Introdu--o a Pisicologia Da Aprendizagem

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem São Cristóvão/SE 2007 André Luiz Viana Nunes

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Introdução à Psicologiada Aprendizagem

São Cristóvão/SE2007

André Luiz Viana Nunes

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Elaboração de ConteúdoAndré Luiz Viana Nunes

Nunes, André Luiz Viana.N972i Introdução à Psicologia da Aprendizagem / André Luiz

Viana Nunes -- São Cristóvão: Universidade Federal deSergipe, CESAD, 2007.

1. Psicologia da aprendizagem. 2. Aprendizado. I. Título.

CDU 159.953.5

FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

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COORDENAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO

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Gustavo Almeida MeloHeribaldo Machado Junior

Luana Farias OliveiraRafael Silva Curvello

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Sumário

AULA 1A Psicologia da Aprendizagem ................................................................................... 07

AULA 2A teoria de papéis na aprendizagem ........................................................................... 17

AULA 3Teoria comportamental (Behaviorista) ....................................................................... 29

AULA 4Teoria da aprendizagem cumulativa ........................................................................... 47

AULA 5Teoria da aprendizagem cognitiva social .................................................................... 61

AULA 6Teoria da aprendizagem verbal significativa .............................................................. 73

AULA 7A teoria da aprendizagem de Vygotsky ...................................................................... 89

AULA 8Aprendizagem segundo Piaget ................................................................................. 105

AULA 9A teoria da espontaneidade e a aprendizagem ........................................................ 125

AULA 10Psicodrama pedagógico ............................................................................................... 141

AULA 11As fases do grupo ........................................................................................................ 161

AULA 12A motivação para aprender ........................................................................................ 177

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AULA 13As condições do aluno ante a aprendizagem .......................................................... 191

AULA 14Caminhos para a aprendizagem ................................................................................ 209

AULA 15O professor .................................................................................................................. 227

AULA 16O professor e o aluno ................................................................................................. 235

AULA 17O aluno ...................................................................................................................... 247

AULA 18Características individuais do aluno .......................................................................... 265

AULA 19Sequência da aprendizagem........................................................................................ 271

AULA 20A avaliação .................................................................................................................... 291

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METMETMETMETMETAAAAAApresentar a Psicologia edemonstrar a sua relação coma aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o alunodeverá: conhecer o objeto deestudo da Psicologia; edemonstrar quais as suasrelações com a aprendizagem.

A PSICOLOGIADA APRENDIZAGEM

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Psique abrindo a caixa dourada. Tela de John Willian Watterhouse,1903 (Fonte: http://www.starnews2001.com.br).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

condição de aprender é algo que acompanha o homem desdeo seu surgimento. É a partir dela que ele conserva idéias,

produz conhecimentos (cultura), desenvolve tecnologias e sobrevi-ve ao meio ambiente. No início das formações familiares, esta ne-

cessidade de sobrevivência era mais evidente,pois quem estava associado a um grupo tinhamais chances de sobreviver. Atualmente, émuito difícil passar para o aluno a idéia de

que o seu futuro depende de sua educação, uma vez que não éalgo tão evidente nos primeiros anos de vida. A aprendizagempode acontecer de forma livre ou supervisionada. Desta forma,entendemos que a todos os que desejam participar do processode aprendizagem como supervisor (professor) cabe a tarefa dedeter informações e aplicar conhecimentos para facilitar esseprocesso. Conheceremos, nesta aula, alguns aspectos da Psico-logia, ciência que muito tem a contribuir com a aprendizagem.

AINTRODUÇÃO

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A Psicologia da Aprendizagem

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com grande prazer que iniciamos esta disciplina de Intro-dução à Psicologia da Aprendizagem. Você, caro aluno,

pode estar se perguntando o porquê de estudar Psicologia e o queesta ciência tem em comum com a aprendizagem. Pois bem, en-tendemos que entre a Psicologia e a aprendi-zagem existem diversas ligações. Primeira-mente, vamos entender como funciona essaciência que é tão nova no Brasil, mas quetem raízes tão antigas quanto a Filosofia de Platão.

O termo Psicologia tem origem grega e significa PSICHÉ=almae LOGOS=estudo, estudo da alma. Esta idéia de tentar compreen-der o homem é anterior a Platão (427-347 a.C.). Este, por sua vez,caro aluno, explicava que o homem e todas as outras coisas existen-tes no mundo eram cópias materiais e imperfeitas de um modelo per-feito que já existia no mundo das idéias. Aristóteles (384-322 a.C.),discípulo de Platão, é reconhecido como o pai da Psicologia. Atribui-se a ele a utilização da observação como método de investigação,pois, ao contrário de seu mestre, acreditava que as idéias não podiamexistir separadas das coisas materiais. Com o avanço científico daPsicologia, o termo alma logo foi substituído por “mente” e a ele foiacrescentado o estudo do comportamento.

A Psicologia tem como seu objeto de estudo o ser humano emseu desenvolvimento, desde a gestação, passando pelas diversas fa-ses da vida que envolvem a infância, a adolescência, a idade adulta, avelhice e a morte. Aplica-se em estudar o indivíduo em relação comoutras pessoas e com grupos, o que nos permite considerar, destaforma, que onde está o homem está a Psicologia. Busca estudar oorganismo em toda a sua complexidade e variedade na medida emque este responde aos estímulos do ambiente, caracterizados peloseventos físicos e sociais a que está submetido. Procura ainda com-preender a natureza do homem através do entendimento das funçõespsicológicas (intelectuais, sociais e emocionais) e de como elas ocor-rem em cada período da vida, através das manifestações dos desejos,dos medos, das esperanças, das aptidões, das limitações, das capaci-

ÉAPRENDIZAGEM

Organismo

Qualquer forma de vidaconstituída por órgãos,organelas ou outras estru-turas que interagem fisio-logicamente, executandoprocessos necessários àvida. Neste texto, a palavraorganismo será utilizadaespecificamente como re-ferência a pessoas(HOUAISS, 2007).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

dades humanas de adaptação (estresse), das causas naturais de seusconflitos internos e do seu comportamento como ser social.

A Psicologia, vista como ciência, estabeleceu métodos de pes-quisa e de observação que orientam investigações válidas para a cons-trução de um conjunto de informações coesas e coerentes. Um dosresultados dessas pesquisas foi a criação de suas áreas de atuação,que são as seguintes: Psicologia Clínica, Psicologia Organizacional/Industrial, Psicologia Educacional/Escolar, Psicologia Social, Psi-cologia do Desenvolvimento, Psicologia Cognitiva/Aprendizagem,Psicologia Jurídica, Psicologia da Personalidade, entre outras.

É no campo da aprendizagem e dos aspectos cognitivos que nosdeteremos com maior profundidade neste curso, sem deixar de lado, éclaro, os conhecimentos psicológicos que são comuns a todas as áreas.

Quando falamos em aprendizagem, qual a primeira coisa que nosvem à cabeça? Uma sala de aula? Alunos? Professores? Dever de casa? É

possível... Porém, se vamos estudar “o que é aprender” e “os di-versos modos de aprender”, devemos entender que a aprendi-zagem é algo que vai além da sala de aula, pois tem inicio como nascimento e segue pelo resto da vida de uma pessoa, ouseja, estamos sempre aprendendo algo novo. Isso implica di-

zer que, ao receber uma turma, o professor entrará em contatocom um conjunto de pessoas que têm conhecimentos prévios. No

decorrer desta diciplina, você não só verá que um bebê é capaz de apren-der, como também conhecerá os limites de aprendizagem desse ser.

Além disso, devemos lembrar que não é possível garantir quetodos os componentes de um mesmo grupo detenham os mesmosconhecimentos. Sendo assim, uma boa estratégia a ser utilizada éiniciar a primeira aula pesquisando e conhecendo esses alunos, e comisso, ficar mais preparado para lidar com possíveis dificuldades emsala. Deixe que eles mostrem o que sabem e, partindo do conheci-mento apresentado, você, caro aluno, fará a ligação com o conteúdo.Uma dúvida pode surgir neste caso. Será que devemos sempre esperar

que o aluno inicie a aula? E será que sempre dá para fazer conexãoentre os assuntos programados e as informações que os alunos tra-

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A Psicologia da Aprendizagem

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zem para a sala de aula? É Porconta desses questionamentosque iremos estudar também a es-pontaneidade e a sua utilizaçãona Educação. Com isso, espera-mos que você se prepare paraensinar, por exemplo, a Matemá-tica, relacionando-a com o dia-a-dia dos alunos, facilitando, assim,

o seu aprendizado e a sua aplicação.Neste livro, entraremos em contato com diversos teóricos que

contribuíram com a Educação através do desenvolvimento de co-nhecimentos que ajudam o professor, os pais, ou qualquer pessoaque trabalha com o ensino. Através desses conteúdos, não pretende-mos fazer com que você, caro aluno, torne-se um especialista emalgumas destas teorias. Nosso objetivo é orientá-lo para, ao final des-te curso, saber utilizar, no momento necessário, as diversas ferramen-tas que serão estudadas, facilitando a reação da criança, do adoles-cente ou do adulto diante das novidades que lhes serão apresentadasem sala de aula. Você irá entender também que grande parte do con-teúdo que o aluno aprende com o professor em sala de aula não estárelacionado ao conteúdo programado e que, muitas vezes, o profes-sor ensina algumas coisas sem saber que está ensinando.

Mas como isto é possível? Esta é uma pergunta que pode estarpassando pela sua cabeça. Ora, acompanhe comigo. Quantas vezesna sua vida você aprendeu algo só de olhar? Imitando alguém? Oaluno estará aprendendo as suas atitudes, o que não significa queele as seguirá. Este tipo de aprendizagem será contemplado em umcapítulo específico. Além da teoria da observação, serão estudadasnesta disciplina teorias que apontam para o verbal, para o orgânico,para o cultural, para as relações humanas, entre outras.

Pois é, caro aluno, nós aprendemos com a observação, e este é sóum exemplo entre tantas outras possibilidades. Sendo assim, apro-veitamos para chamar a sua atenção ao fato de que o professor, mesmo

Foto: Edgar P. S. Neto.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

que ele queira, nunca será somente aquele que escreve no quadro, tiradúvidas e dá a nota. Ele é, antes de tudo, um modelo para o aluno.Uma pessoa com quem estará se relacionando durante um ano, fazen-do parte de sua vida e, por isso mesmo, influenciando diretamente emsua educação. Diante de tamanha responsabilidade, não poderíamosdeixar de estudar quais os papéis de professor e de aluno, como ocorreesta interação e quais as suas possíveis conseqüências.

Com isso, caro aluno, queremos mostrar que a Psicologia estuda ainteração entre o amadurecimento do organismo e as diversas experi-ências que esse organismo tem com o meio onde vive, seja com obje-tos ou com pessoas. O resultado dessa interação provoca mudanças nocomportamento, e é a isso que podemos chamar de aprendizagem. Con-siderando estes aspectos, espera-se que essa ciência colabore na solu-ção de problemas referentes ao processo de educação, promovendopropostas de ação pedagógica e teorias que facilitem e impulsionem aaprendizagem, levando em conta as características peculiares dos en-volvidos no processo (professores e alunos) e os contextos em queocorrem tais processos educativos.

Um dos objetivos da Psicologia, quando se fala em Educação,é a aplicação dos seus conhecimentos, como também, a produçãode novos conhecimentos que facilitem a construção da relação pro-fessor-aluno e de um melhor desenvolvimento e assimilação dosconteúdos ensinados. Podemos afirmar que grande parte do que éaprendido pelo aluno em sala de aula depende do estabelecimentode uma boa relação com o seu professor. Por conta disto, a Psicolo-gia, voltada para o aprendizado, busca também o entendimento doscomportamentos e dos processos psicológicos que surgem nos alu-nos durante e após a atuação do professor no ato de ensino.

Entendemos, então, que a aprendizagem segue associada ao de-senvolvimento e que é dever do professor conhecer os diversos fato-res atuantes nesse processo. E, uma vez dispondo de tais conheci-mentos, deve buscar, antes de tudo, saber quem é o seu aluno, para, apartir daí, aplicar os conhecimentos adquiridos, adaptando-os às ne-cessidades e às capacidades dos membros da turma.

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A Psicologia da Aprendizagem

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ATIVIDADES

1. Você concorda com a afirmação de que aprendemos desde onosso nascimento e continuamos a aprender até o final da vida?Explique e dê exemplos.2. Pesquise com seus amigos exemplos de aprendizados que acon-teceram dentro e fora do contexto de sala de aula. Quais as princi-pais diferenças encontradas?

(Fonte:http://keepstrong.files.wordpress.com).

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O aprendizado é algo que se inicia com o nascimento. Desdebebê aprendemos a reconhecer as pessoas que nos dãosegurança, afeto, carinho, como também aprendemos acontrolar os movimentos do corpo e a sentiros estímulos produzidos pelo corpo (fome, porexemplo) ou no corpo (o toque). Na infância,aprendemos a brincar, a correr, a se esconder,a comprar coisas, e não é necessário que se váà escola para isto. Aprendemos a procurar umcompanheiro ou companheira com fins deamizade ou afetivos (namoro), aprendemos oque os pais, amigos, tios, professores etc., nospassam. Na terceira idade (velhice), temos queaprender a andar mais devagar, e a fazer tudode uma forma mais branda. Sendo assim,basta estar vivo para aprender.Entendemos, ainda, que podemos aprender tanto dentro dasala de aula, através das lições que nos são passadas pelosprofessores, como fora dela. O interessante é que parece sermais fácil aprender quando não percebemos o que estamosfazendo do que se o fizermos de forma intencional. Por

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

exemplo, se o professor perguntar ao aluno o que foi que eleviu ou se lembra das últimas duas aulas, pode acontecer de oaluno dizer que não lembra muita coisa, porque não deu tempode estudar ou porque o assunto era extenso. Porém, se perguntarcomo foram os dois últimos episódios do “Big Brother Brasil”,a resposta será imediata. A grande diferença está na motivaçãocom que se assistiu à aula e ao programa de TV. É mais fácilaprender quando o que está sendo transmitido encontra-se numformato agradável.

Como pudemos perceber, no processo de ensino é fundamental que tenhamos conhecimentos acerca das princi

pais teorias da Psicologia da Aprendizagem, das suas formulaçõese de como estas contribuíram para melhorar o processo de ensino.

É importante relembrar, desde já, que, ao falarmosem ensino e aprendizagem, estaremos tratando dainteração de pessoas e da relação dos papéis que são

desempenhados por elas em um determinado meio e em determina-dos contextos. No referido caso, os principais papéis envolvidos sãoos de professor e aluno. Lembramos também que a boa relação é oprimeiro passo para uma ótima educação.

Assim, pode-se concluir que a Psicologia da Aprendizagemconstitui um grande instrumento em que teorias psicológicas sãoaplicadas e testadas na Educação, auxiliando professores e educa-dores na tarefa de transmitir e construir conhecimentos.

CONCLUSÃO

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A Psicologia da Aprendizagem

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REFERÊNCIAS

COLL, César. Psicologia e educação. A aproximação aos objetivose conteúdos da Psicologia da Educação. In: Desenvolvimento

psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.SÁVIO, Rivaldo. Psicologia Geral. Aracaju: J. Andrade, 2002.

RESUMO

Esta aula apresentou uma introdução do tema Psicologiada Aprendizagem, mostrando que a Psicologia se destacacomo uma ciência que estuda o homem em seu desenvol-

vimento e em suas relações, individualmente ou em relação comos outros, a partir dos seus processos mentais e comportamentais.Verificamos que o processo de aprender faz parte dos processosque dizem respeito à cognição do indivíduo e que esta dependediretamente dos contextos e emoções envolvidas no aprendizado.A aprendizagem inicia com o nascimento, interfere diretamenteno desenvolvimento da pessoa e segue por toda a vida, pois, emcondições normais (livres de doenças neurológicas), nunca para-mos de aprender. Conhecemos ainda uma breve introdução sobrea relação professor-aluno, em que ficou evidente a importância deque ela precisa ser construída de forma positiva. Este tema seráabordado em diversas aulas, pois constitui a base de todo o traba-lho de educação.

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METMETMETMETMETAAAAAExplorar as funções dos papéisque surgem na relaçãoprofessor-aluno-aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:descrever como se desenvolvemos papéis e como estesinteragem e influenciam aaprendizagem.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre o conceitode aprendizagem e a relaçãoentre psicologia e aprendizagem.

A TEORIA DE PAPÉISNA APRENDIZAGEM

22222aula

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

partir de agora, entraremos em contato com uma teoria quevem influenciando diversas áreas do conhecimento cientí-

fico, como a Sociologia, a Psicologia, a Medicina, a Pedagogia, en-tre outras. Estamos falando da Teoria de Papéis, que explica como

as pessoas se comportam nos diversos contex-tos em que vivem e mostra também como seestruturam as relações entre as pessoas e entreos grupos. Um dos principais conceitos que se-

rão trabalhados nesta aula é o de vínculo. O vínculo é a ligação entreum papel (professor) e o seu complementar (que é um outro papel,no caso deste exemplo, é o aluno), podendo ser positivo ou negati-vo. Só desenvolvemos vínculo se encontramos complemento na

ação do outro. Caso o professor useo tempo da aula para falar de suavida, o papel complementar tra-zido pelo estudante não será o dealuno, mas o de colega que escuta

o que o outro está dizendo. Nes-te caso, pode implicar ainda a

não existência de vínculoe uma provável quei-

xa do aluno con-tra o professor.

AINTRODUÇÃO

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2aula

A Teoria de Papéis na aprendizagem

aro aluno, iremos estudar, nesta aula, um assunto que estápresente no nosso dia-a-dia e que é de fundamental impor-

tância para o entendimento das relações entre indivíduos, como a deprofessor e aluno. É um assunto que conhecemos na prática, mas quenem sempre paramos para entender o seu funci-onamento. Estamos falando da Teoria de Pa-

péis. Como assim? Existe uma Teoria de Papéis?Sim, e você vai entender como ela funciona.

Antes de iniciarmos o raciocínio, pense um pouco sobre o quepoderia ser esta teoria. De que se trata? Quais as primeiras coisasque vêm a sua cabeça? Quando você pensa em papel, quais rela-ções são construídas? Será que trata da melhor forma de se utilizaro papel ofício nas aulas? Ou estamos falando do papel que alguémdesempenha no teatro?

Acertou quem respondeu que a teoria retrata o tipo de papelque é representado no teatro. Em que sentido? No sentido de estardesempenhando uma ação, uma função. A Teoria de Papéis consi-dera que os nossos comportamentos vão acontecer de acordo como papel que estamos assumindo em um determinado contexto. Ouseja, no papel de professor, vamos ensinar; no de vendedor, ven-der; no de namorados, namorar. É claro que o papel de professor,vendedor, namorado e todos os outros têm uma série de outroscomportamentos além dos que são óbvios.

Então, vamos entender como essa teoria foi desenvolvida ecomo pode ser aproveitada pelo educador.

Jacob Levy Moreno foi um médico romeno que estudou o serhumano em seu desenvolvimento e principalmente em suas rela-ções. Com isto, desenvolveu uma linha de pensamento e inter-venção psicológica que recebeu o nome de Teoria Socionômica

ou Socionomia. É por ter sido um profundo estudioso das rela-ções sociais que estudaremos a sua produção.

Sabemos que, desde o nosso nascimento, desenvolvemos víncu-los e construímos relações. Inegavelmente aprendemos muitas coi-sas com o vínculo, dependemos dele para sobreviver e continuare-

CA TEORIA DE PAPÉIS

Teoria de papéis

Teoria que busca enten-der como surgem ospapéis que são desem-penhados ao longo davida e como estes se re-lacionam com os papéisvivenciados pelas outraspessoas.

Teoria socionômica

A Socionomia foi o re-sultado de anos de es-tudo dentro do campodas relações humanas.Tem um enfoque peda-gógico e um terapêutico,sempre baseado nasinterações entre pessoase grupos.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

mos dependendo dele pelo resto de nossas vidas. Em es-pecial, queremos estudar nesta aula as relações constituí-das em sala de aula.

Como já foi dito, a sua teoria foi batizada com o nomede Socionomia (ciência que estuda as leis sociais). Ela temcomo objetivo promover a melhora das relações humanas e,neste sentido, tem um forte caráter terapêutico e pedagógico,que será o nosso foco. É subdividida em três partes: aSociodinâmica – estuda as estruturas dos grupos sociais e deseus elementos e, para isto, se utiliza da interpretação de pa-

péis; a Sociometria – esta é a parte que se ocupa do estudo matemáticodas características psíquicas e sociais dos componentes dos grupos, É,através do Teste Sociométrico que se a intensidade das relações; e aSociatria, parte que se ocupa do tratamento das relações sociais. Seusmétodos são o Psicodrama, o Sociodrama e a Psicoterapia de Grupo.

No entanto é preciso fazer-mos aqui uma observação. Apesar deo conjunto geral da teoria ser a Socionomia, e de o Psicodrama ser umdos seus métodos de tratamento, é através do termo Psicodrama quea teoria é mundialmente reconhecida. Portanto, sempre que citarmosesse termo, estaremos falando de toda a teoria.

INFLUÊNCIAS, ÁTOMO EREDE SOCIOMÉTRICA

Vejamos então o que é a Teoria de Papéis. Moreno teve grande influ-ência do teatro na construção de seus estudos, tendo retirado deste anoção de papel. No teatro, as pessoas recebem um texto em que estádescrita a forma como o papel deve ser desempenhado, como devemagir, quais as suas características e contextos. O ator passa a interpretarum outro. É o que se vê, por exemplo, nas novelas. São textos que imi-tam a vida real. Moreno observou que, na vida real, também desempe-nhamos vários papéis. Papéis que não chegam até nós através de umroteiro escrito por um autor, porém, se desenvolvem no contexto social.

Psicodrama

Este termo é referênciana teoria e reconhecidoem todo o mundo. Otermo Socionomia sur-giu depois, quando oprimeiro já havia sidoadotado pelas pessoasque tinham acesso aesta teoria.

(Fonte: http://www.febrap.org.br).

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A Teoria de Papéis na aprendizagem

Mas como assim? Qual a relação que se estabelece entre tudo isso e oprofessor, aluno, sala de aula? Preste atenção, que você já irá entender.

Todos nós sabemos que na vida desempenhamos funções, con-corda? Pois é, as funções vão depender dos papéis que representamosno contexto em que estamos. Para o Psicodrama, o papel é a formacomo reagimos em um determinado momento dentro de um contexto.Estas funções podem ter origem a) sócio-econômica: como vendedor,cobrador, atendente, advogado, psicólogo, professor; b) afetiva: amigo,inimigo, companheiro; c) familiar: papel de pai, filho, tio, mãe, esposa;d) a partir da posição social: rico, pobre...; e) por hierarquia: chefe,empregado, entre outros. São muitas as origens e tipos de papel, po-rém, não podemos explorar todos durante esta aula.

Na escola, por exemplo, são muitos os papéis que podemos encon-trar. Lá temos o diretor, o coordenador, o secretário, o auxiliar de secreta-ria, o porteiro, o pessoal da limpeza, o vendedor da cantina, o professor e,finalmente, o aluno. De uma forma geral, é mais ou menos isto que en-contramos dentro da escola. Será que você, alguma vez, já parou parapensar o quanto estas pessoas que compõem a escola interferem de algu-ma forma na Educação? Pois é, interferem! E não é só isto.

Fora da escola, existem outros papéis a serem desempenhados eque também exercem influência sobre as outras pessoas. São os pa-péis que vivemos em nossa família, com nossos amigos, em nossobairro etc. Essas relações formam o que Moreno chamou de átomofamiliar, social e rede sociométrica.

O átomo familiar constitui o menor núcleo a que o indivíduoestá vinculado. É onde nasce. É composto pelos pais, irmãos,tios, avós, além de quem for considerado parte da família. Não énecessário que todos os parentes façam parte do átomo, mas simos que exercem maior influência sobre o indivíduo. O átomo soci-al é composto pelas pessoas com quem nos relacionamos no dia-a dia. Nele estão incluídos os amigos do bairro, da escola, professores,diretores e todos aqueles que fazem parte da sua rotina de relações(incluímos aqui os componentes do átomo familiar). A rede sociométricaé composta pela ligação dos átomos sociais de várias pessoas. Como?

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

É simples. Um determinado aluno tem o seu átomo social, e neleestá incluído o professor, que também tem o seu próprio átomosocial. Digamos que todas as pessoas que estão ligadas ao profes-sor também estarão ligadas ao aluno, e por sua vez, a todos aquelesa que o aluno estiver ligado. Mas o que é isso? Vamos entendermelhor através das figuras 1, 2 e 3.

Imaginemos um aluno qualquer que receberá o nome fictício deJoãozinho. Iremos demonstrar agora como seria o seu átomo familiar,social e a sua rede sociométrica, mas lembre-se que este é um exemplofictício. Para ficar mais interessante, peço que pegue um papel e um lápispara que você monte o seu, seguindo os passos que serão apresentados.

ÁTOMO FAMILIAR

Faça um círculo com o seu nome e, em seguida, outros círculos paracolocar o nome dos que vivem com você em sua casa ou dos que nãovivem, mas você considera como um familiar próximo. Observe quetodos deverão estar ligados a você, pois você é o núcleo deste átomo.

ÁTOMO SOCIAL

A rede sociométrica é composta pela ligação dos átomossociais de várias pessoas.

Figura 1

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A Teoria de Papéis na aprendizagem

Através do átomo familiar, podemos saber quais são as influênciasque o aluno tem em sua casa. Podemos pesquisar os papéis existentese saber o que a família quer dele. Com cada pessoa do átomo Joãozinhoexerce um papel que tem características próprias. Estamos consideran-do, neste caso, aqui as ligações de Joãozinho, por isso não estamosligando os demais entre si. Esta é a organização familiar básicae é nela que Joãozinho desenvolverá uma grande parte dos pa-péis que executará durante a sua vida. Se esta for uma famíliaharmoniosa, esta característica fará parte dos seus papéis, e elelevará isto para as suas relações. Caso seja um exemplo de famí-lia com vínculos afetivos fracos ou marcados pela agressão físi-ca e verbal, estas características serão adotadas em alguns dosseus papéis. A criança constrói os seus papéis reagindo aos pa-péis das pessoas com quem ela se relaciona, que servem demodelo. A forma como vai relacionar-se com adultos ou compessoas de sua idade será baseada no seu aprendizado, primeira-mente, no seu átomo familiar. Estas são algumas possibilidades,entre tantas outras, que podem surgir na família. É o primeirolocal de aprendizagem. Até a opção profissional pode sofrer in-fluência da família.

Figura 2

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Este seria um possível átomo social, e através dele saberíamos aquem Joãozinho está ligado fora da família. Estas ligações são respon-sáveis pelo complemento da formação dos papéis da criança. Muitasidéias serão desenvolvidas em contato com amigos, professores, cole-gas e pessoas de fora da família. Surgirão aqui muitas das idéias queentrarão em contradição com os conhecimentos adquiridos em famí-lia. Da mesma forma que o núcleo familiar interfere no pequenoJoãozinho, o núcleo social também o faz. Neste átomo, também en-contramos a figura do professor, que irá se relacionar com o alunoJoãozinho.

REDE SOCIOMÉTRICA

Figura 3

Na rede sociométrica, consideramos todos os átomos de todas aspessoas envolvidas com Joãozinho. O mais importante é saber que eleestá ligado mesmo com quem não desenvolve um vínculo direto.

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A Teoria de Papéis na aprendizagem

Através desses exemplos, queremos mostrar que, de uma for-ma direta ou indireta, recebemos a influência dos que estão ligadosa nós ou dos que se ligam aos que estão ligados a nós. Ou seja, se ofilho do professor fica doente, ele pode não comparecer à aula. Podeacontecer ainda que Joãozinho fique triste por Carlinha estar na-morando alguém. O pai de Joãzinho pode ser promovido.

Ao atentarmos para a rede sociométrica, podemos imaginardiversas situações que podem influenciar positiva ou negativamenteno desempenho escolar do aluno. Para ficar mais claro, vamos conhe-cer algumas características do papel. Em primeiro lugar, devemosentender que a existência de um papel pressupõe um outro papel queo complemente. A esse papel chamamos papel complementar ou con-tra papel. Por exemplo, para que uma mulher possa exercer o papel demãe, é preciso que, de alguma forma, exista o papel de filho. Para queum homem seja o marido, é necessário que exista uma esposa; paraque exista um amigo, é preciso haver outro; a existência de um opres-sor pressupõe a de um oprimido; e para que haja o papel de professor,é necessário o de aluno. É desta forma que um papel existe, sempreem relação a outro. Mas você pode dizer que o professor está viajan-do, em seu período de férias e, nem por isso, longe dos alunos, deixade ser professor. Concordo plenamente, mas neste caso ele não estáexercendo o papel de professor, e sim uma outra gama de papéis queestarão relacionados com o passeio.

Esta existência de um papel em relação a um outro é marcada peloque denominamos vínculo. O vínculo é a ligação entre dois papéis esó acontece quando um papel encontra o seu complementar. Uma pes-soa saudável não procura complemento no papel do médico e sim como professor de educação física, caso queira fazer uma atividade física.Já aquele que está doente, ou acha que está, busca o médico. Na esco-la, o aluno busca o professor, e o professor busca o aluno. O que de-monstra a existência de um vínculo e, por conseqüência, um comple-mento. Mas quais são as características e funções do papel de professore do papel de aluno?

Por uma questão cultural, grande parte da sociedade vê o pro-

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

fessor como o dono do saber, isto é, aquele adulto que recebe afunção de educar os demais membros da sociedade. Entre outrascoisas, deve sempre ser respeitado pelo aluno, além de ter o poderde aprovar ou reprovar. Já o aluno é visto como aquele que nãosabe e precisa aprender. Deve sempre aceitar as colocações do pro-fessor, estudar bastante e realizar as atividades propostas. Este é ovínculo básico da escola e, sem esquecer os outros, devemos en-tender que boa parte da educação escolar acontece nele.

A grande questão é que este tipo de relação exemplificada, uti-lizada em grande escala no nosso país, não satisfaz o aluno nem oprofessor. Quanto mais positiva é a relação, maiores serão as chancesde o aluno e de o professor se desenvolverem e se complementarem.O professor deve ter como característica de seu papel um bom co-nhecimento do assunto, uma boa expressão, ou seja, deve conhecerum pouco dos hábitos lingüísticos do grupo a que ministra aulas,com a finalidade de não se distanciar dele ao utilizar palavras muitorebuscadas, mas sem precisar ficar falando através de gírias. Uma

outra característica é ter sensibilidade paraperceber quando o aluno está com proble-mas em sala de aula, causados por distúr-bios nas relações. Desta forma, não seráum professor que avalia somente com cri-térios de sala de aula, sem considerar obem-estar do aluno. Deve ainda passarconfiança e segurança. O aluno, por suavez, reagirá de acordo com o que foi apre-sentado a ele.

Na teoria de papéis, cada comporta-mento que acontece tem um comporta-mento complementar acontecendo tam-bém. Se o professor é ranzinza, irá en-contrar em suas aulas alunos que reagi-rão de uma forma negativa, pois este seráo complemento.

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A Teoria de Papéis na aprendizagem

Com base em tudo o que foi estudado nesta aula, podemosconcluir que devemos sempre avaliar quais as atitudes mais

adequadas para se empregar em sala de aula e fora desta em relaçãoao aluno, a fim de favorecer a aprendizagem. Da mesma forma,entendemos a importância de conhecer os pa-péis e os vínculos que o aluno tem e que in-terferem diretamente em sua educação, sejameles com a família, com amigos ou com pes-soas conhecidas do bairro e da escola. Com isso, saberemos agir damelhor forma em busca de um bom resultado para a aprendizagemde todos os envolvidos.

CCONCLUSÃO

RESUMO

A Teoria de Papéis tem como finalidade mostrar como nosrelacionamos com os outros, como os nossos comportamen-tos são desenvolvidos dando origem a um papel, e o motivopelo qual reagimos ao papel do outro. Tem como grande des-

taque a noção de vínculo, que ocorre sempre que um papel encontrao seu complemento. Tais conhecimentos nos mostram ainda que areação do professor e do aluno, no dia-a-dia, dependerá de como osseus papéis foram construídos e desenvolvidos. Além disso, eles po-dem sofrer a influência de uma série de vínculos diretos ou indiretos,tais como a do diretor, de outros professores, da família, entre outros.A Teoria de Papéis é base para o entendimento de todas as relaçõesentre os seres humanos, pois sempre que nos relacionamos com al-guém, esperamos uma reação que pode ser a desejada ou não, e istovai influenciar na nossa próxima ação.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

COLL, César. Psicologia e educação. A aproximação aos objetivose conteúdos da Psicologia da Educação. In: Desenvolvimento

psicológico e educação. Porto Alegre: Artemed, 1996.GONÇALVES, C. S.; WOLF, J. R.; ALMEIDA, W. C. Lições de

psicodrama. Introdução ao pensamento de J. L. Moreno. São Pau-lo: Agora, 1988.MORENO, Jacob Levy. Psicoterapia de grupo e psicodrama:

introdução à teoria e à prática. São Paulo: Psy, 1993.________. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.

ATIVIDADES

1. Faça uma lista dos principais papéis que você desempenha edepois verifique quem os complementa e como os complementa.Feito isto, analise se esta relação está da forma que você gostaria.Analise ainda os motivos pelos quais esta relação está assim.2. Faça uma lista dos principais papéis que você gostaria de desem-penhar, mas não encontra complemento. Analise quais papéis de-veriam ser executados por outras pessoas para que os seus fossemcomplementados.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O Objetivo destas duas atividades, caro(a) aluno(a), éproporcionar-lhe um melhor entendimento das influências naconstrução de um papel. Ao listar os principais papéis e analisá-los, você terá a chance de entender como os seuscomportamentos acontecem e para quem acontecem.

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METMETMETMETMETAAAAAApresentar os principais pontos daTeoria Comportamental quecontribuem com o processo deaprendizagem do aluno.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:distinguir os tipos decondicionamentos e a melhor formade utilizá-los para favorecer a boarelação professor/aluno em sala deaula, como também a motivaçãopara os estudos.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre a Teoria dePapéis na aprendizagem.

TEORIA COMPORTAMENTAL(BEHAVIORISTA)

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Caro aluno, como você já sabe, a Psicologia tem muito acontribuir com os processos de aprendizagem e, a partir

deste momento, aprenderemos como ocorre esta contribuição. Ini-ciaremos, nesta aula, os estudos de algumas teorias psicológicas

que contribuem e influenciam a Educação e aforma de se ensinar.

A primeira será a Teoria Comportamentalou Behaviorismo. Com base no conteúdo des-

sa teoria, estudaremos as relações existentes entre o comportamen-to humano, o ambiente e a aprendizagem. Serão apresentadas duasformas de aprendizagem que se complementam em um único pro-cesso: o condicionamento clássico e o condicionamento operante. Você, caroaluno, irá perceber que, apesar de haver diferenças claras entre asduas, elas sempre estão presentes na nossa vida. O condiciona-mento clássico está ligado a rea-ções que ocorrem no nosso or-ganismo, como medo, alegria,fome, raiva, paixão e forma abase para a aprendizagem (sen-tir-se bem em sala éfundamental). Já ocondic ionamentooperante diz respeitoa ações que desen-volvemos a partir deuma influência ex-terna, de algo queexerce um controlesobre as nossas ações.Isto ficará mais claroao longo dos nossosestudos. Boa aula!

INTRODUÇÃO

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Teoria Comportamental (Behaviorismo)

ATeoria Comportamental da Aprendizagem surgiu nos Es-tados Unidos a partir da teoria proposta por alguns psicólo-

gos behavioristas, com destaque para B.F. Skinner. De acordo coma proposta dessa teoria, aprendemos sempre que modificamos umcomportamento.

Um dos primeiros psicólogosbehavioristas foi John B. Watson, que bus-cava classificar a Psicologia como uma ci-ência objetiva em que se podia prever e controlar o comporta-mento. Para ele, a consciência não existia e a aprendizagemdependia inteiramente do meio externo. Mas de que maneiradependia inteiramente do meio externo? Para ele, todo compor-tamento humano é condicionado ou condicionável, indepen-dente dos fatores genéticos. Ou seja, todo comportamento hu-mano ou animal está associado a algum estímulo e é na presençadesse estímulo que o comportamento acontece. Sendo assim, sem-pre que o meio externo ou o ambiente fornece um estímulo, apre-

COMPORTAMENTO

Burrhus Frederic Skinner

Psicólogo norte-ameri-cano (1904 - 1990). Es-pecializou-se em com-portamento animal epublicou Ciência ecomportamento huma-no (1953).

Behaviorismo vem do termo inglês behavior e significa comportamento. Destaforma, sempre que o termo behaviorismo surgir, ele terá o mesmo significado quecomportamental. A pronuncia do termo em português é berreviorismo.

John B. Watson (1878-1958) é reconhecido como o primeiro psicólogobehaviorista, tendo trabalhado para transformar a Psicologia em um ramopuramente objetivo da Ciência Natural. Ele era visto em sua época, e até mesmoem seu meio, como um cientista de pensamento radical, pois, no processo deentender o comportamento, ele acreditava unicamente nos fatores externos comocontroladores das ações, sem considerar as características genéticas da pessoa.

Consciência é entendida aqui como um elemento que permite a pessoa serautônoma, tomar decisões por conta própria, independente dos fatores externose de forma individual, reconhecer uma totalidade da sua existência. Sendo assim,a pessoa decidiria suas ações independentes dos fatores externos. (Houaiss,2007).

Condicionado ou condicionável vem de condição. Neste caso, o comportamentocondicionado depende de algo para acontecer. Os behavioristas acreditam quetodo comportamento produzido por uma pessoa ou por um animal dependede um estímulo no meio externo.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

sentaremos um comportamento. Skinner foi o pesquisador maisinfluente sobre esta forma de pensamento. Ele desenvolveumétodos de estudo, controle e modificação do comportamentoque se espalharam pelo mundo e influenciaram diretamente aEducação, o que o tornou reconhecido como um psicólogo daaprendizagem. Ao contrário de Watson, ele não desconsideravaos fatores genéticos, mas reafirmava que a ciência do compor-tamento, devia ser aplicada ao que podia ser observado.

Skinner afirmava que comportamento é tudo aquilo que é pos-sível ver o organismo fazendo. Sendo assim, para os behavioristas,somente o comportamento podia ser estudado, já que este pode-ria ser descrito, observado, mensurado, controlado e reproduzido.Tudo que não se encaixa nestas condições foi deixado de lado poreste ramo da Psicologia, coisas como consciência e inconsciente,e o que não poderia ser observado.

Primeiramente, vamos entender como funciona a teoria para quepossamos compreender a sua aplicação à aprendizagem. Vejamos ago-ra o trabalho que deu grande impulso a essa teoria, caracterizando-secomo uma das grandes descobertas desta linha de pensamento, e quefoi realizado pelo fisiologista e médico russo Ivan Pavlov em 1927. Sepor acaso estiver passando pela sua cabeça o porquê de estarmos ten-tando entender como funciona a Ciência do Comportamento, a respos-ta é simples: aprender é um comportamento, o principal deles.

Em seu estudo, Pavlov compreendeu e comprovou que umcomportamento de natureza fisiológica – ou seja, que ocorre natu-ralmente no organismo sem ter sido aprendido, como a salivação, asecreção hormonal, o piscar de olhos, o reflexo de sucção do bebê,e outros que se acreditavam serem controlados unicamente pormecanismos orgânicos – poderia ser controlado por estímulosambientais em animais de ordem superior e no homem. Com isso,ele superava a análise estatística em que se podia prever a probabi-lidade de um comportamento ocorrer, e poderia, a partir desse mo-mento, provocar e controlar o comportamento.

Talvez, neste momento, não fique clara a importância de co-

Ivan Pavlov

Médico russo (1849/1936). Estudou Física,Matemática, Fisiolo-gia e Medicina, espe-cializando-se em Fisi-ologia animal. Escre-veu Psicologia refle-xológica.

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Teoria Comportamental (Behaviorismo)

nhecer estes processos. Porém, mais adiante isso será possível. Porora, veja como isso aconteceu. Pavlov estudava a salivação de cães,e o seu trabalho consistia no seguinte: um assistente tocava umacampainha para chamar a atenção do cão e, imediatamente, Pavlovassoprava pó de carne na boca do animal que, por sua vez, saliva-va. A saliva era coletada por um tubo que ficava preso na boca doanimal, para depois ser analisada. Certa vez, durante um dos expe-rimentos, o assistente tocou a campainha antes que Pavlov estives-se preparado para soprar o pó de carne. O que aconteceu em segui-da alterou os rumos de sua pesquisa. É que o cão salivou da mesmaforma, mesmo sem a presença do pó de carne.

Você deve estar se perguntando o que há de impressionantenesta história para mudar os rumos de uma pesquisa, ou qual arelação deste fato com a aprendizagem. É o seguinte: naturalmen-te a campainha não provoca salivação nem em animais nem empessoas. Se fosse assim, estaríamos salivando diante de qualquersom de campainha queouvíssemos, ao contráriodo cheiro da carne ou dacomida que faz com queo nosso organismo res-ponda com a salivação.

Mas, então, o que levouo cão a salivar ao ouvir acampainha? O que aconte-ceu é que o estímulo queprovocava a salivação (póde carne) foi apresentadopor diversas vezes com um

Pavlov (de barba), cercado de admiradores, com o cão condicionado. São Petersburgo,1905. (Fonte: http://klickeducacao.ig.com.br).

A campainha tem, para o cão, o mesmo poder que a carne,e sendo assim, ocorre a salivação. Isto foi aprendido! Nãose engane, caro aluno, isto também acontece com você.

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estímulo neutro (som da campainha). Com esta associação, o estímulo

neutro passou a ser para este cão um estímulo condicionado. Ou seja,agora a campainha tem, para o cão, o mesmo poder que a carne, esendo assim, ocorre a salivação. Isto foi aprendido! Não se engane caroaluno, isto também acontece com você. Quando? Quando a sirene daescola toca às 7h50min, você sai da sala. Mas se ela toca às 8h, vocêentra. Se toca às 12h, você vai para a sua casa e sente fome. Tudo istoé aprendido, é um condicionamento. Você condiciona uma sirene àinformação de entrar ou de sair devido à constante repetição desseruído nos momentos de entrar na sala e de sair dela.

Este tipo de condicionamento é chamado de CondicionamentoClássico. Adiantando para você, existe um outro tipo que é conheci-do como Condicionamento Operante. Veremos primeiro o Clássico.

É extremamente importante sabermos que, por meio do Condicio-namento Clássico, o comportamento fisiológico poderá ser iniciado econtrolado por fatores ambientais que antes não os controlava, bastan-do, para isto, fazer uma associação com repetição. De posse desta infor-mação, iremos agora entender qual a sua importância para o ato de aprender.

Todos nós sabemos que o aprendizado escolar, em nosso país,ocorre principalmente em sala de aula. Sendo assim, este é o ambienteonde a maioria dos comportamentos ligados ao aprender escolar ocor-

rerá. Ele é composto pelo professor, alu-nos e todo o material necessário para otranscorrer da aula, como cadeiras,mesas, lâmpadas, quadro, giz ou pincelpara quadro branco, lixeira, janelas comventilação adequada, ventilador, entreoutros. Neste contexto, o professor fun-ciona como um dos principais estímu-los para a aprendizagem. Pense agoraem algum professor que você teve e queo marcou por ter dado aulas muito

boas, agradáveis. Um professor que respeitava os alunos e tentava sem-pre esclarecer os fatos, além de transmitir confiança. Estas lembranças

Estímulo neutro

É aquele que não iniciaum determinado com-portamento. A campai-nha não inicia o compor-tamento de salivação,neste caso, ela é um estí-mulo neutro para o com-portamento de salivar. Jáo pó de carne tem o po-der natural de iniciar asalivação de animais quese alimentam de carne,como é o caso do cachor-ro. Neste caso, o pó decarne é chamado de estí-mulo incondicionado ea salivação de comporta-mento incondicionado,pois ocorrem de umaforma natural, sem terempassado por um condi-cionamento.

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Teoria Comportamental (Behaviorismo)

trazem alguma sensação? Essa forma de ser do professor influenciouno aprendizado da matéria? Mesmo que você não tenha tido um pro-fessor assim, acompanhe comigo.

As sensações boas são as leituras que seu cérebro faz de uma sériede reações químicas ocorridas no seu organismo diante de estímulosconsiderados positivos. Se o professor repete com freqüência o com-portamento de ser agradável em sala de aula, o aluno irá associar asensação boa produzida pelo organismo ao professor e, por conseqü-ência, à sala de aula, provocando, assim, o aumento da motivação deestar em sala e de realizar as tarefas. Sabemos que isto não é tudo,mas é um grande passo rumo à melhoria do desempenho.

Neste exemplo, houve um Condicionamento Clássico, um estímulopositivo foi apresentado por diversas vezes a uma classe (associação deestímulo positivo com ambiente da aula, com diversas repetições) quepassa a produzir sensações positivas diante do estímulo. Porém, se láestiver um professor que grita e desrespeita o aluno, ameaça com repro-vação e não é paciente nas explicações, conseguirá provocar no alunosentimentos de indignação, raiva, tristeza e, principalmente, desmotivação.Estas reações são também o resultado de respostas orgânicas a estímulosnegativos apresentados que, se forem constantes, provocarão a associa-ção dos estímulos negativos com o professor e com a sala de aula. Podeocorrer, ainda, uma generalização, tanto na situação positiva quantona negativa. Isto significa que o aluno pode levar a reação (positiva ounegativa) a qualquer ambiente que lembre uma sala de aula, ou ainda, auma pessoa que lembre o professor, em suas características pessoais ouem sua função. É uma generalização o que acontece no tocante à auto-ridade, por exemplo. Aprendemos que nossos pais são autoridades e,sendo assim, os outros adultos, os professores, a polícia...

A primeira grande lição é saber que, se você, caro aluno (a), querser um bom profissional, precisa saber que a sua postura em sala influ-enciará diretamente o desempenho do seu futuro aluno. A segundagrande lição é que outros estímulos ambientais, tais como problemasfamiliares, alimentação, segurança, entre outros, poderão interferir noaprendizado do aluno. Essas reações emocionais e orgânicas fazem

Generalização

É um processo que fazcom que uma respostaque só acontece diante deum estímulo, tambémaconteça diante de umoutro estímulo, seme-lhante ao que foi condici-onado. Este é um impor-tante processo para aaprendizagem, pois o queé aprendido em um con-texto pode ser utilizadoem outros contextos. Éuma transferência de co-nhecimento. Ao aprendera somar, fica mais fácilaprender a subtrair, mul-tiplicar e dividir. Ao apren-der português, fica maisfácil aprender outras lín-guas. Ao aprender a ca-minhar, fica mais fácil cor-rer. Uma sensação podeser levada a situações se-melhantes (sentir dor nacadeira do dentista podefazer com que surja umasensação ruim sempreque se vai ao dentista, sejao mesmo ou não, ou aomédico que também usabranco).

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parte da vida do ser humano, e o professor deve ter noção desse pro-cesso. É importante saber também que as associações podem aconte-cer em qualquer lugar, demonstrando que o ato de aprender não ocorresomente em sala de aula.

O professor que sabe conquistar o aluno estará promovendoum clima favorável ao aprendizado e, conseqüentemente, maiorqualidade ao seu trabalho. A seguir, apresentaremos um quadrosinóptico a fim de relembrar os conceitos vistos até agora.

Depois de conhecermos o Condicionamento Clássico, vamosconhecer agora o Condicionamento Operante. Ao final desta expo-sição, ressaltaremos as principais diferenças entre os dois.

Eduard L. Thorndike, ao pesquisar como os gatos resolviam

É um estímulo que naturalmente estimula onosso organismo a um comportamento reflexo.A luz provoca a contração da pupila, o calor faz ocorpo suar e uma pancada no joelho estimula omovimento da perna. Para isto, não é necessárionenhum tipo de associação de estímulos.

É o comportamento reflexo do nossoorganismo. São comportamentos que nãoforam condicionados, ocorrem de forma naturaldiante de certos estímulos.

É um estímulo que não inicia nenhumcomportamento reflexo. Por exemplo, uma sirenenão provoca, naturalmente, uma salivação.

É um estímulo neutro apresentado pordiversas vezes junto com um estímuloincondicionado que tem a característica naturalde iniciar um comportamento reflexo. Nestecaso, o estímulo neutro passará, porassociação, a iniciar aquele comportamentoreflexo e será chamado, a partir de então, deestímulo condicionado.

É o comportamento reflexo que agora écontrolado por um estímulo que antes daassociação não poderia controlá-lo.

Estímuloincondicionado

Comportamentorespondente

Estímulo neutro

Estímulo condicionado

Comportamentocondicionado

Edward L. Thorndike

Psicólogo norte-ame-ricano (1874/1949).Professor da Univer-sidade de Colúmbia epresidente da Associ-ação Norte-Americanade Psicologia (1912).Escreveu Psicologiaeducacional (1903).

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certos problemas propostos, percebeu algo interessante: se o gatorecebesse uma recompensa (um pedaço de carne) após resolver umproblema, passaria a utilizar novamente o mesmo comportamentoque o levou à resolução do problema em outro momento. Ou seja,ele percebeu que o comportamento poderia ser controlado por suaconseqüência, aqui entendido como recompensas ou punições. É oque acontece na técnica utilizada para adestramento de animais. Essetipo de comportamento pode ser observado em algumas apresenta-ções de animais em circos, como é o caso do elefante que levanta apata para não receber um pequeno choque, isto é, realiza uma ativi-dade para não ser punido.

Assim, Thorndike concluiu, que, havendo um comportamen-to governado por gratificações ou punições, existirá o Condicio-namento Operante. Antes de prosseguirmos, caro aluno, é preci-so que entendamos as principais diferenças entre os dois tipos decondicionamento. No Clássico, o estímulo vem primeiro que ocomportamento e tem o poder de comandá-lo (sirene = salivação,olhar uma foto de alguém e sentir algo, sentir um cheiro e passarmal). No Operante, o estímulo abre a possibilidade para que umcomportamento aconteça, mas o que fará com que aconteça seráa sua conseqüência, ou seja, o controle do comportamento vemdepois. Por exemplo, o céu nublado é um estímulo para pegar oguarda-chuva, mas você só o pega se tiver interesse em não semolhar caso a chuva caia. Neste caso, permanecer seco é a conse-qüência de sair com o guarda-chuva e caracteriza uma gratifica-ção. Se você deixá-lo em casa, poderá ficar molhado e isto seráuma punição. No exemplo citado, o estímulo para pegar o guarda-chuva é todo o contexto envolvido: nuvens, sair de casa, localpara onde vai que não permite se molhar (trabalho). Isto porque,se estivesse saindo para jogar futebol, talvez a chuva não fosseum estímulo para o guarda-chuva. Muitos pais utilizam, sem sa-ber, o poder do Condicionamento Operante quando oferecem re-frigerante como recompensa se os filhos comerem o almoço. Jápassou por isso? Na escola, o aluno estuda para ganhar uma nota

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(recompensa) ou estuda para não reprovar e não ficar de castigo (pu-nição). Skinner nos mostra que associar gratificações com possibili-

dades de punição garante um efici-ente controle do comportamento.Watson apontou que os medos sãodecorrentes de Condiciona-mentos Clássicos e que aagressividade é provenientedo CondicionamentoOperante, pois gera grati-

ficação, seja no “respeito”em relação aos outros,seja na atenção adquiridapor conta de seus atos.

Possibilidade de Punição

Estamos falando depossibilidade e não depunição. Skinner de-monstrou que a puni-ção não acrescenta ne-nhum conhecimento aoaluno e pode causardesmotivação. Tam-bém não estamos fa-lando de ameaçar o alu-no com punição. A pos-sibilidade de puniçãocaracteriza-se comouma conseqüência ne-gativa pré-estabelecida ede conhecimento doaluno, como a nota ver-melha que será conse-qüência (a princípio) doseu pouco estudo.Obs.: ver reforço nega-tivo.

Gratificação

Infelizmente, muitaspessoas são agressivasporque recebem recom-pensas após um ato deviolência. A recompensavem no “respeito” que éimposto pelo medo, naaquisição de bens mate-riais por meio da força,ou até mesmo na aten-ção que se recebe ao pra-ticar um ato destes. Ve-remos adiante, em outrocapítulo, de uma formamais detalhada, como oexemplo de outras pes-soas podem influenciarno comportamentoagressivo.

ATIVIDADES

Vejamos agora como foi que estas informações ficaram paravocê.Discrimine as principais características do Condicionamento Clás-sico e do Condicionamento Operante.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Entre as principais características observadas, podemos apontarque, no Condicionamento Clássico, ocorre uma associação deestímulos que constroem o condicionamento. e, desta forma, oestímulo controla o comportamento, e muitos destescomportamentos estão ligados a ações do organismo. NoOperante, o comportamento é comandado pela conseqüênciae está mais ligado a ações que interferem no meio.

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Como já foi dito, Skinner foi o grande representante dessalinha de pensamento, por ter se dedicado com maior aplicação àaprendizagem por Condicionamento Operante. Mas como funci-ona a aprendizagem por esta forma de condicionamento?

Para facilitar o nosso estudo, vamos conhecer alguns termosimportantes: estímulo discriminativo, reforço (positivo e negati-vo), generalização e punição.

Estímulo discriminativo: no processo de aprendizagem éimportante saber discriminar. Ao fazer isto, estamos diferen-ciando características de uma série de coisas que existem nonosso contexto. Neste caso aprendizagem se inicia com a dis-criminação. Como assim? Vejamos um exemplo. Quando a cri-ança aprende a ler os números, ela discrimina este símbolo “2”deste outro “3” e de todos os ou-tros. Sendo assim, ela aprenderáque o nome atribuído ao símbolo“2” é dois e não três. Entende-mos, então, que o símbolo de-monstrado funciona como estímu-lo discriminativo para o compor-tamento de escrever ou falar a pa-lavra dois e a palavra dois é, porsua vez, um estímulodiscriminativo para o comporta-mento de escrever o símbolo“2”. Pela discriminação, reco-nhecemos características quenos levam a desempenhar certoscomportamentos.

Reforço: todo comportamen-to gera uma conseqüência. Se aconseqüência aumenta a probabi-

Discriminar

Neste texto, discriminaré utilizado com o signi-ficado de diferenciar (se-pare as bolas amarelasdas vermelhas, discri-mine as bolas amarelasdas vermelhas), sem oefeito que leva ao pre-conceito.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

lidade de o comportamento acontecer novamente no futuro, ela échamada de reforço, que pode ser positivo ou negativo; mas, sediminuir a probabilidade de acontecer, será chamada de punição.

Vamos entender melhor. O aluno, ao estudar a lição (com-portamento), tem maiores chances de responder corretamenteao exercício (conseqüências), e esta conseqüência, por sua vez,irá produzir elogios por parte do professor e uma nota conside-rada boa. Essa nota e esse elogio serão, neste caso, reforços paraque o aluno estude mais e obtenha mais notas boas e elogios,aumentando o comportamento de estudar e responder correta-mente. Verificamos, assim, aqui o reforço positivo, caracteriza-do pelo aumento de um comportamento para ganhar algo dese-jado e importante para a pessoa.

Vejamos agora outro exemplo. Todos sabem da existência de umlimite no horário para o aluno entrar na sala de aula. Passando essehorário, ele não tem permissão para entrar e, daí, recebe uma falta.Todos nós sabemos, ainda, que um determinado número de faltasleva à reprovação. Desta forma, o comportamento de chegar antesde a aula começar aumenta para se evitar a punição. Este é o reforçonegativo, que é caracterizado pelo aumento do comportamento paraevitar algo que é muito desagradável.

Skinner tem no conceito de reforço o grande trunfo da teo-ria. Descobrindo o melhor reforçador para os alunos, podere-mos potencializar o aprendizado e o acerto. Um dos maioresreforçadores que existem é a atenção. Devemos dar atenção aoaluno e motivá-lo quando ele tiver dúvidas ou demonstrar inte-resse, pois isto aumentará os comportamentos de perguntar e dedemonstrar atenção na aula. É importante estar atento para nãodar mais atenção para uns do que para outros, e também paranão dar atenção excessiva para comportamentos inadequadosem sala de aula. Existem professores que não reconhecem ouelogiam o aluno quando ele está comportado, mas fazem umverdadeiro discurso quando ele está bagunçando. Neste caso, oprofessor escolheu o momento errado para dar atenção, porque

Reforço positivo

O reforço positivo e onegativo são utilizadosna Educação, pois au-mentam o comporta-mento de estudo eaprendizagem; já a pu-nição não favorece oaprendizado, muitopelo contrário.

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Teoria Comportamental (Behaviorismo)

mesmo uma bronca representa atenção que é dada após um com-portamento, e se esta bronca for dada a uma pessoa carente deatenção, funcionará como reforçador. Se o professor tem ne-cessidade de reclamar do comportamento do aluno, deve fazê-lo, de preferência, particularmente, e utilizar este momento paraconquistá-lo. Lembre-se de que se o professor constrói umaboa relação com os alunos, terá menos problemas na hora dechamar a atenção. O respeito deve partir sempre do professor,pois este é um referencial para os alunos.

Punição: a punição é uma conseqüênciaque diminui um comportamento. Ela é muitocomum, na nossa vida, quando não conhece-mos as conseqüências dos nossos comporta-mentos. Por exemplo, uma criança que não co-nhece os perigos existentes na brincadeira comtomadas de eletricidade poderá tomar um cho-que. Esse choque será uma punição e dimi-nuirá o comportamento de brincar com a to-mada. Porém, agora que a criança conhece operigo, ela poderá evitar o contato brincandocom outras coisas e não será punida com ochoque. Ou seja, a punição é caracterizadapela impossibilidade de se evitar uma conse-qüência desagradável.

É importante, neste caso, estabelecermosa diferença entre punição e reforço negativo. No reforço negati-vo, a punição pode ser evitada com o aumento do comporta-mento desejado, já a punição não tem como ser evitada. O re-forço positivo e o negativo são utilizados na Educação, pois au-mentam o comportamento de estudo e aprendizagem; já a puni-ção não favorece o aprendizado. Como não há opção para o alu-no evitar a punição, ela produz reações negativas que prejudi-cam principalmente as relações entre aluno e professor. A puni-

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Que possíveis conseqüências pode haver quando o professor nãodesenvolve uma relação positiva e motivadora com o aluno?

ção geralmente acontece quando o professor não sabe o que fa-zer e encontra-se chateado com algo que aconteceu. De acordocom Skinner, ela é um recurso que não deve ser utilizado. Lem-bre-se, a punição na Educação acontece sem critério. Um alunobagunça e todos são punidos.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Como conseqüência, espera-se que ocorra um afastamentoafetivo. Nestas condições, é possível que surjam com maiorfacilidade atritos e desentendimentos, diminuindo, assim, amotivação do aluno. Por outro lado, o professor que conquistaos seus alunos estimulará a aprendizagem.

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3aula

Teoria Comportamental (Behaviorismo)

É um estímulo que indica a maior possibilidade deum comportamento ou de uma série de comporta-mentos. Por exemplo, a praia é um estímulo paracomportamentos que vão desde utilizar roupas debanho, bloqueador solar, deitar ao sol, até caminharna areia ou jogar futebol. Comportamentos estesque não serão encontrados em sala de aula

É a apresentação de uma recompensa após o com-portamento desejado. A sua apresentação aumentaa probabilidade de o comportamento acontecer no-vamente diante de estímulos discriminativos seme-lhantes (generalização). Deve ser apresentado ime-diatamente após o comportamento desejado; casocontrário, irá reforçar outro comportamento, o últimoocorrido antes da sua apresentação.

É a retirada de um estímulo aversivo assim que o com-portamento desejado acontece. O estímulo aversivo(possibilidade de punição) é apresentado diante de umcomportamento indesejado e é retirado assim que ocomportamento desejado acontece. Desta forma, o pri-meiro tem a sua freqüência diminuída enquanto a dooutro é aumentada, havendo uma troca de comporta-mentos. (Tive um professor que fazia uma argüição comduas perguntas para cada aluno, uma vez por semana,e a pontuação ia de -2 a +2. O comportamento de con-versa em sala de aula diminuía, pois era importante teratenção no conteúdo para não errar as perguntas. Aomesmo tempo, ele oferecia o reforço positivo que esti-mulava o desejo de acertar).

A punição é apresentada após um comportamentoindesejado ter acontecido. Nesse caso, não é apre-sentada ao aluno outra possibilidade que permitaevitar o estímulo aversivo, já que a punição, diferen-te do reforço negativo, não tem a finalidade de ensi-nar algo, e sim de castigar. Simplesmente, ele épunido por algo que fez a partir do julgamento dequem puniu. Desta forma, o aluno não aprende ne-nhum conteúdo positivo, e as conseqüências sãoa desmotivação e sensações negativas.

É o comportamento comandado por suas conse-qüências (reforçadores).

Estímulodiscriminativo

Reforçopositivo

Reforçonegativo

Entendamos que nem todos os conceitos da teoria serão abor-dados nesta aula. Como já foi colocado, não é nosso objetivotransformá-lo num perito nessa teoria, e sim aproveitar ao máximoas principais contribuições que ela pode oferecer.

Até agora, portanto, foram estes os conceitos que aprendemos:

ComportamentoOperante

Punição

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

1. Converse com duas pessoas que estejam freqüentando uma es-cola. Pesquise sobre a atuação de seus professores na relação comos alunos e procure identificar as emoções que surgem como con-seqüência dessa relação.

2. Você sabe quais são os seus principais reforçadores? Cite os prin-cipais reforçadores (positivos e negativos) que interferem no seucomportamento.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

1 – Nessa atividade, esperamos que o entrevistado traga a suaexperiência e enriqueça os seus estudos. Ele relatará como asatitudes de seus professores interferem nos seus estudos, positivaou negativamente. E você, caro aluno, poderá refletir mais sobrea postura do professor e sobre a sua postura como futuroprofissional da educação.2 – É muito importante sabermos quais são os reforçadoresque nos movimentam. Como já foi dito, a atenção é um dosprincipais reforçadores. O que você quer ganhar e o que vocênão quer ganhar? Ao descobrir isto, você terá melhor idéia dosmotivos pelos quais ocorrem os seus comportamentos.

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3aula

Teoria Comportamental (Behaviorismo)

A teoria comportamental se mostra muito útil para entendermos a necessidade de o professor desenvolver uma

relação positiva e saudável com o aluno. Além disso, o professordeverá interessar-se por conhecer os estímulos, em sala de aula efora dela, que possam reforçar ou atrapalhar oaprendizado dos alunos (problemas com cole-gas, com o conteúdo, com a família, com a situa-ção social, saúde etc.) para poder agir da melhorforma com o eles. Exemplo: alguns professores, por falta de conheci-mento, deixam um aluno de lado por ele não prestar atenção às aulasou por ter um comportamento indesejado. Mas, muitas vezes, as cau-sas desses comportamentos podemser problemas de saúde ou de famí-lia que estão interferindo nos modosde agir do aluno, e o professor nãosabe. Nesse caso, quais osreforçadores que estão aumentandoos comportamentos inadequados?Ou seja, cada comportamento doaluno e do professor é motivado poralgo. Fique atento a isto!

CONCLUSÃO

Cobaias em laboratório (Foto: Arlan Clécio).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

RÍO, Maria José Del. Comportamento e aprendizagem: teorias eaplicações escolares. In: Desenvolvimento psicológico e educa-

ção: Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalida-

de. São Paulo: Harbra, 1986.HOLMES, David S. Psicologia dos transtornos mentais. PortoAlegre: Artmed, 2001.SÁVIO, Rivaldo. Psicologia Geral. Aracaju: J. Andrade, 2002.

RESUMO

A Teoria Comportamental trouxe uma grande contribuiçãoà Psicologia, principalmente na área da aprendizagem. Osprofissionais que se especializam nessa linha de atuação

aprendem a observar e a controlar o comportamento de animaise de pessoas, a partir de associações de estímulos neutros comestímulos que naturalmente levam à execução de um ato ou peladescoberta e manipulação de reforçadores que levam determi-nadas pessoas à realização de um ato. Estamos falando de Con-dicionamento Clássico, em que o organismo responde a uma as-sociação que pode ter sido provocada ou acontecido natural-mente, e do Condicionamento Operante, em que o resultado donosso comportamento aumentará ou diminuirá esse comporta-mento. Nesse aspecto, observamos a importância do professorno bom relacionamento com os alunos, favorecendo, assim, ocondicionamento positivo do aluno em sala de aula, evitandosentimentos de desprazer e tristeza. Devemos reforçar positi-vamente o aluno sempre que este corresponde ao que é espera-do pelo professor, e negativamente quando este nãocorresponde. No reforço negativo, o aluno tem a chance deevitar uma punição ao fazer aquilo que se é esperado. Deve-mos sempre trabalhar com a segunda chance.

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METMETMETMETMETAAAAAApresentar a Teoria Cumulativa daAprendizagem e as suas ações.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:reconhecer a existência de doiscontextos no processo deaprendizagem: o externo e ointerno, e o funcionamento deles;entender como um contextoinfluencia o outro e qual a ação doprofessor em relação ao alunoneste processo.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre a Teoria dePapéis na aprendizagem e a TeoriaComportamental.

TEORIA DA APRENDIZAGEMCUMULATIVA

44444aula

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

psicólogo Robert Gagné teve grande importância no de-senvolvimento de conhecimentos que explicam e facili-

tam a aprendizagem. Foi um homem de visão, apesar de, inicial-mente, não ter intenção de criar uma nova teoria, mas a de reunir

os principais pontos das diversas linhas depensamento já existentes que retratavam o fe-nômeno da aprendizagem. Seu objetivo eraproduzir um conteúdo com as idéias funda-

mentais já desenvolvidas na área de ensino, facilitando o tra-balho de todos os envolvidos com a Educação. Porém, ganhoudestaque ao propor e defender questões não aprofundadas poroutros estudiosos da época. Um dos seus principais méritos foia classificação dos tipos de habilidades humanas envolvidasno processo educacional e as conexões feitas com as funçõessensoriais e de percepção dos alunos.

OINTRODUÇÃO

Capa do livro Como se realiza a aprendizagem, de RobertGagné.

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Teoria comportamental (Behaviorista)

aula3

Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

Teoria da Aprendizagem Cumulativa foi desenvolvida porRobert Gagné (a pronúncia correta é Ganhê), que, como

grande colaborador Leslie Briggs. Era uma teoria da aprendizagemque não tinha como objetivo trazer nada de novo. Os teóricos cita-dos acreditavam que já existiam idéiassuficientes e que não era necessário ino-var. De início, buscava-se o que havia demelhor nas outras teorias e organizava-se tudo em uma só. Porém, como veremos adiante, muitas foram ascolaborações trazidas por esses autores.

Para começar, vamos observar uma das suas mais importantescaracterísticas, que sempre deverá ser considerada num processode aprendizagem. É a definição de taxionomia de tipos de aprendi-zagem. Caso você não conheça o termo, a taxionomia é uma técni-ca de classificação ou uma ciência da classificação das coisas. ParaGagné-Briggs, os tipos existentes de aprendizagem são:

a) informação verbal;b) habilidades intelectuais;c) estratégias cognitivas;d) atitudes;e) habilidades motoras.

A CUMULATIVA

Robert Gagné

Psicólogo norte-ameri-cano (1916/2002). Pro-fessor da Universida-de da Flórida e diretordo Laboratório de Ha-bilidades Motoras daForça Aérea dos EUA.Publicou As condiçõesda aprendizagem(1966).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Tipos de aprendizagem

É a base da nossa educação e consiste nas infor-mações transmitidas de forma oral ou escrita. Épor meio dela que acessamos, de forma mais di-reta, o conhecimento acumulado por nossa socie-dade, trocamos informações com amigos, cole-gas, familiares, professores, dentro ou fora do con-texto escolar.

São as habilidades que a pessoa desenvolve de do-minar os símbolos (letras, números, desenhos) eutilizá-los para compreender o mundo e responder aeste. O aluno aprende a somar, a transformar escritosem palavras, a promover reações químicas etc., coma utilização dos símbolos.

São as estratégias que o aluno utiliza para apren-der, uma vez que aprender tanto é uma habilidadeintelectual quanto uma estratégia cognitiva. Elasmostram a melhor forma de dar atenção, captar,armazenar e transferir informações.

São as ações direcionadas para uma atividade. Nonosso caso, são as ações tomadas pelo aluno parafavorecer o seu aprendizado. Espera-se que o alunorespeite as regras escolares, preste atenção às au-las, faça as atividades determinadas pelo professor,participe da aula com questionamentos etc. Tais açõessão observadas a partir de modelos (o professor, oscolegas) e são fundamentais para o bom resultado.

São importantes para o ser humano, pois estão pre-sentes na maior parte das suas atividades. Pode-mos utilizá-las quando vamos à escola, quando nossentamos ou movimentamos a cabeça paradirecionar a atenção e, ainda, quando pegamos olápis para escrever. Devemos, é claro, adaptar a ati-vidade às condições motoras do aluno.

Informaçãoverbal

Habilidadesintelectuais

Estratégiascognitivas

Atitude

Habilidadesmotoras

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Teoria comportamental (Behaviorista)

aula3

Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

ATIVIDADES

Caro aluno, pense agora no curso que você está fazendo. Escolhauma aula de alguma das disciplinas que você está cursando nesteperíodo. Analise e encontre, na aula, os passos da taxionomia detipos de aprendizagem descritos por Gagné. Descreva como cadauma das etapas acontece na aula escolhida. Caso não encontre,descreva como a taxionomia poderia ser acrescentada. Lembre-sede que, na taxionomia, algumas das etapas dependem de você.Caso a resposta seja maior que o espaço reservado, utilize umafolha de papel).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Captação

Capturar estímulos pormeio do sistema senso-rial (visão, audição, tato,olfato e paladar).

Retenção

Guardar as informaçõescaptadas, já transforma-das em conceitos namemória.

Transferência

Utilização do conteúdoaprendido em outroscontextos ou comobase para novas apren-dizagens.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O primeiro passo é escolher uma aula de alguma matéria. Opróximo passo é analisar o texto da seguinte forma: a informaçãoverbal está sendo clara? Lembre-se de que tanto pode ser o ver-bal como o escrito. No nosso caso, é escrito. Caso não estejasendo clara, uma sugestão pode ser mudar a linguagem mais re-buscada para uma menos formal. Analisando as habilidades inte-lectuais, você vai observar se o texto está sendo apresentado emum formato que você possa aprender, se a escrita é coerente, porexemplo, e se são utilizados símbolos conhecidos (palavras, figu-ras etc.). Lembre-se de que a habilidade intelectual é sua. O tex-to vai oferecer estímulos a serem aprendidos. Nas estratégiascognitivas, você deve observar se o texto oferece estímulos,como exemplos significativos, para que você monte estratégiasde fixação do conteúdo. Se o texto é agradável, torna-se maisfácil de memorizar. Também devemos lembrar que é você quemmonta as estratégias e não o texto. A forma utilizada por cadaaluno para essa atividade será distinta. Observe qual foi a suaatitude quando você estudou a aula escolhida. As suas atitudesestavam voltadas para a aula? As habilidades motoras utiliza-das dependerão da aula. Elas englobarão todos os movimentos,desde pegar o texto, folheá-lo, sublinhá-lo, fazer as tarefas etc.Após terminar esta parte, você deve sugerir modificações notexto para que este siga a classificação taxionômica.

Cada tipo de capacidade oferece um tipo diferente de apren-dizado, e depende sempre de condições internas e externas paraacontecer tanto a captação quanto a retenção e a transferência

de informações. Pois é, caro aluno, esses teóricos nos mostraramque as habilidades humanas na aprendizagem são de tipos dife-rentes, mas também deixaram claro que todas são importantes enão podem ser esquecidas.

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Teoria comportamental (Behaviorista)

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Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

Outra grande característica da idéia trazida por Gagné-Briggsé o seu caráter não contraditório e sempre em busca de umaarticulação. Da mesma forma, deve ser feito o planejamento doque vai ser ensinado. Dessas idéias, surgiram três pressupostosbásicos da teoria:1. devemos sempre partir de objetivos formulados de forma clara. Ainstrução deve ser direta e devemos estar atentos ao que pedimos;2. há uma necessidade de se seguir uma ordem no ensino, com afinalidade de potencializar o rendimento e o resultado propostono objetivo;3. é necessário proporcionar condições para que se possa atingiros objetivos, considerando as características do aluno, as capa-cidades que serão utilizadas no processo (taxionomia da apren-dizagem), os pré-requisitos necessários, resultados concretos quese esperam da atividade e as condições de transferências de in-formação. Observamos aí diversos estímulos externos que irãointeragir com as condições internas do aprendiz.

Observando isto, Gagné parte da idéia de que a aprendiza-gem acontece através da interação do sujeito com o ambiente,tendo como representação a modificação de comportamento. Você,caro aluno, já leu sobre isto em algum lugar? Pois é, a TeoriaComportamental também vê desta forma. Mas, na teoria cumula-tiva, há uma restrição:Gagné considerava degrande importância osprocessos mentais queacompanhavam essamodificação de com-portamento. Ele nosmostra que o nossomundo interno é estimulado pelo que acontece no mundo exter-

no, e que com o passar do tempo e através da experiência adqui-rida pelo aluno, esses estímulos externos passam a ser proporcio-nados cada vez mais por eles mesmos.

Mundo externo

Devemos lembrar sem-pre que aprender envol-ve a interação do mun-do externo com o mun-do interno do aluno.

Para o teórico, a aprendizagemdepende de uma série de fatoresexternos que são projetados paraestimular os processos internosde aprendizagem. O professor é

um destes fatores.(BASIL e COLL, 1996).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Esses estímulos passarão por uma seleção e o que for identifica-do como necessário será transformado em um registro sensorial.Esses são os primeiros passos na percepção dos estímulos que sãorecebidos pelo aluno.

Convém observarmos, caro aluno, que as informações per-manecem pouco tempo no registro sensorial e logo são enviadaspara a memória de curto prazo, em que é transformada em con-

Sujeito

Pessoa que recebe oestímulo, neste caso,o aluno.

Ambiente

Qualquer espaço quecerca o ser humano e quelhe fornece estímulos.

Estímulos

Qualquer agente externoou interno que possa sercaptado pelo sistemasensorial provocando al-terações no organismo.(HOUAISS, 2007).

Sistema sensorial

O sistema sensorial écomposto pelos órgãosque proporcionam a vi-são, o tato, o olfato, opaladar e a audição e sãoresponsáveis pela captu-ra dos estímulos doambiente externo e in-terno (organismo).

Registro Sensorial

No registro sensorial, o estímuloé codificado em forma de repre-sentação. Você vê uma árvore ecria na mente a imagem da árvo-re. Você vê o número 2 e cria namente a imagem do número dois.

Memória de Curto Prazo

A informação que che-ga aqui é codificadacomo conceito. Umaárvore é uma plantaque tem tronco, rami-ficações, folhas, raiz.

Vamos agora entender como ocorrem os processos internos.1º O sujeito, sempre em contato com o ambiente, recebe di-

versos estímulos que serão captados pelo sistema sensorial.

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Teoria comportamental (Behaviorista)

aula3

Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

ceito. Nessa memória, o conceito fica por um lapso de tempo,podendo durar mais, caso haja a repetição da informação. Comisto, queremos mostrar a importância de repetir a informação e deutilizar estratégias de recordação, pois o que está na memória decurto prazo, e é lembrado e relembrado, é transferido para a me-

mória de longo prazo.

Memória de Curto

Prazo (MCP)

O conceito que é repeti-do e recordado é transfe-rido para a memória delongo prazo.

Memória de Longo

Prazo (MLP)

Aqui ficam armazenadas asinformações que foram re-petidas e recordadas commaior freqüência.

Gerador de Resposta

A informação é passada então da MLP ou mesmo da MCP parao gerador de respostas que, por meio de um impulso, produzuma resposta (ação, comportamento, atitude), modificando oambiente onde está o sujeito.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

É preciso trabalhar bem cada estímulo, cada representação ecada conceito envolvidos no processo de aprendizagem. Mas não ésó isto, caro aluno: é necessário também promover a geração de res-postas, pois é esta resposta que mostrará a você o aprendizado doaluno. Lembra? Uma modificação no comportamento, um novo com-portamento. O comportamento de executar o que foi aprendido.

Mas isto não acaba aí. Lembra que Gagné-Briggs nos falamtanto dos fatores internos como dos externos? Pois é, estes foramos internos. Vamos agora observar os externos.

1. Trabalhando a motivação: o professor deve atuar estimulando asexpectativas dos alunos, pois estas constituem o centro das motiva-ções. Como assim? Quando você for dar aula, é melhor que isto seja

feito levando-se em consideração os contextos, refor-ços, conhecimentos prévios, informações

trabalhadas, objetivos e êxitos esperadospara o que está sendo ensinado. Esseselementos terão grande influência naforma como os estímulos serão perce-

bidos e no momento da retenção da in-formação, por conseqüência, também no

resultado final (ação desenvolvida). Por exem-plo: se você quer ensinar o aluno a realizar uma ope-

ração com raiz quadrada sem que ele tenha aprendido a so-mar, ele não sentirá motivação, já que não tem o conhecimen-

to prévio necessário. Ele não atingirá o objetivo e não terá oêxito esperado. Por conseqüência, o contexto será desa-

gradável e as informações armazenadas nas memóri-as, provavelmente, serão a de que Matemática é difí-

cil, e é claro, a ação gerada será a de conversar nahora da aula, ficar desenhando ou ficar com o

olhar na direção do professor, mas com a “ca-beça em outro mundo”. Entre as expectativasdo aluno, as principais são a de que pode

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Teoria comportamental (Behaviorista)

aula3

Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

aprender o assunto, a de que vai obter uma nota alta e a de que vaiser aprovado. Uma aula dada com respeito ao aluno, que consegueser divertida e, por conseqüência, menos cansativa, trazendo clare-za nas explicações, ativa a motivação do aprendiz.

Trabalhando com base nas expectativas do aluno, o professorpoderá passar para um outro momento.2. Reforçando a apreensão: o professor deve chamar a atenção doaluno para certos aspectos do conteúdo. Estamos falando das re-presentações e dos conceitos. Lembramos que, em uma aula di-vertida, é mais fácil apreender tais informações.3. Incentivando a aquisição: ajudando o aluno a desenvolver seuspróprios métodos de memorização e retomada da informação, te-remos uma conservação melhor do conteúdo na MLP.4. Generalizando a informação: o professor deve promover situa-ções em que o aluno utilize o conhecimento armazenado em situa-ções novas ou diferentes.5. Retroalimentação: após a execução da tarefa ou da manifestaçãodo conhecimento adquirido, é função do professor comentar a res-posta e aproveitar para tocar nos pontos principais do conteúdo.Isto reforça o aprendizado.

ATIVIDADES

Consideremos um aluno que, desde a sua quarta série, vem obten-do resultados negativos em Matemática, conseguindo a aprovaçãosempre no período de recuperação. Agora, você é o professor dessealuno que está iniciando a oitava série. Como explicação para osfatos, temos a informação de que os seus professores anterioresforam do tipo que interagiam pouco com o aluno e se contentavamcom a exposição do conteúdo no quadro, o que era insuficientepara esse aluno se motivar. Sabemos, ainda, que a dificuldade em

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Matemática, por exemplo, se repetiu ao longo desses anos e, conse-qüentemente, foi captada pelo sistema sensorial, transformando-seem um conceito do tipo “Matemática é um saco”, e que permaneceem sua memória de longa duração. Diante disto, como você, atualprofessor, vai agir para ajudar esse aluno a reconhecer a beleza daMatemática e obter assim o aprendizado?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Que responsabilidade, não? Considerando que o aluno chegacom uma impressão negativa da matéria, isto deve ser vistocomo um conhecimento prévio, como um conceito formado.Uma boa sugestão é partir disto e reverter o jogo. Podemosperguntar aos alunos o que há de negativo na Matemática e oque eles identificam como negativo (coloquei os alunos paraque o foco não recaia sobre aquele que não gosta, pois elepode se sentir confrontado). Diante de cada resposta negativa,pode ser oferecido um exemplo positivo da utilização destaciência, ou podem ser contadas as fantásticas histórias da

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Teoria comportamental (Behaviorista)

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Teoria da Aprendizagem Cumulativa

4aula

Matemática, como a de Gauss, gênio da Matemática, que podeser verificada neste site. Ao acessar, busque a infância e aeducação: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/gauss/gauss.htm. Outra proposta é utilizar jogos ecompetições saudáveis com a Matemática. Estas são sugestõesque podem contribuir para a formação de novos conceitos emMatemática, lembrando que quanto maior a interação com oaluno mais fácil será o trabalho do professor.

A partir do que foi abordado nesta aula, podemos concluir que o professor precisa estar

atento às diversas capacidades que o alunotem para aprender, além de saber reconhe-cer as diferenças existentes entre os compo-nentes de uma mesma classe para que todospossam ser observados em suas possibilidades. Com isto, caro alu-no, devemos sempre estruturar as nossas aula para explorar ao má-ximo as potencialidades do aprendiz, garantindo a transmissão dasinformações e as possibilidades de memorização com o auxílio dasatividades que envolvem as habilidades motoras.

CONCLUSÃO

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

RESUMO

REFERÊNCIAS

BASIL, Carmem; COLL, César. A construção de um modelo prescritivo

da instrução: a teoria da aprendizagem cumulativa. In: Desenvolvimento

psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.

SÁVIO, Rivaldo. Psicologia Geral. Aracaju: Editora J. Andrade, 2002.

A Teoria da Aprendizagem Cumulativa foi desenvolvidacom o intuito de facilitar o acesso aos aspectos que envol-vem a aprendizagem. Para Gagné, eles são as habilidades

de aprendizagem (informação verbal, habilidades intelectuais, es-tratégias cognitivas, atitudes e habilidades motoras) e as condi-ções sensoriais e cognitivas do aluno que fazem a sua ligação como ambiente (visão, tato, olfato, audição, paladar e memória). Nes-sa teoria, Gagné, com a ajuda de Leslie Briggs, demonstra quepara se aprender é necessária a existência de contextos exter-nos associados a contextos internos. Ele nos mostra que osdiversos estímulos do ambiente ativam o sistema sensorial queenvia a informação para a memória, onde ficarão em forma deconceitos. O resultado disto deverá gerar uma ação motora (com-portamento), que comprovará a ocorrência de aprendizagem. Emsala de aula, os principais estímulos do ambiente são gerados peloprofessor.

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TEORIA DAAPRENDIZAGEMCOGNITIVA SOCIAL

METMETMETMETMETAAAAAApresentar a Teoria daAprendizagem Cognitiva Social.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:compreender como o ato deobservar pode ser utilizado naaprendizagem, e como fazer usodeste conhecimento em sala de aula.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre a TeoriaComportamental e Teoria daAprendizagem Cumulativa.

55555aula

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social traz uma gran-de contribuição ao estudar os mecanismos pelos quais

as ações promovidas por uma pessoa podem interferir nas açõesdas demais pessoas. Encontraremos, nesta aula, explicações de

como ocorre a aprendizagem por meio daobservação e quais as vantagens de se co-nhecer o processo. Bom estudo!

AINTRODUÇÃO

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Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social

5aula

lá, caro aluno! A partir de agora, iniciaremos o estudo demais uma teoria da aprendizagem. Vamos começar com

uma pergunta? Sobre o que será que trata uma teoria que éCOGNITIVA e SOCIAL? Vamos lá, use a imaginação e os seusconhecimentos prévios. Tente responder...

Já imaginou algo? Então vamos continu-ar. Cognitiva vem de cognição, que é um con-junto de estruturas e funções relacionadas aoconhecer. É representada pelas seguintes faculdades: memória, per-cepção, atenção, juízo, imaginação, pensamento e raciocínio. Pelo fun-cionamento das faculdades que compõe a cognição produzimos oque chamamos de consciência.

Vejamos algumas curiosidades antes de nos aprofundarmos na teo-ria. Você já tentou estudar com sono? Caso a sua resposta tenha sido sim,você deve ter percebido que foi difícil manter a atenção. Já se esqueceude fazer algo importante por estar cansado ou com raiva? Pelo mesmomotivo já deixou de entender alguma coisa? Pois é. é muito fácil come-ter enganos quando não estamos bem ou quando exigimos muito denós mesmos e ultrapassamos os nossos limites físicos e mentais. Istoserve também para o que exigimos dos outros, dos alunos. Essa teoria,assim como a Teoria da Aprendizagem Cumulativa e outras que serãoestudadas posteriormente, entende que os processos cognitivos são degrande importância para o aprendizado.

Ela é social porque o aprendizado acontece no meio social. Essa tam-bém era a visão de Gagné sobre o processo de aprendizagem. No entanto, eleexplicava o aprendizado por meio do acúmulo das informações cedidas, emsua maioria, pelo ambiente externo e a repetição destas. Nesta aula, co-nheceremos a visão de Albert Bandura sobre a aprendizagem, que nosmostrará o social com um caráter muito mais ativo nesse processo.

Vamos iniciar com um exemplo. Acreditamos que você tenha brinca-do com um quebra-cabeça quando era pequeno. Caso não tenha brincado,lembre-se de qualquer outro objeto que você teve que montar. Para esteexemplo funcionar, pense num momento em que a montagem do quebra-cabeça ou de outro objeto ocorreu sem a ajuda de ninguém e sem que vocêjá tivesse montado antes. Ou seja, foi o primeiro contato com aquele jogo

OCOGNITIVA E SOCIAL

Consciência

Nível de vida mental naqual o indivíduo percebeo mundo ao seu redor.

Albert Bandura

Psicólogo canadense(1925). Professor da Uni-versidade de Stanford epresidente da AssociaçãoAmericana de Psicólogos(1973). Publicou Apren-dizagem social e desenvolvi-mento da personalidade(1963).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

e você atuou sozinho. Provavelmente, foi necessário algum tempo e algunstestes com as peças foram realizados antes de encaixar a correta. É o quechamamos de ensaio e erro, ou seja, é uma forma de aprender através detentativas. Isto acontece quando uma pessoa não tem alguém para orientá-la,então ela tenta fazer algo (ensaio), e se não dá certo (erro), tenta novamente.Quando encontra a forma correta, dificilmente erra numa segunda vez aque-la etapa. Agora imagine que, se esse tipo de procedimento sempre aconteces-se, a humanidade levaria muito mais tempo para evoluir, pois o processo deensino e aprendizagem seria muito lento.

Agora procure se lembrar de uma situação parecida, mas quevocê viu algo acontecendo e, em seguida, você foi lá e fez igual,obtendo um acerto. Pode ser o exemplo anterior, você vê alguémmontando o quebra-cabeça e depois repete a ação com uma facilida-de muito maior. Pois é, estamos falando da aprendizagem por obser-vação, e é neste aspecto que Bandura se aprofunda em sua teoria.

Bandura nos mostra que a aprendizagem por observação facilita e pos-sibilita o desenvolvimento de mecanismos cognitivos complexos e padrõesde comportamento social. Devemos inclusive, caro aluno, observar que muitasdas coisas que aprendemos, só aprendemos por observação. Será possível?As expressões da face nós aprendemos por observação. Isto é curioso: jáconheci pessoas que foram adotadas e eu só soube porque elas conta-ram, pois se dependesse de mim, nunca descobriria tamanha a semelhan-ça com os seus pais adotivos. É que eles aprenderam, sem perceber, a

executar as mesmas expressões faciais e os mesmos ges-tos com o corpo e, cá pra nós, nunca ouvi falar no ensinodas expressões faciais em sala de aula, tirando, é claro, asaulas de teatro. Mas aí não conta, já que não são expres-sões particulares de um grupo familiar, que é o queestamos discutindo.

Bandura entendeu que grande parte do queaprendemos é impulsionado pela observação de ummodelo. Aliás, por observação podemos aprenderaté o que não queremos ou achamos feio. Um exem-

plo é falar palavrão num momento de raiva. Mesmo não sendo umapalavra do vocabulário de muitas pessoas, poucas resistem citá-loem momentos raivosos. Isto não é ensinado, mas é aprendido. Como?Pela observação de modelos.

Cognitivos complexos

Ações cognitivas queenvolvem o raciocínio,a memória, a previsão(se for por estecominho chegarei maisrápido), entre outros.Por exemplo: se for poreste caminho chegareimais rápido .

Modelo

É a pessoa que desper-ta a atenção de outrocom os seus comporta-mentos. Esta atençãoserá maior se a pessoafaz algo que você querou que é recompensa-do de alguma formapelos demais.

(Foto: Arlan Clécio).

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Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social

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ATIVIDADES

Como primeira atividade desta aula, você, caro aluno, deverá apren-der algo pela observação. Busque um modelo que está fazendo algoe observo. Depois escreva em um papel os passos dessa atividade eo que você foi entendendo. Por último, realize a tarefa observada econfira o resultado. Tente algo não muito complexo. Boa sorte!

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Esta primeira atividade pede a você, caro aluno, que vivencie,de forma consciente, a aprendizagem por observação, Aoescolher um modelo de observação você leva em consideraçãoque aspectos motivacionais existem nele. Pode ser alguém porquem tenha admiração, alguém que tem reconhecimentoperante os outros, ou é alguém que detém um conhecimentoque lhe interessa. Foi sugerido que se escolhesse uma atividadenão muito complexa, pois, num processo de aprendizagem adificuldade das informações absorvidas deve ser gradativa, paragarantir um melhor entendimento e rendimento da açãoexecutada. A solicitação para descrever e explicar as etapasobservadas serve para ajudar a refletir e criar conceitos sobrecomo e com que finalidade cada passo foi escolhido para aexecução da tarefa pelo modelo. Isto também ajuda a memorizartais conceitos e as ações, o que cria um conhecimento préviodo assunto e alguma experiência. Por último, vem a realizaçãoda atividade, que deverá ter apresentado uma menor dificuldadepor conta dos conhecimentos prévios adquiridos. Praticar aação diversas vezes melhora o desempenho.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

EFEITO INSTRUTOR

Há um efeito instrutor à medida que novas habilidadescognitivas são aprendidas, como no caso do quebra-cabeça.Aprendemos a resolver problemas observando o contexto.

EFEITO DE INIBIÇÃO OU DESINIBIÇÃODE COMPORTAMENTOS APRENDIDOS

Inibição: você pára de fazer algo que está fazendo ao ver que outrapessoa também está executando a mesma ação e é punida. Por exem-plo, você está atirando pedras numa mangueira na tentativa de pegaruma manga. Um amigo seu faz a mesma coisa. A mãe dele chega e dáa maior bronca, e no momento o seu comportamento de jogar pedrapára. Em outra oportunidade, você irá parar sempre que perceber aaproximação de um adulto. Obs.: isto é um exemplo, não significaque todos vão reagir da mesma forma.Desinibição: ocorre a manifestação de comportamentos queestão inibidos, como o comportamento agressivo, quando se ob-serva que haverá recompensas pelo ato. Em torcidas organiza-das, se um briga, todos brigam, e, desta forma, se demonstra acoesão grupal e se obtém o respeito dos demais membros.

EFEITO DE FACILITAÇÃO

Você passa a executar um comportamento que não estava inibidoa partir do momento que vê uma outra pessoa fazer. É muitocomum entre as pessoas. Você já deve ter percebido que em gru-pos de amigos as pessoas passam a desenvolver características,

Diversas pesquisas foram realizadas para testar os efeitos e apotencialidade desta forma de aprender. Bandura concluiu que exis-tem cinco efeitos que podem ser provocados pela aprendizagempor observação, é o que estudaremos a seguir.

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Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social

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comportamentos e ações semelhantes. Isto não acontece somenteem grupos. Um bom exemplo é quando você olha para cima aover alguém fazendo isto.

EFEITO DE INCREMENTO DE ESTÍMULO AMBIENTAL

Você utiliza, em suas ações, algo que vê outra pessoa fazendo e de-pois transporta para outras ocasiões. Por exemplo, um aluno estudaGeografia lendo e decorando. Então, ele observa que o colega dese-nha mapas para facilitar o estudo (ele não copia mapas, ele desenhasem se preocupar com a estética, e sim para ter uma melhorvisualização). Vendo os resultados do colega, ele também procededa mesma forma. Depois, ao estudar Matemática, ele passa a dese-nhar gráficos ou a criar desenhos que facilitem lembrar a teoria.

EFEITO DE ATIVAÇÃO DAS EMOÇÕES

Ao observarmos emoções nas outras pessoas, as nossas emoçõestambém podem ser iniciadas. Ao ver alguém próximo chorar, vocêpode surpreender-se ao perceber que seus olhos ficam úmidos,ou ainda, a sua reação pode ser de paralisação. Somos contamina-dos pela alegria do outro, ou ficamos alegres ou ficamos chatea-dos. Lembre-se de que estamos falando da observação de mode-los, que pode ser um amigo, parente ou até um desconhecido aofazer algo que chame a sua atenção, ou seja do seu interesse. Casoa pessoa que se emociona não caracterize um modelo para você,pode ser que a sua importância para o fato seja mínima. Comoassim? Veja bem o exemplo. Uma criança ri de felicidade ao ga-nhar uma bicicleta e você ri junto, mesmo não sendo o ganhadordo presente. Mas, se um assaltante ri ao contar como fez pararoubar a carteira de um senhor, você não ri. Neste caso, a criançaé reconhecida como modelo, e o ladrão não.

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Através de suas pesquisas, Bandura conseguiu demonstrarque a criança imita com maior facilidade comportamentos rela-tivamente mais simples e que estejam à altura de suas condiçõescognitivas, ou seja, uma criança que está aprendendo a andarnão vai pedalar uma bicicleta, por mais que ela veja alguém pe-dalando. Da mesma forma, um aluno da sexta série não vai re-solver questões que envolvem conceitos a serem ensinados naoitava série. Demonstrou também que a imitação do comporta-mento é mais freqüente quando se observa que um outro aluno,por exemplo, foi recompensado por um modelo atrativo no mo-

mento em que todos prestavam atenção no modelo.Isto pode ser visto da seguinte forma: um aluno fazperguntas e o professor que, nesse caso, é um mode-lo atrativo, elogia o ato de tirar dúvidas ou de parti-

cipar de forma ativa na aula, isto fará com que outros alunossofram um efeito desinibidor para o ato de questionar. Este éum momento oportuno, caro aluno, para lembrar que o papel deprofessor será sempre um modelo atrativo: que as suas atitudes,expressões, forma de pensar e de agir diante dos alunos, dentroou fora da sala, serão aprendidas por eles. Mesmo que não utili-zem, serão aprendidas. Dessa forma, devemos saber que tipo demodelo queremos ser para os nossos alunos.

ATIVIDADES

Responda: como as atitudes do professor podem influenciar os alu-nos? Cite exemplos.

(Fonte: http://br.geocities.com).

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5aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

As atitudes do professor podem influenciar de várias formas, jáque ele constitui um modelo significativo para o aluno. Se ele forum professor que tem empolgação em ensinar, os alunos apren-derão a ter empolgação em aprender. Demonstrando cordialida-de com os alunos, estes também aprenderão a ser cordiais. Casoseja um professor que grita em sala de aula, isto também seráaprendido, e é claro, poderá ser utilizado em vários contextos.

Pesquisando também sobre o comportamento dos adultos, Banduraentendeu que para a aprendizagem por observação ser eficiente, depen-de de processos realizados na memória, entre eles, a recodificação sim-bólica do que é visto nos modelos. Como assim? O aluno deve, primeira-mente, observar como se faz e, para promover a recodificação simbólica,deve criar imagens e verbalizar, ou explicar o que viu. Com isso, ele revêo processo em sua memória e encontra as suas explicações para o acon-tecido. Depois, ele reproduz a ação para obter o resultado. A partir darepetição, as explicações ficarão retidas, e a execução se tornará maisfácil, pois com a recodificação do que foi visto, ele poderá sempre encon-trar formas mais simples para resolver qualquer atividade com base noque já sabe. Desta forma, as pessoas não se transformam em robôs.

É importante observar que, nos processos de observação,verbalização e criação de imagem, existem outros processos que de-vem ser levados em conta. Veja o seguinte caso: o professor copia oconteúdo no quadro e dá a explicação. O aluno precisa utilizar a suavisão para ler o quadro, a audição para ouvir o professor, ao mesmotempo em que segura o caderno e com a outra mão anota o que leu eo que ouviu, isto é, são várias ações motoras associadas a processoscognitivos. Todas essas ações exigem a sua atenção e, se forem prati-cadas em grande quantidade, pode não sobrar espaço para que o alu-no realize, nesse momento, a tradução simbólica dos estímulos. Acon-tecendo desta forma, o aluno terá que entender grande parte do con-

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teúdo em casa, quando estiver estudando para a prova, e as dificul-dades serão maiores do que se tivesse feito isto no momento da aula,através das explicações do professor. Por este motivo, caro aluno, énecessário que o professor procure acompanhar mais de perto o de-sempenho dos alunos em sala de aula que, na maioria dos casos,estão em turmas grandes, o que dificulta esse tipo de atividade para oprofessor. Bandura nos chama a atenção para o fato de que o sistemaeducacional não explora com eficiência instrumentos visuais, o quetorna mais difícil o trabalho do professor com o tempo, pois este temque concorrer com a televisão e com outros elementos que estimu-lam a observação fora do contexto educativo.

A aprendizagem por observação atinge também conteúdos abs-tratos, como regras e conceitos. Aprendemos e desenvolvemos con-ceitos a partir do que estamos observando no contexto. As criançasaprendem as regras das brincadeiras vendo as outras brincarem.Desta forma, vamos criando conceitos e aprendendo outros de cu-nho social, certo e errado, por exemplo.

ATIVIDADES

Busque em sua memória exemplos de regras e conceitos que vocêaprendeu por meio da observação. Em seguida, explique como elesaconteceram.

O aluno precisa utilizar a sua visão para ler o quadro, aaudição para ouvir o professor, ao mesmo tempo emque segura o caderno e com a outra mão anota o que

leu e o que ouviu, isto é, são várias ações motorasassociadas a processos cognitivos.

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Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social

5aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Nesta questão, você deve ter resgatado de sua memória regrasque nunca foram explicadas de forma clara, mas que vocêaprendeu observando. Por exemplo, a forma como devemosagir em sala de aula é aprendida com a observação, dizem quedevemos nos comportar e prestar atenção às explicações doprofessor. Mas como é nos “comportar”? Chegamos e obser-vamos, vamos fazendo o que a maioria faz. Algumas regrasque aprendemos são inibidas na presença dos pais. Por exem-plo, em uma festinha de aniversário, se sua mãe está com você,ela diz que é para esperar que lhe sirvam o brigadeiro, masvocê sabe que a regra é “quem atacar primeiro, come mais”.Você vê os seus amigos, que estão sem as mães, se lambuza-rem enquanto espera o brigadeiro que nunca chega. A mesmacoisa quando se quer paquerar alguém: as regras não vêm noslivros, o jeito é ver como o amigo ou a amiga mais experientefaz. É claro que sempre devemos adaptar o conhecimentoobservado ao nosso contexto, para não reproduzir algo como

Concluímos, então, que a aprendizagem por observação tem um papel fundamental na vida das pessoas, dentro e fora

do contexto escolar, visto que em todos os lugares estaremos diante depessoas que podem nos servir de modelos. Devemos sempre estar aten-tos com as nossas atitudes para que possamos sermodelos que promovam a educação e a instru-ção, evitando atitudes agressivas e que favore-çam o desrespeito, lembrando sempre que o pro-fessor é um dos principais modelos na vida de uma pessoa, e o que elefaz de negativo pode ser copiado. Com estes cuidados, caro aluno, ecom a exploração de instrumentos que utilizem a observação, estare-mos melhorando diretamente os resultados dos estudantes.

CONCLUSÃO

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RESUMO

A Teoria da Aprendizagem Cognitiva Social foi desenvolvi-da por Albert Bandura, que estudou os processos de ensinoe aprendizagem e apontou a observação de modelos signifi-cativos como ponto determinante do ato de aprender. Des-cobriu que a observação provoca efeitos cognitivos e moto-

res que levam à construção ou à fixação de uma informação. Entreeles temos o efeito instrutor, efeito de inibição ou desinibição decomportamentos aprendidos, efeito de facilitação, efeito de incre-mento de estímulo ambiental e efeito de ativação das emoções.

REFERÊNCIAS

MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.RIVIÈRE, Angel. A teoria cognitiva social da aprendizagem: im-plicações educativas. In: Desenvolvimento psicológico e educa-

ção. Porto Alegre: Artemed, 1996.

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TEORIA DA APRENDIZAGEMVERBAL SIGNIFICATIVA

METMETMETMETMETAAAAAApresentar a Teoria daAprendizagem Verbal Significativaou de Ausubel e as suascontribuições ao processo deensino e aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:diferenciar a Teoria daAprendizagem Verbal Significativada Teoria Comportamental e dasque utilizam a descoberta; definiro conceito de aprendizagemsignificativa por recepção; econstruir um esquema de aula emque se possa utilizar aAprendizagem VerbalSignificativa.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre as teoriasda Aprendizagem: Papéis,Comportamental, Cumulativa eCognitiva Social.

66666aula

(Fonte: http://br.geocities.com).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ntre todas as formas de ensino, talvez o estudante con-corde que o ensino verbal é o mais comum. Ele é a base

do ensino tradicional e também alvo de muitas críticas, principal-mente no que diz respeito ao fato de transmitir um conteúdo pron-

to e acabado para o aluno, reforçando a idéiade que o professor é o dono do conhecimento,e o aprendiz, um ser passivo que tem comoúnica função receber a informação. Ausubel

foi defensor do ensino que usa a transmissão de conteúdo pormeio da verbalização e do material escrito, porém, ele nos mos-tra, por meio de sua Teoria da Aprendizagem Verbal Significati-va, que os problemas estão na forma como o ensino tradicionalutiliza o instrumento verbal e não no método. Ele nos mostra,também, caro aluno, que as sociedades foram construídas a par-tir deste modelo de instrução e que, por meio dele a nossa culturaé transmitida de forma mais eficiente.

EINTRODUÇÃO

David Ausubel e sua obra clássica, Psicologia educativa

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

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Olá! Estamos iniciando agora o estudo de maisuma teoria psicológica da aprendizagem que também se

utiliza dos processos cognitivos para explicar a ação de aprender. Re-presentando essa teoria, está o seu criador, David Ausubel, que, par-tindo de um grande incômodo com a forma pela qual se explicava oato de aprender, resolveu buscar outras soluções.

Ausubel criticava as explicações condutistasque buscavam entender e definir a aprendiza-gem por meio do estudo do comportamento ani-mal e através de análise simples de experimentos realizados em labo-ratórios. Um exemplo desta forma de pensamento são as te-orias comportamentais ou behavioristas. Ele também criti-cava as concepções teóricas presas quase que exclusivamen-te à aprendizagem por descoberta e que acreditavam ser asúnicas capazes de fazer frente ao condutismo, e que recebi-am, na época, o apoio de grandes teóricos da Psicologia, comoPiaget.

Diante desta situação, Ausubel formulou um conjun-to de conhecimentos que buscava favorecer a aprendiza-gem humana em sala de aula. Perceba, caro aluno, queestá enfatizado aqui “humano” e “sala de aula.” É que uma dassuas críticas é a determinação de conhecimentos humanos a par-tir de pesquisas em animais, e a sala de aula é, para ele, o palco doensino significativo, em que novos conhecimentos transmitidospelo educador serão acrescentados aos já existentes.

Observe, no quadro a seguir, as bases da teoria de Ausubel.

SIGNIFICATIVA

Charge de Jean Piaget (Fonte:http://www.ufrgs.br).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

CARACTERÍSTICAS

Podemos distinguir algo por meio da análise de suas caracterís-ticas. Apontaremos, a seguir as duas principais característicasda teoria de Ausubel que a tornaram tão bem aceita em diversaspartes do mundo.1. O caráter cognitivo em que ele destaca a integração de con-teúdos novos aos já existentes. Esses conteúdos já existentescompõem os conhecimentos prévios do aluno.2. O caráter aplicado da teoria, que se centra nos problemas enas formas de aprendizagem em um contexto social determina-do. No caso, é a sala de aula, e a linguagem é o sistema básico detransmissão de conhecimento.

ATIVIDADES

Você, caro aluno, aprendeu que Ausubel critica as fórmulas de apren-dizagem trazidas pelos teóricos comportamentais e pelos que valo-rizam a aprendizagem por descoberta. Com base nisto, ele desen-volveu uma teoria para funcionar em sala de aula, partindo do ver-bal. A partir da sua vivência como estudante, faça uma análise crí-tica do ensino verbal.

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

6aula

OS TIPOS DE APRENDIZAGEMPARA AUSUBEL

Em seus estudos, Ausubel concluiu que existem quatro classesde aprendizagem. Aprendizagem por recepção, por descoberta, apren-dizagem significativa e repetitiva. As duas primeiras dizem respeito àforma como o conteúdo chega ao aluno, e as duas últimas à formacomo as informações são assimiladas.

POR RECEPÇÃO

Nesse modelo, o aluno recebe, de forma pronta e acabada, oconteúdo que vai aprender. Ele não tem necessidade de realizarqualquer descoberta. A única ação que desenvolve é a compreen-são e a assimilação das informações em sua cognição para quepossa reproduzi-las sempre que solicitadas.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Nesta atividade, caro aluno, você deverá apresentar a sua opi-nião sobre o ensino verbal que fez parte da sua educação. To-dos sabem que este é o modelo mais comum de ensino e omais fácil de observar. Os comentários feitos aqui podem serdiversos. Você pode fazer uma crítica positiva se considerarque o ensino verbal foi suficiente para esclarecer e favorecer aaprendizagem, e poderá ser negativa caso você considere queeste modelo não motivava ou não era suficiente, seja pela for-ma como o professor fazia ou por motivos pessoais, como aimpaciência, sono, rotina entre outros. Lembre-se de que estessão modelos de críticas, mas não são os únicos.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

POR DESCOBERTA

Neste tipo de aprendizagem, o conteúdo a ser aprendido não étransmitido em sua forma integral, e o aluno deve descobrir os seuscomplementos. Após descobrir as partes que faltam, ele promove rela-ções que o levam a entender o conceito, e aí sim ocorre a assimilaçãodos conteúdos.

SIGNIFICATIVA

Na Aprendizagem Significativa, a informação é relacionada aosconhecimentos prévios do aluno de uma forma importante, substanci-al, sem ser ao pé da letra. Ou seja, caro aluno, ele transforma a infor-mação que recebe e lhe atribui um significado próprio. Isto não signifi-ca que os alunos não vão aprender o mesmo conteúdo, mas que vãoaprendê-lo de forma diferente. Alguns vão até perceber aspectos nãopercebidos por outros. Para entender melhor, é só pedir ao aluno paraexplicar no papel o que entendeu, e você verá que cada um explicaráde uma forma diferente o mesmo assunto, pois cada um atribuiu osseus próprios significados no momento de entender.

REPETITIVA

Esse modelo ocorre quando o aluno carece de conhecimentosprévios do assunto dado ou quando ele tem que assimilar o conteú-do ao pé da letra. Da forma que chega tem que ficar. É o que cha-mamos de conhecimento assimilado de forma arbitrária. Quando éassim, o aluno detém um conhecimento que não sabe para que ser-ve ou quando poderá utilizá-lo. Infelizmente encontramos isto comfreqüência nas matérias de cálculo. Na Física, por exemplo, muitosalunos não sabem para que serve resolver um bocado de exercícioem que um automóvel sai de um ponto ao outro. Quase ninguémexplica que ali está sendo trabalhada uma quantidade grande deconteúdos do cotidiano, e para completar, não escolhem exemplos

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

6aula

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para responder a esta questão, você deverá trazer umconhecimento que foi ensinado por recepção, ou seja, oprofessor passou o conteúdo de forma acabada, o quepermitiu realizar um processo de significação. Lembro-mede algo simples que aprendi na aula de português e que foimuito significativo. Era aula de verbo e o professor disse:“pôr e querer nunca tem z”. Achei fantástico. Não preci-sei ficar repetindo e nunca esqueci. Aquilo foi significati-vo para mim. Particularmente, sempre gostei de misturarcoisas, criar frases ou desenhos para relacionar com o co-nhecimento. Isto é, produzir um símbolo que se refere aalgo. Desta forma, sempre que vou escrever os verbos pôre querer em qualquer situação, sei que nunca devo usar o

ATIVIDADES

Busque, em sua memória, conhecimentos que foram adquiridospor recepção e que até hoje fazem parte deste seu acervo. Sele-cione, neste caso, o que foi significativo e comente a situação.

da realidade das pessoas. Por exemplo, qual a velocidade que omotorista do ônibus usou para percorrer a distância da sua cidadeaté o pólo da UAB em 25 minutos?

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Ausubel até reconhece a importância da aprendizagem por des-coberta, principalmente no período pré-escolar ou para entender osprimeiros conceitos de uma disciplina. Mas, no geral, a sua concep-ção é a de que a aprendizagem significativa por recepção é respon-sável por todo o acúmulo de cultura e conhecimentos de nossa so-ciedade, compondo, assim, a base de qualquer disciplina escolar.

Tomada desta perspectiva, a tarefa do docente consiste emprogramar, organizar e seqüenciar os conteúdos, de formaque o aluno possa realizar uma aprendizagem significativa,encaixando novos conhecimentos em sua estrutura cognitivaprévia e evitando, portanto, a aprendizagem memorística ourepetitiva (MADRUGA, 1996, p. 70).

Na medida em que o conhecimento válido é obtido por meioda aprendizagem significativa por recepção, Ausubel postula trêscondições para que a assimilação aconteça.1. O novo conteúdo deve ser potencialmente significativo. Comoassim, potencialmente significativo? Ele deve ser substancial, claroe não arbitrário para que se relacionem com as informações rele-vantes que o aluno já tem.2. O estudante precisa ter, em sua estrutura cognitiva, os conheci-

mentos prévios, ou informaçõesrelevantes, para que o novo con-teúdo seja associado.3. Deve-se ter uma postura ativadiante do ato de aprender, prin-cipalmente na atenção e na mo-tivação.

Perceba, caro aluno, que das trêscolocações, somente uma se refereaos novos conhecimentos e as ou-tras duas referem-se ao estudante.Fica clara a importância da interaçãotanto do aluno com o ambiente que

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

6aula

o estimula quanto das novas informações com as antigas que estão nasua cognição. O resultado desta interação é a assimilação.

Ausubel destaca três formas de se assimilar um conteúdo:subsunção ou subordinação, supra-ordenada e combinatória. Você,caro aluno, vai entender que esta classificação acompanha a idéiade que a estrutura cognitiva segue uma hierarquia a partir do “ní-vel de abstração, generalidade e abrangência das idéias ou concei-tos” (MADRUGA, 1996), que é um modelo seguido por todas asteorias que se fundamentam na cognição. Mas como funciona? Quala diferença? Vejamos no quadro de assimilação.

QUADRO DE ASSIMILAÇÃOSUBSUNÇÃO OU SUBORDINAÇÃO

Neste caso, a informação que chega se associa de forma subor-dinada ao conteúdo existente, ou seja, a idéia prévia tem uma im-portância maior que o novo conhecimento. Pode ser de dois tiposSubordinação derivativa: quando o novo conhecimento é deriva-do de um que você já tem, apresentando-se como um exemplo ouilustração deste. É o que acontece com o conceito de casa, mora-dia, que é aprendido e, por uma subordinação derivativa, aprende-se que este conceito pode ser representado pela figura de uma casa.A figura da casa foi aprendida pela derivação. Subordinação

correlativa: ocorre quando o novo conhecimento caracteriza umaqualidade ou continuidade, seja uma extensão ou elaboração de umconhecimento prévio. Por exemplo, você aprende que uma caneta éum tubo que solta tinta quando sua ponta é arrastada sobre umasuperfície como a do papel e, depois, por uma subordinaçãocorrelativa, aprende que, usando a caneta, pode-se escrever umnome, fazer um desenho ou escrever uma mensagem... Para Ausubel,a subordinação é a principal forma de aprendizagem significativa.

Hierarquia

Organização fundadasobre uma ordem deprioridade entre os ele-mentos de um conjun-to ou sobre relações desubordinação entre osmembros de um gru-po (HOUAISS, 2007).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

SUPRA-ORDENADA

Nesta forma de assimilação, ocorre o contrário da subordina-da, ou seja, caro aluno, o conteúdo relevante já existente se subme-te ao que chega. Isto acontece quando o estudante integra um co-nhecimento que já tem a um novo conceito, mais amplo. Quandoaprendemos um conceito mais complexo, é isso que acontece.Aprendemos a somar, a subtrair, a multiplicar e a dividir. Depois,novos conceitos com uma complexidade maior serão associados aestes, como funções, análise combinatória, geometria espacial, en-tre outros. Com todos serão utilizados conhecimentos já existentes,mas que terão uma expressão menor.

COMBINATÓRIA

Neste caso, a assimilação dos conteúdos não é feita como nasubordinada e na supra-ordenada. Pois há, aqui, uma associação donovo conteúdo de uma forma geral e não específica. Essa caracte-rística torna mais difícil compreendê-lo ou recordá-lo. Podemos ci-tar alguns conceitos, como subjetividade, consciência, vida e mor-te (não no aspecto orgânico, funcionar ou não funcionar), amor...São conceitos que não sabemos, de forma específica, a que outrosconhecimentos estão encaixados. Na verdade, encaixam-se de umaforma geral.

O resultado do processo de assimilação significativa é a mo-dificação da estrutura já existente. Isso permite, a cada aprendi-zado, que os conhecimentos prévios ou idéias relevantes se am-pliem, possibilitando a ancoragem de conceitos mais avança-dos. Os conhecimentos antigos servem de base sólida para asnovas idéias. Isto ajuda a explicar o porquê de ser tão difícilacabar com o preconceito. Teríamos que ter acesso aos conheci-mentos que estão na base da cognição da pessoa para saber qualdeles traz a idéia que serve de base sólida para o preconceito.

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

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Mudá-la significa mexer em toda a estrutura. Seria necessáriauma nova aprendizagem.

A DEFESA DE AUSUBEL

Para Ausubel, a forma errada de atuar diante dos alunos pro-porciona uma aprendizagem baseada na repetição e não significati-va. É o que ocorre na maioria das escolas tradicionais. Os professo-res também aprenderam desta forma a absorvem esta metodologia.Ao aprenderem desta forma, caro aluno, este conhecimento, quan-

OS ORGANIZADORES PRÉVIOS(INCLUSORES)

Você já deve ter percebido, caro aluno, a dimensão da impor-tância que é dada aos conhecimentos identificados como prévios.Ausubel chama este tipo de conhecimento de organizadores prévios,pois são os responsáveis pela organização de novos conhecimentose pela inclusão de novos assuntos na rede cognitiva do estudante.Por isso, são conhecidos também como inclusores, funcionando comouma ponte entre um conhecimento e outro.

Antes de falarmos de forma mais específica sobre osinclusores, achamos que é importante puxar uma breve discus-são. A situação é a seguinte: essa teoria prega a idéia de se pas-sar o conhecimento de forma pronta para o aluno, utilizando-se,principalmente, a aula expositiva ou o material escrito como aprincipal e mais eficiente forma de transmissão de conhecimen-to. Pense um pouco. Não é isto que acontece no ensino tradici-onal? Não é desta forma que estamos acostumados a assistir auma aula? Não é este método expositivo que é constantementecriticado? Pois é, mas Ausubel soube como defender a sua idéia.Veja de que maneira ele fez isto nos boxes intitulados “A defesade Ausubel” e “A explicação de Ausubel”.

David P. Ausubel

Psicólogo norte-ameri-cano (1918). Doutor emPsicologia pela Univer-sidade de Colúmbia eautor de Psicologiaeducativa: um ponto devista cognoscitivo(1968).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

A EXPLICAÇÃO DE AUSUBEL

Para que o procedimento seja feito da forma correta, é precisoestar atento a estas observações construídas por Ausubel, comonos mostra Madruga (1996, p. 73).1. Apresentação das idéias básicas unificadoras de uma disciplina,antes da apresentação dos conceitos mais periféricos.2. A observação e o cumprimento das limitações gerais sobre odesenvolvimento cognitivo dos sujeitos.3. A utilização de definições claras e precisas, e as explicitações dassimilitudes e diferenças entre conceitos relacionados.4. A exigência aos alunos, como critério de compreensão adequada, dareformulação dos novos conhecimentos com suas próprias palavras.

do assimilado, transforma o conteúdo existente e passa a ser umconteúdo de base para novos conhecimentos.

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

6aula

ATIVIDADES

A partir do que está escrito nos trechos “A Defesa de Ausubel” e “AExplicação de Ausubel”, construa uma estratégia de aula verbalque atenda às expectativas da Teoria da Aprendizagem Verbal Sig-nificativa.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Nesta atividade, você explicará como deve proceder paratransmitir um conteúdo utilizando, de maneira correta, aAprendizagem Verbal Significativa. Primeiro, é preciso saberse o novo conteúdo corresponde às condições de aprendizagemdos alunos. Isto pode ser feito com uma análise dos seusconhecimentos prévios. Caso os alunos tenham osconhecimentos necessários (para somar é preciso conhecer osnúmeros), inicie a aula apresentando conhecimentos maissimples ou básicos sobre o novo conteúdo ou que estejamrelacionado a ele. Mostrar que, através da soma, será possívelsaber com quantas bolinhas de gude você estará no fim do diase vencer as partidas, ou quantas moedas são necessárias juntarpara comprar um sorvete... Deve-se fazer isto de forma clara,sempre verificando se o aluno entendeu um conceito antes depassar para outro. Para verificar isto, pede-se que o alunoverbalize o conceito com suas próprias palavras ou o escreva.

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86

Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Seguindo estas normas, a aprendizagem por recepção significa-tiva ocorrerá de acordo com o que se espera.

São dois os tipos de organizadores prévios e dependem do co-nhecimento que o aluno tem acerca do que será ensinado.a) ORGANIZADORES EXPOSITIVOS: este tipo ocorre quandoo aluno não tem ou tem pouco conhecimento do que está sendoensinado. A função deste organizador é relacionar a nova idéia aoque já existe, buscando ligações.b) ORGANIZADORES COMPARATIVOS: este tipo ocorre quan-do o aluno já está familiarizado com as idéias apresentadas. Oorganizador terá a função de comparar e discriminar a nova idéia daantiga, buscando semelhanças e diferenças.

pesar da tradição da aula expositiva e das críticas relacionadas aesta, fica claro, neste estudo, que os maiores problemasestão concentrados na falta de conhecimento do profes-sor em relação aos processos necessários para que ocorra

uma aula no modelo verbal significativo para o aluno. Entende-mos, desta forma, que, por meio do domínio dosorganizadores prévios e com o respeito à capa-cidade cognitiva que o aluno tem naquele mo-

mento, poderemos utilizar esse importante instrumento de ensi-no sem repetirmos as falhas cometidas pelo ensino tradicional.Não podemos deixar de lado este modelo, já que a verbalizaçãoconstitui um dos principais meios de se promover a comunicaçãoe o entendimento.

ACONCLUSÃO

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Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa

6aula

RESUMO

A Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa apresenta aidéia de que o ensino, através da transmissão de conteúdosignificativo, é a melhor maneira de se garantir o aprendiza-

do. Para isto, o professor deve seguir uma série de procedimentos,entre os quais, oferecer ao estudante uma prévia do que vai serensinado. Estes seriam os organizadores prévios, que funcionamcomo inclusores (uma ponte) para os conhecimentos já existentes(conhecimentos prévios), promovendo, assim, a transformação des-ses. Para que isto funcione, é necessário que o professor selecione oque vai ser ensinado, pois só chamará a atenção do aluno o quefizer sentido, ou for significativo. Ausubel nos mostra, caro aluno,que devemos seguir uma seqüência lógica: não adianta tentar ensi-nar a multiplicar sem que entenda os princípios da soma. Sem isso,a multiplicação perde o sentido.

REFERÊNCIAS

MADRUGA, Juan A. García. Aprendizagem por descoberta frenteà aprendizagem por recepção: a teoria da aprendizagem verbal sig-nificativa. In: Desenvolvimento psicológico e educação. PortoAlegre: Artmed, 1996.

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A TEORIA DA APRENDIZAGEMDE VYGOTSKY

METMETMETMETMETAAAAAApresentar a teoriadesenvolvida por Vygotsky eos seus principais conceitos.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o alunodeverá:identificar os instrumentospsicológicos;utilizar a Mediação Social;definir interiorização; epromover a Zona deDesenvolvimento Próximo.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre teoriasda Aprendizagem: Papéis,Comportamental,Cumulativa, Cognitiva Sociale Verbal Significativa.

77777aula

Vygotsky ensinando, 1929 (Fonte: http://www.marxists.org). Vygotsky e sua filha, Gita Lvovna.

Vygotsky (1934).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Vygotsky é um dos principais estudiosos e contribuidores daárea da aprendizagem. Nos últimos tempos, suas fórmulas

para a Educação ganharam espaço e credibilidade. Este teóricodiscute a importância da cultura nos processos de desenvolvimen-

to e na produção de instrumentos de uso soci-al para garantir a aprendizagem. A sua princi-pal contribuição ocorre através de seu concei-to de Zona de Desenvolvimento Próximo

(ZDP), que representa a diferença entre as condições de apren-dizagem da criança quando estuda só e quando estuda acompa-nhada de outros colegas ou de adultos que fazem o papel detutor. Uma das informações mais importantes que Vygotsky nostraz, caro aluno, é que todo o nosso conhecimento é produzidoem sociedade ou sob influência desta e depois retorna a ela comoação. Teremos, nesta aula, a oportunidade de conhecer um gran-de nome da Psicologia russa que vem abrindo portas à compre-ensão da influência da cultura em nossa evolução, nosso desen-volvimento e na forma como aprendemos.

INTRODUÇÃO

Lev Vygotsky.

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7ygotsky nasceu na Rússia e lá desenvolveu a sua teoria que con-

tribuiu para a Psicologia da Aprendizagem. Atualmente, consi-derar que, no mundo ocidental, ainda estamos engatinhando na aplica-ção de seu método, apesar do interesse crescente por ele.

Este psicólogo, caro aluno, entendia que,desde o seu início como ciência e durante o seudesenvolvimento, a Psicologia se construiu poroposição. Surgia uma teoria que enfatizava osprocessos mentais e, em oposição, outra que enfatizava o compor-tamento. Uma enfatizava a ação, outra, a representação; uma a ra-zão, outra, a emoção. Ele acreditava, ainda, que a má integraçãodas idéias ficou na base das teorias da aprendizagem. A sua inten-ção era, diante disto, formular uma teoria com caráter nuclear, úni-co, para explicar como ocorrem os processos humanos.

O peso histórico e cultural tem grande influência nas explica-ções sobre o desenvolvimento e sobre a conduta humana. Na ver-dade, caro aluno, para Vygotsky, a cultura vai ter um papel funda-mental. Por exemplo, ele fala da memória natural e da memóriasimbólica. A primeira seria a condição de memorizar algo de for-ma simples, sem simbolismo. A sua caneta está na mesa e você selembra dela quando precisa. Da mesma forma, um rato se lembrade onde guardou o queijo. Já a memória simbólica é algo que só oshumanos têm, é quando você usa um símbolo para se lembrar dealgo, ou seja, relaciona uma coisa à outra.

Em Biologia, por exemplo, para lembrar o conteúdoclassificatório que envolve Reino, Filo, Classe, Ordem, Família eGênero, um professor ensinou a palavra “Reficofage”, Re-Fi-Co-Fa-Ge, que traz as iniciais das palavras demonstradas. Estapalavra ensinada pelo professor é um símbolo que representaas outras seis que, por sua vez, também são símbolos, pois es-tão representando algo e servem de porta para algum conheci-mento. Pois é, caro aluno, a língua e a linguagem são formadaspor símbolos. Na Matemática, podemos descrever algo falando,escrevendo palavras, escrevendo números ou fórmulas, símbolos.

A TEORIA

V

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

O QUE É O SÍMBOLO?

Para entendermos o símbolo, é preciso ir à origem, ao signo, erecorreremos às explicações de Dalgalarrondo (2000). Para ficar maisclaro, é preciso entender que existe uma ciência chamada Semiologiaou Semiótica, que estuda os signos, e que o signo é um tipo de sinal.E o que vem a ser um sinal? É qualquer estímulo produzido por umobjeto. Identificamos três tipos de signos dentro da relação significante

(algo que representa um conteúdo) e significado(conteúdo): 1 – o ícone, em que o

significante evoca o significado por teruma grande semelhança, como se oícone fosse uma cópia do objeto. Porexemplo, a fotografia de uma pes-soa seria um ícone para aquela de-terminada pessoa. 2 – indicadorou índice, em que o significante

aponta para o significado. Porexemplo, o sinal de nuvens car-

regadas no céu é um indicador deque vai chover, a fumaça é um indi-

cador de fogo. 3 – o símbolo, que funci-ona de uma forma diferente dos outros dois.

Neste caso, o símbolo não é semelhante nemaponta para o significado. Não existe nenhuma relação entre osignificado e o significante, é algo construído socialmente e re-produzido pela cultura. Por exemplo, a palavra “lápis”. Qual arelação desta palavra com o objeto composto por madeira egrafita que usamos para escrever? Nada. Fomos nós que concor-damos em chamá-lo assim. Desta forma, a palavra “lápis” é umsímbolo que significa aquele objeto descrito.

,

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93

A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7ATIVIDADES

Cite três exemplos que você identifica como ícone, três para indi-cador e três para símbolo.

Tudo isto é o resultado de construções humanas e doarmazenamento destes conhecimentos. Este acúmulo de conheci-mentos recebe o nome de Cultura e, como você já deve ter percebi-do, é construído historicamente dentro das relações sociais.

Para Vygostky, a atenção, a consciência (noção de estar vivo,por exemplo), a memória e as demais funções psicológicas, tais comoobservamos nos animais, nas crianças pequenas e no homem pri-mitivo, são conhecidas como Funções Psicológicas Naturais, têm

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Ao observar um ícone, você já identifica o conteúdo (significado),pois os dois são semelhantes. São exemplos: um desenho de umacasa para representar uma casa, o desenho do disquete no Worddo computador para representar o ato de gravar em disquete e odesenho de uma mulher em uma porta de banheiro, dando osignificado de que o banheiro é feminino.O indicador ou índice não se parece com o significado, mas apontapara ele. Como exemplo, temos a expressão de raiva, que indicaque a pessoa teve alguma chateação, a barriga roncando, que indicafome; e a presença do professor em sala, indicando a ocorrênciade atividades escolares.O símbolo, como já foi dito, não tem semelhanças e nem indica osignificado. É uma convenção, associamos algo a um significado.Temos como exemplos o sinal de + significando adição, as letrasformando palavras e a caveira significando perigo ou piratas.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

CARACTERÍSTICAS DAS FUNÇÕESPSICOLÓGICAS SUPERIORES

1. permitem superar o condicionamento do meio e possibilitama reversibilidade de estímulos e respostas de maneira indefinida;

2. supõem o uso de intermediários externos – que ele denomi-nará instrumentos psicológicos, entre eles, o signo;

3. implicam um processo de mediação, utilizando certas estraté-gias, ou por meio de determinados instrumentos psicológicosque, em lugar de ter como objetivo a modificação do meio físi-co, como os utensílios eficientes – o machado, a enxada ou aroda -, tratam de modificar a nós mesmos, alterando diretamen-te nossa mente e nosso funcionamento psíquico.

Agora, caro aluno, vamos às explicações das características. Emrelação à primeira característica, é necessário comentar que, paraVygotsky, o ser humano não é submetido a estímulos que controlam oseu comportamento. Pelo contrário, é ele quem controla o estímuloque irá provocar o seu próprio comportamento. Por exemplo, imagineque hoje é quarta-feira e que todo sábado você vai à feira para compraralgumas coisas. Porém, neste mesmo dia, você se comprometeu ementregar um livro a um amigo que mora no caminho da feira. Para não

Lev S. Vygotsky

Psicólogo socialistarusso (1896-1934). Es-pecializou-se em de-senvolvimento eaprendizagem e publi-cou Pensamento e lingua-gem (1934).

origem biológica (você já nasce com elas) e servem para garantir anossa sobrevivência. Já as Funções Psicológicas Superiores seriamresultado do desenvolvimento cultural e não do biológico. Nestecaso, a memória é provocada: você pode escolher o que vai guar-dar; a atenção é intencional: você pode escolher ao que vai daratenção, e assim por diante. Vamos entender melhor as FunçõesPsicológicas Superiores? Observe as características do pensamen-to de Vygotsky, de acordo com Rio (1996, p. 82).

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7se esquecer disto, uma estratégia é montada. Escreve-se um bilhete

para se lembrar do livro e coloca-se junto à sacola da feira. No sábado,o bilhete será o estímulo para você pegar o livro e levá-lo ao seu amigo.Desta forma, nós programamos o estímulo que inicia o nosso compor-tamento. É o mesmo que acontece quando se amarra um pedaço debarbante no dedo para se lembrar de algo. Você, caro aluno, deve teralguma estratégia para estas situações, ou até já utilizou as que foramdescritas. Observe que essas estratégias funcionam como uma memó-ria externa, algo simbólico que está fora da pessoa e tem a função delembrar. É uma memória social.

Na segunda característica, Vygotsky fala de instrumentos psico-

lógicos, ou seja, todos os instrumentos externos que as pessoas utili-zam para mediar um estímulo. O que vem a ser isto? É a capacidade dereorganizar e recolocar externamente as informações para que possautilizá-las sempre que quiser e não só quando o ambiente oferecer umaoportunidade. No exemplo da primeira característica, o bilhete era uminstrumento psicológico utilizado para reposicionar para outro dia ainformação de que o livro deveria ser emprestado. São exemplos des-tes instrumentos psicológicos na educação o lápis, o caderno, a borra-cha, a régua..., e todos os tipos de signos, os gráficos (letras), os fonéti-cos (sons), os gestuais (movimentos corporais).

Na terceira característica das Funções Psicológicas Superiores,Vygotsky nos mostra que, por meio da utilização de instrumentos psi-cológicos, ocorre uma mediação entre as informações do meio externocom o interno, provocando mudanças na forma de ver e atuar no mun-do, acontecendo aí uma interiorização. Quando mudamos algo inter-namente e, por conseqüência, mudamos a nossa atuação no mundo,temos um sinal de que aprendemos algo novo. A esse processo, pormeio de instrumentos psicológicos que promovem a interação do meioexterno com o interno, Vygotsky chamou Mediação Instrumental.

São recursos exter-nos à pessoa que sãoutilizados para facili-tar ou realizar o pro-cesso de aprendiza-gem ou uma tarefa.Por serem externos,são construídos soci-almente e desenvolvi-dos por nossa cultu-ra. Na Educação, en-contramos vários ins-trumentos psicológi-cos desenvolvidospara a instrução esco-lar. O caderno (memó-ria externa), a régua(sistema de medidaexterno), brinquedoseducativos, livros...

Instrumentos psicológicos

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Interferem e muito. Todos os recursos que nos são externos eservem para facilitar a interiorização de um conteúdo é um ins-trumento psicológico. Praticamente os utilizamos em tudo.- estudando: o livro, o caderno e o lápis;- com amigos: as palavras, os gestos e as expressões faciais.

A interiorização não deve ser entendida como a transfe-rência de atividades externas para um plano interno deconsciência, e sim como o processo de construção destaconsciência, da consciência de algo, um novo entendi-mento que modifica a sua visão de determinada coisa.

ATIVIDADES

Descreva de que forma os instrumentos psicológicos influenciamna sua aprendizagem e identifique três em cada um dos seguintescontextos:- quando você está estudando;- quando você está conversando com os amigos.

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7Mas para que isto aconteça, é necessário que ocorra o que foi

denominado de Mediação Social. E o que vem a ser isto?Não se preocupe, caro aluno, este é mais fácil de entender. A

Mediação Social nada mais é que a Mediação Instrumental ocor-rendo de forma interpessoal. Para isto acontecer, é necessário queocorram atividades práticas e instrumentais em um contexto deinteração grupal ou social.

GRUPAL E SOCIAL

O grupo sempre tem um caráter social, mas é constituídopor um determinado número de elementos que, além do interes-se em comum, desenvolvem uma ligação mais próxima com osmesmos objetivos. O social, por si só, é composto por inúmerosgrupos ou por indivíduos próximos. Em uma sala de aula, encon-tramos os dois contextos. Os alunos têm o mesmo interesse, masnem todos interagem entre si. É um meio social. Quando é ne-cessário, juntam-se em pequenos grupos para realizar uma tarefaou para conversar e se divertir.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Descreva uma situação em que você e outros alunos tenham utili-zado a Mediação Social.

Um bom exemplo é a relação que a criança tem com algummembro da família, com um adulto. Este, entre outras coisas,estimula a criança promovendo a comunicação e a representa-ção simbólica a partir das ações que a criança realiza espontane-amente. Assim, quando uma criança quer um objeto que estáfora de seu alcance, faz um gesto para que o adulto pegue. Elapercebe que sempre que utiliza aquele gesto o adulto o pega oque ela quer. Simbolicamente, o gesto passa a representar “que-ro aquilo”. Para Vygotsky, a inteligência prática vai depender dainteração com os outros. No exemplo acima, identificamos o ins-trumento psicológico (gesto da criança) e a Mediação Social(interação criança-adulto).

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A Mediação Social é a utilização de instrumentos psicológicosentre pessoas. Uma situação é possível quando se estáconversando. Neste caso, utilizamos gestos, sons, palavras...Caso a conversa seja sobre Matemática, ainda poderão serutilizados, o papel, o lápis, os números, a régua...

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7REVENDO

O desenvolvimento das Funções Psicológicas Superioressó acontece por meio da Mediação Social, que é a utilização deinstrumentos psicológicos por duas ou mais pessoas num pro-cesso de interação. Com isto, cria-se um sistema externo e soci-al de memória, atenção, comunicação, consciência etc., que, aoser dominada, passa a ser interiorizada, modificando, assim, osconteúdos já existentes na cognição da pessoa e, por conseqü-ência, a forma de ver e agir no mundo.

A presença e a participação ativa do outro interferem direta-mente na aprendizagem. Vygotsky quer dizer, caro aluno, que eminteração aprendemos mais. Já passou por isto? Já entendeu melhoro assunto ao trocar informações com um colega? É neste contextoque surge um dos principais conceitos de Vygotsky, o de Zona deDesenvolvimento Próximo ou ZDP.

Nome grande para um conceito, não? Vamos entender o seu sig-nificado? A ZDP é a diferença entre a capacidade que a criança temde resolver algo sozinha (zona de desenvolvimento atual, ZDA) e acapacidade que tem de resolver com a ajuda de alguém. Neste caso,Vygotsky nos mostra que, em grupo, podemos atingir um nível maiorde aprendizado. A ZDP abrange atividadesque a criança só conseguirá realizar com oauxílio de alguém, que pode ser o professor,os pais ou colegas que já sabem como a ta-refa pode ser realizada. É importante frisarque a participação do auxiliar não deve ocor-rer de forma direta, a resposta deve ser dadapelo estudante.

Explorar a ZDP em sala de aula é mui-to fácil. Você, caro aluno, já participou deaulas do tipo gincana? O professor divide aturma em grupos e passa as atividades que (Fonte: http://thebrain.mcgill.ca).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

serão respondidas em conjunto. Todos se divertem e potencializamas condições de aprender. Mesmo que não seja com gincanas, os tra-balhos em grupo realizados em sala de aula, por meio da supervisãodo professor, tendem a gerar resultados fabulosos. O aluno gosta deacertar e de aprender. Pena que o ensino tradicional não valorizemuito esse método. Existem até algumas escolas que desenvolvemprogramas em que o aluno com maior agilidade no aprendizado aju-

da outro mais devagar. Ex-perimente utilizar esta es-tratégia e observe que, namaioria das vezes, o alu-

no se sente mais à von-tade em tirar dúvidascom o colega do que

com o professor. Alémdisso, o aluno quetira as dúvidas dosoutros passa a termais interesse pela

matéria. A motiva-ção de ambos aumen-

ta. Leia o seguinte caso.

Numa determinada escola, um professor estava muito chateadocom uma de suas turmas diante do comportamento que ela vinhaapresentando. A sua atitude foi a seguinte: num determinado dia emque havia duas aulas seguidas, ele declarou que passaria um exercí-cio para ser resolvido durante o tempo das aulas, e quem não conse-guisse resolvê-lo perderia meio ponto. O detalhe é que ele não entre-gou uma apostila com as perguntas, como é de costume, mas copiou,uma a uma, as trinta questões no quadro, gastando praticamente otempo de uma aula. Entendeu, caro aluno? A proposta não era ga-nhar, mas evitar perder. E na prática, das duas aulas que o professordisse que os alunos teriam só restara uma, o que proporcionava dois

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7minutos para cada questão. Ficou claro que a intenção do professor

era tirar ponto dos alunos. Porém, algo o surpreendeu. Cerca de dezminutos após ele ter terminado de copiar as questões, uma alunaentregou o exercício com as respostas corretas. O professor a parabe-nizou, sem esconder sua admiração. O segredo é que aquela era umamatéria que a aluna adorava, e ela foi colocando a resposta à medidaque copiava o enunciado, precisando apenas de dez minutos paraconferir no livro as respostas mais complexas. No entanto, o maisinteressante vem a seguir. Os outros alunos, ao entenderem que iamperder meio ponto, e que a colega teve sucesso reconhecido, solicita-ram a sua ajuda, perguntando como deviam responder. Não, caroaluno, não foi no velho esquema da cola. As perguntas eram feitasdiretamente na frente do professor, e ela respondia como eles deveri-am procurar. Quando achavam uma possível res-posta, descreviam os fatos e ela dava o seu pon-to de vista, sem dar a resposta, pois o professorestava ali prestando atenção em tudo. O resulta-do é que toda a sala conseguiuresolver o exercício, e quem

Esta ilustração resume aidéia de Vygotsky. Foramutilizadas as duas formasde mediação, além da in-teriorização da respostapor meio da elaboraçãosimbólica que cada alunoconseguia ao discutir e re-transmitir as informaçõesadquiridas. Tudo istopossibilitou o trabalhona ZDP, aumentando acapacidade de resoluçãode uma tarefa.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Desenvolva uma atividade em que o aluno possa trabalhar desen-volvendo a ZDP.

aprendia ajudava o outro. O que era para ser um castigo virou apren-dizado. O professor, ao entender o caminho que as coisas estavamtomando, não proibiu a ajuda, pois o conteúdo da sua disciplinaestava sendo compreendido de uma forma mais clara e dinâmica.Ao final de tudo, além de ninguém perder nada, a aluna que iniciouo processo ganhou meio ponto.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A atividade em grupo é uma boa prática para poder trabalhar aZDP. Após passar o conteúdo, pede-se aos alunos paraformarem grupos que deverão discutir as partes teóricas eresolver as questões. Desta forma, irão utilizar as MediaçõesInstrumentais, Sociais e a Interiorização. Com isto, acapacidade de aprender aumentará, pois as idéias de umprovocarão a reflexão do outro, concordando ou discordando,explorando o máximo de possibilidades até que se chegue aum senso comum.

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A teoria da aprendizagem de Vygotsky

aula7

RESUMO

A teoria de Vygotsky nos traz como principal contribuição a idéiade que, em grupo, o aprendizado é potencializado. Ele nos mos-tra que toda a cultura produzida e aprendida só é possível diantedas interações sociais. Para isto, ele se utiliza de estudos que en-

volvem a cognição humana em comparação com a dos animais, es-clarecendo que a nossa evolução ocorreu a partir da condição desimbolizar e, por conta disto, produzir Mediadores Instrumentais eSociais, que, ao serem interiorizados, modificam a forma de ver eatuar no mundo. Os mediadores e a interiorização formam a base doque ele chamou de Zona de Desenvolvimento Próximo, diferençaentre o que se pode realizar sozinho e o que só se pode realizar coma ajuda do outro. Devemos lembrar que vivemos em sociedade e,desta forma, a melhor maneira de se aprender é em grupo.

Desta forma, caro aluno, podemos concluir, a partir do quefoi estudado nesta aula, que a atividade social e a produção

simbólica são indispensáveis na constituição da Educação e na açãode aprender. Não podemos deixar de lado as atividades que proporcio-nam a interação e a troca de conhecimentos entreos alunos, garantindo assim a motivação e a coo-peração para aprender e não se esquecendo nun-ca da boa supervisão do professor.

CONCLUSÃO

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Amélia; RÍO, Pablo Del. Educação e desenvolvimento: ateoria de Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Próximo. In: De-

senvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos

transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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APRENDIZAGEMSEGUNDO PIAGET

METMETMETMETMETAAAAAApresentar a teoria de Piagetaplicada à aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o alunodeverá:definir com suas própriaspalavras o interacionismo;desenvolver atividades com ofoco construtivista; apontaras diferenças entreassimilação e acomodação; éreconhecer as possibilidadescognitivas em cada estágiodo desenvolvimento segundoPiaget.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre teoriasda Aprendizagem: Papéis,Comportamental, Cumulativa,Cognitiva Social, VerbalSignificativa e a de Vygotsky.

88888aula

Diversos momentos de Piaget (Fonte: http://www.ufrgs.br).

Capa da 1ª edição de A linguagem eo pensamento na criança (1923).

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106

Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Dentre os teóricos que se aplicaram aos estudos da Psicolo-gia da Aprendizagem, Piaget talvez seja um dos mais in-

fluentes. A sua formação inicial foi em Biologia, o que lhe permitiucontribuir com uma visão orgânica da aprendizagem, além dos as-

pectos sociais e psicológicos que ele enfoca.Com base no conteúdo desta aula, caro aluno,você vai entender como o desenvolvimento doorganismo e a interação com o meio ambiente

influenciam nos processos de aprendizagem, que não basta ter oseu cérebro em perfeito funcionamento (estrutura biológica), se nãoexistem estímulos do ambiente para o aprendizado e vice-versa.Além disso, você compreenderá como estas conclusões influencia-ram o surgimento de um movimento na Educação chamadoConstrutivismo, que é apontado, por muitos, como modelo parasubstituir o ensino tradicional. Entre os principais conceitos estãoo de equilibração e as fases de desenvolvimento sensório-motor,pré-operacional, operações concretas e operações formais.

INTRODUÇÃO

Page 107: Introdu--o a Pisicologia Da Aprendizagem

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Aprendizagem segundo Piaget

8aula

Olá, caro aluno! Vamos conhecer agora uma das princi-pais teorias do desenvolvimento humano, pois ela en-

volve o organismo humano e o meio ambiente no processo deaprendizagem.

Inicialmente, vamos saber um poucosobre a vida de Jean Piaget e como ele de-senvolveu a sua teoria. Nascido na Suíça,em 1896, na cidade de Neuchatel, sua pri-meira formação foi na área da Biologia, que era o seu interessedesde a infância. Adentrou nos estudos da Psicologia com o obje-tivo de estudar questões epistemológicas e entender mais sobre oconhecimento e o conhecer. Ele queria saber como esse fenôme-no ocorria, o que era o conhecimento e o que de fato conhecía-mos, como os objetos e os sujeitos contribuíam para o conhecer.É importante ressaltar que os conhecimentos em Biologia foramde grande importância para essa teoria, além de exercer uma gran-de influência nos conceitos formulados.

Com toda a influência biológica, orgânica, Piaget desenvolveu aPsicologia Genética ou Psicogenética na década de 1920, com a finali-dade de estudar a evolução do conhecimento e como este transita deum estado menor para um maior. Piaget afirmou que qualquer questãopsicológica ou epistemológica deveria ser observada por meio da gené-tica, pois, de acordo com seus estudos em Biologia, para haver umaevolução na aquisição de conhecimento, antes é necessário ocorreruma evolução no organismo que aprende, uma evolução cognitiva.

A proposta de colocar a aprendizagem como dependente de umdesenvolvimento orgânico foi um desafio. Apesar de ter desenvolvi-do a base de sua teoria no início do século XX, foi na década de 1960que as suas propostas ganharam espaço nos Estados Unidos. Na épo-ca, prevalecia a idéia de que o ambiente era o principal responsávelpelo processo de aprender, e as crianças eram vistas como receptorasdos estímulos ao redor. Piaget dizia que, na visão ambiental, a apren-dizagem dependia de tarefas ou situações particulares, ou seja, se oprofessor ensinasse, o aluno aprenderia, e pouca importância era dada

TEORIA DE PIAGET

Jean Piaget

Psicólogo e epistemó-logo suíço (1886/1980).Foi diretor do InstitutoJean Jacques Rousseau(1923) e publicou O Nas-cimento da Inteligência naCriança (1939) e Introdu-ção à Epistemologia Gené-tica (1950).

Page 108: Introdu--o a Pisicologia Da Aprendizagem

108

Introdução à Psicologia da Aprendizagem

à maturação orgânica e às questões hereditárias. Um fato curioso éque os principais experimentos e observações realizados para funda-mentar sua teoria foram com seus próprios filhos.

O ORGANISMO E O AMBIENTE

Piaget é o que podemos chamar de interacionista. Ele acredita-va que a evolução e o desenvolvimento somente seriam possíveiscom a união das mudanças no organismo somadas a exposições noambiente. Por exemplo, vamos tomar aqui a permanência do objetopara crianças pequenas. Quando a criança é muito pequena, ela nãosabe que os objetos existem quando estão fora da visão dela. Sevocê apresentar uma mamadeira, ela vê e quer pegar, mas se vocêesconder a mamadeira, ela busca outro objeto com os olhos. Aocrescer mais um pouco, ela desenvolve a capacidade de entenderque o objeto continua existindo mesmo quando não está no seucampo de visão. Esta capacidade de permanência do objeto só épossível porque o seu sistema neurológico se desenvolveu e agorapermite esta compreensão. Sem isto (parte orgânica), a permanên-cia nunca seria possível; porém, só o sistema neurológico não ésuficiente, é preciso haver o estímulo ambiental. Da mesma formaque este conhecimento dependeu do desenvolvimento, outros co-nhecimentos dependerão de outras maturações.

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O CONSTRUTIVISMO

Para Piaget, o ser humano é ativo, curioso e criativo durantetoda sua vida, buscando sempre a interação com o meio além denovos desafios. Afirma ainda que, ao agir por conta própria, a cri-ança aprende explorando e descobrindo novos objetos, novos se-res, além de ter acesso a novas informações. A finalidade última doconhecimento seria a adaptação ao meio.

Piaget dava grande importância às transformações que as pessoasdão às informações que chegam pelos sentidos, visão, audição, tato,paladar e olfato, afirmando que é a interpretação dada ao que chegaque influencia no comportamento, e não o fato em si. Por isto, váriaspessoas podem ter entendimentos diferentes a partir do mesmo estí-mulo. O nosso mundo, caro aluno, seria o resultado da forma comomanipulamos os estímulos do meio e como entendemos o resultadodesta manipulação. Nós construímos! É como se a cada nova propostado ambiente reformulássemos o que conhecemos.

Sendo assim, Piaget acreditava na importância de estimular acriança a explorar o mundo. Para ele, a educação deveria ser feita deforma ativa, para que o aluno descobrisse como as coisas aconteci-am, pois isto favoreceria o desenvolvimento cognitivo. Além disso,caro aluno, ele criticava o ensino de habilidades específicas, do tipo“é assim que se faz”, que impediam a criança de criar seus própriosmétodos de aprendizagem.

ENSINO DE HABILIDADES ESPECÍFICAS

Ao tratar do ensino de habilidades específicas, Piaget está falandodo método de ensino que explica como fazer algo, como proceder noscontextos. É assim que se deve saltar para sacar uma bola, é dessaforma que se deve fazer um arremesso, é desse jeito que se segura olápis, é desta maneira que se estuda... A criança recebe as informa-ções prontas e tem pouca ou nenhuma liberdade para descobrir amelhor forma de fazer algo, sendo, inclusive, punida quando o tenta.

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ATIVIDADES

Gostaria agora de propor uma experiência a você, caro aluno, parasaber se foi ou não contaminado pelo ensino de habilidades espe-cíficas. Tudo bem que elas ajudam a resolver questões, mas emtroca perde-se a criatividade. Para esta atividade será necessárioque você tenha pelo menos duas folhas de papel branco, lápisgrafite e lápis para colorir (de madeira, giz de cera ou canetinhahidrocor).

a) Faça um desenho livre;b) Desenhe cinco árvores e pinte cada uma delas.

(Foto: Arlan Clécio).

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O aluno que não é estimulado desde pequeno a buscar cresce acos-tumado a receber e, com o tempo, vai perdendo a iniciativa de exploraro ambiente e a capacidade de aprender sozinho, ficando mais relaxado.Um dos grandes reflexos disso é a dificuldade que temos de ler. É maisfácil sentar em frente de uma televisão do que ler um livro. A falta decostume faz com que cansemos logo, ou até tenhamos dificuldades deentender textos. A nossa criatividade fica prejudicada e a nossa me-mória não é devidamente utilizada. Agora, caro aluno, quando nosensinam a buscar soluções, a nossa cognição trabalha com mais von-tade, sentimos menos dificuldades em realizar os processos e refor-çamos nossa postura ativa na vida, e não só em sala de aula.

O maior problema é que esse processo se inicia quando ainda somos

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Esta atividade tem como finalidade promover uma reflexão. Aidéia é perceber o quanto é difícil ser criativo e nem percebemosisto. Para muitos, é difícil desenhar árvores diferentes ou fazerum desenho livre com facilidade, sem que seja o mesmodesenho de sempre. Isto também é reflexo de um ensinoconstruído pelo professor e passado de forma integral, semque o aluno participe ativamente da construção do assunto.As conseqüências vão desde a acomodação do aluno diantedo processo de aprendizagem não no sentido que Piagetemprega, até a apresentação de maiores dificuldades narealização de atividades que pedem uma postura mais ativa doaluno. Observamos isto com muita freqüência no ensinosuperior. Os alunos que chegam à universidade levam umtempo para se adaptar, pois agora terão que ser ativos no estudo,na localização das salas, na busca de conteúdos na biblioteca.No ensino a distância, ocorre o mesmo. Se você, caro aluno,ainda está no esquema de receber tudo pronto, ou de só estudarquando tem alguém pegando no seu pé, é porque ainda nãoconseguiu se livrar desta tradição da Educação brasileira.

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pequenos demais e nos acostumamos com essa forma de ser sem nos darconta dos futuros problemas que teremos. Será que foi fácil fazer o dese-nho livre? Será que você pensou, pensou e terminou desenhando a mes-ma coisa que desenha desde que era pequeno? Uma casinha, um

cercadinho com umas vaquinhas,umas árvores ou uma flor? Alguémdeve ter desenhado um sol... E as ár-vores? Será que foram todas iguais?Alguns devem ter desenhado coquei-ros para diferenciar... Temos quase cer-teza que todas têm o tronco marrome as folhas verdes. Será que dá paradesenhar cinco árvores diferentes semque se peça isto? Esperamos quevocê, caro aluno, tenha passado noteste, fugindo dessa repetição, sendocriativo. A questão é que, quando so-

mos pequenos e a professora pede um desenho, ela diz o que quer: “dese-nhem uma flor para a tia...”, e os alunos desenham. Se alguém desenha aflor com o talo cinza, a professora diz que o talo é verde; se desenha aspétalas cada uma de uma cor, a professora ensina que não é assim; se aárvore está em cima da casa, é sinal de que esta criança tem problemas...somos condicionados a fazer desta ou daquela forma, porque é certo ouerrado e, muitas vezes, paramos de criar.

ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO

Desde pequeno, o homem faz leituras sensoriais do ambiente.Essas leituras são simples, e o resultado delas são os esquemas, regis-tros simples que permitem a criança reconhecer o meio onde vive.Esses esquemas possibilitam à criança reconher eventos já vivenciadosno passado, quando eles se repetem. São estruturas iniciais de orga-nização. Após os dois anos de idade, Piaget acredita que as estrutu-ras cognitivas da criança estão organizadas de forma hierárquica e já

(Foto: Arlan Clécio).

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permitem o acúmulo de conceitos em categorias, tais como cachorro egato são peludos, meninos e meninas são seres humanos. A partir daí, Piagetexplica a aprendizagem por meio de dois processos: a assimilação ea acomodação.

Assimilação: é o esforço que temos para fazer com que os even-tos existentes se adaptem ao nosso organismo. Compreendemos osnovos conceitos, comparando-os com os que já temos na nossa es-trutura. Por exemplo, temos, em nossa estrutura, um conceito paraaves: são pequenas, tem penas, voam, tem bico e botam ovo. Ao veruma águia pela primeira vez, a criança compara com as informaçõesque tem e conclui que se trata de uma ave. Foi um processo deassimilação. Mas a criança pode ver um avestruz e achar estranho otamanho dessa ave, além de ela não voar. Com isto, a criança ficasem saber se classifica como ave ou não, entra em desequilíbrio.

Acomodação: quando surge uma situação em que a assimilaçãonão pode ser feita, ocorre o seu complemento, que é a acomodação.Neste caso, ocorre uma adaptação nos conceitosexistentes para que se possa assimilar o novo con-teúdo. O que acontece é que a criança termi-nará por criar uma subcategoria. No casodas aves, irá classificá-las como as que voame as que não voam. A acomodação sempreacontece quando as informações que vêm doambiente não correspondem às informaçõescognitivas já existentes. Com isso, o equilí-brio cognitivo é restabelecido. Todas as ve-zes que ocorre um desequilíbrio cognitivo,os processos de assimilação e acomoda-ção passam a funcionar. Esses proces-sos ocorrem durante toda a nossa vida,estamos sempre em processo dedesequilíbrio cognitivo em busca deequilíbrio. Esse fenômeno é conhecidocomo equilibração.

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ATIVIDADES

Diferencie assimilação e acomodação e dê exemplos que evi-denciem esses processos em sua vida nos dias de hoje.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Caro aluno, Piaget descreve dois processos para que aaprendizagem ocorra: a assimilação e a acomodação. Comovimos, a assimilação é um processo em que o conteúdo ouestímulos do meio são adaptados à estrutura já existente nosujeito que aprende, no nosso caso, o aluno. Neste caso, oconteúdo que chega pelo sistema sensorial é identificado,conferido e associado aos conteúdos existentes que trazem asmesmas características. É como se você tivesse uma gaveta sópara meias e sempre que ganhasse ou comprasse uma novameia, a inserisse nesta gaveta .Vamos ver um exemplo? A partir do conceito de alimento:vamos supor que eu possa ter aprendido que alimento é todasubstância que só posso comer após cozinhá-lo, seja de origemvegetal ou animal, ou ainda, industrializada. Assim, assimilarei,nessa categoria, todas as substâncias cozidas comestíveis queainda não conheço, mas que me sejam apresentadas. Caso sejaapresentada uma substância que se come crua, terei umaconfusão de idéias, já que aprendi que alimento só se comecozido. As informações que tenho entram em conflito com asnovas e, para manter o equilíbrio cognitivo, terei que refazeros conceitos que tenho sobre alimento, incluindo aí os que secomem crus. Neste caso, temos a acomodação.

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ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO

Caro aluno, é importante que observemos como evolui o sistemacognitivo da criança para entendermos de que forma a aprendizagemocorre. Piaget dividiu o desenvolvimento em estágios, como você po-derá constatar a partir do conteúdo que iremos apresentar. Cada está-gio alcançado possibilita novas formas de ver o mundo. Vamos lá?

O PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR

Essa fase vai do nascimen-to até aproximadamente osdois anos de vida. Nesse perí-odo, a criança inicia o seuaprendizado, ela ainda não temcondições de entender o mun-do como nós o fazemos, atra-vés de conceitos e lembranças.Ela inicia, nos primeiros seismeses, com os esquemas.

Como já foi dito, os esquemas são a base das futuras estruturas. Tudocomeça com os reflexos de choro, de sucção, de orientação parasons no ambiente. Logo ela passa a realizar as chamadas rea-ções circulares primárias e começa a repetir ações que já fezno passado como reflexo, mas que agora é proposital. Porexemplo, ficar passando a mão na boca quando sente fome.

A partir dos seis meses, começam a ocorrer as reaçõescirculares secundárias, ou seja, repetem ações que levama produzir efeitos visuais ou auditivos no ambiente quechamaram a sua atenção. Se antes ela olhava para ochocalho quando alguém balançava, agora ela querbalançar o chocalho. O interesse agora é pelo efei-to de suas ações no ambiente. Ao final do primeiroano, já conseguem dominar uma quantidade maior

(Fonte: http://upload.wikimedia.org).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

de esquemas e, assim, movimentam-se em direção doobjeto desejado, inclusive retirando obstáculos do ca-minho ao invés de pegarem o primeiro que estiver em

sua frente. Logo após o primeiro ano, elas desen-volverão as reações circulares terciárias e, por meio

disso, variam as ações que produzem no meio, fu-gindo da repetição. Continuam observando o efeitoprovocado no meio. Fica claro, nessa fase, que a cri-ança passa a ter curiosidade e busca entender as pro-priedades dos objetos. Então, ela aperta a bola e sen-

te, arremessa a bola e escuta o som dela batendo naparede. Essa fase termina quando a criança desenvolvea capacidade de criar imagens mentais que podem ajudá-

la a resolver alguns problemas, como, por exem-plo, quando ela olha para a cadeira, olha para a

mesa e arrasta a cadeira para subir e pegar algo deseu interesse que está sobre a mesa. Ela criou uma imagem

em que seria possível alcançar algo usando a cadeira.É importante observarmos que muitos pais interferem de forma

negativa nessa fase ao punirem suas crianças pelo que denominam deteimosia. A criança aprende pelas sensações que chegam do ambiente epelas sensações provocadas pelo seu movimento, por isso chama-se sen-sório-motor. Quando uma criança bate com uma colher no mingau eespalha tudo, ou joga a colher melada no chão, algumas mães dão umtapinha e brigam com ela como se a criança pudesse entender cada pala-vra dita pela mãe. Que ilusão! A criança não vai entender ações como: “-criança feia, sem educação”, logo acompanhada de um tapinha. Se elachora é porque a sensação não foi boa, lembra que uma das formas de lero mundo é pelo sistema sensorial? Não tem nada a ver com as palavras,e sim com a entonação. O mesmo acontece quando a criança apanha namão por pegar na tomada. É responsabilidade dos pais fechar a tomada,mas parece que é mais fácil que a criança crie esquemas negativos paradeterminados movimentos que faz. Ela vai aprendendo aos poucos,com o seu desenvolvimento, que nem sempre é bom explorar o meio.

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PRÉ-OPERACIONAL

Como foi dito, entre os 18 me-ses e 2 anos de idade, inicia-se atransição entre o sensório-motore o pré-operacional que segue atéos 6 anos. Surge, nesta fase a re-presentação mental. Os objetospassam a existir fora do alcancevisual da criança e podem ser re-

presentados por palavras, figuras mentais, sons, imagens e outros.Observe que é um salto muito grande em relação ao estágio anterior. Acriança, provida da capacidade de guardar imagens mentais, agora lem-brar e querer um objeto que não está no seu campo de visão há algumtempo. Você pode brincar com o seu filho pedindo para ele pegar o sapa-to, e ele vai. Surge também a representação não imediata, ou seja, umacriança vê outracriança fazendo birra na rua e dois dias depois elaestá reproduzindo aquele comportamento em casa.

Devemos observar, caro aluno, que é neste estágio que a criançaaprende a dominar o símbolo. Ela agora representa algum conteúdo compalavras ou objetos. Observamos isso nas brincadeiras em que uma cai-xa de papel pode ser uma cama ou um carrinho. Piaget acreditava que acriança forma, primeiramente, a idéia mental do conceito e, depois, aassocia à palavra. Ele dizia que ensinar as palavras mais, menos, pou-co, muito e igual não ajudaria a criança a contar. Primeiro ela deveentender que as quantidades variam para depois estabelecer relaçãocom as palavras. Mais uma vez ele nos mostra a importância de dei-xar a criança manipular o ambiente e perceber o que acontece nele.

Nesse estágio, caro aluno, a criança ainda não apresenta todas ascapacidades de compreensão lógica. Isto se reflete em uma característicadessa idade que é o egocentrismo. É aquele momento em que a criançaquer tudo para ela, o brinquedo, a comida, seja o que for, mas não deve-mos entendê-la como egoísta. O que ocorre é que ela ainda não compre-ende que existem pontos de vista diferentes do dela. Para a criança, tudo

(Foto: Gerri Sherlock).

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é como ela está entendendo ou vendo. Nessa fase, se você apresentar auma criança apenas um dos lados de um objeto e perguntar como é ooutro lado dele, ela responderá que é tal qual o que ela está vendo(faz uma imagem mental). Ela não entende que pode ser diferente.

OPERAÇÕES CONCRETAS

Piaget entendeu a operação como uma estrutura cognitiva básicacom a qual podemos transformar e operar as informações que nos che-gam. A criança agora é capaz de se envolver com operações mentais quesejam flexíveis e reversíveis; aliás, essa condição caracteriza uma opera-ção. Ela sabe que pode colocar moedas no cofrinho e depois retirá-las.Esse estágio tem início aos 6 anos e segue até aproximadamente os 12anos. Nele ocorrem muitas mudanças importantes.

Descentração: as crianças concentram a atenção nos diversosatributos que um objeto pode ter, ou acontecimentos de forma si-multânea. Elas conseguem ainda fazer as relações e diferenças en-tre dimensões e atributos (o peso, o tamanho, se é pequeno, se éleve, pesado). Elas entendem que uma bola de gude pode ser pe-quena e dura, enquanto uma bexiga cheia é grande e leve.

Princípio de identidade: a criança já entende queas características básicas dos objetos não mudam. Seela ganha uma caixa contendo 45 peças que encai-xam e possibilitam montar carros, robôs, casas, bar-cos, ela saberá que sempre serão 45 peças, indepen-dente do formato final.

Princípio de equivalência: ela entende que se A éigual a B e B é igual a C, então A é igual a C. Esseprincípio é muito usado na Matemática. Se Joãozinhocalça o mesmo número que Pedrinho, então eles po-dem trocar os tênis.

Conservação da substância: ao mostrar a umacriança dois copos idênticos com a mesma quantida-de de água, ela vai perceber as mesmas quantidades.

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Ao perguntar às crianças qual fileira tinha maior número de bo-tões, elas responderam que era a mesma quantidade, mas as criançasno pré-operacional responderam que a segunda fileira tinha mais.Notem que nesse estágio as crianças não se deixam levar unicamentepelo que diz a sua percepção; agora elas fazem uso da lógica.

Seriação e transitividade: a criança desenvolve a capacidade dearrumar objetos em ordem, por tamanho ou peso, ou de acordo com oque for solicitado. A transitividade é a capacidade que ela desenvolvede perceber relações fixas entre as qualidades do objeto. Por exemplo,A é maior que B e B é maior que C, dessa forma, A será maior que Cmesmo que a criança nunca tenha visto os três. Podemos observar aseriação no jogo de cartas em que o valor maior ganha do menor. Essetambém é um princípio fundamental para a Matemática.

Pensamento relacional: a criança aprende a relacionar. No es-tágio pré-operacional, ela vai achar que mais alto é muito alto, emais escuro é muito escuro. A criança, em operações concretas,sabe que o mais alto pode ser pequeno, e que ele é mais alto emrelação a um outro que é menor que ele.

Inclusão de classes: a criança distingue bem as classes porhierarquia. Se você apresenta dez biscoitos de chocolate e cinco

Se você pegar desses copos e derramar o conteúdo em um outrocopo mais fino e maior e depois perguntar qual dos dois tem maiságua, a criança responderá que é a mesma quantidade e poderá argu-mentar assim: “se derramar de volta fica como antes” (princípio dareversibilidade), ou ainda: “o outro é maior, mas é mais fino”(descentração), ou também: “já que você não tirou nem botou nada,deve ser o mesmo” (princípio de identidade). Crianças no pré-operacional diriam que o copo maior tem mais água.

Conservação dos números: em outro experimento, Piaget colo-cou duas fileiras de botões com a mesma quantidade. Depois, afas-tou os botões de uma das fileiras.

Piaget avaliou as relações deordem espacial aplicadas aduas das três dimensõesdo espaço físico. Concluiuque, na criança menor de 7anos, (antes do períododas operações concretas) asrelações de direita-esquer-da e frente-atrás se apresen-tam como absolutas, poispermanecem unidas aoponto de vista próprio dacriança. Por volta dos 9anos (operações concretas),ela se torna capaz de coor-denar seu ponto de vistacom os de outros obser-vadores, permitindo-lheconstruir pontos de vistaalternativos.

Teste das 3 montanhas

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

de morango e pergunta se há mais biscoitos de chocolate ou sehá mais biscoitos, ela responderá que há mais biscoitos. Ela en-tende que tanto os de chocolate quanto os de morango perten-cem à mesma categoria de biscoito. Ela já entende que, por exem-plo, a banana pertence ao grupo das frutas e que as frutas per-tencem ao grupo dos alimentos. Por sua vez, os alimentos per-tencem aos comestíveis, e assim diversos elementos diferentessão agrupados em categorias. Após tudo isso, ela percebe que omesmo objeto pode pertencer a várias classes, formando a mul-tiplicação de classes.

OPERAÇÕES FORMAIS

Lá pelos 12 anos, a criança supera o estágio de operaçõesconcretas e passa a utilizar uma variedade maior de operaçõescognitivas e estratégias para resolver problemas. Agora se podever coisas sob inúmeros pontos de vista e perspectivas. Essa fasedura o resto da vida.

Nesse estágio, a criança passa a utilizar o raciocínio para traba-lhar com problemas hipotéticos e reais. No estágio anterior, ela ma-nipulava mentalmente objetos e eventos; nesse ela manipula idéiashipotéticas e fatos. Ela já distingue o possível do improvável. Umahistória de lobisomem não lhe fará grandes efeitos se comparada auma criança do estágio anterior.

Outra característica é a busca por soluções. O adolescente,ao se deparar com uma situação ou uma decisão, verifica todasas possibilidades possíveis envolvendo tempo e espaço. Nessa

O adolescente, ao se deparar com uma situação ou umadecisão, verifica todas as possibilidades possíveisenvolvendo tempo e espaço. Nessa fase, ele pode

também reunir diversos conhecimentos e operaçõesmatemáticas separadas de multiplicação e adição e

resolver de uma só vez com uma equação.

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ATIVIDADES

Você acabou de estudar os estágios do desenvolvimento segundo ateoria de Piaget e pôde observar que é fundamental utilizar mecanis-mos para que o aluno desenvolva algo a partir das informações querecebe. Com base nisso, propomos uma releitura do conteúdo so-bre esses estágios, mas de uma forma seletiva. Tendo em vistaque o professor é um agente facilitador do processo de aprendiza-gem do aluno, destaque os aspectos desses estágios que você con-sidera mais importantes para o conhecimento desse profissional.Procure contextualizar o que você selecionou ao ensino de Mate-mática.

fase, ele pode também reunir diversos conhecimentos e opera-ções matemáticas separadas de multiplicação e adição e resol-ver de uma só vez com uma equação. Agora ele pode pensarsobre os seus pensamentos, refletindo as suas idéias em buscada certeza ou de enganos.

Entendemos com isso, caro aluno, que, para aprender, é ne-cessário que todo o nosso organismo esteja se desenvolvendo eem interação com o meio. Entendemos também que não adiantatentar ensinar ao aluno o que foge à sua capacidade cognitiva.Devemos nos lembrar de buscar uma linguagem acessível e pro-mover atividades que incentivem a autonomia e a exploração domeio para, desta forma, não contribuirmos com a formação dealunos que só querem receber informações sem saber como de-senvolver algo a partir delas.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

No sensório-motor, o mais importante é saber que estimular epermitir o movimento da criança é fundamental. É assim queela aprende, nesse período, e o sucesso dessa fase garantiráuma boa continuidade no desenvolvimento. Ressaltamos queliberdade de movimento não significa que a criança pode fazertudo, mas tudo com a supervisão de um adulto.No pré-operacional, é importante saber que a criança já podeconstruir imagens mentais e reconhecer símbolos e conceitossimples. É importante lembrar ainda que, nessa fase, ela vê omundo por seu ponto de vista, sem compreender realidadesque não estão ao seu alcance, como no exemplo do vaso.Nas operações concretas, ela desenvolve várias condições deaprendizagem: descentração, princípio de identidade, princípiode equivalência, conservação, seriação, pensamento relacional,inclusão de classes, entre outras.Nas operações formais, atingimos a maior condição deaprender, pois operamos com as idéias, com o pensamentoabstrato, observamos todas as possibilidades mentalmente eas possíveis conseqüências.

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Aprendizagem segundo Piaget

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RESUMO

A teoria de Piaget nos mostra a aprendizagem por umenfoque interacionista, ou seja, depende do desenvolvimen-to orgânico em interação com os estímulos recebidos pelo

meio. Para ele, aprender é adaptar as informações que chegam pelosistema sensorial às estruturas cognitivas formadas, através de pro-cessos conhecidos por assimilação, que é a absorção de novas in-formações com as mesmas características de outras informaçõesantigas presentes nas estruturas já existentes; e acomodação, que éa modificação das estruturas antigas para poder assimilar a novainformação que não se assemelha às informações já existentes. Piagetnos mostra ainda, caro aluno, que todo os períodos da vida possibi-litam novos tipos de conhecimento que formam uma continuida-de, partindo da aprendizagem por meio dos sentidos e do movi-mento, passando pela simbolização, pela manipulação simbólicadas quantidades, valores e propriedades dos objetos, até a abstra-ção, previsão e manipulação de todos os tipos de pensamento.

Concluímos assim, caro aluno, que para aprender é necessário que todo o nosso organismo esteja se desenvolvendo e em

interação com o meio. Entendemos também que não adianta tentarensinar ao aluno o que foge à sua capacidade cognitiva. Devemosnos lembrar de buscar uma linguagem acessível epromover atividades que incentivem a autonomiae a exploração do meio, para que desta forma, elepossa assimilar e acomodar as novas informações.Esta postura ajuda a evitar a criação de alunos que só sabem recebere que não aprendem a desenvolver. Outra idéia que se mostra impor-tante é a do tempo de desenvolvimento de cada um. Não adiantatentar ensinar o que o aluno ainda não é capaz de aprender.

CONCLUSÃO

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

COLL, César; MARTÍ, Eduard. Aprendizagem e desenvolvimento:a concepção genético-cognitiva da aprendizagem. In: Desenvolvi-

mento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.MUSSEN, Paul Henry et al. Desenvolvimeto e personalidade

da criança. São Paulo: Harbra, 2001.

Page 125: Introdu--o a Pisicologia Da Aprendizagem

A TEORIA DAESPONTANEIDADEE A APRENDIZAGEM

METMETMETMETMETAAAAAApresentar a eficácia daespontaneidade nos processosde aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o aluno deverá:definir espontaneidade ecriatividade; e produzir umaquecimento.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre teorias daaprendizagem: Papéis,Comportamental, Cumulativa,Cognitiva Social, VerbalSignificativa e as de Vygotsky ePiaget.

99999aula

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Ao falarmos em estudo, em que pensamos primeiramen-te? Provavelmente em livros, cadernos, professores, sala

de aula, ou na cama, onde muitas vezes gostaríamos de estar dor-mindo. Sim, tudo isto pode passar por nossa cabeça, mas dificil-

mente pensamos nos processos que despertamo desejo de estudar ou de parar de estudar.Nesta aula, estudaremos a espontaneidade,fator que favorece a criatividade e nos impul-

siona a produzir, seja em sala de aula ou fora dela. Veremos, no-vamente, os termos papel e relação, já que é no papel que a es-pontaneidade age. Também abordaremos o conceito decriatividade e de aquecimento, e de como essas noções podemfavorecer a aprendizagem e a relação do professor com o aluno. Aidéia de Espontaneidade que apresentaremos nesta aula é a de-senvolvida por Jacob Levy Moreno, criador do Psicodrama, já cita-do na Aula 2 sobre Teoria dos Papéis.

INTRODUÇÃO

Page 127: Introdu--o a Pisicologia Da Aprendizagem

A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9lá, caro aluno. Você já deve ter percebido que a ação

de aprender não depende somente de um conteúdo ede alguém que absorva esse conteúdo. Muitos outros fatoresinterferem neste processo, e nem sempre o professor pode aju-dar o aluno. Para saber mais sobre estesfatores, acompanhe o texto abaixo. ESPONTANEIDADE

O

FATORES QUE INTERFEREMNA APRENDIZAGEM

São muitos os fatores que podem interferir na aprendizagem,concorda, caro aluno? Podemos falar das condições da escola (salasadequadas, limpas, com iluminação, com banheiro e cantina) ou po-demos falar dos professores (educados, instruídos, didáticos). Tudoisso é importante para o processo de aprendizado,mas queremos falar aqui dos fatores que interfe-rem diretamente na disposição do aluno e quenem sempre o professor pode ou está prepara-do para ajudar. Estamo-nos referindo aos pro-blemas econômicos que impedem o aluno defazer uma refeição antes de ir à aula, ou de dor-mir em uma cama. A crianças que sofrem deviolência doméstica ou presenciam tais violên-cias. Estamos falando de crianças que têm medode andar no bairro por conta de problemas coma segurança local. Esses são alguns exemplos evocê, caro aluno, deve conhecer outros. É preciso estar atentoa essas questões, pois alguns dos seus alunos passarão maistempo pensando nos problemas do que em Matemática. Apressão do professor, nesse caso, só atrapalha. Ao longodesta aula, iremos conversar sobre a espontaneidade, ecomo as dificuldades do ambiente atrapalham no seusurgimento.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Nesta aula, vamos tratar de um fator que pode ajudar no pro-cesso de ensino e aprendizagem, mas que muitas vezes é deixadode lado. Vamos abordar a preparação para aprender. Será que nomomento em que acorda e vai para a escola o aluno está prepara-do para aprender? Ele pode estar de banho tomado, fardado, ali-mentado, com lápis e caneta, com caderno e na sala de aula. Masserá que isto significa que ele está preparado para aprender? Mui-tos acham que isto é suficiente.

O que você acha, caro aluno? Acreditamos que estas sãocondições necessárias para que ocorra a aprendizagem, algumasmais importantes (alimentação e material), outras menos (farda),mas há outras. Além do que já foi citado, há a preparação paraaprender, que nomearemos de espontaneidade.

Você sabe o que quer dizer essa palavra? Seguindo o prin-cípio dos conhecimentos prévios e buscando incentivá-lo, pe-diremos que pense em um conceito para espontaneidade e res-ponda a nossa primeira atividade. Com base no seu conheci-mento, sem consultar outras fontes, como o dicionário, dê umaresposta ao que se pede a seguir. É importante que iniciemoscom o que você já sabe.

ATIVIDADES

Para você, o que é espontaneidade?

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Ao pensarmos em espontaneidade sem um conhecimentoprévio do assunto, imaginamos logo o jeito de ser de cada um.Geralmente achamos que se trata de um comportamento quedesenvolvemos sem pensar e dizemos que foi espontâneo. Sevocê, caro aluno, respondeu algo assim, parabéns! Pois era issoque a questão queria: partir da idéia comum das pessoas. Se asua resposta foi algo mais próximo ao que a teoria traz, para-béns também: isso indica que você deve estar se usando dela.

Lembremos que a Espontaneidade é a capacidade quetemos de dar uma resposta equilibrada entre o que queremose o que o meio pede. É a condição de não ficar paralisado, dese adaptar e de ser flexível.

Será que foi fácil descrever o que é espontaneidade? Utili-zaremos aqui a definição trazida por J. L. Moreno, estudiosodas relações humanas. Esse autor já foi citado em outra oportu-nidade, na aula sobre Papéis, lembra? Para Moreno, a espontanei-dade se traduz da seguinte forma: é a capacidade que o indivíduotem de dar uma resposta a uma situação nova ou dar uma novaresposta a uma situação antiga.

Perceba, caro aluno, que nessa definição a palavra respostaaparece duas vezes. A resposta é uma ação e, sendo assim, paraMoreno, a espontaneidade propõe uma ação não preestabelecida,ou seja, uma ação criativa. O que queremos passar é a idéia deque, através da espontaneidade, evitaremos a paralisia das nossasações (dos nossos papéis) diante de surpresas ou situações ines-peradas (situações novas) ou das situações antigas que se repe-tem, em que terminamos por repetir também as nossas respostas.

Jacob Levi Moreno

Médico romeno (1889/1974). Fundou a Socie-dade Americana dePsicoterapia de Grupo eo Instituto Sociométricode Nova York. PublicouPsicodrama (1946).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ESPONTANEIDADE

Para Moreno, todos nós já nascemos com a espontaneidade,a que ele denominou “Fator e”. A espontaneidade possibilitao ato da criação no papel (aluno, filho, irmão, namorado,professor etc.) e pode ser comparada à inspiração. Quando seestá espontâneo, você tem consciência de que pode realizar aatividade ou dar uma resposta mental, verbal ou motora. Mascomo assim? Funciona da seguinte forma: você, estandoespontâneo, não fica sem saber o que fazer diante denovidades ou de situações que se repetem na sua vida. Vocêconsegue se adaptar ao contexto, pois a espontaneidade nostorna mais flexíveis. Em resumo, é você conseguir ser o quedeseja ser no ambiente onde vive sem, com isso, fugir docontexto. É não ficar com o papel paralisado. Um bomexemplo disso, em sala de aula, é o seguinte: sabemos que osalunos (papel) são treinados para prestar atenção à aula.Quando o professor faz uma pergunta, ninguém querresponder, pois participar ativamente não é algo que se ensinaao aluno e ele fica paralisado diante dessa situação.Veja outroexemplo para que possa entender melhor: digamos que vocênão gosta do estilo camisa de botão por dentro da calça delinho e sapato lustrado. Porém, aparece um casamento e vocêtem que se vestir assim, já que é o padrinho. Apesar de vocênão gostar desse estilo, o contexto do casamento e papel quevai desempenhar pedem que seja assim. Uma pessoa nãoespontânea não vai se sair bem nessa situação, não saberáagir com aquelas roupas. Uma pessoa espontânea saberá que,mesmo não gostando da situação, continuará sendo quem é,mesmo com roupas diferentes, e claro, saberá atender às regrasda situação sem, contudo, chegar a ponto de fazer o que nãoquer. A espontaneidade favorece um ponto de equilíbrio entreo que a pessoa quer e o que o contexto pede.

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9ESPONTANEÍSMO

Devemos tomar cuidado com o espontaneísmo. Há pessoas queacham que ser espontâneo é fazer o que quer da forma que quer.Não é bem assim. A espontaneidade marca um ponto de equilíbrioentre o que se quer e o que o contexto social pede ou permite. Irao casamento como padrinho, vestindo uma camiseta, umabermuda e chinelo (tipo de roupa que gosta), dizendo serespontâneo, é um erro. Isto é espontaneísmo, pois a pessoa sóconsegue se sentir bem presa a um padrão; ela não consegue seadaptar e continua sendo quem é; ela não cria fora do padrão aque está acostumado. É o que acontece com o aluno que párade estudar porque estão fazendo barulho e, ao mesmo tempo,não procura um lugar mais tranqüilo, pois quer que os barulhentosreconheçam que ele tem o direito de estudar ali e parem.

Vamos tentar entender melhor. É comum,diante de uma situação inesperada, que fique-mos perdidos, sem ação. Se sempre agimosdessa forma, ou com grande dificuldadediante do inesperado ou do novo, signi-fica que estamos usando uma respos-ta padronizada, a de ficar perdido.Imagine o aluno quando chega a umanova escola, ou é colocado em umanova classe onde não conhece nin-guém, ou ainda diante de um novo professor. Háuma tendência a ficar quieto até que ocorra oentrosamento, adaptação (o que é normal). É aíque entra a Espontaneidade.

Para que o aluno se entrose, ele utiliza a espon-taneidade produzindo uma ação de acordo com o que o ambi- e n t e

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

CRIATIVIDADE, CONSERVAE CRISTALIZAÇÃO

A criatividade é o processo em que algo novo é produzido. Construir oque já foi construído nada mais é do que reproduzir ou imitar. Acriatividade é resultante de um ato espontâneo como vimos, e o aprendi-zado eficiente deve ser conseqüência. O processo espontâneo-criativosó existe no instante em que estamos produzindo, e o seu resultado échamado de conserva cultural, ou seja, tudo o que produzimos e guarda-mos passa a fazer parte da nossa cultura e fica conservado para queoutros possoas vir e entender o que os outros descobriram e criaram.Quando o autor está escrevendo um livro, ele está criando. Quando eletermina o processo espontâneo-criativo para aquela ação, ela acaba esurge a conserva livro. Você, caro aluno, estuda o resultado da criação dealguém, como esta aula que está lendo agora.Você pode estudar esta aulae seguir fielmente o que está escrito nela. Neste caso, você não estarácriando nada e nem precisará ser espontâneo, pois isto não é necessáriopara repetir. Mas se você estuda e depois usa o conteúdo para fazer algonovo (partindo da conserva para criar algo novo), você usou a sua es-pontaneidade e criou. No meu caso, eu li diversas conservas (livros) para

propõe; ele responde bem ao meio. Caso o aluno não se sintaseguro diante das mudanças que estão ocorrendo no meio, elenão consegue buscar a sua Espontaneidade e acabará por utili-zar uma ação padronizada que o ajuda a se sentir seguro mesmoque isso seja prejudicial. Por exemplo, a ação de ficar quieto ecalado (isolamento). Perceba que esta é uma atitude que contra-ria o que o meio educacional propõe. O aluno espontâneo sentefacilidade em desenvolver diálogos e produzir vínculos.

Esta ação movida pelo ato espontâneo é, na verdade, o que cha-mamos de ato criativo ou, simplesmente, criatividade. Sim, caro aluno,a criatividade, tão importante no momento de aprender depende dire-tamente da espontaneidade, que funciona como catalisador (qualquercoisa que facilite ou dinamize um acontecimento) para o ato de criar.

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9

Na educação a distância, você terá quese adaptar à nova forma de

aprendizagem, sem ter contatodiretamente com um professor. Seja

espontâneo, pois disto dependerá o seuêxito. Será necessário adaptar a forma de

estudo e aula a que está acostumadopara esta nova modalidade.

produzir estas aulas, mas nenhuma é imitação. Tive que criar (criar não éinventar), fazer diferente para atingir as metas e os objetivos. Todos os papéisque exercemos na vida passam por este processo. Podemos criar ou repetirações. Ao criarmos, dizemos que o papel está saudável; quando só repeti-mos, dizemos que o papel está cristalizado, pre-so em uma ação limitada e impossibilitado decriar. É bom quando vemos que o aluno cria edesenvolve os seus próprios métodos de ação apartir daqueles que o professor ensina.

Dar uma resposta a algo inesperado,novo, é criar inúmeras ações que permitem asua adaptação diante dos novos acontecimen-tos. Fazer um curso superior requer adapta-ção às mudanças exigidas pelo novo contexto. É preciso estarespontâneo para criar novos comportamentos que ainda nãotemos. No ensino presencial, o aluno terá que resolver os seusproblemas sem recorrer ao diretor ou ao coordenador, pois lánão é colégio. Terá que arrumar o seu horário, já que este nãovem pronto. Terá que se responsabilizar por sua presença emsala de aula, pois na Universidade não existe uma sirene quetoca dizendo que é hora de entrar. Sem a espontaneidade, elemanterá uma resposta antiga, sem modificá-la, isto é, a res-posta de ficar esperando por tudo como acontece na escola.

Dar uma nova resposta a uma situação antiga também re-quer criação. Tomemos como exemplo um aluno cuja presençana aula sempre ocorre da mesma forma, não participa, seu rendimento ébaixo, passa o tempo conversando e atrapalhando outros alunos. É im-portante, num caso como este, verifiacar o que está mantendo esta res-posta. Onde está a capacidade de criar desse aluno? Será que ele nãotem? O que você acha, caro aluno? Existem pessoas que não conseguemcriar? Quem sabe se ele pudesse estar em outro lugar, não estaria maisespontâneo e criativo? Pode ser que o espaço da escola não esteja ofere-cendo àquele aluno as condições para ser espontâneo e criativo naqueleambiente e, dessa forma, prefere se excluir do processo.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Caro aluno, esta é uma atividade cujo objetivo é ajudar você a veri-ficar como está a criatividade em sua vida. Preparado? Você vaiprecisar de algumas almofadas. Caso esteja em um lugar sem almo-fadas, pegue objetos que possa carregar. Escolha uma almofada ecoloque-a no chão, esta representará você. Agora pegue uma almo-fada para representar os seus principais papéis (filho, aluno, pai,irmão, vendedor, comerciante, namorado, ou o que você achar im-portante). Uma observação: é uma almofada para cada papel. Co-loque-as no chão, perto da que representa você, como se estivessefazendo um átomo (aula de Representação de Papéis). Cada umaem um espaço. Agora observe os papéis e analise em quais vocêrepete mais as ações e em quais você cria mais. Relate as repetiçõese criações dos respectivos papéis.

COMENTÁRIOS SOBRE AS ATIVIDADES

Nesta atividade, a idéia é que você possa olhar para os seus papéise perceber em qual deles há mais criatividade, e em quais outros énecessário aumentá-la. Aqueles papéis em que você repete as ações,mesmo que não queira, estão precisando de espontaneidade. Exis-te uma série de ações que repetimos (escovar os dentes, pentear ocabelo, fazer xixi no vaso) e isto não é problema.Estamos-nos referindo às situações que pedem criação, situa-ções novas ou situações antigas que precisam ser modificadase não conseguimos.

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9Mas como podemos utilizar a espontaneidade em sala de aula

para favorecer o aprendizado e ter um bom resultado com todos osalunos? Será que você consegue encontrar uma possibilidade? Pararesponder a essa pergunta, é necessário que entremos em contatocom um outro conceito, o aquecimento.

Algumas vezes na vida você deve ter feito alguma atividadefísica (caminhada, musculação) ou praticado um esporte (natação,vôlei, futebol). Também deve ter ouvido falar da importância deaquecer-se antes de iniciar qualquer atividade física, fazendo umbom alongamento da musculatura e correndo de forma leve paramelhorar a respiração e aumentar os batimentoscardíacos. Mas para que serve esse aqueci-mento? Se você não fez o aquecimentoe depois desenvolveu uma atividadefísica, correu o risco de ter umacâimbra ou uma lesão muscular.

Nesse caso, o aquecimentoserve para preparar o corpo paraa atividade física. Esse tipo depreparo físico ajudará jogador defutebol, por exemplo, a ter ummelhor desempenho no momentode dar um drible ou de escapar da mar-cação do adversário. O jogador também seaquece mentalmente, ele se concentra, lembra-se dos objetivos. Ele fica espontâneo. Sabe comoreagir rápido a uma situação inesperada no jogo, ao momento defazer o gol. Ele parte, mas não sabe se a bola vai chegar e, quandochega, ele não sabe o que o marcador vai fazer nem como o goleirovai reagir. Toda a criação da jogada será feita no momento, mas sóse ele estiver espontâneo. Muitos costumam dizer que o jogadorestá inspirado. Essa inspiração é a espontaneidade. Quando o joga-dor não está aquecido, a sua espontaneidade se perde, ele não con-segue ser criativo e o jogo fica sem graça.

(Fonte: http://commons.wikimedia.org).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Crie um aquecimento para ser usado no seu primeiro dia de aulacomo professor.

COMENTÁRIOS SOBRE AS ATIVIDADES

Um bom aquecimento para o primeiro dia de aula é fazer umcírculo com os alunos e trabalhar a apresentação. Cada um dizo nome e o que gosta de fazer. É um bom momento para per-guntar o que eles esperam da matéria neste ano. Isso favoreceo contato com o professor e a socialização dos alunos, alémde favorecer a verbalização em sala de aula.

Pois é, caro aluno, o aquecimento serve para fazer com que aespontaneidade apareça e possibilite a criação.

Será que aquele aluno que repete o comportamento inadequa-do está sendo aquecido? Ele pode não se sentir à vontade no ambi-ente e, dessa forma, busca uma ação que lhe passe segurança. Quan-do uma pessoa não consegue agir espontaneamente em um papel,dizemos que ele está com o papel cristalizado, repetido.

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9Com essas informações, vamos pensar na resposta para a

pergunta formulada anteriormente. Como podemos usar a es-pontaneidade na sala de aula para favorecer a aprendizagem eatingir todos os alunos?

Você deve ter pensado em inúmeras situações, seria muito bompoder ouvi-las. Vamos ver algumas possibilidades? Você já assistiua uma aula de língua portuguesa que começou com música? Tiveuma professora que utilizou a música para explorar a interpretaçãode texto. Além da parte musical, ela dava as letras para que as acom-panhássemos, depois faziamos a interpretação do texto (letra). Aqui-lo era uma forma de aquecer para a ação de aprender a interpretartextos. Quando ela trazia um texto de livro, já tínhamos algumaexperiência. Todos adoravam a aula, pois sempre ela trazia algoque nos incentivava.

Na disciplina de História, tive um professor que contava os fatoscomo se estivesse contando uma historinha. Ele nos fazia imaginaras cenas da descoberta do Brasil, perguntava como deveria ser acaravela que trouxe Cabral, pedia que desenhássemos e uma vez pas-sou um trabalho em que deveríamos contar um trecho da história doBrasil no formato de revistinha em quadrinhos. Foi fantástico!

Em Matemática, o professor pode buscar a espontaneidade doaluno com jogos matemáticos ou com os incríveis fatos da históriada Matemática, como foi o caso do pequeno Gauss. Há um livrochamado O Homem que Calculava, que é leitura obrigatória para quemquer ser professor de Matemática e deseja ser um professor espon-tâneo. O livro mostra como a Matemática pode ser criada e recria-da todo o tempo.

Caro aluno, a espontaneidade se mostra como um elementode grande importância para a vida na sala de aula e fora dela,pois é ela que movimenta a criatividade e, desta forma, possibi-lita novas descobertas e soluções. Aqueça o seu aluno antes deiniciar a aula e conduza-o de um modo que ele possa criar, agir,movimentar-se. Agindo assim, ele não será um reprodutor deconhecimentos, mas um criador.

Carl Friedrich Gauss

Matemático e astrôno-mo alemão (1777/1801). Doutor em filo-sofia pela universidadede Helmstedt e autor deDisputationes arithmeticae(1801).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

RESUMO

A Teoria da Espontaneidade faz parte do Psicodrama deJacob Levy Moreno, citado pela primeira vez na aula 2,sobre Teoria de Papéis na Aprendizagem. Foi resultado de

seu estudo das relações humanas e do desenvolvimento. A partirdele, o autor nos mostra que a espontaneidade é uma capacidadeque os seres humanos têm para favorecer a criatividade do papel.Com um papel criativo, temos condições de dar respostas às diver-sas situações da vida, sejam novas ou antigas, seja nas relações forada escola ou dentro dela. Espontâneos e criativos, podemos nosadaptar ao contexto em que nos encontramos como o de uma salade aula ou de um novo assunto que está sendo ensinado. Para isso,precisamos iniciar um processo que Moreno chama de aquecimen-to. O aquecimento deve acontecer como início de qualquer ativi-dade, pois tem a condição de favorecer o surgimento da esponta-neidade. Cada ação pede um tipo de aquecimento.

Concluímos então, caro aluno, que a espontaneidade se mos-tra como um elemento de grande importância para as ações

em sala de aula e fora dela, pois é ela que movimenta a criatividade eassim, possibilita novas descobertas e soluções.Com isto, o aprendiz se torna mais flexível e ca-paz de adaptar soluções e experiências para ou-tros contextos sem precisar repeti-las, desenvol-

vendo novas possibilidades. Concluímos também que é fundamentalvocê aquecer o seu aluno antes de iniciar a aula e conduzi-lo de umaforma que ele possa criar, agir, movimentar-se. Sendo desta forma,ele não será um reprodutor de conhecimentos e sim um criador.

CONCLUSÃO

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A Teoria da Espontaneidade e a aprendizagem

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aula9REFERÊNCIAS

CUKIER, Rosa. Psicodrama bi-pessoal: sua técnica, sua terapêu-tica, seu paciente. São Paulo: Agora, 1992.GONÇALVES, Camila Salles; WOLF, José Roberto; ALMEIDA,Wilson Castelo de. Lições de psicodrama e introdução ao pen-

samento de J. L. Moreno. São Paulo: Agora, 1988.MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.

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METMETMETMETMETAAAAAApresentar o método e astécnicas do psicodramaaplicados à aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final da aula, o alunodeverá:definir Psicodrama Pedagógico;a importância da fantasia parao processo de aprendizagem;avaliar se o conteúdoensinado faz sentido para avida; identificar as etapas deuma aula baseada noPsicodrama Pedagógico.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSConhecimento sobre Teoria dePapéis e conceitos deespontaneidade e psicodrama.

PSICODRAMA PEDAGÓGICO 1010101010aula

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

OPsicodrama Pedagógico consiste na aplicação dos conhe-cimentos formulados por Jacob Levy Moreno às áreas da

educação, organizações, empresas e comunidades, ou seja, quandoo contexto não é psicoterapêutico. Veremos, nesta aula, caro aluno,

uma teoria que mostra a aprendizagem comoresultado de processos criativos e espontâneoe se preocupa muito com a forma de separar oassunto para o aluno e o seu modo de vivencá-

lo. Nessa teoria, vale a Educação-ação, o aluno deve ser estimu-lado pelo professor a vivenciar os novos conceitos em grupo,compartilhando as conclusões com os demais colegas por meiode um processo criativo, que pode ser verbal, ou por meio daprodução de uma cena curta (teatro), ou de imagens corporais.É um modelo que provoca o aluno e aumenta a sua autonomia,evidenciando o seu papel e o do professor, incentivando a rela-ção horizontal, sem com isto descaracterizar as funções e obri-gações de cada um.

INTRODUÇÃO

(Fonte: http://www.rosak.com.ar/imagenes/artaud.gif).

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Psicodrama Pedagógico

aula10lá, caro aluno. Para esta aula, você vai precisar relembrar

as aulas de Teoria de Papéis e Espontaneidade e retomaralguns conceitos de Psicodrama.

A Educação para o Psicodrama Pedagógico prega uma apren-dizagem humana-significativa e tem, em suabase, as idéias da Fenomenologia e doExistencialismo.

BASES DO PSICODRAMA PEDAGÓGICO

Fenomenologia: linha de pensamento filosófico criada pelo ma-temático Edmund Hussel (1859-1938) que busca a verdadecomo ela é. Propõe analisar o sentido de cada coisa indepen-dente das explicações já existentes, ou seja, esquecer o que jáse sabe para analisar do começo, sem influências. Em outraspalavras, devemos analisar as coisas da maneira como elaschegam a nossa consciência, em sua verdadeira essência. Aisto ele chamou de fenômeno. http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-fenomeno.htmlExistencialismo: linha de pensamento filosófico que surgiu noséculo XIX com o dinamarquês Soren Kierkegaard (a pronun-cia é Quíquegar). Essa linha de pensamento foi influenciadapela Fenomenologia e tem como principais pressupostos a idéiade que a experiência interior é mais importante que as verda-des da nossa sociedade, ou seja, não existe uma única verdadesobre as coisas, e sim a verdade de cada um. Outra idéia é a deque o homem é responsável por seu caminho e suas escolhasindependente dos fatores da vida. Aqui não dá para justificaros nossos erros com a nossa criação, pois tudo o que você faz,mesmo o aprendido como certo, é uma escolha. http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-existencial.html

Mas, o que vem a ser o Psicodrama Pedagógico?

PSICODRAMA

O

Edmund Husserl

Filósofo e lógico alemão(1859/1938). Foi pro-fessor titular da Univer-sidade de Friburg e es-creveu Investigações lógi-cas (1900/1901).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Para entendê-lo, é preciso, antes de tudo, ter uma noção dePsicodrama. Isto você já tem, caro aluno. Lembra da aula de Teoriados Papéis? Nela pudemos aprender que o psicodrama é uma teoriacriada por um médico chamado Jacob Levy Moreno, e que seusestudos se aprofundaram sobre o comportamento entre as pessoas,com elas mesmas e em grupos. Ele nos mostrou que o papel podeser entendido como a menor unidade de conduta observável quepodemos traduzir como ações desempenhadas em um determinadocontexto, ou seja, o que aprendemos constitui os nossos papéis ouacrescenta algo a eles. Por exemplo, o papel de filho tem ações dife-rentes do papel de amigo. O papel de professor é diferente do papelde pai, mesmo que sejam exercidos pela mesma pessoa. Ninguém édo mesmo jeito em todos os lugares, pois aprendemos a ler o ambi-ente para saber qual papel exercer.

Na aula sobre espontaneidade, caro aluno, aprendemos que estarespontâneo é fundamental para exercermos nossos papéis, para po-dermos criar e nos desenvolver. E cada um deles só entrará emação mediante a existência de um contra papel (mãe e filho, profes-sor-aluno, marido-mulher).

O Psicodrama propõe o estudo do desenvolvimento do papel,o estudo dos vínculos desenvolvidos e o tratamento dos papéis,que consiste em trabalhar para retomar a espontaneidade perdida ea capacidade de criar. O Psicodrama Pedagógico, porque sua vez, éa aplicação dessas idéias na Educação. Propomos o acompanha-mento do desenvolvimento do papel de aluno (como ele aprende aser aluno?), as suas interações e o incentivo à ação espontânea-criativa.

Dentro da visão psicodramática, as emoções e sensações sãode grande importância para o processo de ensino-aprendizagem e,sendo assim, é preciso, antes de tudo, aprender a usar os sentidospara depois introduzir o conteúdo. Lembra-se de ter lido algo a res-peito disso? Trabalhar os sentidos? Sim, Piaget fala sobre isso quandoprega a idéia de que a criança deve ser estimulada em seus sentidos(fase sensório-motor).

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Psicodrama Pedagógico

aula10Mas com qual finalidade devemos aprender a usar os sentidos?

Será que, conforme diz Piaget, é para favorecer o desenvolvimentoorgânico e, por conseqüência, a aprendizagem? Também, mas não é sóisso! A proposta do Psicodrama Pedagógico é levar o aprendiz a testaros limites dos seus sentidos. O que essa teoria quer, além de explicarcomo a criança aprende a partir do seu desenvolvimento, é mostrar queos caminhos para a resposta certa podem ser variados, e para que elapossa fazer a melhor escolha, deve utilizar mais que conhecimentos,isto é, deve usar os seus sentidos.

Você ou algum amigo seu já devem ter passado pela situação deter um exercício reprovado porque a forma escolhida para resolvê-loera diferente da que o professor ensinou (mesmo a resposta estandocorreta) ou por ter formulado uma resposta com palavras diferentesdas do livro.

Pois é, isso acontece com freqüência nas primeiras séries escolaresda vida de uma pessoa, e o aluno é punido por usar a sua criatividade,como se existisse apenas uma única forma de se resolver algo, ouentre as possibilidades existentes, a correta é aquela que o professorensinou. Agora imagine, caro aluno, se sempre fosse assim. Lembra-se do pequeno Gauss? Quantos outros quiseram criar no-vos caminhos e nunca receberam apoio? Nem dá parafazer uma previsão.

Mesmo que essa situação não aconteça, o problemacontinua quando o professor ensina uma forma deraciocínio e diz: “esta é a forma correta de se re-solver”. Isso faz com que o aluno entenda quenão precisa olhar para outras possibilidades, jáque a forma correta está ali. Procedendo des-ta maneira, deixamos de buscar no aluno asua condição de usar a fantasia, e qual oproblema disso? É que, ao criarmos algo,recorremos a nossa capacidade defantasiar, de imaginar. Levar o alu-no a recorrer a sua capacidade defantasiar é um dos objetivos desta teoria.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

A partir do que foi colocado, caro aluno, defina Psicodrama Peda-gógico? Qual a sua finalidade?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O Psicodrama Pedagógico, com base no que você conheceuaté o momento, consiste na aplicação dos conhecimentos doPsicodrama à Educação. Tem como finalidade ajudar no desen-volvimento do papel do aluno, como na sua capacitação paraaprender os conteúdos de uma forma ativa e com sentido para avida. Para isso, o aluno é incentivado a usar a sua criatividade eliberdade para trabalhar os conteúdos.

Você já parou para analisar a importância da fantasia? Pode atéparecer estranho para alguns, porém, a fantasia é de extrema neces-sidade. Vamos entender como?

Antes de começarmos a abordar a importância da fantasia, énecessário ressaltar que a aquisição e a reprodução de conhecimen-to é uma das melhores coisas que podem acontecer para um bomprofissional da Educação. Talvez você esteja questionando-se porque estamos falando disso. É simples. Para entender a importânciada fantasia, é preciso entender um outro processo que a princípionão parece ter ligação com Matemática, mas depois de entendê-lo,você verá que tem tudo a ver.

Lembra como foi a chegada a sua casa após o seu nascimento?É claro que não. Nessa época, o seu sistema neurológico ainda es-

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Psicodrama Pedagógico

aula10

SEGUNDO UNIVERSO - BRECHA ENTRE REALIDADE E FANTASIA

PRIMEIRO UNIVERSO

IDENTIDADE TOTAL INDIFERENCIADA

IDENTIDADE TOTAL DIFERENCIADA

FLUXOGRAMA

tava em formação e, por conseqüência, a sua memória ainda nãofuncionava como funciona hoje.

Diversos teóricos demonstram que, ao nascer, a criança não temcondições de diferenciar os objetos no mundo. Ela não sabe que ascadeiras existem, nem que as pessoas existem como seres indepen-dentes uns dos outros. Para ela, tudo é uma coisa só e, mesmo assim,ela nem tem consciência disso. Tá complicado? Imagine que a crian-ça ainda não aprendeu nada da nossa cultura e, dessa forma, ela nãopode saber nada do que você sabe. Neste período, ela funciona apartir do que a genética e o corpo pedem. Para Piaget, essa situaçãose encontra no início do sensório-motor. Sigmund Freud (a pro-núncia é Fróid) diz que a criança nasce indiferenciada, sem reconhe-cer as outras coisas. Para o Psicodrama, a criança passa por doisUniversos, e a fase de indiferenciação (viver como se tudo fosseuma coisa só) encontra-se no Primeiro Universo.

Sigmund Freud

Médico austríaco (1856/1939). Fundador da psi-canálise. Teorizou sobreo inconsciente, localonde ficam armazenadosas lembranças traumáti-cas e desejos proibidos.

PRIMEIRO UNIVERSO

A Identidade Total Indiferenciada é esse período que retrata-mos no parágrafo anterior, ou seja, o período em que a criança nas-ce e não tem ainda registros e informações sociais e culturais, alémde não ter condições de aprender por causa do desenvolvimentoincompleto do seu sistema neurológico. Nesse período, de acordocom Moreno (1997), a criança se relaciona com o mundo a partirdos seus comportamentos orgânicos, comer, urinar, defecar, dor-mir, entre outros. Essas ações do bebê são reconhecidas como pa-péis psicossomáticos: é assim que ele se relaciona com o mundo. O

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

SEGUNDO UNIVERSO

O Segundo Universo é marcado pelo que Moreno (1997) chamade brecha entre a fantasia e a realidade. A partir desse momento, queocorre após os dois anos, a criança passa a perceber que existemobjetos mesmo na ausência do seu olhar. Agora você esconde a bolae ela vai procurá-lo Entenda a palavra “brecha” como uma rachadu-ra que separa a realidade da fantasia. Ela agora sabe fazer a diferen-ça. Com isso, ela ganha a capacidade de simbolizar, já que simbolizaré imaginar os conceitos e o significado das coisas. O desenvolvimen-to da capacidade de fantasiar também é o responsável pela aquisiçãodos papéis psicológicos e, por conseqüência, os papéis sociais.

papel complementar é produzido pelos familiares que cuidamda criança.

A Identidade Total Diferenciada acontece quando a criança crescemais um pouco e começa a reconhecer e a diferenciar as pessoas(chora quando um estranho se aproxima); ela passa a perceber a exis-tência dos objetos e a querer manipulá-los. É nesse momento que acriança passa a se reconhecer, e se você quiser ver isto na prática, ésó fazer um teste: coloque uma criança pequena (três meses) diantede um espelho e observe se ela reage a ele (o provável é que não dêatenção), depois faça o mesmo com uma criança maior (seis meses) eveja a diferença de comportamento. Agora proceda da mesma ma-neira com uma criança de 12 meses. Certa vez, acompanhei uma mãeque fazia essa experiência com seu filho. Ela passava batom na pontado nariz da criança e, por volta dos seis meses, aquela mancha debatom chamava a atenção do bebê.

É, caro aluno, como você pôde observar, a criança diferencia ascoisas, mas ainda não consegue imaginá-las quando não está vendo oobjeto. Ainda não sabe fantasiar, você mostra uma bolinha e ela sor-ri, você esconde e ela fica séria, mostra novamente e ela sorri, escon-de e ela fica séria. Ela não sabe que o objeto existe longe do alcancedos seus olhos.

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Psicodrama Pedagógico

aula10Papel psicológico: também conhecido como papel psicodramático,

é toda ação realizada no campo da imaginação. Brincamos de casi-nha, de ser médico, professora, fazemos de conta que somos motoris-ta e brincamos com o carrinho, Batman, Super-Homem, uma prince-sa no castelo, polícia e ladrão... Nesse momento, usamos a fantasiapara aprender como é que funcionam os papéis que iremos usar nanossa vida social (papéis familiares, profissionais etc.).

Papel social: são os papéis que usamos para nos relacionarmoscom as demais pessoas na sociedade. Ser professor, aluno, pai, mãe,filho, policial, bandido, vendedor, juiz, jogador de futebol, e tantosoutros. Perceba que os mesmos papéis podem ser sociais ou psico-lógicos. O que vai diferenciá-los é a ocorrência deles na fantasia ouna realidade. Devemos compreender, também, que todo papel so-cial passa pela nossa imaginação antes de o executarmos. É ainteriorização, como vimos em Gagné, Bandura, Ausubel e Vygotsky.

Será que deu para entender a importância da fantasia? É quesem ela não iríamos imaginar nem um simples 1 + 1. Dependemosdela para criar. Temos por obrigação ensinar o conteúdo, mas tam-bém ensinar o aluno a fantasiar a partir do conteúdo aprendido.Incentivar a busca por novos caminhos.

(Foto: Isa Janny).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Gostaríamos de saber, caro aluno, se você concorda que a capaci-dade de fantasiar tem tanta importância quanto podemos observaratravés do que foi apresentado nesta aula. Caso concorde, descrevadois casos em que a fantasia foi importante para o processo de en-sino e aprendizagem. Caso contrário, explique os seus motivos.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Podemos imaginar, caro aluno, diversas respostas para aimportância da fantasia no processo de aprendizagem. Um exem-plo disso é a idéia de dimensão. Imaginamos algo grande em rela-ção a uma outra coisa pequena e, assim, promovemos ainteriorização que tanto foi citada em outras aulas. Isso é um exem-plo de uso da fantasia. Outro possibilidade é a aquisição dos pa-péis sociais. Aprendemos os papéis que existem na nossa sociedadebrincando de professora, vendedor, polícia, bombeiro etc. Nessemomento, estamos utilizando as brincadeiras e fantasias para sabercomo funcionam os papéis e quais as regras para exercê-los.

Caso você não ache que a fantasia é importante,acredito que esteja dando mais importância às expres-sões do que foi aprendido (resoluções de exercícios) paramostrar que sabe o conteúdo. Não esqueça que até paraescrever usamos a nossa mente, e isso ocorre no campoda abstração.

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Psicodrama Pedagógico

aula10

O banho de Psiquê, tela deFrederic Leighton, 1980 (Fon-te: http://bp0.blogger.com).

O Psicodrama prega a filosofia do momento. E o que vem a seresta filosofia? É a idéia de vivenciarmos as coisas que acontecem noinstante em que acontecem. Aplicando este conceito à Educação,devemos procurar saber qual o sentido que aquele conteúdo ensina-do tem para o aluno naquele instante, e não no dia da prova. Muitosprofessores utilizam a prova como um medidor do entendimento doaluno e isto é um equívoco. Então é necessário que o professor veri-fique a compreensão do aluno sobre o assunto abordado logo apósrepassá-lo, para que não ocorram dúvidas sobre o conteúdo na horada prova. Será que tudo que aprendemos em sala de aula faz sentidopara a nossa vida? O que você acha, caro aluno? Analise as coisasque você já aprendeu e reflita por um momento. Infelizmente, nacontinuidade dos nossos estudos, percebemos que muito dos conhe-cimentos que adquirimos não são utilizados. Onde ficam os conheci-mentos de Literatura, Geografia, História do Brasil e tantas outras nocurso de Matemática? Infelizmente, para a maioria isto se perde.

Devemos ensinar buscando o sentido que aquele conteúdo faz paraa nossa existência e não só para a sala de aula, sem fechar as possibilida-des de certo e errado com relação ao uso do conteúdo, pois cada alunopode utilizá-lo a partir da sua verdade. Quantos alunos não simpatiza-ram com a Matemática, a Física, a Geografia ou com a Biologia por quenão faziam a menor idéia de como aplicar aquele conhecimento? Duran-te a minha infância, também cansei de ouvir e de dizer que as pessoasque inventaram a escola e as ciências não tinham o que fazer, e provavel-mente não sabiam soltar pipa e nem jogar bola. Essas coisas é que faziamsentido. Sabíamos para que serviam, era para a diversão e permitia anossa liberdade de expressão e criação. O problema é que, nas aulas,raramente os professores relacionam o conteúdo com a vida.

O Psicodrama Pedagógico prega que a aprendizagem deve sermais voltada para a vida e para a ação do que para o simplesacúmulo de saber. A ênfase aqui é a aprendizagem pela ação (dra-ma significa ação) e envolve os sentimentos e as ações mentaisque surgem durante o processo de ensino-aprendizagem (psicovem de psiquê e significa alma ou mente, ou ainda, o que coman-

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

da as emoções). Podem ser utilizados os jogos, a dança, a fala, aatividade grupal, o teatro entre outros.

Aprendizagem pela ação, caro aluno, não significa uma açãosolta e sim acompanhada. Deve ser uma ação em conjunto, ouseja, alguém com um determinado conhecimento fornece o mate-rial (conteúdo a ser ensinado ou conserva cultural) para umapessoa (aluno) que irá transformar e criar a partir do conteúdo,produzir algo novo.

Uma idéia muito parecida já foi apresentada na aula sobreVygotsky, lembra? Para ele a aprendizagem em grupo funciona me-lhor. O mesmo se vê no Psicodrama Pedagógico.

O que custa a um professor de Ciências sair da sala e levar osalunos para o jardim da escola com a finalidade de estudar na práticaos tipos de plantas? Ou um professor de Biologia ir até a aula deEducação Física e utilizar a aula do colega para estudar músculos,ossos e circulação? O problema é que, na maioria das vezes, o pro-fessor está preso à conserva cultural, isto é, acredita que a aprendiza-gem deve ocorrer dentro da sala de aula, no formato professor fala ealuno escuta. Uma explicação para esse tipo de ocorrência é que o

professor de hoje foi umaluno que estudou toda asua vida em sala de aula,sem que seus modelos(professores) o levassemà prática, e como conse-qüência ele não desen-volveu esta ação no seupapel de professor, nãoaprendeu a fazer isto.Será que você encontraoutras explicações? Casoa resposta seja sim, com-partilhe com seus colegasvia e-mail ou chat.

Conserva cultural

Uma explicação paraesse tipo de ocorrênciaé que o professor dehoje foi um aluno queestudou toda a sua vidaem sala de aula, sem queseus modelos (profes-sores) o levassem à prá-tica, e como conseqüên-cia ele não desenvolveuesta ação no seu papelde professor, não apren-deu a fazer isto.

(Fonte: http://www.comunidade.sebrae.com.br).

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Psicodrama Pedagógico

aula10ATIVIDADES

E o professor de Matemática? Será que dá para relacionar o con-teúdo com a vida ou tudo que aprendemos só dá para ser usado nopapel ou para alcançar a aprovação no final do ano? Vamos lá, caroaluno, vá para o mundo da fantasia, use a criatividade e mostrecomo você pode relacionar a Matemática com a vida. Para isso,escolha um assunto de que gosta e mãos à obra.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para resolver essa questão, você precisa ver em quais lugares(fora da sala de aula) a Matemática pode ser usada. Um bomlugar é o supermercado. Lá podemos calcular o valor dos pro-dutos com a finalidade de gastar menos. Por exemplo, entredois produtos iguais com volumes diferentes é mais lucrativocomprar um pacote grande ou dois pequenos? Com uma regrade três, você pode saber qual fica mais caro. Pode-se trabalharcom caderneta de poupança ou levar os alunos para calculardistâncias reais, como forma de exercício.

A base é o estímulo da espontaneidade para favorecer acriatividade. Assim o aluno poderá sempre desenvolver uma for-ma para aprender além daquela que o professor mostrou. Espe-ra-se que sejam desenvolvidos o juízo crítico, a socialização, ainteração, a aprendizagem grupal e o bom clima emocional. Isto

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

porque devemos observar todo o conteúdo ensinado em sala de aula,relacionando-o com tudo que aconteceu na vida do aluno.

Busca-se, caro aluno, acabar com a idéia de perfeição por repeti-ção, ou seja, o aluno tem que repetir até que dê uma resposta igual àdo livro ou à do professor. A idéia é favorecer a criatividade do alunopara que esse possa construir suas respostas a partir do que lhe foiensinado, sem ter que necessariamente ser uma cópia do livro.

Recorremos, neste caso, à Teoria de Papéis que foi estudada naaula 2. É importante observar como o professor está desempenhan-do o seu papel. Uma das formas de se trabalhar o Psicodrama Peda-gógico é trabalhar com os diversos papéis desenvolvidos pelo aluno.

Vamos observar agora uma experiência que traz o trabalhocom o papel. No caso, os alunos passaram a fazer o papel do pro-fessor e o professor fez o papel de aluno (inversão de papéis).Isso aconteceu em um curso de Introdução à Psicologia da Apren-dizagem no ensino presencial da UFS. Após estudarem as teorias

que você estudou até ago-ra, os alunos formaramgrupos e cada grupo es-colheu a teoria de quemais gostou. Feito isso,eles escolheram um as-sunto para dar aula, o as-sunto que quisesse, masdeveriam usar os méto-dos da teoria escolhida.

Veja bem, eles não iri-am dar aula sobre a teo-ria, mas dar uma aula ba-

seada na proposta dessa teoria. Não houve determinação de temapelo professor: eles tiveram liberdade para criar e usar a teoria daforma que acharam melhor, sem que isso interferisse na nota.

A turma era composta por alunos de vários cursos: Biologia,Educação Física, Ciências Sociais, Medicina, Letras Espanhol,

Inversão de papéis

É importante observarcomo o professor estádesempenhando o seupapel. Uma das formasde se trabalhar oPsicodrama Pedagógicoé trabalhar com os di-versos papéis desenvol-vidos pelo aluno.

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Psicodrama Pedagógico

aula10Engenharia Elétrica e Geografia, o que nos proporcionou uma

diversidade de conteúdos nas aulas apresentadas. Tivemos aulasobre o tratamento da água e coleta de lixo (alunos de Biologia); aimportância da atividade física, do alongamento e do relaxamen-to (alunos de Educação Física); Aids e DST (alunos de Medici-na); novas tecnologias e TV digital (Engenharia Elétrica) entreoutras. Tivemos até aula no ginásio de esportes, onde aprende-mos os fundamentos do basquete.

Nessa ocasião, os alunos foram os professores e tiveram to-tal liberdade para criar as formas de ensinar. Com isso, eles en-tenderam melhor o conteúdo das teorias, o que podia ser apro-veitado e o que precisava de adaptação para o contexto. É im-portante afirmar que, nessa situação, o professor assumiu o pa-pel de aluno e aprendeu muitas coisas novas, participando detodas as aulas dentro dos grupos.

A partir desses exemplos, verificamos a relação horizontalentre professor e aluno, em que juntos promovem a aprendiza-gem e não a posição vertical, em que o professor sabe e o alunonão, foi o que vimos no exemplo anterior. Essa posição favorecea relação entre os papéis de aluno e professor e favorece a apren-dizagem. Trabalhar com a relação horizontal não significa igua-lar as ações. O professor continua sendo professor e o alunocontinua aluno, pois cada um tem as suas características e obri-gações. O que muda é o acesso e a forma como um vê o outro.Como pessoas, são iguais, como profissionais, um não é melhorque o outro, mas têm ações e responsabilidades diferentes quese complementam.

Uma aula baseada no Psicodrama Pedagógico, caro aluno, seráconstituída das seguintes etapas.1. Aquecimento inespecífico: é o momento em que o professorchama a atenção para ele, podendo contar uma história ou umacontecimento que mobilize os alunos. Experimente essa práti-ca com a temática que será trabalhada em sua aula. Isso faz comque o aluno inicie sua espontaneidade para trabalhar a Matemá-

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

tica. Podem ser usadas várias coisas além da história, você équem escolhe (música, piada, um caso, um conto, uma experiên-cia) como aquecer os alunos para o novo conteúdo. O professorpode contar uma história envolvendo o assunto ou adiantar al-guma informação sobre esse assunto.2. Aquecimento específico: nessa etapa, o aluno já sabe qual vai sero tema e agora você irá aquecê-lo de uma forma mais direta. Pode-se fazer um adiantamento sobre o que trata a aula (introdução), oprofessor pode dar exemplos da utilidade do assunto na vida decada um ou buscar os conhecimentos prévios existentes. Uma boadica é trabalhar de uma forma relaxada, expressando empolgação.Os alunos gostam disso e ajuda a prender a atenção deles. Se oprofessor estiver aquecido, os alunos também ficarão.3. Cena: é a parte da ação. Tradicionalmente os professores escre-vem no quadro e explicam o assunto. No Psicodrama Pedagógicovocê colocará no quadro e dará as devidas explicações, mas pode-rá utilizar outros recursos práticos. Como assim? A aula não pre-cisa ser dentro da sala, você pode buscar em outros espaços osexemplos dos conceitos e das suas aplicações. Pode também divi-dir a sala em grupos para que discutam os novos conceitos antesde partir para as resoluções de exercícios. Em grupo, as discus-sões são mais ricas e, após essa fase, pedimos para que cada gru-po expresse para a turma o que concluiu. Essa expressão deveacontecer de forma livre, com palavras ou com uma pequena en-cenação, ou ainda da forma como os componentes acharem me-lhor, contanto que o conteúdo seja transmitido. Nesse tipo deprocedimento, encontramos o grau máximo de criação.4. Compartilhar: é um dos momentos mais importantes da aula. Équando a turma e o professor conversam sobre o que entenderamsobre as dificuldades e analisam todo o processo, pontos positivos enegativos, com a finalidade de melhorar o desempenho dos alunos.

Sabemos que nem sempre dá para fazer dessa forma, pois o ca-lendário pede que os conteúdos sejam dados em um determinadotempo, e esse formato de aula aprofunda muito em cada conteúdo,

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Psicodrama Pedagógico

aula10necessitando de mais tempo do que a escola permite. Recomendo,

caro aluno, que o faça freqüentemente. Independente disso, vocêsempre pode incentivar a espontaneidade e a criatividade dos estu-dantes, e claro, relacionar o conteúdo com a vida e de forma ativa.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

iante do que foi exposto e estudado, concluímos que oPsicodrama Pedagógico propõe uma forma diferente de

se aprender. É uma teoria que busca o amadurecimento do pa-pel do aluno e do professor, mostrando asresponsabilidades de cada um, sem que, paraisso, a relação tenha que ser de desigualda-de: um sabe e o outro não sabe. Entende-

mos também que uma de suas maiores contribuições está emrelacionar os conteúdos com a vida, e saber que as pessoas têma sua forma própria de ver e entender o mundo, em outras pala-vras, de aprender o mundo. A forma correta para se chegar aisso é promover, por meio do aquecimento, o surgimento da es-pontaneidade que favorece a criatividade.

DCONCLUSÃO

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Psicodrama Pedagógico

aula10ATIVIDADES

Programe uma aula seguindo as etapas do Psicodrama Pedagógico. Paraisso, você, caro aluno, deve escolher um assunto e depois descrevercomo seria cada etapa (aquecimento inespecífico, específico, cena ecompartilhar). Bom trabalho!

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Se fosse comigo, eu iniciaria o aquecimento inespecífico con-tando um caso da Matemática, como o de Gauss ou o de outroteórico, para chamar a atenção e motivar a curiosidade dosalunos (O Homem que Calculava é um livro cheio de históriasque podem ser contadas por você após uma leitura prévia).Em seguida, iria para o aquecimento específico, apresentandouma pequena introdução do assunto e dizendo como poderiaser usado no dia-a dia. A cena iria depender das possibilida-des. Se tivesse muitos conceitos, faria a discussão desses con-ceitos em pequenos grupos que depois iriam apresentar o re-sultado da forma que melhor encontrassem. Se fosse algo commuitos cálculos, usaria o grupo para que fossem resolvendoem conjunto. No final da aula, teríamos o compartilhar, e, nestafase os alunos diriam o que acharam de todo o processo e damesma forma o professor. Seriam destacados os pontos fortesde cada um e as principais dificuldades para serem trabalha-das depois, com o professor ou entre os alunos.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Wilson Castelo de. Psicoterapia aberta: formas deencontro. São Paulo: Agora, 1998.FERNÁNDEZ, Alicia. Psicopedagogia em psicodrama: moran-do no brincar. Petrópolis-RJ: Vozes, 2001.GONÇALVES, Camila Salles; WOLF, José Roberto; ALMEIDA,Wilson Castelo de. Lições de psicodrama: introdução ao pensa-mento de J. L. Moreno. São Paulo: Agora, 1988.

RESUMO

O Psicodrama Pedagógico é uma modalidadequestionadora de ensino porque sua proposta é sair domodelo tradicional, utilizando-se de uma postura ativa para

transmitir os conhecimentos. Uma de suas principais caracterís-ticas é a necessidade de relacionar os conteúdos ensinados com avida dos alunos, com a finalidade de buscar um sentido para essesconteúdos. Essa forma de abordar o conteúdo está fundamentadana sua base filosófica fenomenológica-existencial, que prega a im-portância do momento e da forma como cada pessoa vê o mundoao seu redor. Entre os seus principais conceitos estão os de es-pontaneidade e criatividade, já abordados na aula anterior, e oconceito de fantasia, que explica a sua importância para a apren-dizagem. Para criarmos precisamos da espontaneidade. O pro-cesso criativo ocorre em grande parte na nossa fantasia e a suaaplicação final ocorre no social. A aula com o formato doPsicodrama Pedagógico envolve o aquecimento (preparação para oque vai ser estudado), a cena (o trabalho do professor em conjuntocom o aluno com fins de aprender) e o compartilhar (momento emque se dividem informações e conclusões sobre todo o processo).

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AS FASES DO GRUPO

METMETMETMETMETAAAAAApresentar o processo dedesenvolvimento de um grupo,observando suas fases ecaracterísticas.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:compreender o conceito de grupo;identificar as formas deinterferência do grupo naaprendizagem;reconhecer as fases dogrupo.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSRever o conteúdo da aulasobre PsicodramaPedagógico.

(Fonte: http:\\bp2.blogger.com)

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Em que pensamos quando ouvimos a palavra grupo? Empessoas? Em objetos? Em amigos? Será que estudar este

tema é importante para o estudante que pretende concluir um cursode licenciatura? Consideramos que sim, que é importante para todos

os professores, inclusive o do curso que você es-colheu. Esperamos poder demonstrar isto de for-ma clara para que você possa concordar ou não.

Nesta aula, entraremos em contato com o conceito de gru-po formulado por alguns autores. Verificaremos que o modeloeducacional construído em nossa sociedade se utiliza de uma for-mação grupal para transmissão de conhecimentos, que é a clas-se, e como essa formação interfere na individualidade de cadaum dos membros envolvidos e em sua aprendizagem. Podemosobservar que todos os grupos passam por processos que podemir de um total desconhecimento a uma situação de totalenvolvimento. Sendo assim, é importante estarmos atentos àspossíveis movimentações existentes, buscando aproveitar a suadinâmica para favorecer a aprendizagem.

INTRODUÇÃO

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As fases do grupo

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Olá, caro aluno! Iniciamos, agora, de uma forma específi-ca, o estudo dos grupos e sua interferência na aprendizagem.

Este é um assunto de grande importância, visto que a Educaçãoestá totalmente envolvida na situação grupal. Aescola funciona a partir de um grupo (diretor,secretários, professores, coordenadores etc.) in-serido em outro grupo (comunidade) que, por suavez, faz parte de uma sociedade regida por leis enormas discutidas e aprovadas também em grupo. O ensino ocorre como envolvimento do professor e de um grupo de alunos, ou seja, dificil-mente vivemos um contexto completamente isolado do grupo.

O GRUPO E A APRENDIZAGEM

Observamos a importância deste tema quando o vemos traba-lhado por diversos autores, dentre os quais podemos destacarVygotsky, que mostra a ação de aprender como algo que acon-tece em sociedade e cujo resultado é utilizado por ela. Há tambémBandura, que nos mostra a influência da ação do outro diretamen-te sobre as nossas ações (aprendemos com a observação). Podemoscitar, ainda, Piaget e o construtivismo, cuja idéia básica é a interaçãodo organismo do aprendiz com o meio.

Fava, Marino, Wechsler e Sgorbissa (2005) nos mostram a Edu-cação como um fenômeno que nos possibilita “ser humanos”, istoporque favorece e promove a interação e a troca de informações evivências com o outro, em outras palavras, favorece o convívio etodas as influências que isto pode gerar.

Isto aconteceu porque estabelecemos, neste processo, relações comas realidades do outro, do mundo e conosco. São relações marcadaspelo social, pelo político e pela cultura, além de envolver a cognição, ocorpo e a afetividade. Precisamos ter consciência, caro aluno, de queao falarmos de pessoas, estamos falando de tudo o que envolve a nos-sa vida. Para isto, favorece-nos o contexto grupal que garante a conti-nuidade de conhecimentos e Cultura.

APRENDIZAGEM

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Esses autores nos mostram ainda que o grupo permite a vivênciado “nós”, do eu com você, com o outro, com mais um e comquantos forem possíveis. Ligamo-nos às pessoas por motivações enecessidades comuns e formamos uma rede de relações. É assim naescola, na sala de aula ou em qualquer outro contexto. O grupofavorece a vida de relação e em cada um deles levaremos as basesdas relações que aprendemos na família (Matriz de Identidade).

ATIVIDADES

Com base no que você já leu nesta aula e nos seus conhecimen-tos prévios, como você definiria grupo?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O que estamos pedindo nesta atividade, caro aluno, é que vocêdê uma definição de grupo com base no seu conhecimento,associado ao que já foi explicado até o momento desta atividade.Você pode responder que grupo é uma formação compostapor objetos inanimados ou animados, por animais ou humanos.Pode acrescentar, ainda, que este tipo de formação está presentena escola, (como grupos de alunos, de professores, decoordenadores...) e por meio destes aprendemos a ser humanos.

Em diversas situações, observamos que o ato de aprender acon-tece como conseqüência das ações do grupo, e o seu resultado é, emsua maioria, para ser utilizado no própio grupo. Talvez você estejafazendo o seguinte questionamento: aprender sozinho ou com fina-lidades particulares é algo impossível? Não! O que queremos mos-trar, caro aluno, é que o grupo influencia mesmo de forma indireta,ainda quando se aprende para uso particular. Quer ver um exemplodisto? Assista ao filme “Náufrago” e veja como isto funciona.

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As fases do grupo

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O NÁUFRAGO

Náufrago é um filme que retrata a situação de um homem isoladoda sociedade devido a um acidente aéreo. Nesse filme, sãorepresentadas várias situações em que a idéia de sociedade éde fundamental importância para o personagem. A cena maisrepresentativa disto é a que o protagonista (Chuck Noland)pega uma bola de vôlei, pinta dois olhos, um nariz e uma boca,passando a conversar com ela como se fosse um ser humano.A lembrança social é base para tudo que ele aprende e cria nailha onde vive.

SINOPSE

Chuck Noland (Tom Hanks) é um inspetor da Federal Express(FedEx), multinacional encarregada de enviar cargas ecorrespondências, cuja função é checar vários escritórios daempresa pelo planeta. Porém, em uma de suas costumeiras viagens,ocorre um acidente que o deixa preso por 4 anos em uma ilhacompletamente deserta. Com sua noiva (Helen Hunt) e seus amigosimaginando que ele morrera no acidente, Chuck precisa lutar parasobreviver, tanto fisicamente quanto emocionalmente, a fim deque um dia consiga retornar à civilização.Fonte: adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/naufrago/naufrago.asp

Você assiste à aula em uma classe composta por um número dealunos que formam uma turma. Essa turma pode caracterizar-secomo um grupo que existe em um determinado lugar (sala de aula)e em um determinado tempo (horário e dias das aulas). A turma,após um tempo de iniciadas as aulas, começa a se diferenciar e areformular esta situação, montando novos grupos reconhecidoscomo subgrupos que compõem a turma.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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A forma como a turma reage, com bom comportamento oucom desordem, irá interferir no modo como a informação chegaindividualmente a cada aluno ou na postura adotada pelo pro-fessor (se mais ou menos amigável), isto é, caro aluno, o gruposempre pode influenciar positiva ou negativamente no compor-tamento das pessoas. Devemos considerar que o professor tam-bém pode interferir na postura da turma, pois pode conquistarou não o grupo.

Vamos entender melhor com a seguinte situação.Certa vez, quando cursava o primeiro ano do ensino mé-

dio, tínhamos um professor de Matemática que gostava debrincar na aula com o objetivo de facilitar a aprendizagem.Porém, um grupo de alunos (todos haviam iniciado a ado-lescência) achava que os comportamentos do professor eraminfantis e o criticavam de forma pública. A maior parte daturma não fazia, mas apoiava o grupo com risadas que odesconcentravam o professor.

Um dia, o professor saiu da sala chorando e as conseqüên-cias vieram na prova. Todas as notas da turma foram verme-lhas. Neste caso, o grupo interferiu diretamente na minha nota.

Por outro lado, caro aluno, ele pode ser motivador e influ-enciar positivamente na aprendizagem, é o que acontece quan-do os alunos se encontram para estudar e tirar dúvidas. Outrasituação positiva pode ocorrer durante a aula, quando um alu-no se manifesta e tira uma dúvida que pode ser, a sua e vocêteve vergonha de perguntar ou não tinha percebido aquela di-ficuldade até alguém manifestá-la. Considerando o que Banduranos mostrou sobre observação, sabemos que é mais fácil apren-der e prestar atenção se o grupo se comporta desta forma.

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As fases do grupo

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ATIVIDADES

Você já passou por uma situação parecida com a do exemplo, emque a turma interferiu no seu aprendizado? Busque momentos emque houve interferência positiva ou negativa do grupo em seu de-senvolvimento escolar.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Para esta atividade, caro aluno, você deve trazer a suaexperiência. A idéia é que você possa lembrar como asvivências grupais podem interferir no aprendizado do aluno,de forma positiva ou negativa. É claro que não existe umaresposta definitiva, pois a sua experiência pode até sersemelhante à de outros, mas é a sua.Um possível exemplo positivo ocorre quando você consegueaprender com maior facilidade diante da ajuda do grupo, ouquando este se mostra interessado e incentiva o professor adar aula com mais vontade. Já um exemplo negativo pode sero de grupos bagunceiros que irritam o professor e provocama sua desmotivação ou ainda atrapalham o entendimento doconteúdo com todo o barulho que fazem.

Você deve estar perguntando-se, caro aluno, sobre o seu curso,já que o modelo é, em sua maior parte, individual. Neste caso, épreciso acompanhar as mudanças e se adaptar ao método de ensinoa distância. Agora, você faz parte de um grupo que se relaciona deforma virtual, nos fóruns e nos chats. É preciso participar, conver-sar, trocar e-mails, fortalecer os vínculos com os colegas e tutores.Isto é fundamental! Você deve questionar e partilhar as dúvidasalém de colaborar com os colegas.

Considerando a influência de Vygotsky, o computador e aInternet, assim como o material didático impresso funcionam

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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como instrumentos psicológicos para facilitar a aprendizagem, ecabe a você, com auxílio dos tutores, promover a mediação social.É importante fazer esta observação, pois você estuda no ensinoa distância, mas provavelmente atuará no ensino presencial. Ecomo podemos utilizar o grupo para ajudar na construção doprocesso de aprendizagem?

Para iniciar, caro aluno, vamos reforçar o que você jápercebeu. Nascemos, crescemos, vivemos e aprendemos emgrupo. O sistema educacional é baseado (em sua maior par-te) no funcionamento de grupos (turmas) guiados por umou diversos líderes (professor). Você já deve ter percebido,também, como em sua maioria os teóricos que falam daaprendizagem se utilizam dos grupos – Bandura, Ausubel,Piaget, Vygotsky, Moreno, Skinner, Gagné e outros. Sendoassim, não podemos negar a importância de entender maissobre o assunto. Vamos lá?

Acredito que a melhor maneira de começarmos a enten-der o grupo é conhecer o assunto que estamos abordando.Afinal, o que é um grupo? Um grupo pode ser um conjuntode objetos? Em Matemática este é um exemplo recorrentenos exercícios, principalmente nas aulas sobre conjunto.

O QUE É GRUPO?

O dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, EdiçãoEspecial, apresenta a seguinte definição de grupo : é umconjunto de pessoas ou coisas que estão próximas, formandouma única coisa, um todo. Diz, ainda, que é uma reunião depessoas ou um conjunto destas ou de coisas que guardam asmesmas características, objetivos ou interesses, ou que por suascaracterísticas podem ser classificadas.

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As fases do grupo

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Com isto, caro aluno, já sabemos que os grupos devem ser deobjetos (qualquer coisa não inanimada) de pessoas ou outros seresvivos. Nesta aula, enfocaremos os grupos de pessoas.

Andaló (2006) chama a atenção para o fato de que o gruponão é simplesmente um amontoado de pessoas, mostrando-nosque são necessárias algumas características. Entre elas estão:

a) ser constituído por diversos integrantes (pelo menos dois);b) ter um ou mais objetivos em comum que podem ser renova-dos (aprender, brincar, viajar...);c) ter um espaço para existir que pode ser sempre o mesmo ou não;d) um tempo para os encontros;e) um contexto social (normas e regras da cultura de que o gru-po faz parte).

Já sabemos o que é um grupo, mas, e agora? Agora, caro alu-nos, vamos aprender algumas coisas sobre o seu funcionamento.Para começarmos, pedire-mos que você imagine como será a suaprimeira aula como professor formado e como você espera que se-jam as outras. Será que você pensou em dar uma resposta do tipo:“estarei nervoso”. Claro, não estamos considerando neste caso qual-quer tipo de nervosismo (que é normal) diante do início da primei-ra aula. Queremos, sim, que você pense em sua expectativa sobre arelação com o grupo de alunos. Acredito que a resposta é: a melhorpossível. Quanto mais soubermos, mais condições teremos de lidarcom as situações que surgirem.

FASES DO GRUPO (EU, EU, TU)

Yozo (1996) nos mostra as três fases pelas quais o grupo passadurante o seu desenvolvimento, baseando-se na teoriapsicodramática de Moreno. A primeira é a fase de Identidade do Eu,a segunda é a de reconhecimento do Eu e a terceira é a de reconheci-mento do Tu. O professor tem, a princípio, duas possibilidades: podesimplesmente dar a aula e não interferir nas questões grupais, ou podetornar-se um líder e usar a estrutura grupal já existente para facilitar a

Carmen Andaló

Graduou-se em Psico-logia pela USP e for-mou-se psicodrama-tista com Dalmiro Bus-tos. Fez doutorado noInstituto de Psicolo-gia da USP e é autorade Fala, professora! –Repensando o aper-feiçoamento docente(Vozes, 1995). Lecionaem uma instituiçãoparticular de ensino(Cesusc), ministrandoaulas sobre proces-sos grupais. Participade programas de pós-graduação e de cur-sos de formação comabordagem sociopsi-codramática, além deprestar consultoria ainstituições públicas eprivadas.

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aprendizagem. A nossa sugestão é para que você, caro aluno, adote asegunda opção. Vamos ver como isto funciona.a) Identidade do Eu: esta é a primeira fase de um grupo. Ela acontecequando surge um grupo novo. Lembre-se de quando você chegou auma turma nova, em que as pessoas não se conheciam. Neste caso, osintegrantes do grupo ainda não construíram vínculos, pois ainda nãose conhecem e não conhecem os papéis que o outro desempenha. Naverdade você ainda não sabe bem o papel que vai desempenhar nestegrupo. Todo mundo fica meio tímido e com expectativas sobre comoserá o convívio com os outros.

Nesta fase, os membros do grupo se utilizam das sensações e percep-ções para reconhecer o ambiente e o meio testam as possibilidades, mos-trando aos poucos algumas das suas características (uma das expectativasé saber se serão aceitos ou não) e avaliando as dos outros. Não encontra-mos o contato físico como principal característica dessa fase e o isolamen-to ainda pode ser observado com freqüência.

Neste momento, o professor deve estar atento ao comporta-mento dos alunos, pois como a individualidade ainda prevalece,é possível que alguém exposto diante da turma seja hostilizado.Como assim? Se um aluno pergunta muito na sala de aula, aque-les que ainda não o reconhecem irão classificá-lo como chato,como burro ou como “cdf ”. Isto não acontece quando é um amigoque está perguntando (neste caso, mesmo que os amigos o cha-mem de chato, isto não será interpretado como hostilidade).

Nesta fase, o professor deve proteger todos. Se um aluno se expõe,o professor deve reforçar sua participação e ao mesmo tempo desviar aatenção da classe em relação àquele aluno, direcionando-a para umaexplicação, ou seja, o aluno pergunta e o professor explica para todos enão unicamente para quem perguntou. É também uma boa estratégiatransformar o questionamento em algo que chama a atenção de todos,do tipo: o que vocês acham? Alguém saberia responder? Quando ahostilidade aparece, o professor deve reforçar de forma clara e delicadaque todas as opiniões precisam ser ouvidas e respeitadas, mesmo quevocê não concorde, e isto não significa que você mudou de opinião.

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As fases do grupo

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b) Reconhecimento do Eu: nesta fase, a interação entre os mem-bros do grupo já se iniciou. Formam-se duplas ou pequenas forma-ções a partir das características avaliadas. São as primeiras consti-tuições de subgrupos.

Neste momento, o contato físico é mais evidente, mas ainda deforma tímida. Dependendo da idade, iremos encontrar subgrupossó de meninos e só de meninas (quando são mais novos) e subgruposmistos (quando adolescentes). Os membros do grupo já reconhe-cem alguns papéis que são desempenhados e isto ajuda na forma-ção dos subgrupos. A intimidade (vida pessoal, familiar, crenças...)ainda não faz parte das relações e se o assunto for abordado, podeser entendido como uma invasão.

Quem nunca passou por isto? Lembro-me de que na sala deaula onde estudava havia o grupo dos “cdf ” (o papel predo-minante era o de intelectual), dos bagunceiros (papel de brin-calhão e conversador), dos chatos (os que ficavam reclaman-do) entre tantos outros. Havia um grupo que os alunos chama-vam de “rol”, pois era derivado de besteirol (falavam muitasbesteiras). Os componentes deste grupo parti-cipavam e interagiam com os demais, porém,um deles era hostilizado e, para ele, a denomi-nação era negativa.

Neste caso, apesar da hostilidade, todos encara-vam como brincadeira, mas em outros casos podemsurgir desentendimentos e brigas, o que não é dese-jado para a Educação. Este é um problema que sur-ge com maior frequência na primeira fase, quando aspessoas estão mostrando as suas características. Quan-do passam para a segunda fase, aqueles que não seidentificam ficam em subgrupos diferentes, poden-do ou não ter uma boa relação.

Já o grupo dos “cdf” é sempre procurado no perí-odo de provas, na tentativa de se conseguir um me-lhor entendimento da matéria dada ou uma boa cola.

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O professor, caro aluno, deve estar atentoa essas movimentações grupais para reforçar ainteração positiva entre os grupos e evitar pro-blemas que podem levar à agressão (BULLY –que será abordado em outra aula), conseqüên-cia da não aceitação do outro. É um ótimo mo-mento para se trabalhar temas que tratam dasrelações e interações sociais. Sim, professor tam-bém faz isto! Lembre-se que antes de ser pro-fessor, você será EDUCADOR.

É nesta segunda fase que o professor deveiniciar os trabalhos em grupo, de preferênciaem sala de aula, onde poderá acompanhar maisde perto a interação dos alunos.c) Reconhecimento do Tu: nesta fase, o conta-

to físico é uma das características. Existe o abraço, o compri-mento com beijos. Nela, a comunicação e a integração são maisfortes. As pessoas que compõem o grupo se reconhecem em seuspapéis. Os subgrupos estão formados com vários membros etodos formam um grande grupo (a turma).

Ainda nesta fase, o professor já pode passar atividades ex-tra-classe em grupo, como também continuar realizando-as emsala. Neste momento, as brincadeiras são permitidas, pois todossabem que são só brincadeiras, tendo o cuidado de sempre man-ter o respeito.

O professor deve ser um facilitador desta transição de fases.Se ele acompanha a turma de perto, observando a construçãodas relações, será reconhecido como um líder e poderá guiar osalunos para um aprendizado grupal. Caso ele faça somente opapel de transmissor de um conteúdo, fará só uma parte do querealmente pode fazer.

Entenda, caro aluno, que essas fases não são tão distintasassim, elas podem acontecer muito rápido e existir simultanea-mente no mesmo grupo. Isto é possível da seguinte forma: o

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As fases do grupo

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grupo dos alunos que sentam no meio da sala de aula pode estarna terceira fase, mas em relação às pessoas que sentam na fren-te, pode estar na segunda fase.

ATIVIDADES

Quais são as fases pelos quais o grupo passa e em que con-siste cada uma, de acordo com Yozo?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

As fases do grupo, de acordo com Yozo, são três: a Identidadedo Eu, o Reconhecimento do Eu e o Reconhecimento doTu. Na primeira fase, todos são desconhecidos e buscam umaidentidade grupal. É o momento de mostrar suas característicase observar as dos outros. Nessa fase, os membros ainda não sereconheceram e por isto é fácil que ocorram desentendimentose desrespeito sempre que alguém é exposto.Na segunda fase, os componentes passam a se conhecermais. Já se reconhecem em alguns papéis, mas aintimidade ainda não aparece como característica. Ogrupo já demonstra uma certa coesão e detém a condiçãode trabalhar em conjunto.Na terceira fase, já existe a intimidade, a tolerância com asbrincadeiras é maior e a capacidade de trabalho em conjuntoaumenta cada vez mais. Esta é a fase mais importante para odesenvolvimento do papel de estudante. Se o professoracompanha e orienta seus alunos, eles atingirão os três níveis.Caso não se envolva, o grupo pode não se desenvolver, e aípredominará a falta de entendimento e a bagunça.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Com base em todo o conteúdo abordado no transcorrer desta aula, concluímos que se é necessário trabalhar

em grupo, passa a ser fundamental saber as suas principaiscaracterísticas, desde os primeiros movimentos dos seus com-

ponentes em direção ao outro, até o seureconhecimento como pessoa que tem direi-tos, deveres e sentimentos. Concluímos, tam-

bém, que por ser uma formação construída em nossa sociedadee transmitida de forma cultural, ela exerce uma grande influên-cia nas ações dos indivíduos e na forma com que os conteúdosaprendidos são processados. Saber lidar com grupos faz partedo trabalho do educador.

RESUMO

O grupo é uma formação de elementos que tem as mes-mas características e que se encontra junta. Pode sercomposto por objetos ou seres vivos. Das possíveis

formas de grupo, a mais importante é aquela composta porpessoas. Este tipo de grupo surge quando os seres humanostêm necessidade de se sentir mais protegidos diante das difi-culdades naturais. O grupo é uma manifestação social transmi-tida pela Cultura, que tem o poder de interferir direta e indire-tamente na educação e na aprendizagem. Grandes autores comoVygotsky e Bandura ressaltam a importância do grupo e nosmostram que sem ele o desenvolvimento humano e a Educa-ção não poderiam existir. Dentre as características dos grupos,Yozo aponta três fases: a Identidade do Eu, o Reconhecimen-to do Eu e o reconhecimento do Tu, explicando os cuidadosque devemos ter em cada uma delas para obtermos o sucessoeducacional.

CONCLUSÃO

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As fases do grupo

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REFERÊNCIAS

ANDALÓ, Carmem. Mediação grupal: uma leitura histórica cul-tural. São Paulo: Agora, 2006.FAVA, Stela Reginalde Souza et al. Educação em co-criação -Pers-pectiva sociopsicodramática. In: Intervenções grupais na edu-

cação. São Paulo: Agora, 2005.Yozo, R.Y.K. 100 jogos para grupos: uma abordagempsicodramática para empresas, escolas e clínicas. São Paulo:Agora,1996.

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A MOTIVAÇÃOPARA APRENDER

METMETMETMETMETAAAAAApresentar os principaismotivadores internos e externosque influenciam na aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:definir motivação;identificar as características deuma atividade motivadora;reconhecer e aplicar os principaismotivadores no processo deensino e aprendizagem.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSRever o conteúdo daaula sobre a Teoria daEspontaneidade e aaprendizagem.

Crianças desenhando. (Fonte: www.constantinbrasil.com.br).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Você já se sentiu obrigado a fazer algo de que não gosta?Ou ter que fazê-lo novamente porque da primeira vez

não ficou como deveria? Qual a diferença destas duas situaçõesem comparação com outras em que você fez algo espontanea-

mente, sem ser obrigado e com o interesse dever o resultado? Não tenha dúvidas, caro alu-no, é muito melhor fazer algo quando esta-

mos motivados. Mas o que vem a ser esta tal motivação?Estudaremos, nesta aula, o que é e quais são os principais

incentivadores e as principais barreiras no desenvolvimento damotivação. Além disto, discutiremos os principais contextos emque ela se manifesta: fisiológicos, psicológicos e sociais, que ge-ram esta sensação, resumida de forma simples por Bueno (1989),como a exposição de motivos ou causas.

Abordaremos, ainda, entre outros assuntos, como a participa-ção ativa do aluno no processo de aprendizagem, deixando de serapenas um receptor de informações, pode aumentar a sua motiva-ção. Esperamos que você, caro aluno, esteja motivado para estaaula e, se não estiver, consiga aquecer-se durante o transcorrer daleitura. Boa aula!

INTRODUÇÃO

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A motivação para aprender

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Olá, caro aluno! Gostaria de iniciar esta aula contandoum caso que certa vez ouvi de um amigo. É uma histó-

ria chamada “A ciência do peixe”. Fiz algumas modificações paraadequá-la à proposta do nosso estudo. Foi assim.

Era uma vez um pescador chamado JoãoFirmino, mais conhecido como Seu Firmino,o pescador. Morava numa comunidade, àsmargens de um belo rio com um bom volumede água e boa extensão. Desse rio, ele tirava não só o alimento detodos os dias para si e sua família, como também vendia os peixespara garantir a sobrevivência deles.

Seu Firmino era casado com D. Juvanete e tinha uma filhi-nha chamada Jandira. Viviam de forma simples e nada lhes falta-va. Porém, sentia-se bastante intrigado com algo que sua esposafazia há dez anos, desde o início de seu casamento, mas nuncateve coragem para perguntar-lhe o porquê de tal prática.

O mais interessante de tudo isto, caro aluno, é que ao ouviressa história pela primeira vez, lembrei-me de vários momentos(na escola) em que estive diante de uma pessoa com quem convi-via há algum tempo (o professor) e, mesmo com uma boa relação,ainda pensava duas vezes antes de perguntar-lhe algo. Você já pas-sou por isto? O que nos leva a evitar uma pergunta ao professor? Éclaro que nem todas as pessoas passam por isto, mas esta é a reali-dade de muitos alunos. No meu caso, era vergonha. Tinha medo doque os outros iriam achar, pois não sabia se a minha pergunta erainteligente ou se demonstrava a minha falta de conhecimento sobreo assunto. Se você já passou por isto, pense no motivo que o impediude perguntar.

Retomemos a nossa história.Firmino tinha uma pergunta para fazer a sua esposa. Cer-

to dia, na hora do almoço, eleolhou para a panela cheia de pei-xe cozido (todos cortados aomeio) e disse:

A MOTIVAÇÃO

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- Juzinha, minha filha, quero te perguntar uma coisa...- Diga, Firmino- Eu queria que você me explicasse a razão de preparar o

peixe da mesma forma há dez anos?- Como é? – questionou a esposa sem entender nada, olhan-

do para Firmino.- É que há dez anos você corta o peixe em duas bandas para

cozinhá-lo. Sempre em duas bandas!!! Eu não entendo! Devehaver uma razão para isto, você muda o molho, mas sempreprepara o peixe da mesma forma, cortado ao meio!!!

- Haa! É isto?! É simples, Firmino. É a ciência do peixe.- Como assim? Deve haver alguma explicação para isto!- É como eu disse, é a ciência do peixe. A minha mãe me

ensinou assim, e é assim que é feito.- Não estou conformado!Firmino então pegou o seu barco e desceu o rio. Foi até a

casa da sogra em busca de uma resposta satisfatória. Ao chegar àcasa da sogra, foi recebido por ela com um sorriso no rosto.Firmino logo explicou-lhe o motivo da visita e ela, com outrosorriso, disse-lhe:

- Não acredito que você veio até aqui só para saber o porquêde o peixe ser cortado ao meio na hora de ser cozido!!!

- É isso mesmo, estou querendo muito saber. A senhora podeme responder?

- Claro!!! Aprendi isto ainda pequena. É muito simples,ele é cortado assim porque esta é a maneira que se faz , é aciência do peixe.

Firmino quase engasgou e disse:- Olhe, não quero saber de ciência alguma. Eu quero sa-

ber o porquê de o peixe sempre ficar cortado ao meio! Qualo MOTIVO?

- Olha, Firmino, esta é a ciência do peixe. Foi minha mãeque me ensinou, ela mostrou como se fazia e eu mostrei a minhafilha. É assim que se faz, é a ciência do peixe!

Ciência do peixe

Algumas pessoasquando não conhecema explicação de algo queaprenderam e o repetemhá muito tempo costu-mam explicá-lo de formaempírica e, em algunscasos, substituem essaexplicação pela pala-vra “ciência”. Destaforma, a ciência do pei-xe significa “é porque éassim que se faz”.

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A motivação para aprender

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Firmino não pensou duas vezes, pegou o barco e desceu orio ao encontro da avó de sua esposa. Desta vez ele tinha certezade que encontraria uma resposta satisfatória.

Ao chegar à casa da avó de sua esposa, a nobre senhora,conhecida como Dona Antiga, saiu e o atendeu. Mais uma vezele narrou o acontecido e a senhora sorriu:

- Não acredito que você veio aqui para isto!- Sim, vim em busca de uma resposta. A senhora pode me

explicar?Nisto, ela respondeu algo que deixou Firmino mais intrigado.- Não acredito que ainda fazem o peixe assim.E Firmino respondeu assustado e surpreso:- Como assim? O que a senhora quer dizer com isto?- É que na minha época, meu filho, as panelas eram de barro

e pequenas, então tínhamos que cortar o peixe ao meio paracaber dentro delas, mas hoje não precisa porque as panelas sãograndes.

Com isto, chega ao fim a busca de Firmino por uma respos-ta satisfatória.

Gostou da história? Você pode estar questionando-se o motivode ela estar nesta aula. É que o tema em estudos é motivação e,sendo assim, escolhemos esta narrativa que traz uma situação deforte motivação para o protagonista, o Seu Firmino.

Antes de pararmos para refletir sobre essa história, gostaríamosque você, caro aluno, pensasse sobre o que o motivou asua leitura. Pense um pouco, deve ter sido mais de ummotivo. Deve ter iniciado com um e depois mudado paraoutro. Vamos arriscar dizer que a sua primeira motiva-ção foi o desejo de querer aprender o novo conteúdo e,para isso, você precisava estudar a aula. Como a históriaé um componente dela, consequentemente tinha que serlida. Daí em diante, pode ser que a motivação tenha sidoguiada pela curiosidade de saber o mistério que envolvea ciência do peixe.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Mas você sabe exatamente o que é motivação?Dinah (1987), em seu livro Psicologia da Aprendizagem, di-

ferencia estímulo de motivo, de incentivo e de interesse. Obser-ve, caro aluno, que para compreendermos bem o sentido de mo-tivação, precisamos entender também as definições de outroselementos que às vezes nos causam confusão. Vamos lá?

Estímulo – a autoria nos mostra, caro aluno, que o estímulo éalgo físico ou psicológico que desperta uma reação do nosso orga-nismo. Como assim? É simples. Um estímulo físico é tudo aquiloque chama a atenção ao entrar em contato com o corpo. Vamosutilizar alguns exemplos ligados ao contexto escolar, ok? Pode seruma caneta que você segura para copiar a lição (tato), o cheiro e osabor do lanche na hora do intervalo das aulas (olfato e paladar), aluz acesa na sala de aula ou o quadro em que o professor escreve(visão), um som, que pode ser a voz do professor (audição). Umestímulo psicológico pode ser uma lembrança, pensamentos ou sen-timentos (amor, raiva, carinho, amizade). Todas estas coisas provo-cam uma reação no organismo.

Motivo – o motivo é que mantém um comportamento parase obter algo de que se tem interesse. Observe, caro aluno, queum estímulo pode ser motivador, um gosto bom pode motivarvocê a continuar comendo, ou a forma como o professor cha-ma a atenção da sua visão e da sua audição pode motivá-lo aestudar a matéria que ele está ensinando;

Incentivo – é o que possibilita uma ação. É o meio pelo quala sua motivação irá realizar-se. Está complicado? Após apre-sentar a definição de interesse, apresentaremos um exemplo.

Interesse – é uma atuação emotiva que temos por algo real ou ideal .Dizemos que o interesse é do tipo real quando se relaciona a algo imedi-ato, isto é, você tem interesse por cálculos e diante deles sente-se moti-vado. Já o interesse do tipo ideal ocorre quando se relaciona com algoque não está presente, ou seja, a sua motivação está voltada para algumacoisa que vai receber se realizar aquela atividade. Um exemplo disto éestudar hoje para ser um profissional amanhã.

Motivação

Ato de motivar; exposi-ção de motivos ou cau-sas; conjunto de fato-res psicológicos, cons-cientes ou não, de or-dem fisiológica, intelec-tual ou afetiva, que de-terminam um certo tipode conduta em alguém.

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A motivação para aprender

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ATIVIDADES

Para você, caro aluno, qual o sentido da história sobre a ciên-cia do peixe? Que mensagem ela passa? Qual a sua relaçãocom a motivação?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A história de Firmino nos mostra, caro aluno, uma dúvidasurgida diante de um estímulo que se repete (o peixe cortadoao meio). Depois da explicação não convincente, Firminoiniciou a busca por uma resposta satisfatória. Ele queriacompreender algo, estava curioso e esta era a sua motivação.A motivação caracteriza-se por um querer chegar a umresultado guiado por fatores fisiológicos (como a fome ou avontade de ir ao banheiro) e psicológicos (sentir-se bem como reconhecimento de um trabalho bem feito) que podemser influenciados pelo ambiente. A mãe e a avó de sua esposafuncionaram como incentivos para ele continuarpesquisando, e a expectativa de saber a resposta era o seuinteresse. Ele não aceitou a explicação da esposa porquenão via sentido no que estava sendo dito.É importante atentar que esta história nos mostra, de formalúdica, que fazemos e aprendemos muitas coisassimplesmente sem saber o motivo de elas serem daquela formae, sendo assim, surge a repetição, a cristalização e a perda daespontaneidade. Isto acontece com os conceitos queaprendemos, pois a base para a maioria deles nos foi ensinadaquando ainda éramos crianças e por isto nem percebemos quemuitas das nossas atitudes são motivadas por idéias sobre asquais não refletimos.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Vamos agora ao exemplo que Dinah (1983) traz em seu livropara explicar incentivo. Ela nos mostrou a seguinte situação. Umhomem põe a mão em uma chapa quente. Retira a mão da chapa ea leva até a torneira, onde pode aliviar a dor com água.

Neste caso, a dor é um estímulo que provocou uma reação orgâni-ca (retirar a mão da chapa e sentir dor), abanar a mão e colocá-la naágua são comportamentos que ocorrem com a motivação de passar ador. A água é o incentivo. Se não houvesse água, a pessoa procurariaoutro incentivo para realizar as ações que estavam sendo motivadas. Ointeresse era real e era não sentir dor. Ficou mais claro? O caderno e acaneta também são incentivos para o aluno, pois possibilitam que eleanote, durante a aula, o que for necessário.

E como fazemos para motivar o aluno a trabalhar com di-versos conteúdos? Será que simplesmente apresentá-los é o bas-tante? Vamos analisar a situação do aluno e do professor noprocesso de motivação com base na proposta de Dinah (1983).a) O aluno: precisa de tempo para processar as informações e fixar aaprendizagem, além de se interessar por novas informações e possibi-lidades. Necessita de autodisciplina e de sacrificar outros afazeres paraestudar e se dedicar às tarefas exigidas. Os conteúdos precisam fazersentido, ser atrativos. O que você, caro aluno, percebe que o fez escolhereste curso? Mostre isto aos seus futuros aluno.

Existem motivadores para todas as outras coisas que o alunogosta de fazer (assistir à programação exibida pela televisão, jogarvideogame, estar com os amigos), a concorrência é forte e o profes-sor deve lembrar-se disto;b) O professor: em suas ações em sala de aula, você, caro aluno,já deve ter percebido que não basta dar uma boa explicação so-bre a matéria e depois exigir que o aluno aprenda o conteúdo.Antes de tudo, é necessário chamar a atenção dele e criar o inte-resse pelo estudo, estimulando nele o desejo de conseguir resul-tados. Lembra-se da história de Firmino? É daquele desejo dedescobrir que estamos falando. Para isto, o professor deve estarmotivado, não é só o aluno.

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A motivação para aprender

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A tarefa deve produzir motivação. O aluno acerta o exercícioe sente-se motivado para fazer outro, pois percebe que é capaz deresolvê-lo e está entendendo o assunto, isto é, está acompanhan-do o raciocínio com os demais. Ou seja, devemos trabalhar amotivação da forma correta. Para isto, é necessário saber acom-panhar a evolução do aluno. Para ele continuar desejando o su-cesso, o conteúdo a ser aprendido não deve ser muito fácil, mastambém não deve ser impossível de se realizar. Um dos maioresdesestimuladores é perceber que está indo em um ritmo muitodiferente dos demais, que está errando enquanto os outros estãoacertando.

Flexa no alvo. (Fonte: http://www.irsoaventuras.com)

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ATIVIDADES

Vamos ver como isto funciona? Você, caro aluno, irá experi-mentar agora dois problemas com graus diferentes de dificulda-de. Vamos ver qual motiva mais?

1. Realize as seguintes operações:

39+8=? 78-15+46=? 257*2 / 4=?

2. Organize os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 no espaço abaixo, deforma que os números vizinhos (o 2 é vizinho do 1 e do 3 porexemplo) não podem fazer fronteira, ou seja, ficar um ao lado dooutro em qualquer direção.

Ex: caso o número 2 esteja na posição indicada, o 1 ou o 3não poderão estar nos locais com o X, pois caracteriza frontei-ra. Copie este desenho sem o 2 e sem os X e tente encaixar aseqüência de 1 a 8. Boa sorte!

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Esta atividade é dividida em duas partes. A idéia é mostrarque fazer uma atividade muito fácil leva ao sucesso deresultado mais rápido, mas não damos a mesma importânciaou temos a mesma motivação que uma atividade desafiadora.

X

2X X

XX X

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A motivação para aprender

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Respostas 1): 47; 109; 128,5.Resposta 2

Esta é uma das possibilidades, você pode trocar o 1 e o 8 delugar e por conseqüência os demais. Sabemos que umaatividade desafiadora estimula muito mais o aluno. Este éum jogo que se pode trabalhar individualmente ou em grupo,depende das metas de cada professor.Uma observação, caro aluno, a escola ainda não percebeu, aolongo de sua evolução, que a aprovação no final do ano temsido vista como o principal alvo de interesse dos alunos e nãoo aprendizado. Daí a motivação de tirar notas azuis ser maiorque a motivação para aprender. É preciso ter cuidado com isto.

PRINCIPAIS MOTIVADORES

Observaremos a seguir, caro aluno, os principais motivadorespara o aluno, de acordo com a proposta de Dinah (1983).1. Participação ativa nas atividades (discussões e debates).2. Desafios – o professor deve promover atividades que desafiem oaluno, não podendo ser algo muito fácil e nem extremamente com-plicado.3. Ter um conhecimento dos resultados do trabalho – é impor-tante que o aluno tenha conhecimento de seus erros e acertos,bem como das causas que o conduziram a isto.4. Fracasso e censura x sucesso e desafio – o fracasso é uma idéiaque deve ser abolida da educação. Considerar que o aluno fra-cassou é desmontar sua auto-estima. Como ele poderá ter suces-

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so carregando o peso do fracasso? Se o aluno não consegue atin-gir os objetivos propostos pela escola, então é necessário que oprofessor reveja os caminhos percorridos durante o processode aprendizagem. Ele deve tentar atingir o aluno de outras for-mas, buscar outros mecanismos para que ele obtenha êxito.

Assim, o primeiro passo a ser dado é identificar as interfe-rências negativas no processo de aprendizagem do aluno, quersejam na escola ou fora dela. A censura também é negativa. Oaluno deve sentir-se a vontade para se expressar, só assim eleestará confiante para participar. Mas este exercício só funcionase o respeito aos colegas também for ensinado.

Devemos trabalhar com a idéia de que o sucesso está emcada etapa conquistada (por menor que seja) e não unicamentena concretização do objetivo final.5. A capacitação, feita de forma lúdica e em grupo, é um grandemotivador. Os alunos aprendem brincando e, desta forma, de-vemos utilizar os jogos e as competições do tipo gincana.6. É importante que o aluno esteja ciente, desde o início, dos objeti-vos propostos para ele, para que possa orientar-se, saber aonde ir.Neste caso, cabe ao professor expor as suas pretensões.7. A segurança e a atuação social são outros fatores que interfe-

rem na motivação. Se o alunoacha que fazer uma perguntairá torná-lo um chato dianteda turma, então ele prefere fi-car calado. Você se lembra daaula de grupos? Já vimos istolá. O meio social fora da esco-la também se caracterizacomo um motivador, mas es-tudaremos melhor este as-sunto na próxima aula,quando abordaremos os di-versos contextos que interfe-rem na educação.

Cena do filme Escritores da liberdade(Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br).

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A motivação para aprender

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ATIVIDADES

Como você acha, caro aluno, que devem ser utilizados os prin-cipais motivadores em sala de aula?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Você deve ter percebido que trabalhar com os principaismotivadores descritos nesta aula significa dar uma assistênciaquase completa ao aluno, e este é o primeiro ponto que podeser levantado. Deve ter observado, ainda, que a resposta paraesta questão não é única e, por este motivo, o nosso comentárioserve como sugestão e não como resposta fechada. Acreditamosque os motivadores devem ser utilizados de acordo com a aula aser realizada. Em alguns dias, poderão ser promovidas discussões,em outros, jogos; o desafio pode aparecer com muita freqüência,mas nem sempre precisa estar associado a um exercício. Podeaparecer como na história de Firmino. Você pode utilizar osdesafios que constituem um novo conteúdo, ok?

Para fazermos algo bem feito, é necessário que exista umamotivação, e se tratando de aprendizagem, as motivações

desenvolvidas pelo professor e pelo contexto escolar são de gran-de importância. Isso porque muitos outrosestímulos fora da escola podem sermotivadores e, conseqüentemente, concor-rentes da atenção do aluno. Assim, é funda-mental muita atenção com o nosso desempenho em sala de aulae a forma como passamos o conteúdo para os alunos.

CONCLUSÃO

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RESUMO

Um dos principais elementos do processo de ensino eaprendizagem é a motivação. Ela é entendida como um de-

sejo de obter sucesso, de continuar fazendo algo guiado por fatorespsicológicos e fisiológicos. No processo de desenvolver uma ação,e neste caso a ação é aprender, passamos por algumas etapas, taiscomo estar diante de um estímulo, ter uma motivação, ter um in-centivo e um interesse. Tais etapas devem ser de conhecimento doprofessor, que deverá ajudar a promovê-las. É importante saber queeste processo que envolve a motivação vale para o aluno e para oprofessor. Nesta aula, apresentamos uma lista com os principaismotivadores, destacando o incentivo à participação do aluno na aulae a promoção de desafios moderados, isto é, que não sejam nem im-possíveis de se resolver, nem tão fáceis.

REFERÊNCIAS

BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da Língua Por-

tuguesa. São Paulo: Editora Lisa, 1989.CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da Aprendiza-

gem. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.MUSSEN, Paul et al. Desenvolvimento e personalidade da

criança. São Paulo: Habra, 2001.

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AS CONDIÇÕES DO ALUNOANTE A APRENDIZAGEM

METMETMETMETMETAAAAAApresentar os possíveis contextosque interferem na aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:definir um contexto;analisar e criticar as informaçõesrecebidas.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSTer conhecimento sobre:os papéis que surgem na relaçãoprofessor, aluno, aprendizagem.Rever as seguintes teorias daaprendizagem: Comportamental,Cumulativa, Cognitiva Social,Verval Significativa, de Vigotsky ede Piaget.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

Olá, caro aluno! Estamos iniciando mais uma aula de Psi-cologia da Aprendizagem e desta vez, o nosso tema cen-

tral é o contexto. Para que algo faça sentido na nossa vida, é necessá-rio saber o seu significado e a sua utilidade, como funciona e em que

momentos e circunstâncias ele pode ser utiliza-do. Isto tudo só para fazer sentido, e fazer senti-do é fundamental para que algo seja apreendido.

Nesta aula, abordaremos, além de alguns dos contextos queinterferiram diretamente na construção do nosso modelo edu-cacional, a importância de se desenvolver uma visão crítica so-bre as informações que nos são repassadas para podermos escolherentre as opções que melhor se encaixam no contexto do problema aser resolvido. Boa aula!

INTRODUÇÃO

Favela e cidade (http://img2.travelblog.org).

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Vamos iniciar agora um estudo mais detalhado sobre ocontexto escolar. Para isto, é importante você saber o

que é um contexto a fim de poder utilizá-lo em favor da Educação.Para conceituar contexto, utilizaremos a definição apresen-

tada pelo Dicionário Eletrônico Houaiss daLíngua Portuguesa, edição especial. Assim,contexto é:

A inter-relação de circunstâncias que acom-panham um fato ou uma situação.

Entendemos, desta forma, que a nossa educação está en-volvida por uma série de circunstâncias, tais como: a visão demundo da família, as coisas que ocorrem em sua comunida-de, as tradições da região onde mora o aluno, os conceitos epré-conceitos adquiridos por ele, a própria visão de mundoque o aluno vai desenvolvendo, além das suas condições or-gânicas. Todos estes elementos vão influenciar na formaçãodas pessoas, em sua aprendizagem.

Antes de aprofundarmos o assunto, gostaríamos de sugeriruma reflexão que servirá como aquecimento e tem como finali-dade instigar o seu pensamento crítico diante do processo edu-cacional e de sua função neste meio. Vamos lá?

CONTEXTO

ATIVIDADES

Todos nós sabemos que a educação de uma pessoa é construída duranteum longo período de sua vida, tanto na escola como além desta, envol-vendo, assim, diversos contextos. Ela é iniciada no seio familiar, em querecebemos as primeiras instruções, depois vamos para a escola, ondesomos iniciados na cultura científica. Ao mesmo tempo, aprendemoscom os amigos, vizinhos, televisão e religião. Todas estas instituições epessoas são consideradas como contextos que contribuem para o nossoaprendizado e para o que somos.

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COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Sabemos, caro aluno, que nem sempre gostamos de nos depararcom uma atividade ao iniciarmos a leitura de um texto. Mas, nonosso caso, esta prática vai contribuir para uma melhorcompreensão desta aula. Agora você pode estar questionando-se:como esta reflexão pode ajudar-se? Então, fique atento a nossaexplicação e veja como é simples.Para estudar o contexto escolar ou da educação é preciso teruma visão crítica sobre este assunto, e é aí que a proposta dereflexão ajuda. É uma reflexão crítica na medida em que seconfronta a educação e a aprendizagem. É claro que buscamos,nesta aula, uma crítica construtiva que nos conduza ao crescimentoe ao desenvolvimento, fazendo-nos refletir também sobre as nossasações e os processos cognitivos que utilizamos.Ao analisarmos a frase “o que me impede de aprender é aeducação que recebi”, encontramos logo uma questão polêmica:como a Educação, cujo objetivo é promover a aprendizagem,pode vir a impedi-la? Com certeza esta é uma idéia que muitosdiscordariam de imediato, sem se questionar, pois parece muitoóbvio que essa frase só pode estar errada. A questão que escapaa muitos é que ao aprendermos algo, principalmente quandose trata de instruções passadas por um professor, geralmentetemos a informação aprendida como uma verdade absoluta, edeixamos de lado outras possibilidades.Isto acontece com uma freqüência muito grande e faz parteda nossa cultura. E apesar de já termos discutido esta práticaem outras aulas, caro aluno, é sempre bom relembrar. As

Com base neste esclarecimento, reflita sobre a seguinte frase: “o queme impede de aprender é a educação que recebi” (esta frase foi encontra-da e atribuída ao cientista Albert Einstein no site de relacionamento como seguinte endereço eletrônico: www.orkut.com.

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crianças aprendem o que é certo diante do que é errado,psicologicamente utilizamos a razão e a emoção nomomento de conceituar e escolher os caminhos que serãotomados. Vemos isto claramente quando se trata de umpreconceito. Uma pessoa pode aprender a desvalorizaralguém por preconceito e, neste caso, será difícil conduzi-laa aprender o contrário, pois a este aprendizado já terádesenvolvido uma lógica e uma emoção. Na época daescravidão, era assim. A lógica era a de que o negro nãotinha alma e servia apenas para a prestação de serviçosforçados. A emoção era a de serem pessoas inferiores àsquais os ditos brancos não poderiam ser comparados. Quemtentou ensinar diferente foi combatido.Quando um professor ensina algo e diz que é somentedaquela forma que está correto e não aceita outra formade resolução do problema, está int imidando acriatividade do aluno. Não estamos afirmando que sempreuma forma alternativa de resolução de um problema vátrazer uma resposta satisfatória, mas que a tentativa e oquestionamento são de grande importância para odesenvolvimento do aluno. Precisamos ensinar mostrandoque a forma convencional de resolver uma questão é apenasuma entre outras possibilidades, mesmo que elas ainda nãotenham sido adotadas cientificamente. Será que vocêpensou em algo parecido? Em resumo, nunca devemos ficarparalisados diante de um conhecimento.

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Vamos dar continuidade à idéia dos contextos? Você deve lem-brar que o nosso aprendizado fica registrado pela nossa cultura. É aconserva cultural. Mas como isto começou?

Você já ouvir falar de um personagem dos quadrinhos da turma daMônica chamado “Piteco”? Ele é um represente de uma civilizaçãomuito antiga que viveu na cidade de Lem, durante a Pré-História, e poristo vivenciou as origens da propriedade privada.

Era uma época em que o homem vivia em tribos e pescava,plantava e caçava para sobreviver. Tanto a sua sobrevivência comoa dos demais dependia das atividades que eram desempenhadaspelos habitantes da tribo (caçar, plantar e pescar). Desta forma,tornou-se necessária a transmissão do conhecimento para garantirque as gerações seguintes também sobrevivessem.

Alvarez e Rio (1996) nos mostram que durante muito tempopredominou o modelo agrário de sobrevivência, que não exigia umconhecimento mais aprimorado, e só muitos séculos mais tarde,surgiu o modelo industrial, provocando muitas mudanças na edu-cação existente até então.

No modelo agrário, a família produzia o necessário e apren-dia diretamente para a sua sobrevivência, geralmente as pesso-as trabalhavam em família e para a sua própria subsistência,quer seja na agricultura, na coleta ou na caça, e estas açõesfaziam parte da educação. O modelo industrial não funcionavaassim. Com o advento das máquinas, a escola, local dedicado aossaberes científicos, ganha espaço e o modelo de vida muda. Ago-ra existe uma nova categoria em que muitos se enquadram: em-pregados das indústrias que aprendem a operar máquinas enquan-to os filhos dos industriais aprendem Direito e Administração.Temos, desta forma, os que são treinados para comandar o traba-lho e outros para realizá-lo. Na sociedade contemporânea conti-nuamos vivendo em família como nos outros dois modelos, mas arevolução agora é tecnológica e cibernética.

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CIBERNÉTICA

De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da línguaportuguesa, Edição Especial, cibernética é:ciência que tem por objeto o estudo comparativo dossistemas e mecanismos de controle automático, regulação ecomunicação nos seres vivos e nas máquinas.Esta informação é muito semelhante à que é apresentadapelo Ditcom – Dicionário da língua portuguesa On-Line,www.ditcom.com.br/dicionario.htm:estudo dos mecanismos de comunicação e de controle nasmáquinas e nos seres vivos, do modo como se organizam,regulam, reproduzem, evoluem e aprendem.

Se com a mudança do sistema agrário para o industrial a Educa-ção sofreu transformações, também podemos esperar novas mudan-ças na atualidade. Você poderia imaginar uma nova mudançaprovocada pelo avanço da tecnologia cibernética, caro aluno?

A mais evidente é a velocidade na troca de informações e naobtenção de conteúdos. É claro que obter um conteúdo não sig-nifica saber utilizá-lo ou dominá-lo. Outro aspecto importanteque é possibilitado por essa tecnologia é a comunicação com pessoasem qualquer parte do mundo, de forma instantânea ou não.

Quer ver um exemplo disto, caro aluno? Temos um bempróximo de nós. É a introdução de computadores e da internetcomo instrumentos de ensino e aprendizagem na atividade esco-lar. A Educação a Distância é um dos seus maiores reflexos, evocê está fazendo parte deste processo. Espera-se que, através des-ta possibilidade, muitas outras pessoas possam ser educadas, o querepresenta democratização e modificações em setores da sociedadeque antes não podiam acessar a Educação.

Alvarez e Rio (1996) nos mostram que na sociedade industriali-zada houve um aumento significativo do tempo gasto na prepara-ção para a vida produtiva. Aqueles que tinham acesso à educação pas-

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savam toda a infância e a adolescência (e ainda uma parte da juventu-de) estudando. Perceba bem, caro aluno, aqueles que tinham acesso,ou seja, nem todos podiam fazer uso do sistema educacional, e empleno século XXI ainda vivenciamos esta realidade.

Os autores nos mostram também, caro aluno, que boa parte doconceito de educação que conhecemos hoje foi herdado da academia dePlatão. Mas para explicar como Platão nos influenciou, faz-se necessáriofalar um pouco da civilização jônica. Você já ouviu falar do povo jônico?

O povo jônico viveu na Ásia Menor e formava um grupo étnicoque, juntamente com os povos eólios, aqueus e dóricos, compunha acivilização grega. Uma de suas principais características era buscar asexplicações naturais para as coisas que não sabiam. Eles gostavam detocar, mexer, manipular os objetos, isto é, formavam uma civilizaçãomanual que aprimorou técnicas para adquirir conhecimentos a partirda experimentação. Assim, segundo Alvarez e Rio (1996), foi nestacivilização, por volta de 600 a 400 a.C, que surgiu o método científico.

História interessante, não acha? Mas o que Platão tem a vercom isto? Bom, o povo jônico deu os primeiros passos em direçãoao conhecimento científico no formato que conhecemos hoje. Masa Grécia alcançou um destaque maior diante das civilizações da-quela época, e é neste momento que entra Platão e sua academia.

Na cultura grega, influenciada porPlatão, não havia o uso da experimenta-ção. Para os gregos, todo o trabalho ma-nual que conduzisse a um conhecimentoprático era realizado pelos escravos, en-quanto os “intelectuais” se preocupavamsomente com o que podemos chamar deeducação formal. Este tipo de educaçãoera ministrado na academia e tinha comoessência a produção do pensamento puro.Foi uma forma de pensar que atrasou odesenvolvimento do pensamento cientí-

fico por cerca de dois mil anos. (Alvarez e Rio,1996).

(fonte: http:// bp2.blogger.com).

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ATIVIDADES

As idéias da academia foram tão bem estruturadas que influenci-aram e, de certa forma, ainda influenciam a nossa estrutura esco-lar. Você saberia localizar tais influências nas nossas escolas caroaluno? Identifique idéias da academia de Platão que existem nasnossas escolas e formule uma opinião crítica a respeito.

Como vimos, a academia de Platão privilegiava o estudo dopensamento. Mas somente uma parcela da sociedade tinha aces-so a esta forma de ensino, que era a camada social com maiorpoder aquisitivo. através disto já podemos observar algumas seme-lhanças com o sistema atual de ensino, concorda?

O ensino no nosso país é dividido em público e particular, e aprimeira opção é tida como ineficaz em relação à segunda, o quenão quer dizer que esta última reflete a qualidade esperada de umsistema educacional. De qualquer forma, o ensino particular emnosso país (principalmente o ensino médio) possui mais recursos,porém, o acesso a ele é restrito, enquanto que grande parte da po-pulação estuda no sistema público, que não dispõe de uma prepara-ção de qualidade para o vestibular. Neste caso, constatamos clara-mente as diferenças de classe interferindo na Educação.

Outro bom exemplo pode ser observado através da pouca açãodos alunos na produção científica. Estamos acostumados a ficarrecebendo o conhecimento pronto, como já aprendemos nas diver-sas teorias estudadas. Psicologicamente, o aluno passa a dependerde alguém que sabe mais do que ele para falar de seu potencial efazê-lo acreditar em si. Esta situação é vista inclusive nas universi-dades, onde as pesquisas ofertadas aos alunos são em número infe-rior à quantidade de candidatos, ou seja, a maioria dos estudantesfica de fora deste processo.

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Nós simplesmente seguimos este padrão e o achamos corretosem saber a sua origem. Não nos ensinam na escola a produzir umpensamento crítico sobre o processo de ensino, como aquele quefoi atribuído a Eisntein. Sabe o que isto lembra? A história da ciên-cia do peixe. Nela, uma forma de proceder foi repassada e nuncaquestionada. Não se sabia a origem daquela idéia e nem os seuspropósitos, mas era tida como certa e mantida sem as devidas mo-dificações que a época pedia.

Dá para imaginar que no contexto educacional atual aindasofremos a influência do que aconteceu há mais de dois mil anos?Pois é! Não queremos dizer que as idéias de Platão não foramboas, muito pelo contrário. Estamos mostrando a importância desaber a origem de determinadas práticas para entendê-las melhor.

Na sociedade da Grécia Antiga, o intelectual não valorizava aprática. Em pleno século XXI, não é possível proceder da mes-

ma forma. Desde pequeno, aprendemos que tudotem uma finalidade, e quando algo não a tem,perde a graça e aí não queremos mais fazê-lo. Lem-brando que este é um dos maiores problemas en-frentados pelos educadores, já que brincar fazmuito mais sentido para uma criança do que fi-car lendo um texto.

Talvez você esteja indagando-se como isto é pos-sível. Não é muito complicado, siga o nosso raciocínioque você irá compreender.

Devemos lembrar que a criança em desenvolvi-mento está aprendendo enquanto brinca (equilíbrio,movimento, diversos tipos de raciocínio). O corpopede movimento e o texto geralmente não o propor-ciona. Porém, o professor pode dar movimento aotexto, através da dramatização; aos números, pelo

uso de jogos matemáticos; ou às pesquisas, usando a técnica de semi-nários. É claro que esta não é a única razão para o aluno não simpa-tizar com os estudos, mas queríamos só dar um exemplo relacionado

Criança lendo (Fonte: http://images.google).

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à necessidade de movimento em relação à monotonia de algumasformas de se dar aula.

Observamos ainda, caro aluno, que na Antiguidade grega a es-cola já começou a se caracterizar como um fenômeno urbano vol-tado para o desenvolvimento de ações que garantissem a formaçãocultural necessária para lidar com instituições e organizações. Ob-serve que esta educação não era compatível com a vida no campo.

Nas escolas romanas, as crianças aprendiam o básico, depoisos homens poderiam seguir no ensino secundário. Com a expansãodo Cristianismo e a queda do Império Romano do Ocidente, a Igre-ja ganhou mais poderes e passou a controlar a Educação e as esco-las. Durante a Idade Média, quem queria aprender a ler tinha queseguir a carreira religiosa.

IDADE MÉDIA

De acordo com o site www.suapesquisa.com/idademedia, a IdadeMédia foi um período que se iniciou no século V, com a invasão debárbaros germânicos sobre o Império Romano do Ocidente, e se es-tendeu até o século XV. Naquela época, predominava uma economiaruralizada e comercialmente fraca, com domínio da Igreja Católica,sociedade hierarquizada e sistema de produção feudal.

O sistema feudal era regido da seguinte forma: o suserano (donodo feudo) concedia um lote de terra para que o vassalo trabalhassenele. O vassalo deveria ser fiel e em troca ganhava proteção e agarantia de fazer parte do sistema de produção. Todo o poder polí-tico, jurídico e econômico estava nas mãos do senhor feudal(suserano) e o mais poderoso era o rei.

Naquele período, somente os artesãos ou os cavaleiros rece-biam uma educação específica e, mesmo assim, era uma educa-

ção manual. Estas informações, caro aluno, servem para nos pro-porcionar uma base mais sólida das influências que a escola rece-beu e percebermos, assim, que as diferenças de classes interferi-

Educação manual

No século XVII, a edu-cação manual foi defen-dida e valorizada porJohann Heinrich Pesta-lozzi (Zurique, 12 de ja-neiro de 1746 — Brugg,17 de fevereiro de 1827),um pedagogo suíço eeducador pioneiro dareforma educacional.Para ele, “o objetivo daEducação é preparar oshomens para o que de-vem ser na sociedade”.A educação manual,que para ele consistiaem praticar desde as for-mas mais simples dotrabalho físico, manual,até a conquista das ati-vidades complicadas,como as profissões,contribui significativa-mente para educar gran-de número de criançasabandonadas, vítimasda guerra da Françacontra a Suíça.

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ram diretamente na estruturação dos modelos educacionais. Lem-bre-se, caro aluno, de que estes fatos ficaram registrados na Cul-tura e, desta forma, foram transmitidos e conservados. A conse-qüência mais direta disto é que aceitamos com grande facilidadeas diferenças sociais, econômicas e educacionais como se fossemnaturais, o que torna mais complicado promover uma mudança.

Já entendemos que a ênfase no aprendizado teórico foi reforçadadurante muito tempo, e que a prática ficou um pouco de lado. Outroponto importante que podemos observar foi desencadeado a partirdas conseqüências do desenvolvimento industrial e tecnológico einfluenciou diretamente na vida social das pessoas. Como as conse-qüências desse desenvolvimento influenciaram a vida social das pes-soas, e o que isto tem a ver com a escola? É que a escola se adapta aocontexto em que ela existe e a forma de ser das pessoas que a utili-zam. Vamos entender melhor?

Com o desenvolvimento industrial, as cidades cresceram, ficarammais populosas e perigosas, com um transito maior e mais opções paramanter a comunicação e a socialização, tais como telefones, shoppings,cinemas, bares, sistemas de transportes urbanos etc. Tudo isto requermaiores cuidados e preocupações dos pais com os seus filhos. As infor-mações circulam de forma mais rápida e aumentam as preocupaçõescom as drogas e as condutas.

Para que você possa entender melhor o que estamos falando,faça uma viagem no tempo. Converse com seus pais e avós sobreo relacionamento das pessoas no tempo em que eles eram cri-anças. Provavelmente eles devem ter passado por esta fasedurante as décadas de 1940/1970, respectivamente. É bemevidente que eles lhe digam como naquele tempo as comuni-dades eram bem menores e, pelo fato de todas as pessoas seconhecerem, havia menos perigo para as crianças.

Já na sua infância, é mais provável que o comportamento deseus pais deve ter sido diferente, pois você deve ter vivido emuma comunidade maior e mais desenvolvida, o que acarretou ummaior cuidado em relação ao contato com desconhecidos.

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Nas últimas décadas, as crianças têm necessitado de uma vigi-lância maior e, assim, é necessária a autorização de um responsá-vel para que elas possam praticar determinadas atividades. No en-tanto, através da inovação tecnológica e da liberdade de acesso àinternet, torna-se mais difícil para os pais controlarem seus filhos.

Se pararmos para observar, caro aluno, veremos que é esperada daescola a continuidade dos cuidados que os pais têm com seus filhos.Dizem até que a escola é a segunda casa. O professor passa a ser vistocomo um segundo pai ou segunda mãe, alguém que vai dar continuida-de à educação. Isto não é muito simples. Se considerarmos a formaçãoacadêmica de um professor, poderemos nos questionar: o professorrecebe treinamento para fazer o papel de um segundo pai ou de umasegunda mãe? Sabemos que no período universitário a formação dofuturo professor tem um foco maiornas técnicas e nas teorias, mas infe-lizmente pouco se estuda sobre asrelações interpessoais e mesmo as-sim, este é o seu papel.

Já tivemos a oportunidade deestudar as influências que o profes-sor exerce sobre os seus alunos, den-tro e fora da sala de aula, através desua postura e posicionamento ético.Este é um bom espaço para esclare-cermos que o professor não é um se-gundo pai e sim um educador, e paralembrar que a Educação é muito mais que ensinar os conteúdos de umadisciplina, é saber lidar com o ser humano em formação e colaborar paraa construção de uma pessoa íntegra para a sociedade.

Outro ponto que deve ser observado com importância é o indi-vidualismo. Você, caro aluno, já parou para perceber como em nos-sa sociedade o interesse individual ganha maior destaque em rela-ção às ações que favorecem o interesse coletivo? Pense um instan-te. Compare a partir das suas lembranças. Quantas vezes você

Jardim de infância. (Fonte: http://bp1blogger.com).

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viu os interesses coletivos serem privilegiados em relação aosinteresses individuais?

Desde pequenos, aprendemos que é necessário ser melhor queos outros, ou que o nosso grupo é o melhor, e é deste tipo de açõesque surge a maior parte dos preconceitos. Valoriza-se também a bus-ca pelo resultado imediato, esquecendo-se de que, em muitas situa-ções, o resultado favorável só será possível a médio ou longo prazo.

Este individualismo que as pessoas demonstram é mais um refle-xo psicológico construído durante o seu desenvolvimento, ou seja, noprincipal período educacional. Note, caro aluno, que as crianças nãonascem com preconceitos, elas aprendem a ser preconceituosas. Damesma forma como adquirem uma postura passiva na escola duranteo seu período de formação, em oposição ao que fazem naturalmente,isto é, explorar tudo ao seu redor.

Você pode imaginar como todas estas informações culturaispodem interferir na constituição de um contexto escolar? É quepelo fato de a escola ser formada por pessoas, elas sofrem estasinfluências e as reproduzem. Como conseqüência disto, temosum conceito de escola que educa no lugar dos pais, que, por suavez, contribuem para a consolidação deste conceito, pois defen-dem a idéia de que o professor é este educador responsável pelobom desenvolvimento do aluno. Ao mesmo tempo, temos osalunos que já chegam à escola tendo recebido de seus familiaresa tradição cultural individualista construída em nossa sociedade.

Agora diga, caro aluno, esta realidade foi semelhante à que vocêvivenciou em sua época de escola?

Isto nos leva a pensar no papel que todos nós temos na socie-dade, como podemos contribuir para a construção de um ambientemelhor para todos? E se olharmos de forma mais específica, seráque veremos na escola um destaque especial? Um meio em que hácondições para interferir positivamente em toda a sociedade?

Antes de continuarmos esta discussão, vamos conferir mais al-gumas questões. Será que, conforme já citamos em outras aulas, ascondições socioeconômicas da família do aluno não interferem

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no contexto de aprendizagem? Muitos alunos vivem em bairrosonde há um índice maior de violência, outros tantos não têmcondição de se alimentar de forma adequada, além de uma sériede outros problemas que podem tomar o tempo de concentra-ção e a motivação do aluno.

Considerando todas estas questões, podemonos nos per-guntar: qual é o papel da escola na construção de um contextoque favoreça a aprendizagem? A escola deve preparar-se e acom-panhar as mudanças que ocorrem na nossa sociedade. Não po-demos mais ficar reproduzindo ações que deram certo no pas-sado ou em outras sociedades, mas que não suprem as necessi-dades da sociedade do século XXI.

A educação deve ser vista de uma forma mais ampla; atra-vés de uma integraçãodos questionamentos,os problemas sociais epolít icos aparecem,além da liberdade de in-formação que contribuipara a formação de umaluno crítico e seletivoquanto às informaçõesque recebe.

É possível fazeristo, caro aluno? Sim, ésó olhar para o exemplode grandes educadoresna história da humani-dade.

Escola pobre (Fonte: http://www.google.com.br).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

ATIVIDADES

Durante a leitura do texto, pudemos observar colocações que de-monstraram a utilização das idéias geradas na academia de Platão(ocorridas em um contexto de uma determinada época) em plenoséculo XXI (outro contexto, outra época). Explique, com base emsuas leituras e seus conhecimentos prévios, o conceito de contextoe mostre como o curso que você escolheu pode contribuir para me-lhorar o contexto educacional. Dica: você pode pesquisar na internetsobre a contribuição do seu curso ou de pessoas que utilizam osconhecimentos do seu curso para promover o desenvolvimentosócio-educacional.

Um dos melhores incentivos para o aluno aprender vem do seuinterior: é a vontade de aprender mais ao ver o resultado satisfatórioalcançado pelo seu esforço, ou seja, quando o aluno percebe queaprendeu e está acertando. Espero que este seja o seu caso.

Quando falamos em contexto, entendemos que este envolvevários elementos que interferem em uma determinada situação.Podemos dizer que cada um destes elementos contribuem dealguma forma para a construção da situação e, caso algo fossediferente, o resultado poderia sofrer alguma alteração, mesmosendo muito semelhante ao anterior.

Podemos ver o seguinte exemplo: enquanto um aluno foi acos-tumado a estudar durante a tarde toda e só brincar depois dos estu-dos, outro teve uma prática inversa a esta. Nada impede que os doissejam aprovados (resultado semelhante), mas os contextos são dife-rentes. O próximo exemplo é interessante e foi extraído das minhasexperiências de adolescente.

Eu (escola particular) e um grande amigo meu (escola pública) fo-mos alunos de um mesmo professor de Biologia. A diferença que seestabelece neste caso diz respeito ao seu desempenho em sala de aula.Na escola particular, ele era excelente, enquanto na escola pública, seu

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desempenho era péssimo, pois faltava demais. Diante disto, podemo-nos questionar: o que provoca a mudança de contexto.

Para melhorar o contexto escolar, vamos utilizar o exemplo daMatemática, que pode ser utilizada de diversas formas. Já falamosem jogos e competições, em brincadeiras e gincanas que podem aju-dar a produzir uma melhor relação entre o aluno e a escola. Porém, aprincipal contribuição que a Matemática pode trazer é o desenvolvi-mento da inteligência do aluno. O aluno que se dedica a estudarMatemática desenvolve com maior facilidade o raciocínio lógico epassa a gostar de desafios. Piaget foi um grande estudioso deste fato,podemos ver um comentário seu no seguinte site: www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01136/piaget-m.htm.

A partir do que foi apresentado, podemos concluir queo contexto em que nos encontramos é de fundamen-

tal importância para indicar os caminhos que estamos seguindoem nosso desenvolvimento. Isso fica muitoclaro quando falamos de Educação. Seremosalunos ativos, que pesquisam e questionam se ocontexto educacional de que fazemos parte pro-mover esta forma de ensino. Mas também poderemos ser alunoscalados pouco participantes se o contexto contribuir para isto. De-vemos sempre prestar atenção ao contexto que estamos ajudando aconstruir.

CONCLUSÃO

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Amélia; DEL RÍO, Pablo. Cenário educativo e ati-vidade: uma proposta integrada para o estudo e projeto do con-texto escolar. In: Desenvolvimento psicológico e educação.

Porto Alegre: Artmed, 1996.

RESUMO

Nesta aula, constatamos a importância de um contexto paraque possamos realizar algo, quer seja na construção do pro-cesso de aprendizagem, quer seja em outras atividades de nos-

sa vida. Discutimos questões que interferem nas nossas ações econstatamos que as ações construídas no passado podem inter-ferir e guiar nossas decisões no presente e em nossos planeja-mentos futuros. Ainda evidenciamos que a ação crítica do alunoem relação aos conteúdos que lhe são apresentados é de funda-mental importância, pois, diante das constantes mudanças tec-nológicas, torna-se necessário selecionar as informações recebi-das.

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OS CAMINHOS PARAA APRENDIZAGEM

METMETMETMETMETAAAAAApresentar estratégias quefavoreçam a relação ensino-aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:identificar a relação existenteentre educação e mudançassociais;reconhecer e aplicar as estratégiasde aprendizagem;utilizar a Matemática de formainterdisciplinar.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSRevisar os assuntos:relativos às teorias deVygotsky e Piaget eter noções acerca defase do grupo emotivação.

(Fonte: http://www.cefetrn.br).

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Olá, caro aluno! Nesta aula, estudaremos Estratégiasde Aprendizagem. Como parte deste assunto, abor-

daremos questões como as modificações ocorridas na Educação,provocadas pelas mudanças sociais das últimas décadas.

Além disto, discutiremos sobre os elemen-tos necessários para a construção de Estraté-gias de Aprendizagem, desde as condições or-gânicas até as questões psicológicas e

cognitivas. Também reforçaremos alguns conceitos já estudados eque apresentam de forma direta a necessidade de se buscar ainterdisciplinaridade, pois ela é uma das formas mais eficientes deque o professor dispõe para alimentar a criatividade dos alunos efacilitar o desenvolvimento das estratégias necessárias para a cap-tação de conhecimentos.

Será que deu para despertar um pouquinho a sua curiosida-de? Então siga em frente e boa aula!

INTRODUÇÃO

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Os caminhos para a aprendizagem

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ESTRATÉGIAS

Imagine que um cidadão tivesse dormido um século e acor-dasse em pleno século XXI. O mundo seria uma grande sur-

presa para ele: aviões, celulares, arranha-céus. Ao entrar numacasa, ele não conseguiria entender o que é uma televisão ou umcomputador. Poderia maravilhar-se com umabarra de chocolate, escandalizar-se com os bi-quínis das moças, perder-se num shoppingcenter. Mas, quando ele se deparasse com umaescola, finalmente teria uma sensação de tranqüilidade. “Ah, Issoeu conheço!”, pensaria ao ver um professor com um giz na mão emfrente de vários alunos de cadernos abertos. “É igualzinho à escolaque eu freqüentei” (Revista Época - Nº 466, pág. 90).

Esta é, caro aluno, uma história contada nos cursos de qualifica-ção para professores, com a finalidade de mostrar que, enquanto omundo ao nosso redor muda, em grande velocidade, a escola conservaum modelo antigo e que evolui muito pouco diante das nossas necessi-dades. Podemos ver alguns exemplos disto nesta reportagem da revistaÉpoca. Ela traz informações a respeito de mudanças sociais e econô-micas que têm acontecido nas últimas décadas e que exigem umareformulação da educação. Vejamos no box “Nos dias de hoje” algunsdestes exemplos trazidos pela Revista Época:

NOS DIAS DE HOJE

A maior parte do trabalho para o qual a escola nos preparavaé hoje feito por máquinas. Na década de 1970, era necessário 108homens, durante cinco dias, para descarregar um navio no portode Londres. Hoje, com os contêineres e os guindastes modernos,este trabalho é feito por oito homens em um dia.Na década de 1980, a indústria automobilística brasileiraempregava 140 mil operários para produzir 1,5 milhão decarros por ano. Hoje, pode produzir o dobro com apenas90 mil empregados.

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Diante destas informações, podemos até pensar da seguinteforma: a escola não prepara ninguém para trabalhar emmontadoras ou nos portos do país. A preparação da escola é,em seu princípio básico, preparar o aluno para continuar estu-dando, freqüentar uma universidade. Porém, caro aluno, é mui-to comum que boa parte das pessoas busque um emprego e dei-xe os estudos de lado.

Neste caso, o ensino fundamental é de extrema importância, jáque o emprego só chegará se o candidato tiver o conhecimentoescolar. É claro que não estamos considerando todas as dificulda-des políticas e econômicas de nosso país que causam o desempre-go. Estamos só mostrando o quanto dependemos da escola paraavançarmos profissionalmente.

ATIVIDADES

Vivemos na era da informação, e neste ponto, caro aluno, a capaci-dade intelectual das pessoas é mais valorizada do que a sua forçafísica. Nesta reportagem da Revista Época, algumas questões sãolevantadas, e é importante que você pare para refletir sobre a queselecionamos a seguir.

Comente e opine sobre a seguinte informação.1. O ensino não deve ser um conjunto de conhecimentos para avida toda.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A princípio, pode parecer estranho afirmar que o ensinonão deve ser um conjunto de conhecimentos para a vidatoda. Desta forma, caro aluno, você pode ter discordado doenunciado e respondido de forma afirmativa, que é umconhecimento para a vida toda. Este é um pensamento

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possível, já que temos a capacidade de guardar informações, equando estas são usadas com freqüência, permanecemconservadas em nossa memória.Porém, chamamos a sua atenção para o contexto. Diantedas informações apresentadas no box, constatamos que, se osconhecimentos transmitidos no final das décadas de 1960 e1970 não tivessem sido modificados, o número de pessoasdesempregadas seria ainda maior.A resposta esperada é a que concorda com a afirmação. Pois,se o que foi aprendido permanecer da mesma forma, esteconhecimento ficará defasado. Devemos sempre buscar aatualização dos nossos conhecimentos.Para complementar esta resposta, acesse agora o site: http://e d u c a c a o . t e r r a . c o m . b r / i n t e r n a / 0 , , O I 1 3 0 8 3 3 1 -EI3588,00.html e busque o artigo Para educadora, professoresprecisam de atualização, publicado em 19 de dezembro de 2006.

Habilidades

Qualidade ou caracterís-tica de quem é hábil.Hábil - que tem a mestriade uma ou várias artes ouum conhecimento profun-do, teórico e prático deuma ou várias disciplinas;- diz-se de quem tem umadisposição de espírito ede caráter que o tornaparticularmente apto pararesolver as situações quese lhe apresentam ou paraagir de maneira apropria-da aos fins a que visa;astucioso, sutil, manho-so; esperto, sagaz; - dotado de habilidadee rapidez; destro, ligei-ro, ágil.

A idéia, caro aluno, é que na era da informação, os conheci-mentos evoluem e se modificam, provocando a necessidade deadaptação e capacitação dos profissionais.

Isto nos leva diretamente à seguinte direção: é necessário desen-volver habilidades que sustentem a nossa capacidade de adquirirnovos conhecimentos. Diante disto, devemo nos ater à necessidadede aprender a aprender sozinhos. Esta é uma afirmação complicada,pois de acordo com o que estudamos até agora, vai de encontro àsteorias que enfatizam a necessidade de um professor ou de outraspessoas que favoreçam a aprendizagem. Calma, caro aluno, nãoestamos fazendo confusão. Vamos entender?

Quando enfatizamos a necessidade de aprendermos a aprendersozinhos, não queremos dizer que o conteúdo já estudado não temmais valor, mas estamos contextualizando a Educação diante dasnovas necessidades. Devemos continuar trocando informações e

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construindo novos saberes em conjunto, esta é a base da nossa edu-cação. Porém, não podemos ficar esperando que alguém traga todasas informações, devemos aprender a buscá-las devemos revolucio-nar o ensino.

Esta revolução consiste no ato de buscar o com-plemento de informações para tudo o que nos é ensi-nado. Para que ficar esperando? Na era da globalizaçãoe da informação compartilhada (internet), quem buscamais e obtém boas informações sai na frente.

Veja, caro aluno, que esta é a sua realidade. Porestar aprendendo em um curso a distância, o pro-fessor não está atuando tão diretamente na sua vidaacadêmica, não como estamos acostumados.

Diante de tanto dinamismo e de diferentes ne-cessidades que são construídas em nossa sociedadee que interferem na Educação, devemo-nos pergun-tar: que estratégias de aprendizagem devemos usarpara educar os alunos?

Para início de conversa, precisamos lembrar que a organiza-ção é fundamental e que dependeremos dela para desenvolverboas estratégias de aprendizagem.

Pozo (1996) nos explica que as estratégias de aprendizagemsão diferentes de habilidades ou destrezas. Como assim? O queo autor quer dizer com essas habilidades? Vamos ver um exem-plo para poder diferenciá-las das estratégias de aprendizagens.

Peguemos um modelo já conhecido de outra aula. Está lembra-do de Reficofage? Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero eEspécie? Criar uma palavra para retratar as outras é utilizar suahabilidade para facilitar a aprendizagem ou para organizar informa-ções. Da mesma forma estamos utilizando nossas habilidades quandogrifamos frases, fazemos anotações e comentários explicativos, de-senhamos algo que retrata os conteúdos lidos.

Antes de nos aprofundarmos sobre este assunto, vamosobservar primeiro a definição dos conceitos a seguir.

(Fonte: http://www.contosdaescola.net).

Destreza

Demonstração de perí-cia; aptidão, habilidade,engenho;- atitude delicada; finura;- facilidade e ligeireza demovimentos, especial-mente das mãos;- qualidade de destro(‘direito’).

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Para o autor, é preciso mais do que isto para se classificar umaação estratégica de aprendizagem. Ele se utiliza dos conceitos de-senvolvidos por Flavell e Wellman, criados para explicar o desen-volvimento da memória e para fazer a análise das estratégias deaprendizagem. São quatro os conceitos utilizados por eles.a) Processos básicos da aprendizagem;b) Conhecimento relativo a diversas matérias;c) Estratégias de aprendizagem;d) Metaconhecimento.

Está curioso para saber o significado de cada um desses con-ceitos? Então vamos lá!a) PROCESSOS BÁSICOS: são processos derivados da pró-pria estrutura cognitiva, ou seja, dispor das estruturas neces-sárias para se desenvolver a aprendizagem, como por exem-plo, memória de longo e curto prazo. Ter atenção, concen-tração entre outros já estudados.

Um exemplo utilizado por Pozo (1996) é o da tabela perió-dica dos elementos químicos. Para aprendê-la, será necessárioutilizar a capacidade de memorização, por exemplo. E nós jánascemos com a estrutura de memória para ser desenvolvida.b) CONHECIMENTO RELATIVO A DIVERSAS MATÉRI-AS: é necessário que o aprendiz tenha alguns conhecimentos acercado conteúdo que está sendo discutido pelo professor, como tam-bém de outros que possam complementá-lo, além de saber articulá-los (habilidades e destrezas). No exemplo da Tabela Periódica, éimportante que o aluno saiba calcular o número de prótons, aquantidade de elétrons de cada elemento químico, e para isto, osconhecimentos matemáticos são fundamentais.

Constatamos, assim, que em muitos casos um conteúdo depende deoutro, muitas vezes, de outra matéria. Saber ou não estes assuntos poderáfacilitar ou dificultar o entendimento do conteúdo estudado.c) ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM:

Em outras palavras, podemos afirmar que de acordo com adefinição dada pelo autor, as estratégias de aprendizagem po-

Estratégia de aprendizagem

Pozo (1996) cita NIBETTe SHUCK-SMITH (1987)e DANSERAU (1985) paradefinir da seguinte formaas estratégias de aprendi-zagem: - seriam conse-qüências integradas deprocedimentos ou ativida-des que escolhem com opropósito de facilitar aaquisição, armazenamentoe/ou utilização da informa-ção (Pozo, 1996, 178).

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dem ser entendidas como um conjunto de métodos utilizados peloaluno ou professor para adquirir informações e realizar suas tare-fas. Vamos entender melhor como funciona a idéia de Estratégiasde Aprendizagem com base no exemplo da tabela periódica.

Sabemos que são muitos os componentes que fazem parte des-te conjunto (elementos químicos, número atômico, colunas etc.) eque isto dificulta a nossa ação sobre a tabela. Pozo (1996) nos mos-trou três atividades necessárias para constituir a nossa ação: repas-sar, elaborar e organizar (procedimentos ou atividades que facili-tam a aquisição de conhecimento), que juntas formam três gruposde estratégias.

A atividade de repassar um conteúdo talvez seja a mais conhe-cida, e a sua principal finalidade é gravar na memória as informa-ções importantes. Devemos fazer de novas formas, oralmente, coma escrita, através de desenhos etc. Porém, só a repetição não serásuficiente quando estamos tratando de algo mais complexo, como éuma tabela periódica.

Neste caso, devemos utilizar também a elaboração, e paraisto, lançaremos mão de nossas habilidades para facilitar a me-morização, como ocorreu com REFICOFAGE. Uma possibili-dade para ajudar a criar nomes que facilitem assimilar uma se-qüência de elementos em uma determinada coluna. Assim, esta-remos relacionando elementos da tabela entre si a outros ele-mentos de fora dela que facilitem a memorização.

Como já foi dito, caro aluno, repassar e elaborar são atitu-des que ajudarão bastante no processo de aprendizagem. Porém,entendemos que a terceira atividade, organizar, tem caráter espe-cial na aprendizagem e é preciso utilizá-la. Como assim?

Podemos criar inúmeras palavras e repassá-las, mas ainda as-sim serão muitas palavras. Quando Pozo (1996) fala em organiza-ção, ele nos quer mostrar a importância de entendermos como onosso objeto de estudo (no caso é a tabela) foi organizado, quaissão as relações existentes entre ele e o conteúdo em estudo.

Elaboração

De acordo com o Dicio-nário Eletrônico Houaissda língua portuguesa –Edição Especial, elabora-ção é: a construção dopensamento que utilizadados ou elementos parafins conceituais; compo-sição, preparação.

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Sabendo qual o propósito de cada linha e coluna, entende-remos melhor o seu funcionamento. Um exemplo: por que todosos elementos de primeira coluna tem a sua série terminada em1? Você saberia a resposta, caro aluno? É que esses elementostêm apenas1 elétron em sua última camada. Entendendo isto,fica mais fácil. Devemos organizar ou buscar aorganização já existente.

Pozo (1996) nos mostra, ainda, que as teori-as psicológicas da aprendizagem enfocam cadavez mais a importância de se entender a possibi-lidade de chegarmos a um resultado e não so-mente aprendê-lo.

Lembro que certa vez um professor de Mate-mática quis ensinar o caminho percorrido por ummatemático para desenvolver uma determinadafórmula do assunto que estava sendo dado. Infe-lizmente a sua iniciativa não seguiu com sucesso,pois os alunos, que já reclamavam de tantos cál-culos, não queriam saber os caminhos que leva-vam à fórmula. O interessante deste caso, caro aluno, é que al-guns alunos diziam ao professor para pular aquela parte e ir diretoao assunto programado para a prova. Ou seja, os alunos já trazi-am a idéia de que o importante era a nota e o conteúdo pronto.

Observamos, neste exemplo, anos e anos de educação tradici-onal e alunos que não despertaram para aprofundar seus conheci-mentos. O mesmo acontece em outras disciplinas. Em História,por exemplo, ainda tive a oportunidade de ouvir de um professorque Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil por mero acidente denavegação. Esta forma de agir dos professores e dos alunos decorreprincipalmente do não desenvolvimento de uma visão crítica como,foi visto na aula anterior.

É claro que, se o professor for ensinar o processo de cadaconhecimento que ele transmite, necessitaríamos do dobrode tempo de um ano letivo. O que for mais importante deve

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ser ensinado e os demais conteúdos podem ser pesquisadospelos alunos.d) METACONHECIMENTO: é o conhecimento que o indivíduotem sobre os seus processos psicológicos. Sabendo como suas fun-ções cognitivas e emocionais funcionam, ficará mais fácil para pla-nejar e executar estratégias para aprender.

Acompanhe, agora, este raciocínio. Se sua atenção fica reduzi-da por causa da sonolência após o almoço, qual será o melhor mo-mento do dia para estudar? Não vá dizer que é após o almoço. Sevocê tem dificuldades de concentração, não deverá estudar numambiente que traga muitos estímulos, como por exemplo, próximo

a uma janela. Se não gosta de umadeterminada matéria talvez sejamelhor, estudá-la primeiro, en-quanto ainda está com bastantedisposição. Se achar algum assun-to ou disciplina mais complicados,é melhor sentar próximo ao pro-fessor e evitar conversas paralelas.

Vamos buscar um exemploque possa englobar metaconhe-cimento, estratégias de aprendi-zagem, conhecimentos prévios e

processos básicos. Pozo (1996) sugere um exemplo no esportepara que o entendimento seja mais fácil.

Imagine a seleção brasileira de voleibol. O técnico irá instruiros jogadores nas habilidades necessárias que serão utilizadas deforma individual ou em equipe. Para a execução dessas habilida-des, será necessária a utilização de processos básicos (audição, aten-ção, movimento...), que por sua vez dependerão também da exis-tência de conhecimentos prévios (regras do jogo, como pular, comobloquear...).

Essas habilidades deverão ser mecanizadas e os atletas busca-rão cada vez mais a perfeição do movimento. Até aqui tudo vai

(Fonte: http://globoesporte.globo.com).

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indo bem, mas saber executar estes movimentos não garante vitó-ria, concorda, caro aluno?

É importante, então, que se tenha uma tática de jogo paraconduzir à vitória. Cabe ao técnico desenvolver essa tática, ba-seado no que sabe sobre o jogo e sobre o time adversário. Eleutilizará o metaconhecimento para desenvolver uma tática ouestratégia e, se necessário, modificá-la no decorrer da partida.

Observe, caro aluno, que, através do metaconhecimento pode-mos avaliar quais, como e quando as habilidades serão utilizadas ecom que finalidade.

Vamos agora transpor estes conhecimentos do exemplo paraum aluno em processo de aprendizagem. Neste caso, o alunodeverá fazer o papel dos jogadores (executa) e também o do téc-nico (avalia as ações), organizando o seu estudo e a melhor for-ma de aprender. A este conjunto de atividades e ações chama-mos de “estratégias de aprendizagem”.

Mas chamamos a sua atenção, caro aluno, para quando estiverna posição de professor não sustentar a idéia de sempre reproduzire passar o conteúdo pronto. Mostre ao seu aluno que ele pode usaro metaconhecimento e desenvolver suas próprias estratégias deaprendizagem. Uma observação importante é que para uma estra-tégia de aprendizagem sempre há um objeto final.

ATIVIDADES

Agora que você já conhece a definição de Estratégias deAprendizagem, vamos pedir-lhe que:

1. lembre-se da época em que estava na escola e escolha uma maté-ria de que mais gostava e outra com que tinha menos afinidade;2. descreva as estratégias utilizadas por você nos momentos de es-tudo dessas matérias;

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3. pelo metaconhecimento que você tem hoje, descreva como osseus processos psicológicos e cognitivos funcionavam em relaçãoàs duas disciplinas escolhidas no momento do estudo.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A resposta para esta segunda atividade é bem pessoal e, destaforma, a sua resposta será diferente da que vamos apresentar.Escolhemos para exemplificar as seguintes matérias: Ciênciascomo preferida, e Literatura, como a que menos gostava.Em Ciências, costumava associar o conteúdo teórico a desenhosque eu mesmo produzia e depois explicava em voz alta o quetinha estudado. Sempre que o conteúdo permitia, observava ateoria no dia-a-dia (conteúdos como plantas, ecologia, chuvas...).Nesta situação, eu repassava o assunto, elaborava formasparticulares de estudo (desenhos que só eu entendia, observaçõesno dia-a-dia em que podia fazer uma série de associações com oconteúdo) e buscava com isto o propósito do autor e do professorem me passar aquele conteúdo.Em Literatura era diferente, só fazia repassar o conteúdo e,mesmo assim, sem muita empolgação. Neste caso, faltou odesenvolvimento de boas estratégias de aprendizagem. Comoexplicar isto? Hoje, podemos dar a explicação através dometaconhecimento.O metaconhecimento mostra, neste caso, como o desempenhonestas duas disciplinas era influenciado pela forma como mesentia diante delas. Para Ciências estava sempre disposto ecurioso. Para Literatura estava sempre com sono.Lembro-me de que o professor tinha grande influência nestasituação. A professora de Ciências era divertida e brincavacom os assuntos, já a de Literatura passava a aula inteiraescrevendo no quadro, não tinha graça!

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Na Revista Época já citada, podemos encontrar um bomexemplo que utiliza todos os elementos já estudados nesta aula.

Veja no Box como as relações podem acontecer.

RELACIONANDO AS DISCIPLINAS

Este episódio aconteceu no Estado de São Paulo, em umacidade chamada Torrinha (a 240 km da capital deste Estado).Veremos, com base neste relato, que é possível articulardisciplinas como História, Geografia, Português e Artes. Em2002, na Escola Estadual Lázaro Franco de Moraes, aprofessora de Artes, Kátia Regina Buzato, estava falando sobreimagens barrocas na aula de Artes, quando foi surpreendidapelas informações dos alunos que afirmaram ter em vistosantos parecidos naquela região. Diante dessa informação, aprofessora propôs à escola uma investigação da arte local.Iniciou-se, assim, uma atividade interdisciplinar. O professorde História auxiliou os alunos na elaboração de umquestionário para os moradores mais antigos que viviam emtorno das capelas. As 54 capelas da região foram catalogadas edepois disto foi a vez da professora de Geografia, Alair Coleta,ajudar a classe com a localização e o registro delas em mapas.A professora Alda Lobo, de língua portuguesa, ficou responsávelpela revisão de cada história coletada e fez a edição do livro,que teve uma tiragem de cinqüenta cópias (patrocinadas porum morador local) que circulam pela cidade de mãos em mãos.

Para ter acesso na íntegra à matéria da Revista Época, acesseo seguinte endereço eletrônico: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG77082-6014-466-1,00.html que o levaráà primeira página da matéria. As outras quatro páginas deverãoser acessadas lá mesmo, no link “AINDA NESTA MATÉRIA”.

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Tenho ainda outro exemplo interessante, caro aluno, sendo quemas não foi retirado de uma revista. Certa vez estava conversandocom o filho de uns amigos, quando ele comentou sobre o seu de-sempenho na escola e algo chamou minha atenção. Ele me disseque tinha conseguido nota 9,5 em Matemática, mas em Física a suanota tinha sido 1,4. Dá para entender o que aconteceu? É claro quesão disciplinas diferentes, mas a base das duas é o cálculo. Ele dis-se que sabia todas as fórmulas, que este não era o problema. Então,caro aluno, se ele sabia as fórmulas e era muito bom em cálculo,onde estava o problema?

Discutindo o assunto com este aluno, concluímos que oproblema dele naquela disciplina não dizia respeito aos seus con-teúdos específicos, mas à interpretação dos enunciados. Ele nãoestava compreendendo o que o enunciado pedia.

Como se tratava de um problema de interpretação de texto, oconselho era levar a prova de Física para o professor de portuguêsanalisar. Algum tempo depois, este aluno revelou que o professorde português o ajudou a entender melhor o que aquelas questõespediam. Depois destes esclarecimentos, foi só esperar os próximosresultados para ver o efeito.

Caro aluno e futuro professor, temos que, antes de tudo,mostrar uma Matemática dinâmica, que se socializa com outrasdisciplinas. E para ter acesso a mais informações sobre o uso daMatemática em outras disciplinas e sobre questões referentes àinterdisciplinaridade, busque o seguinte endereço eletrônico, lávocê vai encontrar uma experiência que revolucionou o ensinoem uma escola de Minas Gerais. Aproveite para alimentar assuas idéias: http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/122_mai99/html/inter.htm

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ATIVIDADES

Esta terceira atividade será divertida.1. Primeiro você deverá ir ao site: www.somatematica.com.br efazer o seu cadastro.2. Em seguida, deverá buscar a seção de entretenimento e acessaro link “Mundo Matemático”.3. Escreva sobre as suas impressões acerca da aplicação da Mate-mática nas diversas profissões (com base nas informações conti-das no site indicado acima, que relata a experiência que revoluci-onou o ensino em uma escola de Minas Gerais).

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

É, caro aluno, como pudemos verificar, a Matemática semostra fundamental para o crescimento e a evolução dahumanidade. Desde a Antiguidade, esta ciência vemsendo utilizada para melhorar as nossas vidas em váriosaspectos.No Site “Só Matemática”, encontramos vários exemplosda utilização desta disciplina em associação com outrasáreas, tais como Medicina Veterinária, em que sua açãoocorre no planejamento de vários procedimentosterapêuticos e cirúrgicos, nas pesquisas genéticas, noestudo de freqüência cardíaca e respiratória, cálculo dedosagem de medicação entre outras.Na área da Nutrição, a ação matemática é fundamental,já que uma parte do trabalho deste profissional vaidepender do cálculo do índice de massa corpórea.Para a Administração, saber aplicar os conhecimentosmatemáticos é uma questão básica. Existem as finanças,o orçamento, a estatística... Ela está presente no Direito,

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na Engenharia, na Arquitetura, na Música, na Geologia,na Psicologia...Fica clara, mais uma vez, a necessidade de aprender a uniros assuntos, as matérias. Você já tinha imaginado umaavaliação coletiva como a que foi mostrada no texto deinterdisciplinaridade? Estas são iniciativas que educam osalunos para as necessidades futuras. Pense nisso.

CONCLUSÃO

Caro aluno, concluímos esta aula afirmando que não épossível mais viver a Educação sem relacioná-la com

os diversos contextos da vida e sem buscar a interação das diver-sas disciplinas. Até porque, algumas vezes, asolução para um problema encontrado emuma matéria pode estar no estudo de outra.

Os professores devem ser livres para criaras possíveis conexões, devem ter um espaço para que possam reu-nir-se e trocar informações sobre conteúdo e sobre o comporta-mento e o desempenho dos alunos. Isto é o futuro.

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REFERÊNCIAS

POZO, Juan Ignácio. Estratégias de aprendizagem. In: De-

senvolvimento psicológico e educação .Porto Alegre:Artemed, 1996.ARANHA, Ana; COTES, Paloma; MONTEIRO, Beatriz. Oque as escolas precisam aprender. Revista Época, 23 de abrilde 2007, 90. Editora Globo, nº 466.

RESUMO

Sabemos que a vida, em nossa atualidade, é muito diferentedo que foi há trinta anos. Uma das principais conseqüências

das mudanças políticas, sócio-culturais e econômicas ocorridas nopaís foi a necessidade de se modificar a educação. A estrutura con-tinuou basicamente a mesma, mas o seu direcionamento tende aacompanhar as novas necessidades da sociedade. Ainterdisciplinaridade vem trazendo a possibilidade de novas mu-danças no sistema escolar. Ela visa a uma maior conexão entre asdisciplinas afins e outras não tão afins, com a finalidade de promo-ver uma Educação mais completa e que faça sentido para o aluno.Para isto, devemos sempre produzir novas estratégias de aprendi-zagem que possam levar os alunos à adaptação dos novos conheci-mentos do mundo onde ele vive.

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O PROFESSOR

METMETMETMETMETAAAAAApresentar as principaiscaracterísticas do papel deprofessor.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deveráavaliar criticamente o papel deprofessor a partir dos conteúdosjá estudados.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSRevisar os assuntos relativos àsteorias da Psicologia daAprendizagem (Piaget, Vygotsky,Gagné, Ausubel, Skinner, Bandura).

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Olá, caro aluno! Já sabemos que para aprender algo, é pre-ciso unir dois fatores principais: a teoria do que será co-

nhecido e a sua aplicação prática, sem as quais deixaríamos de aumen-tar o nosso aprendizado. A prática na área da Educação pode ser

desenvolvida de diversas formas (pesquisa, expo-sição de conteúdos, preleções, observações, en-trevistas, estudo de caso, entre outras), e nós esta-

remos, nesta aula, alguns destes recursos.Esta aula será diferente das anteriores, pois você precisará ir

a campo para desenvolver o seu estudo. Estamos falando de umaaula prática, que lhe permitirá comparar o conteúdo estudadocom a realidade escolar. É uma oportunidade para tirarmos asdúvidas ou aumentá-las. Esta é uma ação que favorece o nossopoder de avaliação crítica da situação em que se encontra a pro-fissão escolhida. Boa aula!

INTRODUÇÃO

(Fonte:http://www.colegiodalagoa.com.br).

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O professor

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Muito bem, caro aluno, chegou o momento de estudarmos de uma forma mais direta o papel do professor em sala de

aula. Está preparado?Para esta aula, você deverá entrar em contato com uma escola

e solicitar uma autorização para assistir à aulade um professor e observar a sua atuação comos alunos (caso não seja possível um professorda sua área, pode ser um de outra disciplina). Talvez seja necessá-rio levar uma solicitação do seu Pólo de Educação a Distância. Emseguida, você deverá fazer uma entrevista com o professor da disci-plina que a escola lhe permitiu observar. Esta aula deverá seguir asetapas descritas a seguir.

A PRÁTICA

ATIVIDADES

1ª ETAPA

Neste primeiro momento, você deverá assistir a uma aula de umprofessor e observar a sua atuação nos seguintes aspectos:- relação professor e aluno;- postura amigável do professor;- o método utilizado pelo professor para transmitir o conheci-mento (quais artifícios ele utiliza para tornar a aula mais atrativa);- o comportamento dos alunos na sala durante a aula e diante doprofessor.

2ª ETAPA

Nesta etapa, você deverá entrevistar o professor e, em seguida,comparar as respostas com as observações feitas durante as aulas aque assistiu. Apresentamos a você quatro questões a serem utiliza-das em sua entrevista, que poderá ser complementada com maistrês (de sua criação) se achar que o contexto permite.1. Qual é o papel do professor? Quais as suas funções?

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2. Todo professor é um educador? Qual a importância de ser umeducador?3. É fato que, nas últimas décadas, a globalização tem promovidograndes mudanças nas relações mundiais. Essas mudanças têm ocor-rido na economia dos países, nas inter-relações culturais, nas infor-mações trazidas em tempo real entre outras. De que forma tais acon-tecimentos interferem na Educação, de forma geral, e em sua disci-plina, de forma específica?4. Segundo alguns teóricos da Psicologia da Aprendizagem (Piaget,Vygotsky, Gagné, Ausubel, Skinner, Bandura entre outros), no processode ensino e aprendizagem, as atitudes do professor em sala de aula po-dem interferir positiva ou negativamente no resultado do aluno. Em suaexperiência isto já foi verificado? Qual a sua opinião?

Durante a entrevista, você ainda poderá, comentar as questõescom o professor e tirar dúvidas sobre as respostas dadas pelo entre-vistado. É importante que a entrevista aconteça como se fosse umaconversa entre amigos.

3ª ETAPA

Esta é a última etapa da aula e você, caro aluno, deverá compa-rar as observações feitas durantes as aulas a que você assistiu comas respostas do professor. O produto desta atividade deve ser umtexto de 30 linhas comparando a prática docente a alguma das teo-rias estudadas nas aulas anteriores (aulas 3 a 10) ou discorrer deuma forma geral sobre as diversas.

Obs.: este trabalho o colocará em contato com uma realidadeprofissional, mas não com toda a realidade profissional. Como as-sim? É que não poderemos e não é o nosso objetivo fazer umacrítica sobre a subjetividade do professor que será observado, esim do conjunto: professor, sala de aula, alunos e instrumentosutilizados para ensinar.

Apresentamos esta observação, pois pode ocorrer de você ob-servar o desempenho do professor num dia em que ele não esteja

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bem. Afinal de contas, todos nós temos problemas exteriores à esco-la que podem interferir em nosso desempenho profissional. Deve-mos, então, ter cuidado para não julgá-lo, que é diferente de obser-var, entrevistar e comparar as suas atitudes com a teoria.

Como você deve ter percebido, esta é uma atividade cujaresposta dependerá muito do que aconteceu no dia de sua reali-zação e das pessoas envolvidas neste processo, ou seja, não háuma resposta única. Diante disto, vamos fazer um comentáriode acordo com as possibilidades gerais dos acontecimentos.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Na primeira etapa, seria de grande importância que vocêtivesse observado o relacionamento do professor com osalunos, se ele era educado, respeitoso, amigável, se a suaaula era monótona ou dinâmica, se buscava manter a atençãodos alunos e se a turma correspondia ou ficava dispersa aosseus comandos e estímulos.Na segunda etapa, caro aluno, esperamos que você tenhainiciado uma conversa para fazer a entrevista com o professor.Deveria apresentar-se e informar o que seria feito. Em seguida,faria as perguntas já formuladas e, caso houvesse um contextofavorável, elaboraria mais três perguntas, que não seriamobrigatórias, mas de grande importância para mostrar o seudesenvolvimento com a atividade.Da terceira etapa, esperamos que você tenha comparado osresultados da observação e da entrevista com as teoriasestudadas (Comportamental, Cumulativa, Cognitiva Social,Verbal significativa, Vygotsky, Piaget e Psicodrama Pedagógico).Essas teorias apontam as influências que um professor pode edeve ter no desenvolvimento de um aluno e de uma pessoa e nosajudam a evitar alguns erros que podem acontecer.

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Concluímos, assim, que através desta aula-atividade busca mos aproximá-lo de uma realidade profissional mais con-

creta. Consideramos que esta aula é de fundamental importânciapara a sua formação e compreensão desta realidade do ensino. O

trabalho prático se caracteriza como umaoportunidade em que as dúvidas afloram,como também soluções antes não pensadas.

A atividade prática nos conduz ao con-tato direto com a área de trabalho e nos possibilita uma revisãorápida dos conteúdos já estudados, além de apontar o que preci-samos estudar mais. Devemos sempre ter o cuidado de valorizaras duas coisas, pois a teoria sem a prática não produz e a práticasem a teoria torna-se uma ação sem rumo. Bom trabalho!

CONCLUSÃO

RESUMO

Podemos afirmar que, durante o desenvolvimento deuma profissão, ou de um estudo, existem momentosde aprendizado teórico e outros de aprendizado prá-

tico. Diante disto, esta é uma aula que procurou promover asua interação, caro aluno, com o ambiente de trabalho. Pormeio dela, você teve acesso direto à atuação de professoresnas salas de aula e, com isto, pôde verificar alguns pontos doque já foi estudado de forma teórica. Dentre o que pode ser ob-servado, destacamos: a postura do professor como exemplo pes-soal para os alunos, a relação positiva ou negativa entre profes-sor e alunos, o seu método de ensino, a forma utilizada paralidar com as diferenças entre os alunos . Abrimos, assim, a pos-sibilidade para que você possa conhecer mais de perto os me-lhores caminhos para a construção de um ensino de qualidade.

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O professor

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REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Amélia; DEL RÍO, Pablo. Educação e desenvolvi-mento: a teoria de Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Pró-ximo. In: Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Ale-gre: Artmed, 1996.BASIL, Carmem; COLL, César. A construção de um modeloprescritivo da instrução: a teoria da aprendizagem cumulativa. In:Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed,1996.COLL, César e MARTÍ, Eduard. Aprendizagem e desenvolvimen-to: a concepção genético-cognitiva da aprendizagem. In: Desen-

volvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.DEL RÍO, Maria José. Comportamento e aprendizagem: teorias eaplicações escolares. In: Desenvolvimento psicológico e educa-

ção. Porto Alegre: Artmed, 1996.FERNÁNDEZ, Alicia. Psicopedagogia em psicodrama: moran-do no brincar. Petrópolis: Vozes, 2001.MADRUGA, Juan A. García. Aprendizagem por descoberta frenteà aprendizagem por recepção: a teoria da aprendizagem verbal sig-nificativa. In: Desenvolvimento psicológico e educação. PortoAlegre: Artmed, 1996.MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.RIVIÈRE, Angel. A teoria cognitiva social da aprendizagem: im-plicações educativas. In: Desenvolvimento psicológico e edu-

cação. Porto Alegre: Artmed, 1996.

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O PROFESSOR E O ALUNO

METMETMETMETMETAAAAAAprofundar a discussão sobre osaspectos que favorecem a relaçãoprofessor-aluno.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:reconhecer aspectos das diversasteorias de aprendizagem, jáestudadas, que favorecem arelação professor-aluno.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSO aluno deverá conhecer:as fases do grupo;osmotivadores internos e externosque influênciam na aprendizagem;os possíveis contextos queinterferem na aprendizagem;estratégias que favoreçam arelação ensino aprendizagem; asprincipais caracteristicas do papeldo professor.

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Quando pensamos em Educação, lembramo-nos logo deuma sala de aula. Já a imagem de uma sala de aula nos re-mete a uniformes, livros, carteiras, colegas, e, é claro, a

professores.Alguns professores marcaram nossas vidas

pela amizade, outros, pelo lado cômico, alguns,pela exigência, sem se esquecer daqueles que nosmarcaram pela chatice. O mesmo podemos di-

zer dos alunos: há dos melhores aos mais perturbadores.Nesta aula, teremos a oportunidade de discutir o conteú-

do de um filme a que você deverá assistir. Ele tem como focoa relação professor-aluno e nos mostra, de maneira clara,

como tal relação pode determinaro futuro de tantas pessoas. Esseconteúdo nos permitirá entendermelhor a responsabilidade sobreessa profissão e as diversas for-mas de se transmitir um conhe-cimento.

INTRODUÇÃO

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Olá, caro aluno! Já falamos, por diversas vezes, sobre aimportância de uma boa relação entre professores e alu-

nos para que haja um bom resultado no processo educacional. Jáfalamos, também, sobre a necessidade de se educar para a vida esobre a interdisciplinaridade como o futuro deuma Educação mais completa e motivadora.

A partir de agora, vamos mostrar comoisso pode acontecer. Para acompanhar anossa discussão no transcorrer desta aula, você deverá assis-tir ao filme Vem Dançar.

VEM DANÇAR

Antonio Banderas estrela Vem Dançar, um drama inspiradona história real de Pierre Dulaine, um professor e competidorque ensina dança de salão voluntariamente a um grupovariado de alunos do ensino médio de uma área carente docentro de Nova York, mantidos de castigo. A princípio, osalunos estão desconfiados das intenções de Dulaine,principalmente quando descobrem que ele está ali paraensiná-los a dançar. Mas, pouco a pouco, seucomprometimento e dedicação inabaláveis os inspiram aabraçar o programa proposto pelo professor.Direção: Liz FriedlanderRoteiro: Dianne HoustonGênero: drama/músicaOrigem: Estados UnidosDuração: 108 minutosTipo: longaPara maiores informações, consultar o site: http://

cineplayers.com/filme.php?id=1927

Esse é um filme muito produtivo para todos os profissionais quetrabalham com a Educação, parece até que foi feito para as aulas dePsicologia da Aprendizagem. Nele são utilizadas várias técnicas de

MOTIVAÇÃO

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ensino estudadas pelos teóricos dessa área. Mas o que faremos comesse filme? É simples. Você, caro aluno, irá desenvolver uma ativida-de de acordo com as etapas descritas a seguir, por isso, é importanteque você as leia antes de assistir ao filme.

ATIVIDADES

1ª ETAPA

Esta primeira etapa tem um caráter mais geral. Você deverá as-sistir ao filme e escrever as suas impressões sobre ele, o que vocêachou da apresentação e avaliar se o seu conteúdo pode ou não serutilizado como instrumento de ensino e aprendizagem. Para fazeresta análise, deverá relacionar a proposta do filme aos conteúdosestudados durante esta disciplina.

2ª ETAPA

Esta etapa já é mais específica. Nela você irá analisar as ce-nas descritas a seguir.1. Há uma cena em que o aluno conhecido como Rock querentrar no baile e é barrado pelo professor Joe Temple e peladiretora Augustine. Comente a relação desses profissionais como aluno e as suas conseqüências.2. Correlacione à teoria de Bandura a cena em que o Sr. Dulainedemonstra cortesia ao abrir a porta para as mulheres enquantoaguarda para falar com a diretora. Nessa cena, um aluno chamadoEddie critica a atitude do professor, mas, em seguida, repete-a.3. Ainda na cena discutida no quesito anterior, o aluno, aorepetir a ação educada do Sr. Dulaine, é punido pela direto-ra com uma reclamação sobre o novo aprendizado. Comen-te essa cena e a relacione com o que Skinner postulou sobrepunições e aprendizagem.

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4. Durante as aulas de dança, o Sr. Dulaine se apresenta como umprofessor diferente. Em diversos momentos, ele tem a sua música eos seus costumes confrontados com a música e o pensamento dosalunos, mas ele não desqualifica ninguém, nem demonstra precon-ceito. Correlacione este tipo de comportamento à importância de oprofessor ter conhecimentos sobre o contexto em que vivem osseus alunos.5. Sabemos que a motivação é algo de grande importância para obom desempenho de qualquer atividade. Com base neste pensa-mento, demonstre como o Sr. Dulaine faz esta estimulação.6. A aluna rica pede ajuda a um aluno (Monstro) para aperfeiçoaros seus passos de dança. Correlacione esta cena à teoria deVygotsky.7. De acordo com a teoria da Espontaneidade, o aluno deverácriar as suas ações após aprender o básico. Com base neste pensa-mento, comente a cena do tango em que três alunos se juntam natentativa de vencer o campeonato.

Capa do filme “Vem dançar” com Antonio Banderas ( história real de um professor dedança chamado Pierre Dulaine). (Fonte: www.coloniabrasil.org).

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COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

ETAPA 1

Nesta atividade, caro aluno, sua opinião é fundamental. Ocomentário que estamos apresentando é somente umapossibilidade entre tantas outras.Constatamos neste filme o retrato da realidade de uma escolapública norte-americana. Sabemos que os costumes e acultura são diferentes dos nossos, mas também temos gravesproblemas aqui no Brasil.A idéia principal deste longa-metragem se concentra noconceito de grupos e de discriminação social. Há umprocesso constante de auto-afirmação por parte dos alunose dos professores como categorias diferentes.E foi com base nesta situação que o Sr. Dulaine iniciou oseu trabalho. Primeiro, conhecendo o contexto e a realidadeda escola e de todos que participavam daquela organização;em seguida, reconhecendo os alunos como pessoas iguais,tratando-os com respeito. O professor tomava muitocuidado para não agredir a cultura já existente, ele partiadestes princípios para ensinar novas lições.Outra prática utilizada por ele foi a união do grupo parapromover a motivação dos alunos, o desenvolvimento deum senso moral e de respeito e a promoção da confiança, queincentivou o grupo a contribuir com idéias e a se auto-ajudar.

3ª ETAPA

Esta etapa é reflexiva, pois, apesar de o filme ser baseado emuma história real, sabemos que os contextos são diferentes e aspessoas também. Com base no conteúdo desse filme, quais refle-xões você pode desenvolver para serem aplicadas na sua vida pro-fissional? Comente no fórum apropriado.

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As lições propostas pelo professor passaram a fazer sentidopara os alunos e a assimilação dos conteúdos melhorou. Omodelo de educação proposto nestas aulas visa à vida e não auma prova de vestibular. Por isso, esse filme pode ser utilizadocomo ferramenta de ensino e aprendizagem.

ETAPA 2

1. Nesta cena, o aluno é agredido pelo professor e pelosseguranças, gerando indignação e raiva. Independente de serum aluno, a exclusão machuca as pessoas e geraconseqüências negativas, como aconteceu no filme. Aqueleé um péssimo exemplo de como se construir uma relaçãoprofessor-aluno, não existia diálogo.2. Esta é uma cena muito interessante em que constatamosum conflito de valores. Apesar de o professor ser gentil, oaluno não acredita nesta atitude dele. Mas quando o Sr.Dulaine sai do recinto, podemos ver, ao fundo, o alunorepetindo o gesto do professor. Bandura fala sobre aaprendizagem por observação e nos diz que umcomportamento que é observado, principalmente de pessoasque trazem uma determinada influência, tem maiores chancesde ser repetido. Ele nos alerta, ainda, para o fato de ocomportamento agressivo ser bastante estimulante na nossasociedade.3. Como você deve estar bem lembrado, o aluno foirepreendido pela diretora quando repetiu a ação generosado Sr. Dulaine, abrindo a porta para as mulheres quepassavam, que é caracterizado como uma punição. Skinnernos dizia que a punição nunca deveria ser utilizada naEducação, já que nada ensinava e ainda gerava ansiedade esentimentos negativos (raiva, medo, revanche, humilhaçãoetc.) contra a pessoa que puniu. Está lembrado?

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4. Quando o professor Dulaine tem conhecimento sobre ascaracterísticas dos seus alunos, o contexto em que vivem, torna-se mais fácil desenvolver um diálogo com eles e sercompreensivo. No filme, a característica agressiva dos alunosnão o assustava como assustava o outro professor, pois oSr. Dulaine sabia que aquilo era produto do meio em que viviam,

mas que isto, por si só, não inviabilizava acapacidade dos seus alunos. Os alunos tambémeram preconceituosos, mas quem não o é?Devemo-nos preparar para trabalhar com opreconceito dos alunos em sala de aula e tentareliminar os nossos.5. O Sr. Dulaine estimulava seus alunos dediversas formas. Levou uma aluna experiente parademonstrar a execução de um tango, inscreveuos alunos numa competição em que houve apossibilidade de se ganhar um prêmio entre outras.Mas a melhor estimulação vinha dos própriosalunos que percebiam a sua capacidade de dançarcada vez melhor e, então, queriam mais.6. Vygotsky nos fala da importância do social nonosso desenvolvimento e aprendizagem. A alunarica não se sentia estimulada para dançar nocontexto da escola onde estudava. Os outrosalunos não se ajudavam, eram muitoindividualistas. Já no grupo da escola pública, elase sentiu à vontade e melhorou muito o seudesempenho com a ajuda do seu parceiro de dançae com a sua aceitação por parte dos demais

membros daquele grupo.7. A Teoria da Espontaneidade nos mostra que o aluno deveráaprender o que lhe é ensinado num primeiro momento. Depoisele deverá testar as diversas possibilidades do que aprendeu

Cenas do filme Vem Dançar (Fontes: www.pluhma.come www.cinemacomrapadura.com.br).

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num segundo momento, e isto constitui um novo aprendizado.Por fim, o aluno deverá criar a sua própria forma de utilizar anova informação. Isto foi o que aconteceu na última cena detango. Os alunos, sem treino prévio e de forma espontânea,desenvolvem uma nova forma de dançar tango a partir do queaprenderam.

ETAPA 3

Acreditamos, caro aluno, que dentre as possíveis reflexõespodemos destacar as que estão a seguir.:- Respeitar as pessoas.- Ter preocupação com o conteúdo a ser ensinado.- Ensinar para a vida.- Ter consciência da importância e da influência do papel deprofessor.- Questionar-se sempre se está fazendo o que gosta.

Como conclusão do que discutimos ao longo desta aula, éfundamental, caro aluno, que você observe o quanto é

difícil trabalhar com relações humanas e ainda aplicar teorias queforam desenvolvidas por estudiosos em contextosdiferentes do nosso. Além disto, verificamos comoé complicado desenvolver esta prática quandoestamos iniciando a nossa vida profissional. Porém, assistindo a estefilme, podemos concluir que é possível ser um professor criativo, queconsegue estimular os seus alunos quando o interesse principal do pro-fissional de Educação é o bom resultado. Para isto, é preciso gostar doque faz.

CONCLUSÃO

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RESUMO

Esta é mais uma aula em que a prática pôde ser observada,porém de forma indireta. Ao assistirmos ao filme “Vem Dan-

çar”, observamos a atuação de um professor, o Sr. Pierre Dulaine,que tem o foco de sua atenção no bom desempenho e na constru-ção do caráter dos seus alunos. Enfatizamos a importância do meiosobre a vida das pessoas e como este pode interferir positiva ounegativamente nas ações e atitudes dos alunos, além das diversasformas de se atuar no papel de professor e as suas possíveis con-seqüências. O filme “Vem Dançar” nos mostrou diversas situa-ções em que é possível correlacionar as teorias da aprendizagemjá estudadas nesta disciplina. Tivemos a oportunidade de obser-var a resposta de um trabalho que deu certo, já que o filme ébaseado em uma história real.

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Amélia; DEL RÍO, Pablo. Educação e desenvolvi-mento: a teoria de Vygotsky e a zona de desenvolvimento pró-ximo. In: Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Ale-gre: Artmed, 1996.BASIL, Carmem; COLL, César. A construção de um modeloprescritivo da instrução: a teoria da aprendizagem cumulativa. In:Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre:Artmed, 1996.COLL, César; MARTÍ, Eduard. Aprendizagem e desenvolvimento:a concepção genético-cognitiva da aprendizagem. In: Desenvolvi-

mento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.FERNÁNDEZ, Alicia. Psicopedagogia em Psicodrama: mo-rando no brincar. Petrópolis: Vozes, 2001.

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O professor e o aluno

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MADRUGA, Juan A. García. Aprendizagem por descoberta frenteà aprendizagem por recepção: a teoria da aprendizagem verbal sig-nificativa. In: Desenvolvimento psicológico e educação. PortoAlegre: Artmed, 1996.MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.DEL RÍO, Maria José. Comportamento e aprendizagem: teori-as e aplicações escolares. In: Desenvolvimento psicológico e

educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.RIVIÈRE, Angel. A teoria cognitiva social da aprendizagem:implicações educativas. In: Desenvolvimento psicológico e edu-

cação. Porto Alegre: Artmed, 1996.

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O ALUNO

METMETMETMETMETAAAAAExplorar as principaiscaracterísticas do papel de aluno.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:diferenciar as características doindivíduo das características docoletivo;definir personalidade;utilizar as característicasindividuais e grupais dos alunosem sala de aula.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSRevisar os assuntos relativos aopapel do aluno, às condições paraaprendizagem e as interações naescola e na sociedade.

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Seja bem vindo, caro aluno, a mais uma aula desta disciplina.Neste nosso encontro, atentaremos para questões com-

plementares de assuntos que já foram estudados em aulas ante-riores, como o papel do aluno, as condições para aprendiza-

gem, as interações na escola e na sociedade entreoutros.

Iniciaremos abordando algumas idéiasque foram difundidas pela Psicologia, acerca das diferenças esemelhanças existentes entre as pessoas, para que possamoslidar com estas questões diante do aluno. Em seguida, iremosabordar o conceito de personalidade, mostrando seu funcio-namento na vida das pessoas e, particularmente, na dos alu-nos. Esperamos que você, caro aluno, adquira conhecimen-tos que possam ajudar na profissão escolhida. Vamos lá?

INTRODUÇÃO

Diversidade dos alunos. (Fonte: http://portal.mec.gov.br)

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O aluno

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Olá, caro aluno! Você já percebeu como o ser humano é complexo? Estamos sempre mudando o nossoponto de vista de acordo com o contexto em que nos encontramos. Quan-do éramos crianças, com cerca de dez anos, ouvía-mos os nossos pais ou responsáveis dizendo: - Com-porte-se, porque você já é um rapazinho (ou moci-nha). Mas, se em seguida pedíssemos para sair comos amigos da mesma idade, esses mesmos pais ou responsáveis nos diri-am que não, pois ainda éramos crianças.

Podemos encontrar outro exemplo disso nos relacionamentosafetivos. Quem já não ouviu uma garota apaixonada elogiando o seunamorado? Ela diz para todos os amigos que ele é diferente, gentil,cuidadoso e atencioso. Porém, se sofre uma decepção, conclui logo: -É, homem é tudo igual. É farinha do mesmo saco.

Se você tem irmãos, sabe que o jeito de ser de cada um deles édiferente, suas preferências não são iguais, mesmo tendo recebido umaeducação semelhante. Em contrapartida, algumas expressões faciaisou verbais tornam os membros de um mesmo grupo familiar parecidos.

AS ESPECIFICIDADES DO SER HUMANO

Afinal de contas, somos iguais ou diferentes? Será que isso vaidepender das diversas situações em que nos encontramos? De acordocom Coll e Miras (1996), a Psicologia, em seu trabalho de estudodo comportamento e do desenvolvimento humano, adota dois ca-minhos de pesquisa com esta perspectiva.

Uma se dedica a pesquisar as semelhanças existentes entre os sereshumanos, a outra prega a sua individualidade. A primeira linha de pensa-mento é representada pela Psicologia Experimental e propõe a possi-bilidade de construção de leis gerais que podem ser aplicadas a todos. Aoutra forma de pensar, baseada em pesquisas da Psicologia Diferencial

e da Psicometria, conclui que não é possível a formulação de leis quesejam aplicadas da mesma forma para todos.

O ALUNO

Psicologia Experimental

Psicologia Diferencial

Psicometria

É um método de investi-gação dos fenômenospsicológicos por meio deexperimentos e análisesistemática de resultados.

É a linha da Psicologia quebusca entender as diferen-ças individuais e sua exis-tência nos grupos.

É a parte da Psicologiaque, por meio da aplicaçãode testes, quantifica os fe-nômenos psicológicos.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Essa é uma discussão científica de grande valor (pois propõe diver-sas formas de enxergar o ser humano) e cuja expectativa é a geração debenefícios para todos. Já sabemos que muitas coisas podem ser generali-zadas (horários, normas sociais para o bom convívio etc.), mas outrasdevem respeitar a individualidade (roupas, costumes, gostos). O interes-sante de tudo isso é que, ao falarmos de individualidades e generalida-des, pode haver certa confusão em relação a esses itens. Por exemplo, aroupa é uma escolha individual, mas a moda é coletiva e determina osmodelos que você poderá escolher.

Quem adota um visual fora da moda ou dos costumes pode serjulgado de forma negativa, pois se encontra diferente da maioria.Essa é uma das bases para o preconceito. É importante que saiba-mos avaliar o momento de diferenciar, já que em sala de aula tere-mos pessoas de todos os tipos e gostos. Mas como fazer isso? Lem-bre-se de que devemos ter cuidado com o preconceito.

O primeiro conhecimento que precisamos ter acerca disso éque o ato de diferenciar é arbitrário, ou seja, primeiro dizemos oque é comum na sociedade, depois diferenciamos o que não se-gue o padrão. É assim que surgem as idéias de certo e errado.

A princípio, consideramos errado tudo aquilo que pode pre-judicar, de alguma forma, o indivíduo ou a sociedade, e como cer-to o que pode trazer-lhe benefícios. O problema aparece quandoos interesses individuais se chocam com os interesses coletivos.

Vejamos um exemplo bem simples para que possamos enten-der melhor. É completamente normal que o aluno, ao ir à escola,amarre os cadarços, e muitas escolas exigem que o uniforme este-ja dentro de um padrão especificado em suas normas. Mas umaluno será considerado diferente se colocar em seus cadarços vá-rios lacres coloridos de latas de refrigerante antes de amarrá-los.

Esta situação é simples, mas, em algumas escolas, causou pro-blemas e os alunos tiveram que tirar os lacres, ou não entrariam noestabelecimento. Ela mostra como o interesse individual dos alu-nos entrou em conflito com uma norma social. Usar lacres no ca-darço não é problema e não faz mal a ninguém, mas na escola não é

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O aluno

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um comportamento aceito, pois vai de encontro a uma regraestabelecida (statu quo) e isso pode causar a insubordinação que aescola quer evitar.

Saber que a diferenciação é um ato arbitrário é de grandeimportância para evitarmos erros de interpretação. Como assim?É simples, caro aluno. Raramente pa-ramos para pensar nos conceitos utili-zados e aprendidos ao longo da nossavida. Esses foram construídos por al-guém em algum momento, e simples-mente os tomamos como verdades, ecom isso, julgamos os outros em suasdiferenças. Muitas pessoas julgam a ca-pacidade dos outros com base na apa-rência ou a índole de acordo com asroupas que se está vestindo. Quandofazemos dessa forma, estamosdesconsiderando toda a potencia-lidade de alguém só porque não segueum padrão. Antes de julgarmos qual-quer pessoa, devemos conhecer o con-texto em que ela está inserida.

Vamos observar agora o que Coll e Miras (1996) dizem arespeito das diferenças:

Assim, os propósitos ou razões que podem nos moverno sentido de identificar e medir as diferenças entre osindivíduos podem ser de distinta índole. Em algumas oca-siões, o objetivo pode consistir em descrever as diferen-ças que existem entre os indivíduos, para poder identifi-car as pessoas que possuem uma determinada característi-ca ou que a possuem em certo grau, com a finalidade últimade outorgar prêmios, aplicar corretivos ou, simplesmente,escolher por motivos diversos (políticos, científicos,desportivos, etc.). Em outros casos, os propósitos que mo-vem a identificação e medição podem ser o de formularpredições relativas ao comportamento futuro das pessoas,para selecioná-las em termo de trabalho ou educativamente;

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Coll e Miras (1996) também nos mostram que:

Em épocas recentes, os psicólogos mostraram uma tendênciaclara a caracterizar as diferenças individuais em termos de tra-ços, ou seja, em termos de características das pessoas que sãoconsistentes através de uma ampla gama de tarefas ou situa-ções e que são mensuráveis mediante algum tipo de observaçãocomportamental. Este enfoque tornou-se muito frutífero, duran-te um longo período de tempo, e arraigou-se profundamente nopensamento psicológico contemporâneo.Contudo, alguns dos pressupostos subjacentes às diferen-tes teorias dos traços, como por exemplo a existência deum número limitado de traços compartilhados, em mai-or ou menor grau, por todas as pessoas, foram criticados(COLL; MIRAS, 1996, p. 354).

identificar o perfil das características que possui um indiví-duo, para poder situá-lo corretamente no que diz respeito auma situação ou tarefa; ou diagnosticar as dificuldades quepossui uma pessoa, a fim de prescrever o tratamento maisadequado para a mesma. Estes propósitos, sem seremlogicamente exaustivos nem, é claro, mutuamenteexcludentes, põem em destaque diferenças conceptuais im-portantes, concernentes às diferenças individuais. Assim, emalguns casos, trata-se de realizar uma comparação estrita en-tre indivíduos, por razões geralmente práticas, enquanto que,em outros casos, a ênfase radica mais nas diferenças intrínse-cas de um mesmo indivíduo, sem que isso suponha necessa-riamente uma comparação com outros (COLL; MI-RAS,1996, p. 354).

Os autores nos mostram ainda que, desde o início do séculoXX, a Psicologia vem trabalhando as diferenças entre as pessoas.Eis algumas conclusões:a) primeiramente, as pessoas foram diferenciadas por tipos, po-dendo ser classificadas pelos tipos X, Z, Y etc.;b) em seguida, passaram a analisar os traços de personalidade;c) observou-se também a destreza. Nessa etapa, a pessoa era clas-sificada pelo que podia ou não fazer;d) encontramos também a classificação baseada na psicometria(a sua caracterização terá como base as pontuações alcançadasem testes psicológicos).

Tipos

Traços depersonalidade

Os tipos são característi-cas que definem uma ca-tegoria ou classe. De acor-do com as suas caracte-rísticas, você pertence aogrupo do tipo X, mas ou-tra pessoa pode ser dotipoY, pois tem caracterís-ticas diferentes das suas.

São padrões persisten-tes de comportamentoque têm consistência eque se repetem em diver-sas situações. O con-junto e a inter-relaçãode todos os traços doser humano constituema personalidade.

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Diante desse impasse, o perfil pessoal passou a ser valorizado e asdiferenças ganharam importância para a adequação das pessoas àsfunções exercidas. Por exemplo, se uma pessoa gosta de expressar-seoralmente e tem certas habilidades para isso, então pode trabalhar direta-mente com o público; mas quem é mais calado pode apresentar melhordesempenho com computadores e documentos. Com essa visão, todasas pessoas podem contribuir socialmente com suas diferenças. (isso seriauma indicação e não uma detrminação)

Foi através desse novo modo de enxergar as pessoas, caro aluno,que a atitude passou a ser valorizada. Todos têm as suas especificidades,no entanto, deve-se enfatizar mais a atitude de cada um no desenvol-vimento de suas atividades e na proposta de soluções de problemas.

Ter atitude é uma das maiores necessidades atuais, mas issonão significa, necessariamente, expor-se, aparecer mais que to-dos. Ter atitude é dar os passos necessários quando for preciso.

ATIVIDADES

Todos nós sabemos, caro aluno, que temos semelhanças e dife-renças com as outras pessoas. Na escola é a mesma coisa. Vimosque muito se estudou sobre isso, passando pelos tipos até che-gar à atitude. Para você, até que ponto os aspectos individuaispodem ser aproveitados em sala de aula?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Na sala de aula, caro aluno, as diferenças individuaispodem e devem ser aproveitadas. Teremos maioresdificuldades se considerarmos uma única forma deabordar o aluno. Os aspectos individuais podem sermuito bem aproveitados em atividades grupais com três

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No filme Vem Dançar, como você deve estar lembrado, cada alu-no tinha suas próprias características (estilo de cabelo, forma de dan-çar, estilo de roupa etc.) e algumas delas eram comuns aos outrosparticipantes daquele grupo (dançar, contestar etc.). O professor PierreDulaine soube explorar não só as características do grupo, mas tam-bém as individuais para conquistar todos os alunos. No final, elesmostraram atitude e renovaram a imagem que os demais professorese a diretora tinham a respeito deles. De todas as situações do filme,podemos destacar a atitude da aluna rica que deixou seu ambiente deestudo por considerá-lo desagradável e preferiu estudar com alunosde outra classe social, pois sentia melhor com eles.

Se a atitude é um instrumento de movimentação do sujeito, aforma de se mover vai depender de suas características individu-ais. A estas características a Psicologia dá o nome de Personalida-de. No papel de aluno, o sujeito deve aprender a ter atitude.

Em todo processo de aprendizagem há alguém, há umsujeito, que aprende. Esse alguém – suas características,sua capacidade, aptidões e interesses, mas também suasenergias, seus processos próprios, sua auto consciência– é relevante para os processos através dos quais oaprender é constituído. Em Psicologia costuma-se falarem personalidade, para se referir ao sujeito dosprocessos de conduta, dos distintos processos nos quaisa conduta consiste e entre os quais está a aprendizagem.“Personalidade”, por outro lado, costuma ser contrapostaà “inteligência”, à capacidade cognitiva e conjunto deaptidões do indivíduo; ou em outra possível direção, éidentif icada com as característ icas individuais epropriamente diferenciais de uma pessoa frente a outra.

grandes finalidades: proporcionar aos alunos umambiente que lhes permita o contato com opiniões evisões diferentes, aprender a tomar decisões em conjuntoe trocar informações que podem acelerar a aprendizagem.

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Na realidade, por “personalidade” há de entender-se umconjunto ou sistema muito mais amplo, no qual, desdelogo, entram as características diferenciais, mas tambémoutros processos do sujeito, e no qual, não menos certo,hão de incluir-se também as características de aptidões oucapacidade, habitualmente agrupadas sob o rótulo deinteligência (FIERRO, 1996, p. 154).

Cada pessoa, caro aluno, tem as suas características de per-sonalidade, mas, ainda assim, podemos dizer que existem algu-mas que são comuns, como as que abordaremos a seguir.

DIFERENÇAS INDIVIDUAIS: é a forma distinta de cadapessoa reagir a situações semelhantes ou iguais. É nesse momen-to que surge a maioria das discordâncias, pois uma mesma situaçãopode ser vista a partir de várias possibilidades.

ESTABILIDADE : esta é uma caracte-rística que vai aparecendo com o tempo.Neste caso, vemos o indivíduo mantendoum certo grau de regularidade em seu com-portamento diante de situações diferentes.Apesar de cada pessoa ter o seu jeito espe-cífico de ser, acaba agindo dentro de umpadrão esperado para ela. Quando temosintimidade com alguém e demonstramos al-gum conhecimento sobre os pensamentos eações dessa pessoa, estamos falando da suaestabilidade.

Obs.: ao longo da vida, algumas dessas características podemmudar, pois a pessoa não é escrava dessa regularidade, e a novacaracterística, se constante, passará a fazer parte da estabilidade.

CARÁTER ATIVO E PRINCÍPIO DE AÇÃO: o primeiro éa condição de agir e não de reagir diante de estímulos apresenta-dos pelos contextos em que se está inserido. Ao invés de atuarimpulsivamente, você pára e entende a situação antes de movi-mentar-se. O segundo é conseqüência do primeiro e é constituído

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pela forma como você vai agir no ambiente, impedindo a simplesreação diante desse.

SI MESMO: são os processos que se referem à própria pessoa(autopercepção, auto-estima, autoconhecimento, auto-regulação etc.).

INTERAÇÃO: condição de apresentar-se para a sociedade einteragir com ela. Algumas pessoas interagem mais, outras menos.

Junto a essas características de personalidade, o autor nos mos-tra também a existência de alguns estilos cognitivos que são apre-sentados pelas pessoas. Mas o que vem a ser estilos cognitivos?

ESTILOS COGNITIVOS

Esses estilos são padrões individuais que a pessoa tem para reagirdiante de estímulos recebidos a partir do que é aprendido ou de pro-cessamento cognitivo de informação e de enfrentamento à realidade.

De acordo com Fierro (1996), temos os seguintes estilos:DEPENDÊNCIA/INDEPENDÊNCIA DE CAMPO: este

é um estilo perceptivo relacionado à forma pela qual as pessoascoordenam as informações recebidas através dos diversos cam-pos sensoriais, tendo como destaque a visão e os processoscenestésicos.

Cenestésicos

Este termo refere-se àsensibilidade interna donosso organismo. Quan-do mencionamos um es-tímulo que surge dentrodo nosso corpo (uma dor,por exemplo) estamos fa-lando de um estímulocenestésico.

CinestésicosÉ a percepção que o in-divíduo tem de seus mo-vimentos.

Vamos utilizar um exemplo apresentado por Fierro (1996) eque envolve a visão. Se formos falar de percepção visual, encontra-remos algumas pessoas que não dependem do contexto (campo vi-sual) para entender o que estão vendo, enquanto outros necessitamdele. Imagine o espaço de uma sala pequena em condições de pe-numbra e com algumas pessoas dentro dela. Lá se coloca uma vara(em posição vertical) que faz movimentos de um lado para o outro.Esse experimento foi realizado e como resultado constatou-se quealgumas pessoas tinham facilidade para acertar a localização da vara,enquanto outras se mostravam confusas. Essas últimas necessita-vam de mais informações visuais. Por exemplo, para elas seria maisfácil localizar a vara se a luz estivesse acesa. Já as primeiras nãosentiam dificuldades para isso. As pessoas foram classificadas comodependentes do campo (quando necessitavam do contexto para for-

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mular um juízo de localização) e independentes do campo (se não ne-cessitavam do contexto do campo). Os classificados como indepen-dentes demonstram uma característica de resolução de problemas queenvolve um estilo analítico do caso, com um olhar crítico que separa eobserva cada elemento da situação dada. Já os dependentes de campotrazem um estilo sintético e intuitivo na resolução dos problemas.

Os estudos concluíram ainda que as vantagens de um estilosobre o outro não são significativas.

REFLEXIBILIDADE /IMPULSIVIDADE: este estilo se re-fere às formas como as pessoas encaram problemas que têm di-versas possibilidades de resolução. Os reflexivos seriam aquelesque estudam a situação de desenvolver algumas hipóteses possí-veis. Após analisarem as opções, escolhem aquela que parece sermais viável para executar.

Os impulsivos desenvolvem ações para resolver os problemas e sódepois formulam hipóteses para compará-las aos resultados.

Algumas pesquisas apontam que os indivíduos que trabalhamno formato reflexivo, por exemplo, produzem um maior número decomparações entre as possibilidades de solução, pois conseguem che-gar a resultados mais maduros.

SIMPLICIDADE/COMPLEXIDADE: ao estudarmos Piaget,vimos que durante o desenvolvimento do ser humano há modifica-ções na forma de guardarmos as informações. Iniciamos comos esquemas, até chegarmos ao que é conhecidocomo memória. Com a memória funcionando,passamos a dividir e a substituir as informaçõesem categorias e subcategorias.

Quando falamos de simplicidade e com-plexidade cognitiva, estamo-nos referindo àcondição que as pessoas têm deconceituar e classificar os ele-mentos do mundo ao seu re-dor. O estilo simples consiste

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em poucas classificações, enquanto o estilo complexo, em muitas.Fierro (1996) afirma que a complexidade cognitiva corresponde a

um amadurecimento do indivíduo e, por conta disso, deve ser incentiva-da. Ele observa ainda que é preferível ter um pensamento flexível e libe-ral a um pensamento rígido, dogmático e autoritário. Isso é muito sim-ples de entender: quando o pensamento é rígido, temos mais dificuldadede mudar e, por conseqüência, de renovar as informações. Já o pensa-mento flexível favorece a aquisição de novos entendimentos e mais faci-lidade para aceitar mudanças de regras.

Esses estilos constituem os caminhos pelos quais as criançaspodem aprender. Observou-se que para atividades acadêmicasintelectuais o mais apropriado seria a combinação dos estilosindependente de campo, reflexivo, complexo e flexível. Mas issoseria o ideal. No entanto, devemos trabalhar para favorecer oque o aluno já tem e proporcionar-lhe experiências que possibi-litem o contato com os outros.

Dogmático

Relativo a dogmas edogmatismo; que seapresenta comcaráter de certezaabsoluta.

ATIVIDADES

Com base no conteúdo estudado, o que você entende por per-sonalidade? De que forma a personalidade pode interferir noaprendizado?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

O conceito de personalidade, caro aluno, é um dos maisimportantes para a Psicologia. Ela constitui o conjunto decaracterísticas que uma pessoa tem e que a diferencia dasdemais, isto é, a sua marca individual. É formada a partir domeio onde a pessoa vive e das informações que lhe chegam,

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associadas à forma como o indivíduo percebe o mundo ao seuredor. Através dessas características, o professor conhece osseus alunos. Com tais informações, ele poderá elaboraratividades mais agradáveis para a turma e saber como abordaro aprendiz quando esse estiver obtendo resultados negativos.

ANSIEDADE E EXPECTATIVAS DECONTROLE

Neste bloco, iremos tratar de alguns padrões comportamentais maisligados a questões motivacionais e afetivas que, apesar de serem menoscognitivas, interferem nas ações de aprendizagem. Nos processoscognitivos que estudamos, verificamos como as pessoas entendem omundo ao seu redor. Agora, vamos ver como elas sentem esse mundo.Só para ressaltar, a forma como sentimos o que nos cerca vai influenciardiretamente na forma como o entendemos.

Podemos afirmar que nos processos de ensino e aprendiza-gem a ansiedade se destaca como forma de sentir o mundo, nonosso caso, os conteúdos e os resultados escolares.

A ansiedade constitui um fenômeno de personalidadealtamente representativo, precisamente por suacomplexidade, de natureza neurofisiológica, emotiva,motivacional e comportamental. Manifesta-se em umpadrão de ativação fisiológica, de pautas motoras malordenadas, e escassamente funcionais e em um estadoemocional de ânimo desagradável para o sujeito. Este últimoelemento, de natureza emocional, comporta,provavelmente, conseqüências motivacionais: a ansiedadefunciona como um impulso ou motivo determinantes deação, de comportamento. (Fierro, 1996, p. 157).

Sentir ansiedade é algo comum. Muitas vezes dizemos que esta-mos nervosos diante de algo que está para acontecer. O que é preciso

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saber, nesse caso, é que a interferência da ansiedade na Educaçãoserá positiva ou negativa de acordo com o grau de intensidade que ésentida. Estudos mostram que tanto um alto como um baixo grau deansiedade atrapalham o rendimento (execução de tarefa) do aluno, eo ideal é permanecer num grau intermediário, pois ele se mantéminteressado e não fica confuso e com medo.

Quando se trata de aprender, a situação é semelhante à dorendimento. Verificamos que um alto nível de ansiedade atrapa-lha principalmente a aquisição de conhecimentos mais comple-xos. Muitos alunos, principalmente pela forma como foram cri-ados, apresentam grande envolvimento emocional com o ato deaprender, o que pode gerar o aumento da ansiedade.

Certa vez conheci um garoto que obteve sua primeira nota ver-melha em um prova no terceiro ano do Ensino Médio, e cuja reaçãofoi chorar muito e alto. Dizia que aquilo não poderia estar acontecen-do com ele e que agora era um fracassado. A forma como ele encarouaquele problema chamou a atenção dos demais alunos, que viam anota vermelha como algo normal. Essa nota marcou aquele ano parao aluno, que se sentiu obrigado a recuperar a nota e a se superar.

Inegavelmente, um dos momentos de maior ansiedade é o daavaliação. Como professores, devemos tomar cuidado para não pro-vocar ansiedade nos alunos. Quem está sendo avaliado tem umaexpectativa quanto ao seu resultado, se vai ser considerado capazou não.

E por falar em expectativa, caro aluno, Fierro (1996) nos mos-tra como isso se manifesta a partir da segurança que o aluno sentenaquele ambiente. Em outras palavras, ele precisa sentir que temcontrole sobre o ambiente onde está para acreditar que pode rea-lizar algo. Não devemos confundir ter controle com comandar,mas saber o que está fazendo e se sentir a vontade para isso.

A sensação de controle abre possibilidades para a sua expec-tativa de eficácia, ou seja, sua capacidade de cumprir a tarefaindicada. Esses são aspectos de fundamental importância para aaprendizagem.

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Já aprendemos que, numa sala de aula, é o professor quem co-manda as atividades e é sua responsabilidade criar condições ade-quadas para haver um nível moderado de ansiedade que favoreça odesempenho dos alunos.

CONCEITO DE SI MESMO OUAUTOCONCEITO

O autoconceito é mais que o conceito que o indivíduo tem de simesmo (sou bonito, sou feio, sou inteligente, sou alto...). Ele é for-mado por um conjunto de representações mentais que incluem ima-gens e juízos, além de aspectos sócio-psicológicos, corporais e mo-rais. Quando falamos de juízo, estamo-nos referindo à condição queo indivíduo tem de se perceber e se descrever nos diversos aspectosde sua vida: intelectualmente, socialmente, sexualmente etc., alémde promover uma avaliação a respeito.

Sendo assim, temos um juízo descritivo e um avaliativo. É nes-se segundo que se encontra a auto-estima. O autoconhecimento étão importante que pode ser decisivo para o futuro do aluno, poisseu desempenho corresponderá àquilo em que acredita. Nesse caso,o professor pode ajudar, mas a família e o meio onde vive é fatorcondicionante. O que não pode acontecer é o professor prejudicaro aluno com atitudes que ferem a integridade do aprendiz.

ATIVIDADES

De que forma, caro aluno, você poderia explorar as característi-cas dos alunos (ansiedade, autoconceito, aspectos cognitivos epersonalidade)? Exemplifique através de uma atividade que vocêpoderia passar para os alunos.

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Ao longo desta aula, aprendemos que toda pessoa tem a sua personalidade, mas ela será desenvolvida em con-

junto com o meio. A personalidade é uma junção do que é ofe-recido pelo meio com a capacidade de aprender e interpretar. É

ela que marca o conjunto de característicasindividuais e comportamentais de cada um ede como o indivíduo vai enfrentar o mundo.

Por meio dela, as pessoas se escolhem no momento de consti-tuir um grupo.

CONCLUSÃO

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Aulas interativas e dinâmicas atraem o aluno. Devemossempre estar preparados para explorar tais características.Poderíamos propor uma atividade em grupo com umagratificação para os alunos ao final do trabalho, que seriacontada como parte da avaliação. Isso promoveria aansiedade necessária. A experiência de estar em contato comoutros iria favorecer o autoconhecimento e a interação dasdiversas personalidades. Os processos cognitivos podem serexplorados com o aumento gradativo da dificuldade. Aofinal, o professor pode, em círculo, discutir com os alunosas maiores dificuldades para realização dessa atividade e oque aprenderam trabalhando em grupo.

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REFERÊNCIAS

CABRAL, Álvaro; NICK, Eva. Dicionário Técnico de Psico-

logia. São Paulo: Cultrix, 2000.COLL, César; MIRAS, Mariana. Características individuais e con-dições de aprendizagem: a busca de interações. In: Desenvolvimen-

to psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.FIERRO, Alfredo. Personalidade e aprendizagem no contextoescolar. In: Desenvolvimento psicológico e educação. PortoAlegre: Artmed, 1996.

RESUMO

Nesta aula, apresentamos um estudo acerca das questões in-dividuais e coletivas do ser humano e, mais especificamente,

do aluno. Em nossa sociedade, verificamos que há procedimentosque podem ser generalizados (horários, leis etc.), isto é, servempara o coletivo, mas há outros que se restringem ao indivíduo (tipode roupa, corte de cabelo, hábitos alimentares, preferências musi-cais, crença religiosa etc.) e como eles podem interferir no aprendi-zado do aluno. Destacamos a definição de personalidade comomarco das características de cada pessoa, por ser um dos termosmais importantes da Psicologia. É através da personalidade que oser humano entende o mundo e os comportamentos que são repro-duzidos. Vimos também que a forma de o aluno sentir o seu mundopode interferir diretamente no seu modo de aprender. Por suas pró-prias características, alguns alunos se envolvem mais em grupo eoutros são mais tímidos, uns preferem estudar sozinhos, outros, emcoletividade. São muitas as diferenças entre as pessoas, e isso fazdo professor um profissional atento para essas singularidades.

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CARACTERÍSTICASINDIVIDUAIS DO ALUNO

METMETMETMETMETAAAAAExplorar as característicasindividuais dos alunosrelacionando-as com as condiçõesde aprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:comparar a teoria com asobservações destacadas naatividade prática.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSTem conhecimentos sobre:o papel do professor; osaspectos que favorecem arelação professor-aluno; asprincipais características dopapel de aluno.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Olá, caro aluno! Esta é mais uma aula em que a práticaserá o foco dos nossos estudos. Já tivemos uma com o

foco nos professores, agora, será o aluno.Todos nós sabemos que para existir o papel de professor, é

necessário o papel de aluno, ou aprendiz, eque a Educação gira em torno desses dois pi-lares, sem os quais ela não existiria. No trans-

correr desta disciplina, muito se falou a respeito do professor,agora é o momento de atentarmos para o papel do aluno naprática. Será que esse é tão importante assim?

Podemos assegurar-lhe que a ação do aluno é de grande im-portância para a Educação e para o futuro da sociedade, e é tãoimportante quanto a do professor. Mas será que eles sabem dis-so? Será que o aluno está contribuindo para uma boa aula? Parao seu próprio desenvolvimento educacional?

INTRODUÇÃO

(Fonte: http://www.imagem.ufrj.br.tif).

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Características individuais do aluno

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Nesta aula, caro aluno, você entrará em contato com alguns alunos para conhecer melhor o pensamento delessobre a responsabilidade que têm no processo de educação. A suaação será semelhante à que foi desenvolvida na aula “O Professor”.Você deverá buscar uma solicitação de entrevis-ta no seu pólo e levá-la à coordenação da escolaque escolher para ter acesso aos alunos. Após aliberação, você deverá seguir as etapas que va-mos apresentar-lhe.

CONHECENDO

ATIVIDADES

1ª ETAPA

Você solicitará ao coordenador da escola duas turmas eselecionará um pequeno grupo de no mínimo 3 e no máxi-mo 5 alunos em cada uma delas. A seleção pode ser feita aoseu critério. Você terá, assim, dois grupos distintos paraaplicar o questionário. Lembre-se de que os alunos selecio-nados deverão participar espontaneamente, sem que hajanenhum tipo de obrigatoriedade.

2ª ETAPA

Nesta etapa, você irá aplicar o questionário que apresentamos aseguir.1. Para você, o que é Educação e qual a sua importância?

Obs.: caro aluno, é fundamental esclarecer aos alunos en-trevistados que se trata da Educação escolar e não da educaçãofamiliar ( cortesia, polidez, civilidade).2. Qual o papel da família e da escola na Educação?3. Quais devem ser as características de um professor para que se tenhauma boa Educação? Os seus professores têm essas características?

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4. Quais devem ser as características do aluno para que se tenhauma boa Educação? Vocês têm essas características?5. De que forma o aluno pode contribuir para a melhoria daEducação?6. Como deve ser a relação do professor com o aluno e vice-ver-sa? O que vocês mudariam na relação com os seus professores?

Você poderá incluir nesse questionário até mais quatroperguntas de sua autoria.

Obs. – Note, caro aluno, que as questões 3 e 4 devem ser baseadasnos estudos que você vem desenvolvendo ao longo desta disciplina, mastêm características de interpretação pessoal. Isso significa que as caracte-rísticas observadas poderão ser diferentes dependendo de quem as estejaobservando e, assim, poderão divergir da de outros colegas.

3ª ETAPA

Esta é a última etapa de nossa aula. Nesta atividade, você de-verá escrever um texto, com o mínimo de 25 linhas, sobre as suasimpressões e conclusões a partir da entrevista e dos conhecimentosadquiridos nesta disciplina. Compartilhe suas conclusões com seuscolegas no fórum apropriado.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Esta é uma atividade de caráter livre, pois a sua produçãoescrita terá como base não só as respostas dos alunos, mastambém os conhecimentos adquiridos ao longo destadisciplina. As conclusões apresentadas serão suas, e é degrande importância que você as compartilhe no fórum, caroaluno, além de acessar as que foram postadas pelos outroscolegas.

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Características individuais do aluno

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RESUMO

Nesta aula, enfatizamos mais uma vez o aspecto práticode sua profissão, com destaque para a necessidade de o

professor dialogar com os alunos e aprofundar seu conheci-mento sobre eles. Essa é uma prática de grande importância eque raramente ocorre no ambiente escolar: o professor comopesquisador. O propósito da aplicação do questionário é veri-ficar as diversas interpretações que os alunos têm sobre a Edu-cação, os professores, as famílias e a sua responsabilidade edu-cacional, e até sobre a sua interferência direta em sua aprendi-zagem. A possibilidade de você acrescentar até quatro pergun-tas de sua autoria proporcionará a sua contribuição para esteestudo.

Esta aula lhe proporcionou o contato direto com a visão doaluno sobre o processo de aprendizagem. Esse é o tipo

de prática que você deverá aprender a fazer e repetir constante-mente. Nunca devemos perder de vista as impressões do alu-no, suas opiniões e dúvidas.

Aprender a conversar com o aluno é decrucial importância para que o professor exe-cute as suas funções, pois essa é uma das principais fontes de ins-piração dos alunos, em suas opiniões. Infelizmente, vemos umalacuna cada vez maior entre aquele que ensina e o que aprende.Uma atividade como essa é fácil de desenvolver enquanto você éestudante, mas muito rara quando já é professor.

CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS

ALVAREZ, Amélia; DEL RÍO, Pablo. Educação e desenvol-vimento: a teoria de Vygotsky e a zona de desenvolvimentopróximo. In: Desenvolvimento psicológico e educação. Por-to Alegre: Artmed, 1996.COLL, César e MARTÍ, Eduard. Aprendizagem e desenvolvi-mento: a concepção genético-cognitiva da aprendizagem. In:Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre:Artmed, 1996.FERNÁNDEZ, Alicia. Psicopedagogia em psicodrama:

morando no brincar. Petrópolis: Vozes, 2001.MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1997.RIVIÈRE, Angel. A teoria cognitiva social da aprendizagem:implicações educativas. In: Desenvolvimento psicológico e

educação. Porto Alegre: Artmed, 1996.

Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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SEQÜÊNCIA DEAPRENDIZAGEM

METMETMETMETMETAAAAAApresentar possibilidades quefacilitem o encadeamento deconhecimentos promotores daaprendizagem.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o aluno deverá:definir as intenções educacionais e asseqüências de aprendizagem; aplicaras seqüências de aprendizagem.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSO aluno deve ter estudado osseguintes conteúdos:motivação para aprender (Aula 12);condições do alunoante a aprendizagem(Aula 13);caminhos para aaprendizagem(Aula 14).

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a n t e

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Cada vez mais se sabe sobre o desenvolvimento humano e o impacto causado por ele na natureza de nosso

planeta. O homem já foi à lua e já espalhou várias sondas depesquisa pelo Universo. Pesquisa a atmosfera, os oceanos e o

aquecimento global. Muitas são as teoriassobre aprendizagem, educação e convívio so-cial. Por essas e muitas outras coisas, o homem

ocupa um lugar de destaque no planeta, exercendo o seu domínio eevoluindo. Simultaneamente, mesmo com toda a capacidade de pro-duzir, pouco se sabre o que fazer com alguns dos resultados daevolução: a poluição e a destruição ambiental, além do númerocrescente de pessoas que passam fome.

Na Educação, como já constatamos, a aprendizagem temcomo conseqüência a mudança de comportamento. Podemosverificar também como uma evolução de quem aprende. Obser-ve que o aspecto comum entre a condição de aprender e o quefoi dito no primeiro parágrafo é o fato de que nas duas situaçõesencontramos a ação e os resultados, e entre elas uma seqüênciade fatos e situações que as unem. Além disso, observamos que aevolução traz grandes conquistas, mas também podem surgiralguns problemas. Para evitá-los ou saber como solucioná-los,

devemos conhecer as seqüências uti-lizadas no processo: se serão eficien-tes em longo prazo ou se trarão pre-juízos no futuro. O mesmo pode seraplicado à Educação.

INTRODUÇÃO

Poluição (causas do desenvolvimento humano). (Fonte: http://www.usp.br).

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Seqüência de aprendizagem

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Olá, caro aluno! Estamos dando início a nossa penúlti-ma aula de Introdução à Psicologia da Aprendiza-

gem. Ao longo dela, aprofundaremos algumas questões jáestudadas e que são de grande importância para o aluno eseu desenvolvimento.

Gostaríamos de iniciá-la com umquestionamento sobre a evolução de ummodo geral e, em especial, da aprendizagem.Pense um pouco, caro aluno, quantas coisas acontecem entre onascimento de um ser humano e a sua primeira matrícula naescola? No entanto, já sabemos que não é necessário chegar àescola para começar a aprender, pois aprendemos inúmeras coi-sas antes de chegarmos à educação formal.

Aprender a escrever, por exemplo, é uma das maiores res-postas evolutivas, entre tantas já vistas, que o ser humano deu àhumanidade. Com ela efetivamos a comunicação, criamos códi-gos e tecnologias de transmissão, aprendemos a contar e melho-ramos a realização de operações. Mas será que a escrita semprefez parte da vida humana? Será que o homem sempre soube ve-rificar as horas no relógio? Afinal, qual a importância de se de-senvolver um sistema que pudesse marcar o tempo? E os núme-ros? Será que são tão importantes assim?

Sim, caro aluno, você pode estar questionando-se o porquê depensar sobre a origem dessas coisas já que são sistemas que chegamprontos a você e só precisamos aprender a usá-los. Mas você podeestar também pensando sobre a origem dessas coisas e entendendoqual é a nossa proposta.

A nossa proposta é a seguinte, caro aluno, tentar enxergarde uma forma específica e ao mesmo tempo ampla, as ligaçõesnecessárias entre um conhecimento e outro e a necessidadehumana de se ter esses conhecimentos. Em outras palavras, aspossíveis seqüências de aprendizagem, os caminhos que sãopercorridos.

APRENDIZAGEM

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Esta parte da aula ganhou o título de “Uma viagem no tempo”porque iremos comentar, em seguida, um trecho do filme “2001: UmaOdisséia no Espaço”. Em seu conteúdo, encontramos diferentes aspec-tos da evolução humana. No início, por exemplo, deparamo-nos com ohomem primitivo ou seus ancestrais e, em outro momento, com o futuro,

Com efeito, como frisou Briggs (1968), se todos os elemen-tos que o aluno deve aprender, em uma determinada área,fossem independentes uns dos outros, então o estabeleci-mento de seqüências de aprendizagem careceria de impor-tância. Contudo, muito frequentemente o que acontece é bemo contrário: a aprendizagem de certos elementos do conteú-do facilita enormemente a aprendizagem de outros; maisainda, a aprendizagem de determinados elementos do con-teúdo vê-se obstacularizada e, em certas ocasiões, inclusiveimpossibilitada, se não se aprenderem previamente outroselementos do mesmo. (COLL; ROCHERA, 1996, p. 333).

Para isso, estamos propondo iniciar com os questionamentossobre a evolução da capacidade humana de aprender.

UMA VIAGEM NO TEMPO

É, caro aluno, a Ciência já nos mostrou de diversas formas que,para chegarmos ao nosso nível atual de conhecimento, tivemos quepassar por uma série de evoluções que envolveram desde mudanças nocorpo até as mudanças no comportamento e na cognição. E você jásabe que mudança de comportamento é sinal de aprendizagem e paraisto acontecer, algo mudou em nossa cognição, sem se esquecer dosuporte biológico necessário (nosso corpo).

Se você tiver curiosidade sobre o assunto, visite estes sites:www.assis.unesp.br/~egalhard/humanev3.htm

colegioweb.uol.com.br/biologia/a-evolucao-humanawww.suapesquisa.com/biografias/darwin.htm

Além destas sugestões, caro aluno, você ainda podepesquisar por conta própria.

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Seqüência de aprendizagem

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(Fonte: http:// www.webcine.com.br).

em que o homem domina o espaço e faz viagens interplanetárias. A res-salva, caso você queira assistir, é que se trata de um filme lento e algumaspessoas o consideram cansativo.

Em uma cena, fica clara a existência da disputa de um lago pordois grupos diferentes. Todos necessitavam de água, mas como afala e a escrita ainda não estavam desenvolvidas, as questões eramresolvidas através da força. O que nos chama a atenção é que emum determinado momento um dos hominídeos de um dos gruposencontra um fêmur (osso da coxa, é o maior do corpo humano) e outiliza como arma. Com aquele instrumento ele tem uma maiorfacilidade para vencer os seus adversários e ganha o reconhecimen-to do seu bando.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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Em outro filme, chamado A Guerra do Fogo, podemos ter umaidéia de como o homem começou a utilizar o fogo e, se você estiveratento, perceberá a seqüência de acontecimentos que levam à apren-dizagem destacada nesta produção cinematográfica. Observe quenesta descrição as dificuldades ambientais motivam a aprendizagem.Fazendo uma analogia, podemos constatar que na escola o professorpode provocar algumas “dificuldades” (problemas matemáticos, porexemplo) a serem solucionadas pelos alunos.

Nesse filme, verificamos que o homem precisou aprender a seproteger do ambiente e do tempo, buscouas cavernas como forma de abrigo. Ficavamtodos juntos para se protegerem do frio. Oprimeiro contato com o fogo se deu com osraios que atingiam as árvores e provocavampequenos incêndios. A curiosidade condu-ziu esses homens a se aproximassem dessasárvores e, quando isso aconteceu, eles sen-tiram calor, sentiram dor (alguns se quei-maram) e perceberam que aquilo que co-nhecemos como fogo poderia ser útil para

aquecer, mas podia produzir dor.É, caro aluno, muita coisa foi aprendida pelos irmãos do passa-

do. Em seguida, aprenderam a transportar o fogo (levavam pedaçosde madeira em brasa para as cavernas) e a manter o fogo (levavammadeira seca e folhas secas para a caverna) para que este não seapagasse. O passo seguinte foi perceber que o alimento ficava maisbem assado. Quando o fogo se apagava, eles saiam para “caçar”mais fogo.

É fundamental você perceber que todo um sistema foi de-senvolvido para se obter, manter e buscar o fogo. Foi utilizadopara proteção contra o frio, melhorar a culinária e, posterior-mente, para a melhoria das armas produzidas pelo homem eproteção contra o inimigo. A questão é que tudo era muito com-plexo e mais uma vez a necessidade impulsionou o homem a dar

Cena do filme A Guerra do Fogo (Fonte: http://epipoca.uol.com.br).

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Seqüência de aprendizagem

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seqüência ao que já havia sido aprendido, forçando-o a descobrircomo produzir fogo por conta própria.

Voltando às reflexões que foram feitas no início, caro aluno,podemos perceber que o desenvolvimento da escrita, dos núme-ros e da leitura do tempo estão entre o homem primitivo e nós.Em síntese, podemos afirmar que, se não tivéssemos aprendido autilizar este instrumento, ainda estaríamos esfregando pedras epauzinhos para produzi-lo.

AS INTENÇÕES EDUCATIVAS

Dando seqüência a nossa aula, caro aluno, verificaremos quenão basta aprender para acelerar o desenvolvimento, devemosaprender a ensinar. De acordo com Coll e Bolea (1996), iremosencontrar nas situações escolares de aprendizagem uma caracte-rística que se destaca. É a intencionalidade ou intençõeseducativas, etapa que engloba a seqüenciação da aprendizagem.Ou seja, caro aluno, entendemos melhor as seqüências de apren-dizagem contextualizando-as nas intenções educativas. Nesteponto, os autores caracterizam a intencionalidade como a con-dição de uma pessoa ou grupo interferir na aprendizagem deoutra pessoa ou de diversas pessoas. Neste texto, intencionali-dade é sinônimo de intenções educativas.

De outra forma, esta condição já foi observada em uma de nossasaulas. Você lembra a que aula estamo-nos referindo? Lembra-se doteórico que prega a ação de pessoas sobre a aprendizagem de outras?Caso tenha pensado em Vygotsky, você acertou. Ele nos falava daZona de Desenvolvimento Próximo, que é a diferença entre o que umacriança podia aprender sozinha e o que ela poderia aprender com aajuda de alguém mais experiente.

Sabemos também que o aprender não é uma ação exclusiva dassalas de aula. Considerando o poder de socialização da aprendiza-gem, verificaremos que as pessoas aprendem observando e imitan-do outras pessoas durante a sua vida. Muitos pais ensinam seus

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filhos levando-os para realizarem algumas atividades específicas dosadultos, tais como: ir à feira, levar o carro para fazer um reparo nomotor, comprar roupas etc. Você já sabe, caro aluno, que muitascoisas são aprendidas de forma independe da escola, principalmen-te na interação com outras pessoas, mas, como aprendemos no inícioda aula, não podemos ficar esperando que as observações ou os conse-lhos de adultos garantam a nossa evolução mais complexa.

É, caro aluno, existem conteúdos que não alcançaremos deforma satisfatória se não for pelo processo educativo escolar. Éneste ponto que os citados autores justificam a existência da edu-cação, ou seja, necessitamos de uma ajuda específica. A intenci-onalidade passa a ser instrumento fundamental nesta ação e ca-racteriza-se como início para todo o processo de ensino e apren-dizagem ligado à Educação escolar. Enfatizamos a palavra esco-lar já que a intencionalidade, neste ponto, envolve uma propos-ta pedagógica intrínseca a este tipo de educação. Vejamos o quepensam Coll & Bolea (1996) a respeito disto:

A educação escolar deve, pois, ser considerada essencialmentecomo uma atividade que responde a algumas intenções e cujodesenvolvimento exige um planejamento que concretize taisintenções em propostas realizáveis. Convém assinalar que oreconhecimento deste fato não implica, em absoluto,contrariamente ao que se afirma em certas ocasiões, uma adesãoe um modelo tecnológico da educação e do ensino; implicasimplesmente o reconhecimento de que as práticas educativasem geral e a escolarização em particular são, antes de mais nada,práticas sociais e, como tais, vinculadas a um projeto que veiculaintenções mais ou menos explicitas. Neste sentido, a diferençaentre a educação escolar e outras práticas educativas reside nomaior grau de explicitação, em primeiro lugar, dos projetos dasintenções que estão em sua base. No caso da educação escolar, oprojeto corresponde, em parte, ao que habitualmentedenominamos “currículo”; e as intenções, que costumam serchamadas de “objetivos educativos (COLL; BOLEA, 1996, p.319).

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A idéia, caro aluno, é passar das intenções educativas (enuncia-dos mais ou menos explícitos dos efeitos esperados) para a construção dosobjetivos educacionais capazes de guiar a ação educativa. Emoutras palavras, as intenções educativas trazem a idéia que sequer realizar e a sua finalidade, os objetivos apontam para ocomo isto será feito.

Neste ponto, passamos a refletir sobre a melhor seqüênciade objetivos que constituirão o ensino. O aprendizado será faci-litado ou dificultado de acordo com a condição que o aluno tevede aprender os conteúdos anteriores que formam os pré-requisi-tos para os outros. Funciona da mesma forma para a execuçãode exercícios. As intenções e objetivos educacionais não são asúnicas questões que interferem no aprendizado, mas trabalharatento a estes elementos é garantir um planejamento adequado etrabalhar para que as metas sejam atingidas.

Não podemos esquecer que após a aplicação das intenções eobjetivos educacionais precisamos averiguar os seus efeitos, e istoacontecerá através da avaliação, que tem como uma de suas finali-dades verificar se o conteúdo foi alcançado e em que profundida-de isso ocorreu, além de mostrar se o método aplicado teve suces-so. A ação das intenções educativas acontece em seis etapas: aescolha dos conteúdos, a classificação (quais são mais centrais equais são complementares), a formulação (construção do méto-do), a sequenciação, a implementação(execução) e a avaliação.

Coll e Bolea (1996) nos mostra que aforma como as intenções educativas vãoser definidas não deve acontecer automati-camente, ela deve responder a algumas per-guntas, tais como: Quais os critérios para aseleção das intenções? Das selecionadas,quais são prioritárias para o processo de en-sino? Quais mudanças pretende-se queocorram no aluno? Quais aspectos do de- (Fonte: http://epipoca.uol.com.br).

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senvolvimento pessoal a escola tentará promover? Onde procurar as in-formações que serão necessárias para a constituição das intenções?

No entanto, os autores fazem uma ressalva: não serão as res-postas a essas perguntas que nos mostrarão propriamente como seráa constituição final das intenções, pois se assim fosse, estaríamospromovendo uma atitude reducionista da situação e perderíamos acomplexidade do tema em questão.

Além de promover os questionamentos anteriores, devemos,caro aluno, estar atentos às diversas informações já existentessobre o tema e suas diferentes origens. Dentre os conhecimen-tos que interferem nesta escolha vamos destacar quatro linhasde pensamento.

Os Progressistas – procuram estudar as crianças em buscade seus interesses, problemas, propósitos e necessidades. Paraeste grupo, são estas as informações que norteiam a escolha dasintenções educativas.

Os Essencialistas – para estes, as intenções educativas deve-rão ser formuladas a partir da herança cultural humana e dosconhecimentos acumulados na sociedade e com isto, fazer umaanálise da estrutura interna dos conteúdos de ensino.

Os Sociólogos – para eles, as informações necessárias deve-rão surgir da análise da sociedade, abrangendo suas característi-cas, problemas e necessidades.

O Pedagógico – acumulam-se nesta linha de pensamento asinformações oriundas das práticas pedagógicas.

Coll e Rochera (1996) nos mostram que, para o professor, aestrutura de uma disciplina segue a seqüência de conceitos, defini-ções, procedimentos a serem realizados e as teorias que a compõem.Porém, caros alunos, eles alertam que essa estrutura não se mostranecessariamente como a mais adequada para promover a aprendiza-gem por parte dos estudantes que estão entrando em contato pelaprimeira vez com o conteúdo. O professor, por conhecer a discipli-na, lança um olhar sobre toda a estrutura, compreendendo as liga-ções entre seus elementos, já o aluno lança um olhar nas partes da disci-

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Seqüência de aprendizagem

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plina e, ao entender o funcionamento delas e de suas ligações com asdemais partes, irá entender o funcionamento geral da estrutura.

O que esses autores querem dizer com isso, caro aluno? Paraexplicar, teremos que entender rapidamente o que são as estrutu-ras substanciais, as simplificações analíticas, as coordenações sintéti-cas e o dinamismo.

Coll e Rochera (1996) citam Elam (1973) e Schwab (1989),que nos mostram as estruturas substanciais como um conjuntode conceitos que dão base a uma matéria ou disciplina. Nesteponto, a idéia seria a de destacar e ensinar ao aprendiz comofuncionam tais estruturas substanciais para que possa entendero papel desempenhado na produção do conhecimento.

Coll e Rochera (1996) citam também Phenix (1978), quenos mostra como uma das características das disciplinas a suaorganização propriamente para o ensino. O citado autor nosmostra ainda, caro aluno, que as simplificações analíticas nadamais são que a condição que a disciplina tem de simplificar edar ordem ao conjunto de estímulos que são captados pelo sen-tido neste processo.

Phenix (1978) dei-xa claro que as coorde-nações sintéticas são acondição que a discipli-na tem de relacionar oselementos seleciona-dos nas simplificaçõesanalíticas, promoven-do a sua organização eestrutura. Por último,caro aluno, ele cita odinamismo como acondição para gerarnovos conhecimentos.Isto é fundamental. Na Reunião de professores. (Fonte: http:// www.taperars.gov.br).

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ATIVIDADES

O que é e qual a relação existente entre as intenções educativas,os objetivos educacionais e as seqüências de aprendizagem?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Como já observamos, as intenções educativas podem sertraduzidas por idéias que serão aplicadas com a finalidade depromover o desenvolvimento educacional do aluno. Elas têmum caráter socializador, pois em sua essência está o princípiode interagir com o outro provocando uma reação, como jáconstatamos no conceito de zona de desenvolvimento próximo.

aula de motivação, aprendemos que se o conhecimento não faz senti-do para o aprendiz, ele não demonstrará interesse por isto. A condiçãode gerar novos conhecimentos não se restringe às ciências, ela pode serempregada nas diversas situações do dia-a-dia do aluno.

Agora que conhecemos esses quatro elementos, voltemosà questão que foi levantada anteriormente. Coll e Rochera(1996) nos mostram que a estrutura de uma disciplina é clarapara o professor, mas não é evidente para o aluno que iniciauma nova série de conhecimentos. Os autores também afir-mam que essa é uma estrutura lógica da disciplina, mas quenão pode ser confundida com a estrutura psicológica. E que-rem dizer com isso que a forma de o aluno se adequar ao con-teúdo terá uma grande influência no resultado final, maior quea estrutura lógica. Para relembrar sobre a estrutura psicológicaque envolve uma disciplina, sugerimos a releitura das aulas 3,4, 5, 6, 7, 8 e 9. Sem esta observação, caro aluno, todo o traba-lho para seqüenciar conteúdos não terá o resultado esperado.

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Seqüência de aprendizagem

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Os objetivos educacionais constituem as formulações queconduzirão à implementação das intenções e indicam o quefazer para atingir as metas traçadas.As seqüências de aprendizagem podem ser entendidas comoa melhor organização possível dos passos a serem dados parase aprender algo. Isto envolve uma seqüência do que estásendo ensinado, da série em que está sendo ensinado e dascondições que o aluno tem de aprender (conhecimentosprévios).A relação entre estas três instâncias é clara, a primeira traz aidéia geral que será possibilitada pelos objetivos e organizadapelas seqüências.

ANÁLISE DAS TAREFAS

Durante o período escolar, existe um momento dedicadoà tarefa, que pode acontecer em sala de aula ou em casa.Alguns alunos se mostram eficientes na resolução dosproblemas propostos, enquanto outros não. Há aindaaqueles que nem se dão ao trabalho de tentar resolvê-los e chegam à sala de aula com os cadernos em bran-co. Quando pensamos na construção, na propostade uma tarefa, devemos pensar nas seqüências quesão importantes para a sua realização.

Aprendemos em outras aulas as contribuições deVygotsky, dos grupos e dos processos motivacionaisna ação dos alunos. Algumas tarefas são ótimas, mexemcom a imaginação, com a auto-estima dos alunos. Já outrassão chatas e desestimulantes, sem contar que a tarefa escolarcompete diretamente em termos motivacionais com a televi-são, com o mp3 com os amigos entre outras coisas. Para você,caro aluno, o que vem a ser uma tarefa? Pense um instante e emseguida leia a definição em seqüência.

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“Uma tarefa é um conjunto coerente de atividades que conduza um resultado final observável e mensurável (Coll e Rochera,1996,340).” Ainda de acordo com estes autores, observe a seguir trêscaracterísticas que fazem parte da realização de uma tarefa.1. Situação desencadeadora ou estímulo2. Seqüência da atividade ou passos3. Operações ou componentes de execução

Em outras palavras, para executar bem uma tarefa, é funda-mental aprender a atingir todos os passos de uma atividade apartir de um estímulo iniciador. Constatamos que para isto tam-bém existe uma seqüência a ser seguida.

Alguns psicólogos importantes contribuíram para o desen-volvimento do trabalho de execução de tarefas, entre eles po-demos citar Thorndike, Skinner e Gagné. Em 1922, Eduard L.Thorndike publicou The Psychology of Arithmetic (A Psico-logia da Aritmética). Neste livro, ele propõe o estudo das tare-fas aritméticas, tais como as operações e o significado dos nú-meros, entre outros, com a finalidade de entender as conexõesespecíficas entre os estímulos que iniciam a tarefa e a respostafinal, procurando verificar as relações que mantêm esta ação.Com isto, Thorndike estava querendo enfatizar a importânciadestas conexões para a fixação do conhecimento.

Destacamos também as contribuições de Robert M. Gagné coma já conhecida Teoria das Hierarquias de Aprendizagem. Está lem-brado delas? Caso não se lembre, retome a leitura da aula sobreGagné no primeiro módulo desta disciplina. Segundo esta teoria, atarefa é o objetivo terminal e os passos são hierarquicamente dividi-dos em subtarefas que vão das mais simples às mais complexas.

Para melhor compreensão desta idéia, observe a seguir a tabeladas Hierarquias dos tipos de aprendizagem no âmbito das destrezasintelectuais de Robert M. Gagné. Fonte: (Coll e Rochera,1996, 343).Neste quadro você, poderá constatar um exemplo de organização deseqüência com a finalidade de aprender algo.

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Requer

Requer

Requer

Requer

Requer

Requer

Ou ainda Ou ainda

A aprendizagem de resolução de poblemas (tipo 8)

Aprendizagem de regras (tipo 7)

Aprendizagem de conceitos (tipo 6)

A aprendizagem de discriinações (tipo 5)

A aprendizagem de associações verbais (tipo 4)

A aprendizagem de outros tipos de cadeias (tipo 3)

A aprendizagem de conexões S-R (tipo 2)

A aprendizagem de sinais (tipo 1)

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ATIVIDADES

1. Utilize o quadro de Gagné como base para criar uma tabelaapontando as seqüências de aprendizagem necessárias para sedominar um assunto. Para isto você deverá escolher um assuntoqualquer. Exemplo: se o assunto for equação do 1º grau, vocêfará a seqüência que acredita ser necessária para atingir esta meta.

Você pôde observar através desse quadro, caro aluno,quantas coisas devem ser aprendidas para chegarmos à con-dição de resolver problemas. Se cada elemento deste fosseensinado de forma aleatória, sem uma ordem previamenteestabelecida, teríamos problemas. Muitos alunos que apre-sentam dificuldades em Matemática não compreenderam ade-quadamente uma seqüência entre os conteúdos. Não esta-mos afirmando que todos os problemas encontrados se en-quadram nesta situação, e sim uma parte.

De imediato, esta situação causa um efeito psicológiconegativo, pois o aluno passa a ter dificuldade para acertar eacompanhar o conteúdo, acreditando ser ele incapaz deaprender aquele assunto.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Uma vez que o quadro de Gagné está sendo usado como base,

não há necessidade de o resultado ser o mesmo. Apresentamosuma possibilidade de resposta utilizando como finalidade últimaa condição de realizar cálculos de multiplicação com lápis epapel.

APRENDER A MULTIPLICAR COM LÁPIS E PAPELTer aprendido as regras que envolvem operações matemáticas

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Seqüência de aprendizagem

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Ter aprendido conceitos como os de soma, subtração, quantidade,conjunto...Ter condições de discriminar sinais, números,questionamentos...Ter aprendido a fazer associações verbais e numéricasTer desenvolvido condições motoras para usar lápis e papelTer aprendido a relacionar os estímulos que chegam com asrespostas desejadas (S-R)Ter aprendido a ler sinais

2. Comente o quadro que você construiu na Atividade 2, expli-cando o porquê de cada seqüência.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Muito bem, caro aluno, vamos iniciar os comentários debaixo para cima.Aprender os sinais é fundamental para um bom desenvolvimentoda aprendizagem. Já verificamos, em outras aulas, que o sinalmobiliza o nosso sistema sensorial chamando a nossa atençãopara algo. É a partir dos sinais que desenvolvemos a capacidadede simbolizar e com isso aprendemos a ler o ambiente. Toda aseqüência dependerá desta condição.O segundo item mostra a importância de relacionar estímulo eresposta, pois, conforme já constatamos, uma resposta seráadequada ou inadequada dependendo do estímulo. Em outraspalavras, a resposta poderá ser correta ou incorreta conforme oque foi solicitado.O terceiro item chama a nossa atenção para odesenvolvimento motor, que deve acontecer de forma natural,independente da pretensão de um dia saber multiplicar, e claro,se o objetivo é multiplicar utilizando o lápis e o papel, énecessário que se controle as funções motoras.

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As associações verbais e numéricas são essenciais para aexecução pretendida, pois serão o canal de comunicação eexecução da tarefa. Da mesma forma a condição dediscriminar, que é a capacidade de diferenciar e reconheceras diferenças. Sem isso não saberíamos a diferença do 1 e do2, como também não saberíamos a diferença entre soma emultiplicação.Através dos conceitos, o aluno saberá de que se trata e é apartir deles que ele fará as descriminações necessárias.As operações serão as manipulações desses conceitos. Oaluno precisa saber que pode fazer e desfazer uma operação.Lembra-se de Piaget? Ele nos mostrava que existe um períododa vida em que adquirimos esta condição.Finalmente, se o aluno domina estas condições, multiplicarserá um prazer.

Com base no que discutimos nesta aula, podemos afir-mar que a evolução humana é uma conseqüência dire-

ta da nossa capacidade de aprender e ensinar. Sendo assim, deve-mos sempre ter uma atenção especial na Educação, com as se-

qüências e as ligações entre os conteúdos, poissem isto se perde o sentido do que se está en-sinando e aprendendo, comprometendo, des-

ta forma, o desenvolvimento social e individual de todos nós.

CONCLUSÃO

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Seqüência de aprendizagem

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RESUMO

Nesta aula, apresentamos as seqüências de aprendizagem.Pudemos observar que elas são situações comuns da vida

que ligam um evento a outro e permitem a sua continuidade,promovendo um entendimento desses eventos. Aprendemos quepara estudar as seqüências de aprendizagem de uma forma maiscompleta, é necessário contextualizá-las, trazendo o conceito deintencionalidade ou intenções educativas, que se referem aos prin-cípios e idéias que se pretende transmitir ao aprendiz, além dassuas finalidades. Entre as diversas finalidades existentes no espa-ço escolar, chamamos a atenção para o desenvolvimento sociale individual do aluno, que acontecerá através da construção deobjetivos capazes de efetivar tais princípios. Muitos teóricos daaprendizagem partilham da importância das intenções educativase das seqüências de aprendizagem, dentre eles destacamos Vygotskye Gagné, que muito contribuíram com seus estudos para incentivara socialização e o seqüenciamento do ensino.

REFERÊNCIAS

COLL, César; BOLEA, Enric. As intenções educativas e osobjetivos da educação escolar: alternativas e fundamentospsicológicos. In: Desenvolvimento psicológico e educação.

Porto Alegre: Artemed, 1996.COLL, César e ROCHERA, Maria José. Estrutura e organiza-ção do ensino: as seqüências de aprendizagem. In: Desenvolvi-

mento psicológico e educação. Porto Alegre: Artemed, 1996.

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A AVALIAÇÃO

METMETMETMETMETAAAAAExplorar as diversas possibilidadesde avaliação do conhecimentoaprendido.

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSAo final desta aula, o alunodeverá:definir avaliação;diferenciar os diversos tipos deavaliação;identificar os principais problemasde aprendizagem.

PRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSPRÉ-REQUISITOSTer conhecimentosobre:motivação paraaprender;contextos que interferem naaprendizagem;o papel do professor;aspectos que favorecem arelação professor / aluno;o papel do aluno ecaracterística individuais,sequência de aprendizagem.

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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De acordo com Miras e Solé (1996), a avaliação moder-na teve início com os trabalhos de Ralph Tyler no

início da década de trinta do século passado. Porém, a sua exis-tência já vinha de muito antes, com a busca daverificação de mudanças de comportamentopor parte do aprendiz, constatando-se, assim,a sua evolução. Com o passar do tempo, osconceitos e idéias que influenciam o processo

avaliativo desenvolveram-se cada vez mais, ocasionando osurgimento de diversas correntes filosóficas que embasam o as-sunto e dificultando a construção de um modelo mais unitáriode sua prática.

Nesta aula, teremos a oportunidade de estudar idéias quenos mostrarão que a avaliação não é uma forma de punição comopensam alguns professores, e também não é uma fonte de notascomo pensam alguns alunos. Ela é sim um instrumento impor-tante para o desenvolvimento do aluno e do processo de ensinoe aprendizagem sempre que for bem utilizada.

Sala de aula em dia de prova. (Fonte: http://www.g1.globo.com).

INTRODUÇÃO

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A avaliação

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Olá, caro aluno! Estamos iniciando a nossa última aulade Introdução à Psicologia da Aprendizagem. O tema

desta aula é a avaliação, e apresentaremos de alguns tipos de avali-ação que são utilizados pelas escolas e pelos professores para veri-ficar o grau de aprendizagem do aluno.

É um tema bem interessante e cheio dequestionamentos, e, com certeza, cheio de lem-branças... Entre os possíveis questionamentos, podem surgir algunsdo tipo: O que quero avaliar? Como farei para avaliar determinadoaspecto? Será que para avaliar o conhecimento de um aluno bastaformular algumas perguntas e depois verificar se ele respondeu deacordo com o livro didático ou com o que foi dito em sala de aula,dentro de um determinado tempo, num dia pré-determinado e numlugar apropriado? O que você acha, caro aluno? É, são diversas aspossibilidades de questionamento.

Além dos questionamentos, temos as lembranças, algumas boase outras nem tanto. Quem não se lembra das avaliações a que foisubmetido no período em que freqüentava a escola? Tenho certezade que foram muitos os acontecimentos relacionados a este tema,alguns engraçados e outros trágicos, às vezes protagonizados pelosalunos, outras, pelos professores.

Só para exemplificar, na minha época de escola, já vi aluno che-gar à sala de aula, no dia da prova, sem saber que haveria prova. Já viprofessor que, ao surpreender o aluno dando cola para outro, come-çou a pedir que não fizessem aquilo, pois iria prejudicá-los no futuro.O professor não sabia o que fazer e, no final do processo, a nota doaluno que colou ainda foi bem alta. Uma destas situações aconteceucomigo, era prova de literatura sobre o romance Luzia Homem (clás-sico da literatura brasileira do jornalista e romancista DomingosOlímpio Braga Cavalcante), e um amigo que estava sentado na car-teira atrás da minha queria que eu passasse as resposta da prova. Paraisto eu teria que me virar e falar, a professora estava por perto e eunão tinha certeza das respostas. Falei que não dava para fazer e ele,inconformado, começou a dar pequenos chutes no pé da minha car-

AVALIAÇÃO

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Introdução à Psicologia da Aprendizagem

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teira que andou um pouco para frente, até que ele parou. No dia foiuma situação complicada, mas logo após a prova estávamos todosrindo.

Outro ponto a ser destacado nesta aula e que pode interferirna forma como você vê a avaliação é o tipo de valor desenvolvi-do ao longo dos tempos: punição e gratificação. No primeirocaso, a avaliação é utilizada com ameaças e como controle, a fimde manter a ordem na classe; no segundo, ela tem a função únicade atribuir uma nota ao aluno, mas a existência de notas ruinsnão estimula o professor a verificar o que está acontecendo.

Ao tratarmos deste assunto, é importante recorrermos à me-mória, pois muito do que acreditamos ser a avaliação vem doque aprendemos na prática e na observação dos professores quenos ensinaram. A questão é que a impressão que ficou será o seuparâmetro. Caso tenha sido uma impressão positiva, ótimo, sefoi negativa, isto poderá atrapalhar a forma como você vai lidarcom este instrumento, e este será o nosso ponto de partida.

ATIVIDADES

Vamos lá, caro aluno, exercite a sua memória. Como já foi mos-trado, as recordações que você tem dos momentos de avaliaçãopodem ter sido marcantes, tanto de uma forma positiva comonegativa, e isso poderá influenciar no modo de utilizar o instru-mento. Gostaríamos, assim, caro aluno, que você buscasse em suamemória momentos em que foi submetido a processos avaliativos.Em seguida, você vai escrever como eram realizadas essas avali-ações e como este procedimento mexia com você. A resposta de-verá ser publicada no Fórum sobre avaliação. Não se esqueça decomentar as respostas dos seus colegas, pois esta troca de experi-ências é de grande importância para a sua prática em sala de aula.

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A avaliação

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COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

A resposta para esta questão é bem pessoal. Nela você poderelatar sobre o formato da maioria das avaliações a que foisubmetido (subjetiva, objetiva, se era de assunto específicoou de todo o conteúdo...). Deverá falar também sobre comoas vivências mexiam com você, se você ficava tranqüilo,nervoso, se dependia do assunto, do professor ou se estavabem preparado. Comentar as respostas dos colegas e ler oscomentários feitos na sua resposta ajuda a entender a sua idéiae a dos outros sobre a avaliação.

EM BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO

“Em busca de uma definição” é um título bem contextualizadopara este tópico da aula, pois se temos uma certeza quando falamosde avaliação, é que diversos especialistas no assunto produzem di-versas definições sobre esse tema. Miras e Sole (1996), por exem-plo, vão mostrar-nos que a idéia de avaliação percorre dois pólosprincipais: a emissão de um juízo sobre algo e a condição de reunirinformações e examinar um contexto para se tomar algum tipo dedecisão sobre ele.

Na primeira possibilidade, os autores citados se referem aostrabalhos de Noizet e Caverni (1978) e Nevo (1983) para enfatizaremque o juízo traz em si o componente avaliativo. Utilizamos o juízo,caro aluno, sempre que fazemos uma escolha, quando refletimossobre alguma coisa ou desenvolvemos uma opinião. É uma capaci-dade que temos para avaliar objetos, pessoas, situações, contextos,idéias, desempenho, instrumentos etc. “Noizet e Caverni (1978)enfatizam o caráter do juízo inerente a todo ato avaliativo, indepen-dentemente do objeto avaliado e dos critérios utilizados para levar acabo a avaliação” (MIRAS; SOLÉ, 1996, p. 375).

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Como foi colocado, caro aluno, o outro pólo diz respeito à buscapor informações que possam ajudar na tomada de uma decisão. Nes-te ponto, são lembrados Cronbach e outros (1980) e De Ketele (1980),que defendem esta perspectiva. Eles nos mostram que uma das fun-ções da avaliação é examinar a ação de um programa para levantarinformações que resultem em sua melhora. Nesta visão, procura-se aassociação entre o conjunto de informações e os critérios fixadospara se atingir um determinado objetivo e assim chegar a uma deci-são (MIRAS; SOLÉ, 1996).

Em nossa opinião, ambos os aspectos, o de “juízo” e ode “tomada de decisões” intervêm na avaliação educativa,ainda que adquiram maior ou menor preponderância,segundo os casos. Por ora, basta assinalar que considera-mos a avaliação como uma atividade mediante a qual, emfunção de determinados critérios, se obtêm informaçõespertinentes acerca de um fenômeno, situação, objeto oupessoa, emite-se um juízo sobre o objeto de que se trate eadota-se uma série de decisões relativas ao mesmo. Nestecontexto, a avaliação educativa, quer se dirija ao sistemaem seu conjunto, quer se dirija a qualquer de seus compo-nentes, corresponde sempre a uma finalidade, a qual, namaioria das vezes, implica tomar uma série de decisões re-lativas ao objeto avaliado. A finalidade da avaliação é umaspecto crucial desta, já que determina em grande parte otipo de informação que se consideram pertinentes paraavaliar, os critérios que se toma como ponto de referência,os instrumentos que se utilizam e a situação temporal daatividade avaliativa (MIRAS; SOLÉ, 1996, p. 375).

Devemos sempre lembrar, caro aluno, que ao, pensarmosem avaliação, estamo-nos referindo ao objeto avaliado e aos cri-térios escolhidos para esta finalidade. Sendo assim, chamamos asua atenção para o fato de que uma resposta ou desempenhopode ser avaliado positiva ou negativamente de acordo com oscritérios estabelecidos.

Podemos avaliar, no caso da ação educativa, todo o sistema ouqualquer dos seus componentes. Para isso, vamos refletir um ins-tante. Quando falamos em avaliação, caro aluno, em que você pensa?

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Em sua opinião, o que devemos avaliar? De certa forma estequestionamento já foi feito no início desta aula. Será que o seu pensa-mento modificou em algo? Responda para você mesmo.

O mais comum é pensar a avaliação como a verificação doconhecimento do aluno, concorda? Apesar de esta ser uma das for-mas conhecidas e disseminadas nas escolas, Miras e Sole (1996)citam Coll (1980) para nos fazer refletir sobre um importante as-pecto: a eleição do que será avaliado. Ele destaca que, diante detantas possibilidades de avaliação, podemos ir dos objetivos, pas-sando pelos conteúdos e pelas propostas de intervenção, atingindorecursos e materiais didáticos, mas fica uma questão. Será que real-mente é adequado fazer uma avaliação educativa somente com aavaliação do aluno? Lembrando avocê que tal avaliação é somente umaspecto de todo o conjunto.

Quantos professores aproveitamo período de provas para fazer um le-vantamento do método utilizado?Você acha que esta é uma prática fre-qüente? Vejamos o que os autores co-mentam sobre a importância da ava-liação:

Os critérios adotados comoreferencial da avaliação educativa traduzem, ou devemtraduzir, a natureza da educação institucionalizada, atividadeintencional, de caráter eminentemente social e socializador,mediante a qual se pretende que os membros de um gruposocial adquiram a bagagem que os capacite para tornarem-se agentes ativos da mesma. Neste sentido, continua sendoútil a já clássica distinção (Reuchlin, 1984; Noizet e Caverni,1978) entre os objetivos sociais e os objetivos pedagógicosque regem a ação educativa, objetivos que, por outro lado,encontram-se intimamente ligados. Os objetivos sociaisdefinem as finalidades globais que um grupo social pretende

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através da escolarização; por sua vez, os objetivospedagógicos delimitam os resultados que os alunos devemter alcançado no término de sua formação total ou dequalquer um de seus segmentos. Obviamente, não pode existircontradição entre objetivos sociais e objetivos pedagógicos,visto que estes últimos devem estar a serviço dos primeiros.Porém, a distinção acaba sendo útil, na medida em que, comofrisou Coll (1983d), permite identificar duas grandes vertentesda avaliação educativa: a que se refere à avaliação social dosistema educativo a que concerne a avaliação dos objetivospedagógicos. (MIRAS E SOLÉ, 1996, p. 376).

Devemos ficar atentos, caro aluno, para perceber que a avaliaçãoeducativa não se trata de uma ação exclusivamente técnica. Miras eSole (1996) nos mostram que os juízos emitidos nos momentos de seavaliar juntamente com as decisões tomadas e adotadas dependem deum marco psicológico que serve como referência para compreender einterpretar o que é ensinado e o que é aprendido. Não nos podemosesquecer de buscar os referenciais teóricos que nos ajudam na forma-ção do juízo avaliativo.

OS TIPOS DE AVALIAÇÃO E SUAS FUNÇÕES

São muitas as formas em que a avaliação pode seradotada. De uma forma geral, os autores adotam algu-mas categorias que serão demonstradas nesta aula. Mirase Sole (1996) nos trazem as seguintes classificações:

CONTÍNUA OU PONTUAL: este tipo de avalia-ção tem como característica o fato de ser geralmente in-terna, ou seja, o professor que acompanha a turma é omesmo que a avalia. Neste modelo, ele pode perceber aevolução, as dificuldades e a adaptação do aluno. Observeque, neste caso, o professor tem a condição de avaliar todoo processo, mas, se quiser ou for necessário, poderá fazer

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uma avaliação pontual, isto é, específica de algum ponto ou aspecto. Asduas possibilidades coexistem.

Encontramos ainda a avaliação conhecida como externa, reali-zada por alguém que não acompanhou aquele aprendiz. Neste caso,a avaliação será pontual, já que os conteúdos estudados poderãoser avaliados, mas o mesmo não será possível com o desempenho eevolução do aluno.

EXPLÍCITA OU IMPLÍCITA: considera-se avaliação explíci-ta quando a atividade tem um caráter claramente avaliativo e quemse submete a ela tem o perfeito entendimento desta situação. En-contramos essa situação na maioria das provas escolares, concur-sos e vestibulares entre outros.

Uma avaliação é considerada implícita quando, mesmo se tratandode uma avaliação, o contexto não transmite esta imagem. Podemos en-contrar um bom exemplo desta modalidade nas gincanas, atividadeslúdicas com função avaliativa, nos diversos torneios de Matemática(acessar o site da Olimpíada Brasileira de Matemática, http://www.obm.org.br/) ou ainda em atividades físicas que servem para ava-liação em disciplinas, como as de Educação Física.

NORMATIVA E CRITERIAL: na avaliação normativa compa-ram-se os resultados obtidos pelos alunos da turma, e, desta forma, épossível perceber se algum aluno está destacando-se ou ficando paratrás. A criterial busca localizar os alunos a partir dos objetivos queforam fixados, se o aluno sabe ou não o conteúdo.

SOMATIVA E DIAGNÓSTICA OU INICIAL: a somativavisa fazer um balanço sobre os conteúdos adquiridos pelo alunodurante o processo de aprendizagem e produzir, assim, um juízode suas condições acadêmicas.

Para Miras e Sole (1996) este modelo de avaliação é de gran-de importância para o processo de construção do planejamen-to e das práticas da Educação, destacando os âmbitos pedagógi-co e social. É a forma mais tradicional de avaliação, mas ainda assim,não encontra uma forma de aplicação única, variando as formas quesão utilizadas nas escolas, principalmente pelos marcos teóricos dos

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que a utilizam. A avaliação somativa tem finalidades claras e podeocorrer em uma única aplicação ou de forma parcial.

A diagnóstica ou inicial tem caráter prognóstico e avalia as con-dições que o aluno tem para iniciar outra etapa ou outro conteúdo,ou seja, tem como principal finalidade buscar informações acercadas capacidades e dos conhecimentos prévios dos alunos.

Quando se enfatiza a avaliação como diagnóstica, os auto-res citam Noizet e Caveri (1978), que se referem ao processoavaliativo como um instrumento seletivo ou de orientação.Como assim? Funciona da seguinte forma, caro aluno: é uminstrumento que verifica os conhecimentos do aluno e diz seele está apto ou não para fazer algo ou integrar determinadogrupo. É o tipo de avaliação proposta pelo vestibular. Ela vaiapontar os mais aptos para ingressar nos cursos de nível supe-rior, a partir de determinados critérios, enquanto os outros te-rão que se preparar mais.

Observamos que essa é uma avaliação de modelo externo e,sendo assim, não interfere no processo de ensino e aprendizagem.Queremos dizer que o resultado dessa avaliação não vai altear aação dos professores que ensinarão ao aprendiz avaliado.

Quando assume o caráter de avaliação inicial, é utilizadapara mostrar ao professor quais os conhecimentos que o alu-no tem antes de conhecer o novo conteúdo, ajudando, assim,a construção das seqüências de aprendizagem.

Tradicionalmente, a avaliação foi entendida no âmbitoeducativo como um meio de controle para adequar ascaracterísticas do aluno às exigências, geralmente prefixadas,de um determinado sistema de formação. Esta função geral,quando tem lugar ao finalizar um processo de ensino e

aprendizagem e independentemente da extensão temporaldo mesmo, dá origem à denominada avaliação somativa(Scriven, 1967; Allal, 1979). Como já dissemos, a finalidadeúltima da avaliação somativa é determinar o grau de domíniodo aluno em uma área de aprendizagem. O resultado destaoperação permite outorgar uma qualificação que, por sua

Prognóstico

O Dicionário EletrônicoHouais da língua por-tuguesa, Edição Espe-cial, nos traz algumaspossibilidades de defi-nição. Dentre elas des-tacamos:-que traça o prováveldesenvolvimento futu-ro ou o resultado de umprocesso.-suposição, baseada emdados da realidade, so-bre o que deve aconte-cer; previsão

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vez,pode ser utilizada como um sinal de credibilidade deaprendizagem realizada; por isto, em determinadas ocasiõesé denominada também avaliação creditativa (MIRAS; SOLÉ,1996, p. 378).

Lembremos, caro aluno, que a principal característica destaforma de avaliação não é o momento em que ela ocorre, e sim afinalidade de fazer um balanço do que foi aprendido pelo aluno.

AVALIAÇÃO FORMATIVA: esta forma de avaliaçãoatua especialmente em duas áreas: o aluno e o processo. Emrelação ao aluno, ela busca indicar os diferentes caminhos (eta-pas) pelos quais deverá passar para concretizar um determina-do aprendizado. Ao professor mostrará os caminhos em que sedesenvolvem os processos de ensino e aprendizagem, com suasconquistas e dificuldades.

Os referidos autores nos mostram que esta modalidade de ava-liação tem um caráter dinâmico. Mas como assim, um caráter dinâ-mico? É que os resultados demonstram as necessidades e as falhasdo sistema de uma forma geral (alunos, professores, seqüências deensino...), com isto, caro aluno, é possível promover uma recupera-ção desta situação, ou seja, pode-se fazer certas modificações paramelhorar os resultados de um determinado grupo. Veja bem, esta-mos falando de soluções desenvolvidas a partir de problemas de-tectados nos resultados avaliativos. Sendo assim, podemos afirmarque, se grupos diferentes apresentarem dificuldades diferentes, en-tão teremos soluções diferentes. Essas soluções podem ter eficiên-cia exclusiva naquele grupo ou, de outra forma, podem anteciparuma questão que é geral, sendo utilizada também em outros gru-pos. É esta possibilidade de se rever e de modificar os caminhosque marca o dinamismo dessa avaliação.

Isso nos conduz a uma importante reflexão. Sabe qual? A deque nem tudo é ou pode ser abarcado pelas teorias da Educação.Estas contribuem bastante para o desenvolvimento do ensino e daaprendizagem, mas, apesar de trazer previsões e possíveis soluções

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acerca de possíveis problemas, não tem como abarcar todas as difi-culdades específicas de alunos ou grupos de alunos.

Neste caso, o professor traz consigo um importante papel, o datomada de decisão. Vamos entender o que é esse papel? Observe aseguir, de forma mais específica, a explicação desse papel na se-guinte citação:

Deste modo, a avaliação formativa ajusta-se particularmentebem ao paradigma de investigação que considera o ensinocomo um processo de tomada de decisões, e o professorcomo o profissional encarregado de adotá-las (PérezGómez, 1983; Shavelson e Stern, 1981; capítulos 14 e 15).Se retomarmos a definição da avaliação educativa, veremosque, no caso da avaliação formativa, o componente de“tomada de decisões” adquire um destacado interesse. Comefeito, quando ocorre uma avaliação deste tipo, o professorobtém diversas informações referentes ao curso doprocesso educativo. Estas informações lhe permitem emitirum juízo – na maioria das ocasiões, implícito – sobre odesenvolvimento da seqüência e, de acordo com este juízo,imprimir a estas seqüências as modificações pertinentes paraajustá-las às características e capacidades do aluno. Nestecaso, as decisões não afetam a orientação dos sujeitos doensino, nem sua creditação, senão o processo de ensino eaprendizagem e o rumo tomado pela intervençãopedagógica (MIRAS; SOLÉ, 1996, p. 383).

Só para ficar claro, vamos repetir. Esta forma de avaliaçãonos mostra que nem tudo está escrito nas teorias constituintesdas bases da aprendizagem e da Educação, mas que existemespecificidades a serem verificadas nos grupos. Essas verifica-ções apontam melhorias necessárias a serem realizadas para queo ensino continue acontecendo. Os autores nos chamam a aten-ção para que saibamos que esta forma de avaliação segue prin-cípios teóricos e pressupostos conceituais de diversas aborda-gens, não podemos achar que, por verificar o que as teorias não

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abrangem de forma mais específica, esta não teria a sua baseteórica. Miras e Sole (1996) destacam algumas das idéias queacompanham essa avaliação:- aspectos do aluno a serem verificados;- métodos e técnicas escolhidos para a captação de informaçõespertinentes;- teorias que irão embasar a interpretação dos dados obtidos, a cons-trução de hipóteses além dos possíveis caminhos a serem seguidos.

De uma forma geral, este é um importante instrumento quefavorece o progresso do ensino. Tornar esse tipo de avaliaçãoum hábito do professor é algo que se espera.

Como futuro professor, você deverá saber avaliar algumasoutras situações que vão além do conteúdo aprendido e do siste-ma de ensino. Para isto, leia com atenção o boxe “Um outro tipode avaliação”, (após o comentário sobre a segunda atividade), emque há uma idéia inicial sobre alguns conteúdos, necessitando deum maior aprofundamento posteriormente.

ATIVIDADES

Agora, caro aluno, você deverá fazer uma comparação entre asformas de avaliação normativa, somativa e formativa, apontandoos aspectos que você considera como positivos e negativos.

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COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Podemos observar primeiro a finalidade de cada uma e emseguida os aspectos positivos e negativos a partir do quevocê conseguiu perceber.- A normativa tem como finalidade verificar se os alunosencontram-se num grau semelhante de desenvolvimento daaprendizagem, para isto, os resultados dos alunos sãocomparados e assim é possível saber se alguém não estáacompanhando o restante do grupo. Um aspecto positivodesta avaliação é a possibilidade de realizar trabalhos deinteração e desenvolvimento a partir dos pressupostos deVygotsky, ou seja, um aluno com melhor desempenhopoderá ajudar os demais. Um aspecto negativo é que, se oprofessor utiliza esta forma de avaliação comparativa semcritérios definidos, poderá causar desconforto em algunsalunos, pois os que foram comparados ficaram abaixo damédia da turma.- A somativa tem como finalidade avaliar a condição dedeterminado aluno diante do conteúdo ensinado, sembuscar a comparação. É muito comum nas escolas brasileirase fornece ao professor informações importantes sobre odesempenho do aluno e suas dificuldades em relação aassuntos específicos. O grande problema desta avaliação estáno fato de que muitas vezes ela é a única forma de avaliaçãoaplicada e o seu resultado é considerado final, sem que aspectosdo sistema de ensino, do ambiente e da metodologia do professorsejam considerados.- A formativa traz informações sobre o aluno e os diversosaspectos que circulam a ação de ensinar e de aprender. Ela avaliatodo o processo e revela os pontos em que devem ocorrer asmelhoras. Com isto, o professor pode adaptar o ensino paramelhor aproveitamento de seu grupo de alunos. Podemos dizer

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UM OUTRO TIPO DE AVALIAÇÃO

Destacaremos, agora, um tipo de avaliação diferente das queconhecemos já. Falaremos sobre alguns transtornos que atrapalhamo desenvolvimento do aluno e que, se não forem percebidos peloprofessor, poderão comprometer esse aluno e alguns outros.

Falaremos de forma breve e na seguinte ordem, de acordo comHolmes (2001), sobre: Transtornos de Comportamento Disruptivo eTranstornos da Aprendizagem, Comunicações e Habilidades Motoras.

TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTODISRUPTIVO

Déficit de atenção e hiperatividade: a criança se mostra in-capaz de manter a atenção em algo, ou seja, não consegue con-centrar-se por um tempo razoável. Como conseqüência disso,ela mudará de foco muito rápido, gerando, assim, uma série decomportamentos denominados disruptivos além de impulsos.São crianças que não param quietas, correm, brincam sem parare sem considerar o que é apropriado, apresentam dificuldade emterminar o que iniciam e, como afirma o autor, “parecem nãoouvir instruções.”

Disruptivo

Que provoca rompi-mento, ruptura, rasga-mento; que causa ruí-na, destruidor, des-trutivo.

que o aspecto negativo dessa forma de avaliação está na suautilização de maneira inadequada, pois muitos professores nãoavaliam desta forma e os que o fazem não repassam asinformações para os alunos, que muitas vezes não percebemas diferenças realizadas pelo professor em sala de aula paramelhorar o resultado.

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As principais características são a dificuldade de manter aatenção e o alto nível de atividades.Essas crianças interagem tanto como ambiente que é difícil continuar aaula. Como características secundá-rias, elas apresentarão facilmentedificuldades na aprendizagem, porconta da dificuldade de se concen-trarem para estudar, e no seu desen-volvimento social. Uma observaçãoimportante, caro aluno, é que o fatode uma criança ser mal-criada ou ti-rar a nossa paciência não significaque ela terá esse transtorno. Fiqueatento para saber fazer um encami-nhamento adequado para psicólo-gos, psicopedagogos e médicos.

Transtorno de conduta: encon-tramos crianças com um padrão persistente de mau compor-tamento. Uma das principais características desse transtornoé o rompimento de regras sociais. São crianças que fogem decasa, da escola, mentem, iniciam incêndios, destroem ou in-vadem propriedades alheias, e podem chegar a praticar cruel-dades com animais e até pessoas entre outras atitudes. Observe,caro aluno, que os comportamentos citados, por si só ou por umperíodo da vida, não irão determinar um transtorno de conduta,mas sim a insistência deles como se fossem naturais ou normaisna vida da criança.

A principal característica desse tipo de comportamento éa agressividade contra pessoas, animais e objetos. As princi-pais causas apontadas são de ordem social (problemas famili-ares e influência do meio) somadas a possíveis problemas deordem fisiológica (baixa produção de serotonina e altos ní-veis de hormônio masculino, “testosterona”).

(Fonte: http://www.geocities.com).

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TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM,COMUNICAÇÃO E HABILIDADES MOTORAS

As informações que se seguem foram transcritas da tabela 16.3,intitulada de “Transtornos de aprendizagem, comunicação e ha-bilidades motoras”, localizada na página 344 de Holmes (2001).

Transtorno de Leitura. A habilidade de ler concentra-semarcantemente abaixo do que seria esperado com base na habi-lidade intelectual da criança.

Transtorno Matemático. As habilidades matemáticas encon-tram-se marcadamente abaixo do que se espera com base na ha-bilidade intelectual da criança.

Transtorno de Linguagem Expressiva. O uso da linguagemencontra-se marcadamente abaixo do que se espera com base nahabilidade intelectual da criança. (ex. vocabulário pobre, senten-ças demasiado simples, limitação ao tempo presente).

Transtorno de Expressão Escrita. Composição de texto escritoencontra-se marcadamente abaixo do que se espera com base nahabilidade intelectual da criança. (ortografia e gramática pobres).

Transtorno Fonológico. Falha consistente em usar sons dafala como \p\, \b\ e \t\ aos 3 anos e os sons \r\, \sh\, \th\,\f\, \z\, \l\ ou \ch\ aos 6 anos.

Gagueira. Falha consistente em falar sem rupturainvoluntária ou bloqueio.

Transtorno de Coordenação Motora. O desempenho de ati-vidades de habilidades motoras mostra-se marcadamente abaixodo que seria esperado com base na idade cronológica e na capa-cidade intelectual da criança.

Holmes (2001) nos mostra que os problemas citados nesta ses-são podem ter causa psicológica ou educacional. Complementamosdizendo que o meio social pode agravar estas dificuldades.

Acesse o site http://www.psicopedagogia.com.br/abpp/index.shtml e, na barra cinza, clique em “interesse geral”. Emseguida, conduza o mouse para psicopedagogia e clique em atu-

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ação profissional. Lá você encontrará o link Transtornos de apren-dizagem, clique nele e leia, em especial, dislexia na Matemática.Seria muito bom que você lesse todos os itens, ok!

Agora, caro aluno, você deverá aprender onde encontrar in-formações sobre estes problemas. Existem muitos sites interes-santes, mas gostaria que você conhecesse o CID-10, Manual in-ternacional de classificação das doenças e transtornos. Para isto,pedimos que você acesse o site http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php do Ministério da Saúde. Na barra azul, cliqueem mapa e em seguida em CID-10, que estará na sessão Cadas-tro Nacional. Na nova página, você deverá clicar em consultas e depoisem lista de categorias de três caracteres. Agora, clique no capítulo V eprocure F80-F89, você poderá ler todos para conhecer mais sobre possí-veis problemas em sala de aula. Destacamos o F.81, que traz, entre ou-tras coisas, o problema de habilidade em Aritmética.

ATIVIDADES

Como você já está um pouco mais familiarizado com ostrasntornos, deverá acessar o site http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=384, ler o artigo“Entendendo a Discalculia” e explicar o que entendeu sobre esteconteúdo.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Observamos nesta atividade, caro aluno, que, em alguns casos,o que parece ser preguiça é, na verdade, uma dificuldade pararealizar ou para entender as operações matemáticas. Adiscalculia é considerada um Transtorno da Matemática quegeralmente é associado a transtornos de leitura e escrita.Perceba a importância de estarmos sempre conversando com

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A avaliação

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Ao final desta aula, podemos concluir que a avaliaçãoescolar é uma importante etapa do desenvolvimento da

aprendizagem do aluno. Ela nos mostra de diversas formas comoeste processo está funcionado e quais as mudançasnecessárias em cada nova etapa. Podemos percebertambém que o resultado positivo da avaliação depen-derá das finalidades e de como o professor irá elaborar este instru-mento, ressaltando que não adianta simplesmente fazer algumas per-guntas decorativas. Esta é uma etapa séria do processo e por isto deveser bem elaborada.

professores de outras áreas. O texto nos mostra que este não éum problema causado por déficit mental, problemas visuais ouauditivos, por lesões no sistema nervoso ou má escolarização.As crianças portadoras deste transtorno não compreendemrelações e proporções (quantidade, ordem, tamanho, distancia),além do significado dos símbolos +, -, x e :, o que causaproblemas para a aquisição de conhecimento nesta área.

CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS

MIRAS, Mariana; SOLÉ, Isabel. A evolução da aprendizagem e aevolução no processo de ensino e aprendizagem. In: Desenvolvi-

mento psicológico e educação. Porto Alegre: Artemed, 1996.HOLMES, David S. Psicologia dos transtornos mentais. Por-to Alegre: Artmed, 2001.

RESUMO

Ao pensarmos em avaliação, logo nos surge a idéia denota e de aprovação no final do ano. Pudemos verifi-

car, nesta aula, que o aspecto mais importante deste proces-so não é a nota e sim as informações levantadas e as possibi-lidades de melhora que a acompanham. Verificamos que aavaliação pode ser planejada a partir da necessidade que seapresenta. Diante disso, ela poderá assumir algumas formascomo: contínua ou pontual, explícita ou implícita, normativae criter ial , somativa e diagnóstica ou inicial , a lém daformativa. Saber escolher e planejar a avaliação terá comoconseqüência a melhora no resultado. Além da avaliação deconhecimento e desempenho do aluno, existe outro tipo deavaliação a que o professor deve estar atento. É a avaliaçãode dificuldades de aprendizagem. São vários os problemasrelacionados à aprendizagem, e muitos deles se manifestamno estudo da Matemática. É preciso estar atento para se fa-zer o encaminhamento correto da situação com o mínimode impacto possível no aluno.