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Inteligência cibernética | 1 As organizações têm recursos limitados para lidar com a diversidade de ameaças do mundo cibernético que podem interferir de maneira relevante nas suas operações e estratégias Inteligência cibernética: abordagem executiva para tomadores de decisão Por Daniel Tupinamba Diretor de Forensics Cyber Response & Privacy da EY Setembro de 2019 Cybersecurity Respostas a incidentes LGPD Forensics A A diretoria das empresas desempenha papel importante na supervisão e deve estar bem posicionada para orientar a gestão no desenvolvimento de um programa eficaz de risco de proteção cibernética. No começo de 2019, o EY Center for Board Matters realizou uma série de jantares privados. Tais conversas revelaram diversas ações como chaves que a liderança das empresas deve considerar ao supervisionar riscos cibernéticos:

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As organizações têm recursos limitados para lidar com a diversidade de ameaças do mundo cibernético que podem interferir de maneira relevante nas suas operações e estratégias

Inteligência cibernética: abordagem executiva para tomadores de decisão

Por Daniel TupinambaDiretor de Forensics Cyber Response & Privacy da EY

Setembro de 2019

Cybersecurity

Respostas a incidentes LGPD

Forensics

A A diretoria das empresas desempenha papel importante na supervisão e deve estar

bem posicionada para orientar a gestão no desenvolvimento de um programa

eficaz de risco de proteção cibernética.

No começo de 2019, o EY Center for Board Matters realizou uma série de jantares privados.

Tais conversas revelaram diversas ações como chaves que a liderança das empresas deve

considerar ao supervisionar riscos cibernéticos:

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De acordo com a NACD (National Association of Corporate Directors), eis os cinco princípios

que os executivos tomadores de decisão devem levar em conta sobre riscos cibernéticos(1):

ª Definir o grau em que a proteção cibernética é uma questão crítica para a empresa;

o tempo e o esforço que executivos gastam com os temas de cyber determinam se

é prioridade para a empresa.

ª Buscar meios para assimilar o valor dos riscos em aspectos econômicos.

ª Entender os processos da empresa para identificar, avaliar e gerenciar riscos de

terceiros e na cadeia de suprimentos.

ª Estabelecer mecanismo independente de mensuração para o programa de gerenciamento

de risco de segurança cibernética e se ele é adequadamente avaliado por um terceiro que

se reporta à alta administração.

ª Avaliar a abrangência da capacidade de resposta e recuperação da empresa,

incluindo protocolos e simulações de crise com especialistas e terceiros.

ª Princípio 1: A diretoria precisa entender a abordagem de segurança cibernética como

uma questão de risco corporativo, não apenas um aspecto de tecnologia.

ª Princípio 2: A diretoria deve entender as implicações legais acerca dos riscos cibernéticos

bem como a maneira como eles se relacionam no contexto empresarial da companhia.

ª Princípio 3: Executivos devem ter acesso adequado a discussões e experiências sobre os temas

de gestão de riscos cibernéticos com frequência regular e adequada nas agendas periódicas de

suas reuniões. De acordo com as recomendações, quando necessário, diretores devem recorrer

a especialistas para ajudá-los na avaliação das declarações da gestão interna e da liderança de

1 Fonte: ey.com/en_us/board-matters/how-fortune-100-companies-are-approaching-cybersecurity-related-disclosures

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segurança. A diretoria deve agendar “reuniões de aprofundamento” com especialistas terceiros

independentes sobre o quanto as ações internas estão adequadas às metas corporativas.

ª Princípio 4: A diretoria deve calibrar suas expectativas de acordo com um quadro de gestão

de riscos cibernéticos para toda a empresa, levando em conta equipe, orçamento e contratos

adequados. A revisão regular dos indicadores de eficácia deste quadro é fundamental.

ª Princípio 5: As discussões gerenciais sobre o risco cibernético devem incluir identificação

de quais riscos evitar, quais gerenciar e aqueles para mitigar ou transferir (seguros) bem

como planos específicos associados a cada abordagem.

Tom da mensagem executiva: segurança cibernética é uma questão crítica para os negócios

Quando se trata de governança da proteção cibernética, uma das coisas mais importantes que os

executivos devem fazer é definir o tom apropriado e alinhar com a gestão o apetite a risco apropriado

relacionado a segurança cibernética. A diretoria pode mandar essa mensagem como parte da sua

própria governança, não como algo a mais e também avaliar quanto tempo a administração dedica para

segurança cibernética ao longo do ano. Está na agenda uma vez por ano ou faz parte da maioria das suas

reuniões? Duas das principais responsabilidades executivas são estratégia e gerenciamento de risco, e é

impossível ter essas conversas sem uma discussão adequada sobre tecnologia e segurança. O ideal é que

a liderança possua foco apropriado no tema de segurança cibernética de forma consistente com o tópico

em discussões regulares de estratégia e risco, que priorizem conscientização e busquem por referências

externas para melhorar a competência cibernética dos tomadores de decisão.

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Quanto melhor a pergunta, melhor a resposta. E melhor se torna o mundo de negócios.

Quando o corpo humano é a maior plataforma de dados, quem irá capturar valor?

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Também deve-se ter discussões francas e mútuas com o responsável pela segurança da informação

(CISO – Chief Information Security Officer) em sessões executivas com uma mensagem clara do

que priorizar no que tange a segurança cibernética como parte do DNA da empresa.

Outra parte importante na definição do tom certo é enfatizar que o risco de segurança cibernética

não deve ser apenas uma preocupação de TI, mas um problema de toda a empresa que atravessa

todas as suas divisões e funções. Consequentemente, a gestão – além do responsável de segurança –

precisa ser fluente no que os controles e os processos estão protegendo em suas operações, como

os funcionários são treinados e avaliados desde a gerência até a linha de frente, e quais protocolos

devem ser seguidos em um caso de incidente ou violação cibernética.

Por meio do acompanhamento do tema, a diretoria desempenha um importante papel encorajando

a gerência a assumir maior propriedade do risco cibernético, e cabe a eles entender se e como a

responsabilidade pelo assunto é compartilhada na empresa.

O CISO pode formalizar junto à diretoria aspectos extraordinários do panorama cibernético. A despeito

disso, também é razoável que os executivos iniciem discussões a respeito da pauta cibernética com

todos os demais colaboradores na organização, infundindo o assunto na conversa geral com todos os

executivos e líderes. O que torna evidente que cyber é incorporado nas operações de toda a empresa

e que os líderes são responsáveis por seu papel no apoio à liderança de segurança cibernética.

Dar à segurança cibernética destaque e protagonismo equivalentes aos de finanças e assuntos legais

nas decisões da administração reforça a mensagem de que é uma questão crítica nos negócios.

Deve-se levar em conta ainda os aspectos culturais da organização bem como as diversas referências

empresariais pertinentes ao contexto empresarial. No Brasil, por exemplo deve-se levar em conta a

recente evolução da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD Lei nº 13.709, de 14/8/2018), e quando

aplicáveis: (i) CLT, CVM, Regulações de órgãos de classe bem como resoluções de setores específicos

como ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, BACEN Resolução n° 4.658, de 26/4/2018.

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Construindo em resiliência cibernética desde o início

Apesar dos desafios colocados pelo cenário cibernético atual, com riscos em constante evolução,

no qual a capacidade para atuações com um mau propósito e as ameaças se multiplicam diariamente,

a liderança das organizações vem discutindo uma oportunidade-chave: construir a resiliência

cibernética na base de qualquer mudança na empresa. Como colocou um participante de uma das

sessões da EY, a proteção cibernética: “Não é sem esperança, contanto que se pense sobre as coisas no início de novas iniciativas e faça com que os executivos superiores reconheçam o que deve ser feito com as novas tecnologias, sistemas, produtos e perguntar: ‘Onde está a segurança?’”.

Esta é uma referência à prática disseminada de Trust by design, um mandado de cima para baixo

para desenvolver a segurança cibernética ao projetar ou redesenhar todos os produtos, processos,

aplicativos e serviços ou ao contemplar um negócio de M&A (Fusão e Aquisição) ou joint venture.

É importante reconhecer que o dispositivo típico da Internet das Coisas (IoT) pode representar

desafios para a Trust by design. Geralmente construídas com a velocidade em mente, estas tecnologias

podem oferecer acesso fácil para os maus atores.

Da mesma forma, muitos programas de transformação digital não incluem segurança até que estejam

em uso, e a segurança é aplicada mais tarde, processo que quase sempre cria falhas de segurança.

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Quanto melhor a pergunta, melhor a resposta. E melhor se torna o mundo de negócios.

Como combater crimes financeiros do amanhã com a tecnologia de ontem?

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Conclusão

Algumas empresas usam um cofre digital de alto valor para suas joias da coroa,

protegidas das formas mais poderosas.

As joias digitais da coroa entram no cofre e não podem ser removidas sem validação e aprovação

adequada de dois, três ou mais indivíduos e com a tecnologia adequada para suportar a dinâmica

equivalente, de forma que não traga travas desnecessárias para os negócios.

Portanto a diretoria deve manter-se em tom de questionamento e constante busca de lucidez

diante do assustador mundo de ameaças cibernéticas por meio de governança, processos, protocolos,

colaboração na melhor analogia de “higiene cotidiana”.

Educação e evangelismo sobre o tema são fundamentais dada a complexidade envolvida.

Os executivos não devem se conformar que aprenderão a lidar com situações com tantas variáveis

no auge de uma eventual crise. E para concluir referenciamos a fala de um dos executivos presentes

em uma das sessões promovidas pela EY: “Nunca fique confortável”, e completamos: não permita

pânico por meio de controle adequado ao contexto.

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Sobre o autor

Daniel TupinambaDiretor de Forensics Cyber Response & Privacy da [email protected]

• Experiência executiva em segurança cibernética e Tecnologia da Informação em auditorias, consultorias e indústrias como Aeroespacial e Defesa, Construção Civil, Siderurgia, Financeira, Varejo.

• Atuou como responsável por credenciamento militar da Embraer junto ao Ministério da Defesa.

• Investigações em apoio a autoridades, regulamentações internacionais como SEC, SOx, ITAR, FCPA, FAA, EASA, ANAC.

• Liderança de times globais e estruturação de centros de inteligência cibernética com roll-out de políticas do head-quarters para outras unidades de negócio.

• Implementação de políticas corporativas de Compliance de Privacidade, Segurança da Informação e Infraestrutura de Tecnologia e da Automação.

• Participação em fóruns internacionais como A-ISAC (Aviation Information Security Center na Europa e nos EUA), Interpol World Congress (Singapura), Critical Infrastructure Management (EUA).

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EY Auditoria | Consultoria | Impostos | Transações Corporativas

Sobre a EY

A EY é líder global em serviços de Auditoria, Consultoria, Impostos e Transações Corporativas. Nossos insights e os serviços de qualidade que prestamos ajudam a criar confiança nos mercados de capitais e nas economias ao redor do mundo. Desenvolvemos líderes excepcionais que trabalham em equipe para cumprir nossos compromissos perante todas as partes interessadas. Com isso, desempenhamos papel fundamental na construção de um mundo de negócios melhor para nossas pessoas, nossos clientes e nossas comunidades.

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