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“INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS E ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO: Presença do Brasil nos Fluxos Globais de Comércio e Investimento” Texto de apoio à palestra do presidente da Apex-Brasil para diplomatas africanos – outubro de 2016

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“INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS E

ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO:

Presença do Brasil nos Fluxos Globais de

Comércio e Investimento”

Texto de apoio à palestra do presidente da Apex-Brasil para

diplomatas africanos – outubro de 2016

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Sumário

INTRODUÇÃO 2

1. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS 2

1.1 Contextualização conceitual 2

1.2 Benefícios da internacionalização 3

1.3 Pesquisa Apex-Brasil sobre internacionalização de empresas 3

1.4 Programa de internacionalização de empresas da Apex-Brasil 4

1.5 Dispersão geográfica das multinacionais brasileiras no mundo 5

2. ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS 5

2.1 Perspectivas da economia brasileira até 2020 5

2.2 Competividade e ambiente de negócios 6

2.3 Posição do Brasil em atração de investimentos no mundo 8

2.4 Modelo brasileiro de Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos 8

2.5 A Apex-Brasil como suporte à atração de investimentos 9

2.6 Setores produtivos brasileiros prioritários para a atração de investimentos 10

2.7 Venture Capital e Private Equity 10

3. PRESENÇA DO BRASIL NA ÁFRICA 11

3.1 Comércio e cooperação Brasil-África 11

3.2 Comércio Brasil-África: o protagonismo dos alimentos 14

3.3 A cooperação Brasil-África em alimentos 19

3.4 Investimentos Brasil-África 21

3.5 Investimentos África-Brasil 25

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INTRODUÇÃO

Esta exposição sobre “Internacionalização de empresas e atração de investimentos”,

no quadro do Seminário para Diplomatas Africanos tem dois objetivos: apresentar o

modelo brasileiro de internacionalização da economia e difundir o perfil da presença

brasileira na África no campo do investimento e da cooperação. O presente briefing,

destinado a oferecer subsídios para a apresentação do Presidente da Apex-Brasil no

painel citado, está dividido em duas partes, a primeira contendo considerações

conceituais sobre internacionalização de empresas e atração de investimento; e a

segunda contendo um sumário da atuação do Brasil em países africanos, envolvendo

investimento direto e cooperação técnica.

1. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

1.1 Contextualização conceitual

A internacionalização de empresas consiste na atuação das firmas de um país em

outros países que não o de sua origem, de forma que parte do seu faturamento seja

proveniente do exterior, mediante atendimento aos mercados externos via

exportações, ou por meio de investimento direto no exterior.

Esse envolvimento em mercados de outros países, particularmente em um ambiente

de economia globalizada, responde em primeiro lugar à necessidade de importar

recursos de toda natureza a custos mais baixos e/ou de melhor qualidade, mas

também visa acessar novos mercados para escoamento de produtos locais; promover

ganhos em eficiência via competição externa; e ter acesso a recursos naturais.

Quanto ao investimento direto em outros mercados, seus objetivos podem envolver:

expansão do negócio para novos mercados; proteção aos mercados existentes;

acesso a tecnologia superior, patentes, expertise empresarial/experiência; redução

de custos; eliminação de barreiras às importações; integração aos blocos econômicos

regionais; adaptação ao mercado local e oferecimento de serviços pós-venda;

aproveitamento do custo de oportunidade.

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1.2 Benefícios da internacionalização

Os principais benefícios da internacionalização geralmente invocados pelas empresas

são o aumento do valor da marca pela presença internacional; maior capacidade de

atendimento e resposta aos clientes globais; diferenciação frente aos concorrentes

domésticos e/ou menos internacionalizados; diminuição de riscos pela diversificação

de mercados; e economia de escala.

Tais benefícios têm incentivado um grande número de empresas brasileiras a buscar

a internacionalização, com vistas a aumentar sua competitividade externa e

doméstica, como se depreende da pesquisa apresentada a seguir.

1.3 Pesquisa Apex-Brasil sobre internacionalização de empresas

A Apex-Brasil realizou pesquisa sobre internacionalização de empresas, em parceria

com a CAMEX e o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, no período de janeiro

a março de 2016, na qual foram obtidos os seguintes resultados:

64% das respondentes operam em outros países por meio de escritório comercial, armazém, ou unidade produtiva, entre outros.

62% das companhias têm intenção de abrir operação própria.

83% dos respondentes consideraram como alto o grau de importância da expansão internacional para o sucesso da empresa.

Os 17 países preferidos para abertura de operação própria nos próximos três anos, por ordem de importância, são: Estados Unidos, Colômbia, México, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Paraguai, China, Peru, Chile, Alemanha, Reino Unido, Angola, Bolívia, Uruguai e Rússia.

As principais formas de apoio do governo que as empresas consideram importantes para o sucesso das suas operações foram: implementação de políticas tributárias que beneficiem empresas no processo de internacionalização; acesso aos instrumentos de financiamento das operações internacionais; possibilidade de assinatura de acordos que

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impactam no investimento; disponibilização de informações sobre o mercado de destino do investimento.

1.4 Programa de internacionalização de empresas da Apex-Brasil

O Programa de Internacionalização da Apex-Brasil atende as empresas que buscam

expandir-se internacionalmente ou aquelas já internacionalizadas, mas interessadas

em ampliar ou otimizar seu modelo de atuação global.

Em 2015 o Programa de Internacionalização da Apex-Brasil atendeu 233 empresas.

As principais soluções oferecidas pelo programa de internacionalização são:

Orientação estratégica – apoio técnico às empresas brasileiras na estruturação da estratégia de internacionalização.

Apoio para instalação no exterior - (escritórios Apex-Brasil e SECOMs) – serviços dos escritórios da Apex-Brasil no exterior (inteligência comercial e instalação local de escritórios físicos ou virtuais) e contatos com potenciais stakeholders (governo e/ou iniciativa privada).

Capacitação em internacionalização – curso sobre internacionalização (Inter-Com) em parceria com a Fundação Dom Cabral. Tem como público-alvo presidentes, diretores e executivos responsáveis pelo processo de expansão internacional. Apresenta e discute a complexidade do processo de internacionalização das empresas e os impactos do processo de expansão internacional nas áreas de gestão e negócios.

Missões de Internacionalização – apoio técnico para as empresas brasileiras no exterior. Envolve a realização de visitas técnicas prospectivas aos fornecedores de serviços (escritório Apex-Brasil) e apoio dos SECOMs na articulação com stakeholders estratégicos.

Seminários sobre Mercados Estratégicos – eventos de sensibilização de empresas sobre oportunidades de negócios e investimentos no exterior, em parcerias com as Federações de Indústrias nos estados e as agências estrangeiras de atração de investimentos.

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1.5 Dispersão geográfica das multinacionais brasileiras no mundo

Segundo o ranking das Multinacionais Brasileiras da Fundação Dom Cabral, de 2015,

a dispersão geográfica das multinacionais brasileiras no mundo é a seguinte:

• 82,2% América do Sul

• 63,9% América do Norte

• 64,5% América Central

• 41,9% Europa

• 33,8% África

• 29% Oriente Médio

• 20,9% Ásia

• 14,5% Oceania

As 63 empresas brasileiras participantes desse ranking mencionaram os países

africanos nos quais possuem presença local: África do Sul, Angola, Argélia,

Cabo Verde, Camarões, Egito, Gabão, Gana, Guiné Equatorial, Líbia, Maláui,

Marrocos, Mauritânia, Moçambique, Nigéria, Quênia, República da Guiné, República

Democrática do Congo, República do Congo, Tanzânia, Tunísia e Zâmbia.

2. ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS

2.1 Perspectivas da economia brasileira até 2020

O Produto Interno Bruto do Brasil, que em 2015 foi de US$ 3,174 trilhões (em

paridade do poder de compra), deve alcançar US$ 3,63 trilhões em 2020 (Gráfico 1).

A economia brasileira está se recuperando da recessão enfrentada nos dois últimos

anos e deve registrar, em 2017, taxa anual de crescimento real de 1%. A projeção para

os anos seguintes aponta contínua e crescente melhoria do desempenho econômico

do país, até alcançar o patamar superior a 2% em 2019 e 2020 (Gráfico 2).

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2.2 Competividade e ambiente de negócios

A força da economia brasileira, em vários setores e segmentos produtivos, coloca o

país num destacado posicionamento global:

• 1º produtor e exportador de café, açúcar e suco de laranja;

• 2º maior produtor de biodiesel;

• 3º maior mercado de telecomunicações;

• 3º maior mercado de energia renovável;

• 4º maior fabricante de aeronaves;

• 7º maior mercado de automóveis;

• 8º maior mercado de Tecnologia da Informação;

Gráfico 2 - Brasil: Crescimento real do PIB (%)

3,91%

1,92%

3,02%

0,10%

-3,85%-3,00%

1,00%1,80%

2,50% 2,50%

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

2.9753.081

3.222 3.269 3.174 3.131 3.2213.348

3.4833.630

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Gráfico 1- Brasil: Evolução do PIB ppc (US$)

Fonte: Economist Intelligence Unit (EIU); *2017 a 2020, previsão.

Fonte: Economist Intelligence Unit (EIU); *2017 a 2020, previsão.

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• 10º maior mercado de equipamentos médicos;

• 10º maior mercado em produção industrial.

O aumento do nível de escolaridade da população empregada no Brasil foi

significativo na última década. De 2005 a 2015, a proporção de pessoas com ensino

superior passou de 6,7% para 9,9% dessa população.

O Brasil é o sexto país mais frequentemente mencionado pelos CEOs como

importantes para o seu negócio, de acordo com pesquisa da PricewaterhouseCoopers

de 2016.

O país dispõe de soluções adequadas para o financiamento de programas

multissetoriais, a exemplo de:

• BNDES Finame - Máquinas e Equipamentos: financiamento, através de

instituições financeiras credenciadas, para produção e aquisição de

novas máquinas, equipamentos e bens de informática e automação,

contanto que eles sejam fabricados no Brasil e credenciados pelo BNDES.

• BNDES Inovação: Destina-se a apoiar o aumento da competitividade por

meio de investimentos em inovação incluídos na estratégia de negócios

da empresa, contemplando ações contínuas ou estruturadas para a

inovação em produtos, processos e/ou comercialização, bem como a

melhoria das competências e conhecimentos técnicos.

• Fundo Clima: Ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), o "Fundo

Clima" tem o objetivo de assegurar recursos para apoiar projetos ou

estudos, e para o financiamento de projetos que visam à mitigação das

alterações climáticas e adaptação às alterações climáticas e aos seus

efeitos. Existem dois modos de concessão de recursos: reembolsável e

não-reembolsável. O BNDES aplica fundos reembolsáveis, deixando ao

MMA a aplicação dos recursos não-reembolsáveis.

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2.3 Posição do Brasil em atração de investimentos no mundo

O Brasil foi o sétimo maior destino de investimentos no mundo, em 2015, atraindo

US$ 64,6 bilhões em Investimentos Externos Diretos (IED).

Esse valor equivale a 40% do Investimento Externo Direto na América Latina, ou 5,1%

do IED mundial.

2.4 Modelo brasileiro de Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos

Os tradicionais Tratados Bilaterais de Investimento (TBI), assinados na década de 90,

não foram ratificados devido às incompatibilidades com a legislação brasileira.

O ACFI é um novo tipo de acordo, que respeita a legislação brasileira e ajuda a

promover a cooperação entre os países signatários.

O ACFI é diferente dos TBIs tradicionais, destinando-se a atender as necessidades dos

investidores de forma concreta, pragmática e proativa, ao mesmo tempo em que

respeita a estratégia de desenvolvimento e o espaço legal dos países que o acolhem.

Os pilares do ACFI são:

• Mitigação de riscos / framework para o tratamento de investidores e

seus investimentos;

• Governança institucional;

• Agendas de cooperação e facilitação do investimento.

Cada ACFI cria dois tipos de instituições que governam o acordo:

Comitê Misto: Composto por representantes governamentais de ambas as partes,

está encarregado de acompanhar a aplicação do acordo, a partilha de informações

sobre oportunidades de investimento, a cooperação bilateral de investimento e

iniciativas de facilitação e, acima de tudo, uma ação conjunta para evitar litígios e

resolução amigável de quaisquer questões que envolvem o investimento bilateral.

Ombudsman / Ponto Focal: atua como um facilitador da relação entre os investidores

e o governo do país de acolhimento, tanto em termos de diálogo com as autoridades

relevantes como fornecendo apoio do governo, com o objetivo final de melhorar o

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ambiente de negócios para atrair e manter investimentos. No Brasil, a CAMEX atuará

como o ombudsman.

O ACFI tem foco nos mecanismos de prevenção de litígios, com base no diálogo

bilateral através dos Pontos Focais e do Comitê Misto.

Se uma disputa leva a um processo de arbitragem, o procedimento será realizado no

formato de Estado-Estado, bem como o sistema de solução de controvérsias da

Organização Mundial do Comércio (OMC).

O Brasil começou a negociar os primeiros ACFIs em 2015. Já foram assinados acordos

no novo formato com Moçambique, México, Maláui, Colômbia, Angola, Chile e Peru.

2.5 A Apex-Brasil como suporte à atração de investimentos

Com dez escritórios e 110 setores comerciais das embaixadas brasileiras ao redor do

mundo, a Apex-Brasil promove as exportações de produtos e serviços e apoia a

internacionalização das empresas brasileiras, fortalece a marca do Brasil e atrai

Investimentos Estrangeiros Diretos ao país.

O apoio da Apex-Brasil na atração de investimentos para o país ocorre em duas

modalidades:

• Atração de IED - Investimentos greenfield; centros e projetos de pesquisa

e desenvolvimento; parcerias e joint ventures; aftercare

(reinvestimentos); trabalho proativo com os setores prioritários ou,

reativamente, com qualquer outro setor.

• Atração de venture capital e private equity – Conexão de parceiros

globais a parceiros locais; atração de IED para empresas brasileiras e

startups. Co-investimentos entre fundos locais e globais; conexão entre

o corporate venture capital, o sistema de inovação brasileira e o

ecossistema de investimento.

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2.6 Setores produtivos brasileiros prioritários para a atração de investimentos

Os setores prioritários para atração de IED ao Brasil foram selecionados pela

Apex-Brasil levando em consideração os seguintes critérios:

• Conformidade com a Política Nacional de Desenvolvimento;

• Foco no desenvolvimento do Brasil e seus estados;

• Foco em setores intensivos em tecnologia;

• Geração de emprego;

• Melhoria e expansão das exportações brasileiras;

• Fortalecimento das cadeias produtivas locais.

São considerados prioritários os seguintes setores:

• Agronegócio;

• Automotivo;

• Ciências da vida e equipamentos médicos;

• Petróleo e gás;

• Energias renováveis;

• Pesquisa e desenvolvimento.

Esses setores e incentivos para a atração de IED ao Brasil são detalhados no Guia de

Investimentos disponível na página de internet da Apex-Brasil.

2.7 Venture Capital e Private Equity

Desde 2010, a Apex-Brasil desenvolve uma série de programas com empresas

brasileiras, startups e parceiros locais, em conjunto com a Brazilian Private Equity and

Venture Capital Association – ABVCAP, “investidores-anjos” locais e programas de

aceleração de startups federais como a Start-Up Brasil e o Inovativa Brasil.

A Agência tem sido bem-sucedida no apoio a dezenas de fundos e empresas locais

para captação de recursos de mais de US$ 10 bilhões. Mais recentemente, a

Apex-Brasil voltou-se também para o apoio a empresas internacionais que procuram

investir no país.

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Entre outros, podem ser citados os seguintes resultados em relação ao privaty equity

e ao venture capital no Brasil:

• Mais de 4.100 startups e milhares de pequenas e médias empresas

tradicionais em diferentes setores;

• Mais de 200 parceiros globais, 300 incubadoras e 30 aceleradoras;

• Novos padrões regulatórios da Comissão de Valores Mobiliários (CVM),

com instruções que permitem que os fundos brasileiros invistam no

exterior e com custos operacionais reduzidos;

• Quase 60% do capital comprometido com privaty equity e venture capital

no Brasil, em 2015, teve origem em investidores internacionais;

• Aumento de corporate venture capital local e internacional e da atividade

de fusões e aquisições.

3. PRESENÇA DO BRASIL NA ÁFRICA

3.1 Comércio e cooperação Brasil-África

Nos últimos dez anos, vários países da África emergiram como destaques em razão

das altas taxas de crescimento das suas economias (Gráfico 3).

Tal desempenho foi possível graças principalmente à exploração de recursos

minerais, em especial o petróleo, cujos preços no mercado internacional favoreciam

o fluxo de receitas obtidas pela exportação desses produtos e a atração de

investimento para esses países, mas essa realidade mudou a partir da crise global de

2008, quando os preços desses produtos desabaram (Gráfico 4).

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Gráfico 3 - África, Mundo e países selecionados: crescimento real do PIB (%)

Desde 2003, o governo brasileiro priorizou suas relações políticas e econômicas com

os países africanos, dentro de sua orientação para uma maior cooperação Sul-Sul.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, em 2015, das 37 embaixadas

brasileiras na África, 19 haviam sido abertas ou reativadas nos dez anos anteriores.

-3

0

3

6

9

12

15

18

21

24

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Argélia Angola Nigéria África Mundo

Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI); *2016, estimativa; 2017 a 2020, previsão.

Gráfico 4 - Evolução dos preços do barril de petróleo (Brent, Europa, US$)

Fonte: Macrotrends

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Por sua vez, das 34 embaixadas africanas existentes em Brasília, 18 foram instaladas

após 2003. Esse empenho do Brasil em relação ao continente africano verificou-se

também em termos econômicos, principalmente até 2008.

Mais recentemente, em função de fatores externos e internos envolvendo tanto o

Brasil como os países africanos, observa-se uma redução do comércio bilateral

Brasil-África.

Conforme mostra o Gráfico 5, entre 2003 e 2008, a corrente de comércio do Brasil

com África aumentou de US$ 6,153 bilhões para US$ 25,930 bilhões, com crescimento

de 321,4% nesse período, ou o equivalente à variação média anual de 33,3%.

Em 2009, com os efeitos da crise de 2008, a corrente de comércio Brasil-África caiu

para US$ 17,158 bilhões, evoluindo em seguida para 26,761 bilhões em 2014. O

crescimento no período foi de 55,97%, ou o equivalente à variação média anual de

9,3%.

Em 2015, observa-se queda de 36,6% na corrente de comércio do Brasil com o

continente africano em relação a 2014, ocasionada principalmente pela redução das

importações, de US$ 17,1 bilhões para US$ 8,8 bilhões (queda de 48,63%), mas

também pela diminuição das exportações, que passaram de US$ 9,7 bilhões para US$

8,1 bilhões.

O saldo comercial do Brasil com a África manteve-se negativo em todo o período

2003-2015, com exceção de 2009, devido à crise deflagrada no ano anterior.

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3.2 Comércio Brasil-África: o protagonismo dos alimentos

Em 2015, as exportações mundiais para a África somaram US$ 498,1 bilhões, com

crescimento médio anual de 2,3% em relação a 2010, ano em que a maioria dos países

que exportam para a África iniciaram a recuperação das suas exportações com o

continente.

Nesse mesmo ano, as exportações do Brasil para a África foram de US$ 8,2 bilhões,

com variação média anual negativa de 2,1% no período 2010-2015.

Esse resultado levou a participação do Brasil a reduzir-se de 2,1%, em 2010, para 1,6%

em 2015. Contudo, sua posição de 15º fornecedor global para o continente

manteve-se inalterada no período considerado.

A participação das exportações do Brasil nas compras do continente africano

mostra-se profundamente desigual quando se observa o desempenho por complexo

produtivo.

-0,43 -1,94 -0,68 -0,65 -2,77

-5,59

0,23-2,04

-3,21-2,05

-6,36-7,36

-0,56

2,864,25

5,98 7,468,58

10,178,69 9,26

12,22

12,21

11,09

9,708,203,29

6,18 6,668,11

11,35

15,76

8,47

11,30

15,44 14,27 17,45

17,06

8,76

-10

-5

0

5

10

15

20

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Bilh

ões

SALDO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO

Gráfico 5 - Balança comercial Brasil-África (US$ bilhões)

Fonte: MDIC

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Nas exportações do Mundo para a África, predominam os complexos “Máquinas e

equipamentos” e “Multissetorial e outros”, que respondem, cada um, por 33,6% do

total e, juntos, por 67,2% do total (Gráfico 6).

Nas exportações brasileiras para a África, predomina o complexo “Alimentos,

bebidas e agronegócio”, com a participação de 69,4% do total, ou seja, uma

proporção superior à soma dos dois maiores complexos integrantes da pauta de

exportações do mundo para o continente africano (Gráfico 7).

Assim, a participação brasileira nas compras da África é desigual entre os complexos

produtivos, conforme pode ser visualizado no Gráfico 8.

Fonte: Comtrade/ONU

Fonte: Comtrade/ONU

Gráfico 7 - Participação dos complexos produtivos nas exportações do Brasil para a África (% do total)

Gráfico 6 – Participação dos complexos produtivos nas exportações do Mundo para a África (% do total)

33,6% 33,6%

69,4%

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Essa desigualdade, todavia, refletindo a especialização do Brasil em “Alimentos,

bebidas e agronegócio”, garantiu que o país mantivesse a liderança nas exportações

dos produtos desse complexo para a África, mesmo com queda da participação

(Gráfico 9).

Em 2010, as exportações brasileiras de “Alimentos, bebidas e agronegócio” para o

continente foram de US$ 5,770 bilhões, o que representou uma participação de 8,7%

no mercado africano.

Em 2015, as vendas brasileiras desse complexo para a África foram de US$ 5,691

bilhões, valor praticamente inalterado em relação a 2010, ou participação de 7,62%.

8,70

1,40 1,02 0,97 0,23

7,62

0,57 0,68 0,67 0,17

Alimentos Bebidas eAgronegócio

Multissetorial eOutros

Casa e ConstruçãoCivil

Moda e CuidadosPessoais

Máquinas eEquipamentos

2010 2015

Fonte: Comtrade/ONU

Gráfico 8 – Market share dos complexos produtivos exportados pelo Brasil no mercado importador africano (% do total)

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Enquanto nas exportações brasileiras para a África a predominância é do complexo

“Alimentos, bebidas e agronegócio”, nas importações do Brasil com origem na África

predomina o complexo “Multissetorial e outros”.

Como mostra a Tabela 1, as vendas do Brasil para a África concentram-se nos

produtos: açúcar, carnes (bovina e de frango) e milho, que representam, juntos,

53,3%, ou mais da metade do total.

As importações do Brasil com origem na África, por sua vez, estão superconcentradas

em “Petróleo e derivados”, que representam 82,5% do total (Tabela 2).

Brasil8,70%

França8,57% África do Sul

6,30%

Índia2,04%

China3,19%

Estados Unidos8,64%

Argentina5,18%

Holanda

3,78%Tailândia

4,08%Rússia2,07%

Outros

47,44%

2010

Brasil7,62%

França

7,60% África do Sul5,60%

Índia

5,13%

China

5,04%

Estados Unidos4,88%

Argentina4,88%

Holanda

3,86%

Tailândia3,62%

Rússia

3,43%

Outros48,34%

2015

Gráfico 9 - Evolução da participação dos principais fornecedores nas importações africanas de “Alimentos, bebidas e agronegócio” (%)

Fonte: Comtrade/ONU

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Tabela 1 - Exportações do Brasil para a África, por grupo de produto

Tabela 2 - Importações do Brasil para a África, por grupo de produto

Fonte: Comtrade/ONU

Fonte: Comtrade/ONU

Subgrupo de ProdutosValor em 2015

(US$)Participação

Crescimento

médio anual

2015/2010

Açúcar 2.389.274.021 29,14% 12,3%

Carne de boi in natura 775.517.981 9,46% 5,1%

Cereais em grão e esmagados_milho 733.721.644 8,95% 14,3%

Carne de frango in natura 470.579.903 5,74% -4,9%

Soja mesmo triturada 304.357.627 3,71% 92,6%

Tratores 209.606.820 2,56% 4,5%

Minérios de ferro 152.298.833 1,86% -26,1%

Autopeças 138.500.826 1,69% -2,8%

Óleo de soja em bruto 122.832.960 1,50% 2,5%

Demais produtos de metais não ferrosos 117.366.759 1,43% 51,0%

Outros 2.785.102.321 33,97% -11,25%

Total 8.199.159.695 100,00% -2,14%

Subgrupo de ProdutosValor em 2015

(US$)Participação

Crescimento

2010 - 2015

Petróleo e derivados de petróleo 7.230.322.961 82,50% -5,51%

Adubos e fertilizantes 543.673.815 6,20% -0,80%

Automóveis 144.453.356 1,65% 426,44%

Demais produtos minerais 94.490.449 1,08% -5,44%

Defensivos agrícolas 74.568.343 0,85% 32,83%

Produtos químicos inorgânicos 56.926.902 0,65% -15,25%

Ferro-ligas 51.922.564 0,59% -1,19%

Produtos químicos orgânicos 47.858.785 0,55% -9,21%

Cátodos de cobre 45.824.179 0,52%

Demais metais e pedras preciosas 45.293.143 0,52% -10,85%

Outros 428.505.750 4,89% -7,89%

Total 8.763.840.247 100,00% -4,95%

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3.3 A cooperação Brasil-África em alimentos

O contexto apresentado na seção anterior leva à oportunidade para maior inserção

do Brasil na África em toda a cadeia do agronegócio, dada a especialização do Brasil

e as necessidades da África no complexo “Alimentos, bebidas e agronegócio”, seja em

cooperação ou em negócios.

As relações de cooperação do Brasil com a África seguem uma lógica diferente do que

se observa historicamente no relacionamento de outros países com o continente.

Ao contrário do sistema tradicional, onde prevalece a transferência unilateral de

recursos sem garantias da geração de impactos positivos na sociedade, o sistema de

cooperação técnica do Brasil é naturalmente reativo, baseado nos pilares de respeito

à soberania e à determinação dessas sociedades, e se pauta pelas necessidades e

demandas advindas das transformações políticas e econômicas observadas nos países

africanos neste último século.

A produção de alimentos se concretizou como eixo principal dessa aproximação, uma

vez que o Brasil experimentou um incremento significativo de sua produtividade a

partir do desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas e da abertura de novas

fronteiras, em especial o cerrado, nos anos 70.

Em tempos recentes, a partir da nova onda de aproximação com o continente africano

iniciado pela política da Cooperação Sul-Sul, a segurança alimentar da África

tornou-se uma prioridade na política externa brasileira.

Nesse contexto, diversas oportunidades para a exportação de produtos do

agronegócio brasileiro – não apenas alimentos, bebidas e outros itens, mas também

máquinas e equipamentos dessa cadeia produtiva – surgiram no continente africano

nos últimos anos.

O excelente desempenho das exportações brasileiras não é fruto do acaso. De acordo

com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro (MAPA), o

sucesso do agronegócio nacional – que abastece os 200 milhões de habitantes do país

e ainda exporta para mais 200 mercados – é resultado da conjugação de vários

fatores: existência de área para produção; disponibilidade de água doce; insolação e

chuvas regulares na maioria das regiões do país; política agrícola (crédito e defesa

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sanitária); desenvolvimento e intensa utilização de tecnologia; compromisso dos

produtores com a produtividade.

Ainda que o agronegócio brasileiro possua inúmeros desafios, tanto no campo quanto

na armazenagem e transporte, os países africanos poderiam, a partir da experiência

brasileira, ampliar a produção e a distribuição de alimentos para os seus mercados

internos, reduzindo a dependência das importações, além de aumentar os

excedentes exportáveis em um ritmo maior do que o atual.

De acordo com o Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

(FAO), o Brasil está entre os dez países com a maior redução no número de pessoas

que passam fome, proporcionalmente à população nacional. Em 2014, saímos do

mapa da fome mundial, e segundo a FAO, a produção agrícola familiar teve papel

fundamental nessa conquista.

Por sua vez, a atividade agrícola no continente africano, especialmente na região

subsaariana, começa a sair de sua forma original de subsistência para assumir o

centro das atividades econômicas e sociais dos países, na medida em que iniciam o

processo de formulação de novas políticas voltadas ao atendimento das necessidades

básicas de seus cidadãos. Esse fato torna ainda mais importante a participação

brasileira como parceiro da África no incremento de seus sistemas de produção

agrícola.

Existem iniciativas importantes já em curso, que mostram um comprometimento do

Brasil com o incremento da produção agrícola africana, principalmente a partir do

desenvolvimento de suas capacidades e potenciais inerentes. A partir da iniciativa

“Diálogo Brasil-África em Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento

Rural”, promovida pelo Governo Federal em 2010, estabeleceu-se uma interlocução

contínua dentro da ótica da segurança alimentar e nutricional africana, e criou-se o

Programa Mais Alimentos Internacional (PMAI), desenvolvido pelo Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA). Esse programa tem como objeto central a

cooperação técnica para o desenvolvimento de projetos de agricultura familiar na

África, utilizando maquinário agrícola brasileiro financiado por créditos concessionais.

O PMAI, do qual já participam Zimbábue, Moçambique, Senegal, Gana e Quênia,

permite que esses mercados se beneficiem de soluções brasileiras próximas da

realidade africana. Diferentemente de outros programas de cooperação tradicionais

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onde é fornecido apenas o produto final, sem qualquer auxílio em sua operação, o

PMAI propicia a assistência técnica e a capacitação dos beneficiados na utilização do

maquinário importado, garantindo resultados efetivos nos projetos contemplados.

Outra inciativa de destaque, que envolve vários projetos, relaciona-se à cooperação

do Brasil com Moçambique, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA).

O projeto “Segurança Alimentar de Moçambique”, executado entre 2011 e 2015, com

o objetivo de contribuir para a segurança alimentar dos moçambicanos, tornando o

país autossuficiente na produção de hortaliças, foi desenvolvido no âmbito da GHFSI

– Iniciativa Global de Combate à Fome e Segurança Alimentar.

O Projeto Plataforma, executado entre 2010 e 2014, teve como objetivo fortalecer e

reestruturar o sistema de pesquisa e inovação do Instituto de Investigação Agrária de

Moçambique (IIAM).

Finalmente, podemos citar também o exemplo de cooperação com Angola.

A Embrapa executa desde o início de 2014 um projeto de fortalecimento da atuação

de instituições públicas de pesquisa agrícola em Angola, em parceria com a

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Ministério da

Agricultura e Desenvolvimento Rural do país, o Instituto de Investigação Agronômica,

o Instituto de Investigação Veterinária e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

O objetivo geral do projeto é ampliar a capacidade de pesquisa e inovação dos

institutos e, dessa forma, contribuir para a segurança alimentar e o desenvolvimento

da agricultura nacional de Angola. A iniciativa é parte do Programa Brasil-FAO de

Cooperação Sul-Sul Triangular.

3.4 Investimentos Brasil-África

Em 20141, segundo dados do Banco Central do Brasil, o estoque de investimentos do

Brasil na África alcançou US$ 1,672 bilhão, sendo 86,2% do total alocado em Angola.

O segundo país em estoque de capital brasileiro é a África do Sul, com 7,9% do total.

A quase totalidade desses investimentos concentra-se no setor de construção

(Gráfico 10 e Tabela 3).

1 O dado mais recente disponível no BACEN e de 2014.

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Entre 2010 e 2014, a quantidade de empresas brasileiras com investimentos na África

aumentou de 10 para 30 (Gráfico 11).

Setor 2010 2011 2012 2013 2014

A - Agricultura, Pecuária, Produção Florestal e Aqüicultura - - - - -

B - Indústrias Extrativas - - - - -

C - Indústrias de Transformação - - - - 17

D - Eletricidade e Gás - - - - -

E - Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e Descontaminação - - - - -

F - Construção - - 1.026 1.391 1.301

G - Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas - - 1 1 80

H - Transporte, Armazenagem e Correio - - - - -

I - Alojamento e Alimentação - - - - -

J - Informação e Comunicação - - - - -

K - Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados - - - - -

L - Atividades Imobiliárias - - - - -

M - Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas - - - - -

N - Atividades Administrativas e Serviços Complementares - - - - -

P - Educação - - - - -

Q - Saúde Humana e Serviços Sociais - - - - -

R - Artes, Cultura, Esporte e Recreação - - - - -

S - Outras Atividades de Serviços - - - - -

Outros - - - - 8

Total Geral 1.027 1.392 1.407

Estoque de Investimento Brasileiro Direto - Participação de Capital (US$ milhões)

Gráfico 10 - Estoque de investimentos do Brasil na África

Fonte: BACEN

Tabela 3 - Estoque de investimento brasileiro direto na África (por setor)

Fonte: BACEN

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Pela ótica dos investimentos anunciados, de acordo com metodologia do FDI

Markets, os principais destinos dos investimentos das empresas brasileiras foram

Angola, Moçambique e Nigéria. Esses países foram responsáveis por 81,9% do total.

O setor de petróleo e gás foi responsável por 75,5% dos investimentos anunciados

(Gráficos 12 e 13).

1012 12

15

30

2010 2011 2012 2013 2014

Nº de Investidores - Participação de Capital

Angola32,9%

Moçambique27,5%

Nigéria21,5%

Argélia4,6%

Zâmbia4,1%

Guiné2,8%

Malawi1,6%

Marrocos1,4%Gana

1,2%

Outros2,4%

Gráfico 11 – Quantidade de empresas com investimentos na África

Fonte: BACEN

Gráfico 12 - Destinos dos investimentos anunciados pelas empresas brasileiras na África, por país

Fonte: FDI Markets

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Ainda de acordo com o FDI Markets, os investimentos anunciados pelo Brasil na África

geraram 963 empregos em 2015, com a participação de 18 empresas brasileiras

(Gráfico 14 e Tabela 4).

2942,8

16,8 31 6,7

1781,2

2206,5

282

800

1158,95

26,2 36 69,9

336428

25109

19

894

1597

288

1276

2351

167

2017

561

963

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Capital Investido (US$ milhões) Empregos Gerados

Petróleo e Gás75,5%

Metais7,0%

Construção6,9%

Energias Renováveis4,6%

Turismo1,4%

Automotivo1,2%

Alimentos1,1%

Outros2,3%

Gráfico 13 - Destino dos investimentos anunciados pelas empresas brasileiras na África, por setor

Fonte: FDI Markets

Gráfico 14 - Investimentos anunciados pelas empresas brasileiras na África (geração de emprego e capital investido), por ano

Fonte: FDI Markets

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3.5 Investimentos África-Brasil

Em 20142, segundo dados do Banco Central do Brasil, o estoque de investimentos da

África no Brasil alcançou US$ 2,308 bilhões. Os principais destinos setoriais desses

investimentos foram a indústria extrativa (45,9%), as atividades imobiliárias (23,9%)

e a indústria de transformação (15%), conforme o Gráfico 15 e a Tabela 5.

2 O dado mais recente disponível no BACEN é de 2014.

EMPRESA

INVESTIMENTO

ANUNCIADO

(US$ milhões)

Petrobras 5.030,5

Vale (Companhia Vale do Rio Doce) 3.165,4

Camargo Correa 650,0

Odebrecht 341,8

Marcopolo 193,7

Bristol 131,2

Positivo Informatica 68,6

Usibra 25,0

Supergesso 20,0

Embraer (Embraer-Empresa Brasileira de Aeronautica) 18,1

Banco do Brasil 11,0

Banco Nacional De Desenvolvimento Economico E Social (BNDES)11,0

Synergy Group 10,0

Embrapa 8,4

Activa Tecnologia and Negocios 5,8

BTG Pactual 1,3

Stefanini IT Solutions 1,3

GapNet 1,0

Total Geral 9.694,1

Tabela 4 - Empresas brasileiras que anunciaram investimentos na África entre 2003 e 2015

Fonte: FDI Markets

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Setor 2010 2011 2012 2013 2014

A - Agricultura, Pecuária, Produção Florestal e Aqüicultura - - - - -

B - Indústrias Extrativas 639 778 1.047 1.067 918

C - Indústrias de Transformação 173 461 147 126 300

D - Eletricidade e Gás - - - - -

F - Construção - - - - -

G - Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas 1 1 2 3 3

H - Transporte, Armazenagem e Correio - - - - -

I - Alojamento e Alimentação - - - - -

J - Informação e Comunicação 5 6 7 7 7

K - Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados 194 169 128 48 64

L - Atividades Imobiliárias 473 494 552 504 479

Outros 8 9 344 265 230

Total 1.494 1.918 2.227 2.020 2.001

Estoque de Investimento Direto no País - Participação de Capital (US$ milhões)

Gráfico 15 - Estoque de investimentos do Brasil na África

Fonte: BACEN

Tabela 5 - Estoque de investimento brasileiro direto na África (por setor)

Fonte: BACEN

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Pela ótica dos investimentos anunciados, de acordo com metodologia do FDI

Markets, os principais países de origem dos investimentos africanos no Brasil entre

2005 e 2015 foram África do Sul (55,1%), Angola (31,8%) e Argélia (11,8%). O setor de

Metais respondeu por 65,6% do total (Gráficos 16 e 17).

África do Sul55,1%

Angola31,8%

Argélia11,8%

Namíbia0,9%

Marrocos0,4%

Metais65,6%

Comunicações16,1%

Serviços Financeiros16,0%

Outros2,3%

Gráfico 16 – Países de origem dos investimentos anunciados pelas empresas africanas no Brasil, por país (2005 a 2015)

Gráfico 17 – Setores de destino dos investimentos anunciados pelas empresas africanas no Brasil (2005 a 2015)

Fonte: FDI Markets

Fonte: FDI Markets

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Os investimentos anunciados pelas empresas africanas no Brasil foram responsáveis

pela geração de 308 empregos (Gráfico 18).

159,8

0,5 9

790,4

302,9

4,8

280,9208

588

521

1418

662

3654

308

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

2005 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Capital Investido (US$ milhões) Empregos Gerados

Gráfico 18 - Investimentos anunciados pelas empresas africanas no Brasil (geração de emprego e capital investido), por ano

Fonte: FDI Markets