Introducao a Tutoria Em Educacao a Distancia

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Unidade I - A Educao na Sociedade do Conhecimento Unidade 1 - A Educao na Sociedade do Conhecimento

Introduo O modelo tradicional de ensino, no qual o professor o centro do processo educativo, detentor e transmissor de conhecimentos, e o aluno, um sujeito passivo, mero receptor de informaes, no tem mais espao na chamada Sociedade do Conhecimento. O crescimento acelerado das tecnologias da informao e comunicao (TIC), adicionado s novas demandas sociais exigidas na formao e capacitao das pessoas, tm levado educadores e outros estudiosos da rea a repensar as concepes e prticas pedaggicas adotadas no nosso sistema educacional. Como neste estudo vamos tratar da necessidade de mudanas de paradigmas na Educao, ncludos os papis do professor e do aluno, ser importante voc analisar a letra da msica Estudo Errado, composio de Gabriel, O Pensador.

Clique em "Para ouvir" para ter acesso composio Estudo Errado. Para ouvir

Pgina 2Eu t aqui Pra qu? Ser que pra aprender? Ou ser que pra sentar, me acomodar e obedecer? T tentando passar de ano pro meu pai no me bater Sem recreio de saco cheio porque eu no fiz o dever A professora j t de marcao porque sempre me pega Disfarando, espiando, colando toda prova dos colegas E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo E quando chega o boletim l em casa eu me escondo Eu quero jogar boto, vdeo-game, bola de gude Mas meus pais s querem que eu "v pra aula!" e "estude!" Ento dessa vez eu vou estudar at decorar cumpdi Pra me dar bem e minha me deixar ficar acordado at mais tarde Ou quem sabe aumentar minha mesada Pra eu comprar mais revistinha (do Casco?) No. De mulher pelada A diverso limitada e o meu pai no tem tempo pra nada E a entrada no cinema censurada (vai pra casa pirralhada!) A rua perigosa ento eu vejo televiso (T l mais um corpo estendido no cho) Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que inflao - U no te ensinaram? - No. A maioria das matrias que eles do eu acho intil Em vo, pouco interessantes, eu fico pu..

T cansado de estudar, de madrugar, que sacrilgio (Vai pro colgio!!) Ento eu fui relendo tudo at a prova comear Voltei louco pra contar: Manh! Tirei um dez na prova Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova Decorei toda lio No errei nenhuma questo No aprendi nada de bom Mas tirei dez (boa filho!) Quase tudo que aprendi, amanh eu j esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas no entendi Quase tudo que aprendi, amanh eu j esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas no entendi Decoreba: esse o mtodo de ensino Eles me tratam como ameba e assim eu no raciocino No aprendo as causas e conseqncias s decoro os fatos Desse jeito at histria fica chato Mas os velhos me disseram que o "porque" o segredo Ento quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente Eu sei que ainda no sou gente grande, mas eu j sou gente E sei que o estudo uma coisa boa O problema que sem motivao a gente enjoa O sistema bota um monte de abobrinha no programa Mas pra aprender a ser um ingonorante (...) Ah, um ignorante, por mim eu nem saa da minha cama (Ah, deixa eu dormir) Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste - O que corrupo? Pra que serve um deputado? No me diga que o Brasil foi descoberto por acaso! Ou que a minhoca hermafrodita Ou sobre a tnia solitria. No me faa decorar as capitanias hereditrias!! (...) Vamos fugir dessa jaula! "Hoje eu t feliz" (matou o presidente?) No. A aula Matei a aula porque num dava Eu no agentava mais E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam (Esse num o valor que um aluno merecia!) h... Suj (Hein?) O inspetor! (Acabou a farra, j pra sala do coordenador!) Achei que ia ser suspenso mas era s pra conversar E me disseram que a escola era meu segundo lar E verdade, eu aprendo muita coisa realmente Fao amigos, conheo gente, mas no quero estudar pra sempre! Ento eu vou passar de ano No tenho outra sada Mas o ideal que a escola me prepare pra vida

Discutindo e ensinando os problemas atuais E no me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais Com matrias das quais eles no lembram mais nada E quando eu tiro dez sempre a mesma palhaada

Refro

Encarem as crianas com mais seriedade Pois na escola onde formamos nossa personalidade Vocs tratam a educao como um negcio onde a ganncia, a explorao, e a indiferena so scios Quem devia lucrar s prejudicado Assim vocs vo criar uma gerao de revoltados T tudo errado e eu j tou de saco cheio Agora me d minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

Juquinha voc t falando demais assim eu vou ter que lhe deixar sem recreio! Mas s a verdade professora! Eu sei, mas colabora se no eu perco o meu emprego.

Voc prestou ateno letra? Qual a mensagem do compositor? Voc concorda com o posicionamento dele?

Mais adiante vamos relacionar alguns pontos do contedo com aspectos abordados na cano.

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Transformaes na concepo educacionalAcompanhamos na sociedade industrial o destaque dado ao capital fsico, considerado varivel-chave do crescimento econmico. Hoje, percebemos a nfase no capital humano ou intelectual. A

abordagem do capital humano procura transmitir a idia de que investir nos indivduos, por meio da Educao e do treino, gera retorno s organizaes, na forma de uma melhor produtividade, desenvolvimento de habilidades e maior criatividade. Essa nova sociedade em constante formao, que tem por base o capital humano, chamada de Sociedade do Conhecimento. Nela, a tecnologia tem gerado muitos impactos, tendo como conseqncias modificaes no mundo do trabalho, maior conscientizao da cidadania e economia baseada no conhecimento, que a tnica do sculo XXI, o sculo da era digital.

Informaes adicionais Capital fsico pode ser entendido como um estoque de equipamentos e estruturas utilizados na produo de bens e

servios. A teoria do Capital Humano foi desenvolvida, na dcada de 60, pelos economistas Theodore Schultz e Gary Becker, que, em 1992, receberam o Prmio Nobel. Segundo a teoria, o progresso de um pas alavancado pelo investimento em pessoas.

Percebe-se, nessa sociedade, a valorizao do conhecimento e, conseqentemente, a nfase na Educao como um dos maiores recursos de que as pessoas, organizaes e naes dispem para enfrentar as transformaes do mundo contemporneo.

Mas, como a Educao pode interferir no mundo do trabalho? H mudanas no perfil do profissional da era digital?

Pgina 4 Claro que h! Hoje, a condio para o sucesso profissional manter os conhecimentos sempre atualizados, ter capacidade de utilizar os recursos tecnolgicos disponveis, desenvolver habilidades de pensamento de ordem superior (anlise, sntese e avaliao), ser capaz de buscar, organizar, selecionar e aplicar informaes, saber tomar decises e resolver problemas. Tambm importante ter flexibilidade para mudanas, disposio para aprender de forma continuada ao longo da vida e disposio para trabalhar em grupo de forma colaborativa, na busca de objetivos comuns.

Voltando msica Estudo Errado, voc acha que o modelo educacional ali apresentado desenvolve capacidades e habilidades exigidas na atualidade? Por que?

A utilizao de recursos tecnolgicos no cenrio educacional tem ocasionado uma reavaliao nos modos de pensar e praticar a Educao. Vimos at agora, que a Educao o elemento-chave na construo de uma sociedade baseada na informao, no conhecimento e no aprendizado. Nessa sociedade, em crescente transformao, fica clara a necessidade de mudanas nos paradigmas educacionais. Precisa ser repensado o papel do aluno, do professor, da avaliao, dos currculos e da sala de aula, de forma a adequar a Educao s demandas contemporneas: formar sujeitos ativos, aptos a solucionar problemas, com autonomia para buscar novos conhecimentos de forma continuada. A Educao no apenas o processo de construo da capacidade cognitiva de um indivduo, mas um processo que deve visar a sua formao plena, construindo e recuperando valores morais, sociais, cientficos e ticos, como respeito pela diversidade, igualdade, tolerncia, respeito pela liberdade, criatividade, emoo e preocupao com os problemas do planeta, por exemplo. Como educadores, precisamos estar presentes na vida dos educandos de forma construtiva, emancipadora e solidria, formando sujeitos com iniciativa e compromissados. Mas, como formar sujeitos assim? De acordo com a abordagem de Jacques Delors no Relatrio da Comisso Internacional sobre Educao para o sculo XXI, os educadores precisam adquirir novas competncias e habilidades para ajudar os alunos a aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser aprendizagens fundamentais na sociedade contempornea. Pgina 5 Vamos conhecer o significado dessas aprendizagens? v Aprender a conhecer: exercitar a ateno, a memria e o pensamento. Adquirir os instrumentos da compreenso e da capacidade de discernimento. Despertar a curiosidade intelectual e o senso crtico. Construir as bases que permitiro ao indivduo continuar aprendendo ao longo de toda a vida. Aprender a aprender.

v Aprender a fazer: aprender a colocar em prtica os conhecimentos adquiridos. Solucionar problemas. Habilitar-se a ingressar no mundo do trabalho moderno e competitivo, tendo como foco a formao tcnica e profissional, o comportamento social, a aptido para o trabalho em equipe e a capacidade de tomar iniciativa. v Aprender a conviver:aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhecimento do outro, de modo a permitir a realizao de projetos comuns e gesto de conflitos. Compreender a si mesmo e ao outro. Valorizar o saber social. Interagir. Cuidar de si, do outro e do lugar em que se vive. Valorizar as diferenas e manter a paz. v Aprender a ser: aprender a agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade. Desenvolver-se integralmente esprito, corpo inteligncia e sensibilidade. Elaborar pensamentos autnomos e crticos. Formular os seus prprios juzos de valor. Exercitar a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginao, para desenvolver os seus talentos e permanecer, tanto quanto possvel, dono do seu prprio destino.

Leitura complementar...O relatrio da referida Comisso o resultado de um processo mundial de consulta e anlise durante um perodo de trs anos. Faz uma abordagem prospectiva e analisa a situao atual da Educao. Apresenta os novos paradigmas e metas da Educao para o prximo milnio. Caso queira se aprofundar no tema, leia a ntegra do relatrio Educao um tesouro a descobrir" (clique no ttulo).

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Sabemos que a prtica educativa focada no acmulo de conhecimentos, na memorizao de fatos e procedimentos, como mostrados na msica Estudo Errado, no mais valorizada na Sociedade do Conhecimento ou da Informao. Precisamos sim, estar aptos para construir e reconstruir conhecimentos significativos, nesse mundo em permanente e acelerada mudana. Essa construo e reconstruo de conhecimentos so para Moraes o aprender a aprender, que se manifesta pela capacidade de refletir, analisar e tomar conscincia do que sabe, dispor-se a mudar os prprios conceitos, buscar novas informaes, substituir velhas verdades por teorias transitrias, adquirir os novos conhecimentos que vm sendo requeridos pelas alteraes existentes no mundo, resultantes da rpida evoluo das tecnologias da informao e no apenas o acumular conhecimentos (2003:64). Conclumos, na certeza de que estamos na transio de uma educao centrada no professor e baseada na transmisso de contedos para uma educao centrada no sujeito, que estimula os processos coletivos de construo do conhecimento e proporciona ambientes favorveis a aprendizagem significativa (MORAES, 2003).

Assista ao vdeo: O tutor na docncia online

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Distino entre informao e conhecimento

Dissemos que os indivduos precisam ser criativos, crticos, independentes e autnomos, para poderem solucionar problemas e adquirir competncias que ajudem a acessar as informaes disponveis por meio das novas tecnologias e transform-las em conhecimento. Mas o que informao? E conhecimento? Como distinguir um do outro? A informao uma associao de dados. J o conhecimento fruto do esforo intelectual de processamento de uma informao. Quando informo o ndice de analfabetismo da sociedade brasileira passo uma informao. Quando um cidado conclui que precisamos aperfeioar a educao brasileira, com vistas elevao do padro de trabalho no pas, est demonstrando conhecimento de uma rea.

Dado informao conhecimento O processo cognitivo opera a transformao desses elementos.

Interpretando o esquema acima, percebemos que o conhecimento deriva da informao, que obtida por meio dos dados. O conhecimento difcil de ser entendido em termos lgicos. Ele est dentro das pessoas e por isso complexo e imprevisvel. De acordo com Davenport e Prusak o conhecimento pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e se modifica medida que interage com o meio ambiente(1998:6).

Que outros exemplos ilustram a diferena entre informao e conhecimento? De que forma a instituio em que voc trabalha se relaciona com o conhecimento?

Diversos autores afirmam que h dois tipos de conhecimento: o tcito e o explcito: Conhecimento tcito: aquele que est confinado no indivduo; intangvel, j que envolve crenas pessoais, sistema de valores, insights, intuies, emoes, habilidades. o conhecimento pessoal incorporado experincia individual. Na atualidade, considerado muito importante porque se apresenta em forma de ao. Conhecimento explcito: aquele que exteriorizado e compartilhado. Pode ser transmitido formal e facilmente entre os indivduos. Estudos sistematizados no Livro Verde do Programa Sociedade da Informao mostram que o conhecimento tornou-se um dos principais fatores, no mundo, de superao de desigualdades, de agregao de valor, criao de emprego qualificado e de propagao do bem-estar. A soberania e a autonomia dos pases dependem nitidamente do conhecimento, da educao e do desenvolvimento cientfico-tecnolgico ( TAKAHASHI, 2000). Pgina 8

Com tantos recursos tecnolgicos disponveis, percebemos suas influncias no comportamento e pensamento dos jovens, j que os meios informticos permitem acesso a mltiplas possibilidades de interao, mediao e expresso de sentidos. Verificamos que a utilizao de vdeo-games, celulares e computadores com acesso internet, entre outros equipamentos digitais, tm gerado o desenvolvimento de novas competncias, habilidades e atitudes. Xavier (2005) nos alerta para o fato de que os aprendizes desta nova gerao esto raciocinando e agindo de modo surpreendente, pois eles tm ampliado a capacidade de: v apreender, gerenciar e compartilhar os novos conhecimentos aprendidos com os parceiros de suas comunidades virtuais; v checar on-line a veracidade das afirmaes apresentadas e refutar com base em dados disponveis na rede, a fim de exercitar a crtica a posicionamentos e no simplesmente acolher de tudo o que se diz na internet como verdades incontestveis; v explorar e contemplar as formas de arquitetura escolhida para apresentar as idias materializadas em discursos hipertextuais, verbais, visuais e sonoros.

Dentre as tecnologias apresentadas, quais podem auxiliar o processo ensinoaprendizagem? Voc j vivenciou alguma delas? Que outras novas tecnologias podem ser utilizadas na educao? E os educadores? Quais os novos comportamentos demandados tantas tecnologias? Pgina 9 Ainda atentos aos dizeres de Xavier (2005), o professor consciente dessa realidade virtual j entendeu que precisa ser: v pesquisador, no mais repetidor de informao; v articulador do saber, no mais fornecedor nico do conhecimento; v gestor de aprendizagens, no mais instrutor de regras; diante de

v consultor que sugere, no mais chefe autoritrio que manda; v motivador da aprendizagem pela descoberta, no mais avaliador de informaes empacotadas a serem assimiladas e reproduzidas pelo aluno. Diz Comassetto (2004) que as novas TICs quando utilizadas no contexto educacional promovem um ensino mais dinmico e socializador. Integram os alunos num ambiente global e enriquecedor, sem deixar de respeitar a individualidade de cada um. A interseo da Educao com a Tecnologia tem despertado o interesse pelo desenvolvimento de novas concepes educacionais e crescente demanda pela Educao a Distncia (EAD), como uma modalidade de ensino mais democrtica e capaz de promover aprendizagem significativa. Apesar dessa modalidade educacional estar em processo de expanso, sendo implementada por inmeras Instituies de Ensino Superior (IES), pblicas e privadas, ainda h um pouco de preconceito e falta de informao quanto aos seus resultados. Na prxima unidade, aprofundaremos os conhecimentos acerca do tema. Para concluir, vamos reiterar as palavras de Belluzzo (2005) que resume afirmando que o sistema aducacional est em constante provocao em relao aos novos requisitos exigidos pela sociedade: criatividade, aplicao e disseminao da informao. Alm disso, h necessidade de transferir e adaptar os conhecimentos adquiridos s novas situaes, ao longo da vida. Portanto, a preparao para responder a tais exigncias cria para a Educao um desafio importante: o desenvolvimento de um intelecto habituado ao pensdamento crtico, aprendizagem autnoma, em sntese, ao processamento, elaborao e estruturao da informao para a gerao do conhecimento.

Leitura complementar... Com o avano do universo virtual, surge a questo: ser que a tecnologia vai tomar o lugar da Humanidade?Aprofunde seus conhecimentos lendo o artigo Tecnologia com alma (clique no ttulo), da professora Andrea Ramal.

AUTOAVALIAO DA UNIDADE I DO MDULO I. Clique em "Avaliaes" (lateral esquerda da pgina) e em "Autoavaliao da Unidade I do Mdulo I". Boa sorte!

Unidade II - A Educao a Distncia

Unidade 2 - A Educao a Distncia

J sabemos que a Educao um processo de humanizao e capacitao. Essa capacitao se concretiza pela aprendizagem de novos valores, habilidades e competncias, que pode se dar por meio da experincia do aluno com o ambiente, com os colegas ou pode ser originada por meio de leituras ou de simulaes. A aprendizagem se caracteriza, ainda, pela incorporao de novos comportamentos a diferentes situaes, evidenciados a partir da integrao entre a parte informativa (contedos) e a formativa (valores).

Vimos que a educao a distncia (EAD) tem sido definida como modalidade de ensino utilizada para promover oportunidades educacionais a grandes contingentes de alunos em diferentes espaos geogrficos a partir de noes de flexibilidade, ritmo individual, incluso, autonomia e qualidade pedaggica. Essa prtica educativa viabilizada pelas TICs, que promovem a mediao entre alunos e tutores, disponibiliza materiais instrucionais e propicia o uso de uma linguagem dialgica, onde ambos demonstram interesse pela comunicao inter e transpessoal. A expresso "educao a distncia" passou a ser utilizada a partir da mudana em 1982 que o Conselho Internacional para a Educao por Correspondncia (ICCE) sofreu para se tornar Conselho Internacional para a Educao a Distncia (ICDE).

Informaes adicionais... O Conselho Internacional para a Educao a Distncia (ICDE) foi fundado em 1938 e tem sua sede em Oslo, na Noruega. reconhecido pela UNESCO e tem como principal objetivo promover cooperao e entendimentos interculturais para a aprendizagem on-line e flexvel. Este Conselho edita um boletim e oferece uma conferncia internacional a cada trs anos.

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Como definir Educao a Distncia?A seguir, voc poder conferir os diferentes conceitos de Educao a Distncia de cinco autores. Observe as diversificadas abordagens. Essa anlise relevante para que voc esteja apto a criar a sua prpria conceituao. A EAD tende doravante a se tornar cada vez mais um elemento regular dos sistemas educativos, necessrios no apenas para atender a demandas e/ou grupos especficos, mas assumindo funes de crescente importncia, especialmente no ensino ps-secundrio, ou seja, na educao da populao adulta, o que inclui o ensino superior regular e toda a grande e variada demanda de formao contnua gerada pela obsolescncia acelerada da tecnologia e do conhecimento. Belloni, 1999. Educao/Ensino a Distncia um mtodo racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, atravs da aplicaoda diviso do trabalho e de princpios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicao, especialmente para o propsito de reproduzir materiais tcnicos de alta qualidade, os quais tornam possvel instruir um grande nmero de estudantes, ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. uma forma industrializada de ensinar e aprender. Peters, 2001. Educao a Distncia o aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e como conseqncia requer tcnicas especiais de planejamento de curso, tcnicas instrucionais especiais, mtodos especiais de comunicao, eletrnicos ou outros, bem como estrutura organizacional e administrativa especfica. Moore e Kearsley, 1996. Educao a Distncia essencialmente auto-estudo. Esclarece, porm, que o estudante no est s; ao contrrio, ele se beneficia da interao com os seus tutores e pares. Dessa forma, um certo tipo de conversao com trnsito em dois sentidos mensagem escrita e uso do telefone, por exemplo ocorre entre o estudante, os tutores e os outros membros do curso. Realiza-se, portanto, uma conversao indireta a respeito da materia de estudo, estimulando os estudantes a discutirem os contedos entre eles mesmos, caracterizando, assim, a denominada "conversao didtica guiada". Holmberg, 1995.

O ensino a distncia o tipo de mtodo de instruo em que as condutas docentes acontecem parte das discentes, de tal maneira que a comunicao entre o professor e o aluno possa se realizar mediante textos impressos, por meios eletrnicos, mecnicos ou por outras tcnicas. Keegan

Na sua opinio, o que a Educao a Distncia? Que tal construir sua prpria definio?

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Vemos, ento, que o que caracteriza a EAD a possibilidade de oferecer ao aluno uma experincia de auto-estudo de forma que, progressivamente, ele possa exercitar a sua autonomia. O foco da EAD na aprendizagem do aluno. O material didtico deve ser claro, interessante, dinmico para que o aluno se sinta motivado na leitura. A linguagem dos textos dever seguir a linha dialgica. O aluno se exercita e vivencia experincias que permitem o desenvolvimento da competncia de solucionar problemas e situaes novas. Assim ele estar cada vez mais apto a se engajar em um ambiente no mercado de trabalho contemporneo.

Quais os dispositivos legais que ancoram a prtica da EAD?

1- As determinaes sobre a EAD esto previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educao - LDB n 9394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 80, no Ttulo VIII: Das Disposies Gerais que so as seguintes: v o Poder Pblico deve incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia; v o ensino a distncia desenvolve-se em todos os nveis e modalidades de ensino e de educao continuada; v a educao a distncia ser oferecida por instituies especificamente credenciadas pela Unio; v caber Unio regulamentar requisitos para realizao de exames; para registro de diplomas relativos a cursos de educao a distncia. 2- PORTARIA N 1.047, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2007 (DOU N 215, 8/11/2007, SEO 1, P. 12). Aprova, em extrato, as diretrizes para a elaborao, pelo INEP, dos instrumentos de avaliao para o credenciamento de instituies de educao superior e seus plos de apoio presencial, para a modalidade de educao a distncia, nos termos do art. 6 inciso IV, do Decreto 5.773/2006. 3- DECRETO N 5.622, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2005. Regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Esse decreto, em seu artigo 30, indica que as instituies credenciadas para a oferta de EAD podero solicitar autorizao para oferecer os ensinos fundamental e mdio a distncia. O captulo V desse decreto se dirige a cursos de ps- graduao stricto sensu (mestrado e doutorado). 4- PORTARIA 4059, de 10/12/2004. Autoriza as instituies de Ensino Superior a introduzir nos cursos reconhecidos a oferta de 20% das disciplinas na modalidade semipresencial. Essa portaria indica a necessidade de contratao de profissionais de EAD com formao para tal e obriga as instituies a oferecer curso de capacitao. 5- LEI 9610, de 19/02/1998,. Consolida a legislao dos direitos autorais para os desenvolvedores de disciplinas on-line. Garantindo, assim, aos conteudistas e especialistas de reas temticas o direito regularizao de

suas produes textuais.

Conhecemos algumas concepes de EAD e a legislao que lhe d suporte. Vamos, agora, fazer uma breve viagem atravs da sua histria. Pgina 5

Breve histrico da Educao a Distncia

Voc sabe quando surgiu a EAD?

Embora parea recente no ambiente educativo no Brasil, no mundo h registros de iniciativas de Educao a Distncia, com recurso da mdia impressa, desde o sculo XVIII. O primeiro registro da EAD que se tem notcia foi atravs de um anncio no jornal Gazeta de Boston, em 1728, nos Estados Unidos, que publicou uma propaganda de curso de Taquigrafia por correspondncia, sob a responsabilidade do prof. Caleb Philips. J no Brasil, o primeiro registro de EAD se deu em 1923, por iniciativa da Rdio Roquete Pinto no ensino de cidadania aos ouvintes. Na dcada de 40, o Instituto Universal Brasileiro capacitou profissionais de diferentes reas, nos nveis elementar e mdio, por meio da mdia impressa. Em 1965, foram criadas as TVs Educativas pelo Poder Pblico, indicando que a televiso teria uma penetrao grande na formao da sociedade brasileira. Em 1970, houve oferta de programas emergenciais para formao de exerccio do magistrio de primeiro e segundo graus. O projeto Minerva, em parceria com o MEC, ofereceu o curso Madureza Ginasial, com aulas de vrias disciplinas escolares, e tambm o curso de Moral e Civismo, com programas de 15 minutos. Na dcada de 80, cursos supletivos foram oferecidos, via telecursos, por fundaes sem fins lucrativos. A Fundao Roquete Pinto promoveu, naquela dcada, uma srie de programas de TV para professores em servio. Em 1980 foi criada a Associao Brasileira de Tecnologia Educacional, atravs do oferecimento do Programa de Aperfeioamento do Magistrio a distncia. pgina 6

Dez anos depois, em 1990, houve uso intensivo de teleconferncia (cursos via satlite) em programas de capacitao a distncia. Nessa dcada, foram criados os consrcios de instituies que ofereciam cursos a distncia: Unirede, Cederj, Ricesu e Univir. Em 1995, houve utilizao da Internet nas Instituies de Ensino Superior, oferecendo aos alunos desse grau de formao o acesso ao conhecimento em diferentes instituies e organizaes. Foi criada a Associao Brasileira de Educao a Distncia, que consolida informaes sobre eventos, est presente em todas as unidades federativas, apresenta um cdigo de tica para as instituies que oferecem a modalidade e publica artigos de seus consultores sobre temas relacionados EAD. Em 1995, as universidades Anhembi Morumbi, de SP, e Federal de Pernambuco favoreceram o acesso a contedos virtuais para alunos dos cursos regulares de graduao. Isso serviu para complementar a modalidade presencial. Fato que tambm ocorreu na UFSC, no UNIVIR do RJ e na Univ. Federal de SP que apresentou cursos nas reas de Biologia Molecular e Gentica nos cursos regulares de Graduao na rea de sade. Nesse mesmo ano, a Universidade Catlica de Braslia criou o Centro de Educao a

Distncia. Em 1999, foi formalizado o credenciamento oficial de instituies universitrias para atuar em EAD. Essa legitimao abriu definitivamente o espao para a modalidade no Ensino Superior brasileiro. Alguns dados podem confirmar o envolvimento das instituies na EAD. Em 2003, havia 29 cursos autorizados pelo MEC; em 2004, houve 56 novos cursos e, um ano depois, 321 outros cursos foram autorizados. Registrou-se um aumento de 473%. Em 2005, segundo o Anurio Brasileiro Estatstico de Educao Aberta e a Distncia da ABED, um milho e trezentas mil pessoas estudaram a distncia no Brasil.

Assista ao vdeo: "Tutoria de EAD - Educao a Distncia Online - elearning

pgina 7 Grfico apresentado pelo prof. Vianney, sobre a evoluo da EAD no Ensino Superior do Brasil em relao a cursos e matrculas. Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Cursos 10 16 46 52 107 189 349 Matrculas 1.682 5.359 40.714 49.911 59.611 114.642 207.206

Fonte: Censo 2006 INEP Prof. Dilvo Ristoff

No caso das universidades abertas, a pioneira foi a Open University, inglesa, sendo hoje considerada uma referncia na rea de EAD. Surgiu em 1969, em decorrncia da necessidade de oferecer oportunidades a setores da populao adulta que no teve acesso educao formal em idade escolar. Atualmente, atende um universo de 180 mil alunos. Em 1988, em Portugal surge a Universidade Aberta, localizada em Lisboa, que ofereceu cursos de graduao e ps-graduao em diferentes reas. Em 2006, enfim, a nossa experincia nacional: foi criada a Universidade Aberta do Brasil em parceria com MEC, oferecendo o curso de Administrao. Vinte e cinco universidades estiveram envolvidas, das quais 18 federais e 7 estaduais, com 87 plos em 17 estados. Inicialmente, foram atendidos 10 mil alunos. A revoluo no ensino alcanou um patamar imprevisvel de adeso. Hoje 1% dos estudantes universitrios, em todo o globo, utiliza a EaD. A Educao Corporativa tambm tem se beneficiado exponencialmente dessa modalidade na capacitao de seus funcionrios em servio.

At aqui voc pde apreciar o significado da EAD, a partir desse momento iremos caracterizar essa modalidade de ensino-aprendizagem de maneira que voc possa compreender como ela se operacionaliza. pgina 8

Educao on-lineDentre os diversos meios utilizados na Educao a Distncia, como o material impresso, o rdio e a TV, cresce a demanda pela EAD on-line, modalidade educacional que utiliza as tecnologias digitais, especialmente a Internet. De acordo com Silva (2003:11), a EAD on-line : v exigncia da cibercultura, isto , do conjunto imbricado de tcnicas, prticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespao (...). v demanda da Sociedade da Informao, isto , do novo contexto socioeconmico-tecnolgico engendrado a partir do incio da dcada de 1980, cuja caracterstica geral no est mais na centralidade da produo fabril ou da mdia de massa, mas na informao digitalizada como nova infra-estrutura bsica, como novo modo de produo.

Leitura complementar...Ciberespao a denominao dada a esse novo espao virtual de comunicao, de sociabilidade, de organizao, de informao, de conhecimento e de Educao. Para aprofundamento, leia a entrevista do professor Moran, As Mltiplas Formas de Aprender.

Importante observar que a educao on-line obrigou professores e alunos a mudanas em seus desempenhos dentro do processo ensino-aprendizagem. O foco est na aprendizagem, no mais no ensino. Os contedos passaram a ficar expostos, cabendo aos alunos a organizao e arquivo desses materiais. Os calendrios apresentam o cronograma para entrega de atividades, sendo do aluno a responsabilidade para o estudo, para a pesquisa e para a exercitao. O tempo de dedicao ao estudo passa a ser administrado pelo prprio aluno, de acordo com a sua disponibilidade e maturidade

acadmica. Ainda percebemos uma resistncia a esse novo perfil de aluno, at ento, acostumado a produzir a partir de cobranas do professor. Isso tem sido enfatizado como uma das causas de alto grau de evaso em cursos a distncia. Segundo pesquisas, cerca de 40% dos alunos abandonam seus cursos nessa modalidade.

Qual a sua opinio sobre associada a pouca autonomia do aluno? pgina 9

a

causa

da

evaso

estar

Por meio da tecnologia foi possvel aproximar o professor e o aluno. Foram criados mecanismos para facilitar a comunicao bidirecional, como, por exemplo: os fruns, os chats, os seminrios e conferncias virtuais. O professor on-line tambm foi induzido a rever suas prticas docentes. Adquirindo um papel muito mais de facilitador do processo de aquisio de conhecimento do que de provedor de informaes. Ele passou a indicar caminhos, a produzir em co-autoria com seus alunos, a ser entrevistado e a entrevistar, facilitando o intercmbio de experincias. A necessidade de constante atualizao profissional e a facilidade de no-deslocamento para assistir aulas tm favorecido o oferecimento de cursos nessa modalidade de ensino. Indiscutivelmente a modalidade on-line proporciona aproximao entre os alunos de um curso, favorece a atividade colaborativa, em que, juntos, os alunos constroem conhecimentos, ensinam-se mutuamente e trocam experincias profissionais e pessoais em profundidade. Vejamos alguns princpios da EAD on-line: Disponibilidade de diferentes materiais instrucionais; Aprendizagem compartilhada; Assistncia constante da tutoria; interatividade entre agentes de ensino e aprendizagem; Respeito disponibilidade e ritmo de cada aluno; Facilidade de acesso aos contedos; Desenvolvimento da maturidade acadmica; Desenvolvimento da autonomia do aluno; Materiais que apresentam contedos devem ser auto-instrutivos; Comunicao bidirecional; Promoo da democratizao do saber.

Agora, vamos elencar uma srie de vantagens dessa modalidade de ensino: Oportunidade de formao e capacitao para portadores de dificuldades de locomoo. Favorece a educao continuada. Os contedos, uma vez armazenados no interior das plataformas de ensino, possibilitam o acesso do aluno a qualquer momento, independente da presena do professor ou de um material impresso especfico. Economia em relao ao deslocamento do aluno at a sala de aula tradicional. O aluno percebe o respeito ao seu ritmo individual de aprendizagem e cria sua prpria autonomia nos estudos, j que a aprendizagem centrada no aluno. Uso da comunicao bidirecional, por meio da qual aluno e professores trocam experincias, utilizando as diferentes estratgias de interao.

pgina 10

Alguns opositores da modalidade a distncia alegam que poucos encontros presenciais no permitem a exacerbao da afetividade entre os componentes dos cursos. Outros afirmam que h necessidade de um rigoroso planejamento a longo prazo acerca das atividades pedaggicas nessa modalidade de ensino. Palloff e Pratt (2004) afirmam que j uma realidade a realizao de cursos virtuais interativos de alta qualidade. Os elementos essenciais desses cursos envolvem aspectos relacionados eficcia do aluno, desenho do curso, atuao do facilitador e suporte ao aluno. A qualidade est intrinsecamente ligada colaborao, presena constante do facilitador e formao de uma comunidade de aprendizagem Conclumos com a certeza de que no h como negar a imensa contribuio da EAD incluso acadmica, cultural e social daqueles que podem contar com essa modalidade de ensinoaprendizagem. Afirmamos, tambm, que a cada dia mais e mais estudos e pesquisas tm sido desenvolvidos nessa rea, com o objetivo de melhoria constante dessa prtica educativa.

Quais as outras vantagens da educao on-line? Voc consegue encontrar algumas desvantagens modalidade de ensino?

para

o

uso

dessa

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Unidade I - Tutor: Concepes e atribuies

Unidade I Tutor

Concepes e atribuies

Etimolgica e originalmente a palavra tutor significava guia, aquele que protegia, o que tutelava. Hoje sinnimo de orientador acadmico, facilitador, mediador e assume o papel daqueles que se dedicam a acompanhar o processo de aprendizagem humana. O tutor faz parte de uma ampla equipe educativa composta por profissionais de informtica, programadores visuais, web instrucionais, web designers, especialistas de contedos e pedagogos. Essa equipe tem um trabalho mais de suporte enquanto que o tutor deve assumir o papel de representante legal dos alunos, defendendo-os, auxiliando-os e encaminhando-os certificao. O tutor na EAD representa a figura do mestre, orientador de trilhas. Ao pesquisar diferentes percepes de tutoria pode-se perceber certa unidade na definio de objetivos da atividade. Por exemplo, na Open University Inglesa so estes os objetivos da tutoria:

Assegurar que o estudante compreenda as idias e argumentos apresentados nas unidades eprogramas de curso.

Remediar as dificuldades acadmicas dos alunos.Na Universidade Aberta da Venezuela o tutor tem como objetivo:

Ajudar o estudante a fazer uso apropriado dos meios e estratgias instrucionais disponveis no seu contexto particular de aprendizagem.

Retroalimentar o sistema de avaliao que controla o processo ensino-aprendizagem

Voc teria outros significados para o papel do tutor? Que outros objetivos poderiam ser acrescentados?

Pgina 2Em todas essas instituies, com ampla experincia em Educao a Distncia - EAD, como se pde perceber, o tutor assume mais ou menos as mesmas funes. Para Neder (2000) a tutoria exerce funo de orientao acadmica, pois durante o processo de acompanhamento, o tutor estimula os alunos alm de contribuir para o desenvolvimento da capacidade de organizao das atividades acadmicas e de auto-aprendizagem. Segundo Litwin (2001) o bom tutor deve promover a realizao de atividades e apoiar sua resoluo e, no apenas, indicar a resposta correta, deve oferecer fontes de informao e levar o aluno a compreend-las. Uma compreenso profunda do aluno s se concretiza quando o tutor segue as aes de GUIAR, ACOMPANHAR, ORIENTAR E APOIAR. A comunicao entre tutoria e corpo discente se faz em duas modalidades: sncronas e assncronas. A primeira delas aquela em que o aluno e tutor dialogam em tempo real, via-telefone, chat/sala virtual ou

videoconferncia. A tutoria assncrona a que prev um espao de tempo entre os interlocutores, por exemplo, o uso do correio eletrnico, frum ou correspondncia. Para Peters (2001) a conversao o caminho para a elaborao do conhecimento e o compromisso com esse deve ser a tnica de todo o tipo de dilogo. O dilogo prev o uso de uma argumentao objetiva, em tom de defesa de um posicionamento, na espreita de uma rplica que precisar ser acolhida pelo interlocutor com todo o esmero com que foi expressa.

No dilogo esto previstas as crticas, os acrscimos, a aceitao do repdio, o questionamento, a reflexo e o esclarecimento da dvida. Enganam-se os que pretendem dialogar apenas falando e ouvindo. O dilogo uma troca de idias respeitosa e permissiva incluso delas.A conversao no ensino se concretiza pelo contedo expresso em um material didtico baseado no dilogo, na interao com a tutoria, com os colegas e consigo prprio. O aluno aprende a se auto-avaliar e compreender seus pontos fracos e fortes na aquisio de novos conhecimentos.

Unidade I pgina 3O tutor deve estar atento a duas dimenses no seu desempenho profissional, a saber:

Em relao ao tempo ele dever ter a habilidade de aproveitar a disponibilidade do aluno, uma vezque os alunos tm a liberdade de fazer os cursos dentro do seu tempo livre. Isto poder incluir atividades em feriados, domingos, fora do horrio comercial, etc.

Em relao ao aluno virtual quando tem uma dvida ele precisa sentir segurana no tutor, mesmoestando distante fisicamente. Caso o tutor no se sinta seguro para orientar o aluno ele precisa pesquisar a informao de modo a no criar um espao de tempo muito grande entre a dvida e a resposta, pois caso contrrio ele poder contribuir para a desmotivao do aluno e conseqente evaso do curso. Uma das melhores observaes acerca da importncia do papel do tutor em um ambiente de ensino virtual foi a de Perrenoud (2000) quando diz: Mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender, concentrando-se na criao, na gesto e na regulao das situaes de aprendizagem. O construtivismo pedaggico parte do pressuposto que s ensina quem se permite aprender. O bom tutor precisa dominar do planejamento avaliao perpassando o acompanhamento de alunos diversos, alunos com diferentes aptides, estilos de aprendizagem, interesses e necessidades.

Leitura complementar...O tutor tem muitas responsabilidades no desempenho de suas atividades. Caso tenha interesse, leia o texto complementar "Mudanas profundas e contraditrias", do professor Moran.

Conhecemos algumas concepes e atribuies que devem ser desenvolvidas pela tutoria em cursos a distncia. Vamos verificar, adiante, qual o perfil desejvel para o exerccio dessa atividade educativa.

Unidade I pgina 4

Perfil do Tutor

O tutor na modalidade a distncia precisa ser multitalentoso, j que pode assumir diferentes perfis:

1234567Como estimulador de participao

Estimulador da participao Avaliador da aprendizagem Controlador da entrega de tarefas Orientador acadmico Mediador do conhecimento Facilitador das relaes interpessoais

Reforador de talento

, por vezes o tutor se depara com alunos que no se adaptam com facilidade nova modalidade de ensino. Eles resistem exposio de posicionamentos nos fruns e se essa resistncia no for contornada pode levar o aluno evaso. Alguns alunos no desenvolveram, at ento, o hbito do estudo independente. Para esse tipo de problema que a tutoria enfrenta, podemos indicar alguns procedimentos: estmulo tomada de decises, provocao de criao de alternativas para problemas, induo criatividade, estmulo pesquisa individual e organizao de agenda de estudo. O aluno precisa se perceber como co-autor do processo de aquisio de conhecimento, deixando para o tutor apenas a funo de seu coadjuvante.

Como avaliador da aprendizagem, o tutor tem como funo apresentar os critrios de validao dodesempenho do aluno, as competncias que sero observadas e os pesos de cada tarefa, desde o incio de um curso ou de uma disciplina na EAD. O aluno, assim, se torna mais seguro e preparado para as atividades que sero mensuradas. Embora haja um certo padro nas atividades avaliativas como: fruns, testes eletrnicos, estudos de caso e provas presenciais, h outras estratgias que vamos estudar mais adiante, que esto sendo pouco utilizadas na modalidade virtual. O tutor pode sugerir avaliaes diversificadas.

Como controlador das tarefas de um curso virtual, o tutor precisa demonstrar que est acompanhando aentrega dos trabalhos avaliativos, mas tambm ser importante apresentar desafios nessas tarefas de forma que o aluno cumpra, no somente por obrigao, mas pelo prazer de aceitar esses desafios. Importante observar que o que mais representa significado para um aluno perceber que a sua argumentao slida, est ancorada por teorias e que ele capaz de propor e aplicar um conhecimento na soluo de situaes vivenciais.

Como orientador acadmico, cabe ao tutor a tarefa de sugerir recomendaes, indicar fontes de pesquisa,fazer observaes acerca do uso adequado da linguagem padro e da produo textual seja nos fruns pblicos ou nos trabalhos individualizados. A sensibilidade para propor ou impor limites, para sugerir recomendaes ou solicitar que uma tarefa seja refeita o tutor vai adquirindo ao longo de sua experincia como orientador da aprendizagem. Alguns alunos se tornam autnomos com mais rapidez que outros. Partimos da premissa que o orientador acadmico aquele que problematiza um tema e induz busca do pronunciamento pessoal do aluno.Unidad I pgina 5

Como mediador do conhecimento , a atuao do tutor no se restringe a indicar fontes de consulta e aprofundamento de estudo em determinada rea temtica, no caso dele perceber o no-domnio do aluno em reas bsicas e substantivas construo do conhecimento. Ele dever apresentar a relevncia do estudo dos contedos do curso. Agindo assim, o aluno ficar convencido de que o esforo vai gerar benefcios e o diferencial para ele no mercado de trabalho. Costumamos sugerir que o material instrumental e complementar esteja acessvel ao aluno desde a apresentao do curso. Como facilitador das relaes interpessoais, o tutor precisa administrar os conflitos que possam surgir

por ocasio dos debates e confrontos de posicionamentos. Ser ele que indicar os itens necessrios ao estabelecimento de um clima propcio para o intercmbio tico e a troca de vivncias harmnicas. O saber conviver valorizado no mercado de trabalho hoje, a partir da necessidade do trabalho em equipe, do planejamento cooperativo, dos projetos interativos e das tarefas colaborativas. O tutor pode criar salas de bate-papo informal como estratgia de interao. A informalidade gera aproximaes e estas podem se tornar fundamentais para o desenvolvimento do processo colaborativo na EAD. O tutor precisa sempre contribuir para o fortalecimento das comunidades de aprendizagem. Palloff (2002) indica o uso de ambientes informais para o estreitamento das relaes.

Como reforador de talentos, o tutor precisa conhecer o perfil psico-pedaggico de seus alunos, apreciandoo que poder esperar de cada aluno e exigir o mximo de expresso potencial de deles. necessrio criar mecanismos onde os alunos possam expor os seus interesses, necessidades e potencialidades. A partir do conhecimento desses domnios o tutor ter mais clareza ao elogiar o desempenho de um aluno e, conseqentemente, reforar sua auto-estima. Sobre este tema, indicamos a leitura do artigo da prof. Carolina Paz, Monitoria online em EAD o caso LED/UFSC, que est contido no livro de Marco Silva, que se encontra nas referncias deste mdulo. O progresso dos alunos tambm merece destaque e elogio, pois o ser humano se move por meio dos estmulos positivos que desencadeiam a segurana pessoal e elevam o seu autoconceito positivo. Para desempenhar tantas atividades necessria a aquisio de determinadas competncias.

Quais competncias so imprescindveis para um tutor? Unidade I pgina 6

CompetnciasDe maneira a desenvolver a competncia na tutoria algumas instituies educativas propem treinamento a seus tutores antes do desempenho das funes, apresentando a plataforma virtual, os objetivos da instituio, os recursos disponveis, o ambiente de trabalho, o perfil do pblico-alvo e a necessria dedicao horria. Vamos listar algumas competncias imprescindveis a um tutor que acabam favorecendo um perfil ideal de tutoria. Competncias tcnicas: Domnio do idioma nacional falado e escrito. Domnio de uma base conceitual sobre a sua prtica, isto , os princpios da organizao dos contedos. Domnio do processo de desenvolvimento de pessoas, de forma a possibilitar a exacerbao de talentos, de habilidades e destrezas. Conhecimento e prtica da informtica, produo de textos, arquivos, grficos, gravao e transporte de documentos, pesquisa e planilhas de Excel. Domnio de diferentes mdias e das Tecnologias de Informao e Comunicao. Concepo da aprendizagem humana como troca de experincias entre pessoas com diferentes pr-requisitos de contedo. Anlise de experincias significativas para os alunos. Orientao sobre a anlise de uma realidade a partir de mltiplas perspectivas de reflexo. Concepo de comunicao como a circulao de saber entre os agentes educativos (professores e alunos). Domnio das finalidades, premissas, valores educativos e suas razes histrico-filosficas.

Competncias pessoais: Comunicabilidade. Organizao, planejamento e avaliao pedaggica.

Empatia (transportar-se para o universo do outro). Informalidade na construo de relaes amistosas. Clareza na expresso verbal (oral ou escrita). Crena na dinmica humana em seus aspectos educacional e interpessoal. Iniciativa para oferecer respostas rpidas. Facilidade para elogiar e reforar interpretaes inovadoras e alcances dos alunos. Facilidade para sugerir revises, interpretaes alternativas, indicar aprofundamentos e para fazer comentrios que levem ao aprimoramento de competncias profissionais. Unidade I pgina 7

Para finalizar, enfatizamos as palavras de Pierre Levy (2002) (...) o professor hoje aquele que imprime a direo que leva apropriao do conhecimento, que se d na interao, valorizando o trabalho da parceria cognitiva (...). A distino fundamental entre o professor tradicional e o tutor contemporneo que o primeiro ensinava contedos novos e o segundo ensina o aluno a adquirir conhecimento.

Leitura complementar..."Leia a entrevista" do professor Wilson Azevedo sobre a capacitao de educadores para atuarem como animadores da inteligncia coletiva em comunidades virtuais."

Ao final dessa unidade, como voc pode perceber, o tutor desempenha importante funo no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, em diferentes culturas. Seus diversos perfis demonstram a complexidade de sua atuao pedaggica, sendo necessrio o aperfeioamento de competncias tcnicas e pessoais para a efetivao de um trabalho educacional de qualidade.

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Unidade II - Aluno: Caracterizao Unidade 2 - Aluno

Caracterizao

Um projeto de educao a distncia de qualidade deve ser inteiramente centrado no aluno. Como educadores precisamos fazer as seguintes indagaes: Quem so os nossos

alunos? De que eles precisam? Portanto, torna-se indispensvel conhecer seu perfil, suas motivaes, seus interesses e seus estilos de aprendizagem. O prof. Vianney apresentou no Seminrio Internacional Educao no Sculo XXI grfico que mostra o perfil scio-econmico dos alunos de EAD no Ensino Superior do Brasil.

PERFIL SCIO-ECONMICO DE ALUNOS Critrios Percentual de alunos casados Alunos com 2 ou mais filhos Cor da pele branca Renda familiar at 3 salrios mnimos Renda familiar acima de 10 salrios mnimos Trabalha e ajuda a sustentar a famlia a principal renda da famlia Pai com Ensino Mdio ou Superior Me com Ensino Mdio ou Superior 39 23 18 24 19 7 51 54 EAD 52 44 49 43 13 Presencial 19 11 68 26 25

Fonte: Censo 2006 INEP. Prof. Dilvo Ristoff

Unidade II pgina 2Outros estudos revelam que o perfil do aluno da EAD est relacionado categoria de curso que realiza. Geralmente, em cursos abertos nos quais o aluno tem como objetivo atualizar e aprimorar seus conhecimentos em busca de melhores oportunidades no mercado de trabalho, o aluno tem mais idade e maturidade. Palloff e Pratt (2004) reproduziram uma lista de qualidades, publicadas pelo Illinois Online NetworK, que criam o perfil do aluno virtual de sucesso: Ter acesso e saber usar a tecnologia empregada no curso; Possuir mente aberta para compartilhar experincias pessoais, profissionais e educacionais e aplic-las em suas vidas;

Saber se expressar por meio da escrita;Ser automotivado e autodisciplinado; Estar disposto a dedicar uma quantidade significativa de tempo aos estudos; Saber gerenciar o seu tempo; Ter capacidade de solucionar problemas quando aparecerem (ausncias, frustraes); Saber trabalhar com os outros; Acatar os padres mnimos exigidos pelo curso;

Ser ou passar a ser pessoa que pensa criticamenteDesenvolver capacidade de reflexo e acreditar que a aprendizagem de alta qualidade pode ser alcanada com o ensino a distncia.

Como aluno de um curso na modalidade a distncia, voc se encaixa nesse perfil? Que outras competncias, habilidades e atitudes voc considera necessrio desenvolver?

Unidade II pgina 3Publicao de Birch (2002) no e-Learning Brasil News, enumera as competncias necessrias para um aluno bem-sucedido no ambiente de e-Learning:

v Autoconhecimento; v Auto-suficincia; v Autoconfiana; v Competncias metacognitivas; v Processo de aprendizado; v Auto-avaliao; v Competncias de colaborao; v Comunicao virtual; v Reaes assncronas; v Feedback virtual.

No basta apenas desenvolver determinadas competncias para se ter sucesso no ambiente virtual, os alunos de cursos on-line precisam assumir algumas responsabilidades:

Abertura para se mostrar; Flexibilidade para seguir com o grupo; Prontido para dar e receber feedback ; Desejo de trabalhar colaborativamente; Integrao nas discusses e em outras atividades de aprendizagem; Manuteno das atividades em dia; Dedicao de um determinado nmero de horas ao estudo.

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Fundamentos da AndragogiaO pblico-alvo adulto que compe a EAD traz consigo uma bagagem de conhecimentos e experincias relevantes para o seu processo de aprendizagem. Princpios da Andragogia, de autoria de Malcolm Knowles (1980), esto trazendo maiores contribuies no trabalho com alunos adultos, principalmente na educao a distncia. Os adultos:

v

necessitam de saber o motivo pelo qual devem realizar certas aprendizagens;

v aprendem melhor experimentalmente; v concebem a aprendizagem como resoluo de problemas; v aprendem melhor quando o tpico possui valor imediato. importante que se crie um ambiente de ensino onde o aluno tenha autonomia para caminhar naconstruo de seus conhecimentos, aplique suas experincias apreendidas e assim sinta-se motivado para a aprendizagem.

Informaes adicionais...

Em seu livro The Adult Learner:Neglected Species, Malcolm Knowles conta que desde 1950 tentou formular a Teoria de Aprendizagem de Adultos, no entanto s em 1960, quando participava de um Workshop de Vero na Universidade de Boston teve contato com a palavra Andragogia. Foi ento, que ele entendeu seu significado e a adotou como a mais adequada para expressar a "arte e cincia de ajudar adultos a aprenderem".

Oliveira (1999) sistematiza 14 princpios norteadores da Andragogia:

v O adulto

dotado de conscincia crtica e conscincia ingnua. Sua postura pr-ativa ou reativa tem

direta relao com seu tipo de conscincia predominante.

v Compartilhar experincias fundamental para o adulto, tanto para reforarinfluenciar as atitudes dos outros.

suas crenas, como para

v

A relao educacional de adulto baseada na interao entre facilitador e aprendiz, onde ambos aprendem entre si, num clima de liberdade e pr-ao.

Unidade II pgina 5

v

A negociao com o adulto sobre seu interesse em participar de uma atividade de aprendizagem chave para sua motivao.

v O foco das atividades educacionais de adulto na aprendizagem e jamais no ensino. v O adulto o agente de sua aprendizagem e por isso ele quem deve decidir sobre o que aprender. v Aprender significa adquirir: Conhecimento Habilidade Atitude (CHA). O processo deaprendizagem implica a aquisio incondicional e total desses trs elementos.

vO processo de aprendizagem do adulto se desenvolve na seguinte ordem: Sensibilizao (motivao) Pesquisa (estudo) Discusso (esclarecimento) Experimentao (prtica) Concluso (convergncia) Compartilhamento (sedimentao).

v A motivao do adulto para a aprendizagem est diretamente relacionada s chances que ele tem departilhar com sua histria de vida. Portanto, o ambiente de aprendizagem com pessoas adultas permeado de liberdade e incentivo para cada indivduo falar de suas experincias, idias, opinies, compreenso e concluses.

v O dilogo

a essncia do relacionamento educacional entre adultos. Portanto, os aprendizes adultos

devem ser estimulados a desenvolver sua habilidade tanto de falar, quanto de ouvir, que, em outras palavras, significa comunicar-se.

v

O adulto responsvel pelo processo de comunicao, quer seja ele o emissor ou o receptor da mensagem. Por isso numa conversa, quando algum no entende algum aspecto exposto, ele deve tomar a iniciativa para o esclarecimento.

v A prxis educacional do adulto baseada na reflexo e ao, conseqentemente, os assuntos devemser discutidos e vivenciados, para que no se caia no erro do aprendiz tornar-se verbalista que sabe refletir, mas no

capaz de colocar em prtica; ou ativista que se apressa a executar, sem antes refletir nos prs e contras.

v A experincia o livro do aprendiz adulto. vOprofessor tradicional prejudica o desenvolvimento do adulto, ao coloc-lo num plano inferior de dependncia, reforando, com isso, seu indesejvel comportamento reativo prprio da fase infantil.

Leitura complementar...

Leia o texto Gesto de Pessoas na Educao, escrito pelas professoras Maria Jos Carvas Pedro e Maria de Ftima Abud Olivieri .

Unidade II pgina 6Goecks (2003) apresenta um quadro comparativo entre a Pedagogia e a Andragogia.

PREMISSAS

MODELO PEDAGGICOA experincia daquele que aprende considerada de pouca utilidade. O que importante, pelo contrrio, a experincia do professor .

MODELO ANDRAGGICOOs adultos so portadores de uma experincia que os distingue das crianas e dos jovens. Em numerosas situaes de formao, so os prprios adultos com a sua experincia que constituem o recurso mais rico para as suas prprias aprendizagens. Os adultos esto dispostos a iniciar um processo de aprendizagem desde que compreendam a sua utilidade para melhor afrontar problemas reais da sua vida pessoal e profissional. Nos adultos a aprendizagem orientada para a resoluo de problemas e tarefas com que se confrontam na sua vida quotidiana (o que desaconselha uma lgica centrada nos contedos) Os adultos so sensveis a estmulos da natureza externa (notas, etc.), mas so os fatores de ordem interna que

Papel da Experincia

A disposio para aprender aquilo que o professor ensina tem como fundamento critrios e Vontade de aprender objetivos internos lgica escolar, ou seja, a finalidade de obter xito e progredir em termos escolares A aprendizagem encarada como um processo de Orientao da Aprendizagem conhecimento sobre um determinado tema. Isto significa que dominante a lgica centrada nos contedos, e no nos problemas A motivao para a Motivao aprendizagem fundamentalmente resultado de estmulos externos ao sujeito,

como o caso das classificaes escolares e das apreciaes do professor

motivam o adulto para a aprendizagem (satisfao, auto-estima, qualidade de vida, etc.)

Alm de conhecer os princpios que norteiam a aprendizagem do aluno adulto, importante compreender os modos pelos quais os educandos pensam e aprendem.

Unidade II pgina 7

Estilos de Aprendizagem

Muitas teorias tm sido desenvolvidas nos campos da Educao e da Psicologia para explicar como as pessoas pensam e aprendem.Gardner (1983), com a teoria das inteligncias mltiplias, categoriza os estilos de aprendizagem em oito diferentes tipos:

Verbal/Lingstica: habilidade no uso da linguagem oral ou escrita. Lgica-Matemtica: capacidade de raciocnio e de uso de nmeros. Musical: sensiblidade ao ritmo, ao tom e melodia. Espacial/Visual: sensiblidade forma, espao, cor. Corporal/cinesttica: habilidade para expressar idias e sentimentos com o corpo. Interpessoal: habilidade para entender o outro Intrapessoal: habilidade para entender a si mesmo. Naturalstica: capacidade de reconhecer, categorizar e descrever certas caractersticas da natureza. Palloff e Pratt (2004) apresentam quatro categorizaes ou modelos desenvolvidos por Claxton e Murrell sobre os estilos de aprendizagem:

Modelos de personalidade caractersticas da personalidade dando forma nossa orientao no mundo; Modelos de processamento de informao como a informao recebida e processada; Modelos de interao social questes de gnero e contexto social;

Modelos de preferncia instrucional e ambiental como o som, a luz, a estrutura e as relaesde aprendizagem afetam a percepo.

Apresentam, ainda, tcnicas instrucionais relativas a cada estilo de aprendizagem, que podem ser utilizadas na EAD.

Unidade II pgina 8

ESTILOS

TCNICAS

Visual-verbal

Visual no-verbal ou visual-espacial

Auditivo-verbal ou verbal-lingstico

Ttil-cinestsico ou corporal-cinestsico

Lgico-matemtico

Interpessoal-relacional

Intrapessoal-relacional

PowerPoint ou Whiteboard; Sumrio; Materiais escritos: livros-textos e recursos da internet. PowerPoint, vdeos, mapas, diagramas e grficos; Recursos grficos da Internet; Videoconferncia. Atividades colaborativas e em grupo; Arquivos de udio em streaming; Audioconferncia. Simulaes; Laboratrios virtuais; Pesquisa de campo; Apresentao e discusso de projetos. Estudos de caso; Aprendizagem baseada em problemas; Conceitos abstratos; Laboratrios virtuais. Atividades colaborativas e de grupo; Frum de discusses; Estudos de caso; Simulaes. Atividades colaborativas; Frum de discusses; Estudos de caso.

No intuito de promover aquisio de conhecimentos, os cursos ou disciplinas on-line devem atender os diversos estilos de aprendizagem dos alunos, utilizando as mais diversas ferramentas e tcnicas instrucionais. Alm disso, torna-se imprescindvel, na atualidade, trabalhar de forma colaborativa.

Como estimular a aprendizagem colaborativa entre alunos no ambiente virtual?

Unidade II pgina 9

Aprendizagem colaborativa

Vimos no Mdulo I, que na Sociedade do Conhecimento papel do professor educar o aluno para a autonomia, para que encontre o seu prprio ritmo de aprendizagem, e tambm, educar para a cooperao, para que aprenda em grupo a compartilhar idias, participar de projetos em parceria, realizar pesquisas em conjunto (MORAN, 2006). As novas tecnologias fornecem ferramentas que ajudam o ensinar e o aprender compartilhados. Cooperao e autonomia devem caminhar juntas. Na companhia do outro aprendo a compartilhar, aprendo e ensino ao mesmo tempo. A partir da sou capaz de agir de forma autnoma e emancipada, afirma Vygotsky (1991). Smyser (1993) apresenta o conceito de aprendizagem colaborativa como a aquisio de conhecimento que se d no momento em que os alunos participam ativamente no processo de aprendizagem, como parceiros entre si e com o professor. Meirinhos e Osrio (2006) complementam o conceito ao afirmarem que a colaborao estabelece relaes humanas e apresenta-se como um processo facilitador para a criao de comunidades e como um meio de partilha e construo de conhecimento dentro dessa comunidade. Levando-se em considerao essas abordagens, verificamos que o espao virtual proporciona um ambiente propcio interao e colaborao entre alunos e professores e, conseqentemente, facilita o processo de aprendizagem promovendo a construo e produo de conhecimentos, resultado da ao coletiva e da sinergia de competncias.

De que forma os alunos podem desenvolver atividades colaborativas em ambientes on-line?

Para Palloff e Pratt (2005), nas comunidades on-line, h um relacionamento cclico entre colaborao e construo e evoluo da comunidade. A atividade colaborativa pode desenvolver o sentimento de comunidade que, por sua vez, pode criar condies favorveis colaborao.

Assista ao vdeo: "Tutor on-line "

Unidade II pgina 10As atividades colaborativas podem ser:

Convergentes quando buscam o consenso no grupo.

Divergentes quando permitem diferentes posicionamentos e concepes.

Cientes da importncia de se estimular a aprendizagem colaborativa, os tutores devem procurar utilizar instrumentos de construo coletiva de conhecimento e promover atividades que envolvam a cooperao e

participao efetiva dos alunos. Os alunos podem aprender de forma colaborativa desde que sejam:

v Criadas condies para que os alunos se familiarizem a trabalhar de forma cooperativa. vPropostas de ativades que apresentem desafios para o enfrentamento de situaes reais.

v Formados grupos no demasiadamente heterogneos para evitar o distanciamento entre os alunos. v Divididas as responsabilidades no grupo. v Oferecidas fontes de pesquisa diferenciadas. v Devolvidos para o grupo o processo de avaliao das tarefas e desempenho coletivo. v Definido cronograma com o grupo. v Promovidas avaliaes peridicas para sondar a percepo dos alunos no desdobramento das tarefas.v Solicitados relatrios peridicos.

v Criadas normas de procedimentos para tarefas colaborativas. v Criadas normas de procedimentos para tarefas colaborativas.Voc j utilizou ferramentas em ambientes on-line para trabalhos colaborativos? Qual foi a sua percepo? Houve uma maior aprendizagem com a troca de conhecimentos entre os colegas?

Nesta unidade, voc aprendeu sobre o que esperado de um aluno participativo e como ele deve atuar num curso virtual. Vimos ainda que os alunos apresentam diferentes formas de aquisio de conhecimentos e o tutor, atento a isso, pode construir estratgias para facilitar o desenvolvimento e aprendizagem desses. Juntos, os alunos de um curso podem formar uma comunidade para troca de conhecimentos e vivncias, sob a superviso de um tutor, de forma que a colaborao se faa presente.

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Unidade I - Estratgias de ensino e aprendizagem on-line

Unidade 1 - Estratgias de ensino e aprendizagem on-line

Modelos de tutoria

A literatura nos apresenta trs modalidades de tutoria: a presencial, a virtual e semipresencial ou bimodal.

E ainda, independentemente dos ambientes de aprendizagem presencial, a distncia ou bimodal toda a aprendizagem mediada por instrumentos e signos e o papel do mediador fundamental para o desenvolvimento de novas funes cognitivas, sociais e afetivas. (VIGOTSKY, apud NOVA; ALVES, 2002:63)

Considera-se tutoria presencial o momento de contato do aluno diretamente com o seu tutor para dirimir dvidas e demais orientaes acerca de um determinado projeto educacional. A tutoria virtual tem sido utilizada em cursos a distncia para capacitao e alinhamento profissional nas organizaes que esto distribudas em diferentes localidades. A tutoria semipresencial, tambm chamada de bimodal, se caracteriza pelo atendimento virtual e presencial, alternadamente. Conforme vimos na Unidade 2, a Portaria Ministerial n 4.059, de dezembro de 2004, autorizou as instituies de ensino superior a ofertarem, na modalidade a distncia, 20% das disciplinas de cursos de graduao reconhecidos. Isto significa que um quinto das grades curriculares poder ser oferecida na modalidade on-line. Art. 1 1 Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semipresencial como quaisquer atividades didticas, mdulos ou unidades de ensinoaprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediao de recursos didticos organizados em diferentes suportes de informao que utilizem tecnologias de comunicao remota.

Os encontros presenciais so utilizados para a dinamizao do contedo e das relaes interpessoais, alm de sanar as dvidas dos alunos. Geralmente, no incio, h um encontro de apresentao da metodologia, da ferramenta virtual a ser utilizada, dos locais onde se encontram os contedos temticos, dos critrios de avaliao e das tarefas que sero mensuradas. No final da disciplina os alunos novamente comparecem para a prova presencial, uma exigncia do MEC, a partir do Decreto n 2494, de 1998, que regulamenta o artigo 80 da LDB 9394/96

Caso tenha interesse em conhecer a ntegra do Decreto n 2494, de 1998, Clique aqui. Unidade I pgina 2 Dependendo do projeto de curso adotado pela instituio que promove a EAD, poder haver diferentes tipos de tutores: Tutores locais ou regionais atendem nos plos espalhados por diferentes estados, cidades ou municpios. Dinamizam as relaes entre os alunos, participam dos encontros presenciais e mantm contacto direto com outros tutores do sistema central dos cursos. Tutores virtuais so os professores que orientam os alunos, tiram as dvidas e fazem o acompanhamento totalmente a distncia. Esta tutoria dever ser esmerada, j que no ser possvel conquistar a confiana e familiaridade com os alunos pessoalmente. Tutores especialistas em determinados temas atualizam o material didtico, indicam definio de termos, elaboram e corrigem as atividades avaliativas, respondem dvidas de contedos e participam de chats com os alunos. Eles tanto podem estar disponveis totalmente a distncia como podem aparecer em determinados plos nos encontros presenciais agendados. Tutores centrais so aqueles que trabalham alinhados com os valores institucionais, participam das capacitaes dos demais tutores locais e mantm com toda a rede tutorial um contato estreito de forma a manter o padro da prtica pedaggica estabelecida nos projetos de curso.

Se voc vivenciou alguma experincia em EAD, qual desses tipos de tutoria foi adotado no curso? Voc se sentiu plenamente atendido? A atuao da tutoria foi importante para a sua aprendizagem? Unidade I pgina 3

Construtivismo e linguagem dialgicaO construtivismo se constitui numa tendncia pedaggica contempornea que se preocupa com o interacionismo entre o sujeito que aprende e o objeto de estudo. Ele parte da premissa que a inteligncia uma habilidade adquirida, exercitada e visa transformar o sujeito at o ponto da auto-superao. Essa teoria tem servido de ancoragem para a estruturao de cursos on-line, da a necessidade de uma imerso em seus pressupostos e rituais. A educao tradicional centrava a sua ao no professor, diferente disto, o construtivismo centra a sua ao no aluno. para ele que convergem as aes pedaggicas de toda uma comunidade educativa (professores, especialistas, coordenadores, monitores). O construtivismo se preocupa com a maneira como nasce e se desenvolve o conhecimento no ser humano. A aprendizagem, para essa teoria, s se realiza quando o aluno constri um conhecimento, isto , compreende um fato, relaciona suas causas e conseqncias, acompanha uma experincia e aplica uma informao em seu universo relacional. O aluno estar, ento, apto a criticar, a propor, a selecionar, a criar, a fazer.

Informaes adicionais...O construtivismo a integrao do pensar (racionalismo) mais o fazer (empirismo). Ele parte da dialogicidade em que se baseiam os comportamentos portadores de autonomia, cooperao, liberdade e respeito pelo outro.

Quais so os pressupostos do construtivismo? A teoria deve ser apresentada simultaneamente com a prtica. O conhecimento deve gerar transformao na pessoa e no ambiente. A Educao deve promover a interao e a mutualidade entre as pessoas. O ambiente pedaggico deve ser rico em instrumentos didticos levando em conta os diversos estilos de aprendizagem.

O professor construtivista precisa se apresentar como um estimulador da participao do aluno e do envolvimento do aluno com o ato de aprender. Aprender aqui com o sentido de conhecer e compreender o mundo em que vivemos, navegar pela historicidade at a compreenso dos novos rituais da contemporaneidade. O aluno vivenciado neste paradigma se torna consciente de seu papel construtor da Histria de sua comunidade e de seu pas. O trabalho do professor consiste em averiguar o que que o aluno j sabe e como raciocina, com a finalidade de formular a pergunta precisa, no momento exato, de modo que o aluno possa construir seu prprio conhecimento. Kamii e Devries, 1991. Unidade I pgina 4

Estratgias motivacionais e facilitadoras da interaoImportante iniciarmos abordando que h fatores psicolgicos importantes que favorecem o desenvolvimento do indivduo: a emoo, o afeto, a cognio, a linguagem, o pensamento, a imaginao e a motivao. Vamos nos deter um pouco nesse ltimo fator. A motivao o impulso que move as nossas aes, o nosso comportamento social. O que est por detrs da motivao humana? Voc j observou que quando estamos interessados por algum

tema, focamos a nossa ateno neste objeto de aprendizagem? As teorias da motivao prevem trs vertentes no direcionamento do comportamento humano no trabalho: teoria das necessidades, teoria das intenes e expectativas e teoria dos estmulos externos ou aprendizado social. A teoria das necessidades enfatiza as condies internas e externas do indivduo como forma de direcionar o comportamento humano no trabalho. Aqui, o homem precisa traar metas para viabilizar um projeto que se coloque como significativo para ele. As bases desta teoria esto em Maslow (1954), que analisa o homem como ser inacabado em busca de necessidades constantes: necessidades fisiolgicas, de segurana, sociais, de estima e reputao e auto-realizao. A teoria das intenes e expectativas explora a viso prospectiva do indivduo sobre o resultado de determinada tarefa organizacional. Essa teoria parte da premissa de que, quando o indivduo tem uma inteno, esta capaz de mobilizar seu comportamento para a ao. A inteno depende diretamente da percepo que o homem tem das coisas. Um objetivo a ser concretizado o primeiro passo para esta teoria. Da a necessidade de o profissional docente ater-se ao projeto institucional, acreditar nele e lev-lo ao trmino. As expectativas que os indivduos carregam e a chance de serem alcanadas so proporcionais ao grau de satisfao destes no estudo e no trabalho. A teoria dos estmulos externos ou aprendizado social procura definir fatores ambientais que influenciam o comportamento do trabalhador. Estmulos e reforos so elementos populares ao trabalho porque mobilizam as energias do trabalhador que passa a apresentar comportamentos na esperana de continuar a receber estes incentivos, por meio de comisses, gratificaes, prmios, destaques e reconhecimento social. Motta (1998) confirma quando diz que a melhor maneira de se manter um comportamento pelo uso do reforo contnuo. Agora vamos tratar da interao. Interao indica aproximao de pessoas, seja pelo espao fsico, seja pela sintonia em termos de interesse temtico, de formao acadmica ou troca de experincias. Sem interao no possvel a comunicao entre os indivduos, somente o dilogo capaz de aproximar e integrar em profundidade duas pessoas. No dilogo, o homem interage com seu semelhante e a responsabilidade de um com o outro eclode. Unidade I pgina 5 Ao longo das ltimas dcadas, as teorias sobre Educao a Distncia tm evoluido. Dentre elas temos a Teoria da Distncia Transaccional, de Michael G. Moore

"Clique aqui para ler"

Segundo o autor, "a distncia transacional uma funo de duas variveis: dilogo e estrutura. O dilogo est relacionado com a capacidade de comunicao entre o professor e o aluno, enquanto que a estrutura uma medida de resposta de um programa s necessidades individuais do aluno." Alguns procedimentos so facilitadores da interao dos alunos em comunidades de aprendizagem: Criao de um ambiente confivel, onde as pessoas tenham informaes sobre as demais e que estejam claros os objetivos destas pessoas ao participarem de uma comunidade. Manuteno de um clima de respeito entre os componentes da comunidade, no uso do vocabulrio e imagens. Os grupos devem manter um cdigo de condutas e postagens virtuais, como, por exemplo, o respeito diversidade.

Definio de um responsvel por agregar as pessoas e conduzir o rumo das discusses.

Estabelecimento de uma plataforma de interatividade que viabilize a comunicao bidirecional entre emissor e receptor. Unidade I pgina 6

Vamos abordar agora alguns exemplos de estratgias pedaggicas de motivao e interao. 1 - Estudo de Caso O estudo de caso uma estratgia pedaggica importante para o aluno exercitar a aplicao do conhecimento e aprender a resolver problemas. Por meio dele o aluno pode compreender com maior facilidade um fenmeno de sua prpria realidade. Algumas estratgias de pesquisa podem estar envolvidas num estudo de caso: entrevistas, anlise documental e/ou pesquisa bibliogrfica. Pode ter carter exploratrio levantamento de hipteses para outros estudos ou carter descritivo por meio da associao de variveis ou explanatrio explicao dos fatos.

Informaes adicionais...O estudo de caso no deve ser confundido com o Mtodo de caso que surgiu em 1908 na Universidade de Harward dentro do curso de Direito. Os professores levavam processos verdadeiros para serem debatidos em sala. Esse mtodo baseia-se numa experincia real vivida em determinada empresa e que envolve fatos, valores e opinies associados s decises de executivos. Seu uso freqente em cursos de Administrao, Cincia Poltica, Economia, Psicologia, Sociologia, Educao e Medicina, Marketing e Poltica de Negcios. Os casos reais visam ensinar os alunos a lidar com situaes comuns a determinadas reas profissionais. A aprendizagem se d por meio da discusso coletiva e da descoberta de alternativas de soluo, portanto no h somente uma resposta certa. Os casos so apresentados com informaes incompletas. Os alunos fazem uma anlise lgica de alternativas. Unidade I pgina 7 O estudo de caso tem como meta contribuir para aumentar o entendimento de fenmenos sociais complexos e seu resultado a gerao de aprendizagem significativa, isto , que est relacionada ao ambiente do aluno, vinculada prtica ou ao profissional e depende de pr-requisitos. Portanto, os alunos precisaro ter um conhecimento bsico anterior para poderem utilizar essa estratgia. Mas o que um caso a ser estudado? Um caso uma manifestao de que algo no vai bem, no foi bem conduzido ou gerou resultados negativos, da a necessidade de ser investigado. Um caso parte do mau funcionamento de um organismo, um sistema, um poder, uma instituio, uma pessoa. Poder estar relacionado a fato real ou no. Isto significa que o professor poder criar uma situao de simulao para ser solucionada. Como adotar o estudo de caso em cursos on-line? Essa atividade dever ser realizada em grupo. A formao de uma comunidade virtual e a contribuio para uma atividade colaborativa so premissas do uso do estudo de caso em cursos virtuais. Existe tambm a possibilidade de se aceitar que os alunos descrevam situaes reais que esto

ocorrendo e que este tema se transforme em Estudo de Caso. O especialista do curso poder abrir essa alternativa para aqueles alunos que queiram sugerir temas para casos. A conduo do estudo de caso no interior dos cursos estar a cargo do coordenador do grupo que poder solicitar o apoio da tutoria, do especialista ou da Coordenao Pedaggica. Desta forma toda a equipe educativa estar envolvida na atividade.

Unidade I pgina 8 Vamos contextualizar a aplicao de um estudo de caso? Por exemplo, em um determinado curso virtual o tutor observou que a maior parte dos alunos no estava participando ativamente das atividades colaborativas, restringia-se s tarefas individualizadas. Como envolver os alunos na formao de uma comunidade virtual? 1. O foco principal de investigao era levantar os motivos dos alunos estarem se esquivando da formao de grupo, da participao em fruns e da construo coletiva. 2. O tutor interessado nesta investigao passou a levantar as prioridades e estabeleceu a iniciativa n. 1. Ele iria sondar diretamente com os alunos, atravs de um questionrio virtual, o porqu do desinteresse por uma contribuio compartilhada. 3. Aps conseguir tabular as respostas, tornou pblica a pesquisa, divulgou esses dados e perguntou durante um frum o que os alunos achavam que ele, tutor, deveria fazer para envolver todos os alunos na construo coletiva do conhecimento oferecido pelo curso? Essa estratgia pedaggica se chama role-playing, significa que o professor devolve o problema para o aluno resolver uma dificuldade gerada pelo prprio aluno. 4. Foram muitas as recomendaes dos alunos e a primeira e mais importante que o tutor adotou foi dirigir-se para a formao de grupos, auxiliando os alunos na tarefa de familiarizao com os colegas: levantando aniversrios, signos dos alunos, reas de formao, faixa etria, diviso dos alunos por zonas geogrficas de moradia, utilizou a divulgao de fotos, com a permisso e adeso de todos. A partir desta iniciativa os alunos comearam a se procurar e a parte pedaggica ficou afetada positivamente a partir da interao entre estes alunos. Da para a confeco das tarefas do curso tudo ficou mais fcil. Concluso: a soluo do problema surgiu do prprio grupo e o tutor agiu apenas como facilitador e dinamizador das relaes interpessoais, informais e educativas nas turmas.

O estudo de caso uma atividade coletiva. Como possvel distribuir notas para alunos componentes de um Estudo de Caso?

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2 - Situao-problemaEla vem sendo utilizada como elemento favorecedor da inteligncia coletiva. Ela permite a aproximao do sujeito com seu meio, gerando certa interdependncia entre ambos. Conhecer modificar, transformar o objeto e compreender o processo dessa transformao e, conseqentemente, compreender o modo como o objeto construdo (PIAGET, 1972:4). Para o autor a interao no parte nem do sujeito nem do objeto, mas da interao indissocivel que eles estabelecem. A aprendizagem baseada em problemas foi concebida a partir da teoria interacionista que concebe a aprendizagem a partir da construo coletiva. Existem algumas caractersticas prprias a esta concepo de aprendizagem:

1- A escolha do tema feita pelos dois personagens principais do lcus escolar professor e alunos.

2- A realidade do aluno serve como ponto de partida e de chegada do currculo.3- As regras e decises so compartilhadas entre professores e alunos. 4- O ponto de partida na determinao do tema da situao-problema o interesse do aluno e sua prontido.

5- O aluno o agente do processo e o professor seu orientador da aprendizagem.Um exemplo da implementao dessa estratgia no Ensino Superior est acontecendo no curso de Pedagogia da UNISINOS, conforme relato de Eliane Schlemmer, 2001, publicado pela Revista Colabora, volume 1.

Neste contexto, o professor levanta as dvidas e inquietaes dos alunos como ponto de partida. Define, a seguir, o problema a ser investigado, os grupos que desenvolvero os trabalhos, cria-se o planejamento do trabalho na busca de hipteses, metodologia, etc, como acontece semelhantemente ao Estudo de Caso. Somente ao final comunicado o resultado aos demais grupos, j que a socializao imperiosa para esta estratgia que privilegia a ao coletiva. O professor animador-orientador da atividade, deve propor situaesproblema, sensibilizando os alunos a uma imerso na pesquisa, na investigao das causas e conseqncias deste problema para, a partir da, levantar as alternativas de soluo, intervindo em sua realidade/contexto em busca do aprimoramento. O professor poder fazer uso de jogos e materiais pedaggicos que promovam o desafio e a descoberta. Poder tambm utilizar a dramatizao como elemento de simulao de uma realidade, induzindo o aluno a viver uma situao nova, porm flagrantemente possvel e real.O professor construtivista faz sempre muitas perguntas, mais do que afirmaes definitivas, promovendo no aluno o ato de tambm questionar, levantar dvidas, instigar-se pela curiosidade de novos fatos esclarecedores.

Unidade I pgina 10 3 - Pedagogia de Projetos Essa estratgia trouxe grande contribuio ao processo ensino-aprendizagem, fornecendo subsdios aos professores na conduo da gesto educativa. Kilpatrick, seguidor de Dewey, em 1918 criou essa estratgia pedaggica na Universidade de Colmbia. Para esse autor a necessidade conduz a um comportamento educativo. No planejamento, na implantao e na validao de um projeto pedaggico o aluno tem a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de uma ao estratgica eficaz. Mais do que tcnica de ensino a Pedagogia de Projetos uma estratgia integradora de alunos, pois como um trabalho coletivo, ela obriga os alunos a uma ao compartilhada. Assim os alunos aplicam o conhecimento adquirido pelas leituras e exerccios de determinadas reas temticas. Conseqentemente, a escola cumpre sua misso final, ultrapassar os limites da sala de aula para adentrar, atingir e beneficiar a comunidade em suas amplas vertentes. H uma aproximao entre conhecimento e sociedade. Quais so as etapas da Pedagogia de Projetos?1) Planejamento o professor levanta as necessidades dos seus alunos e os objetivos educacionais. 2) Tema do projeto o professor indica um tema a partir de uma situao concreta a resolver.

Partindo sempre dos conhecimentos prvios dos alunos. 3) Fontes de pesquisa o professor sugere os materiais e os procedimentos de pesquisa sempre em colaborao com os alunos. 4) Definio dos grupos o professor explica que a atividade dever ser coletiva e que os alunos precisaro se organizar em equipes. 5) Desenvolvimento dos projetos Levantamento de hipteses de trabalho e busca de estratgias. O professor aqui somente interventor, ele acompanha o desenvolvimento das aes de seu o controle do cumprimento de prazos nas diferentes etapas do projeto. Os alunos apresentam relatrios parciais de suas aes.

6) Divulgao dos projetos o professor define quando haver apresentao entre os grupos de forma que sejam compartilhados todos os projetos dos diferentes grupos. 7) Avaliao neste momento os alunos explicitam como se sentiram, como se avaliam e como avaliam os demais, deixando para o professor a tarefa de consolidar estas informaes. Nesta unidade, observamos que o tutor que consegue utilizar as vrias estratgias de motivao, participao e interao, alm de oferecer diferentes modelos de acompanhamento, faz com que sua prtica se destaque positivamente, a partir da concretizao do processo ensino-aprendizagem.

AUTOAVALIAO DA UNIDADE I DO MDULO III - Clique em "Avaliaes" (lateral esquerda da pgina) e em "Autoavaliao da Unidade I do Mdulo III". Boa sorte! Unidade II - Rotina da Tutoria Unidade 2 Rotina da tutoria

Recursos do ambiente virtualEdma Santos (apud SILVA, 2003:223) define um ambiente virtual como um espao fecundo de significao onde seres humanos e objetos tcnicos interagem, potencializando assim a construo de conhecimentos, logo a aprendizagem. Esses ambientes tm recebido algumas nomenclaturas como LMS, Learning Management System Sistema de Gerenciamento da Aprendizagem; ou AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem. Muitos so os ambientes de ensino-aprendizagem disponveis no mercado. Variam nos formatos e custos. Geralmente, permitem a produo de contedos, canais de comunicao sncronos e assncronos, gerenciamento de banco de dados e controle de todas as informaes disponibilizadas, tanto dos alunos como dos tutores. Apesar desses ambientes apresentarem recursos comuns, o que os diferencia no a tecnologia propriamente dita, e sim as concepes pedaggicas adotadas: currculo, comunicao e aprendizagem. Santos (apud SILVA, 2003:225) ainda enfatiza algumas funcionalidades essenciais nos ambientes de ensino-aprendizagem virtuais: a) Intertextualidade, conexes com outros sites ou documentos; intratextualidade, conexes com o mesmo documento; multivocalidade, agregar multiplicidade de pontos de vista; navegabilidade, ambiente simples de fcil acesso e transparncia nas informaes; mixagem, integrao de vrias linguagens: sons, texto, imagens dinmicas e estticas, grficos, mapas; multimdia, integrao de vrios suportes miditicos. b) Potencializar comunicao interativa sncrona (em tempo real) e assncrona (a qualquer tempo); c) Criar atividades de pesquisa que estimulem a construo do conhecimento a partir de situaes-problema; d) Criar ambincias para avaliao formativa, onde os saberes sejam construdos num processo comunicativo de negociaes, onde a tomada de decises seja uma prtica constante para a (re)significao processual das autorias e co-autorias; e) Disponibilizar e incentivar conexes ldicas, artsticas e navegaes fluidas. Dentre as ferramentas de interatividade, tanto entre alunos, quanto com o material de ensino,

podemos citar:

Chat permite comunicao em tempo real todos-todos ou reservada, um-um. Frum permite o registro e a comunicao assncrona entre todos os atores do processo ensino-aprendizagem. Proporciona a criao de temas para discusso e troca de conhecimentos. Lista de discusso tem quase as mesmas caractersticas do frum, no entanto as mensagens so socializadas no formato de correio eletrnico. Unidade II pgina 2 Blogs so interfaces digitais fceis de ser criadas onde possvel disponibilizar textos, imagens, sons a qualquer tempo e interagir com os outros, formando comunidades. uma espcie de dirio on-line. Bibliotecas so espaos que disponibilizam informao cujos contedos esto originalmente em forma eletrnica. Glossrio Vocabulrio de uso especfico utilizado para elucidar o significado de termos pouco usados, tcnicos ou restritos. Enquetes Pesquisa na qual as pessoas respondem uma pergunta escolhendo uma dentre algumas alternativas pr-definidas. FAQ lista com respostas de perguntas freqentes.

Dentre os recursos da plataforma que voc est utilizando, quais tm promovido uma maior aprendizagem?

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Procedimentos para a atividade de tutoria

Sabemos que no h receitas estruturadas para a tutoria. necessrio que haja certa flexibilidade para atender s diferenas individuais dos alunos de diferentes pblicos. No entanto, levando em considerao que todo ato educativo deve ter carter intencional, ser relevante determinar alguns procedimentos tutoriais indispensveis a qualquer tipo de curso, de pblico-alvo, de mdia e de ambiente de ensino.

1 O tutor como criador de ambiente permissivo aprendizagem. No incio da disciplina ou curso, o tutor deve apresentar-se ao grupo como algum receptivo funo tutorial, preparado para acolher, a respeitar a diversidade e disponvel para atender e sanar dvidas gerando segurana e confiana na relao bidirecional nova que est estabelecendo. Precisa, ainda, ambientar os alunos nesse novo meio. Estimular a apresentao individual e coletar informaes sobre as expectativas de cada um. 2 Explorao dos recursos. Os ambientes de ensino oferecem diferentes recursos pedaggicos. No incio dos cursos os alunos devero ser familiarizados sobre existncia desses instrumentos facilitadores da aprendizagem. Cabe ao tutor a indicao e estimulao aos alunos da explorao dos recursos que se encontram disponveis.

3 - Estimulao da participao. O tutor presente responde diariamente aos alunos, seja pelo correio eletrnico ou diretamente nos fruns, demonstrando o interesse por seus trabalhos e fazendo apreciaes sobre os mesmos, indicando tambm outras fontes de pesquisa para enriquecimento do processo de aprendizagem e estmulo permanncia no curso. 4 - Reforo ao desempenho positivo. O tutor que sabe reconhecer os talentos de seus alu