INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO...
Transcript of INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO...
INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Pós-Graduação “Lato Sensu” em Cosmetologia e Estética – Prática
Avançada
FACULDADE DO LITORAL PARANAENSE
VANESSA DOS SANTOS
CICATRIZES DE ACNE E SEUS PRINCIPAIS TRATAMENTOS
Passo Fundo, RS
2017
2
VANESSA DOS SANTOS
CICATRIZES DE ACNE E SEUS PRINCIPAIS TRATAMENTOS
Trabalho apresentado como requisito
parcial à obtenção do título de
Especialista no curso de Pós-Graduação
em Cosmetologia e Estética - Prática
Avançada, pela Faculdade do Litoral
Paranaense – ISEPE Guaratuba.
Orientadora: Profª. Drª Regina Gema Santini Costenaro.
Passo Fundo, RS
2017
3
CICATRIZES DE ACNE E SEUS PRINCIPAIS TRATAMENTOS
Autora: Vanessa dos Santos
Orientadora: Drª Regina Gema Santini Costenaro
RESUMO
A acne não tratada pode causar feridas na pele e, caso estejam contaminadas,
acarretam em infecções, causando cicatrizes. Nesse sentido, este estudo buscou
revisar e discorrer sobre os tratamentos para as cicatrizes de acne, conceituar a
acne e os tipos de cicatrizes, bem como identificar os diferentes tratamentos e sua
eficácia. Para isso, optou pela forma descritiva do tipo revisão narrativa, tendo como
base e fontes de informações artigos científicos disponibilizados em meios
eletrônicos e livros relacionados ao tema proposto. Conclui-se, assim, que podem
ser citados, entre outros tratamentos para as cicatrizes acneicas, o peeling químico,
o peeling físico e enzimático ou microdermoabrasão, o microagulhamento e o
preenchimento cutâneo.
Palavras Chave: Acne. Cicatrizes. Tratamento.
ABSTRACT
Untreated acne can cause skin sores and, if contaminated, lead to infections,
causing scars. In this sense, this study sought to review and discuss the treatments
for acne scars, to conceptualize acne and the types of scars, as well as to identify the
different treatments and their effectiveness. For this, it chose the descriptive form of
the narrative review type, having as basis and sources of information scientific
articles made available in electronic means and books related to the proposed
theme. It is concluded that, among other treatments for acne scars, the average
chemical peeling, physical and enzymatic peeling, microdermabrasion, microneedle
and cutaneous filling can be mentioned.
4
Key Words: Acne. Scars. Treatment.
1. INTRODUÇÃO
A acne acomete grande parte da população, geralmente na adolescência.
No entanto, essa patologia, que pode surgir ou prolongar-se até a idade adulta,
acomete ambos os sexos e não escolhe cor de pele ou raça.
Segundo expõem Brenner et al.,
[...] 80% da população sofre de algum tipo de acne durante a vida. A acne é, frequentemente, uma manifestação temporária da puberdade, correlacionando-se mais com a idade puberal do que com a idade cronológica. Entretanto pode acompanhar o indivíduo até os 30 anos de idade, especialmente no sexo feminino. O comprometimento severo é mais comum no sexo masculino (2006, p. 258).
Pode-se afirmar que se trata de uma dermatose com a maior quantidade de
estudos internacionais, artigos científicos, na área da saúde, porém a literatura
brasileira é escassa com conceitos similares. A acne, caracterizada como vulgar,
caracteriza-se por um processo inflamatório pilossebáceo da pele, que pode iniciar
com presença de um cômedo, comedão ou “cravo”. Sua origem pode estar
relacionada a muitos fatores, dos quais pode ser genética, somada a um aumento
ou alguma alteração na produção hormonal (BRENNER et al., 2006).
A grande maioria dos acometidos sofrem com algum dano que pode
influenciar a sua qualidade de vida. A acne pode causar transtornos de origem física
e psicológica principalmente em decorrência das sequelas que permanecem, após a
regressão dos quadros inflamatórios mais graves, tratados tardiamente
(DEUSCHLE, 2015).
No pensar de Negrão (2017), existem pessoas que podem desenvolver
formas mais graves de acne, as quais deixam sequelas cicatriciais, como manchas e
alterações da superfície da pele. Essas implicações como cicatrizes de acne são
uma consequência do dano que ocorre no folículo pilossebáceo e entorno dele
durante a inflamação.
5
Os tratamentos empregados para a acne possuem ampla diversidade
desde cosméticos, uso de medicamentos até terapias sistêmicas. No entanto,
quando se trata das cicatrizes de acne, as formas utilizadas passam por processos
mais avançados, comumente tecnológicos, de acordo com a gravidade das lesões.
Pode-se afirmar que somente um tipo de tratamento empregado pode não oferecer o
êxito desejado, por isso, a necessidade de haver combinação de terapias. Portanto,
é imprescindível identificar o tipo de sequela e, desse modo, optar pelo tratamento
mais adequado, podendo ser, entre outros, peeling químico, peeling físico,
enzimático e microdermoabrasão, microagulhamento e preenchimento cutâneo
(NEGRÃO, 2017).
Frente às ideias descritas, questiona-se: nesta pesquisa, o que a literatura
científica está divulgando sobre os tratamentos utilizados para as cicatrizes de acne
e seus resultados?
A importância deste estudo deve-se ao fato de que, nos dias atuais, com
frequência, surgem pessoas com peles marcadas por cicatrizes originadas por acne,
acarretando desconforto e incômodo em razão das sequelas ocasionadas por essa
enfermidade inflamatória.
Entretanto, com o avanço tecnológico, vários tratamentos têm sido
desenvolvidos para auxiliar na melhora dessas cicatrizes. Assim, torna-se
fundamental que os profissionais da área de estética conheçam os recursos
disponíveis e, dessa forma, possam escolher e adequá-los a cada caso.
Logo, objetiva-se neste estudo: revisar e discorrer sobre os tratamentos para
as cicatrizes de acne; conceituar a acne e os tipos de cicatrizes ocasionados por
esta; identificar os diferentes tratamentos para cicatrizes de acne e sua eficácia.
2. MÉTODO
Esta pesquisa optou pela forma descritiva do tipo revisão narrativa, tendo
como base e fontes de informações artigos científicos disponibilizados em meios
eletrônicos e livros relacionados com o tema proposto, sendo pesquisado como
palavras chaves: acne vulgar; cicatrizes; tratamentos.
6
3. FISIOPATOLOGIA DA ACNE
A acne consiste em uma condição inflamatória crônica do folículo
pilossebáceo (LIEO, et al., 2014), “de natureza genética e hormonal, podendo ser
agravada por alguns fatores como alimentação inadequada, stress e medicamentos”
(DEUSCHLE, 2015, p. 225).
Essa inflamação trata-se de uma condição da pele que ocorre quando os
folículos ficam obstruídos por sebo e células mortas, ficando colonizados por
bactérias que geram inflamação. Acomete ambos os sexos e principalmente
adolescentes, mas também com casos na vida adulta.
Negrão afirma que “a acne é uma dermatose crônica, não contagiosa,
extremante comum, que afeta o folículo pilossebáceo e provoca alterações físicas,
psíquicas e emocionais” (2017, p. 25). Essa dermatose não faz distinção social, nem
de raça e nem sexo, podendo ocorrer em maior prevalência nos homens e
possuindo várias causas para o desenvolvimento dessa patologia.
Assim, dependendo da gravidade, a acne pode causar sofrimento emocional
e levar a cicatrizes na pele. Atualmente, existem tratamentos eficazes disponíveis e
quanto mais cedo este for iniciado, menor é o risco de cicatrizes.
3.2 Acne: principais causas
As literaturas pertinentes às causas ou à patogênese da acne relatam que
quatro fatores principais propiciam ao surgimento dessa enfermidade: hiperprodução
sebácea, hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana folicular e liberação
de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente.
3.3 Fisiopatologia das cicatrizes de acne
A acne não tratada pode causar feridas na pele e, caso estejam
contaminadas, acarretam em infecções, causando cicatrizes. A duração e a
7
gravidade das lesões da acne, bem como tratamentos impróprios e iniciados
tardiamente são fatores que aumentam e propiciam ao aparecimento dessas
sequelas ou cicatrizes.
Negrão refere que “é definida como uma sequela, de dimensões das mais
variadas, decorrentes da proliferação de tecido fibroso, de um processo de
cicatrização, ou seja, um tecido morfofuncional novo, diferente do que havia
previamente no local” (2017, p. 48).
Portanto, as lesões mais graves da acne que, muitas vezes, são conhecidas
como cistos, podem ocasionar cicatrizes por causa da intensa inflamação de pele
que danificam o colágeno com o qual estão associados. Dessa forma, a pele busca
sua recuperação, por meio da formação de novas fibras de colágeno. Todavia, a
reparação não segue o padrão original da pele e ocasiona as marcas que se
denominam cicatrizes (HUGO, 2013).
3.4 Tipos de cicatrizes de acne
As cicatrizes surgem a partir de processos inflamatórios causados pela acne
e com o passar do tempo ficam cada vez mais evidentes. Logo, torna-se
imprescindível que o profissional conheça os tipos de cicatrizes da acne para a
correta utilização dos tratamentos disponíveis.
Salienta-se que as “cicatrizes de acne são uma consequência do dano que
ocorre no folículo pilossebáceo e entorno dele durante a inflamação” (NEGRÃO,
2017, p. 55), sendo que o tipo de cicatriz relaciona-se com a sua gravidade.
As cicatrizes de acne dividem-se em dois grandes grupos: atróficas e
elevadas. Atróficas são consideradas as mais comuns, onde ocorre um afundamento
e refinamento da pele. Negrão relata que
[...] as cicatrizes atróficas são deprimidas, ficam abaixo do nível da pele e resultam da perda local de tecidos em razão da inflamação (geralmente inflamações dérmicas). Sua formação depende da profundidade da lesão ou do tempo de duração do processo inflamatório (2017, p. 57).
8
Já nas elevadas ocorre um excesso de tecido cicatricial, que resulta em
elevação com deformação da pele, portanto são visíveis e mudam o relevo,
comprometendo a textura da pele. “As cicatrizes elevadas encontram-se em um
nível acima da pele do cliente [...]. Geralmente são mais comuns na raça negra e
oriental e dependendo da região do corpo pode haver maior predisposição para seu
aparecimento” (NEGRÃO, 2017, p. 63).
Já Kede e Sabatovich (2009) mencionam as cicatrizes em três grupos: as
atróficas, as elevadas e as distróficas e seus subgrupos que trazem como resultado
11 tipos de cicatrizes.
A Figura 1 mostra os tipos de cicatrizes que surgem como causa da acne.
Figura 1: Tipos de cicatrizes de acne
Fonte: Lipiane, 2015.
As atróficas ou deprimidas podem ser distensíveis e não distensíveis. As
distensíveis apresentam ondulações ou vales e, ainda, retrações. As ondulações ou
vales, se forem tracionadas, podem sumir completamente. Já as retrações surgem
pela aderência da porção central do assoalho da cicatriz, ao se distender a pele
(sendo as mais indicadas para subcisão). Por sua vez, as que indicam os defeitos do
relevo cutâneo são as não distensíveis, que não desaparecem com a tração da pele,
9
podendo se dividir em superficiais, médias (box scar) e profundas. As superficiais
são rasas e respondem muito bem a tratamentos; as médias ou crateriformes são
apresentam alargadas e com base normal ou hipocrômicas; e as profundas,
denominadas também de fibróticas ou Ice Picks, que são estreitas, rígidas e
profundas, perpassam toda derme e chegam ao tecido subcutâneo, sendo as piores
para tratamento (KEDE; SABATOVICH, 2009).
As cicatrizes elevadas se subdividem em 4 tipos: hipertróficas, queloidiana,
papulosa e ponte. As hipertróficas elevam-se acima da superfície cutânea e estão
limitadas à área do insulto original; as queloidianas encontram-se em pessoas
propensas, conforme a genética e vão além das margens da lesão; as papulosas,
como lesões elevadas, apresentam aspecto papuloso; e as pontes caracterizam-se
por cordões fibrosos sobre a pele sadia (KEDE; SABATOVICH, 2009).
Por fim, as distróficas demonstram-se nos limites irregulares, por vezes com
forma estrelada, fundo branco e atrófico, e caracterizam-se por nódulos fibróticos,
que retém material sebáceo e purulento (KEDE; SABATOVICH, 2009).
3.5 Tratamentos para cicatrizes de acne
As cicatrizes de acne tem demonstrado um desconforto estético para a
maioria das mulheres, o que conduz à procura de tratamentos que diminuam o visual
de tais afecções. Como depressões dérmicas, resultado da destruição do colágeno,
quando ocorrem doenças cutâneas de característica inflamatória, as cicatrizes
podem causar impacto psicossocial. Há registros de maior incidência de transtornos
com personalidade introvertida e depressão nos pacientes, acometidos por essas
afecções (MAJID, 2009).
Atualmente existem vários tipos de tratamentos para as cicatrizes de acne,
porém ainda é desafiador, pois a maioria dos pacientes trazem decepções
relacionadas a procedimentos pouco eficazes ou tardiamente iniciados. A escolha do
tratamento a ser utilizado está diretamente relacionada ao tipo de lesão, portanto, a
análise inicial torna-se fundamental para o tratamento apropriado.
10
Negrão relata que “a correta identificação dos diferentes tipos de cicatrizes
e posteriormente a escolha da terapêutica adequada são fundamentais para o
sucesso do tratamento” (2017, p. 113).
Entre os diversos tipos de tratamento, neste estudo, serão abordados o
peeling químico, o peeling físico e enzimático ou microdermoabrasão, o
microagulhamento e o preenchimento cutâneo.
3.5.1 Peeling químico
O termo peeling tem origem do inglês to peel, com o significado de
descamar, esfolar, desprender (GARCIA et al., 2006).
O peeling químico, também denominado de quimioesfoliação ou
dermopeeling, é um tratamento que aplica esfoliantes na pele, que resulta em
destruição de partes da epiderme e/ou derme e consequente recuperação dos
tecidos epidérmicos e dérmicos (BORGES, 2010), e isso se estende, entre outros, a
casos de acnes, suas sequelas e cicatrizes atróficas (ROTTA, 2004).
Para o uso em cicatrizes de acne, é aplicado o peeling químico médio, que
apresenta uma ação mais profunda, junto à derme, eliminando lesões um pouco
mais profundas. Podem ser consideradas, para sua utilização, como substâncias
ativas: combinações de TCA com dióxido de carbono, TCA com solução de Jessner,
TCA com ácido glicólico ou TCA e resorcina (CUCÉ; FESTA NETO, 2001).
A opção pelo agente ou pela da técnica específica para serem aplicados,
implica verificar a profundidade da lesão, para que não ocorra esfoliação
desnecessária e mais profunda do que será tratado. As substâncias a serem
utilizadas irão depender do quadro clínico que se apresenta e do tipo de pele do
paciente (BORGES, 2010).
A Figura 2 mostra os peelings químicos superficiais e seus resultados,
indicados por antes e depois do tratamento.
11 Figura 2: Peelings químicos superficiais: antes e depois
Fonte: Lima, 2017.
O peeling químico traz alterações na pele, primeiramente, pela estimulação
do crescimento epidérmico diante da remoção do estrato córneo; também por levar à
destruição de camadas específicas das lesões da pele – a substituição de tecido
resulta em melhora da estética; e, ainda, por induzir no tecido uma reação
inflamatória mais profunda que a necrose provocada pelo agente esfoliador. A
ativação de mediadores da inflamação contribui para a produção de colágeno novo,
essencial para a derme (KEDE; SABATOVICH, 2009).
As complicações que podem acontecer devem-se à indicação inadequada
do procedimento, orientações deficientes ou não observadas pelo paciente e, ainda,
a técnica de aplicação de forma incorreta (ROTTA, 2004). Os ácidos mais aplicados
no procedimento de peeling químico são: glicólico, mandélico, retinóico, salicílico,
ascórbico (vitamina C), lático e fenol (LACRIMANTI, 2008).
3.5.2 Peeling físico e enzimático ou microdermoabrasão
O peeling físico e enzimático caracteriza-se por um procedimento
esfoliativo, cuja aplicação é feita por um lixamento manual – com cremes que
possuem ativos esfoliativos, podendo ser denominado também de
microdermoabrasão (BORGES, 2010).
12
Os peelings físicos ocorrem por meio “do arraste das células do estrato
córneo como os esfoliantes físicos formulados com esferas de polietilenoglicol, ou
esferas naturais ou oxido de alumínio. Sua ação é superficial na grande maioria das
vezes” (NEGRÃO, 2017, p. 161).
Os peelings enzimáticos
[...] trabalham facilitando a remoção dos queratinócitos, através de um mecanismo de quebra das proteínas (a camada córnea da pele é rica em queratina que é um tipo de proteína e os desmossomas que forma a adesão entre células e são de origem proteicas), tornando-as mais solúveis, e atuam na preparação da pele, dando emoliência e quebrando a resistência do tecido (NEGRÃO, 2017, p. 162).
A microdermoabrasão, ao utilizar cristais de óxido de alumínio, tem sido
aplicada, além de outras enfermidades, para as cicatrizes de acne (TSAI et al.,
1995), caracteriza-se por uma técnica de esfoliação superficial da pele que
impulsiona a re-epitelização, pelo incremento das mitoses celulares da camada
basal da epiderme (BORGES, 2010).
A esfoliação permite, ao mesmo tempo, extinguir células mortas e impurezas
da pele devido à sucção produzida, além de remover também os comedões e reduzir
a oleosidade da pele. A microdermoabrasão reúne duas modalidades superficiais de
peeling, que são a de diamante, que usa apenas pressão negativa e esferas
diamantadas para que ocorra a esfoliação; e a de cristal, com aplicação de cristais
de óxido de alumínio na pele, para recolher as impurezas, oriundas das camadas
córnea, espinhosa, granulosa e malpighiana (BORGES, 2010).
3.5.3 Microagulhamento
Descendente da medicina oriental chinesa, a acupuntura inclui o
microagulhamento como uma técnica que trata de pequenas incisões na pele para a
administração de fármacos, com a finalidade do rejuvenescimento facial, para
tratamento de rugas periorais e, ainda, para indução de colágeno (TIC), por meio de
um rolo com agulhas de aço, com o fim de melhorar cicatrizes e rugas finas
(GARCIA, 2013).
13
A técnica do microagulhamento promove a produção de colágeno na pele,
em um estímulo mecânico, que se utiliza de um rolo composto por microagulhas. O
rolo compõe-se de polietileno, com agulhas de aço inoxidável e estéreis,
posicionadas, de forma proporcional, em fileiras, em um total aproximado de 192 e
540 unidades. As microagulhas apresentam comprimento, com variáveis entre 0,25
mm a 2,5 mm de diâmetro (PIATTI, 2013).
A Figura 3 mostra o aparelho, denominado de rolo e composto por
microagulhas.
Figura 3: Rolo com microagulhas
Fonte: Os segredos da estética, 2017.
Esse aparelho de utilização com fim estético busca estimular a produção de
colágeno, com perfurações cutâneas que apresentam um processo inflamatório,
sendo liberados fatores de crescimento, que contribuem para a proliferação celular,
que são os fibroblastos e a consequente síntese das proteínas de sustentação. A
técnica de microagulhamento se processa com o rolo sendo passado de 15 a 20
vezes sobre a pele na horizontal, na vertical e na diagonal, podendo ocorrer um
quadro de hiperemia e um leve sangramento, plenamente controlado. O
procedimento perdura em um tempo de 15 a 20 minutos, conforme a dimensão da
área em tratamento. Sugere-se um intervalo de seis semanas entre uma sessão e
outra, para um tempo adequado da constituição do colágeno (KLAYN, et al., 2012).
14
A Figura 4 apresenta o rolo e sua aplicação na técnica do
microagulhamento.
Figura 4: Rolo de para microagulhamento e sua aplicação
Fonte: Os segredos da estética, 2017
O microagulhamento utiliza “equipamentos eletrônicos com agulhas e alguns
demógrafos específicos que possuem uma ponteira adaptada para execução da
técnica” (NEGRÃO, 2017, p. 122). De acordo com o tipo de equipamento, pode-se
selecionar a profundidade de penetração das agulhas, bem como o tamanho da área
em que vai ser realizado o tratamento.
O mercado disponibiliza também aparelhos em forma de caneta para
realização do microagulhamento, podendo ser manuais ou elétricos, e suas agulhas
são descartáveis. O equipamento elétrico faz a regulagem do tamanho das agulhas
entre 0,25mm a 2mm, conforme a profundidade do problema estético. A quantidade
de agulhas pode variar nos refis (2, 3, 7, 12 ou 36 agulhas), sendo que o
procedimento com um número maior de agulhas é o mais sugerido para um
resultado mais homogêneo (BORGES; SCORZA, 2016).
A caneta manual pode ser utilizada com movimentos ascendentes e
descendentes sobre a pele, fazendo perfurações repetidas. Por sua vez a elétrica
deve ser deslizada sobre a área a ser tratada, passando-a diversas vezes sobre a
15
mesma área, com movimentos circulares ou retilíneos, até que se mostre um
formato de lesão desejado, sem fazer pressão sobre a pele (EVANGELISTA, 2013).
As Figuras 5 e 6 mostram os tipos de canetas para serem utilizadas em
microagulhamento: elétrica e manual.
Figura 5: caneta elétrica Figura 6: caneta manual
Fonte: Os segredos da estética, 2017. Fonte: Os segredos da estética, 2017.
A Figura 7 apresenta a caneta manual e sua aplicação.
Figura 7: Caneta manual para microagulhamento
Fonte: Os segredos da estética, 2017.
16
As pequenas agulhas penetram em toda pele e podem causar pequenas
feridas que, à medida que forem cicatrizando, formam uma pele mais uniforme e lisa,
porque são produzidas novas fibras de colágeno na pele lesionada (VIANA, 2016).
A Figura 8 mostra resultados de antes e depois da técnica do
microagulhamento em cicatrizes da acne.
Figura 8: Microagulhamento: resultados antes e depois
Fonte: https://www.fotosantesedepois.com › Beleza e Cosmética, 2017.
Indicada, entre outros procedimentos, para melhoria de cicatrizes atróficas, a
vantagem do microagulhamento é ser um procedimento efetivado no consultório, a
custo baixo, bem tolerado, com período curto de recuperação e sem dor. A
expectativa é de resultado de melhoria, depois da primeira sessão (um mês após),
atenuando as cicatrizes de acne (VIANA, 2016).
3.5.4 Preenchimento cutâneo
O preenchimento cutâneo é considerado uma melhor opção para cicatrizes
atróficas, do tipo distensíveis retráteis, cujo procedimento ocorre a partir de um
processo denominado subcisão, em que traves fibrosas abaixo da cicatriz são
rompidas com agulhas de extremidade cortante. São injetadas substâncias debaixo
da cicatriz para levantá-la (ANTONIO; NICOLI, 2013).
17
Dentre os preenchimentos não permanentes, com duração de 1 ano,
pontua o ácido hialurônico, pelo critério de segurança, eficácia, versatilidade,
facilidade de armazenamento e de uso, satisfação e gratificação dos resultados que
se estendem para o médico e, em especial para o paciente (MONTEIRO, 2011).
A Figura 9 expõe cicatrizes e resultados de preenchimento, antes e depois.
Figura 9: Vista lateral esquerda: sem e com preenchimento
Fonte: Lima, 2017.
Já a Figura 10 mostra paciente, antes, sem o preenchimento, imediatamente
após, e depois de 7 dias, já com o preenchimento realizado.
Figura 10: Vista lateral direita sem e com preenchimento imediatamente após, e sete dias depois.
Fonte: Monteiro, 2011.
18
O ácido hialurônico, um polissacarídeo natural, componente de todos os
tecidos conectivos dos mamíferos, é uma substância que pode ser injetada. Possui,
além de estrutura química semelhante entre as espécies, também potencial mínimo
para reações imunológicas. Problemas relatados sobre rejeição e reações
granulomatosas são raros (ANTONIO; NICOLI, 2013).
4. CONCLUSÃO
Este estudo discorreu sobre a acne e suas cicatrizes de acne, bem como
identificou alguns tratamentos e sua eficácia.
Verificou, inicialmente, que a acne é um condicionante inflamatório, com
histórico genético e hormonal e que pode se agravar a partir de fatores que incluem
alimentação incorreta, estresse e certos tipos de medicamentos.
Essa ocorrência inflamatória advém de uma condição da pele, cujos folículos
ficam obstruídos por sebo e células mortas, infestando-se por bactérias que
provocam a inflamação. Os casos incluem tanto adolescentes como adultos,
independentes de sexo.
As cicatrizes, por sua vez, surgem devido aos processos inflamatórios
acneicos que, com o tempo, ficam mais expostos, sendo decorrentes do dano
provocado pelo folículo pilossebáceo e no seu entorno, no período inflamatório.
Identificou-se, nesse sentido, a importância do conhecimento sobre os tipos
de tratamentos disponíveis para cicatrizes da acne e sua adequada utilização.
Primeiramente, tem-se o peeling químico, com ação junto à derme, que elimina
lesões um pouco mais profundas.Também o peeling físico e enzimático que se trata
de um procedimento esfoliativo, com lixamento manual, e que pode ser denominado
de microdermoabrasão.
Verificou-se, ainda, o microagulhamento como uma técnica que trata de
pequenas incisões na pele para a administração de fármacos, pode melhorar as
cicatrizes de acne; e, também o preenchimento cutâneo, considerado como melhor
opção para cicatrizes atróficas, do tipo distensíveis retráteis, em especial, quando for
injetado o ácido hialurônico, que é um componente natural.
19
REFERÊNCIAS
ANTONIO, C. R.; NICOLI, M. G. Técnica de correção de cicatrizes distensíveis de acne com ácido hialurônico, otimizada com iluminação de LED. Surg Cosmet Dermatol, v. 5, n. 4, p. 330-334, 2013. BORGES, F. S. Dermato – funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, São Paulo, 2016.
BRENNER, F. M. et al. Acne: um tratamento para cada paciente. Revista Ciências Médicas; Campinas, 15(3): 257-266, maio/jun., 2006. Disponível em: <http://periodicos.puccampinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/article/view/1117/1092>> Acesso em: 04 de abril de 2017. CUCÉ, L. C.; FESTA NETO, C. F. Manual de dermatologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu. 2001.
DEUSCHLE, V. C. et al. Caracterização das lesões e tratamentos utilizados na acne. Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 3, n. 1, 2015. Disponível em: <http://revistaeletronica.unicruz.edu.br/index.php/eletronica/article/view/224-236/pdf_52>. Acesso em: 5 abr. 2017. EVANGELISTA, M. M. O uso do microagulhamento como tratamento de cicatriz de acne. Portal Educação, Campo Grande, MS, ago. 2013. Disponível em:<http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/50060/o-uso-do-microagulhamento-como-tratamento-de-cicatriz-de-acne#!2>. Acesso em: 25 out. 2017. FOTOS ANTES E DEPOIS. Disponível em: <https://www.fotosantesedepois.com › Beleza e Cosmética>. Acesso em: 30 out. 2017. GARCIA, B. G. B. C. et al. Manual dermatológico farmacêutico. Cosmiatria. 1. ed. Paraná: Guarapuava, 2006. GARCIA, M. E. Microagulhamento com Drug Delivery: um tratamento para LDG. 2013. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Dermatologia, Cosmiatria). Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, 2013. Disponível em: <http://www.marcelaengracia.com.br/artigos_e_noticias/trabalho%20celulites.pdf>. Acesso em: 16 out. 2017.
20
HENRIQUES, B. G. et al. Desenvolvimento e validação de metodologia analítica para a determinação do teor de ácido glicólico na matéria-prima e em formulações dermocosméticas. Braz J Pharm Sci, v. 43, n.1, p. 39-45, 2007. HUGO, V. Cicatrizes de acne. 2013. Disponível em: <http://www. cirurgiaplasticanet.com/cicatrizes-de-acne/>. Acesso em: 17 jul. 2017. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. (Coord.). Dermatologia estética. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. KLAYN, A. P.; LIMANA, M. D.; MOARES, L. R. S. Microagulhamento como agente potencializador da permeação de princípios ativos corporais no tratamento de lipodistrofia localizada: estudo de casos. In: Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar – EPCC, 8, 2013, Maringá. Anais Eletrônicos... Maringá: Cesumar, 2013. p. 1-5. Disponível em: <http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2013/oit_mostra/aline_prando_klayn.pdf>. Acesso em: 15 out. 2017. LACRIMANTI, L. M. Curso didático de estética. São Paulo: Yendis, 2008.
LIEÓ, M. I, et al. Transtornos del folículo pilosebáceo: acné y rosácea. Medicine, v.11, n. 48, p. 2823-39, 2014. LIMA, R. B. Cicatrizes da acne: tratamentos mais utilizados. Disponível em: <http://www.dermatologia.net › Estética>. Acesso em: 30 out. 2017. LIPIANE, A. C. Tratamento para cicatrizes da pele. 2015. Disponível em: <http://www.limpandosuapele.com.br/tratamentos-para-cicatrizes-de-acne/>. Acesso em: 25 out. 2017. MAJID, I. Microneeddling therapy in atrophic facial scars: an objective assessment. J Cutan Aesthet Surg, v. 21, n. 1, p. 26-30, 2009. MICROAGULHAMENTO – adeus cicatrizes de acne! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KEMEhzc1M3I>. Acesso em 30 out. 2017. MONTEIRO, E. O. Tratamento de cicatrizes de acne e ácido hialurônico de alta viscosidade. RBM – Edição Especial Dermatologia, v. 67, n. 10, fev. 2011.
NEGRÃO, M. M. C. Cicatrizes de acne da avaliação ao tratamento. 1. ed. Santa Catarina: CR8, 2017. OS SEGREDOS DA ESTÉTICA. Disponível em: <http://www.ossegredosdaestetica.wordpress.com>. Acesso em: 30 out. 2017. PIATTI, I. L. Microagulhamento e fatores de crescimento. Revista Personalité, São Paulo, ano 16, n. 8, p. 22-25, 2013.
21
ROTTA, O. Guia de dermatologia: clínica, cirúrgica e cosmiátrica. São Paulo: Manole, 2008.
TSAI, R. Y. et al. Aluminum oxide crystal microdermabrasion. A new technique for treating facial scarring. Dermatol Surg, v. 21, n. 6, p. 539-442, 1995. VIANA, S. Microagulhamento: terapia de indução de colágeno provoca microferimentos na pele para preencher marcas. 2016. Disponível em: <https://maismaismedicina.wordpress.com/2016/08/03/microagulhamento-terapia-de-inducao-de-colageno-provoca-microferimentos-na-pele-para-preencher-marcas/comment-page-1/>. Acesso em: 27 out. 2017.