Interrogatorio de Prisioneiros de Guerra

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Nome, posto, nº de série, mais... O problema do interrogatório de prisioneiros de guerra Os tedescos tem um sistema bem bom de sugar informação de prisioneiros de guerra aliados. Algumas vezes ele funcionou. A maior parte do tempo, quando os prisioneiros de guerra aliados fincaram pé por seus direitos, ele não deu certo. Mas em alguns casos, nenhum sistema de informação foi necessário – alguns caras só falaram o bico para os tedescos, de graça. Alguns americanos cresceram ouvindo programas de perguntas, a julgar pela forma loquaz como uns poucos aviadores, abatidos sobre a Alemanha na 2ª Guerra Mundial, responderam as perguntas dos interrogadores alemães. Isto não era uma característica ocupacional só de aviadores, pois houve um igual número de casos onde oficiais e soldados dos Estados Unidos, de todos as forças armadas, pareceram esquecer as aulas de segurança de combate que tinham-lhes sido administradas (ou durante as quais tinham dormido) durante os períodos de treinamento. “Abriram o bico” quando capturados e levados a oficiais da inteligência alemã. Mas, puramente para propósitos de exemplificação, considere o relatório do interrogatório de uma tripulação de aviadores abatidos durante uma missão diurna contra Heidelberg, em março de 1945. A conquista da Alemanha trouxe a luz este documento e outros como este, arquivados em um centro de interrogatório da força aérea inimiga. A tripulação desse bombardeiro Marauder revelou informação confidencial suficiente para encher seis páginas. Tinham voado 48 missões, estavam estourando de idéias e opiniões e as deram de boa vontade, como pode ser visto da riqueza de informações detalhadas que entregaram aos “tedescos”, de graça. Treinamento operacional no campo de Barksdale, Louisiana, rota tomada até a Sardenha, missões contra alvos na Itália e, finalmente, o ataque de precisão contra as instalações ferroviárias de Heidelberg – estes eram alguns dos assuntos discutidos a fundo. “Nas instruções da missão foi cuidadosamente enfatizado que sob nenhuma circunstância a

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O problema do interrogatório de prisioneiros de guerraOs tedescos tem um sistema bem bom de sugar informação de prisioneiros de guerra aliados. Algumas vezes ele funcionou. A maior parte do tempo, quando os prisioneiros de guerra aliados fincaram pé por seus direitos, ele não deu certo. Mas em alguns casos, nenhum sistema de informação foi necessário – alguns caras só falaram o bico para os tedescos, de graça.

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Nome, posto, nº de série, mais... O problema do interrogatório de prisioneiros de guerra

Os tedescos tem um sistema bem bom de sugar informação de prisioneiros de guerra aliados. Algumas vezes ele funcionou. A maior parte do tempo, quando os prisioneiros de guerra aliados fincaram pé por seus direitos, ele não deu certo. Mas em alguns casos, nenhum sistema de informação foi necessário – alguns caras só falaram o bico para os tedescos, de graça.

Alguns americanos cresceram ouvindo programas de perguntas, a julgar pela forma loquaz como uns poucos aviadores, abatidos sobre a Alemanha na 2ª Guerra Mundial, responderam as perguntas dos interrogadores alemães. Isto não era uma característica ocupacional só de aviadores, pois houve um igual número de casos onde oficiais e soldados dos Estados Unidos, de todos as forças armadas, pareceram esquecer as aulas de segurança de combate que tinham-lhes sido administradas (ou durante as quais tinham dormido) durante os períodos de treinamento. “Abriram o bico” quando capturados e levados a oficiais da inteligência alemã.

Mas, puramente para propósitos de exemplificação, considere o relatório do interrogatório de uma tripulação de aviadores abatidos durante uma missão diurna contra Heidelberg, em março de 1945. A conquista da Alemanha trouxe a luz este documento e outros como este, arquivados em um centro de interrogatório da força aérea inimiga. A tripulação desse bombardeiro Marauder revelou informação confidencial suficiente para encher seis páginas. Tinham voado 48 missões, estavam estourando de idéias e opiniões e as deram de boa vontade, como pode ser visto da riqueza de informações detalhadas que entregaram aos “tedescos”, de graça.

Treinamento operacional no campo de Barksdale, Louisiana, rota tomada até a Sardenha, missões contra alvos na Itália e, finalmente, o ataque de precisão contra as instalações ferroviárias de Heidelberg – estes eram alguns dos assuntos discutidos a fundo. “Nas instruções da missão foi cuidadosamente enfatizado que sob nenhuma circunstância a cidade em si deveria ser atingida. Por esta razão uma formação bem pequena foi usada para impedir danos por erros à cidade”, diz o relatório. Não havia alvo alternativo.

A última missão foi cuidadosamente descrita – formação, rota, clima, carga de bombas, escolta, defesa antiaérea. Com crescente liberalidade, os aviadores revelaram que “em geral, as formações de Marauders tem pouco a temer da flak [artilharia antiaérea] alemã. Isto era o sumário do inimigo das observações da tripulação: “por razão de sua maior velocidade em comparação com as formações de bombardeiros de quatro motores, os bombardeiros médios aparecem sobre o alvo rapidamente e desaparecem igualmente rápido, sem permanecer sobre a zona de perigo por um período longo de tempo. Enquanto a possibilidade de acertos em uma formação de aviões de quatro motores é estimada em 40 porcento (não abatidos – meramente atingidos), a possibilidade de acerto em um bombardeiro médio é muito reduzida. Como um exemplo, os PG [prisioneiros de guerra] disseram que tinham voltado para base com furos de flak somente uma vez em suas 48 missões anteriores”.

Tagarelando livremente, o piloto e navegados, habilmente auxiliados pelo resto da tripulação quando sua vez chegava, deram informações sobre o vôo ao IP [interrogador]

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e sobre a própria corrida de bombardeio, formação e força, liberação das bombas; navegação e precursores. Foram francos ao revelar que não estavam se gabando de seu equipamento ou realizações: “todos os ataques foram realizados sem precursores. Não havia nenhum a disposição da --ª Ala de Bombardeiros Médios”, diz o relatório, prosseguindo para dizer:

“Loran e Diskus: nenhum destes aparelhos de navegação eram conhecidos do navegador. Ele conhecia o nome “GH”, mas somente de ouvir falar, mas era capaz de dizer com certeza que o Diskus não estava em uso na --ª Ala de Bombardeiros Médios”. Seus aviões também não tinham equipamento de alta altitude. Por eles nunca voarem acima de 4.000 metros, mesmo máscaras de oxigênio eram desnecessárias.

De informações reunidas durante as entrevistas, o inimigo montou uma imagem completa da organização tática atual. Operações anteriores foram discutidas e a tripulação revelou que eles sabiam de planos futuros. Não tinham ouvido de uma planejada conversão de Marauder para Invaders, entretanto, “a despeito das reconhecidas más características de vôo do B-26, especialmente na decolagem e aterrissagem, não havia probabilidade de mudança em um futuro próximo”, diz o relatório, que conclui com a afirmação sobre o bombardeiro de mergulho B-26: “a algum tempo atrás o B-26 foi usado experimentalmente em bombardeios de mergulho. Ele foi usado dessa forma contra um alvo escolhido na Holanda. De acordo com os relatórios, todos os aviões atacantes foram abatidos por causa da velocidade e taxa de ascensão depois das bombas terem sido lançadas não serem suficientes. Pode ser dito com certeza que no futuro o Marauder só será usado em bombardeios de nível”.

Considerou-se que a recreação valia um parágrafo: “o hotel Martinez em Cannes foi requisitado pela Força Aérea Americana para o pessoal de vôo e membros escolhidos das tripulações de terra. Licenças de até sete dias são dadas neste centro de descanso. Depois de sua trigésima missão a tripulação interrogada passou quatro dias no hotel e então voltou para a Sardenha”.

O segundo tenente que servia como observador para a tripulação de uma Fortaleza Voadora abatida em março de 1945, a leste de Schmachtenhagen, se tornou o porta-voz durante o interrogatório. Ele revelou cinco páginas datilografadas em espaço simples, com informações, incluindo alvos que ele tinha atacado ao longo de 30 missões e menções a uma visita do General Doolitle e um grupo de congressistas e senadores a sua base em Nuthampstead. Modestamente, ele admitiu que seu esquadrão era famoso por bombardear com precisão milimétrica alvos, usando Meddo e GH. Ele mesmo não tinha tido treinamento como observador de radar, mas muitos alvos de precisão na área da ofensiva de Rundstedt, tais como uma ferrovia e outras pontes foram bombardeadas com sucesso por radar. Ele descreveu uma falha total que custou ao esquadrão sua reputação por bombardeios cegos perfeitos – o observador do radar leu errado o indicador do Meddo e o padrão de bombas foi jogado de forma perfeita, mas 8 km antes de atingir o alvo.

Sob o título “Rota de partida e encontro”, o relatório inclui este parágrafo:

“Foi dito aos pilotos que se os danos a seus aviões fossem tão severos que um retorno seguro fosse questionável, deveriam rumar para território russo. Instruções especiais sobre quais aeroportos eram apropriados para pousos não foram dados, o PG se lembra

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que em ataque contra Chemnits, um avião deixou a formação e dirigiu-se para a Rússia. Nada se soube a respeito do destino daquele avião.

Os interrogadores alemães estavam sempre alertas para sinais de desconfiança de seus aliados por parte dos Americanos. O relatório de uma detalhada entrevista com um terceiro sargento, metralhador de cintura em um B-17 abatido no mesmo mês, inclui esta afirmação: “até então nenhum regulamento especial nem campos de pouso específicos tinham sido designados para aterrissagens de emergência em território russo, apesar de todas as tripulações terem um interesse justificado em saber onde nas “Estepes Russas” tais aterrissagens podiam ser feitas... O fato que a URSS até então não tinha tido vontade de colocar campos de pouso a disposição do bombardeiros pesados americanos na guerra com o Japão tinha criado ressentimentos, pois esta negativa tinha tido o efeito de alongar a Guerra do Pacífico”.

Outro relatório termina com este parágrafo, baseado em um comentário de um oficial: “diferentemente das pessoas de todas as outras cidades na Itália central e meridional ocupadas pelos aliados, a população de Grosseto não tenta esconder seu ódio dos americanos. O oficial americano pensavam que ‘Mussolini realmente fez o seu serviço em Grosseto’. Já tinha havido freqüentes confrontos entre americanos e jovens italianos. Os americanos baseados em Grosseto desejavam que pudessem bombardear a cidade até transformá-la em ruínas e cinzas por causa da atitude não amigável e hostil da população”.

O mesmo oficial que lembrava-se que um avião americano tinha sido engolido pela Rússia contribuiu o seguinte sobre as relações RAF-USAAF: “oficiais da RAF dão palestras regulares em Nuthasmpstead a cerca de operações noturnas da RAF. A participação por parte dos oficiais americanos é opcional e não muito ativa. As operações noturnas da RAF são encaradas de forma superficial. Isto era particularmente notável quando as formações de bombardeiros ingleses voavam sobre a base ao anoitecer, no seu caminho para a Alemanha. Um comentário freqüente era que em comparação com as ordenadas formações americanas, as formações da RAF eram um enxame desordenado. O fato que o vôo em formação não era possível a noite não era encarada como uma desculpa válida pelo PG”.

Com relação a isto um lamentável fato emerge – um baixo padrão de consciência política prevalecia entre as fileiras das forças combatentes aliadas. Os interrogadores alemães foram rápidos em se aproveitar das possibilidades da técnica do “dividir para conquistar”. Ficaram realmente surpresos com a falta de educação política mostrada pelos PG aliados e pela facilidade com que eles eram capazes de contra-argumentar qualquer justificativa que o prisioneiro tentava apresentar. Em resumo, os interrogadores apresentavam a Alemanha com um viés favorável, delineando as semelhanças entre a Alemanha e os aliados. A Rússia Soviética era a vítima de muitos argumentos. Os americanos, disseram os interrogadores, estavam morrendo em vão, pois no caso de uma vitória aliada, as potências ocidentais iriam descobrir que a tirania bolchevista seria um fait accompli na Europa. Para tudo isso os prisioneiros surpreendentemente ofereciam pouca resistência – simplesmente por causa de sua abismal ignorância de política.

Interrogadores alemães, mais tarde capturados por tropas aliadas, fizeram muitas sugestões para as autoridades americanas – notavelmente que punir os prisioneiros que

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tinham revelado informação confidencial teria o efeito de melhorar a preocupação com segurança por parte das tropas ainda lutando no Pacífico. Não sugeriram, entretanto, que deveríamos tentar doutrinar politicamente para aumentar a segurança. Mesmo os alemães acharam que isso dificilmente funcionaria em uma população democrática.

Se o interrogatório de tropas americanas capturadas causou nossa falha de segurança nº 1 no TOE [Teatro de Operações Europeu] e na Europa Mediterrânea, a segurança de documentos era nosso segundo grande meio de dizer ao inimigo o que ele queria saber. Isto foi confirmado pelo oficial de contra-inteligência do II Corpo de Pára-quedistas alemão, um tenente-coronel capturado no bolsão de Falaise em agosto de 1944. Um oficial altamente inteligente, que tinha servido em quartéis-generais na Polônia, França (1940) e Rússia, ele mencionou particularmente que a segurança de documentos americana era absolutamente chocante.

De novo e de novo, documentos altamente secretos foram encontrados nos bolsos de PG americanos e em veículos na linha de frente. Este PG se lembrava de uma ocasião em que ele achara com um tenente americano um documento Altamente Secreto dando a reorganização completa das forças americanas logo depois da batalha de Avranches. Quando comentou isso com o tenente, este lhe respondeu: “bem, você não pode guardar tudo isso na cabeça”.

O oficial alemão notou que, se as forças aéreas aliadas tivessem permitido que os alemães movessem suas tropas nem que um pouco, esta flagrante brecha de segurança teria nos causado prejuízos incalculáveis, pois muitas posições e movimentos de unidades aliadas foram expostas com grande avanço.

Como um comentário adicional, os alemães disseram que as listas de distribuição em quase todos os documentos eram uma das fontes mais valiosas de informação aos alemães. Este oficial, por sua própria boa vontade com o antigo inimigo - ainda inimigo de seu país – provou a verdade de uma declaração feita por um interrogador alemão que disse: “todo o treinamento de segurança é arruinado pelo fator humano”.

O centro de avaliação da Luftwaffe escreveu um relatório sobre os papeis encontrados no corpo do Sargento R., morto em ação na área de Berlim em março de 1945.

Um diário pessoal continha anotações que davam aos alemães dados a respeito de alvos, tempo e método de ataque, carga de bombas, corrida de bombardeio, agrupamento, clima, aterragens de emergência em território russo e posição de caças.

No caso disto parecer inacreditável, reproduzimos uma anotação do diário:

Alvo: Berlim, decolagem 06:44 horas. Levantei às 02:40 horas, vesti-me e comi o café da manhã: torradas, xarope, café e laranjas. Peguei meu equipamento. A apresentação sobre a missão começou às 03:45 horas. O alvo para hoje é um pátio ferroviário na cidade de Berlim. Se esperava que fosse um ataque visual, mas também tinham em mente a possibilidade de ter que bombardear através de cobertura de nuvens (Meddo). Se esperava forte artilharia antiaérea sobre o alvo. Nossa carga de bombas era de 12 bombas 45 RDK de alto explosivo e 8 bombas cluster (M17) de 225 kg cada (carga total, de acordo com isto, de 2,34 ton.). Não deveríamos bombardear qualquer alvo a leste de 12º ou a oeste de 8º (isto indicava que a frente oriental tinha avançado para o

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ocidente – compare isso com a avaliação de documento do Destacamento Stendal, relatório de queda de avião nº VE 1/45, datado de 18 de março de 1945 A.d.A.). No caso de termos que fazer um pouso de emergência atrás das linhas russas, nosso sinal de identificação era inclinar a asa esquerda de 3 a 5 vezes. Nossa escolta de caças nos deveria encontrar quando cruzássemos 7º de longitude. Rolamos na pista 24 e decolamos na direção sudeste, logo ao nascer do sol. Voamos através de uma tênue cobertura de nuvens passando para um céu claro. O sol estava acabando de subir sobre o horizonte. O agrupamento dos aviões começou. O box [formação] superior entrou em formação às 08:50. Colocamos nossas máscaras de oxigênio às 08:10 a uma altitude de 4.300 metros. Nosso grupo operacional cruzou a costa Inglesa às 09:00 horas.

Os papeis do 1o tenente L, capturado na área de Müncheberg em março de 1945, continha uma lista de 38 pontos de checagem com os números códigos dados pelo oficial de operações do --º Grupo de Bombardeiros, datado de 1º de fevereiro de 1945. O relatório de avaliação alemão disse: “estes são pontos que aparentemente são repetidamente usados em operações contra a Alemanha (possivelmente também pontos de inflexão). Estes números códigos podiam ser usados em comunicações de rádio assim como nos documentos levados nas operações. Vale notar o uso freqüente de lagos como pontos de checagem, especialmente pontos específicos em um lago”.

O valor desta informação para a Luftwaffe, tendo tanto esquadrões de interceptores e a artilharia antiaérea sob seu comando, não precisa ser enfatizado aqui.

Os interrogadores alemães concordavam que a única forma possível de resistir ao interrogatório era falar como um papagaio: “meu nome é Silva, meu posto e isso-e-aquilo, meu número é tal-e-qual”. Um homem que fizesse isso era visto como um caso insolúvel e os compromissos do interrogador sendo tais como eram, o PG era largado em um campo permanente. Na verdade, muito poucos prisioneiros foram capazes de manter essa fórmula, mas as instruções oficiais são perfeitas e são respostas que qualquer um com uma educação em segurança deve almejar.

O sucesso da manutenção rígida à formula de nome, posto e número de série é demonstrado pela história de um inglês interrogador de prisioneiros que foi capturado pelos alemães na Itália em junho de 1944. Este homem agüentou 9 dias de prisão solitária, período em que foi colocado a ferros, sem nunca abandonar sua declaração original “meu nome é H-, meu posto é tenente-aviador, e meu número é tal e qual”. Ele foi finalmente largado em um campo permanente SEM QUE OS ALEMÃES DESCOBRISSEM QUE ELE TINHA SIDO UM INTERROGADOR.

O grupo de interrogadores tentou quebrar a resistência durante nove dias e pelos três últimos dias o manteve continuamente algemado. Um guarda entrava na cela a cada meia hora durante a noite e ligava a luz. Ele não teve chance de se lavar ou barbear durante esses nove dias e disse que o aquecimento da cela produziu um grande desconforto depois de duas hora. Isto foi mudado, entretanto, depois que reclamou. No final de nove dias lhe disseram que tinha perdido a chance de ser tratado como um verdadeiro prisioneiro de guerra e então foi enviado para a prisão criminal em Frankfurt, onde a prisão em solitária continuou por mais três semanas. Dali ele foi levado de tempos em tempos ao Quartel-General das SS em Frankfurt e interrogado.

Mantiveram sobre ele uma longa campanha de ameaças, culminando com a declaração,

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depois de cerca de 20 dias, que seria levado para Berlim e eventualmente provavelmente enforcado. Sua moral continuou inabalada, entretanto, mesmo quando foi apresentado à escolta que o levaria a Berlim e um recibo por ele foi trocado. Seu destino, contudo, só foi um campo Stalag de PG, pois a Gestapo, como os interrogadores anteriores, tinham blefado com sua última carta e perdido.

Este oficial finalmente foi repatriado e chegou ele mesmo a interrogar alguns dos homens que o tinham interrogado na Alemanha. Este brilhante exemplo de um prisioneiro que recusou a falar é a maior prova possível da regra de segurança básica: “Nome, posto, numero de série” – e só isso!

Fonte deste artigo: Name, Rank, Serial No., Plus. Intelligence Bulletin, Junho de 1946