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    Introdução ao DOEPrincípios básicos e os primeiros passos para implementar um

    ex erimento estatístico

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    Introdução ao DOE 1

    Conteúdo 

    Introdução ........................................................................................................... 2 

    O que é um DOE? .................................................................................................. 3 

    Os princípios básicos .............................................................................................. 3 

    Um exemplo ...................................................................................................... 3 

    1. Aleatorização ................................................................................................ 4 

    2. Replicação.................................................................................................... 4 

    3. Blocagem ..................................................................................................... 5 

    4.  Análise gráfica .............................................................................................. 5 

    Implementação ..................................................................................................... 7 

    Um exemplo ...................................................................................................... 7 

    Como calcular os efeitos principais...................................................................... 10 

    Verificando se há interação entre os fatores ......................................................... 11 

    Como interpretar os resultados .......................................................................... 13 

    Como implementar no Minitab .............................................................................. 16 

    Próximos passos ................................................................................................. 17 

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    INTRODUÇÃO

    O objetivo deste material é trazer para você uma visão geral do que é um DOE, seus

    princípios básicos e como implementar um experimento fatorial de maneira rápida e

    eficiente.

    Com isso você poderá conhecer melhor dessa metodologia que vem sendo amplamente

    utilizada em todos os setores devido sua versatilidade e fácil compreensão (quando

    aplicado corretamente).

    Esperamos que esse ebook seja tão útil para você quanto foi para centenas de leitores

    do Blog da Melhoria da Escola EDTI.

    Abraços,

    Equipe Escola EDTI.

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    O QUE É UM DOE?

    DOE é a sigla de Design of Experiments, termo em inglês que significa delineamento de

    experimentos, ou seja, um conjunto de ferramentas estatísticas para planejar um

    experimento de forma que possamos tirar o maior número de informações possíveis

    acerca de um processo utilizando o mínimo de recursos e tempo.

    DOE é uma metodologia básica dos cursos de estatística, mas há algum tempo vem

    sendo utilizado não só pela indústria, mas por qualquer profissional que deseja melhorar

    seu processo devido sua ampla aplicação. Por exemplo, o profissional de marketing que

    deseja escolher entre duas campanhas pode utilizar um teste A/B para decidir qual a

    mais popular. Um engenheiro deseja reduzir a proporção de peças defeituosas em uma

    linha de produção. Uma empresa de papel deseja reduzir a variabilidade da espessura de

    suas folhas A4. Todos esses exemplos são aplicações de DOE.

    OS PRINCÍPIOS BÁSICOS

    Existem 4 princípios básicos de experimentação: aleatorização, replicação, blocagem e

    análise gráfica. Cada um deles tem sua fundamental importância no delineamento de um

    experimento e para facilitar a compreensão vamos introduzir um exemplo.

    Um exemploSuponha que um engenheiro da Formula 1 queira testar o desempenho de duas

    fornecedoras de combustível em seus carros. Para isso, ele conta com a ajuda de dois

    pilotos de teste para pilotar dois carros idênticos, mas combustíveis diferentes e mede o

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    3. Blocagem

    Para aumentar a sensibilidade de um experimento é sempre

    importante reduzir a influência de fatores que não são de

    interesse na variável resposta do estudo. Por exemplo, se você

    está interessado em saber em quanto um novo tipo de calçado(fator de interesse) para corrida pode influenciar o tempo que

    um ser humano leva para correr 100m e você irá utilizar

    homens e mulheres e de várias faixas etárias (fatores que não

    são de interesse) no estudo seria interessante dividir as pessoas

    em sexo e idade para que tenhamos tempos mais homogêneos

    entre os grupos. Em experimentação esses grupos são

    chamados de blocos e a identificação deles é denominada

    blocagem. No nosso exemplo da Formula 1, a blocagem seria

    considerar cada piloto como um bloco, afinal pilotos tem

    desempenhos diferentes e ao analisar o tempo obtido com cada

    combustível poderíamos ter o fator de confundimento ao não

    segmentar os resultados por piloto.

    4. Análise gráfica

    Ao final de cada experimentação teremos alguns dados queprecisam ser analisados. Uma das ferramentas estatísticas que

    nos fornece um resumo dos dados é a análise gráfica. Analisar e

    comparar gráficos é muito mais fácil, intuitivo e visual do que

    observar vários números espalhados em uma planilha. Vejamos

    Figura 1: Análise gráfica do resultado do experimento dos

    combustíveis.

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    o resultado do experimento para testar dois tipos de combustível

    na Formula 1 no gráfico ao lado.

    Note que temos bastante informação em apenas um gráfico.

    Acima é possível notar que primeiro foi testado o combustível X

    e depois o combustível Y. Veja que o desempenho dos pilotosnão interfere no resultado, pois a cada rodada o piloto de melhor

    tempo é aleatório, ou seja, não possui um padrão. No entanto, a

    conclusão do experimento fica clara nesse gráfico. É possível

    notar a diferença de desempenho entre os dois tipos de

    combustível, onde os pontos vermelhos parecem seguir um

    padrão abaixo dos pontos pretos. O que temos em um único

    gráfico são evidências de que o combustível Y tem um melhor

    desempenho do que o combustível Xr tempo é aleatório, ou

    seja, não possui um padrão. No entanto, a conclusão do

    experimento fica clara nesse gráfico. É possível notar a diferença

    de desempenho entre os dois tipos de combustível, onde os

    pontos vermelhos parecem seguir um padrão abaixo dos pontos

    pretos. O que temos em um único gráfico são evidências de que

    o combustível Y tem um melhor desempenho do que o

    combustível X.

    Figura 1: Análise gráfica do resultado do experimento dos

    combustíveis

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    IMPLEMENTAÇÃO

    Agora vamos implementar o experimento talvez o tipo mais popular de DOE: o

    experimento fatorial.

    Vamos ilustrar a implementação com um exemplo de um experimento fatorial 2^3. Ou

    seja, temos 2 níveis para cada um dos 3 fatores, gerando 2x2x2=2^3=8 combinações

    de fatores. Os níveis serão denominados como “+” ou “- “, indicando o nível mais baixo e

    o nível mais alto. Abaixo temos uma imagem que exemplifica bem o experimento fatorial

    2^3. Do lado esquerdo temos todas as combinações possíveis e do lado direito um cubo

    em que cada vértice é uma das combinações da tabela ao lado.

    Um exemplo

    Vamos utilizar um exemplo do capítulo de Delineamento Fatorial com 2 níveis do livro deplanejamento de experimentos de Box, Hunter & Hunter. Suponha que você queira

    estudar o rendimento em % de uma solução produzida (resposta) realizando um

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    Figura 2: Cubo de delineamento do experimento em questão. 

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    Preciso mesmo desenhar esse cubo?

    Não. O cubo fatorial serve apenas como ferramenta de visualização. O que você precisa

    mesmo é dos dados da Tabela 1 para partir para a próxima etapa: calcular os efeitos

    principais.

    Como calcular os efeitos principais

    Considere mais uma vez o exemplo ilustrado na seção anterior. Se fixarmos a

    concentração em 20% e a utilização do catalisador A, podemos ver produção de solução

    a 160 graus é de 60% e a 180 graus é de 72%. Ou seja, uma diferença de 72 – 60 =

    12% passando de 160 para 180 graus, mantendo os outros fatores fixos. Note que essa

    diferença pode ser calculada para outras combinações de fatores fixos. A média de todas

    essas diferenças possíveis é denominada de efeito principal do fator. No caso da

    temperatura, podemos ver todos os seus efeitos e o efeito principal resultante da médiadesses na Tabela 2 ao lado.

    Tabela 2: Efeitos da temperatura no experimento.

    Concentração Catalisador Rendimentocom T a 160º

    Rendimentocom T a 180º

    Efeito T+ - T-

    20 A 60 72 72 – 60 =12

    40 A 54 68 68 – 54 = 1420 B 52 83 83 – 52 = 31

    40 B 45 80 80 – 45 = 35

    Efeito principal da temperatura (média dosefeitos) (12+14+31+35)/4 = 23

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    O mesmo cálculo pode ser reproduzido para obter os efeitos principais da concentração e

    tipo de catalisador. Para isso, mantenha fixos os outros fatores e calcule a diferença

    entre a resposta quando seu fator de interesse está no nível “+” menos a resposta com

    o nível do fator de interesse em “- “. Assim, podemos obter os efeitos principais dos

    fatores: 23 para temperatura, -5 para concentração e 1.5 para tipo de catalisador.

    Podemos utilizar novamente o cubo fatorial para ilustrar os efeitos de cada fator. Na

    figura abaixo as arestas do cubo representam a diferença entre as respostas para cada

    uma das 4 combinações dos fatores fixados, sendo a seta no centro no cubo indicando a

    direção em que a diferença foi calculada.

    Verificando se há interação entre os fatores

    Note na Figura 3 que os efeitos da temperatura utilizando o catalisador do tipo B (aofundo) é consideravelmente maior que os efeitos da temperatura utilizando o catalisador

    do tipo A (frente). Isso é uma evidência de que os fatores temperatura e tipo de

    catalisador interagem, ou seja, há interação entre os fatores.

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    Para obter o efeito dessa interação, basta calcular a média das 4 respostas quando os

    níveis são iguais (++ e --) e média das 4 respostas quando os níveis são diferentes (+-

    e -+). Depois isso, faça a diferença da média de níveis iguais menos a média de níveis

    diferentes.

    Na Tabela 3 ao lado, em tons mais escuros estão as combinações de temperatura e tipode catalisador com níveis iguais (++ e --) e de fundo branco com níveis diferentes (+- e

    -+). Tome a média das respostas em tom mais escuro e faça a diferença com a média

    das respostas de fundo branco. O resultado será (60+54+83+80)/4 – 

    (72+68+52+45)/4 = 10. Ou seja, o efeito de interação entre temperatura de tipo de

    catalisador é 10. As outras interações podem ser calculadas da mesma maneira.

    Tabela 3: Resultado do experimento fatorial com linhas em destaque para calcular

    efeito de interação

    Temperatura Concentração Catalisador Rendimento

    - - - 60

    + - - 72

    - + - 54

    + + - 68

    - - + 52

    + - + 83

    - + + 45

    + + + 80

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    Como interpretar os resultados

    Em geral, os resultados são disponibilizados em uma tabela, como na Tabela 4, com os

    efeitos principais de cada fator e suas respectivas interações seguidas do erro padrão.

    Esse erro padrão é uma medida de precisão do efeito principal, ou seja, altos valores

    indicam baixa certeza acerca do valor mostrado pelo efeito principal.

    Em meio a todos esses números, precisamos primeiro identificar o que realmente

    importa. Ou seja, quais efeitos são significativos. Em estatística dizemos que um efeito é

    significativo se temos evidências o suficiente para dizer que o valor o qual ele estima é

    diferente de zero. Neste caso, o efeito estimado deve ser consideravelmente maior que o

    seu erro padrão, caso contrário a imprecisão da estimativa não nos permite garantir que

    ela está estimando algo diferente de zero. Assim, baseado na teoria estatística de

    planejamento de experimentos, vamos considerar como significativos os efeitos que são

    2.3 vezes maior que o erro padrão.

    Tabela 4: Efeitos e seus respectivos erros padrão para o exemplo fatorial 2^3

    Fatores e interações Efeito ± Erro Padrão

    Temperatura, T 23.0 ± 1.4

    Concentração, C -5.0 ± 1.4

    Catalisador, K 1.5 ± 1.4

    T x C 1.5 ± 1.4

    T x K 10.0 ± 1.4

    C x K 0.0 ± 1.4

    T x C x K 0.5 ± 1.4

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    No caso do exemplo dessa seção são significativos os efeitos dos fatores temperatura e

    concentração e a interação entre temperatura e tipo de catalisador (T x K). Porém,

    quando há uma interação significativa, temos que considerar os fatores envolvidos. Por

    exemplo, a interação T x K foi significativa, mas o tipo de catalisador tem um efeito

    quase igual ao seu erro padrão, mas mesmo assim vamos considerá-lo para a análise

    pois interage com a temperatura. Na Tabela 5 temos apenas os efeitos significativos

    para explicar a variabilidade da variável resposta.

    Agora com apenas os efeitos significativos em mãos, podemos analisá-los e tirar as

    conclusões necessárias. Comecemos pela concentração, efeito que não possui nenhuma

    interação significativa com outro fator. O efeito -5 indica que cada unidade de

    concentração que eu aumento no meu experimento reduz em média 5 pontos

    percentuais do rendimento da solução (variável resposta). Ou seja, concentração possui

    um efeito negativo no rendimento da solução.

    Tabela 5: Efeitos significativos e seus respectivos erros padrão calculados para o

    exemplo fatorial 2^3

    Fatores e interações Efeito ± Erro Padrão

    Temperatura, T 23.0 ± 1.4

    Concentração, C -5.0 ± 1.4

    Catalisador, K 1.5 ± 1.4

    T x K 10.0 ± 1.4

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    Analisemos agora os efeitos da temperatura e tipo de catalisador. Como há interação

    entre os dois fatores, não podemos analisá-los separadamente. Utilizando o catalisador

    do tipo A o efeito da temperatura é de 13 unidades, mas utilizando o catalisador do tipo

    B seu efeito aumenta para 33 unidades. Ou seja, quando utilizo o catalisador do tipo B,

    cada unidade de temperatura que aumentamos produz um aumento de 33 pontos

    percentuais no rendimento da solução.

    No entanto, precisamos tomar cuidado em como tirar conclusões a partir desse

    experimento. O resultado obtido sobre o efeito da interação entre temperatura e tipo de

    catalisador é muito bom, mas não quer dizer que se eu aumentar 4 unidades de

    temperatura utilizando o catalisador do tipo B vou obter um rendimento de 132%.

    Impossível. Os resultados devem ser utilizados como um guia de onde devemos explorar

    mais e realizar mais estudos. Não fique satisfeito com apenas um experimento, use os

    resultados para planejar outro experimento agora mais específico e com o objetivo de

    entender melhor os fatores que são significativos.

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    COMO IMPLEMENTAR NO MINITAB

    Todos esses cálculos podem ser feitos de maneira rápida e fácil no Minitab. Clique no

    vídeo abaixo e assista a uma vídeo-aula do prof. Marcelo Petenate da Escola EDTI e

    aprenda a implementar experimentos fatoriais no Minitab.

    http://mkt.escolaedti.com.br/como-analisar-um-doe-no-minitab

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    PRÓXIMOS PASSOS

    Há diversos materiais sobre DOE disponíveis no Blog da Melhoria. Além disso, a Escola

    EDTI possui um curso de DOE de onde foi baseado o conteúdo desse material e o vídeo

    da página anterior. Caso tenha interesse, entre em nossa página clicando aqui ou no

    logo da empresa abaixo.

    http://www.escolaedti.com.br/curso-de-doehttp://www.escolaedti.com.br/curso-de-doehttp://www.escolaedti.com.br/curso-de-doehttp://www.escolaedti.com.br/curso-de-doe

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    Introdução ao DOE 18

    A EDTI, com base em uma longa experiência de trabalho de consultoria em diversas indústrias, está

    plenamente capacitada para treinar e orientar equipes em atividades de melhoria, desenvolver processosde inovação e dar suporte à análise de dados (inteligência analítica) para subsidiar decisões de negócios.

    Para permanecer no negócio e crescer as organizações precisam canalizar esforços para produzir

    produtos e serviços que os clientes desejam e pelos quais estão dispostos a pagar. Um desafio

    permanente da liderança é identificar oportunidades para aumentar o valor de seus produtos e serviços

    sob a ótica dos clientes e envolver seus colaboradores em atividades que transformem as oportunidades

    em realidade. Isso requer o domínio por parte da organização de um método eficiente e eficaz de realizar

    melhorias.

    A EDTI acredita que a formação sólida de seus consultores, aliada à experiência e conhecimento do

    mercado, são fundamentais para ajudar a liderança da organização na exploração de oportunidades de

    crescimento.

    - Dr. Ademir José Petenate, Sócio da Escola EDTI e Professor da UNICAMP