abundância dos
exemplares maiores e a captura de indivíduos cada vez mais jovens e menores. Isto gera a
sobrepesca de crescimento, a qual acontece quando as mortes causadas pela captura
excessiva impedem o adequado aproveitamento da capacidade de crescimento dos
indivíduos da população, ou seja, os peixes são capturados antes que possam crescer o
suficiente, contribuindo substancialmente à biomassa do estoque (Isaac e Barthem, 1995).
Para que se possa estabelecer estratégias de manejo é fundamental a identificação da
existência de uma ou mais unidades de estoque, que corresponderão às unidades de manejo.
Para o estudo em questão, foram identificados 3 possíveis unidades populacionais (Purus,
Madeira e Solimões), e os seus principais pesqueiros, facilitando aos gestores negociarem
com os usuários do sistema, decisões acerca da explotação desse recurso.
Entretanto, não é raro que as capturas efetuadas por uma frota sejam efetuadas em
mais de um estoque, sendo que os desembarques pesqueiros em Manaus podem se
enquadrar neste contexto. Os pescados ai desembarcados são originados de diversos sub-
sistemas distantes do centro comercial (Petrere, 1978a; Batista, 1998), que podem
apresentar unidades populacionais distintas (e.g. Madeira, Purus, Juruá e Javari), chegando
até os principais portos de desembarque, sem ser discriminado o local de captura e têm sido
incluídos em análises como sendo de uma única população (Freitas, 2004). A centralização
do desembarque em um terminal pesqueiro é uma reivindicação antiga do setor, o qual
poderia ser o local de centralização de informações da pesca.
72
4.3 - Estudos de crescimento
O termo crescimento significa mudança em magnitude, a qual pode ser representada
pela variação da dimensão física de um organismo (Weatherley e Gill, 1987).
Aproximadamente 7.000 espécies de peixes no mundo são usadas por seres humanos
para alimento, esporte, comércio de ornamentais ou têm sido ameaçadas pela degradação
ambiental. Entretanto, os parâmetros de história de vida tais como o crescimento e o
tamanho de primeira maturidade, que são importantes para gerenciamento dos estoques, são
conhecidos para menos de 2.000 espécies (Pauly, 2002).
O conhecimento do ritmo de crescimento dos peixes nas regiões alagáveis da
Amazônia Central é importante para viabilizar estimativas mais precisas do potencial
sustentável de produção pesqueira nesta região (Fabré e Saint-Paul, 1998). Tais
informações também podem ser aplicadas em piscicultura, para determinar a potencialidade
e a possibilidade lucrativa da criação de determinada espécie, pois esses conhecimentos nos
fornecem parâmetros de referência para avaliar o rendimento da produção (Villacorta-
Correa, 1997). Devemos considerar, neste contexto, o grande avanço da piscicultura nos
últimos anos, principalmente de espécies como a matrinxã, em tanques escavados,
barragens e canais de igarapé, que tem contribuído no abastecimento do mercado
consumidor de Manaus. Com isso, é necessário que as estações de pisciculturas locais
formem seus planteis de matrizes com espécimes oriundas de unidades populacionais que
possuam uma alta taxa de crescimento e atinjam um tamanho ótimo de mercado em curto
espaço de tempo, tendo assim planteis mais aptos a um bom rendimento na piscicultura.
Os trabalhos de crescimento de peixes na região têm sido efetuados tanto com
estruturas rígidas quanto com distribuições de freqüência de comprimento. Os trabalhos
73
com estruturas rígidas têm comprovado a existência de marcas periódicas bem definidas em
diversas estruturas calcificadas dos peixes como escamas, otólitos, espinhos e vértebras
(Villacorta-Correa, 1987; Welcomme, 1992; Oliveira,1997; Fabré e Saint-Paul, 1998;
Perez-Lozano, 1999; Vieira, 1999). Porém, estes estudos exigem recursos humanos,
materiais e de infra-estrutura em magnitude que não tem permitido seu uso continuado na
avaliação de estoques.
Alternativamente, países em desenvolvimento têm utilizado metodologia baseada em
distribuições de freqüência de comprimento para determinação do crescimento, cuja maior
virtude é de poder se basear em informações associadas à estatística pesqueira, o que
barateia seu custo e dá maior sustentabilidade operacional. Assim, é interessante
desenvolver a tecnologia de análise a partir destas informações e ter nos métodos baseados
em estruturas rígidas meios de calibração e verificação das interpretações das distribuições
modais.
As presentes análises foram efetuadas com a rotina ELEFAN (Eletronic LEngth
Frequency ANalysis), do programa FiSAT (Fish Stock Assessment Tools), o qual estima os
parâmetros L∞ e k da CCVB entre outros, a partir de dados de distribuição de freqüência
de comprimento de classes de comprimento.
O método se baseia na análise de progressão modal, onde várias amostras de
distribuição de freqüência de comprimento são dispostas seqüencialmente e as progressões
das modas servem para inferir sobre o crescimento (Longhurst e Pauly, 1987). Para ajuste
de modelo pressupõe-se que a equação generalizada de crescimento de Von Bertalanffy é
adequada, a qual contém os parâmetros C e WP, cuja oscilação é freqüentemente
relacionada à temperatura média do habitat de uma espécie (Pauly, 1998).
74
O acompanhamento e o monitoramento de índices fluviométricos, pluviométricos e de
temperatura, por sub-sistemas parece ser no futuro importante ferramenta para avaliação de
recursos pesqueiros na Amazônia, tais dados devem está disponibilizados por órgãos
competentes, afim de que se possam ser utilizados nas avaliações pesqueiras com
consideração sazonal. A influencia de cheias de anos anteriores na produção de matrinxã, é
um adendo que favorece a afirmação anterior, contudo este autor salienta que relacoes entre
nível de chuvas, crescimento e migrações podem ser reveladores acerca da estratégia de
vida da espécie.
4.4 - Avaliação da dinâmica populacional de matrinxã
Para a matrinxã, Goulding (1979), Zaniboni (1985), Villacorta-Correa, (1987),
Batista (2000) e Lima (2001) deram base ao conhecimento existente, abordando aspectos
de pesca, biologia reprodutiva, parâmetros de crescimento por meio de estruturas rígidas,
biologia pesqueira e revisão taxonômica, respectivamente.
Estudos relacionados aos movimentos migratórios da matrinxã no Rio Madeira e
baixo Rio Negro foram realizados por Goulding (1979) e Zaniboni-Filho (1985),
respectivamente. Villacorta-Correa (1987) determinou os parâmetros de crescimento
utilizando estruturas rígidas e Batista (2000) estudou a dinâmica da distribuição espacial e
nível de explotação nos sub-sistemas Purus, Madeira e Solimões.
Villacorta-Correa (1987) salienta a ocorrência de períodos em que as matrinxãs não
formam cardumes, encontrando-se dispersas no igapó ou alojadas em poços e corredeiras
dos tributários menores, ocassionando épocas críticas para a coleta desses peixes, pois
apesar de serem vistos, encontram-se menos vulneráveis à captura não seletiva. Já Batista
75
(2000) destaca que a explotação da espécie é complexa, estando relacionada ás
características de sua dinâmica de movimento, fazendo com que haja flutuações na
capturabilidade dos estoques dos diferentes sub- sistemas. Os dados de freqüência de
crescimento precisam ser acompanhados por dados biológicos adicionais da espécie em
estudo, visando ter uma amostra mais realista da população em estudo, no caso da
matrinxã, a captura de exemplares nos meses de sua falta no mercado, outubro a janeiro,
com diferentes apetrechos pode facilitar nos estudos futuros da espécie.
O uso de parâmetros da dinâmica estimados no passado para avaliação de populações
em anos correntes, como efetuado por Batista (2000), que usou parâmetros de crescimento
estimados por Villacorta-Correa (1987) para avaliar as populações de B. amazonicus para
os anos de 1995 e 1996 é útil, mas deve ser evitado por não considerar mudanças recentes
na dinâmica da espécie causadas pela própria pesca. Alternativamente, é importante
também utilizar metodologias que permitam o uso de dados atualizados nos modelos, o que
é viabilizado pela metodologia de acompanhamento do deslocamento de tamanho das
coortes para determinação de parâmetros de crescimento, através das distribuições de
freqüências de comprimento.
Comparando os parâmetros de crescimento estimados por Villacorta-Correa, (1987)
para o Baixo Rio Negro, seus afluentes e para o Baixo Solimões, vimos que os valores de k
entre 0,54-0,68 ano-1, estão dentro da amplitude dos valores obtidos no presente trabalho
(0,43-0,72 ano-1), o que fortalece a constatação de uma tendência de alto crescimento para a
espécie. Esse aspecto foi verificado para outros caraciformes migradores da Amazônia
como o jaraqui, que apresentou k de 0,50 ano-1 (Vieira, 1999) e a curimatã, com k de 0,46-
0,50 ano-1 (Oliveira, 1997). Por outro lado taxas de crescimento excepcionais como
apresentada para o Madeira (0,72 ano-1), não são típicas, pode ser devido a mecanismos
76
compensatórios de parte da população ou devido amostragem seletiva (pesca comercial) de
indivíduos grandes (Tabela 6, pág 55). O aumento de explotação no sub-sistema Madeira,
já foi observado por Goulding (1979) desde a década de 70, que pode ter gerado uma
diminuição dos estoques de Brycon amazonicus e induzido uma reação da população
através de mecanismos compensatórios, como maior taxa de recrutamento, ou redução da
mortalidade natural ou, ainda, uma maior taxa de crescimento.
Os comprimentos assintóticos (L∞) atestados por Villacorta-Correa, (1987) de 41-45
de CP (comprimento padrão), se mostram semelhantes aos estimado neste trabalho (43-51
CF (comprimento furcal), porém ainda devemos considerar neste caso a relação entre
comprimentos padrão e o furcal, o que permitiria que estes valores estejam ainda mais
próximos. Já nos estudos comparativos entre sub-sistemas de mortalidade e parâmetros de
crescimento, é notória a divisão entre o Purus, Madeira e o Solimões (baixo e médio),
dando indícios de unidades populacionais diferenciadas.
O valor do índice de performance de crescimento (∅∅∅∅’) ficou em torno de 3 para todos
os sub-sistemas avaliados, o que sugere uma satisfatória estimativa dos parâmetros de
crescimento, uma vez que para uma mesma espécie este índice não pode variar muito,
sendo que neste caso o CV foi de 3,2 % .
As curvas de crescimento plotadas para a espécie, mostram semelhanças entre os
trechos do Solimões (Baixo e Médio), mas diferenças destas com as curvas do Purus e
Madeira. Um problema no uso da metodologia do ELEFAN/FISAT é a falta de informação
da dispersão dos dados no ajuste do modelo (Rosemberg & Beddigton, 1987), o que não
permite testes estatísticos comparando as curvas. Entretanto, as curvas foram plotadas para
facilitar ao leitor analisar comparativamente e buscamos impressões de pesquisadores sobre
77
similaridades no crescimento a partir das curvas impressas. Como resultado, sugerimos que
existam três unidades populacionais, formadas pelos sub-sistemas: 1.Purus, 2.Madeira e
3.Solimões (Baixo e Médio) que devem, por precaução ser tratadas como estoques
distintos. Contudo, estas inferências requerem estudos adicionais com efeitos comparativos
com outros métodos de identificação de estoques, afim de que possam estabelecer
afirmações mais acuradas acerca das unidades populacionais na Amazônia Central.
Comparando as taxas de M estimadas por Batista (2000) entre 1,2-1,60 ano-1 e com
valores de 1,06-1,76 obtidos neste trabalho, temos indícios de estabilidade de médio prazo
na mortalidade natural. Cabe ressaltar que os valores de mortalidade estimados nesse
trabalho foram selecionados das estimativas mais conservadoras utilizando “Principio
Precautório”.
O modelo de rendimento por recruta descreve a situação atual do estoque e o
rendimento esperado, quando uma certa atividade pesqueira vem atuando por um longo
tempo, demandando que este modelo tenha alguns pressupostos, como por exemplo
condições de equilíbrio, que demandam uma análise conservadora.
Mateus e Estupiñàn (2002), utilizando modelo analítico, verificaram que o
rendimento máximo sustentável da piraputanga (Brycon microlepis), comercializada no
mercado do porto de Cuiabá, entre maio e outubro de 1996 e maio e outubro de 1997, ainda
não foi alcançado, concluindo que seu estoque não está sobre-explotado.
Isaac e Ruffino (1996), em estudos com o tambaqui (Colossoma macropomum)
através de analises de rendimento por recruta, verificando um excessivo esforço de pesca
sobre os recrutas, indicando sobrepesca de crescimento e recomendaram medidas restritivas
para captura da espécie.
78
Vieira, (2003), verificou sobrepesca de crescimento para ambas as espécies de jaraqui
(S. taeniurus e S. insignis) para a Amazônia Central, concordando com os trabalhos de
Batista (1999) o qual considera mais grave a sobrepesca sobre o jaraqui escama grossa (S.
insignis). O mesmo autor também analisou a curimatã e a matrinxã, não atestando
sobrepesca para as duas espécies.
Mateus e Petrere (2004), realizaram estudos de crescimento com estruturas rígidas e
identificaram 10 classes etarias para o pintado(Pseudoplatystoma corruscans), sendo
estimada sua curva de crescimento e a avaliação de Mortalidade Natural e Total foram
próximas, sendo que o calculo de rendimento por recruta indicou que esta espécie não
estava em sobre-pesca na época do estudo.
Para a Amazônia Central, Batista (2000), avaliando o nível de explotação de jaraqui,
curimatá e matrinxã não estimou valores de mortalidade total, natural e por pesca
separadamente para cada sub-sistema, acreditando haver uma única unidade populacional.
Comparando-se valores estimados para taxa de explotação (E) para os sub-sistemas
estudados, obtivemos que os sub-sistemas Madeira e Baixo Solimões obtiveram uma taxa
de explotação mais elevada, seguidos pelo Médio Solimões e por último o Purus, que
apesar da grande captura, mostra nesse estudo menor taxa de explotação.
Desse modo, considerando a relação existente entre F e Z, e de acordo com os
resultados obtidos, há um indicativo no presente estudo de que os estoques de matrinxã do
Madeira e Baixo Solimões estão sendo submetidos à maior pressão pesqueira do que os
estoques do Médio Solimões e Purus. Ainda assim, tais índices indicam que estas unidades
populacionais ainda encontram-se sub-explotadas. Porém, tais afirmações não podem servir
de adendo para que se aumente o grau de explotação, principalmente do sub-sistema Purus,
grande celeiro da produção pesqueira de matrinxã do Estado. Estudos comparativos, tanto
79
genéticos quanto de crescimento utilizando estruturas rígidas por sub-sistemas, são
necessários para que se possa fazer comparações e ai sim inferir sobre aumento ou não do
esforço no sub-sistema. Também se deve ter clareza na definição dos objetivos do uso da
espécie, sendo que rendimentos máximos provavelmente não são compatíveis com uma
pesca de subsistência importante ou mesmo com os propósitos sociais de uma pesca
artesanal com tantos pescadores e famílias envolvidas. Devemos sim considerar que estes
resultados são pontos referenciais (Caddy, 1996) a serem considerados na definição do
manejo da pesca da espécie.
Batista (2000) salienta que, apesar da magnitude do desembarque que ocorre
anualmente no Município de Manaus, esta espécie não se encontra em estado de sobre-
explotação para os sub-sistemas estudados. Apesar das estratégias e variações naturais que
favorecem a conservação da espécie (Batista, 2000) e tornam sua explotação difícil de ser
predita, outros fatores, como sua alta velocidade de crescimento, servem como ponto
positivo para a explotação manejada da espécie por sub-sistema.
A capacidade de sustentação de uma população perante a pesca é proporcional à sua
abundância e suscetibilidade de ser capturada, que por sua vez estão relacionadas às
estratégias de ciclo de vida utilizadas pela espécie (Vianna e Veroni, 2002). Ambientes
como os rios amazônicos são multi-especificos e complexos. Muitas espécies, tanto as alvo,
quanto as não alvo interagem entre si, com os pescadores de diferentes situações sociais e
com apetrechos de pesca, todos dentro de um ambiente abiótico (hidro-geomórfico)
dinâmico. Para sistemas de rios tropicais, são chaves as interações ecológicas multi-
especificas e a interação de vários grupos de pesca com moradores e comunidades (Jones,
2003).
80
Considerando que o declínio do estoque explotado é o “pecado capital” da
administração pesqueira, pois reflete a falência da política adotada (Pauly, 1983), Barthem
et al. (1997) sugerem um manejo para espécies migradoras que utilizam as várzeas em
parte de suas vidas. Durante sua fase jovem ou quando estão nas várzeas, podem ser
protegidas nos lagos ou áreas alagadas ao se adotar medidas restritivas. Isto permitiria
evitar a captura de indivíduos jovens, que fazem desse ambiente sua área de criação, e
evitaria a sobrepesca de crescimento, que pode ser um importante fator no declínio do
estoque de algumas espécies de valor comercial. Além disso, reservas de lagos
contribuiriam com a diminuição do esforço de pesca sobre os estoques em geral. Em apoio
a isto, as rotas migratórias devem ser definidas a fim de proteger os cardumes durante sua
saída dos lagos.
Já as espécies migradoras que habitam preferencialmente o canal do rio devem
necessitar de cuidados diferenciados, em face da extrema complexidade de seus
deslocamentos (Ruffino e Barthem, 1996).
81
4.5 - A sazonalidade e o crescimento.
De acordo com Lowe-McConnell (1999), a variação de fatores como temperatura,
disponibilidade de oxigênio e nível do rio, entre outros, certamente influenciam em algum
momento no crescimento dos peixes.
Merona (1990), em dois estudos de casos de pesca amazônica, mostrou alta variação
sazonal, bem como intersazonal da produção, que não estava relacionada ao esforço de
pesca. As mudanças na pesca estavam relacionadas com os volumes de água, determinados
por padrões de pulsos sazonais de enchentes. Variações ambientais podem afetar a
produção da pesca. Por exemplo, a velocidade do pulso de inundação pode afetar a
extensão de penetração do peixe nas florestas inundadas, afetando, portanto, a produção
(Petry, 1989 apud Merona, 1990). A possibilidade da influência do clima na produção da
pesca, independente de esforço, também deve ser considerada em avaliações de estoque
pesqueiros e renda na pesca continental tropical.
Aceita-se, geralmente, que em águas temperadas, o crescimento dos peixes indica
oscilações sazonais fortes, principalmente por causa das flutuações da temperatura e/ou da
fonte de alimento (Shulman 1974). Junk et al. (1997) indicaram a importância do pulso da
inundação para espécies r-estrategistas das planícies inundáveis do Amazonas.
Em qualquer pesca sempre haverá a necessidade de processos de projeção de
produção, assumindo determinadas condições do estoque. A equação sazonal foi aplicada
aos dados neste trabalho mostrando ser a melhor ferramenta disponível, pois a mesma
considera variáveis ambientais que estão diretamente ligadas ao crescimento da espécie,
entretanto um modelo bi-sazonalizado seria mais recomendado para populações com dois
períodos de redução de crescimento.
82
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos de crescimento são uma ferramenta importante permitindo fazer predições do
estado atual das populações envolvidas, e viabilizar futuras ações de manejo. No caso da
matrinxã, em todos os sub-sistemas analisados não foi verificada sobre-explotação, mas
isso não representa que medidas de preservação dos estoques não devem ser tomadas, assim
este autor sugere haver três unidades populacionais diferenciadas e que devem ser
administradas separadamente: Purus, Madeira e Solimões, entretanto estudos
complementares são requeridos, com avaliação genética e de estruturas rígidas por sub-
sistema, para que futuramente novas comparações possam ser efetuadas entre os mesmos e
permitir confirmar tais diferenças. Este trabalho indicou que os estoques de matrinxã
evidenciam diferenças na sua dinâmica populacional, assim se propiciamos o manejo por
sub-sistema, temos aumentadas as condições para viabilizar a sustentabilidade de um
importante recurso para Amazônia Central.
A legislação sobre o uso de redes de cerco na Amazônia central deve ser revista e
discutida extensivamente pelos tomadores de decisão locais e a inclusão da espécie no
defeso de piracema, se mostrou ineficaz, tendo também que ser revista. Contudo, futuras
táticas de manejo para a espécie devem ser levadas a discussão com os usuários do recurso,
para que os mesmo estejam informados e conscientes da necessidade de tais medidas.
Enfim, apesar de que os níveis de explotação da espécie indicados neste trabalho, não
demonstrem preocupação com sobre-pesca, esperamos que possa servir como subsidio para
futuros trabalhos e táticas de manejo para a espécie, afim que se possa garantir a
sustentabilidade desse importante recurso pesqueiro para a Amazônia Central.
83
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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