Introdução ao pensamento complexo (capitulo 6)

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EPISTEMOLOGIA DA COMPLEXIDADE Durante o intervalo do almoço eu tinha dois problemas a serem resolvidos, um resolvi o outro não . Isto enquanto comia (3º problema), porque ao mesmo tempo tinha fome (4º problema). Aquele que resolvi foi graças as anotações que havia feito dado ao objetivo deste problema que era rever as anotações feitas sobre as intervenções desta manhã, ou seja, após participar de colóquios, debates, mas todos me interessavam.

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EPISTEMOLOGIA DA COMPLEXIDADE

Durante o intervalo do almoço eu tinha dois problemas a serem resolvidos, um resolvi o outro não. Isto enquanto comia (3º problema), porque ao mesmo tempo tinha fome (4º problema). Aquele que resolvi foi graças as anotações que havia feito dado ao objetivo deste problema que era rever as anotações feitas sobre as intervenções desta manhã, ou seja, após participar de colóquios, debates, mas todos me interessavam.

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Mal entendidos:

1º tipo de mal-entendido: a ideia que fazem de mim, a de uma mente que se pretende sintética, que tira do bolso dizendo: “Eis o que é preciso adorar, queimem as antigas tábuas da Lei”;outros me veem como “Mercador de sínteses integrativas”; outros, ainda como “apologista da desordem”;2º tipo de mal-entendido : “sobre a Velocidade” dos meus escritos e da leitura dos meus leitores que causa mal-entendidos; a eles devo explicações e reconhecer certos pontos que entendem cegos a serem melhor esclarecidos ou, por que não, corrigidos?!Um exemplo: na política eu era de direita e de esquerda ao mesmo tempo, pois sou muito sensível aos problemas das liberdades, dos direitos do homem, das transições não violentas; da esquerda no sentido que as relações humanas e sociais poderiam e deveriam mudar em profundidade. Me rotulavam de “confuso”.3º tipo de mal-entendido: “És um Vulgarizador!” Não sou, tentei expor minhas ideias conforme havia compreendido e assimilado;Para me definir: buscador da verdade na não verdade, unificando os saberes dispersos, busco “ultrapassar” estas contradições.

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Falar da ciência

Há o cientista que reflete sobre “sua” ciência, agindo assim faz filosofia; há os historiadores, os epistemólogos, e os vulgarizadores.Exemplo: a questão sobre o principio da termodinâmica. De um lado os físicos ensinavam ao mundo um princípio de desordem que tendia a destruir qualquer coisa organizada; de outro lado, os historiadores e os biólogos ensinavam ao mundo que havia um princípio de progressão das coisas organizadas. O mundo físico tende aparentemente à decadência, o mundo biológico tende ao progresso. Perguntei-me: Como? Estes dois princípios podiam ser as duas faces de uma mesma realidade (a vida)! Como? Associar os dois princípios. Este era meu interesse de que vulgarizar a termodinâmica, que sou incapaz.Vejamos: chega um dado momento em que algo muda e o que era impossível mostra-se possível. O bipedismo parecia impossível ais quadrupedes.

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Abordagem da complexidade

Osso duro!Primeiro: Complexidade, para mim, é o desafio, não a resposta. Segundo: a simplificação é necessária, mas deve ser relativizada eu aceito a redução consciente de que ela é redução, não a redução arrogante que acredita possuir a verdade, atrás da aparente multiplicidade e complexidade das coisas, complexidade é a união da simplicidade, com a complexidade;Como ocorre: união dos processos de simplificação que são: seleção, hierarquização, separação, redução, com os outros contraprocessos que são a comunicação, a articulação que foi dissociada e distinguido;Pascal afirmava: “é impossível entender as partes sem conhecer o todo, mas não há necessidade de ser especialista nas partes para conhecer o todo”; Dupuy me atribui um pensar: o de que pretendo o ideal de um pensamento soberano que englobasse tudo. Acrescento: a complexidade está no coração da relação entre o simples e o complexo, sendo estes por vezes antagônicos e complementar.Bachelar dizia: “Só existe ciência no oculto”. Ora, ao procurar o invisível, encontra-se por trás do mundo das aparências e dos fenômenos, o mundo invisível das leis que, juntas, constituem a ordem do mundo, na filosofia hinduísta, o mundo das aparências de maya.A complexidade não é um fundamento. É o principal regulador que não perde de vista a realidade no qual estamos e que constitui nosso mundo.

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O desenvolvimento da ciência

A complexidade da ciência é a presença do não-científico no científico, o que não anula o científico;Me refiro a ciência clássica, ela progrediu porque ela era de fato complexa. E é complexa porque há uma luta, um antagonismo entre seu princípio de rivalidade, de conflito de ideias ou teorias e seu princípio de unanimidade, de aceitação da regra de verificação e argumentação. Se baseia ao mesmo tempo no consenso e no conflito, se move sobquatro patas: racionalidade, empirismo, imaginação e verificação.Acrescento: na Biologia a redução requer novo olhar para o ser vivo revendo conceitos originários; a Química reduzida a microfísica não se retira do contexto.

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Ruído e informação

A crítica, um dos pilares que defendo do pensar complexo, não a crítica pela crítica, mas crítica com sugestões de melhoria;É preciso que haja o encontro entre o acaso e uma potencialidade organizadora.O ruído só aparece com o ser humano que é dotado de razão e, portanto, questiona assim desconstrói e reconstrói;Sobre informação digo que ela poderia ser definida fisicamente uma verdade parcial;

Enfatizo: A informação só aparece com o ser vivo.

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Informação e conhecimento

Vamos esclarecer o problema da informação versus conhecimento. Eu diria que a sabedoria é reflexiva, que o conhecimento é organizador, que a informação se apresenta sob a forma de unidades sob a forma de bits.Ex.: um bit é a menor parte de uma informação (no mundo da computação) e não tem um significado em sí. Já um caractere sim! Em informática um caractere é a formado por 8 bits = 1 byte e este byte possui representação, por exemplo: a letra A em binário 10100001, daí podemos ter uma noção que a informação correta conduz ao conhecimento correto.Vejamos o aparelho cerebral, está separado do mundo exterior e seu “pen drive” é a mente que sozinha não pode descobrir que ela funciona através das interações intersinápticas entre miríades de neurônios. Se pergunte: o que minha mente conhece de meu corpo? Nada!

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Paradigma e ideologia

Um paradigma privilegia certas relações lógicas em detrimento de outras, é assim. É por isso que um paradigma controla a lógica do discurso e a semântica. A questão da ideologia , em si ideologia tem um sentido inteiramente neutro: é um sistema de ideias.

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Ciência e filosofia

Eis uma que me parece indispensável e indissociável. Para mim a ciência é a aventura da inteligência humana em ação que trouxe descobertas e enriquecimentos, aos quais a reflexão filosófica não seria capaz de somar, conforme a sistemática requer, sozinha.O exemplo da partícula, passou-se da partícula conceito-fundamento para a partícula conceito-fronteira; a partir de então, a partícula não nos remete de modo algum a ideia de substância elementar simples, mas a nova fronteira do inconcebível e do, ainda, indizível.

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Ciência e filosofia

Uma reflexão acerca da visão histórico-filosófica. Pacífico, segunda guerra mundial, frotas americanas e japonesas estavam em luta. Milhares de combatentes singulares, cada um aleatório e ignorando os outros. Finalmente, uma frota bate em retirada e dizem: os americanos ganharam. Então, enfim, cada um dos combatentes singular ganha sentido.

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Ciência e psicologia

Piaget sendo um de meus principais objetos de estudo, digo que se encontra no cruzamento das ciências humanas, da biologia, da psicologia e da epistemologia. Piaget traz a ideia do sujeito epistêmico que considero fecunda. Sou partidário do construtivismo piagetiano, mas com a reserva de que ele esquece do construtivismo. Piaget ignorava a necessidade de forças complexas organizadoras inatas para que houvesse aptidões importantes para conhecer e aprender.

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Competências e limites

Problema-chave dos limites: Como sermos ajudados pelas contradições? Como as aporias que nos interditam pensar podem de uma outra maneira nos estimular a pensar? Aporias bem conhecidas: Como se pode aprender se já não se sabe? Se já sabemos, então não aprendemos nada; filosofando “aprender é recordar”; aprende-se a nadar, aprende-se a dirigir, aprende-se a aprender, inclusive. Não devemos nos deixar bloquear pelas contradições lógicas, nem cair no discurso incoerente.

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Um autor não oculto

Não vou responder sobre as coisas mais subjetivas, ainda que minha subjetividade tenha vontade de lhes responder. Mas, devo exprimir a consciência de existir pessoalmente em minha obra. Sou um autor não oculto, pois, ser autor é assumir suas ideias no melhor e no pior; tenho humildade, coloco-me à mesa para o debate, ouço meus leitores e suas críticas. Creio definir todos os conceitos que prenuncio. Criticam-me pelas metáforas, mas faço-as sabendo serem metáforas e não as faço sem que delas tenha conhecimento como muitos o fazem. Além disso, sabe-se que a história é feita de migração de conceitos, isto é, metáforas.

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Migração de conceitos

Os conceitos viajam, é melhor que viagem sabendo de que viagem clandestinamente. Da mesma forma é bom que viagem sem serem percebidos pelos aduaneiros! A circulação clandestina dos conceitos ao menos permitiu às disciplinas respirar, se desobstruir.Mendelbrot dizia que as grandes descobertas são frutos de erros na transferência dos conceitos de um campo a outro. É preciso talento para que o erro se torne fecundo.Assim como Hegel, Marx, Heidegger fiz e faço jogos de palavras, elas, as palavras fazem amor.Deve-se compreender que as metáforas fazem parte da convivialidade da linguagem e da convivialidade das ideias.

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A razão

Meu ponto de partida é a ideia da razão evolutiva. Ponho de lado racionalização, pois esta corre o risco de sufocá-la. A razão não é dada, não corre sobre trilhos, pode até se autodestruir! Como? Por processos internos da racionalização.Não confunda razão com racionalização, esta última objetiva, em sua grande maioria, encerrar uma situação ou discussão.