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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA INTERFACE DE GESTÃO ATIVA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA SMART-GRIDS Ian Mauro Concha Chia Vitor Teles Correia Curitiba - PR 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

INTERFACE DE GESTÃO ATIVA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA SMART-GRIDS

Ian Mauro Concha Chia Vitor Teles Correia

Curitiba - PR 2011

Ian Mauro Concha Chia - GRR20054791 Vitor Teles Correia - GRR20054999

INTERFACE DE GESTÃO ATIVA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA SMART GRIDS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial à

obtenção do grau de Engenheiro, do

Curso de Engenharia Elétrica, Setor de

Tecnologia, Universidade Federal do

Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Rasi

Aoki

Curitiba - PR 2011

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos familiares e às companheiras, pela compreensão

nos momentos difíceis e pelo apoio diante das adversidades, nos dando força para

superar os obstáculos.

Ao nosso orientador, Professor Dr. Alexandre Rasi Aoki, pela oportunidade de

desenvolver este tema sob sua orientação, pelos valiosos conselhos e auxílio

durante todas as etapas do desenvolvimento da monografia.

Ao amigo Fernando Dias, que se dispôs a nos auxiliar incondicionalmente em

inúmeras oportunidades, compartilhando seus vastos conhecimentos em

programação, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento da interface.

Ao curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná, pela

formação de qualidade, aos professores e a todos os amigos docentes e discentes

que marcaram esta trajetória ao longo do curso.

RESUMO

Diante da implementação eminente das redes inteligentes, proporcionada pelo

avanço das tecnologias de comunicação nas redes de distribuição, um novo

paradigma do sistema elétrico vem sendo formado, os smart grids. Em uma época

na qual as preocupações com sustentabilidade são cada vez mais crescentes, o

gerenciamento pelo lado da demanda de consumidores residenciais passa a ser

uma importante ferramenta de gestão de energia. Os smart grids viabilizam a

criação de sistemas de gestão de energia que ofereçam benefícios tanto aos

consumidores como às concessionárias. Desenvolvida a partir da medição do

consumo de energia em uma instalação elétrica de um consumidor residencial,

neste trabalho, é apresentada uma proposta de interface web para um sistema de

gestão de energia adequado aos paradigmas dos smart grid, de modo que sejam

apresentadas ao usuário informações que permitam visualizar e entender os gastos

com energia elétrica, desta forma podendo controlar e até mesmo adequar seus

hábitos de consumo.

Palavras-Chave: Redes Inteligentes, Gerenciamento pelo Lado da Demanda,

interface amigável, gerenciamento do consumo

ABSTRACT

Faced with the imminent implementation of intelligent grid, due to the improvement

of communication technologies in distribution networks, a new model of the electrical

system has been shaped, the smart grids. In an era where concerns about

sustainability are increasingly growing, the demand-side management of

residentialconsumersbecomesanimportanttoolforenergymanagement.Smart grids

enable the creation of energy management systems that offers benefits to both

consumers and utilities. Developed from the measuring or energy consumption in a

residential’s electrical wiring, this paper presents a proposal for a web interface of a

energy management system, suited to smart grids model, in order to present to the

user information to visualize and understand the expenses with electricity, thus being

able to control and even adjust their comsumption habits.

Key words: Smart Grids, Demand-Side Management, userfriendly interface, energy

management.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. ESQUEMÁTICO DE UMA RESIDÊNCIA CONECTADA À UMA REDE

INTELIGENTE .......................................................................................................... 22

FIGURA 2 – REDUÇÃO DE PICO ........................................................................... 29

FIGURA 3 – DESLOCAMENTO DE CARGA ........................................................... 29

FIGURA 4 – PREENCHIMENTO DE VALES ........................................................... 30

FIGURA 5 – CRESCIMENTO ESTRATÉGICO DE CARGA .................................... 31

FIGURA 6 – CURVA DE CARGA FLEXÍVEL ........................................................... 31

FIGURA 7 – CONSERVAÇÃO ESTRATÉGICA ....................................................... 32

FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO POSTOS TARIFÁRIOS................................................ 34

FIGURA 9 – ENTRADA RESIDENCIAL (REDES INTELIGENTES) ........................ 35

FIGURA 10 – VISTA FRONTAL DO ANALISADOR DE POTÊNCIA MARH-21 ...... 36

FIGURA 11 – CONEXÃO DOS ALICATES DE TENSÃO E CORRENTE DO MARH-

21 (FONTE: MANUAL DO USUÁRIO MARH-21) .................................................... 36

FIGURA 12 – CONEXÃO NA RESIDÊNCIA ............................................................ 37

FIGURA 13 – VISTA INFERIOR DO ANALISADOR DE POTÊNCIA MARH-21 ...... 37

FIGURA 14 – UNIFILAR DO APARTAMENTO ANALISADO .................................. 38

FIGURA 15 – ESTRUTURA UTILIZADA PARA CONCEPÇÃO DO SISTEMA ........ 39

FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO GRÁFICO DO CONSUMO DIÁRIO ..................... 41

FIGURA 17- ILUSTRAÇÃO DA ESTIMATIVA DE GASTOS .................................... 43

FIGURA 18 – TELA DE IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO ........................................ 46

FIGURA 19 –TELA INICIAL DA INTERFACE .......................................................... 47

FIGURA 20 – PÁGINA INICIAL HISTÓRICO DE CONSUMO ................................. 47

FIGURA 21 – HISTÓRICO DE CONSUMO DIÁRIO ................................................ 48

FIGURA 22 – HISTÓRICO DE CONSUMO DIÁRIO DETALHADO ......................... 49

FIGURA 23 – HISTÓRICO DE CONSUMO SEMANAL ........................................... 50

FIGURA 24 – HISTÓRICO DE CONSUMO MENSAL.............................................. 51

FIGURA 25 – CONSUMO DO DIA 23 DE AGOSTO DE 2011 ................................. 52

FIGURA 26 – CONSUMO DO DIA 30 DE AGOSTO DE 2011 ................................. 52

FIGURA 27 – ESTIMATIVA DE GASTOS FATURA DE OUTUBRO DE 2011 ......... 54

FIGURA 28 – TELA DO CONTROLE DIRETO DE CARGA MOSTRANDO AS

OPÇÕES DE INÍCIO DE CICLO COM OS SEUS RESPECTIVOS VALORES PARA

A LAVA E SECA ROUPAS 9 KG ............................................................................. 55

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – VALORES DA TARIFA NOS DIFERENTES POSTOS. ....................... 40

TABELA 2– RECOMENDAÇÕES BÁSICAS DE USUABILIDADE .......................... 45

TABELA 3 – CÁLCULO PARA ESTIMATIVA DE GASTOS ..................................... 53

TABELA 4 – CÁLCULO ESTIMATIVA DA FATURA DE OUTUBRO DE 2011 ........ 53

TABELA 5- RECOMENDAÇÕES DE USUABILIDADE CONTEMPLADAS PELA

INTERFACE ............................................................................................................. 56

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1 CONTEXTO ....................................................................................... 13

1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................ 14

1.2.1 Objetivos Específicos ................................................................... 14

1.2.2 Funcionalidades ........................................................................... 14

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 15

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ...................................................... 15

2 SMART GRID ........................................................................................... 17

2.1 O QUE É SMART GRID ..................................................................... 17

2.2 MISSÃO ............................................................................................. 18

2.3 FUNÇÕES E OBJETIVOS ................................................................. 18

2.3.1 Motivar o gerenciamento pelo lado da demanda ......................... 19

2.3.2 Fornecer energia de melhor qualidade ao consumidor ................ 19

2.3.3 Acomodar a microgeração e armazenamento de energia ........... 20

2.4 TECNOLOGIA E INFRAESTRUTURA PARA SMART GRID ............. 21

2.5 ESTUDOS DE CASO ......................................................................... 22

2.5.1 França .......................................................................................... 23

2.5.2 Noruega ....................................................................................... 23

2.5.3 Estados Unidos ............................................................................ 23

2.6 IMPLEMENTAÇÃO DO SMART GRID NO BRASIL .......................... 24

3 GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA .................................... 26

3.1 CONCEITO ........................................................................................ 26

3.2 OBJETIVOS DO GLD ........................................................................ 27

3.3 MÉTODOS E VANTAGENS ............................................................... 28

3.3.1 Redução de Pico (Peak Clipping): ............................................... 28

3.3.2 Deslocamento de Carga (Load Shifting): ..................................... 29

3.3.3 Preenchimento de Vales (Valley Filling): ...................................... 30

3.3.4 Crescimento Estratégico da Carga (Strategic Growth): ............... 30

3.3.5 Curva de carga flexível ................................................................ 31

3.3.6 Conservação Estratégica ............................................................. 31

3.4 TECNOLOGIAS E OPORTUNIDADES DO GLD ............................... 32

3.5 TARIFAÇÃO BRANCA ....................................................................... 33

4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 35

4.1 COLETA DE DADOS ......................................................................... 35

4.2 LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO E BANCO DE DADOS ............. 39

4.3 TARIFAÇÃO ....................................................................................... 40

4.4 MÉTODOS DE ANÁLISE DO CONSUMO ......................................... 40

4.4.1 Consumo Diário por Hora............................................................. 40

4.4.2 Consumo da Semana por Dia ...................................................... 41

4.4.3 Consumo Mensal por Dia ............................................................. 42

4.5 MÉTODOS DE CONTROLE DE CARGA ........................................... 42

4.6 MÉTODO DE ESTIMATIVA DE GASTOS ......................................... 42

4.7 MÉTODO DE ANÁLISE DE USABILIDADE DO SISTEMA ................ 44

5 ANÁLISE E RESULTADOS ...................................................................... 46

5.1 HISTÓRICO DE CONSUMO .............................................................. 47

5.1.1 Comparativo entre dois dias de consumo .................................... 51

5.2 ESTIMATIVA DE GASTOS ................................................................ 53

5.3 CONTROLE DIRETO DE CARGA ..................................................... 54

5.4 USABILIDADE DO SISTEMA............................................................. 55

6 CONCLUSÕES E SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS .................. 57

6.1 CONCLUSÕES .................................................................................. 57

6.2 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ........................................ 57

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 58

13

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

As preocupações crescentes com sustentabilidade têm incentivado a

geração de energia a partir de métodos mais eficientes e a utilização de

equipamentos de uso final que consumam menos. Considerando ainda que o

armazenamento de energia elétrica não é viável do ponto de vista econômico, o

balanceamento entre a geração e a demanda deve ser constantemente ajustado em

tempo real. Além disso, a demanda ao longo do dia possui valores de mínimo

máximo consumo, onde o custo da geração de energia elétrica apresenta valores

variáveis, entre outras, devido aos limites de operação das unidades geradoras. De

uma forma geral, o mercado da energia opera de forma a maximizar o benefício

social (geradores e consumidores), porém o consumidor é atualmente cobrado por

um preço médio, que não representa o valor correspondente ao custo de geração

naquele instante. Uma vez que o sistema elétrico é dimensionado para atender aos

períodos de maior consumo (ponta), é facilmente perceptível que a utilização da

capacidade de geração não é realizada de maneira eficaz.

Quando o assunto é otimizar a utilização do sistema de potência, o

Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) é uma ferramenta importante a ser

considerada. Aliada à implantação das redes inteligentes, uma das vantagens a ser

destacada, é o surgimento de uma grande interação dos clientes com o sistema de

distribuição, escolhendo tarifas e fazendo gestão ativa a fim de adequar o consumo.

Considerando que as empresas passem a estimular o deslocamento do consumo

para outros intervalos, por exemplo através da adoção de postos tarifários com

valores (R$/kWh) variáveis, torna-se possível otimizar a geração de energia para os

patamares de consumo, proporcionando uma demanda adequada à capacidade

racional de geração e distribuição, racionalizando os custos e a utilização da rede

de distribuição, beneficiando o sistema como um todo.

A proposta deste trabalho é focada no desenvolvimento de um sistema que

permita que o consumidor e a concessionária trabalhem em parceria a fim de

racionalizar o consumo da energia elétrica, sendo possível controlar cargas (ou

equipamentos, tais como lavadoras, secadoras de roupa, ar condicionados, carros

14

elétricos), permitindo ao usuário configurar seu consumo de energia elétrica, de

modo a optar pela melhor utilização da energia, de acordo com a necessidade do

consumidor, acionando as cargas automaticamente no horário desejado, inclusive

considerando situações onde a tarifa de energia é mais barata em determinados

horários. Além disso, o sistema procura apresentar informações acerca do consumo

de modo que os consumidores entendam e reconheçam facilmente seus perfis de

consumo. Desta forma, pode-se obter um perfil da curva de carga mais uniforme,

logo são reduzidos desperdícios, custos e investimentos em novas unidades

geradoras.

1.2 OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma interface de um sistema de gestão ativa de consumo que

leia e interprete os dados obtidos a partir de um analisador de potência e

disponibilize informações ao usuário.

1.2.1 Objetivos Específicos

• Coletar e analisar dados de tensão, corrente, potências e energia de um consumidor residencial a uma determinada taxa de amostragem com um analisador de consumo, a fim de proporcionar informações suficientes para a construção das curvas de carga;

• Simular diferentes configurações de consumo possíveis de um consumidor residencial;

• Desenvolver um método para estimar a economia proporcionada a um consumidor residencial devido à utilização de um sistema de gestão ativa baseado em GLD em um consumidor residencial;

• Identificar tendências de gastos e apresentá-las ao usuário em kWh e em R$h, referentes ao consumo de energia mensal, utilizando como referência os dados armazenados a partir da leitura do medidor;

• Desenvolver um método de avaliar se a utilização da energia está ocorrendo de forma otimizada;

• Desenvolver um método eficaz de monitoramento das cargas que possibilite efetuar o controle de carga, considerando conceitos de GLD, propondo alternativas ao perfil de consumo do usuário;

1.2.2 Funcionalidades

• Apresentar ao usuário, de maneira didática e de fácil compreensão, a curva da carga em função das horas do dia;

15

• Alertar o usuário sobre informações enviadas pela concessionária, tais como interrupções de fornecimento programadas, vencimento de faturas, etc;

1.3 JUSTIFICATIVA

Sistemas de medição e monitoramento do consumo de energia já existem

para o serviço de fornecimento de energia atual, porém estes foram desenvolvidos

para operarem em uma rede sem a plataforma de smart grids, onde conceitos como

controle da carga, ou GLD, eram de difícil execução. O desafio encontra-se em

desenvolver um sistema adequado às mudanças de paradigmas provenientes da

implantação dos smart grids, que gerencie o consumo de uma unidade

consumidora, promova a utilização mais eficaz da energia elétrica, forneça dados

acerca do consumo de maneira simples, desta maneira favorecendo o uso racional

e economia para o usuário e ao mesmo tempo, possibilitando à concessionária e ao

consumidor realizar a gestão ativa do consumo.

O sistema proposto, de gerenciamento pessoal de energia, apropriado aos

paradigmas de smart grids e com suporte a plataforma Web, será responsável por

obter e armazenar dados de consumo, a fim de proporcionar informações

suficientes para a construção das curvas de carga. O sistema irá processar os

dados de modo a apresentá-los ao usuário, em uma interface gráfica, de maneira

didática e de fácil compreensão, permitindo identificar tendências de gastos

decorrentes de seu consumo.

Outro aspecto proposto para o sistema refere-se ao desenvolvimento de um

método para avaliar se a utilização da energia está ocorrendo de forma otimizada,

estimulando atitudes e conceitos anti-desperdício de energia. O monitoramento das

cargas fornecerá dados para que o sistema proponha alternativas de utilização dos

equipamentos considerando conceitos de GLD, possibilitando o controle de carga,

resultando em um uso mais eficiente dos recursos.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Este trabalho encontra-se subdividido em mais 5 capítulos além da

Introdução. Os capítulos 2 e 3, consistem na revisão bibliográfica acerca de Smart

Grids e Gerenciamento pelo Lado da Demanda, respectivamente. No capítulo 4,

serão abordados os materiais utilizados para o desenvolvimento do sistema, bem

16

como os métodos empregados. O capitulo 5 apresenta os testes efetuados e os

resultados obtidos. No capítulo 6, são expostas as conclusões e sugestões de

trabalhos futuros.

17

2 SMART GRID

2.1 O QUE É SMART GRID

Smart grid é um termo que se refere às novas e inteligentes redes de

energia elétrica, viabilizadas por uma nova plataforma tecnológica de integração

entre ativos de energia, telecomunicações e tecnologia de informação.

A Plataforma Tecnológica Européia define smart grids, como redes de

eletricidade que podem integrar inteligentemente o comportamento e as ações de

todos os usuários conectados a ela - produtores, consumidores e aqueles que

fazem as duas coisas (prosumers) - a fim de eficientemente entregar um

fornecimento de energia sustentável, e econômico (SMART GRIDS – EUROPEAN

TECHNOLOGY PLATFORM; Disponível em Abril/2011 no site http://smartgrids.eu/).

Uma característica fundamental a ser observada com a implementação

deste novo paradigma no sistema de potência atual, é a existência do fluxo

bidirecional de energia e dados. Com isto, a concessionária de energia pode obter

dados atualizados e mais precisos em relação ao consumo dos seus clientes,

permitindo monitorar o fluxo de potência em tempo real, otimizando a capacidade da

rede, podendo inclusive intervir no caso de sobrecargas, por exemplo, de modo a

evitar interrupções, antes que esta venha a acontecer. Através da comunicação

bidirecional, é possível também, endereçar automaticamente as perturbações na

rede.

Além disto, com o surgimento dos carros elétricos, e o avanço das

tecnologias de geração a partir de fontes alternativas e da disseminação da geração

distribuída, os consumidores passaram a poder gerar energia (eólica, solar, entre

outras) nas suas residências, ou ainda, armazenar energia nas baterias de veículos

elétricos. Como eventualmente a capacidade de geração pode exceder o consumo,

surge também a possibilidade de integrar essas opções de geração à rede,

vendendo (ou negociando) o excedente de energia à concessionária. Desta forma,

mensurando o fluxo de potência nos dois sentidos, os smart grids são também, uma

maneira de incorporar estes clientes especiais ao sistema elétrico atual.

18

2.2 MISSÃO

Especialistas estimam que nos próximos quarenta anos, a demanda

mundial por energia elétrica irá dobrar. Porém, face às preocupações com

sustentabilidade não seria admissível que as emissões de gás carbônico

aumentassem na mesma proporção. As metas européias, por exemplo, buscam

reduzir as emissões pela metade (PATHWAYS TO ENERGY & CLIMATE CHANGE.

Disponível em outubro de 2011 no site:

http://www.wbcsd.org/web/publications/pathways.pdf). Além disto, a construção de

novas unidades de geração e transmissão perto dos grandes centros de consumo

(onde elas são mais necessárias) está cada vez mais difícil.

Devido a inviabilidade do armazenamento de energia, tem-se hoje um

sistema de geração, transmissão e distribuição dimensionado para suprir as

necessidades dos seus consumidores nos horários de maior demanda

(normalmente de curta duração). Durante maior parte do dia, várias usinas de

geração de energia estão funcionando em carga mínima ou sequer estão

funcionando.

Levando em consideração os aspectos citados acima, pode-se dizer que a

grande missão da implementação do Smart Grids é a utilização de novos conceitos

e tecnologias visando um maior controle e otimização de toda a rede elétrica.

2.3 FUNÇÕES E OBJETIVOS

Antes que sejam abordadas as tecnologias e infraestrutura necessária para

implementação deste novo paradigma, faz-se necessário conhecer as principais

funções das redes inteligentes:

a) Motivar o gerenciamento pelo lado da demanda;

b) Fornecer energia de melhor qualidade ao consumidor;

c) Capacidade de auto-recomposição;

d) Acomodar mais opções de geração e armazenamento de energia;

19

2.3.1 Motivar o gerenciamento pelo lado da demanda

Como a concessionária pode saber exatamente qual a demanda de energia

em determinado instante, esta pode oferecer ao consumidor uma tarifa proporcional

ao valor da geração, transmissão e distribuição da energia naquele momento.

Devido à esta troca de informações, será possível que a concessionária

oferte tarifas com diversos valores de R$h, na tentativa de que o consumidor

diminua sua média de consumo, principalmente no horário de pico.Com isto o

consumidor é incentivado a controlar ativamente a carga de sua residência, uma vez

que este controle irá afetar diretamente o valor da sua fatura de energia. Assim,

através na mudança em seu perfil de consumo, o consumidor passa a contribuir

diretamente para a diminuição do pico de carga do sistema.

No Brasil foi aprovada recentemente a regulamentação que define os

pormenores do modelo de tarifação a ser utilizada no país. Esse tema será

abordado de uma maneira mais detalhada no capítulo 3 deste trabalho.

2.3.2 Fornecer energia de melhor qualidade ao consumidor

Na ocorrência de uma interrupção no fornecimento de energia, a

concessionária deixa de faturar, pois assim não vende energia aos seus clientes.

Além disto, existe outro fator a ser considerado que é o impacto e os prejuízos

causados à sociedade, que pode vir a ser cobrado da concessionário por meio de

indenizações. O prejuízo total considerando estes dois fatores é definido como custo

de interrupção e é estimado em 2,12 USD/kWh (MUSSI e OLIVEIRA, 2005).

Com este novo paradigma, a concessionária pode agir de forma mais

eficiente em caso de uma falha na rede, como por exemplo, encontrando um novo

caminho de fornecimento, isolando a falha, ou até desligando seletivamente

equipamentos quando em uma situação de sobrecarga crítica.

2.3.2.1 Maior segurança na rede

O Brasil é um dos países com maior potencial para geração de energia

elétrica. Mesmo assim, é praticada atualmente uma tarifa bem superior à de outros

países com o mesmo porte. Uma das razões para isto pode ser atribuída ao roubo

de energia elétrica(Recursos hídricos - Potencial Energético; Disponível em outubro

20

de 2011 no site http://www.brasil.gov.br/sobre/geografia/recursos-hidricos/crescente-

potencial-energetico).

Assim, os consumidores que não praticam este crime têm que arcar com as

consequências, por meio da inclusão de valores adicionais na tarifa de modo a

custear também o custo da energia consumida através de uma ligação clandestina.

Com a interação entre concessionária e consumidor através da

comunicação bidirecional, essa pode detectar sem maiores problemas uma ligação

clandestina, intervindo de maneira eficaz evitando a ocorrência destes problemas.

Desta forma, a tarifa tende a ser mais barata pois todos os consumidores pagam por

sua energia consumida.

2.3.2.2 Capacidade de “auto-recomposição”

Usando informações em tempo real dos medidores inteligentes, as redes

inteligentes podem prever, detectar e responder aos problemas na rede na tentativa

de evitar ou minimizar ao máximo as interrupções de energia.

2.3.3 Acomodar a micro-geração e armazenamento de energia

Existem inúmeras maneiras de armazenar energia nos dias atuais, porém

poucas delas são financeiramente viáveis para a concessionária de energia.O carro

elétrico é um exemplo de armazenamento de energia de sucesso já em alguns

projetos pilotos ao redor do mundo. O usuário carrega o seu carro durante a

madrugada, quando a tarifa é reduzida e quando retorna do seu trabalho (horário de

pico de carga), utiliza a energia remanescente para realizar atividades cotidianas

que exigem energia elétrica, ou pode ainda vender a carga restante do seu carro

para a rede.

O carro deixa de ser simplesmente um meio de locomoção e passa a ser

um meio de economizar dinheiro. Mais uma maneira para conseguir deixar a curva

de carga mais uniforme.

Quanto a geração de energia, mais fontes renováveis podem ser integradas

à matriz energética através da geração independente (ou micro-geração), como por

exemplo, a biomassa, eólica ou solar. Com isto, torna-se viável que o consumidor

também produza energia, passando a exercer um papel ativo em relação a

operação do sistema.

21

O grande benefício ao sistema que vem com isto é o melhor suporte a

demanda no horário de pico, pois estes prosumers estarão usando energia própria

para suprir sua demanda ou até mesmo, em caso de a capacidade de geração ser

superior ao consumo da residência, vendendo energia à concessionária.

2.4 TECNOLOGIA E INFRAESTRUTURA PARA SMART GRID

Para que seja possível usufruir de todos estes benefícios que o smart grid

agrega à rede elétrica atual, são necessários grandes investimentos em uma nova

infraestrutura com novas tecnologias que não são suportadas pela rede atual ou não

são compatíveis com as tecnologias atuais.

Primeiramente, para que haja uma confiabilidade nos dados que são

utilizados para variados fins durante o planejamento e a operação do sistema, além

de monitorar fugas e/ou furtos de energia,é necessária uma comunicação

bidirecional integrada que envolve desde a unidade geradora de energia até o

usuário final.Esta comunicação integrada também tem que garantir uma

interoperabilidade entre todos os equipamentos.

Um ponto importante a se destacar é a questão da medição inteligente de

energia. Não há possibilidade de analisar todo o sistema em tempo real se também

não existir uma medição instantânea na residência de cada consumidor. Para tanto,

faz-se necessária a troca dos medidores eletromecânicos ou eletrônicos por

medidores inteligentes.

Além dos medidores inteligentes, também é necessária a inserção no

mercado dos plugues inteligentes (do inglês smart plugs). Estes plugues são

responsáveis pela micro-medição em um equipamento e pela comunicação com o

medidor inteligente. Estes plugues são fundamentais para os eletrodomésticos

inteligentes, que por sua vez tendem a possuir um plugue inteligente integrado.

22

FIGURA 1. ESQUEMÁTICO DE UMA RESIDÊNCIA CONECTADA À UMA REDE INTELIGENTE (FONTE: COMPANHIA PARANAENSE DE ELETRICIDADE – COPEL)

A figura acima mostra como é a interação entre os equipamentos elétricos

dentro de uma residência, feita através de um medidor inteligente, o qual é munido

de uma comunicação direta com uma interface de gestão ativa de consumo. Desta

forma, é possível o controle ativo das cargas de maior expressão, bem como a

micro-geração (por exemplo, painéis solares).

2.5 ESTUDOS DE CASO

No Brasil, o conceito smart grid ainda é um conceito recente. Pesquisas e

testes a respeito do assunto por parte de concessionárias e órgãos

regulamentadores no Brasil são relativamente novos, comparados ao que é

percebido ao redor do mundo. Países como Itália e Estados Unidos, tomaram a

dianteira já no começo do século, com estudos e testes acerca de medição

inteligente, bem como o gerenciamento do consumo.

Na grande maioria dos casos, foram feitos testes pontuais para que fosse

possível fazer uma análise de viabilidade em caso de uma implementação em maior

escala. A seguir, serão abordados separadamente alguns casos de sucesso ao

redor do mundo.

23

2.5.1 França

Na região de Lore, entre os anos de 1998 e 2003, a Électricité de France

(EDF) fez um teste relativo a tarifação diferenciada para consumidores residenciais.

Foram selecionados alguns consumidores para que fossem aplicadas a estes

técnicas de gerenciamento pelo lado da demanda. Para tanto, foi estabelecida a

estes uma tarifa horo-sazonal que consistia em dois valores de tarifa: um para

horário de pico e outro para fora de pico.

Através deste estudo, obteve-se como resultado que 58% dos

alimentadores poderiam postergar a necessidade de um aumento ou reforço da

rede através da modificação tarifária. Além disto, mais da metade dos 25% dos

clientes que participaram da pesquisa e foram consultados, aprovaram esta nova

tarifação e a aceitariam em suas residências (IEA – PI02; Disponível no site

http://www.ieadsm.org/CaseStudies.aspx).

2.5.2 Noruega

Entre os anos de 2001 e 2004 foi feito um estudo sobre a flexibilidade do

consumidor através do uso de tecnologias de informação e comunicação para

controle remoto de aquecedores de água. Para isto, contou-se com a colaboração

de 2 operadores da rede elétrica que forneceram comunicação bidirecional a cerca

de onze mil consumidores, em grande parte residencial.

Após toda a implementação da infraestrutura necessária, observou-se entre

os meses de novembro de 2003 à março de 2004 uma diminuição de cerca de 3,2

MW do pico de energia. Foi estimado um potencial para redução de até 600 MW do

pico de demanda se aplicado em toda a Noruega(IEA – PI05; Disponível no site

http://www.ieadsm.org/CaseStudies.aspx).

2.5.3 Estados Unidos

Em 2001 foi feito um teste com cargas interruptíveis pela concessionária em

Long Island, Nova Iorque. Este teste foi abrangido por clientes residenciais,

comerciais e pequenas indústrias. Para cada um desses foi dado um bônus em

dinheiro pela participação, bem como os dispositivos necessários para a

comunicação bidirecional.

24

Este teste baseava-se em o consumidor autorizar que a concessionária

controlasse o sistema de resfriamento dos consumidores durante o verão. Porém

não seriam todos os dias do verão: a concessionária poderia controlar o sistema de

resfriamento de cada residência durante 7 dias dos 4 meses do verão entre às 14 e

18 horas.

Com a participação de 20400 clientes residenciais e 3000 clientes

comerciais, foi prevista uma redução de 24,9 MW em horário de pico em dias de

verão, sendo este valor altamente dependente da temperatura do dia (por se tratar

de sistema de ar-condicionado). Cada carga residencial permitiu uma redução

média de 1,03 kW e comercial de 1,35 kW. O custo médio da redução foi de USD

487/kW de redução de demanda, que foram pagos pela Long Island Power Authority

(LIPA)(IEA – DC03; Disponível no site http://www.ieadsm.org/CaseStudies.aspx).

2.6 IMPLEMENTAÇÃO DO SMART GRID NO BRASIL

Nos últimos anos muito se tem falado sobre as redes inteligentes no Brasil,

porém pouco tem sido efetivamente implementado pelas concessionárias. Fala-se

em, como citado no item 1.3 deste artigo, grandes vantagens que esta nova

plataforma pode trazer as concessionárias e ao consumidor, porém pouco se vê de

concreto sendo realizado.

A Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, prometeu que no até o fim

do ano corrente será divulgada a primeira, cuja audiência pública foi encerrada em

outubro, de um total de duas normas relativa a SmartGrids no Brasil. Esta norma

visa regulamentar o padrão que deve ser seguido pelos fabricantes em potencial de

medidores inteligentes para o Brasil. Também sabe-se que nesta norma será

descrito um padrão de comunicação a ser seguido para assegurar a

interoperabilidade entre medidores, plugues inteligentes, interfaces de

gerenciamento e eletrodomésticos inteligentes (ANEEL. Disponível em agosto de

2011 no site www.aneel.gov.br).

Devido à lentidão que se vê por parte dos órgãos reguladores, as

concessionárias de energia tomaram a dianteira e começaram a fazer projetos

pilotos para analisar a viabilidade das Redes Inteligentes no Brasil. Um exemplo

disto é o investimento que está sendo feito em Fazenda Rio Grande, cidade da

25

região metropolitana de Curitiba. É previsto um investimento de R$ 330 milhões em

Smart-Grids até 2014.

26

3 GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA

3.1 CONCEITO

Clark W. Gellings, criador do termo Demand Side Management (DSM),

define que as atividades de GLD são aquelas que envolvem ações no lado da

demanda, ou seja, no lado dos consumidores, de modo que estes e a

concessionária trabalhem em parceria, buscando de uma maneira ampla,

remodelar a curva de carga, ou seja, busca influenciar e, se necessário modificar, o

comportamento do consumidor, a fim de beneficiar tanto o consumidor como a

concessionária.

"GLD não é a cura, tampouco vai fazer a demanda por energia

elétrica totalmente previsível ou sujeita a controle, mas é uma

nova ferramenta importante e flexível para adicionar a gestão

das concessionárias ao modelo convencional." (GELLINGS e

CHAMBERLIN, 1993, p. 12, traduzido pelo autor).

Com a introdução dos conceitos de GLD, novas alternativas foram

introduzidas, possibilitando à empresa de energia acompanhar o aumento da

demanda, pois são ofertadas alternativas com custo menor (RUNNELS E WHYTE,

1985). Segundo Limaye (1988), os programas de GLD envolvem atividades que

influenciam o consumidor a mudar a configuração (perfil e magnitude) de sua curva

de carga, podendo resultar em um uso mais eficiente de recursos e reduzir os

custos tanto para a empresa elétrica e para o consumidor.

As ações no lado da demanda mais comum são: redução do consumo de

ponta, preenchimento de vales e deslocamento de carga, mas de uma maneira

geral, pode-se dizer que esta ações buscam aumentar a utilização e o fator de carga

das unidades geradoras. Nos países mais industrializados, programas de GLD já

são um componente essencial do planejamento integrado de recursos energéticos

(International Perspectives on Demand Side Management; Disponível em

Agosto/2011 no site http://www.aie.org.au).

Programas de eficiência como o GLD, oferecem uma alternativa bastante

atrativa para evitar investimentos no aumento da capacidade de geração, sendo que

em alguns países, o GLD é considerado uma alternativa à geração. Atualmente,

27

além desta utilidade pode ser destacado que o GLD busca também aumentar a

independência energética e impulsionar o uso de fontes de energia limpas e verdes.

Como já mencionado, grandes quantidades de energia elétrica não podem

ser armazenadas, devendo esta ser gerada e consumida no momento da utilização

de um equipamento do consumidor. A demanda varia continuamente durante as

horas do dia, de mês para mês e de estação para estação. Todos os dias, há

horários onde há uma demanda de pico, que exige que a concessionária gere

quantidades adicionais de energia para suprir essa demanda e, uma vez que as

fontes de energia são as mais diversas, o custo real da geração depende das

unidades geradoras em operação e do tipo de fonte energética utilizada por estas

unidades para gerar energia elétrica.

O Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) é um campo da tecnologia

que surgiu no final dos anos 70, sendo utilizado para diversos propósitos,

dependendo da finalidade almejada por cada empresa de energia.

Atualmente no Brasil, são raros os programas de GLD para o consumidor

residencial. O PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica)

foi criado em 1985 e aborda somente os aspectos de racionalização do uso e de

incentivos à fabricação de equipamentos mais eficientes. Nos setores comerciais e

industriais o PROCEL atua em programas como a acumulação de energia térmica,

tais como sistemas de ar condicionado com produção e acumulação de gelo durante

a noite, a fim de diminuir a demanda por energia elétrica durante o dia.

3.2 OBJETIVOS DO GLD

Os motivos para adoção de programas que visam conservação e eficiência

energética tem sido os mais diversos, como, combate ao desperdício, preocupação

com a escassez de recursos, preservação do meio ambiente, entre outros. O

conceito de GLD surgiu durante a crise do petróleo dos anos 70, em um cenário

onde a geração de energia era fortemente dependente do petróleo, a demanda era

crescente e as bruscas oscilações no preço do barril deste combustível, fizeram

com que a demanda previsível e a oferta de baixo custo se tornassem objetivos

cada vez mais difíceis de serem alcançados.

Segundo Gellings (1996), um dos principais objetivos do gerenciamento

pelo lado da demanda é reduzir o consumo nos horários de ponta. Se os

28

consumidores fossem cobrados pelo preço real da energia consumida em um

determinado momento, ou seja, se fosse cobrado menos para utilizar energia

elétrica em horários fora da ponta e mais para utilizá-la nos horários de ponta, então

teoricamente o consumidor seria encorajado a utilizar menos energia nos horários

de ponta.

Programas de GLD incluem medidas que buscam:

• Reduzir picos de consumo e a demanda total de energia;

• Melhorar a confiabilidade da rede;

• Aumentar a eficiência energética melhorando o balanceamento da rede;

• Gerenciar os gastos com energia;

• Proporcionar um maior controle dos equipamentos;

• Favorecer a geração distribuída; • Aumentar a utilização e o fator de carga das unidades geradoras;

• Proporcionar sistemas que estimulam o deslocamento de carga quando o sistema estiver operando próximo à capacidade de geração.

O GLD deve ser entendido também como um fator importante diante do

planejamento dos sistemas e da utilização dos recursos. Isto é, desde que algumas

informações possam ser identificadas e repassadas à empresa de energia, torna-se

possível determinar o caminho mais eficiente e de menor custo para a geração da

energia elétrica demandada pelo consumidor final.

3.3 MÉTODOS E VANTAGENS

É conveniente entender o termo GLD como tendo o objetivo amplo de

remodelar a curva de carga (DE CAMPOS, 2004), alterando o perfil de consumo.

Neste contexto, são notáveis seis possibilidades: redução de pico, deslocamento de

carga, preenchimento de vales, crescimento estratégico de carga, curva de carga

flexível e conservação estratégica.

Cada um desses métodos tem suas aplicações e suas vantagens. A seguir,

serão abordados cada um destes métodos.

3.3.1 Redução de Pico (Peak Clipping):

É uma das formas mais tradicionais de gerenciamento de carga. Tem como

objetivo a redução do pico da curva de carga, conseguido geralmente através da

29

intervenção direta da concessionária em um equipamento (eletrodoméstico) de uso

final.

Mesmo tendo em vista que este método só é levado em consideração em

caso de um sobrecarga na rede eminente, esta é redução do pico é importante para

controlar o custo da geração e também fatores como as fontes de geração de

energia.

FIGURA 2 – REDUÇÃO DE PICO

Como é observado na figura acima, reduz-se o consumo no horário de

maior consumo, sem que este seja deslocado para outro horário, onde a demanda é

maior.

3.3.2 Deslocamento de Carga (Load Shifting):

É a prática de alterar o padrão de consumo para que a energia utilizada

durante o horário de pico seja deslocada para fora deste período. Esta modalidade

acontece através dos incentivos tarifários, fazendo com que os consumidores optem

por utilizar energia em horários onde a tarifa é mais barata.

FIGURA 3 – DESLOCAMENTO DE CARGA

30

Da mesma forma que a redução de pico, o deslocamento de carga visa a

diminuição do pico, porém esta acontece deslocando a demanda para horários

alternativos.

3.3.3 Preenchimento de Vales (Valley Filling):

Tem como objetivo o preenchimento de vales da curva de carga, ou seja, o

aumento da carga em horários fora do horário de pico.

Este método é bastante utilizado para colocar em funcionamento alguns

equipamentos de uso final quando o custo marginal da geração supera o custo

médio na tentativa de igualá-los. Isto é importante, pois quanto mais próximos forem

os dois, menor é o custo de geração.

FIGURA 4 – PREENCHIMENTO DE VALES

3.3.4 Crescimento Estratégico da Carga (Strategic Growth):

Este método se dá através de estímulos da empresa de energia, de modo a

crescer as vendas de energia de maneira significativa. Existem algumas formas

para que a concessionária consiga isto, como por exemplo, a proposta feita pela a

Companhia Paranaense de Energia (COPEL) à pequenos e médios agricultores

chamado de irrigação noturna.

Esta proposta consiste primeiramente em oferecer aos produtores rurais

facilidades no acesso à equipamentos elétrico e ainda com a vantagem de um

desconto de até 70% nas tarifas na energia consumida entre as 21h30 até as 6

horas da manhã.

31

FIGURA 5 – CRESCIMENTO ESTRATÉGICO DE CARGA

Esta proposta feita pela COPEL tem como principal objetivo o aumento do

consumo no horário onde tem-se uma menor demanda, além de aumentar o seu

faturamento.

3.3.5 Curva de carga flexível

Este método está diretamente relacionado com a confiabilidade. No futuro,

poderá ser ofertada ao consumidor opções de qualidade de serviço, que variam de

acordo com o preço. Este programa pode envolver carga interruptível, sistema de

gerenciamento integrado de carga ou dispositivos de controle individual de

equipamentos.

FIGURA 6 – CURVA DE CARGA FLEXÍVEL

3.3.6 Conservação Estratégica

É uma mudança que ocorre na curva de carga devido à conscientização dos

consumidores para a eficiência energética visando uma maior sustentabilidade. Na

busca por esta, aqueles trocam os seus equipamentos antigos por novos, os quais

consomem menos energia produzindo o mesmo ou até mais.

32

FIGURA 7 – CONSERVAÇÃO ESTRATÉGICA

Na implementação deste método, a concessionária deve levar em conta que

isto irá acontecer normalmente. Cabe a ela incentivar para que o processo aconteça

de forma mais rápida.

3.4 TECNOLOGIAS E OPORTUNIDADES DO GLD

As tecnologias que vêm sendo empregadas nos equipamentos utilizados

para a implantação das redes smart grids são dotadas de uma comunicação

bidirecional que proporciona uma interação entre usuário e concessionária

extremamente favorável à utilização de um sistema de gerenciamento pessoal de

energia baseado no GLD.

No entanto, para atingir os objetivos do GLD, é essencial que sejam

disponibilizadas ferramentas que estimulem o usuário a alterar o modo e o horário

que utiliza seus equipamentos, uma delas é a oferta de contratos que contemplem

diferentes modalidades tarifárias. Isto é, o usuário será cobrado de maneira

dinâmica, dependendo do horário e da demanda naquele momento. Outra

ferramente extremamente útil, e que será decorrente da implantação das redes

inteligentes, é a utilização de medidores inteligentes.

Uma vez que os programas de GLD procuram influenciar o padrão de

consumo de determinado segmento de consumidores, é evidente que estes

programas demandam uma parceria entre empresas e consumidores, buscando

maximizar mutuamente os benefícios. Um relacionamento mais estreito entre estes,

promoveria benefícios para ambos; no caso da empresa, o benefício é a mudança

no perfil da curva de carga, maximizando a produtividade e promovendo o uso de

seus recursos de maneira custo-efetivo. Já o benefício do consumidor é o controle

dos gastos com energia e redução dos custos (considerando incentivos tarifários).

33

3.5 TARIFAÇÃO BRANCA

No ano de 2011, a ANEEL aprovou a Nota técnica nº 362/2010, que tem

como proposta a alteração da estrutura tarifária aplicada ao setor de distribuição de

energia. O novo sistema prevê tarifas diferenciadas durante o dia de acordo, como

por exemplo, ofertando uma preço de energia mais caro no horário de pico do

sistema.

Esta regulamentação vem para atender um dos principais objetivos do smart

grid, que é o incentivo para os consumidores gerenciarem suas cargas. Assim, os

consumidores irão verificar uma diminuição no valor da sua fatura de energia e a

concessionária não necessitará expandir o sistema para atender o horário de pico.

São descritas duas modalidades de tarifação:

• Modalidade convencional: modelo de como é praticado atualmente;

• Modalidade Branca: monômia, com três valores de R$/MWh de acordo

com os postos tarifários.

Para a modalidade branca são propostos 3 postos tarifários:

• Posto de Ponta: composto de 3 horas consecutivas a ser escolhida

pela concessionária de energia levando em consideração o horário de

maior consumo em sua região;

• Posto Intermediário: consiste em um período de 2 horas, sendo uma

hora anterior e uma posterior ao posto de ponta;

• Posto Fora de Ponta: consiste de todas as horas do dia retirando

apenas os horários que ocorrem os outros dois postos.

34

FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO POSTOS TARIFÁRIOS

Ficará a critério do consumidor a escolha da modalidade, porém existem

algumas restrições. A modalidade tarifária branca será opcional ao subgrupo

residencial que tiver um consumo superior a 200 kWh e inferior a 500 kWh mensais.

Os consumidores residenciais com consumo maior que 500 kWh por mês serão

compulsoriamente inseridos na tarifação branca.

A modalidade tarifária branca não valerá para iluminação pública e para

consumidores de baixa renda.

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35

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção serão descritos os materiais e métodos utilizados neste

trabalho para coleta de dados e desenvolvimento da interface.

4.1 COLETA DE DADOS

Uma entrada de energia residencial inserida na plataforma de smart grid

consiste basicamente em um ponto de entrega de energia conectado através de um

medidor inteligente, quepor sua vez pode interagir com a concessionária, plugues

inteligentes e uma interface de gerenciamento do consumo (FIGURA9).

FIGURA 9 – ENTRADA RESIDENCIAL (REDES INTELIGENTES)

Porém, devido a não disponibilidade de um medidor inteligente tampouco de

um plugue inteligente, fez-se necessária a utilização de outros equipamentos com

funções equivalentes para que fosse possível a simulação deste sistema.

Para isto, foram utilizados dois analisadores de potência modelo MARH-21

(FIGURA10). Os analisadores foram programados de forma a coletarem dados de

tensão, corrente, potência e fator de potência integralizando estas medições a cada

5 minutos. O analisador é conectado ao quadro de distribuição através de alicates

de corrente e de tensão (FIGURA 11 e FIGURA 12).

36

FIGURA 10 – VISTA FRONTAL DO ANALISADOR DE POTÊNCIA MARH-21

FIGURA 11 – CONEXÃO DOS ALICATES DE TENSÃO E CORRENTE DO MARH-21 (FONTE: MANUAL DO USUÁRIO MARH-21)

37

FIGURA 12 – CONEXÃO NA RESIDÊNCIA

Para extrair os dados dos analisadores para o computador foi utilizado um

cabo RS-232/USB para a conversão destes para um arquivo de texto de fácil

manipulação.

FIGURA 13 – VISTA INFERIOR DO ANALISADOR DE POTÊNCIA MARH-21

O primeiro analisador foi instalado na entrada da residência, executando a

função do medidor inteligente. Para o segundo analisador, foi feito um plano de

38

medição de forma que este coletasse dados de alguns eletrodomésticos durante

uma semana. O plano de medição previu os seguintes equipamentos:

1. Refrigerador; 2. Aquecedor Elétrico (Climatizador); 3. Lavadora de Roupas; 4. Chuveiro Elétrico; 5. Micro-ondas; 6. Tomada da cozinha 1(cafeteira, liquidificador); 7. Tomada da cozinha 2( torradeira e grill) .

FIGURA 14 – UNIFILAR DO APARTAMENTO ANALISADO

O motivo da utilização deste segundo analisador é a simulação de um

plugue inteligente, que são responsáveis por coletar e fornecer os dados das

medições, que posteriormente serão utilizados na interface de gerenciamento.

Desta forma, a entrada de energia da residência analisada foi configurada utilizando

dois analisadores de potência, que são responsáveis pelas medições em geral,

interagindo com a interface de gerenciamento.

39

FIGURA 15 – ESTRUTURA UTILIZADA PARA CONCEPÇÃO DO SISTEMA

4.2 LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO E BANCO DE DADOS

Para o desenvolvimento da interface do sistema proposto, várias linguagens

de programação poderiam atender aos requisitos deste trabalho. Estes requisitos,

referem-se principalmente à uma linguagem com suporte à plataforma web (HTML),

que permita a manipulação dos dados coletados pelo analisador de potência,

através de um banco de dados, de maneira a apresentar estes dados por meio da

interface , utilizando ferramentas (por exemplo, gráficos coloridos) de fácil

entendimento para um usuário que não está familiarizado com grandezas elétricas.

Assim, foram analisadas algumas das linguagens disponíveis e optou-se por

utilizar linguagens e softwares livres, que fossem bastante difundidos e

consequentemente possuíssem vasto material disponível para consulta.

Para linguagem de interação entre o banco de dados e a plataforma web

(HTML – HyperText Markup Language) utilizou-se o PHP (HyperText Preprocessor),

pois esta ferramenta de programação para internet, além de ser gratuita, é

compatível com a maioria dos sistemas operacionais conhecidos e possibilita uma

fácil conectividade com o MySQL, que foi o banco de dados utilizado.

O MySQL é um gerenciador de banco de dados que utiliza a linguagem SQL

(Structured Query Language), também é gratuito, e foi escolhido por ser

considerado um dos bancos de dados com melhor desempenho (leve e rápido) além

40

de seguro, contando com ferramentas de backup, restauração e controle de

usuários.

Para auxiliar na apresentação dos dados na forma visual (gráficos e cores),

também foram utilizados JavaScripts, por serem uma linguagem de scripts de fácil

integração com o HTML.

4.3 TARIFAÇÃO

Conforme citado no capítulo 2 deste trabalho, para que o gerenciamento

pelo lado da demanda se torne atrativo para o consumidor, faz-se necessário que

exista uma tarifação diferenciada afim de incentivar este a modificar seus hábitos de

consumo.

Para que fosse possível estimar os efeitos ao consumidor, utilizou-se neste

trabalho, conforme artigo 126 da Nota Técnica n º 362/2010, o valor da relação

entre posto intermediário e posto fora de ponta em três. Para a relação posto de

ponta e fora de ponta o valor utilizado foi cinco. Desta forma, obtiveram-se os

valores conforme tabela abaixo.

TABELA1 – VALORES DA TARIFA NOS DIFERENTES POSTOS (FONTE: KAMADA, M.; BOEIRA, V. – ANÁLISE DE MODALIDADES TARIFÁRIAS E SUAS APLICAÇÕES PARA SMART GRIDS –

CURITIBA, 2011.

Tarifa

(R$/kWh) Quantidade de

Horas Horário do Posto Posto Fora de Ponta R$ 0,22 19 0 – 17h / 22 – 24h Posto Intermediário R$ 0,65 2 17 – 18h / 21 – 22 h Posto de Ponta R$ 1,08 3 18 – 21h

4.4 MÉTODOS DE ANÁLISE DO CONSUMO

4.4.1 Consumo Diário por Hora

Para o consumo diário foram feitos dois tipos de tratamento de dados:

análise e detalhamento do consumo diário. Os dois estão apresentados em um

mesmo gráfico (FIGURA 16).

41

FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO GRÁFICO DO CONSUMO DIÁRIO

O detalhamento do consumo, representado pela altura e valor referente a

cada coluna, consiste em mostrar ao usuário quais foram os gastos de acordo com

a hora do dia. Através das colunas espera-se demonstrar o quanto cada intervalo de

hora do dia contribui no valor total consumido naquele dia.

A análise do consumo é representada no gráfico através das cores de cada

coluna. Cada valor do consumo de cada hora do dia selecionado pelo usuário é

comparada com a média (média por hora por dia da semana) de consumo daquela

hora em um dia semelhante (dia útil, sábado, domingo).As colunas podem assumir

três cores diferentes: verde, amarelo ou vermelho. Para isto, esta análise segue três

critérios:

• Caso o valor medido naquela hora seja menor ou igual a 120% o valor da média, a cor da coluna será verde;

• Caso o valor medido seja maior que 120% do valor da média e menor ou igual a 150%, a coluna será amarela;

• Caso o valor medido seja maior que 150% do valor da média, a coluna será vermelha.

Com estes dois tipos de tratamento de dados, o usuário tem ferramenta

suficiente para analisar o seu consumo diário e tomar ações de forma a otimizá-lo.

4.4.2 Consumo da Semana por Dia

Para o consumo semanal, o usuário escolhe um dia e desta forma é

mostrado o consumo deste e dos 6 dias que antecedem a ele.Nesta opção, é

42

mostrado ao usuário uma tabela com o total de 7 dias, contendo os custos (R$) de

cada um deles.

De maneira análoga ao consumo diário, cada um destes valores em R$ é

comparado com a média de consumo das últimas quatro datas com o mesmo dia da

semana. Para a determinação das cores, obedecendo os mesmos critérios citados

no item 4.4.1 deste trabalho, cada célula que contem o valor é colorido de acordo

com sua relação direta com a média.

4.4.3 Consumo Mensal por Dia

O consumo mensal segue o mesmo padrão do consumo semanal, porém ao

invés de serem mostrados somente 7 dias, são mostrados ao usuário um total de 28

dias.

4.5 MÉTODOS DE CONTROLE DE CARGA

Uma das grandes virtudes do GLD aliados ao smart gridé a possibilidade de

controlar as cargas dentro da residência através de uma interface. Devido a

indisponibilidade de um eletrodoméstico inteligente, não foi possível executar esta

tarefa em tempo real na interface objetivo deste trabalho.

Em uma residência inserida na realidade do smart grid, o plugue inteligente

forneceria os dados do equipamento ao qual ele está ligado para o medidor

inteligente. Este por sua vez, passaria as informações para a interface de

gerenciamento. Como no Brasil não existe ainda a infraestrutura necessária para

isto, foi preciso encontrar uma maneira alternativa para execução desta tarefa. A

primeira maneira possível foi através do analisador de potência (MARH-21),

conforme descrito no item 4.2 deste trabalho. Para a segunda maneira, foram

utilizados dados de testes em laboratório de alguns eletrodomésticos.

Assim torna-se possível ofertar ao usuário diversas possibilidades para

aquele equipamento executara tarefa, mostrando ao consumidor os valores (R$)

que aquela tarefa irá custar, de acordo com o horário e utilizando a tarifação branca.

4.6 MÉTODO DE ESTIMATIVA DE GASTOS

Além da ferramenta de histórico de consumo, existe uma opção que mostra

ao usuário qual a tendência de quanto ele irá gastar até o final do mês ou

fechamento da fatura, caso mantenha o seu padrão de consumo.

43

Para tanto foi necessário fazer um somatório de consumo para cada dia,

mostrando ao usuário o consumo acumulado para cada dia. Desta forma,

apresenta-se um gráfico de barras crescente no decorrer do mês. Supondo que a

leitura do medidor de energia de uma residência seja feita pela concessionária no

último dia de cada mês, tem-se um gráfico a partir do primeiro dia do mês até o dia

atual, conforme a Figura 17, onde no eixo x tem-se os dias e no eixo y consumo em

R$h.

FIGURA 17- ILUSTRAÇÃO DA ESTIMATIVA DE GASTOS

Por se tratar de algo que ainda não aconteceu, não se tem os dados

relativos ao consumo dos dias que ainda estão por vir,logo é preciso estimar este

consumo futuro. Uma primeira possibilidade para isto é através do método de

regressão linear, traçando uma reta que indica um consumo médio e estima o

consumo final, extrapolando até o último dia do mês. Porém esta possibilidade não

foi utilizada nesta concepção devido a alta complexidade de executar tal tarefa em

linguagem de programação.

Uma segunda possibilidade seria comparar o consumo do mês atual com o

mês passado. Supondo que no décimo dia do mês atual, haja um acumulado de R$

30 de consumo de energia. No mês anterior, para o mesmo período tem-se um

consumo de R$ 20. Assim, dividindo o do mês atual pelo mês passado, obtém-se

um fator de correção adimensional de 0,67. Para estimar o valor de consumo

44

acumulado no dia 30 do mês, por exemplo, pega-se o valor do trigésimo dia do mês

passado e multiplica-se pelo fator de correção.

Assim, foi escolhido o método com o fator de correção pois este adequa-se

melhor às necessidades da interface em questão.

4.7 MÉTODO DE ANÁLISE DE USABILIDADE DO SISTEMA

A importância do uso de métodos de melhoria de usabilidade vão além da

fácil utilização pelo usuário. Uma interface user-friendly (amigável) minimiza o tempo

necessário de aprendizagem e a irritação de usuários diante da incapacidade de

utilizar o sistema (GONÇALVES, 2008).

A grande virtude da interface objetivo deste trabalho é que esta seja de fácil

entendimento para qualquer consumidor de energia elétrica, independente do seu

grau de conhecimento em assuntos relacionados com engenharia. Para tanto, é

essencial que seja feito alguns testes de modo a avaliar esta questão.

Segundo Gonçalves (2008), existe uma série de recomendações que devem

ser levadas em conta no desenvolvimento de um software. Entre elas, podemos

listar:

• O sistema deve apresentar meios para orientar o usuário;

• Deve-se diminuir a sobrecarga mental do usuário;

• O usuário deve ter controle sobre o sistema;

• O sistema deve ser compatível e adaptável ao usuário;

• O sistema deve evitar os erros e se ocorrerem, deve favorecer a sua correção;

• O sistema deve utilizar padrões.

Alguns autores apresentam número elevado de recomendações, além de

descreverem um número elevado de níveis para cada uma. Para melhor

entendimento, a Tabela 2 apresenta um resumo das recomendações de autores

sobre usabilidade de softwares:

45

TABELA 2– RECOMENDAÇÕES BÁSICAS DE USUABILIDADE BASEADAS EM BASTIEN E SCARPIN(1993), DUL E WEERDMEESTER (1991), JORDAN (1998), SHNEIDERMAN (2005) E

NIELSEN. FONTE: GONÇALVES (2008)

Recomendações básicas de usabilidade

1. O sistema deve

apresentar meios para orientar o usuário

O sistema deve retornar respostas ao usuário para cada ação, seja ela grande, pequena, ou um conjunto de ações As respostas devem ser significativas, apropriadas para cada situação e em tempo razoável

Deve-se oferecer meios para o usuário se localizar no sistema.

Deve-se fornecer ajuda para utilização do próprio sistema e suas ferramentas.

O sistema deve fornecer indicações de como o usuário proceder. O sistema deve apresentar as informações de forma organizada (localização, características, ordem alfabética, frequência de uso, etc).

2. Deve-se diminuir a sobrecarga mental do usuário

A interface não deve sobrecarregar a visão com número elevado de informações, assim como informações irrelevantes ou pouco necessárias

Se o canal visual estiver ocupado, pode-se empregar o canal de áudio, sem sobrecarregá-los

As tarefas devem ser simples, reduzindo o número de passos para realizá-las Todas as informações presentes no sistema devem ser legíveis, respeitando características textuais como cor, brilho, contraste, tamanho de corpo e espaçamentos.

Todas as informações - gráficas ou textuais - devem ser claras e objetivas. A interface deve ser projetada de forma que a maneira de utilização do sistema seja explicita.

Deve-se priorizar as características mais relevantes ao projetar a interface

3. O usuário deve ter

controle sobre o sitema

A velocidade de uso do sistema deve ser controlada pelo usuário.

Se possível, o sistema deve fornecer ações de fazer e desfazer (CTRL + Z)

O sistema não deve executar ações que o usuário não tenha solicitado.

Se possível, o sistema deve fornecer ajustes e personalização das interfaces

4. O sistema deve ser

compatível e adaptável ao

usuário

O sistema deve estar de acordo com o nível de instrução, faixa etéria, limitações dos usuários e formas de utilização normalmente aceitas. O sistema deve utilizar termos familiares aos usuários, inclusive idioma (exceto termos estrangeiros já adotados pela língua). O sistema deve ser flexível para atender diferentes níveis de experiência dos usuários (principiantes ou experientes). O sistema deve fornecer alternativas para que usuários experientes ocultem informações destinadas a usuários principiantes. Se possível, o sistema deve fornecer ajustes e personalização das interfaces.

O sistema deve fornecer meios diferentes para se alcançar um mesmo objetivo.

5. O sistema deve evitar os erros e se ocorrerem,

deve favorecer a sua correção

A interface deve ser projetada de maneira a evitar a ocorrência de erros, eliminando circunstâncias propícias aos erros.

Para prevenir erros, o sistema pode solicitar as informações por etapa.

Se possível, o sistema deve fornecer ações de fazer e desfazer (CTRL + Z)

O sistema deve solicitar a confirmação do usuário para ações irreversíveis.

Quando ocorrerem, os erros devem ser apresentados ao usuário.

Os erros devem ser recuperados de maneira rápida e fácil. O sistema deve fornecer meios para que o usuário corrija somente a parte incorreta. As mensagens de erro devem ser claras e objetivas, utilizando vocabulário neutro (não devem reprovar, julgar o usuário ou utilizar tom de humor).

6. O sistema deve utilizar

padronizações

A identidade visual (cores, formas, fontes) deve ser respeitada em todo o sistema.

Deve existir padronização de localização dos elementos do sistema. Deve existir padronização na forma como são realizadas as tarefas. Deve existir padronização de termos utilizados no sistema.

46

5 ANÁLISE E RESULTADOS

Nesta seção será explicado o desenvolvimento e os resultados obtidos no

desenvolvimento da interface levando como base os métodos descritos na seção

anterior deste trabalho.

Primeiramente, foi desenvolvida uma tela inicial, pois como se trata de um

sistema via web, é importante que exista um meio de identificação para cada

usuário.Para isto, cada usuário tem um login e senha, de forma que o sistema

identifica de qual medidor serão importados os dados.

FIGURA 18 – TELA DE IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO

Quando o usuário inserir o seu login e senha, ele é direcionado à pagina

inicial da interface. Nesta página inicial,é mostrado ao usuário o seu consumo do dia

corrente até o momento em que o sistema foi acessado, bem como a divisão dos

seus gastos em cada um dos postos tarifários. Como os dados coletados para este

trabalho referem-se ao passado, a interface sempre estará mostrando os dados do

dia 30 de agosto de 2011, pois caso contrário, esta página ficaria sem dados.

47

FIGURA 19 –TELA INICIAL DA INTERFACE

Todas as páginas tem um menu principal (localizado no topo da página em

uma barra horizontal) onde tem-se as opções para acessar as funcionalidades da

interface, sendo elas: home, histórico de consumo, estimativa de gastos, controle

direto de carga e configurações.

5.1 HISTÓRICO DE CONSUMO

Para o histórico de consumo, existem três opções possíveis: diário, semanal

e mensal.

FIGURA 20 – PÁGINA INICIAL HISTÓRICO DE CONSUMO

48

No consumo diário, o usuário deve escolher o dia o qual quer ver o seu

consumo. Feita essa escolha, o sistema mostrará tanto o consumo deste dia quanto

o custo referente à este.

FIGURA 21 – HISTÓRICO DE CONSUMO DIÁRIO

Para que seja possível uma análise detalhada do consumo nesse dia, existe

a opção de detalhar o consumo, gerando assim um gráfico mostrando como se

comportou o custo durante o dia, que é feita através de cores através de uma

comparação com a média para cada hora de um dia semelhante ao escolhido

(FIGURA 22).

49

FIGURA 22 – HISTÓRICO DE CONSUMO DIÁRIO DETALHADO

No consumo semanal, o usuário deve escolher um dia que indicará o início

da semana onde quer ser feita a análise. A interface irá mostrar os 6 dias que

antecedem a escolha do dia feita.

50

FIGURA 23 – HISTÓRICO DE CONSUMO SEMANAL

As caixas coloridas significam como foi o consumo naquela semana em

relação à média, sendo verde um custo dentro do esperado (até 120% da média do

dia), o amarelo mostra que o custo superou a média, porém não foi nada crítico (de

120% até 150% da média do dia) e o vermelho mostra um alerta crítico de aumento

de consumo (acima de 150% da média).

O histórico de consumo mensal segue o mesmo padrão mostrado no

histórico semanal, porém com a grande diferença que neste pode ser feita uma

análise de um período mais longo, contemplando 4 semanas inteiras, ou em outras

palavras, 28 dias.

Para tanto, o usuário escolhe o dia inicial (no exemplo da Figura 24,

escolheu-se o dia 13 de agosto de 2011) e assim a interface mostra ao usuário os

próximos 27 dias de custo de energia.

51

FIGURA 24 – HISTÓRICO DE CONSUMO MENSAL

5.1.1 Comparativo entre dois dias de consumo

No caso do histórico de consumo diário, mostra-se o consumo e o custo da

energia consumida naquele dia. A razão para esta aparente redundância é que, com

a tarifação branca, nem sempre o quanto se consome em kWh é diretamente

proporcional ao custo (R$), uma vez que a tarifa cobrada depende do horário do

consumo. Nos dois exemplos a seguir, é possível verificar a influência da hora no

valor total cobrado.

A Figura 25 mostra como foi o comportamento de consumo no dia 23 de

agosto de 2011, sendo o consumo de 5,875 kWh e o custo de R$1,78. Pode ser

visualizado que o consumo durante este dia foi bem distribuído no decorrer do dia e

que durante o posto de ponta o usuário manteve-se dentro da média de consumo

(entre as 18 e 21 horas as barras estão na cor verde).

Já no dia 30 de agosto de 2011 (FIGURA 26), o consumo foi de 4,756 kWh

e o custo foi o mesmo do dia 23. Pode ser observado que o consumo às 20 horas

foi pelo menos 50% maior que a média de consumo para aquele horário. Além disto,

o consumo alto se manteve na próxima hora, tendo um consumo intermediário

(indicado pela cor amarela).

52

FIGURA 25 – CONSUMO DO DIA 23 DE AGOSTO DE 2011

FIGURA 26 – CONSUMO DO DIA 30 DE AGOSTO DE 2011

53

Uma vez que às 20h do dia 30, a barra está vermelha, isto indica que o

consumo ultrapassou a média de consumo desta hora deste dia da semana (média

de consumo das 20h às 21h das terças-feiras), em pelo menos 50 %. Desta forma,

chega-se a conclusão que o consumo acima da média durante o posto de ponta no

dia 30 de agosto foi responsável por uma grande parte do consumo naquele dia,

sendo que o consumo do dia 23 superou em quase 1 kWh o do dia 30 e o custo foi

mesmo.

5.2 ESTIMATIVA DE GASTOS

Como a medição durou apenas 45 dias, compreendidos entre o dia 13 de

agosto a 08 de outubro de 2011, só é possível estimar o valor da fatura de energia

da residência de um período: da fatura referente ao consumo do mês de setembro.

Supondo que a leitura do medidor nesta residência acontece no dia 5 de

cada mês, tem-se os valores de consumo dos dias 6 de setembro até o dia 3 de

outubro. Assim, é preciso estimar o consumo dos dias 4 e 5 do mês de outubro.

Devido a insuficiência de dados, não foi possível calcular o valor do fator de

correção. Desta forma, estimou-se o valor do fator de correção por regressão linear

em 1,37. Na Tabela abaixo, observa-se os valores calculados.

TABELA 3 – CÁLCULO PARA ESTIMATIVA DE GASTOS

Dia

Valor Medido

Mês de setembro Fator de Correção

Valor Calculado do

Mês de Outubro

4 R$ 1,07 1,37 R$ 1,47

5 R$ 2,07 1,37 R$ 2,84

Assim, somando os valores medidos no período referente a fatura de

outubro com os valores estimados, tem-se o valor da fatura no total de R$ 63,21

(TABELA 4).

TABELA 4 – CÁLCULO ESTIMATIVA DA FATURA DE OUTUBRO DE 2011

Custo dos dias Medidos Custo dos dias Estimados Custo

Total

Fatura

Outubro R$ 59,94 R$ 4,31 R$ 64,25

Na interface, estes cálculos não são mostrados ao usuário para que possa

ser evitado uma interpretação errônea do resultado. Esta opção da interface

apresenta a tela conforme figura abaixo.

54

FIGURA 27 – ESTIMATIVA DE GASTOS FATURA DE OUTUBRO DE 2011

Esta funcionalidade procura adicionar à interface mais uma maneira de

fazer com que o consumidor de energia elétrica tenha total controle sobre seu

consumo, podendo monitorar o valor estimado da sua próxima fatura.

Através da estimativa de gastos o usuário pode visualizar o custo ou a

economia devido à uma alteração no seu perfil de consumo. Ou seja, caso a partir

de uma determinada data houver um aumento do consumo, a estimativa de gastos

irá mostrar ao usuário quais serão as custos consequentes desta modificação no

perfil. Assim, o usuário pode sempre estar atento aos seus hábitos de maneira a

evitar um aumento inesperado na fatura.

5.3 CONTROLE DIRETO DE CARGA

Como não se dispõe de uma comunicação que estabeleça uma troca de

dados entre a interface e plugues inteligentes, não foi possível realizar o controle

ativo da carga de fato. Porém, foi desenvolvida uma opção que ofereça ao usuário a

opção de escolha do horário em que ele gostaria que o ciclo do equipamento

controlado começasse.

Para facilitar na escolha do início do ciclo, a interface mostra ao usuário,

através dos dados medidos pelo analisador de potência (MARH-21) ou de dados

coletados através de testes em laboratório, quanto será o custo da execução da

55

tarefa, com o início variando de hora em hora. A interface mostrará uma gráfico

como o mostrado na Figura 28.

Este gráfico segue um padrão de que as colunas coloridas em verdes

correspondem ao menor custo possível para execução da tarefa pelo equipamento

que foi selecionado previamente. Qualquer custo que destoe deste valor, é colorido

em vermelho. As cores tem como objetivo tornar mais fácil a escolha do usuário da

interface a respeito do horário de início do ciclo. No exemplo da Figura abaixo, pode

ser observado que a melhor escolha é entre 21h e 14 horas.

FIGURA 28 – TELA DO CONTROLE DIRETO DE CARGA MOSTRANDO AS OPÇÕES DE INÍCIO DE CICLO COM OS SEUS RESPECTIVOS VALORES PARA A LAVA E SECA ROUPAS 9 KG

5.4 USABILIDADE DO SISTEMA

Para os testes de usabilidade foi feita uma análise do sistema desenvolvido

com as recomendações citadas na Tabela 2 (GONÇALVES, 2008). Os subitens de

cada recomendação que não foram contemplados ou não eram aplicáveis a este

trabalho foram retiradas. Observa-se que para todas as recomendações propostas,

a interface atendeu a pelo menos 2 subitens.

56

TABELA 5- RECOMENDAÇÕES DE USUABILIDADE CONTEMPLADAS PELA INTERFACE

Recomendações de Usuabilidade contempladas pela Interface

1. O sistema deve

apresentar meios para orientar o usuário

Todos os botões possuem um comando associado, e quando pressionados, direcionam para sua respectiva função.

As respostas são apropriadas para cada situação e apresentadas em tempo razoável.

O sistema apresenta em todas as telas o caminho de navegação permitindo que o usuário se localize no sistema.

O sistema apresenta as informações de forma organizada (menu principal sempre visível no topo) e cada sub menu, quando selecionado,

é evidenciado na tela,

2. Deve-se diminuir a sobrecarga mental do usuário

A interface não sobrecarrega a visão com número elevado de informações, nem com informações irrelevantes ou pouco necessárias

As tarefas são simples, com reduzido número de cliques para realizá-las

Todas as informações presentes no sistema são legíveis, respeitando características de cor, brilho, contraste e tamanho.

Todas as informações gráficas utilizam cores, sendo assim claras e objetivas.

Os botões e menus estão projetados de forma que a maneira de utilização do sistema é explicita.

As funções mais relevantes do sistema estão priorizadas através da disposição no menu.

3. O usuário deve ter

controle sobre o sitema

O sistema fornece ações de fazer e desfazer rápidas através do menu principal sempre visível no topo da interface.

O sistema não executa ações que o usuário não tenha solicitado.

4. O sistema deve ser

compatível e adaptável ao

usuário

O sistema busca através dos tipos de gráficos e das cores utilizadas, adequar-se à um amplo espectro de nível de instrução e faixa etária.

O sistema utiliza termos familiares aos usuários, evitando mencionar grandezas elétricas e priorizando cores e custos em R$.

5. O sistema deve evitar os erros e se ocorrerem,

deve favorecer a sua correção

A interface apresenta programação de maneira a evitar a ocorrência de erros, eliminando circunstâncias propícias aos erros.

Para prevenir erros, o sistema solicita as informações por etapa. O sistema confirma quando um comando de agendamento é gravado no

sistema. Os erros durante o cadastro de equipamentos podem ser recuperados de maneira rápida e fácil através dos botões disponíveis na tela de

cadastro.

6. O sistema deve utilizar

padronizações

A identidade visual (cores, formas, fontes) é respeitada em todo o sistema.

A localização dos elementos do sistema é padronizada.

A forma como os dados são apresentados segue um mesmo padrão.

Há padronização nos termos utilizados no sistema.

57

6 CONCLUSÕES E SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

6.1 CONCLUSÕES

De posse desta interface de gestão ativa do consumo de energia, o

consumidor tem um número satisfatório de ferramentas e funcionalidades para

analisar e conhecer detalhadamente como vem sendo e como será o seu

gasto.Além disso, a interface possibilita que o usuário possa controlar ativamente

suas cargas, assumindo que a sua residência tenha, além da interface, as outras

ferramentas necessárias para execução desta tarefa: medidor e plugue inteligente.

Outra vantagem é a do monitoramento do custo total da próxima fatura de

energia, pois através da estimativa de gastos, o sistema realiza, a cada dia, uma

nova previsão de quanto será o valor da fatura ao final do mês, possibilitando ao

usuário antever os seus gastos e realizar um melhor planejamento doméstico.

Um importante passo para o desenvolvimento de um sistema que possa ser

analisado e utilizado por qualquer pessoa foi apresentado neste trabalho, tendo sido

atingido assim o objetivo inicial proposto.

6.2 SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

O estudo ora apresentado é importante pois fornece informações sobre o

consumo e o custo devido ao uso de energia elétrica de uma maneira de fácil

entendimento ao público em geral.

No entanto, para aprofundar ainda mais o tema abordado é necessário que

sejam feitos testes com usuários de maneira a avaliar melhor a usabilidade do

sistema. Além disto, é possível melhorar a confiabilidade no tratamento de dados

através de um estudo mais aprofundado acerca dos métodos utilizados, como por

exemplo métodos estatístic1os.

Outro aspecto não abordado pelo trabalho é a integração da interface com o

medidor e os plugues inteligentes. Com estas ferramentas funcionando em conjunto

com o sistema desenvolvido, as funcionalidades ofertadas poderão ser aproveitadas

de maneira mais confiável e completa.

58

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