Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos
-
Upload
paula-prata -
Category
Documents
-
view
19 -
download
5
Transcript of Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino
INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DOS
TUTORES
LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES
Niterói
2013
LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES
INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DOS
TUTORES
Trabalho de Final de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Pós-graduação da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista Lato Sensu em Planejamento,
Implementação e Gestão da EaD.
Aprovada em MÊS de 2013.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Prof. André Tenório Leite
UFF/IFRJ
______________________________________________________________
______________________________________________________________
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os tutores e professores ou
professores-tutores que, sempre com um brilho no olhar ou
demonstrando isso por meio de emoticon ou mensagens
motivadoras, contribuíram para minha formação.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, André Tenório Leite, pelo incentivo,
paciência e dedicação na orientação dessa pesquisa.
Aos tutores que dedicaram parte de seu tempo para responder ao
questionário e a entrevista.
Ao núcleo de ensino PIGEAD/LANTE/UFF pela possibilidade de
realizar uma especialização a distância com qualidade e rigor que
a pesquisa merece.
À UAB que proporciona o desenvolvimento e a democratização da
educação.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal analisar a mediação e a interação na educação a distância
na perspectiva dos tutores. Além disso, buscou-se analisar como se dá a mediação e a interação em
contexto digital, bem como identificar o perfil do profissional que atua em um ambiente online. Foi
descrita a visão dos tutores quanto sua ação tutorial buscando compreender as dimensões de
atuação do tutor e a proximidade desta com a atuação desempenhada por um professor. Por meio
do desenvolvimento do presente estudo, foi possível observar que o tutor desempenha diversas
atividades, umas ligadas estritamente à docência, outras à mediação pedagógica e outras a
tecnologia, mobilizando diferentes saberes em sua prática. Também foi constatado que, a mediação
é fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Verificou-se que, na perspectiva dos tutores
participantes, o desenvolvimento do aluno está relacionado a mediação feita pelo tutor. Assim a
mediação não deve ser entendida simplesmente como dar instruções, ela deve levar o aluno a
reflexão, a construção do senso crítico e consequentemente a aprendizagem.
Palavras–chave: Tutoria. Mediação. Formação.
SUMÁRIO
1 – Introdução 6
1.1 - Justificativa 6
1.2 - Objetivos 7
1.2.1. Objetivo Geral 7
1.2.2 Objetivos específicos 7
1.3 Metodologia 7
1.4 Organização do Trabalho 8
2 – Pressupostos teóricos 9
2.1 Planejamento, implementação e gestão da EaD 9
2.2 Interação e mediação na EaD 9
2.3 O tutor: formação, competências e perfil 10
2.4 Filosofia da linguagem na EaD 12
2.5 O papel da linguagem na EaD 14
3 – Resultados e Discussões 15
3.1 Resultados do questionário 15
3.2 Resultados da entrevista 22
4 - Conclusões 27
5 - Referências 28
6 - Apêndices 31
6
1. Introdução
As mídias interativas deram um novo sentido à educação a distância (EaD). O uso de
ambientes virtuais construtivistas representa um novo desafio para os docentes que atuam na EaD.
Nesses espaços, a aprendizagem acontece por meio da mediação (linguagem interativa) entre os
participantes, com o uso do material disponibilizado e das ferramentas de interação. De forma que,
a interatividade no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é promovida não apenas pelo uso de
mídias interativas, mas também pela linguagem.
Nesse contexto, a linguagem empregada no AVA ganha destaque e torna-se importante para os
docentes e discentes que atuam na EaD. Nos AVA, o processo de transmissão de conhecimento por
meio da linguagem eficiente e eficaz dá lugar a educação colaborativa, pautada na interação e na
autonomia cognitiva.
Nesta modalidade educacional não se pode atribuir ao tutor o mero papel de facilitador, de
animador do processo educacional, uma vez que a EaD é pautada na aprendizagem colaborativa e
interativa. Neste ponto, é interessante destacar o conceito de ensino colaborativo que, de acordo
com Santos e Schneider (2012, p. 3), “está associado ao conceito de aprendizagem colaborativa, na
medida em que esta só pode ser efetivada se o professor coordenar os educandos de modo a
trabalharem em grupo e colaborativamente”.
No âmbito da EaD o tutor deve estar preparado para lidar com uma diversidade de indivíduos,
para isso não basta possuir somente o domínio de sua área de conhecimento, é preciso também
desenvolver estratégias pedagógicas e habilidades para atender a esse público. Neste trabalho de
conclusão de curso (TFC), a mediação e a interação foram pesquisadas sob a perspectiva de tutores
que atuam no Núcleo de Educação a Distância de uma universidade particular. A partir dos relatos
dos tutores, pretende-se apresentar diferentes estilos de mediação e interação procurando ressaltar a
importância da atuação do tutor na mediação pedagógica.
1.1 Justificativa
Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a
incorporação destas pela sociedade atual, impeliu-se uma aceleração nas transformações e, por
conseguinte, uma necessidade de contínua aquisição de formação e informação de seus indivíduos.
A relevância do papel da EaD para a democratização ao acesso à Educação e à instrução é de suma
e primordial significância para a sociedade. A dificuldade de conciliação das dimensões espaço-
tempo entre vários indivíduos, a infraestrutura física e insumos requeridos pelo tamanho e urgência
da demanda são desafios que a EaD pode e vem auxiliando a suplantar com uma performance
satisfatória.
Na EaD, a colaboração, a mediação e a interação entre os participantes no processo
educacional é o que tem garantido a realização de uma aprendizagem mais significativa
socioculturalmente, respeitando os diferentes estágios socioeconômicos dos envolvidos no processo
de EaD. De acordo com Barbosa (2012), para fortalecer a interação em ambientes de ensino on
line, os alunos devem ser conduzidos por um professor com formação específica, capaz de motivar
e incentivar a aprendizagem do aluno, participativa e colaborativamente.
Autores como Pena (1999) e Medeiros e Medeiros (1999) discutem as fronteiras e os
paradigmas da EaD propondo uma maior interação entre educador e educando, além de sugerirem
que a linguagem usada nas etapas do processo interativo seja revista, com o intuito de permitir um
processo reconstrutivista e baseado na autonomia dialética. Passerino e Santarosa (2000), com base
nos estudos de Vygotsky, entendem a interação como ação conjunta e interdependente de dois ou
mais participantes que produz mudanças tanto nos sujeitos como no contexto no qual a interação se
desenvolve. Desse modo, acredita-se que diferentes formas de interação propiciarão diferentes
resultados na participação e desenvolvimento dos alunos.
O papel da linguagem, sem a qual não haveria mediação ou colaboração, também é
importante para o processo ensino-aprendizagem. É interessante destacar o conceito de filosofia da
linguagem em Alston (1977, p. 1):
7
... A Filosofia da Linguagem está ainda menos bem definida e possui um
princípio de unidade ainda menos claro do que a maioria dos outros ramos da
Filosofia. Os problemas da linguagem que são tipicamente tratados pelos
filósofos constituem uma coleção pouco conexa, para a qual é difícil encontrar
qualquer critério nítido que a distinga dos problemas de linguagem de que se
ocupam gramáticos, psicólogos e antropólogos. Podemos chegar a uma noção
inicial da amplitude dessa coleção fazendo um levantamento dos vários pontos
onde, no âmbito da Filosofia, surge o interesse pelos problemas da linguagem...
Bronckart (1999) ressaltou que o exercício da linguagem, textos e discursos nas
plataformas on line promove um constante interacionismo sócio-discursivo.
A contribuição desta pesquisa na área da educação a distância, refere-se à importância de
evidenciar diferentes formas de interação e mediação pedagógica, intermediadas pela linguagem, a
fim de buscar parâmetros de práticas pedagógicas que possam auxiliar na construção conjunta do
conhecimento, com ênfase na formação e atuação de tutores. Acredita-se que ao analisar as
interações e as mediações realizadas em um ambiente de aprendizagem, sob a perspectiva dos
tutores, poderá ser fornecido suporte para futuras pesquisas e para pessoas que já atuam ou que
venham a atuar na EaD.
1.2 Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral O presente trabalho busca analisar a mediação e a interação de tutores na EaD.
1.2.2 Objetivos específicos Identificar o perfil e a formação acadêmica de um grupo de tutores a distância;
Reconhecer a forma de ação tutorial de um grupo de tutores a distância;
Identificar diferentes estilos de interação e de mediação que se materializam no ambiente on
line.
1.3 Metodologia
Esta pesquisa se propôs a investigar o processo de interação e mediação na EaD. Além
disso, buscou analisar como se dá a mediação e a interação em contexto digital, bem como
identificar diferentes estilos de interação e mediação em um ambiente on line.
Para tal, seguiu-se uma abordagem qualitativa, com foco na perspectiva dos participantes.
De acordo com Mathie & Carnozzi (2005, p. 23) a pesquisa qualitativa “tem sua ênfase em como
as pessoas percebem e interpretam o mundo, e como isto está ligado a muitas outras influências em
suas vidas”.
Este estudo foi realizado no Núcleo de Educação a Distância (NEaD) de uma universidade
privada, localizada na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Foram investigados 11 tutores que
atuam em ambiente digital nas disciplinas de Produção Textual e Metodologia Científica,
oferecidas na modalidade semipresencial.
Tendo em vista os objetivos de pesquisa, o procedimento de análise dos dados coletados
ocorreu em duas etapas. Na primeira, com a finalidade de traçar o perfil dos tutores participantes e
identificar suas ações tutoriais, foi aplicado um questionário.
Na segunda etapa, com o intuito de ter acesso à visão dos tutores em relação à mediação
promovida por eles e a interação ocorrida nos fóruns (aluno-aluno, aluno-tutor, aluno-material), em
suas respectivas disciplinas, foi realizada uma entrevista presencial com os tutores. Em todos os
momentos a análise dos dados foi ancorada no referencial teórico utilizado na pesquisa.
Os participantes da pesquisa responderam a um questionário misto (apêndice 1), ou seja,
com perguntas abertas e fechadas, elaborado no Google Drive Forms. O objetivo do questionário
foi conhecer o perfil e a formação dos participantes. Além de identificar sua forma de ação tutorial.
A análise dos questionários contribuiu para a elaboração dos tópicos da entrevista.
8
As entrevistas (apêndice 2) realizadas pela pesquisadora ocorreram de forma individual. De
acordo com Erickson (1988, p. 1088) “um dos objetivos principais da entrevista é fornecer
evidências dos pontos de vista dos participantes”. A análise das respostas obtidas na entrevista teve
o objetivo de identificar a percepção individual dos participantes a respeito da mediação e interação
exercida por eles no ambiente on line.
1.4 Organização do Trabalho
Este trabalho está desenvolvido em cinco capítulos. A introdução, a justificativa, a
organização do trabalho, os pressupostos teóricos e as referências foram elaborados
colaborativamente pelos cursistas Lilia Aparecida Costa Gonçalves e José Ricardo de Moraes
Lopes (LOPES, 2013). Os objetivos, a metodologia, os resultados e discussões, as conclusões e os
apêndices desenvolvidos individualmente. Lopes (2013) investigou o uso da linguagem por um
grupo de tutores a distância e como ela auxilia no processo de interação e mediação na EaD.
9
2. Pressupostos teóricos
2.1 Planejamento, implementação e gestão da EaD
As TICs têm despertado grande interesse no âmbito educacional em todo o mundo. A
proliferação e a utilização dessas tecnologias têm levado enormes expectativas para o âmbito
escolar. No entender de Beloni (2002, p. 139): A educação a distância surge nesse quadro de mudanças como mais um modo
regular de oferta de ensino, perdendo seu caráter supletivo, paliativo ou
emergencial, e assumindo funções de crescente importância, principalmente no
ensino pós-secundário, seja na formação inicial (ensino superior regular), seja na
formação continuada, cuja demanda tende a crescer de modo exponencial, em
virtude da obsolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento.
O planejamento para a implantação de cursos na modalidade a distância é fundamental para
o sucesso do empreendimento. De acordo com Oliveira (2007), o sistema de gestão da EaD precisa
contemplar aspectos que propiciem o planejamento, a organização, a direção e o controle do
processo. Segundo o autor, esses elementos são essenciais para que as organizações atinjam seus
objetivos.
Outro ponto importante na implantação e na gestão da EaD é a capacitação pedagógica e
técnica dos profissionais ligados aos cursos. É preciso definir as atividades que cada membro irá
desenvolver e promover a capacitação de acordo com o projeto institucional de EaD. Arnold (2002,
p. 36) entende que “existe uma grande interdependência entre os componentes de um curso de
educação a distância e entre o fazer dos membros da equipe”. Assim, é preciso esclarecer que a
ação de um componente da equipe terá desdobramentos em todo fluxo das atividades.
Outro fator a ser considerado para a implementação e gestão da EaD é a formação docente.
Preparar docentes para atuar em contexto on line é a chave fundamental nos processos de
implantação da modalidade de Educação a Distância. A mudança para ambientes on line exige
novas habilidades dos docentes e a compreensão pedagógica do processo de ensino e aprendizagem
mediada, para que o professor saiba como transpor sua prática na sala de aula convencional para a
sala de aula virtual. Silva (2003) destaca a necessidade do professor “modificar sua velha postura,
inclusive para não subutilizar a disposição à interatividade própria do digital on-line” (SILVA,
2003, p. 52).
Assim, muitos são os desafios a serem vencidos para o planejamento, implementação e
gestão da EaD, a fim de garantir efetivamente o pleno desenvolvimento das atividades.
2.2 Interação e mediação na EaD
A atuação docente em contexto on line é um desafio a ser enfrentado. É preciso formar
profissionais que atendam as mudanças implementadas pela EaD, com vistas a desenvolver
novas competências e habilidades que possibilitem práticas pedagógicas inovadoras e
significativas.
Segundo Castells (1999), passou-se de uma sociedade centrada no trabalho para uma
sociedade centrada na educação. Com essa transformação é preciso inovar. Criar novas formas
de trabalho, novas metodologias e novas formas de pensar a educação e o desenvolvimento
humano numa perspectiva onde se insira o binômio conhecimento-tecnologia.
Com a introdução das tecnologias digitais como suporte no âmbito da educação, surgem
preocupações e interesse em se compreender como usá-las de forma eficiente no contexto
educacional e em como preparar professores para a utilização dessas tecnologias para fins
pedagógicos.
Na EaD, com a utilização das tecnologias digitais, tem-se a possibilidade e, ao mesmo
tempo, a necessidade da mediação pedagógica nos ambientes de aprendizagem on line quando se
tem como objetivo desenvolver a construção colaborativa do conhecimento. Prado e Martins
(2002) argumentam que a mediação exerce um papel fundamental na EaD, pois permite a recriação
10
de métodos durante a realização de um curso. No entanto, para que isso seja possível é preciso que
o professor/tutor tenha uma formação específica para atuar nesses contextos, de forma a possibilitar
o acesso, a discussão e a reflexão dos fundamentos teóricos que orientam a mediação pedagógica.
Segundo Oliveira (2007, p. 26), a mediação consiste num “processo de intervenção de um
elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por
esse elemento”. Pode-se, então, entender que a interação social é sempre mediada por experiências
assimiladas anteriormente.
A teoria vygotskyana diz que a mediação influencia o pensamento do homem e que as
relações interpessoais possibilitam o processo de aprendizagem. Além disso, a mediação seria
essencial para o desenvolvimento de funções psicológicas superiores. De acordo com Vygotsky,
“Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos.”
(VYGOTSKY, [1930] 2007, p. 75).
Na visão sócio-histórico-cultural o indivíduo não é visto como um ser passivo. Ele atua
ativamente em seu processo de desenvolvimento, ao transformar e ser transformado por fatores
sociais, culturais e históricos.
Com base nos estudos da concepção sócio-histórico-cultural, pautada nos estudos de
Vygotsky, o tutor exerce na EaD o papel de mediador da aprendizagem dos alunos e deve
promover a participação dos estudantes na construção colaborativa do conhecimento. Isso só é
possível a partir do dialogo, do intercâmbio de ideias, de dúvidas e perguntas e do incentivo à
reflexão. Masetto (2010) destaca que: A mediação pedagógica coloca em evidência o papel de sujeito do aprendiz e o
fortalece como ator de atividades que lhe permitirão aprender e conseguir atingir
seus objetivos; e dá um novo colorido ao papel do professor e aos novos
materiais e elementos com que ele deverá trabalhar para crescer e se desenvolver
(MASETTO, 2010, p. 146).
Assim, as interações entre tutor-aluno são de extrema importância na EaD. As interações
virtuais dependem das trocas textuais feitas pelos participantes, dessa forma é preciso considerar
aspectos do discurso textual, a multimodalidade, os gêneros, o hibridismo, todos os aspectos que a
comunicação mediada por um computador proporciona.
De acordo com Barbosa (2012, p. 88) “A aplicação da teoria socioconstrutivista ao
processo de mediação da educação on line permite compreender as peculiaridades da dinâmica
interativa, que as ferramentas tecnológicas proporcionam aos sujeitos da ação educativa”. Assim,
entende-se que o processo de ensino-aprendizado adquire novas dinâmicas por meio da mediação e
da interação entre os participantes com o uso de ferramentas interativas (chats, fóruns, e-mails, etc)
em situações discursivas.
Batista e Gobara (2007, p. 8) argumentam que, na EaD, a interação é fator fundamental
para a manutenção do interesse dos alunos. No entanto, ela somente se concretizará “a partir da
intencionalidade dos professores e alunos associada a um objetivo maior que é o alcance do
conhecimento”. As autoras salientam que as ferramentas interativas são recursos eficientes e
potenciais, mas é preciso que professores e alunos tenham autonomia para explorar as
potencialidades dos recursos disponíveis em um ambiente de aprendizagem em que as interações
são fundamentais.
Assim, pode-se dizer que é através da mediação interativa que novas ideias são construídas,
experiências são compartilhadas, de modo a desencadear a consolidação do conhecimento já
construído e a possibilitar a construção do conhecimento de forma colaborativa.
2.3 O tutor: formação, competências e perfil
As transformações, em curso no mundo contemporâneo, levam professores a se defrontarem
com exigências de ordens diversas ao incorporarem às suas práticas pedagógicas as novas
tecnologias de informação e comunicação (NTICs).
Educadores precisam interagir com os recursos tecnológicos e aprender a explorá-los de
forma critica, apoiando-se em suporte teórico e metodológico para entender por que e como
11
integrar tecnologia e pedagogia (Valente, 2003), além de refletir sobre esse uso no decorrer do
processo. A necessidade de aprimoramento constante nas mais diversas situações de aprendizagem
requer uma formação contínua do docente e, além disso, que tal formação esteja apoiada em sua
ação. Frente a essa situação, os educadores são desafiados a reverem suas propostas pedagógicas e
buscarem novos referenciais para entender e explorar o universo tecnológico.
Muitos pesquisadores concordam quanto à adoção de uma abordagem crítico-reflexiva para
a formação do professor para atuação em ambientes on line.
Tavares (2007) e Paiva (2013), por exemplo, salientam a necessidade de pensar na
formação docente para “uso inovador da tecnologia”. A concepção de formação dessas autoras
engloba o confronto entre teoria e prática, a fim de levar o professor-tutor a refletir sobre sua
prática em contextos histórico-sociais e a assumir uma postura crítica frente ao uso das tecnologias
em práticas mediadas por elas. Segundo elas, a formação docente para uso das tecnologias deve ser
um processo contínuo, em que o docente possa vivenciar o papel de aluno e de professor em
contexto on line, ao observar sua própria prática e a prática de outros docentes, num processo
reflexivo dinâmico e constante.
Dotta e Giordan (2007, p. 2) argumentam que a formação de tutores não pode se restringir
à capacitação técnica sobre o funcionamento das interfaces comunicacionais, “mas precisa
considerar o desenvolvimento da capacidade comunicativa do educador para as interações verbais
que possam promover a aprendizagem significativa.”
Ainda de acordo com as autoras, “as possibilidades de interação, geradas por interfaces de
comunicação, dependem de estratégias didáticas propostas pelo educador que fomentem o diálogo”
(DOTTA E GIORDAN, 2007, p. 2). Ou seja, a formação docente para atuação on line não ocorre
simplesmente pela ampliação de habilidades técnicas, todavia ela deve contemplar conteúdos
relacionados às teorias educacionais, de aprendizagem e comunicação, além de fundamentos
didático-metodológicos sobre a EaD.
Ao abordar a formação para contexto on line, Belloni (2009) destaca três dimensões
fundamentais: pedagógica, didática e tecnológica. A dimensão pedagógica se refere às
concepções epistemológicas, atividades de orientação e tutoria. A dimensão didática se refere à
formação específica do professor em uma das áreas de conhecimento. A dimensão tecnológica
engloba as relações entre tecnologia e educação, na produção, seleção, utilização e avaliação
adequada dos meios disponíveis.
Portanto, ao se observar as necessidades atuais em face ao uso das novas tecnologias, o
tutor precisa de formação que tenha como objetivo a “construção de sentido sobre o uso
pedagógico das tecnologias e sobre suas implicações nos processos educativos” (GERVAI,
2007, p. 18).
A EaD possui como uma de suas características favorecer a interação e o trabalho
colaborativo. Cabe ao tutor estimular a interatividade entre os participantes e orientar a produção
do conhecimento de forma colaborativa. Assim, a mediação pedagógica em espaços de
aprendizagem com tecnologias é função do tutor.
De acordo com Santos e Schneider (2012, p. 5), no ambiente on line é necessário que o
tutor desenvolva estratégias de interação com e entre os alunos, de forma a aumentar a
“potencialidade do grupo a partir de sua heterogeneidade como também das possibilidades que o
meio possa oferecer”.
A colaboração e a interação não se limitam aos alunos. O tutor deve ter uma participação
ativa no processo, ao fazer parte também da socialização do conhecimento, com vistas a tornar
os alunos aprendizes autônomos. De acordo com Palloff e Pratt (2004, p. 141), as interações são
essenciais para a construção do conhecimento, “... cursos com altos níveis de interação tendem a
obter maior índice de satisfação e menor índice de abandono. Assim, incentivar um alto nível de
interação é papel fundamental do professor. Na verdade, talvez seja a sua tarefa mais importante
no ambiente de aprendizagem on-line”.
Na EaD, o tutor é responsável por orientar, acompanhar e supervisionar o processo de
ensino-aprendizagem ao mesmo tempo em que instiga e promove a autonomia do aluno.
12
Machado e Teruya (2009, p. 1736) argumentam que “ao mesmo tempo em que orienta,
motiva e instiga o grupo para as trocas no AVA, o tutor deve se preocupar também com as
atividades individuais, proporcionando um feedback específico para a sua atividade.”
Além das atribuições já citadas, na concepção de Aretio (2002) quatro qualidades são
imprescindíveis ao tutor: cordialidade, capacidade de aceitação, honradez e empatia. O autor
também agrega às quatro qualidades a “possibilidade de uma escuta e leitura ativa e inteligente.
Por leitura e escuta ativa, podemos compreender a atitude de interesse no que é dito” (ARETIO,
2002, p. 128).
Para Bentes (2009), o tutor é responsável por orientar e acompanhar o aprendizado do
aluno durante todo o processo. Ele assume características inerentes à sua função: ... deve saber lidar com os ritmos individuais diferentes de cada aluno,
apropriar-se de novas TICs, dominar técnicas e instrumentos de avaliação,
ter habilidades de investigação, utilizar novos esquemas mentais para criar
uma nova cultura indagadora e plena em procedimentos de criatividade e ter
disponibilidade para intervir a qualquer momento (BENTES, 2009, p. 167).
Percebe-se, então, que, para o exercício da tutoria em EaD, as competências exigidas do
tutor ultrapassam o domínio dos conteúdos e das ferramentas tecnológicas. É fundamental que o
tutor também atue como um orientador da aprendizagem, motive o aluno, proporcione condições
para a construção da aprendizagem de forma autônoma, estabeleça relações empáticas com os
participantes, entre outras funções.
2.4 Filosofia da linguagem na EaD
Desde o início da filosofia da linguagem, no sec. IV na Grécia antiga, a linguagem tem sido
um dos temas centrais na era contemporânea. Hoje, mesmo com todo o arcabouço tecnológico
disponível, certamente, a EaD é diretamente impactada, de forma dinâmica e intensa, pela filosofia
da linguagem, pois a linguagem escrita é o seu “let motiv”. Essa permeia os diversos instrumentos
metodológico-conceituais da EaD que por meio de diferentes modos e meios de uso em rede,
possibilita e permite o processo ensino-aprendizagem e o acesso ao conhecimento.
Segundo Wittgenstein (2000, p. 89), “... talvez a linguagem seja uma dessas coisas, que por
nos serem mais familiares são as mais difíceis de entender...”. Esse entendimento permite fazer
uma referência comparativa ao sentido da linguagem na EaD. Percebe-se que nos momentos de
apresentação de conteúdo pelo tutor ao aluno, ou até mesmo em diferentes trocas de experiências
on line, em muitos momentos, são complexas e não transparentes à relação de conteúdo e de
diálogo nos diversos e diferentes ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).
Um ilustre filósofo contemporâneo, Ludwig Wittgenstein (1889-1951), foi, sem dúvida, um
dos mais influentes do século 20 e o principal responsável pela chamada virada linguística da
filosofia. Movimento que colocou a linguagem no centro da reflexão filosófica, deixando de figurar
apenas como um meio para nomear as coisas ou transmitir pensamentos. Seus apontamentos
impactam diretamente a EaD, pois a linguagem escrita on line configura como um importante
procedimento que alavanca o sucesso dessa modalidade de ensino no Brasil.
Tanto em Wittgenstein quanto em Sócrates a tratativa filosófica da linguagem procura se
adequar a diferentes épocas, desde a antiguidade até o mundo contemporâneo onde à humanidade
depende da internet.
Wittgenstein recusou a fortuna de sua família e trabalhou em funções humildes, como
ajudante de jardineiro em um mosteiro e porteiro em um hospital. Em sua trajetória intelectual, foi
capaz de realizar uma profunda revisão de sua própria teoria. A tal ponto que muitos estudiosos de
sua obra filosófica a dividem em dois períodos: o “primeiro Wittgenstein” – correspondente ao seu
Tractatus Logico-Philosophicus publicado em 1921–, e o “segundo Wittgenstein”, cuja obra
principal é Investigações Filosóficas, publicada postumamente.
Embora se tratem de “dois Wittgensteins”, que influenciaram as escolas filosóficas
diferentemente, a linguagem permanece como o tema principal de sua reflexão. Isso fornece
13
unidade a sua obra e constantes subsídios para entender as idiossincrasias da linguagem no mundo
contemporâneo.
Já para Alston (1977), ao contrário de Wittgenstein, a linguagem é exercida como
representação de significado e referência na educação, seja presencial ou a distância, pode
representar nuances e posicionamentos interlocutórios distintos, de possíveis conflitos e
possibilidades de gestão do conhecimento, principalmente no uso de toda expressão linguística
significativa e conectiva, associada a diferentes atores (professor-tutor; tutor-professor; tutor-aluno;
aluno-tutor e aluno-aluno) num processo de constante comunicação e silêncio, no caso da EaD. Um
importante e interessante fato a respeito da linguagem é a possibilidade de se construir expressões
que, à primeira vista, parecem estar perfeitamente em ordem e, no entanto, são ininteligíveis em
algumas situações específicas do ensino-aprendizagem.
Araújo (2005) destaca que o uso da linguagem deve ser espontâneo e nunca pré-
determinado. Arnold (2002) ressalta ainda que comunicar-se não exige a necessidade de ser
letrado, pois inclusive os analfabetos ou aqueles que têm pouca cultura ou escolaridade conseguem
se comunicar, usam a linguagem em seu cotidiano, sem dificuldades de serem compreendidos.
Segundo Vygotsky ([1930] 2007), o desenvolvimento humano ocorre através de sua
relação com o outro e da assimilação pelo indivíduo da experiência sócio-histórico-cultural.
Quando o conhecimento é acessado por meio do emprego da linguagem, tal experiência é
repassada e interagida pela língua. Na teoria Vygotskyana, o pensamento humano é culturalmente
mediado, e a mediação ocorre, sobretudo, pela linguagem que cria e estabelece constantemente um
impacto na EaD.
O processo ensino-aprendizagem é desenvolvido em relações interpessoais. Um indivíduo
é capaz de estabelecer relações interpessoais especialmente pela linguagem, ao criar e recriar
significados distintos, signos, meios e métodos de apropriação de uso da mesma, seja de forma
síncrona ou assíncrona.
De acordo com Vygotsky ([1930] 2007) existem dois elementos básicos dos quais depende
a mediação: o instrumento linguagem, que tem a função de regular as ações sobre os entes e usos
possíveis de objetos, e os signos, que também colaboram para regular as ações sobre o psiquismo
dos entes (pessoas que se comunicam). No contexto da EaD, por analogia, o instrumento é o objeto
em si (a linguagem e seus diferentes usos no ambiente virtual) e as ferramentas disponíveis
(tecnologias do AVA); e o signo é a representação social da linguagem, ou seja, como ela é
compreendida, percebida e interpretada no AVA.
Segundo os estudos da concepção sócio interacionista (VYGOTSKY, [1930] 2007) e
conforme as pesquisas sobre EaD, o tutor vem exercendo o papel de mediador na aprendizagem
dos alunos. Sua função tem sido a de promover a participação dos estudantes na construção do
conhecimento por meio de uma linguagem interativa e colaborativa e isso somente tem sido
possível a partir do diálogo, instrumento fundamental da EaD.
No entender de Bakhtin e Voloshinov (2009, p. 127) o diálogo deve ser pensado no sentido
mais amplo do termo, “(...) não apenas a comunicação em voz alta de pessoas colocadas face a
face, mas toda comunicação verbal de qualquer tipo, que seja”. O diálogo, na modalidade à
distância, desempenha papel essencial na interação entre os cursistas e por meio dele sobrevém a
mediação pedagógica.
A análise e a função do modus operandis da linguagem e comunicação escrita na EaD tem
sido um tema metodológico de grande oportunidade de pesquisa, que apresenta novas observações
e experiências críticas, sendo debatido nas redes e nos diferentes fóruns educacionais
(MEDEIROS, 1999). O que reforça esse fato é a prática da linguagem colaborativa que tem
melhorado as relações dos atores do processo, ao propiciar novas relações de ensino e
aprendizagem conforme dimensiona Yus (2001).
As atribuições do tutor a distância vêm sofrendo modificações de concepção. Uma visão
mais atual do papel da linguagem em tutorias permeia o campo das responsabilidades e das atitudes
com relação às novas abordagens pedagógicas, técnicas e tecnológicas utilizadas. São elas:
1-Entendimento da filosofia da linguagem no processo de aprendizagem em EaD;
2-Reconhecimento da importância da afetividade da linguagem nas relações com os alunos;
14
3-Busca de estratégias e jogos de linguagem para o desenvolvimento da autonomia
(BRONCKART, 1999).
Desta forma, o uso cada vez maior de uma linguagem coerente, coesa, clara e objetiva com
suas infinitas possibilidades de interatividade entre os interlocutores do processo educacional, tem
propiciado um grande avanço da EaD por via do AVA. Assim uma das ações mais importantes dos
tutores tem sido a promoção constante, através do AVA, da interatividade com os alunos e dos
alunos entre si, bem como dos alunos com o material didático do curso em questão. Professores,
conteudistas e coordenadores de cursos em todo o Brasil, devido aos aspectos peculiares da
linguagem em cursos de EaD, já desenvolveram inúmeros materiais didáticos específicos para tal
modalidade.
Segundo Medeiros (1999), o tutor pode ser considerado, como “mais um elemento de
interatividade, o mais inteligente e sensível elemento”, de modo que sua função principal é a
promoção da interatividade pela via da linguagem escrita por meio dos diferentes modos de
comunicação disponibilizados no AVA. As possibilidades de desenvolver a interatividade são
ainda mais amplas com o uso mais intenso da Internet através do AVA, mas sua aplicabilidade na
comunicação e formação na EaD depende do emprego de uma linguagem correta e coerente.
A filosofia da linguagem na EaD tem sido promotora de novos padrões na aplicabilidade de
diversos materiais didáticos e na linguagem escrita praticada.
2.5 O papel da linguagem na EaD
O modelo de ensino presencial tradicional não se caracteriza como fronteira de
possibilidade de sucesso de ensino-aprendizagem em relação ao modelo dito não tradicional, como
a EaD. Para Arnauld e Lancelot (2001) as distinções dos modelos e padrões de educação presencial
e da EaD são ainda enormes regionalmente, e os desafios da eficiência e eficácia da educação como
um todo são constantes, mas certamente a teoria da filosofia da linguagem, que pode analisar o
método e a forma prática da linguagem utilizada na EaD, tem determinado uma diferença entre os
modelos dito tradicional e não tradicional.
Segundo Arnold (2007), os questionamentos sobre quais os parâmetros e princípios da
escolha coerente, certa e mediadora do bom uso da linguagem na EaD são frequentes e, por essa
razão, percebe-se uma constante composição da boa comunicação e da formação dos atores do
processo da educação a distância. A linguagem em EaD não possui fronteiras no processo ensino-
aprendizagem.
A EaD ainda apresenta muitas características e necessidades a serem tratadas de formas
diferenciadas em relação à educação presencial, que se trata de um modelo que obteve sucesso de
ensino e pesquisa, mas está compreendido ainda numa visão pouco crítica e muito conservadora
das fronteiras do ensino-aprendizagem sobre as reais experiências da EaD.
Para Badia (2005) ainda há muitas questões de cunho pedagógico e organizacional dos
diferentes usos e meios de disseminação da linguagem em EaD. Os cursos do país, ainda precisam
de aprimoramentos constantes da linguagem no que tange a utilização e os instrumentos da
linguagem empregada, estudada, discutida e traduzida em experiências reais no ensino virtual. A
aprendizagem de sucesso em EaD, com a linguagem pertinente e difusora, depende do constante
aprimoramento do AVA.
15
3. Resultados e Discussões
Este capítulo descreve os resultados provenientes do questionário on-line e da entrevista
aplicados aos tutores. O questionário foi divido em duas partes. A primeira teve como objetivo
traçar o perfil dos tutores participantes (idade, sexo, formação). A segunda focalizou as ações
realizadas pelos tutores. O objetivo da entrevista foi verificar a visão dos tutores em relação à
mediação promovida por eles. Cabe aqui, ressaltar que, o questionário foi respondido pelos 11
tutores participantes da pesquisa. A entrevista, no entanto, foi realizada somente com 10 tutores.
Um tutor preferiu não participar da entrevista.
3.1 Resultados do questionário
A amostra foi constituída por 11 dos 34 tutores que atuavam na instituição, o que
representou 32% da população pesquisada.
Os dados obtidos no questionário mostraram que 64% dos tutores participantes eram do
sexo feminino e 36% eram do sexo masculino.
A maioria dos tutores (64%) possuía idade entre 31 e 40 anos na época da coleta de dados
(agosto de 2013). A tabela 1 exibe todas as faixas etárias e seus percentuais.
Tabela 1: Faixa etária dos tutores.
Faixa etária Quantidade Porcentagem
21 a 25 anos 1 9%
26 a 30 anos 0 0%
31 a 35 anos 4 36,4%
36 a 40 anos 3 27,3%
Acima de 40 anos 3 27,3%
No tocante à formação, 36% dos tutores possuíam pós-graduação lato sensu e 64%
pós-graduação strictu sensu, como demonstrado na figura 1.
Figura 1: Formação dos tutores.
A função de docente na modalidade presencial é exercida por 82% dos tutores. Já a tutoria
tanto na modalidade presencial quanto na à distância, com exceção de um tutor, é exercida por
todos os demais, concomitantemente. O tempo de exercício em cada modalidade e seus percentuais
pode ser visualizado nas tabelas 2, 3 e 4.
36,4%
45,4%
18,2%
ESPECIALIZAÇÃO
MESTRADO
DOUTORADO
16
Tabela 2: Tempo de regência de turma como docente.
Tempo de regência de turma Quantidade Porcentagem
Entre 1 e 5 anos 2 18,2%
Entre 5 e 10 anos 4 36,4%
Mais de 10 anos 3 27,2%
Não atua 2 18,2%
Tabela 3: Tempo de atuação como tutor presencial.
Tempo de atuação como tutor presencial Quantidade Porcentagem
Entre 1 e 5 anos 9 81,8%
Entre 5 e 10 anos 1 9,1%
Mais de 10 anos 0 0%
Não atua 1 9,1%
Tabela 4: Tempo de atuação como tutor a distância.
Tempo de atuação como tutor a distância Quantidade Porcentagem
Entre 1 e 5 anos 9 81,8%
Entre 5 e 10 anos 1 9,1%
Mais de 10 anos 1 9,1%
Não atua 0 0%
No que concerne à formação específica para atuar em EaD, é possível afirmar que ainda há
um grande número de tutores sem formação específica. Esse fato foi percebido a partir dos dados
coletados, em que 45% dos tutores investigados responderam não possuir formação específica para
EaD. Entre os tutores que tiveram formação especifica, ao serem questionados sobre quais os
conhecimentos mais relevantes adquiridos na formação para atuar na EaD os mais citados foram:
1. A importância da mediação pedagógica.
2. Estimular a participação e a autonomia do aluno.
3. A utilização adequada das ferramentas tecnológicas.
4. A construção do conhecimento em um ambiente virtual.
Cabe ressaltar que esses conhecimentos não foram organizados por ordem de relevância,
mas apenas ordenados segundo a percepção dos participantes.
A partir dos dados apresentados, observou-se que a formação realizada pelos tutores
enfatizou a aquisição de habilidades necessárias para atuar em ambientes on-line. Para atuar na
modalidade a distância, o tutor deve ter conhecimentos específicos sobre ela, pois a relação
ensino-aprendizagem na EaD difere da relação estabelecida no ensino presencial. Assim, cabe ao
tutor mediar o processo de construção do aprendizado, direcionando os alunos no percurso de
aprendizagem em um AVA.
Ainda no tocante a formação para atuar em EaD, foi solicitado aos tutores que sugerissem
propostas para a formação. Dentre os dados coletados foi possível dividi-los em núcleos de
significados, como demonstrado e sinalizado em negrito nos depoimentos a seguir:
(1) Formação em tutoria a distância.
Tutor 2: “Um professor que só tenha atuado na modalidade presencial deve fazer um curso para
atuar na modalidade a distância, pois a metodologia e didática são diferentes.”
Tutor 9: “(...) possuir cursos de extensão ou pós na área de tecnologia educacional.”
De acordo com as respostas dos tutores participantes, é preciso ter formação específica para
atuar na EaD, pois novos saberes são mobilizados nessa modalidade. É necessário que a formação
não se limite somente a formação técnica, mas que leve em consideração as especificidades da
comunicação mediada pela tecnologia e a importância de atuar como mediador, promovendo a
interação entre os participantes e com o material disponibilizado no ambiente.
17
(2) Especificar as atribuições dos tutores.
Tutor 7: “Que seja discutido de forma clara e objetiva o papel que o tutor desempenha e as
atribuições destinadas a ele.”
Tutor 8: “Que as atribuições destinadas aos tutores sejam mais específicas.”
Tutor 9: “Para os cursos focados na formação do tutor deve-se clarificar as suas funções, o
acolhimento e acompanhamento dos alunos (...).”
Dentre as propostas para a formação do tutor, percebeu-se que ainda há indagações sobre
as atribuições destinadas a tal função. A EaD, como uma nova modalidade educacional, traz
mudanças nos papéis desempenhados tanto por alunos quanto por docentes. A função de tutor
ultrapassa os limites da docência presencial, sendo também exigido desse profissional
competências e habilidades pedagógicas, tecnológicas e didáticas (BELLONI, 2009). O tutor
acompanha o aluno em todo processo educacional, orientando-o em questões teóricas e
tecnológicas, por meio da mediação ele cria estratégias que favoreçam a reflexão e estimula a
autonomia, levando o aluno a superar, dessa forma, o papel de agente passivo antes atribuído a ele.
Percebe-se assim que o tutor exerce também a função docente em seu trabalho pedagógico.
(3) Conhecimento sobre ambientes virtuais de aprendizagem.
Tutor 9: “(...) conhecer os mais diversos ambientes virtuais de aprendizagem (...) ser um profundo
conhecedor do AVA onde ele irá atuar.”
Tutor 3: “Aporte conceitual maior em relação às tecnologias utilizadas, e utilizáveis no
ambiente de aprendizagem.”
Tutor 11: “Orientação para utilização adequada da plataforma e das ferramentas
tecnológicas (observo que professores assumem a posição de tutores sem conhecimento algum
das ferramentas)”
Outro ponto bastante significativo nas assertivas dos participantes foi o conhecimento
sobre os ambientes virtuais de aprendizagem. Isso se deve ao fato de que, em geral, quem faz a
mediação pedagógica dentro do ambiente virtual são os tutores e para que se obtenha êxito é
preciso conhecer as peculiaridades e potencialidades pedagógicas de cada ambiente, saber utilizar
os recursos e atividades disponíveis.
(4) Vivenciar a EaD como aluno a distância e como tutor a distância.
Tutor 5: “É importante que o tutor possa vivenciar uma experiência de aluno na modalidade a
distância, mas que possa também praticar acompanhando um grupo a distância para que
possa identificar as problemáticas das duas situações.”
O tutor 5 ressaltou a necessidade da formação ser realizada de forma on-line, de modo que
o tutor passe por uma formação mediada pelas novas tecnológicas. Assim, ele poderia vivenciar o
ambiente digital, conhecer e reconhecer as potencialidades de cada ferramenta e se apropriar da
tecnologia, a fim de utilizá-la como uma aliada em sua prática, de forma a superar a concepção
tradicional de transmissão de conhecimento.
(5) Atuação na área de formação.
Tutor 6: “ Atuar na área de formação e se atualizar constantemente.”
18
Tutor 7: “Que a formação seja focada não somente no ambiente virtual, mas também na
disciplina que será ministrada, visto que há tutores que ministram disciplinas que não fazem
parte da sua área de conhecimento.”
Um aspecto destacado e que merece atenção é a atuação do tutor dentro de sua área de
formação. O tutor deve ter domínio dos conteúdos trabalhados, ou seja, entre outras competências,
ele deve ser especialista em sua área de atuação, pois somente assim ele será capaz de orientar a
aprendizagem e fazer com que o aluno alcance a autonomia na construção do seu próprio
conhecimento.
A segunda parte do questionário focalizou as ações realizadas pelos tutores. Assim, ao
serem questionados sobre com que frequência era feito contato com os alunos, a maioria dos
tutores (64%), responderam que mantém uma frequência de 3 a 4 vezes semanais. A Figura 2
sintetiza as informações obtidas.
Figura 2: Frequência no contato com os alunos.
Com relação às ferramentas utilizadas para interação com os alunos, os tutores destacaram
o uso do fórum, seguido do e-mail. Conforme demonstrado na tabela 5.
Tabela 5: Ferramentas utilizadas na interação entre tutor e aluno.
Ferramenta Quantidade Porcentagem
Chat 2 8%
E-mail 10 40%
Fórum 11 44%
Outras 2 8%
O uso de ferramentas de comunicação síncrona ou assíncrona é indispensável para a
construção do conhecimento em ambientes digitais. Com base nos dados é possível afirmar que há
por parte dos tutores predominância no uso das ferramentas assíncronas.
As ferramentas assíncronas são elementos facilitadores na EaD, pois permitem que tutor e
aluno se comuniquem em tempos diferentes, flexibilizando a interação e permitindo que os alunos
tenham tempo para refletir sobre o tema em discussão. No entanto, é necessário conhecer a
aplicabilidade de cada ferramenta, pois em situações de aprendizagem específicas a escolha de
ferramentas síncrona ou assíncrona irá depender do objetivo que se queira alcançar.
Quando questionados sobre a atuação como tutor, constata-se o desempenho diversas
atividades. Umas ligadas estritamente à docência, outras à mediação pedagógica, mobilizando
diferentes saberes em sua prática. Dentro das áreas de atuação (docência e mediação), com base em
18%
64%
18% 1 a 2 vezes
3 a 4 vezes
Diariamente
Em momentos
prefixados no curso
19
Belloni (2009), foi estabelecido três dimensões de atuação: pedagógica, tecnológica e didática.
Ressalva-se que essas dimensões dialogam entre si, não sendo excludentes na atuação dos tutores.
1) Área de atuação: docência
Na área docente os tutores executam atividades nas três dimensões propostas.
- Dimensão pedagógica: orientação da aprendizagem dos alunos, correção de atividades, correção
de avaliações, participação em encontros presenciais, estabelecimento de ligação afetiva com o
aluno e resolução de dificuldades pedagógicas.
- Dimensão tecnológica: definição de atividades utilizadas no AVA, disponibilização de
informação no AVA, lançamento de notas em meio digital, desenvolvimento de recursos e
materiais complementares.
- Dimensão didática: participação em curso de formação em EaD, elaboração de atividades
utilizadas no AVA, apresentação da didática utilizada no curso e preparação de exercícios
complementares.
2) Área de atuação: mediação
Na mediação os tutores executam atividades somente em duas dimensões propostas: na
pedagógica e na tecnológica.
Dimensão pedagógica: mediação das discussões, motivação dos alunos com pouca
participação, atuação na interatividade entre os alunos, planejamento e orientação dos debates,
resolução de dificuldades pessoais que prejudiquem o desenvolvimento do aluno, resolução de
dificuldades administrativas, estímulo de uma postura crítica-reflexiva dos alunos e estímulo à
comunicação e ao trabalho cooperativo entre os alunos.
Dimensão tecnológica: utilização de ferramentas digitais, tais como fórum, e-mail e chat,
para manter contato com o aluno e resolução de dificuldades tecnológicas relativas ao curso.
Como pode ser observado, é possível afirmar que as respostas dos tutores correspondem ao
estabelecido por Belloni (2009), ou seja, é preciso ter conhecimentos que vão além do domínio da
disciplina ministrada. Desse novo profissional são exigidos diferentes saberes, entre eles, utilizar as
tecnologias para proporcionar interação e colaboração entre os alunos e com o material
desenvolvido, ter capacidade comunicativa para mediar e estimular às discussões de modo a
estabelecer a reflexão crítica e desenvolver a autonomia do aluno. Com isso, tem-se a necessidade
de uma formação voltada para essas novas demandas educacionais.
Mesmo atuando em diferentes dimensões, os tutores se consideram preparados para atuar
na EaD, como mostra a tabela 6.
Ao justificarem a resposta, os tutores que se consideram bem preparados para atuar em
EaD apoiaram-se nas experiências construídas ao longo de sua vida profissional e na formação
específica que tiveram para atuar nessa modalidade.
Tabela 6: Autoavaliação dos tutores quanto ao preparo para atuar na EaD.
Preparo para atuar na EaD Quantidade Porcentagem
Sim, bem preparado (a) 5 45%
Sim, razoavelmente preparado (a) 6 55%
Não, pouco preparado (a) 0 0%
Não, totalmente despreparado (a) 0 0%
Tutor 3: “Além da formação específica, a prática nos dois últimos anos tem aperfeiçoado as
técnicas.”
Tutor 4: “Trabalho com EaD desde 2003, portanto desde o início dessa modalidade de ensino no
Governo do Estado do Rio de Janeiro, acompanhei muitos dos problemas iniciais e também os
êxitos, além de ter acompanhado até 2007 seu crescimento no RJ. Assim, sinto-me muito bem
preparada para atuar nessa área.”
20
Tutor 9: “Participei da formação do CEDERJ e atuo com tecnologia Educacional desde 1997, fui
coordenadora de um Núcleo de Tecnologia, acompanho alguns projetos vinculados ao MEC, sou
conteudista de vários cursos de EaD, tenho pós em Tecnologia Educacional , mestrado em
Informática, participo de todos os cursos que tenho acesso sobre Tutoria e EaD.”
Como demonstrado nas vozes dos tutores, para desempenhar com qualidade a tutoria, é
necessário que se tenha uma formação específica, tanto inicial quanto continuada, que leve a uma
reflexão sobre a necessidade de repensar a forma de ensinar e aprender em ambientes on-line.
Conhecer a dinâmica, a organização e a metodologia utilizadas na EaD é imprescindível para a
qualidade do trabalho do tutor.
Já os docentes que se consideram razoavelmente preparados para atuar na EaD justificam
suas respostas na falta de preparação específica para atuar na EaD ou em não saber aproveitar todas
as possibilidades que a EaD proporciona ao processo de ensino-aprendizagem.
Tutor 5: “Acredito que ainda não uso todas as estratégias possíveis para melhor aproveitamento da
matéria que acompanho.”
Tutor 7: “Razoavelmente preparado, pois adquiri o conhecimento da modalidade a distância com a
prática, no dia a dia. No entanto, não possuo uma formação específica, o que levaria,
consequentemente, ao conhecimento teórico.”
Outros consideram o fato de terem pouco tempo de experiência na modalidade.
Tutor 11: “Com dois anos de atuação em tutoria e a realização de capacitação na área, agora posso
dizer que começo a trilhar o caminho adequado para um trabalho ainda melhor em educação a
distância. O trabalho realizado até então tem sido satisfatório, com resultados positivos, mas como
devemos sempre buscar o melhor, estarei sempre em busca da realização de um trabalho cada vez
melhor.”
Mais uma vez fica clara a necessidade de uma formação que ajude o tutor a entender os
novos ambientes de aprendizagem e as novas habilidades necessárias ao exercício da tutoria. Sendo
assim, a formação deve considerar a importância do uso das tecnologias na mediação pedagógica e
na interação, o novo papel desempenhado pelo aluno e pelo docente, o dinamismo e a flexibilidade
proporcionados pela EaD e o conhecimento sobre as teorias de aprendizagem. Além disso, cabe
ressaltar que a falta de formação adequada pode desencadear uma prática sem reflexão sobre a ação
tutorial ou uma reflexão inadequada.
De acordo com os tutores, existem alguns elementos que limitam o exercício de suas
funções na tutoria, como exemplificado pela transcrição abaixo de partes do questionário. Dentre as
respostas destaca-se a falta de reconhecimento legal do tutor como docente. Isso acarreta um
desconforto nos profissionais, além de causar barateamento e desvalorização da profissão.
Tutor 1: “Maior valorização da categoria.”
Tutor 4: “baixíssimos salários (1º), o problema dos baixos salários ainda é agravado pelo fato de
muitas empresas sem visão empreendedora confundir o tutor com um profissional de área não
docente, o que acarreta distorções nos salários de profissionais com diferentes titularidades.”
Tutor 8: “(...) falta de especificações quanto à profissão de tutor.”
Tutor 9: “A Academia ainda mostra um preconceito em relação ao papel do tutor, o não
reconhecimento do tutor como professor.”
Tutor 11: “indefinição quanto ao trabalho de tutoria pelas leis trabalhistas.”
Outro elemento apontado foi à falta de autonomia do aluno. Na EaD, o aluno deve assumir
uma atitude ativa frente a seu aprendizado. Disciplina na elaboração das tarefas e no cumprimento
21
de prazos estabelecidos e reflexão sobre seu processo de construção do conhecimento são algumas
das características necessárias ao aluno da EaD. A falta delas pode comprometer o processo
ensino-aprendizado.
Tutor 3: “indisciplina dos alunos em relação as atividades e prazos.”
Tutor 5: “ Alunos que ainda não tem internalizado a questão da autonomia”
Tutor 11: “- a resistência de muitos dos alunos ao estudo virtual.”
Alguns tutores apontaram problemas como conexão muito lenta (citado pelo tutor 5) e
material didático não condizente com a EaD (citado pelo tutor 2).
Destacam-se abaixo os principais elementos que facilitam o exercício da tutoria segundo os
tutores (Os elementos foram organizados segundo o número de citações.):
1) Flexibilidade de horário.
2) Utilização das ferramentas assíncronas para interação.
3) Utilização das tecnologias.
4) Possibilidade de atendimento individualizado.
5) Estímulo ao aprendizado autônomo.
6) Registro das informações em meio digital.
7) Maior quantidade de informação disponível.
A partir das considerações expostas, percebe-se que o tutor da EaD possui um perfil ativo
no processo de construção do conhecimento. Além de atuar em diferentes áreas e dimensões e
precisar desenvolver diferentes habilidades e competências. Assim, o trabalho de tutoria exige
desse profissional formação constante para acompanhar as mudanças trazidas pelas tecnologias e
desenvolver novos saberes que garantirão um resultado positivo e de qualidade no processo de
ensino-aprendizagem.
Mesmo assim, é importante salientar a necessidade de formação do tutor para atuar em
ambiente on-line, considerando as singularidades da EaD e unindo teoria e prática, afim de
proporcionar ao tutor condições de aprender e refletir sobre o fazer pedagógico com tecnologia.
O segundo instrumento de pesquisa – a entrevista – utilizado para identificar a percepção
individual dos participantes a respeito da mediação e interação exercida por eles no ambiente on
line assim como para fazer uma triangulação dos dados foi descrito na próxima subseção.
3.2 Resultados da entrevista
A amostra da presente pesquisa foi constituída por 11 tutores. No entanto, um tutor optou
por não participar da entrevista (Tutor 11), sendo a mesma realizada com 10 tutores.
De acordo com os dados coletados na pesquisa por meio de entrevista, o tutor percebia
como características principais da mediação o diálogo entre os alunos e a proposição de
questionamentos que levem ao debate como forma de construção do conhecimento.
Tutor 1: “Acho importante estimular o aprendizado, compartilhar conhecimento e informações
que levem o aluno a desenvolver seu próprio pensamento sobre o tópico apresentado.”
Tutor 2: “A principal é incitar o debate, deixar o aluno formular sua linha de pensamento para que
este crie ferramentas para desenvolver um pensamento crítico.”
Tutor 4: “A mediação necessita que o diálogo esteja de acordo com o momento, assim é possível a
troca de experiências e o debate. O tutor deve esclarecer as dúvidas e apresentar perguntas
orientadoras. É necessário também propor problemas e desafios para incentivar a reflexão.”
22
Tutor 5: “O tutor precisa ser um mediador que estimule o questionamento e não fornece apenas
respostas prontas.”
Tutor 8: “O tutor é responsável por garantir que o uso do fórum seja eficaz para transformar as
discussões propostas em um diálogo coerente com o que se pretende trabalhar e não somente
frases ou textos soltos em um ambiente virtual.”
Nos depoimentos apresentados acima, ao destacar a importância da interação em ambientes
on-line, os tutores fortaleceram a importância de promover uma aprendizagem dialógica na
educação mediada por tecnologias digitais. Os depoimentos dos tutores encontram respaldo em
pesquisadores como Palloff e Pratt (2004, p. 141), que afirmam que “incentivar um alto nível de
interação é papel fundamental do professor.” Cabe ao tutor conduzir o aprendizado do aluno por
meio de interações dialógicas, ajudá-lo a perceber-se como sujeito ativo no processo de ensino-
aprendizagem.
Ao serem questionados sobre a importância da mediação, os entrevistados relataram que a
mediação é fundamental para o desenvolvimento do aluno.
Tutor 2: “Sem dúvida. É a mediação do tutor que vai fazer com que o aluno desmotivado
participe, que as dúvidas sejam sanadas e que o debate realmente aconteça, favorecendo a
colaboração entre eles. Se não houver mediação eles não interagem entre eles.”
Tutor 4: “Em um fórum que estimule de fato o aluno, o tutor é fundamental.”
Tutor 5: “Sim, com o feedback (do fórum de discussão) ele consegue refletir sobre o que respondeu
e as outras variáveis que envolvem aquele assunto consolidando o aprendizado.”
Tutor 6: “Sim, pois em todo trabalho seja ele qual for a figura do mediador é imprescindível
para o diálogo entre os alunos.”
Tutor 8: “Sim. A mediação do tutor promove orientação acerca do que está sendo discutido e
fomenta a participação.”
Tutor 9: “Claro que sim. Se o tutor não media o aluno fica desmotivado a participar.”
Tutor 10: “Com certeza. Pois, a provocação, entre aspas, do tutor é primordial nesse processo
ensino-aprendizagem.”
Percebe-se nas respostas dos tutores uma valorização da mediação feita por eles. De fato,
pode-se afirmar, diante do exposto, que há nos tutores a vontade de que o processo de ensino-
aprendizagem se concretize e, para isso, a mediação é fundamental. Como destaca o tutor 10, a
“provocação” feita pelo tutor “é primordial nesse processo ensino-aprendizagem.”. A mediação do
tutor também é fundamental para o desenvolvimento da colaboração e da interação entre os alunos,
como ressaltado pelo tutor 2.
De acordo com os tutores a participação efetiva dos alunos nos fóruns propicia um maior
desenvolvimento dentro dos temas trabalhados. Além disso, na concepção dos tutores, ao participar
dos fóruns de discussão, os alunos demonstram que realmente estão estudando, pois eles têm um
maior engajamento nas interações e nas atividades propostas.
Tutor 1: “O aluno que participa de forma ativa nos fóruns desenvolve respostas mais
elaboradas, ressignifica e relaciona conceitos. Com certeza, ele terá um melhor desenvolvimento
do que o aluno que age passivamente.”
23
Tutor 3: “Isso é muito perceptível. Os alunos que compactuam de fato com a ideia da discussão,
desenvolvem um raciocínio mais apurado sobre os temas propostos.”
Tutor 6: “Certamente. O fórum tem como objetivo discutir os tópicos importantes que
despertem no aluno a reflexão.”
Tutor 7: “Com certeza. Se o aluno está participando dos fóruns, colaborando com os colegas é
porque ele estudou, por isso ele está ali, consequentemente o desenvolvimento dele vai ser melhor
que dos outros.”
Um aspecto importante que foi ressaltado pelos tutores 5 e 6 foi a reflexão. A mediação
feita pelo tutor não deve ser entendida como a simples troca de ideia ou como dar instruções. A
mediação deve levar o aluno a reflexão, a construção do senso crítico e consequentemente a
aprendizagem. A EaD oferece a “possibilidade de desenvolvimento da reflexão individual e da
reflexão colaborativa, porque elas têm o poder de estabelecer conexão entre as pessoas.”
(GERVAI, 2007, p.87).
Ao serem questionados sobre como analisar a qualidade das mediações, alguns tutores
relataram que essa análise era difícil de ser feita. Na entrevista ficou claro que eles analisam a
qualidade da mediação pelo desenvolvimento apresentado pelo aluno.
Tutor 1: “Pergunta difícil.....Eu observo a qualidade das interações dos alunos, se eles estão
desenvolvendo melhor os debates, as tarefas. Eu dou feedback e peço feedback a eles, participo
ativamente das discussões. Se há crescimento dos alunos, então a qualidade da mediação é boa.
Se os alunos não desenvolvem, então é bom refletir sobre como a mediação está sendo feita. Bem,
esse é meu ponto de análise.”
Tutor 2: “Este é um processo complicado pois o processo final esperado seria o do aluno conseguir
“adquirir” o conhecimento que está sendo estudado, sendo esta uma tarefa difícil de se qualificar
pois cada um tem um processo diferente. Um exemplo seria através da participação dos alunos no
ambiente, se estes se sentem a vontade para questionar, sugerir, participar ativamente dos
debates no ambiente.”
Tutor 7: “Essa parte é complicada. Eu analiso pelas postagens do aluno, se houve crescimento do
aluno em relação ao tópico trabalhado, bem, às vezes eu noto, quando um aluno começa a ajudar
o colega, percebo que ele está usando uma explicação parecida com a que eu daria, não é copiando
ou memorizando, mas, não sei, acho que ele internalizou o que foi debatido, estudado.”
Tutor 10: “Pelo desenvolvimento do aluno, nas participações com maior qualidade, na troca
de ideias.”
Ter como parâmetro de qualidade o desenvolvimento do aluno é realmente muito
importante na mediação feita pelos tutores, pois, como foi relatado acima pelo tutor 1, se o aluno
não se desenvolve dentro do que é esperado, então é necessário rever a prática utilizada, aprimorar
alguns pontos, modificar outros, refletir sobre a prática pedagógica. Sobre esse processo de
reflexão sobre a prática para analisar a qualidade da mediação o tutor 6 comentou:
Tutor 6: “Acredito que seja possível por parte do tutor o exercício de introspecção, ou da auto-
avaliação, analisar a qualidade da avaliação é complexa, porque quem diz ou avalia o seu
trabalho é sempre o outro. Na maioria das vezes, não encontramos falhas naquilo que
fazemos, até por falta de imparcialidade. Podemos observar falhas ao longo do processo e
corrigi-las, mas que para isso acontecer, o tutor precisa ficar muito atento.”
24
Ao serem pedidos que descrevesse a própria atuação, os tutores 1, 6 e 7 ressaltaram a
participação ativa, o retorno rápido aos questionamentos e dúvidas dos alunos.
Tutor 1: “Procuro ter uma participação bastante ativa, respondo a todos até 24 horas, me coloco no
lugar do aluno, procuro esclarecer todas as dúvidas.”
Tutor 6: “A minha participação é muito ativa e busco sempre o diálogo chamando a atenção dos
alunos para a pesquisa e o debate (.....) a participação do tutor precisa ser destacada e atenta
buscando atender da melhor forma possível às necessidades dos alunos.”
Tutor 7: “Dentro do que é proposto pela instituição em que trabalho, acho que atendo de forma
eficaz. Como aspectos relevantes, acho que é o retorno rápido, procuro responder dentro de 24
ou 48 horas, sempre responder de forma clara e objetiva, dentro do que ele deve elaborar ou
melhorar e se ele atender o objetivo ele deve ser elogiado por isso.”
O tutor 8 destacou que em sua atuação ele procura elogiar a participação dos alunos como
forma de motivá-los a participarem mais efetivamente no ambiente da disciplina.
Tutor 8: “Faço comentários que tenham o objetivo de direcionar os alunos para o tipo de discussão
adequada, motivo a participação deles, respondo a todas as dúvidas feitas, faço elogios para
motivá-los a participarem cada vez mais.”
O tutor 10 também destacou em sua atuação a motivação dos alunos.
Tutor 10: “Procuro motivar os alunos a participarem mais e com qualidade e expor suas ideias.
Ajudo sempre que eles solicitam nas mais diversas situações.”
Os tutores 2, 3, 4, 5 e 9 declararam que em sua atuação procuram orientar os alunos nas
atividades e nas dúvidas, além de motivar a participação.
Outro ponto importante assinalado é que durante a entrevista ao ser perguntado sobre que
ações do tutor podem contribuir para o desenvolvimento dos alunos, o tutor 1 revela que já estudou
a distância, tendo portanto a experiência de ser aluno on line e destaca que procura se colocar no
lugar do aluno, valorizando cada participação e promovendo o interesse. Para esse tutor, o controle
emocional é importante em sua atuação e a falta dele para resolver conflitos é um fator que pode
prejudicar o desenvolvimento do aluno.
Tutor 1: “Como ações que podem contribuir procuro entender o ponto de vista do aluno, pois já
fui aluno a distância, valorizo a participação do aluno, promovo o interesse do aluno. O aluno
precisa desse combustível, do interesse do tutor. Tem que ter essa promoção. Ações que podem
prejudicar, acho que expor o aluno, criticar a instituição ou o material utilizado. Não ter controle
emocional em conflitos.”
Os tutores 3 e 6 concordam que o tutor precisa ser exemplo do que se espera do aluno. De
acordo com tutor 6 a falta de diálogo com os alunos é um fator prejudicial a boa tutoria.
Tutor 3: “A educação se faz pelo exemplo. O tutor precisa ser congruente. Cobrar algo que não se
faz desmotiva os alunos totalmente.”
Tutor 6: “Penso que as ações objetivem a mobilidade do aluno em busca do conhecimento, da
leitura, do acesso diariamente ao Ambiente Virtual e da reflexão a respeito das atividades propostas
e neste caso o tutor precisa ser exemplo. As atitudes que prejudicam os alunos geralmente parte
25
do desânimo, da falta de diálogo, da contextualização dos conteúdos nos fóruns por parte do
tutor.”
Os tutores 2 e 7 compartilham a ideia que ouvir os alunos e manter-se próximos à eles são
fatores favoráveis ao desenvolvimento.
Como fator que pode prejudicar o desenvolvimento do aluno, o tutor 2 destaca a falta de
comunicação. Esse é um fator que também foi apontado pelo tutor 6 em sua entrevista. Isso mostra
congruência na tutoria exercida por eles. Outro ponto negativo ao desenvolvimento do aluno
destacado pelo tutor 2 foi utilizar na EaD as mesmas estratégias usadas na modalidade presencial,
além da falta de letramento tecnológico por parte do tutor.
Sobre isso, é bom salientar que os conhecimentos necessários para o tutor não difere muito
dos conhecimentos necessários para ser professor, como já foi discutido na seção 3.1. O grande
diferencial é a forma como as tecnologias potencializam a comunicação e o fluxo de informação.
Os tutores precisam criar novas estratégias de comunicação, promover a interação com e entre os
alunos, fomentar o trabalho colaborativo e a pesquisa, ações possíveis e potencializadas pelo uso
das tecnologias. No entanto, para que essas ações sejam possíveis é preciso que o tutor tenha
familiaridade com as tecnologias, principalmente, com os ambientes virtuais de aprendizagem, e as
possibilidades de uso deles voltadas para a educação.
Tutor 2: “Como ações positivas destaco a boa interlocução, a didática, táticas para incentivar
o debate do material e manter uma relação próxima com o aluno desmistificando a ideia de
uma educação distante. Como ações negativas acho que a falta de comunicação, se limitar em
aplicar as mesmas estratégias de sua prática presencial para a on line, não ter uma boa
relação com os artefatos tecnológicos e seus avanços dentro desta modalidade.”
Tutor 7: “O que pode contribuir.... Mantê-los informados sobre tudo que acontece na disciplina,
estar disposta a ouvi-los, estar próxima a eles, pois em turmas iniciantes há muitos
questionamentos sobre o funcionamento da disciplina. Acalmá-los em suas inquietações e dúvidas.
Orientá-los em relação a dificuldades sobre modalidade a distância e mostrar que é possível
estudar nessa modalidade. Para muitos ainda é uma coisa muito nova, ainda estamos passando
por um período de transição. O que prejudica... quando o tutor se mantém afastado da turma
acho que se estabelece uma relação complicada que prejudicará o andamento da disciplina.”
Na visão do tutor 4 as ações que contribuem para o desenvolvimento do aluno são o
estímulo e a cordialidade, enquanto que o desinteresse prejudica o aluno.
Tutor 4: “O estímulo e a cordialidade do tutor ao interagir com o aluno são ações que
contribuem com o desenvolvimento do aluno. Já, atitudes que demonstrem desinteresse e
grosseria prejudicarão o seu desenvolvimento.”
O tutor 8 ressalta a necessidade de transmitir segurança ao aluno quanto a modalidade a
distância, além de ter domínio do conteúdo ministrado. A ausência do tutor é novamente assinalada
como fator que prejudica o desenvolvimento do aluno.
Tutor 8: “O tutor precisa demonstrar conhecimento e segurança sobre o conteúdo, expor de
forma clara e objetiva os questionamentos, instigando o “aluno” a participar dos estudos e
discussões. Nenhum aluno se conforma com respostas vagas. O aluno precisa se sentir seguro em
relação à modalidade EaD e o tutor surge como elemento fundamental desta relação. O que
atrapalha é quando os tutores não conseguem acompanhar o desenvolvimento dos alunos de
forma efetiva, o que é altamente desmotivador, principalmente para aqueles que cumprem
suas atividades de maneira correta e pontual.”
26
A postura do tutor 8 demonstra o compromisso do tutor com o aluno, pois para ele (tutor) é
necessário que o aluno tenha confiança em seu trabalho e na modalidade escolhida para estudar.
Tendo assim um maior comprometimento com a disciplina.
A fala do tutor 5 aponta para a necessidade de conhecer o perfil do aluno como forma de
ajudá-lo a se engajar na modalidade e em seu desenvolvimento. De fato, conhecer as características
individuais dos alunos contribui para que o tutor desenvolva estratégias didático-pedagógicas
adequadas às necessidades dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A ausência do
tutor também é considerada como fator que prejudica o desenvolvimento do aluno. De acordo com
ele, a ausência do tutor pode fazer com que o aluno abandone o curso.
Tutor 5: “Na minha opinião, se possível, o tutor precisaria conhecer o perfil de cada aluno para
verificar qual melhor estratégia se aplica a cada um, pois as vezes a ausência na participação se
dá por falta de tempo, por timidez e para cada motivo é preciso uma proposta diferente, mas
acredito o tutor prejudica verdadeiramente o aprendizado quando é ausente, ou parece
ausente. Quando o tutor não se faz presente, cria a sensação de abandono no aluno e as reações em
geral levam ao abandono do curso e a formação da ideia de que a EaD não é viável.”
27
4. Conclusões
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a mediação e a interação na EaD na
perspectiva dos tutores. Os sujeitos investigados foram tutores que atuam em ambiente digital nas
disciplinas de Produção Textual e Metodologia Científica, oferecidas na modalidade
semipresencial em uma universidade particular. Para fundamentar teoricamente a pesquisa foi
apresentado pressupostos teóricos sobre planejamento, implementação e gestão da EaD, interação
e mediação na EaD e formação, competência e perfil do tutor. A pesquisa caracterizou-se como
qualitativa. Os instrumentos utilizados para geração de dados foram: questionário e entrevista. O
questionário teve como objetivo traçar o perfil dos tutores e identificar suas ações tutoriais. A
entrevista, identificar a percepção individual dos participantes a respeito da mediação e interação
exercida por eles.
Os resultados mostram que, no que se refere ao perfil dos tutores e sobre sua ação tutorial,
as funções desempenhadas pelo tutor requer competências e habilidades metodológicas, didáticas e
técnicas, pois o mesmo atua nas dimensões pedagógica, tecnológica e didática, conforme
estabelecido por Belloni (2009) e demonstrado na presente pesquisa. Todos esses papéis exercidos
pelo tutor demanda formação contínua que lhe permita desempenhar suas funções com vistas à
qualidade do ensino.
Assim, é preciso pensar em uma formação que atenda as especificidades exigidas do tutor e
desenvolva as competências necessárias para o exercício da tutoria, contribuindo, dessa forma, para
a qualidade da EaD. Na formação para atuar em disciplinas a distância ou semipresencial é
necessário que o tutor possa ter a experiência de ser aluno on line, ou seja, é preciso unir teoria e
prática.
Um aspecto que merece atenção é a necessidade de regulamentação da profissão. O tutor
exerce atividades compatíveis a do professor, mas não tem sua atividade reconhecida como
pertencente à docência. A ação do tutor é um dos elementos fundamentais para o sucesso da EaD e
a falta de regulamentação da profissão acarreta a desvalorização do profissional. Entende-se que a
profissionalização do tutor em carreira docente represente um avanço significativo para a qualidade
da EaD.
Com relação à mediação, constatou-se que esses profissionais estão comprometidos com
uma prática voltada para a autonomia do aluno, estabelecendo estratégias de mediação que visem
motivá-los a pesquisa e a colaboração, despertando no aluno o sentimento de pertencer ao grupo.
A mediação do tutor é fundamental para o desenvolvimento do aluno, pois para que haja
interação dentro do ambiente virtual o aluno precisa ser motivado, caso contrário, os alunos não
interagem de forma produtiva, tendo somente a troca de informação sem nenhuma reflexão.
Percebeu-se pelos relatos que existia por parte do tutor a vontade de que os alunos participassem
mais ativamente das discussões e tarefas propostas.
Acredita-se ser necessário o desenvolvimento de mais pesquisas sobre a mediação e a
interação feita pelos tutores, de modo a ter acesso a visão deles sobre sua ação tutorial. Estudos
sobre mediação e interação em ambientes virtuais podem contribuir para a qualidade da prática
pedagógica dos tutores nesses ambientes. Além disso, é preciso incentivar a investigação sobre o
perfil do tutor e os papéis desempenhados por ele na EaD. Pesquisas com dados que mostrem como
o tutor exerce muitas funções fundamentais à qualidade da EaD podem trazer novos significados
para esse profissional da educação.
Espera-se, com esse trabalho, contribuir para a discussão sobre a mediação e a interação em
ambientes virtuais, a partir da visão do tutor, e colaborar para a compreensão das ações
desenvolvidas na tutoria.
28
5. Referências
ARAÚJO, J. C. A conversa na web: o estudo da transmutação em um gênero textual. In:
MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de
construção do sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005, p. 16-87.
ARETIO, L. G. La educacion a distancia: De la teoría a la práctica. 2. ed. Barcelona: Ariel,
2002.
ARNOLD, S. B. T. Planejamento em Educação a Distância. In: ARNOLD, S. B. T; MOREIRA, M.
(Orgs.). Educação a distância. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2002, p. 36-58.
_____; BIASI-RODRIGUES, B. Questões de estilo no gênero chat aberto e implicações para o
ensino de língua materna. In: ARAÚJO, J. C. (Org.). Internet e ensino: novos gêneros, outros
desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007, p. 135-158.
ARNAULD, Antoine; LANCELOT, Claude. Gramática de Port-Royal. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
ALSTON, P. W. Filosofia da Linguagem. 2. ed. revisada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1977.
BADIA, A. Aprender a colaborar con internet en el aula. In: MONEREO, C. (Org.). Internet y
competencias básicas: aprender a colaborar, a comunicarse, a participar. Barcelona: Graó, 2005, p.
10-89.
BAKHTIN, M; VOLOCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,
[1929] 2009.
BARBOSA, C.M.A.M. A aprendizagem mediada por TIC: interação e cognição em perspectiva. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 18., 2012, São
Luis. Anais eletrônicos... Maranhão: ABED, 2012. Disponível em: <
http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2012/artigo_07_v112012.pdf>. Acesso
em: 9 mar. 2013.
BATISTA, E. M.; GOBARA, S. T. O fórum online e a interação em um curso a distância. Revista
Novas Tecnologias na Educação. v. 5, n. 1, jul. 2007. Disponível em:
<http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo9/artigos/8cErlinda.pdf.>. Acesso em: 5 jun. 2013.
BELLONI, M.L. Educação a distância. 5. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.
BENTES, R. de F. A avaliação do tutor. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (Orgs.). Educação a
distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009, p. 166-170.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discurso: por um interacionismo
sócio-discursivo. Trad. A. R. Machado. São Paulo: Educ, 1999.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
DOTTA, S.; GIORDAN, M. Tutoria em Educação a Distância: um Processo Dialógico. In:
ENCONTRO INTERNACIONAL VIRTUAL EDUCA BRASIL, 2007, São José dos Campos.
Anais eletrônicos... São Paulo: Virtual Educa, 2007. Disponível em:
<http://www.lapeq.fe.usp.br/~silviadotta/textos/dotta_giordan_VE_2007.pdf>. Acesso em: 3 jun.
2013.
29
ERICKSON, F. Ethnographic description. In: AMMON, H.U; DITTMAR, N.; MATTHEIER, K.J.
(Orgs.), Sociolinguistics. New York: Walter de Gruyter, 1988, p.1081-1095.
GERVAI, S. M. S. A mediação pedagógica em contextos de aprendizagem online. 2007. 231 f.
Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem)– Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://www4.pucsp.br/pos/lael/lael-inf/teses/solange_gervai.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2013.
LOPES, José Ricardo de Moraes. Interação e mediação na educação a distância: uma análise
da linguagem no ambiente virtual de aprendizagem. 2013. 35 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a distância) –
Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2013.
MACHADO, S. F.; TERUYA, T. K. Mediação pedagógica em ambientes virtuais de
aprendizagem: a perspectiva dos alunos. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 9.,
2009, Pará. Anais eletrônicos... Pará: EDUCERE, 2009. Disponível em:
< http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/ead/suelen.pdf >. Acesso em: 9 mar. 2013.
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Linguagem: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2009.
MASETTO, M. T. Mediação Pedagógica e uso da tecnologia. In: MORAN, J. M.; MASETTO, M.
T; MORAN, J. M.; BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 17 ed. São
Paulo: Papirus, 2010, p. 133-173.
MATHIE, A.; CARNOZZI, A. Understanding qualitative research. In: _____;_____. Qualitative
research for tobacco control: a how-to introductory manual for researchers and development
practitioners. Ottawa, Canada: Research for International Tobacco Control, 2005. p. 23-38.
Disponível em: <www.idrc.ca/openebooks/074-8/#page_23>. Acesso em: 9 dez. 2012.
MEDEIROS, M. F. Paradigma em educação à distância: processo reconstrutivista em ambientes
colaborativos e interativos. In: JORNADAS DE EDUCACIÓN A DISTANCIA, 3., 1999, Chile.
Anais... Chile: Osormo, 1999.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo:
Atlas, 2007.
PAIVA, V. L. M . O. A formação do professor para uso da tecnologia. In: SILVA, K.. A.;
DANIEL, F. G.; KANEKO-MARQUES, S. M.; SALOMÃO, A. C. B. (Orgs). A formação de
professores de línguas: Novos Olhares, vol. 2. Campinas, SP: Pontes, 2013. p. 209-230.
PALLOFF R. M.; PRATT, K. O aluno virtual - um guia para trabalhar com estudantes on-line.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
PRADO, M.E.B.B; MARTINS, M.C. A Mediação Pedagógica em Propostas de Formação
Continuada de Professores em Informática na Educação. São Paulo: ABED, 2002. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=4abed&infoid
=193&sid=102>. Acesso em: 10 mar. 2013.
SANTOS, E. S.; SCHNEIDER, H. N. Tutoria a distância: saberes e práticas necessárias para a
mediação e ensino colaborativo on line. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES EM
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 1., 2012, São Carlos. Anais eletrônicos... São Paulo: EnPED, 2012.
30
Disponível em: <http://sistemas3.sead.ufscar.br/ojs/Trabalhos/74-936-1-ED.pdf>. Acesso em: 10
mar. 2013.
SILVA, M. EaD on-line, cibercultura e interatividade. In: ALVES, L.; NOVA, C. (Orgs.).
Educação a distância: uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo:
Futura, 2003, p. 51-62.
TAVARES, K. A formação do professor on-line: de listas de recomendações à reflexão crítica.
Palestra ministrada no II Seminário de Estudos em Linguagem, Educação e Tecnologia, Faculdade
de Letras, UFRJ, de 21 a 31 de maio de 2007. Disponível em:
<http://www.lingnet.pro.br/moodle/course/view.php?id=198>. Acesso em: 7 jul. 2013.
VALENTE, J. A. Formação de educadores para o uso da informática na escola. Campinas:
Unicamp/Nied, 2003.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, [1930] 2007.
YUS, F. Ciberpragmática: el uso del lenguaje en internet. Barcelona: Ariel, 2001.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Ed. Nova Cultural (Col. Os
Pensadores – trad.: José Carlos Bruni), 2000.
31
6. Apêndices
6.1 Apêndice 1
Prezado(a) Tutor(a),
Esse questionário possui como objetivo traçar um perfil do tutor a distância e verificar
quais ações são executadas no processo de ensino-aprendizagem.
A primeira parte do questionário é voltada para traçar o perfil do educador que está atuando
na EaD. A segunda parte focaliza as ações realizadas por esse profissional. Gostaríamos de
enfatizar que:
* Este questionário não se constitui em um instrumento avaliativo;
* Será garantido o anonimato de suas respostas;
* Em nenhum momento haverá julgamentos ou juízos de valor acerca de suas respostas;
* Esta pesquisa poderá contribuir com sugestões para a melhoria dos cursos na modalidade a
distância.
Sua participação é fundamental para o êxito da pesquisa. Venha, colabore e preencha o
questionário. Ajude-nos a melhorar os cursos de educação a distância. Contamos com sua ajuda e
colaboração.
Obrigada pela sua colaboração,
Lilia Gonçalves (aluna do curso de pós-graduação lato sensu em Planejamento, Implementação e
Gestão da EaD).
QUESTIONÁRIO
PERFIL
1. Idade: ( ) 21 a 25 anos ( ) 26 a 30 anos ( ) 31 a 35 anos ( ) 36 a 40 anos ( ) Acima de 40 anos
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Formação:
( ) Nível Superior – curso __________________________________________________________
( ) Pós-graduação – curso__________________________________________________________
4. Há quanto tempo leciona como regente de turma na modalidade presencial?
( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos ( ) Não atua
5. Há quanto tempo atua como tutor na modalidade presencial?
( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos ( ) Não atua
6. Há quanto tempo atua como tutor na modalidade a distância?
( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos
7. Em qual(is) instituição(ões) já atuou ou atua como tutor?
_______________________________________________________________________________
8. Fez cursos específicos para atuar como tutor a distância? ( ) Não ( )Sim
Nome do curso e instituição: _______________________________________________________
9. Se você respondeu SIM a questão 7, responda: Dos conhecimentos adquiridos em sua
formação específica para exercer a tutoria, quais você considera que foram mais relevantes?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
10.Que sugestões você propõe em relação a formação dos tutores para a atuação na EaD?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
11. Quais ambientes virtuais de aprendizagem você conhece?
32
( ) TelEduc
( ) Moodle
( ) E- proinfo
( ) Learning space Forum
( ) WebCT
( )AulaNet
( ) Outros. Quais?________________________________________________________________
12. Quais ambientes virtuais de aprendizagem você utiliza em sua prática como tutor de
EaD?
( ) TelEduc
( ) Moodle
( ) E- proinfo
( ) Learning space Forum
( ) WebCT
( )AulaNet
( ) Outros. Quais?________________________________________________________________
SOBRE A TUTORIA
13. Quantas vezes por semana você entra em contato com os alunos (e-mail, chat, fórum,
etc.)?
( ) 1 a 2 vezes ( ) 3 a 4 vezes ( ) Diariamente ( ) Em momentos prefixados no curso.
14. Quais ferramentas de interação você utiliza na tutoria?
( ) chat ( ) e-mail ( ) fórum ( ) Outras________________________________________
15. Marque as atividades que você realiza como tutor (Pode assinalar mais de uma
alternativa):
1 ( ) Participa de curso de formação em EaD.
2 ( ) Orienta o estudo e a aprendizagem dos alunos.
3 ( ) Faz a mediação no ambiente virtual, propiciando um aprofundamento dos tópicos discutidos.
4 ( ) Mantém contato com frequência por e-mail, fórum, chat, etc.
5 ( ) Define as estratégias/atividades a serem utilizadas (fóruns, chats, videoaulas).
6 ( ) Faz o acolhimento dos alunos no início do curso apresentando a didática utilizada.
7 ( ) Contacta alunos ausentes ou desanimados.
8 ( ) Corrige as atividades realizadas pelos alunos.
9 ( ) Incentiva e estimula o aluno.
10 ( )Disponibiliza e fornece informações aos alunos.
11 ( ) Está atento ao nível de interatividade dos alunos para identificar quais precisam ser
motivados.
12 ( ) Realiza o lançamento de notas em meio eletrônico.
13 ( ) Participa de encontros presenciais com os alunos.
14 ( ) Acompanha e corrigi trabalhos, provas, relatórios de estágio ou trabalho de conclusão de
curso.
15 ( ) Participa da elaboração de material suplementar para apoio à aprendizagem.
16 ( ) Estabelece ligação afetiva com o aluno.
17 ( ) Desenvolve recursos pedagógicos complementares ou materiais de tutoria.
18 ( ) Estabelece um postura de ligação entre o professor e o aluno.
19 ( ) Planeja e orienta os debates entre alunos.
20 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades pessoais que interferem no bom o andamento do
curso.
21 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades pedagógicas .
22 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades administrativas relativas ao curso.
23 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades tecnológicas relativas ao curso.
24 ( ) Estimula uma postura reflexiva-reflexiva do aluno em seu processo de construção do
conhecimento.
33
25 ( ) Participa da atualização dos conteúdos das disciplinas.
26 ( ) Estimula a comunicação e o trabalho colaborativo entre alunos.
27 ( ) Outra. Qual(ais)?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
16.Você se considera preparado para atuar na modalidade EaD?
1 ( ) Sim, bem preparado (a).
2 ( ) Sim, razoavelmente preparado (a).
3 ( ) Não, pouco preparado (a).
4 ( ) Não, totalmente despreparado (a).
16.1 Justifique a resposta acima.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
17. Cite três elementos facilitadores e 3 elementos restritivos com relação ao exercício da
tutoria em cursos a distância.
Facilitadores:____________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Restritivos:______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
34
6.2 Apêndice 2
Roteiro para a entrevista:
1. Qual foi sua motivação para atuar na educação on-line?
2. No seu ponto de vista, o que muda na EaD em termos de estratégias para a construção do
conhecimento?
3. No seu ponto de vista, quais os ganhos efetivos dessa nova modalidade educacional?
4. Como você vê a receptividade dos alunos à EaD?
5. Quais são as competências e habilidades para atuar como tutor?
6. Que características compõem a mediação do tutor no fórum de discussão?
7. Quais são os questionamentos mais frequentes dos alunos nos fóruns (acadêmicos,
administrativos, pedagógicos)?
8. Os alunos que têm uma participação mais efetiva nos fóruns conseguem desenvolver melhor as
tarefas propostas?
9. A mediação do tutor nos fóruns é fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos propostos?
10. É possível analisar a qualidade da mediação? De que forma?
11. Como você descreve a sua participação nos fóruns de sua disciplina? Comente aspectos que
julgar relevantes.
12. Quais ações do tutor podem contribuir para o desenvolvimento dos alunos e quais atitudes
podem prejudicar o seu desenvolvimento?