INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DO NÚMERO … · O Ultra-som terapêutico é um recurso...

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Maria Teresa de Azevedo Lemos INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DO NÚMERO DE APLICAÇÕES DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO PULSADO SOBRE A MAGNITUDE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE. Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais 2008

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Maria Teresa de Azevedo Lemos

INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DO

NÚMERO DE APLICAÇÕES DO ULTRA-SOM

TERAPÊUTICO PULSADO SOBRE A MAGNITUDE DA

RESPOSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA

EXPERIMENTALMENTE.

Belo Horizonte

Universidade Federal de Minas Gerais

2008

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Maria Teresa de Azevedo Lemos

INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DO

NÚMERO DE APLICAÇÕES DO ULTRA-SOM

TERAPÊUTICO PULSADO SOBRE A MAGNITUDE DA

RESPOSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA

EXPERIMENTALMENTE.

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional – Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.

Orientadora: Profª Drª Maria Salete de

Abreu Castro

Belo Horizonte

Universidade Federal de Minas Gerais

2008

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Dedicatória

Ao Kleber, amor da minha vida!..

Às minhas filhas, Isadora e Raquel, vocês são a razão de todos os

meus sonhos e alegrias. Obrigado por existirem!

Amo muito vocês!!!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à DEUS, por guiar os meus passos e iluminar o meu caminho

se fazendo sempre presente.

À Professora Maria Salete, pela oportunidade e convívio, por ter sido mais

que uma Mestre, uma grande amiga, paciente e compreensiva, acima de tudo

um exemplo de vida. Foi um previlégio tê-la como orientadora. MUITO

OBRIGADO pelos inesquecíveis ensinamentos...

À amiga e colega Natascha Savernini, responsável pelo começo árduo e

difícil do projeto. Muito obrigada amiga, pelas contribuições preciosas, apoio

incondicional e sobretudo pela participação direta na confecção deste trabalho.

Minha ETERNA gratidão!!!

Ao Átila Savernini, pela ajuda enriquecedora, ensinamentos valiosos e

contribuição direta na conclusão deste trabalho. Muito obrigado!

Aos professores Marcos Antônio Resende e Leani Máximo Pereira, pelos

ensinamentos fundamentais para minha formação.

À professora Lucy Fuscaldi, muito obrigada, pois sua compreensão e

profissionalismo me ajudaram a concluir este projeto!

À Marilane, pela atenção e ajuda administrativa. Muito Obrigado!

Aos professores Igor Dimitri Duarte e Mauro Martins Teixeira, pela

colaboração na execução dos experimentos.

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Ao Kleber, Isadora e Raquel, por existirem e me fazerem tão felizes!.. Pela

paciência e compreensão durante a minha ausência mesmo estando

presente... Amo muito vocês!!! Essa conquista também é de vocês...

Às amigas Evely, Maura e Zelina, pela amizade sincera, por compartilharem

comigo este trabalho, minhas angústias e por serem sempre tão prestativas em

momentos tão difíceis. Muitíssimo obrigado!

Aos meus pais, Carmelito e Maria Helena, pelo exemplo de honestidade e fé.

Por se fazerem sempre presentes no meu coração e na minha vida, me dando

força para seguir em frente e vencer os obstáculos. Muito obrigado! Amo

vocês...

Aos meus irmãos, Maurício e Letícia, mesmo de longe é muito bom saber

que posso contar com vocês. Obrigado!

Aos funcionários do CEBIO/UFMG, Rinaldo e Jorge, pelo carinho e ajuda

imprescindível.

À Cacilda, pela paciência, profissionalismo exemplar, sempre disposta a nos

ouvir. Muito Obrigada!

Ao Dr. Fábio Guerra e Drª Alessandra Katiê, por compreenderem os

momentos que precisei me ausentar. Obrigado!

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RESUMO

O Ultra-som terapêutico é um recurso eletrofísico amplamente usado na

fisioterapia para tratar lesões teciduais, acelerar processos de cicatrização,

aliviar a dor e restabelecer a mobilidade articular. Contrastando com a

freqüência do emprego e o relato informal de sua eficácia, existem grandes

controvérsias na literatura e uma enorme escassez de evidências científicas

sobre o seu mecanismo de ação. O objetivo desse estudo experimental, foi

verificar como a ação antinociceptiva e antiedematogênica do ultra-som

terapêutico modo pulsado, seriam influenciadas pela sua aplicação em

diferentes fases do processo inflamatório agudo induzido pela carragenina, em

ratos, determinando o melhor momento para iniciar o tratamento e como o

número de aplicações influenciaria a magnitude dos efeitos observados.

Material e Métodos: foram utilizados ratos wistar, machos, com peso entre 140

e150 gramas. A indução da resposta inflamatória foi feita pela injeção

intraplantar de carragenina 1% na dose de 500 µg/pata. O limiar nociceptivo foi

avaliado pelo método da Placa Quente (numa temperatura constante de 48ºC)

e o edema foi avaliado usando um hidropletismômetro da Ugo Basile (modelo

7140). O equipamento de ultra-som utilizado foi da marca Imebrás, Sonopulse

II, sendo as aplicações realizadas após as medidas do limiar nociceptivo e do

edema. Foi utilizado ANOVA One Way com pós teste de Dunnet, para

comparação entre grupos e o grupo controle, considerando o nível de

significância *p < 0,05. Nossos resultados demonstraram que aplicações

múltiplas (3) do ultra-som terapêutico pulsado reduziram a hipernocicepção e o

edema, e quando aplicados precocemente apresentaram um efeito

hiponociceptivo tardio. Entretanto, as aplicações simples do ultra-som

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terapêutico pulsado só mostraram um efeito antinociceptivo e

antiedematogênico quando realizadas logo após a injeção de carragenina.

Conclui-se que é evidente uma relação entre a precocidade do início do

tratamento e a intensidade da resposta observada, sendo necessário a

realização de aplicações múltiplas para o aparecimento dos efeitos desejados.

Palavras-chave: ultra-som terapêutico, inflamação, dor, citocinas, lesões

teciduais

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMPc- Monofosfato de Adenosina

ASC - Área sob a curva

BK - Bradicinina

CG - Carragenina

CFA - Adjuvante Completo de Freund

COX - Ciclooxigenase

CSF – Fator Estimulador de Colônia

DAINEs - Drogas antiinflamatórias não-esteroidais

E.P.M. - Erro padrão da média

ERA - Área de emissão

FAP - Fibras aferentes primárias

GMPc - Monofostato cíclico de Guanosina

i.pl. - Intraplantar

IL - Interleucina

Hz- Hertz

LPS - Lipopolissacarídeo bacteriano

MHz - Megahertz

Min – Minutos

PAG – Substância Cinzenta Periaquedutal

PG - Prostaglandina

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PGE2 – Prostaglandina E2

PK - Proteína quinase

PMN - Polimorfonucleares

PQ - Placa Quente

s - Segundos

SP - Substância P

TNF α - Fator de Necrose Tumoral alfa

US- - Ultra-som desligado

US+ - Ultra-som ligado

USt - Ultra-Som terapêutico

W/cm2 - Watts por centímetro quadrado

µg - Migro gramas

µl - Micro litro

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO........................................................................ 14

1.1- O PROCESSO INFLAMATÓRIO......................................... 15

1.2- A DOR INFLAMATÓRIA........................................................ 17

1.2.1- CITOCINAS.................................................................. 18

1.3- MECANISMOS ENDÓGENOS DE CONTROLE DA DOR.... 24

1.4- ULTRA-SOM TERAPÊUTICO.............................................. 26

1.4.1-AVALIAÇÕES DO ULTRA-SOM EM MODELOS

EXPERIMENTAIS........................................................................................... 32

1.5- OBJETIVOS........................................................................... 33

CAPÍTULO 2- MATERIAL E MÈTODOS......................................................... 34

2.1- ANIMAIS.............................................................................. 34

2.2- INDUÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA..................... 34

2.3-AVALIAÇÃO TÉRMICA NOCICEPTIVA: MÉTODO DA PLACA

QUENTE.......................................................................................................... 35

2.4- AVALIAÇÃO DO EDEMA INFLAMATÓRIO........................ 37

2.5- ULTRA- SOM TERAPÊUTICO............................................ 39

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2.6- PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS................................. .... 40

2.6.1.A- Determinação do melhor momento para início do

tratamento ...................................................................................................... 40

2.6.1. B- Comparação entre aplicações múltiplas feitas em

períodos mais tardios da resposta inflamatória.......................................... 41

2.6.1.C- Determinação do efeito de uma aplicação extra feita

em horários diferentes................................................................................... 41

2.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................... 42

CAPÍTULO 3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................43

CAPÍTULO 4- ARTIGO ................................................................................... 57

INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DA

QUANTIDADE DE APLICAÇÕES DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO SOBRE

A MAGNITUDE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA

EXPERIMENTALMENTE

CAPÍTULO 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................... 85

ANEXO ......................................................................................................... 86

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Papel Modulador da Interleucina 10................................................ 23

Figura 2- Injeção intraplantar de carragenina ................................................. 35

Figura 3- Placa Quente (PQ)........................................................................ 37

Figura 4- Medida Pletismométrica do Volume das patas posteriores de

ratos.............................................................................................................. ... 38

Figura 5- Equipamento de Ultra-som terapêutico usado neste estudo........ 40

Gráfico 1-Influência de uma única aplicação do ultra-som terapêutico pulsado

em diferentes tempos (PQ)................................................................................77

Gráfico 2- Área Sob a Curva (ASC) sobre hipernocicepção térmica em

diferentes tempos..............................................................................................78

Gráfico 3- Influência de uma única aplicação do ultra-som terapêutico pulsado

em diferentes tempos ( edema)........................................................................ 79

Gráfico 4- Área sob a curva do desenvolvimento temporal do edema............80

Gráfico 5- Comparação de 3 aplicações de ultra-som terapêutico iniciadas em

diferentes horários.............................................................................................81

Gráfico6-Área sob a curva da hipernocicepção térmica (3 aplicações)...........82

Gráfico 7- Comparação de 3 aplicações ultra-som terapêutico iniciadas em

diferentes horários sobre o edema....................................................................83

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Gráfico 8- Comparação do efeito de uma aplicação extra de ultra-som

terapêutico em diferentes horários.................................................................. 84

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CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO

A inflamação consiste em uma resposta protetora estereotipada de

tecidos vascularizados a um agente lesivo. Esta resposta compreende uma

série de eventos vasculares e celulares, que trabalham tentando restabelecer a

homeostasia do organismo. Sem esta resposta, a recuperação tecidual a

qualquer espécie de lesão seria praticamente impossível, levando a

complicações potencialmente catastróficas . Os sinais cardinais da inflamação

baseiam-se na formação de eritema (rubor) e aumento da temperatura local

(calor) decorrentes da vasodilatação, formação de edema (tumor) causado pelo

acúmulo de líquido intersticial, e a dor inflamatória, resultante de uma função

integrada e modulada pelo componente neural. Em conseqüência destes

eventos ocorre a perda de função do tecido ou órgão afetado. A gênese destes

sinais e sintomas reside na liberação de uma gama de mediadores

inflamatórios, os quais tanto a seqüência quanto o tipo, são relativamente

independentes da natureza do estímulo inflamatório, donde deriva a

estereotipia da resposta (RANG e DALE, 2004; CUNHA e cols., 1999, VALE,

2000).

Em geral, esta resposta é circunscrita e auto-limitada. Todavia, em

alguns casos etiologicamente complicados, pode perder sua função protetora e

gerar uma lesão ainda maior. Esta lesão, que se faz acompanhar da perda da

função, compromete socialmente o indivíduo, gerando um grande prejuízo

funcional e mesmo econômico.

Sendo assim, o processo inflamatório é capaz de interferir intensamente

na funcionalidade do indivíduo gerando sofrimento e até mesmo isolamento

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social. Um melhor conhecimento da resposta inflamatória e dos recursos

terapêuticos disponíveis nos permite intervir de forma mais eficiente no

processo de recuperação.

1.1- O PROCESSO INFLAMATÓRIO

A instalação de um processo inflamatório é precedida pela ocorrência de

um estímulo pró-inflamatório, que pode ser de natureza física, química ou

biológica. Desde a publicação feita pelo Winter (1967), o modelo de inflamação

experimental induzida pela injeção intraplantar (i.pl) de carragenina (CG), em

ratos, teve e continua tendo papel vital na avaliação do efeito antiinflamatório

de novas drogas ou de recursos fisioterapêuticos.

A CG é um polissacarídeo sulfatado extraído da alga Chondros crispus.

A preferência por este modelo experimental deriva do fato de que a resposta

inflamatória induzida pela CG é aguda, não imune, bem pesquisada e

amplamente reprodutível (MORRIS, 2003). Os sinais e sintomas cardinais da

inflamação – edema, dor, aumento da temperatura local e eritema –

desenvolvem-se imediatamente após a injeção subcutânea de CG, resultado

da ação de agentes pró-inflamatórios e hiperalgésicos tais como a bradicina,

histamina, interleucinas, citocinas, taquicininas etc. Tais mediadores

endógenos podem ser gerados por células locais ou através de infiltrados

celulares.

Segundo Di Rosa e cols.(1972), logo após a injeção i.pl de CG, em

ratos, ocorre a liberação local de histamina e serotonina, que causam

vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Este evento inicial é

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rapidamente seguido pela liberação de bradicinina (BK), um nonapeptídeo

endógeno que desencadeia direta ou indiretamente, a produção de

eicosanóides. Esta hipótese encontra respaldo no fato de que antagonistas de

receptores cininérgicos mostraram-se capazes de modificar a fase inicial da

resposta edematogênica à CG (MIZOGUCHI e cols., 2002; O’GARRA e cols.,

2004), enquanto que as drogas antiinflamatórias não estereodais (DAINES),

como a indometacina, inibem preferencialmente a fase mais tardia

(MORRIS,2003).

Assim, a resposta edematogênica ocorre principalmente devido à

liberação inicial de substâncias como a histamina, a serotonina e a bradicinina

que terão como ação principal a indução de aumento da permeabilidade

vascular, permitindo o extravazamento de macromoléculas protéicas do plasma

para o interstício, embora também possam causar dilatação arteriolar. Este

extravazamento plasmático se faz acompanhar, oncoticamente, pela saída de

água. A atividade edematogênica destes mediadores pode ser potencializada

pela ação concomitante de prostaglandinas vasodilatadoras, como PGE2 e a

PGI2 (WILLIANS, 1979,1982). Desta forma, os DAINES, que diminuem a

produção de prostaglandinas através da inibição enzimática das

ciclooxigenases (COX’s), retiram a potenciação exercida pelo efeito

vasodilatador destes mediadores lipídicos e reduzem o edema inflamatório

(SMITH e cols.,2000; MORRIS, 2003).

O edema causado pela CG atinge um pico em torno da 5ª horas pós-

injeção e é modulado por inibidores específicos da cascata de mediadores

inflamatórios (MORRIS, 2003). Uma vez que a injeção subcutânea de CG, na

pata de ratos, induz aumento agudo e progressivo do volume da pata injetada e

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que este parâmetro é proporcional à intensidade do estímulo, a magnitude da

resposta inflamatória é usualmente avaliada pela medida do edema.

1.2- A DOR INFLAMATÓRIA

Juntamente com o edema, a dor é um sintoma presente nos processos

inflamatórios agudos, inclusive na resposta causada pela injeção subcutânea

de CG.

A dor é um mecanismo de proteção ativado diante da possibilidade de

ocorrência ou após o aparecimento de lesões, e faz com que o indivíduo reaja

para remover o estímulo álgico. Desta forma, a dor é extremamente benéfica:

funciona como alerta imediato de que algo está prejudicando o nosso corpo.

De acordo com a terminologia proposta pela Associação Internacional

para o Estudo da Dor (em inglês, IASP), dor é definida como uma

experiência emocional e sensorial desagradável, associada à lesão tecidual

real ou potencial, ou descrita em tais termos de lesão (IASP, 2007).

Comumente a dor é descrita ou relatada pelo indivíduo como uma

sensação desagradável, portanto, uma experiência emocional. A dor é

sempre subjetiva: cada indivíduo aprende, na primeira infância, a aplicação

do termo através de experiências relacionadas à injúria tecidual. Cabe

salientar que a impossibilidade de comunicação verbal da sua ocorrência,

por exemplo em bebês, não exclui a possibilidade de que um indivíduo

esteja sofrendo de dor e, portanto, tenha necessidade de receber o

tratamento apropriado.

A dor é um dos problemas mais pervasivos em nossa sociedade,

gerando um custo social altíssimo devido às disfunções, sejam elas

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permanentes ou não, e o seu tratamento é uma tarefa de alta complexidade

devido aos vários aspectos envolvidos (VERRI e cols., 2006; VALE, 2000).

A dor pode ser diferenciada em aguda e crônica. A dor aguda ou dor

nociceptiva ocorre em resposta a um estímulo potencialmente nocivo ao

tecido e constitui um importante sinalizador da integridade tecidual por

desencadear respostas protetoras e estando dissociada de reações

psicológicas persistentes (AGUGGIA, 2003; CORTELLI e PIERANGELI,

2003). Já a dor crônica é destituída destas características. A sua duração

excede aquela do simples reconhecimento fisiopatológico de um estímulo

nocivo, perdura por semanas e não possui limites de tempo. Na realidade, a

dor crônica pode estar presente mesmo na ausência de qualquer agente

identificável, levando implicações sociais graves, pois afeta mais

incisivamente o comportamento do indivíduo (AGUGGIA, 2003; CHONG e

BAJWA, 2003).

Via de regra, o fenômeno que ocorre durante uma resposta

inflamatória aguda, como a induzida pela CG, é a hiperalgesia, que é

descrita pela IASP, como um aumento da magnitude da resposta induzida

por estímulos nociceptivos. A hiperalgesia reflete uma sensibilidade alterada

pela redução da intensidade do estímulo necessário para induzir dor, além

do aumento na intensidade da dor induzida por estímulos nocivos (HARDY e

cols., 1967).

Em modelos animais, nos quais a discriminação do componente

emocional da dor é limitada, os termos nocicepção, hipernocicepção e

hiponocicepção são usados para descrever o aparecimento da resposta

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esperada induzida pela estimulação nociceptiva padronizada, o aumento e a

redução desta sensibilidade nociceptiva (VERRI e cols., 2006).

Os sinais clínicos decorrentes da resposta inflamatória são provenientes

de uma série de mecanismos celulares que podem ser reproduzidos em

laboratório, de maneira controlada, através da aplicação experimental de

estímulos padronizados. Nas últimas décadas vem sendo demonstrado que as

citocinas constituem o elo entre a lesão celular, a produção dos mediadores

inflamatórios clássicos e o aparecimento dos sinais e sintomas inflamatórios.

Assim, no estudo da dor inflamatória, foi demonstrado que estímulos como a

CG ou o lipopolissacarídeos (LPS) não induzem diretamente a liberação de

aminas ou prostaglandinas – mediadores clássicos da resposta

hipernociceptiva (FERREIRA, 2002), mas ativam uma cascata seqüencial de

citocinas que precede a liberação das substâncias responsáveis pela gênese

da dor inflamatória (DINARELLO, 1991; LORENZETTI e cols., 2002; CUNHA e

cols., 1992, 1999, 2005).

1.2.1 Citocinas

Citocina é um termo genérico empregado para designar um extenso

grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o

desencadeamento das respostas inflamatória ou imune. Podem ser produzidas

por diversas células, como monócitos, macrófagos, linfócitos e outras células

não-linfóides. Todas as citocinas são pequenas proteínas ou peptídeos,

algumas contendo moléculas de açúcar ligadas (glicoproteínas). As diferentes

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citocinas podem ser enquadradas em diversas categorias, dentre as quais:

interferons (IFN), interleucinas (IL), fator estimulador de colônias (CSF), fator

de necrose tumoral (TNF) e fator de transformação de crescimento (TGF b)

(CYTOKINES TUTORIAL).

Elas são produzidas durante a fase de ativação e fase efetora da

imunidade para mediar e regular a resposta inflamatória e imunitária. Embora

estas moléculas sejam extremamente potentes, têm uma vida média bastante

curta. É comum que diferentes tipos celulares produzam o mesmo tipo de

citocina. Além disto, estas moléculas são pleiotrópicas (podem atuar sobre

muitos tipos celulares diferentes) e redundantes (várias citocinas podem

efetuar as mesmas ações). As citocinas podem induzir efeitos diferentes sobre

as mesmas células-alvo, de forma separada no tempo ou simultaneamente.

Podem também influir na ação de outras citocinas de forma antagônica ou

sinérgica (CYTOKINES TUTORIAL).

Têm como função regular a duração e intensidade das respostas

especificas; recrutar células efetoras para as áreas onde se desenvolvem estas

respostas e induzir a geração ou maturação de novas células a partir de

percursores (VERRI e cols., 2006).

Atuam através da ligação a receptores de membrana específicos, que

sinalizam a resposta através de segundos mensageiros, principalmente

Tirosinas Quinases, alterando a expressão gênica da célula-alvo. As respostas

às citocinas incluem o aumento ou a diminuição da expressão de proteínas de

membrana (especialmente receptores para citocinas), proliferação celular e

secreção de moléculas efetoras.

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As citocinas podem atuar de maneira autócrina (sobre as próprias

células que as secretam), parácrina (sobre células próximas) ou endócrina (em

células distantes). Frequentemente são produzidas de maneira seqüencial,

com determinada citocina estimulando a célula-alvo a produzir citocinas

adicionais. Nesta cascata de citocinas se fazem presente citocinas pro e anti-

inflamatórias, responsáveis pela gênese e modulação da dor inflamatória,

dentre outros efeitos (CYTOKINES TUTORIAL).

Certos fatores biológicos, em particular algumas citocinas

hipernociceptivas, são liberados após um estímulo, iniciando a liberação, em

seqüência, de mediadores que culminará na resposta de defesa. No caso da

dor inflamatória induzida pela CG, essa seqüência inicia-se indiretamente com

a bradicinina ou diretamente o Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-α), que

estimularão a liberação de interleucina-6 (IL-6) e, em seguida, IL-1. Esta última

será a responsável pela ativação das enzimas ciclooxigenases (COX)-1 e -2,

produtoras das prostaglandinas (PGs), que são importantes mediadores de

vários eventos fisiopatológicos, incluindo o aumento na sensibilidade dolorosa

(FERREIRA e cols., 1993). O fato desta cascata acontecer de maneira

“hierárquica” possibilita o desenvolvimento de drogas que atuem em

determinadas etapas da mesma, impedindo a liberação dos mediadores

posteriores. Por exemplo, foi demonstrado que a pentoxifilina é capaz de inibir

a liberação de TNF-α e, consequentemente, da IL-1 (VALE e cols., 2004),

bloqueando os mediadores liberados em seguida. Do mesmo modo, os

corticosteróides também bloqueiam a cascata de mediadores por bloqueio do

TNF-α. O antagonista específico de receptores para IL-1, o IL-1ra, bloqueia os

passos seguintes à ativação do receptor para IL-1, enquanto a indometacina

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inibe a produção de PGs por atuar nas COX (CUNHA e cols., 2000; FERREIRA

e cols., 1978; FERREIRA e cols., 1978a).

Dentre as várias citocinas pro-inflamatórias presentes no sítio

inflamatório, o TNFα é produzido rapidamente e em larga quantidade por

macrófagos em resposta aos estímulos inflamatórios. O TNFα induz

hipernocicepção térmica e mecânica nas patas de ratos, efeito parcialmente

inibido pela indometacina (inibidora das COXs) e atenolol (antagonista de

receptor ß adrenérgico), sugerindo que a hipernocicepção induzida pela TNF-α

é mediada por prostanóides e aminas simpáticas ( CUNHA e cols., 1992).

Além deste, a IL-1β, citocina liberada por diferentes tipos de células, incluindo

macrófagos, monócitos e células da glia, está envolvida em vários aspectos da

inflamação, tais como o recrutamento de leucócitos, febre, liberação de

proteínas de fase aguda, aumento da permeabilidade vascular e estimulação

da produção da COX2 com conseqüente liberação de seus produtos

(DINARELLO, 1998). O aumento da IL-1ß acarreta na diminuição do tempo de

latência para a resposta nociceptiva do animal, no método experimental de

nocicepção da placa quente (PQ), caracterizando uma hipernocicepção (HORI

e cols., 1998).

Após a injúria tecidual e a ativação da cascata de citocinas, mediadores

específicos são liberados atuando em receptores metabotrópicos da membrana

neuronal das fibras C, promovendo assim a ativação de segundos mensageiros

como o monofosfato-cíclico de adenosina(AMPc), proteína quinase A (PKA) e

proteína quinase C (PKC) responsáveis por reduzir o limiar dos nociceptores e

aumentar a excitabilidade da membrana neuronal. Dentre esses mediadores

estão a BK, os eicosanóides e as aminas simpáticas que exercem uma

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importante função na gênese da hipernocicepção mecânica em ratos (CUNHA

e cols., 2005). A hiperalgesia induzida pelas prostaglandinas potencia a

liberação de Glutamato (GLU) e da substância P (SP) na sinapse medular das

fibras aferentes primárias (FAP), em decorrência do aumento de AMPc e do

aumento da condutância ao sódio e cálcio na fibra aferente primária

(SVENSSON e YAKSH, 2002).

O controle da ação deletéria e prolongada das citocinas pro-

inflamatórias, tais como TNF-α e IL-1ß, é levado a efeito pela liberação de

citocinas anti-inflamatórias capazes de modular a resposta inflamatória. Entre

as citocinas anti-inflamatórias, a IL-4 e IL-10 têm apresentado capacidade de

limitar a hiperalgesia inflamatória pela inibição da produção de outras citocinas

e eicosanóides (POOLE e cols., 1995).

ESTÍMULOLESIVO

BRADICININA

TNFαααα IL-6 IL-1

COX 2

PGs

SENSIBILIZAÇÃO DOS NOCICEPTORES

HIPERALGESIA INFLAMATÓRIA

IL-10ESTÍMULO

LESIVO

BRADICININA

TNFαααα IL-6 IL-1

COX 2

PGs

SENSIBILIZAÇÃO DOS NOCICEPTORES

HIPERALGESIA INFLAMATÓRIA

IL-10

Figura 1: Papel modulador da IL-10 na cascata de eventos que ligam o

estímulo nociceptivo, as ILs pró-inflamatórias (TNFα e IL-1) e a hiperalgesia

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inflamatória (adaptado de FERREIRA e FERRARI, 2008; SOUZA e TEIXEIRA,

2005).

1.3 – MECANISMOS ENDÓGENOS DE CONTROLE DA DOR

Já há muito se suspeitava, devido a uma série de observações clínicas

que, além dos sistemas responsáveis pela transmissão e reconhecimento da

dor, os organismos deveriam possuir também sistemas responsáveis por sua

modulação. Só em 1965, porém, um mecanismo modulatório foi objetivamente

proposto (Teoria da Comporta). Melzack e Wall sugeriram a existência de uma

espécie de comporta no corno dorsal da medula, que, quando aberta, permitiria

a transmissão dos impulsos dolorosos e, quando fechada, bloquearia a

passagem dos mesmos. A ativação das fibras mielínicas grossas (A-alfa e A-

beta), responsáveis pela condução do tato, pressão, propriocepção e

sensibilidade vibratória, excitaria interneurônios inibitórios para os aferentes

primários nociceptivos, fechando a comporta; a estimulação das fibras C e A-

delta, por outro lado, condutoras das sensibilidades dolorosa e térmica, inibiria

esses interneurônios inibitórios, assim permitindo a abertura da comporta e a

ativação das vias da dor pelos aferentes primários nociceptivos. Como

conseqüência dessa proposta, uma nova manobra para o tratamento das

síndromes dolorosas foi proposta: a estimulação elétrica de nervos periféricos

(WALL e SWEET, 1967), do funículo posterior da medula espinhal (SHEALY e

cols., 1967) e do núcleo ventrocaudal (VC) do tálamo (MAZARS e cols, 1973).

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25

Em 1969, Reynolds descreveu um novo sistema modulatório: a

substância cinzenta periaquedutal (PAG). A estimulação elétrica da mesma

produzia analgesia suficiente para permitir a realização de laparotomia em

ratos. Posteriormente, determinou-se a riqueza dessa região em terminais,

receptores e células opioidérgicas e que a microinjeção de morfina nesse sítio

produzia analgesia similar àquela produzida por sua estimulação elétrica,

ambas passíveis de reversão pela administração de naloxona (antagonista

opióide). Concluiu-se, dessa forma, que a analgesia produzida pela

estimulação da PAG e a analgesia produzida por opióides compartilham do

mesmo substrato anátomo-funcional. A estimulação elétrica da PAG foi

utilizada clinicamente, pela primeira vez, por Richardson e Akil, em 1977.

A estimulação elétrica e a microinjeção de morfina em duas outras

áreas, bulbo rostroventral - BRV (núcleos rafe magno, magnocelular e reticular

paragigantocelular lateral) e tegmento pontino dorsolateral (locus ceruleus e

subceruleus), também produzem profunda analgesia. Uma série de estudos

acabou por desvendar os mecanismos envolvidos: dessas estruturas originam-

se, respectivamente, as vias rafe-espinhal (serotoninérgica) e retículo-espinhal

(noradrenérgica), que se projetam bilateralmente nos funículos dorsolaterais da

medula espinhal, onde, na altura dos cornos dorsais, inibem a aferência

primária das vias nociceptivas.

Apesar da dor e da resposta inflamatória exercerem importantes papéis

na proteção do organismo contra agentes lesivos, em certas circunstâncias os

eventos fisiopatológicos assumem um caráter nocivo, justificando a

necessidade da interferência no curso do processo. Além dos recursos da

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farmacologia clássica, várias ferramentas e recursos fisioterapêuticos têm sido

utilizados para amenizar e tratar os sintomas da inflamação. O uso de um

tratamento eficaz, não-invasivo, de baixo custo e com poucas contra-

indicações é extremamente valioso, pois diminui o impacto social e econômico

causado pela disfunção, propiciando um retorno mais rápido às atividades

habituais e/ou esportivas. O Ultra-som terapêutico (USt), recurso amplamente

usado na fisioterapia, parece apresentar estas características.

1.4- ULTRA-SOM TERAPÊUTICO

O Ultra-som Terapêutico (USt) é uma forma de energia acústica

frequentemente usado pelos fisioterapeutas, pois seus efeitos provocam calor

profundo e alívio da dor, alterações da permeabilidade da membrana,

favorecem o processo de cicatrização e fonoforese. Apesar de amplamente

usado, ainda há na literatura uma grande inconsistência nos dados sobre as

situações em que este recurso seria benéfico. Faltam evidências científicas

sobre seu mecanismo de ação, há controvérsias sobre quais parâmetros

seriam eficazes para cada situação e qual seria o momento ideal de iniciarmos

o tratamento (PARTRIDJE, 1987; TER HAAR, 1999; ROBERTSON e BAKER,

2001; GUIDE OF PHYSICAL THERAPY PRACTICE, 2001; BROSSEAU e

cols., 2002, 2006).

Definindo-se mais precisamente, USt pode ser descrito como uma onda

sonora ou de pressão com alta freqüência, cuja propagação por um tecido está

associada à transferência mecânica de energia para a região insonada (DOAN

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e cols., 1999). A propagação das ondas ultrasônicas pode ocorrer de dois

modos: contínuo ou pulsado, sendo que a diferença entre estes está na

maneira como se dá a propagação da energia. No modo contínuo não há

interrupção da propagação, havendo um depósito ininterrupto de energia sobre

os tecidos insonados. No entanto, no modo pulsado ocorrem interrupções

freqüentes e periódicas na propagação de energia contribuindo para a

dissipação do calor predominando os efeitos biológicos (FISHER e cols., 2003).

As primeiras observações de que o USt seria capaz de interagir com os

tecidos do corpo, produzindo mudanças biológicas, são bastante antigas

(WOOD e LOOMIS, 1927). Porém, o interesse pelo seu emprego na fisioterapia

só surgiu no início da década de 1940’s, alcançando a popularidade nas

décadas de 1950 e 1960, pois o reconhecimento que ele era capaz de

aumentar a temperatura local e melhorar a mobilidade articular despertou

grande interesse pelo seu uso (WOO, 2006). Entretanto, ainda hoje

permanecem as dúvidas e questionamentos sobre a eficácia do USt, uma vez

que faltam evidências conclusivas sobre seus efeitos e até hoje existem

controvérsias sobre o mecanismo de ação do USt. (GAM e JOHANNSEN,

1995; CHAN, 1998; CAMBIER, 2001; CASIMIRO, 2002; TER HAAR,

1987,1999).

Modalidades terapêuticas de fácil acesso e manuseio, que se propõem a

acelerar a fase proliferativa da regeneração tecidual e, por conseguinte,

promover o retorno precoce às atividades habituais ou esportivas são muito

importantes (RANTANEN e cols, 1999). Os resultados de um levantamento

feito na Inglaterra (1995) e na Austrália (2002) mostraram que 90% dos

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fisioterapeutas têm acesso ao aparelho de USt e que mais de 80% deles o

utilizam freqüentemente (WARDEN e MCMEEKEN, 2002).

Para que um recurso fisioterapêutico, como o USt, possa ser

recomendado clinicamente, é necessário o conhecimento e a determinação

científica de seu mecanismo de ação e de seus efeitos biológicos, pois só

assim, poder-se-á determinar o tipo de patologia e o momento exato em que a

sua aplicação será mais eficaz, evitando controvérsias e estabelecendo

protocolos mais eficazes e seguros.

Existe um consenso na literatura de que o USt exerce seus efeitos

basicamente através de dois mecanismos: térmicos e não-térmicos. Todavia,

mesmo os efeitos ditos não-térmicos são sempre acompanhados de algum

aquecimento, porque a interação entre USt e tecido é simultaneamente térmica

e mecânica e há poucas evidências de que se possa isolar um efeito do outro

(BAKER e cols., 2001).

Os efeitos térmicos derivam basicamente do aquecimento tecidual,

determinando aumento da atividade metabólica e vasodilatação, o que acarreta

e favorece o fluxo sanguíneo regional. O aquecimento leve pode reduzir a dor,

o espasmo muscular e promover processos de cicatrização. Para se obter um

efeito terapêutico útil decorrente do aumento da temperatura, a temperatura

precisa ser mantida entre 40 e 45°C (LEHMAM e GUY, 1972) por pelo menos 5

minutos (LEHMAM e LATEUR, 1982; DYSON, 1987), dados estes confirmados

por outros autores mais recentemente (MERRICK e cols., 2002; GALLO e cols.,

2004). O aquecimento local produzido pelo USt depende do tipo de tecido (os

tecidos com alto teor protéico absorvem energia mais profundamente do que os

tecidos com alto teor de gordura), do fluxo sanguíneo que irriga o local (a

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corrente sanguínea pode dissipar o calor produzido) e da freqüência do USt

(1,0 MHz ou 3,0 MHz). As altas freqüências (3,0 MHz) têm uma alta absorção,

tornando-as específicas para tratar tecidos mais superficiais, enquanto as

baixas freqüências (1,0MHz) tem a absorção mais lenta, devendo ser usadas

para tratar tecidos mais profundos (DYSON, 1987; FISHER e cols., 2003).

Estudos demonstraram que intensidades menores do que 0,5 W/cm2

determinam um aumento na temperatura inferior a 1°C, mesmo quando a

aplicação prolonga-se por 10 min ou mais (DRAPER e cols., 1995), reforçando

a idéia de que mecanismos não térmicos também estão envolvidos nos efeitos

decorrentes do uso do USt.

Atualmente, aceita-se que os efeitos não–térmicos são aqueles capazes

de gerar efeitos biológicos sem um significativo grau de aquecimento tecidual,

(definido como um aumento na temperatura ≤1°C) (CONCLUSIONS AND

RECOMMENDATIONS, 2000). Os efeitos não-térmicos derivam direta ou

indiretamente da cavitação ou do fluxo acústico. Cavitação é o termo que

descreve a formação de pequenas bolhas gasosas nos tecidos, como resultado

da vibração produzida pelo USt. Este termo engloba a formação, o

crescimento, o colapso e os efeitos (físicos, químicos e biológicos) associados

à estas bolhas gasosas (FRIZZELl e DUNN, 1984; DEFINITIONS AND

DESCRIPTION OF NONTHERMAL MECHANISMS, 2000; NYBORG, 2001).

Alterações reversíveis na permeabilidade da membrana ao cálcio e ao sódio

têm sido demonstradas usando níveis terapêuticos do USt (DINNO e cols.,

1989; MORTIMER e DYSON,1988), fenômeno este atribuído à cavitação. Este

fato é de extrema significância uma vez que o cálcio, no seu papel de

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mensageiro intracelular, pode ter um efeito profundo na atividade celular

estimulando a síntese de proteínas e reparação de tecidos. Tem sido mostrado

que um único tratamento de USt, aplicado logo após a lesão, causa aumento

dos níveis teciduais de cálcio e estimula a degranulação de mastócitos,

aumentando a liberação histamina nos tecidos ao redor (FYFE e CHAHL,1982;

HASHISH, 1986).

A cavitação transitória ou instável ocorre quando o volume da bolha se

altera rapidamente, ocorrendo em seguida o colapso (implosão) das mesmas.

Este conjunto de variações causa aumento da pressão e mudanças de

temperatura tecidual, podendo resultar em dano relevante aos tecidos. Esse

efeito é atribuído à elevadas potências, aplicação estacionária ou excesso de

tempo de aplicação sobre a mesma região. A introdução do USt pulsado, na

década de 1960’s, permitiu a redução destes efeitos secundários, por evitar o

aumento excessivo de temperatura (DALECKI, 2004).

Revisões sistemáticas e meta-análises sobre os efeitos do USt na

prática clínica tem repetidamente concluído que faltam evidências para

suportar a ocorrência de efeitos benéficos decorrentes da aplicação do USt

(GAM e JOHANNSEN, 1995; BOUTER, 2000; ROBERTSON e BAKER, 2001;

VAN DER WIND e cols., 1999). A maioria dos profissionais se depara com a

falta de literatura consistente para se embassar, lançando mão de suas

experiências clínicas na determinação dos parâmetros e dosagens,

empregando o USt muitas vezes de uma maneira empírica.

Há muitas razões que justificam por que o uso do USt não é suportado

com base em evidências científicas. Uma das principais é o número limitado de

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estudos experimentais adequadamente controlados. Outra fonte importante

para a grande diversidade de resultados refere-se à multiplicidade de entidades

clínicas tratadas com USt, ao nível de gravidade e ao estágio em que a

patologia se encontra (GAM e JOHANNSEN, 1995; ROBERTSON e BAKER,

2001; VAN der HEIJEN e cols., 1997; WARDEN e M.MCMEEKEN, 2002;

PHILADELPHIA PANEL, 2001, KURTAIS e cols., 2004).

Dado ao caráter seqüencial e estereotipado da resposta inflamatória, é

provável que eventos precoces possam afetar seus estágios posteriores,

portanto, o uso do USt na fase inicial do processo pode influenciar

subseqüentemente sua resolução e cura (FYFE e CHAL, 1985).

Apesar de serem descritos na literatura danos teciduais relacionados ao

uso do USt, quando este é usado de maneira criteriosa, controlando-se

variáveis como intensidade e tempo de exposição, a chance de lesões passa

ser negligenciável.

A existência de grande controvérsia na literatura e uma enorme

escassez de evidências científicas sobre o mecanismo de ação do USt,

contrasta com a freqüência do emprego e o relato informal de sua eficácia, e

suportam o argumento de que se torna necessária a realização de estudos

controlados para a melhor compreensão deste recurso. O estudo experimental

com animais de laboratório é de grande valia neste aspecto, por fornecer

modelos nos quais o controle das variáveis experimentais é muitíssimo maior

que o possível em um estudo em humanos. Assim, vários modelos

experimentais têm sido testados, na tentativa de elucidar os mecanismos da

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resposta inflamatória e consequentemente averiguar a eficácia deste e de

vários instrumentos.

1.4.1- AVALIAÇÕES DO USt EM MODELOS EXPERIMENTAIS

Estudos realizados pelo nosso grupo, demonstraram que a aplicação do

USt modo pulsado, causou uma redução na hipernocicepção térmica e no

edema induzidos pela CG, em ratos. O efeito antinociceptivo foi evidenciado já

a partir da primeira aplicação do USt pulsado e permaneceu por mais de 24

horas. Além disso, na 24ªh, os animais que receberam três aplicações do USt

pulsado, apresentaram um efeito hiponociceptivo, sugerindo que o efeito do

USt pulsado pode ser dividido em duas fases: um efeito antihipernociceptivo

precoce que não pode ser explicado pela liberação de opióides endógenos e o

efeito hiponociceptivo tardio que é bloqueado pelo antagonista de receptor

opióide, a naloxona (SAVERNINI, 2006). Os efeitos antiedematogênico e

antihipernociceptivo precoce, por sua vez, podem ser explicados pela redução

nos níveis de TNFαααα e pelo aparecimento de IL-10 na pata inflamada.

Recentemente foi demonstrado, também em ratos, que a aplicação do

USt pulsado na pata de um animal que tenha recebido a injeção de um

estímulo nociceptivo, impede o aumento do número de neurônios medulares

marcados para NOSi, refletindo a possibilidade deste recurso estar afetando

mecanismos centrais da nocicepção. A influência do USt pulsado, aplicado

perifericamente, sobre a modulação central das vias nociceptivas implica na

possibilidade deste recurso estar interferindo na neuroplasticidade de

neurônios medulares (HSIEH, 2005; 2006).

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Baseado nestas informações, concluímos que mais estudos são

necessários para entendermos os mecanismos de ação do USt pulsado

1.5- OBJETIVOS

O objetivo do nosso estudo foi verificar como a ação antinociceptiva e

antiedematogênica do USt modo pulsado seriam influenciadas pela sua

aplicação em diferentes fases do processo inflamatório induzido pela CG, em

ratos, e se o número das aplicações influência a magnitude dos efeitos

observados.

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CAPÍTULO 2- MATERIAL E MÉTODOS 2.1- ANIMAIS:

Foram utilizados ratos Wistar, machos, adultos jovens, com peso entre

140 e 150 gramas. Todos os animais foram fornecidos pelo Centro de

Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG - CEBIO/ICB e

acondicionados em caixas plásticas padrão (41cm de comprimento x 34 cm de

largura x 17 cm de altura) com maravalha, sempre com 6 animais por caixa. Os

animais foram mantidos na sala de experimento do laboratório por 48 horas

antes do início do experimento para ambientação em ciclo de luz de 12 horas

(luz ligada às 6:00 hs), temperatura ambiente 25°C ± 2°C, recebendo água e

comida ad libitum. A ração era retirada 12 horas antes dos experimentos,

mantendo água durante todo o tempo.

Todos os animais foram tratados de acordo com as normas éticas para

pesquisa com animais e as diretrizes para investigação de dor experimental em

animais de laboratório, conforme prescrito pela Associação Internacional para o

Estudo da Dor (ZIMMERMANN, 1983). O protocolo experimental descrito neste

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética animal da Universidade Federal de

Minas Gerais (CETEA/UFMG) sob o n°147/2007 (ANEXO 1).

2.2- INDUÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA :

A indução da resposta inflamatória foi feita pela injeção subcutânea de

50 µµµµl/pata de carragenina (Sigma®, E.U.A), em solução salina fisiológica

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estéril, portanto em uma dose de 500 µg / pata. Estes valores foram pré-

estabelecidos em nosso laboratório causando um aumento médio de 1763 ±

36,6 µl do volume da pata (edema) e uma redução de 75% no tempo de

permanência na Placa Quente (hipernocicepção) apresentando um erro padrão

da média (EPM) menor do que as outras dosagens testadas (SAVERNINI,

2006).

A injeção foi feita na região subplantar da pata posterior esquerda dos

animais, sendo o momento da aplicação considerado “tempo zero”. Para a

injeção foi utilizada uma seringa de insulina de 0,3 ml com agulha acoplada.

Figura 2: Aplicação da

CG na região subplantar da

pata posterior esquerda

(tempo de aplicação

considerado “tempo zero”).

2.3- AVALIAÇÃO TÉRMICA NOCICEPTIVA: MÉTODO DA PLACA

QUENTE

A medida da hipernocicepção térmica, pode ser definida como a redução

no tempo de latência para o aparecimento de uma resposta motora

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estereotipada após a exposição da região inflamada a um estímulo térmico. A

avaliação desta resposta pelo método da PQ foi originalmente descrito por

Woolfe e MacDonald (1944) e posteriormente foram feitas modificações para

aumentar a reprodutibilidade e a adequação de tal teste (EDDY e LEIMBACH,

1953; O’CALLAGHAN e HOLTZMAN, 1975, HANDWERKER, 1983;

HUNSKAAR e cols., 1986). A técnica descrita inicialmente por Hargreaves

(1988) foi previamente padronizada em nosso laboratório (Laboratório de

Inflamação e Dor do Departamento de Farmacologia do ICB / UFMG)

(SAVERNINI, 2006) e consiste na colocação individual do animal em uma caixa

de acrílico transparente, com piso de alumínio de espessura constante (2mm).

Após um período de ambientação (± 1 min) suficiente para que o animal cesse

a exploração do ambiente, o fundo de alumínio da caixa foi colocada em

contato com água quente (Banho Maria à uma temperatura constante de

48°C). Neste momento, é disparado um cronômetro digital para a contagem do

tempo de latência (medida em décimos de segundos). O limiar nociceptivo

(valor basal) foi considerado como o primeiro episódio de resposta ao calor,

caracterizado por movimentos de sacudir, lamber ou erguer a pata traseira. O

valor basal foi obtido antes de qualquer procedimento ou injeção. Parte da

confiabilidade deste teste, baseia-se no fato de que estes comportamentos

estereotipados raramente são manifestados pelo animal na ausência do

estímulo térmico (EDDY e cols., 1950) e que o valor basal não é modificado ao

longo do período experimental, em ausência da injeção de CG (SAVERNINI,

2006). O tempo de corte determinado para evitar lesões foi de 50 segundos

(2,5x a média do valor basal). As medidas foram feitas nos tempos: Basal

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(obtido antes de qualquer procedimento ou injeção de CG), 2ª, 4ª, 6ª, 8ª, 24ª e

48ª hora após a injeção de CG.

Figura 3: Placa Quente, conforme padronização no Laboratório de

Inflamação e Dor do Departamento de Farmacologia do ICB (SAVERNINI,

2006). A- Banho Maria à 48°C, B- Termômetro acoplado ao termostato, C-

Caixa de acrílico para contenção do animal, D- Fundo de Alumínio, E-

Resposta Nociceptiva Térmica (animal lambendo a pata esquerda).

2.4 – AVALIAÇÃO DO EDEMA INFLAMATÓRIO

Para verificação do aumento do volume da pata provocado pela injeção

da CG, foi usado um Hidropletismômetro da Ugo Basile (modelo 7140, Italy),

que consiste de duas câmaras transparentes, ligadas em um sistema de vasos

comunicantes. A medida do volume da pata foi feita após o animal ser

removido da PQ, considerando os tempos descritos anteriormente (Basal, 2ª,

4ª , 6ª, 8ª, 24ª e 48ª horas). A pata do animal é submersa até a articulação

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tíbio-társica, em uma cubeta (primeira câmara) preenchida com uma solução

salina contendo Extran 1% para reduzir a tensão superficial.

O deslocamento do volume causado pela imersão da pata é registrado

por eletrodos de fluxo iônico localizados em um compartimento anexo e

comunicante com a cubeta (segunda câmara). Este registro é convertido para

volume (unidade = 0,1 ml) e lido no monitor digital do aparelho. Para análise

estatística e registro gráfico as medidas foram transformadas em µl.

O cálculo do edema da pata foi obtido pela diferença entre o volume da

pata inflamada (esquerda) e o volume da pata contra lateral (direita), calculado

individualmente, nos diferentes tempos (∆= volume da pata inflamada – volume

da pata contra lateral). As medidas foram sempre realizadas pelo mesmo

examinador previamente treinado, aumentando a confiabilidade da avaliação.

Figura 4: Medida pletismométrica do volume da pata posterior de ratos

(Hidropletismômetro Ugo Basile, modelo 7140). A- Pata do rato submersa até a

articulação tíbio-társica. B- Cubeta para imersão da pata (1ª câmara). C-

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Cubeta com o transdutor (2ª câmara). D- Reservatório de solução salina com

EXTRAN 1%. E-Registrador digital.

2.5- ULTRA-SOM TERAPÊUTICO

O equipamento utilizado foi um aparelho de Ultra-som terapêutico (USt)

IMEBRÁS, SONOPULSE II ( 1,0 e 3,0 MHz) , aferido e calibrado por uma

empresa especializada a cada três meses ou quando necessário. Os

parâmetros de uso do Ultra-som foram: ERA 1 cm2, modo pulsado, frequência

de onda 1,0 MHz, frequência de repetição de pulso 100 Hz, relação

pulso/pausa 1/5, intensidade 0,40 W/cm2. As aplicações foram feitas por

contato direto na região subplantar posterior, usando gel hidrofílico como meio

de acoplamento. Cada aplicação teve duração de 2 minutos e foi feita em

movimentos circulares constantes para evitar o surgimento de ondas

estacionárias (CONCLUSIONS AND RECOMMENDATIONS, 2000).

As aplicações do USt pulsado foram realizadas após as medidas de

Placa Quente e Edema. Durante as aplicações, o animal foi levemente contido

em posição confortável, por um examinador treinado, minimizando assim o

estresse causado pelo procedimento. Os parâmetros utilizados foram

determinados em experimentos prévios realizados no Laboratório de

Inflamação e Dor ICB/UFMG (SAVERNINI, 2006).

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Figura 5: Aplicação do Ultra-som na pata posterior de ratos

utilizando ERA 1 cm2 . Aparelho de Ultra-som Terapêutico (IMEBRÁS

SONOPULSE II, 1,0 e 3,0 MHz).

2.6- PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS

2.6.1- Efeito da variação do momento e do número de aplicações sobre

os efeitos antinociceptivo e antiedematogênico do USt pulsado.

2.6.1.A- Determinação do melhor momento para início do tratamento:

Comparação entre aplicações únicas, realizadas em diferentes tempos, após

início da resposta inflamatória.

Os animais (n=6) foram distribuídos aleatoriamente entre 5 grupos

experimentais. Após o período de adaptação, foram feitas as medidas basais

da hipernocicepção (PQ) e do volume das patas (Hidroplestimômetro). Os

grupos receberam as aplicações de USt pulsado em diferentes tempos,

conforme especificado a seguir.

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41

Grupo 1: massagem com o cabeçote do USt desligado nos

tempos”zero”, 2ª e 4ª hora.

Grupo 2: aplicação única do USt pulsado, imediatamente após a injeção

de CG (“tempo zero”).

Grupo 3: aplicação única do USt pulsado, na 2ª h após a injeção de CG

.

Grupo 4: aplicação única do USt pulsado, na 4ª h após a injeção de CG.

Grupo 5: Para Efeito de comparação, este grupo (Efeito Padrão)

recebeu três aplicações do USt pulsado nos tempos “Zero”, 2ª e 4ª h pós-CG

padronizados anteriormente.

2.6.1. B- Comparação entre aplicações múltiplas feitas em períodos

mais tardios da resposta inflamatória.

O desenvolvimento inicial do protocolo experimental foi igual ao item

2.6.1.A. Após o procedimento inicial os grupos receberam o seguinte

tratamento:

Grupo 1: Controle, receberam apenas a CG.

Grupo 2: Efeito Padrão, receberam três aplicações do USt pulsado, nos

tempos “Zero”, 2 e 4ª h após a injeção i.pl. de CG.

Grupo 3: receberam três aplicações do USt pulsado, na 2ª, 4ª e 6ª. h

após a injeção i.pl. de CG.

2.6.1.C- Determinação do efeito de uma aplicação extra feita em

horários diferentes.

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42

Os grupos receberam quatro aplicações de USt pulsado. Além dos

horários padronizados (“zero”, 2ª e 4ª h), uma aplicação extra foi feita na 6ª ou

na 24ª hora. Os grupos padrão (USt nos tempos “zero”, 2ª e 4ª h) e controle

(USt desligado, nos mesmos tempos) foram tratados conforme descrito no

primeiro experimento.

2.7- ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram expressos pela média ± EPM de cada grupo,

através de curvas de desenvolvimento do parâmetro analisado em função do

tempo. Quando conveniente foram utilizados histogramas da ASC (área sob a

curva) do desenvolvimento temporal do fenômeno. A ASC foi calculada

individualmente pelo método da somatória das áreas, obtendo a média e o seu

erro padrão para cada grupo. O valor obtido foi lançado no histograma. A

significância estatística das diferenças observadas foi calculada pelo programa

GraphPad Prism, versão 3.00. Aplicou-se o teste ANOVA One Way, com pós-

teste de Dunnet, para comparação entre os diferentes grupos experimentais e

o grupo controle, nos vários tempos, considerando-se o nível de significância

de p<0,05.

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CAPÍTULO 4 – ARTIGO

INTERFERÊNCIA DO MOMENTO DE INÍCIO E DO NÙMERO DE

APLICAÇÕES DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO PULSADO SOBRE A

MAGNITUDE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA INDUZIDA

EXPERIMENTALMENTE.

LEMOS, M.T.1.; ABREU, M.S.C.2.; SAVERNINI, N.3.; LOPES, A.S.4

1 Fisioterapeuta, MSC, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,

MG, Brasil.

2 Biomédica, PhD, professora do Departamento de Farmacologia da

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

3 Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Reabilitação, Universidade Federal de

Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

4 Dentista, Mestre em Farmacologia, Universidade Federal de Minas Gerais,

Belo Horizonte, MG, Brasil.

Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte – MG

Endereço para correspondência: Maria Teresa de Azevedo Lemos,

Tel: (31)- 87858394, e-mail: [email protected]

Nome do Periódico: Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of

Physiotherapy.

Site: www.ufscar.br

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INTRODUÇÃO

A dor é um dos problemas mais pervasivos em nossa sociedade, gerando um

custo social altíssimo devido às disfunções, sejam elas permanentes ou não e o seu

tratamento é uma tarefa de alta complexidade devido aos vários aspectos envolvidos 1,2.

O Ultrasom Terapêutico (USt) é uma forma de energia acústica frequentemente

usado pelos fisioterapeutas para tratar lesões teciduais, pois seus efeitos provocam calor

profundo e alívio da dor, alterações na permeabilidade da membrana, favorem o

processo de cicatrização e fonoforese. Contrastando com a freqüência do emprego e o

relato informal de sua eficácia, existem grandes controvérsias na literatura e uma grande

escassez de evidências científicas sobre os mecanismos de ação do USt 3-6 .

As revisões sistemáticas e meta-análises sobre os efeitos do USt na prática

clínica tem repetidamente concluído que faltam evidências para suportar seus

benefícios7-12, contribuindo para que os parâmetros e dosagens deste recurso sejam

determinados empiricamente. Uma das razões para esta falta de evidências científicas é

a diversidade dos resultados encontrados, decorrentes da multiplicidade de entidades

clínicas tratadas com USt, da variedade dos parâmetros utilizados e do nível de

gravidade e do estágio em que a patologia se encontra no início do tratamento7,9,10,13 -18.

Em contraste com o grande número de estudos clínicos, existe um número muito

limitado de estudos experimentais controlados sobre a eficácia do USt, apesar do fato de

que experimentos com animais fornecem modelos onde o controle das variáveis

experimentais é muitíssimo maior que o possível em um estudo com humanos3,9,19, uma

vez que os mecanismos celulares e humorais da resposta inflamatória podem ser

reproduzidos em laboratório, de maneira controlada, através da aplicação experimental

de estímulos padronizados.

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Um modelo experimental muito usado na avaliação do efeito anti-inflamatório

de novas drogas ou de recursos fisioterapêuticos baseia-se na injeção intraplantar de

carragenina (CG), em ratos. Este procedimento determina uma resposta inflamatória

aguda, não imune, bem pesquisada e amplamente reprodutível20. O desenvolvimento

dos sinais e sintomas cardinais da inflamação – edema, dor, aumento da temperatura

local e eritema – inicia-se imediatamente após a injeção subcutânea de CG, como

resultado da ativação de uma cascata seqüencial de citocinas que precede a liberação de

mediadores pró-inflamatórios 21,22. Desta forma, pode-se considerar que as citocinas

constituem o elo entre a lesão celular, a produção dos mediadores inflamatórios

clássicos e o aparecimento dos sinais e sintomas inflamatórios21-25.

As citocinas têm como função regular a duração e intensidade das respostas

específicas, sendo responsáveis pela gênese e modulação da dor inflamatória, dentre

outros efeitos. No caso da dor inflamatória induzida pela CG, essa seqüência inicia-se

indiretamente com a bradicinina ou diretamente o Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-

α), que estimularão a liberação de interleucina-6 (IL-6) e, em seguida, IL-1. Esta última

será a responsável pela ativação das enzimas ciclooxigenases (COX) 1 e 2, produtoras

das prostaglandinas (PGs), que são importantes mediadores de vários eventos

fisiopatológicos, incluindo o aumento na sensibilidade dolorosa26. O fato desta cascata

acontecer de maneira “hierárquica” possibilita o desenvolvimento de drogas que, por

atuarem em determinadas etapas da mesma, impeçam a liberação dos mediadores

seguintes, interrompendo o processo. Por exemplo, demonstrou-se que a pentoxifilina

inibe a liberação de TNF-α e, consequentemente, da IL-127, bloqueando a resposta

inflamatória. Do mesmo modo, os corticosteróides também bloqueiam a cascata de

mediadores, através da redução da produção de TNF-α. O antagonista específico de

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receptores para IL-1, o IL-1ra, bloqueia os passos seguintes à ativação do receptor para

IL-1, enquanto a indometacina inibe a produção de PGs por atuar nas COX28-30.

O controle da ação das citocinas pro-inflamatórias, tais como TNF-α e IL-1ß, é

levado a efeito pela liberação de citocinas anti-inflamatórias capazes de modular a

resposta inflamatória. Entre as citocinas anti-inflamatórias, a IL-4 e IL-10 têm

apresentado capacidade de limitar a hiperalgesia inflamatória pela inibição da produção

de outras citocinas e eicosanóides31.

Em estudos prévios, nosso grupo demonstrou que aplicações do USt modo

pulsado, na fase inicial da resposta inflamatória, causaram uma redução na

hipernocicepção térmica e no edema induzidos pela CG, em ratos. Quando foram feitas

3 aplicações do USt pulsado, o efeito antinociceptivo foi evidenciado a partir da

primeira aplicação do USt pulsado e permaneceu até a 24ª hora quando evidenciou-se

um efeito de hiponocicepção tardia, sensível ao bloqueio pela naloxona, um antagonista

opióideo. A dosagem de citocinas no coxim plantar das patas inflamadas evidenciou que

as aplicações de USt pulsado causaram redução nos níveis de TNFα e aumento dos

níveis de IL-10, fato que poderia explicar, pelo menos em parte, os efeitos

antinociceptivo e antiedematogênico deste recurso fisioterapêutico32 .

Baseado nestas informações, o objetivo do nosso estudo foi verificar como a

ação antinociceptiva e antiedematogênica do USt modo pulsado seriam influenciadas

pela sua aplicação em diferentes fases do processo inflamatório induzido pela CG, em

ratos, determinando o melhor momento para iniciar o tratamento e como o número de

aplicações influenciaria a magnitude dos efeitos observados.

MATERIAL E MÉTODOS:- ANIMAIS: Foram utilizados ratos Wistar,

machos, adultos jovens, com peso entre 140 – 150 gramas fornecidos pelo Centro de

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Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG - CEBIO/ICB. Os animais

foram mantidos em caixas plásticas com maravalha, com no máximo 6 animais em cada

caixa, e levados para a sala de experimento do laboratório 48 horas antes do início do

mesmo, em ciclo de luz de 12 horas, temperatura ambiente 25°C ± 2°C. Os animais

receberam ração ad libitum até 12 horas antes do início do experimento e a água foi

mantida durante todo o tempo. O protocolo experimental foi previamente aprovado pelo

Comitê de Ética Animal (CETEA/UFMG nº 147/2007) e os animais foram tratados de

acordo com as normas éticas para pesquisa com animais e as diretrizes para

investigação de dor experimental em animais de laboratório, conforme prescrito pela

Associação Internacional para o Estudo da Dor 33.

INDUÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA: A substância usada foi a

carragenina (CG) (Sigma®, E.U.A) à 1%, diluída em solução salina na dose de

500µg/pata (50µl/pata)32. A injeção subcutânea foi feita na região plantar da pata

posterior esquerda dos animais, sendo o momento da aplicação considerado “tempo

zero”.

AVALIAÇÃO DA HIPERNOCICEPÇÃO TÉRMICA PELO MÉTODO

DA PLACA QUENTE: A técnica descrita inicialmente por Hargreaves34 (1988) foi

padronizada em nosso laboratório (Laboratório de Inflamação e Dor do Departamento de

Farmacologia do ICB / UFMG)32, consistindo na colocação do animal em avaliação em

uma caixa de acrílico transparente, com piso de alumínio de espessura constante (2mm).

Após um período de ambientação (± 1 min) suficiente para que o animal cesse a

exploração do ambiente, a caixa é colocada em Banho Maria à temperatura constante de

48 °C. Neste momento, inicia-se a contagem do tempo de latência, medida em décimos

de segundos por um cronômetro digital manual. O limiar nociceptivo (“valor basal”) foi

considerado como o primeiro episódio de resposta motora ao aquecimento da placa,

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caracterizado por movimentos de sacudir (“sapateio”), lamber ou erguer a pata

inflamada. Parte da confiabilidade deste teste baseia-se no fato de que estes

comportamentos estereotipados raramente são manifestados pelo animal na ausência do

estímulo térmico35. As medidas foram feitas nos tempos: basal (valor obtido antes de

qualquer procedimento ou injeção de CG), 2ª, 4ª, 6ª, 8ª, 24ª e 48ª hora após a injeção de

CG. Os valores foram registrados em ∆ (valor medido - valor basal)

AVALIAÇÃO DO EDEMA INFLAMATÓRIO: Para verificação do aumento

do volume da pata (edema) induzido pela injeção da CG, foi usado um

Hidropletismômetro da Ugo Basile (modelo 7140, Italy). A medida do volume da pata

foi feita logo após o animal ser removido da PQ, considerando os tempos descritos

anteriormente. Neste teste, a pata do animal é submersa até a articulação tíbio-társica,

em uma cubeta preenchida com uma solução salina contendo Extran 1%, O

deslocamento do volume causado pela imersão da pata é registrado por eletrodos de

fluxo iônico localizados em um compartimento anexo e comunicante com a cubeta e

lido no monitor digital do aparelho. As medidas foram sempre realizadas pelo mesmo

examinador, previamente treinado, aumentando a confiabilidade da avaliação. Os

valores foram registrados em ∆ (valor da pata inflamada - valor da pata contra lateral)

ULTRA-SOM TERAPÊUTICO: O equipamento utilizado foi um aparelho de

Ultra-som terapêutico da marca IMEBRÁS, SONOPULSE II (1,0 e 3,0 MHz), aferido e

calibrado por uma empresa especializada a cada três meses ou quando necessário. Os

parâmetros de uso do Ultra-som foram: ERA 1 cm2, modo pulsado, freqüência de onda

1,0 MHz, freqüência de repetição de pulso 100 Hz, relação pulso/pausa 1/5, intensidade

0,40 W/cm2. As aplicações com durações de 2 minutos, foram feitas em movimentos

circulares, por contato direto na região subplantar posterior, usando gel hidrofílico como

meio de acoplamento36 e realizadas após as medidas na PQ e no Hidropletismômetro.

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Estes parâmetros foram determinados por experimentos prévios realizados no

Laboratório de Inflamação e Dor ICB/UFMG32.

PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS: Os animais (n=6) foram randomizados

nos grupos experimentais e realizaram-se as medidas basais da hipernocicepção (PQ) e

do volume das patas (Hidroplestimômetro). A CG foi injetada na pata posterior

esquerda dos animais (“tempo zero”). As medidas foram repetidas nos tempos descritos,

sendo o USt aplicado logo em seguida, quando preconizado.

Primeiro experimento: Os grupos receberam uma aplicação única de USt

pulsado nos seguintes horários: ”tempo zero”, 2ª hora ou 4ª hora. Para efeito de

comparação, o grupo padrão recebeu três aplicações do USt pulsado nos tempos “zero”,

2ª e 4ª hora. O grupo controle recebeu a massagem com o cabeçote do USt desligado

nos tempos ”zero”, 2ª e 4ª hora.

Segundo experimento: Um dos grupos recebeu três aplicações do USt pulsado

nos seguintes horários 2ª, 4ª e 6ª hora. Os grupos padrão (USt nos tempos “zero”, 2ª e

4ª h) e controle (USt desligado, nos mesmos tempos) foram tratados conforme descrito

no primeiro experimento.

Terceiro experimento: Os grupos receberam quatro aplicações de USt pulsado.

Além dos horários padronizados (“zero”, 2ª e 4ª h), uma aplicação extra foi feita na 6ª

ou na 24ª hora. Os grupos padrão (USt nos tempos “zero”, 2ª e 4ª h) e controle (USt

desligado, nos mesmos tempos) foram tratados conforme descrito no primeiro

experimento.

ANÁLISE ESTATÍSTICA: Os resultados foram expressos pela média ± EPM

de cada grupo, através de curvas de desenvolvimento do parâmetro analisado em função

do tempo. Quando conveniente foram utilizados histogramas da ASC (área sob a curva)

do desenvolvimento temporal do fenômeno. A ASC foi calculada individualmente pelo

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método da somatória das áreas, obtendo-se a média e o seu erro padrão para cada grupo.

O valor obtido foi lançado no histograma. A significância estatística das diferenças

observadas foi calculada pelo programa Graph Pad Prism, versão 3.00. Aplicou-se o

teste ANOVA One Way, com pós-teste de Dunnet, para comparação entre os diferentes

grupos experimentais e o grupo controle, nos vários tempos, considerando-se o nível de

significância (*) de p<0,05.

RESULTADOS:

Influência de uma única aplicação do USt pulsado, em diferentes tempos

(“zero”, 2ª ou 4ª hora), em comparação ao efeito de três aplicações (“zero”, 2ª e 4ª

hora) sobre o desenvolvimento temporal da hipernocicepção térmica e do edema

induzidos pela CG.

Conforme mostrado no gráfico 1, a aplicação do USt pulsado, nos tempos“zero”,

2ª e 4ª h, reduziu a intensidade da hipernocicepção térmica induzida pela injeção de CG

O aumento no tempo de permanência pode ser observado já na 2ª hora pós-CG( USt +

zero: -8,82s ± 1,28; USt + 2ª hora: -13,51s ± 2,37; USt + 4ª hora: -14,42s ± 2,89; USt +

três aplicações: -8,37s ± 1,56; US desligado: -13,93 ± 1,06). Além deste efeito anti-

hipernociceptivo o conjunto das 3 aplicações do USt pulsado determinou um efeito

tardio de hiponocicepção, evidenciado na 24ª hora pós-CG( USt +: 6,7s ± 2,7; USt

desligado: -6,5s ± 1,2), sendo o valor do tempo de permanência significativamente

maior que o valor basal correspondente. Independentemente do tempo em que foram

realizadas, nenhuma das aplicações únicas determinou hiponocicepção (gráfico 1).

Quando analisamos os valores da área sob a curva (ASC) para estes grupos, fica

evidente uma relação entre a precocidade do início do tratamento e a intensidade da

resposta antinociceptiva observada (gráfico 2).

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Efeitos semelhantes foram observados para o efeito antiedematogênico do USt

(gráfico 3). As aplicações únicas realizadas na 2ª e na 4ª h foram inefetivas, ao passo

que a aplicação única no tempo “zero” reduziu transitoriamente o desenvolvimento da

resposta edematogênica : USt+ “zero”: 721,67 ± 69,83µl; USt+ 2ª hora: 926,67 ± 113,66

µl; USt+ 4ª hora: 1095,71 ± 115,55µl; USt desligado: 1120,0 ± 61,30µl; USt+ (“zero”, 2ª

e 4ª h): 635,00 ± 35,85µl ( medidas da 2ª hora) Quando foram feitas as 3 aplicações

padronizadas do USt (“zero”, 2ª e 4ª h) observamos a redução do edema desde a 2ª até a

8ª h.: USt+ “zero”, 2ª e 4ª h: 760,00 ± 25,17µl; USt desligado: 1104,44 ± 59,30µl.

Também para este parâmetro foi possível observar a relação entre a precocidade do

início do tratamento e a intensidade do efeito antiedematogênico (gráfico 4).

Os valores da hipernocicepção e edema obtidos na 48ª hora em todos os cinco

grupos não diferiram entre si, indicando que, tanto a hipernocicepção induzida pela CG

quanto a hiponocicepção determinada pela aplicação do USt pulsado são fenômenos

reversíveis.

Influência do momento de início da série de três aplicações do USt sobre o

desenvolvimento temporal da hipernocicepção térmica induzida pela CG.

A influência da precocidade do início do tratamento sobre a intensidade do

efeito do USt foi verificada também quando as séries de 3 aplicações foram iniciadas

em diferentes momentos: a hiponocicepção tardia só ocorreu quando a primeira

aplicação foi feita no tempo “zero” (gráfico 5 e gráfico 6). O início do tratamento na 2ª

h pós-CG determinou um efeito antihipernociceptivo menos intenso e que não foi

seguido da hiponocicepção. A redução do efeito antihipernociceptivo pelo início tardio

do tratamento é melhor evidenciado na análise dos valores da área sob a curva (gráfico

6). Todavia, o USt pulsado mostrou-se capaz de reduzir o edema induzido pela CG

mesmo quando iniciado tardiamente, esta redução foi significante na 6ª h após o início

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do experimento no grupo onde o tratamento foi iniciado na 2ª h pós-CG, ao passo que o

início precoce determinou inibição durante todo o período inicial do experimento

(gráfico 7).

Número de aplicações de USt necessárias para determinar o efeito

antinociceptivo máximo.

O efeito antihipernociceptivo ou a hiponocicepção tardia mais intensos foram

observados após a realização de 3 aplicações do USt. Uma quarta aplicação do USt, seja

na 6ª ou na 24ª h, foi incapaz de intensificar estes efeitos (gráfico 8).

Este conjunto de observações indica que tanto a precocidade do início do

tratamento quanto a realização de mais de uma aplicação são essenciais para o

aparecimento dos efeitos desejados no tratamento de lesões inflamatórias agudas com o

USt pulsado.

DISCUSSÃO

Os estudos clínicos realizados para determinar a eficácia do USt utilizam uma

grande variedade de parâmetros do equipamento, além de envolverem a considerável

heterogeneidade inerente a este tipo de investigação, tais como idade, gênero, estágio da

doença e nível de dor14-17. Desta multiplicidade de variáveis originam-se as dificuldades

para a validação deste recurso, contribuindo para o empirismo encontrado em seu

emprego na prática clínica.

Com o objetivo de homogeneizar e melhor controlar as variáveis experimentais

nosso grupo tem utilizado um modelo experimental de inflamação aguda induzida pela

CG, em ratos, para avaliar a ação do USt pulsado. É importante ressaltar que tanto o

equipamento usado quanto os parâmetros são similares aos utilizados na prática clínica.

Neste modelo o efeito analgésico do tratamento como USt pulsado é deduzido de sua

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capacidade de aumentar o tempo de permanência do animal em uma placa metálica

aquecida à 48ºC, tempo este que é reduzido pela injeção de CG. O efeito anti-

inflamatório é inferido da atenuação do aumento do volume da pata induzido pela CG.

Neste modelo, os presentes resultados confirmam nossa demonstração prévia32 de que a

aplicação do USt pulsado determina efeitos anti-inflamatório e antinociceptivo.

A resposta de antinocicepção engloba um efeito antihipernociceptivo precoce,

que se evidencia desde o início do experimento pelo aumento do tempo de permanência

na PQ, que havia sido reduzido pela injeção de CG. Este efeito do USt pulsado é

seguido, na 24ª hora, por um aumento do limiar de resposta para valores maiores que o

basal (pré-CG), num efeito que denominamos hiponocicepção tardia.

Demonstramos aqui que existe uma relação entre a precocidade do início do

tratamento e a intensidade da resposta antinociceptiva observada: o efeito

antihipernociceptivo só se manifesta quando a insonação é iniciada antes da 2ª hora pós-

CG. Esses dados corroboram com a demonstração feita por Fyfe e Chal (1980,

1985)37,38 de que a aplicação precoce do USt pulsado na fase inicial da resposta

inflamatória pode influenciar as fases subseqüentes e favorecer a cura.

Uma vez que a produção de citocinas precede o aparecimento dos mediadores

inflamatórios clássicos, funcionando com o ligação entre a injúria celular e o

desenvolvimento de sinais e sintomas da inflamação24-26,39,40 sugerimos que pelo menos

parte dos efeitos benéficos do USt pulsado decorrem de seu efeito precoce sobre os

níveis de citocinas.

Foi demonstrado por Savernini (2006)32, que os níveis de TNF α estão

grandemente aumentados já na segunda hora pós-CG e que este aumento declina

gradualmente até pelo menos a 8ª h. Uma série de 3 aplicações de USt pulsado reduziu

drasticamente o aumento dos níveis desta citocina. Todavia, esta redução não se

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manteve após a última aplicação do USt e os níveis de TNF α dos grupos controle e

tratado se igualaram na 8ª h pós-CG. Uma vez que o TNF α induz a liberação de IL-1 e

IL-6 que estimulam a produção de produtos da COX envolvidos na gênese da

hiperalgesia e do edema inflamatórios 24,25,41,42,43, a sua inibição no padrão temporal

descrito poderia explicar tanto a necessidade do início precoce do tratamento com o USt

quanto a transitoriedade da ação de uma única aplicação de USt e a perda da eficácia

antinociceptiva das aplicações únicas realizadas mais tardiamente.

Considerando que a PGE2, uma vez liberada, causa hiperalgesia de longa

duração e que ao menos parte dos efeitos hiperalgésicos do TNF alfa derivam da

liberação deste eicosanóide29,44,45, a redução da eficácia do tratamento com o USt

pulsado iniciado tardiamente pode ser explicada pela ação de eicosanóides liberados

antes do tratamento. Uma vez que o efeito potenciador que a PGE2 exerce sobre o

desenvolvimento do edema inflamatório não compartilha da duração persistente

característica da hipernocicepção, a observação de que o início tardio do tratamento

com o USt foi parcialmente eficaz vem corroborar esta nossa hipótese.

Leung e cols. (2004)46 encontraram um aumento dos níveis de PGE2 associado a

um estimulo da resposta inflamatória após o uso do USt pulsado. Esses dados,

aparentemente contraditórios aos achados nesse estudo, entretanto, podem derivar do

inicio tardio do tratamento (um dia após a injúria) e da realização de apenas uma

aplicação, consubstanciando a hipótese de que o tratamento com o USt pulsado é eficaz

apenas se aplicações múltiplas são iniciadas nas primeiras horas após a lesão. Esta

observação nos levar a crer que o efeito do USt pulsado é primariamente o de inibir os

mecanismos de lesão e não exatamente revertê-los.

Aliado à redução dos níveis de TNF α, Savernini (2006)32 descreveu o aumento

dos níveis de IL-10 na pata inflamada tratada com aplicações múltiplas e precoces de

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USt. Este aumento, evidente a partir da 4ª hora pós-CG, atinge o máximo na 24ª hora,

momento em que se observa a hiponocicepção tardia.

A produção de IL-10 está associada com a redução da resposta inflamatória

aguda 31,47-50 A rápida produção de IL-10 por macrófagos possui importante efeito

regulador da resposta à patógenos sendo considerada uma via essencial à modulação da

resposta inflamatória51. Esta citocina anti-inflamatória pluripotente, além de inibir a

síntese de TNF alfa e IL-1, é capaz de antagonizar a ação destas citocinas pro-

inflamatórias. Pelo menos parte destes efeitos está associada com o aumento da

produção de antagonistas endógenos de citocinas pro-inflamatórias, do tipo do IL-1ra52.

Além disto, a co-administração do antagonista endógeno do receptor de IL-1 (IL-1ra)

potencia a analgesia aguda causada pela morfina intratecal 53, enquanto a terapia gênica

potencia a analgesia opióide aguda e atenua o desenvolvimento de tolerância e da

hiperalgesia53. Desta forma, fica caracterizada a existência da interdependência entre a

IL-10, o antagonismo do receptor para a IL-1 e indução de analgesia opióide.

É possível que o aumento dos níveis de IL-10 cause modificações, diretas ou

indiretas, na expressão de fatores que controlam, em uma fase inicial da resposta

inflamatória, a produção aumentada de peptídeos opióides endógenos e a expressão de

receptores opioidérgicos que é vista durante o processo inflamatório54. Por exemplo, a

produção endógena de dinorfina é controlada constitutivamente por um repressor

transcricional denominado DREAM (Downstream Regulatory Element Antagonist

Modulator)55,56,57. Em vários modelos experimentais, a ausência ou a redução dos

efeitos repressores do DREAM causam diminuição das respostas nociceptivas,

associada ao aumento dos níveis de dinorfina e da expressão do receptor kappa opióide

(KOR)56,57,58. A expressão de DREAM, que está ligeiramente aumentada durante as

fases iniciais de uma resposta inflamatória e atinge o máximo oito a doze horas após o

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estímulo59, pode ser controlada por citocinas60 e também por manobras fisioterapêuticas

do tipo da estimulação por eletro-acupuntura61. Embora não seja possível afirmar sobre

sua participação, a características da produção de DREAM e sua atividade, tornam

atraente a hipótese de que sua expressão poderia estar sendo reprimida pelo aumento da

IL-10 e nos fornece um exemplo de como o USt poderia atuar para a indução da

hiponocicepção tardia.

Os resultados encontrados no nosso estudo indicam que tanto a precocidade do

início do tratamento quanto a realização de pelo menos 3 aplicações são essenciais para

o aparecimento dos efeitos desejados no tratamento de lesões inflamatórias agudas com

o USt pulsado, visando uma diminuição dos sinais e sintomas propiciando assim um

retorno mais rápido as atividades habituais ou mesmo esportivas. Nossos resultados

reforçam evidências anteriores de que a redução dos níveis de TNF α e o aumento da

IL-10 estejam envolvidas nestes efeitos do USt.

Uma das novas modalidades terapêuticas que vem sendo considerada para o

tratamento da dor patológica envolve o bloqueio da síntese de citocinas pro-

inflamatórias e o aumento na produção da citocina anti-inflamatória IL-1062. Estes alvos

estão sendo atingidos através de terapia gênica ou com o uso de drogas dispendiosas e

que apresentam diversos efeitos colaterais. O USt parece ser, portanto, um recurso

seguro, accessível, econômico e eficaz para atingir a meta desejada.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16

-20

-10

0

10

Tempo (h)

**

* *

*

*

4824

US Desligado

US+ ("zero")US+ (2 hs)US+ (4h)US+ ("zero", 2 e 4 hs)

∆ T

empo

de

Rea

ção

(s)

Gráfico 1: Influência de uma única aplicação do USt pulsado em diferentes tempos

(“zero”: vermelho, 2ª h: verde ou 4ª h: laranja), em comparação ao efeito de três

aplicações (tempos “zero”, 2ª e 4ª hora: azul), sobre o desenvolvimento temporal da

hipernocicepção térmica induzida pela injeção intraplantar de CG (500µg/pata). O

grupo controle (preto) recebeu a massagem com o USt desligado. (*) significante

estatísticamente, p<0,05, ANOVA One Way para cada ponto, com pós-teste de

Dunnet, n≥6.

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-300

-200

-100

0

*

US+("zero",2 e 4 hs)

*

US Desligado

US+(2 hs)US+ (4 h)

US+("zero")

AS

C 0

-24h

GRÁFICO 2: Área sob a curva de desenvolvimento temporal da hipernocicepção

térmica induzida pela injeção de CG: Influência do momento em que uma única

aplicação de USt é feita, em comparação com a aplicação padrão (3 vezes, nos tempos

“zero, 2ª e 4ª h). (*) significante estatísticamente, p<0,05, ANOVA One Way, com

pós-teste de Dunnet, n≥6.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16

0

500

1000

1500

Tempo (h)

** *

**

4824

US Desligado

US+ ("zero")US+ (2 hs)US+ (4h)US+ ("zero", 2 e 4 hs)

∆ V

olum

e da

Pat

a (µ

l)

GRÁFICO 3: Influência de uma única aplicação do USt pulsado em diferentes

tempos (“zero”: vermelho, 2ª h: verde ou 4ª h: laranja), em comparação ao efeito de

três aplicações (tempos “zero”, 2ª e 4ª hora: azul), sobre o desenvolvimento temporal

do edema induzido pela injeção intra-plantar de CG (500µg/pata). O grupo controle

(preto) recebeu a massagem com o USt desligado. (*) significante estatisticamente,

p<0,05, ANOVA One Way para cada ponto, com pós-teste de Dunnet, n≥6.

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0

2000

4000

6000

*

US+("zero",2 e 4 hs)US Desligado

US+(2 hs)US+ (4 h)

US+("zero")

AS

C 0

-24h

GRÁFICO 4: Área sob a curva de desenvolvimento temporal do edema induzido pela

injeção de CG: Influência do momento em que uma única aplicação de USt é feita, em

comparação com a aplicação padrão (3 vezes, nos tempos “zero, 2ª e 4ª h). (*)

significante estatísticamente, p<0,05, ANOVA One Way, com pós-teste de Dunnet,

n≥6.

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-10

0

10

Tempo (h)4824

US+ ("zero", 2 e 4h)

US desligadoUS+ (2, 4 e 6h)

**

*

**

∆ T

empo

de

Rea

ção

(s)

GRÁFICO 5: Comparação dos efeitos de 3 aplicações do USt,pulsado iniciadas

imediatamente (verde) ou 2 horas (vermelho) sobre a hipernocicepção térmica após a

injeção intra-plantar de CG. O cabeçote do USt estava desligado durante as aplicações

no grupo controle (preto). (*) significante estatisticamente, p<0.05, ANOVA One

Way para cada ponto, com pós-teste de Dunnet, n≥6.

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-300

-200

-100

0

*

*

US DesligadoUS+(basal,2 e 4 hs)US+ (2,4,6 hs)

AS

C 0

-24h

GRÁFICO 6: Área sob a curva de desenvolvimento temporal da hipernocicepção

induzida pela injeção de CG: Influência do momento de início de uma série de três

aplicações de USt. O grupo azul recebeu a aplicação padrão (“zero, 2 e 4ª h), enquanto o

grupo verde recebeu o USt na 2ª, 4ª e 6ª hora. O cabeçote do USt estava desligado

durante as aplicações no grupo controle (preto). (*) significante estatísticamente,

p<0,05, ANOVA One Way, com pós-teste de Dunnet, n≥6.

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0

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1500

2000

Tempo (h)

** * *

*

4824

US Desligado

US+ (2, 4 e 6 h)US+ ("zero", 2 e 4 h)

∆ V

olum

e da

Pat

a (µ

l)

GRÁFICO 7: Comparação dos efeitos de 3 aplicações do USt, iniciadas

imediatamente (verde) ou 2 horas (vermelho) pós-estímulo, no edema induzido pela

injeção intra-plantar de CG. O cabeçote do USt estava desligado durante as aplicações

no grupo controle (preto). (*) significante estatisticamente, p<0.05, ANOVA One

Way para cada ponto, com pós-teste de Dunnet, n≥6.

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0

10

Tempo (h)4824

US+ (basal, 2, 4 e 24h)

US+ (basal,2 e 4h)

US desligado

***

****** *

* *

US+ (basal, 2, 4 e 6h)

**

∆ T

empo

de

Rea

ção

(s)

*

GRÁFICO 8: Comparação do efeito de uma aplicação extra do USt pulsado, feita na

6ª (vermelho) ou na 24ª hora (azul), em comparação ao efeito de três aplicações

(tempos “zero”, 2ª e 4ª hora; verde), sobre o desenvolvimento temporal da

hipernocicepção térmica induzida pela CG. O grupo controle (preto) recebeu a

massagem com o USt desligado. (*) significante estatisticamente, p<0,05, ANOVA

One Way para cada ponto, com pós-teste de Dunnet, n≥6.

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CAPÍTULO 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de recursos fisioterapêuticos para a diminuição dos sinais e

sintomas inflamatórios está presente na prática profissional. O USt por ser um

instrumento accessível, de baixo custo e bem tolerável pelos pacientes, é

amplamente utilizado para tratar lesões teciduais favorecendo a cura.

Os resultados encontrados no nosso estudo indicam que tanto a

precocidade do início do tratamento quanto a realização de pelo menos 3

aplicações são essenciais para o aparecimento dos efeitos desejados no

tratamento de lesões inflamatórias agudas com o USt pulsado, visando uma

diminuição dos sinais e sintomas propiciando assim um retorno mais rápido as

atividades habituais ou mesmo esportivas. Nossos resultados são

concordantes com as evidências anteriores de que a redução dos níveis de

TNFα e o aumento da IL-10 estejam envolvidas nestes efeitos do USt, porém

mais experimentos são necessários para esclarecer o mecanismo de ação do

Ust e elucidar a seqüência destes efeitos.

Esperamos que o nosso estudo tenha contribuído para uma maior

compreensão sobre a utilização do USt pulsado e possam servir de inspiração

para novas pesquisas preenchendo todas as lacunas.

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