Interferência entre plantas daninhas e cultivadas 5 - Aula teorica... · Fitoinibidores:...

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3/28/2012 1 Referências para próxima aula (controles biológico e químico, e tecnologia de aplicação de herbicidas) Oliveira Jr., R.S. Introdução ao controle químico. UEM, Maringá PR, 2004, Apostila, 13 p. Referência 14 - Pitelli, R.A.; Nachtigal, G.F.; Pitelli, R.L.C.M. Controle biológico de plantas daninhas. CBCPD, Brasília, 2005. 11 p. Referência 13 - Referência 15 - Shiratsuchi, L.S.; Fontes, J.R.A. Tecnologia de aplicação de herbicidas. Documentos Embrapa 78, Embrapa Cerrados, 2002, 30 p. Pós-precoce C - Até 1 folha FL - Até 2 folhas G - Não perfilhada Estratégias de manejo químico e período crítico de controle em soja convencional Período crítico de controle (mato-competição) VE V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 V8... R S VC Pré-emergente Pós-normal C - Até 2 a 3 folhas FL - 4 a 6 folhas G - 1 a 3 perfilhos Pós-Tardia C - Até 5 a 6 folhas FL - > 6 folhas G - > 3 perfilhos Dessecação [email protected] 28/03/2012

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3/28/2012

1

Referências para próxima aula (controles biológico e químico, e

tecnologia de aplicação de herbicidas)

Oliveira Jr., R.S. Introdução ao controle químico. UEM, Maringá – PR, 2004, Apostila,

13 p.

Referência 14 -

Pitelli, R.A.; Nachtigal, G.F.; Pitelli, R.L.C.M. Controle biológico de plantas daninhas.

CBCPD, Brasília, 2005. 11 p.

Referência 13 -

Referência 15 -

Shiratsuchi, L.S.; Fontes, J.R.A. Tecnologia de aplicação de herbicidas. Documentos

Embrapa 78, Embrapa Cerrados, 2002, 30 p.

Pós-precoce C - Até 1 folha FL - Até 2 folhas G - Não perfilhada

Estratégias de manejo químico e período crítico de controle em soja convencional

Período crítico de controle

(mato-competição)

VE V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 V8... R S VC

Pré-emergente Pós-normal C - Até 2 a 3 folhas FL - 4 a 6 folhas G - 1 a 3 perfilhos

Pós-Tardia C - Até 5 a 6 folhas FL - > 6 folhas G - > 3 perfilhos

Dessecação

[email protected] 28/03/2012

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6. Características das plantas e competitividade

Desenvolvimento rápido da parte aérea

Folhas horizontais/oblíquas

Folhas bem desenvolvidas

Via C4 de fixação do carbono

Folhas arranjadas de forma a obter o máximo de luz

Plantas de hábito trepador

Alta/rápida produção de biomassa

Rápido estiolamento em resposta ao sombreamento

6.1. Parte aérea

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Enraizamento precoce e penetração rápida em um grande volume

de solo

Alta densidade de raízes

Alta relação raiz/parte aérea

Grande quantidade de raízes crescendo ativamente

Pelos absorventes compridos e abundantes

Alto potencial de absorção de nutrientes

6.2. Sistema radicular

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1. Introdução

Alelopatia na agricultura

allelon = mútuo

pathos = prejuízo

Theophrastus (300 A.C.), um estudante e sucessor de Aristotle, escreveu sobre

alelopatia

DeCandole (1832) foi a primeira pessoa a sugerir a possibilidade que muitas

plantas podem excretar alguma coisa pela raiz, que é danoso para outra planta

Em 1907 a 1909, dois pesquisadores, Schreiner e Reed investigaram e isolaram

diversos compostos químicos fitotóxicos a partir do solo e das plantas

Molish (1937) propôs o termo Alelopatia para expressar o efeito que uma planta

pode exercer sobre outra

Whittaker e Feeny (1971) criaram o termo alelo químico de plantas

estudou florestas de nogueira na Ásia

descobriu a presença de Juglone

OH O

O

Molish (1937)

Muller & Muller (1964)

outro exemplo clássico da literatura

“Chaparrais” da Califórnia - USA

formação de um halo sem plantas daninhas ao lado dos arbustos

cânfora e cineole

Elroy L. Rice – pioneiro no estudo da alelopatia

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Efeito alelopático em ambientes naturais

Ecologia química

Alelopatia

Desempenha um papel importante no padrão de distribuição das espécies na natureza

É aceita amplamente como um importante fenômeno ecológico

Tem uma ampla gama de influências em várias disciplinas da agricultura como em grandes culturas, horticultura, florestas, fitopatologia e Plantas Daninhas

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Maneiras mais prováveis de liberação de compostos alelopáticos pelas plantas

Voláteis a partir das folhas

Lixiviação a partir das partes aéreas por orvalho, chuva ou

neblina

Decomposição Exsudação radicular

Transformação física/química e biodegradação

Liberação direta pela parte aérea

Volatilização a

partir das folhas

Lixiviação a partir das folhas

pela chuva, cerração ou orvalho

Decomposição dos resíduos de plantas ou transformação

Decomposição dos resíduos de tecido do sistema radicular

Exudação direta pela raíz

Transformação pelos microrganismos do solo

Lixiviação dos resíduos de plantas no solo

Maneiras mais prováveis de liberação de

compostos alelopáticos pelas plantas

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Exploração dos

efeitos alelopáticos

Isolamento natural

dos alelo químicos Transformação sintética dos

alelo químicos

Alelo químicos

sintetizados

diretamente

Possibilidades de uso dos alelo químicos

como pesticidas na agricultura

Alelopatia moderna

Descoberta de novas moléculas

Cerca de 10.000 alelo químicos já são conhecidos e identificados, porém

estima-se que existem outros 40.000 a serem descobertos

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2. Natureza das substâncias alelopáticas

Fitoinibidores: substâncias alelopáticas produzidas por plantas superiores e que inibem outras plantas

Saproinibidores: substâncias de origem microbiana e tóxicas para plantas superiores

substâncias do metabolismo secundário

não têm função metabólica

função de defesa contra agentes externos

são produzido quando necessário, normalmente sob condições de estresse

Putnam (1985) – 11 grupos químicos

1 - Gases Tóxicos

2 - Ácidos Orgânicos e Aldeidos

3 - Ácidos Aromáticos

4 - Lactonas Simples Insaturadas

5 - Coumarinas

6 - Quinonas

7 - Flavonóides

8 - Taninos

9 - Alcalóides

10 - Terpenóides e Esteróides

11 - Diversos

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3. Comprovação da alelopatia

Postulados da alelopatia (semelhantes ao postulados de Koch fitopatologia)

a. Observação e descrição dos sintomas no campo

b. Isolamento, caracterização e síntese

c. Sintomas observados devem ser repetidos

d. Estudos da liberação, movimentação e absorção em condições de campo

4. Liberação dos aleloquímicos no ambiente

Associado ao estresse ambiental

Regulado geneticamente

Maior produção em plantas mais velhas

Pode ser compartamentalizado para evitar a autolalelopatia

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4.2. Exsudação de raízes

Difícil de ser identificado

Exemplo de juglone nas nogueiras

Envelhecimento de pastagens com trifólio

Remoção das substâncias alelopáticas através da água das chuvas,

orvalho ou neblina (plantas vivas ou em decomposição)

4.3. Lixiviação

4.1. Volatilização

Comum em plantas aromáticas (mentrasto, fedegoso, eucalipto)

5. Função nos organismos

Servem para as plantas se comunicarem entre si

Função principal é de proteção

Compostos aromáticos voláteis para proteção das plantas contra o

ataque de microrganismos e insetos

Plantas de baixa palatabilidade e tóxicas - HCN

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6. Mecanismos de ação das substâncias alelopáticas

Embora muito estudado, ainda é pouco conhecido

Semelhantes aos mecanismos de ação dos herbicidas

Dificuldade de estudo devido a multiplicidade de mecanismo de ação

Putnam (1985) e Thompson (1985)

assimilação de nutrientes

crescimento inicial das plantas

Fotossíntese

Respiração

permeabilidade das membranas

atividades enzimáticas

N

í

v

e

l

1

N

í

v

e

l

2

N

í

v

e

l

3

Alterações do desenvolvimento e crescimento da planta

Distúrbios da

membrana celular

Interação com os

hormônios da planta

Funções específicas das

enzimas são alteradas

Respiração Stress hídrico Absorção de

nutrientes

Sintese de

proteinas e

pigmentos

Fotossíntese Funcionamento

dos estômatos

Divisão celular e elongação

Possíveis efeitos

fisiológicos de

um aleloquímico,

de acordo com o

esquema geral

proposto por

Einhellig (1986)

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7. Alelopatia nas comunidades naturais

- Produção de substâncias alelopáticas durante o

processo de sucessão ecológica

8. Alelopatia nas culturas agrícolas

- Fenômeno das “terras cansadas”

- Trevo forrageiro libera isoflavonóides -

autoalelopatia

Alelopatia nas culturas

Auto-alelopatia em alfafa - Klein & Miller (1980)

solos de áreas

cultivadas com alfafa

solos não cultivados

com alfafa

plântulas normais vigor de plântulas

bem mais reduzido

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9. Alelopatia das plantas daninhas sobre as culturas agrícolas

Influência da irrigação de soja com extratos aquosos da parte aérea de

capim-marmelada na nodulação da da soja, 45 DAS (Almeida et al., 1986)

Concentração

do extrato (%) Número Peso (mg) Peso unitário (mg)

Parâmetros da nodulação

0,0 27,2 a 56,0 a 1,9 a

1,0 20,7 a 23,0 a 1,1 ab

5,0 10,0 b 2,2 b 0,3 b

10,0 0,0 c 0,0 c 0,0 c

13,3 0,0 c 0,0 c 0,0 c

Influência de extratos aquosos de

Parthenium hysterophorus em

seedlings de alface

Concentrações do extrato aquoso

Sistema radicular da alface crescendo na presença de Parthenium hysterophorus

Testemunha 2 parthenium 4 parthenium

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10. Alelopatia das culturas sobre as plantas daninhas

Influência de extratos aquosos da parte aérea de algumas culturas na % de

germinação de algumas plantas daninhas (Almeida et al., 1984)

extrato Cap. Marm. Amendoim-bravo Picão-preto

% de germinação

Cap. Carrap.

água 100 100 100 100

trigo 73 106 47 81

aveia 63 110 40 75

centeio 84 106 20 63

nabo 22 88 0 50

tremoço 19 110 0 6

colza 9 0 0 18

triticale 98 106 40 75

Potencial alelopático do girassol

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Bioensaios com extrato aquoso

Einhellig & Rasmussen (1989) descreveram o efeito alelopático

do sorgo na cobertura e na biomassa das plantas daninhas.

Sorgoleone

(bloqueia a cadeia de transporte de elétrons do fotossistema II)

Mesmo mecanismo de ação da atrazina

Netzly & Butler (1986) isolaram e determinaram a estrutura do

aleloquímico sorgoleone (exudato dos pêlos radiculares do sorgo).

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Sorgoleone produzido por pelos

radiculares de Sorghum sp.

11. Efeito das coberturas mortas

Cobertura morta: resíduos de plantas que permanecem sobre o terreno

não mobilizado, cobrindo-o de maneira uniforme

Extrato

Dias após a formação da cobertura

9 21 85

% de solo

coberto por

infestantes

Núm. de

plantas/m2

Biomassa

verde (g/m2)

Pousio 67ª 83ª 1540ª

Trigo 14b 13bc 1350ª

Triticale 10b 31b 1270b

Centeio 3c 6c 700d

Aveia 0c 5c 360e

Tremoço azul 21b 9bc 1610ª

Nabo forrageiro 0c 2c 860dc

Colza 1c 6c 990c

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12. Aplicações da alelopatia na agricultura

Isolamento e produção de substâncias como herbicidas

Uso de coberturas mortas

Uso de rotação de cultura/culturas intercalares

Produção de super cultivares

Plantas companheiras e introdução voluntária de espécies

selvagens

Biotecnologia incorporando genes de alelopatia nas plantas

Herbicida

Genes Enzimas Metabólitos

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Desenvolvimento de um

herbicida a partir de um

alelo químico de plantas

O alelo químico leptospermone foi identificado em Callistemum citrinus

Leptospermone inibe a enzina fenilpiruvato dioxigenase (biossíntese de carotenos)

Leptospermone foi usado para o desenvolvimento de um herbicida análogo - Mesotrione

Plantas daninhas com suposta atividade alelopática no ecossistema

Adaptado de: Putnam (1985).

Nome científico Nome comum Espécie suscetível

Amaranthus spinosus Caruru-de-espinho Café

Cynodon dactylon Grama-seda Café

Cyperus esculentus Tiriricão Milho

Cyperus rotundus Tiririca Sorgo e soja

Digitaria sanguinalis Capim-colchão Plantas daninhas pioneiras

Parthenium hysterophorus Losna-branca Algumas

Poa sp. Capim-mimoso Tomate

Polygonum persicaria Erva-de-bicho Batata, linho

Portucca oleracea Beldroega Ervilha, trigo

Setaria faberii Capim-rabo-de-raposa Milho

Sorghum halepense Capim-massambará Plantas daninhas pioneiras

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Planta sem atividade alelopática Planta produzindo alelo químico

Extração do RNAm

Determinação da expressão gênica

Identificação do gene clonado

Seqüenciamento do gene e

comparação do os databases

Expressão genética para determinar

a função do gene produto

Identificação do gene apropriado

para a transformação de plantas

Transformação da planta ou

construir super expressão

determinar a função do gene

Herbicidas comerciais desenvolvidos com base em compostos

produzidos por microrganismos

Fonte: Hoagland (2001)

.

Compostos Microrganismos Herbicida Referência

Anisomycin Streptomyces sp. NK-046, methoxyphenone Fisher & Bellus, 1983

Phosphinothricin S. Hygroscopicus

S. Viridochromogenes

Phosphinothricin

(glufosinato) Bialophos

Rupp et al., 1977

Moniliformin Fusarium moniliforme Nenhum comercial Meiji Seika Kaisha, 1979

Irpexil Irpex pachyodon Alguns análogos

sintetizados

Fisher & Bellus, 1983