Internacionalização da Produção Familiar de Café …§ão da produção familiar de café...

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Internacionalização da produção familiar de café orgânico do Espírito... 83 Revista IDeAS, v. 6, n. 1, p. 83-107, 2012. Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade Internacionalização da Produção Familiar de Café Orgânico do Espírito Santo/ES Thatiana de Andrade Figueira 1 Dario de Oliveira Lima Filho 2 Resumo A agricultura passa por uma crise relacionada a altos custos de insumos derivados do petróleo, e, ao mesmo tempo, percebem-se tendências para produtos mais saudáveis e também para a proteção dos recursos naturais. O manejo 1 Gestora de Cooperativas (UFV), Mestre em Administração (UFMS), Doutoranda em Sociologia e Direito (UFF). E-mail : [email protected] 2 Doutor em Administração. Professor do DEA – UFMS. E-mail: [email protected]

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    Revista IDeAS, v. 6, n. 1, p. 83-107, 2012.

    Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade

    Internacionalizao da Produo Familiar de Caf Orgnico do Esprito Santo/ES

    Thatiana de Andrade Figueira1

    Dario de Oliveira Lima Filho2

    Resumo

    A agricultura passa por uma crise relacionada a altos custos de insumos

    derivados do petrleo, e, ao mesmo tempo, percebem-se tendncias para produtos

    mais saudveis e tambm para a proteo dos recursos naturais. O manejo

    1 Gestora de Cooperativas (UFV), Mestre em Administrao (UFMS), Doutoranda em Sociologia e Direito (UFF). E-mail : [email protected]

    2 Doutor em Administrao. Professor do DEA UFMS. E-mail: [email protected]

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    orgnico, ento, um meio de congregar estes dois anseios, pois busca a

    utilizao de mtodos naturais na atividade agrcola. Este artigo discute a

    comercializao internacional do caf arbica orgnico. Para tanto, foi

    realizada pesquisa bibliogrfica e documental em livros, artigos, relatrios e

    stios na web, bem como aplicado de um questionrio pr-elaborado com

    agricultores familiares do Esprito Santo. A pesquisa revela que os produtores

    de caf arbica orgnico adquiriram o selo de comercializao em mercado

    externo, a partir de um trabalho pioneiro com o produto caf orgnico. Alm

    disso, mostra que vivel aos agricultores permanecer em suas terras com suas

    famlias e participar do processo de manejo orgnico, contribuindo para uma

    produo mais saudvel e, ao mesmo tempo, agregando maior valor ao produto

    que fruto do seu trabalho.

    Palavras- chave: Agricultura Orgnica, Caf Arbica, Comercializao

    Internacional. Abstract

    Agriculture is going through a crisis related to the high costs of inputs derived

    from oil, the ally that it is perceived trends for more healthy products and also

    the protection of natural resources. The organic management, then, is a means

    to bring these two concerns, it seeks to use natural methods in agricultural

    activity. This article discusses the international marketing of organic arabica

    coffee. For this, we used the bibliographic and documentary research in books,

    articles, reports and web sites, in addition to applying a pre-prepared

    questionnaire with farmers of the Holy Spirit. The research shows that

    producers of organic coffee arabica acquired the stamp of marketing in foreign

    markets, from a pioneering work with the organic product. Furthermore, it

    shows that it is feasible for farmers remain on their land and working with

    families participating in the process of organic management, contributing to a

    more healthy production, the environment and at the same time, adding more

    value to the product of fruit their work.

    Key-words: Organic Agriculture, Arabica Coffee, International Marketing.

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    1. Introduo

    A agricultura familiar brasileira compreende produtores de pequena e mdia escala e representa a maioria dos produtores rurais do Brasil. De acordo com Homem de Melo (2001), a agricultura familiar caracterizada por propriedades com menos de 100 hectares. Tomando por base esta definio, engloba, tambm, a chamada agricultura de autoconsumo, a pequena produo ou campesinato. Para o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA, 2008), agricultura familiar aquela que atende a duas condies: (a) a direo dos trabalhos do estabelecimento exercida pelo produtor e (b) o trabalho familiar superior ao trabalho contratado. Ainda, a agricultura familiar aquela que, geralmente, no se baseia na monocultura, ou seja, a propriedade composta pela diversidade de produo, mesmo que muitas vezes exista uma cultura principal.

    O Censo Agropecurio 1995/96 indica, segundo Homem de Melo (2001), que a agricultura familiar correspondia a 89,3% (4.339.859) dos estabelecimentos rurais brasileiros, com 20% da rea total de terras. Especificamente, em relao ao caf, atualmente o Brasil o maior produtor mundial, responsvel por 30% do mercado internacional, e, alm disso, o segundo mercado consumidor, ficando atrs somente dos Estados Unidos (SANTOS, 2007).

    A cafeicultura, que de acordo com Stolcke (1986) varia em razo das diferenas nas relaes de trabalho na produo, leva em considerao o tamanho das propriedades, a disponibilidade de recursos, os tipos de mercado etc. No contexto da agricultura familiar, no apenas os custos e as condies para uma determinada cultura so levados em considerao, mas pessoas e o ambiente formam um sistema interligado. Neste caso, os processos decisrios geralmente envolvem toda a famlia,

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    que expressa sua opinio de acordo com seus ideais. Em alguns casos a deciso une toda a famlia, em outros, a opinio fica dividida. Esta amplitude consequente da relao gente-ambiente apresenta a caracterstica lato sensu da cafeicultura enquanto foco de estudo.

    Em particular, o estado do Esprito Santo (ES), localizado na regio Sudeste, compreende uma extenso de 46.077,5 km e representa 0,54% do territrio brasileiro (Brasil, Estado: O Esprito Santo: Informaes Gerais). O estado, apesar de ser um dos menores do pas, apresenta uma consistente variao de clima nas diversas regies, em que o trao mais marcante abrange: regio litornea e regio serrana. A notvel diferena do clima no mesmo estado permite uma agricultura diferenciada propcia para cada tipo climtico. Com isso, encontramos culturas tais como o morango, o caf arbica, a horticultura e o gengibre na regio serrana e o papaya, a banana, a laranja, o caf conilon, entre outros na regio que chamaremos de no serrana, uma vez que nem todas as reas, apesar de um clima semelhante, encontram-se no litoral.

    No Esprito Santo, o caf ocupa 526 mil hectares de rea plantada e, destes, 253,7 mil so destinados produo de caf arbica (INCRA, 2000), que o objeto do presente artigo. De acordo com o Conselho Nacional do Caf (CNC, 2008), este cultivar possui algumas caractersticas peculiares que, crescem em altitudes de 900 a 2.000 metros e possuir teor de cafena entre 0,9% e 1,5% - o que considerado relativamente baixo uma vez que o cultivar conilon ou robusta alcana um teor de at 4,5% de cafena.

    A diversificao da produo com qualidade a sada para a agricultura familiar, pois, levando em considerao a oscilao do preo da saca do caf, os outros produtos garantem renda, sustentabilidade e melhoria na qualidade de vida da famlia. Tendo como perspectiva que nem sempre produtividade e qualidade garantem renda para o agricultor e sua famlia, muitas famlias produtoras partem para a produo orgnica do caf, como estratgia de permanncia no mercado.

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    O caf orgnico produzido sem a utilizao de agrotxicos e adubos qumicos que so substitudos por subprodutos da reciclagem da matria orgnica vegetal e animal. Na realidade, a agricultura orgnica enfatiza a preveno de possveis pragas determinada cultura, adaptando suas prticas realidade de cada regio produtora. A produo orgnica um desafio estimulante e a certeza de que temos muito o que aprender com a natureza.

    A pesquisa em questo foi realiza nos meses de maro a maio de 2006 e os produtores estudados so cafeicultores capixabas associados Cho Vivo que foi credenciada conforme a Instruo Normativa n. 007/99 do Ministrio da Agricultura e Abastecimento, e uma associao de certificao de produtos orgnicos, estatutariamente com atuao em todo o territrio nacional, que orienta suas atividades para a certificao orgnica de produtos in natura, semielaborados ou industrializados, de modo a garantir a produtores, consumidores e comerciantes, a qualidade da produo, a preservao do ecossistema e a qualidade de vida para todos.

    Ainda em relao Cho Vivo, a instituio garante em sua atuao a no discriminao, a confidencialidade, a imparcialidade e a inexistncia de conflitos de interesse para a certificao. Os agricultores pesquisados j produziam em regime de mo de obra familiar e eram certificados pela Cho Vivo por no mnimo dois anos, sendo o carro-chefe da propriedade de todos o caf arbica.

    Ademais, a Cho Vivo uma associao brasileira que, de acordo com o cumprimento dos requisitos preestabelecidos, fornece um selo de comercializao nacional em aliana com a BCS (certificadora internacional com atuao no Brasil) e a GTZ ( Agncia de Cooperao Governamental da Alemanha). A GTZ, que fornece o selo de comercializao internacional em mercados de produtos orgnicos, escolheu 24 produtores familiares no Esprito Santo, para no ano de

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    2006 serem avaliados e, aps avaliao, permitir receber o selo internacional.

    O objetivo geral da pesquisa, portanto, consiste em caracterizar o processo de internacionalizao dos produtores de caf arbica orgnico do estado do Esprito Santo.

    Os objetivos especficos so: a) analisar os produtores familiares de caf arbica certificados pela Cho Vivo que buscam a comercializao internacional; e b) levantar as principais caractersticas que diferenciam a qualidade e o sucesso de alguns produtores. 2. Referencial Terico

    2.1. Agricultura Familiar A agricultura familiar do estado do Esprito Santo no difere das demais regies do pas e caracterizada pelo trabalho em propriedades de pequeno e mdio porte. No presente trabalho, especificamente, a produo dos agricultores familiares orgnica e algumas peculiaridades surgem a partir de ento. A produo orgnica, em todo o territrio nacional, no exige certificao ou selo; porm a comercializao destes produtos requer alguma sinalizao de que de fato so produzidos a partir dos princpios da agroecologia. O mecanismo utilizado para esta sinalizao a certificao dos produtos atravs das certificadoras, e atualmente existem 11 certificadoras brasileiras atuando no mercado.

    Estas certificadoras possuem sede e/ou so oriundas de determinada regio, mas com possibilidade de atuao em todo o territrio brasileiro. A escolha da certificadora compete ao agricultor, que arca com os custos

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    de certificao. Para tanto, uma vez escolhida a certificadora e estabelecido o contato, d-se incio ao processo, com a ida de um inspetor enviado pela certificadora at a propriedade, com visitas anuais normalmente no agendadas, para recolhimento de alguns dados e contato com a lavoura. O trmite a partir de ento passa a ser normativo, encontrando-se no fato de o agricultor preencher ou no os pr-requisitos que a certificadora assume.

    De posse do selo para comercializao dos produtos orgnicos, a colocao no mercado confere aos produtos certificados uma agregao substancial por volta de 30% maior que um produto similar produzido convencionalmente. Contudo, a comercializao internacional vai alm. E para um novo selo, agora voltado para o mercado externo, necessrio que o agricultor seja certificado nacionalmente por um perodo de no mnimo dois anos, alm de outras exigncias impostas pela certificadora.

    Em todo o Esprito Santo existem produtores de caf arbica certificados pela Cho Vivo, porm alguns agricultores em especfico foram apontados pela certificadora como os possveis pioneiros possuidores do selo internacional, dispostos municipalmente da seguinte maneira: a) Santa Maria de Jetib; b) Irupi; c) Ibatiba; d) Ina; e) Mantenpolis; e f) Alto Rio Novo.

    Este grupo de produtores selecionados almejava a conquista do selo de comercializao internacional, uma vez que o mercado nacional naquele ano, 2006, e em alguns anos anteriores no remunerava adequadamente, segundo eles prprios, a atividade produtiva. Ademais, a colheita e o beneficiamento do caf orgnico requerem alguns cuidados especiais, como, maquinrio onde somente caf orgnico beneficiado, sacaria nova a cada safra para armazenamento, entre outros cuidados que oneram o custo de produo.

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    Para tanto, o primeiro pressuposto abrange a questo de como as diferenas na forma social de produo afetam os procedimentos analticos, os resultados da pesquisa e at mesmo a interpretao da viabilidade e sustentabilidade do processo produtivo. Ao se considerar a distino entre agricultura orgnica familiar e agricultura simplesmente familiar, ou ainda agricultura patronal, v-se que os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) ou de outras instituies de pesquisa necessitam ser tratados de forma diferente para que possam revelar um outro significado para a agricultura familiar na cultura do caf orgnico. Perceber essa diferena perceber o papel que desempenham, pois o mesmo produto (caf orgnico, por exemplo) adquirir significados distintos na forma patronal, na forma convencional familiar e na forma orgnica familiar.

    A fim de uma melhor compreenso de algumas das diferenas de manejo e produo, o Quadro 1 esclarece o principal objetivo, desvenda a estrutura do sistema e aborda questes tcnicas entre manejo convencional e orgnico.

    Quadro 1 - Quadro comparativo entre a agricultura convencional e orgnica

    AGRICULTURA CONVENCIONAL

    AGRICULTURA

    ORGNICA

    OBJETIVOS GERAIS Atender, de maneira geral, a interesses econmicos de curto prazo

    Atender a interesses econmicos, mas, sobretudo, a interesses ecolgicos e sociais autosustentados

    ESTRTRURA DO SISTEMA Monocultura

    Sistema diversificado

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    MANEIRA DE ENCARAR O SOLO

    Como um substrato fsico, um suporte da planta, reduo da variabilidade

    Como um ser vivo (meio eminentemente biolgico), adaptao ambiental

    RECURSOS GENTICOS

    Susceptibilidade ao meio, espcies transgnicas Resistncia ao meio

    ADUBAO Fertilizantes altamente solveis, adubao desequilibrante

    Reciclagem, rochas modas, matria orgnica, nutrio equilibrada e adequada

    COMO LIDAR COM PRAGAS E DOENAS

    Agrotxicos Diversificao e consorciao. Controles alternativos

    ENTRADAS DO SISTEMA

    Alto capital e energia, menos fora de trabalho, alimentos desbalanceados e contaminados

    Pouco capital e energia, mais trabalho, alimentos de alto valor biolgico

    SADAS DO SISTEMA E CONSEQUNCIAS

    Baixa valorizao do produto e agresso ambiental

    Equilbrio ecolgico, alta valorizao do produto, sustentabilidade do sistema

    Fonte: Pedini (2000, p.48) A familiarizao no processo produtivo envolve no apenas esferas trabalhistas como tambm a preocupao com a sade dos trabalhadores famlia, bem-estar etc. Quando se pensa em alguma prtica inovadora, de fundamental importncia que haja, junto com a inovao, uma garantia da perpetuao do que tradicional, uma vez que as tradies na agricultura familiar so muito fortes.

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    Esmiuando ainda algumas diferenas, deparamo-nos com a forma de gesto de ambas as prticas agrcolas: patronal e familiar. Tais distines administrativas impulsionam, da maneira de produzir, os suprimentos necessrios para o desenvolvimento da atividade ao objetivo a ser alcanado. Para isso, o Quadro 2 sintetiza essas duas vertentes de produo agrcola. Quadro 2 - Principais diferenas entre o modelo patronal e o

    familiar de produo

    Patronal Familiar

    # Completa separao entre gesto e

    trabalho;

    # Organizao centralizada;

    # nfase na especializao;

    # nfase nas prticas agrcolas

    padronizveis;

    # Trabalho assalariado predominante;

    # Tecnologia dirigida eliminao das

    decises de terreno e de momento.

    # Integrao entre gesto e trabalho;

    # Organizao descentralizada;

    # nfase na diversificao;

    # nfase nas prticas agrcolas

    holsticas;

    # Trabalho familiar predominante.

    Fonte: FAO/INCRA (1996)

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    No contexto da sociabilidade mercantil das formas de agricultura familiar, importante a distino que Moreira (1999) realiza entre espao social de integrao e formas sociais de integrao. O primeiro assinala a posio do agricultor familiar como proprietrio de pequeno patrimnio produtivo meios de produo, entre eles a terra - no mbito das assimetrias de poder relacionadas com a concentrao de capital, seja em dinheiro, indstrias ou terra. Neste caso, os agricultores familiares so caracterizados como subordinados, ou seja, no detentores de poder e de autonomia no que tange a questes de produo e da prpria circulao de mercadoria. Na concorrncia intercapitalista, para a fixao do lucro e da renda da terra, h a tendncia de que pequenos patrimnios produtivos no realizem tais grandezas econmicas, onde o valor retido corresponderia reproduo simples das condies de trabalho dos integrantes da famlia e meios de produo. Essas condies levam perda, por parte dos proprietrios desses patrimnios, das caractersticas de capitalista, passando a ser trabalhadores que, para exercer seu trabalho, devem ter como requisito a propriedade de meios de produo.

    H, portanto, um campo de fora que os empurra para outras atividades nas quais esses processos de concorrncia so menores. As respostas dos pequenos agricultores vo variar no tempo e no espao, e podem conformar novas formas sociais de integrao dinmica econmica, seja na agroindstria e agribusiness, seja como agricultor em tempo parcial, pluriatividade, dupla vinculao rural e urbana etc. um dos mbitos da autonomia relativa desses agricultores, de gesto da fora de trabalho de sua unidade domstica e de necessidades materiais e simblicas.

    A especificidade da unidade de produo familiar e sua articulao com a ordem competitiva para a fixao do lucro e renda da terra podem ser mais bem demonstradas quando se analisam as relaes sociais mantidas tanto na produo quanto na circulao de mercadorias. por

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    meio da anlise de tais relaes que se pode entender o porqu de, em mercados oligopolizados, ocorrer o tal paradoxo citado anteriormente, no qual empresas agrcolas capitalistas podem quebrar e h a manuteno e at a expanso do nmero de propriedades familiares (Ploeg, 2006).

    Um segundo pressuposto baseia-se na questo de como produzir e recuperar ao mesmo tempo, garantindo sade e qualidade de vida para quem trabalha e produz no campo. O desenvolvimento das tcnicas para a agricultura, sobretudo na poca da Revoluo Verde, incorporou um pacote tecnolgico que, sem dvida, maximizava a produo e a produtividade das atividades agrcolas. Contudo, Gliessman (2000) cita que as tcnicas, inovaes, prticas e polticas que permitiram aumentos na produtividade tambm minaram a sua base, retirando e degradando excessivamente os recursos dos quais a agricultura depende, como o solo, as reservas de gua e a prpria diversidade gentica natural. Desta forma, a agroecologia introduzida como cincia ajustada ao processo produtivo familiar:

    a agroecologia se prope no s a modificar a parcelizao disciplinar, seno tambm a epistemologia da cincia, ao trabalhar mediante a orquestrao de distintas disciplinas e formas de conhecimento que compem seu pluralismo dual: metodolgico e epistemolgico, onde a perspectiva sociolgica tem um papel central (SEVILLA GUZMAN, 2002, p. 38).

    Por conseguinte, a agroecologia visa uma agricultura mais sustentvel, com a certeza de que o meio ambiente o local no qual vivemos e no do qual vivemos, onde se vislumbra a dinmica dos seres, pois se acredita que quanto maior a diversidade de espcies, mais estvel ser a produo de biomassa, seguida de tcnicas de manejo corretas e

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    conservao do solo, uso de inseticidas naturais, cobertura morta e outros fatores ecologicamente corretos.

    Embora a agroecologia em si no seja uma forma de produo, como alguns ainda creem, a ela aparece em combate s prticas da Revoluo Verde como uma estratgia macro que abrange algumas vertentes em prol de um agroecossistema.

    Portanto, a questo de interao do homem com o meio ambiente, e no apenas o intuito de explorao e beneficiamento pessoal e pontual, permite uma maior preocupao em zelar e manter o que hoje palpvel e fonte de alimento, trabalho e bem-estar, para as geraes futuras. 2.2. Estratgias de Internacionalizao

    Em princpio, o grupo em questo de produtores de caf orgnico j atuava diretamente no mercado nacional com algumas insatisfaes em relao ao preo pago pela saca do arbica e com expectativas de uma possvel comercializao internacional, uma vez que o preo do produto no exterior maior.

    Como a GTZ acompanha os trabalhos da Cho Vivo no Esprito Santo juntamente com a BCS, foi elaborado um projeto com os pares, incluindo Secretaria de Agricultura do estado, a fim de atender esta pertinente demanda.

    Para atuar em mercado internacional de produtos orgnicos, necessrio que haja algumas adequaes tcnicas s normas do mercado externo, tais como, a quantidade de nitrognio na compostagem anual, a quantidade de cobre por ano, a origem do esterco e o perodo de compostagem mnimo.

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    Como o propsito era a insero neste mercado, algumas estratgias foram traadas para otimizar o desenvolvimento do trabalho. A primeira delas foi o planejamento das discusses sobre tcnicas de adequao. Em seguida, houve discusses com os produtores sobre o manejo e as possveis adequaes e, por fim, a elaborao de um plano de trabalho para o alcance dos objetivos traados.

    3. Metodologia Esta uma pesquisa do tipo descritiva, que apresenta como objetivo principal a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno (RIBAS, 2004). Especificamente, a pesquisa assume a forma de um estudo de caso, que caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos casos, permitindo um amplo e detalhado conhecimento a respeito (Idem).

    A abordagem empregada qualitativa, considerando a existncia de uma relao dinmica entre os atores envolvidos. Segundo Tesch (1990), a pesquisa qualitativa ocorre em um cenrio natural: o pesquisador sempre vai ao local onde est o participante para conduzir a pesquisa. O processo de coleta dos dados pode mudar medida que a pesquisa vai se desenvolvendo e o pesquisador descobre os melhores locais para entender o foco central de interesse.

    Quanto coleta de dados, procedeu-se pesquisa de campo na qual os dados coletados so primrios, ou seja, obtidos diretamente na fonte. Para tanto, a equipe tcnica, aps algumas discusses, elaborou o questionrio que foi aplicado a 24 produtores de caf arbica orgnico, certificados pela Cho Vivo, com o intuito de fazer um levantamento

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    descritivo da unidade produtora (UP) que almejava o selo de comercializao internacional.

    Depois da aplicao dos questionrios, que ocorreu entre os meses de maro e maio de 2006, e de um reconhecimento da rea a ser certificada juntamente com a elaborao de um croqui da propriedade, a equipe tcnica novamente reuniu-se para a elaborao dos planos de manejo com base nas informaes coletadas visando uma reorientao tcnica de produo para os prximos dois anos (2006 2008). 4. Resultados A partir dos dados coletados, um montante representativo de informaes nos permitiu analisar cada propriedade com suas respectivas peculiaridades. Notamos, com isso, que a maioria dos produtores encontrava-se ciente das exigncias da certificadora e ao mesmo tempo disposta sustentabilidade deste sistema.

    Apesar de todas as propriedades envolvidas nesta pesquisa serem caracterizadas como familiares, em algumas delas, a famlia que estava frente do trabalho no residia na unidade produtora - o que no impedia ou dificultava o trabalho a ser exercido. No caso desta ocorrncia, a famlia agricultora reside prximo propriedade rural e faz o percurso com facilidade.

    Alguns encontram-se com residncia fora da propriedade por j possurem casa na cidade. Neste caso, a casa da cidade foi herdada dos pais ou dos sogros e o produtor, por um valor sentimental, no quer se desfazer do bem, nem mesmo temporariamente em forma de aluguel, e opta por ocupar o imvel, tornando rotineiro o caminho entre a

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    propriedade e a cidade. Outros escolhem morar fora da unidade produtora por terem filhos em idade escolar. Apesar do auxlio de transporte escolar na zona rural, alguns preferem no depender deste recurso ofertado pelo municpio, uma vez que as estradas normalmente so de terra batida e em pocas de chuva o nibus no chega, ou quando chega corre o risco de atolar, no completando seu percurso e, assim, impedindo os estudantes de participar das aulas. Cabe ainda ressaltar que nem todas as propriedades localizam-se no trajeto percorrido pelo nibus escolar e, assim, os estudantes que dependem deste veculo e no moram no caminho traado pelo nibus tendem a caminhar distncias longas todas as manhs, o que gera certa preocupao nos pais e os leva a residir prximo escola, minimizando esta situao.

    Em um nico caso, a esposa do agricultor professora em uma escola pblica na cidade, o que fez a famlia fixar residncia fora da propriedade rural da famlia, privilegiando as atividades de mulher.

    Alm disso, alguns arrendavam a terra de parentes ou vizinhos, no sendo o proprietrio da rea visitada. Nestes casos, os arrendatrios sentiam-se donos da rea arrendada. Em um dos casos detectados, o contrato de arrendamento era informal, apenas verbal, por tratar-se de primos. Tal situao nos leva a refletir sobre a continuidade do sistema, uma vez que o contrato de arrendatrio pode pr em xeque todo o trabalho desenvolvido e todos os esforos empenhados. importante que o arrendatrio reflita sobre a possibilidade de aquisio da terra arrendada ou, ainda, um contrato de maior durao, permitindo, assim, a continuidade do sistema produtivo.

    O resultado mais marcante foi a ausncia de assistncia tcnica, abrangendo todos os produtores. Mesmo geograficamente dispersos os produtores pesquisados no contavam com tcnico para orientar o manejo desenvolvido, a utilizao, quantidade e freqncia de insumos, ou mesmo para esclarecimento de alguma dvida.

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    Em um nico caso foi contratada assistncia tcnica pelo produtor. No entanto, o tcnico fazia visitas espordicas e muitas vezes, quando o encontro estava agendado, no comparecia ao local. Esta ausncia de mo de obra tcnica gera insatisfao por parte dos agricultores e at certo desestmulo, o que compromete o sucesso dos agricultores e enfraquece os laos entre produtorcertificadora, uma vez que as exigncias impostas pela certificadora so de ordem tcnica, impossibilitando a execuo do trabalho e por vezes no concedendo o selo de produo orgnica por no cumprir ordens tcnicas.

    Excepcionalmente no municpio de Mantenpolis, norte do estado, a Igreja catlica financia um tcnico, especializado em agricultura orgnica, para os produtores do municpio. Contudo, nem todos os produtores daquela regio esto inseridos no modelo orgnico de produo, mesmo sendo em sua maioria produtores familiares, e na poca de coleta dos dados desta pesquisa o tcnico no se mostrava satisfeito com o posto, uma vez que a Igreja catlica daquele municpio e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais acordavam com a questo da manuteno do tcnico naquela localidade, porm divergiam em alguns interesses distintos, o que comprometia, por vezes, o trabalho a ser desempenhado.

    Este trabalho local acontece porque o padre daquele municpio acredita nos princpios da produo orgnica e, portanto, desempenha um trabalho de conscientizao tanto nas oratrias quanto atravs do tcnico na prtica. Em todas as unidades produtoras visitadas, a mo de obra basicamente familiar. Em pocas de colheita, possvel a contratao de alguns temporrios oriundos da prpria regio, bem como algumas trocas de dia com os vizinhos, parentes e amigos envolvendo os trabalhadores e moradores da prpria localidade. Esta prtica comum e, alm de baixar o custo de cada produtor, envolve os produtores de uma mesma regio, tornando-os solidrios uns com os outros.

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    O histrico das propriedades distinto, algumas so oriundas de manejo convencional intensivo, como o prprio caf arbica, e por isso o perodo de converso para a produo orgnica foi maior, em mdia de 3 a 4 anos. Outras so advindas de pasto, sem a utilizao de insumos qumicos, o que facilitou a empregabilidade do organismo. A vegetao limitante entre as unidades produtoras e suas respectivas vizinhas, na maior parte dos casos, encontrava-se em desacordo com as normas da certificadora que exige trs metros de altura por trs metros de largura, sendo normalmente o mais acertado para essa funo o capim napier.

    As barreiras vegetais so de suma importncia, especificamente no caso de manejo orgnico, por atuar como uma proteo contra agrotxicos possivelmente aplicados em propriedades fronteirias. Na realidade, alguns produtores inicialmente inseridos no manejo orgnico, sobretudo donos de propriedades menores que 10 ha, pensam ser esta barreira uma diminuidora da rea total. Normalmente sugere-se, que a prpria barreira vegetal seja utilizada na composteira, que exige 80% de material folhoso e apenas 20% de material orgnico, como as fezes do gado bovino ou suno ou de aves.

    A barreira, que deve medir 3m x 3m, pode ser retirada em 1,5m de largura de cada vez, sempre sendo refeito o plantio da mesma quantidade de foi retirada, ou seja, 1,5m de largura. Desta forma, o que ocuparia a terra sem finalidade protege a unidade como um todo e ainda torna-se fundamental para a compostagem.

    Foi incentivado o uso de leguminosas onde o solo encontrava-se exposto e nas prprias reas do plantio do caf, de modo consorciado, uma vez que a leguminosa age como adubo natural, conhecido como adubo verde. A mucuna e o amendoim, por exemplo, podem ser utilizados na cobertura de grande parte do solo disponvel, sendo roados e controlados apenas quando chegam aos ps das culturas principais e/ou invadem as reas de mata nativa do entorno.

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    Os aspectos sanitrios, de uma maneira geral, enquadravam-se dentro das normas, e os esgotos jamais entravam em contato com os rios, crregos ou nascentes. No incio do processo de converso, muitos no tinham sequer a clareza de que os dejetos no deveriam entrar em contato com o solo ou os recursos hdricos; contudo, ao optarem por um manejo que respeite o meio ambiente, os destinos dos dejetos foram contornados e no h casos de desrespeito a esta norma da certificadora.

    Em algumas unidades produtoras no existem nascentes, sendo elas oriundas de propriedades vizinhas. No entanto, nas propriedades que contam com nascentes em seu territrio, estas so protegidas por vegetao natural.

    A utilizao dos insumos, os dias envolvidos para o plantio, a ceifa e as demais atividades no so registrados, assim como no h registro de valores e quaisquer quantidades, sendo ento proposto um sistema de controle interno para auxlio das atividades desempenhadas.

    Do total das 24 propriedades visitadas, apenas 1 foi excluda do processo de internacionalizao, perdendo inclusive o selo de comercializao em territrio nacional por uso de adubos qumicos no permitidos, no diversificao da produo, exposio do solo sem a devida cobertura vegetal, alm da no colaborao do proprietrio na compreenso e cumprimento das normas. Em algumas propriedades houve necessidade de pequenas modificaes. As demais, automaticamente aps o processo, adquiriram o selo de comercializao internacional.

    Para tanto, o Quadro 3 sintetiza os resultados alcanados, permitindo clareza e objetividade.

    Quadro 3 Sntese dos resultados

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    Produtores residentes na UP Produtores no residentes na

    UP

    18 6

    Proprietrios Arrendatrios

    21 3

    UP com nascente UP sem nascente

    19 5

    Origem da UP: Produo

    Convencional

    Origem da UP: Pasto

    18 6

    MDO temporria na colheita Trocas de dia na colheita

    15 9

    Fonte: Dados da Pesquisa 5. Consideraes Finais

    Em sntese, o artigo se prope a uma pesquisa cujo objetivo caracterizar o processo de internacionalizao dos produtores de caf arbica orgnico no estado do Esprito Santo, levando em considerao os objetivos subsidirios, mas no menos importantes, que visam analisar os produtores de caf arbica certificados pela Cho Vivo que

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    buscam a comercializao internacional e, ainda, levantar as principais caractersticas que diferenciam a qualidade e o sucesso de alguns produtores.

    Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa considerando a existncia dinmica de todos os atores envolvidos. A base da coleta de dados deu-se a partir de um questionrio aplicado em 24 propriedades, com o intuito de fazer um levantamento descritivo da unidade produtora.

    Como vimos anteriormente, devemos concluir que a agricultura familiar compreende a maioria dos produtores no Brasil e caracterizada por um ambiente laboral e pela famlia, onde muitas esferas esto interligadas com o propsito de harmonizar estes dois pilares. Por envolver, alm do trabalho, a famlia de quem trabalha, a agricultura orgnica encontra facilidade de aceitao e prtica entre os agricultores familiares, com foco na rentabilidade produzida e na preservao da qualidade de vida dos envolvidos na atividade laboral principal. Especificamente, o estado do Esprito Santo foi pesquisado com a proposta de confirmar os produtores que j so credenciados e fornecer o selo de comercializao em mercado internacional para o produto caf arbica. A certificadora Cho Vivo foi a responsvel pela indicao dos produtores visitados e sua parceira, a certificadora BCS, foi quem concedeu os selos para o mercado externo. Aps este processo criterioso, atualmente 10 produtores orgnicos e familiares inserem o caf arbica capixaba em mercado externo e agregam um percentual no valor do produto.

    Ademais, algumas limitaes foram encontradas no decorrer da pesquisa. Uma delas ocorreu no mbito da elaborao do questionrio, em que as perguntas basearam-se em normas nacionais de manejo para uma possvel concesso de selo de comercializao internacional. Cada pas possui suas normas prprias de manejo orgnico, o que automaticamente tendencia o intuito do questionrio. Outra limitao diz respeito aos prprios produtores pesquisados que buscam o selo

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    internacional por uma questo de agregao maior no produto final, que tentam burlar algumas normas da certificadora. Por fim, a limitao mais marcante foi a ausncia de mo de obra especializada para orientao e prtica da agricultura orgnica. Isso limita o nmero de envolvidos, enfraquece o grupo inserido e no permite o potencial que a agricultura orgnica tem para propagar-se.

    Finalmente, algumas sugestes so feitas para pesquisas futuras, como, por exemplo, a expanso da pesquisa para outros estados cujo produto produzido seja o mesmo caf arbica. E ainda a realizao desta pesquisa e a possvel concesso do selo internacional de comercializao para outros produtos orgnicos, tais como, o mamo papaia, a banana-prata, maa e a uva de mesa, entre outros.

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    Artigo recebido para publicao em:

    9 de junho de 2011.

    Artigo aceito para publicao em:

    23 de maio de 2012.

    Como citar este artigo:

    FIGUEIRA, Thatiana de Andrade; LIMA FILHO, Dario de Oliveira . Internacionalizao da produo familiar de caf orgnico do Esprito Santo. Revista IDeAS Interfaces em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Rio de Janeiro RJ, v. 6, n. 1, p. 83-107, 2012.