Intervenção Psicologia Clínica

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Capítulo 1 - A entrevista Entrevista - encontro formal, previamente combinado , em que o estatuto e o papel dos intervenientes é do conhecimento de ambos (ou + participantes), que assenta numa dimensão verbal e em que se assume que o entrevistado tem disponibilidade ou interesse para prestar esclarecimentos ou informações sobre si próprio. Morin (1973) afirma que, embora a entrevista assente numa técnica de questionamento, ela não é um interrogatório A entrevista deve decorrer como uma conversa, na qual haja espaço para se poder expressar a personalidade e pontos de vista Direções da entrevista 1. Entrevista como Narrativa Técnica de interrogatório; Acredita que é possível chegar a qualquer informação questionando os sujeitos de forma direta ou recorrendo a técnicas narrativas em que é solicitada a reconstrução de um acontecimento; Descreve ações, situações ou pensamento em termos objetivos; No entanto, estas narrativas não podem ser consideradas objetivas dado que decorrem num tempo e espaço com capacidade de influência 2. Entrevista como comunicação dialógica Menos centrada no questionamento; Destaca o processo de estabelecimento ou manutenção da relação com o Outro; Destaca o processo de construção dos conteúdos na relação com o Outro; Destaca o processo interativo Teoria e técnica de entrevista Técnica de entrevista designa os processos utilizados para a obtenção de informação pertinente para os objetivos da entrevista Teoria da entrevista remete para um conjunto de saberes organizados A entrevista como prestação de serviço Algumas entrevistas decorrem em benefício do entrevistado e outras prestam benefício ao entrevistador. Alfred Benjamin (2002) distingue dois tipos de entrevista, uma que se apoia na procura de ajuda por parte do entrevistador, no cumprimento de uma tarefa ou investigação e outra que está ao serviço do entrevistado, para o ajudar no que precisar.

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Capítulo 1 - A entrevista

Entrevista - encontro formal, previamente combinado, em que o estatuto e o papel dos intervenientes é do conhecimento de ambos (ou + participantes), que assenta numa dimensão verbal e em que se assume que o entrevistado tem disponibilidade ou interesse para prestar esclarecimentos ou informações sobre si próprio.

Morin (1973) afirma que, embora a entrevista assente numa técnica de questionamento, ela não é um interrogatório

A entrevista deve decorrer como uma conversa, na qual haja espaço para se poder expressar a personalidade e pontos de vista

Direções da entrevista

1. Entrevista como Narrativa

Técnica de interrogatório; Acredita que é possível chegar a qualquer informação questionando os sujeitos de forma direta ou recorrendo a técnicas narrativas em que é solicitada a reconstrução de um acontecimento;Descreve ações, situações ou pensamento em termos objetivos;No entanto, estas narrativas não podem ser consideradas objetivas dado que decorrem num tempo e espaço com capacidade de influência

2. Entrevista como comunicação dialógica

Menos centrada no questionamento;Destaca o processo de estabelecimento ou manutenção da relação com o Outro; Destaca o processo de construção dos conteúdos na relação com o Outro;Destaca o processo interativo

Teoria e técnica de entrevista

Técnica de entrevista designa os processos utilizados para a obtenção de informação pertinente para os objetivos da entrevista

Teoria da entrevista remete para um conjunto de saberes organizados

A entrevista como prestação de serviço

Algumas entrevistas decorrem em benefício do entrevistado e outras prestam benefício ao entrevistador. Alfred Benjamin (2002) distingue dois tipos de entrevista, uma que se apoia na procura de ajuda por parte do entrevistador, no cumprimento de uma tarefa ou investigação e outra que está ao serviço do entrevistado, para o ajudar no que precisar.

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Todas as entrevistas realizadas por psicólogos são entrevistas psicológicas. Ou seja, as entrevistas psicológicas, apesar de serem as mesmas que as entrevistas antropológicas, sociológicas e médicas, são diferentes dado que recorrem a teorias e modelos específicos. Os psicólogos organizam as interações estabelecidas e dão um sentido à informação recolhida no contexto da entrevista.

Entrevista e consulta psicológica

Entrevistas de Consulta ou Entrevistas Clínicas

Entrevistas Diagnósticas - mobiliza o conceito de avaliação/diagnóstico

O DSM - instrumento avaliativo

Entrevistas de "Ajuda" - estabelecimento de uma relação de ajuda ou de apoio psicológico. Perceber se é preciso ou não providenciar psicoterapiapara dado sujeito

Diferenças entre entrevistas de avaliação e diagnóstico e entrevistas de "ajuda"

Nas entrevistas de avaliação e diagnóstico, o uso de matérias de testagem ocorre, processam-se ao longo de algum tempo e a indicação terapêutica pode acontecer ou não, no caso de acontecer o sujeito é reencaminhado para outro colega. Nas entrevistas de "ajuda", o psicólogo prescinde de outros métodos e centra-se em si e na relação com o Outro, procurando estabelecer e promover uma relação de qualidade entre ambos.

Entrevistas e outras técnicas de recolha de informação

Questionários - por vezes designados por entrevistas estruturas, semi-estruturadas e diretivas

História Clínica, Anamnese e História de vida

História Clínica - procedimento de registo médico. Construção de umaanamnese. HISTÓRIA CLÍNICA MÉDICA DIFERENTE DE HISTÓRIA CLÍNICA PSICOLÓGICA

Anamnese - questionamento verbal sobre os dados pessoais, hereditários e familiares do sujeito. ANAMNESE MÉDICA DIFERENTE DE ANAMNESE PSICOLÓGICA

História de vida - descrição da história pessoal do sujeito, como expressão de um vivido social

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Da consulta psicológica à psicoterapia

Em psicologia, a prática da psicoterapia pode corresponder a dois formatos diferentes:

Psicoterapia de apoio - psicólogos clínicos de qualquer orientação teórica podem praticar psicoterapia de apoio, a qual assenta em entrevistas psicológicas do tipo clínico

Psicoterapia de setting - o terapeuta já tem de pertencer a um quadro teórico e o paciente procura-o deliberadamente

Capítulo 2 - A entrevista clínica

A psicologia clínica emerge a partir de diferentes origens que têm apenas em comum o seu caráter prático e de relação direta com o Outro: por um lado tem-se o modelo médico, a que recorre para se afirmar como profissão; a psicotecnia, a que recorre para se afirmar como método científico; e, ainda, a psicanálise, como teoria e abordagem psicoterapêutica.

A entrevista clínica recorre à utilização de testes psicológicos, sendo designadade instrumental

Capítulo 3 - As entrevistas psicológicas

Níveis de estruturação da entrevista

Níveis de estruturação - as entrevistas psicológicas podem ser:

1. Abertas

2. Semiestruturadas

3. Estruturadas

Estes níveis de estruturação podem ocorrer em função dos objetivos da entrevista ou da atitude do entrevistador, a qual depende do seu quadro teórico.Em termos de atitude do entrevistador, a entrevista pode ser considerada como:

1. Não diretiva - pode estar presente em entrevistas de investigação ou terapêuticas, pouco ou nada estruturadas; recusam-se a dar ao entrevistado qualquer direção, i.e. o grau de liberdade do Outro é elevada.

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2. Diretiva - corresponde a entrevistas avaliativas breves e altamente estruturadas. Foco nos temas ou questões importantes para o entrevistador.

3. Semidiretiva - inclui aspetos das outras duas categorias

Estabelecer uma relação emocional associada aos objetivos da entrevista é umobjetivo importantíssimo.

Os objetivos

Para Craig (1989) existem sete tipos de entrevistas - as mais utilizadas em clínica:

1. Entrevistas de recolha de dados - designada por entrevista de rastreio ou rastreio psicológico, esta entrevista é comum em contextos institucionais em que o sujeito não é paciente direto do psicológo, mas um utente de uma investigação. É elaborada de formaa perceber se é possível uma intervenção de cariz psicológico. Quando estas entrevistas se realizam em escolas ou empresas, deixam de ser clínicas. Esta entrevista deve possibilitar:» A classificação da natureza dos serviços que a instituição pode oferecer naquele caso específico;» A comunicação de regras e normas da instituição ao utente» A definição do tipo de tratamento e terapeuta mais adequado àquele utente» A obtenção de informações gerais para os registos da instituição» A definição da indicação de outros recursos, caso se justiquem

2. Entrevistas de estudos de caso - podem ser um aprofundamento de uma entrevista de recolha de dados, uma vez que se dispõe de mais tempo e entrevistas é possível aceder a mais informação; também é um complemento aos instrumentos de avaliação psicológica. Este procedimento é comum em clínica privada.São entrevistas clínicas, mas podem ser usadas não clinicamente em contextos de investigação.Um estudo de caso deve contemplar os seguintes procedimentos:» A escolha do caso» A apresentação do caso» O contexto e setting da entrevista (cada setting depende do quadroteórico de referência profissional)» A orientação teórica (definição de critérios como a duração de cadaentrevista, as técnicas a usar, a forma de recolha de dados, a escolhade instrumentos de avaliação, etc)» O decurso da entrevista (depende de utente para utente)

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» Discussão e conclusões

3. Entrevistas de avaliação do estado mental - tipo de entrevista que é mais estruturada e dirigida, a qual se destina à avaliação de graus de disfunção em situações cujos sintomas sugerem doença psiquiátrica grave, estados demenciais ou de comprometimento neurológico.Se a entrevista estiver ao serviço do Outro, com o objetivo de diminuir o seu sofrimento, é uma entrevista clínica. Se for dirigida à investigação para elaboração de relatórios não é uma entrevistaclínica» Estado mental no DSM-IV - publicado em 2000, preconiza duas ideias principais: a) o conceito de perturbação mental é errado porque divide corpo e mente, contudo usado; b) a classificação das perturbações inscreve-se num sistema multiaxial, envolvendo 5 eixos:I. Perturbações clínicas e situações que podem ser foco de atenção médicaII. Perturbações de personalidade e deficiência mentalIII. Estados físicos geraisIV. Problemas psicossociais e ambientaisV. Avaliação global do funcionamento» Dimensões de Avaliação - Lemperiére e Féline (1977)a. A apresentação e a Expressão - aparência física, critérios culturais, aspetos psicomotores e linguagemb. Os comportamentos ditos instintivos - sono, comportamentos alimentares, controlo de esfíncter e comportamento sexualc. O comportamento social - tentativas de suícido ou para-suicídio,comportamentos errantes, fugas. Em contextos prisionais - avaliação de aspetos como a cleptomania, abuso sexual e violação.d. Os níveis de consciência - qualidades de atenção, da orientaçãoespácio-temporal, alterações qualitativas e quantitativas de vigilância (eg. estados oníricos, hipervigilância) e consciência de simesmo (eg. despersonalização)e. O humor - humor depressivo, expansivof. A perceção - desrealização, falsas perceções (ilusões e alucinações) ou as hiperperceçõesg. A memória - alterações significativas da memória como os déficits mnésicos (amnésias de fixação, evocação, psicogénas), libertações mnésicas (hipermnésias), paramnésias (ilusões de memória - eg. deja vu)h. O pensamento - alterações do curso de pensamento e alterações do conteúdo do pensamento (eg. obsessões, fobias,

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ideias delirantes)i. O juízo - capacidade de estabelecer julgamentos (eg. erro de julgamento, interpretação delirante)

4. Entrevistas de pré e pós teste1. Entrevista de pré-teste - momento de explicação detalhada dos objetivos, procedimentos, limites e consequências dos resultados de testagem2. Entrevista de pós-teste - momento de devolução da informação recolhida, do esclarecimento de dúvidas e de eventuais propostas de encaminhamento

5. Entrevistas breves de avaliação - Muitas entrevistas psicológicas sãodeste tipo. Têm um formato focal, um tempo limitado e curto, onde se pretende avaliar dimensões particulares ou genéricas da personalidade do Outro, que o tornem elegível para qualquer função, como por ex. em entrevistas de recrutamento; em contextos educativo-pedagógicos.Para Craig (1989) estas entrevistas possuem os seguintes objetivos:1. Avaliar o risco imediato de suicídio2. Necessidade de internamento3. Necessidade de tratamento médico4. Se um sujeito pode ser tratado em ambulatório 5. Se um sujeito está apto a prestar testemunho

6. Entrevistas de conclusão - Encerra uma relação contratante estabelecida e pode ocorrer no final de um processo psicoterapêutico, situação de alta médica, entrevista de pós-teste ou impedimentos por parte do terapeuta. Nela realiza-se o balanço do trabalho desenvolvido.

7. Entrevistas de investigação - Este tipo de entrevista pode assumir qualquer uma das formas anteriores, a diferença é que o seu objetivo é arecolha de dados para fins de pesquisa. Estas entrevistas devem ser estruturadas e não intensificar a frustração do Outro, caso esteja a sofrerno momento em que participa na investigação

Capítulo 5 - Técnicas da Entrevista

Principais técnicas de entrevista:

O questionamento - técnica mais clássica e comum de qualquer entrevista, utilizada por entrevistadores de todos os modelos teóricos. Ter em atenção que nem todas as perguntas podem e devem ser feitas. Na entrevista as perguntas feitas devem ser aquelas que aumentam a

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informação que o entrevistador tem sobre o Outro. Há igualmente perguntas que podem ser feitas de uma forma aberta (eg. o que sentiu) ao Outro, que permitem perceber como ele irá responder

A reflexão - fazer entender ao Outro que o compreendemos. As reflexõespodem centrar-se mais no contéudo ou no sentimento associado. No caso de centrar-se mais no conteúdo, o nome dado à técnica usada é Reformulação.Ao contrário da Reformulação, a reflexão pretende ir mais longe e perceber ligações implícitas e não apenas esclarecer o que foi dito. O clássico "hum-hum" é um exemplo de reflexãoEx. "É natural que queira mudar, de acordo com o que tem dito, o seu trabalho não corresponde às suas expetativas"

A reformulação - É dizer de outra maneira o que se acabaou de ouvir e em que se transmite ao entrevistado que se percebeu o que este disse ou quis dizer; alguns autores chamam-lhe paráfrase. É, assim, mais superficial que a Reflexão, dado que a Reformulação procura apenas facilitar a compreensão do que foi dito; e na Reflexão é devolvido ao entrevistado uma dinâmica compreensiva do entrevistador. Os psicólogos Existenciais-Humanistas usam muito esta técnicaEx. "Tem, pois, uma série de razões para querer mudar de emprego"

A clarificação - introduzido por Carl Rogers. Usa-se para tornar mais claroo que foi dito anteriormente. Distingue-se da Reformulação, uma vez quea reformulação procura esclarecer e a clarificação procura ajudar o entrevistado a compreender o que foi dito.Ex. "Ou seja, o seu actual emprego tornou-se insuportável"

A confrontação - técnica evitada por muitos terapeutas dado o seu potencial agressivo, confrontar é comparar conteúdos sobre o mesmo tema ou contéudos verbais discrepantes dos não-verbais. Serve para clarificar dimensões ou conteúdos da personalidade do Outro e também para devolver incongruências verbais ou comportamentais. Para Craig (1989) não é a técnica que é difícil, tem é que ser manejada construtivamente, mantendo-se no questionamento, silêncio ou interpretaçõesEx. "Está mesmo farto desse trabalho ou está com medo que o mandem embora?"

A auto-revelação - é uma técnica que implica falar de si mesmo. No entanto é preciso usar-se com cuidado porque uma auto-revelação que não cumpra o objetivo de facilitar a exposição ao Outro, é um erro. Nestesentido é preferível que as auto-revelações sejam oportunas e abstratas

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ou invés de exemplos concretosEx. "Percebo o seu desconforto por experiência própria"

O silêncio - técnica de grande eficácia, mas por vezes de dificil utilização, apela à sensibilidade do entrevistador; é valorizado por quasetodos os psicoterapeutas e entrevistadores. Existem diversos tipos de silêncio:1. Silêncios de inibição - o ser-se avaliado pode revelar dificuldades dosujeito em termos relacionais. Cabe ao entrevistador criar um clima relacional para quebrar a inibição - silêncios iniciais2. Silêncios de passividade - mais dificil de ultrapassar, pode ser inerente ao sujeito: pode ser a sua resposta habitual ou forma de estar. Contudo também pode ser criada por uma série de perguntas diretas no ínicio da entrevista.3. Silêncios regressivos - difíceis de interromper. Estão relacionados com a tal série de perguntas que retiram ao entrevistado qualquer responsabilidade na entrevista e onde este sente que só deve responder ao que lhe perguntam para não criar má impressão4. Silêncios defensivos - sinais de resistência à entrevista, típicos de quem está contrariado ou não simpatiza com o entrevistador. É conveniente o entrevistador reconhecer este silêncio5. Silêncios de pausa - simples pausas que ocorrem. Têm baixa carga ansiogénica para ambos os locutores e aqui o entrevistador deve tomar a iniciativa de interromper o silêncio6. Silêncios reflexivos - podem ser longos e vêm da sequência da conversa; reflexão em silêncio do fora dito. São momentos importantes que nenhum entrevistador deve interromper.

A exploração - apoia-se frequentemente na interrogação e destina-se a investigar áreas da vida, pensamentos ou sentimentos do entrevistado. Distingue-se do Questionamento uma vez que, o questionamento é normalmente superficial e literal, ao passo que a técnica exploratória tem uma intencionalidade de compreender certos aspetos a fundoNo ex. do homem que quer mudar de emprego pode-se querer aprofundar as suas possíveis incompatibilidades relacionais ou cansaço com a sua tarefa

A reestruturação cognitiva - reorganização do material e dos conteúdos expressos de uma outra forma que permita uma mudança de perspetiva sobre o mesmo tema. É diferente da Reformulação dado que tem um objetivo diferente. É útil usar esta técnica quando os sujeitos se queixamde algo. Ex: "Experimente lá dizer me o que seu emprego tem de bom e o que tem permitido lá permanecer."

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A interpretação - assenta naturalmente no quadro teórico, cultural, moral do entrevistador e é fundamental que ele saiba que quadro usar, uma vez que a interpretação é feita em função de si mesmoEx. "O seu trabalho parece-lhe incompatível com as suas ambições"

O humor - técnica sofisticada e complexa, pois se for utilizada em demasia o Outro pode-se sentir gozado ou que não está a ser levado a sério; usada raramente e por entrevistadores experientes

A generalização - consiste em anunciar a dominância de um conteúdo oude uma problemática a partir da proximidade e/ou semelhança de materiais expressos e pode ser feita através do Questionamento ou da Reflexão. Aproxima-se, em termos de objetivos, da Clarificação, ou seja, pretende mostrar ao Outro como é que ele tende a avaliar situações ou pessoas da mesma forma. Para que seja possível utilizar esta técnica é necessário que exista um acumular de informação suficiente.Ex. "Curioso, tem dois anos nesse emprego. Sensivelmente o mesmo tempo que esteve nos outros empregos porque passou"

A focagem - particularizar, é escolher de todo o material enunciado aquele que parece mais relevante; é uma técnica oposta à Generalização. A focagem é uma técnica comum a todos os quadros teóricos. Através da técnica de Exploração, procura-se muitas vezes particularizarcerto assunto ou então a focagem também pode ser estabelecida a partir de uma generalização prévia.Ex. " O que acha que se passa para ao fim de dois anos querer sempre deixar os empregos?"

O ecoar - técnica que se dirige à relação com o entrevistado e que às vezes consiste numa mera repetição de uma palavra que o Outro não percebe. Também permite ao Outro, quando este se desvia do tema, voltar ao assunto.

A provocação - termo com conotação agressiva e forte. Esta técnica deve ser usada com cuidado pois dirige-se às defesas do sujeito e, num contato inicial, pode quebrar qualquer relação com o entrevistador. A área psicanalítica valoriza esta técnica.Ex. "Bom, então agora que calcula que vai ser depedido é que conclui que afinal não gosta do seu trabalho"

A racionalização - é usada sempre que a fragilidade do sujeito ou os seusníveis de confusão exigem uma atitude tranquilizadora ou um desvio provisório de uma temática ansiogénica. Mas deve-se ter cuidado para

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que esta técnica não seja uma intelectualização, isto é, que não tente neutralizar as emoções focando-se no abstrato.

Informação à medida ou esclarecimento - alguns autores chamam intelectualização a esta informação à medida das angústias do entrevistado que se relacionam com crenças erróneas ou falta de informação. Não deve haver confusão entre informação à medida ou esclarecimento e o providenciar informações úteis à medida das necessidades e dúvidas do outro

Formação em técnica de entrevista

» Questões prévias

Capacidade de Observar - é tão importante o que se diz como a forma como se diz

Atitude de escuta - trabalho ativo de atenção, seleção e elaboração do material verbalizado pelo Outro.# Atenção flutuante - o entrevistador não privilegia a priori um elemento do discurso do Outro, deixando-o funcionar livremente# Atenção seletiva - procura estabelecer ligações entre todo o material que o Outro traz e o foco previamente delimitado

Capacidade de desenvolver uma relação empática

O controlo das intervenções - designa o leque de respostas verbais e não-verbais que medeiam toda a interação comunicacional entre entrevistado e entrevistador. Um treino, repetição e supervisão continuadas asseguram o domínio desta competência (controlo das intervenções)

» Pragmática

O uso do Role Playing - técnica de dramatização em que se joga com diferentes papéis dos intervenientes. No treino de entrevista, os elementos de grupo de formação experimentam, à vez, o papel de entrevistado e entrevistador

Gravações de entrevistas - de forma a que o grupo de formação tenha uma noção mais precisa do seu desempenho e perceber o que tem de corrigir

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Observação e assistência a entrevistas - inicialmente de role playing mas que eventualmente assistem a uma entrevista enquanto esta decorre e podem, por vezes, também colocar questões e falar com o entrevistado

Discussão de grupo - estes grupos apelidam-se de: grupos de treino, grupos de formação, grupos de discussão de casos ou grupos de supervisão. A importância dos grupos de discussão está no facto de ser constituido por membros de diferentes proveniências, uma vez que discutem acerca das suas experiências e formam um elo de pensamento

A supervisão - assegurar o controlo de qualidade do desempenho . Dois tipos:* Cariz institucional e ligado aos casos que o psicólogo está a seguir* Sociedade científica ou modelo teórico do psicólogo

Capítulo 7 - Pragmática da entrevista clínica

Condições externas facilitadoras da relação

O setting - ambiente físico onde decorre a entrevista, onde se juntam as constantes de tempo e lugar, o papel de ambos os participantes e os objetivos a cumprir. Por vezes, boas condições físicas para um certo tipo de entrevista são as menos indicadas para outras

O espaço - O espaço ideal será composto por uma sala insonorizada,com mobiliário confortável, cores neutras e não personalizado em demasia.a. Insonorização - questão prioritária, é necessário que o psicólogo secertifique de que o que é dito na sala não é ouvido no exteriorb. Posição - habitualmente uma entrevista clínica decorre em situação designada face-to-face.c. Decoração - o gabinete deve ter uma aparência formal, isto é, não deve ser excessivamente personalizado. As paredes devem ter cores neutras ou pasteis. A iluminação deve ser baixa, constante e intimistad. Partilha de gabinete - não ajuda a criar um bom ambiente de trabalho, contudo, infelizmente, ocorre frequentementee. Localização do gabinete de atendimento - edifício; zona geográficaf. Ambientes institucionais

O tempo - em contextos institucionais as entrevistas tendem a ser

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mais breves do que em clínica privada, p.ex.a. Duração de uma entrevista - o tempo médio é de 50 min, dado quepermite aos interlocutores a conservação de bons níveis de atenção econcentração. Abaixo dos 30 é dificil fazer uma boa entrevista e acima dos 90 é demasiado longo e cansativo. Em contexto hospitalar,com pessoas acamadas (p.ex.) as entrevistas não deverão ultrapassar os 15/20 minb. O tempo numa primeira entrevista - pode demorar mais do que 50 min, mas avisar o entrevistado do horário que posteriormente terá decumprir; o tempo da entrevista tem de ser fixo para que possa ser organizador do cliente e para que este valorize a entrevistac. Periodicidade - normalmente é semanal, mas em contextos institucionais podem ser diárias, dependendo dos objetivos e casos em questão

O pedidoa. Quem pede b. O que se pede

A marcação de uma primeira entrevista - importante o estabelecimento de hipóteses sobre a pessoa que se vai receber; normalmente marcada por uma terceira pessoa. Fazem parte:a. O contacto b. A faixa etária c. A profissãod. Quem enviou (se foi de livre vontade ou encaminhado)e. Quem faz a marcação (se o próprio ou outra pessoa; se for a outra pessoa a marcar pode dizer muito sobre as qualidade das relações docliente)f. Contextos institucionais (alguns destes itens sofrem alterações em contexto institucional)

Atitudes e comportamento do psicólogo

Neutralidade e Abstinência Neutralidade - não emissão de juízos de valor por parte do terapeutaAbstinência - atitude que decorre da neutralidade e que implica que oterapeuta se recuse a satisfazer os pedidos do paciente e apenas a desempenhar o que lhe compete

Questões éticas e deontológicas - Principios fundamentais referidos na Carta Ética dos psicológos:a. A competência - capacidade decorrente de um conhecimento

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aprofundado e aquisição de habilidades específicasb. A responsabilidade - responsabilidade da escolha da aplicação, dasconsequências, dos métodos e técnicas que usac. Respeito e desenvolvimento do direito das pessoas e da sua dignidade - o psicólogo não pode cometer actos a não ser com o consentimento dos visados, salvo em raras exceções; garante a confidencialidade da intervenção psicológica e respeita o segredo profissional e a perseveração da vida privada

Comportamentos e respostas a SITUAÇÕES-TIPO

Questões fundamentais que se colocam quanto aos comportamentos daqueles que se dedicam à entrevista clínica, num primeiro momento. Estasquestões prendem-se com dois níveis diferentes, mas articulados entre si:» A responsabilidade na relação - responsabilidade de garantir que o mínimo de fatores externos influencie negativamente o estabelecimento da relação e enviese o desenvolvimento do processo» A fragilidade do cliente - pressupõe que se alguem procura um psicologo éporque está fragilizado. Daqui decorre a necessidade de um conjunto de procedimentos práticos que visam a facilitação da relação e o estabelecimento de uma aliança terapêutica:

Apresentação e expressão - se a entrevista clínica é uma situação formal, é esperado que a apresentação do psicólogo se mantenha nesse registo. Quanto à expressão verbal, é da responsabilidade do psicologo utilizar uma linguagem acessível e compreensível para os seus clientes, evitando o uso de expressões técnicas, p.ex.

Tratamento e cumprimentos Formal, o você de ser utilizado, acompanhado do nome do cliente. Normalmente no início usa-se o aperto de mão por formalidade, verifica-se no decorrer da relação que essa necessidade de cumprimento dissolve-se e usa-se apenas uma saudação verbal

Níveis de permissividadeA regra a usar é a de ser se permissivo até ao ponto do próprio conforto do psicólogo

Reação a descargas emocionaisNão se deve tentar parar estas descargas, nem proferir palavras de empatia, pois uma vez extintas, as lágrimas, que são expressão de afetos, podem ser interrogadas mais tarde. É importante transmitir

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uma atitude global de acolhimento das manifestações emocionais do cliente, sem criticá-lo ou incomodá-lo.

OfertasA regra é de que não se devem aceitar presentes. No caso das exceções, por não querer ser grosseiro com o cliente, deve-se aceitar e pedir-lhe para futuramente não voltar a fazê-lo

Cartas, telefonemas, gravaçõesCartas e gravações apenas em contexto terapêutico e não devem serestimulados os telefonemas dado que é necessário que o cliente perceba que o vínculo contratual é de cariz profissional e que as interações ocorrem nas sessões, não devendo sugerir que tem disponibilidade permanente

Apontamentos e registosEm situação de entrevista a regra é não tirar qualquer tipo de apontamentos: as unicas exceções podem ser em situações de avaliação para fins de relatório. Escrever nas entrevistas cria distanciamento. Devem ser feitos apontamentos posteriores à entrevista, que servem para registos pessoais do psicólogo ou para discussão do caso em reunião clínica. A gravação pode ser usada como alternativa, porém nem todos os clientes se sentem à vontade para falar sabendo que estão a ser gravados

Interrupções As entrevistas clínicas não devem ser interrompidas em nenhuma circunstância, porém em contexto institucional isto torna-se mais dificil de implementar

HonoráriosEsta questão, nos casos em que o pagamento é feito ao psicologo ou empregada de consultório, deve ser logo instituído na primeira entrevista. Em algos casos pode haver negociação de preços ou pagamentos especiais.

Capítulo 10 - As psicoterapias de apoio

Psicoterapia de Apoio

A sua primeira caraterística é o facto de não decorrer diretamente de nenhumaescola, mas sim usar e ser usada. Usa técnicas de diversas origens, assim como é usada por uma vasta gama de terapeutas (diversas formações). A psicoterapia de apoio tornou-se uma psicoterapia inerente ao desempenho

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dos psicólogos clínicos, independentemente da sua orientação teórica. Pretende-se, assim, uma terapia pragmática centrada no que é enunciado como queixa, sintoma ou sofrimento.

Objetivos da psicoterapia de apoio

Wolberg (1965) defendia que o objetivo destas terapias era o fortalecimento das defesas existentes e a elaboração de novos e melhores mecanismos de defesa, bem como, a recuperação dos mecanismos homeostáticos.

Lemperière e Féline (1977) defendiam que os objetivos das psicoterapias de apoio deveriam ser: restabelecer rapidamente o equilíbrio psicológico do sujeito, obter a máxima melhoria sintomática, reforçar defesas e melhorar a adaptação ao meio

Novalis (1993) considera que os objetivos são: promover uma relação paciente-terapeuta positiva e de apoio, reforçar aspetos sábios do paciente, reduzir o desconforto subjetivo e promover o maior grau de autonomia possível tendo em conta as suas limitações

Cordioli, Wagner e Cechin (1993) afirmam que os objetivos das psicoterapias de apoio são: os de manter ou estabelecer o nível de funcionamento prévio do sujeito mediante o reforço de mecanismos de defesa adaptativos, o afastamento de pressões ambientais intensas e adoção de medidas que visam o alívio dos sintomas . Também devem procurar promover o crescimento emocional, estimulando ativamente a ultrapassagem de etapas evolutiva, e a aquisição de maturidade emocional

Modalidades práticas

Psicoterapia de apoio de longa duração Aquela que pode durar toda a vida com uma periodicidade semanal ou quinzenal. Decorre com pacientes com perturbações graves de personalidade, doenças psiquiátricas medicadas, debilidades mentais, etc. Pretende-se, assim, a construção de um ambiente holding que facilite uma adaptação ao real tão satisfatória quanto possível. São psicoterapias em que a atitude do terapeuta deverá ser gratificante e em que o estancamento de material psíquico deverá ser o objetivo permamente

Psicoterapia de apoio de curta duraçãoChamada também de intervenção na crise.Hobbs (1984) afirma que existem dois grandes tipos de situação de crise: um desenvolvimental (situações de doença ou morte de alguém próximo) e outro acidental (desastres naturais, vítimas de acidentes ou de abusos sexuais)

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Este tipo de intervenção normalmente é feito nas horas subsequentes aoepisódio traumático, em contextos de internamento ou de isolamento.A avaliação inicial deve ser logo terapêutica, clima de confiança. A fase posterior deve foca-se na problemática mais relevante do sujeito e partindo daí construir estratégias de resolução de problemas.Qualquer intervenção na crise deve permitir um encontro final de reavaliação, em que o paciente terá alta e será enviado para psicoterapia de setting e continuará a ser visto em psicoterapia de apoiode média duração

Psicoterapia de apoio de média duraçãoRelacionada com situações dolorosas, acidentais ou desenvolvimentais, em que apesar de haver um funcionamento adaptado do sujeito, a sua vivência continua a ser penosa. É a forma mais vulgar de psicoterapia

As técnicas de psicoterapia de apoio

Cordioli, Wagner e Cechin estabelecem que as psicoterapias de apoio se destinam a reforçar determinadas funções do ego, utilizando a influência que o terapeuta exerce sobre o seu cliente através da sugestão e do aumento do auto-reconhecimento.

Como técnicas baseadas na sugestão, propoem:

A sugestão - tem como objetivo produzir mudanças na vontade expressapelo cliente. Pode ser utilizada quando se verifica uma situação da parte do cliente que não vislumbre de realidades alternativas. Os riscos da utilização desta técnica são o facto da sugestão ser tomada como indicação. O terapeuta deve oferecer várias sugestões discutindo com o cliente vantagens e desvantagens

O controlo ativo - o terapeuta assume funções de ego auxiliar, decidindo,executando, funções que o paciente está incapaz de desempenhar

A securização - o terapeuta simultaneamente tranquiliza o seu cliente e reforça a sua auto-estima através da expressão de concordância com uma ideia, pensamento, atitude ou decisão. Normalmente ocorre atravésde elogios

O aconselhamento - explicação, sugestão ou recomendação por parte dopsicologo, às atitudes ou decisões do cliente, com o intuito de reforçar aspetos saudaveis da personalidade do sujeito. Não deve ser confundidacom a técnica de controlo ativo, dado que o aconselhamento apenas diz respeito a aspetos de recursos internos eventualmente atualizáveis em

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ações e iniciativas do paciente

A catarse - libertação das paixões humanas através de métodos específicos, nomeadamente pela representação dos seus sentimentos. Na catarse ocorre uma reação de libertação originada pela rememoraçãode uma emoção recalcada ou conflito mal resolvido

Como intervenções de apoio destinada a ampliar aspetos cognitivos e de auto-reconhecimento falam de:

Educação - intervenções de caráter pedagógico, informativo sobre assuntos relevantes para o cliente

Clarificação - destina-se a reforçar as defesas egóicas tendo como objetivo o alívio de sintomas através da melhoria da capacidade de controlo

Confrontação - destinada a aumentar a capacidade de discriminação dasrealidades externas e internas e a promover o auto-conhecimento e juízoda realidade

Atitude do terapeuta

Diretividade

Sugestão

Persuasão - complementar à sugestão; implica uma forma combinada deanálise e avaliação objetiva da situação

Securização - fórmula espontânea de desdramatizar genericamente ou em situações de crise

Indicações e limites

Para as psicoterapias de apoio estão indicados:

a. sujeitos que sofrem de patologia psicológica graveb. sujeitos em situações de grande ansiedade e possuindo Egos muito frágeis c. sujeitos imaturos, depressivos crónicosd. sujeitos com esquizofrenia ou estados delirantes crónicos

Indicações para as psicoterapias de apoio

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Teste da realidade comprometido, isto é, dificuldade em separar a realidade da fantasia e reconhecer limites

Baixo controlo dos impulsos, com necessidade frequente de exteriorizar os afetos de forma destrutiva para o próprio ou para os outros

Relações interpessoais pobres

Dificuldades emocionais, sendo os afetos experimentados de forma exagerada ou inibida face à situação que a desencadeia

Baixa capacidade de sublimação

Baixa capacidade de introspeção

Dificuldade em comunicar os próprios sentimentos

Nível intelectual baixo

Contra-indicações para as psicoterapias de apoio

Sujeitos com incapacidade de estabelecer a aliança terapêutica ou uma relação honesta com o terapeuta

Sujeitos sem motivação para a mudança

Desenvolvimento terapêutico

1. Estabelecimento de uma relação e a qualidade da relação

2. O início da psicoterapia de apoio - tem dois objetivos fundamentais» O estabelecimento da relação» Determinação da tarefa terapêutica ou projeto terapêutico

3. Contrato terapêutico - estabelecimento dos objetivos da terapia e as regras em que ela deverá decorrer.Uma vez estabelecido o objetivo pragmático para a psicoterapia de apoio, esta torna-se previsível. Sempre que um objetivo terapêutico previamente destacado é atingido, deve-se proceder ao estabelecimentode um novo contrato ou à reformulação do mesmo

4. Aliança terapêutica ou de trabalho - forma particular de colaboração ativa entre o terapeuta e o cliente, que assenta num contrato em que as responsabilidades e os papéis de ambos estão bem definidosLuborsky (1976) considera que existe um conjunto de comportamentos e

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atitudes do terapeuta que são muito importantes para a construção da aliança terapêutica:* ser recetivo aos problemas e objetivos do paciente* ser capaz de entender o paciente* reconhecer quando o paciente faz progressos* considerar o trabalho terapêutico como uma tarefa conjunta* ressaltar as experiências positivas da relação terapêutica* apoiai o paciente na manutenção de defesas úteis

5. Escuta terapêutica - trabalho ativo de atenção, seleção e elaboração do material trazido pelo cliente. Na psicoterapia de apoio é mais comum a utilização de uma atenção seletiva

6. Padrão terapêutico - conjunto de atitudes do terapeuta e regras expressas por ele, referentes à psicoterapia

7. Supervisão

8. Desenvolvimento da psicoterapia de apoio

9. Solicitações do cliente - devem ser cuidadosamente analisadas pelo psicólogo e discutidas durante a sessão

10. Solicitações dos familiares e amigos

11. Relação com outros técnicosÉ regra e procedimento ético, por um lado, a não multiplicação de intervenções paralelas e, por outro, a devolução das questões eventualmente levantadas para o técnico com quem já há uma relação estabelecida

12. Timing de intervenção - não existe uma regra específica. Só o interesse eo cuidado com a relação nos permitirão saber qual o timing de intervenção

13. Tipos de intervenção - técnicas de psicoterapia de apoio

14. Avaliação do efeito de uma intervenção - saber que intervenção foi mais correta

15. Questões da relação» Transferência - técnica destinada a reproduzir, em condições específicas, dimensões inconscientes que se atualizam na figura do analista.Em psicoterapia de apoio, mesmo que o terapeuta que a realize se inscreva teoricamente num quadro de inspiração psicanalista, não deve, em nenhuma circunstância, promover a neurose de transferência

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» Contra-transferência - conjunto de reações emocionais do terapeuta aocliente

16. Transferência » Psicólogo como:a. Autoridade (apenas como técnica e não atitude) - Ex. "Não sou que tenho que achar mas sim você, que lhe parece?"b. Modelo c. Figura afetiva d. Amigoe. Rival - confronto. O paciente faz comentários depreciativos ao psicologo. Importante que o psicologo arranje espaço para discutir a transferência, de forma a perceber qual o sentido e significado de uma resistência que pode comprometer a psicoterapiaf. Adversário - A transferência organiza-se contra o psicologo. O cliente culpa o psicologo por tudo de mal que lhe acontece. Ex. "tudo o que me tem dito tem dado errado". Contudo não há desejos de interromper a terapiag. Figura de condescendência - clientes que acham que fazem um favor ao psicologo em fazer terapia. Esta atitude pode manifestar-se de diferentes formas: o cliente assume uma postura protetora em relação ao psicologo, dá conselhos e faz perguntas sobre a sua vida privada. Como se o discurso do terapeuta merecesse admiração e simpatia ao invés de reflexão

17. As resistências - tudo aquilo que dificulta ou impede o estabelecimento de uma relação terapêutica. Na psicoterapia de apoio, o trabalho com asresistências não se centra sobre as defesas habituais do sujeito, mas apenas nas que emergem no contexto da relação. As faltas, atrasos, mudanças bruscas na forma e estilo de discurso são bons indicadores de resistências

18. Perlaboração - repetição, mas modificada pela interpretação e assim, suscetível de favorecer a libertação do sujeito. No contexto da psicoterapia de apoio não há lugar para interpretações, mas há lugar para a rememoração e a repetição, não apenas sobre as resistências, mas sobre todo o material que provoca angústia e mal-estar

19. Acting-out - "passagem ao ato" - comportamentos que apresentam um caráter impulsivo e que entram em ruptura com os comportamentos de base habituais do sujeito. (na psicanálise o acting-out é sempre visto como uma emergência do recalcado na relação direta com a transferência)A ocorrência destes fenómenos pode ser diminuída por um lado, pelo trabalho atento com as transferências que surgem e, por outro, com a delimitação escrita da relação psicoterapêutica.

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O fim de uma psicoterapia de apoio deve ser preparado em função do tipo - longa, curta ou média duração.