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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Introdução à análise linguística

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Introdução à análise linguística

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Ruben FormighieriEmerson Walter dos SantosJoseph Razouk JuniorMaria Elenice Costa DantasCláudio Espósito GodoyRobson Luiz Rodrigues de LimaRobson Luiz Rodrigues de LimaFernanda Rosário de MelloKathia Danielle Gavinho Paris / Paulo Cezar Migliozzi PaivaTatiane Barcelos MedeirosTatiane Esmanhotto KaminskiSabrina FerreiraAngela Giseli de SouzaDKO Estúdio / José Aguiar / Marcos GuilhermeO2 ComunicaçãoSinal Gráfico / Rosemara Aparecida Buzeti / Arowak© Thinkstock/Getty Images; © Shutterstock/Valua Vitaly; © Shutterstock/Franck Boston; © Shutterstock/Slavoljub Pantelic; © Shutterstock/ajt; © Shutterstock/ilker canikligil; P. Imagens/Pith; © iStockphoto.com/Dean Mitchell PhotographyEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

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@POR963Conceito e exemplos

sobre as funções da

linguagem

@POR963

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

L732 Lima, Robson Luiz Rodrigues de.Ensino médio : modular : língua portuguesa : introdução à análise linguística / Robson

Luiz Rodrigues de Lima ; ilustrações DKO Estúdio, José Aguiar, Marcos Guilherme. – Curitiba : Positivo, 2013.

: il.

ISBN 978-85-385-7548-1 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7549-8 (livro do professor)

1. Língua Portuguesa. 2. Ensino médio – Currículos. I. DKO Estúdio. II. Aguiar, José. III. Guilherme, Marcos. IV. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIO

Unidade 1: Funções da linguagem

O ato comunicativo 5

Funções da linguagem 7

Unidade 2: Gramática: definições, concepções, usos e estrutura

Gramática 22

Homonímia 34

Variação linguística 35

Uso do dicionário 43

Regras ortográficas 45

Regras de acentuação 46

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"As fronteiras da minha linguagem são as

fronteiras do meu universo."

WITTGENSTEIN, Ludwig. In: GIANETTI, Eduardo. O livro das citações. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.

Funções da linguagem1

Introdução à análise linguística4

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O ato comunicativo2>

Para que exista comunicação, deve haver necessidade de interação. Essa necessidade surge quando um indivíduo (emissor) precisa comunicar algo (mensagem = conteúdo) relativo a certo assunto (referente = contexto), utilizando determinado meio (código) veiculado de algum modo (canal) para determinada pessoa (receptor).

O responsável pelo desenvolvimento da teoria representada

no esquema foi o linguista russo

Roman Jakobson (1896-1982). Para

ele, a linguagem é um instrumento de

comunicação. Dessa forma, ele descreveu

os elementos que compõem o ato

comunicativo, demonstrando que a linguagem pode ser usada com variadas

funções. Jakobson observou os elementos que compõem o ato comunicativo, identificando seis:

1. emissor ou remetente – aquele que envia uma mensagem, seja ela oral ou escrita: uma fala, um e-mail, uma carta, etc. Exemplo: Quem envia um e-mail.

2. destinatário ou receptor – aquele a quem a mensagem se destina. Exemplo: Quem recebe o e-mail.

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LÍNGUA PORTUGUESA

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3. mensagem – é o conteúdo transmitido do remetente para o destinatário. O assunto do e-mail. Exemplo: Amigos marcando um encontro.

4. código – meio escolhido para veicular o conteúdo transmitido do remetente ao destinatário. Ex.: Um e-mail escrito em língua portuguesa.

5. referente – é o contexto, o assunto que define a mensagem. Ex.: Colegas de sala de aula marcando, por e-mail, um encontro.

6. canal – meio físico ou virtual que assegura a circulação da mensagem. Ex.: O e-mail foi enviado via ciberespaço (internet). Mas, além do e-mail, a mensagem poderia ter sido transmitida por um bilhete, ao telefone, numa conversa, etc.

Uma comunicação eficiente deve atentar para os elementos que estão presentes no ato comunicativo. De maneira geral, para que a comunicação seja efetiva, um indivíduo (emissor) precisa comunicar algo (mensagem) relativo a um assunto (referente), utilizando determinado meio (código) veiculado de algum modo (canal) para certa pessoa (receptor).

Conceito e

exemplos

das

funções da

linguagem

@POR963

Dependendo do propósito comunicativo, a linguagem focaliza determinado elemento da comunica-ção e um tipo diferente de função passa a ser privilegiado. Assim, se, por exemplo, a intenção de um evento comunicativo for a de convencer alguém, a linguagem estará centrada no receptor e a função privilegiada será a apelativa.

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Receptor

Mensagem: Felipe, você topa

ir com o pessoal da turma

ao cinema hoje à noite?

Tá todo mundo querendo

desestressar da semana de

provas...

Assunto: um convite

feito a um colega para

ir ao cinema com a

turma.

Código: língua

portuguesa

Canal: ondas sonoras,

que permitem a

propagação de

mensagem.

Emissor

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A necessidade de interação

Busque uma situação do seu cotidiano e exemplifique-a, identificando uma necessidade comunicativa decorrente dela.

Situação:

Necessidade comunicativa:

Agora, identifique os elementos da comunicação na situação a seguir:

Funções da linguagem

Estudando os seis elementos, Jakobson identificou que, em um ato comunicativo, pode--se destacar um ou outro, de acordo com a intenção. Assim, a linguagem assumiria diversas funções ao priorizar determinado elemento. Jakobson classificou essas funções em seis tipos, que estão a seguir.

Função expressiva ou emotiva Essa função é centrada no emissor da mensagem. Ela serve para expressar sentimentos,

impressões, opiniões e julgamentos de quem envia a mensagem. Caracteriza-se pelo uso de verbos na primeira pessoa, da subjetividade e do uso de metáforas e recursos expressivos para revelar o “eu” que fala ao mundo. Pode-se dizer que os contos, os romances, alguns poemas, enfim, os textos que tratam do “eu” possuem a predominância da função expressiva ou emo-tiva. Veja como exemplo o trecho da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, que está na página seguinte.

Memórias Póstumas de Brás Cubas é um livro escrito por Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura bra-sileira.

Trata-se da história de um defunto que, como já não devia nada mais a este mundo, começa a contar sua vida. A obra começa assim: “Ao ver-me que primeiro roeu as frias carnes do meu cadá-ver dedico com saudosa lembrança estas memó-rias póstumas” (isto é, essas memórias escritas após a morte).É um livro cheio de con-flitos psicológicos, iro-nias e sarcasmo. Você não pode deixar de ler.

José

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Atualmente, há inúmeros estudos a respeito das funções da linguagem e muitos conceitos foram ampliados. O termo “receptor”, por exemplo, pode ser substituído por “interlocutor”, já que a palavra “receptor” pode sugerir o entendimento de que um dos participantes do evento comunicativo apenas recebe as informações de forma passiva, quando, na verdade, todos os interlocutores são produtores ativos de sentido.

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Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vul-gar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao ce-mitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irrepa-rável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado." Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei!.

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Globo, 2008. p. 41-42.

1. Identifique quem é o narrador da história.

2. Que fato apresentado logo no início do romance Memórias póstumas de Brás Cubas surpreende o leitor?

3. O romance apresenta um discurso muitas vezes irônico. Isso pode ser evidenciado pelo trecho:

a) “Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.”

b) “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade.”

c) “Acresce que chovia – peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova.”

d) “Verdade é que não houve cartas nem anúncios.”

e) “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei!”

4. Que elementos textuais permitem afirmar que o texto exerce essencialmente a função expressiva da linguagem? Cite um exemplo.

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Mudando um pouco de assunto...

5. Todo mundo já passou ou sabe de alguém que tenha passado por alguma situação constrangedora (o popular “mico”). Escreva uma narrativa contando alguma situação constrangedora pela qual você tenha passado. Caso você nunca tenha vivido algo assim, coloque-se no lugar de algum amigo ou conhecido que tenha tido essa experiência e conte como foi. Lembre-se de que a narrativa tem de ser em primeira pessoa, como se você estivesse vivendo a história.

SIGA a gente no Twitter. Revista Atrevida, São Paulo: Escala, n. 185, p. 87, fev. 2010.

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Estrutura do gênero

textual anúncio

publicitário

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Quando o foco da comunicação, em dada situação de troca conversacional, é a expressão de sen-timentos, juízos, opiniões, impressões, julgamentos da própria pessoa que emite a mensagem, diz-se que há a predominância da função emotiva ou expressiva da linguagem.

Observe um trecho do artigo de opinião escrito por Martha Medeiros ao jornal Zero Hora:

Martha Medeiros: “felicidade é paz de espírito”

[...]

Felicidade— Quem consegue ser feliz sempre? Sem chance! Eu vejo a felicidade como uma soma de mo-

mentos, tanto os alegres como os tristes. Tristeza também pode fazer parte desse pacote. Ser feliz é justamente ter consciência de que nada é 100% satisfatório, que os períodos de baixa acontecem

e que são provisórios. Felicidade é paz de espírito! [...]

DONNA online. Martha Medeiros: “felicidade é paz de espírito”. Zero Hora. 22 jul. 2011. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/donna/noticia/2011/07/martha-medeiros-felicidade-e--paz-de-espirito-3407460.html>. Acesso em: 29 abr. 2012.

É comum que cada função da linguagem apresente marcas linguísticas específicas. Na função emotiva ou expressiva, são utilizados com frequência verbos em 1.ª pessoa; sinais de pontuação, como a exclamação e as reticências; linguagem figurada; e expressões metafóricas. Essas marcas contribuem para identificar os julgamentos expressos pelo emissor, salientando, assim, suas impressões pessoais acerca de determinado fato e/ou ideia.

Função conativa ou apelativaEssa função é centrada no receptor ou destinatário. Quando a linguagem se dire-

ciona ao destinatário, tem a intenção de persuadir, convencer, conquistar quem recebe a mensagem. Os textos publicitários usam essencialmente a função apelativa, já que a intenção é convencer o receptor a comprar determinado produto ou ideia. Para tal, muitas vezes, um recurso utilizado é o uso de verbos no imperativo (Beba! Use! Compre! Siga! Fique!) e de vocativos (chamamentos: você, cliente amigo!). Observe ao lado.

1. Qual o objetivo do texto publicitário veiculado pela revista Atrevida?

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2. O sentido da frase: “A @atrevida te conta as novidades e você fica sabendo de tudo antes!” fica mais evidenciado em:

a) A menina @atrevida te conta as novidades e você fica sabendo de tudo antes!

b) A revista @atrevida te conta as novidades e você fica sabendo de tudo antes de ser divulgado no Twitter!

c) O Twitter @atrevida te conta as novidades e você fica sabendo de tudo antes na revista!

d) A revista @atrevida te conta as novidades e você fica sabendo de tudo antes no Twitter!

e) A @atrevida te conta as novidades no Twitter e você fica sabendo de tudo antes pela menina!

3. Que elementos presentes no texto publicitário evidenciam a função apelativa?

Como você observou, quando o foco da atividade comunicativa é o de convencer o destinatário acerca de algo, persuadindo-o, ou ainda o de influenciá-lo de alguma forma, a função da linguagem predominante é a conativa ou apelativa. E os textos em que é bastante comum a presença da função conativa são os da esfera publicitária. São, portanto, textos cujo objetivo principal é o de influenciar o comportamento do leitor, para que ele possa aderir a uma ideia ou comprar algum produto. Observe este outro exemplo:

PORQUE a vida é agora. Pêssego. Visa. Disponível em: <https://www.visa.com.br/conteudo.asp?pg=584>. Acesso em: 27 abr. 2012.

Hoje os pêssegos estão perfeitos.

Na próxima semana, talvez não. Porque a vida é agora.

Além do modo imperativo (“faça”; “use”; “compre”; “leia”), há o uso de vocativos, que aproximam o interlocutor na “conversa”. Entretanto, alguns textos em que a função conativa ou apelativa ganha destaque não apresentam essas marcas linguísticas, como o exemplo acima. Porém, o objetivo continua sendo o de influenciar o destinatário da mensagem.

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Função referencialEssa função é centrada no contexto, no assunto da mensagem. A intenção do emissor

é informar sobre o referente, sobre o assunto. Enquanto a função expressiva é subjetiva, a referencial busca ser essencialmente objetiva, limitando-se à expressão dos fatos, sem que constem opiniões do emissor. A linguagem é formal, prevalecendo o uso de terceira pessoa.

A predominância da função referencial dá origem a diversos gêneros que priorizam o assunto da mensagem, tais como: dissertação, notícia, artigo científico, notícia, reportagem, etc.

Um texto pode ter mais de uma função ao mesmo

tempo, mas, dependendo de qual função da linguagem

seja predominante, o texto assumirá uma organização

específica e exercerá um tipo de função social – são

os denominados gêneros textuais.

a) Qual o assunto da notícia?

b) A opinião do jornalista aparece no texto? Justifique.

c) Na notícia, há a interpretação de um fato. Que fato é esse? Qual a interpretação? Quem é que inter-preta?

Leia, atentamente, o texto. Em seguida, responda às questões.

PF quer vídeo que mostra a dupla que tentou vender

prova do ENEM

A Polícia Federal vai solicitar à Justiça que um café do Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo) entregue imagens de seu circuito de vídeo de uma reunião dos dois rapazes que tentavam vender a prova do ENEM a jornalistas do jornal O Estado de S. Paulo. O fato de a reunião ter sido realizada num café que dispõe de câmeras de vídeo revela, na interpretação de delegados da Polícia Federal ouvidos pela Folha, certo amadorismo da dupla. A PF investiga se a dupla cometeu os seguintes crimes: violação de sigilo funcional, corrupção passiva e estelionato contra uma instituição de direito público – o Ministério da Educação, no caso. Ontem, o delegado que cuida do caso em São Paulo, Osvaldo Scalezi Junior, ouviu repórteres que conversaram com os dois rapazes e com o empresário que colocou a dupla em contato com jornalistas – Luciano Rodrigues, dono de uma pizzaria nos Jardins. Rodrigues foi convocado para depor na PF na próxima segunda-feira.

PF QUER vídeo que mostra a dupla que tentou vender prova do ENEM. Folha Online, 3 out. 2010. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u632926.shtml>. Acesso em: 27 abr. 2010.

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Os suportes que veiculam notícias (revistas, jornais, etc.) devem se manter fiéis à função referencial, até porque, geralmente, ao ler um jornal ou revista, o leitor espera conhecer os fatos para poder, com base nestes, formar sua própria opinião e não ler a opinião ou interpretação do jornalista que redigiu a notícia a respeito do fato.

No entanto, os meios de comunicação, como jornais, rádio, revistas, televisão, podem, de certa forma, influenciar a opinião de seus leitores.

d) Na notícia em análise, que elementos textuais evidenciam a predominância da função referencial? Cite um exemplo.

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O objetivo principal em situações de comunicação em que a função referencial seja a privilegiada é o de informar o interlocutor acerca de algum assunto. Os fatos, portanto, são informados tais como aconteceram, sem a indicação das impressões pessoais do emissor, conforme se pode observar no exemplo:

Estudo indica que falta de exposição ao sol pode causar miopia

Trocar atividades ao ar livre por estudos e brincadeiras em ambientes fechados explicaria por que nove entre dez jovens prestes a deixar a escola nas grandes cidades da Ásia são míopes, afirmam os autores de um estudo que será publicado nesta sexta-feira (4).

Nem fatores genéticos, nem o aumento de atividades, como a leitura e a escrita, deveriam ser culpados, sugerem os autores da pesquisa, mas apenas a falta de exposição ao sol.

Acredita-se que a exposição aos raios solares estimule a produção de dopamina, substância que evita que o olho cresça alongado, distorcendo o foco de luz que entra no globo ocular.

[...]

ESTUDO indica que falta de exposição ao sol pode causar miopia. Uol Notícias, 4 maio 2012. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/afp/2012/05/04/estudo-indica-que-falta-de-exposicao-ao-sol-pode-causar-miopia.htm>. Acesso em: 4 maio 2012.

Textos em que é privilegiado o assunto da mensagem, como artigos científicos, artigos de divulgação científica, notícias, textos dissertativo-argumentativos, são tipicamente textos em que a função referencial ou denotativa ganha destaque. Além do emprego de verbos em 3.ª pessoa (“Acredita-se que”), marcas de subjetividade, como pontos de exclamação, por exemplo, são raras, e até mesmo evitadas.

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Analise, atentamente, esta capa de revista:

Agora, responda:

1. Qual o assunto principal apresentado pela re-vista (manchete)?

2. Que efeito discursivo o tom sombreado dá ao rosto de Fidel Castro?

3. Explique o efeito produzido pelas letras garra-fais e pela ausência de pontuação na chamada: “JÁ VAI TARDE”.

4. Explique como o uso do adjetivo colabora para a construção dos sentidos na frase: “O fim me-lancólico do ditador que isolou Cuba e hipnoti-zou a esquerda durante 50 anos.”.

Função fáticaExplorando o canal, o emissor pode manter, testar ou interromper a comunicação com o receptor. Por exemplo:

Se o canal for de mensagens instantâneas Se o canal for o telefone

(Para dizer ao interlocutor que a mensagem está sendo ouvida e compreendida)

“Alô!”

“Humhum”,

“tá”, “entendo”,

etc.

(Para o emissor se certificar de que conseguiu estabele-cer contato.)

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A ênfase, nessa função, é no canal, ou seja, no elemento que permite o contato entre os in-terlocutores. Quando a função fática é a predominante, o enfoque se dá na manutenção ou não do contato entre emissor e receptor. É como se fosse criada uma situação de “solidariedade” entre os interlocutores. Observe o exemplo:

— Alô. Estou sim; pode falar.

— Tudo bem e você?

— Olha, se for dinheiro, nem

vem... A situação tá difícil

pra todo mundo, né?

— Alô, Jeferson, está

me ouvindo?

— Como você está?

Tudo bem?

— Bem... Sabe o que é?

Estou precisando de

um favorzinho seu...

Na função fática, algumas marcas linguísticas são características, como os marcadores conver-sacionais. No exemplo acima, os termos “olha” e “né?” são marcadores que têm função de manter o contato entre os interlocutores, assim como o termo “alô” e as construções “Como você está?”, “Tudo bem?”, responsáveis pela marcação do início do diálogo entre eles.

Se o canal for um livro, uma revista ou demais suportes para texto escrito No texto escrito, a função fática se manifesta por uma série de recursos cujo objetivo é

manter o receptor "preso" ao canal até o final do texto. Esses recursos são:

a) tipo de letra – geralmente a letra de script (letra de forma, respeitando maiúsculas e mi-núsculas) é mais fácil de ser lida que a manuscrita, a qual depende muito do traçado que cada um é capaz de fazer;

b) tamanho das frases – frases curtas passam o recado com mais rapidez e não deixam a leitura cansativa. Muitos apostos e muitas orações subordinadas tornam o texto maçante e, por vezes, confuso. Observe o exemplo:

Algumas pessoas costumam usar frases exageradamente longas em seus textos para expressar seus pensamentos, o que, de certa forma, dificulta a compreensão da ideia central e, consequentemente, compromete a comunicação. Isso porque o leitor, que espera ler o texto para compreender algo, perde-se em um emaranhado de informações que são irrelevantes e desiste da leitura ou, como se pode observar em muitos casos, termina a leitura com a sensação de que nada compreendeu acerca do que fora lido.

Informação veiculada: Algumas pessoas costumam usar frases longas em seus textos. Isso dificulta o trabalho do leitor e pode levá-lo a desistir da leitura.

c) redundância – retomar as informações principais ao longo do texto pode facilitar a com-preensão da mensagem.

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Atender bem ao telefone é uma arte, pois, além do uso correto da função fática, você precisa de uma série de “truques” para obter sucesso em trabalhos, como secretário(a) executivo(a), estagiário(a) ou sim-plesmente para atender bem qualquer pessoa. Veja, a seguir, algumas dicas:

[...]

Substitua o habitual “alô”. Use a prática utilizada pela empresa: nome da empresa, seu nome e sua saudação para ligações externas e/ou apenas seu nome;

evite o terrível “quem fala?”, “quem é?” “quem gostaria?”. Seja cortês ao telefone e pergunte de outra forma, como “por gentileza, quem deseja falar ou quem quer falar?”;

nunca digite enquanto fala ao telefone e evite fazer barulho ao redor que possa prejudicar a conversa;

se tiver uma crise de riso, soluço ou tosse, peça licença e coloque o telefone em “espera”;

se tocar uma outra linha, peça licença por 1 minuto, atenda a 2.a linha e diga que está em outra ligação e que retornará em seguida;

evite comer, beber, mascar chiclete ou chupar bala enquanto fala ao telefone;

se combinar dia e horário para retornar a ligação, faça-o conforme o combinado, ou, caso haja algum imprevisto, avise;

se a ligação for feita para um celular, sempre inicie a conversa, perguntando se a pessoa pode atender naquele momento;

nunca diga “Ele não se encontra”, afinal ele não está perdido. Diga apenas “Ele não está”;

se estiver ao telefone com o cliente, evite conversar com a colega de trabalho quando ele sair da linha por alguns instantes. Ele poderá ouvir algum assunto pessoal ou da empresa;

se estiver resfriado(a), evite tossir ou espirrar ao telefone enquanto fala. Peça um minuto e coloque o telefone em “espera”. Caso a situação esteja crítica, peça desculpas e ligue em seguida, quando estiver se sentindo melhor;

sorria ao telefone. Você pode não perceber, mas fará toda a diferença. Você não se sente mais à vontade quando alguém fala com você sorrindo? Pois é...

se não quiser ofender o cliente, evite falar “Ele saiu”, “Está em reunião”, “Não pode atender”. Procure ser sincero(a) na medida do possível e evite esses clichês;

seja natural ao telefone. Você não percebe quando alguém está mentindo ao telefone? Tenha certeza de que os outros também!

na necessidade de anotar um recado para o chefe ou colega de departamento, tenha sempre à mão papel e caneta, escreva com letra legível e fale e anote cor-retamente. Atenção: não faça o cliente repetir várias vezes o recado. Ninguém suporta isso!

SIN SESP. Dicas úteis para falar corretamente ao telefone. Disponível em: <http://www.sinsesp.com.br/index.php/artigos/comport/18-dicas-uteis-para-falar-corretamente-ao-telefone>. Acesso em: 28 abr. 2010.

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1. Qual o tema do texto de José Paulo Paes?

2. Qual o significado da palavra epitáfio? De que modo conhecer o significado dessa palavra auxilia na compreensão do poema?

3. Como a função poética é explorada pelo texto e quais os sentidos que nascem dessa exploração?

Queria ter aceitadoAs pessoas como elas sãoCada um sabe alegriaE a dor que traz no coração...

Devia ter amado maisTer chorado maisTer visto o Sol nascerDevia ter arriscado maisE até errado maisTer feito o que eu queria fazer...

O acaso vai me protegerEnquanto eu andar distraídoO acaso vai me protegerEnquanto eu andar...[...]

BRITO, Sérgio. Epitáfio. In: TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. Abril: Music, 2001.

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Função poéticaÉ centrada na própria mensagem, isto é, no modo como foi organizada. A estrutura da mensagem

agrega sentido ao referente (assunto), ou seja, a intenção não é usar a mensagem como mero veículo de sentidos, mas construir sentido por meio da própria organização textual. Essa função é predomi-nante nos poemas.

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Epitáfio para um banqueironegócioegoóciocio0

PAES, José Paulo. Epitáfio para um banqueiro. In: Melhores poemas de José Paulo Paes. 2. ed. Organização de Davi Arrigucci Junior. São Paulo: Global, 2000.

16 Introdução à análise linguística

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Diferentemente da função referencial, cujo foco é o assunto, na função poética o foco recai nos elementos que compõem a mensagem, como a escolha do vocabulário, a sonoridade das palavras, a arrumação dos termos na frase, sua ordem, etc. Observe o exemplo:

ESCHER, Maurits Cornelis. Mão desenhando-se. 1948.

Confiratudo querespira

conspiraLEMINSKI, Paulo. Poesias. Disponível em: <http://www.releituras.com/pleminski_poesias.asp>. Acesso em: 28 abr. 2012.

Como essa função é muito recorrente em poemas, textos em que o trabalho com a palavra é um elemento característico, a mensagem se volta para si mesma, tornando-se multissignificativa. Não apenas os poemas apresentam a função poética. Em outros textos, como nos anúncios publicitários, etc., ela também pode estar presente, já que neles são focalizados os elementos que formam a mensagem.

Função metalinguísticaEssa função é centrada no código. A intenção do emissor é falar sobre a própria linguagem. Então,

a metalinguagem é o uso de uma linguagem para falar de si mesma. Exemplos:

a gramática, que se utiliza da língua para explicar como a língua funciona;

um poema que trata do ofício de se fazerem poemas;

um dicionário que usa palavras para dizer o que as palavras significam;

um desenho cujo tema seja desenhar, como é o caso da tela de Escher que está a seguir.

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Observe este exemplo de função metalinguística no qual é feito o uso, em dado evento de comu-nicação, da língua portuguesa para falar de língua portuguesa.

Pronomes são palavras que acompanham ou substituem os nomes.

Dificilmente apenas uma dessas funções que você observou aparecerá em um texto. No entanto, sempre haverá uma predominante, e essa predominância é definida pelos objetivos comunicacionais.

O estudo da comunicação evolui de modo contínuo e a teoria de Jakobson é constantemente apri-morada e rediscutida. Os termos “receptor”, “mensagem” e “emissor”, por exemplo, são questionados, pois passam a impressão de passividade, como se o receptor não tivesse trabalho nenhum e apenas recebesse as informações.

Entretanto, o receptor tem o imenso trabalho de atribuir sentido ao que está sendo enviado pelo emissor. Assim, não há emissor e receptor, mas interlocutores que constroem e reconstroem sentidos a fim de ampliarem cada vez mais o universo da comunicação.

Estudar comunicação é estudar os processos de produção de sentido e o efeito que essa produção de sentido tem sobre a sociedade. Dessa forma, o estudo de Língua Portuguesa não pode estar des-vinculado do estudo dos códigos, das linguagens e de suas tecnologias.

(UFAL)

O estudo dos gêneros não é novo, mas está na moda

O estudo dos gêneros textuais não é novo e, no Ocidente, já tem pelo menos vinte e cinco séculos, se considerarmos que sua observação sistemática iniciou-se com Platão. O que hoje se tem é uma nova visão do mesmo tema. Seria gritante ingenuidade histórica imaginar que foi nos últimos decênios do século XX que se descobriu e iniciou o estudo dos gêneros textuais. Portanto, uma dificuldade natural no tratamento desse tema acha-se na abundância e diversidade das fontes e perspectivas de análise. Não é possível realizar aqui um levantamento sequer das perspectivas teóricas atuais.

O termo “gênero” esteve, na tradição ocidental, especialmente ligado aos gêneros literários, cuja análise se inicia com Platão para se firmar com Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, pela Idade Média, o Renascimento e a Modernidade, até os primórdios do século XX. Atualmente, a noção de gênero textual já não mais se vincula apenas à literatura, mas é usada em etnografia, sociologia, antropologia, retórica e na linguística.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. p.147. Adaptação.

18 Introdução à análise linguística

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Análise do uso midiático das funções da comunicação

Pesquise, em jornais, revistas, sites, blogs, televisão, outdoors, um exemplo que ilustre cada uma das funções da comunicação, registrando, no caderno, os resultados de sua pesquisa. Lembre-se de explicar o objetivo do uso de determinada função e o efeito desse uso sobre o leitor.

A análise das características gerais do texto revela que:

1. ele tem uma função predominantemente fática; nele prevalecem a descrição e a utilização de uma linguagem formal, que está adequada ao gênero em que o texto se realiza.

2. sua função é prioritariamente referencial, embora no início do segundo pará-grafo se evidencie um trecho metalinguístico; do ponto de vista tipológico, é caracteristicamente expositivo.

3. nele, podem-se encontrar algumas marcas da oralidade informal; por outro lado, sua linguagem é eminentemente conotativa e, embora seja descritivo, apresenta vários trechos injuntivos.

4. ele é um texto típico da linguagem escrita formal, que apresenta um vocabulário específico, embora numa formulação simples; cumpre uma função informativa e está elaborado conforme a norma urbana de prestígio da nossa língua.

Estão corretas apenas:

a) 1 e 2 b) 2 e 3 c) 3 e 4 d) 1 e 3 e) 2 e 4

O Modernismo foi um movimento artístico que revolucionou a arte brasileira no início do século XX. Um grupo de jovens intelectuais formado, entre outros, por Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Mario de Andrade, trouxe para o Brasil uma série de ideias estéticas muito inovadoras para os padrões conservadores vigentes. A proposta era promover uma renovação na linguagem artística brasileira.

Para ter uma noção do impacto desse movimento na vida intelectual dos brasileiros, basta se lembrar de que, na semana entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, os modernistas promoveram diversos eventos culturais a fim de divulgar suas ideias. Um deles, o jovem maestro Heitor Villa-Lobos, entrou para reger sua sinfonia usando um sapato em um pé e um chinelo no outro, além de portar uma bengala. Disse ele que não era provocação, mas uma crise de gota. Depois, no meio da sinfonia, ele utilizou uma folha de zinco para fazer o barulho de trovoada. A reação da conservadora sociedade da época foi vaiar. Vaiaram tanto que a direção do teatro mandou descer a cortina no meio da apresentação.

Essa revolucionária semana ficou conhecida como a Semana de Arte Moderna de 1922.

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1. Considere que a peça publicitária é uma relei-tura da obra Autorretrato em manteau rouge e explique por que a propaganda se configu-ra como uma homenagem tanto a Tarsila do Amaral quanto ao público feminino.

2. No campo da publicidade, é comum a utilização de obras de arte em anúncios para a divulgação de diferentes produtos. Explique por que obras de arte são utilizadas como recurso para persua-dir o consumidor a usar determinado produto.

3. (ENEM)

Pequeno concerto que virou cançãoNão, não há por que mentir ou esconderA dor que foi maior do que é capaz meu coraçãoNão, nem há por que seguir cantando só para

explicarNão vai nunca entender de amor quem nunca

soube amarAh, eu vou voltar pra mimSeguir sozinho assimAté me consumir ou consumir toda essa dorAté sentir de novo o coração capaz de amorVANDRÉ, G. Pequeno concerto que virou canção. Disponí-vel em: <http//www.letras.terra.com.br>. Acesso em: 29 jun. 2011.

Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a mani-festação da função poética da linguagem, que

é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, per-cebe-se, também, a presença marcante da fun-ção emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor:

a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos.

b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção.

c) busca persuadir o receptor da canção a adotar certo comportamento.

d) Procura explicar a própria linguagem que utili-za para construir a canção.

e) Objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada.

4. Leia a letra da canção a seguir:

Alô, alô, marcianoAlô, alô, marcianoAqui quem fala é da TerraPra variar estamos em guerraVocê não imagina a loucuraO ser humano tá na maior fissura porqueTá cada vez mais down o high societyREGINA, Elis. Alô, alô, marciano. Disponível em: <http://letras.mus.br/elis-regina/87856/>. Acesso em: 23 ago. 2012.

Conforme a propaganda do perfume, “Tarsila tem sua imagem inspirada na obra Manteau rouge alusiva a um casaco, ou manto, vermelho usado pela artista num jantar oferecido a Santos Dumont, em Paris. O look vibrante de Tarsila impressio-nou tanto os convidados, a ponto de a musa do movimento modernista se transformar no centro de atenções da festa. Ao sair do evento, pintou o autorretrato e deu-lhe o título em francês”. Autorretrato em manteau rouge foi pintado em 1923.

Considerando seu conhecimento sobre comunicação e funções de linguagem, responda às seguintes questões:

(UFG – GO)

Campanha publicitária. (Adaptação). AMARAL, Tarsila do. Autorretrato em manteau rouge. 1923.

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a) Que funções de linguagem podem ser perce-bidas na letra dessa canção?

b) Nesse trecho da letra, ocorre uma antítese e sua compreensão é fundamental para a leitu-ra do texto. Qual é a antítese e qual o efeito de sentido produzido por esse recurso?

5. (ENEM)

A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecos-sistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.

DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem:a) emotiva, porque o autor expressa seu senti-

mento em relação à ecologia.b) fática, porque o texto testa o funcionamento

do canal de comunicação.c) poética, porque o texto chama a atenção para

os recursos de linguagem.d) conativa, porque o texto procura orientar

comportamentos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noções e

informações conceituais.

6. (UEMS)

Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no su-jeito que as possui, outra no espírito dos que o ou-vem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em

um sujeito solitário, remoto de todo o contato com os outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto quanto as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou; por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem es-pectador. Um dia, estando a cuidar nestas cousas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existên-cia de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu a doutrina salvadora.

ASSIS, Machado. O segredo do bonzo. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II.

No texto, o narrador interpela um possível in-terlocutor, a fim de que este entenda o que vai narrar. Em referência às funções de linguagem, as que predominam nesse texto denominam-se:

a) referencial e emotiva.b) metalinguística e fática.

c) emotiva e metalinguística.d) fática e referencial.e) conativa e emotiva.

7. (UFG – GO) A frase abaixo foi extraída de um anúncio que “vende” produto para pele:

Hoje você é uma uva.Mas cuidado, uva passa.

Cláudia, ago. 1996.

a) Comente a superposição de funções gramati-cais que recai sobre a palavra “passa”.

b) Explique os efeitos persuasivos provocados por essa superposição.

c) Discorra sobre a função da linguagem que predomina na frase.

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Gramática: definições, concepções, usos e estrutura

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a) Gramática ou dramática? O que você pensa acerca do estudo de Língua Portuguesa na escola?

b) Você acredita que a Língua Portuguesa é árdua, difícil?

c) Uma garota ou um garoto lindo(a) chega perto de você em uma festa e diz: “Oi. Essa balada tá meia lotada... Vamos para um lugar com menas pessoas?” Essa frase mudaria sua impressão sobre a pessoa? Explique.

d) Em sua opinião, aprender gramática normativa é importante? Por quê? Justifique sua resposta.

e) Quais são as suas expectativas para o estudo de Língua Portuguesa no Ensino Médio?

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Gramática

Introdução à análise linguística22

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Leia o texto a seguir:

Não atropele a gramática ao falarReinaldo Polito

Você fala “fazem três anos” ou “faz três anos”? “Éramos em cinco” ou “Éramos cinco”? Pois é, deslizes primários como esses podem jogar por terra uma carreira profissional construída durante uma vida inteira com muito sacrifício. Vale a pena dar uma olhada em algumas questões gramaticais que podem ser aperfeiçoadas até com facilidade.

Não sou professor de Português. Não me sinto qualificado para exercer essa atividade tão complexa, difícil e desafiante. Por outro lado, por sorte, tenho grandes amigos que são craques no ensino da nossa língua, como o professor Pasquale Cipro Neto, um dos mais competentes mestres nessa matéria em todo o país e a professora Edna Barian Perrotti, autora do excelente Superdicas para escrever bem diferentes tipos de texto. Sempre que tenho dúvidas, recorro a eles.

Tive bons professores de Português e aprendi muito também com os revisores dos meus livros. Tenho todas as revisões bem guardadas. Quando recebia meus originais “rabiscados” pela revisão da editora, mandava encadernar para usar como fonte de consulta. Como já escrevi 15 livros, deu para formar uma boa biblioteca com esse material.

É muito difícil escrever um texto sem dar pelo menos uma escorregadela. De vez em quando, escapa uma daquelas bem caprichadas. Esses deslizes quase nunca passam despercebidos, pois conto também com a ajuda dos leitores, que sempre me alertam para as incorreções nos artigos.

Talvez, no final, você me mande um e-mail perguntando: “Polito, esse erro que encontrei no seu texto não faz parte da coleção de livros que você mandou encadernar?” Tomara que esse fato não ocorra. Mas, se o erro aparecer, vamos rir juntos.

Entretanto, vou deixar a preocupação gramatical com textos escritos para os meus amigos professores de Português e perambular por uma praia que me é mais familiar: a importância das regras gramaticais na comunicação oral.

Você poderia questionar: Mas as regras gramaticais não são as mesmas para falar e para escrever? Sim. E não. Citando novamente o professor Pasquale, a comparação que ele faz da língua com as roupas do nosso armário é ótima para esclarecer a importância da adequação da nossa linguagem. Temos roupas diferentes para as mais diversas ocasiões, e usamos uma ou outra dependendo da circunstância.

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Com a língua não é diferente. Se tivermos de apresentar um projeto acadêmico, a linguagem deverá ser própria para a academia. Se fizermos uma exposição na empresa, os termos do mundo corporativo serão os mais apropriados. Se estivermos conversando com um grupo de amigos, a comunicação solta, do cotidiano, sem muita preocupação com acertos ou desvios gramaticais é a mais indicada.

Podemos ter o mesmo raciocínio também quando nos referimos à gramática para a comunicação escrita e para a oral.

Se cometermos um ou outro pecado linguístico na comunicação falada, provavelmente não seremos encaminha-dos para o cadafalso. Entretanto, um deslize na comunicação escrita não será visto com a mesma benevolência, já que houve condições para ler, reler e providenciar as correções.

Mesmo assim, descuidos grosseiros na comunicação oral podem ser um desastre para a imagem e a reputação de uma pessoa. É um sinal evidente da sua falta de formação e de preparo. Uma indicação explícita de que houve uma lacuna no seu processo de educação.

Há uma corrente de estudiosos que pensa de forma diferente. Julgam que essa preocupação não passa de perfu-maria. Não concordo. Mas, como são autoridades nesse tema, preciso mencionar esse ângulo distinto da questão.

Ao longo dos anos, notei um fato curioso com a comunicação dos meus alunos: alguns negligenciam as regras gramaticais quando falam, mas não quando escrevem. O nervosismo, a pressão de estar diante do público, a ansiedade são fatores que tiram a tranquilidade e podem predispor ao erro.

Com base nessas observações, colecionei os deslizes gramaticais mais frequentes na comunicação oral. Como são incorreções muito evidentes e facilmente identificadas, não custa nada fazer uma avaliação para constatar se você, até por descuido, não está cometendo alguns desses deslizes.

1. “Fazem muitos anos” que este erro ocupa o primeiro lugar no pódioNão é conveniente, por exemplo, dizer “fazem três anos, fazem muitos anos”. A explicação para essa questão

gramatical é simples. Quando o verbo “fazer” se refere a tempo ou indica fenômenos da natureza deve perma-necer na terceira pessoa do singular, porque é impessoal, não tem sujeito e, por isso, não pode ser flexionado.

Portanto, mais apropriado seria dizer: Faz três anos que ocupo o cargo de diretor na empresa. Faz oito meses que parei de fumar. A mesma regra pode ser aplicada para o verbo haver quando usado no sentido de existir. Por exemplo: Havia manchas em todas as roupas, e não “haviam manchas em todas as roupas”. Houve comentários favoráveis à proposta, e não “houveram”.

2. A segunda posição vai para haja vistoDe acordo com as minhas anotações, o segundo deslize gramatical de maior incidência na comunicação oral

é o uso de “haja visto” no lugar de “haja vista”.A expressão haja vista não varia, pois sua formação ocorre com a terceira pessoa do imperativo do verbo haver

acrescida de vista, um substantivo feminino. Exemplo: Haja vista as notícias de corrupção estampadas nos jornais.3. Mim tem presença garantida no pódioExplique melhor “para mim entender”. O terceiro deslize gramatical mais frequente na comunicação oral

possui uma peculiaridade bastante curiosa: a maioria que desconsidera essa regra sabe como deveria falar, mas o hábito é tão automatizado que quando as pessoas se dão conta já escapou.

É mais fácil entender do que pôr em prática. O “eu” deve ser usado antes do verbo porque nesse caso ele funciona como sujeito do infinitivo. Só se usa o “mim” quando não houver um verbo depois do “para”, como neste exemplo: Ele trouxe a roupa para mim.

Também em casos em que se completa o sentido de adjetivos, como difícil e impossível, o certo é para mim, porque já não haverá sujeito. Está difícil para mim aceitar esse acordo com os fornecedores. É quase impossível para mim manter esse nível de produção.

Como eu disse, essa é uma questão delicada. Se você for uma das vítimas dela, arregace as mangas para uma longa contenda, pois dá trabalho se livrar de um erro que participa naturalmente da comunicação.

4. A pessoa fica “meia chateada” quando comete esse erroE é para ficar mesmo, pois se há uma incorreção que tira uma pessoa do pedestal é usar meia no lugar de

meio quando se referir a um adjetivo.Nesse caso, quando equivale a mais ou menos, um pouco, meio é um advérbio e por isso não pode variar.

Portanto, esse erro de gramática deixa a imagem da pessoa meio prejudicada, e não meia prejudicada.Lembre-se de que meia só é usado quando equivale a metade: meia garrafa, meia carga...5. Quando ele vir ao seu encontro vai ser uma tristeza!Esse erro puxa o tapete das pessoas o tempo todo. É impressionante como confundem o verbo vir com o verbo

ver no futuro do subjuntivo (precedido de se ou quando).Para não errar, lembre-se de que o verbo vir exige a forma vier. “Quando ele vier para o trabalho...” e não:

“Quando ele vir...”. “Se os jogadores vierem para o treino...” e não: “Se os jogadores virem...”.Por outro lado, o verbo ver exige a forma vir. Assim sendo, devemos usar: “Quando a professora vir o aluno”

e não: “Quando a professora ver o aluno”. "Se os consultores virem o diagnóstico” e não: “Se os consultores verem...”.

24 Introdução à análise linguística

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Reinaldo Polito é professor de Oratória, palestrante, escritor, mestre em Ciências da Comunicação e autor de diversos livros sobre a importância da comunicação oral. Mas o que é oratória?

A oratória foi criada pelos gregos e constitui a arte de falar bem em público, estando diretamente relacionada ao discurso persuasivo-argumentativo, ou seja, sua essência é encantar e convencer. O primeiro livro de oratória surgiu em Siracusa, a mais importante cidade da Sicília, no século V a.C. Esse manual foi escrito por Córax e por seu discípulo Tísias. O objetivo era orientar advogados para que eles pudessem sair-se bem na argumentação e convencer os juízes de que seus clientes eram inocentes.

Conta a lenda que o aluno de Córax, Tísias, não quis pagar as aulas ministradas por seu professor e alegou que, se as aulas tivessem sido bem ministradas, ele conseguiria convencer seu mestre de que não deveria mesmo pagar por elas. Agora, se o mestre não ficasse convencido era porque as aulas foram mal ministradas e, logo, não mereciam ser pagas.

O tema do texto estudado foi o uso da gramática normativa na oralidade. O professor Reinaldo Polito faz uso da função metalinguística da linguagem ao utilizar a língua portuguesa para explicar algumas regras de gramática normativa da própria língua portuguesa.

É importante destacar que a gramática da língua falada difere da gramática da língua escrita. Numa conversa entre amigos em um parque, por exemplo, gestos, expressões faciais, entonação de voz, ve-locidade da fala, etc., contribuem para a construção dos sentidos. Já em um texto escrito, a ausência de outras linguagens obriga o escrevente a ser claro o suficiente, imaginando que seu interlocutor (o leitor para quem ele escreve) estará distante e, por isso, não poderá pedir mais informações ou dizer: “Como assim? Eu não entendi!”.

6. Há diferença entre “ir de encontro a”e “ir ao encontro de”É bastante comum confundirem o significado de “ir ao encontro de” com o de “ir de encontro a”. “Ir ao en-

contro de “significa estar a favor, concordar, comungar da mesma opinião. Enquanto “ir de encontro a” significa estar contra, discordar, não partilhar a mesma opinião. Por esse motivo, diga:

As decisões foram ao encontro dos nossos interesses (a favor).As medidas governamentais não podem ir de encontro às necessidades da população (contra).7. Muitas incorreções gramaticais, menas essaEssa não dá nem para comentar. Em todo caso, lá vai uma explicação rápida e resumida: menos é palavra

invariável, portanto não existe a palavra “menas”, por mais feminino que seja o substantivo.8. Aqui no final, algumas rapidinhas que podem ser perigosasHá cinco anos atrás é redundância. Ou você usa há cinco anos, ou cinco anos atrás, mas não há cinco anos atrás. Um plus a mais também.Plus é um advérbio de origem latina que significa mais. Portanto, pare nele, sem o a mais. Não troque nenhum por qualquer.Não use qualquer em orações negativas no lugar de nenhum.Assim, diga: Não temos nenhuma chance de perdoá-lo, e não: Não temos qualquer chance de perdoá-lo.Apesar de ser título de livro famoso, ainda continuam dizendo éramos em seis no lugar de éramos seis.Não use a preposição “em” entre o verbo e o numeral. Diga: Éramos cinco, íamos quatro no trem. E não:

Éramos em cinco, íamos em quatro no trem. Ele está a par ou ao par?As informações são diferentes. A par significa informado, ciente, e é uma expressão usada com o verbo estar.

Por exemplo: Não estava a par do que ocorrera. Ao par, por sua vez, significa título ou moeda do mesmo valor. Por exemplo: Com as últimas medidas tomadas pelos ministros, o câmbio ficará ao par.

E, só para lembrar, devemos pronunciar:Canhota (nhó), clitóris (tó), fluido (úi), gratuito (úi), ibero (bé), ínterim (ín), Nobel (bél), rubrica (brí), ruim (ím).Deixei aqui apenas algumas pílulas de uma lista que cabe confortavelmente em um livro. O objetivo deste

texto foi o de chamar a atenção para o cuidado que devemos ter com algumas questões gramaticais que poderiam ser corrigidas com um pouco de observação e prática.

Se você não comete nenhum desses erros, parabéns. Agora, se percebeu que precisa de aprimoramento, co-mece já a estudar. É um aprendizado valioso para a vida toda.

POLITO, Reinaldo. Não atropele a gramática ao falar. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/economia/carreiras/artigos/polito/2007/08/20/ult4385u28.jhtm>. Acesso em: 28 abr. 2010.

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1. No início do texto, o professor Reinaldo Polito afirma que: “...deslizes primários como esses podem jogar por terra uma carreira profissional construída durante uma vida inteira com muito sacrifício”. Em quais situações essa previsão do professor poderia ser real? Justifique sua resposta.

2. No segundo parágrafo, o autor do texto afirma: “Não sou professor de Português. Não me sinto qualificado para exercer essa atividade tão complexa, difícil e desafiante.” E, logo depois, usa alguns argumentos de autoridade. Explique que argumentos são esses e qual a intenção do autor ao citá-los.

3. Considerando o texto lido, explique a distinção que o autor faz entre o uso da gramática normativa na escrita e na oralidade.

4. O autor do texto dá diversas dicas de uso normativo de algumas expressões, mas, em alguns casos, desconsidera o contexto de uso de algumas expressões. Respeitando as regras gramaticais defendidas pelo texto, construa um contexto que permita o uso da construção:

haja visto

5. No 11.o parágrafo, o autor diz: “Há uma corrente de estudiosos que pensa de forma diferente.” Faça uma pesquisa e responda:

a) Como se chama essa corrente?

b) Por que, nessa corrente, pensa-se diferente? Que argumentos são utilizados para contrariar o que afirma o professor Reinaldo Polito?

c) A respeito dessa corrente, o autor afirma: “Mas, como são autoridades nesse tema, preciso mencionar esse ângulo distinto da questão.”. Por que o autor faz essa afirmação?

26 Introdução à análise linguística

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O que é gramática?Por falar em gramática, você sabe o que é gramática e qual a sua função?A palavra “gramática” originou-se do grego grammatiké (gramma = letra / tekhne = arte/técnica) e

surgiu na Grécia entre os séculos V e IV a.C., para nominar a técnica de escrita do alfabeto grego. É bom lembrar que os gregos adotaram a escrita dos fenícios e a aprimoraram acrescentando as vogais, pois o alfabeto fenício possuía apenas consoantes.

A princípio, a função da gramática limitava-se ao estudo dos desenhos das letras (por isso tekhne significa tanto arte quanto técnica), bem como à organização das palavras e das sentenças.

Com o tempo, passou a abarcar o conjunto de regras para o bom uso da língua. De certa forma, esse bom uso estava associado aos exemplos dos clássicos da literatura.

Mais tarde, com o avanço das pesquisas linguísticas, alguns questionamentos surgiram, como, por exemplo: Se a gramática é um conjunto de regras que garantem o bom uso da língua, o que seria, então, esse bom uso da língua? Se o objetivo de toda língua é a comunicação, essa comunicação ocorre da mesma forma em dife-rentes contextos?

Alfabeto grego

Pronúncia Minúscula Maiúscula Pronúncia Minúscula Maiúscula

alfa α Α ni ν Νbeta β Β ksi ζ Ζgama χ Χ omicron ο Οdelta δ Δ pi π Π

épsilon ε Ε rho ρ Ρdzeta ϕ Φ sigma σ Σeta γ Γ tau τ Τteta η Η upsilon υ Υiota ι Ι phi ϕ Φcapa φ ϑ khi χ Χ

lâmbda λ Λ psi ψ Ψmi μ Μ ômega ω Ω

Alfabeto fenício

d) Ao citar essa corrente, o autor do texto enfraquece a sua tese de que a norma deve prevalecer também na fala. Explique de que forma a tese é enfraquecida por essa citação.

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Grupo 4 – Compondo rap Como seria o bom uso da língua na composição de um rap?

– Que características a comunicação deve apresentar para dar bons resultados?

– Redija um texto que exemplifique as características elencadas por você para o sucesso da comunicação na composição de um rap. sucesso da comunicação na composição de um rap. para o spara o s

Imagine a seguinte situação: Você brigou com sua(seu) namorada(o). Você gosta dela(e) e quer fazer as pazes. Vocês marcam um encontro. Você se aproxima e ela(e) vem caminhando

e sorrindo em sua direção, mas, de repente, ela(e) fecha a cara e pergunta: Por que você não está usando a nossa aliança de

compromisso (aquela de prata)? Nesse momento, você lembra que tirou a aliança para passar

um perfume nas mãos e a esqueceu em cima da pia do banheiro. Como você iria explicar isso para ela(e), justamente no dia de fazer as pazes? Como iria fazê-la(lo) acreditar que você tirou a

aliança para passar perfume e não por estar interessado(a) em outras pessoas?

Elabore um texto mostrando como você faria um bom uso da Língua Portuguesa para convencê- -la(lo) de que você não está brincando com ela(e).

Grupo 3 – Contação de piadas Como seria o bom uso da língua numa contação de piada?

– Que características a comunicação deve apresentar para dar bons resultados?

– Redija um texto que exemplifique as características elencadas por você para o suces-so da comunicação numa contação de piada.

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Grupo 1 – Entrevista de emprego Como seria o bom uso da língua em uma entrevista de emprego?

– Que características a comunicação deve apresentar para dar bons resultados?

– Redija um pequeno texto que exemplifique as características elencadas por você para o sucesso da comunicação em uma entrevista de emprego.

Grupo 2 – No shopping... Como seria o bom uso da língua numa “paquera” em um shopping?

– Que características a comunicação deve apresentar para dar bons resultados?

– Redija um texto que exemplifique as características elencadas por você para o sucesso da comunicação em uma “paquera”.

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Em grupos, discutam o que seria o bom uso da Língua Portuguesa nas situações listadas a seguir. Depois, elaborem um texto exemplificando esse bom uso. Lembrem-se de que o objetivo de toda língua é a comunicação eficiente para cada circunstância.

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28 Introdução à análise linguística

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Gramática: concepções e usosComo você pôde perceber, o bom uso da língua está subordinado a um contexto. Para cada tipo de uso, há

uma organização específica dos textos a fim de tornar a comunicação eficiente. Assim, se há diferentes organi-zações para diferentes usos, há, também, uma gramática diferente para dar conta dessa diversidade. Observe:

Gramática normativa

Conjunto de regras definidas pela prescrição gramatical que devem ser seguidas pelo falante.

Ex.: Empresta-me a borracha.

A regra da colocação pronominal, segundo a gramática normativa, diz que não é permitido iniciar frase com pronome pessoal do caso oblíquo. Portanto, a ênclise em início de frase é uma regra gramatical normativa de colocação pronominal.

Gramática descritiva

Observa como o falante realmente usa a língua no seu cotidiano e tenta descrever seu funcionamento.

Ex.: A regra é observar o que acontece na prática: Me empresta a borracha.

Gramática internalizada

Conjunto de regras que o falante domina intuitivamente.

Ex.: Conjunto de regras que os falantes internalizam com o tempo por meio do que escutam e falam.

A ordem direta da língua portuguesa é sujeito – verbo – complemento. Ex.: Eu gosto de emprestar a borra cha.

Costuma dar a impressão de que língua é:

– Aquela utilizada nos clássicos da li-teratura, por isso valoriza a escrita.

– Reveladora da inteligência e da cul-tura de quem a domina.

– Condição para se alcançar status social.

– Também conhecida como norma- -padrão.

– A utilizada no dia a dia na sociedade. Não toma os clássicos da literatura como referência, mas as situações comunicativas.

– Revela as diversas formas de expres-são e interação humana, já que cada comunidade de falantes utiliza a lín-gua de acordo com sua realidade.

– Algo inerente ao ser humano. Todo falante sabe a língua que fala, do contrário não a falaria.

– Um conjunto de regras que o falante domina desde a infância e que dá a ele plenas condições de se comunicar com sua comu-nidade.

Como se estuda língua

– Observando os clássicos da litera-tura e estudando as regras da gra-mática normativa.

– Segundo regras da gramática norma-tiva.

– Observando os usos efetivos da língua por meio da descrição destes.

– Observando os usos da língua para entender seu funcionamento e for-mular novas hipóteses de utilização.

– O falante desenvolve suas habili-dades linguísticas à medida que interage com outros falantes.

O que é considerado erro

Tudo o que foge às regras da gramática normativa.

Somente há erro quando se usa uma estrutura que não pertence a nenhuma variante da língua.

Há erro apenas se o falante não conseguir interagir com seus seme-lhantes.

Você sabia que gramática normativa foi, um dia, uma gramática descritiva? As regras foram ela-boradas a partir da observação e descrição da língua presente nos clássicos da literatura portuguesa. Assim, muitas das regras que a gramática normativa apregoa foram retiradas do uso cristalizado da língua escrita de determinada época.

A gramática normativa diz, por exemplo, que o verbo custar, no sentido de ser custoso, penoso, é transitivo indireto, ou seja, é precedido de preposição. Por exemplo: Custou-me aprender a regência correta do verbo custar. No entanto, na maioria das vezes, os falantes nativos de língua portuguesa expressam-se assim: Custei aprender a regência correta do verbo custar.

Note que, com o tempo e os diferentes usos dessa expressão por diferentes pessoas, a regência do verbo custar passou a ser transitiva direta, isto é, sem preposição. Alguém pode perguntar: “Ah, é? Você custou aprender? Custou quanto?” (no sentido de valor financeiro).

Porém, embora a regência proposta pela gramática normativa não seja seguida, nenhum falante nativo entenderia que a pessoa custa e, sim, que algo custou à pessoa (foi difícil, custoso, penoso). A preposição está subentendida pelo contexto de uso da expressão.

O estudo das diferentes concepções de língua e gramática é tão importante para a formação da cidadania e para o respeito à diversidade linguística que, invariavelmente, é cobrado nos principais vestibulares do país. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por exemplo, apresentou algumas questões referentes às concepções de língua presentes no poema Aula de Português, do poeta Carlos Drummond de Andrade.

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(UFMS)

Aula de PortuguêsA linguagem

na ponta da língua,tão fácil de falare de entender.A linguagem

na superfície estrelada de letras,sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatando

o amazonas da minha ignorância.Figuras de gramática, esquipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.Já esqueci a língua em que comia,

em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortadado namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902 em Itabira do Mato Dentro (MG) e faleceu devido a problemas cardí-acos no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois que sua filha Maria Julieta faleceu de câncer.Considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, foi professor, redator e autor de crônicas, contos e ensaios. Graduado em Farmácia, por insistência de sua família, Drummond, em vez de se dedicar a manipular fórmulas e compor re-ceitas, preferiu manipular versos e compor e decompor pensamentos profundos sobre a alma humana.

Edito

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1. De acordo com o texto, todas as afirmações abaixo sobre o português da escola estão corretas, exceto:

a) É uma língua distante da que se utiliza nas situações do dia a dia.

b) É um emaranhado de figuras e letras que intimidam o estudante.

c) Leva o falante ao reconhecimento de que não sabe sua própria língua.

d) Apesar de ser objeto de ensino, não é aprendido facilmente pelos alunos.

(UFMMS) e) É um mistério que encanta o poeta/aluno, motivando-o a escrever.

2. No texto, o professor de Português é tomado como alguém que:

a) conhece e domina a língua ensinada na esco-la.

b) obriga o aluno a esquecer o português do dia a dia.

c) não sabe ensinar os conteúdos gramaticais que estudou.

d) amedronta o aluno diante da complexida-de da língua.

e) é incapaz de perceber as dificuldades vi-venciadas pelo aprendiz.

3. Em “o amazonas da minha ignorância”, Drummond usa a metáfora para:

a) destacar o intrincamento de regras da lín-gua que ele busca apreender e utilizar.

b) valorizar a paciência e o zelo do professor Carlos Góis no ensino do Português.

c) sinalizar a extensão do seu desconhecimen-to em relação à língua ensinada na escola.

d) mostrar seu empenho em aprender o que lhe é transmitido pelo professor.

e) reconhecer-se destituído de qualidades bá-sicas para o aprendizado da língua.

Depois desse desafio de leitura proposto pela UFMS, pense a respeito de outros aspectos que podem ser analisados no poema Aula de Português .

4. Agora, considerando o que foi discutido sobre os diferentes tipos de gramática, analise os trechos a seguir e explique a qual tipo de gra-mática cada um deles remete. Justifique sua resposta:

a) A linguagem

na ponta da língua,tão fácil de falare de entender.

30 Introdução à análise linguística

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b) A linguagem

na superfície estrelada de letras,sabe lá o que ela quer dizer?

c) Figuras de gramática, esqui-

páticas,atropelam-me, aturdem-me,

sequestram-me.

5. Considere o seguinte trecho:

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatando

o amazonas da minha ignorância.

Assinale as impressões a respeito de gramática e língua que o trecho acima passa:

A língua é:( ) utilizada nos clássicos da literatura, por isso

valoriza a escrita.( ) revela as diversas formas de expressão e in-

teração humana, já que cada comunidade de falantes utiliza a língua de acordo com a sua realidade.

( ) reveladora da inteligência e da cultura de quem a domina.

( ) condição para se alcançar status social.( ) também conhecida como dialeto-pa-

drão, norma-padrão ou norma urbana de prestígio.

( ) algo inerente ao ser humano. Todo falante sabe a língua que fala, do contrário não a falaria.

SexaLuis Fernando Verissimo

Pai...– Hmmmm...?– Como é o feminino de sexo?– O quê?– O feminino de sexo.– Não tem.– Sexo não tem feminino?– Não.– Só tem sexo masculino?– É. Quer dizer, não. Existem dois sexos:

masculino e feminino.– E como é o feminino de sexo?– Não tem feminino. Sexo é sempre

masculino.– Mas tu mesmo disse que tem sexo

masculino e feminino.– O sexo pode ser masculino ou femi-

nino. A palavra “sexo” é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.

– Não devia ser “a sexa”?– Não.– Por que não?– Porque não! Desculpe. Porque não.

“Sexo” é sempre masculino.

– O sexo da mulher é masculino?– É, não! O sexo da mulher é feminino.– E como é o feminino?– Sexo mesmo. Igual ao do homem.– O sexo da mulher é igual ao do homem?– É. Quer dizer... Olha aqui. Tem o sexo

masculino e o sexo feminino, certo?– Certo.– São duas coisas diferentes.– Então como é o feminino de sexo?– É igual ao masculino.– Mas não são diferentes?– Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma.

Muda o sexo, mas não muda a palavra.– Mas então não muda o sexo. É sempre

masculino.– A palavra é masculina.– Não. “A palavra” é feminino. Se fosse

masculina seria “o pal...”– Chega! Vai brincar, vai.O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:–Temos que ficar de olho nesse guri...– Por quê?– Ele só pensa em gramática...

VERISSIMO. Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.© by Luis Fernando Veríssimo

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1. Analisando o texto Sexa, qual era, na verdade, a dúvida do garoto?

2. É possível notar que o pai tentou esclarecer a dúvida do filho, mas as explicações geraram algumas confusões. Cite uma dessas confusões e explique o que as causou.

3. No lugar do pai, de que forma você esclareceria a dúvida do garoto? Como seria a sua explicação?

4. Explique por que a conclusão do pai, na última frase do texto, surpreende o leitor.

Gramática: estruturaPara descrever os diversos falares, é necessário entender os mecanismos de funcionamento da

língua e dominar o vocabulário específico para o exercício da metalinguagem. Luis Fernando Verissimo, em sua crônica, brinca com a ausência de metalinguagem a fim de produzir

o mal-entendido entre pai e filho. Se o garoto, personagem da crônica Sexa, dominasse a metalingua-gem, ele poderia ter especificado sua dúvida para evitar as confusões, perguntando: Pai, a palavra “sexo” é um substantivo de gênero biforme (ex.: menino/menina), heterônimo (ex.: homem/mulher) ou uniforme epiceno (ex.: o sexo masculino/o sexo feminino)? E o pai, se dominasse metalinguagem, diria: Meu filho, a palavra “sexo” é um substantivo uniforme epiceno, já que tem somente uma forma e um só artigo para ambos os gêneros, acrescentando as palavras “feminino” e “masculino” ao final para distingui-los: o sexo masculino/o sexo feminino.

Porém, essas perguntas e respostas técnicas tirariam toda a graça da crônica.Para conversar sobre a língua portuguesa, é necessário dominar alguns termos técnicos próprios

da metalinguagem, evitando confusões ou mal-entendidos. Por isso, estudar um modelo de descrição de funcionamento de língua, como a gramática normativa, também é importante.

A gramática normativa é dividida em:

a) Fonologia e fonética – estudo dos sons da língua.

b) Morfologia – estudo da estrutura das palavras e sua classificação de acordo com a função exercida na frase.

c) Sintaxe – estudo da organização e das relações entre as palavras na frase.

d) Semântica – estudo dos sentidos produzidos pelas inúmeras possibilidades de organização das palavras nas frases.

32 Introdução à análise linguística

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1. (UEMA) Leia estes fragmentos extraídos da obra Cazuza, de Viriato Correa:

– Por que é que a gente vai para a vila? insisti.Mamãe não respondeu e, como eu de novo fizesse a pergunta, disse, evidentemente a disfarçar:– Porque precisa aprender e a escola da vila é melhor do que a daqui.

Justifique adequadamente o emprego dos por-quês no trecho acima:

2. (UNEMAT – MT)

Conto de escola

A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naque-le dia – uma segunda-feira, do mês de maio – deixei-me estar alguns instantes na Rua da Pri-mavera a ver onde iria brincar amanhã. Hesi-tava entre o morro de S. Domingos e o campo de Sant’Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espa-ço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola.

ASSIS, Machado de. Conto de escola. In: Contos, 1993.

Assinale a alternativa correta quanto à grafia dos “porquês”:

a) O texto diz, de forma implícita, porque Machado de Assis foi para a escola.

b) Afinal, Machado de Assis voltou para a escola por que?

c) Porque hesitava entre o morro de São Domin-gos e o campo de Sant’Ana?

d) Qual o porque dessa indecisão?

e) Machado de Assis compreende por que devia guiar para a escola.

3. (ACAFE – SC) Em relação ao uso da palavra des-tacada nas frases abaixo, todas as alternativas estão corretas, exceto:

a) Quero saber o porquê de seu aborrecimento.

b) Não sei aonde está o livro.

c) “Não há mal que sempre dure.”

d) Como você é mau!

e) O avião aterrissará daqui a pouco.

4. (UFPR) Assinale a única alternativa correta para completar, pela ordem, as lacunas do diálogo abaixo:

“João, ___________ você não fez a lição?

– Não a fiz, _________ não quis.

– Mas, afinal, você não quis, ______________?

– Para dizer a verdade, professora, eu mesmo não sei o _______ do meu relaxamento.”

a) por que, porque, porquê, por quê

b) porquê, por quê, porque, por que

c) por que, porque, por quê, porquê

d) porque, por que, porquê, por quê

e) por quê, por que, porque, porquê

5. (UEPG – PR) A opção que apresenta erro quanto à grafia do porquê:

a) Leio revistas e jornais, porque desejo estar sempre informado.

b) Gostaria de rever os lugares por que andei an-tigamente.

c) Você não me apresentou os resultados. Por quê?

d) Não sei porque desistes das coisas com tanta facilidade.

e) Se eu pudesse resolver todos os porquês do mundo...

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Homonímia

As palavras que apresentam igualdade total ou parcial de grafia e pronúncia, mesmo tendo signi-ficados diferentes, são chamadas de homônimas. As palavras homônimas podem ser:

a) homógrafas – mesma grafia, mas significado e pronúncia diferentes. Ex.: gosto (substantivo) – O chiclete tem gosto de maçã verde.gosto (verbo) – Eu gosto de maçã verde.Eu gosto do gosto de maçã verde desse chiclete.

b) homófonas – mesmo som, mas significado e grafia diferentes.Ex.: passo (substantivo) – Não darei um passo em sua direção.Ex.: paço (substantivo – o mesmo que palácio) – Meu sonho é morar num lindo paço medieval. Ouço passos por todos os paços.

Cesta = utensílio de vime, etc.

Sexta = ordinal referente a seis

Cheque = papel com ordem de pagamento

Xeque = lance no jogo de xadrez, ex-soberano da ex-Pérsia (atual Irã), perigo

Cocho = vasilha, recipiente onde se colocam alimentos ou água para animais

Coxo = que manca de uma perna

Concerto = harmonia, acordo, espetáculo

Conserto = ato de consertar, remendar

Coser = costurar

Cozer = cozinhar

Empoçar = formar poça

Empossar = dar posse a

Intercessão = ato de interceder

Interseção = ponto onde duas linhas se cruzam

Ruço = pardacento, cimento; alourado

Russo = relativo à Rússia

Tacha = pequeno prego

Taxa = imposto, juros

Tachar = censurar

Taxar = regular, determinar a taxa

Fique atento!

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es: M

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c) homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos): mesma grafia e mesma pro-núncia, mas com significados diferentes.Ex.: verão (substantivo – estação do ano) – Vou curtir muito este verão! verão (verbo – ver) – Vou curtir muito! Vocês verão.Nem sempre as palavras tiveram a mesma ortografia. Ao longo da historia da Língua

Portuguesa, muitas mudanças ocorreram. Essas mudanças têm por objetivo tornar a língua cada vez mais prática, sem que, para isso, ela perca suas possibilidades expressivas.

34 Introdução à análise linguística

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CuriosidadeO latim é uma antiga língua indo-europeia do ramo itálico, originalmente falada no Lácio,

região do entorno de Roma. Quando os romanos invadiram a Península Ibérica, por volta do século III a.C., o choque cultural contribuiu para a evolução do idioma românico. Havia dois tipos de latim: o latim erudito (usado pelos intelectuais e escritores) e o latim vulgar (usado pelos soldados romanos e pela população).

Hoje, o latim ainda é usado pela ciência (para denominar cientificamente animais, fór-mulas, etc.), por historiadores e arqueólogos (pessoas que estudam civilizações antigas) e pela Igreja Católica Apostólica Romana, pois é um dos idiomas do Vaticano. Então, aí vão algumas expressões em latim para você não deixar essa língua milenar desaparecer.

a) A pressa é inimiga da perfeição. – Festinare docet.

b) A sorte está lançada. – Alea jacta est.

c) Há males que vêm para bem. – Nunc bene navigavi, cum naufragium feci.

d) Nem só de pão vive o homem. – Non in solo pane vivit homo.

e) O amor tudo vence. – Amor vincit omnia.

f) Olho por olho, dente por dente. – Oculum pro oculo, dentem pro dente.

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Formação

do idioma

português

a partir

do latim

vulgar

e sua

evolução

ao longo

do tempo

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Variação linguística

Como você percebeu, a língua está em constante processo de transformação. Cada falante, ao se relacionar com seu grupo social em diferentes contextos, é um agente responsável por essas mudanças.

As mudanças não se resumem apenas a aspectos ortográficos. Elas também ocorrem na pronúncia das palavras, na criação de novas palavras ou expressões e até mesmo na criação de sentidos diferentes para uma mesma palavra. Esse conjunto de alterações da língua é chamado de variação linguística.

As gírias, os dialetos, os socioletos e os idioletos são exemplos de variação.

LÍNGUA PORTUGUESA

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© Tyba/ Delfim Martins

Edito

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Gírias antigasAmigo da onça: traidor.Batata: algo fácil. Broto: menino ou menina bonito(a). Caranga: carro.Comer bola: errar sem querer.É uma brasa, mora: é o maior barato.Lero-lero: conversa fiada.Mandar brasa: continuar.Morou: entendeu?Parada dura: coisa difícil de fazer. Supimpa: algo legal. Tempo do onça: algo antigo. Tirar água do joelho: urinar.Uva: mulher bonita.Xispa: saia.

Gírias de “patricinhas”Abalar: estar linda, arrasar.Antipattyco: pessoa que não gosta de “pattys”. Babado: confusão. Boy: playboy, mauricinho.Chocar: impressionar. Clean: visual limpo.Cute: fofo. Fashion-victim: vítimas da moda. Fazer uma noite: sair pra noite com a intenção de arrasar. Hype: último grito da moda.In: está na moda.Look: visual.Looser: alguém fracassadoNice: legal Out: está por fora.

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Gírias de “manos”Mano não vai embora – vaza.Mano não cai – capota.Mano não entende – se liga.Mano não come – ranga.Mano não fala – troca ideia.Mano não dorme – apaga.Mano nunca tá apaixonado – tá a fim.Mano não ouve música – curte um som.Mano não se dá mal – a casa cai.Mano não acha interessante – acha irado/ bem louco.Mano não mora em bairro – se esconde nas quebradas.Mano não tem namorada – tem mina.E para finalizar:“Sangue na veia de mano não corre: tira racha”

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São as variações regionais de pronúncia, vocabulário e gramáticas pertencentes a determinada língua.

GauchêsGaúcho não xinga, gaúcho “bota os cachorros”.Gaúcho não diz “nossa”, gaúcho diz “a la pucha”.Gaúcho não fica levemente ébrio, gaúcho fica “à meia guampa”.Gaúcho não sustenta uma situação difícil, gaúcho “aguenta o tirão”.Gaúcho não paquera, gaúcho “arrasta a asa”.Gaúcho não fica extremamente surpreendido com alguma notícia, gaúcho “cai de costas”.

GíriasConjunto de termos que caracterizam um grupo social, independentemente de sua localização

geográfica. É uma das formas mais comuns de se reconhecer a variação linguística.

Dialetos

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Dreamstime.com/Feng Hui

Termos jurídicos traduzidos para a linguagem popularPrincípio da iniciativa das partes – “faz a sua que eu faço a minha”.Princípio da fungibilidade – “só tem tu, vai tu mesmo” (parte da doutrina e da jurisprudência entende como sendo “quem não tem cão caça com gato”).Sucumbência – “a casa caiu!!!”.Legítima defesa – “bateu, levou”.Legítima defesa putativa – “foi mal”.Nomeação à autoria – “vou cagoetar todo mundo”.Assistência – “então brother, é nós.”Comoriência – “dois coelhos com uma paulada só”.Recurso adesivo – “vou no vácuo”.Estelionato – “malandro é malandro, e mané é mané”.Falso testemunho – “fala sério…”.Reincidência – “pô mermão, de novo?”.Investigação de paternidade – “toma que o filho é teu”.Res nullius – “achado não é roubado”.Usucapião – “tá dominado, tá tudo dominado”.

Faça uma pesquisa sobre a história da língua portuguesa, explicando:

a) Como a língua portuguesa surgiu?

b) Qual o primeiro texto escrito em língua portuguesa?

c) Que outras línguas influenciaram na formação do português atual? Como ocorreu essa influência?

d) Quais as reformas ortográficas mais importantes que ocorreram no Brasil?

e) Qual a importância das variações linguísticas para a riqueza da nossa língua (dialeto, socioleto, gírias, estrangeirismo, etc.)?

SocioletoSão as variações faladas por um grupo social, uma classe social ou uma profissão. No caso de

profissões, o socioleto é também chamado de jargão.

IdioletoÉ uma variação da língua produzida por um indivíduo. O modo particular de uma pessoa falar.

Por exemplo, Ernesto Che Guevara era chamado de Che porque, a cada frase, ele usava a expressão “Che”.

Gaúcho não se queixa, gaúcho “chora as pitangas”.Gaúcho não diz “bege” ou “marrom-claro”, gaúcho diz “cor de burro quando foge”.Gaúcho não está atento, gaúcho está “de orelha em pé”.Gaúcho não está “em cima da hora”, gaúcho está “em cima do laço”.Gaúcho não vai para o castigo, gaúcho “vai para o laço”.Gaúcho não mima o filho, gaúcho “lambe a cria”.Gaúcho não desiste, gaúcho “larga de mão”.

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Conhecer e respeitar as variações linguísticas, além de ser sinal de inteligência e cultura, ainda é certeza de sucesso nos principais vestibulares do país. Observe o tema de uma das redações do vestibular da Universidade Federal do Paraná em 2002 e, considerando tudo o que você estudou nesta unidade, elabore a redação sugerida pela universidade.

(UFPR)

O mecânico José Pereira, proprietário da oficina da foto acima, decidiu fazer uma reforma de seu estabelecimento, que, além dos serviços já anunciados na pintura da parede, passará a fazer também consertos de caminhões. A divulgação dos serviços prestados passará a ser feita por meio de um texto publicado no jornal local, melhorando, com isso, a imagem da oficina.

Escreva um texto de até 10 linhas para a divulgação dos serviços prestados pela oficina me-cânica, que deve incluir não só os já anunciados na parede, mas também a notícia da refor-ma e da nova atividade. O texto, para ser publicado no jornal, deve ser redigido segundo as normas do português-padrão escrito.

a) Você já se deparou com a situação de ler uma palavra e não ter a menor noção do que ela significa? Como foi?

b) É possível fazer a leitura de um texto mesmo não sabendo o significado de alguma de suas palavras? Explique.

c) Há palavras que, por sua sonoridade, dão a impressão de apresentar significado dife-rente do sentido que está no dicionário. Leia as palavras abaixo, pense em um possível significado e elabore frases empregando cada uma delas:– tatibitate– tartamudear – ósculo – punga – incunábulo

d) Agora, consulte um dicionário, confira o significado de cada uma das palavras anteriores e verifique se o novo significado muda o sentido das frases que você construiu.

Dre

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ime.

com

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stim

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Registro escrito e registro oral

38 Introdução à análise linguística

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VERISSIMO, Luis Fernando. O analista de Bagé. 6. ed. Porto Alegre: L&PM, 1981. p. 29-31.

“Defenestração”

Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por

exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente ve-

getal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas

variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.

– Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de anda-

rilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.

– Os hermeneutas estão chegando!

– Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...

Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as

atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao

se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão.

Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido

óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.

– Alô...

– O que é que você quer dizer com isso?

Traquinagem devia ser o barulho que um corpo faz ao cair

na água. Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto

defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu

não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar

no dicionário e imaginava coisas. Tinha até um certo tom lú-

brico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido

das mulheres:

– Defenestras?

A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, al-

gumas defenestravam.

Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas

talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defe-

nestradores profissionais.

Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que

encerravam os documentos formais? “Nestes termos, pede

defenestração...” Era uma palavra cheia de implicações.

Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:

– Aquele é um defenestrado.

Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer?

Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.

Um dia, finalmente procurei no dicionário. E aí está o Aurelião

que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês

“defenestration”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém

ou algo pela janela.

Ato de atirar alguém ou algo pela janela!

Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação.

Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicioná-

rios por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu

saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo

pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?

Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como

o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimindo

o tempo.

– Les defenes-

trations. Devem ser

proibidas.

– Sim, monsieur

le Ministre.

– São um escân-

dalo nacional. Ain-

da mais agora, com os novos prédios.

– Sim, monsieur le Ministre.

– Com os prédios de três, quatro andares, ainda era ad-

missível. Até divertido. Mas daí para cima vira crime. Todas

as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz:

“Interdit de defenestrer”. Os transgressores serão multados.

Os reincidentes serão presos.

Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com

notórios defenestreus. E a compulsão, mesmo suprimida, tal-

vez ainda persista no homem, como persiste na sua lingua-

gem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.

– É esta estranha vontade de atirar alguém ou algo pela

janela, doutor...

– Hmm. O impulsus defenestrex de que nos fala Freud.

Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar – diz o

analista, afastando-se da janela.

Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar al-

guém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para

desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna,

com suas paredes externas de vidro reforçado e sem abertu-

ras, pode ser uma reação inconsciente e esta volúpia huma-

na, nunca totalmente dominada.

Na lua de mel, numa suíte matrimonial do 17.o andar.

– Querida...

– Mmmm?

– Há uma coisa que eu preciso lhe dizer...

– Fala, amor.

– Sou um defenestrador.

E a noiva, na sua inocência, caminha para a cama:

– Estou pronta para experimentar tudo com você. Tudo!

Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na

calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:

– Fui defenestrado...

Alguém comenta:

– Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!

Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de

arrancar o papel da máquina e defenestrar esta crônica.

Se ela sair é porque resisti.

VERISSIMO, Luis Fernando. O analista de Bagê. 6. ed. Porto Alegre: L&PM, 1981. p. 29-31.

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1. Qual é a tese que dá origem a todo o texto Defenes-tração?

2. O narrador cria diferentes sentidos para as palavras cujo significado dicionarizado desconhece. Cite dois exemplos dessas criações.

3. Antes de consultar o dicionário, o narrador tenta em-pregar a palavra “defenestrar” em diferentes con-textos. Substitua, nos trechos abaixo, as palavras derivadas de defenestrar por palavras que melhor se adequariam aos contextos simulados pelo narrador:

a) “Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:

– Defenestras?

A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, algumas defenestravam.”

b) “Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa.”

c) “Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas pala-vras que encerravam os documentos formais? ‘Nestes termos, pede defenestração...’”

d) “Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:

– Aquele é um defenestrado.”

4. Depois de descobrir o significado dicionarizado da palavra “defenestração”, o narrador perdeu o fascínio por essa palavra? Explique.

5. Explique a relação que o narrador estabelece entre a palavra “defenestração” e a arquitetura moderna.

6. Leia o trecho abaixo, retirado do texto Defenestração:“Na lua de mel, numa suíte matrimonial do 17.o andar.– Querida...– Mmmm?– Há uma coisa que eu preciso lhe dizer...– Fala, amor.– Sou um defenestrador.E a noiva, na sua inocência, caminha para a cama:– Estou pronta para experimentar tudo com você.

Tudo!”

Observando o diálogo entre os noivos, é possível afirmar que a noiva sabia o significado da palavra “de-fenestrador”? Justifique sua resposta.

Você sabe quem foi Freud?V

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Freud explica:Sigmund Freud (1856-1939) nasceu na hoje República Tcheca. Batizado Scholomo Sigis-mund, estudou

Medicina na Universidade de Viena, na Áustria, e é aclamado como o pai da Psicanálise. Teve importante contato com o médico Jean Martin Charcot, responsável por criar a cátedra de clínica de doenças nervosas. Casou-se com Martha Bernays, com quem teve 6 filhos. Foi o primeiro a analisar uma criança, que tinha 5 anos.

[...]Por que mudou a humanidadeÉ o primeiro texto responsável pela ruptura da análise do homem só por meio do consciente, já que também

leva em conta o inconsciente. Com esse livro, Freud deu o passo decisivo para a criação da Psicanálise. A partir dele, foram criadas outras linhas dessa ciência, como a de Jacques Lacan. Até hoje não há psicanalista que não leia Freud. Está em A interpretação dos sonhos a criação do conceito do inconsciente de forma esquemática. E, até então, escrever sobre sonhos era uma prática aceita só para artistas e poetas. A ciência só observava o homem em seu estado consciente. Falar em “processo psíquico inconsciente” era uma excentricidade.

FREUD explica. Disponível em: <http://origin.super.abril.com.br/cotidiano/interpretacao-sonhos-445995>. Acesso em: jan. 2010.

40 Introdução à análise linguística

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n Há duas modalidades de língua: a língua falada, que se modifica rapidamente, para se adaptar a diversos contextos comunicativos, e a língua escrita, a qual se altera com menos velocidade, pois é a língua dos documentos e dos registros.

Não se pode exigir que as pessoas falem do mesmo modo que escrevem, mas é necessário adequar a fala ao contexto da comunicação. Em um contexto mais formal, a fala deve ser mais formal. Não é uma questão de norma e, sim, de bom senso comunicativo.

Como a escrita é a língua dos registros, as mudanças são mais lentas, e as regras podem ser determinadas e estudadas com mais vagar.

A língua escrita serve como registro permanente ... scripta manent ... usada para a transmissão do saber e da cultura, e muitas vezes é até interessante que ela permaneça sem muitas mudanças, para que a gente possa ler com facilidade documentos, artigos e livros impressos há muito tempo. BAGNO, Marcos. A língua de Eulália, a novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 1997. p. 87.

7. Observe a sequência narrativa a seguir:“– Há uma coisa que eu preciso lhe dizer... – Fala, amor. – Sou um defenestrador.E a noiva, na sua inocência, caminha para a cama:– Estou pronta para experimentar tudo com você. Tudo!Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:– Fui defenestrado...”Lendo atentamente essa passagem, é possível perceber que o narrador utiliza um recurso de outra linguagem

para dar movimento ao final da história. Que recurso foi esse e a qual linguagem pertence esse recurso?

8. Já no final do texto, há a seguinte passagem:“Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:– Fui defenestrado...Alguém comenta:– Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!”A pessoa que encontra o homem na calçada sabia o significado da palavra “defenestrado”? Justifique sua

resposta. Caso você afirme que a pessoa não sabia o significado da palavra, o que ela teria entendido por de-fenestrado?

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Quem nunca teve dúvidas ao escrever uma palavra? É com x ou ch? É com g ou j? É com ss, s, c, x ou ç? Mas, por que as pessoas têm essas dúvidas ortográficas?

As dúvidas ortográficas ocorrem pelo fato de que nem sempre a letra (grafema) representa um único som (fonema) e nem sempre o som é representado por uma única letra.

Escrevemos Pronunciamos

muito muinto

cheque cheke

quando kuâdo

Isso acontece porque nem sempre o número de fonemas corresponde ao número de letras.

© C

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1. O fonema /J/ (lê-se gê) pode ser representado:

a) pelo grafema g: gelo

b) pelo grafema j: jeito

2. O fonema /S/ (lê-se sê) pode ser representado:

a) pelo grafema s: sério

b) pelos grafemas ss: confesso

c) pelo grafema c: cena

d) pelo grafema x: próximo

e) pelo grafema ç: faço

3. O fonema /K/ (lê-se quê) pode ser representado:

a) pelo grafema qu: quilo

b) pelo grafema c: casa

4. O fonema /Z/ (lê-se zê) pode ser representado:

a) pelo grafema s: casa

b) pelo grafema z: cozinha

c) pelo grafema x: exemplo

Há grafemas que podem apresentar vários sons (fonemas), por exemplo:

O grafema X pode representar

a) o fonema /S/: sintaxe

b) o fonema /X/: xingar

c) o fonema /Z/: exato

d) o fonema /KS/: prolixo

Dessa forma, é comum as pessoas pronunciarem as palavras de modo diferente. Quem nunca leu e não sabe o que significa a palavra “prolixo” pode pronunciar o grafema x com o som de /X/ em vez de /KS/. Isso não é nenhum absurdo. É um fenômeno linguístico que pode ser observado na vida de qualquer falante.

Para a ortoépia, estudo da pronúncia-padrão das palavras, os desvios de pronúncia são chamados de cacoepia.

As principais cacoepias são:

a) nasalização de vogais – “sombrancelha” em vez de sobrancelha, “mendingo” em vez de mendigo, “mortandela” em vez de mortadela.

b) substituição de fonemas – “cotia” por cutia, “boeiro” por bueiro.

c) acréscimo de fonemas – “adevogado” em vez de advogado, “bandeija” em vez de bandeja, “peneu” em vez de pneu.

d) omissão de fonemas – “andá” por andar, “abobra” por abóbora, “revindicar” por reivindicar.

e) troca de posição de fonemas – “largata” em vez de lagarta, “iorgute” em vez de iogurte, “bicabor-nato” em vez de bicarbonato, “cardeneta” em vez de caderneta.

f) erro de timbre (aberto e fechado) ao pronunciar vogais: – pronúncia-padrão: omelete (omelête) – pronúncia comum: “omeléte”– pronúncia-padrão: crosta (crôsta)– pronúncia comum: “crósta”

42 Introdução à análise linguística

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Utilizando seu conhecimento de fonética e ortoépia, explique os desvios da pro-núncia-padrão nas palavras a seguir:

a) abóbada/abóboda:

b) administrar/adeministrar:

c) absoluto/abisoluto:

d) problema/pobrema:

e) bandeja/bandeija:

f) beneficência/beneficiência:

g) intitular/entitular:

h) superstição/supertição:

i) cuspir/guspir:

j) manteiga/mantega:

Uso do dicionáriopre.con.cei.to sm. 1. Ideia concebida. 2. Suspeita, in-

tolerância, aversão a outras raças, credos, religiões, etc. § pre.con.cei.tu.o.so ( ô ) adj.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004.

Você se lembra de como se organiza um dicionário?Verbete: nome que se dá a cada um dos artigos ou entradas de um dicionário, enci-clopédia ou obra organizada dessa maneira.sm: classe gramatical à qual a palavra pertence. Sigla que significa substantivo masculino. Essas siglas geralmente são ex-plicadas nas páginas iniciais do dicionário.Acepções: sentidos em que se empregam determinados termos. São muitos os sentidos de uma palavra, mas esses sentidos ainda podem se multiplicar se for considerada a infinidade de contextos em que podem ser aplicados.Derivação: palavras que derivam do verbete.pre.con.cei.to: o dicionário também mostra como fazer a separação silábica. Os pontos entre as sílabas indicam o modo correto de separá-las no momento da translineação (quando acaba a linha, mas não acaba a palavra).

Todos os dias, há palavras novas que vão se incorporando ao repertório lexical dos falantes e, muitas vezes, tornam--se parte de sua fala diária. Quando uma palavra passa a integrar a fala cotidiana, diz-se que esta foi incorporada ao léxico ativo do falante. Quando uma palavra é conhecida, o falante sabe seu sentido, mas se ela não faz parte do seu

cotidiano, diz-se que tal palavra faz parte do léxico passivo. Há, sem dúvida, muito mais palavras no léxico passivo que no léxico ativo de um falante.

No momento da escrita, trabalha-se com os dois léxi-cos: o ativo e o passivo. Aí é que aparecem as dificuldades ortográficas, já que, muitas vezes, uma palavra é falada em conversas, mas não é escrita. No momento de escrevê-la, vem a dúvida: Como é que se escreve mesmo?

A melhor forma de esclarecer as dúvidas ortográficas é consultando o dicionário. O dicionário também é um livro de metalinguagem, já que usa a linguagem para explicar os significados da própria linguagem. A cada consulta, o léxico aumenta, pois uma palavra remete à outra, e assim sucessivamente. Isso somente contribui para a expansão do repertório lexical.

k) meteorologia/metereologia:

l) chimpanzé/chipanzé:

m) caranguejo/carangueijo:

n) salsicha/salchicha:

o) jabuticaba/jaboticaba:

p) empecilho/impecilho:

q) estouro/estóro:

r) disenteria/desinteria:

s) destilar/distilar:

t) prazeroso/prazeiroso:

u) estupro/estrupo:

Dicionário

Aurélio

on-line @POR871

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Tipos de dicionárioPara quem deseja estudar uma língua ou uma linguagem, o dicionário é um instrumento fundamental.

Além do dicionário lexical, há outros tipos de dicionário:

a) Dicionário de abreviatura – fornece a origem das palavras, sua formação e evolução.

b) Dicionário de sinônimos e antônimos – traz o significado dos sinônimos e antônimos das palavras.

c) Dicionário analógico – reúne as palavras por campos semânticos. Ex.: cinema – pipoca, tela, filme, refrigerante, poltrona, escuro.

d) Dicionário de rimas – é organizado em ordem alfabética da terminação das palavras.

e) Dicionário temático – reúne termos específicos de determinada ciência ou linguagem. Ex.: dicionário de música, dicionário de cinema, dicionário de gírias, dicionário de linguística, etc.

Shutterstock/Quang Ho

Para quem gosta de curiosidades....Veja alguns "palavrões" em língua portuguesa: 10.o Inconstitucionalissimamente (27 letras)Sinônimo de anticonstitucionalissimamente.9.o Oftalmotorrinolaringologista (28 letras)Especialista em doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta.8.o Anticonstitucionalissimamente (29 letras)Maior advérbio da língua portuguesa.7.o Monosialotetraesosilgangliosideo (32 letras)Substância presente em alguns medicamentos.6.o Hipopotomonstrosesquipedaliofobia (33 letras)Doença psicológica caracterizada pelo medo de pronunciar palavras grandes ou complicadas (parece piada).5.o Dimetilaminofenildimetilpirazolona (34 letras)Substância usada em comprimidos para dor de cabeça.4.o Tetrabrometacresolsulfonoftaleína (35 letras)Termo específico da área de Química.3.o Piperidinoetoxicarbometoxibenzofenona (37 letras)Substância presente em medicamentos. 2.o Paraclorobenzilpirrolidinonetilbenzimidazol (43 letras)Substância presente em medicamentos. 1.o Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico (46 letras) Pessoa com doença pulmonar aguda causada pela aspiração de cinzas vulcânicas.

Quem usa o dicionário constantemente amplia seu conhecimento lexical e memoriza sem esforço a grafia das palavras, evitando os erros de ortografia em textos formais.

Suponha que você esteja perdido em uma selva totalmente inexplorada ou num deserto tórrido e ermo. Você precisa escrever uma carta (não pergunte para quê...). De repente, chega o fim da linha, mas

não chegou o fim da palavra. Você está sem água, sem comida, sem chances de sobreviver e, além de tudo isso, uma terrível dúvida o assola: como separar as sílabas?

Você não tem dicionário e muito menos internet. O que fazer?Use a regra!

taDreamstime.com/Alfonsodetomas

Use a regra!

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44 Introdução à análise linguística

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Regras ortográf icas

a) Não se separam ditongos – encontro de uma vogal (a, e, o) com uma semivogal (i, u) pronunciadas na mes-ma sílaba; nesse caso, a semivogal terá um som mais brando que a vogal, – e tritongos – encontro de três sons: semivogal + vogal + semivogal pronunciadas na mesma sílaba.Ex.: ditongos: á-gua, Ni-ca-rá-gua, mui-to, au-la, etc. tritongos: Pa-ra-guai, i-guais, sa-guões, quais-

-quer, etc.

b) Os hiatos – encontro entre duas vogais no interior de uma palavra – são separados em duas sílabas.Ex.: ru-im, po-e-ta, sa-ú-de, vo-o, etc.

c) Não se separam os dígrafos – duas letras usadas para representar um mesmo som, um mesmo fonema – ch, lh, nh, gu, qu.Ex.: cha-ru-to, es-co-lha, etc.

d) Separam-se os dígrafos: rr, ss, sc, sç, xs, xc. Ex.: car-ro, pás-sa-ro, nas-ço, ex-ce-to, etc.Obs.: Evite separações que formem palavras estranhas

ao contexto:Ex.: presi- denteEx.: fa- lavam

e) Emprego do z

Usa-se ez e eza para formar substantivos abstra-tos originados de adjetivos. Ex.: pálido – palidez; leve – leveza; belo – beleza.

Usa-se z em palavras derivadas de uma palavra grafada com z. Ex.: luz – luzeiro; equalize – equalizar.

f) Emprego de ar e izar

Usa-se ar nos verbos originados de palavras com final s. Ex.: análise – analisar.

Em outros casos utiliza-se izar. Ex.: atual = atualizar.

g) Emprego de xUsa-se x:

depois de ditongo. Ex.: baixa, feixe.

Depois de inicial meEx.: mexer, mexerica (exceto mecha).

Em palavras de origem indígena e africana.Ex.: pataxó, xavante.

h) Emprego de s, c, ç, sc e ss

Verbos terminados em ter geram substantivos ter-minados em tenção. Ex.: reter – retenção, deter – detenção.

Verbos terminados em nd geram substantivos e adjetivos terminados em ns. Ex.: ascender – ascensão, suspender – suspensão,

pretender – pretensão.

Verbos terminados em ced geram substantivos e adjetivos terminados em cess. Ex.: conceder – concessão, retroceder – retro-

cesso.Cuidado: exceder – exceção.

i) Emprego de g ou j

Usa-se g nas terminações: ágio, égio, ígio, ógio, úgio, agem, igem, ugem. Ex.: garagem, aragem, ferrugem, prestígio, re-

fúgio.

Usa-se j em palavras de origem indígena e africa-na: Jussara, canjica, pajé.

j) Emprego de s

Em palavras com final ês, esa, isa, que indicam nacionalidade, títulos honoríficos e status social.Ex.: burguês, irlandês, papisa.

Em palavras com final oso e osa (cheio de). Ex.: gracioso (cheio de graça), respeitoso (cheio

de respeito), curiosa (cheia de curiosidade).

Nas formas dos verbos pôr e querer. Ex.: puser, quisesse, quis.

Em palavras que derivam de palavras primitiva-mente grafadas com s. Ex.: catálise – catalisar, pesquisa – pesquisar.

Depois de ditongos: coisa, maisena.

Shut

ters

tock

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A

ndre

y Va

lere

vichMas e se eu esquecer o

dicionário? Como saberei

quando devo acentuar?

Esqueceu o dicionário? Não tem jeito....Vai ter de usar... A REGRA!!!

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Prosódia é a parte da Fonologia que estuda e fixa a posição das sílabas tônicas nas palavras. Quando a palavra tem acento gráfico, é fácil identificar a pronúncia-padrão, porém, quando há sílaba tônica, mas não há acento gráfico (ex.: sono), o dicionário dá indicação de como se pronunciam os sons das palavras: se as vogais são abertas, fechadas ou se são oxítonas (última sílaba tônica), paroxítonas (penúltima sílaba tônica) ou proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica).

Todas as sílabas tônicas são acentuadas. Em algumas pala-vras, o acento é gráfico (ex.: pé, ônibus). Em outras, o acento é meramente melódico (ex.: suavemente, atalho). As dúvidas em relação aos acentos melódicos podem ser sanadas pela memória ou pela indicação de prosódia presente no dicionário. Já as dúvidas sobre a acentuação gráfica podem ser sanadas pela memória, pelo uso do dicionário ou por algumas regras retomadas agora:

a) Monossílabos: acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em a, e, o (seguidos ou não de s).

Ex. 1: pé, pés, pá, pás, pó, pós.Ex. 2: lê, dê, crê, vê (no singular)Atenção: No plural, dobramos o [e] e tiramos o acen-

to: leem, deem, creem, veem.

b) Oxítonas: acentuam-se as oxítonas terminadas em a, e, o, as, es, os, em, ens e ditongos abertos.

Ex.: sofá, café, dominó, atrás, montanhês, retrós, também, parabéns, herói, papéis.

c) Paroxítonas: são acentuadas as paroxítonas terminadas em:

i(s), us – táxi, tênis, vírusum, uns – fórum, álbuns l – fácil, hábil, contábilr – revólver, caráterx – látex, tórax

n – pólen, hífenão(s), ã (s) – órfã, órgãoons – prótons, elétronsps – bíceps, trícepsditongos – cárie, árduo

Obs. 1: Quando os ditongos ei e oi estiverem na penúlti-ma sílaba (ditongos em paroxítona), eles não são acentuados/.Ex.: ideia, heroico, colmeia, boia, jiboia.

Obs. 2: Devem ser acentuados o i e o u tônicos que for-mam hiato com a vogal anterior, exceto quando depois vier nh ou antes vier um ditongo. Ex.: saúde, saída, rainha, tainha, baiuca, feiura.

d) Proparoxítonas: todas são acentuadas – barômetro, ônibus, simpático, lúcido, sólido.

1. Assinale a alternativa em que, no caso de trans-lineação, alguma das palavras teria sido sepa-rada de forma inadequada:

a) bigar-ro, lúci-do, búlga-ro

b) jau-la, cha-lé, bo-né

c) sa-úde, saí-da, soli-dão

d) cu-pido, estampi-do, cul-pado

e) arvo-redo, leopar-do, convencimen-to

2. A única opção em que todas as palavras apre-sentam dígrafo é:

a) carro, exceto, palavra

b) jaula, pássaro, cruzeiro

c) palha, campanha, confesso

d) correto, aresta, campainha

e) acampamento, jura, Vilhena

3. Assinale a alternativa em que todas as palavras foram acentuadas corretamente:

a) arquipélago, taínha, antropólogo, pé

b) ginásio, herói, heroico, saúde

c) enfermo, ônibus, idéia, Vênus

d) dadiva, repertório, artéria, pó

e) arapúca, atrás, antônimo, hormonio

4. Qual a regra que justifica a acentuação das se-guintes palavras:

a) amálgama:

b) naufrágio:

c) fé:

d) história:

e) saúva:

f) pontapé:

g) carícia:

h) âmbar:

Regras de acentuação

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1. (EAFA – RS) Complete as lacunas usando adequada-mente as palavras mas / mais / mal / mau e assinale a alternativa que corresponde à sequência correta:

Pedro e João ......... entraram em casa, percebe-ram que as coisas não estavam bem, pois sua irmã caçula escolhera um .......... momento para comunicar aos pais que iria viajar nas férias; ......... seus dois irmãos deixaram os pais ............sossegados quando disseram que a jovem iria com as primas e a tia.

a) mau – mal – mais – mas.

b) mal – mal – mais – mais.

c) mal – mau – mas – mas.

d) mal – mau – mas – mais.

e) mau – mau – mas – mais.

2. (UFAM) Pode-se escrever, conforme o caso, a cer-ca de, há cerca de ou acerca de. Assinale a opção em que há erro nesse emprego:

a) A cerca de dez anos vivo apenas de minhas lembranças: sombras, murmúrios, vozes da in-fância, o mandacaru no fundo do quintal.

b) Eu tinha em minha carteira, há cerca de duas semanas, o número do telefone do hotel no qual gostaria que passasses tuas férias na Islândia.

c) A fim de visitar meu irmão, que não vejo há doze anos, estarei viajando a Belém daqui a cerca de três meses.

d) O delegado ainda não se pronunciou acerca do litígio que ocorreu entre duas galeras rivais.

e) Podes me dizer o que há acerca da sucessão presidencial?

3. (EAFA – RS) Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra “família”:

a) Rússia, Arábia, Indonésia, Islândia.

b) Rússia, Japão, Nova Zelândia, Arábia.

c) Islândia, Suécia, Nova Zelândia, Suíça.

d) Suécia, Suíça, sanduíche, fácil.

e) Canadá, países, Suécia, Rússia.

4. (UEMS) As palavras “indagatório”, “árvore” e “até” recebem acento gráfico, respectivamente, porque são:a) paroxítona terminada em ditongo – proparo-

xítona – monossílaba átona.

b) proparoxítona – proparoxítona – monossílaba tônica.

c) paroxítona terminada em ditongo – proparo-xítona – oxítona terminada em “e” aberto.

d) monossílaba átona – paroxítona terminada em ditongo – proparoxítona.

e) paroxítona terminada em hiato – proparoxíto-na – monossílaba átona.

5. (EAFA – ES) Observe as palavras abaixo:

Grupo 1: amanhã, estão, sertão, chapéu, carrossel

Grupo 2: cangaceiro, praça, valsa, família, luzes

Grupo 3: sábado, público, única, música

Agora, assinale a alternativa errada:

a) Todas as palavras do grupo 1 são oxítonas.

b) Todas as palavras do grupo 2 são paroxítonas.

c) As palavras do grupo 1 são oxítonas, mas uma delas não está acentuada corretamente.

d) Todas as palavras do grupo 3 são proparoxíto-nas, por isso apresentam-se acentuadas.

6. (UEPG – PR)

Você trabalha para quê?

Os consultores vivem dizendo que, quando a gente tem uma meta, o foco aumenta e o esforço para realização – seja ele em termos de aprendizado, de performance ou de poupança – vai mais fácil. Em nossa reportagem de capa desse mês, você vai co-nhecer a história de quatro profissionais que estão focados em crescer na carreira e realizar sonhos.

MARI, Juliana de. Revista Você S/A, set. 2007.

Quais das seguintes palavras, extraídas do texto, são acentuadas em razão da tonicidade?

(01) fácil

(0 2) mês

(04) quê

(08) você

(16) história SOMATÓRIO:

7. (UNEMAT – MT) Já começou a catástrofe causada pelo aquecimento global, que se esperava para da-qui a trinta anos ou quarenta anos. A ciência não sabe como reverter esses efeitos. A saída para a ge-ração que quase destruiu a espaçonave Terra é adap-tar-se a furacões, inundações e incêndios florestais.VEJA, de 21 jun. 2006.

Ensino Médio | Modular

LÍNGUA PORTUGUESA

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Assinale a alternativa incorreta:

a) A função da linguagem predominante no tex-to é a referencial.

b) Temporalmente, a expressão “daqui a trinta anos” indica tempo decorrido.

c) O uso do advérbio “Já” presentifica o ato de enunciar pelo locutor.

d) A palavra “Terra” foi metaforizada por “espa-çonave”.

e) O verbo “adaptar-se” é sinônimo de “acomo-dar-se”.

8. (UFMT)

Texto I

Noel querido,No próximo dia 24 vou oferecer uma ceia para

alguns amigos em minha casa, em petit comitê. Eu adoraria poder contar com a sua presença. E, se você quiser trazer um presente para a anfitriã, não vou me importar, pelo contrário, até dou uma sugestão: você já viu a nova linha de monitores de plasma da Gradiente? É um must! Design clean, tecnologia de última geração. Ficaria o máximo ao lado de minhas obras modernistas. Apenas um pedido, querido. Por favor, não entre pela cha-miné para não assustar os convidados. Um beijo.

___________________Seu nome

Texto II

E aí, Papai Noel, belê?A parada é a seguinte: eu, ___________________,

tô muito a fim, a finzaço mesmo, de ter um Mini System Titanium da Gradiente no meu quarto, aquele que reproduz MP3 com 5.000 watts de potência, tá ligado? Sabe como é: eu queimo uns CDs MP3, convido a mina para ouvir um som da hora, a gente troca umas ideias e aí, meu velho, você tá ligado, né? E então? Quebra essa pra mim, mano. O senhor, que já tá velhinho, não sabe como é difícil hoje em dia agradar a mulherada.

VEJA, dez. 2003.

Sobre a caracterização do gênero dos textos I e II, assinale a afirmativa correta:

a) Em função do registro formal, da invocação, da identificação do requerente, o texto II é exemplo do gênero requerimento.

b) O uso da expressão “seu nome” no texto I e o espaço para pôr nome no texto II sugerem que os remetentes devam ficar no anonimato, não podem ser identificados.

c) No texto I, foi estabelecida uma interação for-mal, distante, entre a anfitriã e Papai Noel, trazido para o convívio diário, para a realidade presente.

d) No texto II, há relação de proximidade entre Papai Noel e o jovem, quebrada no final do texto pelo uso do tratamento senhor.

e) O texto I apresenta características, como vo-cativo, corpo, fechamento e assinatura, que o identificam como carta.

9. (UEMS)

“10 NOHTAS

I. Por que tanta pesquisa pra saber quem vai ganhar a eleição? A maioria sempre sabe (tanto que vota no candidato que ganha).

II. Pelo que entendi da última fala do vosso Pre-sidente, no Brasil até o prejuízo está dando lucro.

III. Incompetência, corrupção, violência, arbi-trariedade, realmente nada disso me assus-ta. Sou como Lula: o que me assusta são as manchetes.

IV. Como a linda vedete de nossos dias (nossas noites, diria melhor), o dinossauro também tinha dois cérebros: um na cabeça, outro no rabo. Com todo o respeito.

V. E se de repente alguém soprasse no ouvido do Luiz Inácio: “Cristo não tinha biblioteca?”.

VI. Apenas constatando a constatação que o PT nos oferece: o caminho mais curto entre a ideologia e o poder é a corrupção.

VII. Pode ser, como diz o ociólogo FHC, que a vida de rico seja chata. Mas só pode dizer isso 1% da população do país.

VIII. Ah, e tem mais FHC! Na primeira classe o tra-seiro viaja muito melhor do que na econômica.

IX. O fato, todo mundo sabe, é amante da opi-nião. Diz aí quem traça quem.

X. E moralização final: quem mais intimida é quem também tem mais medo.”

MILLOR. Veja, 19 abr. 2006, p. 27.

“Ociólogo”, de maneira contextualizada, seria a pessoa que estuda:

a) a corrupção. b) os ricos.

c) a desocupação. d) a sociedade.

e) as minorias.

48 Introdução à análise linguística