Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA LANTE Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DOS TUTORES LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES Niterói 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA

LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DOS

TUTORES

LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES

Niterói

2013

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LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES

INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DOS

TUTORES

Trabalho de Final de Curso apresentado à

Coordenação do Curso de Pós-graduação da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Especialista Lato Sensu em Planejamento,

Implementação e Gestão da EaD.

Aprovada em MÊS de 2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________

Prof. André Tenório Leite

UFF/IFRJ

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os tutores e professores ou

professores-tutores que, sempre com um brilho no olhar ou

demonstrando isso por meio de emoticon ou mensagens

motivadoras, contribuíram para minha formação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, André Tenório Leite, pelo incentivo,

paciência e dedicação na orientação dessa pesquisa.

Aos tutores que dedicaram parte de seu tempo para responder ao

questionário e a entrevista.

Ao núcleo de ensino PIGEAD/LANTE/UFF pela possibilidade de

realizar uma especialização a distância com qualidade e rigor que

a pesquisa merece.

À UAB que proporciona o desenvolvimento e a democratização da

educação.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal analisar a mediação e a interação na educação a distância

na perspectiva dos tutores. Além disso, buscou-se analisar como se dá a mediação e a interação em

contexto digital, bem como identificar o perfil do profissional que atua em um ambiente online. Foi

descrita a visão dos tutores quanto sua ação tutorial buscando compreender as dimensões de

atuação do tutor e a proximidade desta com a atuação desempenhada por um professor. Por meio

do desenvolvimento do presente estudo, foi possível observar que o tutor desempenha diversas

atividades, umas ligadas estritamente à docência, outras à mediação pedagógica e outras a

tecnologia, mobilizando diferentes saberes em sua prática. Também foi constatado que, a mediação

é fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Verificou-se que, na perspectiva dos tutores

participantes, o desenvolvimento do aluno está relacionado a mediação feita pelo tutor. Assim a

mediação não deve ser entendida simplesmente como dar instruções, ela deve levar o aluno a

reflexão, a construção do senso crítico e consequentemente a aprendizagem.

Palavras–chave: Tutoria. Mediação. Formação.

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SUMÁRIO

1 – Introdução 6

1.1 - Justificativa 6

1.2 - Objetivos 7

1.2.1. Objetivo Geral 7

1.2.2 Objetivos específicos 7

1.3 Metodologia 7

1.4 Organização do Trabalho 8

2 – Pressupostos teóricos 9

2.1 Planejamento, implementação e gestão da EaD 9

2.2 Interação e mediação na EaD 9

2.3 O tutor: formação, competências e perfil 10

2.4 Filosofia da linguagem na EaD 12

2.5 O papel da linguagem na EaD 14

3 – Resultados e Discussões 15

3.1 Resultados do questionário 15

3.2 Resultados da entrevista 22

4 - Conclusões 27

5 - Referências 28

6 - Apêndices 31

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1. Introdução

As mídias interativas deram um novo sentido à educação a distância (EaD). O uso de

ambientes virtuais construtivistas representa um novo desafio para os docentes que atuam na EaD.

Nesses espaços, a aprendizagem acontece por meio da mediação (linguagem interativa) entre os

participantes, com o uso do material disponibilizado e das ferramentas de interação. De forma que,

a interatividade no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é promovida não apenas pelo uso de

mídias interativas, mas também pela linguagem.

Nesse contexto, a linguagem empregada no AVA ganha destaque e torna-se importante para os

docentes e discentes que atuam na EaD. Nos AVA, o processo de transmissão de conhecimento por

meio da linguagem eficiente e eficaz dá lugar a educação colaborativa, pautada na interação e na

autonomia cognitiva.

Nesta modalidade educacional não se pode atribuir ao tutor o mero papel de facilitador, de

animador do processo educacional, uma vez que a EaD é pautada na aprendizagem colaborativa e

interativa. Neste ponto, é interessante destacar o conceito de ensino colaborativo que, de acordo

com Santos e Schneider (2012, p. 3), “está associado ao conceito de aprendizagem colaborativa, na

medida em que esta só pode ser efetivada se o professor coordenar os educandos de modo a

trabalharem em grupo e colaborativamente”.

No âmbito da EaD o tutor deve estar preparado para lidar com uma diversidade de indivíduos,

para isso não basta possuir somente o domínio de sua área de conhecimento, é preciso também

desenvolver estratégias pedagógicas e habilidades para atender a esse público. Neste trabalho de

conclusão de curso (TFC), a mediação e a interação foram pesquisadas sob a perspectiva de tutores

que atuam no Núcleo de Educação a Distância de uma universidade particular. A partir dos relatos

dos tutores, pretende-se apresentar diferentes estilos de mediação e interação procurando ressaltar a

importância da atuação do tutor na mediação pedagógica.

1.1 Justificativa

Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e a

incorporação destas pela sociedade atual, impeliu-se uma aceleração nas transformações e, por

conseguinte, uma necessidade de contínua aquisição de formação e informação de seus indivíduos.

A relevância do papel da EaD para a democratização ao acesso à Educação e à instrução é de suma

e primordial significância para a sociedade. A dificuldade de conciliação das dimensões espaço-

tempo entre vários indivíduos, a infraestrutura física e insumos requeridos pelo tamanho e urgência

da demanda são desafios que a EaD pode e vem auxiliando a suplantar com uma performance

satisfatória.

Na EaD, a colaboração, a mediação e a interação entre os participantes no processo

educacional é o que tem garantido a realização de uma aprendizagem mais significativa

socioculturalmente, respeitando os diferentes estágios socioeconômicos dos envolvidos no processo

de EaD. De acordo com Barbosa (2012), para fortalecer a interação em ambientes de ensino on

line, os alunos devem ser conduzidos por um professor com formação específica, capaz de motivar

e incentivar a aprendizagem do aluno, participativa e colaborativamente.

Autores como Pena (1999) e Medeiros e Medeiros (1999) discutem as fronteiras e os

paradigmas da EaD propondo uma maior interação entre educador e educando, além de sugerirem

que a linguagem usada nas etapas do processo interativo seja revista, com o intuito de permitir um

processo reconstrutivista e baseado na autonomia dialética. Passerino e Santarosa (2000), com base

nos estudos de Vygotsky, entendem a interação como ação conjunta e interdependente de dois ou

mais participantes que produz mudanças tanto nos sujeitos como no contexto no qual a interação se

desenvolve. Desse modo, acredita-se que diferentes formas de interação propiciarão diferentes

resultados na participação e desenvolvimento dos alunos.

O papel da linguagem, sem a qual não haveria mediação ou colaboração, também é

importante para o processo ensino-aprendizagem. É interessante destacar o conceito de filosofia da

linguagem em Alston (1977, p. 1):

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... A Filosofia da Linguagem está ainda menos bem definida e possui um

princípio de unidade ainda menos claro do que a maioria dos outros ramos da

Filosofia. Os problemas da linguagem que são tipicamente tratados pelos

filósofos constituem uma coleção pouco conexa, para a qual é difícil encontrar

qualquer critério nítido que a distinga dos problemas de linguagem de que se

ocupam gramáticos, psicólogos e antropólogos. Podemos chegar a uma noção

inicial da amplitude dessa coleção fazendo um levantamento dos vários pontos

onde, no âmbito da Filosofia, surge o interesse pelos problemas da linguagem...

Bronckart (1999) ressaltou que o exercício da linguagem, textos e discursos nas

plataformas on line promove um constante interacionismo sócio-discursivo.

A contribuição desta pesquisa na área da educação a distância, refere-se à importância de

evidenciar diferentes formas de interação e mediação pedagógica, intermediadas pela linguagem, a

fim de buscar parâmetros de práticas pedagógicas que possam auxiliar na construção conjunta do

conhecimento, com ênfase na formação e atuação de tutores. Acredita-se que ao analisar as

interações e as mediações realizadas em um ambiente de aprendizagem, sob a perspectiva dos

tutores, poderá ser fornecido suporte para futuras pesquisas e para pessoas que já atuam ou que

venham a atuar na EaD.

1.2 Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral O presente trabalho busca analisar a mediação e a interação de tutores na EaD.

1.2.2 Objetivos específicos Identificar o perfil e a formação acadêmica de um grupo de tutores a distância;

Reconhecer a forma de ação tutorial de um grupo de tutores a distância;

Identificar diferentes estilos de interação e de mediação que se materializam no ambiente on

line.

1.3 Metodologia

Esta pesquisa se propôs a investigar o processo de interação e mediação na EaD. Além

disso, buscou analisar como se dá a mediação e a interação em contexto digital, bem como

identificar diferentes estilos de interação e mediação em um ambiente on line.

Para tal, seguiu-se uma abordagem qualitativa, com foco na perspectiva dos participantes.

De acordo com Mathie & Carnozzi (2005, p. 23) a pesquisa qualitativa “tem sua ênfase em como

as pessoas percebem e interpretam o mundo, e como isto está ligado a muitas outras influências em

suas vidas”.

Este estudo foi realizado no Núcleo de Educação a Distância (NEaD) de uma universidade

privada, localizada na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Foram investigados 11 tutores que

atuam em ambiente digital nas disciplinas de Produção Textual e Metodologia Científica,

oferecidas na modalidade semipresencial.

Tendo em vista os objetivos de pesquisa, o procedimento de análise dos dados coletados

ocorreu em duas etapas. Na primeira, com a finalidade de traçar o perfil dos tutores participantes e

identificar suas ações tutoriais, foi aplicado um questionário.

Na segunda etapa, com o intuito de ter acesso à visão dos tutores em relação à mediação

promovida por eles e a interação ocorrida nos fóruns (aluno-aluno, aluno-tutor, aluno-material), em

suas respectivas disciplinas, foi realizada uma entrevista presencial com os tutores. Em todos os

momentos a análise dos dados foi ancorada no referencial teórico utilizado na pesquisa.

Os participantes da pesquisa responderam a um questionário misto (apêndice 1), ou seja,

com perguntas abertas e fechadas, elaborado no Google Drive Forms. O objetivo do questionário

foi conhecer o perfil e a formação dos participantes. Além de identificar sua forma de ação tutorial.

A análise dos questionários contribuiu para a elaboração dos tópicos da entrevista.

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As entrevistas (apêndice 2) realizadas pela pesquisadora ocorreram de forma individual. De

acordo com Erickson (1988, p. 1088) “um dos objetivos principais da entrevista é fornecer

evidências dos pontos de vista dos participantes”. A análise das respostas obtidas na entrevista teve

o objetivo de identificar a percepção individual dos participantes a respeito da mediação e interação

exercida por eles no ambiente on line.

1.4 Organização do Trabalho

Este trabalho está desenvolvido em cinco capítulos. A introdução, a justificativa, a

organização do trabalho, os pressupostos teóricos e as referências foram elaborados

colaborativamente pelos cursistas Lilia Aparecida Costa Gonçalves e José Ricardo de Moraes

Lopes (LOPES, 2013). Os objetivos, a metodologia, os resultados e discussões, as conclusões e os

apêndices desenvolvidos individualmente. Lopes (2013) investigou o uso da linguagem por um

grupo de tutores a distância e como ela auxilia no processo de interação e mediação na EaD.

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2. Pressupostos teóricos

2.1 Planejamento, implementação e gestão da EaD

As TICs têm despertado grande interesse no âmbito educacional em todo o mundo. A

proliferação e a utilização dessas tecnologias têm levado enormes expectativas para o âmbito

escolar. No entender de Beloni (2002, p. 139): A educação a distância surge nesse quadro de mudanças como mais um modo

regular de oferta de ensino, perdendo seu caráter supletivo, paliativo ou

emergencial, e assumindo funções de crescente importância, principalmente no

ensino pós-secundário, seja na formação inicial (ensino superior regular), seja na

formação continuada, cuja demanda tende a crescer de modo exponencial, em

virtude da obsolescência acelerada da tecnologia e do conhecimento.

O planejamento para a implantação de cursos na modalidade a distância é fundamental para

o sucesso do empreendimento. De acordo com Oliveira (2007), o sistema de gestão da EaD precisa

contemplar aspectos que propiciem o planejamento, a organização, a direção e o controle do

processo. Segundo o autor, esses elementos são essenciais para que as organizações atinjam seus

objetivos.

Outro ponto importante na implantação e na gestão da EaD é a capacitação pedagógica e

técnica dos profissionais ligados aos cursos. É preciso definir as atividades que cada membro irá

desenvolver e promover a capacitação de acordo com o projeto institucional de EaD. Arnold (2002,

p. 36) entende que “existe uma grande interdependência entre os componentes de um curso de

educação a distância e entre o fazer dos membros da equipe”. Assim, é preciso esclarecer que a

ação de um componente da equipe terá desdobramentos em todo fluxo das atividades.

Outro fator a ser considerado para a implementação e gestão da EaD é a formação docente.

Preparar docentes para atuar em contexto on line é a chave fundamental nos processos de

implantação da modalidade de Educação a Distância. A mudança para ambientes on line exige

novas habilidades dos docentes e a compreensão pedagógica do processo de ensino e aprendizagem

mediada, para que o professor saiba como transpor sua prática na sala de aula convencional para a

sala de aula virtual. Silva (2003) destaca a necessidade do professor “modificar sua velha postura,

inclusive para não subutilizar a disposição à interatividade própria do digital on-line” (SILVA,

2003, p. 52).

Assim, muitos são os desafios a serem vencidos para o planejamento, implementação e

gestão da EaD, a fim de garantir efetivamente o pleno desenvolvimento das atividades.

2.2 Interação e mediação na EaD

A atuação docente em contexto on line é um desafio a ser enfrentado. É preciso formar

profissionais que atendam as mudanças implementadas pela EaD, com vistas a desenvolver

novas competências e habilidades que possibilitem práticas pedagógicas inovadoras e

significativas.

Segundo Castells (1999), passou-se de uma sociedade centrada no trabalho para uma

sociedade centrada na educação. Com essa transformação é preciso inovar. Criar novas formas

de trabalho, novas metodologias e novas formas de pensar a educação e o desenvolvimento

humano numa perspectiva onde se insira o binômio conhecimento-tecnologia.

Com a introdução das tecnologias digitais como suporte no âmbito da educação, surgem

preocupações e interesse em se compreender como usá-las de forma eficiente no contexto

educacional e em como preparar professores para a utilização dessas tecnologias para fins

pedagógicos.

Na EaD, com a utilização das tecnologias digitais, tem-se a possibilidade e, ao mesmo

tempo, a necessidade da mediação pedagógica nos ambientes de aprendizagem on line quando se

tem como objetivo desenvolver a construção colaborativa do conhecimento. Prado e Martins

(2002) argumentam que a mediação exerce um papel fundamental na EaD, pois permite a recriação

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de métodos durante a realização de um curso. No entanto, para que isso seja possível é preciso que

o professor/tutor tenha uma formação específica para atuar nesses contextos, de forma a possibilitar

o acesso, a discussão e a reflexão dos fundamentos teóricos que orientam a mediação pedagógica.

Segundo Oliveira (2007, p. 26), a mediação consiste num “processo de intervenção de um

elemento intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por

esse elemento”. Pode-se, então, entender que a interação social é sempre mediada por experiências

assimiladas anteriormente.

A teoria vygotskyana diz que a mediação influencia o pensamento do homem e que as

relações interpessoais possibilitam o processo de aprendizagem. Além disso, a mediação seria

essencial para o desenvolvimento de funções psicológicas superiores. De acordo com Vygotsky,

“Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos.”

(VYGOTSKY, [1930] 2007, p. 75).

Na visão sócio-histórico-cultural o indivíduo não é visto como um ser passivo. Ele atua

ativamente em seu processo de desenvolvimento, ao transformar e ser transformado por fatores

sociais, culturais e históricos.

Com base nos estudos da concepção sócio-histórico-cultural, pautada nos estudos de

Vygotsky, o tutor exerce na EaD o papel de mediador da aprendizagem dos alunos e deve

promover a participação dos estudantes na construção colaborativa do conhecimento. Isso só é

possível a partir do dialogo, do intercâmbio de ideias, de dúvidas e perguntas e do incentivo à

reflexão. Masetto (2010) destaca que: A mediação pedagógica coloca em evidência o papel de sujeito do aprendiz e o

fortalece como ator de atividades que lhe permitirão aprender e conseguir atingir

seus objetivos; e dá um novo colorido ao papel do professor e aos novos

materiais e elementos com que ele deverá trabalhar para crescer e se desenvolver

(MASETTO, 2010, p. 146).

Assim, as interações entre tutor-aluno são de extrema importância na EaD. As interações

virtuais dependem das trocas textuais feitas pelos participantes, dessa forma é preciso considerar

aspectos do discurso textual, a multimodalidade, os gêneros, o hibridismo, todos os aspectos que a

comunicação mediada por um computador proporciona.

De acordo com Barbosa (2012, p. 88) “A aplicação da teoria socioconstrutivista ao

processo de mediação da educação on line permite compreender as peculiaridades da dinâmica

interativa, que as ferramentas tecnológicas proporcionam aos sujeitos da ação educativa”. Assim,

entende-se que o processo de ensino-aprendizado adquire novas dinâmicas por meio da mediação e

da interação entre os participantes com o uso de ferramentas interativas (chats, fóruns, e-mails, etc)

em situações discursivas.

Batista e Gobara (2007, p. 8) argumentam que, na EaD, a interação é fator fundamental

para a manutenção do interesse dos alunos. No entanto, ela somente se concretizará “a partir da

intencionalidade dos professores e alunos associada a um objetivo maior que é o alcance do

conhecimento”. As autoras salientam que as ferramentas interativas são recursos eficientes e

potenciais, mas é preciso que professores e alunos tenham autonomia para explorar as

potencialidades dos recursos disponíveis em um ambiente de aprendizagem em que as interações

são fundamentais.

Assim, pode-se dizer que é através da mediação interativa que novas ideias são construídas,

experiências são compartilhadas, de modo a desencadear a consolidação do conhecimento já

construído e a possibilitar a construção do conhecimento de forma colaborativa.

2.3 O tutor: formação, competências e perfil

As transformações, em curso no mundo contemporâneo, levam professores a se defrontarem

com exigências de ordens diversas ao incorporarem às suas práticas pedagógicas as novas

tecnologias de informação e comunicação (NTICs).

Educadores precisam interagir com os recursos tecnológicos e aprender a explorá-los de

forma critica, apoiando-se em suporte teórico e metodológico para entender por que e como

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integrar tecnologia e pedagogia (Valente, 2003), além de refletir sobre esse uso no decorrer do

processo. A necessidade de aprimoramento constante nas mais diversas situações de aprendizagem

requer uma formação contínua do docente e, além disso, que tal formação esteja apoiada em sua

ação. Frente a essa situação, os educadores são desafiados a reverem suas propostas pedagógicas e

buscarem novos referenciais para entender e explorar o universo tecnológico.

Muitos pesquisadores concordam quanto à adoção de uma abordagem crítico-reflexiva para

a formação do professor para atuação em ambientes on line.

Tavares (2007) e Paiva (2013), por exemplo, salientam a necessidade de pensar na

formação docente para “uso inovador da tecnologia”. A concepção de formação dessas autoras

engloba o confronto entre teoria e prática, a fim de levar o professor-tutor a refletir sobre sua

prática em contextos histórico-sociais e a assumir uma postura crítica frente ao uso das tecnologias

em práticas mediadas por elas. Segundo elas, a formação docente para uso das tecnologias deve ser

um processo contínuo, em que o docente possa vivenciar o papel de aluno e de professor em

contexto on line, ao observar sua própria prática e a prática de outros docentes, num processo

reflexivo dinâmico e constante.

Dotta e Giordan (2007, p. 2) argumentam que a formação de tutores não pode se restringir

à capacitação técnica sobre o funcionamento das interfaces comunicacionais, “mas precisa

considerar o desenvolvimento da capacidade comunicativa do educador para as interações verbais

que possam promover a aprendizagem significativa.”

Ainda de acordo com as autoras, “as possibilidades de interação, geradas por interfaces de

comunicação, dependem de estratégias didáticas propostas pelo educador que fomentem o diálogo”

(DOTTA E GIORDAN, 2007, p. 2). Ou seja, a formação docente para atuação on line não ocorre

simplesmente pela ampliação de habilidades técnicas, todavia ela deve contemplar conteúdos

relacionados às teorias educacionais, de aprendizagem e comunicação, além de fundamentos

didático-metodológicos sobre a EaD.

Ao abordar a formação para contexto on line, Belloni (2009) destaca três dimensões

fundamentais: pedagógica, didática e tecnológica. A dimensão pedagógica se refere às

concepções epistemológicas, atividades de orientação e tutoria. A dimensão didática se refere à

formação específica do professor em uma das áreas de conhecimento. A dimensão tecnológica

engloba as relações entre tecnologia e educação, na produção, seleção, utilização e avaliação

adequada dos meios disponíveis.

Portanto, ao se observar as necessidades atuais em face ao uso das novas tecnologias, o

tutor precisa de formação que tenha como objetivo a “construção de sentido sobre o uso

pedagógico das tecnologias e sobre suas implicações nos processos educativos” (GERVAI,

2007, p. 18).

A EaD possui como uma de suas características favorecer a interação e o trabalho

colaborativo. Cabe ao tutor estimular a interatividade entre os participantes e orientar a produção

do conhecimento de forma colaborativa. Assim, a mediação pedagógica em espaços de

aprendizagem com tecnologias é função do tutor.

De acordo com Santos e Schneider (2012, p. 5), no ambiente on line é necessário que o

tutor desenvolva estratégias de interação com e entre os alunos, de forma a aumentar a

“potencialidade do grupo a partir de sua heterogeneidade como também das possibilidades que o

meio possa oferecer”.

A colaboração e a interação não se limitam aos alunos. O tutor deve ter uma participação

ativa no processo, ao fazer parte também da socialização do conhecimento, com vistas a tornar

os alunos aprendizes autônomos. De acordo com Palloff e Pratt (2004, p. 141), as interações são

essenciais para a construção do conhecimento, “... cursos com altos níveis de interação tendem a

obter maior índice de satisfação e menor índice de abandono. Assim, incentivar um alto nível de

interação é papel fundamental do professor. Na verdade, talvez seja a sua tarefa mais importante

no ambiente de aprendizagem on-line”.

Na EaD, o tutor é responsável por orientar, acompanhar e supervisionar o processo de

ensino-aprendizagem ao mesmo tempo em que instiga e promove a autonomia do aluno.

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Machado e Teruya (2009, p. 1736) argumentam que “ao mesmo tempo em que orienta,

motiva e instiga o grupo para as trocas no AVA, o tutor deve se preocupar também com as

atividades individuais, proporcionando um feedback específico para a sua atividade.”

Além das atribuições já citadas, na concepção de Aretio (2002) quatro qualidades são

imprescindíveis ao tutor: cordialidade, capacidade de aceitação, honradez e empatia. O autor

também agrega às quatro qualidades a “possibilidade de uma escuta e leitura ativa e inteligente.

Por leitura e escuta ativa, podemos compreender a atitude de interesse no que é dito” (ARETIO,

2002, p. 128).

Para Bentes (2009), o tutor é responsável por orientar e acompanhar o aprendizado do

aluno durante todo o processo. Ele assume características inerentes à sua função: ... deve saber lidar com os ritmos individuais diferentes de cada aluno,

apropriar-se de novas TICs, dominar técnicas e instrumentos de avaliação,

ter habilidades de investigação, utilizar novos esquemas mentais para criar

uma nova cultura indagadora e plena em procedimentos de criatividade e ter

disponibilidade para intervir a qualquer momento (BENTES, 2009, p. 167).

Percebe-se, então, que, para o exercício da tutoria em EaD, as competências exigidas do

tutor ultrapassam o domínio dos conteúdos e das ferramentas tecnológicas. É fundamental que o

tutor também atue como um orientador da aprendizagem, motive o aluno, proporcione condições

para a construção da aprendizagem de forma autônoma, estabeleça relações empáticas com os

participantes, entre outras funções.

2.4 Filosofia da linguagem na EaD

Desde o início da filosofia da linguagem, no sec. IV na Grécia antiga, a linguagem tem sido

um dos temas centrais na era contemporânea. Hoje, mesmo com todo o arcabouço tecnológico

disponível, certamente, a EaD é diretamente impactada, de forma dinâmica e intensa, pela filosofia

da linguagem, pois a linguagem escrita é o seu “let motiv”. Essa permeia os diversos instrumentos

metodológico-conceituais da EaD que por meio de diferentes modos e meios de uso em rede,

possibilita e permite o processo ensino-aprendizagem e o acesso ao conhecimento.

Segundo Wittgenstein (2000, p. 89), “... talvez a linguagem seja uma dessas coisas, que por

nos serem mais familiares são as mais difíceis de entender...”. Esse entendimento permite fazer

uma referência comparativa ao sentido da linguagem na EaD. Percebe-se que nos momentos de

apresentação de conteúdo pelo tutor ao aluno, ou até mesmo em diferentes trocas de experiências

on line, em muitos momentos, são complexas e não transparentes à relação de conteúdo e de

diálogo nos diversos e diferentes ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).

Um ilustre filósofo contemporâneo, Ludwig Wittgenstein (1889-1951), foi, sem dúvida, um

dos mais influentes do século 20 e o principal responsável pela chamada virada linguística da

filosofia. Movimento que colocou a linguagem no centro da reflexão filosófica, deixando de figurar

apenas como um meio para nomear as coisas ou transmitir pensamentos. Seus apontamentos

impactam diretamente a EaD, pois a linguagem escrita on line configura como um importante

procedimento que alavanca o sucesso dessa modalidade de ensino no Brasil.

Tanto em Wittgenstein quanto em Sócrates a tratativa filosófica da linguagem procura se

adequar a diferentes épocas, desde a antiguidade até o mundo contemporâneo onde à humanidade

depende da internet.

Wittgenstein recusou a fortuna de sua família e trabalhou em funções humildes, como

ajudante de jardineiro em um mosteiro e porteiro em um hospital. Em sua trajetória intelectual, foi

capaz de realizar uma profunda revisão de sua própria teoria. A tal ponto que muitos estudiosos de

sua obra filosófica a dividem em dois períodos: o “primeiro Wittgenstein” – correspondente ao seu

Tractatus Logico-Philosophicus publicado em 1921–, e o “segundo Wittgenstein”, cuja obra

principal é Investigações Filosóficas, publicada postumamente.

Embora se tratem de “dois Wittgensteins”, que influenciaram as escolas filosóficas

diferentemente, a linguagem permanece como o tema principal de sua reflexão. Isso fornece

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unidade a sua obra e constantes subsídios para entender as idiossincrasias da linguagem no mundo

contemporâneo.

Já para Alston (1977), ao contrário de Wittgenstein, a linguagem é exercida como

representação de significado e referência na educação, seja presencial ou a distância, pode

representar nuances e posicionamentos interlocutórios distintos, de possíveis conflitos e

possibilidades de gestão do conhecimento, principalmente no uso de toda expressão linguística

significativa e conectiva, associada a diferentes atores (professor-tutor; tutor-professor; tutor-aluno;

aluno-tutor e aluno-aluno) num processo de constante comunicação e silêncio, no caso da EaD. Um

importante e interessante fato a respeito da linguagem é a possibilidade de se construir expressões

que, à primeira vista, parecem estar perfeitamente em ordem e, no entanto, são ininteligíveis em

algumas situações específicas do ensino-aprendizagem.

Araújo (2005) destaca que o uso da linguagem deve ser espontâneo e nunca pré-

determinado. Arnold (2002) ressalta ainda que comunicar-se não exige a necessidade de ser

letrado, pois inclusive os analfabetos ou aqueles que têm pouca cultura ou escolaridade conseguem

se comunicar, usam a linguagem em seu cotidiano, sem dificuldades de serem compreendidos.

Segundo Vygotsky ([1930] 2007), o desenvolvimento humano ocorre através de sua

relação com o outro e da assimilação pelo indivíduo da experiência sócio-histórico-cultural.

Quando o conhecimento é acessado por meio do emprego da linguagem, tal experiência é

repassada e interagida pela língua. Na teoria Vygotskyana, o pensamento humano é culturalmente

mediado, e a mediação ocorre, sobretudo, pela linguagem que cria e estabelece constantemente um

impacto na EaD.

O processo ensino-aprendizagem é desenvolvido em relações interpessoais. Um indivíduo

é capaz de estabelecer relações interpessoais especialmente pela linguagem, ao criar e recriar

significados distintos, signos, meios e métodos de apropriação de uso da mesma, seja de forma

síncrona ou assíncrona.

De acordo com Vygotsky ([1930] 2007) existem dois elementos básicos dos quais depende

a mediação: o instrumento linguagem, que tem a função de regular as ações sobre os entes e usos

possíveis de objetos, e os signos, que também colaboram para regular as ações sobre o psiquismo

dos entes (pessoas que se comunicam). No contexto da EaD, por analogia, o instrumento é o objeto

em si (a linguagem e seus diferentes usos no ambiente virtual) e as ferramentas disponíveis

(tecnologias do AVA); e o signo é a representação social da linguagem, ou seja, como ela é

compreendida, percebida e interpretada no AVA.

Segundo os estudos da concepção sócio interacionista (VYGOTSKY, [1930] 2007) e

conforme as pesquisas sobre EaD, o tutor vem exercendo o papel de mediador na aprendizagem

dos alunos. Sua função tem sido a de promover a participação dos estudantes na construção do

conhecimento por meio de uma linguagem interativa e colaborativa e isso somente tem sido

possível a partir do diálogo, instrumento fundamental da EaD.

No entender de Bakhtin e Voloshinov (2009, p. 127) o diálogo deve ser pensado no sentido

mais amplo do termo, “(...) não apenas a comunicação em voz alta de pessoas colocadas face a

face, mas toda comunicação verbal de qualquer tipo, que seja”. O diálogo, na modalidade à

distância, desempenha papel essencial na interação entre os cursistas e por meio dele sobrevém a

mediação pedagógica.

A análise e a função do modus operandis da linguagem e comunicação escrita na EaD tem

sido um tema metodológico de grande oportunidade de pesquisa, que apresenta novas observações

e experiências críticas, sendo debatido nas redes e nos diferentes fóruns educacionais

(MEDEIROS, 1999). O que reforça esse fato é a prática da linguagem colaborativa que tem

melhorado as relações dos atores do processo, ao propiciar novas relações de ensino e

aprendizagem conforme dimensiona Yus (2001).

As atribuições do tutor a distância vêm sofrendo modificações de concepção. Uma visão

mais atual do papel da linguagem em tutorias permeia o campo das responsabilidades e das atitudes

com relação às novas abordagens pedagógicas, técnicas e tecnológicas utilizadas. São elas:

1-Entendimento da filosofia da linguagem no processo de aprendizagem em EaD;

2-Reconhecimento da importância da afetividade da linguagem nas relações com os alunos;

Page 15: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

14

3-Busca de estratégias e jogos de linguagem para o desenvolvimento da autonomia

(BRONCKART, 1999).

Desta forma, o uso cada vez maior de uma linguagem coerente, coesa, clara e objetiva com

suas infinitas possibilidades de interatividade entre os interlocutores do processo educacional, tem

propiciado um grande avanço da EaD por via do AVA. Assim uma das ações mais importantes dos

tutores tem sido a promoção constante, através do AVA, da interatividade com os alunos e dos

alunos entre si, bem como dos alunos com o material didático do curso em questão. Professores,

conteudistas e coordenadores de cursos em todo o Brasil, devido aos aspectos peculiares da

linguagem em cursos de EaD, já desenvolveram inúmeros materiais didáticos específicos para tal

modalidade.

Segundo Medeiros (1999), o tutor pode ser considerado, como “mais um elemento de

interatividade, o mais inteligente e sensível elemento”, de modo que sua função principal é a

promoção da interatividade pela via da linguagem escrita por meio dos diferentes modos de

comunicação disponibilizados no AVA. As possibilidades de desenvolver a interatividade são

ainda mais amplas com o uso mais intenso da Internet através do AVA, mas sua aplicabilidade na

comunicação e formação na EaD depende do emprego de uma linguagem correta e coerente.

A filosofia da linguagem na EaD tem sido promotora de novos padrões na aplicabilidade de

diversos materiais didáticos e na linguagem escrita praticada.

2.5 O papel da linguagem na EaD

O modelo de ensino presencial tradicional não se caracteriza como fronteira de

possibilidade de sucesso de ensino-aprendizagem em relação ao modelo dito não tradicional, como

a EaD. Para Arnauld e Lancelot (2001) as distinções dos modelos e padrões de educação presencial

e da EaD são ainda enormes regionalmente, e os desafios da eficiência e eficácia da educação como

um todo são constantes, mas certamente a teoria da filosofia da linguagem, que pode analisar o

método e a forma prática da linguagem utilizada na EaD, tem determinado uma diferença entre os

modelos dito tradicional e não tradicional.

Segundo Arnold (2007), os questionamentos sobre quais os parâmetros e princípios da

escolha coerente, certa e mediadora do bom uso da linguagem na EaD são frequentes e, por essa

razão, percebe-se uma constante composição da boa comunicação e da formação dos atores do

processo da educação a distância. A linguagem em EaD não possui fronteiras no processo ensino-

aprendizagem.

A EaD ainda apresenta muitas características e necessidades a serem tratadas de formas

diferenciadas em relação à educação presencial, que se trata de um modelo que obteve sucesso de

ensino e pesquisa, mas está compreendido ainda numa visão pouco crítica e muito conservadora

das fronteiras do ensino-aprendizagem sobre as reais experiências da EaD.

Para Badia (2005) ainda há muitas questões de cunho pedagógico e organizacional dos

diferentes usos e meios de disseminação da linguagem em EaD. Os cursos do país, ainda precisam

de aprimoramentos constantes da linguagem no que tange a utilização e os instrumentos da

linguagem empregada, estudada, discutida e traduzida em experiências reais no ensino virtual. A

aprendizagem de sucesso em EaD, com a linguagem pertinente e difusora, depende do constante

aprimoramento do AVA.

Page 16: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

15

3. Resultados e Discussões

Este capítulo descreve os resultados provenientes do questionário on-line e da entrevista

aplicados aos tutores. O questionário foi divido em duas partes. A primeira teve como objetivo

traçar o perfil dos tutores participantes (idade, sexo, formação). A segunda focalizou as ações

realizadas pelos tutores. O objetivo da entrevista foi verificar a visão dos tutores em relação à

mediação promovida por eles. Cabe aqui, ressaltar que, o questionário foi respondido pelos 11

tutores participantes da pesquisa. A entrevista, no entanto, foi realizada somente com 10 tutores.

Um tutor preferiu não participar da entrevista.

3.1 Resultados do questionário

A amostra foi constituída por 11 dos 34 tutores que atuavam na instituição, o que

representou 32% da população pesquisada.

Os dados obtidos no questionário mostraram que 64% dos tutores participantes eram do

sexo feminino e 36% eram do sexo masculino.

A maioria dos tutores (64%) possuía idade entre 31 e 40 anos na época da coleta de dados

(agosto de 2013). A tabela 1 exibe todas as faixas etárias e seus percentuais.

Tabela 1: Faixa etária dos tutores.

Faixa etária Quantidade Porcentagem

21 a 25 anos 1 9%

26 a 30 anos 0 0%

31 a 35 anos 4 36,4%

36 a 40 anos 3 27,3%

Acima de 40 anos 3 27,3%

No tocante à formação, 36% dos tutores possuíam pós-graduação lato sensu e 64%

pós-graduação strictu sensu, como demonstrado na figura 1.

Figura 1: Formação dos tutores.

A função de docente na modalidade presencial é exercida por 82% dos tutores. Já a tutoria

tanto na modalidade presencial quanto na à distância, com exceção de um tutor, é exercida por

todos os demais, concomitantemente. O tempo de exercício em cada modalidade e seus percentuais

pode ser visualizado nas tabelas 2, 3 e 4.

36,4%

45,4%

18,2%

ESPECIALIZAÇÃO

MESTRADO

DOUTORADO

Page 17: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

16

Tabela 2: Tempo de regência de turma como docente.

Tempo de regência de turma Quantidade Porcentagem

Entre 1 e 5 anos 2 18,2%

Entre 5 e 10 anos 4 36,4%

Mais de 10 anos 3 27,2%

Não atua 2 18,2%

Tabela 3: Tempo de atuação como tutor presencial.

Tempo de atuação como tutor presencial Quantidade Porcentagem

Entre 1 e 5 anos 9 81,8%

Entre 5 e 10 anos 1 9,1%

Mais de 10 anos 0 0%

Não atua 1 9,1%

Tabela 4: Tempo de atuação como tutor a distância.

Tempo de atuação como tutor a distância Quantidade Porcentagem

Entre 1 e 5 anos 9 81,8%

Entre 5 e 10 anos 1 9,1%

Mais de 10 anos 1 9,1%

Não atua 0 0%

No que concerne à formação específica para atuar em EaD, é possível afirmar que ainda há

um grande número de tutores sem formação específica. Esse fato foi percebido a partir dos dados

coletados, em que 45% dos tutores investigados responderam não possuir formação específica para

EaD. Entre os tutores que tiveram formação especifica, ao serem questionados sobre quais os

conhecimentos mais relevantes adquiridos na formação para atuar na EaD os mais citados foram:

1. A importância da mediação pedagógica.

2. Estimular a participação e a autonomia do aluno.

3. A utilização adequada das ferramentas tecnológicas.

4. A construção do conhecimento em um ambiente virtual.

Cabe ressaltar que esses conhecimentos não foram organizados por ordem de relevância,

mas apenas ordenados segundo a percepção dos participantes.

A partir dos dados apresentados, observou-se que a formação realizada pelos tutores

enfatizou a aquisição de habilidades necessárias para atuar em ambientes on-line. Para atuar na

modalidade a distância, o tutor deve ter conhecimentos específicos sobre ela, pois a relação

ensino-aprendizagem na EaD difere da relação estabelecida no ensino presencial. Assim, cabe ao

tutor mediar o processo de construção do aprendizado, direcionando os alunos no percurso de

aprendizagem em um AVA.

Ainda no tocante a formação para atuar em EaD, foi solicitado aos tutores que sugerissem

propostas para a formação. Dentre os dados coletados foi possível dividi-los em núcleos de

significados, como demonstrado e sinalizado em negrito nos depoimentos a seguir:

(1) Formação em tutoria a distância.

Tutor 2: “Um professor que só tenha atuado na modalidade presencial deve fazer um curso para

atuar na modalidade a distância, pois a metodologia e didática são diferentes.”

Tutor 9: “(...) possuir cursos de extensão ou pós na área de tecnologia educacional.”

De acordo com as respostas dos tutores participantes, é preciso ter formação específica para

atuar na EaD, pois novos saberes são mobilizados nessa modalidade. É necessário que a formação

não se limite somente a formação técnica, mas que leve em consideração as especificidades da

comunicação mediada pela tecnologia e a importância de atuar como mediador, promovendo a

interação entre os participantes e com o material disponibilizado no ambiente.

Page 18: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

17

(2) Especificar as atribuições dos tutores.

Tutor 7: “Que seja discutido de forma clara e objetiva o papel que o tutor desempenha e as

atribuições destinadas a ele.”

Tutor 8: “Que as atribuições destinadas aos tutores sejam mais específicas.”

Tutor 9: “Para os cursos focados na formação do tutor deve-se clarificar as suas funções, o

acolhimento e acompanhamento dos alunos (...).”

Dentre as propostas para a formação do tutor, percebeu-se que ainda há indagações sobre

as atribuições destinadas a tal função. A EaD, como uma nova modalidade educacional, traz

mudanças nos papéis desempenhados tanto por alunos quanto por docentes. A função de tutor

ultrapassa os limites da docência presencial, sendo também exigido desse profissional

competências e habilidades pedagógicas, tecnológicas e didáticas (BELLONI, 2009). O tutor

acompanha o aluno em todo processo educacional, orientando-o em questões teóricas e

tecnológicas, por meio da mediação ele cria estratégias que favoreçam a reflexão e estimula a

autonomia, levando o aluno a superar, dessa forma, o papel de agente passivo antes atribuído a ele.

Percebe-se assim que o tutor exerce também a função docente em seu trabalho pedagógico.

(3) Conhecimento sobre ambientes virtuais de aprendizagem.

Tutor 9: “(...) conhecer os mais diversos ambientes virtuais de aprendizagem (...) ser um profundo

conhecedor do AVA onde ele irá atuar.”

Tutor 3: “Aporte conceitual maior em relação às tecnologias utilizadas, e utilizáveis no

ambiente de aprendizagem.”

Tutor 11: “Orientação para utilização adequada da plataforma e das ferramentas

tecnológicas (observo que professores assumem a posição de tutores sem conhecimento algum

das ferramentas)”

Outro ponto bastante significativo nas assertivas dos participantes foi o conhecimento

sobre os ambientes virtuais de aprendizagem. Isso se deve ao fato de que, em geral, quem faz a

mediação pedagógica dentro do ambiente virtual são os tutores e para que se obtenha êxito é

preciso conhecer as peculiaridades e potencialidades pedagógicas de cada ambiente, saber utilizar

os recursos e atividades disponíveis.

(4) Vivenciar a EaD como aluno a distância e como tutor a distância.

Tutor 5: “É importante que o tutor possa vivenciar uma experiência de aluno na modalidade a

distância, mas que possa também praticar acompanhando um grupo a distância para que

possa identificar as problemáticas das duas situações.”

O tutor 5 ressaltou a necessidade da formação ser realizada de forma on-line, de modo que

o tutor passe por uma formação mediada pelas novas tecnológicas. Assim, ele poderia vivenciar o

ambiente digital, conhecer e reconhecer as potencialidades de cada ferramenta e se apropriar da

tecnologia, a fim de utilizá-la como uma aliada em sua prática, de forma a superar a concepção

tradicional de transmissão de conhecimento.

(5) Atuação na área de formação.

Tutor 6: “ Atuar na área de formação e se atualizar constantemente.”

Page 19: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

18

Tutor 7: “Que a formação seja focada não somente no ambiente virtual, mas também na

disciplina que será ministrada, visto que há tutores que ministram disciplinas que não fazem

parte da sua área de conhecimento.”

Um aspecto destacado e que merece atenção é a atuação do tutor dentro de sua área de

formação. O tutor deve ter domínio dos conteúdos trabalhados, ou seja, entre outras competências,

ele deve ser especialista em sua área de atuação, pois somente assim ele será capaz de orientar a

aprendizagem e fazer com que o aluno alcance a autonomia na construção do seu próprio

conhecimento.

A segunda parte do questionário focalizou as ações realizadas pelos tutores. Assim, ao

serem questionados sobre com que frequência era feito contato com os alunos, a maioria dos

tutores (64%), responderam que mantém uma frequência de 3 a 4 vezes semanais. A Figura 2

sintetiza as informações obtidas.

Figura 2: Frequência no contato com os alunos.

Com relação às ferramentas utilizadas para interação com os alunos, os tutores destacaram

o uso do fórum, seguido do e-mail. Conforme demonstrado na tabela 5.

Tabela 5: Ferramentas utilizadas na interação entre tutor e aluno.

Ferramenta Quantidade Porcentagem

Chat 2 8%

E-mail 10 40%

Fórum 11 44%

Outras 2 8%

O uso de ferramentas de comunicação síncrona ou assíncrona é indispensável para a

construção do conhecimento em ambientes digitais. Com base nos dados é possível afirmar que há

por parte dos tutores predominância no uso das ferramentas assíncronas.

As ferramentas assíncronas são elementos facilitadores na EaD, pois permitem que tutor e

aluno se comuniquem em tempos diferentes, flexibilizando a interação e permitindo que os alunos

tenham tempo para refletir sobre o tema em discussão. No entanto, é necessário conhecer a

aplicabilidade de cada ferramenta, pois em situações de aprendizagem específicas a escolha de

ferramentas síncrona ou assíncrona irá depender do objetivo que se queira alcançar.

Quando questionados sobre a atuação como tutor, constata-se o desempenho diversas

atividades. Umas ligadas estritamente à docência, outras à mediação pedagógica, mobilizando

diferentes saberes em sua prática. Dentro das áreas de atuação (docência e mediação), com base em

18%

64%

18% 1 a 2 vezes

3 a 4 vezes

Diariamente

Em momentos

prefixados no curso

Page 20: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

19

Belloni (2009), foi estabelecido três dimensões de atuação: pedagógica, tecnológica e didática.

Ressalva-se que essas dimensões dialogam entre si, não sendo excludentes na atuação dos tutores.

1) Área de atuação: docência

Na área docente os tutores executam atividades nas três dimensões propostas.

- Dimensão pedagógica: orientação da aprendizagem dos alunos, correção de atividades, correção

de avaliações, participação em encontros presenciais, estabelecimento de ligação afetiva com o

aluno e resolução de dificuldades pedagógicas.

- Dimensão tecnológica: definição de atividades utilizadas no AVA, disponibilização de

informação no AVA, lançamento de notas em meio digital, desenvolvimento de recursos e

materiais complementares.

- Dimensão didática: participação em curso de formação em EaD, elaboração de atividades

utilizadas no AVA, apresentação da didática utilizada no curso e preparação de exercícios

complementares.

2) Área de atuação: mediação

Na mediação os tutores executam atividades somente em duas dimensões propostas: na

pedagógica e na tecnológica.

Dimensão pedagógica: mediação das discussões, motivação dos alunos com pouca

participação, atuação na interatividade entre os alunos, planejamento e orientação dos debates,

resolução de dificuldades pessoais que prejudiquem o desenvolvimento do aluno, resolução de

dificuldades administrativas, estímulo de uma postura crítica-reflexiva dos alunos e estímulo à

comunicação e ao trabalho cooperativo entre os alunos.

Dimensão tecnológica: utilização de ferramentas digitais, tais como fórum, e-mail e chat,

para manter contato com o aluno e resolução de dificuldades tecnológicas relativas ao curso.

Como pode ser observado, é possível afirmar que as respostas dos tutores correspondem ao

estabelecido por Belloni (2009), ou seja, é preciso ter conhecimentos que vão além do domínio da

disciplina ministrada. Desse novo profissional são exigidos diferentes saberes, entre eles, utilizar as

tecnologias para proporcionar interação e colaboração entre os alunos e com o material

desenvolvido, ter capacidade comunicativa para mediar e estimular às discussões de modo a

estabelecer a reflexão crítica e desenvolver a autonomia do aluno. Com isso, tem-se a necessidade

de uma formação voltada para essas novas demandas educacionais.

Mesmo atuando em diferentes dimensões, os tutores se consideram preparados para atuar

na EaD, como mostra a tabela 6.

Ao justificarem a resposta, os tutores que se consideram bem preparados para atuar em

EaD apoiaram-se nas experiências construídas ao longo de sua vida profissional e na formação

específica que tiveram para atuar nessa modalidade.

Tabela 6: Autoavaliação dos tutores quanto ao preparo para atuar na EaD.

Preparo para atuar na EaD Quantidade Porcentagem

Sim, bem preparado (a) 5 45%

Sim, razoavelmente preparado (a) 6 55%

Não, pouco preparado (a) 0 0%

Não, totalmente despreparado (a) 0 0%

Tutor 3: “Além da formação específica, a prática nos dois últimos anos tem aperfeiçoado as

técnicas.”

Tutor 4: “Trabalho com EaD desde 2003, portanto desde o início dessa modalidade de ensino no

Governo do Estado do Rio de Janeiro, acompanhei muitos dos problemas iniciais e também os

êxitos, além de ter acompanhado até 2007 seu crescimento no RJ. Assim, sinto-me muito bem

preparada para atuar nessa área.”

Page 21: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

20

Tutor 9: “Participei da formação do CEDERJ e atuo com tecnologia Educacional desde 1997, fui

coordenadora de um Núcleo de Tecnologia, acompanho alguns projetos vinculados ao MEC, sou

conteudista de vários cursos de EaD, tenho pós em Tecnologia Educacional , mestrado em

Informática, participo de todos os cursos que tenho acesso sobre Tutoria e EaD.”

Como demonstrado nas vozes dos tutores, para desempenhar com qualidade a tutoria, é

necessário que se tenha uma formação específica, tanto inicial quanto continuada, que leve a uma

reflexão sobre a necessidade de repensar a forma de ensinar e aprender em ambientes on-line.

Conhecer a dinâmica, a organização e a metodologia utilizadas na EaD é imprescindível para a

qualidade do trabalho do tutor.

Já os docentes que se consideram razoavelmente preparados para atuar na EaD justificam

suas respostas na falta de preparação específica para atuar na EaD ou em não saber aproveitar todas

as possibilidades que a EaD proporciona ao processo de ensino-aprendizagem.

Tutor 5: “Acredito que ainda não uso todas as estratégias possíveis para melhor aproveitamento da

matéria que acompanho.”

Tutor 7: “Razoavelmente preparado, pois adquiri o conhecimento da modalidade a distância com a

prática, no dia a dia. No entanto, não possuo uma formação específica, o que levaria,

consequentemente, ao conhecimento teórico.”

Outros consideram o fato de terem pouco tempo de experiência na modalidade.

Tutor 11: “Com dois anos de atuação em tutoria e a realização de capacitação na área, agora posso

dizer que começo a trilhar o caminho adequado para um trabalho ainda melhor em educação a

distância. O trabalho realizado até então tem sido satisfatório, com resultados positivos, mas como

devemos sempre buscar o melhor, estarei sempre em busca da realização de um trabalho cada vez

melhor.”

Mais uma vez fica clara a necessidade de uma formação que ajude o tutor a entender os

novos ambientes de aprendizagem e as novas habilidades necessárias ao exercício da tutoria. Sendo

assim, a formação deve considerar a importância do uso das tecnologias na mediação pedagógica e

na interação, o novo papel desempenhado pelo aluno e pelo docente, o dinamismo e a flexibilidade

proporcionados pela EaD e o conhecimento sobre as teorias de aprendizagem. Além disso, cabe

ressaltar que a falta de formação adequada pode desencadear uma prática sem reflexão sobre a ação

tutorial ou uma reflexão inadequada.

De acordo com os tutores, existem alguns elementos que limitam o exercício de suas

funções na tutoria, como exemplificado pela transcrição abaixo de partes do questionário. Dentre as

respostas destaca-se a falta de reconhecimento legal do tutor como docente. Isso acarreta um

desconforto nos profissionais, além de causar barateamento e desvalorização da profissão.

Tutor 1: “Maior valorização da categoria.”

Tutor 4: “baixíssimos salários (1º), o problema dos baixos salários ainda é agravado pelo fato de

muitas empresas sem visão empreendedora confundir o tutor com um profissional de área não

docente, o que acarreta distorções nos salários de profissionais com diferentes titularidades.”

Tutor 8: “(...) falta de especificações quanto à profissão de tutor.”

Tutor 9: “A Academia ainda mostra um preconceito em relação ao papel do tutor, o não

reconhecimento do tutor como professor.”

Tutor 11: “indefinição quanto ao trabalho de tutoria pelas leis trabalhistas.”

Outro elemento apontado foi à falta de autonomia do aluno. Na EaD, o aluno deve assumir

uma atitude ativa frente a seu aprendizado. Disciplina na elaboração das tarefas e no cumprimento

Page 22: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

21

de prazos estabelecidos e reflexão sobre seu processo de construção do conhecimento são algumas

das características necessárias ao aluno da EaD. A falta delas pode comprometer o processo

ensino-aprendizado.

Tutor 3: “indisciplina dos alunos em relação as atividades e prazos.”

Tutor 5: “ Alunos que ainda não tem internalizado a questão da autonomia”

Tutor 11: “- a resistência de muitos dos alunos ao estudo virtual.”

Alguns tutores apontaram problemas como conexão muito lenta (citado pelo tutor 5) e

material didático não condizente com a EaD (citado pelo tutor 2).

Destacam-se abaixo os principais elementos que facilitam o exercício da tutoria segundo os

tutores (Os elementos foram organizados segundo o número de citações.):

1) Flexibilidade de horário.

2) Utilização das ferramentas assíncronas para interação.

3) Utilização das tecnologias.

4) Possibilidade de atendimento individualizado.

5) Estímulo ao aprendizado autônomo.

6) Registro das informações em meio digital.

7) Maior quantidade de informação disponível.

A partir das considerações expostas, percebe-se que o tutor da EaD possui um perfil ativo

no processo de construção do conhecimento. Além de atuar em diferentes áreas e dimensões e

precisar desenvolver diferentes habilidades e competências. Assim, o trabalho de tutoria exige

desse profissional formação constante para acompanhar as mudanças trazidas pelas tecnologias e

desenvolver novos saberes que garantirão um resultado positivo e de qualidade no processo de

ensino-aprendizagem.

Mesmo assim, é importante salientar a necessidade de formação do tutor para atuar em

ambiente on-line, considerando as singularidades da EaD e unindo teoria e prática, afim de

proporcionar ao tutor condições de aprender e refletir sobre o fazer pedagógico com tecnologia.

O segundo instrumento de pesquisa – a entrevista – utilizado para identificar a percepção

individual dos participantes a respeito da mediação e interação exercida por eles no ambiente on

line assim como para fazer uma triangulação dos dados foi descrito na próxima subseção.

3.2 Resultados da entrevista

A amostra da presente pesquisa foi constituída por 11 tutores. No entanto, um tutor optou

por não participar da entrevista (Tutor 11), sendo a mesma realizada com 10 tutores.

De acordo com os dados coletados na pesquisa por meio de entrevista, o tutor percebia

como características principais da mediação o diálogo entre os alunos e a proposição de

questionamentos que levem ao debate como forma de construção do conhecimento.

Tutor 1: “Acho importante estimular o aprendizado, compartilhar conhecimento e informações

que levem o aluno a desenvolver seu próprio pensamento sobre o tópico apresentado.”

Tutor 2: “A principal é incitar o debate, deixar o aluno formular sua linha de pensamento para que

este crie ferramentas para desenvolver um pensamento crítico.”

Tutor 4: “A mediação necessita que o diálogo esteja de acordo com o momento, assim é possível a

troca de experiências e o debate. O tutor deve esclarecer as dúvidas e apresentar perguntas

orientadoras. É necessário também propor problemas e desafios para incentivar a reflexão.”

Page 23: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

22

Tutor 5: “O tutor precisa ser um mediador que estimule o questionamento e não fornece apenas

respostas prontas.”

Tutor 8: “O tutor é responsável por garantir que o uso do fórum seja eficaz para transformar as

discussões propostas em um diálogo coerente com o que se pretende trabalhar e não somente

frases ou textos soltos em um ambiente virtual.”

Nos depoimentos apresentados acima, ao destacar a importância da interação em ambientes

on-line, os tutores fortaleceram a importância de promover uma aprendizagem dialógica na

educação mediada por tecnologias digitais. Os depoimentos dos tutores encontram respaldo em

pesquisadores como Palloff e Pratt (2004, p. 141), que afirmam que “incentivar um alto nível de

interação é papel fundamental do professor.” Cabe ao tutor conduzir o aprendizado do aluno por

meio de interações dialógicas, ajudá-lo a perceber-se como sujeito ativo no processo de ensino-

aprendizagem.

Ao serem questionados sobre a importância da mediação, os entrevistados relataram que a

mediação é fundamental para o desenvolvimento do aluno.

Tutor 2: “Sem dúvida. É a mediação do tutor que vai fazer com que o aluno desmotivado

participe, que as dúvidas sejam sanadas e que o debate realmente aconteça, favorecendo a

colaboração entre eles. Se não houver mediação eles não interagem entre eles.”

Tutor 4: “Em um fórum que estimule de fato o aluno, o tutor é fundamental.”

Tutor 5: “Sim, com o feedback (do fórum de discussão) ele consegue refletir sobre o que respondeu

e as outras variáveis que envolvem aquele assunto consolidando o aprendizado.”

Tutor 6: “Sim, pois em todo trabalho seja ele qual for a figura do mediador é imprescindível

para o diálogo entre os alunos.”

Tutor 8: “Sim. A mediação do tutor promove orientação acerca do que está sendo discutido e

fomenta a participação.”

Tutor 9: “Claro que sim. Se o tutor não media o aluno fica desmotivado a participar.”

Tutor 10: “Com certeza. Pois, a provocação, entre aspas, do tutor é primordial nesse processo

ensino-aprendizagem.”

Percebe-se nas respostas dos tutores uma valorização da mediação feita por eles. De fato,

pode-se afirmar, diante do exposto, que há nos tutores a vontade de que o processo de ensino-

aprendizagem se concretize e, para isso, a mediação é fundamental. Como destaca o tutor 10, a

“provocação” feita pelo tutor “é primordial nesse processo ensino-aprendizagem.”. A mediação do

tutor também é fundamental para o desenvolvimento da colaboração e da interação entre os alunos,

como ressaltado pelo tutor 2.

De acordo com os tutores a participação efetiva dos alunos nos fóruns propicia um maior

desenvolvimento dentro dos temas trabalhados. Além disso, na concepção dos tutores, ao participar

dos fóruns de discussão, os alunos demonstram que realmente estão estudando, pois eles têm um

maior engajamento nas interações e nas atividades propostas.

Tutor 1: “O aluno que participa de forma ativa nos fóruns desenvolve respostas mais

elaboradas, ressignifica e relaciona conceitos. Com certeza, ele terá um melhor desenvolvimento

do que o aluno que age passivamente.”

Page 24: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

23

Tutor 3: “Isso é muito perceptível. Os alunos que compactuam de fato com a ideia da discussão,

desenvolvem um raciocínio mais apurado sobre os temas propostos.”

Tutor 6: “Certamente. O fórum tem como objetivo discutir os tópicos importantes que

despertem no aluno a reflexão.”

Tutor 7: “Com certeza. Se o aluno está participando dos fóruns, colaborando com os colegas é

porque ele estudou, por isso ele está ali, consequentemente o desenvolvimento dele vai ser melhor

que dos outros.”

Um aspecto importante que foi ressaltado pelos tutores 5 e 6 foi a reflexão. A mediação

feita pelo tutor não deve ser entendida como a simples troca de ideia ou como dar instruções. A

mediação deve levar o aluno a reflexão, a construção do senso crítico e consequentemente a

aprendizagem. A EaD oferece a “possibilidade de desenvolvimento da reflexão individual e da

reflexão colaborativa, porque elas têm o poder de estabelecer conexão entre as pessoas.”

(GERVAI, 2007, p.87).

Ao serem questionados sobre como analisar a qualidade das mediações, alguns tutores

relataram que essa análise era difícil de ser feita. Na entrevista ficou claro que eles analisam a

qualidade da mediação pelo desenvolvimento apresentado pelo aluno.

Tutor 1: “Pergunta difícil.....Eu observo a qualidade das interações dos alunos, se eles estão

desenvolvendo melhor os debates, as tarefas. Eu dou feedback e peço feedback a eles, participo

ativamente das discussões. Se há crescimento dos alunos, então a qualidade da mediação é boa.

Se os alunos não desenvolvem, então é bom refletir sobre como a mediação está sendo feita. Bem,

esse é meu ponto de análise.”

Tutor 2: “Este é um processo complicado pois o processo final esperado seria o do aluno conseguir

“adquirir” o conhecimento que está sendo estudado, sendo esta uma tarefa difícil de se qualificar

pois cada um tem um processo diferente. Um exemplo seria através da participação dos alunos no

ambiente, se estes se sentem a vontade para questionar, sugerir, participar ativamente dos

debates no ambiente.”

Tutor 7: “Essa parte é complicada. Eu analiso pelas postagens do aluno, se houve crescimento do

aluno em relação ao tópico trabalhado, bem, às vezes eu noto, quando um aluno começa a ajudar

o colega, percebo que ele está usando uma explicação parecida com a que eu daria, não é copiando

ou memorizando, mas, não sei, acho que ele internalizou o que foi debatido, estudado.”

Tutor 10: “Pelo desenvolvimento do aluno, nas participações com maior qualidade, na troca

de ideias.”

Ter como parâmetro de qualidade o desenvolvimento do aluno é realmente muito

importante na mediação feita pelos tutores, pois, como foi relatado acima pelo tutor 1, se o aluno

não se desenvolve dentro do que é esperado, então é necessário rever a prática utilizada, aprimorar

alguns pontos, modificar outros, refletir sobre a prática pedagógica. Sobre esse processo de

reflexão sobre a prática para analisar a qualidade da mediação o tutor 6 comentou:

Tutor 6: “Acredito que seja possível por parte do tutor o exercício de introspecção, ou da auto-

avaliação, analisar a qualidade da avaliação é complexa, porque quem diz ou avalia o seu

trabalho é sempre o outro. Na maioria das vezes, não encontramos falhas naquilo que

fazemos, até por falta de imparcialidade. Podemos observar falhas ao longo do processo e

corrigi-las, mas que para isso acontecer, o tutor precisa ficar muito atento.”

Page 25: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

24

Ao serem pedidos que descrevesse a própria atuação, os tutores 1, 6 e 7 ressaltaram a

participação ativa, o retorno rápido aos questionamentos e dúvidas dos alunos.

Tutor 1: “Procuro ter uma participação bastante ativa, respondo a todos até 24 horas, me coloco no

lugar do aluno, procuro esclarecer todas as dúvidas.”

Tutor 6: “A minha participação é muito ativa e busco sempre o diálogo chamando a atenção dos

alunos para a pesquisa e o debate (.....) a participação do tutor precisa ser destacada e atenta

buscando atender da melhor forma possível às necessidades dos alunos.”

Tutor 7: “Dentro do que é proposto pela instituição em que trabalho, acho que atendo de forma

eficaz. Como aspectos relevantes, acho que é o retorno rápido, procuro responder dentro de 24

ou 48 horas, sempre responder de forma clara e objetiva, dentro do que ele deve elaborar ou

melhorar e se ele atender o objetivo ele deve ser elogiado por isso.”

O tutor 8 destacou que em sua atuação ele procura elogiar a participação dos alunos como

forma de motivá-los a participarem mais efetivamente no ambiente da disciplina.

Tutor 8: “Faço comentários que tenham o objetivo de direcionar os alunos para o tipo de discussão

adequada, motivo a participação deles, respondo a todas as dúvidas feitas, faço elogios para

motivá-los a participarem cada vez mais.”

O tutor 10 também destacou em sua atuação a motivação dos alunos.

Tutor 10: “Procuro motivar os alunos a participarem mais e com qualidade e expor suas ideias.

Ajudo sempre que eles solicitam nas mais diversas situações.”

Os tutores 2, 3, 4, 5 e 9 declararam que em sua atuação procuram orientar os alunos nas

atividades e nas dúvidas, além de motivar a participação.

Outro ponto importante assinalado é que durante a entrevista ao ser perguntado sobre que

ações do tutor podem contribuir para o desenvolvimento dos alunos, o tutor 1 revela que já estudou

a distância, tendo portanto a experiência de ser aluno on line e destaca que procura se colocar no

lugar do aluno, valorizando cada participação e promovendo o interesse. Para esse tutor, o controle

emocional é importante em sua atuação e a falta dele para resolver conflitos é um fator que pode

prejudicar o desenvolvimento do aluno.

Tutor 1: “Como ações que podem contribuir procuro entender o ponto de vista do aluno, pois já

fui aluno a distância, valorizo a participação do aluno, promovo o interesse do aluno. O aluno

precisa desse combustível, do interesse do tutor. Tem que ter essa promoção. Ações que podem

prejudicar, acho que expor o aluno, criticar a instituição ou o material utilizado. Não ter controle

emocional em conflitos.”

Os tutores 3 e 6 concordam que o tutor precisa ser exemplo do que se espera do aluno. De

acordo com tutor 6 a falta de diálogo com os alunos é um fator prejudicial a boa tutoria.

Tutor 3: “A educação se faz pelo exemplo. O tutor precisa ser congruente. Cobrar algo que não se

faz desmotiva os alunos totalmente.”

Tutor 6: “Penso que as ações objetivem a mobilidade do aluno em busca do conhecimento, da

leitura, do acesso diariamente ao Ambiente Virtual e da reflexão a respeito das atividades propostas

e neste caso o tutor precisa ser exemplo. As atitudes que prejudicam os alunos geralmente parte

Page 26: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

25

do desânimo, da falta de diálogo, da contextualização dos conteúdos nos fóruns por parte do

tutor.”

Os tutores 2 e 7 compartilham a ideia que ouvir os alunos e manter-se próximos à eles são

fatores favoráveis ao desenvolvimento.

Como fator que pode prejudicar o desenvolvimento do aluno, o tutor 2 destaca a falta de

comunicação. Esse é um fator que também foi apontado pelo tutor 6 em sua entrevista. Isso mostra

congruência na tutoria exercida por eles. Outro ponto negativo ao desenvolvimento do aluno

destacado pelo tutor 2 foi utilizar na EaD as mesmas estratégias usadas na modalidade presencial,

além da falta de letramento tecnológico por parte do tutor.

Sobre isso, é bom salientar que os conhecimentos necessários para o tutor não difere muito

dos conhecimentos necessários para ser professor, como já foi discutido na seção 3.1. O grande

diferencial é a forma como as tecnologias potencializam a comunicação e o fluxo de informação.

Os tutores precisam criar novas estratégias de comunicação, promover a interação com e entre os

alunos, fomentar o trabalho colaborativo e a pesquisa, ações possíveis e potencializadas pelo uso

das tecnologias. No entanto, para que essas ações sejam possíveis é preciso que o tutor tenha

familiaridade com as tecnologias, principalmente, com os ambientes virtuais de aprendizagem, e as

possibilidades de uso deles voltadas para a educação.

Tutor 2: “Como ações positivas destaco a boa interlocução, a didática, táticas para incentivar

o debate do material e manter uma relação próxima com o aluno desmistificando a ideia de

uma educação distante. Como ações negativas acho que a falta de comunicação, se limitar em

aplicar as mesmas estratégias de sua prática presencial para a on line, não ter uma boa

relação com os artefatos tecnológicos e seus avanços dentro desta modalidade.”

Tutor 7: “O que pode contribuir.... Mantê-los informados sobre tudo que acontece na disciplina,

estar disposta a ouvi-los, estar próxima a eles, pois em turmas iniciantes há muitos

questionamentos sobre o funcionamento da disciplina. Acalmá-los em suas inquietações e dúvidas.

Orientá-los em relação a dificuldades sobre modalidade a distância e mostrar que é possível

estudar nessa modalidade. Para muitos ainda é uma coisa muito nova, ainda estamos passando

por um período de transição. O que prejudica... quando o tutor se mantém afastado da turma

acho que se estabelece uma relação complicada que prejudicará o andamento da disciplina.”

Na visão do tutor 4 as ações que contribuem para o desenvolvimento do aluno são o

estímulo e a cordialidade, enquanto que o desinteresse prejudica o aluno.

Tutor 4: “O estímulo e a cordialidade do tutor ao interagir com o aluno são ações que

contribuem com o desenvolvimento do aluno. Já, atitudes que demonstrem desinteresse e

grosseria prejudicarão o seu desenvolvimento.”

O tutor 8 ressalta a necessidade de transmitir segurança ao aluno quanto a modalidade a

distância, além de ter domínio do conteúdo ministrado. A ausência do tutor é novamente assinalada

como fator que prejudica o desenvolvimento do aluno.

Tutor 8: “O tutor precisa demonstrar conhecimento e segurança sobre o conteúdo, expor de

forma clara e objetiva os questionamentos, instigando o “aluno” a participar dos estudos e

discussões. Nenhum aluno se conforma com respostas vagas. O aluno precisa se sentir seguro em

relação à modalidade EaD e o tutor surge como elemento fundamental desta relação. O que

atrapalha é quando os tutores não conseguem acompanhar o desenvolvimento dos alunos de

forma efetiva, o que é altamente desmotivador, principalmente para aqueles que cumprem

suas atividades de maneira correta e pontual.”

Page 27: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

26

A postura do tutor 8 demonstra o compromisso do tutor com o aluno, pois para ele (tutor) é

necessário que o aluno tenha confiança em seu trabalho e na modalidade escolhida para estudar.

Tendo assim um maior comprometimento com a disciplina.

A fala do tutor 5 aponta para a necessidade de conhecer o perfil do aluno como forma de

ajudá-lo a se engajar na modalidade e em seu desenvolvimento. De fato, conhecer as características

individuais dos alunos contribui para que o tutor desenvolva estratégias didático-pedagógicas

adequadas às necessidades dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A ausência do

tutor também é considerada como fator que prejudica o desenvolvimento do aluno. De acordo com

ele, a ausência do tutor pode fazer com que o aluno abandone o curso.

Tutor 5: “Na minha opinião, se possível, o tutor precisaria conhecer o perfil de cada aluno para

verificar qual melhor estratégia se aplica a cada um, pois as vezes a ausência na participação se

dá por falta de tempo, por timidez e para cada motivo é preciso uma proposta diferente, mas

acredito o tutor prejudica verdadeiramente o aprendizado quando é ausente, ou parece

ausente. Quando o tutor não se faz presente, cria a sensação de abandono no aluno e as reações em

geral levam ao abandono do curso e a formação da ideia de que a EaD não é viável.”

Page 28: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

27

4. Conclusões

Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar a mediação e a interação na EaD na

perspectiva dos tutores. Os sujeitos investigados foram tutores que atuam em ambiente digital nas

disciplinas de Produção Textual e Metodologia Científica, oferecidas na modalidade

semipresencial em uma universidade particular. Para fundamentar teoricamente a pesquisa foi

apresentado pressupostos teóricos sobre planejamento, implementação e gestão da EaD, interação

e mediação na EaD e formação, competência e perfil do tutor. A pesquisa caracterizou-se como

qualitativa. Os instrumentos utilizados para geração de dados foram: questionário e entrevista. O

questionário teve como objetivo traçar o perfil dos tutores e identificar suas ações tutoriais. A

entrevista, identificar a percepção individual dos participantes a respeito da mediação e interação

exercida por eles.

Os resultados mostram que, no que se refere ao perfil dos tutores e sobre sua ação tutorial,

as funções desempenhadas pelo tutor requer competências e habilidades metodológicas, didáticas e

técnicas, pois o mesmo atua nas dimensões pedagógica, tecnológica e didática, conforme

estabelecido por Belloni (2009) e demonstrado na presente pesquisa. Todos esses papéis exercidos

pelo tutor demanda formação contínua que lhe permita desempenhar suas funções com vistas à

qualidade do ensino.

Assim, é preciso pensar em uma formação que atenda as especificidades exigidas do tutor e

desenvolva as competências necessárias para o exercício da tutoria, contribuindo, dessa forma, para

a qualidade da EaD. Na formação para atuar em disciplinas a distância ou semipresencial é

necessário que o tutor possa ter a experiência de ser aluno on line, ou seja, é preciso unir teoria e

prática.

Um aspecto que merece atenção é a necessidade de regulamentação da profissão. O tutor

exerce atividades compatíveis a do professor, mas não tem sua atividade reconhecida como

pertencente à docência. A ação do tutor é um dos elementos fundamentais para o sucesso da EaD e

a falta de regulamentação da profissão acarreta a desvalorização do profissional. Entende-se que a

profissionalização do tutor em carreira docente represente um avanço significativo para a qualidade

da EaD.

Com relação à mediação, constatou-se que esses profissionais estão comprometidos com

uma prática voltada para a autonomia do aluno, estabelecendo estratégias de mediação que visem

motivá-los a pesquisa e a colaboração, despertando no aluno o sentimento de pertencer ao grupo.

A mediação do tutor é fundamental para o desenvolvimento do aluno, pois para que haja

interação dentro do ambiente virtual o aluno precisa ser motivado, caso contrário, os alunos não

interagem de forma produtiva, tendo somente a troca de informação sem nenhuma reflexão.

Percebeu-se pelos relatos que existia por parte do tutor a vontade de que os alunos participassem

mais ativamente das discussões e tarefas propostas.

Acredita-se ser necessário o desenvolvimento de mais pesquisas sobre a mediação e a

interação feita pelos tutores, de modo a ter acesso a visão deles sobre sua ação tutorial. Estudos

sobre mediação e interação em ambientes virtuais podem contribuir para a qualidade da prática

pedagógica dos tutores nesses ambientes. Além disso, é preciso incentivar a investigação sobre o

perfil do tutor e os papéis desempenhados por ele na EaD. Pesquisas com dados que mostrem como

o tutor exerce muitas funções fundamentais à qualidade da EaD podem trazer novos significados

para esse profissional da educação.

Espera-se, com esse trabalho, contribuir para a discussão sobre a mediação e a interação em

ambientes virtuais, a partir da visão do tutor, e colaborar para a compreensão das ações

desenvolvidas na tutoria.

Page 29: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

28

5. Referências

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Page 32: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

31

6. Apêndices

6.1 Apêndice 1

Prezado(a) Tutor(a),

Esse questionário possui como objetivo traçar um perfil do tutor a distância e verificar

quais ações são executadas no processo de ensino-aprendizagem.

A primeira parte do questionário é voltada para traçar o perfil do educador que está atuando

na EaD. A segunda parte focaliza as ações realizadas por esse profissional. Gostaríamos de

enfatizar que:

* Este questionário não se constitui em um instrumento avaliativo;

* Será garantido o anonimato de suas respostas;

* Em nenhum momento haverá julgamentos ou juízos de valor acerca de suas respostas;

* Esta pesquisa poderá contribuir com sugestões para a melhoria dos cursos na modalidade a

distância.

Sua participação é fundamental para o êxito da pesquisa. Venha, colabore e preencha o

questionário. Ajude-nos a melhorar os cursos de educação a distância. Contamos com sua ajuda e

colaboração.

Obrigada pela sua colaboração,

Lilia Gonçalves (aluna do curso de pós-graduação lato sensu em Planejamento, Implementação e

Gestão da EaD).

QUESTIONÁRIO

PERFIL

1. Idade: ( ) 21 a 25 anos ( ) 26 a 30 anos ( ) 31 a 35 anos ( ) 36 a 40 anos ( ) Acima de 40 anos

2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Formação:

( ) Nível Superior – curso __________________________________________________________

( ) Pós-graduação – curso__________________________________________________________

4. Há quanto tempo leciona como regente de turma na modalidade presencial?

( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos ( ) Não atua

5. Há quanto tempo atua como tutor na modalidade presencial?

( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos ( ) Não atua

6. Há quanto tempo atua como tutor na modalidade a distância?

( ) Entre 1 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos

7. Em qual(is) instituição(ões) já atuou ou atua como tutor?

_______________________________________________________________________________

8. Fez cursos específicos para atuar como tutor a distância? ( ) Não ( )Sim

Nome do curso e instituição: _______________________________________________________

9. Se você respondeu SIM a questão 7, responda: Dos conhecimentos adquiridos em sua

formação específica para exercer a tutoria, quais você considera que foram mais relevantes?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

10.Que sugestões você propõe em relação a formação dos tutores para a atuação na EaD?

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

11. Quais ambientes virtuais de aprendizagem você conhece?

Page 33: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

32

( ) TelEduc

( ) Moodle

( ) E- proinfo

( ) Learning space Forum

( ) WebCT

( )AulaNet

( ) Outros. Quais?________________________________________________________________

12. Quais ambientes virtuais de aprendizagem você utiliza em sua prática como tutor de

EaD?

( ) TelEduc

( ) Moodle

( ) E- proinfo

( ) Learning space Forum

( ) WebCT

( )AulaNet

( ) Outros. Quais?________________________________________________________________

SOBRE A TUTORIA

13. Quantas vezes por semana você entra em contato com os alunos (e-mail, chat, fórum,

etc.)?

( ) 1 a 2 vezes ( ) 3 a 4 vezes ( ) Diariamente ( ) Em momentos prefixados no curso.

14. Quais ferramentas de interação você utiliza na tutoria?

( ) chat ( ) e-mail ( ) fórum ( ) Outras________________________________________

15. Marque as atividades que você realiza como tutor (Pode assinalar mais de uma

alternativa):

1 ( ) Participa de curso de formação em EaD.

2 ( ) Orienta o estudo e a aprendizagem dos alunos.

3 ( ) Faz a mediação no ambiente virtual, propiciando um aprofundamento dos tópicos discutidos.

4 ( ) Mantém contato com frequência por e-mail, fórum, chat, etc.

5 ( ) Define as estratégias/atividades a serem utilizadas (fóruns, chats, videoaulas).

6 ( ) Faz o acolhimento dos alunos no início do curso apresentando a didática utilizada.

7 ( ) Contacta alunos ausentes ou desanimados.

8 ( ) Corrige as atividades realizadas pelos alunos.

9 ( ) Incentiva e estimula o aluno.

10 ( )Disponibiliza e fornece informações aos alunos.

11 ( ) Está atento ao nível de interatividade dos alunos para identificar quais precisam ser

motivados.

12 ( ) Realiza o lançamento de notas em meio eletrônico.

13 ( ) Participa de encontros presenciais com os alunos.

14 ( ) Acompanha e corrigi trabalhos, provas, relatórios de estágio ou trabalho de conclusão de

curso.

15 ( ) Participa da elaboração de material suplementar para apoio à aprendizagem.

16 ( ) Estabelece ligação afetiva com o aluno.

17 ( ) Desenvolve recursos pedagógicos complementares ou materiais de tutoria.

18 ( ) Estabelece um postura de ligação entre o professor e o aluno.

19 ( ) Planeja e orienta os debates entre alunos.

20 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades pessoais que interferem no bom o andamento do

curso.

21 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades pedagógicas .

22 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades administrativas relativas ao curso.

23 ( ) Auxilia o aluno a resolver dificuldades tecnológicas relativas ao curso.

24 ( ) Estimula uma postura reflexiva-reflexiva do aluno em seu processo de construção do

conhecimento.

Page 34: Interação e Mediação - Uma Análise a Partir Das Perspectivas Dos

33

25 ( ) Participa da atualização dos conteúdos das disciplinas.

26 ( ) Estimula a comunicação e o trabalho colaborativo entre alunos.

27 ( ) Outra. Qual(ais)?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

16.Você se considera preparado para atuar na modalidade EaD?

1 ( ) Sim, bem preparado (a).

2 ( ) Sim, razoavelmente preparado (a).

3 ( ) Não, pouco preparado (a).

4 ( ) Não, totalmente despreparado (a).

16.1 Justifique a resposta acima.

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

17. Cite três elementos facilitadores e 3 elementos restritivos com relação ao exercício da

tutoria em cursos a distância.

Facilitadores:____________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Restritivos:______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

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34

6.2 Apêndice 2

Roteiro para a entrevista:

1. Qual foi sua motivação para atuar na educação on-line?

2. No seu ponto de vista, o que muda na EaD em termos de estratégias para a construção do

conhecimento?

3. No seu ponto de vista, quais os ganhos efetivos dessa nova modalidade educacional?

4. Como você vê a receptividade dos alunos à EaD?

5. Quais são as competências e habilidades para atuar como tutor?

6. Que características compõem a mediação do tutor no fórum de discussão?

7. Quais são os questionamentos mais frequentes dos alunos nos fóruns (acadêmicos,

administrativos, pedagógicos)?

8. Os alunos que têm uma participação mais efetiva nos fóruns conseguem desenvolver melhor as

tarefas propostas?

9. A mediação do tutor nos fóruns é fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos propostos?

10. É possível analisar a qualidade da mediação? De que forma?

11. Como você descreve a sua participação nos fóruns de sua disciplina? Comente aspectos que

julgar relevantes.

12. Quais ações do tutor podem contribuir para o desenvolvimento dos alunos e quais atitudes

podem prejudicar o seu desenvolvimento?