Introdução

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VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DE FORMOL EM AMOSTRAS DE PRODUTOS USADOS EM ALISAMENTO DE CABELOS Grande área: 1.00.00.00-3 Ciências Exatas e da Terra Área de conhecimento: 1.06.04.00-6 Química Analítica Janiele Fregulia Scarabelot (I.C), Ms. Prof.ª Márcia Luzia Michels (P.Q). [email protected] Programa Unisul de Iniciação Cientifica ( PUIC ) Curso de Química Industrial, Tubarão - SC Introdução A evolução da indústria química e a necessidade da praticidade exigida pelo consumidor provocaram um progressivo avanço no consumo de produtos químicos nos salões de beleza, hospitais, domicílios, entre outros. Um dos produtos químico altamente utilizado pela população é o formaldeído, seja diretamente ou indiretamente, em matérias primas, na conservação, como fungicidas e em produtos cosméticos. O formaldeído é um aldeído muito importante no ambiente, porém bastante reativo e causa grandes problemas para a população. Os efeitos causados são bem conhecidos, tais como, irritação aos olhos e no trato respiratório superior, dor de cabeça, náusea, sonolência, reações alérgicas na pele. Além disso, possui propriedades cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas. Recentemente também foi publicado a RESOLUÇÃO-RDC No- 35, DE 3 DE JUNHO DE 2008 da ANVISA Art. 4° onde fica proibido o uso do formaldeído em produtos saneantes. O uso de formaldeído também está sendo controlado em lugares onde há pessoas exposta ao produto como hospitais, clínicas, entre outros.O formaldeído tem um odor forte detectável a baixas concentrações. Mistura-se facilmente com água não sendo miscível com óleos e gorduras. Vem sendo muito utilizado como matéria prima com uso permitido em cosméticos nas funções de conservante (limite Maximo de uso permitido 0,2% - Resolução 162/01 ANVISA) e como endurecedor de unhas (limite Maximo de uso permitido 5% - Resolução 79/00 Anexo V Anvisa) 1 . Se utilizado em concentrações acima dos limites permitidos, pode causar danos a saúde, não podendo ser usado em produtos cosméticos. Sob a forma de gás é mais perigoso que em estado de vapor. Segundo a OSHA (Associação de Saúde e Segurança Ocupacional) o limite Máximo permitido de exposição contínua é de 5 ppm, sendo que, nos casos de pico, a concentração máxima deve ser de 10 ppm. O Criteria Document publicado pelo Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional dos EUA (NIOSH) recomenda que o limite máximo presente no ar seja de 0,1 ppm/15M e o uso de máscaras e luvas durante a manipulação do produto. A máscara deve ter filtro especial para vapores orgânicos 1 . No caso da escova progressiva, dependendo da concentração do formol, pode ainda causar queda capilar. O formol em concentrações permitidas não tem função de alisante. O risco em sua aplicação indevida é tanto maior quanto maior a sua concentração e a freqüência do uso, e se dá pela inalação dos gases e pelo contato com a pele, sendo perigoso para profissionais que aplicam o produto quanto para usuários 1 . Devido ao modismo das técnicas de alisamento de cabelos, a fabricação clandestina de produtos alisantes em salões de beleza e reações adversas apresentadas por algumas pessoas que pode levar até a morte, faz-se necessário à validação de uma metodologia analítica para atender a pedidos de pessoas que utilizam estes tipo de produtos (aplicadores e usuários), a fim de verificar o nível de formol adicionado aos mesmos. Para o presente trabalho, foram testadas algumas metodologias e foram coletadas cinco amostras de produtos para alisamento de cabelo mais utilizadas em salões de beleza, e determinadas as quantidades de formaldeído para realizar comparação com as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Objetivos Realizar a validação de metodologia para análise de formol, e investigar algumas marcas de produtos para alisamento, a fim de verificar se estão dentro das especificações exigidas pela legislação vigente. Testar algumas metodologias existentes para análise de formol as quais sejam viáveis economicamente e realizar comparação dos resultados obtidos com a indicação do rótulo do produto e com valores de referência da legislação. Metodologia Para o presente trabalho, foram testadas algumas metodologias e foram coletadas 5 amostras de produtos para alisamento de cabelo em salões de beleza, a fim de verificar se a quantidade de formaldeído presente esteja dentro das normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. As metodologias testadas foram: potenciométrico, espectrofotométrico utilizando ácido cromotrópico e metodologia proposta pela AOAC (Association of Official Analytical Chemists). A metodologia proposta pela AOAC (Association of Official Analytical Chemists) foi testada e escolhida para realizar as análises nas amostras em produtos para alisamento de cabelo que consiste em: Pipetar 50 mL de NaOH 1N em balão de fundo chato de 500 mL e Resultados Na tabela I encontra-se os resultados de formol das 5 amostras de produtos para alisamento de cabelos analisadas. Tabela I – Resultados obtidos de formaldeído em amostras de produtos para alisamento de cabelo. Os resultados demonstram que a metodologia proposta pela AOAC é a mais viável e eficaz. As outras metodologias pesquisadas, como a identificação da quantidade de formaldeído através do método potenciométrico, não obteve-se resultados esperados com a análise de formaldeído P.A utilizado para validação. O método espectrofotométrico utilizando ácido cromotrópico, não foi testado pois não obteve-se este reagente até a conclusão desta pesquisa. Segundo referência bibliográfica, este método é eficaz.. Na validação do método utilizando um formaldeído de grau P.A a 37% aplicando a metodologia da AOAC, o resultado obtido foi 36,4%±0,3, considerado satisfatório, levando-se em conta que o formaldeído é um gás e apresenta-se em solução, sendo portanto, volátil. A metodologia proposta foi aplicada em amostras comerciais de produtos para alisamento de cabelo. Em uma das amostras analisadas foi encontrado 2,6%± 0,2 de formaldeído, ou seja, 1300 vezes acima do limite permitido pela ANVISA tendo o limite máximo permitido de 0,2% para uso com a função de conservante. Em outra amostra analisada também encontrou-se uma quantidade significativa de formaldeído que foi de 5,9% ± 0,3, resultado este bastante preocupante para uso como cosmético, possivelmente levando ao manipulador a sentir irritação aos olhos e no trato respiratório superior, dor de cabeça, náusea, sonolência, reações alérgicas na pele. Nas demais amostras analisadas não foram detectados formol. O rótulo destes produtos analisados não continham informações necessárias sobre a quantidade adicionada, tornando-se precária a comparação da análise e a quantidade real do produto na amostra problema. Os resultados obtidos são satisfatórios, porém os reagentes para tal análise devem estar totalmente livres de contaminação, para evitar interferências. O método usado da AOAC não informa a quantidade mínima de detecção. Neste sentido, não foi possível perceber até que concentração o método ainda permanece sensível ao analito. Conclusões Conclui-se que a confiabilidade do método usado para análise de formol foi comprovada pelo resultado obtido na validação. Os estudos sobre este composto e seus derivados vem crescendo muito, percebe-se vários artigos científicos e técnicos a respeito, visando a importância de maiores conhecimentos e informações. Com a pesquisa realizada, comprovou-se a preocupação do controle do uso de formaldeído, tanto por parte da população, quanto dos profissionais da área estética. Entretanto ainda produtos comercializados para alisamento de cabelo contendo grandes quantidades de formol. Esta pesquisa está aberta para maiores interesses da área cientifica e tecnológica. Bibliografia 1 ANVISA, Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos, Uma Abordagem sobre os Ensaios Físicos e Químicos, Brasília, DF: Editora Anvisa, 2007. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 11 th , ed. Washington, D.C.: AOAC, 1970. MORITA, T.; ASSUMPÇÃO, R. M. V. Manual de soluções, reagentes e solventes. São Paulo: Edgard Blücher, 1972 www.anvisa.gov.br/cosmeticos/alisantes/escova_progressiva. ht . Acessado em 24 de abril de 2007. www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=795. Acessado em 24 de abril de 2007 http://dtr2004.saude.gov.br/somasus/Dinamicos/textos/impmonit.pdf Acessado em 27 de junlho de 2007 Am ostra s M 1 N ão detectado 2 N ão detectado 3 N ão detectado 4 5,9% 0,3 5 2,6 % ± 0,2

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VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DE FORMOL EM AMOSTRAS DE PRODUTOS USADOS EM ALISAMENTO DE CABELOS Grande área: 1.00.00.00-3 Ciências Exatas e da Terra Área de conhecimento: 1.06.04.00-6 Química Analítica. - PowerPoint PPT Presentation

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VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DE FORMOL EM AMOSTRAS DE PRODUTOS USADOS EM ALISAMENTO DE CABELOS

Grande área: 1.00.00.00-3 Ciências Exatas e da TerraÁrea de conhecimento: 1.06.04.00-6 Química AnalíticaJaniele Fregulia Scarabelot (I.C), Ms. Prof.ª Márcia Luzia Michels (P.Q). [email protected] Unisul de Iniciação Cientifica ( PUIC )Curso de Química Industrial, Tubarão - SC

IntroduçãoA evolução da indústria química e a necessidade da praticidade exigida pelo consumidor provocaram um progressivo avanço no consumo de produtos químicos nos salões de beleza, hospitais, domicílios, entre outros. Um dos produtos químico altamente utilizado pela população é o formaldeído, seja diretamente ou indiretamente, em matérias primas, na conservação, como fungicidas e em produtos cosméticos. O formaldeído é um aldeído muito importante no ambiente, porém bastante reativo e causa grandes problemas para a população. Os efeitos causados são bem conhecidos, tais como, irritação aos olhos e no trato respiratório superior, dor de cabeça, náusea, sonolência, reações alérgicas na pele. Além disso, possui propriedades cancerígenas, mutagênicas e teratogênicas. Recentemente também foi publicado a RESOLUÇÃO-RDC No- 35, DE 3 DE JUNHO DE 2008 da ANVISA Art. 4° onde fica proibido o uso do formaldeído em produtos saneantes. O uso de formaldeído também está sendo controlado em lugares onde há pessoas exposta ao produto como hospitais, clínicas, entre outros.O formaldeído tem um odor forte detectável a baixas concentrações. Mistura-se facilmente com água não sendo miscível com óleos e gorduras. Vem sendo muito utilizado como matéria prima com uso permitido em cosméticos nas funções de conservante (limite Maximo de uso permitido 0,2% - Resolução 162/01 ANVISA) e como endurecedor de unhas (limite Maximo de uso permitido 5% - Resolução 79/00 Anexo V Anvisa)1. Se utilizado em concentrações acima dos limites permitidos, pode causar danos a saúde, não podendo ser usado em produtos cosméticos. Sob a forma de gás é mais perigoso que em estado de vapor. Segundo a OSHA (Associação de Saúde e Segurança Ocupacional) o limite Máximo permitido de exposição contínua é de 5 ppm, sendo que, nos casos de pico, a concentração máxima deve ser de 10 ppm. O Criteria Document publicado pelo Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional dos EUA (NIOSH) recomenda que o limite máximo presente no ar seja de 0,1 ppm/15M e o uso de máscaras e luvas durante a manipulação do produto. A máscara deve ter filtro especial para vapores orgânicos1. No caso da escova progressiva, dependendo da concentração do formol, pode ainda causar queda capilar. O formol em concentrações permitidas não tem função de alisante. O risco em sua aplicação indevida é tanto maior quanto maior a sua concentração e a freqüência do uso, e se dá pela inalação dos gases e pelo contato com a pele, sendo perigoso para profissionais que aplicam o produto quanto para usuários1. Devido ao modismo das técnicas de alisamento de cabelos, a fabricação clandestina de produtos alisantes em salões de beleza e reações adversas apresentadas por algumas pessoas que pode levar até a morte, faz-se necessário à validação de uma metodologia analítica para atender a pedidos de pessoas que utilizam estes tipo de produtos (aplicadores e usuários), a fim de verificar o nível de formol adicionado aos mesmos. Para o presente trabalho, foram testadas algumas metodologias e foram coletadas cinco amostras de produtos para alisamento de cabelo mais utilizadas em salões de beleza, e determinadas as quantidades de formaldeído para realizar comparação com as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde.

ObjetivosRealizar a validação de metodologia para análise de formol, e investigar algumas marcas de produtos para alisamento, a fim de verificar se estão dentro das especificações exigidas pela legislação vigente. Testar algumas metodologias existentes para análise de formol as quais sejam viáveis economicamente e realizar comparação dos resultados obtidos com a indicação do rótulo do produto e com valores de referência da legislação.

MetodologiaPara o presente trabalho, foram testadas algumas metodologias e foram coletadas 5 amostras de produtos para alisamento de cabelo em salões de beleza, a fim de verificar se a quantidade de formaldeído presente esteja dentro das normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. As metodologias testadas foram: potenciométrico, espectrofotométrico utilizando ácido cromotrópico e metodologia proposta pela AOAC (Association of Official Analytical Chemists). A metodologia proposta pela AOAC (Association of Official Analytical Chemists) foi testada e escolhida para realizar as análises nas amostras em produtos para alisamento de cabelo que consiste em:Pipetar 50 mL de NaOH 1N em balão de fundo chato de 500 mL e adicionar 50 mL de H2O2 adicionar a amostra pesada ± 3g, deixando a ponta da pipeta chegar quase ao liquido no balão. Colocar o funil no pescoço do balão e manter em banho de calor por 5 min., agitando ocasionalmente. Remover do banho, lavar o funil com água, deixar esfriar a temperatura ambiente de titular o excesso de NaOH com solução de acido usando azul de bromotimol ou litmus (deixar esfriar o balão antes da titulação para obter um ponto acentuado com litmus)De cada mL de NaOH usado e amostra pesada, calcular % HCOH de acordo com a equação abaixo:

NaOH + HCOH + H2O2 = HCOONa + 2 H2O

Para validação do método foi utilizado um formaldeído de grau P.A a 37% e aplicado a metodologia escolhida (AOAC).

ResultadosNa tabela I encontra-se os resultados de formol das 5 amostras de produtos para alisamento de cabelos analisadas.

Tabela I – Resultados obtidos de formaldeído em amostras de produtos para alisamento de cabelo.

Os resultados demonstram que a metodologia proposta pela AOAC é a mais viável e eficaz. As outras metodologias pesquisadas, como a identificação da quantidade de formaldeído através do método potenciométrico, não obteve-se resultados esperados com a análise de formaldeído P.A utilizado para validação. O método espectrofotométrico utilizando ácido cromotrópico, não foi testado pois não obteve-se este reagente até a conclusão desta pesquisa. Segundo referência bibliográfica, este método é eficaz.. Na validação do método utilizando um formaldeído de grau P.A a 37% aplicando a metodologia da AOAC, o resultado obtido foi 36,4%±0,3, considerado satisfatório, levando-se em conta que o formaldeído é um gás e apresenta-se em solução, sendo portanto, volátil. A metodologia proposta foi aplicada em amostras comerciais de produtos para alisamento de cabelo. Em uma das amostras analisadas foi encontrado 2,6%± 0,2 de formaldeído, ou seja, 1300 vezes acima do limite permitido pela ANVISA tendo o limite máximo permitido de 0,2% para uso com a função de conservante. Em outra amostra analisada também encontrou-se uma quantidade significativa de formaldeído que foi de 5,9% ± 0,3, resultado este bastante preocupante para uso como cosmético, possivelmente levando ao manipulador a sentir irritação aos olhos e no trato respiratório superior, dor de cabeça, náusea, sonolência, reações alérgicas na pele. Nas demais amostras analisadas não foram detectados formol. O rótulo destes produtos analisados não continham informações necessárias sobre a quantidade adicionada, tornando-se precária a comparação da análise e a quantidade real do produto na amostra problema. Os resultados obtidos são satisfatórios, porém os reagentes para tal análise devem estar totalmente livres de contaminação, para evitar interferências. O método usado da AOAC não informa a quantidade mínima de detecção. Neste sentido, não foi possível perceber até que concentração o método ainda permanece sensível ao analito.

ConclusõesConclui-se que a confiabilidade do método usado para análise de formol foi comprovada pelo resultado obtido na validação. Os estudos sobre este composto e seus derivados vem crescendo muito, percebe-se vários artigos científicos e técnicos a respeito, visando a importância de maiores conhecimentos e informações. Com a pesquisa realizada, comprovou-se a preocupação do controle do uso de formaldeído, tanto por parte da população, quanto dos profissionais da área estética. Entretanto ainda há produtos comercializados para alisamento de cabelo contendo grandes quantidades de formol. Esta pesquisa está aberta para maiores interesses da área cientifica e tecnológica.

Bibliografia1ANVISA, Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos, Uma Abordagem sobre os Ensaios Físicos e Químicos, Brasília, DF: Editora Anvisa, 2007.ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 11th, ed. Washington, D.C.: AOAC, 1970. MORITA, T.; ASSUMPÇÃO, R. M. V. Manual de soluções, reagentes e solventes. São Paulo: Edgard Blücher, 1972www.anvisa.gov.br/cosmeticos/alisantes/escova_progressiva.ht. Acessado em 24 de abril de 2007. www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=795. Acessado em 24 de abril de 2007 http://dtr2004.saude.gov.br/somasus/Dinamicos/textos/impmonit.pdf Acessado em 27 de junlho de 2007www.atsdr.cdc.gov/MHMI/mmg111.html Acessado em 27 de junlho de 2007www.epa.gov/iaq/formalde.html Acessado em 27 de junlho de 2007

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Amostra sM 1 Não detectado 2 Não detectado 3 Não detectado 4 5,9% 0,3 5 2,6 %± 0,2