INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE …‡ÃO_LUANA... · Dissertação...

105
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA BIONOMIA E MORFOLOGIA DOS ESTÁGIOS IMATUROS DE Hermetia illucens (LINNAEUS, 1758) (DIPTERA: STRATIOMYIDAE) DE INTERESSE FORENSE EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL LUANA MACHADO BARROS Manaus, Amazonas Maio, 2017

Transcript of INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE …‡ÃO_LUANA... · Dissertação...

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA

BIONOMIA E MORFOLOGIA DOS ESTÁGIOS IMATUROS DE

Hermetia illucens (LINNAEUS, 1758) (DIPTERA: STRATIOMYIDAE) DE

INTERESSE FORENSE EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL

LUANA MACHADO BARROS

Manaus, Amazonas

Maio, 2017

LUANA MACHADO BARROS

BIONOMIA E MORFOLOGIA DOS ESTÁGIOS IMATUROS DE

Hermetia illucens (LINNAEUS, 1758) (DIPTERA: STRATIOMYIDAE) DE

INTERESSE FORENSE EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL

ORIENTADORA: DRA. RUTH LEILA FERREIRA-KEPPLER

Coorientadora: Dra. Ana Lúcia Nunes Gutjahr

Coorientador: Dr. Renato Tavares Martins

Dissertação apresentada ao conselho da

divisão do curso de Pós-Graduação em

Entomologia como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas, área de

concentração em Entomologia.

Manaus, Amazonas

Maio, 2017

BANCA EXAMINADORA

Dra. Rosaly Ale Rocha– Titular (Presidente)

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dr. Rafael Augusto Pinheiro de Freitas Silva – Titular

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dra. Karime Rita de Souza Bentes – Titular

Universidade Federal do Amazonas

Dr. Alexandre Somavilla – Suplente

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dr. Vanderly Andrade Souza – Suplente

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

ii

Sinopse:

Estudaram-se dados bionômicos da fêmea adulta de Hermetia illucens e suas larvas

associadas à carcaça suína. Informações sobre comportamento de oviposição, tempo de

duração dos estágios de ovo, larva e pupa foram apresentados. O ovo e estágios imaturos

foram descritos morfologicamente e medidas corporais foram feitas em larvas para

estimar a biomassa seca e úmida de H. illucens.

Palavras-chave: Entomologia forense, tempo de desenvolvimento, descrição

morfológica.

B277 Barros , Luana Machado

Bionomia e morfologia dos estágios imaturos de Hermetia

Illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae) de interesse

forense em Manaus, Amazonas, Brasil /Luana Machado Barros. ---

Manaus: [s.n.], 2017.

xiv, 90 f.: il.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2017.

Orientador: Ruth Leila Ferreira-Keppler

Coorientador: Ana Lúcia Nunes Gutjahr e Renato Tavares M

Área de concentração: Entomologia

1. Hermetia illucens. 2.Mosca soldado negro. 3. Entomologia

forense. I. Título.

CDD 595.77

iii

Dedico esta dissertação aos meus pais Rose e Raimundo.

iv

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) pelo apoio fornecido e

estrutura física para a realização desta dissertação.

À Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior– CAPES pela

concessão da bolsa de Mestrado.

O apoio financeiro fornecido pelo projeto “Sistemática Integrada de Insetos Aquáticos,

com ênfase em Simuliidae (Diptera: Nematocera) na América do Sul” financiado pelo MCTI /

INPA e coordenado pela Dra. Neusa Hamada.

À Dra. Ruth Leila Ferreira-Keppler pela orientação, amizade e compreensão durante

estes dois anos. Ao Dr. Renato Tavares Martins pela coorientação, total apoio em minhas

dúvidas e por conselhos na vida acadêmica. À Dra. Ana Lúcia Nunes Gutjahr pela

coorientação, por despertar em minha pessoa o amor pelos insetos e incentivo para seguir nesta

área.

Ao Laboratório Temático de Microscopia Óptica e Eletrônica- LTMOE/

CPAAF/INPA e ao Laboratório de histologia e embriologia animal da Universidade Federal

Rural da Amazônia pela estrutura que possibilitaram a análise em microscopia de varredura.

À Dra. Karime Bentes pelo empréstimo da gaiola utilizada nos experimentos e ao Msc.

Fábio Godoi por compartilhar literatura utilizada nesta dissertação.

Ao Dr. Alexandre Ururahy pela experiência e troca de idéias responsáveis para o

amadurecimento desta pesquisa.

À Dra. Neusa Hamada por permitir a utilização de equipamentos necessários para a

execução desta dissertação.

À Dra. Vivian Campos por sempre ser solícita e me ajudar no agendamento de carros

pelo INPA.

A todos os professores que fizeram parte da minha formação profissional (graduação e

mestrado) e aos funcionários do Inpa que de forma direta ou indireta contribuíram para a

melhoria deste trabalho.

Aos membros da banca de qualificação Dr. Karime Bentes, Dra. Cínthia Barreto Chagas

e Dr. Rafael Freitas Silva pelas contribuições.

Aos amigos de Laboratório, Eduarda Denise, Eliane Solar, Irene Marques e demais

membros do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos pelo apoio, conversas e

descontração.

v

Aos Msc. Tohnson Sales e Alex Barros, aos colegas Daniel de Paula, Gilderlânia e

Grazielle de Paula pelo apoio em campo e experiências compartilhadas.

A Léo Rossi por compartilhar seu conhecimento sobre o uso da lupa de automontagem

e por algumas das fotografias que compõem este trabalho.

Aos meus amigos do INPA e à turma de Mestrado em Entomologia 2015, especialmente

Renato Azevedo, Rafael Sobral, Ângelo Rêgo e Cris Utta pela convivência gratificante, por

muitas risadas, diversão e conhecimento. Sem dúvidas, vocês foram “minha família manauara”!

Aos amigos Msc. Márlon Breno, Nikolas Cipola, Gustavo Tavares, Marcus Bevilaqua,

Isis Sá e Dra Valéria Araújo pelo carinho, apoio, incentivo e conhecimento trocados.

Aos meus pais, Raimundo e Rose, que foram meu alicerce e incentivo em tudo que

executo em minha vida e a todos meus familiares, tios, primos, irmão, avós, que fizeram muita

falta nesse período de mestrado.

Ao meu companheiro Matheus Soares, o qual conheci neste mestrado e passou a fazer

parte de minha vida, sendo amigo, meu braço esquerdo, meu “mateiro” e compartilhando

sempre momentos de alegria e conhecimento e à família do Matheus que me acolheu como uma

filha e sempre desejam meu sucesso.

Aos amigos de Belém (Yan Corrêa, Taissa Miki, Wander Dias, Rafaela Alencar, Maysa

Oliveira, Railana Rodrigues), aos quais não posso citar todos, que fizeram parte do que sou e

se mantiveram companheiros mesmo à distância.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho e estiveram

presentes nessa etapa.

Muito obrigada!

vi

RESUMO

Hermetia possui 78 espécies conhecidas no mundo, sendo 54 registradas na região Neotropical

e 22 ocorrendo no Brasil. Dentre estas, Hermetia illucens é uma das espécies de Diptera de

interesse forense. No presente estudo buscou-se fornecer informações bionômicas desta espécie

durante o processo de decomposição cadavérica de suíno. Foi estudada a morfologia de seus

imaturos, sua biomassa foi estimada a partir da morfometria da larva e ajuste em diferentes

modelos de regressão. O estudo foi realizado em fragmento florestal urbano em Manaus,

Amazonas. Foi utilizado um suíno como isca atrativa e substrato para as observações

bionômicas. Fêmeas grávidas de H. illucens foram coletadas para a obtenção de imaturos a

partir de suas colônias de estoque. Para o estudo morfológico, utilizou-se microscopia ótica e

eletrônica de varredura. Para a estimativa de biomassa e obtenção do melhor ajuste, foram

mensuradas 280 larvas, sendo utilizadas quatro medidas morfométricas, testadas em três

modelos de regressão. Os resultados bionômicos mostram preferência da fêmea adulta por

ovipor em locais protegidos. As larvas se desenvolvem em locais úmidos, preferencialmente

abaixo do couro do suíno. As pupas completam seu desenvolvimento no substrato e não se

enterram. O tempo de desenvolvimento das larvas ocorreu no intervalo de 53 a 82 dias, com

seis estádios larvais e o de pupa. A fase de ovo durou 4-7 dias; primeiro estádio= 1-2 dias;

segundo= 2-3 dias; terceiro= 3-7 dias; quarto= 8-13; quinto= 9-15 dias; sexto= 11-15 dias e a

pupa= 15-20 dias. Morfologicamente, os ovos são ovoides alongados, com coloração branco-

leitoso à amarelado. Hermetia illucens pode ser identificada pela combinação das seguintes

características: cabeça comprida, onde sua largura não é superior à altura, quetotaxia dorsal e

ventral da cápsula cefálica, dos segmentos torácicos e abdominais, presença da mancha esternal

no sexto segmento e a morfologia dos espiráculos anteriores e posteriores. A pupa é adéctica e

coarctata, coloração castanho escuro com cerdas castanho-claras a douradas. As medidas com

melhor poder de predição da biomassa foram o comprimento total do corpo e largura do sexto

segmento abdominal. O melhor ajuste entre as dimensões corporais e biomassa ocorreu no

modelo exponencial. Estes resultados acrescentam informações sobre a bionomia, morfologia

e biomassa da espécie na região Amazônica, podendo ser aplicadas em áreas econômica e

forense.

vii

ABSTRACT

Hermetia is composed by 78 species worldwide, from which 54 occur in the neotropics, 22 in

Brazil. In particular, Hermetia illucens displays potential forensic importance and its biological

records may be useful in medico-legal circumstances and for economic activities. We recorded

bionomic data on the development of H. illucens on swine decomposition in an Amazonian

landscape. We described the immature morphology, and used larval body dimensions to

estimate biomass through different regression models. The study was conducted in an urban

forest fragment in Manaus City, State of Amazonas, Brazil. We used a swine carcass to attract

and function as substrate for the flies. We collected pregnant females of H. illucens for posterior

oviposition. For the morphological description, we used both stereomicroscopy and scanning

electronic microscopy. For the estimation of biomass and obtaining of the best fitting model,

we took four measurements of 20 individual larvae and tested three regression models. Our

results showed that females prefered to lay the eggs on sheltered areas. . Eggs tool four to seven

days to hatch. The larvae grew in humid zones, preferentially under the swine skin. The pupae

completed their development on the substrate, rather than buried underground. Immature stage

lasted from 53 to 82 days, and comprised six instars and the pupal stage. The eggs stage lasted

4-7 days. Duration of the immature stage: first instar = 1–2 days; second instar = 2–3 days; third

instar = 3–7 days; fourth instar = 8–13 days; fifth instar = 9–15 days; sixth instar = 11–15 days;

pupal stage = 15–20 days. Eggs are elliptical, elongated, color varying from white to yellowish.

Hermetia illucens is identified by the combination of the following set of characters: (1) head

elongated, its width never superior to its height; (2) dorsal and ventral chaetotaxy of the cephalic

capsule, thorax and abdomen; (3) sixth abdominal segment with a spot on the sternum; (4)

morphology of the anterior and posterior spiracles. The pupae is adectica and coarctata,

tegument dark brown, with setae varying from light brown to golden. The body measurements

that best predicted biomass were overall body length and width of the largest abdominal

segment. The exponential regression model best fitted body dimensions and biomass of larvae.

We provided information on bionomy, morphology and biomass of H. illucens in the Amazon

Region, which can be employed to economic and forensic activities.

viii

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ x

INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................... 1

Grupo Alvo: Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) .................................................................. 2

Estudo da biologia e morfologia de Hermetia illucens ........................................................... 4

Estimativas de biomassa ......................................................................................................... 6

Organização dos resultados .................................................................................................... 7

OBJETIVO ................................................................................................................................. 8

Objetivo geral ......................................................................................................................... 8

Objetivos específicos .............................................................................................................. 8

Capítulo I: Bionomia de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera:Stratiomyidae) em

suíno em decomposição em área urbana na cidade de Manaus, Amazonas, Brasil ................... 9

Capítulo II: Descrição morfológica do ovo e dos imaturos de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) (Diptera:Stratiomyidae) .................................................................................................. 33

Capítulo III: Estimativa de massa seca e úmida de larvas de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) (Diptera:Stratiomyidae) associadas a suíno em decomposição em ambiente urbano na

Amazônia Central ..................................................................................................................... 62

SÍNTESE .................................................................................................................................. 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 80

ix

LISTA DE TABELAS

Capítulo I

Tabela A. Medidas de largura da cápsula cefálica (mm) em cada estádio larval encontradas por

diferentes autores.......................................................................................................................31

Tabela B. Períodos totais de desenvolvimento e para cada estádio larval encontradas por

diferentes autores.......................................................................................................................32

Capítulo III

Tabela 1- Amplitude, média, desvio padrão (DP), coeficiente de variação (CV = (DP/média)

*100, em %) e número de observações (N) para massa corporal e dimensões do corpo de larvas

de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) da Amazônia Central....................................................69

Tabela 2- Modelos linear, exponencial e de potência para a relação entre massa corporal (mg)

e dimensões do corpo (mm) de larvas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) da Amazônia

Central. MU = Massa Úmida; MS = Massa Seca; CT = Comprimento Total; LC = Largura da

Cápsula Cefálica; CC = Comprimento da Cápsula Cefálica; LA =Largura do Maior Segmento

Abdominal. Para todos os modelos p < 0.001............................................................................70

Tabela 3- Poder de predição dos modelos de validação cruzada para estimar a biomassa de

Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) da Amazônia Central. A diferença indica a porcentagem de

diferença entre dados previstos e observados. Diferença positiva indica que dados preditos

foram maiores que os dados observados. Os valores de F e P referem-se ao teste realizado entre

os valores observados e preditos. Os valores são referentes à média obtida para as predições e

testes repetidos por 100 vezes. CT = Comprimento Total; LC = Largura da Cápsula Cefálica;

CC = Comprimento da Cápsula Cefálica; LA =Largura do Maior Segmento

Abdominal.................................................................................................................................72

x

LISTA DE FIGURAS

Introdução geral

Figura 1- Asa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae), com destaque

para a célula discal.......................................................................................................................1

Figura 2- Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) ♀. A- Hábito lateral; B- Antena espatulada; C-

Escutelo, em destaque o espinho; D- Segundo segmento abdominal transparente. Escalas A, B

e D: 1 mm; C: 0,5 mm.................................................................................................................3

Capítulo I

Figura 1- Fêmea de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) ovipondo em tubo Falcon ® no

laboratório. Círculos destacam ovos depositados e a seta indica o ovipositor estendido da fêmea

no momento da oviposição........................................................................................................15

Figura 2- Posturas de ovos de Hermetia. illucens (Linnaeus, 1758): A- massa de ovos sob

estereomicroscópio; B- massa de ovo do crânio do suíno (forames palatinos maiores); C- massa

de ovo nas frestas da gaiola........................................................................................................16

Figura 3- Observações bionômicas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- larvas de

diferentes estádios encontrados em ossos do côndilo femoral; B- larvas de sexto estádio

encontradas abaixo do couro do suíno (tecido conjuntivo) ........................................................16

Figura 4- Distribuição de frequência da largura da cápsula cefálica de Hermetia illucens

(Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae) evidenciando os seis estádios larvais: Cor verde=

Primeiro estádio; Cor azul escuro= Segundo estádio; Cor azul claro= Terceiro estádio; Cor

vermelha= Quarto estádio; Cor preta= Quinto estádio; Cor laranja= Sexto

estádio.......................................................................................................................................18

Figura 5- Análise de Componentes Principais (PCA) com as medidas corporais de Hermetia

illucens (Linnaeus, 1758). As cores dos pontos coloridos indicam os estádios larvais. O ápice

da seta indica o tipo de medida corporal. l.cap= Largura da cápsula cefálica, c.cap=

Comprimento da cápsula cefálica, l.seg= Largura do maior segmento abdominal e c.tot=

Comprimento total. Cor amarela= Primeiro estádio; Cor azul= Segundo estádio; Cor verde=

Terceiro estádio; Cor vermelha= Quarto estádio; Cor cinza= Quinto estádio; Cor laranja= Sexto

estádio.......................................................................................................................................19

xi

Figura 6- Tempo de desenvolvimento para cada estádio larval de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) em condições ambientais em Manaus-AM......................................................................20

Figura 7- Comprimento total (A) e massa úmida (B) para cada estádio larval de Hermetia

illucens (Linnaeus, 1758) em condições ambientais em Manaus-AM. .....................................21

Capítulo II

Figura 1- Morfologia dos ovos de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- Postura (massa de

ovos) sob estereomicroscópio ótico; B- Aspecto geral sob microscopia de varredura (MEV); C-

Superfície aproximada do córion. Escalas: A= 1 mm; B= 30 µm; C= 10 µm............................39

Figura 2- Morfologia da cápsula cefálica de uma larva do sexto estádio de Hermetia illucens

(Linnaeus, 1758) sob MEV: A- Vista antero-dorsal; Ecl= Esclerito lateral; Ecf= Esclerito

clípeo-frontal; L= Labro; O= Ocelo; An= Antena. B- Vista frontal da antena, em destaque uma

das sensilas campaniformes; Sc= Sensíla campaniforme. C- Vista ventral da cápsula cefálica;

Plv= Placa ventral; Prm= Premento; Am= Área molar. D- Aparelho bucal: Em 1= Escovas

mandibulares superiores; Em 2= Escovas mandibulares inferiores; Pm= Palpo maxilar; Cm=

Cerda maxilares; Lg= Lóbulos genais; Md= mandíbula. Escalas A= 100 µm; B= 20 µm; C=

500 µm; D= 200 µm...................................................................................................................41

Figura 3- Morfologia do tórax de uma larva do quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) sob MEV: A- Vista dorsal dos segmentos torácicos, em destaque o espiráculo anterior

esquerdo; B- Vestígio espiracular em destaque; C- Vista frontal do espiráculo anterior, em

destaque as duas aberturas espiraculares (AEsp) formando um V (indicado com seta vermelha)

e a cicatriz estigmática (CEst) acima (indicada com seta amarela); D- Vista ventral dos

segmentos torácicos, em destaque as sensilas (sen; indicada com seta amarela). Escalas A=2

mm; B= 100 µm, C= 30 µm e D= 2mm......................................................................................42

Figura 4- Morfologia do abdome de uma larva do sexto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) sob MEV: A- Sensilas presentes da região ventral do terceiro segmento abdominal; B-

Vestígio espiracular localizado em todos os segmentos abdominais em vista dorsal, com

exceção do último; C- Mancha esternal localizada no sexto segmento abdominal em vista

ventral; D- Abertura anal em destaque no último segmento abdominal, rodeada de espinhos,

em vista ventral; E- Abertura espiracular no último segmento abdominal em vista frontal.

Escalas A e B= 1 mm; C e E= 100 µm; D= 200 µm....................................................................43

xii

Figura 5- Larva de primeiro estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV: A- Vista

dorsal; B- Superfície corporal. Escalas A= 30 µm e B= 100 µm................................................44

Figura 6- Larva de segundo estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

estereomicroscópio ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal. Escalas A e B= 1 mm...................45

Figura 7- Larvas de terceiro estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

estereomicroscópio ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal. Escalas A e B= 1 mm...................46

Figura 8- Larvas de quarto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

estereomicroscópio ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C=

1 mm..........................................................................................................................................47

Figura 9- Larvas de quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

estereomicroscópio ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C=

2 mm..........................................................................................................................................48

Figura 10- Larvas de sexto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

estereomicroscópio ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C=

5 mm..........................................................................................................................................49

Figura 11- Antena das larvas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) evidenciando as diferenças

morfológicas entre os estádios: A- Primeiro estádio; B- Segundo estádio; C- Terceiro estádio;

D- Quarto estádio; E- Quinto estádio; F- Sexto estádio. Os números 1, 2, 3 e 4 indicam as

sensilas alongadas encontradas no segundo segmento da antena. Escalas A= 3 µm; B= 10 µm;

C= 5 µm; D= 100 µm; E= 200 µm e F= 20 µm...........................................................................50

Figura 12- Pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio ótico: A- Vista

ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C= 5 mm............................................51

Figura 13- Morfologia da cápsula cefálica da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

MEV: A- Vista dorsal; Ecl= Esclerito lateral; Ecf= Esclerito clípeo-frontal; O= Ocelo; An=

Antena. B- Vista lateral da cápsula cefálica, evidenciando o olho direito (seta); L= Labro; C-

Vista dorsal da antena; D- Vista ventral da cápsula cefálica; Plv= Placa ventral; Prm= Premento;

Am= Área molar. Escalas A, B e D= 200 µm; C= 10 µm...........................................................52

Figura 14- Morfologia do tórax da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV; A-

Vista lateral do primeiro segmento torácico, em destaque o espiráculo anterior direito; B- Vista

xiii

dorsal do espiráculo anterior; C- Vista dorsal do primeiro segmento do tórax; D- Vista ventral

dos segmentos torácicos; Escalas A= 500 µm; B= 100 µm; C e D= 1 mm.................................53

Figura 15- Morfologia do abdome da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV:

A- Abertura espiracular no último segmento abdominal em vista dorsal; B- Abertura anal em

destaque no último segmento abdominal em vista ventral; C- Mancha esternal localizada no

sexto segmento abdominal em vista ventral; D- Visão aproximada da mancha esternal,

detalhando as células da superfície; E- Segmentos abdominais em vista dorsal; F- Superfície

corporal pruinosa da pupa. Escalas A e E= 1 mm; B= 200 µm; C, D e F = 100 µm....................55

Figura 16- Quetotaxia da cápsula cefálica de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- Vista

dorsal; B- Vista ventral..............................................................................................................56

Figura 17- Quetotaxia da larva de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) com ênfase nos

segmentos toráxicos e abdominais: A- Vista dorsal; B- Vista ventral. Os números 1-3

apresentados inicialmente indicam os segmentos torácicos. Os números de 1’ a 8’ indicam os

segmentos abdominais. Os Pontos pretos ( ) indicam as posições das cerdas nos segmentos

corporais da larva.......................................................................................................................57

Figura 18- Tipos de cerdas da superfície corporal de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A-

Cerdas de primeiro estádio localizadas na região ventral; B- Cerdas de primeiro estádio

localizadas na região dorsal; C- Cerdas localizadas no segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto

estádios e pupa. Escalas A= 10 µm; B= 10 µm e C= 100 µm.....................................................58

Capítulo III

Figura 1- Larva de quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758), em vista ventral,

destacando as medidas realizadas. LC= Largura da cápsula cefálica; CC= Comprimento da

cápsula cefálica; CT= Comprimento total; LA= Largura do maior segmento abdominal..........68

1

INTRODUÇÃO GERAL

Os Diptera estão entre as quatro ordens megadiversas de insetos existentes. É composta

por 188 famílias e aproximadamente 159.000 espécies descritas, compreendendo de 10-12% de

toda a biodiversidade mundial (Carvalho et al., 2012; Lambkin et al., 2013). Muitos possuem

importância econômica, pois atuam como controladores de pragas (Carvalho et al., 2012).

Alguns são agentes polinizadores, outros possuem importância médico-veterinária, sendo

vetores de agentes infecciosos (Triplehorn e Johnson, 2011). Parte desses insetos tem papel

importante na decomposição da matéria orgânica, já que são os primeiros a colonizarem a

carcaça e a utilizam como fonte de alimento e substrato para oviposição, a exemplo:

Calliphoridae, Sarcophagidae, Muscidae, Stratiomyidae (Oliveira-Costa, 2011).

Stratiomyidae está incluído em Brachycera, infra-ordem Stratiomyomorpha (Pujol-Luz

e Pujol-Luz, 2014), onde encontra-se a espécie alvo do trabalho, Hermetia illucens (Linnaeus,

1758). Esta família possui uma grande variedade morfológica, sendo diferenciada dos outros

Diptera por possuírem a asa com a célula discal pequena (McFadden, 1967) (Figura 1). É

distribuída em grande parte das regiões biogeográficas, constituida 12 subfamílias, 375 gêneros

e aproximadamente 2.700 espécies. Na região Neotropical são conhecidas 987 espécies. Das 12

subfamílias, oito ocorrem na região Amazônica (Woodley, 2009).

Figura 1. Asa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae), com destaque

para a célula discal.

Os adultos de Stratiomyidae podem ser encontrados descansando sobre folhas, frutos

maduros ou matéria em decomposição. Os imaturos possuem diferenças no formato, coloração

e quetotaxia, características importantes taxonomicamente. Além disso, suas larvas possuem

2

hábitos diferenciados em relação a outras famílias, podendo ser aquáticas, semiaquáticas ou

terrestres (James, 1981). Os imaturos aquáticos, por vezes, ocorrem em grande número em

lagoas, onde podem desempenhar papel importante nas cadeias tróficas, ao servir de alimento

para os peixes (Bondari e Sheppard, 1987). Os Stratiomyidae também podem ser encontrados

em matéria orgânica em decomposição, a exemplo, Beridinae, Clitellariinae, Chrysochlorinae,

Hermetiinae e Sargine (Woodley, 1989).

Grupo Alvo: Hermetia illucens (Linnaeus, 1758)

Hermetia possui 78 espécies conhecidas e destas, 54 ocorrem na região Neotropical,

incluindo 22 com distribuição no Brasil (McFadden, 1967; Woodley, 2011, Fachin DA, 2017).

Conhecidos como “Black soldier-fly”, apresentam o escutelo frequentemente adornado

com espinhos (Figura 2C), que em alusão ao armamento militar, justificaria seu nome comum

“mosca soldado” (Kovac e Rozkošný, 2004). O segundo segmento abdominal é transparente

(Figura 2D), as antenas possuem o segmento apical espatulado (Figura 2B; Üstuner et al.,

2003). A espécie está incluída à Hermetiinae, inserida em Hermetiini.

Os adultos de H. illucens (Figura 2A), em algumas ocasiões, exibem mimetismo com

certos grupos de Hymenoptera (Üstuner et al., 2003). A cópula ocorre aproximadamente cinco

dias após a emergência dos adultos (Gobbi, 2012). Não há consenso na literatura sobre o

procedimento de cópula em H. illucens. Tingle et al. (1975) observaram que as fêmeas que se

encontram em repouso atraem os machos em voo. Contrariamente, Copello (1926) observou

que a cópula se dava durante o voo e não em repouso. Tomberlin e Sheppard (2001) relatam

que o macho intercepta a fêmea no ar até encontrarem um lugar seguro, longe de outros machos

para realizar a cópula.

As larvas de H. illucens geralmente possuem seis estádios (Oliveira-Costa, 2011) e

podem medir até três centímetros de comprimento. Além disso, mudam de coloração no

decorrer de seu desenvolvimento, variando de cor esbranquiçada (estádios iniciais) à amarelado

(estádios finais). Possuem características na quetotaxia larval (dorsal e ventral), como posição

e tipo de cerdas, importantes para a taxonomia do grupo (Hall e Gerhardt, 2002). Têm hábito

detritívoro e são encontradas em microambientes como plantas, frutos e carne em

decomposição (James, 1981).

3

Figura 2. Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) ♀. A- Hábito lateral esquerdo; B- Antena

espatulada; C- Escutelo, em destaque o espinho; D- Segundo segmento abdominal transparente.

Escalas A, B e D: 1 mm; C: 0,5 mm.

H. illucens vem despertando interesse na área médica e veterinária, pois foi associada a

miíases (Calderón-Arguedas et al., 2005). Na economia, elas são responsáveis por grande

4

consumo de matéria orgânica, sendo consideradas grandes conversoras de biomassa (Diener et

al., 2011). Desempenham papel de controle biológico, pois foram observadas inibindo e

controlando a oviposição e desenvolvimento de Musca domestica Linnaeus, 1758 (Sheppard,

1983). Além destas aplicações, H. illucens é alvo de estudos relacionados a entomologia forense

(Oliveira-Costa, 2011). Nesse contexto, a espécie foi considerada por Lord et al. (1994) como

oportunista ou necrófaga secundária, estando relacionada a estimativas de intervalo pós-morte

(IPM), ou seja, o tempo transcorrido desde a morte do cadáver até o momento em que o mesmo

é encontrado (Oliveira-Costa, 2011). Trabalhos recentes têm demonstrado a importância

forense desta espécie também na Europa (Turchetto et al., 2001; Martínez-Sanchez et al., 2011)

e na América do Sul (Pujol-Luz et al., 2008; Gobbi, 2012; Pujol-Luz e Pujol-Luz, 2014).

Estudo da biologia e morfologia de Hermetia illucens

Na literatura, há registros da biologia e morfologia de H. illucens. Copello (1926) gerou

informações sobre o comportamento de oviposição da espécie, afirmando que há preferência

por ser em fendas secas. Tingle et al. (1975) relataram que o acasalamento e oviposição foram

observados com frequência de três a seis vezes em gaiola instalada ao ar livre. Quando realizado

em estufa (temperatura de 29,3°C), o acasalamento obteve menor sucesso, sendo observado

apenas uma vez até a morte do espécime. Foi notado também que a luz do sol direta estimula o

acasalamento no campo.

Quanto ao ciclo de desenvolvimento, os autores divergem quanto a sua duração.

Furmand et al. (1959) relataram que larvas recém emergidas de H. illucens precisam de duas

semanas ou mais para alcançar seu desenvolvimento completo. May (1961) trabalhando com

criação na Nova Zelândia, em temperatura de 27,8 °C, contribuiu de maneira considerável para

os conhecimentos sobre o ciclo de vida com período de incubação dos ovos de cinco a 14 dias,

o período de larva de 31 dias e o de pupa de nove a dez dias. Tingle et al. (1975) obtiveram um

período total de 38 dias em temperatura de 29,3°C para a criação de ovos até adultos. Booth e

Shepard (1984) com base em criação determinaram somente o tempo em que a espécie

permanece na fase de ovo. Anos depois, Lord et al. (1994) produziram uma tabela com dados

do ciclo de desenvolvimento de H. illucens e concluíram que o desenvolvimento desta espécie

pode se estender até cinco meses sob diferentes condições. Kim et al. (2008) criaram H. illucens

e determinaram a existência de apenas cinco estádios para a espécie na Coreia do Sul. Ao

contrário do registrado por Kim et al. (2008), Hall e Gerhardt (2002) contabilizaram para a

América, seis estádios de desenvolvimento. Estudos mais recentes com H. illucens realizados

5

na Espanha trazem informações de biologia reprodutiva, avaliando a influência de diferentes

tipos de alimentação e temperaturas na biologia, além da determinação de fatores bióticos e

abióticos que afetam o desenvolvimento (Gobbi, 2012).

Em relação à morfologia, os imaturos de H. illucens foram retratados com desenhos,

bem como seu aparelho bucal, possibilitando um conhecimento inicial da morfologia das larvas

(Copello, 1926).

Além de Copello (1926), May (1961) contribuiu com considerável conhecimento sobre

o ciclo de vida de H. illucens na Nova Zelândia, descreveu características do tamanho e

coloração dos ovos e das larvas.

McFadden (1967) abordou características como: comprimento, coloração, presença ou

ausência de espiráculos na margem dos segmentos, apresentando figuras ilustrativas. No

entanto, não detalhou a morfologia em vistas dorsal, ventral e lateral e a disposição das cerdas

em cada estádio larval.

Teskey (1991) observou que as larvas possuem 11 segmentos no corpo com cerdas

conspícuas, podendo possuir ocelos laterais distintos, os quais tendem a se tornar cada vez mais

conspícuos nos estádios finais. Além disso, o autor pontuou algumas características da cabeça,

como o aparelho bucal.

Kim et al. (2010) contabilizaram a quantidade de mudas e a duração do desenvolvimento

da larva, peso, largura da cápsula cefálica e descrição da morfologia da boca com auxílio de

microscopia de varredura, sem descrever as cerdas nos estádios larvais.

Gobbi (2012) estudou características morfológicas de H. illucens foram em sua tese de

doutorado de. A autora realizou descrições sobre a estrutura corporal dos imaturos através de

microscopia de varredura e hidrocarbonetos cuticulares, abordando características como a

quetotaxia e aberturas espiraculares. O trabalho mais recente sobre a morfologia de H. illucens

foi realizado por Oliveira et al. (2016) com uma descrição sucinta e generalizada de todos os

estádios.

Barros-Cordeiro et al. (2014), além da morfologia externa das larvas, fez a descrição

com auxílio de microscopia de varredura de acontecimentos internos no processo de

desenvolvimento de um imaturo de H. illucens, no qual descreveram alguns processos, como a

duração e alterações morfológicas durante o desenvolvimento intra-pupal sob condições

controladas de laboratório.

6

Informações relacionadas ao ciclo de vida e ecologia desta espécie são essenciais para

a entomologia forense. Desta forma, o estudo de H. illucens justifica-se na medida em que são

necessárias complementações dos estudos bionômicos desta espécie, como o período que

adultos e imaturos podem ser encontrados na carcaça, o tempo de desenvolvimento das fases

imaturas, ferramentas para estimar a biomassa de larvas, as quais, são relevantes para auxiliar

em estimativas do IPM de cadáveres encontrados no Amazonas, devido diferenças climáticas

que influenciam no desenvolvimento da espécie e tornam importantes estudos locais. Estas

informações em toda a região Amazônica ainda são incipientes. Entretanto, a espécie é

frequente no processo de decomposição, e dados de sua biologia podem contribuir com a

criminalística. Quanto às descrições dos imaturos existentes, pode-se afirmar que estas, apesar

de possuírem abordagem na quetotaxia, não mostram o detalhamento das vistas do corpo de

uma larva (ventral e dorsal), sendo necessário mais estudos destas características, as quais

possuem importância significativa na taxonomia da espécie.

Estimativas de biomassa

Grande parte da biomassa animal é representada pelos insetos, os quais compõem

principalmente a base da cadeia alimentar (Gullan e Cranston, 1994). Estes são de extrema

importância, pois atuam em grande parte do ecossistema, seja como polinizador, controlador

biológico, vetor de doenças, decompositor, dentre outros (Triplehorn e Johnson, 2011). Desta

forma, a estimativa de biomassa é fundamental para entender processos ecológicos na natureza.

Entretanto, apesar de importante, esta não necessariamente é de fácil obtenção (Radtke e

Williamson, 2005).

Taxas de crescimento, comumente, são calculadas a partir da diferença entre as massas

do indivíduo (inicial e final), mas a destruição ou perda do material é a grande dificuldade

encontrada (Rogers et al., 1976). Assim, a estimativa da biomassa das larvas utilizando a

morfometria das mesmas é uma ferramenta importante em estudos longitudinais (Sample,

1993). A confiabilidade dos dados é maior quando alguns fatores são considerados, tais como:

modo de preservação das amostras, os quais influenciam a quantidade de água retida, e a

extrapolação de resultados dos modelos de regressão para indivíduos oriundos de diferentes

regiões geográficas, causadas por diferenças genéticas (Benke et al. 1999). Estimativas de

biomassa a partir de medidas morfométricas complementam as informações bionômicas da

espécie e podem servir de ferramenta para estudos aplicados. Portanto, uma vez que não há

7

equações de modelos de regressão para popupação de H. illucens da Amazônia central, é dada

importância deste estudo.

Organização dos resultados

Nesta dissertação foram estudados a bionomia, morfologia e estimativa de biomassa de

Hermetia illucens. Os resultados foram organizados em formato de artigos, distribuídos em três

capítulos. O primeiro capítulo aborda algumas características bionômicas da fêmea adulta em

carcaça suína, tais como: momento de chegada, preferência de lugares para a oviposição,

processo de postura de ovos e quantidade de ovos por fêmea adulta; assim como dos imaturos

associados ao processo de decomposição de suíno: permanência, abandono e pupação destes no

substrato.

O segundo capítulo refere-se ao estudo da morfologia do ovo e dos estágios imaturos de

H. illucens. Ovos, larvas e pupas foram obtidos a partir de fêmeas grávidas coletadas em suíno

em decomposição e descritos utilizando-se microscopia ótica e a técnica de microscopia

eletrônica de varredura.

No terceiro capítulo foi estimada a biomassa seca e úmida de H. illucens a partir de

medidas morfométricas. Foram mensuradas 280 larvas e utilizadas as seguintes medidas, para

determinar o melhor ajuste entre estas e a biomassa: largura da cápsula cefálica, comprimento

da cápsula cefálica, comprimento total do corpo e largura do maior segmento abdominal.

8

OBJETIVO

Objetivo geral

- Fornecer informações bionômicas, morfológicas e estimativa de biomassa de Hermetia

illucens associada com o processo de decomposição em carcaça suína em Manaus, Amazonas,

Brasil.

Objetivos específicos

- Apresentar aspectos bionômicos de H. illucens durante as fases de decomposição de suíno;

- Descrever estruturas morfológicas do ovo e dos imaturos de H. illucens participantes do

processo de decomposição em carcaça suína;

- Verificar o poder de predição de medidas morfométricas para o cálculo de biomassa seca e

úmida de H. illucens coletadas em carcaça suína.

9

Capítulo I

Barros, L. M.; Ferreira-Keppler, R. L.; Martins, R. T

& Gutjahr, A. L. N. 2017. Bionomia de Hermetia

illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidade)

em suíno em decomposição em área urbana na cidade

de Manaus, Amazonas, Brasil. Manuscrito formatado

para Zoologischer Anzeiger.

10

Bionomia de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae) em suíno em

decomposição em área urbana na cidade de Manaus, Amazonas, Brasil

Luana Barros a*, Ruth Ferreira-Keppler a, Renato Martins a, Ana Lúcia Gutjahr b

a Programa de Pós-graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia -

INPA, Av. André Araújo, 2936, CEP 69067-375, Manaus, Amazonas, Brasil

b Departamento de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará- UEPA, Tv. Djalma

Dutra, 156, Belém, PA, CEP 66050-540, Brasil, e-mail: [email protected]

* Autor correspondente: L. M. Barros, Programa de Pós-graduação em Entomologia,

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Av. André Araújo, 2936, CEP 69067-

375, Manaus, Amazonas, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo

Estudos que abordam aspectos biológicos ou bionômicos de insetos podem resultar em

informações importantes para entomologia forense, devido a dados relevantes para o cálculo de

intervalo pós-morte, localização do óbito e tipo da morte auxiliando na solução de crimes. Desta

forma, o presente trabalho tem como objetivo fornecer informações bionômicas de Hermetia

illucens (Stratiomyidae), durante o processo de decomposição cadavérica de suíno Sus scrofa

Linnaeus, 1758, disposto em área urbana de Manaus-AM. Fêmeas grávidas e ovos de H.

illucens foram coletados sob carcaça para fornecer colônias de estoque a partir dos imaturos.

Após a oviposição e eclosão dos ovos, 6.215 larvas emergiram e foram distribuídas em 60 potes

de criação, observados diariamente e acompanhados até a emergência dos adultos. Os

recipientes foram mantidos em viveiro sob condições naturais. No total 1000 larvas de

diferentes estádios foram fixadas em álcool para determinar o período de cada estádio e realizar

as medidas de comprimento, largura e massa. A fêmea de H. illucens deposita de 620-700 ovos.

As larvas completaram seu desenvolvimento no intervalo de 53-82 dias, com seis estádios

larvais e o de pupa. A duração de cada estádio de desenvolvimento foi variável, sendo o período

de ovo 4-7 dias; primeiro estádio 1-2 dias; segundo estádio 2-3 dias; terceiro estádio 3-7 dias;

11

quarto estádio 8-13; quinto estádio 9-15 dias; sexto estádio 11-15 dias e a pupa 15-20 dias. A

morfometria evidenciou que as larvas de primeiro estádio possuem largura da cápsula cefálica

de 0,05-0,08 mm, segundo estádio 0,09-0,24 mm, terceiro estádio 0,25-0,45 mm, quarto estádio

0,46-0,57 mm, quinto estádio 0,58-1,04 mm e sexto estádio 1,05-1,14 mm, com razão média

do crescimento larval de 1,87. Estes resultados agregam informações sobre a espécie na região

Amazônica, auxiliando na sua aplicabilidade econômica e forense.

Palavras-chave: entomologia forense; observações bionômicas; estádios larvais.

1. Introdução

Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) é uma das espécies de Diptera de interesse forense,

classificada em Stratiomyidae. É conhecida por “black soldier-fly” e possui distribuição

cosmopolita. Na área médica, as larvas podem eventualmente estar envolvidas em casos de

miíases (infestação de tecidos do corpo pelas larvas) em seres humanos e outros animais (Adler

e Brancato, 1995; Calderón-Arguedas et al., 2005). Economicamente os imaturos desta espécie

são utilizados na agricultura sustentável (Lalander et al., 2013), em ração de peixes (Barroso et

al., 2014) e de frangos (De Marco et al., 2015).

As larvas de H. illucens possuem coloração branco leitosa à amarelada, geralmente seis

estádios de desenvolvimento e, diferentemente dos adultos, possuem hábito detritívoro e

colonizam ambientes como plantas, frutos e carne em decomposição (Oliveira-Costa, 2011).

As larvas são vorazes e participam da ciclagem de matéria orgânica, sendo capazes de

transformar grandes quantidades de resíduos em biomassa animal (Diener et al., 2011). Além

disso, desempenham papel importante no controle biológico ou inibição da oviposição e

desenvolvimento de Musca domestica Linnaeus, 1758, através de feromônios (Sheppard,

1983). Na fase adulta, H. illucens possui pigmentação com predomínio de cor negra e a fêmea

geralmente possui tamanho superior ao macho (Üstuner et al., 2003). São comumente

encontrados próximos ao habitat das larvas (Woodley, 2009) e não se alimentam, mantendo-se

apenas com as reservas de energias adquiridas na fase larval (Tomberlin et al., 2002).

Assim como outras espécies de Diptera, H. illucens é um dos focos da entomologia

forense, com potencial aplicado à criminalística, devido possibilitar a determinação do intervalo

pós-morte (IPM), como já relatado por Lord et al. (1994), Oliveira-Costa (2011) e Pujol-Luz et

al. (2008). Portanto, dada sua importância e aplicabilidade, tornam-se necessárias

complementações dos estudos bionômicos desta espécie, visto que estes em toda a região

12

Amazônica ainda são incipientes. Desta forma, este estudo visa gerar informações bionômicas

de H. illucens associadas ao processo de decomposição em carcaça suína.

2. Material e métodos

O experimento foi executado de janeiro a março e junho a setembro de 2016, no Campus

II do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (03º5'47”S e 59º59'22”W), localizado na

região urbana da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil. Uma área de aproximadamente 49.000

m2 (INPA, 2013), clima quente e úmido (INMET, 2017) com período mais chuvoso de

novembro a maio e menos chuvoso de junho a outubro. A precipitação média anual é de 2.286

mm3, umidade média de 80%, com temperatura média anual de 26°C (min = 23ºC, max = 31ºC;

Costa et al., 2013).

Para a atração das fêmeas grávidas de H. illucens foram utilizados dois suínos (Sus

scrofa Linnaeus, 1758) da raça Large White (45 kg cada). A eutanásia dos modelos foi realizada

no local do experimento com disparo de arma de fogo na região frontal da cabeça. Estes foram

deixados para decompor protegidos por uma gaiola com medida de 1 m² e estrutura metálica

galvanizada, revestida com tela aramada de 3 cm de malha de ferro, para impedir a influência

de vertebrados maiores. Ao redor da gaiola foi instalada uma armadilha Shannon (1,5 x 1,5 x

1,5 m) para captura de adultos.

As fêmeas de H. illucens utilizadas para a obtenção das colônias de estoque foram

coletadas no interior da Shannon com o auxílio de tubos Falcon® de 50 ml, onde permaneceram

até a oviposição. Nos tubos foi oferecido como substrato para oviposição 1 g de carne suína

crua. Cada postura de ovos obtidos foi transferida para placas de Petri forradas com papel filtro

umedecido e 1 g de carne suína crua. As larvas que emergiram foram transferidas para potes

plásticos cobertos por tecido do tipo voal com 100 g de carne suína.

Para o acompanhamento do desenvolvimento de H. illucens, foram montadas seis

réplicas para cada postura, com 100 larvas em cada pote, com exceção das posturas que

obtiveram um número superior a 600 larvas, sendo necessário em uma das réplicas adicionar a

quantidade superior a 100 indivíduos. Cada réplica recebeu identificação correspondente ao

número da criação e a data em que as larvas eclodiram. Destas seis réplicas, uma foi separada

para acompanhamento das fases de decomposição, da qual foi retirada uma larva por dia até

atingir o estágio de pupa. As outras cinco réplicas foram acompanhadas até a emergência dos

adultos. O alimento das larvas foi reposto uma vez por semana até o abandono da dieta, ou seja,

até atingir fase de pupa. Nesta fase, elas foram individualizadas em tubos Falcon® contendo

13

vermiculita, tampados com algodão hidrofóbico e observadas diariamente até a emergência dos

adultos. Os imaturos foram mantidos em viveiro próximo ao local do experimento, em ambiente

natural, com temperaturas variando de 24°C a 35°C e umidade de 66% a 88% (INMET, 2017).

2.1 Observações bionômicas na carcaça

As observações bionômicas de H. illucens foram feitas diariamente no cadáver entre os

horários de 8:00 às 12:00 e 14:00 às 18:00 horas, a partir da data de óbito do modelo. As fases

de decomposição observadas foram: fresca, enfisematosa, coliquativa, de esqueletização e de

restos, de acordo com a classificação de Oliveira-Costa (2011). As observações bionômicas de

H. illucens feitas durante o processo de decomposição foram: momento de chegada, preferência

de lugares para a oviposição, processo de postura de ovos, quantidade de ovos por fêmea adulta,

permanência, abandono e pupação dos imaturos no substrato.

2.2 Tempo de duração dos estádios e razão sexual

No ciclo de desenvolvimento da espécie foi observado: duração da fase de ovo, tempo

total de desenvolvimento (ovo a adulto), duração do período larval, determinação do número

de estádios larvais, duração da fase de pupa e a razão sexual dos adultos emergidos (número de

fêmeas dividido pelo número de adultos emergidos; Silveira-Neto et al., 1976). Entre os

caracteres utilizados para separar os sexos nos adultos de H. illucens, o principal refere-se a

terminália, que é diferenciada entre macho e fêmea, sendo que nesta última os escleritos finais

são mais largos do que os do macho (Gobbi, 2012).

Para a análise da morfometria, as larvas foram imersas em água aquecida

(aproximadamente 70°C), fixadas em solução KAAD (uma parte de querosene, 10 partes de

álcool (95%), duas partes de ácido acético e uma parte de dioxano) pelo período de 24 h, sendo

posteriormente acondicionadas em álcool 80% (Oliveira-Costa, 2011).

Foram mensurados o comprimento total do corpo, a largura e o comprimento da cápsula

cefálica e a largura do maior segmento abdominal dos seis estádios larvais em milímetro (mm)

e massa larval em miligrama (mg). As medidas de comprimento e largura foram realizadas sob

estereomicroscópio Leica M165C, com ocular micrométrica (acurácia = 0,001 mm), sendo o

comprimento total das larvas medido a partir do segmento cefálico até a extremidade distal do

último segmento (Lecheta, 2012). Além disso, foram realizadas pesagens para cada estádio,

utilizando uma balança de precisão (Mettler-Toledo; acurácia = 0,01 mg).

A taxa de crescimento foi calculada seguindo a regra de Dyar (1980), determinada a

partir da razão de crescimento (r), tendo como base a medida da cápsula cefálica. Desta forma,

14

r1 é a média de crescimento do segundo estádio dividida pela média de crescimento do

primeiro; r2 é a média de crescimento do terceiro estádio dividida pela média de crescimento

do segundo; r3 é a média de crescimento do quarto estádio dividida pela média de crescimento

do terceiro estádio; r4 é a média de crescimento do quinto estádio dividida pela média de

crescimento do quarto e r5 é a média de crescimento do sexto estádio dividida pela média de

crescimento do quinto.

As médias e desvios padrões de massa e comprimento de cada estádio foram calculados.

Os estádios foram caracterizados de acordo com os intervalos de medidas da largura da cápsula

cefálica, a qual é a utilizada pelos autores para H. illucens. Esta estrutura presente é a mais

esclerosada.Os dados obtidos diariamente das medidas foram agrupados em intervalos de classe

de 0,01 mm e plotados em gráficos para avaliação da distribuição da frequência. Para confirmar

a separação dos estádios através da largura da cápsula cefálica e das outras medidas avaliadas,

foi realizada uma Análise de Componentes Principais (PCA). Posteriormente, foi realizada uma

análise multivariada de variância baseada em distância (db-MANOVA; distancia euclidiana)

para verificar as diferenças dos dados morfométricos entre os estádios. Todas as análises foram

realizadas no software estatístico R (R Development Core Team (2011)).

Os adultos de H. illucens provenientes das criações foram montados em alfinetes

entomológicos e etiquetados e os imaturos conservados em álcool 80% para serem depositados

como material testemunho na Coleção de Invertebrados do INPA.

3. Resultados

3.1 Observações na carcaça

Durante o tempo de experimentação, não foi observado nenhum adulto macho de H.

illucens próximo à carcaça. Apenas fêmeas foram observadas e coletadas, atraídas para

oviposição. As fêmeas foram vistas em um intervalo de 24-72 horas após a morte do suíno,

quando este se encontrava na segunda fase de decomposição- enfisematosa. As fêmeas adultas

permaneceram visitando a carcaça até o 16º dia após o óbito do suíno. Estas pousavam próximo

ao cadáver, no interior da Shannon. Ao localizarem o recurso para a alimentação de seus

imaturos, estendem o ovipositor para fora do abdome (Figura 1) e depositam nas proximidades

da carcaça um por vez, formando uma massa de ovos (Figura 2A). As fêmeas ovipuseram

principalmente em locais onde outras fêmeas da mesma espécie já haviam realizado a

ovipostura. No experimento, os lugares escolhidos para oviposição foram escondidos e

15

protegidos, preferencialmente nos ossos do crânio do cadáver (Figura 2B) e em frestas da gaiola

(Figura 2C). Ovos foram visualizados a partir do 5º dia após a morte do suíno.

Figura 1. Fêmea de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) ovipondo em tubo Falcon ® no

laboratório. Círculos destacam ovos depositados e a seta indica o ovipositor estendido da fêmea

no momento da oviposição.

As larvas foram observadas na carcaça a partir do terceiro estádio (Figura 3A), devido

ao tamanho diminuto dos estádios iniciais. As larvas foram visualizadas na região abaixo do

couro do suíno em ambiente úmido (Figura 3B). Estas se movimentavam aleatoriamente e

continuamente no substrato, mantendo-se sempre aglomeradas. As larvas maiores, de último

estádio foram observadas na carcaça até aproximadamente 60 dias após o óbito.

Durante o processo de decomposição, após utilizar os recursos nutricionais do cadáver,

necessários para seu desenvolvimento, as larvas de H. illucens foram observadas se

movimentando lentamente. Ao contrário de outras espécies de Diptera, a mesma não procurou

ambientes mais secos para empupar, realizando este processo no próprio cadáver.

A empupação de H. illucens ocorreu na fase de restos, sendo as pupas adécticas e

exaradas, ou seja, não se alimentam e não se locomovem. Estas foram observadas a partir do

60º dia após o início da decomposição do suíno. Posteriormente ao estágio de pupa, o adulto

emergiu a partir da linha da ecdise. O adulto recém emergido, nas primeiras horas, possui o

corpo mole e locomove-se lentamente. As asas ficam atrofiadas por aproximadamente 24 horas

e os últimos segmentos abdominais na região ventral possuem coloração esverdeada.

Posteriormente, os segmentos abdominais passam a ter uma coloração escura e o segundo

16

segmento passa a ser hialino. Adultos emergidos na carcaça e nos potes de criação apresentaram

o mesmo padrão etológico e morfológico.

Figura 2. Posturas de ovos de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- massa de ovos sob

estereomicroscópio; B- massa de ovo no crânio do suíno (forames palatinos maiores); C- massa

de ovo nas frestas da gaiola.

17

Figura 3. Observações bionômicas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- larvas de

diferentes estádios encontrados em ossos do côndilo femoral; B- larvas de sexto estádio

encontradas abaixo do couro do suíno (tecido conjuntivo).

3.2 Fases de desenvolvimento e razão sexual

Os potes de criação foram monitorados diariamente e foram obtidas 10 posturas de ovos

com seus respectivos ciclos de vida completos. Cada fêmea depositou de 620 a 700 ovos (em

média 660 ± 33 ovos) em uma única postura. Destes, aproximadamente 93% dos ovos

eclodiram e originaram larvas (6.215 larvas obtidas no experimento). Aproximadamente 72%

das larvas (n = 4.475) não atingiram o estágio de pupa e morreram em sua maioria nos primeiros

estádios larvais (1º a 3º). Além disso,17% das larvas chegaram à fase de pupa, mas não houve

emersão dos adultos (1.056 pupas). Apenas 11% das larvas (684 adultos emergidos)

conseguiram completar seu desenvolvimento e se tornar adultos. Em cada postura, a razão

sexual dos adultos emergidos foi de 0,49, correspondendo a aproximadamente, 50% machos e

50% fêmeas.

A partir da análise de frequência da largura da cápsula cefálica foi possível observar a

separação das larvas em seis estádios (Figura 4), embora seja evidente uma variação de tamanho

que foram expressos em intervalos de classes. Desta forma, o primeiro estádio possui largura

da cápsula cefálica variando de 0,05-0,08 mm; o segundo estádio de 0,09-0,24 mm; terceiro

estádio de 0,25-0,45 mm; quarto estádio de 0,46-0,57 mm; quinto estádio de 0,58-1,04 mm e

sexto estádio de 1,05-1,14 mm. Através da PCA, também foi possível observar a separação das

larvas em seis estádios (Figura 5). O primeiro eixo da PCA explicou ~96% da variação no

tamanho das larvas e esteve positivamente associado com o tamanho da larva (Largura da

cápsula cefálica, Comprimento da cápsula cefálica, Largura do maior segmento abdominal e

Comprimento total). Através da MANOVA foi possível confirmar que os estádios observados

na PCA são diferentes em tamanho (F5,562 = 1047,80; p = 0,001).

18

Figura 4. Distribuição de frequência da largura da cápsula cefálica de Hermetia illucens

(Linnaeus, 1758) (Diptera: Stratiomyidae) evidenciando os seis estádios larvais: verde=

Primeiro estádio; azul escuro= Segundo estádio; azul claro= Terceiro estádio; vermelha=

Quarto estádio; preta= Quinto estádio; laranja= Sexto estádio.

19

Figura 5. Análise de Componentes Principais (PCA) com as medidas corporais de Hermetia

illucens (Linnaeus, 1758). As cores dos pontos coloridos indicam os estádios larvais. O ápice

da seta indica o tipo de medida corporal. l.cap= Largura da cápsula cefálica, c.cap=

Comprimento da cápsula cefálica, l.seg= Largura do maior segmento abdominal e c.tot=

Comprimento total. amarela= Primeiro estádio; azul= Segundo estádio; verde= Terceiro

estádio; vermelha= Quarto estádio; cinza= Quinto estádio; laranja= Sexto estádio.

3.3 Desenvolvimento

A duração média da incubação do ovo foi de 4,3 ± 1,0 dias, variando de 4-7 dias. O

tempo médio de desenvolvimento larval foi variável para cada estádio: primeiro= 1,8 ± 0,4 dias;

segundo= 2,7 ± 0,5 dias; terceiro= 5,0 ± 2,3 dias; quarto= 9,7 ± 1,5 dias; quinto= 11,9 ± 2,1

dias e sexto estádio= 13,0 ± 1,8 dias (Figura 6). A duração média do período da postura dos

ovos até o sexto estádio foi de 48,4 ± 9,4 dias, variando de 38 a 64 dias. O tempo de pupa variou

20

de 15 a 20 dias. O tempo total de desenvolvimento, ou seja, de ovo até a emergência do adulto

variou de 53 a 82 dias.

Figura 6. Tempo de desenvolvimento para cada estádio larval de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) em condições ambientais em Manaus-AM.

A regra de Dyar indicou uma razão de crescimento para os estádios larvais com r = 1,87.

Durante o desenvolvimento de H. illucens, o comprimento larval aumentou aproximadamente

11,6 vezes em relação ao tamanho inicial. O comprimento total médio no primeiro estádio foi

de 1,6 ± 0,5 mm. Ao atingirem o sexto estádio a média foi de 18,6 ± 1,7 mm. Os valores do

comprimento médio no segundo, terceiro, quarto e quinto estádios foram 2,7 ± 1,0 mm, 5,5 ±

2,0 mm, 10,5 ± 2,2 mm e 14,7 ± 2,6 mm respectivamente (Figura 7A).

A massa das larvas de H. illucens aumentou gradativamente ao longo do

desenvolvimento. As pesagens do primeiro estádio foram realizadas, excluindo-se apenas as

que obtiveram insuficiência de massa na balança. As massas úmidas médias das larvas no 1º,

21

2º, 3º, 4º, 5º e 6º estádios foram, 0,17 ± 0,7 mg, 1,63 ± 2,9 mg, 20,4 ± 36,5 mg, 30,7 ± 29,0 mg,

64,4 ± 32,0 mg e 110,7 ± 30,8 mg, respectivamente (Figura 7B).

Figura 7. Comprimento total (A) e massa úmida (B) para cada estádio larval de Hermetia

illucens (Linnaeus, 1758) em condições ambientais em Manaus-AM.

4. Discussão

Na área da entomologia forense, H. illucens desempenha papel importante na

decomposição cadavérica e pode auxiliar em cálculos de intervalos pós morte (IPM). Na

carcaça, os imaturos foram mais abundantes em relação aos adultos. Quanto ao fato de que nas

carcaças foram registradas exclusivamente fêmeas, ressalta-se que os adultos de H. illucens não

se alimentam e dependem de suas reservas de gordura corporal obtidas durante os estádios

larvais para reprodução bem-sucedida (Tomberlin et al., 2002; Sheppard et al., 2002). Assim, é

possível excluir a possibilidade de as fêmeas estarem na carcaça para sua alimentação,

reforçando que a presença das fêmeas no cadáver é para suprir uma necessidade reprodutiva,

referente à escolha de um substrato adequado para sua oviposição e principalmente para o

desenvolvimento dos imaturos.

No presente estudo, a chegada das fêmeas foi relacioanada ao estágio enfisematoso, a

partir de 24-72 horas após o óbito. Em estudos anteriores realizados no Brasil, adultos de H.

illucens foram associados a fases mais tardias da decomposição (restos), sendo registradas entre

o sexto e sétimo dia em ambiente urbano no Pará (duração total da decomposição= 31 dias;

22

Anjos, 2001) e a partir do 18º dia em área urbana no Rio de Janeiro (duração total da

decomposição = 67 dias; Barbosa et al., 2006). Em estudos na região Temperada, a colonização

de H. illucens em carcaças foi registrada entre 20-30 dias após a morte do indivíduo (Tomberlin

et al., 2005). No entanto, no sul do estado da Geórgia (EUA), Tomberlin et al. (2005)

observaram o aparecimento da espécie na primeira semana após a morte. Tais diferenças na

colonização de H. illucens em carcaças em decomposição são devidas às diferentes localidades

e se extrapoladas podem resultar em erros nos cálculos de IPM, reforçando a importância e a

necessidade de estudos locais para sua aplicação médico-legal.

Fêmeas de H. illucens colocam ovos em massa, em média 660 ovos por postura. Para

Clark e Faeth (1998), a aglomeração dos ovos pode ser uma estratégia de oviposição da espécie,

para evitar o ressecamento dos ovos. Em estudos anteriores realizados em região temperada, o

número de ovos por postura variou de 320 a 600 ovos (Tomberlin et al., 2002; Sheppard, 1983).

O número de ovos pode ser variável e depende das condições onde se desenvolveram as larvas

que originaram as fêmeas (Blackmore e Lord, 2000). Também é importante afirmar que o

tamanho da fêmea pode influenciar a produção de ovos. Neste contexto, ressalta-se que estudos

realizados com mosquitos (Diptera: Culicidae) revelaram relação positiva entre o tamanho e

fecundidade (Clements, 1992; Renshaw et al., 1994). De acordo com Holmes et al. (2012),

fêmeas maiores de H. illucens foram mais férteis e apresentaram posturas maiores.

Independentemente do tamanho da prole, as fêmeas de H. illucens têm preferência por

ovipor em locais escondidos e protegidos. Além disso, na natureza ovipõem agrupamentos de

ovos em lugares úmidos, como exemplo, na parte inferior de uma folha úmida próxima à fonte

de alimento (Gobbi, 2012). Além disso, foram observadas também ovipondo em rachaduras

secas, fendas ao redor da matéria em decomposição, corroborando as observações de outros

estudos, como as de Copello (1926) e Gonzalez et al. (1963). Booth e Sheppard (1984)

encontraram fêmeas ovipondo rapidamente em aberturas diminutas das arestas de papelão

utilizadas em seu experimento. Este hábito das fêmeas, provavelmente, é uma forma de proteger

os ovos e as larvas da predação por outras espécies que também irão se alimentar da matéria

em decomposição. É importante destacar que as larvas de H. illucens demoram em média cinco

dias para eclodir e, sem esse comportamento protetor das fêmeas, provavelmente muitas larvas

não completariam seu desenvolvimento, devido a possível predação dos ovos.

As larvas de H. illucens foram relatadas por Lord et al. (1994), Oliveira-Costa (2011) e

Pujol-Luz et al. (2008) como ferramenta para determinar IPM, o que comprova sua grande

potencialidade na área forense, principalmente para o cálculo de intervalos de óbitos que

23

ultrapassam períodos de 15 dias. Neste período a maioria dos dípteros Calliphoridae e

Sarcophagidae completaram seu desenvolvimento e abandonaram o substrato. Durante esse

período as larvas de H. illucens foram observadas abaixo do couro, indicando que as mesmas

podem estar se alimentando dos restos da decomposição e de micro-organismos (e.g., fungos e

bactérias), pois a quantidade de carne em putrefação foi praticamente consumida pelas demais

espécies que estiveram presentes na carcaça.

Apesar da abundância de ovos depositados pelas fêmeas grávidas e de larvas eclodidas,

a maioria não alcançou a fase adulta. Estes resultados podem estar relacionados à

disponibilidade, condição ou ao tipo de recursos alimentares. Gobbi et al. (2013) observaram

que, dietas a base de carne bovina, frango ou a mistura destas duas, oferecidas para as larvas na

criação laboratorial influenciaram no sucesso de seu desenvolvimento e que a secagem rápida

do alimento e a textura deste também foram dados relevantes, visto que as larvas necessitam de

ambiente úmido. Quanto a isso, Souza e Kirst (2010) afirmam que é importante manter a

alimentação saudável para as larvas e recomendam o uso de carne bovina ou suína para a criação

de espécies de moscas de interesse forense. Outro aspecto relevante na criação de dípteros

refere-se aos fatores abióticos, os quais afetam o desenvolvimento e a sobrevivência desses

insetos. Por exemplo, é conhecida a existência de intervalos de temperaturas e umidade relativa

aceitáveis para o desenvolvimento de H. illucens (Booth e Sheppard, 1984; Sheppard et al.,

2002). Em geral, existem temperaturas ótimas para o desenvolvimento de insetos, sendo que

valores extremos, acima ou abaixo, resultam em mortalidade dos indivíduos (Byrd e Butler,

1996; Kingsolver e Huey, 2008). Quanto à umidade, este fator pode afetar a sobrevivência de

pupas para completar seu desenvolvimento e atingir a fase adulta (Sheppard et al., 1994).

No presente estudo foram registrados seis estádios larvais para H. illucens, resultados

semelhantes aos obtidos em estudos anteriores realizados na América do Norte por Hall e

Gerhardt (2002) e na Coréia do Sul por Kim et al. (2010). Entretanto, Kim et al. (2008)

determinaram a existência de apenas cinco estádios para a espécie na Coreia do Sul. Estes

resultados foram justificados por Kim et al. (2010) pela dificuldade de se distinguir as exúvias

do primeiro e segundo estádios, devido seu tamanho reduzido e similaridade das estruturas

larvais.

Os intervalos de medidas da largura da cápsula cefálica obtidas através de teste de

frequência neste experimento, em sua maioria, foram menores do que de outros trabalhos em

literatura (Tabela A). Ao mesmo tempo, o ciclo de vida observado variou de 53 a 82 dias, sendo

mais longo do que o registrado em outros locais para esta espécie. Kim et al. (2010) criaram

24

larvas de H. illucens na Coréia do Sul e contabilizaram um período larval menor (21-36 dias).

May (1961) criou os imaturos desta espécie na Nova Zelândia e o desenvolvimento larval durou

31 dias. As diferenças são ainda maiores quando levado em consideração o período total de

desenvolvimento (ovo à adulto). Furmand et al. (1959) afirmaram que H. illucens necessita de

14 dias ou meses para chegar à fase adulta. Por sua vez, as larvas criadas por May (1961)

demoraram 40-41 dias para completar seu ciclo. Nos Estados Unidos, Lord et al. (1994)

chegaram à conclusão que para H. illucens o período de desenvolvimento pode levar até cinco

meses para que ocorra a emersão dos adultos (Tabela B). As diferenças no tempo de

desenvolvimento e nas medidas corporais em relação a ouros estudos, provavelmente estão

relacionadas a fatores extrínsecos a elas, como temperatura, umidade e distribuição dos recursos

(Roubik 1989). Esses fatores podem resultar na aceleração ou retardamento da resposta do ciclo

de vida, ou seja, em todas as fases que vão de ovo a adulto (Souza e Kirst, 2010).

De acordo com Greenberg e Kunich (2002), características como tamanho e massa

corporal são influenciados principalmente pela temperatura e a dieta ao qual são submetidos.

Como H. illucens não se alimenta na fase adulta, precisa acumular energia necessária para seu

desenvolvimento. Desta forma, a qualidade dos alimentos disponíveis para as larvas tem

relevância para o sucesso dos adultos no ambiente (Parra, 1990). No que se refere à temperatura,

Atkinson (1994) propõe que seres ectotérmicos, como os insetos, que se desenvolvem em

temperaturas mais elevadas tendem a ser adultos menores do que indivíduos que crescem sob

temperaturas mais baixas. As larvas estudadas por Kim et al. (2010) possuíram mais massa

corporal do que as observadas neste experimento (primeiro e segundo estádios= não

mensurados, terceiro= 2,59-5,21 mg, quarto= 12,49-31,71 mg, quinto= 36,88- 95,72 mg, sexto=

151,51-219,29 mg).

Após a fase de imaturo, o adulto emerge em uma razão sexual de 0,49. Em Diptera essa

proporção é variável e depende da amplitude da fecundidade e sobrevivência (Serra et al.,

2007), e isso tem implicações diretas no crescimento populacional (Brown e Keller 2000). Por

exemplo, para Chrysomya albiceps (Wiedemann, 1819) (Diptera: Calliphoridae), dependendo

da estação do ano a prole pode ser toda de machos ou somente de fêmeas, isto ocorre pois,

diferentemente de H. illucens, trata-se de uma espécie monogênica (Serra et al., 2007). Em

Anastrepha Schiner, 1868 (Diptera: Tephritidae) foi encontrada uma razão sexual de

aproximadamente 0,50, semelhante aos resultados obtidos (Chiaradia et al., 2004).

Avaliando a dificuldade de determinação dos estádios larvais de H. illucens, bem como,

sua importância em diversos aspectos (econômico, médico, forense), estudos que possam

25

fornecer informações comportamentais e sobre o ciclo de desenvolvimento dessa espécie

poderão auxiliar na criminalística e minimizar possíveis erros na determinação de intervalos

pós morte. Além disso, informações bionômicas também são relevantes para a produção em

maior escala de larvas para estudos de conversão destas em biomassa, para a produção de ração,

entre outros.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Tohnson Sales e Gilderlânia Oliveira pelo auxílio em campo.

A Léo Rossi e Daniel De Paula pela obtenção de algumas das imagens utilizadas. Ao

Laboratório de Citotaxonomia de insetos aquáticos pelo uso de equipamentos. À Coordenação

de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão da bolsa de

Mestrado. O apoio financeiro fornecido pelo projeto “Sistemática Integrada de Insetos

Aquáticos, com ênfase em Simuliidae (Diptera: Nematocera) na América do Sul” financiado

pelo MCTI / INPA.

Referências

Adler, A. I., Brancato, F.P., 1995. Human furuncular Myiasis caused by Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae). J. Med. Entomol. 32, 745-746.

Anjos, C. R. 2001. Entomofauna decompositora de carcaça de porcos na região de Belém, Pará,

Brasil, com ênfase na família Calliphoridae (Diptera). Museu Paraense Emilio Goeldi.

Belém, Pará.

Atkinson, D., 1994. Temperature and organism size – a biological law for ectotherms? Adv.

Ecol. Res. 3, 1–58.

Barbosa, R. R., Mello, R. P., Queiroz, M. M. C., 2006. Comportamento de Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae) como indicador forense na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

Resumo de congresso nacional. Recife, Pernambuco.

Barroso, F.G., De Haro, C., Sánchez-Muros, M.J., Venegas, E., Martínez-Sánchez, A., Pérez-

Bañón, C., 2014. The potencial of various insect species for use as food for fish.

Aquaculture. 422-423, 193-201.

Blackmore, M. S., Lord, C. C., 2000. The relationship between size and fecundity in Aedes

albopictus. J. of Vector Ecol. 25, 212-217.

26

Booth, D. C., Sheppard, C., 1984. Oviposition of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae): Eggs, Masses, Timing and Site Characteristics. Environ.

Entomol. 13, 421-423.

Brown, W.D., Keller, L., 2000. Colony sex ratios vary with queen number but note relatedness

asymmetry in the ant Formica exsecta. J. R. Soc. 267, 1751-1757.

Byrd , J . H., Butler, J. F., 1996. Effects of temperature on Cochliomyia macellaria. J. Med.

Entomol. 33, 901-905.

Calderón-Arguedas, O., Barrantes, M. J., Solano, M. E., 2005. Miíase entérica por Hermetia

illucens (Diptera: Stratiomyidae) en una paciente geriátrica de Costa Rica. Parasitol.

latinoam. 60 (3-4), 162-164.

Chiaradia, L. A., Milanez, J. M., Dittrich, R., 2004. Flutuação populacional de moscas-das-

frutas em pomares de citros no oeste de Santa Catarina, Brasil. Cienc. Rural. 34 (2), 337-

343.

Clark, B. R., Faeth, S. H., 1997. The consequences of larval aggregation in the butter ßy

Chlosyne lacinia. J. Ecol. Entomol. 22, 408-415.

Clements, A. N., 1992. The biology of Mosquitoes, development, nutricion, and reproduction.

Chapman e Hall, London. Vol. 1, 509 pp.

Copello, A. 1926. Biologia de Hermetia illucens Latr. Rev. Soc. Entomol. Argent. 1(2), 22-26.

Costa, A.C.L., Silva-Junior, J.A., Cunha, A.C., Feitosa, J.R.P., Portela, B.T.T., Silva, G.G.C.,

Costa, R.F., 2013. Índices de conforto térmico e suas variações sazonais em cidades de

diferentes dimensões na Região Amazônica. R. Bras. Geo. Fís. 6 (3), 478-487.

De Marco, M., Martínez, S., Hernandez, F., Madrid, J., Gai, F., Rotolo, L., Belforti, M.,

Bergero, D., Katz, H., Dadbou, S., Kovitvadhi, A., Zoccarato, I., Gasco, L., Schiavione,

A., 2015. Nutritional value of two insect latval meals (Tenebrio molitor and Hermetia

illucens) for broiler chickens: Apparent nutriente digestibility, apparent ileal amino acid

digestibility and apparent metabolizable energy. Anim. Feed Sci. Technol. 209, 211-218.

27

Diener, S., Solano, N. M. S., Gutiérrez, F. R., Zurbrügg, C., Tockner, K., 2011. Biological

treatment of municipal organic waste using black soldier fly larvae. Waste and Biomass

Valorization. 2 (4), 357-363.

Dyar, H. G., 1980. The number of molts Lepidopterous larvae. Psyche. 5, 420-422.

Furmand, P., Young, D., Catts, P. E., 1959. Hermetia illucens (Linnaeus) as a factor in the

natural control of Musca domestica (Linnaeus). J. of Econ. Entomol. 52 (5), 917-921.

Gobbi, F.P., 2012. Biología reproductiva y caracterización morfológica de los estadios larvarios

de Hermetia illucens (L., 1758) (Diptera: Stratiomyidae). Bases para su producción

masiva en Europa. Valência, Espanha.

Gobbi, P., Martínez-Sánchez, A., Rojo, S., 2013. The effects of larval diet n adult life-history

traits of the black soldier fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae). Eur. J. Entomol.

110 (3), 461–468.

Gonzalez, J. V., Young, W. R., Genel, M. R., 1963. Reducion de la problacion de mosca

domestica en gallinzaz por la mosca soldado en el Tropica. Agric. Tech. 2, 53-57.

Greenberg, B., Kunich, J.C., 2002. Entomology and the Law: Flies as Forensic Indicators.

Cambridge University Press, Cambridge.

Hall, D. C., Gerhardt, R. R., 2002. Flies (Diptera), in: Mullen, G., Durden, L. Academic Press.

Medical and veterinary entomology. San Diego. pp. 127- 161.

Holmes, L. A., Vanlaerhoven, S. L., Tomberlin, J. K., 2012. Relative Humidify effects on the

life history of Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae). Environ. Entomol. 41 (4), 971-

978.

INMET – Instituto Nacional de Metereologia, 2017. Estações convencionais – gráficos.

http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=rede_estacoes_conv_gr

af (accessed 24.01.2017).

INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2013. Infraestrutura.

http://portal.inpa.gov.br/index.php/institucional/infraestrutura (accessed 09.01.17).

28

Kim, J. G., Choi, Y. C., Choi, J. Y., Kim, W. T., Jeong, G. S., Park, K. H., Hwang, S. J., 2008.

Ecology of the black soldier fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae) in Korea.

Korean J. Appl. Entomol. 47, 337-343.

Kim, W., Bae, S., Park, H., Park, K., Lee, S., Choi, Y., Han, S., Koh, Y., 2010. The larval age

and mouth morphology of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens (Diptera:

Stratiomyidae). Int. J. Indust. Entomol. 21, 185-187.

Kingsolver, J. G., Huey, R. B., 2008. Size, temperature, and fitness: three rules. Evol. Ecol. Res.

10, 251–268.

Lalander, C, Diener, S, Magri, M. E., Zurbrügg, C., Lindström, A., Vinnerås, B., 2013. Faecal

sludge management with the larvae of the black soldier fly (Hermetia illucens) – From a

hygiene aspect. Sci. Total Environ. 458-460, 312-318.

Lecheta, M. C., 2012. Efeitos da temperatura no desenvolvimento de Sarconesia chlorogaster

(Wiedemam, 1830) (Diptera, Calliphoridae) e sua possível utilização na Entomologia

Forense. Curitiba, Paraná.

Lord, W. D., Goff, M. L., Adkins, T. R., Haskell, N. H., 1994. The black soldier fly Hermetia

illucens (Diptera: Stratiomyidae) as a potential measure of human postmortem interval:

observations and case histories. J. Forensic Sci. 39, 215–222.

May, B. M., 1961. The occurrence in New Zealand and the life-history of the soldier fly

Hermetia illucens (L.). New Zeal. J. Sci. 4, 55-65.

Oliveira-Costa, J., 2011. Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios. Millennium,

Campinas, São Paulo.

Parra, J.R.P., 1990. Consumo e utilização de alimentos por insetos, in: Panizzi, A.R., Parra,

J.R.P. (Manole): Ecologia Nutricional de Insetos e suas Implicações no Manejo de Pragas.

São Paulo, Brasil. pp. 9–57.

Pujol-Luz, J. R., Francez, P. A. C., Ururahy-Rodrigues, A., R. Constantino., 2008. The black

soldier-fly, Hermetia illucens (Díptera, Stratiomyidae), used to estimate the postmortem

interval in a case in Amapá state, Brazil. J. Forensic Sci. 53, 476–478.

29

Renshaw, M., Service, M. W., Birley, M. H., 1994. Size variation and reproductive success in

the mosquito Aedes cantans. Med. Vet. Entomol. 8, 179-186.

Roubik, D. W., 1989. Ecology and Natural History of Tropical Bees. Cambridge University.

Press, New York.

Serra, H., Godoy, W. A. C., Von-Zuben, F. J., Von-Zuben, C. J., Reis, S. F., 2007. Sex ratio

and dynamic behavior in populations of the exotic blowfly Chrysomya albiceps (Diptera,

Calliphoridae). Braz. J. Biol. 67(2), 347-353.

Sheppard, D. C., 1983. House fly and lesser fly control utilizing the black soldier fly in manure

management systems for caged laying hens. Environ. Entomol. 12, 1439- 1442.

Sheppard, D. C., Newton, G. L., Thompson, S. A., 1994. A value added manure management

system using the Black Soldier Fly. Bioresour. Technol. 50, 275-279.

Sheppard, D. C., Tomberlin, J. K., Joyce, J. A., Kiser, B. C., Sumner, S. M., 2002. Rearing and

colony maintenance of the black soldier fly, Hermetia illucens (L.) (Diptera:

Stratiomyidae). J. Med. Entomol. 39, 695-698.

Silveira-Neto, S., Nakano, O., Barbin, D., Villa-Nova, N. M., 1976. Manual de Ecologia de

Insetos. Editora Agronômica Ceres, São Paulo.

Souza, A. S. B., Kirst, F. D., 2010. Aspectos da bionomia e metodologia de criação de Dipteros

de interesse forense, In: Gomes, L. (Technical Books Editora), Entomologia Forense:

Novas tendências e tecnologias nas ciências criminais. Primeira edição. Rio de Janeiro.

pp. 169-182.

Tomberlin, J. K., Sheppard, D. C., Joyce, J. A., 2002. Selected life-history traits of Black

Soldier Flies (Diptera: Stratiomyidae) in a colony. J. Entomol. Sci. 37 (4): 345-352.

Tomberlin, J. K., Sheppard, D. C., Joyce, J. A., 2005. Black Soldier Fly (Diptera:

Stratiomyidae) colonization of pig carrion in South Georgia. J. Forensic Sci. 50 (1), 1-2.

Üstüner, T, Hasbenli, A., Rozkosny, R., 2003. The first record of Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) (Diptera, Stratiomyidae) from the Near East. Stud. Dipterol. 10, 181-185.

30

Woodley, N. E., 2009. Family Stratiomyidae, In: Gerlach, J. (Pen soft Publishers) The Diptera

of the Seychelles islands. Sofia and Moscow. pp. 100-106.

31

Apêndices

Tabela A. Medidas de largura da cápsula cefálica (mm) em cada estádio larval encontradas por

diferentes autores.

Largura da Cápsula cefálica

Estádios larvais

Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto

May (1961)

0,28

0,46

0,66-0,77

1,17-1,35

1,66-2,38

-

Kim et al. (2010) 0,08-0,12 0,16-0,24 0,34-0,46 0,52-0,68 0,84-0,96 1,05-1,15

Gobbi (2012) 0,27-0,28 0,66-0,68 0,99-1,03 1,88-2,00 1,86-2,30 -

Esta pesquisa 0,05-0,08 0,09-0,24 0,25-0,45 0,46-0,57 0,58-1,04 1,05-1,14

32

Tabela B. Períodos totais de desenvolvimento e para cada estádio larval encontradas por

diferentes autores.

Estudos

Períodos (dias)

Ovos Estádios Larvas Pupas Total

1º 2º 3º 4º 5º 6º

Copello (1926) 4-6 - - - - - - - 20 -

Furmand et al. (1959) 14 - 150 -

May (1961) 5-14 - - - - - - 31 9-10 40-41

Tingle et al. (1975) - - - - - - - - - 38

Booth e Shepard (1984) 4 - - -

Lord et al. (1994) < 150

Kim et al. (2010) - 1-2 1-3 1-3 4-6 5-7 9-15 21-36 20-24 -

Gobbi (2012) - 3 2 2 6 3 X 16 - -

Esta pesquisa 4-7 1-2 2-3 3-7 8-13 9-15 11-15 34-55 15-20 53-82

33

Capítulo II

Barros, L. M.; Gutjahr, A. L. N.; Ferreira-Keppler, R. L.;

& Martins, R. T. Descrição morfológica do ovo e dos

imaturos de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758)

(Diptera: Stratiomyidae). Manuscrito formatado para

Neotropical Entomology.

34

Luana Machado Barros

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA. Av. André Araújo 2936. Petrópolis.

69067-375 Manaus, AM, Brasil.

[email protected]

Descrição morfológica do ovo e dos imaturos de Hermetia illucens (Linnaeus) (Diptera:

Stratiomyidae)

L.M. BARROS¹, A.L.N. GUTJAHR², R.L. FERREIRA-KEPPLER¹, R.T. MARTINS¹

¹Programa de Pós-graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia -

INPA, Av. André Araújo, 2936, CEP 69067-375, Manaus, Amazonas, Brasil. ² Departamento

de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará- UEPA, Tv. Djalma Dutra, 156,

Belém, PA, CEP 66050-540, Brasil.

Descrição dos imaturos de Hermetia illucens

35

Resumo - Dentro de Hermetia, há registros de descrição de imaturos para apenas seis espécies:

H. albitarsis Fabricius, 1805, H. aurata Bellardi, 1859, H. concinna Williston, 1900, H. illucens

(Linnaeus, 1758), H. panamensis Greene, 1940 e H. pulchra Wiedemann, 1830. Destas, H.

illucens, vem despertando interesse por sua aplicabilidade em grandes áreas da ciência (forense,

médica e econômica). Foi realizada a descrição morfológica de ovos e imaturos de H. illucens,

a fim de acrescentar informações sobre as modificações observadas entre os estádios larvais e

na fase de pupa, para auxiliar na identificação dos estádios larvais da espécie. No estudo

morfológico foi utilizada a microscopia ótica e a técnica de MEV. Os ovos têm formato ovoide

alongado retilíneo e possuem coloração branco leitosa à amarelada. As larvas são ápodes,

hemicéfalas e holopnêusticas, achatadas dorso-ventralmente e podem ser identificadas pela

combinação das seguintes características: cabeça longa, quetotaxia dorsal e ventral da cápsula

cefálica, dos segmentos torácicos e abdominais, presença da mancha esternal no sexto segmento

abdominal e morfologia dos espiráculos anteriores e posteriores. As pupas são ádécticas e

exaradas, castanho escuras com pruinosidade castanha à dourada. A morfologia dos estádios

larvais é semelhante, apresentando variação na forma dos artículos da antena. A quetotaxia das

larvas é semelhante nos estádios larvais e pupa, variando o formato das cerdas de primeiro

estádio com os demais. Os resultados obtidos ampliam o conhecimento da morfologia desse

díptero e podem ajudar peritos forenses na identificação e diferenciação dos estágios imaturos

em campo e, diminuir os erros no cálculo de intervalo pós morte.

Palavras-chave: Entomologia forense, Estádios larvais, morfologia, taxonomia.

36

Introdução

Stratiomyidae é formada por 12 subfamílias e por mais de 2.650 espécies, distribuídas

em 375 gêneros (Woodley 2009). Somente membros de Parhadestriinae e Raphiocerinae não

possuem registros de suas formas imaturas (Woodley 2001). As larvas da família geralmente

estão associadas à matéria orgânica vegetal ou animal em decomposição e podem habitar

ambientes terrestres, aquáticos ou semiaquáticos (McFadden 1967).

Em Stratiomyidae, Hermetiini é composta por cinco gêneros: Chaetohermetia (duas

espécies Neotropicais); Chaetosargus (quatro espécies Neotropicais); Hermetia (76 espécies

cosmopolitas), Nothohermetia (uma espécie Australiana) e Patagiomyia (uma espécie

Neotropical). Dentro de Hermetia existem 78 espécies conhecidas e destas, 54 ocorrem na

região Neotropical, incluindo 22 com distribuição no Brasil (McFadden 1967, Woodley 2011,

Fachin 2017). Dentre estas, há registros em literatura dos imaturos de apenas seis espécies:

Hermetia albitarsis Fabricius, 1805 (Brasil), H. aurata Bellardi, 1859 (México), H. concinna

Williston, 1900 (México), H. illucens (Linnaeus, 1758) (cosmopolita), H. panamensis Greene,

1940 (Panamá) e H. pulchra Wiedemann, 1830 (Neotropical) (McFadden 1967, Woodley

2011).

Hermetia illucens é conhecida popularmente como “The Black soldier-fly” e seus

representantes possuem hábito detritívoro. Diferentemente dos adultos que não se alimentam,

as larvas colonizam ambientes como plantas, frutos e carne em decomposição (Oliveira-Costa

2011). A espécie desperta interesse devido seus imaturos estarem relacionados à ciclagem de

matéria orgânica (Diener et al 2011) e por serem utilizados na produção de ração animal

(Barroso et al 2014, De Marco et al 2015). Além disso, estudos forenses utilizaram H. illucens

para determinar o intervalo pós morte (IPM), sendo esta espécie importante principalmente para

o cálculo de intervalos de óbitos que ultrapassam 15 dias (Lord et al 1994, Oliveira-Costa 2011,

Pujol-Luz et al 2008).

Portanto, o conhecimento sobre a morfologia desses imaturos faz-se necessário, na

medida que podem solucionar erros na identificação da espécie, do tempo de desenvolvimento

das larvas e, consequentemente, em estimativas de IPM, contribuindo de forma relevante com

a criminalística. Apesar da existência de dados em literatura sobre H. illucens, as descrições

dos imaturos ainda requerem detalhamento do corpo em vistas dorsal, ventral e lateral da

quetotaxia, sendo indispensável mais estudos destas características, as quais possuem

importância significativa na taxonomia do grupo. Desta forma, este artigo busca descrever e

37

detalhar a morfologia do ovo, dos estádios larvais e das pupas de H. illucens de Manaus,

Amazonas, Brasil.

Material e métodos

Os imaturos de H. illucens foram obtidos de fêmeas grávidas coletadas em suíno em

decomposição e criadas em condições naturais. O experimento foi realizado durante os meses

de janeiro a setembro de 2016 no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia- INPA, campus

II, em Manaus, Amazonas, Brasil. Durante a coleta, uma postura de ovos, 45 larvas de cada

estádio e 45 pupas foram imersas em solução KAAD (1 parte de querosene, 10 partes de álcool

95%, 2 partes de ácido acético e 1 parte de dioxano) e posteriormente fixados em álcool 80%.

Este material foi utilizado para os registros fotográficos e descrição morfológica.

Os ovos e imaturos de H. illucens, coletados para análise em microscopia eletrônica de

varredura (MEV) foram lavados em soro fisiológico para retirar impurezas e depois fixados em

glutaraldeído 2%. Posteriormente, foram fixaçados em tetróxido de ósmio, lavados em solução

tampão de cacodilato de sódio 0,1 M em pH 7,2, sendo em seguida desidratados em solução de

etanol em diferentes concentrações (50%, 70%, 80%, 90%, 95% e 100%), por 20 minutos em

cada, com repetição na concentração de 100%. Os imaturos foram secos com gás carbônico

(CO2) pela técnica do ponto crítico, onde permaneceram por 60 minutos, e depois foram

montados em porta amostras (stubs) de alumínio e metalizados através de pulverização de sua

superfície em ouro. O processamento das amostras foi realizado no Laboratório Temático de

Microscopia Eletrônica do INPA. As visualizações e fotografias foram realizadas em

microscópio eletrônico de varredura VEGA 3 STEM (Tecscan) no Laboratório Temático de

Microscopia Eletrônica da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

A determinação dos estádios larvais foi realizada através de medições da largura da base

da cápsula cefálica (LC) em vista ventral. As mensurações da LC e fotografias de ovos e

imaturos foram feitas sob estereomicroscópio Leica 165C com câmera fotográfica DFC420

acoplada. O programa de Processamento de Imagem Digital, Leica Application Suite V3. 4.1

foi utilizado para a digitalização das imagens. As descrições de estruturas menores dos ovos,

larvas e pupas foram feitas através das fotografias obtidas pela microscopia eletrônica de

varredura. As ilustrações foram realizadas através de software para vetorização de imagens e a

terminologia adotada para ovo e larva segue Rozkošný & Kovac (1998) e, para pupa, Costa &

Ide (2006). Todas as estruturas foram analisadas em vista dorsal, ventral e lateral.

38

Os imaturos foram armazenados em potes de vidro preenchidos com álcool 80% e

depositados como material testemunho na Coleção de Invertebrados do INPA.

Resultados

A descrição do ovo de H. illucens foi realizada com base na análise de 45 ovos. Esse

díptero depositada seus ovos em massa (Fig 1A), recobrindo sua superfície com muco, o que

proporciona a aderência do ovo ao substrato e entre eles. Os ovos ficam aglomerados em lugares

protegidos e escondidos, preferencialmente em orifícios pequenos, chegando uma postura a

totalizar entre 620 a 700 ovos (em média 660 ± 33 ovos).

Descrição do Ovo de Hermetia illucens

Dimensões variáveis, sendo o comprimento: 1,00-1,4 mm, diâmetro: 0,4-0,6 mm. Formato

ovóide alongado e retilíneo. Coloração variando de branco leitoso nas primeiras horas após a

oviposição, passando a amarelado com o tempo e o amadurecimento do embrião. Córion

brilhoso, com superfície irregular e ornamentações com aspecto enrugado (Fig 1B, C);

Micrópila não visualizada.

39

Fig 1 Morfologia dos ovos de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- Postura (massa de ovos)

sob estereomicroscópio ótico; B- Aspecto geral sob microscopia eletrônica de varredura

(MEV); C- Superfície aproximada do córion. Escalas: A= 1 mm; B= 30 µm; C= 10 µm.

40

Descrição da larva de Hermetia illucens

Larva ápode, hemicéfalica e holopnêustica. Corpo possui 12 segmentos (incluindo a cápsula

cefálica), alongado e achatado dorso-ventralmente (Figs 8A-C), evidenciando uma superfície

corpórea provida de cutícula ornamentada com aparência de mosaico ou formas circulares,

devido a deposição calcária (Fig 5B). Superfície corporal com cerdas e sensilas cuja coloração

varia em cada estádio.

Cápsula cefálica: castanha, tendendo a escurecer com o desenvolvimento larval, longa, mais

estreita que os segmentos seguintes e ligada ao protórax. Retrátil e esclerosada, provida de um

par de antena (An) (Fig 2B) situada lateralmente e formada por três segmentos. Segmento

antenal basal com sensilas campaniformes. Segundo segmento com sensilas longas e delgadas,

localizadas na região posterior (número varia dependendo do estádio larval). Terceiro segmento

oval, comprimento varia de acordo com o estádio (Fig 2B). Um par de ocelos ou olhos simples

(O) localizados lateralmente a cabeça. Dois escleritos laterais (Ecl) e um esclerito clípeo-frontal

(Ecf) alcançando a região apical. Labro (L) estreito, cônico e esclerosado (Fig 2A). Placa

ventral (Pv) ventrolateral, esclerosada e se estende na região basal. Premento (Prm) estreito na

base e alarga no ápice, localizado entre a placa ventral. Área molar (Am) bem desenvolvida e

localizada antero-ventralmente (Fig 2C). Lóbulos genais (Lg) estreitos e coriáceos. Complexo

mandíbulo- maxila, com mandíbula basal e maxila apical. Palpo maxilar (Pm) com cerdas

maxilares (Cm) ao redor da base pouco desenvolvidas. “Escovas mandibulares” (Em) na região

central, sendo uma superior (Em 1), localizada entre os palpos, e outra inferior (Em 2),

localizada entre os lóbulos genais (Fig 2D). Mandíbula (Md) estreita apicalmente com

pruinosidade concolor à cápsula cefálica.

41

Fig 2 Morfologia da cápsula cefálica da larva do sexto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) sob MEV: A- Vista antero-dorsal; Ecl= Esclerito lateral; Ecf= Esclerito clípeo-frontal;

L= Labro; O= Ocelo; An= Antena. B- Vista frontal da antena, em destaque uma das sensilas

campaniformes; Sc= Sensíla campaniforme. C- Vista ventral da cápsula cefálica; Plv= Placa

ventral; Prm= Premento; Am= Área molar. D- Aparelho bucal: Em 1= Escovas mandibulares

superiores; Em 2= Escovas mandibulares inferiores; Pm= Palpo maxilar; Cm= Cerda maxilares;

Lg= Lóbulos genais; Md= mandíbula. Escalas A= 100 µm; B= 20 µm; C= 500 µm; D= 200

µm.

Tórax: coloração variável com a idade larval. Três segmentos semelhantes a placas

retangulares sobrepostas (Fig 3A), com sensilas espiniformes com margem anterior (Fig 3D).

Protórax com um par de espiráculos laterais proeminentes amarelos (Fig 3C), mais longo que

os demais espiráculos. Área estigmática central com duas aberturas espiraculares (AEsp)

formando um V, com cicatriz estigmática (CEst) na base (Fig 3C). Mesotórax com vestígios

42

espiraculares ausentes. Metatórax com vestígios espiraculares (Fig 3B), curtos e arredondados

dorso-laterais. Mesotórax e metatórax, em vista dorsal e ventral, com sensilas espiniformes

presentes (Fig 3D). Segmentos torácicos recobertos com cerdas e superfície irregular e

ornamentada com estruturas circulares (Fig 5B).

Fig 3 Morfologia do tórax da larva do quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob

MEV: A- Vista dorsal dos segmentos torácicos, em destaque o espiráculo anterior esquerdo; B-

Vestígio espiracular em destaque; C- Vista frontal do espiráculo anterior, em destaque as duas

aberturas espiraculares (AEsp) formando um V (indicado com seta vermelha) e a cicatriz

estigmática (CEst) acima (indicada com seta amarela); D- Vista ventral dos segmentos

torácicos, em destaque as sensilas (sen; indicada com seta amarela). Escalas A=2 mm; B= 100

µm, C= 30 µm e D= 2mm.

Abdome: coloração variável com a idade larval. Formado por oito segmentos semelhantes aos

do tórax com sensilas espiniformes na margem anterior da região ventral (Fig 4A), com exceção

do 8º segmento. Um par de vestígios espiraculares (Fig 4B) dorso-lateralmente nos sete

segmentos anteriores, 8º segmento com câmara espiracular (Fig 4E), cuja abertura é maior que

43

dos espiráculos, rodeada por um pente de cerdas. Sexto segmento abdominal com uma mancha

esternal (Me) (Fig 4C), com formato oval-alongado, correspondente a uma área cuticular de

glândulas especializadas, desprovidas de cerdas e quase concolores ao resto do corpo. 8º

segmento abdominal mais longo que os outros segmentos anteriores (Fig 5A), arredondado no

ápice, com abertura anal, rodeada de cerdas espiniformes curtas e robustas (Fig 4D).

Fig 4 Morfologia do abdome da larva do sexto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758)

sob MEV: A- Sensilas presentes da região ventral do terceiro segmento abdominal; B- Vestígio

espiracular localizado em todos os segmentos abdominais em vista dorsal, com exceção do

último; C- Mancha esternal localizada no sexto segmento abdominal em vista ventral; D-

Abertura anal em destaque no último segmento abdominal, rodeada de espinhos, em vista

ventral; E- Abertura espiracular no último segmento abdominal em vista frontal. Escalas A e

B= 1 mm; C e E= 100 µm; D= 200 µm.

44

Primeiro estádio (N= 45; Fig 5A)

Comprimento: 1,00-2,63 mm. Coloração: esbranquiçada, com cerdas concolores à cutícula.

Cápsula cefálica: largura 0,05-0,08 mm, castanho clara no ápice. Antena (An): segmento

basal com três sensilas campaniformes. Segundo segmento com quatro sensilas posteriores

longas e delgadas. Terceiro segmento oval e mais longo que o segundo segmento (Fig 11A).

Fig 5 Larva de primeiro estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV: A- Vista

dorsal; B- Superfície corporal. Escalas A= 30 µm e B= 100 µm.

Segundo estádio (N= 45)

Comprimento: 1,64-4,00 mm. Coloração: esbranquiçada, com cerdas concolores à cutícula

(Figs 6A, B). Cápsula cefálica: largura 0,09-0,24 mm, ápice castanho claro. Antena (An):

segmento basal com três sensilas campaniformes. Segundo segmento com três sensilas

45

posteriores longas e delgadas. Terceiro segmento oval tão longo quanto o segundo e começando

a invaginar-se sob o segundo segmento (Fig 11B).

Fig 6 Larva de segundo estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio

ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal. Escalas A e B= 1 mm.

Terceiro estádio (N=45)

Comprimento: 3,28-6,00 mm. Coloração: branco leitoso com cerdas concolores (Figs 7A, B).

Cápsula cefálica: largura 0,25 a 0,45 mm, ápice castanho claro. Antena (An): segmento basal

com três sensilas campaniformes. Segundo segmento com quatro sensilas posteriores longas e

delgadas. Terceiro segmento oval, mais curto que os demais e invaginando-se sob o segundo

segmento (Fig 11C).

46

Fig 7 Larvas de terceiro estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio

ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal. Escalas A e B= 1 mm.

Quarto estádio (N=45)

Comprimento: 6,05-14,00 mm. Coloração: segmentos da região ventral branco leitoso e

região dorsal amarelado, com cerdas amareladas (Figs 8A, B). Cápsula cefálica: largura 0,46-

0,57 mm, ápice castanho claro. Antena (An): segmento basal com três sensilas campaniformes.

Segundo segmento com três sensilas posteriores longas e delgadas. Terceiro segmento oval,

menor que o de terceiro estádio e sua metade está invaginada sob o segundo segmento (Fig

11D).

47

Fig 8 Larvas de quarto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio

ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C= 1 mm.

Quinto estádio (N=45)

Comprimento: 9,53-20,29 mm. Coloração: branco leitoso, com cerdas amareladas (Figs 9A,

B). Cápsula cefálica: largura 0,58-1,04 mm, castanho claro e ápice mais escuro. Antena (An):

segmento basal com três sensilas campaniformes. Segundo segmento com três sensilas

posteriores longas e delgadas. Terceiro segmento oval, menor que o de quarto estádio e mais

de sua metade invaginou-se sob o segundo segmento (Fig 11E).

48

Fig 9 Larvas de quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio

ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C= 2 mm.

Sexto estádio (N= 45)

Comprimento: 9,53-20,29 mm. Coloração: branco leitoso, amarelada a castanho escuro, com

cerdas amareladas (Figs 10A, B). Cápsula cefálica: largura 1,05-1,14 mm, castanho clara e

ápice mais escuro. Antena (An): segmento basal com três sensilas campaniformes. Segundo

segmento com três sensilas posteriores longas e delgadas. Terceiro segmento oval, menor que

o de quinto estádio, ápice visível e o restante invaginado totalmente sob o segundo segmento

(Fig 11F).

49

Fig 10 Larvas de sexto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio

ótico: A- Vista ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C= 5 mm.

50

Fig 11 Antena das larvas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) evidenciando as diferenças

morfológicas entre os estádios: A- Primeiro estádio; B- Segundo estádio; C- Terceiro estádio;

D- Quarto estádio; E- Quinto estádio; F- Sexto estádio. Os números 1, 2, 3 e 4 indicam as

sensilas alongadas encontradas no segundo segmento da antena. Escalas A= 3 µm; B= 10 µm;

C= 5 µm; D= 100 µm; E= 200 µm e F= 20 µm.

51

Descrição da pupa de Hermetia illucens (n=45)

Comprimento: 15,00-22,29 mm. Pupa adéctica e coarctata. Corpo com 12 segmentos

(incluindo a cápsula cefálica), alongado e achatado dorso-ventralmente (Fig 12C). Superfície

áspera e rígida, retém estruturas cuticulares desenvolvidas na fase larval anterior. Cutícula com

aparência de mosaico, devido a deposição calcária. Cerdas mais rígidas do que nos estádios

larvais. Corpo coberto por pruinosidade densa, castanha a dourada. Coloração: castanho escura

tendendo ao marrom (Fig 12A).

Fig 12 Pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob estereomicroscópio ótico: A- Vista

ventral; B- Vista dorsal; C- Vista lateral. Escalas A, B e C= 5 mm.

Cápsula cefálica: concolor ao restante do corpo. Curta e mais estreita que os segmentos

seguintes (Fig 12A). Largura: 0,73-0,86 mm. Totalmente esclerosada e provida de um par de

antenas (An) laterais, com segmento apical totalmente invaginado sob o segundo segmento

(Figs 13A, C). Um par de ocelos ou olho simples (O) laterais, correspondendo a ⅓ da altura da

52

cápsula cefálica, localizados próximo à base desta. Dois escleritos dorsais (Ecl), esclerito

clípeo-frontal (Ecf) atingindo a região apical (Fig 13A). Labro (L) estreito, cônico e esclerosado

(Fig 13B). Em posição ventro-lateral, encontra-se a placa ventral (Pv), que é esclerosada e se

estende na região basal (de cada lado da cabeça). O premento (Prm) é um esclerito estreito na

base que se alarga no ápice, localizado entre a placa ventral. Área molar apenas parcialmente

distinta. Complexo mandibulo-maxila seco e firmemente ligado aos lóbulos genais (Lg) da

cápsula cefálica. Aparelho bucal coberto por uma placa cuticular completa e esclerosada (Fig

13D).

Fig 13 Morfologia da cápsula cefálica da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV:

A- Vista dorsal; Ecl= Esclerito lateral; Ecf= Esclerito clípeo-frontal; O= Ocelo; An= Antena.

B- Vista lateral da cápsula cefálica, evidenciando o olho direito (seta); L= Labro; C- Vista

dorsal da antena; D- Vista ventral da cápsula cefálica; Plv= Placa ventral; Prm= Premento; Am=

Área molar. Escalas A, B e D= 200 µm; C= 10 µm.

53

Tórax: três segmentos semelhantes a placas retangulares sobrepostas (Figs 14C, D), sensilas

espiniformes anteriores ausentes. Protórax com um par de espiráculos castanhos-escuros

proeminentes (Fig 14A), laterais, mais longos que os demais espiráculos. Cada espiráculo (Fig

14B) com uma placa esclerosada, área estigmática central com duas aberturas espiraculares

formando um V, cicatriz estigmática na base semelhante à dos estádios larvais. Mesotórax com

vestígios espiraculares ausentes. Metatórax com vestígios espiraculares (Fig 3B), os quais são

estruturas pequenas e arredondadas dorso-laterais. Meso e metatórax, em vista dorsal e ventral,

sem sensilas espiniformes. Segmentos recobertos com grande tomento castanho a dourao.

Fig 14 Morfologia do tórax da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV; A- Vista

lateral do primeiro segmento torácico, em destaque o espiráculo anterior direito; B- Vista dorsal

do espiráculo anterior; C- Vista dorsal do primeiro segmento do tórax; D- Vista ventral dos

segmentos torácicos; Escalas A= 500 µm; B= 100 µm; C e D= 1 mm.

Abdome: oito segmentos semelhantes ao tórax, desprovidos de sensilas espiniformes (Fig 15E).

Um par de vestígios espiraculares localizado dorso-lateralmente nos sete primeiros segmentos,

com exceção do último, oitavo segmento abdominal com câmara espiracular (Fig 15A), rodeada

por um pente de cerdas. Sexto segmento abdominal com mancha esternal (Me) (Figs 15C, D),

oval-alongada, correspondente a uma área cuticular de glândulas especializadas, desprovidas

54

de cerdas e quase concolores ao resto do corpo. Oitavo segmento abdominal mais longo que os

segmentos precedentes e estreitado posteriormente, abertura anal ausente (Fig 15B). Cerdas

espiniformes ao redor da abertura anal ausentes. Segmentos abdominais com tomento denso e

amarelado a dourado (Fig 15F).

Fig 15 Morfologia do abdome da pupa de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) sob MEV: A-

Abertura espiracular no último segmento abdominal em vista dorsal; B- Abertura anal em

destaque no último segmento abdominal em vista ventral; C- Mancha esternal localizada no

sexto segmento abdominal em vista ventral; D- Visão aproximada da mancha esternal,

detalhando as células da superfície; E- Segmentos abdominais em vista dorsal; F- Superfície

corporal pruinosa da pupa. Escalas A e E= 1 mm; B= 200 µm; C, D e F = 100 µm.

55

Quetotaxia

Em todos os estádios larvais e na pupa de H. illucens, as posições das cerdas na cápsula

cefálica, região dorsal e ventral, são semelhantes (Figs 16 e 17). No entanto, foi observada

diferença no formato das cerdas. Larvas de primeiro estádio possuem dois tipos de cerdas: as

cerdas ventrais são lisas e subdivididas basalmente em dois filamentos, um menor e acuminado,

o outro longo e capitado distalmente (Fig 18A); e as cerdas dorsais são capitadas distalmente e

com numerosos dentículos (Fig 18B). Nos demais estádios, as cerdas são multiciliadas e

apicalmente acuminada e são distribuidas por todo corpo da larva (Fig 18C).

Cápsula cefálica: um par de cerdas dorso-laterais, dois pares de cerdas clípeo-frontais e dois

pares de cerdas labrais (Fig 16A). Ventralmente há três pares de cerdas ventrais e três pares

ventro-laterais (Fig 16B).

Fig 16 Quetotaxia da cápsula cefálica de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- Vista dorsal;

B- Vista ventral.

56

Tórax: protórax com dois pares de cerdas antero-dorsais, três pares de cerdas dorsais e um par

dorso-lateral. Meso e metatórax com três pares de cerdas dorsais e um par de cerdas dorso-

lateral (Fig 17A). Cada um dos três segmentos possue dois pares de cerdas ventrais e um par

de cerdas ventro-laterais (Fig 17B).

Abdome: primeiro ao sétimo segmento com um par de cerdas dorso-laterais e três pares de

cerdas dorsais cada. Oitavo segmento com dois pares de cerdas dorso-laterais e um par dorsal

(Fig 17A). Primeiro ao sétimo segmento com um par de cerdas ventro-lateral, três pares de

cerdas ventrais cada. Oitavo segmento com dois pares de cerdas póstero-ventrais, dois pares de

cerdas ventrais, um par de cerdas anais e dois pares de cerdas pré-anais (Fig 17B).

Fig 17 Quetotaxia da larva de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) com ênfase nos segmentos

toráxicos e abdominais: A- Vista dorsal; B- Vista ventral. Os números 1-3 apresentados

inicialmente indicam os segmentos torácicos. Os números de 1’ a 8’ indicam os segmentos

abdominais. Os pontos pretos ( ) indicam as posições das cerdas nos segmentos corporais da

larva.

57

Fig 18 Tipos de cerdas da superfície corporal de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758): A- Cerdas

de primeiro estádio localizadas na região ventral; B- Cerdas de primeiro estádio localizadas na

região dorsal; C- Cerdas localizadas no segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto estádios e pupa.

Escalas A= 10 µm; B= 10 µm e C= 100 µm.

Discussão

As larvas de H. illucens possuem a morfologia semelhante entre os estádios larvais. Este

provavelmente é o motivo pelo qual os estudos de morfologia da espécie são realizados apenas

com um único (Baez 1975, Kim et al 2010, Gobbi 2012, Oliveita et al 2015) ou dois estádios

(Oliveita et al 2016), sendo as descrições generalizadas para todos os estádios. Em literatura,

os estádios larvais desse diptero são definidos a partir de medidas da cápsula cefálica. Neste

artigo, além da morfometria, foram observadas diferenças na antena, a qual é modificada no

58

decorrer do desenvolvimento, sendo que o terceiro segmento invagina-se sob o segundo até não

ser mais visível no sexto estádio e pupa. Além disso, há uma grande modificação nas cerdas

das larvas de primeiro estádio em comparação com os demais.

O estudo da quetotaxia ainda não é tão utilizado nesta espécie. No entanto, Gobbi (2012)

destacou as posições das cerdas do quinto estádio larval, de maneira semelhante ao encontrado

neste artigo. O diferencial foi notar que há modificação no tipo e formato das cerdas e

caracterizá-las.

As cerdas presentes na cutícula dos imaturos de H. illucens, tanto na região dorsal

quanto ventral, proporcionaram melhor rendimento quanto a locomoção da larva,

principalmente para esta espécie que se desenvolve em matéria orgânica (Baez 1975).

Provavelmente, as larvas do primeiro estádio têm cerdas mais longas na região ventral para

facilitar sua aderência ao substrato e procurar ativaente locais mais favoráveis, pois são menores

e mais frágeis.

Hermetia illucens, assim como as outras espécies de Stratiomyidae e Xylomyidae fazem

parte de um grupo, no qual as pupas se originam dentro do tegumento do último estádio larval

(Smith 1989). Isto explica o fato da morfologia da pupa ser semelhante à da larva. Pupas de H.

illucens são incapazes de se locomover e se alimentar, por isso, provavelmente o aparelho bucal

vai se tornando mais esclerosado de acordo com a idade da larva até as peças se tornarem

totalmente fusionadas e fechadas no estágio de pupa.

Apesar das diferenças no formato das cerdas e da antena, a medida da largura da cápsula

cefálica é a característica mais eficiente para a separação dos estádios larvais e deve continuar

sendo utilizada para definir os estádios larvais de H. illucens, o que será muito importante para

determinar o calculo de intervalo pós morte, quando em casos forenses.

Informações relacionadas à morfologia de H. illucens, obtidas neste estudo, contribuiem

com a taxonomia do grupo e ampliação do conhecimento da espécie na Amazônia,

possibilitando mais segurança na identificação por parte de peritos que queiram usá-la na

criminalística.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Dr. Francisco Tiago Melo e aos técnicos Jackieline Veras,

Lucas Castanhola e Wilson Meirelles pelo auxílio no processamento das amostras em

microscopia eletrônica de varredura. Ao Laboratório Temático de Microscopia Óptica e

59

Eletrônica- LTMOE do INPA e ao Laboratório de histologia e embriologia animal da

Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, pela estrutura que possibilitaram a

microscopia de varredura. A Léo Rossi por fotografar algumas das imagens utilizadas. Ao

Laboratório de Citotaxonomia de insetos aquáticos pelo uso do equipamento de

Automontagem. À Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

pela concessão da bolsa de Mestrado. O apoio financeiro fornecido pelo projeto “Sistemática

Integrada de Insetos Aquáticos, com ênfase em Simuliidae (Diptera: Nematocera) na América

do Sul” financiado pelo MCTI / INPA, coordenado pela Dra. Neusa Hamada.

Referências

Baez M. (1975) Presencia de Hermetia illucens (L.) em las Islas Canarias (Diptera,

Stratiomyidae). Vieraea 4(1-2): 173-179.

Costa C., Ide S. (2006) Fases de desenvolvimento. p. 19-29. In: C. Costa, S. Ide e C.E. Simonka

(Holos editora). Insetos Imaturos: metamorfose e identificação. Ribeirão Preto, 249 p.

De Marco M, Martínez S, Hernandez F, Madrid J, Gai F, Rotolo L, Belforti M, Bergero D, Katz

H, Dadbou S, Kovitvadhi A, Zoccarato I, Gasco L, Schiavione A (2015) Nutritional value of

two insect latval meals (Tenebrio molitor and Hermetia illucens) for broiler chickens: Apparent

nutriente digestibility, apparent ileal amino acid digestibility and apparent metabolizable

energy. Anim. Feed Sci. Technol. 209: 211-218.

Diener S, Solano NMS, Gutiérrez FR, Zurbrügg C, Tockner K (2011) Biological treatment of

municipal organic waste using black soldier fly larvae. Waste and Biomass Valorization 2 (4):

357-363.

Fachin DA 2017. Stratiomyidae in Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. PNUD.

(http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/12536). Acesso: 24/05/2017.

Gobbi FP (2012) Biología reproductiva y caracterización morfológica de los estadios larvarios

de Hermetia illucens (L., 1758) (Diptera: Stratiomyidae). Bases para su producción masiva en

Europa. Tese de doutorado, Universidad de Alicante. 155 pp.

60

Kim W, Bae S, Park H, Park K, Lee S, Choi Y, Han S, Koh Y (2010) The larval age and mouth

morphology of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae). Int. J. Indust.

Entomol. 21: 185-187.

Lord WD, Goff ML, Adkins TR, Haskell NH (1994) The black soldier fly Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae) as a potential measure of human postmortem interval: observations

and case histories. J. Forensic Sci. 39: 215–222.

McFaden MW (1967) Soldier fly larvae in America north of Mexico. Proceedings of the United

States National Museum 12:1-72.

Oliveira-Costa J (2011) Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios. Campinas, São

Paulo, Millennium, 257p.

Oliveira F, Doelle K, List R, O’Reilly J (2015) Assessment of Diptera: Stratiomyidae, genus

Hermetia illucens (L., 1758) using eléctron microscopy. J. Entomol. Zool. Stud. 3(5): 147-152.

Oliveira F, Doelle K, Smith RP (2016) External Mophology of Hermetia illucens

Stratiomyidae: Diptera (L. 1758) based on electron Microscopy. Annu. Res. Rev. Biol. 9(5): 1-

10.

Pujol-Luz JR, Francez PAC, Ururahy-Rodrigues A, Constantino R (2008) The black soldier-

fly, Hermetia illucens (Díptera, Stratiomyidae), used to estimate the postmortem interval in a

case in Amapá state, Brazil. J. Forensic Sci. 53: 476–478.

Rozkošný R, Kovac D (1998) Descriptions of bamboo-inhabiting larvae and puparia of oriental

soldier flies Ptecticus brunettii and P. flavife moratus (Diptera: Stratiomyidae: Sarginae) with

observations on their biology. Eur. J. Entomol. 95: 65-86.

Smith KGV (1989) An introduction to the immature stages of British flies. Handbook for

identification of British insects. Vol. 10, Part 14. Royan Entomological Society, London, 280

p.

Woodley NE (2001) A world catalogue of the Stratiornyidae (Insecta: Diptera). Myia, 11: 1-

473.

61

Woodley NE (2009) Family Stratiomyidae. p. 100-106. In: J. Gerlach (Pen soft Publishers).

The Diptera of the Seychelles islands. Sofia and Moscow, 431p.

Woodley, NE (2011) A World Catalog of the Stratiomyidae (Insecta: Diptera): A Supplement

with Revisionary Notes and Errata. Myia, 12: 379–415.

62

Capítulo III

Barros, L. M.; Martins, R. T; Ferreira-Keppler, R.

L. & Gutjahr, A. L. N. Estimativa de massa seca e

úmida de larvas de Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) (Diptera: Stratiomyidae) associadas a suíno

em decomposição em ambiente urbano na

Amazônia Central. Manuscrito submetido para

Journal of Insect Science.

63

Estimativa de massa seca e úmida de larvas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758)

(Diptera: Stratiomyidae) associadas a suíno em decomposição em ambiente urbano na

Amazônia Central

Luana Machado Barros, 1,2 Renato Tavares Martins, ¹ Ruth Leila Ferreira-Keppler, ¹ e Ana

Lúcia Nunes Gutjahr³

1Programa de Pós-graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia -

INPA, Av. André Araújo, 2936, CEP 69067-375, Manaus, Amazonas, Brasil, 2 Autor

correspondente, e-mail: [email protected], 3Departamento de Ciências Naturais da

Universidade do Estado do Pará- UEPA, Tv. Djalma Dutra, 156, Belém, PA, CEP 66050-540,

Brasil.

Running head: Barros et al.: Estimativa de biomassa de Hermetia illucens da Amazônia

Central

64

Resumo

Dados de biomassa são relevantes para cálculo das taxas de crescimento e para compor

informações relacionadas com a aplicação econômica e médico-legal de Hermetia illucens

(Linnaeus, 1758). Apesar da biomassa ser importante para entender vários processos

ecológicos, ela não é necessariamente fácil de medir. A biomassa pode ser determinada através

de medição direta (pesagem) ou indiretamente por modelos de regressão entre dimensões do

corpo e massa seca e úmida do indivíduo. Neste artigo, analisou-se a relação entre a

morfometria e a biomassa de H. illucens, utilizando-se três modelos de regressão: linear,

exponencial e de potência. Para isso foram mensuradas 280 larvas, sendo utilizadas quatro

medidas morfométricas: largura da cápsula cefálica, comprimento da cápsula cefálica,

comprimento total do corpo e largura do maior segmento abdominal. As medidas que foram

melhores preditoras de biomassa foram o comprimento total do corpo e largura do maior

segmento abdominal. O modelo de regressão que obteve melhor ajuste entre as dimensões

corporais e biomassa (seca e úmida) foi o exponencial, seguido de potência e linear. Para todos

os modelos a biomassa úmida apresentou elevada relação com a biomassa seca (>75%). Não

houve diferença significativa entre os dados previstos pelos modelos e os valores observados,

e a capacidade de predição dos modelos variou de 27 a 79%. Os resultados demonstraram

grande ajuste entre as medidas corporais e a biomassa, podendo serem utilizados em estudos

aplicados envolvendo a espécie na Região Amazônica, para fins econômicos ou médico-legais.

Palavras-chave: modelos de regressão, morfometria, biomassa, insetos, relação alométrica.

65

Introdução

Os insetos representam grande parte da biomassa dos ecossistemas aquáticos e terrestres

(Stork 1988). Estes organismos são importantes fontes de alimento para vertebrados e

invertebrados (Price 1984, Huis et al. 2014) e fundamentais no processo de decomposição da

matéria orgânica animal (Deleport e Charrier 1996, Oliveira-Costa 2011, Martins et al. 2014).

Assim, a estimativa da biomassa é fundamental para entender o fluxo de energia (Ganihar

1997).

Embora a biomassa seja importante e necessária para entender vários processos

ecológicos, ela é um componente ambiental de difícil obtenção (Radtke e Williamson 2005). O

cálculo da biomassa de animais pequenos e numerosos requer tempo e é trabalhoso (Gowing e

Recher 1984, Ganihar 1997). Uma maneira de determiná-la de forma direta é pela secagem e

pesagem dos organismos, mas esta muitas vezes pode levar à destruição ou perda destes (Rogers

et al. 1976). Por outro lado, a biomassa pode ser obtida sem a destruição orgânica, através da

determinação do biovolume ou da relação entre medidas corporais e a massa do indivíduo

(Benke et al.1999). Este último método é considerado menos dispendioso e mais preciso do que

estimativas por biovolume e pesagens diretas, principalmente para invertebrados menores

(Brady e Noske 2006).

Diversos fatores devem ser levados em consideração ao utilizar modelos de regressão

para a determinação da biomassa. Os métodos de preservação e conservação das amostras

podem influenciar a quantidade de água e a conservação (e.g., quebra de partes do corpo) dos

indivíduos, afetando os valores da biomassa (Gruner 2003). A extrapolação de resultados dos

modelos de regressão para indivíduos oriundos de diferentes regiões geográficas pode resultar

estimativas errôneas de biomassa, devido às diferenças genéticas das populações e às condições

ambientais a que estão submetidas (Benke et al.1999). Além disso, o uso de dados de literatura

com regressões generalizadas (e.g., famílias e ordens) não devem substituir regressões

específicas do táxon (e.g., espécie) (Rogers et al.1976, Hódar 1996). Desta forma, é necessário

cautela ao extrapolar resultados de modelos de regressões para indivíduos de regiões e táxons

diferentes (Burgherr e Meyer 1997).

Para dípteros terrestres e aquáticos, alguns artigos que abordam estimativas de biomassa

de adultos por medidas corporais (e.g., Sabo et al. 2002, Gruner 2003, Brady e Noske 2006).

Em relação aos imaturos, muitos trabalhos estimam a densidade de larvas terrestres (Petersen e

66

Luxton 1982, Amorim et al. 2004, Beserra et al. 2009). No entanto, poucos tentaram quantificar

a biomassa desses indivíduos no ecossistema (Berg, 2000).

Larvas de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758), espécie cosmopolita, têm seis estádios

(Oliveira-Costa 2011), e possuem hábito detritívoro, estando associadas à matéria orgânica

animal e vegetal em decomposição. Por isso, são conversoras muito eficientes de matéria

orgânica e podem transformar grandes quantidades de resíduos sólidos em biomassa rica em

proteínas (Diener et al. 2011). Possuem aplicação na entomologia forense, especificamente na

área médico-legal, auxiliando em cálculos de intervalo pós morte (IPM) (Lord et al. 1994,

Oliveira-Costa, 2011, Pujol-Luz et al. 2008). Além disso, despertam interesse economicamente,

pois são capazes de gerar biomassa rica em proteínas que podem substituir a farinha de peixe,

aplicadas à aquicultura sustentável (Bondari e Sheppard 1987).

O conhecimento da biomassa das larvas de H. illucens é relevante para o cálculo das

taxas de crescimento, gerando informações para a aplicabilidade desta espécie. Assim, pode ser

útil, especificamente na área forense, para peritos na obtenção de ganho de massa dos estádios

larvais, sendo aplicados na determinação de IPM. Apesar disso, há escassez de estudos que

contemplem estas estimativas na região Amazônica. Assim, avaliou-se a relação entre

dimensões do corpo e massa, a fim de verificar se as medidas corporais são boas preditoras da

biomassa seca e úmida.

Material e métodos

Foram coletadas 280 larvas de H. illucens de diferentes tamanhos (2º ao 6º estádios) em

um cadáver de suíno Sus scrofa Linnaeus, 1758. As coletas foram realizadas no período de

janeiro a setembro de 2016 (estação chuvosa) no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

(INPA; 03º05'47”S e 59º59'22”W), na região urbana da cidade de Manaus, Amazônia Central.

Após serem retiradas da carcaça, as larvas foram imersas e sacrificadas em água aquecida

(~70°C), fixadas em solução KAAD (1 parte de querosene, 10 partes de álcool 95%, 2 partes

de ácido acético e 1 parte de dioxano) por um período de 24 h. Posteriormente, as larvas foram

acondicionadas individualmente em microtúbulos contendo álcool 80%.

Para obtenção das imagens e mensuração das medidas corporais (largura e comprimento

da cápsula cefálica, comprimento total do corpo e largura do maior segmento abdominal) foi

utilizado o estereomicroscópio Leica M165C com câmera fotográfica DFC420, acoplada ao

equipamento e o programa de processamento de Imagem Digital, Leica Application Suite V3.

4.1. A largura de cápsula cefálica (LC) foi determinada como a maior largura desta estrutura.

67

O comprimento da cápsula cefálica (CC) foi medido pela distância entre o ápice da cápsula

cefálica e o primeiro segmento do tórax em vista ventral. O comprimento total do corpo (CT)

foi medido entre o ápice da cápsula cefálica e a parte posterior do último segmento abdominal.

A largura do maior segmento abdominal (LA) foi a distância entre as partes laterais deste (Fig.

1).

Fig. 1. Larva de quinto estádio de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758), em vista ventral,

destacando as medidas realizadas. LC= Largura da cápsula cefálica; CC= Comprimento da

cápsula cefálica; CT= Comprimento total; LA= Largura do maior segmento abdominal.

Para as pesagens em meio úmido, as larvas foram retiradas dos microtúbulos, colocadas

em papel absorvente para retirada do excesso de umidade e pesadas individualmente. Para

determinar a massa seca, as larvas foram colocadas individualmente em estufa (60°C, 48 horas)

e posteriormente pesadas. Em ambas as pesagens foi utilizada uma balança de precisão

(Mettler-Toledo; acurácia = 0,01 mg).

Para determinar o melhor ajuste entre as medidas corporais e a biomassa (seca e úmida)

de H. illucens, foram usados três modelos de regressão: linear (y = b*x + a), exponencial (y =

a* e bx; na forma linear: ln y = ln a + b*x) e de potência (y = a* xb; na forma linear: ln y = ln a

+ b*ln x), onde y é o peso (mg) e x é a medida (mm). Para expressar os modelos exponencial e

de potência os dados foram transformados em base logarítmica (ln). Foram avaliados os ajustes

de modelos de regressão baseados em coeficientes de determinação “R2” (Zar 2010).

Afim de determinar o poder preditivo dos modelos obtidos com os dados do presente

estudo foi realizada uma análise de validação cruzada (Martins et al. 2014, Brito et al. 2015).

Para a realização desta análise, os dados foram divididos em dois subconjuntos: I) Treinamento:

para a obtenção dos modelos de regressão; e II) teste: para avaliar o poder de predição do

68

modelo. A confiabilidade dos dados obtidos através da validação cruzada foi avaliada pela

comparação com a biomassa determinada diretamente pela pesagem da larva. Estas

comparações foram feitas utilizando um Teste-t pareado. Como a divisão do conjunto de dados

ocorreu de maneira aleatória, os resultados podem ser distintos. Assim, a validação cruzada, a

predição utilizando os modelos de validação cruzada e a ANOVA foram repetidas 100 vezes, e

foram calculadas as médias dos resultados obtidos. Todas as análises foram realizadas no

programa R (R Core Team, 2014).

Resultados

A massa úmida e a massa seca das larvas de H. illucens variaram de 0,11-55,03 mg e de

0,50-184,90 mg, respectivamente (Tabela 1). O comprimento do corpo variou de 2,29-22,29

mm e apresentou o maior coeficiente de variação (439,79%). As demais medidas corporais

apresentaram coeficiente de variação similar (31 a 43%). As massas corporais também

apresentaram elevado coeficiente de variação (84 a 106%; Tabela 1).

TABELA 1. Amplitude, média, desvio padrão (DP), coeficiente de variação (CV = (DP/média)

*100, em %) e número de observações (N) para massa corporal e dimensões do corpo de larvas

de Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) da Amazônia Central.

Amplitude Média DP CV N

Dimensões corporais

Comprimento total (mm) 2,29 - 22,29 11,90 4,73 439,79 280

Largura da cápsula cefálica (mm) 0,16 - 2,02 0,71 0,22 31,48 280

Comprimento da cápsula cefálica (mm) 0,11 - 1,94 0,96 0,41 42,73 280

Largura do maior segmento abdominal (mm) 0,20 - 4,99 2,6 1,05 40,35 280

Massa corporal

Massa seca (mg) 0,11 - 55,03 10,93 11,54 105,50 280

Massa úmida (mg) 0,50 - 184,90 49,24 41,22 83,71 280

Todos os modelos de regressão usados para estimar a biomassa de H. illucens foram

significativos (p < 0,001, Tabela 2). O melhor ajuste entre massa corporal e as dimensões das

larvas foi fornecido pelos modelos exponencial, de potência e linear, respectivamente. A

medida que melhor explicou ambas biomassas foi o comprimento total do corpo. A largura do

maior segmento abdominal também apresentou elevada relação com a biomassa de H. illucens,

sendo inclusive a medida com maior relação para os modelos lineares de massa seca e úmida.

69

A massa úmida refletiu melhor a biomassa do que a seca, apesar de ambas não terem diferença

elevada (Tabela 2).

TABELA 2. Modelos linear, exponencial e de potência para a relação entre massa corporal

(mg) e dimensões do corpo (mm) de larvas de Hermetia illucens/ (Linnaeus, 1758) da

Amazônia Central. MU = Massa Úmida; MS = Massa Seca; CT = Comprimento Total; LC =

Largura da Cápsula Cefálica; CC = Comprimento da Cápsula Cefálica; LA =Largura do Maior

Segmento Abdominal. Para todos os modelos p < 0.001.

Função Modelos a b r2 n

Linear

MS~CT -10,413 1,794 0,540 280

MS~LC -12,910 33,700 0,421 280

MS~CC -7,000 18,587 0,439 280

MS~LA -11,729 8,709 0,627 280

MU~CT -34,833 7,066 0,657 280

MU~LC -38,373 123,854 0,446 280

MU~CC -16,385 68,012 0,461 280

MU~LA -33,756 31,892 0,659 280

MS~MU -1,351 0,250 0,794 280

Exponencial

ln(MS)~CT -0,999 0,229 0,703 280

ln(MS)~LC -1,349 4,352 0,559 280

ln(MS)~CC -0,579 2,392 0,580 280

ln(MS)~LA -0,993 1,046 0,720 280

ln(MU)~CT 0,602 0,230 0,711 280

ln(MU)~LC 0,286 4,313 0,553 280

ln(MU)~CC 1,101 2,317 0,548 280

ln(MU)~LA 0,688 1,018 0,686 280

ln(MS)~MU 0,387 0,027 0,753 280

Potência

ln(MS)~ln(CT) -3,465 2,185 0,658 280

ln(MS)~ln(LC) 2,756 2,533 0,516 280

ln(MS)~ln(CC) 2,001 1,706 0,528 280

ln(MS)~ln(LA) 0,013 2,018 0,621 280

ln(MU)~ln(CT) -2,029 2,257 0,708 280

ln(MU)~ln(LC) 4,387 2,591 0,544 280

ln(MU)~ln(CC) 3,607 1,702 0,530 280

ln(MU)~LA 1,587 2,057 0,650 280

ln(MS)~ln(MU) -1,405 0,939 0,875 280

70

A maioria dos coeficientes de determinação usando valores preditos (ex.: validação

cruzada) foram menores (Tabela 3) em relação aos valores estimados utilizando o mesmo

conjunto de dados (Tabela 2). Os coeficientes de determinação da validação cruzada para as

medidas corporais foram diferentes nos modelos linear, exponencial e de potência. Nos modelos

linear e de potência, as medidas corporais foram melhores preditoras de biomassa úmida do que

a seca. Os valores observados e estimados não foram diferentes entre os modelos de regressão.

Os valores dos modelos preditos têm tendência a superestimar os modelos observados (Tabela

3), evidenciados por valores de diferenças positivos.

71

TABELA 3. Poder de predição dos modelos de validação cruzada para estimar a biomassa de

Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) da Amazônia Central. A diferença indica a porcentagem de

diferença entre dados previstos e observados. Diferença positiva indica que dados preditos

foram maiores que os dados observados. Os valores de F e P referem-se ao teste realizado entre

os valores observados e preditos. Os valores são referentes à média obtida para as predições e

testes repetidos por 100 vezes. CT = Comprimento Total; LC = Largura da Cápsula Cefálica;

CC = Comprimento da Cápsula Cefálica; LA =Largura do Maior Segmento Abdominal.

Modelo Massa

Dimensões

corporais

Diferença

(%) R2

Teste-T

t DP p

Linear

seca CT -28,84 0,53 0,10 139 0,389

seca LC 39,67 0,39 -0,25 139 0,346

seca CC 37,78 0,42 -0,02 139 0,383

seca LA -42,01 0,62 0,12 139 0,385

úmida CT -4,99 0,66 -0,18 139 0,414

úmida LC 69,28 0,42 -0,12 139 0,374

úmida CC 82,95 0,45 0,12 139 0,420

úmida LA 8,10 0,65 0,09 139 0,427

úmida MS -17,67 0,79 0,05 139 0,461

Exponencial

seca CT 23,79 0,56 1,89 139 0,204

seca LC 79,46 0,42 2,23 139 0,178

seca CC 41,92 0,39 2,84 139 0,113

seca LA 24,10 0,78 2,68 139 0,082

úmida CT 25,30 0,54 0,30 139 0,440

úmida LC 44,10 0,45 2,35 139 0,168

úmida CC 48,09 0,27 1,99 139 0,189

úmida LA 29,27 0,47 0,96 139 0,326

úmida MS 33,45 0,63 -0,81 139 0,313

Potência

seca CT 26,52 0,50 2,83 139 0,110

seca LC 43,42 0,47 3,51 139 0,549

seca CC 41,63 0,33 1,73 139 0,253

seca LA 30,39 0,57 0,25 139 0,399

úmida CT 19,58 0,69 4,03 139 0,458

úmida LC 42,54 0,41 3,21 139 0,115

úmida CC 43,92 0,40 3,22 139 0,422

úmida LA 30,07 0,66 1,19 139 0,300

úmida MS 12,02 0,71 3,81 139 0,589

72

Discussão

O comprimento total do corpo e a largura do maior segmento abdominal foram os

melhores preditores da biomassa úmida e seca de H. illucens. Nestas larvas, o abdome é menos

esclerosado em relação à cápsula cefálica, o que permite o crescimento contínuo do indivíduo

ao longo do seu desenvolvimento, e possibilita um melhor ajuste de medidas corporais com a

biomassa (Benke et al. 1999, Johnston e Cunjak 1999). O comprimento do corpo é geralmente

um bom preditor da biomassa de larvas de insetos aquáticos (Becker 2009, Martins et al. 2014,

Brito et al. 2015) e larvas e adultos de insetos terrestres (Ganihar 1997, Johnson e Strong 2000,

Wardhaugh 2013). Além disso, assim como outras larvas de espécies de interesse forense, H.

illucens é detritívora e voraz em sua alimentação (Tomberlin et al. 2002), o que influencia

diretamente em suas taxas de crescimento (aumento do tamanho corporal) e mudanças nos

estádios.

A fixação de amostras em KAAD durante 24 horas e depois transferidas para álcool tem

a tendência a aumentar ligeiramente o comprimento corporal em uma semana de conservação

(Schiller e Solimini 2005). O álcool, na maioria das vezes, acaba sendo a escolha para o método

de preservação dos organismos, mas as concentrações utilizadas nem sempre são esclarecidas

(Lord e Rodriguez 1989, Anderson 1995, Benecke 2001). Entretanto, muitos estudos

demonstraram consideráveis reduções no tamanho de macroinvertebrados aquáticos após a

preservação química (Howmiller 1972, Landahl e Nagell 1978, Leuven et al. 1985). A

preservação em álcool é capaz de diminuir significativamente tanto o peso úmido quanto o seco

das amostras armazenadas (Knapp 2012), uma vez que substitui a água nos tecidos animais,

causando o encolhimento dos espécimes (Tucker e Chester 1984). Além disso, dissolve os

lipídios das larvas de insetos, causando perda de massa (Wetzel et al. 2005).

A diferença entre os ajustes dos valores de massa seca e úmida pode ser explicada pela

constituição do corpo do imaturo. Larvas de H. illucens possuem o corpo mole e apenas a

cápsula cefálica como uma estrutura esclerosada (Kim 2010). Desta forma, ao passar pelo

processo de secagem, a larva perde grande quantidade de líquido, por consequência perde sua

biomassa. Resultados semelhantes foram obtidos para larvas de Sciaridae (Diptera), onde as

regressões resultaram em melhores ajustes para massa úmida do que para a seca (Berg 2000).

Este resultado foi associado à alimentação das larvas (alimento com ~ 65% de líquido) e à

grande perda de biomassa durante o processo de secagem devido à evoporação dos líquidos

presentes no corpo (Berg 2000). Além disso, a forte relação (r2 > 0,75) entre a massa seca e

73

massa úmida pode ser uma importante ferramenta para estudos ecológicos, uma vez que a massa

seca é melhor indicativo de conteúdo orgânico do indivíduo (Dermott e Paterson 1974).

Os modelos exponenciais forneceram os melhores ajustes entre a biomassa de H.

illucens e as medidas corporais, apesar dos modelos de potência terem bons resultados. Brady

e Noske (2006) encontraram resultados semelhantes também para outros dípteros. Gowing e

Recher (1984) obtiveram melhores ajustes para as ordens Coleptera e Hymenoptera utilizando

modelos exponenciais, assim como Ganihar (1997) para Dermaptera e Lepidoptera. De acordo

com Becker et al. (2009), o modelo exponencial pode fornecer coeficientes de determinação

satisfatórios para verificar a relação entre massa seca e dimensões corporais. Em literatura,

observa-se que para invertebrados os modelos com melhores ajustes são geralmente os de

potência (Martins 2014). Para larvas de Simuliidae (Diptera), este modelo também foi o mais

ajustado (Belinic e Habdija 1992). Dados semelhantes, obtendo o modelo de potência com

melhores resultados também podem ser observados para Trichoptera (Becker 2009, Martins et

al. 2014, Brito et al. 2015), Gastropodas (Hawkins et al. 1997) e Arachnida (Brady e Noske

2006).

Neste estudo, os valores dos coeficientes de determinação dos modelos utilizando a

validação cruzada (conjunto teste) foram menores (Massa úmida: 7,8 ± 2,9%; Massa seca: 9,0

± 3,9%) quando comparados com os modelos estimados com os mesmos dados. Além disso

não foi registrada diferença significativa da biomassa observada e estimada. No entanto, deve-

se levar em consideração a superestimativa da biomassa (Massa úmida: 19,5 ± 14,6%; Massa

seca: 15,7 ± 15,9%) na utilização dos modelos obtidos. Isso pode ser resultado dos coeficientes

de determinação estimados a partir de uma amostra ser geralmente mais elevados do que os

produzidos utilizando a mesma regressão, mas aplicados a diferentes dados amostrados

(Martins et al. 2014). Por fim, com os dados deste estudo, afirma-se que a estimativa de

biomassa de H. illucens é confiável e pode servir de suporte para trabalhos posteriores

envolvendo aplicações desta espécie, principalmente na região onde foi realizado o presente

estudo, facilitando estimativas de biomassa a partir de medidas morfométricas. Esse resultado

é importante, pois pode auxiliar e diminuir o tempo de cálculos de taxas de crescimento na

criação de larvas para fins econômicos (produção de ração para peixes, compostagem). Além

disso, pode colaborar com a criminalística e peritos para obtenção de dados de biomassa mais

rápidos relacionados a espécie no local de crime, como: obtenção de ganho de massa durante

os estádios larvais, sem necessariamente a utilização de equipamentos de difícil acesso em

campo.

74

Agradecimentos

Os autores agradecem a Léo Rossi pela fotografia utilizada neste artigo. À Coordenação

de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão da bolsa de

Mestrado. O apoio financeiro fornecido pelo projeto “Sistemática Integrada de Insetos

Aquáticos, com ênfase em Simuliidae (Diptera: Nematocera) na América do Sul” financiado

pelo MCTI / INPA. RTM recebeu bolsa do Programa de Apoio à Fixação de Doutores no

Amazonas—FIXAM/AM. RLFK recebeu bolsa de produtividade (proc. 306081/2013-0) do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Aos projetos

“Sistemática Integrada de Insetos Aquáticos, com ênfase em Simuliidae (Diptera: Nematocera)

na América do Sul”, Pró-equipamentos Institucional/CAPES e INCT/ADAPTA II

(CNPq/FAPEAM), coordenado pela Dra. Neusa Hamada, pelo suporte na coleta de amostras e

análises laboratoriais.

Referências

Amorim, R. M., A. L. Henrique-Oliveira, and J. L. Nessimian. 2004. Distribuição espacial

e temporal das larvas de Chironomidae (Insecta: Diptera) na seção ritral do Rio Cascatinha,

Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. Lundiana 5(2): 119-127.

Anderson, G. 1995. The use of insects in death investigations: an analysis of forensic

entomology cases in British Columbia over a five year period, Can. J. Forensic Sci. Soc. 28:

277–292.

Becker, B., M. S. Moretti, and M. Callisto. 2009. Length–dry mass relationships for a typical

shredder in Brazilian streams (Trichoptera: Calamoceratidae). Aquat. Insects 31(3): 227-234.

Belinic, I., and I. Habdija. 1992. Biomass of simuliid larvae as a function of body length.

Period. Biol. 94 (1): 47-52.

Benecke, M., and R. Lessig. 2001. Child neglect and forensic entomology. Forensic Sci. Int.

120: 155–159.

Benke, A., A. Huryn, L. Smock, and J. Wallace. 1999. Length–mass relationships for

freshwater macroinvertebrates in North America with particular reference to the southeastern

United States. J. N. Am. Benthol. Soc. 18 (3): 308-343.

75

Berg, M. P. 2000. Mass-length and mass-volume relationships of larvae of Bradysia paupera

(Diptera: Sciaridae) in laboratory cultures. Eur. J. Soil Biol. 36: 127-133.

Beserra, E. B., C. R. M. Fernandes, and P. S. Ribeiro. 2009. Relação entre densidade larval

e ciclo de vida, tamanho e fecundidade de Aedes (Stegomyia) aegypti (L.) (Diptera: Culicidae)

em Laboratório. Neotrop. Entomol. 38(6): 847-852.

Bondari, K., and D. C. Sheppard. 1987. Soldier fly, Hermetia illucens L., larvae as feed for

channel catfish, Ictalurus punctatus (Rafinesque), and blue tilapia, Oreochromis aureus

(Steindachner). Aquacult. Res. 18(3): 209-220.

Brady, C. J., and R. A. Noske. 2006. Generalised regressions provide good estimates of insect

and spider biomass in the monsoonal tropics of Australia. Aust. J. Entomol. 45(3): 187-191.

Brito, J. G., R. T. Martins, K. M. Soares, and N. Hamada. 2015. Biomass estimation of

Triplectides egleri Sattler (Trichoptera, Leptoceridae) in a stream at Ducke Reserve, Central

Amazonia. Rev. Bras. Entomol. 59: 332-336.

Burgherr, P., and E. I. Meyer. 1997. Regression analysis of linear body dimensions vs, dry

mass in stream macroinvertebrates. Arch. Hydrobiol. 139(1): 101-112.

Deleporte S., and M. Charrier. 1996. Comparison of digestive carbohydrases between two

forest sciarid (Diptera: Sciaridae) larvae in relation to their ecology. Pedobiologia. 40: 193–

200.

Dermott, R. M., and C. G. Paterson. 1974. Determining dry weight and percentage dry-matter

of chironomid larvae. Can. J. Zool. 52: 1243–1250.

Diener, S., N. M. S. Solano, F. R. Gutiérrez, C. Zurbrügg, and K. Tockner. 2011. Biological

treatment of municipal organic waste using black soldier fly larvae. Waste and Biomass

Valorization. 2(4): 357-363.

Ganihar, S. R. 1997. Biomass estimates of terrestrial arthropods based on body length. J.

Biosci. 22(2) 219-224.

Gowing, G., and H. F. Recher. 1984. Length- weight relationships for invertebrates from

forests in South- eastern New South Wales. Aust. J. Ecol. 9: 5-8.

76

Gruner, D. S. 2003. Regressions of length and width to predict Arthropod Biomass in the

Hawaiian Islands. Pac. Sci. 57(3): 325-336.

Hawkins, J. W., M. W. Lankester, R. A. Lautenschlager, and F. W. Bell. 1997. Length-

biomass and energy relationships of terrestrial gastropods in northern forest ecosystems. Can.

J. Zool. 75:501–505.

Hódar, J. A. 1996. The use of regression equations for estimation of arthropod biomass in

ecological studies. Acta Ecol. Sin. 17(5): 421-423.

Howmiller, R. P. 1972. Effects of preservatives on weights of some common macrobenthic

invertebrates. Trans. Am. Fish. Soc. 101 (4): 743-746.

Huis, A. V., H. V. Gurp, and M. Dicke. 2014. The insect cookbook, food for a sustainable

planet. Columbia University Press.

Johnston, T., and R. Cunjak. 1999. Dry mass-length relationships for benthic insects: a

review with new data from Catamaran Brook, New Brunswick. Canada. Freshwat. Biol. 41(4):

653-674.

Johnson, M. D., and A. M. Strong. 2000. Length- weight relationships of Jamaican

arthropods. Entomol. News. 111(4): 270-281.

Kim, W., S. Bae, H. Park, K. Park, S. Lee, Y. Choi, S. Han, and Y. Koh. 2010. The larval

age and mouth morphology of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens (Diptera:

Stratiomyidae). Int. J. Indust. Entomol. 21: 185-187.

Knapp, M. 2012. Preservative fluid and storage conditions alter body mass estimation in a

terrestrial insect. Entomol. Exp. Appl. 143: 185-190.

Landahl, C. C., and B. Nagell. 1978. Influence of the season and of preservation methods on

wet- and dry weights of larvae of Chironomus plumosus L. Int. Rev. Hydrobiol. 63: 405–410.

Leuven, R. S. E. W., T. C. M. Brock, and H. A. M. Vandruten. 1985. Effects of preservation

on dry- and ash-free dry-weight biomass of some common aquatic macro- invertebrates.

Hydrobiologia 127: 151–159.

77

Lord, W. D., and W. C. Rodriguez. 1989. Forensic entomology: the use of insects in the

investigation of homicide and untimely death. Prosecutor. 22: 41–48.

Lord, W. D., M. L. Goff, T. R. Adkins, and N. H. Haskell. 1994. The black soldier fly

Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae) as a potential measure of human postmortem

interval: observations and case histories. J. Forensic Sci. 39: 215–222.

Martins, R. T., A. S. Melo, J.F. Gonçalves Jr., and N. Hamada. 2014. Estimation of dry

massof caddisflies Phylloicus elektoros (Trichoptera: Calamoceratidae) in a Central Amazon

stream. Rev. Bras. Zool. 31: 337–342.

Oliveira-Costa, J. 2011. Entomologia forense: quando os insetos são vestígios. Millennium,

Campinas, SP.

Petersen, P., and M. Luxton. 1982. A comparative analysis of soil fauna populations and their

role in decomposition processes. Oikos. 39: 288–388.

Price, P. W. 1984. Insect ecology. John Wiley e Sons, NY.

Pujol-Luz, J. R., P. A. C. Francez, A. Ururahy-Rodrigues, and R. Constantino. 2008. The

black soldier-fly, Hermetia illucens (Díptera, Stratiomyidae), used to estimate the postmortem

interval in a case in Amapá state, Brazil. J. Forensic Sci. 53: 476–478.

Radtke, M. G., and G. B. Williamson. 2005. Volume and linear measurements as predictors

of dung beetle (Coleoptera: Scarabaeidae) biomass. Ann. Entomol. Soc. Am. 98(4): 548-551.

Rogers, L. E., R. L. Buschbom, and C. R. Watson. 1976. Length-Weight Relationships of

Shrub-Steppe Invertebrates. Ann. Entomol. Soc. Am. 70(1): 51-53.

Rogers, L. E., W. T. Hinds, and R. L. Buschbom. 1976. A general weight vs. length

relationship for insects. Ann. Entomol. Soc. Am. 69: 387-89.

Sabo, J. L., J. L. Bastow, and M. Power. 2002. Length- mass relationships for adult aquatic

and terrestrial invertebrates in a California Watershed. J. N. Am. Benthol. Soc. 21(2): 336- 343.

78

Schiller, D. V., and A. G. Solimini. 2005. Differential effects of preservation on the estimation

of biomass of two common mayfly species. Arch. Hydrobiol. J. 164(3): 325-334.

Stork, N. E. 1988. Insect diversity: facts, fiction and speculation. Biol. J. Linn. Soc. 35: 321–

337.

Tomberlin, J. K., D. C. Sheppard, and J. A. Joyce. 2002. A comparison of selected life

history traits of the black soldier ßy (Diptera: Stratiomyidae) whenreared on three diets. Ann.

Entomol. Soc. Am. 95: 379-387.

Tucker, J.W., and A. J. Chester. 1984. Effects of salinity, formalin concentration and

buffer on quality of preservation of Southern Flounder (Paralichthys lethostigma) larvae.

Copeia. 4: 981–988.

Wardhaugh, C. W. 2013. Estimation of biomass fron body length and width for tropical

rainforest canopy invertebrates. Aust. J. Entomol. 52: 291-298.

Wetzel, M. A., H. Leuchs, and J. H. E. Koop. 2005. Preservation effects on wet weight, dry

weight, and ash-free dry weight biomass estimates of four common estuarine macro-

invertebrates: no difference between ethanol and formalin. Helgol. Mar. Res. 59 (3): 206-213.

Zar, J. H. 2010. Biostatistical Analysis. Pearson Education, NJ.

79

SÍNTESE

Nesta dissertação foi realizado o estudo de Hermetia illucens, dividido em três capítulos

que se complementam e acrescentam informações sobre a espécie, formando um banco de

dados na região Amazônica, ainda inexistente. Com a abordagem bionômica, foi possível

observar o comportamento da fêmea adulta associada ao cadáver de suíno, bem como a

participação de suas larvas no processo de decomposição. Informações estas que podem ser

utilizadas por peritos na criminalística.

Além de dados bionômicos, a morfologia e definição dos estádios larvais são

importantes para a taxonomia da espécie, e também para peritos na identificação em campo

para utilização da mesma em cálculo do intervalo pós-morte. Quanto mais esclarecido é o

conhecimento da morfologia da larva, menos erros podem ser cometidos na identificação da

espécie e aplicabilidade na entomologia forense.

A relação de biomassa e medidas corporais torna-se interessante por ser uma ferramenta

para obtenção de ganho de massa durante os estádios larvais, com menor utilização de

equipamentos específicos. Pode contribuir a reduzir o esforço de cálculos de taxas de

crescimento na criação de larvas para fins econômicos. Além disso, destaca-se a importância

de trabalhos com essa abordagem que sejam específicos para a região Amazônica, pois dados

provenientes de outras regiões comumente não fornecem boas estimativas de biomassa.

Para melhor compreender a biologia e a importância de H. illucens para a entomologia

forense, estudos futuros devem avaliar:

1- A influência dos períodos mais e menos chuvoso no desenvolvimento de H. illucens na

região Amazônica.

2- O efeito da submersão em água na sobrevivência das pupas de H. illucens.

3- A variabilidade de hidrocarbonetos cuticulares na separação de estádios larvais.

4- Avaliar o poder de predição de modelos desenvolvidos para a biomassa de H. illucens de

outras regiões do Brasil.

80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Adler, A.I.; Brancato, F.P. 1995. Human furuncular Myiasis caused by Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae). Journal Medical Entomology, 32: 745-746.

Amorim, R.M.; Henrique-Oliveira, A.L.; Nessimian, J.L. 2004. Distribuição espacial e

temporal das larvas de Chironomidae (Insecta: Diptera) na seção ritral do Rio Cascatinha, Nova

Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. Lundiana 5(2): 119-127.

Anderson, G. 1995. The use of insects in death investigations: an analysis of forensic

entomology cases in British Columbia over a five year period, Can. Journal of Forensic Science

Society, 28: 277–292.

Anjos, C.R. 2001. Entomofauna decompositora de carcaça de porcos na região de Belém,

Pará, Brasil, com ênfase na família Calliphoridae (Diptera). Dissertação de mestrado,

Universidade Federal do Pará, Belém, Pará. 122 pp.

Atkinson, D. 1994. Temperature and organism size – a biological law for ectotherms? Advances

in Ecological. Research, 3: 1–58.

Baez, M. 1975. Presencia de Hermetia illucens (L.) em las Islas Canarias (Diptera,

Stratiomyidae). Vieraea, 4(1-2): 173-179.

Barbosa, R.R.; Mello, R.P.; Queiroz, M.M.C. 2006. Comportamento de Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae) como indicador forense na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Recife,

Pernambuco.

Barros-Cordeiro, K.B.; Báo, S.N; Pujol-Luz, J.R. 2014. Intra-puparial development of the black

soldier-fly, Hermetia illucens. Journal of Insect Science, 14(83): 1-10.

Barroso, F.G.; De Haro, C.; Sánchez-Muros, M.J.; Venegas, E.; Martínez-Sánchez, A.; Pérez-

Bañón, C. 2014. The potencial of various insect species for use as food for fish. Aquaculture,

422-423: 193-201.

Becker, B.; Moretti, M.S.; Callisto, M. 2009. Length–dry mass relationships for a typical

shredder in Brazilian streams (Trichoptera: Calamoceratidae). Aquatic Insects, 31(3): 227-234.

81

Belinic, I.; Habdija, I. 1992. Biomass of simuliid larvae as a function of body length.

Periodicum Biologorum, 94 (1): 47-52.

Benecke, M.; Lessig, R. 2001. Child neglect and forensic entomology. Forensic Science

International, 120: 155–159.

Benke, A.; Huryn, A.; Smock, L.; Wallace, J. 1999. Length–mass relationships for freshwater

macroinvertebrates in North America with particular reference to the southeastern United

States. Journal of the North American Benthological Society, 18 (3): 308-343.

Berg, M.P. 2000. Mass-length and mass-volume relationships of larvae of Bradysia paupera

(Diptera: Sciaridae) in laboratory cultures. European Journal of Soil Biology, 36: 127-133.

Beserra, E.B.; Fernandes, C.R.M.; Ribeiro, P.S. 2009. Relação entre densidade larval e ciclo de

vida, tamanho e fecundidade de Aedes (Stegomyia) aegypti (L.) (Diptera: Culicidae) em

Laboratório. Neotropical Entomology, 38(6): 847-852.

Blackmore, M.S.; Lord, C.C. 2000. The relationship between size and fecundity in Aedes

albopictus. Journal of Vector Ecology, 25: 212-217.

Bondari, K.; Sheppard, D.C. 1987. Soldier fly, Hermetia illucens L., larvae as feed for channel

catfish, Ictalurus punctatus (Rafinesque), and blue tilapia, Oreochromis aureus

(Steindachner). Aquaculture Research, 18(3): 209-220.

Booth, D.C.; Sheppard, C. 1984. Oviposition of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae): Eggs, Masses, Timing and Site Characteristics. Environmental

Entomology, 13: 421-423.

Brady, C.J.; Noske, R.A. 2006. Generalised regressions provide good estimates of insect and

spider biomass in the monsoonal tropics of Australia. Australian Journal of Entomology, 45(3):

187-191.

Brito, J.G.; Martins, R.T.; Soares, K.M.; Hamada, N. 2015. Biomass estimation of Triplectides

egleri Sattler (Trichoptera, Leptoceridae) in a stream at Ducke Reserve, Central Amazonia.

Revista Brasileira de Entomologia, 59: 332-336.

82

Brown, W.D.; Keller, L. 2000. Colony sex ratios vary with queen number but note relatedness

asymmetry in the ant Formica exsecta. Journal of The Royal Society, 267:1751-1757.

Burgherr, P.; Meyer, E.I. 1997. Regression analysis of linear body dimensions vs, dry mass in

stream macroinvertebrates. Archiv fur Hydrobiologie, 139(1): 101-112.

Byrd, J.H.; Butler, J.F. 1996. Effects of temperature on Cochliomyia macellaria. Journal of

Medical Entomology 33, 901-905.

Calderón-Arguedas, O.; Murillo Barrantes, J.; Solano, M.E. 2005. Miíase entérica por Hermetia

illucens (Diptera: Stratiomyidae) en una paciente geriátrica de Costa Rica. Parasitología

latinoamericana, 60 (3-4), 162-164.

Carvalho, C.J.B.; Rafael, J.A.; Couri, M.S.; Silva, V.C. 2012. Capítulo 40: Diptera. In: Rafael,

J.A.; Melo, G.A.R.; Carvalho, C.J.B.; Casari, S.A.; Constantino, R. (Holos Editora). Insetos do

Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto, São Paulo. p. 701 -744.

Chiaradia, L.A.; Milanez, J.M.; Dittrich, R. 2004. Flutuação populacional de moscas-das-frutas

em pomares de citros no oeste de Santa Catarina, Brasil. Ciência Rural, 34 (2), 337-343.

Clark, B.R.; Faeth, S. H. 1997. The consequences of larval aggregation in the butter ßy

Chlosyne lacinia. Journal of Ecological Entomology, 22: 408-415.

Clements, A.N. 1992. The biology of Mosquitoes, development, nutricion, and reproduction.

Chapman e Hall, London. Vol. 1, 509 pp.

Copello, A. 1926. Biologia de Hermetia illucens Latr. Revista de la sociedade Entomológica

Argentina, 1(2): 22-26.

Costa C.; Ide S. 2006. Fases de desenvolvimento, In: C. Costa, S. Ide; Simonka, C.E. (Holos

editora). Insetos Imaturos: metamorfose e identificação. Ribeirão Preto. p. 19-29.

Costa, A.C.L.; Silva-Junior, J.A.; Cunha, A.C.; Feitosa, J.R.P.; Portela, B.T.T.; Silva, G.G.C.;

Costa, R.F. 2013. Índices de conforto térmico e suas variações sazonais em cidades de

diferentes dimensões na Região Amazônica. Revista Brasileira de Geografia Física, 6 (3): 478-

487.

83

Deleporte S.; Charrier, M. 1996. Comparison of digestive carbohydrases between two forest

sciarid (Diptera: Sciaridae) larvae in relation to their ecology. Pedobiologia, 40: 193–200.

De Marco, M.; Martínez, S.; Hernandez, F.; Madrid, J.; Gai, F.; Rotolo, L.; Belforti, M.;

Bergero, D.; Katz, H.; Dadbou, S.; Kovitvadhi, A.; Zoccarato, I.; Gasco, L.; Schiavione, A.

2015. Nutritional value of two insect latval meals (Tenebrio molitor and Hermetia illucens) for

broiler chickens: Apparent nutriente digestibility, apparent ileal amino acid digestibility and

apparent metabolizable energy. Animal Feed Science Technology, 209: 211-218.

Dermott, R.M.; Paterson, C.G. 1974. Determining dry weight and percentage dry-matter of

chironomid larvae. Canadian Journal of Zoology, 52: 1243–1250.

Diener, S.; Solano, N.M.S.; Gutiérrez, F.R.; Zurbrügg, C.; Tockner, K. 2011. Biological

treatment of municipal organic waste using black soldier fly larvae. Waste and Biomass

Valorization, 2 (4): 357-363.

Dyar, H.G. 1980. The number of molts Lepidopterous larvae. Psyche, 5: 420-422.

Fachin DA 2017. Stratiomyidae in Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. PNUD.

(http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/12536). Acesso: 24/05/2017.

Furmand, P.; Young, D.; Catts, P.E. 1959. Hermetia illucens (Linnaeus) as a factor in the

natural control of Musca domestica (Linnaeus). Journal of Economic Entomology, 52 (5): 917-

921.

Ganihar, S.R. 1997. Biomass estimates of terrestrial arthropods based on body length. Jounal

of Biosciences, 22(2) 219-224.

Gobbi, F.P. 2012. Biología reproductiva y caracterización morfológica de los estadios

larvarios de Hermetia illucens (L., 1758) (Diptera: Stratiomyidae). Bases para su producción

masiva en Europa. Tese de doutorado, Universidad de Alicante. 155 pp.

Gobbi, P.; Martínez-Sánchez, A.; Rojo, S. 2013. The effects of larval diet n adult life-history

traits of the black soldier fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae). European Jounal of

Entomology, 110 (3): 461–468.

84

Gonzalez, J.V., Young, W.R., Genel, M.R. 1963. Reducion de la problacion de mosca

domestica en gallinzaz por la mosca soldado en el Tropica. Agricultural Technology, 2: 53-57.

Gowing, G.; Recher, H.F. 1984. Length- weight relationships for invertebrates from forests in

South- eastern New South Wales. Australian Journal Ecology, 9: 5-8.

Greenberg, B.; Kunich, J.C. 2002. Entomology and the Law: Flies as Forensic Indicators.

Cambridge University Press, Cambridge. 306pp.

Gruner, D.S. 2003. Regressions of length and width to predict Arthropod Biomass in the

Hawaiian Islands. Pacific Science, 57(3): 325-336.

Gullan, P.J.; Cranston, P.S. 1994. The insects: an outline of entomology. London, Chapman e

Hall. 480pp.

Hall, D.C.; Gerhardt, R.R. 2002. Flies (Diptera). In: Mullen, G.; Durden, L. (Academic Press)

Medical and veterinary entomology. San Diego, Califórnia p. 127- 161.

Hawkins, J.W.; Lankester, M.W.; Lautenschlager, R.A.; Bell, F.W. 1997. Length-biomass and

energy relationships of terrestrial gastropods in northern forest ecosystems. Canadian Journal

of Zoology, 75:501–505.

Hódar, J.A. 1996. The use of regression equations for estimation of arthropod biomass in

ecological studies. Acta Ecologica Sinica, 17(5): 421-423.

Holmes, L.A.; Vanlaerhoven, S.L.; Tomberlin, J.K. 2012. Relative Humidify effects on the life

history of Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae). Environmental Entomology, 41 (4): 971-

978.

Howmiller, R.P. 1972. Effects of preservatives on weights of some common macrobenthic

invertebrates. Transactions of the American Fisheries Society, 101 (4): 743-746.

Huis, A.V.; Gurp, H.V.; Dicke, M. 2014. The insect cookbook, food for a sustainable planet.

Columbia University Press. 216pp.

85

INMET – Instituto Nacional de Metereologia, 2017. Estações convencionais – gráficos.

(http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=rede_estacoes_conv_graf).

Acesso: 24/01/2017.

INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 2013. Infraestrutura.

(http://portal.inpa.gov.br/index.php/institucional/infraestrutura). Acesso: 09/01/17.

Johnston, T.; Cunjak, R. 1999. Dry mass-length relationships for benthic insects: a review with

new data from Catamaran Brook, New Brunswick. Canada. Freshwater Biology, 41(4): 653-

674.

Johnson, M.D.; Strong, A.M. 2000. Length- weight relationships of Jamaican arthropods.

Entomological News. 111(4): 270-281.

Kim, J.G.; Choi, Y.C.; Choi, J.Y.; Kim, W.T.; Jeong, G.S.; Park, K.H.; Hwang, S.J. 2008.

Ecology of the black soldier fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae) in Korea. Korean

Journal of Applied Entomology, 47: 337-343.

Kim, W.; Bae, S.; Park, H.; Park, K.; Lee, S.; Choi, Y., Han, S.; Koh, Y. 2010. The larval age

and mouth morphology of the Black Soldier Fly, Hermetia illucens (Diptera: Stratiomyidae).

International Journal of Industrial Entomology, 21: 185-187.

Kingsolver, J. G.; Huey, R. B. 2008. Size, temperature, and fitness: three rules. Evololutionary

Ecology Research, 10, 251–268.

Knapp, M. 2012. Preservative fluid and storage conditions alter body mass estimation in a

terrestrial insect. Entomol. Experimental and Applied Acarology, 143: 185-190.

Kovac, D.; Rozkošný, R. 2004. Insecta: Diptera, Stratiomyidae. In: Yule, C.M.; Yong, H. S.

(Academy of Sciences) Freshwater Invertebrates of the Malaysian Region. Malaysia. p. 798-

804.

Lalander, C; Diener, S; Magri, M.E.; Zurbrügg, C.; Lindström, A.; Vinnerås, B. 2013. Faecal

sludge management with the larvae of the black soldier fly (Hermetia illucens) – From a

hygiene aspect. Science of the Total Environment, 458-460, 312-318.

86

Lambkin, C.L.; Sinclair, B.J.; Pape, T; Courtney, G.W.; Skevington, J.H; Meier, R.; Yeastes,

D.K.; Blagoderov, V.; Wiegmann, B.M. 2013. The phylogenetic relatioships among infraorders

and superfamilies of Diptera based on morphological evidence, Systematic Entomology, 38:

164-179.

Landahl, C. C.; Nagell, B. 1978. Influence of the season and of preservation methods on wet-

and dry weights of larvae of Chironomus plumosus L. International Review of Hydrobiology,

63: 405–410.

Lecheta, M.C. 2012. Efeitos da temperatura no desenvolvimento de Sarconesia chlorogaster

(Wiedemam, 1830) (Diptera, Calliphoridae) e sua possível utilização na Entomologia Forense.

Dissertação de Mestrado. Programa de pós-graduação em Ciências Biológicas, Universidade

Federal do Paraná. 77 pp.

Leuven, R.S.E.W.; Brock, T.C.M.; Vandruten, H. A. M. 1985. Effects of preservation on dry-

and ash-free dry-weight biomass of some common aquatic macro- invertebrates.

Hydrobiologia, 127: 151–159.

Lord, W.D.; Rodriguez, W.C. 1989. Forensic entomology: the use of insects in the investigation

of homicide and untimely death. Prosecutor, 22: 41–48.

Lord, W.D.; Goff, M.L.; Adkins, T.R.; Haskell, N.H. 1994. The black soldier fly Hermetia

illucens (Diptera: Stratiomyidae) as a potential measure of human postmortem interval:

observations and case histories. Journal of Forensic Science, 39: 215–222.

Martínez-Sánchez, A; Magaña, C; Saloña, M.; Rojo, S. 2011. First record of Hermetia illucens

(Diptera: Stratiomyidae) on humam corpses in Iberian Penísula. Forensic Science

International, 206:76-78.

Martins, R.T.; Melo, A.S.; Gonçalves, J.F.Jr.; Hamada, N. 2014. Estimation of dry massof

caddisflies Phylloicus elektoros (Trichoptera: Calamoceratidae) in a Central Amazon stream.

Revista Brasileira de Zoologia, 31: 337–342.

May, B.M. 1961. The occurrence in New Zealand and the life-history of the soldier fly

Hermetia illucens (L.). New Zealand Journal Science, 4: 55-65.

87

McFaden, M.W. 1967. Soldier fly larvae in America north of Mexico. Proceedings of the

United States National Museum, 12:1-72.

Oliveira-Costa, J. 2011. Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios. Millennium,

Campinas, São Paulo, BRA. 257pp.

Oliveira, F.; Doelle, K.; List, R.; O’Reilly, J. 2015. Assessment of Diptera: Stratiomyidae,

genus Hermetia illucens (L., 1758) using eléctron microscopy. Journal of Entomology and

Zoology Studies, 3(5): 147-152.

Oliveira, F.; Doelle, K.; Smith, R.P. 2016. External Mophology of Hermetia illucens

Stratiomyidae: Diptera (L. 1758) based on electron Microscopy. Annual Research e Review in

Biology, 9(5): 1-10.

Parra, J.R.P. 1990. Consumo e utilização de alimentos por insetos, In: Panizzi, A.R.; Parra,

J.R.P. (Manole): Ecologia Nutricional de Insetos e suas Implicações no Manejo de Pragas. São

Paulo, Brasil. p. 9–57.

Petersen, P.; Luxton, M. 1982. A comparative analysis of soil fauna populations and their role

in decomposition processes. Oikos, 39: 288–388.

Price, P.W. 1984. Insect ecology. John Wiley e Sons, NY.

Pujol-Luz, J.R.; Francez, P.A.C.; Ururahy-Rodrigues, A.; Constantino, R. 2008. The black

soldier-fly, Hermetia illucens (Díptera, Stratiomyidae), used to estimate the postmortem

interval in a case in Amapá state, Brazil. Journal of Forensic Science, 53: 476–478.

Pujol-Luz, J.R.; Pujol-Luz, C.V.A. 2014. Stratiomyidae. In: Roig-Juñent, S.; Claps, L.E.;

Morrone, J.J. (Editorial INSUE –UNT). Biodiversidad de Artrópodos Argentinos. Vol. 4. San

Miguel de Tucumán, Argentina. p. 399-406.

Radtke, M.G.; Williamson, G.B. 2005. Volume and linear measurements as predictors of dung

beetle (Coleoptera: Scarabaeidae) biomass. Annals of the Entomological Society of America,

98(4): 548-551.

Renshaw, M.; Service, M. W.; Birley, M.H. 1994. Size variation and reproductive success in

the mosquito Aedes cantans. Medical and Veterinary Entomology, 8: 179-186.

88

Rogers, L.E.; Buschbom, R.L.; Watson, C.R. 1976. Length-Weight Relationships of Shrub-

Steppe Invertebrates. Annals of the Entomological Society of America, 70(1): 51-53.

Rogers, L.E.; Hinds, W.T.; Buschbom, R.L. 1976. A general weight vs. length relationship for

insects. Annal of the Entomological Society of America Journal, 69: 387-89.

Roubik, D.W. 1989. Ecology and Natural History of Tropical Bees. Cambridge University.

Press, New York. 512pp.

Rozkošný, R.; Kovac, D. 1998. Descriptions of bamboo-inhabiting larvae and puparia of

oriental soldier flies Ptecticus brunettii and P. flavife moratus (Diptera: Stratiomyidae:

Sarginae) with observations on their biology. European Journal of Entomology, 95: 65-86.

Sabo, J.L.; Bastow, J.L.; Power, M. 2002. Length- mass relationships for adult aquatic and

terrestrial invertebrates in a California Watershed. Journal of the North American

Benthological Society, 21(2): 336- 343.

Sample, B.E.; Cooper, R.J.; Greer, R.D.; Whitmore, R.C. 1993. Estimation of Insect Biomass

by length and width. American Midland Naturalist, 129 (2): 234-240.

Schiller, D.V.; Solimini, A.G. 2005. Differential effects of preservation on the estimation of

biomass of two common mayfly species. Archiv fur Hydrobiologie Journal, 164(3): 325-334.

Serra, H.; Godoy, W.A.C.; Von-Zuben, F.J.; Von-Zuben, C.J.; Reis, S. F. 2007. Sex ratio and

dynamic behavior in populations of the exotic blowfly Chrysomya albiceps (Diptera,

Calliphoridae). Brazilian Journal of Biology, 67(2), 347-353.

Sheppard, D.C. 1983. House fly and lesser fly control utilizing the black soldier fly in manure

management systems for caged laying hens. Environmental Entomology, 12: 1439- 1442.

Sheppard, D.C.; Newton, G.L.; Thompson, S.A. 1994. A value added manure management

system using the Black Soldier Fly. Bioresource Technology, 50: 275-279.

Sheppard, D.C.; Tomberlin, J.K.; Joyce, J.A.; Kiser, B.C.; Sumner, S.M. 2002. Rearing and

colony maintenance of the black soldier fly, Hermetia illucens (L.) (Diptera: Stratiomyidae).

Journal of Medical Entomology, 39: 695-698.

89

Silveira-Neto, S.; Nakano, O.; Barbin, D.;Villa-Nova, N.M. 1976. Manual de Ecologia de

Insetos. Editora Agronômica Ceres, São Paulo. 420pp.

Smith, K.G.V. 1989. An introduction to the immature stages of British flies. Handbook for

identification of British insects. Vol. 10, Part 14. Royan Entomological Society, London, 280

pp.

Souza, A.S.B.; Kirst, F.D. 2010. Aspectos da bionomia e metodologia de criação de Dipteros

de interesse forense. In: Gomes, L. (Technical Books Editora), Entomologia Forense: Novas

tendências e tecnologias nas ciências criminais. Primeira edição. Rio de Janeiro. p. 169-182.

Stork, N.E. 1988. Insect diversity: facts, fiction and speculation. Biological Jounal Linnean

Society, 35: 321–337.

Teskey, H.J. 1991. Diptera. In: Stehr, F. W. (Kendall Hunt Publishing Company). Immature

insect. Vol. 2. Dubuque, Iowa. p. 690–706.

Tingle, F.C.; Mitchell, E.R; Copeland, W.W. 1975. The soldier fly, Hermetia illucens, in

poultry houses in north central Florida. Journal of the Georgia Entomological Society, 10: 179-

183.

Tomberlin, J.K.; Sheppard, D.C. 2001. Lekking behavior of the Black Soldier Fly (Diptera:

Stratiomyidae). Florida Entomologist, 84:729-730.

Tomberlin, J.K.; Sheppard, D.C.; Joyce, J.A. 2002. A comparison of selected life history traits

of the black soldier ßy (Diptera: Stratiomyidae) whenreared on three diets. Annals of the

Entomological Society of America, 95: 379-387.

Tomberlin, J.K.; Sheppard, D.C.; Joyce, J.A. 2005. Black Soldier Fly (Diptera: Stratiomyidae)

colonization of pig carrion in South Georgia. Journal of Forensic Sciences, 50 (1): 1-2.

Triplehorn, C.A.; Johnson, N.F. 2011. Estudo dos insetos. Tradução da 7ª edição de Borror and

Delong’s introduction to the study of insects. Cengage Learning, São Paulo, BR. 809pp.

Tucker, J.W.; Chester, A.J. 1984. Effects of salinity, formalin concentration and

90

buffer on quality of preservation of Southern Flounder (Paralichthys lethostigma) larvae.

Copeia. 4: 981–988.

Turchetto, M.; Lafiscam S.; Constantini, G. 2001. Postmortem interval (PMI) determined by

study sarcophagous biocenoses: three cases from the province of Venice (Italy). Forensic

Science International, 120:28-31.

Üstüner, T; Hasbenli, A.; Rozkosny, R. 2003. The first record of Hermetia illucens (Linnaeus,

1758) (Diptera, Stratiomyidae) from the Near East. Studia dipterologica, 10: 181-185.

Wardhaugh, C.W. 2013. Estimation of biomass fron body length and width for tropical

rainforest canopy invertebrates. Australian Journal of Entomology, 52: 291-298.

Wetzel, M.A.; Leuchs, H.; Koop, J. H. E. 2005. Preservation effects on wet weight, dry weight,

and ash-free dry weight biomass estimates of four common estuarine macro-invertebrates: no

difference between ethanol and formalin. Helgoland Marine Research, 59 (3): 206-213.

Woodley, N.E. 1989. Family Stratiomyidae. Catalog of the Diptera of the Australasian and

Oceanian Regions. Bishop Museum Special Publication, 86: 301-320.

Woodley, N.E. 2001. A world catalogue of the Stratiornyidae (Insecta: Diptera). Myia, 11: 1-

473.

Woodley, N.E. 2009. Family Stratiomyidae. In: J. Gerlach (Pen soft Publishers). The Diptera

of the Seychelles islands. Sofia and Moscow. p. 100-106.

Woodley, N.E. 2011. A World Catalog of the Stratiomyidae (Insecta: Diptera): A Supplement

with Revisionary Notes and Errata. Myia, 12: 379–415.

Zar, J.H. 2010. Biostatistical Analysis. Pearson Education, NJ. 944pp.