INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS E A PRÁTICA DOCENTE: … · Destacamos que tecnologia é um conceito...

18

Transcript of INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS E A PRÁTICA DOCENTE: … · Destacamos que tecnologia é um conceito...

INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS E A PRÁTICA DOCENTE: POSSIBILIDADES DE QUALIFICAÇÃO METODOLOGICA PARA PROFESSORES EM PROCESSO

DE FORMAÇÃO 1

Autora: Sandra Elisa Pertile Giongo 2 Orientadora: Daniela De Maman 3

RESUMO

Este artigo busca através de estudos bibliográficos e investigação em campo possibilitar uma alternativa metodológica embasada em pesquisas, conceitos, fatos e relatos de experiências pedagógicas. Com o objetivo de proporcionar uma visão crítica sobre a utilização de instrumentos tecnológicos como recursos didáticos para a qualificação metodológica da prática docente de professores em processo de formação. Buscamos também, discutir e apontar possibilidades para o uso das tecnologias como instrumento metodológico no processo de ensino e aprendizagem, levando em consideração a necessidade urgente de dinamizar as aulas almejando o interesse dos alunos, futuros profissionais da educação, entendendo sob este aspecto que a formação continuada deve fazer parte de uma contínua reforma do sistema educacional, a fim de romper modelos pedagógicos desatualizados e criar um novo cenário para a educação.

Palavras-chave: Educação, aprendizagem, instrumentos tecnológicos, formação docente

1 Texto produzido a partir da experiência vivenciada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional PDE.

2 Professora PDE com Licenciatura em Pedagogia.

3 Orientadora Docente do Curso de Pedagogia Unioeste/Campus de Francisco Beltrão/PR.

1 Introdução

Este texto pretende relatar estudos, pesquisas e experiências adquiridas

durante o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, promovido pela

Secretaria de Estado de Educação do Estado do Paraná - SEED.

Optamos por desenvolver um trabalho que tem como preocupação inicial

incluir e propor possibilidades existentes no que se refere ao uso das tecnologias

como instrumento de ensino e aprendizagem nas práticas educacionais, tanto de

alunos, como de professores do curso Formação de Docentes.

O processo educacional, conforme estudos na literatura da área, ainda carece

da introdução de novas tecnologias digitais, com vistas a reforma dos sistemas

educativos, tornando-se prioridade na formação de professores e posteriormente

dos seus alunos.

Assim podemos partir do pressuposto empírico de que o acesso a redes

digitais é apontado por especialistas como um meio indispensável de

desenvolvimento social, considerando que a dinâmica da comunicação faz parte de

uma gradativa reforma do sistema educacional, a fim de romper modelos

pedagógicos desatualizados e criar um novo cenário para a educação, mas utilizar

tais recursos requer redimensionamento nas metodologias de ensino no que se

refere às concepções de tempo, espaço, professor, aluno, processo de ensino e

aprendizagem.

Embora nossos professores estejam aprendendo cada vez mais sobre o uso

das tecnologias, o processo ainda é lento, e a parceria entre educação e tecnologia

ainda está longe de ser efetivada. Segundo dados da Secretaria Estadual de

Educação, a maioria dos professores apresentam dificuldades de interação no que

se refere às tecnologias digitais, embora utilizem o computador e a internet para

preparar suas aulas, ainda sentem muita dificuldade em usar estes recursos na sala

de aula como instrumento pedagógico. Sob esta ótica se desenham algumas

questões: Até que ponto a escola está promovendo sua reconfiguração para

atender a esta nova realidade? Como estão reagindo professores e alunos a esta

informatização cada vez mais acelerada de suas vidas? De que maneira as políticas

públicas vem oferecendo suporte necessário e consistente a inserção dos novos

instrumentos educativos no cotidiano escolar?

Nesta perspectiva, apontamos neste texto para a necessidade de traçar

caminhos, entendendo claramente que a presença dos elementos tecnológicos na

sociedade vem transformando o modo dos indivíduos se relacionarem e construírem

conhecimento e o professor precisa, construir definitivamente novos modelos

pedagógicos aproveitando todas as possibilidades que a tecnologia oferece no

contexto educacional.

A partir da constatação de que a tecnologia está cada vez mais presente na

vida e na escola, o professor precisa descobrir os efeitos pedagógicos de seu uso. O

lugar ocupado pelas novas ferramentas de ensino, modifica expressivamente o

papel do professor – ele não mais pode ser um transmissor de conteúdos, mas um

mediador, capaz de articular a interação crítica e reflexiva do aluno com os

conteúdos de ensino, através dos meios tecnológicos.

2 Referencial Teórico

2.1 Tecnologias no mundo atual

Estamos cercados de tecnologias em nosso campo social e profissional, e

nem nos damos conta, mas elas estão presentes em nossa vida, uma vez que já

estão incorporados aos nossos hábitos, como é o caso dos processos empregados

para cuidar da higiene e da limpeza pessoal, alimentar-se, falar ao telefone, cozer,

etc. Outras tecnologias com as quais convivemos também não se fazem notar,

embora se caracterizem como artefatos, tais como canetas, lápis, cadernos,

talheres, etc. Outras servem de prótese para estender ou aprimorar nossos sentidos,

como óculos, aparelhos de audição, instrumentos de medida e muitos outros.

Destacamos que tecnologia é um conceito com múltiplos significados que

variam conforme o contexto, podendo ser vista como: artefato, cultura, atividade com

determinado objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus

respectivos processos, etc. (REIS, 1995, p.30).

Os estudos de Kline (apud REIS, 1995, p. 48) propõem uma definição de

tecnologia como o estudo do emprego de ferramentas, aparelhos, máquinas,

dispositivos, materiais, objetivando uma ação deliberada e a análise de seus efeitos,

envolvendo o uso de uma ou mais técnicas para atingir determinado resultado, o que

inclui as crenças e os valores subjacentes às ações, estando, portanto, relacionada

com o desenvolvimento da humanidade.

Sendo assim, Lévy (1997) salienta que a técnica faz parte do sistema

sociotécnico global, sendo planejada e construída pelo homem que, ao utilizá-la,

apropria-se dela, reinterpretando-a e reconstruindo-a. Sob esta perspectiva,

compreendemos que as tecnologias se originam de fundamentos sociais e culturais

para que sejam suportes a fim de suprir as necessidades que emergem de um

mundo moderno.

Atualmente, com a intensa comunicação entre as pessoas, é comum a

transferência das técnicas de uma cultura para outra, mas é no interior de cada

cultura que as técnicas adquirem novos significados e valores. No entanto, as

tecnologias e seus produtos não são bons nem maus em si mesmos, os problemas

não estão na televisão, no computador, na Internet, ou em quaisquer outras mídias,

e sim nos processos humanos, que podem empregá-los para a emancipação

humana ou para a dominação.

2.2 Tecnologias, educação e formação de docentes

Da mesma maneira as tecnologias estão presentes e atuantes na escola, e

mesmo que seus recursos não estejam fisicamente instalados nos espaços

escolares, a mídia audiovisual invade a sala de aula. A linguagem produzida na

integração entre imagens, movimentos e sons atraem e tomam conta das gerações

mais jovens, cuja comunicação resulta do encontro entre palavras, gestos e

movimentos, distanciando-se do gênero do livro didático, da linearidade das

atividades da sala de aula e da rotina escolar.

De acordo com Moran (2001) temos uma nova sociedade que é a sociedade

da informação onde todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a

ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o

grupal e o social (p.18). Esta nova sociedade exige de nós educadores um novo

aprender, uma reestruturação na formação do professor que se depara com uma

gama de informações. Assim não podemos suprimir, como bem expressa

D´ambrosio (1998) sobre o fato das qualidades de um professor estarem

diretamente relacionadas ao emocional e afetivo, ao político e ao conhecimento

(p.30).

Para tanto estendemos nossa preocupação para o fato de que o domínio do

técnico e do pedagógico não deve acontecer de modo estanque, um separado do

outro. É irrealista pensar em primeiro ser um especialista em informática ou em

mídia digital para depois tirar proveito desse conhecimento nas atividades

pedagógicas. O melhor é quando os conhecimentos técnicos e pedagógicos

crescem juntos, simultaneamente, um demandando novas idéias do outro.

Pocho (2003) afirma:

o domínio do professor deve se concentrar no campo crítico e pedagógico, decidindo-se pela opção de integrar ou não a tecnologia em seu currículo, de acordo com os objetivos, e ainda escolher o momento apropriado para fazê-lo, evitando, assim, a imposição tecnológica na sala de aula. O professor não pode perder a dimensão pedagógica (p.15).

Desta maneira é primordial que o educador tenha conhecimento do que cada

uma dessas facilidades tecnológicas tem a oferecer e como pode ser explorada em

diferentes situações educacionais. Em uma determinada situação, a TV pode ser

mais apropriada do que o computador. Mesmo com relação ao computador, existem

diferentes aplicações que podem ser exploradas, dependendo do que está sendo

estudado ou dos objetivos que o professor pretende atingir.

As inúmeras facilidades técnicas e o acesso rápido a informação, oferecidas

pelos computadores possibilitam a exploração de um leque ilimitado de ações

pedagógicas, permitindo uma ampla diversidade de atividades que professores e

alunos podem realizar, porém essas atividades podem ou não estar contribuindo

para o processo de apropriação de conhecimentos.

Mas é necessário que a comunidade escolar e a família enquanto instituição

responsável pelo processo educacional tenham consciência de que o aluno pode

estar fazendo coisas fantásticas, porém o conhecimento usado nessas atividades

pode ser o mesmo que o exigido em uma outra atividade menos espetacular. O

produto pode ser sofisticado, mas não ser efetivo na construção de novos

conhecimentos. Por exemplo, o aluno pode estar buscando informações na rede

Internet, na forma de texto, vídeo ou gráficos, colando-as na elaboração de uma

multimídia, porém sem ter criticado ou refletido sobre os diferentes conteúdos

utilizados. Com isso, a multimídia pode ter um efeito atraente, mas ser vazia do

ponto de vista de conteúdos relevantes ao tema, daí o papel de mediador do

professor, fazendo a intervenção pedagógica, que no caso de busca e acesso à

informação na Internet, essa informação não deve ser utilizada sem antes ser

criticada e discutida.

No entanto, essa visão crítica, em geral, não tem sido exigida nas atividades

de uso da informática, por exemplo, este recurso não pode ser feita pelo

computador. Essa reflexão crítica cabe ao professor. Nenhuma intervenção

pedagógica harmonizada com a modernidade e os processos de inovação que estão

implícitos será eficaz sem a colaboração consciente do professor e sua participação

na promoção da emancipação social. De acordo com Nóvoa (1992) não há ensino

de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma

adequada formação de Professores (p.09).

Ainda baseando-se nas idéias de Perrenoud (2000), este autor expõe que

dentre outros aspectos a serem considerados no processo de formação dos

professores, uma das competências se aplica a saber utilizar as novas tecnologias.

Deste modo Perrenoud (2000) explicita que:

A verdadeira incógnita é saber se os Pedagogos-Professores irão apossar-se das tecnologias com o auxílio ao ensino, para dar aulas cada vez mais bem ilustradas por apresentações multimídia, ou para mudar de paradigma e concentrar-se na criação, na gestão e na regulação de situações de aprendizagem (p.139).

Ressaltamos ainda neste ponto do estudo sobre a importância de a tecnologia

ser incorporada à sala de aula, à escola, à vida e à sociedade, tendo em vista a

construção de uma cidadania democrática, participativa e responsável; mas para

isso, é fundamental que o professor, independentemente da sua área de atuação,

possa conhecer as potencialidades e as limitações pedagógicas envolvidas nas

diferentes tecnologias, seja o vídeo, a Internet, o computador, entre outras. Importa

que cada uma delas carrega suas próprias especificidades, que podem ser

complementadas entre si e/ou com outros recursos não tecnológicos. Por sua vez,

uma determinada tecnologia configura-se por uma multiplicidade de recursos

distintos, os quais devem contribuir e enriquecer o processo de aprendizagem do

aluno.

2.3 Tecnologias e metodologia do ensino: principais desafios

Deste modo, o primeiro desafio, quando remetemos a tecnologia como

instrumento pedagógico, é a necessidade de que professores, diretores, e equipe

pedagógica, revisem sua forma de compreender como se ensina e como aprendem

hoje, nossas crianças, adolescentes e jovens.

A possibilidade do uso das tecnologias como instrumentos pedagógicos

criaram grandes expectativas de renovação dos processos metodológicos, embora

ainda existam entraves que distanciam a utilização efetiva dos recursos tecnológicos

na escola.

Sancho et al (2006) comenta:

A principal dificuldade de transformar os contextos de ensino com a incorporação de tecnologias diversificadas de informação e comunicação parece se encontrar no fato de que a tipologia de ensino dominante na escola é a centrada no professor (p.19).

Com base no posicionamento acima, destacamos que é fato que hoje a

escola enfrenta dificuldades em se ajustar ao que requer a sociedade. Por um lado,

se espera da escola o papel de educar para a sociedade do conhecimento, e isto

inclui o domínio e uso de diferentes tecnologias sob vários aspectos, especialmente

como instrumento pedagógico; por outro lado, a realidade é bem distinta. O que a

escola tem para oferecer hoje, não condiz com o esperado: problemas curriculares,

lacunas no sistema educacional, problemas na formação dos professores,

dificuldade de espaço, falta de equipamentos, este coletivo de necessidades emerge

atrasando a melhoria na qualidade na educação e tornando a inserção da tecnologia

no ambiente escolar um processo lento e fragmentado.

Um dos principais obstáculos que impedem a utilização educativa das

tecnologias é o fato de que os profissionais da educação precisam mudar sua forma

de pensar e por em prática o ensino, hoje, o professor tende a inserir suas próprias

técnicas aplicando o ensino sob sua própria forma de compreendê-lo, sem

questionar ou refletir a veracidade de suas crenças, inibindo qualquer outra forma de

experiência.

Acreditamos que segundo Demo (2006):

É preciso superar aquele professor que, uma vez formado, só dá aula, a vida toda, quase sempre a mesma aula, e não estuda mais... o perfil buscado de professor é daquele que, além de formação original adequada, mantém-se em formação permanente como condição fatal de sua profissão. Deve ser a imagem viva de quem sabe aprender, estudar, pesquisar, elaborar, para poder construir tais efeitos nos alunos (p.124).

Sob este foco, é possível compreendemos que a estrutura organizacional e

pedagógica da escola não é adequada para a incorporação das tecnologias, é

preciso, no entanto, reformular vários aspectos da educação, para que assim a

tecnologia inserida no processo educacional, possa ser uma possibilidade de

transformação positiva e produtiva nos aspectos sociais e culturais ao longo da

formação do indivíduo.

3 Implementação

A implementação da pesquisa de campo, partiu inicialmente das metas

traçadas no projeto de intervenção e baseou-se nos estudos realizados na pesquisa

bibliográfica sobre autores, tais como: Demo, 2006; Pocho, 2003; Sancho, 2006, que

abordam o tema Tecnologias na Educação. Para dar encaminhamento na pesquisa

de campo, nos propomos a observar e analisar a prática docente dos professores

que trabalham com as disciplinas de Metodologias de Ensino, no Curso de

Formação de Docentes do Colégio Estadual Júlio Giongo, Ensino Fundamental,

Médio e Normal de Pranchita, durante o período de dois meses. A partir da

observação, elaboramos o Projeto de Intervenção Pedagógica e a Produção

Didático Pedagógica, intitulada: OFICINAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES DE

FORMAÇÃO PARA O USO DE INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS EDUCACIONAIS

COMO ALTERNATIVAS DIDÁTICAS E PRODUÇÃO DE BLOG INTERATIVO.

O Projeto de Intervenção e o material Didático-pedagógico pretendeu apontar

possibilidades teórico-práticas referentes à utilização de Instrumentos Tecnológicos

como caminhos alternativos para qualificação metodológica das aulas nas diferentes

áreas do saber, de maneira a efetivá-las como práticas pedagógicas, nas disciplinas

de Metodologias de Ensino, do Curso de Formação de Docentes.

A intenção é interagir com as tecnologias digitais, de modo a superar as

dificuldades, fomentar seu uso como recurso e estratégia pedagógica em sala de

aula, aproveitando as possibilidades que os instrumentos tecnológicos oferecem

para o contexto pedagógico. Parte-se do pressuposto de que a tecnologia está cada

vez mais presente na vida social dos indivíduos e no processo de escolarização dos

mesmos, para tanto o professor precisa descobrir os efeitos pedagógicos de seu

uso. Deste modo, pode-se afirmar que o lugar ocupado pelas novas ferramentas de

ensino modifica expressivamente o papel do professor, no sentido de que não pode

mais restringir-se a mero transmissor de conteúdos, mas ao de mediador do

conhecimento com ações tais como: a de articular a interação crítica e reflexiva do

aluno em relação aos conteúdos de ensino, através da utilização de instrumentos

tecnológicos.

A implementação da proposta de ação sugeriu a realização de oficinas

interdisciplinares como fator pedagógico e dinamizador do processo de ensino e

aprendizagem, particularmente por sua praticidade, flexibilidade, e, sobretudo

estimular a participação e a criatividade de todos os integrantes. A meta pretendida

é que tanto o professor como o coordenador da oficina, além da ação de ensinar é a

de orientar os participantes para que os mesmos realizem descobertas, construam

saberes, tenham interesses e manifestem necessidades de aprendizado sobre o

manuseio dos instrumentos tecnológicos para a educação.

Posteriormente então, o projeto foi posto em execução e com esta houve a

Implementação Pedagógica e as Oficinas Pedagógicas Interdisciplinares foram

aplicadas para os alunos do quarto ano do Curso de Formação de Docentes, a

escolha da turma foi devido ao fato de ser o último ano do Curso e os alunos

conhecerem todas as Metodologias de Ensino, reforçando dessa forma conteúdos já

vistos, porém com novas abordagens e principalmente com sugestões de uso dos

instrumentos tecnológicos, contribuindo e enriquecendo suas práticas, uma vez que

a maioria dos alunos estavam em estágio de regência.

Iniciamos os trabalhos nas oficinas apresentando aos alunos do curso de

formação de docentes nosso Projeto de Intervenção Pedagógica. Na seqüência

lemos, discutimos, e propomos algumas questões para serem respondidas com

base nos textos sugeridos em nosso material didático, com o objetivo de possibilitar

a reflexão da prática docente mediante a utilização de recursos tecnológicos. Em

seguida, apresentamos aos alunos nossa Produção Didática Pedagógica e

selecionamos as oficinas que seriam trabalhadas.

Neste dia, também orientamos os alunos como organizar os seus Planos de

Trabalho Docente, a serem elaborados em todas as oficinas trabalhadas, seguindo

o modelo conforme orientação da Secretaria de Estado de Educação do Paraná -

SEED, com amparo legal presente no Artigo 13, II e IV da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional - LDB - 9394/96, como Plano de Trabalho que deve ser feito

pelo professor, isso justifica o termo Plano de Trabalho Docente.

Estrutura do Plano de Trabalho Docente:

1. Conteúdo

2. Objetivos

3. Encaminhamento metodológico

4. Recursos didáticos

5. Avaliação

6. Referências

A primeira oficina selecionada foi a "Arte em Fotografia". Inicialmente

conversamos com os alunos, no intuito de fazer uma sondagem sobre o que eles

sabiam, conheciam sobre a fotografia - registro de imagens, expressão e

sensibilidade, cor, luz e sombra, surgimento, as primeiras máquinas de fotografias,

as revelações dos negativos, as máquinas digitais, correios eletrônicos, Orkut,

Facebook, dentre outros. A seguir, organizamos os grupos e a turma fez um passeio

para a coleta das imagens, sendo que o tema proposto - Fauna e Flora. De posse

das imagens, solicitamos que cada grupo, conforme seu critério, selecionasse duas

fotografias, e elaborassem um Planos de Trabalho Docente seguindo os passos pré

determinados, conforme combinado. Na semana seguinte, cada grupo apresentou

seus Planos de Trabalho, com suas sugestões de atividades, as quais, foram

enriquecidas com a participação de todos.

A segunda oficina trabalhada "Histórias em Quadrinhos - Reinventando

Clássicos da Literatura Infantil. Levamos os alunos para o Laboratório de

Informática, dividimos a turma em seis grupos, cada grupo recebeu uma sugestão

de qual clássico da Literatura Infantil deveria ser reinventada através de história em

quadrinhos, utilizando-se do site sugerido. Primeiramente, solicitamos que cada

grupo fizesse uma breve pesquisa na Internet sobre o autor e a história sugerida.

Em seguida, orientamos os alunos de como utilizar o Programa Toondoo, sendo de

domínio dos alunos o código da senha e login previamente criado para a utilização

do grupo. Enfatizamos para os alunos que a história deveria conter personagens

distintos, boas falas, e ilustração. Sendo fundamental que o grupo conhecesse os

passos para montar uma história em quadrinhos, e que todos compreendessem a

mensagem a ser passada. Além da criação da história em quadrinhos, o grupo

organizou o seu plano de trabalho docente para apresentar aos colegas de turma.

A terceira oficina selecionada "Cultura em Movimento - Dança folclórica".

Inicialmente conversamos com os alunos sobre a riqueza cultural de nosso país,

dentre tantas, a dança se destaca, sendo um dos aspectos mais ricos e também

peculiares de cada região. Listamos com os alunos as que mais se destacam

regionalmente, em seguida dividimos a turma em equipes, as quais escolheram uma

dança folclórica brasileira, e através de pesquisa na Internet, aprofundaram seus

conhecimentos (origens, ritmo, significado, instrumentos usados etc.). Em seguida,

cada equipe criou ou reproduziu uma coreografia fazendo apresentação para a

turma, antecedida de uma breve explicação sobre a dança.

Ao longo deste processo de implementação das oficinas ocorreram as

avaliações dos alunos, as quais, envolveram critérios importantes como a

participação, envolvimento, criatividade, uso adequado dos recursos e

principalmente o desenvolvimento metodológico claro e objetivo nos seus Planos de

Trabalho Docente.

Também fez parte da Implementação o Grupo de Trabalho em Rede - GTR,

sendo uma das atividades obrigatórias do Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE, prevista no Plano Integrado de Formação Continuada do

Programa, sendo um momento privilegiado para a socialização das produções do

Professor PDE e interação entre seus pares na Rede Estadual de Ensino do Estado

do Paraná. Constitui-se num curso na modalidade de Ensino a Distância, no

Ambiente Virtual e-escola, www.e-escola.pr.gov.br. O curso foi organizado em três

Temáticas e a Avaliação.

Na primeira Temática apresentamos o projeto de intervenção pedagógica na

escola, discutindo questões conceituais do projeto. Na segunda Temática

apresentamos nossa produção didático-pedagógica, debatendo a viabilidade de

aplicação do material proposto. Na terceira Temática apresentamos as ações de

implementação, avaliando a aplicabilidade da proposta e discutindo os

encaminhamentos metodológicos da proposta. Para concluir, avaliamos o percurso

realizado com o grupo. Tivemos a participação de dez cursistas, que além de

apresentarmos e discutirmos a viabilidade de aplicação de nosso projeto de

intervenção e o uso do material didático, recebemos sugestões, melhorias e

complementações, através de relatos dos cursistas na realização de atividades com

o uso de instrumentos tecnológicos. Estas trocas de vivências/experiências de

práticas pedagógicas, foram significativas e muito contribuíram para o

enriquecimento de nosso trabalho.

4 Análise da Implementação

A escolha do assunto para a Elaboração do Projeto de Intervenção, partiu da

dificuldade dos professores do Curso de Formação de docentes, interpretar e

desmembrar as ementas das disciplinas tanto da Base Nacional comum, da parte

Específica e também das Práticas de Formação ou o Estágio Supervisionado. A

Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes das Escolas

Públicas do Estado do Paraná (2006) evidencia que a formação do professor

pressupõe o domínio dos conteúdos e das formas através das quais se realiza o

processo de ensino e aprendizagem (p.24). Daí a importância e necessidade do

professor ter domínio de diferentes recursos tecnológicos.

Quando observamos as práticas dos professores, no intuito de visualizar o

uso de instrumentos tecnológicos e até mesmo seu incentivo de utilização para com

os alunos para as práticas de estágio ou regência dos alunos na Educação Infantil e

Séries Iniciais do Ensino Fundamental, constatamos que ainda há muita

insegurança, tanto por parte dos professores, quanto dos alunos. Até mesmo uma

certa relutância por parte de muitos professores, os quais afirmam que o principal

empecilho é a falta de informação e formação tecnológica para o uso, pois nas

formações continuadas ofertadas pela SEED, o tempo é curto para tanta informação,

sendo necessário maior tempo para esse tipo de formação continuada e outro fator

que é bastante significativo é o fato de haver necessidade de maior suporte técnico

e pedagógico para acompanhar o professor, principalmente quando do uso do

Laboratório de Informática e transformar vídeos para a utilização das tv pendrive.

Outras dificuldades citadas são com o manuseio dos aparelhos em geral

como rádios portáteis com pendrive, CDs e DVDs, fazer recortes de filme e

documentários, montar resumos e esquemas em Power Point, dentre outros. Por

outro lado, alguns professores já estão se utilizando de diferentes recursos

tecnológicos, com bons direcionamentos pedagógicos e metodológicos, obtendo

êxito em seu trabalho, principalmente no quesito maior envolvimento e participação

da turma nas atividades propostas.

Com os alunos, o ponto de partida foi a apresentação do projeto, leitura de

alguns textos para fundamentação teórica e alguns questionamentos para

levantamento de opiniões e saberes prévios do assunto. Conforme relato dos alunos

é possível pensar o uso das tecnologias de forma pedagógica, pois proporciona

maior interesse por parte dos alunos e torna as aulas mais atrativas, sendo assim a

tecnologia um instrumento de apoio que serve para ajudar o professor a repassar o

conhecimento de modo mais prático. Quanto a utilização da internet como recurso

pedagógico é possível sim, sendo necessário a seleção de sites confiáveis e

científicos e um bom direcionamento pedagógicos para que os objetivos

pretendidos sejam alcançados. Quando questionados de que forma alunos e

professores poderiam estar se ajudando para o uso adequado das tecnologias na

escola, as respostas foram que os alunos dominam o funcionamento da tecnologia

em si, porém o papel do professor é o de direcionar sua utilização enquanto recurso

pedagógico.

Quando discutimos com os alunos do Curso de Formação sobre o fato de se

sentirem ou não preparados para atuarem como professores da Educação Infantil e

Séries Iniciais usando diferentes recursos tecnológicos, a maioria afirmou que o

domínio técnico e as ferramentas não encontrariam dificuldades, porém a maneira

ou forma de conduzir, a organização da turma, da aula em si, ou seja o

direcionamento pedagógico para que o uso não se tornasse um mero passatempo

ou distração para os alunos, ainda deveria ser melhor trabalhado e organizado.

Diante destas colocações, nos firmamos que realmente nosso trabalho deveria se

focar no direcionamento pedagógico quando do uso dos recursos e instrumentos

tecnológicos.

Durante a realização dos trabalhos que nos propomos, nos deparamos com

alguns percalços. O tempo estipulado para a realização das oficinas sofreu

alterações, em todas as atividades propostas, tivemos que ampliar o tempo de

execução, horas por motivo de envolvimento e participação, horas por falhas com os

recursos tecnológicos. No primeiro dia em que agendamos o Laboratório de

Informática, este estava com problemas de funcionamento e os técnicos do CRTE

vieram fazer manutenção. Tivemos que marcar nova data. Na nova data estipulada,

vários alunos estavam em regência, não compareceram, no momento de utilizar o

programa Toondoo para a confecção das histórias em quadrinhos, houve uma

sobrecarga e o sistema travou, os alunos tiveram que terminar suas atividades em

casa, a maioria dos grupos não conseguiu realizar as tarefas de forma satisfatória.

Outra dificuldade que enfrentamos, foi o fato de estarmos a frente da direção

da escola, e por mais que tivéssemos feito um agendamento em turno contrário ao

exercício da direção, só pelo fato de nos fazermos presentes na escola, vez ou outra

éramos solicitados para atender alguma situação. Em outra oportunidade, tivemos

que alterar o agendamento por motivo de convocação dos diretores para reuniões

em Francisco Beltrão, para recebermos orientações quanto ao Processo de

Consulta à Comunidade Escolar na designação de Diretores e Diretores Auxiliares

para as Escolas Públicas do Paraná.

No desenvolvimento das oficinas trabalhávamos sempre com diferentes

grupos, iniciávamos os trabalhos com um determinado grupo, e o mesmo grupo só

era possível nos encontrar duas ou três semanas depois, devido os seus estágios de

regência, em alguns momentos contamos com a co-participação dos professores

das disciplinas de Metodologias de Ensino para a finalização dos trabalhos, e isso

também foi difícil de conciliar, pois estes professores também precisavam ministrar

os seus conteúdos, os quais, os alunos deveriam trabalhar nos estágios de

regência. Os próprios alunos comentaram que as oficinas lhes trouxeram grandes

contribuições, porém deveríamos ter iniciado os trabalhos antes dos estágios, para

que todos pudessem acompanhar todo o processo.

5 Considerações Finais

O estudo desenvolvido não iniciou com escrita deste, e não se encerra aqui

nestas considerações, deste modo iniciamos a conclusão deste texto explicitando

que apesar dos percalços e dificuldades enfrentadas, ficamos com o melhor que

cada desafio nos proporciona, novas experiências, vivências, amadurecimentos,

aprendizados e consequentemente novas práticas que esta formação continuada

nos proporcionou, quando trabalhamos com professores e alunos do Curso de

Formação de Docentes, e também com os professores participantes do Grupo de

Trabalho em Rede - GTR, todos acreditamos que o processo de formação do

professor deve ser constante e incessante principalmente quando se trata do uso

dos recursos tecnológicos sendo que a maior dificuldade ainda está em utilizar estes

recursos como instrumento pedagógico, que de acordo com Pocho (2003):

[...] a utilização de tecnologia na escola foi associada a uma visão limitada de educação, baseada em fundamentos teóricos e ideológicos externos. Com o crescimento de um pensamento educacional mais crítico a partir dos anos 80, a tecnologia educacional passou a ser compreendida como uma opção de se fazer educação contextualizada com as questões sociais e suas contradições, visando o desenvolvimento integral do homem e sua inserção crítica no mundo que vive, apontando que não basta utilizar a tecnologia, é necessário inovar em termos de prática pedagógica (p.12).

Nesta perspectiva o professor não somente precisa se apropriar e utilizar de

novos modelos pedagógicos, mas atuar como mediador, fazendo a intervenção

pedagógica necessária, aproveitando todas as possibilidades que a tecnologia

oferece no contexto educacional, de forma crítica e contextualizada. De acordo com

Nóvoa (1992) “não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação

pedagógica, sem uma adequada formação de Professores” (p.09).

Ressalta-se assim a importância da tecnologia, através de instrumentos

tecnológicos ser incorporada à sala de aula, à escola, tendo em vista a construção

de uma cidadania democrática, participativa e responsável; mas para isso, é

fundamental que o professor, independentemente da sua área de atuação, possa

conhecer as potencialidades e as limitações pedagógicas envolvidas nas diferentes

tecnologias, seja o vídeo, a Internet, o computador, entre outras. Importa que cada

uma delas carrega suas próprias especificidades, que podem ser complementadas

entre si e/ou com outros recursos não tecnológicos.

É necessário estarmos atentos para a real finalidade de cada ferramenta, e a

forma de sua utilização, para que os instrumentos tecnológicos promovam as

mudanças esperadas no processo educativo, eles devem ser usados não como

meras máquinas para ensinar ou aprender, mas como ferramentas pedagógicas

para criar um ambiente interativo que proporcione ao aprendiz investigar, levantar

hipóteses, testá-las, recriando/criando conhecimentos.

Preparar os profissionais da educação para a utilização dos recursos

tecnológicos é um desafio e uma necessidade constantes, sendo função também

dos gestores mostrar que os recursos tecnológicos podem e devem ser utilizados de

forma eficaz e prazerosa, com os quais alunos e professores possam interagir,

possibilitando o desenvolvimento integral do educando.

Referências

D'AMBROSIO, Ubiratan. Tempo da escola e tempo da sociedade. (In). SERBINO, Raquel Volpato (et al) Formação de professores. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. DEMO, Pedro. Formação permanente e tecnologias educacionais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. GOMEZ, J. I. (1993). Comunicación Audivisual en una ensñanza renovada. Propuestas desde los medios. Huelva: Prensa y Educación. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997. MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran>. Acesso em 08 de fevereiro de 2011. NÓVOA, Antonio. (Coord.). Os Professores e a sua Formação – Temas Educacionais l.Lisboa: Editora Nova Enciclopédia. 1992. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Profissional. Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em Nível Médio, na Modalidade Normal. Curitiba: SEED - PR., 2006. 100 p. PERRENOUD, P. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000, p. 139. POCHO, Cláudia Lopes. Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. Lígia Silva Leite (coord.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. REIS, M. F. Educação Tecnológica: a montanha pariu um rato? Porto: Porto Editora, 1995. SANCHO, Juana. De Tecnologias da Informação e Comunicação a recursos educativos. In: Tecnologias para transformar a educação/ SANCHO et al. Porto Alegre: Artmed, 2006.