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    INTRODUO

    Minhas reflexes sobre cinema se iniciam na universidade, mais precisamene na!radua"#o em $res %l&sicas no '()(T'(*,conclu+da no ano de --./ Na0uele momeno,

    ao invesi!ar os limies enre foo!rafia, v+deo e cinema, me deparei com a possibilidade de

    or!ani1ar ima!ens de maneira a prop23las como uma esp4cie de cinema/ Tal empreiada se

    deu na medida da produ"#o de um rabalho de conclus#o de curso iniulado 56lbum de

    )am+lia7 o livro de lembran"as como esculura foo!r&fica8, e inha como base meodol9!ica a

    elabora"#o de uma reflex#o e9rica em forma de exo concomianemene a reali1a"#o de uma

    proposi"#o po4ica/ Mais especificamene, me propus a refleir poeicamene sobre ainsaura"#o de umasituao-cinema20ue se fa1ia na medida da experi:ncia do especador

    com o espa"o e com um ob;eo or!ani1a"#o dos foo!ramas do filme

    cinemao!r&fico nos moldes convencionais/ $s ima!ens s#o foo!rafias recuperadas de &lbuns

    de fam+lia ani!os e foram reali1adas por meus pais na d4cada de *?@-/ Nelas exise a

    peculiaridade de 0ue cada foo!rafia apresena, em cero senido, e0u+vocos em rela"#o aos

    parAmeros 0ue plasicamene bali1am uma 5boa8 foo!rafia/ Bora a ima!em aparece em oal

    desfo0ue, hora pares das fi!uras apresenadas s#o coradas pelo en0uadrameno, ou mesmo, 4

    poss+vel ver a presen"a do fo9!rafo nas foos a parir da sombra pro;eada 0ue adenra ao

    0uadro da ima!em/

    Nesse +nerim, reor!ani1ei ais ima!ens de modo a apresen&3las repeidas C

    ve1es como uma alus#o aos C 0uadros por se!undo 0ue caraceri1a a or!ani1a"#o da ima!em

    no cinema radicional/ 'ada foo!rafia foi repeida e, na medida dessa repei"#o iam ficando

    cada ve1 mais claras, menos n+idas, a4 o momeno em 0ue desapareceram por compleo/

    Nesse caso, ao iniciar cada se0u:ncia era poss+vel ver 0ue a primeira foo!rafia esava bem

    1 '()(T'( 'enro )ederal de (duca"#o 'i:ncia e Tecnolo!ia do 'ear&, Bo;e I)'( Insiuo)ederal de (duca"#o 'i:ncia e Tecnolo!ia do 'ear&/

    2 O ermo siua"#o3cinema ser& empre!ado a parir desse momeno para fa1er referencia >s

    experi:ncia de cinema analisadas nesse exo/ 5'om as recenes ecnolo!ias de produ"#o e finali1a"#ode ima!ens, experimenamos umasituao-cinema!erada por uma imagem-sistema, cu;aspropriedades permiem inputs e outputsem empo real8/

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    n+ida, en0uano a Elima aparecia oalmene branca/ Tal aiude inha como moiva"#o inicial

    refleir poeicamene sobre o empo e sobre como as mem9rias se fa1iam e se refa1iam na

    medida da mudan"a de cada foo!rafia arav4s dessa possibilidade de pensar poeicamene

    endo o cinema como pono de inflex#o/ O 6lbum de )am+lia inha como inerlocu"#o

    conceiual o 0ue o e9rico da ima!em %hilippe Dubois define como insala"#o foo!r&fica ou

    esculura foo!r&fica/ Fe!undo o auor7

    $ insala"#o foo!r&fica se define pelo fao de 0ue a ima!em foo!r&fica em simesma s9 em senido encenada num espa"o e num empo deerminado, ou se;a,ine!rada num disposiivo 0ue a ulrapassa e lhe proporciona a sua efic&cia

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    a0ui invesi!adas usar3se3& o ermo esado de cinema no senido de pensar, melhor e mais

    demoradamene, as for"as 0ue fa1em aconecer deerminadas siua"es3cinemas/

    $ssim como num &lbum de foo!rafias s discusses sobre adesmaeriali1a"#o da obra de are e sobre o esabelecimeno de auoria na produ"#o da obra

    ar+sica/ (sse livro3cinema inha o dese;o de se inserir nessas discusses na medida em 0ue

    apresenava ima!ens 0ue maerialmene desapareciam, se desmaeriali1avam facualmene,

    bem como lan"ava m#o de ima!ens 0ue foram reali1adas por pessoas sem nenhuma inen"#o

    po4ica3ar+sica, a priori/

    (ra fore ;& nesse conexo a vonade de borrar as froneiras enre as lin!ua!ens e

    enre os pap4is insaurados nesse ;o!o 0ue se esabelece a cerca da efeiva"#o da experi:ncia

    ar+sica

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    Fobre a po:ncia como vonade de vida, como 5vonade de po:nciaQ e, assim,

    como um movimeno de auto-superaoda pr9pria vida e sua dinAmica coidiana, Nie1sche,

    na obra Q$ssim falava arausraQ, afirma7 Qs insala"es foo!r&ficas, 4 fundamenal

    compreender como o livro3cinema proposo implica, no mais das ve1es, num espa"o e empo

    espec+ficos, um pa!inador 0ue ordene o disposiivo/ Tendo o especador3pa!inador como

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    inerlocuor dessa siua"#o3cinema, se esabelece um ;o!o de encena"#o das foos no volume a

    parir da auali1a"#o insaurada pela 5leiura8 do livro/

    Nessa siua"#o3cinema 4 poss+vel idenificar 0ue a permeabilidade enrelin!ua!ens se manifesa na medida em 0ue o odo apresenado pelo livro3cinema lan"a m#o de

    elemenos pr9prios as lin!ua!ens da foo!rafia, da esculura, do cinema, da lieraura e, em

    cera medida, da performance/ O livro3cinema proposo, 0ue se confunde com um &lbum de

    fam+lia ani!o, se fa1 como um disposiivo 0ue se esabelece na medida do seu uso, de suas

    experimena"es/

    $l!uns conceios chave para esa pes0uisa ;& aparecem nessa primeira experi:ncia

    0ue enciona a forma radicional do cinema e amb4m da foo!rafia/ O corpo, suasconfi!ura"es poss+veis na medida da experi:ncia do especador com a obra, sur!e com meio

    de pensar melhor como 4 poss+vel o esabelecimeno de ouras formas de cinema bem como

    suas confi!ura"es pl&sico3conceiuais/ 'omo 0ue pensar sobre o 0ue pode esse corpo 0ue se

    insaura nessa siua"#o3cinema/ De 0ue maneira 4 poss+vel perceber caminhos para sua

    efeiva"#o como uma experi:ncia cinema 0ue for"a o pensameno com o corpo e a parir do

    corpo $ssim, como pensar essa experi:ncia mediada pelo livro3cinema como uma aberura a

    um esado de sin!ulari1a"#o a parir do aconecimeno insaurado na medida da experi:nciasens+vel com esse ob;eo

    $0ui re!isro isso como 0uem ri ale!remene de si mesmo/ 'omo nos di1

    Deleu1e, 5N#o se pode deixar de rir 0uando se embaralham os c9di!os8/

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    ainda n#o conse!ue/ (ra e 4 ainda desse lu!ar 0ue escolho nomadi1ar, 0ue escolho enar

    perambular, mesmo 0ue de maneira im9vel/ (scolho cinema por 0ue dese;o cinema/ N#o

    por0ue 0ueria saber mais e melhor sobre cinema, nem por0ue pense 0ue saber mais e melhor 4

    uma recompensa, ou pior, uma miss#o, mas anes, saber inensivamene, viver inensivamene/

    'aso exisa a essa pes0uisa um fim ulimo 0ue se;a saber3poder3viver inensivamene o

    cinema/ Xiver inensivamene o cinema com o corpo e no corpo/ (xperimenar o cinema

    5cinemar48 com o corpo/

    Nesse senido, produ1ir enconros com o cinema como 0uem aprende a nadar, a

    falar oura l+n!ua, como 0uem aprende a se mover num fluxo, como 0uem aprende a surfar/

    5compor os ponos sin!ulares de seu pr9prio corpo ou da sua pr9pria l+n!ua com os de uma

    oura fi!ura, de um ouro elemeno 0ue nos desmembra, 0ue nos leva a penerar num mundo

    de problemas a4 en#o desconhecidos, inaudiosQ

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    preferi n#o dar vo1 a enfadonha his9ria da $re/// preferi n#o/ %referi n#o com o cinema/

    %referi n#o com o cinema sem fa1er filmes, sem escrever um roeiro, preferi n#o com o

    cinema sem mesmo saber com o 0ue esava a preferir n#o@/

    'onheci GareblV al!um empo depois do meu 5prefiro n#o fa1er8 0ue ori!inou o

    livro3cinema/ 'omo 0uem descobre afinidades com um ami!o 0ue acaba de conhecer,

    reconheci no persona!em de Melville al!u4m 0ue 4 do mesmo ime 0ue eu/ J uma sensa"#o

    inensa/ Deleu1e vola e di17 5ser do mesmo ime 4 amb4m rir das mesmas coisas, ou en#o

    calar3se, n#o precisar Yexplicar3seY/ J #o a!rad&vel n#o er 0ue se explicarZ8

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    ao homem ao indiv+duo de ho;e, a possibilidade de experimenar a cria"#o, de descobrir pela

    paricipa"#o8/

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    de causa e conse0u:ncia implica em Oiicica um esado de resis:ncia conra o 0ue ele define

    como uma perspeciva repressiva e cruel de perceber o empo/

    O sur!imeno da ideia dos quasi-cinema em Oiicica formulada por ele emparceria com o cineasa Neville dY$lmeida*no inicio dos anos .-, se inscreve numa busca

    0ue 0uesiona as modalidades de express#o7 a pinura, esculura, a foo!rafia e o cinema, em

    nome de uma experi:ncia expandida da are 0ue desru+sse 0ual0uer preens#o de pure1a na

    are ao se fa1er a parir de h+bridos/

    Nos quasi-cinemasinsaurados nos blocos de som e ima!em iniulados de5locos

    de eperi7ncias in )osmococa - programa in progress

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    Traa3se de uma conversa anes de udo, um esado de conversa"#o/ Uma conversa

    nos ermos 0ue Deleu1e coloca/ Um desvio da forca repressora 0ue obri!a a falar, da forca

    0ue produ1 0uase um esado de a!arelice/ )ala3se muio, repee3se ainda mais, mais do

    mesmo por0ue exise a fadada necessidade de 5se expressar8/ $ Deleu1e, para 0uem a

    conversa 4 fone da produ"#o, da inven"#o do novo, da vida, ineressa mais a conversa do 0ue

    a discuss#o/ $ conversa"#o como uma ideia renovada de comunica"#o, uma aberura aiva e

    !enerosa capa1 de superar o ensimesmameno 0ue, no mais das ve1es, sur!e nas discusses

    sem ineresse/ $ conversa como o conr&rio da discuss#o/

    (sar conversando 4 criar/ $o conversar 4 poss+vel criar e renovar conceios, criar

    inercessores e inspirar a cria"#o de ouras maneiras de ver, de ouvir, de senir e assim, de

    viver/ Deleu1e fa1 isso com sua maneira de viver e fa1er filosofia/ (le sabe 0ue a filosofia n#o

    4 absraa/ N#o/ $ filosofia 4 praicaZ $ filosofia da vida no corpo e com o corpo/ J nesse

    fluxo 0ue eno inserir essa conversa em esado de pes0uisa acad:mica e por isso 4 preciso

    pensar com Deleu1e/ J preciso esar abero ao inesperado, como ao inesperado do ar para

    respirar e viver/ (ssa conversa, anes de se en0uadrar numa formalidade, n#o se fa1 como uma

    0ues#o de eoria/ Imposs+vel nos ermos de Deleu1e omar o pensameno como uma 0ues#o

    somene de eoria/ J preciso omar essa conversa como fruo de uma necessidade vial/ N#o

    cabe pensar o exo como um con;uno de comen&rios, de opinies, anes pensar nessa

    conversa3exo como uma obra, como uma cria"#o/

    (ssa conversa3exo ulrapassa a vonade de se fa1er como compendio de noas de

    rodap4/ $0ui, como para Deleu1e, o exo 54 apenas uma pe0uena en!rena!em numa pr&ica

    exraexual

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    cienisa, fil9sofos ou arisas mas amb4m coisas, planas, a4 animais, como em 'asaeda/

    )ic+cios ou reais, animados ou inanimados, 4 preciso fabricar seus pr9prios inercessores8/

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    $ssim, n#o paro de problemas de ori!em e nem de absra"es/ %aro do enconro

    0ue se esabelece nos movimenos poss+veis denro da cria"#o como fluxo/ 'ome"o pelo

    meio/ Inicio pelo meio do meu livro3cinema

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    $ssim , a caro!rafia preendida no +nerim dessa conversa visa acompanhar um

    processo, e n#o represenar um ob;eo/ $ caro!rafia como um modo de exis:ncia para essa

    conversa, cria seus pr9prios movimenos, seus pr9prios desvios/ J um pro;eo 0ue pede

    passa!em, 0ue fala, 0ue incorpora senimenos, 0ue afea e 0ue 4 afeado pelos processos

    pelos 0uais se efeiva/ Fe!uindo ;uno com Deleu1e e Wuaarri o 0ue proponho como maneira

    de fa1er pes0uisa 4 uma esp4cie de mapa do presene 0ue demarca um con;uno de

    fra!menos, em eerno movimeno de produ"#o/

    'ome"o, pois pelo 0ue em mim se apresena como momeno inicial da consru"#o

    desse plano caro!r&fico/ Reorno ao livro3cinema iniciado ainda na !radua"#o com inuio de

    fa1er sur!ir nesse processo de reorno uma maneira nova de olhar essa reali1a"#o/ Na primeira

    pare dessa conversa3exo, no primeiro capiulo, preendo pensar como, a parir dessa

    experi:ncia com o cinema, 4 poss+vel perceber o cinema se problemai1ando e exisindo de

    uma forma inveniva/ Mais do 0ue uma 5colea de dados8, o 0ue se confi!ura nesse

    procedimeno 4 a auali1a"#o dessa experi:ncia cinema como um procedimeno de

    diferencia"#o em cima de al!o 0ue ;& exisene/ $o come"ar pelo livro3cinema

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    e disanciamenos enre os corpos 0ue se esabelecem em cada uma das possibilidades de

    cinema proposas por Oiicica/ (m resumo, perceber como se efeivam ais experi:ncias com

    cinema e como o corpo se reconfi!ura diane a essa oura possibilidade oferecida pelo cinema

    a cinemar de Oiicica/

    $ravessando esse caminho 0ue pe em dialo!o essas duas formas de cinema

    che!o ao pono de reomar a per!una de parida dessa conversa e afirmo7 O 0ue pode o corpo

    no livro3cinema O 0ue pode o corpo nos quasi-cinemas `uais esados de corpo possibiliam

    a efeiva"#o dessas experi:ncias de cinema $o encionar al!umas poss+veis resposas a esses

    0uesionamenos nos cap+ulos aneriores, che!o a0ui e eno perceber como essas duas formas

    de cinema 0ue se efeivam a parir da experi:ncia com o corpo e no corpo, se alinham a ouras

    possibilidades de cinema a parir do corpo/

    Nesse +nerim, a ideia de um corpo 0ue dan"a como pare da efeiva"#o das

    siua"es3cinemas a4 a0ui problemai1adas, sur!e como um 5erceiro8 0ue se produ1 com

    fins de nos impedir > precipia"#o num 5buraco ne!ro8, num lu!ar 0ue poenciali1a a

    produ"#o e a firma"#o de uma verdade/ 'om a dan"a, a parir de cera perspeciva da dan"a,

    com um corpo 0ue dan"a e fa1 exisir cinema, 4 0ue observo as duas siua"es3cinemas

    proposas por 6lbum de )am+lia e ''L Bendrix3[ar/

    $ conversa se!ue na medida de uma esp4cie de relao 0ue fa"o sobre como essas

    duas siua"es3cinema se fa1em cinema a parir da dan"a como inerlocu"#o/ (sse relao nasce

    da experi:ncia direa com as duas siua"es3cinemas e di1 das experi:ncias de cinema em 5se

    fa1endo8/ 'omo a0uele 0ue, nos ermos de Nie1sche, escolhe se ;o!ar na !oela dos

    aconecimenos, enre!o o meu pr9prio corpo > experi:ncia com essas siua"es3cinemas e

    di&lo!o como esse efeio dan"a experimenado pelo corpo, pelo meu corpo, fa1 amb4m

    exisir cinema em 6lbum de )am+lia e ''L, Bendrix3^ar/

    $ssim n#o se raa de uma pes0uisa 0ue ap9s uma revis#o biblio!r&fica se!uida

    por uma colea de dados se enre!a a analise de ais dados no senido de produ1ir resposas

    aos 0uesionamenos levanados/ Nem mesmo >0uilo 0ue se d& a experimena"#o facual com

    as siua"es3cinemas ser& pensado em ermos 0uaniaivos ou 0ualiaivos/ No mais das ve1es

    o 0ue a0ui se apresena s#o perspecivas ra"adas a parir da observa"#o dessas siua"es3

    cinemas/ Uma observa"#o curiosa 0ue, na medida em 0ue se d&, produ1 ouras 0ueses,

    ouros enconros/

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    Na pare final dessa conversa pensar a dan"a como a!enciameno/ 5inscrev:3la

    numa filosofia da produ"#o, na 0ual as coisas n#o exisem por elas mesmas, mas s#o

    produ"es de rela"es de for"as8/ O conceio de a!enciameno, se!undo Willes Deleu1e e

    )elix Wuaari, apresena efeivamene o duplo car&er de ser ao mesmo empo produ1ido por

    esados de coisas e enunciados, e produivo a parir de enunciados e de esados de coisas/

    $ssim, 4 produ1indo3se nos corpos 0ue o a!enciameno de dan"a produ1 corpos3dan"anes/

    'oncluirZZZZZZ

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    1. FORMAS DE (R) EXISTIR CINEMA: ALBM DE FAMILIA

    Inicio essa conversa me deendo a apresenar como a problem&ica moivadora

    dessa invesi!a"#o se confi!ura na medida da consru"#o desse ob;eo de pes0uisa/ %aro da

    an&lise de uma proposi"#o po4ica reali1ada por mim com inuio de pensar mais

    demoradamene como 4 poss+vel se esabelecer ouras siua"es cinema/ Tal empreiada se

    alinha a discusses 0ue enam invesi!ar possibilidades de pensar o cinema n#o somene a

    parir de modelos concernenes ao 0ue se refere em cero senido, > lin!ua!em do cinema

    radicional/ Fobre o ermo siua"#o cinema7

    /// o cinema como um disposiivo m9vel, cu;a a"#o ine!ra, simulaneamene, apassa!em enre ima!ens de v&rios meios e de diferenes acessos por pare dosespecadores ///Traa3se de ima!ens 0ue reinvenam a ideia de ;o!o, rela"#o eefeio, vibram em pro;e"es e esmaecem os limies enre as ares pl&sicas e o

    cinema/ $ siua"#o cinema experimenada nas insala"es conemporAneas provoca,porano, um pensameno do disposiivo cinemao!r&fico/

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    0uiser ser um criador, no bem e no mal, em de ser, anes de udo, um desruidor e arrebenar

    valores8/

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    (m Deleu1e, emos a ideia de 0ue o aconecimeno 4 um incorporal, um sem

    mat+ria/ Fe!undo ele, o aconecimeno 4 !erado pelo enconro enre corpos, corpos maeriais/

    'orpos com suas enses, 0ualidades f+sicas, rela"es, a"es, paixes e com os respecivos

    estados de coisascorrespondenes/ Deleu1e se!ue e refor"a 0ue esses estados de coisas

    s#o deerminados pelas misuras dos corpos/

    Todos os corpos s#o causas uns para os ouros, uns com rela"#o aos ouros, mas de0ue F#o causas de ceras coisas de naure1a compleamene diferene/ (ses efeiosn#o s#o corpos, mas, propriamene falando, 5incorporais8/ N#o s#o 0ualidades e

    propriedades f+sicas, mas aribuos l9!icos ou dial4icos/ N#o s#o coisas ou esado decoisas, mas aconecimenos/ N#o se pode di1er 0ue exisam, mas, anes, 0uesubsisem ou insisem//// o 0ue h& nos corpos, na profundidade dos corpos s#omisuras7 um corpo penera no ouro e coexise com ele em odas as suas pares,como a !oa de vinho no mar ou o fo!o no ferro/ Um corpo se reira do ouro, como

    o li0uido de um vaso/ $s misuras em !eral deerminam esados de coisas0uaniaivos e 0ualiaivos7 as dimenses de um con;uno ou o avermelhado doferro, o verde de uma &rvore/ Mas o 0ue 0ueremos di1er por 5crescer8, 5diminuir],5avermelhar8, 5verde;ar8, 5corar8, 5ser corado8 e ec/, 4 de uma oura naure1a7 n#omais esados de coisas ou misuras no fundo dos corpos, mas aconecimenosincorporais na superf+cie, 0ue resulam dessa misura/

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    $ ideia de disposiivo a0ui exise como possibilidade de conribuir para a

    compreens#o dessa siua"#o cinema como um momeno de expans#o do cinema e de suas

    possibilidades com inuio de alar!ar as froneiras posas pelo cinema de represena"#o/ Fobre

    esse efeio de cinema a parir da ideia de disposiivo

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    )one7 ar0uivo pessoal do auor

    Desse modo, a 0ues#o 4 pensar o papel do corpo na confi!ura"#o de experi:ncias

    de cinema 0ue se esabelecem em siua"es cinema confi!uradas em supores n#o

    radicionais, ou se;a, a experi:ncia de cinema sem o filme como meio a parir da pro;e"#o de

    ima!ens de modo se0uenciado e em uma sala de pro;e"#o convencional/ Ou ainda, como a

    experi:ncia com o corpo produ1 ouras siua"es cinema no 0ue di1 respeio a proposi"es

    noadamene de car&er ineraivo direo/

    &ia Maciel, em seu livro 'ranscinemas, nos apona 0ue o cinema, desde o

    in+cio, foi experimenal ao combinar meios e amb4m ao muliplicar os formaos de exibi"#o e

    0ue ho;e, cada ve1 mais, ese senido ori!inal de discuss#o do seu disposiivo mi!rou para as

    experi:ncias visuais, sonoras e sensoriais 0ue enconramos nos museus e !alerias/

    'inema 4 a are de or!ani1ar um fluxo de evenos audiovisuais no empo/ J umeveno3fluxo, como a mEsica/ B& ao menos 0uaro m+dias com as 0uais se pode fa1ercinema filme, v+deo, holo!rafia e c9di!o di!ial esruurado, da mesma maneira0ue h& muios insrumenos com 0ue se pode fa1er mEsica/ J claro 0ue cada m+dia

    possui propriedades disinas e conribui de maneira diferene para a eoria docinema cada uma delas expande nosso conhecimeno acerca do 0ue o cinema podeser ou fa1er

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    cria"#o de um envolvimeno sensorial para o especador 0ue, comoparticipador do filme,

    produ1 a pr9pria mona!em, define velocidades, cores, di&lo!os em um fluxo combina9rio,

    experimenando sensorialmene as ima!ens espaciali1adas, de mEliplos ponos de visa/

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    1.1 LBUM DE FAMLIA: PRECISO FALAR EM NOME PRPRIO

    )alar em nome pr9prio 4 se insalar no aconecimeno, esar ;uno dele como 0uem

    n#o conse!ue se diferenciar do aconecimeno en0uano ele aconece/ J di1er a parir de v&rias

    vo1es, falar de mEliplos lu!ares, encarnando v&rios pap4is, os mais diversos devires/ N#o

    como 0uem represena, mas sim como 0uem ena saborear o aconecimeno se fa1endo/ %ara

    insalar3se na experi:ncia nos ermos de Nie1sche 54 necess&rio abandonar3se ao

    aconecimeno e fechar os olhos porano, n#o bancar o observador en0uano se es& nela/ De

    fao, isso esra!aria a boa di!es#o do aconecimeno em lu!ar de !anhar com isso sabedoria,

    er3se3ia uma indi!es#o8/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    iminenemene maeriais, anes pelo 0ue insaura como experi:ncia sens+vel or!ani1ada em

    orno de a!ectos e perceptos/ 5conserva e se conserva em si

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    Fobre esse modo de resi!nificar ima!ens num conexo foo!r&fico, Dubois nos

    afirma 0ue o 0ue 4 pr9prio > foo!rafia n#o pode ser colocado de lado ao se pensar sobre o

    !otogr;!ico e nos indica, ao propor uma reflex#o sobre os fundamenos da foo!rafia, 0ue 4

    preciso pensar sobre a imageme sobre o ato0ue a definem como al/ 5

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    )one7 )one7 ar0uivo pessoal do auor

    Uma ima!em como efeio de um enconro de corpos como pensado por Dubois ao

    relaivi1ar o processo foo!r&fico para al4m de um enendimeno meramene 4cnico e

    mecAnico/ $o pensar a rela"#o apresenada pelo resulado da foo, orna3se imporane er em

    mene 0ue o 0ue se d& ai, na omada da ima!em de uma menina pelo pai3foo!rafo 0ue

    adenra o 0uadro da ima!em pela sua sobra, 4 a omada de posi"#o diane o fao de dar ouro

    senido ao 0ue seria uma foo!rafia, um rerao, 0ue em problemas de composi"#o/ $final, a

    sombra pro;eada do foo!rafo 0ue adenra a ima!em da foo, em linhas !erais, n#o seria o

    ideal alme;ado no 0ue resula uma 5boa foo8/

    Ineressa pensar, desde ;& e nas demais ima!ens 0ue foram separadas para

    efeiva"#o desse livro3cinema, 0ue o processo de reali1a"#o das ima!ens 4 o 0ue fa1 exisir

    nelas por si al!uma ori!inalidade /Fe!uindo com Dubois7

    Fe 0uisermos compreender a ori!inalidade da ima!em foo!rafica, devemosobri!aoriamene ver o processo bem mais do 0ue o produo e isso num senidoexensivo7 devemos encarre!ar3nos n#o apenas, no nivel mais elemenar, dasmodalidades 4cnicas de consiui"#o da ima!em

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    senido a essa manifesa"#o como uma siua"#o cinema/ Fo1inhas, as foo!rafias, di1em muio

    pouco sobre sua possibilidade de exis:ncia en0uano cinema/ _unas, reor!ani1adas,

    experimenadas com o corpo, 5gaguejam8 como cinema, parecem cinema, se enconram como

    cinema, d#o a sensa"#o de cinema, um vir a sercinema, mas n#o filme, n#o pro;e"#o de

    ima!ens se0uenciadas/

    J preciso er anes no corpo e depois em mene 0ue raa3se de um devir3cinema,

    uma opera"#o de afirma"#o da possibilidade perene de vir a ser/ N#o 4 cinema, mas amb4m

    n#o deixar de esar cinema num deerminado momeno/ $s coisas s#o fabricadas, as 0ueses

    s#o fabricadas/ (ssa siua"#o cinema 4 fabricada/ Nos ermos de Deleu1e, e criando a0ui uma

    or"#o, o 0ue h& a0ui 4 um devir3cinema/ (xise um devir3cinema 0ue n#o se confunde com o

    cinema ou com os cinemas se assim 4 possivel, mas anes a0uilo 0ue n#o se confunde com um

    passado ou um fuuro do cinema/ J preciso 0ue o cinema enre nesse devir para sair de seu

    passado, de seu fuuro, de sua his9ria/ Um devir3cinema como aconecimeno, como

    enconro/

    Devir 4 ;amais imiar, nem fa1er como, nem a;usar3se a um modelo, se;a ele de;usi"a ou de verdade/ N#o h& um ermo de onde se pare, nem um ao 0ual se che!aou se deve che!ar/ Tampouco dois ermos 0ue se rocam/ $ 0ues#o \o 0ue voc: es&se ornando] 4 paricularmene esEpida/ %ois > medida 0ue al!uem se orna, o 0ue

    ele se orna muda ano 0uano ele pr9prio/ Os devires n#o s#o fenomenos deimia"#o, nem de assimila"#o, mas de dupla capura, de evolu"#o n#o paralela,nEpicias enre dois reinos/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    como conceio 0ue fa1 pensar melhor como o corpo, ou melhor, os enconros dos corpos

    insauram ouro espa"o3empo nessa siua"#o cinema/

    $o inserir o livro3cinema sob o 0uarda3chuva do conceio de 'ranscinema ficamanifesa a vonade de pensar como essa siua"#o cinema se apresena como forma hibrida

    enre as ares visuais e o cinema e cria um espa"o de envolvimeno sensorial com o

    especador/ Fobre os 'rasncinemas4 perinene pensar 0ue7

    Represenam o cinema como inerface, como uma superficie 0ue podemos ir araves/Bo;e, odo um con;uno de insala"es cinemao!raficas permie 0ue o especadoravance sobre o espa"o da ela e, muias ve1es, aravesse3o n#o apenas menal ouvisualmene, mas amb4m com odo seu corpo/O especador esperiemenasensorialmene as ima!ens espaciali1adas, de muliplos ponos de visa, bem como

    pode inerromper, alerar e ediar a narraiva em 0ue se enconra imerso/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    pensar como n#o reafirmar idenidades, mas anes poenciali1ar o 0ue de universal pode ser

    conferido a essas ima!ens 0uais0uer/

    Nesse inerim, o rabalho de dois arisas sur!em como inerlocuores para essaprodu"#o poeica/ Rosan!ela Renn9*L e Denis Roche*H /Os rabalhos e suas maneiras de

    efeua"#o sur!em como possibilidade de di&lo!o invenivo e refor"am as 0ueses 0ue levano

    no livro3cinema como siua"#o cinema/ Os procedimenos levados a cabo por Rosan!ela

    Renn9 no 0ue di1 respeio a produ"#o de suas obras, 0ue em na apropria"#o e resi!nifica"#o

    de ima!ens seu modo de proceder, s#o o pono de parida para efeiva"#o do 6lbum de

    )am+lia/ Rosan!ela Renn9 n#o foo!rafa/ No mais das ve1es se uili1a de ima!ens de

    ar0uivos, pEblicos ou privados/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    )one7 hp7^^^/rosan!elarenno/com/brobrasexibir*C/$cessado em *? de maio de -*L

    Na 5Ferie Xermelho8, a arisa se apropria de foo!rafias de miliares e ao

    manipular a ima!em conferindo3lhe um filro avermelhado ela fa1 desaparecer, em cerosenido, as ima!ens 0ue recupera/ $ 0ues#o do desaparecimeno 4 sobremaneira imporane

    para efeiva"#o de 6lbum de )am+lia como uma siua"#o cinema/ $o or!ani1ar ima!ens 0ue

    !radualmene e maerialmene v#o se esvanecendo, 0ue !radualmene v#o sumindo, 0ue v#o

    desaparecendo o 0ue se poe em di&lo!o 4 a possibilidade de pensar o desaparecimeno como

    procedimeno po4ico/ J anes, pensar na finiude de formas de exisir a fim de produ1ir, pela

    finiude inerene, o aparecimeno de ouras formas de vida/

    $ssim, 4 preciso enender o eerno como a vida 0ue se ransforma e n#o como a

    vida 0ue se arrai!a em simbolo!ias maeriais e inelecuais 0ue es#o su;eias, amb4m, a

    passa!em do empo/ Me ineressava desde l&, ainda na !radua"#o em ares pl&sicas, pensar o

    0ue de pl&sico se fa1 vivo e muane no uso e na reapropria"#o de ima!ens ;& exisenes/ (m

    6lbum de )am+lia 4 preciso pensar e afirmar 0ue o desaparecer 4 a po:ncia da vida 0ue se

    perp:ua/ Da vida 0ue n#o desaparece, mas 0ue pulsa na mudan"a 0ue experimena/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    De modo 0ue, pensar com Renn9 e suas maneiras de proceder po4icamene 4

    pensar com um 5ouro8 com o 0ual, amb4m , n#o 4 preciso eplicar-se6J anes, enender o

    0ue exise como po:ncia, como for"a nesse procedimeno e reconhecer o 0uano dessa for"a

    fa1 vibrar as 0ueses no livro3cinema 0ue a0ui esa sendo pensado/ Refleir sobre o

    desaparecimeno 4 pensar como a firma"#o de uma pot7ncia do no>?pode emer!ir como

    for"a criadora e inveniva/ N#o foo!rafar, recolher/ (sse 4 o precedimeno de Renn9/ Xer de

    ouro modo/ )a1er exisir de oura forma/ Dar espa"o pra uma oura forma de vida/ 'omo num

    procedimeno Duchampiano*@,o arisa como um ;o!ador de xadre1, como um ariculador, 0ue

    ariculando, or!ani1ando, resi!nificando, fa1 exisir uma oura forma de vida/ Fobre o

    desaparecimeno na produ"#o po4ica de Renno emos7

    $ obra de RosAn!ela 4 a!enciadora de uma es4ica do desaparecimeno/ RosAn!elan#o foo!rafa, mas recolhe e inerfere nas ima!ens para produ1ir obras in0uieanes ede insubordina"#o >s imposi"es da um modelo de emporalidade a 0ue es#osubmeidas >s ima!ens conemporAneas/ B& uma !rande ens#o enre os rabalhosem 0ue a arisa lida com a rearibui"#o de senidos, 0uer di1er, com a recupera"#ode ima!ens oculadas, como os reraos dos crAnios de penienci&rios do 'arandiru, eouros em 0ue produ1 um cero apa!ameno de ima!ens com o prop9sio mesmo deorn&3la > beira do invis+vel, como na 5.+rie @ermel=o8, onde se deve arrancar aima!em do vermelho de 0ue ela 4 banhada, se 0ueremos v:3la/ Mas, em odos os

    17O 5n#o8, como express#o primordial de uma vonade ///`uem di1 5n#o8, e assim se recusa acriar, a escrever, a obedecer, a viver, afirma a possibilidade de uma escolha, o direio de ser e de n#oser///n#o confundir esa 5 po:ncia de n#o8 com fra0ue1a, falhan"o, priva"#o ou incapacidade/ %oisela exprime precisamene uma possibilidade mais ampla de reali1a"#o humana, mesmo 0ue apenas noplano poencial e n#o no da consuma"#o/ O su;eio mais criaivo pode ser, en#o, a0uele 0ue sesilenciou e 0uedou/ $proximamo3nos do pono defendido por Xila3Maas7 5 o s+ndroma5artlebA 4 amais perurbadora e araene end:ncia das lierauras conemporAneas7 uma end:ncia na 0ual seenconra o Enico caminho 0ue resa > au:nica cria"#o lier&ria8/ 'omo 5(se mal end:mico, esapuls#o ne!aiva, paralisa as melhores menes8/ ( produ1 uma 5lieraura do n#o8, da 0ual broar& 5aescria por vir87 5a lieraura do novo mil:nio em de parir dos escriores do \n#o] para se reinvenar8/ di!nidade de uma obra de are pela simplesescolha de um arisa/Q /O readVmade amb4m desafiou a no"#o de 0ue a are deve ser bela/ Duchamp afirmou erescolhido ob;eos do coidiano Qcom base em uma rea"#o de indiferen"a visual, com ao mesmo empo uma oal

    aus:ncia de bom ou mau !oso ///Q/IN7 hps7^^^/moma/or!learnmomalearnin!hemesdadamarcel3duchamp3and3he3readVmade /$cessado em *? de ;unho de -*C/

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    casos, mesmo nos reraos, as ima!ens n#o revi!oram idenidades/ $o conr&rio, elasn#o se referem a um al!u4m, ou a um fao espec+fico, mas apenas a si mesmas, umave1 0ue man:m um anonimao 0ue lhes confere universalidade/ F#o reraos de

    pessoas 0ue passam a ser siuadas nos erri9rios de 0ual0uer cenro penienci&rio,0ual0uer rua, um 0ual0uer ou 0ual0uer um de n9s/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    O desaparecimeno como for"a po4ica implica a cria"#o de ouros processos de

    sin!ulari1a"#o na obra de Renn9 e no 6lbum de )am+lia deriva e resula num

    desaparecimeno maerial de fao/ _& n#o exise o 0ue ser viso, a ima!em n#o 4 nem menal e

    nem mesmo maerial/ $ maerialidade se preenche de branco, de um va1io/ `ue anes de ser a

    simboli1a"#o do 5nada8, de uma aus:ncia, 4 o 0ue for;a a exis:ncia da ideia de afirma"#o

    pela ne!a"#o/-Um processo de sin!ulari1a"#o, de personifica"#o pelo enconro decorrene do

    aconecimeno suciado/ F#o pessoas com nome pr9prio e por isso mesmo pessoas 0uais0uer/

    $ndr4/ Um menino com sua irm# 0ue em sua ima!em corada pelo borda da

    foo!rafia/

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    O 0ue ineressa em 6lbum de )am+lia e 0ue enconra lu!ar na po4ica de Renn9 4

    a possibilidade de aivar variav4is 0ue em a ver com instabilidades, paradoos, com ruidos/

    'om 5 uma ima!em 0ue n#o conribui para a ese da foo!rafia como ima!em verossimil8 e,

    ainda assim, por al procedimeno, 5n#o recusa ao vinculo com as insAncias do pol+ico ou

    com as pr&icas da vida coidiana8// Um processo sem um fim Elimo a ser

    alcan"ado ou a ser comunicado, informado/ Mas um convie a experi:ncia com as ima!ens em

    si/

    $o reomar Dubois, pensar anes nessas foo!rafias no con;uno da forma em 0ue

    s#o apresenadas/ 'omo produ1em efeios por0ue ;unas, por0ue em rela"#o/ J pensar 0ue a Q

    ima!em foo!r&fica em si mesma s9 em senido encenada num espa"o e num empodeerminado, ou se;a, ine!rada num disposiivo 0ue a ulrapassa e lhe proporciona a sua

    efic&cia8

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    )i!ura . $lbum de )amilia

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    Traa3se menos de pensar nos poss+veis 5;o!os de senidos menais8 e mais no

    aconecimeno em si mediado pelo enconro enres os corpos 0ue fa1em do acionameno do

    disposiivo a possibilidade de se insaurar uma siua"#o cinema/ Na maneira de como

    produ1em senido pela experi:ncia sensorial, f+sica, com o odo do livro3cinema, suas formas

    de produ"#o de um corpo 0ue fa1 exisir cinema na medida desse enconro or!ani1ado por

    uma !esualidade pr9pria ao corpo/ %rimeiro no corpo das ima!ens, melhor, anes no corpo

    das ima!ens/ Na0uilo 0ue cada ima!em produ1 de eerno e 0ue se mosra como uma cis#o

    enre o real e o ima!in&rio/ Depois no corpo 0ue emer!e desse enconro enre su;eio

    manipulador e disposiivo/ $ssim, a siua"#o cinema como efeio desse ;o!o de si!nifica"#o e

    apropria"#o do real 0ue se oferece como maerialidade pl&sica/

    Nessa medida, pare dos procedimenos do arisa Dennis Roche sur!em como

    refer:ncia para elabora"#o dessa siua"#o cinema no con;uno de suas paricularidades/ Denis

    Roche 4 auor de uma frase 0ue a0ui !anhastatusde maxima a ser observada em 6lbum de

    )am+lia/ Fobre o fa1er po4ico em foo!rafia ele afirma7 5O 0ue se foo!rafa 4 o fao de se

    esar irando uma foo8

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    da0uele 0ue a oma, e do 0ue ela 4, udo isso ao mesmo empo, num mesmo e s9lapso de espa"o e de empo, numa esp4cie de convuls#o da represena"#o e por ela=/Fe exise de fao uma lu!ar espec+fico, 0uase em sua pure1a, uma me&fora dafoo!rafia por ineiro, como al, 4 o auo3rerao/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    $ssim, omar a ima!em como um odo produ1ido pela experi:ncia de

    acionameno do disposiivo cinema proposo 4 muio mais 0ue considerar como ima!em

    apenas as foo!rafias 0ue compoem esse odo/ Na medida em 0ue 4 possivel considerar 0ue as

    ima!ens se diri!em, sobreudo e anes, aos nosso senidos

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    idenidade imposs+vel, a necess&ria perda de si, a aus:ncia, o va1io abissal 0ue fa1 o ser correr

    infiniamene de uma posi"#o e oura8/

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    Xer, ver, ver, ver 3 al!o 0ue necessariemane eseve ali, 0ue es& ano mais preseneima!inariamene 0uano se sabe 0ue desapareceu no espa"o em 0ue se o v: e

    ;amais poder ocar, pe!ar, abra"ar, manipular essa pr9pria coisa, definiivamenedesvanecida/ F9 exise uma ima!em, separada, remendo em sua solid#o,assombrada por essa inimidade 0ue ela eve por um insane com o real/ J essa

    obsess#o, feia de disAncia na proximidade, de ausencia na presen"a, de ima!in&riono real 0ue nos fa1 !osar de foo!rafias/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    or"#o 4 possivel desde a0ui em rela"#o a siua"#o cinema 0ue se d& em 6lbum de )am+lia/

    Nos ermos de Roche, pensar amb4m e anes, no 0ue de cinema pulsa em cada uma das foos

    arran;adas nesse odo em forma de livro 4 pensar 0ue os empos poss+veis de apreens#o desse

    con;uno implica uma omada de posi"#o/ J preciso compreender 0ue as foos or!ani1adas

    como al,al4m de exisirem em sua po:ncia de si!nificar por si, separadas uma das ouras,

    !anham ouro senido 0uando se pem a reor!ani1ar as for"as 0ue a elas s#o peculiares na

    medida em 0ue produ1em uma 5violencia do local8 0ue ocupam/

    Dubois fa1 essa aproxima"#o e ra1 para a an&lise da obra de Roche, o 0ue em

    Wodard !anha vida na fala de um persona!em do filme $Bmero Cois7 5)ala3se muias ve1es

    da viol:ncia do rio 0ue ransborda nas mar!ens por 0ue ;amais se fala da viol:ncia das

    mar!ens 0ue encerram o rio8

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    )i!ura *- $lbum de )amilia

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    RaVmond Gellour, ao pensar sobre as rela"es enre foo!rafia e cinema oma de

    empr4simo al!umas 0ueses de %rous

    sobre a foo!rafia e nos apresena seu modo de vercomo a foo!rafia, ou melhor, como al!umas peculiaridades da foo!rafia, se apresena em

    rela"#o ao cinema e seus modos de exis:ncia/ Relaivi1ando o 0ue %rous e GarhesCrefleem

    sobre a foo!rafia en0uano possibilidade de are, como forma de are e colocando os dois

    auores em posi"es disinas, Gellour ao analisar o exo

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    (m 6lbum de )am+lia 4 o conrario/ N#o exise 5=isteria8, a 5Denta cavalgada8 4

    deida/ $ m&0uina 4 amb4m parada se assim o acionador do disposiivo o 0uiser/ $ aspirao

    ao cinemapr9pria a foo!rafia nos ermos de Roche, 4 anes uma possibilidade e n#o um fim/

    Fe aconece como cinema, aconecece por0ue experimenado como cinema, como um vir a ser

    cinema/ $inda assim preserva sua po:ncia de ser foo!rafia anes de mais nada/ Na siua"#o

    de cinema a0ui pensada, nesse livro3ob;eo 0ue se d& a experi:ncia como um disposiivo, um

    procedimeno pr9prio a varios reali1adores em cinema de filmes aconece amb4m e produ1

    efeio a seu modo/ Fobre o efeio do con!elameno das ima!ens em al!uns filmes emos7

    O rabalho associado ao con!elameno da ima!em cria as condi"es para um ouro

    empo7 ele invena

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    Uma oura or"#o 4 possivel na medida em 0uem essa a"#o de 5riscar a pelicula8

    su!erida por %rous an!encia a experi:ncia com o 6lbum de )am+lia no 0ue di1 respeio,

    amb4m, a produ"#o dessa camada ideal da 0ual Gellour nos fala a parir de %rosu/

    (sse deslocameno es& li!ado as condi"es de leiura/ (le supe a rupura

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    )i!ura ** 3 $lbum de )amilia

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    %ensar no uso da foo!rafia em suas rela"es com cinema de modo paricular 4

    anes pensar ;uno com %rousGellourMallarm4 sobre a possibilidade de 5 modular a bel-

    pra"er8/ De se p2r a esar invenando cinema ao invenar um modo de aconecer como

    cinema, de se p2r a esar invenando narraivas ;uno com cinema e com a foo!rafia/ 'inema

    0ue n#o 4 cinema, mas 0ue sim, pode cinema por0ue es& cinema no empo de sua apreen"#o

    fisica, maerial/ ( 0ue ao poder cinema, pode por0ue pensa e aconece ;uno

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    O 0ue nos ineressa 4 a rela"#o ima!emaconecimeno/ N#o h&, de um lado, asima!ens e, de ouro, os aconecimenos/ $s ima!ens s#o aconecimenos/ No cinema,exisem r:s ipos de re!imes de aconecimenos ima!eicos/ s ouras em odas as suas facese pares/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    (m 6lbum de )am+lia o aconecimeno 4 um devir 0ue a ima!em expressa/ O

    passar de uma ima!em a oura, ao enra em conao com a maerialidade das ima!ens, e

    amb4m de suas passa!ens, 4 esabelecer rela"#o sensorial com a corporeidade das ima!ens/

    N#o somene si!nificar a parir dos enunciados proposos em casa ima!em, mas anes

    reconhecer o 0ue em cada ima!em 4 peculiar, o 0ue em cada ima!em 5fala8 em nome pr9prio/

    %assar de uma ima!em a oura 4 ir reconhecendo o 0ue nelas 4 paricular e ao mesmo empo

    universal/ $inda com %arene pensar 0ue nessa passa!ens um devir !also se d& para as

    ima!ens3empo, na medida em 0ue ao passar de uma ima!em a oura 4 possivel mosrar o 0ue

    de incomensur&vel elas :m, o 0ue nelas n#o se explica, o 0ue nelas parece comum e a4

    mesmo insi!nificane/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    $0ui, o paradoxo 4 sempre a vonade de pariculari1ar em derimeno aouniversal/ 'onar uma f&bula sobre o conexo da foo, do lu!ar onde foi irada, da 4poca da

    vida, do ano, do momeno his9rico/ Tenador/ $o enconrar com essas ima!ens novamene, ao

    experien&3las como cinema mais uma ve1, a alma se enche de melancolia e a vida com a 0ual

    se enconra, a vida 0ue se invena nessa produ"#o de mem9ria parece a vida de oura pessoa/

    $ minimi1a"#o de problemas composiivos e 4cnicos no 0ue di1 respeio a

    0ualidade das foo!rafias no odo do 6lbum de )am+lia 4 mais percepivel a0ui na ima!em do

    menino mascarado/ Fim, araa3se dele de n#o de mim/ (le exise por0ue poss+vel nessa

    fabula"#o/ Xive como inven"#o de mem9ria na presenifica"#o poss+vel no enconro com a

    ima!em 0ue resula dessa experi:ncia de cinema/ %or escolha essa 4 a Elima foo 0ue

    complea o odo do livro3cinema e exise assim com uma vonade inicial/ J preciso coninuar

    a!indo e pensando como 0uem invena o 0ue se vive/ N#o como uma pro;e"#o ideal,

    dram&ica, mas como efeio de um con;uno de aconecimenos r&!icos e ale!res/ $ m&scara,

    a simula"#o, como simboli1a"#o dessa po:ncia de invenar/ 'omo 0uem di1 54 preciso

    duvidar de si mesmo8, ao duvidar de si, revinvenar3se, se perceber vivo/

    Uma provoc"#o ao ide&rio %la2nico 0ue um dia implicou na expuls#o do poeada cidade na Wr4cia ani!a/ $ explus#o do poea em nome de uma 5verdade8 boa e a!rad&vel/

    (sse menino mene/ Mene ;& na a"#o de se mascarar, mene amb4m na a"#o de fabular a

    vida nesse odo or!ani1ado como uma siua"#o cinema/ %erder3si de si como 0uem busca

    enconrar3se consi!o mesmo/ 5

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    boas foo!rafias/ N#o 4 isso 0ue ineressa a0ui/ Nem de lon!e/ Ineressa pensar ;uno com

    essas ima!ens, ineressa pensar ;uno com essas ima!ens sem 0ualific&3las/ $ 0uem ineressa

    uma boa foo!rafia O 0ue 4 uma boa foo!rafia (xise uma boa foo!rafia $inda 0ue

    conveniene, ais 0uesionamenos soam a0ui muio mais como um falso problema, uma

    especie de a!arelice 0ue exise nos ermos de uma discuss#o/

    Repio, n#o me ineressam as discusses/ Os di&lo!os, as conversas, sim/

    Reafirmo, foram das conversas 0ue aparecam as 0ueses/ N#o como fruo da a!arelice ou

    da vonade de auo afirma"#o, mas sim como efeio dos enconros susciados, experimenados,

    vividos/ (ssa siua"#o cinema devir cinema por0ue experimenada anes no corpo e com o

    corpo/ Deleu1e vola e nos di1 7 5 $ obra de are 4 um ser de sensa"#o, e nada mais7 ela exise

    em si8

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    dos corpos/ Uma siua"#o cinema 0ue exie na medida 0ue a sensa"#o 4 efeio desse

    enconro e dos devires 0ue ele suscia/ J uma 0ues#o de corpo anes de udo/ Uma siua"#o

    cinema com o corpo e para o corpo/ 5udo 4 apenas enconro no universo, bom ou mau

    enconro8

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    0uando se oma de empr4simo as 0ueses 0ue Deleu1e r&s a parir de Fpino1a/ $0uilo 0ue

    vai r;pido, no vai r;pido, desacelera, se precipita, acelera4 o pr9prio corpo/ N#o como

    al!o ;& dado/ %rono/ %elo conr&rio/ O corpo, os corpos como efeio das rela"es enre

    velocidade e lenid#o/ O livro en0uano corpo es& em fluxo, es& a se modificar/ O mesmo se

    di1 dos corpos dos indiv+duos 0ue o manipulam, 0ue o experimenam/ $ssim, nesse enconro

    mediado por corpos, o corpo 0ue resula a0ui 4 um corpo 0ue implica um esado de cinema/

    Um corpo 0ue devir3cinema por0ue se conforma como cinema na presenifica"#o 0ue produ1

    na medida em 0ue, pela manipula"#o

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    coisas s#o as a"es/ O limie de al!uma coisa 4 o limie de sua a"#o e n#o o conornode sua fi!ura/0uilo 0ueDeleu1e nos indica em seu modo de criar conceios nos ermos da filosofia/ J imporane

    desde a0ui er em mene 0ue se raa de uma cria"#o, de uma cria"#o em processo/ 5Os

    processos s#o devires, e eses n#o se ;ul!am pelo resulado 0ue os findaria, mas pela 0ualidade

    de seus cursos e pela po:ncia de sua coninua"#o74 o caso dos devires3animal, ou das

    individua"es n#o sub;eivas8/

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    como inerlocuor na insaura"#o de seus quasi-cinemas/ $ssim, no se!undo momeno dessa

    conversa, escolho pensar como e de 0ue maneira o cinema exisi nos quasi-cinemas/ Fua

    maneira de efeua"#o, suas caracerisicas maeriais, o conexo de produ"#o bem como as

    demais peculiaridades dessa oura siua"#o cinema ser#o observadas na medida da

    coninua"#o desse plano 0ue a0ui se iniciou/

    $ssim, 4 preciso pensar amb4m o 0ue fa1 devir3cinema em ''L B(NDRI3

    [$R e como o corpo 4 meio e amb4m efeio desse enconro os corpos/ Desse modo,

    ineressa pensar como essa ideia de um corpo como aoa parir de Deleu1eFpino1a se

    auali1a na medida do di&lo!o possivel com a obra de Oiicica$lmeida/ 'omo o cinema exisi

    e resise nos quasi-cinemase em 0ue medida insauram um corpo 0ue exise em esado de

    cinemar/

    %or fim, ao ra"ar esse plano 0ue a0ui deriva e se pe a coninuar o 0ue se observa

    sobre a capacidade de exis:ncia de cinema em 6lbum de )am+lia 4 0ue para 0ue exisa como

    cinema, como siua"#o cinema 4 fundamenal 0ue esse livro3ob;eo se d: a experi:ncia

    mediada pelo enconro dos corpos/ Fer& somene nesse enconro 0ue o cinema exisir& no 0ue

    di1 respeio a esse odo en0uano siua"#o cinema/ J nesse lu!ar

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    FORMAS DE (R) EXISTIR CINEMA: CC5 HENDRIX AR!

    $ parir da0ui proponho pensar como se confi!ura o corpo nas experi:ncias de

    quasi-cinema proporcionada pelos 5locos de eperi7ncias in )osmococa - programa in

    progress7 de B4lio Oiicica e Neville d]$lmeida/ )osmococas2? inclui nove blocos-

    eperimentos2, elaborados de * de mar"o de *?. a * de mar"o de *?.C, e idenificados

    pela abreviaura )), se!uida de um nEmero, marcando a se0uencia cronol9!ica da sua

    inven"#o/ 'ada bloco se compe de uma s4rie de slides foo!rafados no ao da

    brincadeira de espalhar carreiras de coca+na nas capas de discos, livros e ouras superf+cies

    , de uma rilha sonora, de exos, de uma proposa de aua"#o do pEblico em um ambiene

    deerminado e de um con;uno de foos e p2seres reprodu"#o dos slides para serem

    comerciali1ados separadamene/

    $s ''s como pro!rama, diferene da0uilo 0ue seria um pro;eo, se confi!ura

    como proposa abera e experimen&vel/ $ssim, a no"#o de pro!rama 0ue se aplica a esses

    blocos-eperimentosdi1 respeio, em cero senido, >0uilo 0ue Deleu1e descreve 0uandopensa sobre as rela"es poss+veis enre escriores de l+n!ua alem# e in!lesa, em

    conraposi"#o a uma end:ncia peculiar da lieraura francesa7

    _& n#o h& o infinio rela9rio das inerprea"es sempre um pouco su;as, masprocessos acabados de experimena"#o, proocolos de experi:ncia/ leis e afSa

    27$ coca+na 4 a ma4ria escolhida pelos arisas para a composi"#o das 'omococas/ (secosmos, noenano, n#o se confunde com os aspecos da mis4ria e da viol:ncia ho;e manipuladospelo r&fico dedro!as/ Na d4cada de .-, 0uando foram pensadas essas experi:ncias, o uso do p9

    branco dava

    maerialidade a irrever:ncia de arisas 0ue n#o 0ueriam sem confundidos com ossisemas dominanes daare e do cinema/ O branco sobre o branco a 0ue B4lio se referia n#o 4 fundo,mas primeiro plano de umas4rie de experi:ncias 0ue n#o fa1em a apolo!ia da dro!a, da mesmamaneira 0ue Gaudelaire n#o fa1ia oelo!io ao haxixe, apenas nos inundava com suas sensa"es ao nosdesviar dos comporamenosinsiu+dos/

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    passavam seu empo fa1endo pro!ramas de vida7 os pro!ramas n#o s#o manifesos,e menos ainda fanasias, mas meios de orientao para condu"ir umaeperimentao que ultrapassa nossas capacidades de prever///Ouros devires seencadear#o a ele, devires3moleculares onde o ar, o som, a &!ua, s#o apreendidos aomesmo empo 0ue seus fluxos se con;u!am com o meu/ Todo um mundo de micro

    percep"es 0ue nos leva ao impercep+vel/ (xperimenem, nunca inerpreem/%ro!ramem, nunca fanasiem /// de fra!meno em fra!meno se consr9i umaexperimena"#o viva/

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    peso/ %or ele caem odas ascoisas/

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    J no corpo 0ue o .uprasensorial se fa1 e nas )osmococas o corpo n#o 4 meio de

    produ"#o da 5obra8, anes, a pr9pria obra/ (m ))so corpo n#o 4 despre1ado/ %elo conr&rio,

    nas ))s o corpo 4 a ra1#o maior de oda aricula"#o/ Fe!uindo com Nie1sche 4 poss+vel

    pensar 0ue )osmococas 4 como um alera aos 0ue despre1am o corpo, uma chamada de

    aen"#o para a0ueles 0ue esperam enconrar al!um senido para a obra ao final de sua

    experi:ncia, al!uma ra1#o poss+vel/ (m ))G *E$CH&I-JKH, raa3se anes de compreender

    0ue7 5B& mais ra1#o no eu corpo do 0ue na ua melhor sabedoria/ ( 0uem sabe para 0ue

    necessia eu corpo precisamene da ua melhor sabedoria8

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    no modo, um vir a ser por excel:ncia/ Um esado de um 5como cinema8, um 50uase como

    cinema8 e por isso amb4m cinema/ $ssim, uma forma de

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    ??=

    (ssa oura experi:ncia de cinema implica ouras formas de ver e senir as

    ima!ens e for;am o corpo como disposiivo e 0ue a0ui ser& pensado em sua capacidade de se

    fa1er supore da ima!em, onde 4 ao mesmo empo su;eio e ob;eo dela/ (mpresando3lhe

    uma plasicidade criaiva, inveniva, porano, ar+sica7 um corpo- inveno, conrapondo3se

    > enidade corpo/ $ insaura"#o desse corpo-inveno a parir dos quasi-cinemas, indicam

    ponos de enconro e de desenconro enre pensameno e corpo, e dessa forma auxiliam a

    problemai1ar a dimens#o inensiva dos corpos 0ue possibiliam a experimena"#o da vida

    como obra de $re em ))G *E$CH&I-JKH6

    (nendendo 0ue as proposi"es de Oiicica, desde seus experimenos com a cor

    na pinura a4 a elabora"#o de seus quasi-cinemas, produ1em ouras corporeidades de onde 4

    poss+vel verificar a emers#o de um incorp9reo, iso 4, de um aconecimeno a parir do

    corpo, podemos perceber o esabelecimeno de linha de fu!a capa1 de nos desviar do obvio

    em rela"#o as experi:ncia com o corpo/ $s proposi"es de OiicicaNeville 0ue enciono

    pensar como oura siua"#o cinema me auxilia a refleir como, a parir de ais experi:ncias, 4

    poss+vel experimenar uma siua"#o cinema a parir do corpo e do movimeno, do espa"o e

    no espa"o/ ( assim, pensar oura forma de mar!em, habiando os limies da cidade,

    perambulando e descobrindo ali, na vida coidiana, a chave para o estado de inveno0ue 4

    a li!a"#o direa do seu rabalho com seu 5modo de viver o presene e de esar presene na

    32OITI'I'$, '4sar/ Del+rio 'oncreo In7 B4lio Oiicica7 museu 4 o mundo/ F#o %aulo7 IaE'ulural, -*-/ p/ *H

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    vida8 0ues#o da errAncia e da deambula"#o/ $o raar sobre a po4ica do !lneurLL,o

    auor apona 0ue a experi:ncia da s

    represena"es bidimensionais do neoconcretismoLGd#o lu!ar a experi:ncias pl&sicas 0ue

    redimensionam o plano de sua pinura e d#o a ver a mudan"a de perspeciva experimenada

    pelo arisa no enconro com a cidade, com os corpos em movimeno e com as implica"es

    0ue essas experi:ncias es4icas com a cidade susciam/

    33(m seus ensaios sobre a obra do poea franc:s 'harles Gaudelaire, Gen;amin chama a aen"#o para a fi!urado flan:ur 0ue, com um pra1er 0uase voVeur+sico, compra1ia3se em observar refleidamene os moradores da

    cidade em suas aividades di&rias/ Dessa paix#o do flan:ur pela cidade e a mulid#o, decorre a flan:urie como aode apreens#o e represena"#o do panorama urbano/ Gen;amim afirma 0ue 5a cidade 4 o au:nico ch#o sa!radoda flan:urie8 , e 0ue o 5fen2meno da banali1a"#o do espa"o8 consiui3se em experi:ncia fundamenal para oflan:ur/ IN7 G(N_$MIN, [aler / Obras escolhidas III7 'harles Gaudelaire um l+rico no au!e do capialismo/ a /ed/ F#o %aulo7 Grasiliense, *??C/

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    $p9s dissecar o 0uadro e o ransform&3lo em forma ridimensional com seus

    5lidesL4,

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    eior aeno da obra do fil9sofo Benri Ger!son durane o in+cio da d4cada de

    *?H-, Oiicica apropria3se da ideia de conferir > obra de are 5duraoMN/ (m suas primeiras

    experi:ncias com a cor na pinura, esabelece passa!ens sucessivas enre amarelos e laran;as

    criando um ipo de proposa 0ue ele iniula de 5 espaos coronde a obra se temporali"a

    diane da experi:ncia com o especador/ O empo Ger!soniano do 0ual Oiicica se apropria, o

    empo da dura"#o, 4 um empo vivido e, por isso, indissoci&vel do movimeno de

    en!endrameno con+nuo de momenos/ O empo 4 compreendido como fluxo e n#o como

    uma s4rie de insanes descon+nuos 0ue se repeiram id:nicos a si mesmos/ Nesse senido,

    para Ger!son, como para Oiicica, um momeno, na medida em 0ue passa, con4m em si

    pare do momeno 0ue o precedeu/

    N#o h& duvida de 0ue para n9s o empo se confunde, primeiramene com aconinuidade da nossa vida inerior/ O 0ue 4 essa coninuidade J a de umescoameno ou de uma passa!em ///,mas de um escoameno e de uma passa!em0ue se basam por si mesmos, o escoameno n#o implicando uma coisa 0ue corre ea passa!em n#o pressupondo esados pelos 0uais se passa/ dura"#o Ger!soniana, o 0ue se percebe 4 um

    fluxo con+nuo, mua"#o consane, em derimeno a salos bruscos na passa!em enre as

    cores/ (sse fluxo 4 poenciali1ado pelo movimeno do especador pelos 5espaos cor/ $s

    esruuras bidimensionais passam a coabiar com as G9lides passa!em do empo propriamene dia, ao fao de senirmos o empo fluindoem n9s e 5vibrando ineriormene8/ J a pr9pria dura"#o 0ue em n9s, 4 emo"#o/ %or ouro lado, 4apenas arav4s das emo"es 0ue somos seres 0ue duram, ou melhor, 0ue deixamos de nos considerarcomoserespara nos ornarmos dura"es, assim como um som exise ou dura pela sua vibra"#o, nadamais/ Na profundidade, n#o somos mais 5seres8, mas sim vibra"es, efeios de ressonAncia,

    5oalidades8 de diferenes fre0u:ncias/ ( o pr9prio universo acaba se desmaeriali1ando para se ornardura"#o, uma pluralidade de rimos de dura"#o 0ue amb4m se superpem em profundidade, de acordocom n+veis de ens#o disinos/

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    erra e luva de borracha, *L x H. x CL,@ cm /

    )one7 R_ )oo (duardo )raipon

    Fobre essa rela"#o sensorial com as ima!ens e com os ob;eos 4 poss+vel

    perceber 0ue a ima!em como ma4ria, num universo con+nuo e em movimeno, se

    esabelece a parir de con!igura:es aleatrias/ Nesse senido, em Ger!son, o corpo 4

    compreendido como lu!ar de passa!em dos movimenos e represena"#o das ima!ens na

    mem9ria/ O corpo se fa1 como pura po:ncia na rela"#o 0ue se esabelece com as ima!ens

    0ue s#o exeriores a ele/ Os ob;eos e conse0uenemene as ima!ens formadas a parir da

    rela"#o 0ue o su;eio esabelece com elas d&3se a parir das diferenes formas de a"#o do no

    corpo, mediane afec"es na medida da paricipa"#o do especador/

    Nas proposi"es de Oiicica a ideia de limies perde a for"a em derimeno as

    a"es 0ue esses con;unos de ob;eos

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    Enica per!una 0ue eu fa"o a floresa 47 0ual 4 a sua po:ncia Iso 4, a4 onde ir&s

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    'om seus comparimenos secreos e !aveas com surpresas, os b9lides aivam olEdico e exi!em um empo invesi!aivo do paricipador, alve1 s9 compar&vel aoempo 0ue um beb: de @ a *- meses dedica a um ob;eo prosaico como uma caixa,

    percebendo no peso, nas cores, dobras eexuras leis da f+sica das 0uais anes n#odesconfiava e 0ue, com a repei"#o da experi:ncia, preparam3no para em breve

    parir para maioresexplora"es no mundo

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    )one7 R_ )oo (duardo )raipon

    (sse con;uno corpocapa implica ouro ipo de sinonia em rela"#o aos senidos

    do participador/ Oiicica afirma 0ue com os

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    o!o, a paricipa"#o es& li!ada a dissolu"#o da fi!ura do auor como

    subjetividade romntica/ $o arisa cabe, ao inv4s de criar obras 0ue exprimam um su;eio,

    propor 0ue possam ser reali1adas por 0ual0uer pessoa e cu;o desdobrameno n#o dependa

    das desi!na"es do arisa/ Na obra de Oiicica esabelece3se uma rela"#o enre um 5eu8 e

    um 5ouro8/ O 5eu8, a obra como proposi"#o po4ica, se confi!ura como obra a ser

    experienciada e um 5ouro8, o pEblico, su;eio aivo na confi!ura"#o das proposas do

    arisa, como coauor da obra/ (ssa rela"#o dial9!ica num embae froneiri"o 4 a ma4ria

    fundamenal para compreens#o dos processos de po4ica na obra de Oiicica/

    (nendendo a naure1a po4ica da produ"#o de Oiicica, 4 perinene

    compreender como se d& o processo emporali1a"#o da ima!em nas proposi"es de quasi-

    cinemas iniuladas5locos de eperi7ncias in )osmococa - programa in progress, a parir

    da discuss#o da produ"#o de ima!ens diane da observa"#o do 0ue em suas proposas implica

    uma est+tica relacional0ue se insaura na medida da produ"#o de um corpo 0ue devir3

    cinema na medida da experi:ncia com a obra/

    O 0ue es& desaparecendo sob nossos olhos 4 apenas essa concep"#o falsamenearisocr&ica da disposi"#o das obras de are, li!ada ao senimeno de ad0uirir umerri9rio/ /// ;& n#o se pode considerar a obra conemporAnea como um espa"o aser percorrido /// $!ora ela se apresena como uma dura"#o a ser experimenada,

    como uma aberura para discuss#o ilimiada /// $ ess:ncia da praica ar+sicaresidiria, assim, na inven"#o de rela"es enre su;eios cada obra de are paricularseria a proposa de habiar um mundo em comum, en0uano o rabalho de cadaarisa comporia um feixe de rela"es com o mundo, 0ue !eraria ouras rela"es///

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    criadora, como cria"#o de si para si8/ $ssim, o arisa e o fil9sofo como a0ueles 0ue 5nos

    condu1em a uma percep"#o mais complea da realidade8/ ( sobre o arisa nos di17

    (le n#o d& o salo de uma ve1 por odas, mas ena sempre oura ve1, para ver esenir, para er a sensa"#o de vericalidade e percorrer seus diferenes n+veis, comose esivesse sempre acavalado sobre a diferen"a de naure1a 0ue sua pr9priacria"#o consiui, sempre deslocado pela experimena"#o 0ue fa1 dela, livrando3se,a cada ve1, da sua humanidade para enar 5reali1ar o irreali1&vel8/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    (m meio > repress#o da diadura miliar no Grasil dos anos de *?.- e *?H-, o

    cinema experimenal reali1ado por Neville d]$lmeida, Wlauber Rocha C, Ro!4rio F!an1erla,

    _Elio Gressane e ouros anos, prope a experimena"#o da lin!ua!em cinemao!rafia a

    parir dos elemenos consiuivos da ima!em por ele criada/ Nesse conexo Neville

    d]$lmeida reali1a o filme/angue-5angue 0ue 4 lan"ado em *?.*/ O reali1ador ra"ou um

    paralelo enre homem e bicho para consruir o 0ue chamou de um 5painel de >8?>, empo

    de mila!re econ2mico, dro!as, liberdade sexual, censura e preconceio/ 5Om =omem entra

    em convulso no meio da5olsa de @alores, consegue se arrastar at+ a porta vomita as

    tripas e desaba numa poa de lama6 Em paralelo, galos se engal!in=am numa briga sem

    !im8/CCFobre o 'inema Mar!inal de Neville7

    on!e da m& consci:ncia do 'inema Novo, o 'inema Mar!inal se libera dosdilemas da inelecualidade de es0uerda e dos compromissos com a es4ica fome!lauberiana, assumindo emas como dro!as, corpo e sexo, na l9!ica de 5andido dalu" vermel=a

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    exo, embaralha as se0u:ncias 4 preciso lidar com as ima!ens uma a uma e assim omar

    consci:ncia do odo do filme de Neville/

    $ssim, omo como inercessor o filme /angue-5angue, com fins de enarpensar como o empo das ima!ens se confi!ura a fim de criar um conexo favor&vel >

    elabora"#o dos 5quasi-cinemas8 de B4lio Oiicica e de Neville D]$lmeida/ $o observar o

    conceio de dura"#o desenvolvido por Ger!son em seus escrios, 4 preciso enar perceber de

    0ue maneira os procedimenos insaurados no filme de Neville serviram de pono de inflex#o

    para a inven"#o dos 5locos de eperi7ncias in )osmococa - programa in progress,

    produ1idos na d4cada de *?.-/

    $ proposa das 'osmococas incide direamene sobre a 0ues#o da viruali1a"#o doespa"o/ $ ar0uieura 4 feia de ima!ens, de pro;e"es puras, cu;a oscila"#o 4a0uela calculada pelo movimeno 0ue se passa enre as ima!ens e n#o nas ima!ens/O paricipador 4 usu&rio de um disposiivo pro;eivo 0ue, ao mesmo empo 0uemosra ima!ens fixas, movimena a percep"#o da0ueles 0ue se enconram imersosnessa ar0uieura/

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    como um meio de insaura"#o de ouros modos de exis:ncia no 0ue di1 respeio >

    experi:ncia cinemao!rafia e a pr9pria vidaC./ $ssim, ao criicar a unilaeralidade do cinema

    espe&culo e se opor a passividade do especador diane da experi:ncia cinemao!r&fica

    Oiicica afirma7

    a hipnoi1ane submiss#o do especador frene > ela de super3defini"#o visual eabsolua sempre me pareceu prolon!ar3se demais7 era sempre a mesma coisa7

    por0ue7 e nem os filmes de $G( W$N'( 0 foram feios para elas eramrespeiados7 * ela e olhe l& se n#o es& corado7 mas al!o inha 0ue aconecer7 aTX7 TB( GIRDF de BIT'B'O' ;& TXei1a a mona!em se0encial #o \naural]do cinema 0ue nos acosumou7 mas inha 0ue aparecer W3O3D3$3R3 D7 comoMONDRI$N pra %INTUR$ WOD$RD fundou o anes e depois dele7como 0uereri!norar ou con;ecurar sobre a \are do cinema] depois 0ue WOD$RD 0uesionameali!uisicamene a pr9pria ra1#o de ser do fa1ercinema

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    Os efeios de mona!em apresenados em /angue-5angue, implicam oura

    forma de perceber o empo e a produ"#o de senido a parir dele/ _& n#o 4 mais poss+vel

    deer3se somene a his9ria encadeada pelas ima!ens, 4 preciso experimenar ima!em por

    ima!em, como 0ue num ;o!o de mEliplas combina"es sucessivas/ $ maerialidade da

    ima!em solicia ao especador uma posura aiva e de a!u"ameno dos senidos/

    $ problemai1a"#o colocada por Ger!son em rela"#o a esse empo mecani1ado

    apona 0ue esse enendimeno do empo reira da experi:ncia sens+vel sua capacidade de

    varia"#o e mudan"a/ O filme, sua pro;e"#o, sua audi"#o e odos os demais processos a ele

    relaivos, se insauram em aconecimenos Enicos e 0ue precisam ser observados na medida

    em 0ue aconecem, s#o para o auor exemplos de como o empo se li!a aos aconecimenos

    maeriais e deles n#o pode ser dissociado/

    $ fra!mena"#o apresenada em /angue-5angue orna poss+vel a reomada do

    cinema como inercessor, mais precisamene a compreens#o primordial na 0ual o 0ue resula

    cera experi:ncia cinemao!r&fica 4 a se0uenciali1a"#o de ima!ens fixas em velocidade de

    pro;e"#o predeerminada, 4 preciso oura linha de pensameno para compreender o 0ue se d&

    na experi:ncia cinemao!r&fica para al4m do movimeno se0uenciado de ima!ens fixas/ O

    empo 0ue Ger!son ena elaborar d& a experi:ncia cinemao!r&fica o 0ue dela ;amais foiposs+vel se reirar, a durao/

    $o afirmar 0ue o empo 4 ecido pelo real, Ger!son indica as propriedades do

    0ue ele chama de dura"#o7 a sucesso, a continuidade, a mudana, a memria e a criao /

    O auor indica ainda 0ue 4 preciso desviar o olhar dessa ideia de empo absraa e considerar

    os aconecimenos, se;am eles ps+0uicos ou f+sicos, em ermos de dura"#o/

    Nesse +nerim,a sucesso

    se manifesa a parir devivencias interioresM8

    , e assimcomo os demais aconecimenos f+sicos, simulAneos e conemporAneos, nunca s#o

    apreendidos em sua oalidade de maneira insanAnea e complea/ $ ideia de um passado 0ue

    anecede um presene 0ue se pro;ea num fuuro por si s9 implica uma sucess#o l9!ica, uma

    ve1 0ue n#o s#o passiveis de serem apreendidos simulaneamene, nem no empo da

    enuncia"#o e menos ainda no empo f+sico/

    49Fe!undo Ger!son, a espaciali1a"#o do empo pode ser confirmada na represena"#o da vidainerior/ $oprocura saber o 0ue 4 efeivamene a dura"#o, vola3se para o dom+nio da vida inerior

    no Ambio dameaf+sica e da psicolo!ia/ O auor abandona a parir da+ seu pro;eo inicial deesudar os conceiosfundamenais de mecAnica e se dedica ao esudo da dura"#o inerior onde

    ena aplicar seu ideal deconhecimeno preciso e imediao/

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    $ sucess#o implica uma continuidade em 0ue os aconecimenos ps+0uicos e

    f+sicos ocorrem uns ap9s os ouros/ $o conr&rio da no"#o de empo fic+cio ;& apresenada,

    onde o empo se espaciali1a e passa a comporar em si odos os elemenos consiuivos de

    sua exis:ncia e no 0ual 4 poss+vel dividir a pare das coisas uma ve1 0ue esas s#o dadas de

    forma simulAnea, a no"#o de continuidadecomo propriedade da dura"#o nos mosra 0ue al

    empreiada s9 4 poss+vel no mundo das absra"es/

    `ue o deixemos em n9s ou nos colo0uemos fora de n9s, o empo 0ue duran#o 4 mensur&vel/ medida 0ue n#o 4 puramene convencional implicaemefeio divis#o e superposi"#o/ Ora n#o se poderia superpor dura"essucessivas para verificar se elas s#o i!uais ou desi!uais por hip9ese, uman#o 4 mais 0uando a oura aparece a id4ia de i!ualdade consa&velperdea0ui oda si!nifica"#o/ %or ouro lado, se a dura"#o real orna3se divis+vel

    como veremos, pela solidariedade 0ue se esabelece enre ela e alinha 0ue asimboli1a, ela consise ela pr9pria em um pro!resso indivis+vel e !lobal

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    Ger!son oma a mudan"a como consiuiva do real e di1 0ue isso inviabili1aria a

    ideia de uma ess:ncia inalerada/ Ou mesmo uma idenidade por r&s das mudan"as 0ue se

    processam coninuadamene/ $0uilo 0ue muda ininerrupamene n#o 4 pass+vel de ser

    idenificar pela ess:ncia 0ue compora uma ve1 0ue oda a mudan"a, ainda 0ue m+nima, ser&

    experimenada sempre num ouro momeno e ese, ;& n#o comporar& oalmene a0uilo 0ue a

    idenificava ourora e 0ue se percebe no empo do aconecimeno presene/

    Os fluxos con+nuos de mudan"as ininerrupas na maior pare dos momenos de

    nossas vidas passam despercebidos uma ve1 0ue endemos a nos aer a superficialidade de

    nossas percep"es/ Diane de uma foo em 0ue podemos nos ver com de1 anos a menos,

    somos omados pelo esranhameno provocado pela n+ida percep"#o das diferen"as/ Nese

    exemplo elas ornam3se mais n+idas uma ve1 0ue o empo ranscorrido se alar!a/ Fobre esse

    ipo de experi:ncia, no 0ue di1 respeio > mem9ria como elemeno consiuivo da dura"#o,

    Ger!son nos apona 0ue no mais das ve1es esamos com os olhos fechados > incessante

    variao constitutiva do real/ $ssim7 5$o definir a dura"#o como essencialmene uma

    coninua"#o do 0ue n#o 4 mais no 0ue 48, Ger!son esabelece 0ue a sucesso contnuade

    mudan"a heero!:nea 4 mem9ria/ $ 5mem9ria8/

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    seriam insanAneos e simulAneos/ O 0ue eliminaria a dura"#o em derimeno ao insane e

    0ue produ1iria um enendimeno do empo de maneira absraa e dissociado da experi:ncia

    sens+vel/ $ssim, Ger!son afirma a irreversibilidade do empo e dos aconecimenos e nos di1

    0ue essa irreversibilidade deve3se ano a mem9ria 0uano a um dinamismo inerno e criador/

    5a cria"#o n#o 4 escolha enre poss+veis pr43esabelecidos, mas inven"#o de novo, do 0ue

    n#o preexisia a sua reali1a"#o8/ /

    50ona de prosiui"#o carioca, fre0uenada pelo arisa, 0ue apresenou o local ao cineasa,siua"#oseminal crediada no filme/ 'om cenas de 5!ene 0ueimando fumo e in;eando dro!as8 IN7`U(IRO, Geari1 Mor!ado/ B4lio Oiicica e o n#o cinema/Dissera"#o de Mesrado em Tecnolo!iasda 'omunica"#o e (s4ica Rio de _aneiro7 Universidade )ederal do Rio de _aneiro, -*/ p/L*/

    51Neville d$lmeidas Man!ue3Gan!ue in OITI'I'$, B4lio/ %ro!rama B4lio Oiicica/ IN7 ^^^/iauculural/or!/br

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    No exo de Oiicica sobre /angue-5angueG2 sur!em os primeiros

    aponamenos de possibilidades suprasenoriaisGL do cinema/ %ara ele, Neville insaura um

    cinema-limite onde se percebe o pra"er cinem;tico de cinemar, 0ue exprimia sua

    gratuidade inventiva e rica e jamais uma omisso do autorGM/Oiicica pensa 0ue o cinema-

    linguagemdeixa de ser o ob;eivo no filme de Neville e afirma7

    `uando di!o 0 cinema3lin!ua!em pode vir a ser cinema3insrumeno 0uero di1er 0as caracer+sicas do cinema como al!o como forma e em palpabilidade7 filme,ima!ens em movimeno ec/7 possa vir a ser insrumeno de al!o 0 o incorpora7 Tv

    p/ ex/7 0 anula sua auonomia como lin!ua!em3cinema e 0 o consubsancia com o 04 exi!ido como conse0u:ncia maior dessa lin!ua!em /// o uso maior dele cinemacomo insrumeno3lin!ua!em n#o 5aplicada8 ou 5aproveiada8 para fins ouros masincorporada depois de fra!menada a um novo ipo de lin!ua!em 0 se forma e 0

    permanece como processo/

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    (m/angue-5angue, Oiicica reconhece 0ue o cinema che!a ao seu limie e 0ue

    a parir da+ 4 preciso 0ue as mEliplas e novas poencialidades do disposiivo se;am

    experimenadas no empo do real, considerando assim a duraocomo a meio de exis:ncia

    sens+vel para o sur!imeno dos devires cinema 0ue ele ir& propor em seus quasi-cinemas/

    $ssim, Oiicica afirma 0ue o conceio de$U%$KHHKVU%GGanuncia o fim de uma ideia de

    um cinema verdade/ %ara ele % )&$E/K W K @EHCKCE e no a representao da

    verdade8LHe 0ue na medida em 0ue se fa1 en0uano experi:ncia sens+vel n#o pode deixar de

    considerar o universo ao 0ual esa submeido no momeno de sua enuncia"#o/

    $0ui reomo a no"#o de empo real proposa por Ger!son e 4 perinene observar0ue os encionamenos levados a cabo por Oiicica, ainda em rela"#o ao 5 cinema limite8 de

    Neville, ser#o redimensionados na0uilo 0ue se confi!urou como quasi-cinemas nas

    )osmococas/ Nesse senido, a$U%$KHHKVU%proposa pe em che0ue a no"#o de empo

    0ue Ger!son chama de 'empo Fictcio/ Nese re!ime emporal, as rela"es se confi!uram

    na medida da experi:ncia imediaa e simulAnea/ J poss+vel medir, separar, 0ualificar e

    0uanificar e assim perceber as pares do odo em encadeamenos absraos medidos a parir

    de uma linha/ $ parir de uma medida previamene esabelecida/

    (ssa no"#o de empo 0ue Ger!son criica < tempo !ictcio=, 4 posa a prova nos

    arran;os de mona!em 0ue Neville fa1 em/angue-banguena medida em 0ue n#o ineressa a

    represena"#o do empo pela ima!em movimeno 0ue reprodu1 a passa!em sucessiva dos

    momenos ao mosrar um 5anes e depois8 de uma linha evoluiva na 0ual se desenrolava

    uma narra"#o/ $nes a inensidade 0ue cada ima!em r&s no empo de apreens#o de sua

    durao/ Ima!em por ima!em na fisicalidade pr9pria a cada uma delas/ (m /angue-

    5angue, 4 preciso 0ue o especador ese;a imerso na obra e 0ue esse mesmo especadorreali1e a combina"#o das unidades preexisenes nesse espa"o/

    555NON$RR$O por0ue n#o 4 esorinha ou ima!ens de foo!rafia pura ou al!o dees&velcomo \audiovisual]///NON$RR$O 4 NO DIF'URFO NO )OTOWR$)I$ \$RTFTI'$]/NO \$UDIOXIFU$8 $r0uivo Belio Oiicica $BO -C@-/. IN7 ^^^/iauculural/or!/br

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    'onsideremos odas as leras do alfabeo 0ue enram na composi"#o de udo o 0ueal!um dia foi escrio7 n#o concebemos 0ue ouras leras sur;am e venham seacrescenar a esas para fa1er um novo poema/ Mas 0ue o poea crie o poema e 0ueo pensameno humano dele se enri0ue"a, n9s o compreendemos muio bem /// ouniverso n#o es& feio, mas fa13se incessanemene/ 'resce indefinidamene, sem

    dEvida, pela ad;un"#o de mundos novos/

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    v&rios ouros filmes, o reali1ador afirma 0ue se raam sempre de =istrias do cinemae n#o

    de =istoria do cinema, no sin!ular, mas sim no plural, reafirmando pelos procedimenos de

    mona!em e nos d& a ver em seus filmes 0ue muitos !ilmes constituem cada uma deles uma

    =istoria e mostra que todas essas vers:es so montagens / Fobre esse modo de pensar e

    fa1er cinema em Wodard, Oiicica afirma7

    %ensando na evolu"#o de Wodard, o 0 mais me ineressa n#o s#o as \inova"escinema] dele, mas a medida 0ue essa inova"es devoram como 0 a ra1#o de ser docinema////em experi:ncias exremas de cinema, oda \inova"#o]4 \devora"#o] e,nuam enaiva de ver mais al4m, 4 o \fim do cinema] como lin!ua!em deimporAncia7 cinema passaria a ser insrumenos cere1as, as verdades e

    as virualidades d#o lu!ar a ima!ens de are poenes pelo seu car&er de aconecimeno num

    empo 0ue problemai1a o empo cronol9!ico e uma ideia esabelecida de ordem e espa"o/

    O espa"o se orna, en#o, imaerial, pura ima!em n#o uma ima!em percepiva,mas uma ima!em3sisema em 0ue a sucess#o produ1 a dura"#o, em 0ue o empo sepresenifica por meio das rela"es esabelecidas/ Nesse senido, B4lio enconra nocinema a ma4ria empo 0ue falava >s suas experimena"es com o espa"o/

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    Traa3se/// de pensar a are como composi"#o de forcas maeriais/ $ are n#oprodu1 for"as ima!in&rias, mas capa for"as maeriais, concreas/ $po:ncia daare reside, porano, nos diferenes a!enciamenos com os maeriais 0ue ascompem/ F9 assim podemos enender por 0ue, na perspeciva deleu1iana, ocinema deve ser viso pela rela"#o inerna das ima!ens, pelo modo como se

    ariculam seus encadeamenos planos,movimenos de cAmera, a rela"#o enre

    movimeno e empo///e n#o coma rela"#o 0ue esabelecem com o real ou com aprodu"#o de ima!ens veross+meis/ N#o 4 pelos +ndices de realismo ou deaproxima"#o enre asformas e o mundo vis+vel 0ue devemos omar o cinema, mas

    pelo 0ue ele4 capa1 de capar e compor mundos sens+veis/

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    dos quasi-cinemas em parceria com Oiicica/ Fobre o conexo de inven"#o dos quasi-

    cinemase diane da insaisfa"#o com o cinema BollV^odiano Neville afirma7

    B4lio inha morado em ondres e eu fui para l& por causa da diadura, dos filmesinerdiados/ Fem dinheiro, en#o bolei um ne!9cio de um filme de slides/ (m ve1de ne!aivos, usar slides e ir fa1endo/ $ !ene pensava na ideia da hisoria em0uadrinhos e em foonovela/ )alei com o pessoal no Rio de _aneiro e odo mundome disse7 5Tu 4 uma babaca, vai fa1er um ne!9cio desses Nem fala isso, vai pe!armal pra vcZ8 )ui pra Nova orS e conei para o B4lio 0ue inha ido a id4ia de fa1erum filme de slides, e ele me disse7 5%orra, !enial, vamos fa1erZ8 Nasceu assim ocinema de slides, 0ue, em ve1 de ser o motion pictures, ima!em em movimeno, 4composo de ima!ens fixas em movimeno/ Tudo come"ou ai7 o dese;o de B4lioenrar no cinema e o meu de fa1er are misurando as lin!ua!ens/

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    filme, se confi!ura em Oiicica como um devir-cinema6N#o se raa mais de encerrar as

    experi:ncias com as ima!ens em filmes, mas de produ1ir cinema a parir do aconecimeno

    0ue se insaura no empo do pr9prio aconecimeno, no empo do real Ger!soniano/ Oiicica

    se inclina para um 5fa1endo8 cinema, no !erEndio/ (/angue-5angue 4, sobremaneira, pe"a

    chave para esse esado do cinema nos5locos de eperi7ncias in )osmococa - programa in

    progress6

    2.2. QUASI-CINEMAS

    Durane sua passa!em por Nova orS na d4cada de *?.-, Oiicica escreveu

    $eYAorTais, um livro composo de peda"os, de fra!menos deixados por ouros arisas

    denro dos nin=os4> 0ue omavam seu aparameno com inen"#o de ra"ar uma obra de

    v&rios invenores/ 5(sou reformulando muias id4ias, remonando ouras e monando um

    exo3mona!em s9 de exceros de ouros arisas, escriores, ensa+sas, ec/8

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    com slides e mEsica, especialmene ambienadas, como 5'osmococas8, . e5Belena Invena n!ela Maria, .L, de B4lio Oiicica/ ///5`uasi3cinema8 nafroneira das ares pl&sicas e anunciando os princ+pios da v+deo3insala"#o/ ///Uso das ima!ens e do supore v+deo 0ue ho;e es& presene na obra de arisasconemporAneos os mais disinos/ 'omo no cinema experimenal, o v+deo iria

    permiir ao auor percorrer e conrolar, com cusos e empo redu1idos, odas aseapas de produ"#o da obra, de forma n#o especiali1ada, da cria"#o > reali1a"#o/(ssa paricipa"#o do cineasa ou do arisa pl&sico em odos os processos dereali1a"#o da obra marcou odo o moderno cinema auoral e eria sua coninuidadeno novo meio/

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    Oiicica preende, ainda em$eYAorTais, a proposio leitura de momentos,

    insanes de produ"#o em 0ue a cria"#o ar+sica se;a movene nas !rafias produ1idas pelas

    cria"es de ilus#o de movimeno/ O arisa alme;a 0ue o movimeno resiua a live action42

    e dessa maneira apona para um cinema-obra0ue se esabelece no limie/ N#o se raa

    somene do espa"o imersivo da sala de pro;e"#o cinemao!rafia, nem mesmo se raa de uma

    insala"#o de inera"#o direa como nos5lides e

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    (sse comporameno lEdico com bales de ar, almofadas e pufes, ao lado deima!ens da moeda americana e do lo!oipo da 'oca3cola, s+mbolos do paradi!mado mercado e da sociedade capialisa, em al!o de perverso e de amb+!uo/'onvocar o corpo > paricipa"#o como um desempenho comporamenal, li!ado aosom de _imi Bendrix e Rollin! Fones, e confronar o paricipador com essas

    ima!ens, ao mesmo empo em 0ue remee a uma consuma3"#o do corpo numal9!ica de ima!ens, apresena uma vonade de libera"#o e de desrepress#o violenae a!ressiva/ O aspeco lEdico de 'osmococa, se >s ve1es parece aposar numainfanili1a"#o, embrenha3se amb4m num comporameno um ano alienado,diferene da0uela paricipa"#o dos anos de *?H- 0ue esava associada > liberdade eemancipa"#o do su;eio/

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    esabelecem3se novas confi!ura"es/ Nos fra!menos oferecidos pelos enconros foruios

    ocorre > produ"#o da diferen"a a parir do senido 0ue se d& a essa experi:ncia/ 5Nessa s+nese

    n#o se perde a diferen"a, a ens#o de for"as presenes, ao conr&rio, 4 0uando a diferen"a 4

    levada > m&xima po:ncia8/ mEsica, > experi:ncia

    corporal e produ1 idenifica"#o com a coleividade/

    O 0ue as 'osmococas apresenam como ima!em 4 uma ima!em3rela"#o///umaima!em 0ue se consiui a parir de um especador implicado em seu processo derecep"#o/ J a esse especador ornado paricipador 0ue cabe a aricula"#o enre oselemenos proposos, e 4 nessa rela"#o 0ue se esabelece um modelo poss+vel desiua"#o a ser vivida, uma rela"#o 0ue exerior a seus ermos/ N#o 4 o arisa 0uemdefine o 0ue 4 a obra, nem mesmo o su;eio implicado, pois 4 a rela"#o enre essesermos 0ue insiui a forma/ O 0ue as 'osmococas propem, numa palavra, 4 arela"#o como forma sens+vel/

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    %arece evidene 0ue o uso da dan"a, de performances criadas por ouros

    indiv+duos 4 essencial > ambiena"#o dessas obras/ $ssim como o uso do humor, do plaA

    desineressado, ec/ De modo a eviar uma amosfera de seriedade sourna e sem !ra"a/ Mas

    esse senido de ;o!o proposo por Oiicica e Neville, nas ))s, di1em mais de um ;o!o 0ue se

    invena ao se esar ;o!ando do 0ue dum ;o!o ;& dado, com re!ras e ;o!adas ;& previamene

    or0uesradas/ $ssim, a0ui cabe a compara"#o feia por Deleu1e e Wuaarri em rela"#o ao

    ;o!o de xadre1 e ogo6

    O xadre1 4 um ;o!o de esado7 as pe"as s#o codificadas/ (las :m propriedadesinr+nsecas e movimenos pr9prios/ Os pees do go, ao conr&rio, s#o !r#os,

    pasilhas, sem propriedades pr9prias, udo depende da siua"#o, do meio deexerioridade, de suas rela"es com nebulosas consela"es/ O xadre1 4 uma

    !uerra, mas insiucionali1ada, re!rada, codificada, com um frone, umarea!uarda, baalhas/ O go, ao conr&rio, 4 sem afronameno nem rea!uarda, nolimie sem baalha/ (n0uano no xadre1 se vai de um pono a ouro, no go se

    preserva a possibilidade de sur!ir de 0ual0uer pono/ Ou se;a, o movimeno seorna perp4uo, sem desino, sem parida nem che!ada/

  • 7/24/2019 intro cap 1 e cap2

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    $ssim, 4 preciso pensar de 0ue modo esse con;uno ariculado por Neville e

    Oiicica se fa1 como um pro!rama abero a novas lin=as de !ugaposs+veis de serem ra"adas/

    $o se!uir ;uno do Deleu1e, pensar em como as lin=as possveisa essa cria"#o, 0ue a0ui

    deriva a parir do 0ue foi ra"ado, implica um inflex#o em rela"#o >s siua"es cinemas

    apresenadas ae en#o nessa conversa 0ue se apresena como um exo/

    Nos ermos da0uilo 0ue Deleu1e e Wuaarri omam por caro!rafia 4 poss+vel

    pensar 0ue esse plano ra"ado em analo!ia ao 0ue seria um mapa, um re!isro dos caminhos

    ra"ados num processo de cria"#o, se confi!ura a parir das linhas 0ue 5desenha8, na medida

    dos ra"ados 0ue pro;ea/ $ssim, ao pensar nos riscos ao 0ual o pensador se permie ao se

    enre!ar a a"#o de criar conceios, fica claro 0ue 5o pensameno n#o 4 da ordem da

    conempla"#o, mas da veri!em8, ou se;a, 5n#o leva > se!uran"a, mas expe ao risco8/

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    efeiva como uma experi:ncia de cinema 4 efeio da cis#o na0uilo 0ue di1 respeio ao cinema

    como um modo de esar da $re com re!ras e meios ;& preesabelecidos/ $ssim, o livro3

    cinema como siua"#o de cinema 4 anes efeio dessa lin=a !level, dessa linha onde um

    5limiar foi ain!ido e alerado8/ Nos ermos de %elbar, uma linha em 0ue 5a repari"#o dos

    dese;os mudou, ;& n#o se olera o 0ue se dese;ava anes8/ < %(G$RT, --., p/@L=

    O livro como &lbum de fam+lia, como con;uno de mem9rias visuais 0ue

    caraceri1am e confirmam a exis:ncia de uma his9ria, deixa de ser somene o 0ue era e,

    en0uano siua"#o cinema, sur!e como efeio de 5pe0uenas mua"es8/ N#o basa ser

    somene esse livro de mem9rias, mas sim, um disposiivo 0ue fa1 exisir cinema na medida

    em 0ue 4 experimenado/ O 6lbum de )am+lia, ao se dar a experi:ncia como uma siua"#o

    cinema, se precipia, se permie, como uma lin=a de !uga,5em dire"#o de uma desina"#o

    desconhecida, n#o previs+vel, n#o preexisene8/ J a esse 4 o 5peri!o8 0ue essa siua"#o

    cinema se inclina com odo dese;o/

    Nos quasi-cinemasesse plano se confi!ura com oura po:ncia/ $s rela"es de

    fissura, de flexibilidade, de mua"#o e, conse0uenemene de fu!a, s#o corporificadas de

    oura maneira/ O espa"o 4 ouro, os meios amb4m/ $o corpo 4 permiido encasular3se, esar

    imerso de fao/ %or isso ineressa ano a ))G *endri-Yare n#o ouro bloco-eperimento/Nele 4 poss+vel esar envolo por um odo 0ue lhe abarca por compleo/ $ rede, como a &!ua

    em ''CHH, possibilia o conao com o corpo de modo a envolv:3lo/ Fobre essa possibilidade

    de experimenar o espa"o Oiicica afirma7

    Babiar um recino 4 mais do 0ue esar nele 4 crescer com ele, 4 dar si!nificado >casca3ovo 4 a vola > proposi"#o da casa3oal, mas para ser feia pelos

    paricipanes 0ue a+ enconram os lu!ares3elemenos proposos o 0ue se pe!a, sev: e sene, onde deiar para o la1er criador fanasia profunda, ao sonho, aosono3la1er ou ao la1er3fa1er n#o ineressado/

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    %or isso amb4m ''L 4 mais ineressane para no plano 0ue a0ui se delineia/

    Nesse bloco-eperimento4 poss+vel 5n#o fa1er nada8/ & 4 onde a lin=a de !ugase precipia

    ao 5imprevis+vel8, ao 5impercep+vel8/ J preciso somene esar/ N#o 4 oferecido ao

    participadorlixar as unhas

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    $ caro!rafia a0ui amb4m pode ser pensada nos ermos do 0ue omamos por

    pro!rama/ $ssim, as linhas 0ue confi!uram esse plano 0ue se ra"a exisem na medida em

    0ue devem ser compreendidas como meios de oriena"#o para condu1ir uma

    experimena"#o/ Numa caro!rafia como pro!rama 4 preciso 0ue as inerprea"es deem

    lu!ar as experimena"es/ Desse modo, a parir da0ui uma lin=a de !uga como uma

    inclina"#o ao desconhecido se apresena e apona para observa"#o dessas duas siua"es

    cinemas como efeio de um a!enciameno em 0ue um corpo3dan"ane, ao dan"ar, fa1 exisir

    cinema no empo do aconecimeno em 6lbum de )am+lia e ''L hendrix3^ar/

    $ssim, a erceira pare dessa conversa deriva para um esado de inensifica"#o

    dessas linhas pro;eadas a4 a0ui/ $ parir de en#o 4 precisomanejar delicadamente

    as linhas0ue a0ui se precipiam a pensar a exis:ncia de siua"es cinemas a parir

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    siua"#o cinema poenciali1am a efeua"#o das linhas como subsrao desse aconecimeno

    como al/ Fe em 6lbum de )am+lia ceras fissuras se passam na consiui"#o das linhas 0ue o

    consiui, nas 'osmococas esse processo 4 ampliado/ N#o somene no 0ue di1 respeio a

    como se confi!uram plasicamene, mas amb4m e sobreudo, no modo em 0ue se d#o a

    experi:ncia como cinema/ Ou se;a, uma auali1a"#o na po:ncia de si!nificar como cinema a

    parir de linhas de fu!a produ1idas por fissuras e flexibili1a"es/

    Mas 4 preciso esar aeno e n#o se deixar levar por caminhos 0ue alimenem a

    precipia"#o de ais linhas em buracos negrosonde os limiares pr9prios >s linhas flex+veis

    se;am ransposos com muia pressa, de forma imperaiva e auori&ria/ $nes, se!uir

    pensando com Deleu1e%elbar sobre como mane;ar ais linhas, como raa3las noemaranhado a 0ue a elas 4 peculiar/ $ssim, n#o perder de visa as formula"es pr9prias aos

    peri!os inerenes ao mane;o de ais linhas/

    'omo eviar 0ue a linha de fu!a se precipie num buraco ne!ro, como eviar 0ue alinha flex+vel ransponha um limiar r&pido demais, como dosar a inensidade 0ue se

    pode suporar, sem arrebenar3se

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    praic&vel, pens&vel/ )a1er dela ano 0uano poss+vel, pelo empo 0ue for poss+vel, uma are

    de viver8/