INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

119
INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Transcript of INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 1: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 2: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 92. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 113. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 144. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 155. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16

UNIDADE 1 – PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 192. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 19

2.1. ORIGENS DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA ...................... 192.2. AS CORRENTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO EM

BIBLIOTECONOMIA .................................................................................. 232.3. A BIBLIOTECONOMIA E A DOCUMENTAÇÃO ........................................ 29

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 323.4. EPISTEMOLOGIA ..................................................................................... 323.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA ............................................. 333.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA ............................................... 34

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 345. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 366. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 377. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38

UNIDADE 2 – A BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA E PROFISSIONAL

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 412. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 41

2.1. O CAMPO CIENTÍFICO EM BIBLIOTECONOMIA .................................... 412.2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO ............... 49

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 633.1. BIBLIOTECÁRIO ........................................................................................ 633.2. BIBLIOTECA ESCOLAR ............................................................................. 64

Page 3: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3.3. BIBLIOTECÁRIO GESTOR ......................................................................... 644. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 655. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 676. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 687. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 68

UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 712. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 71

2.1. INFORMAÇÃO .......................................................................................... 712.2. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E SEUS PARADIGMAS ............................. 742.3. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO .................................................................. 792.4. MUSEOLOGIA E ARQUIVOLOGIA NO BRASIL ........................................ 81

3. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ........................................................... 863.1. PARADIGMA ............................................................................................. 863.2. CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ..................................................................... 873.3. ARQUIVOLOGIA E MUSEOLOGIA ........................................................... 88

4. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .................................................................. 895. 5. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 916. 6. E-REFERÊNCIAS ........................................................................................... 917. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 92

UNIDADE 4 – PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 972. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 97

2.1. CONSELHOS, ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DA CLASSE ....................... 982.2. IDENTIDADE PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO E SEU CAMPO DE

ATUAÇÃO .................................................................................................. 1052.3. A ÉTICA DO BIBLIOTECÁRIO ................................................................... 1082.4. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL E NO

MUNDO..................................................................................................... 1113. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 115

3.1. LEGISLAÇÃO DE BIBLIOTECOMONIA ..................................................... 1153.2. ÉTICA PROFISSIONAL .............................................................................. 1163.3. RUMOS DA BIBLIOTECONOMIA ............................................................. 116

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 1175. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 1196. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 1197. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 1218. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 121

Page 4: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

7

Conteúdo

Apresentação dos elementos fundamentais da biblioteconomia no que se refere aos seus pressupostos filosóficos e epistemológicos. A construção sócio-histórica da biblioteconomia como campo científico e profissional. Introdução às teorias e ao pensamento sobre a ciência da Informação. Evolução da biblioteconomia e sua relação com áreas afins: arquivologia, museologia. Perspectivas e tendências no Brasil e no mundo. Introdução à Sociologia das profissões: identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.

Bibliografia BásicaBRIQUET DE LEMOS, A. A. De bibliotecas e biblioteconomias: percursos. Brasília: Briquet de Lemos, 2015.

OLIVEIRA, M. (Org.). Ciência da informação e Biblioteconomia: novos conteúdos espaços de atuação. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

SILVA, F. C. C. Bibliotecários especialistas. Brasília: Thesaurus, 2005.

Page 5: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

8 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Bibliografia ComplementarBORGES, M. A. G. O profissional da informação: somatório de formações, competências e habilidades. In: BAPTISTA, S. G.; MUELLER, S. P. M. Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 55-69.

FONSECA, E. N. Introdução à Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2007.

RANGANATHAN, S. R. Cinco leis da Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.

RUSSO, M. Fundamentos de Biblioteconomia e ciência da informação. Rio de Janeiro: E-Papers, 2010. (Coleção Biblioteconomia e gestão de unidades de informação, Série didáticos, v. 1)

VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

É importante saber

Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:

Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.

Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-rios, para efeito de avaliação.

Page 6: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

9© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

1. INTRODUÇÃO

Estimado aluno e futuro bibliotecário, seja bem-vindo!

Neste momento, iniciamos o estudo de Introdução à Bi-blioteconomia, por meio do qual você obterá as informações ne-cessárias para o embasamento teórico da sua futura profissão e para as atividades que virão posteriormente.

Este material traz fundamentos para o posicionamento crí-tico de um futuro bibliotecário, cujo trabalho deverá levar em consideração as demandas dos diversos atores sociais que inte-ragem nos múltiplos espaços da profissão.

O que é Biblioteconomia?

Inicialmente, devemos refletir: o que você entende por Biblioteconomia?

O público comum geralmente responderá com outras per-guntas, como: Tem a ver com economia dos livros? Tem a ver com bibliotecas? É a gestão de bibliotecas?

Neste momento não se preocupe com isso, pois juntos res-ponderemos a essa pergunta com propriedade ao longo de nos-sos estudos. Veremos que o conceito é muito mais abrangente do que o senso comum afirma.

O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca", que é composto por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke (caixa), e refere-se à ideia da biblioteca como depositária de livros.

Embora seja uma das profissões mais antigas do mundo, a palavra "biblioteconomia" só começou a aparecer na metade do século 20, com o início dos cursos na área.

Page 7: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

10 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Assim, a relação entre as bibliotecas e a Biblioteconomia era bem marcante e com traços de sentidos e significados evi-dentes, pois tanto o espaço físico (biblioteca) como a área de atuação (Biblioteconomia) eram reconhecidos como preserva-doras de livros e de conhecimentos.

Segundo Shera (1977) a biblioteconomia é considerada uma profissão que oferece serviços, assim as características de seus diversos ramos de atuação resultam da natureza e das par-ticularidades (ou necessidades) do grupo que se beneficia desses serviços.

Ou seja, vamos imaginar um bibliotecário inserido em um ambiente escolar, por exemplo. Este deverá atuar em sintonia com as expectativas e necessidades desse grupo específico, com-posto pelos alunos, professores, pais de alunos, coordenadores e diretores da escola, dentre outros. Essa afirmação nos leva a identificar a importância de uma atuação atenta e flexível no ofe-recimento de produtos e serviços de informação.

Em termos gerais, o termo biblioteconomia relaciona-se com a sistematização dos serviços de bibliotecas, consideradas como instituições sociais.

Nesse sentido, estudaremos na Unidade 1 os pressupostos filosóficos e epistemológicos fundamentais da Biblioteconomia, para que possamos estabelecer sua origem, influências e princi-pais contribuições para a sociedade.

Quando abordamos a construção sócio-histórica da Biblio-teconomia como campo científico e profissional, percebemos que há uma significativa atuação profissional em relação ao tra-balho científico. Essa discussão será apresentada na Unidade 2.

Page 8: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

11© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

No Brasil, entendemos que a Biblioteconomia faz parte de uma área maior denominada Ciência da Informação. Na Unidade 3, estudaremos as teorias, pensamentos e relações da Bibliote-conomia com a Ciência da Informação. Veremos também a evo-lução da Biblioteconomia e sua relação com áreas afins, como Arquivologia e Museologia.

Por fim, na Unidade 4, trataremos das perspectivas e ten-dências da Biblioteconomia no Brasil e no mundo, mediante estu-dos introdutórios sobre a sociologia das profissões, abordando a identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS

O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-mento dos temas tratados. Vejamos:

1) Arquivologia: é a disciplina que estuda as funções bá-sicas, princípios e técnicas específicas para arquivar, conservar, organizar e guardar documentos de forma que sejam fáceis de encontrar.

2) Bibliotecário: é o supremo "ligador do tempo", e o seu trabalho é o mais interdisciplinar de todos, pois lida com a ordenação, relação e estruturação do conheci-mento e dos conceitos (SHERA, 1977).

3) Biblioteca: instituição social responsável por preser-var, tratar, disseminar e divulgar informação e conhe-cimento. Contribui para o sistema total de comunica-ção na sociedade. Embora as bibliotecas tenham sido criadas como instrumentos para maximizar a utilização

Page 9: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

12 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

dos registros gráficos em benefício da sociedade, elas atingem sua meta trabalhando com os indivíduos e por meio deles, atingem a sociedade (SHERA, 1977).

4) Biblioteconomia: o objetivo da biblioteconomia é au-mentar a utilidade social dos registros gráficos, inde-pendentemente do nível intelectual em que operar, atendendo desde uma criança analfabeta distraída em seu primeiro livro de gravuras até um erudito interes-sado em alguma indagação esotérica. Fundamental-mente, a biblioteconomia é a gerência do conhecimen-to (SHERA, 1977).

5) Ciência da Informação (CI): disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo e os meios de processá--la para aperfeiçoar sua acessibilidade e uso. A CI está ligada ao corpo de conhecimentos relativos à origem, coleta, organização, estocagem, recuperação, interpre-tação, transmissão, transformação e uso de informa-ção. Ela tem tanto um componente de ciência pura, associado à pesquisa dos fundamentos sem atentar para sua aplicação, quanto um componente de ciência aplicada, ao desenvolver produtos e serviços (BORKO, 1968).

6) Conhecimento: produto da apropriação pelo indiví-duo de informações e da estruturação particular des-tas, sendo forçosamente individual e subjetiva. "(...) A produção dos estoques de informação não possui um compromisso direto e final com a produção do conhe-cimento" (BARRETO, 1994, p. 4), ou seja, o conheci-mento deve ser a informação em ação.

Page 10: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

13© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

7) Epistemologia: corpo de conhecimento sobre o pró-prio conhecimento. O estudo da forma pela qual o conhecimento desenvolveu-se e tem se desenvolvido. Tem sido há muito tempo objeto de muitos estudos em todas as áreas do conhecimento.

8) Filosofia: de modo geral, conceituado como o amor à sabedoria. Consiste no estudo de problemas funda-mentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.

9) Informação: no contexto da Ciência da Informação, a informação é registrada e institucionalizada (inten-cionada e contextualizada). Para poder cumprir sua missão, as configurações informacionais devem, além de selecionar, organizar e disponibilizar a informação – atribuindo-lhe um selo de qualidade –, fornecer expli-cações acerca dos procedimentos adotados de modo que o usuário possa exercer um papel ativo com con-dições para avaliar o selo de qualidade da informação à qual teve acesso (SMIT, 2012).

10) Museologia: é o campo que estuda os museus e sua interação com a realidade humana, por meio da rela-ção entre o ser humano, os aspectos culturais e a na-tureza, nas mais variadas formas de conceber o real.

11) Tecnologia: em sentido amplo, o imperativo tecnoló-gico está impondo a transformação da sociedade mo-derna em sociedade da informação, era da informação ou sociedade pós-industrial (SARACEVIC, 1996).

Page 11: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

14 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE

O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-tos mais importantes deste estudo.

Figura 1 Esquema de conceitos-chave de introdução à Biblioteconomia.

Page 12: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

15© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

4. E-REFERÊNCIASALVARENGA, L. D. Representação do conhecimento na perspectiva da ciência da informação em tempo e espaço digitais. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 8, n. 15, p. 18-40, 2003. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/1331>. Acesso em: 29 out. 2017.

BARRETO, A. A. A questão da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 8, n. 4, p. 3-8, 1994. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/a-questao-da-informac3a7c3a3o.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

BORKO, H. Information Science: What is it?. American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, jan. 1968. (tradução livre). Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2532327/mod_resource/content/1/Oque%C3%A9CI.pdf> . Acesso em: 29 out. 2017.

FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017.

MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação & Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/9585>. Acesso em: 29 out. 2017.

ORTEGA, C. D. Relações históricas entre Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. DataGramaZero, v. 5, n. 5, p. A03, 2004. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/v/a/2048>. Acesso em: 29 out. 2017.

SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/1360>. Acesso em: 29 out. 2017.

SILVA, J. L. C.; FREIRE, G. H. A. Um olhar sobre a origem da ciência da informação: indícios embrionários para sua caracterização identitária. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 17, n. 33, p. 1-29, jan./abr. 2012. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/147/14723067002/>. Acesso em: 29 out. 2017.

WILSON, T. D. A dimensão epistemológica da Ciência da Informação e seu impacto sobre o ensino em Arquivologia e Biblioteconomia. Brazilian Journal of Information Science, v. 2, n. 1, p. 1-15, 2008. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/8761>. Acesso em: 29 out. 2017.

Page 13: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

16 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASSARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.

SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 3, n. 2, p. 84-101, jul./dez. 2012.

VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

Page 14: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

17

UNIDADE 1PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA

Objetivos• Conhecer as origens e os pressupostos históricos, filosóficos e epistemoló-

gicos da Biblioteconomia.• Analisar a Biblioteconomia como uma das áreas do conhecimento humano.

Conteúdos • Origens e introdução à Biblioteconomia.• Pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos da Biblioteconomia.• Biblioteconomia e Documentação.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra-dativa dos assuntos para observar a evolução do estudo dos pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos da Biblioteconomia.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

Page 15: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 16: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

19© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

UNIDADE 1 – PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA

1. INTRODUÇÃO

Vamos começar nossa primeira unidade de estudo, você está preparado?

Nesta unidade, estudaremos o início do universo da Bib-lioteconomia até os dias atuais. Introdução à Biblioteconomia almeja apresentar a Biblioteconomia e os seus pressupostos fi-losóficos, situando-os no universo do conhecimento, da comuni-cação e da informação, apresentando seus principais conceitos e correntes de pensamento.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-do Digital Integrador.

2.1. ORIGENS DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA

A história das bibliotecas e consequentemente de suas práticas é milenar. Contudo, a construção da autonomia dessa área como um campo de conhecimento vem se processando nos últimos quinhentos anos. Podemos considerar ainda que a sua consolidação como uma disciplina científica deu-se no final do século 19.

Depois disso, desenvolveram-se diversos estudos, práticas e reflexões, constituindo diferentes correntes de estudo, que re-sultaram na riqueza e pluralidade que estabelece o campo da Biblioteconomia.

Page 17: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

20 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Vamos apresentar aqui uma possível organização dessa produção científica diversa, mediante algumas correntes de pensamento que percorrem as ciências sociais e humanas (nas quais a Biblioteconomia insere-se).

O objetivo será construir uma reflexão acerca da história e da filosofia das ciências, pois a Biblioteconomia está totalmente relacionada com o desenvolvimento do conhecimento humano, não só do científico, propagador do progresso e da geração de riquezas entre as nações.

O mais importante neste estudo é que você conheça as possíveis relações da Biblioteconomia com algumas correntes de pensamento. Ainda assim não será possível esgotar aqui essa reflexão. Portanto, de acordo com seu interesse e necessidade, é fundamental que você se aprofunde em textos que trazem ou-tras contribuições para este tema: epistemologia, história e filo-sofia em Biblioteconomia.

Vale destacar que, durante o século 20, houve uma intensa aproximação entre os campos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação (a Biblioteconomia promoveu estudos sobre os fenômenos informacionais, e a Ciência da Informação, sobre os fenômenos da Biblioteconomia). No entanto, nesta unidade, nosso foco será apenas para as produções teóricas específicas da Biblioteconomia.

Assim:Com a invenção da escrita e o estabelecimento das primeiras ci-dades, no início dos processos de sedentarização das coletivida-des, apareceram as primeiras manifestações de espaços especí-ficos (que serão, séculos depois, as "bibliotecas") voltados para a guarda e a preservação desses registros de conhecimento, sendo a Biblioteca de Alexandria considerada uma instituição paradigmática nesse sentido (ARAÚJO, 2013, p. 42).

Page 18: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

21© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

No Egito Antigo, na Grécia Clássica, no Império Romano e nos mundos árabe e chinês, do primeiro milênio à Idade Média na Europa, ergueram-se e consolidaram-se bibliotecas relacionadas com os mais diversos acervos – religiosos, literários, científicos, políticos, entre outros. Entretanto, foi só após o Renascimento, a partir do século 15, que começaram a surgir as primeiras formas tangíveis do que se poderia chamar de um conhecimento teórico específico em Biblioteconomia.

Dessa maneira, podemos dizer que, com o Renascimento, ressurgiu o interesse pela produção humana, pelas obras artísti-cas, filosóficas e científicas – tanto as da Antiguidade Greco-Ro-mana como aquelas que se desenvolviam naquele momento.

Assim, o interesse pelo culto das obras, por sua guarda e por sua preservação foi ressaltado. Surgiram muitos tratados e manuais a partir do século 17. Eles foram pensados para:

• as regras de procedimentos nas instituições responsá-veis pela guarda dessas obras;

• as regras de preservação e conservação física dos materiais;

• as estratégias de descrição formal das peças e dos documentos.

Com a Revolução Francesa e as demais revoluções burguesas na Europa, que marcaram a transição do Antigo Regime para a Mod-ernidade, ocorreu uma profunda transformação em todas as di-mensões da vida humana – inclusive nas bibliotecas. Surgiu aí o conceito moderno de "Biblioteca Nacional", que tem no seu caráter público sua marca distintiva. São formadas as grandes coleções, são realizados amplos processos de aquisição e acumulação de acervos – o que reforçou a natureza custodial destas instituições. A necessidade de se ter pessoal qualificado para as nascentes in-stituições modernas levou à formação dos primeiros cursos profis-sionalizantes voltados para regras de administração das rotinas de-

Page 19: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

22 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

stas instituições. Um exemplo desse tipo de produção é o Manuel du bibliothécaire, accompagné de notes critiques, historiques et littéraires, de Jean Pie Namur, publicado em 1834. Por fim, com a consolidação da ciência moderna como forma de produção de conhecimento, também o campo das humanidades viu-se convo-cado a se constituir como ciência. Surgiram no século XIX aqueles que seriam os precursores do estabelecimento do projeto de cons-tituição científica da Biblioteconomia: a consolidação de teorias e regras de catalogação (como as de Panizzi, de 1841, e de Jewett, de 1852) e dos sistemas de classificação bibliográfica (sendo o mais importante deles o de Dewey, de 1876) (ARAÚJO, 2013, p. 43).

É importante mencionar Advis pour dresser une bibliothèque, de autoria de Gabriel Naudé, publicada em 1627. A obra foi tradu-zida para o português como Conselhos para formar uma bibliote-ca, pela editora Briquet de Lemos, em 2016. Ela é considerada um marco dessa transição da Biblioteconomia empírica (conhecimento do dia a dia sem comprovação científica) para a moderna prática bibliotecária (FONSECA, 1979, p. 11).

O modelo de ciência então dominante, oriundo das ciências exatas e naturais, voltado para a busca de regularidades, estabelecimento de leis, ideal matemático e intervenção na natureza por meio de processos técnicos e tecnológicos, se expandiu para as ciências sociais e humanas através do Positivismo. Esse é o modelo que in-spirou as pioneiras conformações científicas da Biblioteconomia, que privilegiou os procedimentos técnicos de intervenção: a cata-logação e a classificação. Mais do que oposições, os três movimen-tos acima destacados se somaram, constituindo um grande mode-lo ou "paradigma". A perspectiva patrimonialista voltou-se para os "tesouros" que devem ser custodiados, ressaltando a importância da produção simbólica humana. A entrada na Modernidade en-fatizou as especificidades da instituição biblioteca, que devia ter estruturas organizadas e rotinas estabelecidas para o exercício da custódia. E a fundamentação positivista priorizou as técnicas particulares da Biblioteconomia a serem utilizadas para o correto tratamento do material custodiado (ARAÚJO, 2013, p. 43).

Page 20: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

23© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-panhar as definições da palavra "epistemologia". Em seguida é esperado que você saiba situá-la dentro do contexto de nossa disciplina. Antes de prosseguir para o próximo assunto, apre-cie as leituras e vídeos indicados, procurando dessa forma as-similar o conteúdo estudado.

2.2. AS CORRENTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO EM BIBLIOTECONOMIA

Veremos a partir daqui que a Biblioteconomia tem fortes vínculos com o Funcionalismo, o Positivismo e o Construtivismo.

As necessidades sociais e a corrente funcionalista

O pensamento funcionalista mais marcante na Biblioteco-nomia é encontrado na obra do espanhol Lasso de la veja (1892-1990). Em seu tratado, o autor alega que, inicialmente, as biblio-tecas eram instituições voltadas unicamente para a conservação dos livros e que, naquele momento (década de 1950), estavam passando a constituir-se como instituições pedagógicas ativas, verdadeiras, algo que ele chamou de "universidades populares" (LASSO DE LA VEGA, 1952).

Lasso de la Vega apresenta uma mudança no entendimen-to da profissão de bibliotecário, não mais como um conservador que se limita a ver os usuários lendo, mas como um agente pro-pulsor e mediador de cultura. Ele situa essa mudança de postura em meados do século 19, com os movimentos pela biblioteca pública na Inglaterra.

Page 21: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

24 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Essa transformação do entendimento da função das bib-liotecas é social e cultural, marca épocas ou paradigmas. Atual-mente não é nada trivial pensarmos uma biblioteca que tenha como principal missão a mera guarda e preservação do acervo.

Vejamos agora uma explicação sobre o que é o Funcionalismo:

O Funcionalismo representa uma forma de se estudar a reali-dade humana baseada essencialmente numa analogia entre a lógica social e a lógica biológica, daí resultando em modelos "organísmicos" de compreensão: a existência de um todo com-posto por "órgãos", cada um deles desempenhando suas fun-ções. Tal abordagem surgiu nos campos da Sociologia com Dur-kheim, da Antropologia com Malinowski e na Psicologia com Watson [...] (ARAÚJO, 2013, p. 44).

Shera (1977) fez uma análise funcionalista do significado da biblioteca, para quem cada sociedade forma e utiliza suas coleções de registros materiais de conhecimento de um modo particular. Isso sig-nifica que os movimentos culturais exercem um papel determinante na configuração da instituição biblioteca, influenciando a natureza de sua coleção, os serviços oferecidos e as formas de ser administrada.

Para Shera, o fundamento (função) da biblioteca exprime-se no fato de existir para atender certas necessidades sociais.

Dessa maneira, as funções de uma biblioteca variam de acor-do com as necessidades das diferentes sociedades nas diferentes épocas. Assim, a biblioteca deve ser mais do que "truques para en-contrar determinado livro", deve atender à sociedade em todas as suas potencialidades e, por que não, em suas necessidades.

Outro significativo autor com contribuições funcionalistas, foi o indiano Ranganathan (1892-1972), um nome muito impor-tante da Biblioteconomia.

Page 22: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

25© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Ranganathan teorizou sobre diversos assuntos de natureza funcionalista. Entre eles, está a teoria da classificação facetada (possivelmente você estudará essa teoria em outra disciplina).

Além dessa contribuição, merece destaque seu livro Five Laws of Library Science (1931). Traduzido para o português pela Editora Briquet de Lemos como As cinco leis da Biblioteconomia. As leis são:

1) os livros são para uso;2) a cada leitor, seu livro;3) a cada livro, seu leitor;4) poupe o tempo do leitor;5) a biblioteca é um organismo em crescimento.

Por trás da aparente simplicidade de seus enunciados, cada lei revela uma problematização que enfatiza a importância do efetivo uso (função) da biblioteca e de seus recursos, de modo a atender às necessidades da sociedade, mediante o atendimento de cada um de seus componentes.

Essa reflexão de Ranganathan foi bastante difundida no Ocidente e aproximou a Biblioteconomia e a Teoria Sistêmica. Ambas as teorias aceitam a metáfora das organizações vistas como organismos vivos, ou sistemas compostos por subsistemas.

Assim, diversos estudos posteriores analisaram a biblio-teca como um sistema, composto por:

Subsistemas de entrada:1) Seleção e aquisição.2) Descrição e representação.3) Organização.4) Armazenamento.

Page 23: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

26 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Subsistemas de saída:1) Análise de questionamentos.2) Busca e recuperação.3) Disseminação.4) Avaliação.

A Teoria Sistêmica originou-se nos trabalhos do biólogo austríaco Bertalanffy (1901-1972) e converteu-se num método geral de análise utilizado por diversas disciplinas científicas. Seu pressuposto básico é o primado do todo sobre as partes, isto é, algo só pode ser estudado a partir da identificação de seus el-ementos constituintes e da inter-relação entre eles.

A abordagem funcionalista é, desse modo, um tipo especí-fico de estudo sistêmico.

A perspectiva crítica – Positivismo

A perspectiva crítica na Biblioteconomia manifestou-se bastante vinculada aos processos de redemocratização logo após as ditaduras militares, nas quais houve forte censura à circulação de determinados livros.

Em um primeiro momento, desenhou-se um conjunto de práticas voltadas para as populações excluídas ou marginaliza-das. Abriu-se espaço para a extensão bibliotecária com carros-biblioteca e serviços de caixa-estante, por exemplo. Esses ser-viços buscavam alargar o acesso físico aos livros por meio da proximidade espacial. Em muitos casos, tais práticas passaram a ser descritas como de "ação cultural" ou "animação cultural".

Page 24: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

27© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

A corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem no Fun-cionalismo sua forte expressão. Vejamos uma caracterização do Positivismo:

O Positivismo consiste na aplicação de métodos e princípios das ciências exatas e biológicas aos fenômenos humanos e sociais. Uma de suas principais expressões é, justamente, o Funciona-lismo. A perspectiva crítica nasceu como sua oposição, pro-pondo uma especificidade das ciências humanas e sociais. Sua origem está vinculada ao Marxismo no campo da Sociologia, à Psicanálise no campo da Psicologia e à Antropologia Cultural no campo da Antropologia (ARAÚJO, 2013, p. 45).

Uma das mais completas sistematizações que aproximam ação cultural e Biblioteconomia é o trabalho de Flusser (1983). O autor apresenta duas possíveis ideias de cultura:

• Um conjunto de objetos, artefatos; portanto, um acer-vo, estoque, ou seja, preservar é suficiente;

• Um conjunto de representações, visões de mundo, prá-ticas sociais (cultura como "contexto" em oposição a "acervo").

Essas duas definições correspondem a duas compreensões sobre como deve ser o contato com a cultura (com a herança cultural): uma que a entende como uma herança universal, acu-mulada pela humanidade, um conjunto unitário, e outra que a vê como produto de experiências de tensões e lutas políticas. É justamente aí que se insere o trabalho do bibliotecário e da bib-lioteca como instrumentos de ação cultural.

Expressões concretas dessa linha de pensamento redefi-nem o conceito de biblioteca como "centro de cultura" (MILANE-SI, 1997). Outros trabalhos de natureza prática, com essa inspi-ração, buscavam substituir o "depósito silencioso de livros" que

Page 25: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

28 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

era a biblioteca "tradicional" por instituições sociais, dinâmicas e vivas, em que o povo participe.

Foi retomada dessa forma a expressão "biblioteca públi-ca" (também muitas vezes entendida como um tipo especial de biblioteca pública, a "biblioteca popular"), mas com um sentido bastante diferente do modelo funcionalista – embora as designa-ções "viva" e "dinâmica" apareçam em ambos os modelos.

Talvez a principal diferença entre a biblioteca "viva" e "dinâmica" crítica e funcionalista esteja relacionada à quem as bibliotecas servem: nobres e cientistas ou o cidadão comum?

Essa reflexão remete-nos à próxima subseção, que abor-dará a visão de biblioteca para múltiplos usuários.

Estudos na perspectiva dos sujeitos ativos – Construtivismo

Tanto a visão crítica como a visão dos estudos funciona-listas de certo modo "enxergavam" a sociedade e os indivíduos como seres passivos, meros receptáculos de informação.

Reformulando o papel da sociedade e dos indivíduos, agora como sujeitos ativos, e estudando as apropriações de conhecimen-tos, a partir de suas diferentes necessidades e usos, desenvolveu-se uma nova perspectiva – os estudos de usuários de bibliotecas.

O estudo efetivo dos usuários só ocorreu no início do sé-culo 20, quando houve um grande interesse em se saber como e o que as pessoas liam, e qual o uso feito das bibliotecas em geral (FIGUEIREDO, 1994).

Entre os estudos contemporâneos sobre essa visão, de-staca-se a abordagem construtivista de Carol Kuhlthau (2004), que atuou principalmente no âmbito das bibliotecas escolares.

Page 26: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

29© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

De forma empírica, a autora empreendeu diversas pesquisas so-bre como os usuários estudam, buscam e usam os recursos dis-poníveis na biblioteca, bem como as habilidades e barreiras que interferem nesse processo.

Dessa maneira, o Construtivismo:[...] é uma forma de análise dos fenômenos humanos e sociais que destaca o fato de que a realidade não tem uma existência nela mesma – é, antes, produto da interação entre aspectos ob-jetivos e a ação do sujeito que conhece. Sua origem remonta, na Psicologia, aos trabalhos de Jean Piaget e, na Sociologia, a au-tores como Schutz, Berger e Luckmann (ARAÚJO, 2013, p. 45).

As leituras indicadas no Tópico 3. 2 tratam do conhe-cimento já produzido em Biblioteconomia. Neste momento, você deve ler esses textos para aprofundar o tema abordado.

2.3. A BIBLIOTECONOMIA E A DOCUMENTAÇÃO

A Documentação, posterior à Biblioteconomia, voltou-se ao desenvolvimento de técnicas e princípios de organização e recuperação informacional, voltada ao tratamento documental. Essas ações projetaram-se independentemente do tipo de docu-mento ou de suporte, permitindo enxergar o documento sem seu contexto de aplicação (ORTEGA, 2010).

A Biblioteconomia, a Documentação e a custódia dos ar-quivos eram tratadas de forma única. No entanto, interesses par-ticulares começaram a dividir essas atividades em grupos sepa-rados, que passaram a adotar atitudes de intolerância entre si.

Por mais de quatro séculos, a Biblioteconomia foi quase sinônimo de Bibliografia. Considerando a Bibliografia como o

Page 27: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

30 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

princípio da Documentação, pode-se dizer que esta esteve un-ida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19, quando Otlet e La Fontaine sistematizaram e desenvolveram a Documentação como uma disciplina distinta da Biblioteconomia.

Os europeus deram continuidade a esses estudos e aplica-ções. A Segunda Guerra Mundial acentuou esses avanços devido às necessidades específicas dos países envolvidos de recuperar conteúdos de tipos diversos de documentos, inclusive com ten-tativas primárias de recuperação mecânica da informação.

Otlet vem sendo considerado precursor e fundador da Documentação e da própria Ciência da Informação.

A atualidade da obra de Otlet revela-se nos estudos re-alizados hoje por pesquisadores da Ciência da Informação (tais como: autores, copistas, impressores, editores, livreiros, biblio-tecários, documentadores, bibliógrafos, críticos, analistas, com-piladores, leitores, pesquisadores e trabalhadores intelectuais), nos quais verifica-se que as operações documentárias acompan-ham o documento desde o instante em que ele surge da pena do autor até o momento em que impressiona o cérebro do leitor. A sistematização realizada por Otlet culminou na publicação, em 1934, do Traité de Documentation.

Mesmo trabalhando ativamente na otimização de processos e técnicas documentárias, servindo realmente para a Ciência da Infor-mação, a Documentação foi praticamente excluída dos estudos an-glo-saxões e simplesmente substituída pela Ciência da Informação.

No cenário brasileiro da década de 1950, a inserção da Bibliografia e a ampliação pela Documentação já representaram uma visível insuficiência da formação biblioteconômica no que concerne ao tratamento do conteúdo dos documentos e ao uso das então novas tecnologias de documentação. Isso apresenta-

Page 28: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

31© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

va-se como um entrave ao desenvolvimento de atividades rela-cionadas à Documentação Científica.

Atualmente, alguns autores anglo-saxões, como Rayward e Buckland, escreveram trabalhos resgatando o aporte teórico da Documentação difundida na Europa, especialmente as obras de Otlet e de seus discípulos, como Briet. No entanto, uma das obras-chave para área, o Tratado de Documentação (1934), ai-nda não teve uma tradução para o inglês.

Tais indícios revelam que a Documentação ainda não tem seu devido reconhecimento, mesmo que tenha dado "insumos" tanto para a Ciência da Informação, em sua constituição cientí-fica, como para a Biblioteconomia, na adequação de processos e práticas documentais,.

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3. 3 para compreender um pouco mais sobre os pensamentos filo-sóficos em Biblioteconomia.

DICA: Visite o site da Biblioteca Nacional do Brasil e de um outro país. Quando tiver oportunidade, visite-as pessoalmente.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––

Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 1.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Page 29: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

32 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integral-mente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.4. EPISTEMOLOGIA

Epistemologia é uma palavra pouco utilizada em nosso dia a dia, mas tem a ver com praticamente tudo o que sabemos. Por isso, vale a pena tentarmos compreendê-la um pouco mais, primeiramente em um contexto geral e em seguida relacionando com nossa área, a Biblioteconomia.

• SCIFILO. O que é epistemologia (teoria do conhecimen-to)? (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QIFR6hx1X0s>. Acesso em: 29 out. 2017.

• TESSER, G. J. Principais linhas epistemológicas con-temporâneas. Educar em Revista, n. 10, p. 91-98, jan./dez. 1994. Disponível em: <http://www.scie-lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104--40601994000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 out. 2017.

• SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblio-teconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/_repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

Page 30: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

33© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA

A evolução da tecnologia e o progresso do conhecimento humano estão totalmente atrelados ao surgimento das bibliotecas no passado. Considerando que vivenciamos a Era da Informação e do Conhecimento, tornou-se essencial revermos técnicas, atitudes e desdobramentos da Biblioteconomia no presente e no futuro.

Os textos a seguir apresentam essa linha de pensamen-to, que acompanha e, de certa forma, influencia as transforma-ções necessárias à área. Além de ler o artigo de Siqueira (2010), assista aos dois vídeos indicados. "A Biblioteca de Alexandria" apresenta essa famosa biblioteca considerada um marco históri-co para os estudos sobre o início da Biblioteconomia. Já o vídeo institucional da Biblioteca Nacional do Brasil, conta um pouco de sua história e de sua função. Confiram!

• SIQUEIRA, J. C. Biblioteconomia, documentação e ciên-cia da informação: história, sociedade, tecnologia e pós--modernidade. Perspectivas em Ciência da Informação , v. 15, n. 3, p. 52-66, set./dez 2010. Disponível em: <http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/1124/771>. Acesso em: 29 out. 2017.

• DOCUMENTARIOSCIENCIA. A Biblioteca de Alexandria – Documentário (1996) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TK5zppZzUy4>. Acesso em: 29 out. 2017.

• BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017.

Page 31: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

34 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA

Recomendamos que você leia o artigo de Floridi (2010), que reflete sobre a Filosofia da Informação, e o artigo de Araújo (2013), que reforça os tópicos desta primeira unidade. Em se-guida, assista ao filme O homem que queria classificar o mundo, e saiba um pouco mais sobre a vida de Paul Otlet, considerado o pai da Documentação e precursor da Ciência da Informação. Você perceberá diversas relações entre Biblioteconomia, Biblio-grafia e Documentação, além da criação da Internet. Bom filme e boas leituras!

• FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documenta-ção, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017.

• IPTV/USP. O homem que queria classificar o mundo (ví-deo). Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=5941>. Acesso em: 29 out. 2017.

• ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Re-vista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 9, n. 1, p. 41-58, jan./dez. 2013. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação é uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em re-sponder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

Page 32: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

35© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

1) O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca" composto por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke (caixa), refere-se à ideia da biblioteca como:a) Depositária de livros.b) Depósito de caixas.c) Disseminadora de livros.d) Museus de livros.e) Coleção de caixas.

2) Advis pour dresser une bibliothèque, é uma significativa obra de autoria de Ga-briel Naudé, publicada em 1627. A tradução deste título em português seria:a) "Conselhos de um bibliotecário".b) "Conselhos para formar uma biblioteca".c) "Advertências para um bibliotecário".d) "Endereço de uma biblioteca".e) "Formação de Bibliotecas".

3) Ranganathan publicou o famoso livro Five Laws of Library Science em 1931. Tra-duzido para o português como As cinco leis da Biblioteconomia. Essas leis são: a) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor;

Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimento. b) Os livros são para guardar; A cada leitor, seu bibliotecário; A cada livro,

sua biblioteca; Poupe o tempo do bibliotecário; A biblioteca é um or-ganismo estático.

c) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor; Poupe o uso da biblioteca; Evite o crescimento.

d) Os livros não são para uso; A cada leitor, sua biblioteca; A cada livro, seu leitor; Poupe o tempo do leitor; A biblioteca não é um organismo em crescimento.

e) Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimen-to; Utilize livros antigos; Biblioteca não é museu; Evite o crescimento.

4) Como vimos, a corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem uma forte expressão no: a) Existencialismo.b) Construtivismo.

Page 33: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

36 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

c) Criticismo.d) Funcionalismo.e) Expressionismo.

5) Por mais de quatro séculos, a Biblioteconomia foi quase sinônimo de Bi-bliografia. Considerando a Bibliografia como o princípio da Documenta-ção, pode-se dizer que esta esteve unida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19, quando dois pesquisadores sistematizaram e de-senvolveram a Documentação enquanto disciplina distinta da Biblioteco-nomia. São eles:a) Smit e Araújo.b) Shera e Borko.c) Otlet e La Fontaine.d) Shera e La Fontaine.e) Seracevic e Otlet.

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-toavaliativas propostas:

1) a.

2) b.

3) a.

4) d.

5) c.

5. CONSIDERAÇÕES

Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de discutir uma Biblioteconomia que se mostra, por um lado, consolidada em suas escolhas e princípios já secu-

Page 34: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

37© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

lares e, por outro, dinâmica e flexível em direção a novas abor-dagens e capaz de adaptar-se às condições históricas, culturais, epistemológicas e tecnológicas contemporâneas.

Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você apre-nderá as características da Biblioteconomia como campo cientí-fico e profissional.

6. E-REFERÊNCIASARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 9, n.1, p. 41-58, jan./dez. 2013. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017.

BIBLIOO. Briquet de Lemos – Biblioteconomia: passado e futuro (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7_pOPyLExkA>. Acesso em: 29 out. 2017.

BIBLIOTECA NACIONAL. Apresentação. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/apresentacao>. Acesso em: 29 out. 2017.

______. Histórico. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>. Acesso em: 29 out. 2017.

BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017.

FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017.

MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação & Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/9585> . Acesso em: 29 out. 2017.

ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje. DataGramaZero, v. 11, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/index.php/article/view/0000008400/cca9a49474077340b069f1222c313618>. Acesso em: 29 out. 2017.

Page 35: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

38 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblioteconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/_repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASFIGUEIREDO, N. M. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília: IBICT, 1994.

FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n.2, p. 145-169, set. 1983.

FONSECA, E. N. A biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.

KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and information services. Londres: Libraries Unlimited, 2004.

LASSO DE LA VEGA, J. Manual de biblioteconomia: organización tecnica y cientifica de las bibliotecas. Madri: Mayfe, 1952.

MILANESI, L. A casa da invenção. São Paulo: Ateliê, 1997.

Page 36: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

39

A BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA E PROFISSIONAL

Objetivos• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo

científico.• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo

profissional.

Conteúdos • Panorama e conceito do campo científico da área.• Panorama e conceito do campo profissional da área. • Atuação nas unidades de informação e suas características.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados.

3) Recorra aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

UNIDADE 2

Page 37: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 38: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

41© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

1. INTRODUÇÃO

Vamos começar nossa segunda unidade de estudo. Nela va-mos abordar a revolução técnica e científica da Biblioteconomia, que resultou na necessidade de estudos mais avançados sobre as técnicas empregadas em bibliotecas e centros de documentação.

O progresso técnico e científico ampliou a capacidade hu-mana em todas as direções, resultando em um grande acúmulo de informação. Esse grande volume de informação, por conse-guinte, ampliou as funções, as atividades e as responsabilidades do bibliotecário profissional.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-do Digital Integrador.

2.1. O CAMPO CIENTÍFICO EM BIBLIOTECONOMIA

No Brasil, o primeiro bibliotecário foi o jesuíta português An-tônio Gonçalves, que em 1604 passou a trabalhar na biblioteca do Colégio da Bahia (FONSECA, 1979). Naquele período, e até o início do século 20, não havia cursos de formação de bibliotecários no Brasil.

O ensino de Biblioteconomia surgiu a partir do Decreto n o 8.835, de 11 de julho de 1911, que definiu a criação do primeiro curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional. Tal fato ocorreu devido ao empenho do pernambucano Manuel Cícero Peregrino da Silva (1866-1956), diretor da Biblioteca Nacional na época.

Page 39: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

42 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Entretanto, as aulas só tiveram início em abril de 1915 de-vido a desistência dos inscritos (RUSSO, 1966; CASTRO, 2000). O exame de admissão neste primeiro curso era composto de prova escrita de português e provas orais de geografia, literatura, histó-ria universal e línguas (francês, inglês e latim). Era pré-requisito para ser bibliotecário possuir cultura geral.

O ensino da Biblioteca Nacional era influenciado pela esco-la francesa École National des Chartes, com forte característica humanística e voltada para os funcionários daquela biblioteca.

Em 1936 também foi oferecido um curso de Bibliotecono-mia em São Paulo, que em sua criação era mantido pela Prefeitu-ra do Município de São Paulo. Em 1940, o curso foi incorporado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Nos primeiros anos de criação, diferentes visões guiaram as escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira mantinha suas raízes humanísticas, enquanto a segunda era basicamente técnica.

Consequentemente, os bibliotecários formados passavam a defender a abordagem tecnicista ou humanística, de acordo com a escola em que haviam estudado.

Considera-se que a polêmica entre Rio e São Paulo foi mar-cante quanto às questões técnicas da área. No entanto, com o movimento de americanização do Brasil e devido às exigências do mercado de trabalho, a Biblioteca Nacional em 1944 modificou seu currículo com o acréscimo de disciplinas técnicas, tais como: Ca-talogação, Classificação, Bibliografia e Referência (CASTRO, 2000). Contudo, não deixou de lado sua influência humanística. O ensino de Biblioteconomia no Rio de Janeiro e em São Paulo apresenta-vam diferenças, inclusive relacionadas a controvérsias da prática de técnicas e de disciplinas cursadas (CASTRO, 2000).

Page 40: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

43© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

O Quadro 1 apresenta as disciplinas que compunham o curso em Biblioteconomia entre 1915 e 1962. Nota-se que, em-bora tivessem perfis diferentes, havia sintonias entre as forma-ções de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Quadro 1 O início do ensino de Biblioteconomia no Brasil.

Fonte: Castro (2000).

Agora, no Quadro 2, veja a grade de disciplinas do curso de Biblioteconomia no Claretiano.

Page 41: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

44 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Quadro 2 Disciplinas do curso de Biblioteconomia no Claretiano.

Comunicação e LinguagemFontes de Informação e Competência InformacionalFundamentos da EducaçãoIntrodução à BiblioteconomiaAção Cultural: Projetos Culturais e Atuação do BibliotecárioEstudos de UsuáriosIntrodução à BiblioterapiaProjeto - Representação Descritiva: CatalogaçãoRepresentação Descritiva: CatalogaçãoMetodologia da Pesquisa CientíficaOptativa de Formação IProjeto - Representação Temática: ClassificaçãoRepresentação Temática: ClassificaçãoSistemas de InformaçãoAutomação e Informatização de Unidades de InformaçãoLinguagens DocumentáriasPlanejamento de Unidade de InformaçãoProjeto - Automação e Informatização de Unidades de InformaçãoProjeto – Linguagens DocumentáriasServiços de Referência e Recuperação da InformaçãoArquitetura da Informação e UsabilidadeBiblioteca EscolarOptativa de Formação IIPreservação, Conservação de Documentos e Tratamento de Obras RarasAdministraçãoAntropologia, Ética e CulturaEstágio Curricular SupervisionadoEstudos Linguísticos e Literários aplicados à BiblioteconomiaPesquisa Bibliográfica e NormalizaçãoAtividades Complementares

Fonte: Claretiano (2017).

Page 42: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

45© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Depois de observar os dois quadros, tente responder às se-guintes questões:

1) O que foi acrescentado?2) O que foi modificado?3) O que permaneceu?4) Em sua opinião, os desafios de hoje são maiores do

que os do passado?

Percebemos que a Biblioteconomia brasileira é assumida quase que diretamente como origem e subárea da Ciência da Informação. O fato é que houve um processo de acomodação entre as duas áreas:

• de um lado, definiu-se a Biblioteconomia como estudo formativo vinculado às diretrizes curriculares nacionais, com seus aspectos legais, com o intuito de graduar;

• do outro, definiu-se, como espaço para a Ciência da In-formação, o campo de estudos e pesquisas avançados em cursos e programas de pós-graduação.

Todo campo científico necessita de uma literatura especia-lizada e atualizada. No Brasil alguns dos principais periódicos que tratam temas da Biblioteconomia e Ciência da Informação são:

1) DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação (1999-).

2) Perspectivas em Ciência da Informação (1996-).3) Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia

e Ciência da Informação (1996-).4) Morpheu: Revista Eletrônica em Ciências Humanas –

Conhecimento e Sociedade (2002-).

Page 43: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

46 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

5) RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (2003-).

6) Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) (2003-).

Você conhece esses periódicos? A leitura de seus artigos vão ajudar muito em seu aprendizado.

Consideramos que a Biblioteconomia não se constitui como uma área científica, mesmo com a incorporação de novos equipamentos tecnológicos à sua rotina, alterando serviços bá-sicos como a catalogação (utilização das redes colaborativas) e o atendimento ao usuário (serviço de referência virtual).

Segundo Pinheiro (1999), a Biblioteconomia precisaria de uma "ciência" para lhe dar respeitabilidade acadêmica. Para ele, mesmo com a disseminação e uso de equipamentos e proce-dimentos físicos no âmbito digital, a área ainda não conseguiu relacioná-los efetivamente com base na produção que realiza e com o uso da informação em um contexto específico.

Agora vamos ver algumas características da Bibliotecono-mia na Europa e nos Estados Unidos.

Europa e EUA

A partir da primeira metade do século 20, a Europa inovou em termos de pesquisa e experimentos de processos de organi-zação da informação. Contudo, devido ao patamar tecnológico da época e das dificuldades políticas e econômicas daquele mo-mento, essas pesquisas e experimentos não foram disseminados e implantados (Buckland, 1991).

Page 44: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

47© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

No mesmo período, os Estados Unidos estavam preocu-pados em aumentar o número de bibliotecas. Estas eram vistas como equipamentos culturais e educacionais, capazes de garan-tir acesso universal aos seus acervos. Apesar de haver alguma pesquisa e experimentação de tecnologias no país, elas ainda não eram técnicas e modelos aplicados para processos de biblio-tecas, não sendo, assim, significativas.

Foi só durante e após a Segunda Guerra Mundial que o espírito pragmático e o apoio em pesquisa tecnológica dos Es-tados Unidos levou a um grande avanço, permitindo várias implantações.

No período, a Europa estava devastada pela Guerra e não acompanhou o avanço dos Estados Unidos, recebendo, entre-tanto, suas influências.

Surgia uma nova concepção de bibliotecas, diante da ne-cessidade de mudança do conceito elitista desse ambiente. A biblioteca até então encarada como depósito de conservação de livros raramente lidos ou de acesso reservado apenas para determinado público:

Fechadas em si mesmas, solenes e pouco convidativas, difi-cultando muitas vezes o acesso à informação, com fundos que pouco ou nada têm a ver com os interesses da generalidade da população (NUNES, 1996, p. 57).

Uma nova perspectiva, em oposição ao espírito de conser-vação das bibliotecas, fez com que a divulgação, o acolhimento dos usuários e a função de referência aos poucos deixassem de ser consideradas secundárias.

Essa transformação começou na Inglaterra, onde a ideia da verdadeira biblioteca pública surgiu no começo do século 19, com o movimento liderado por Horace Mann (1796-1859) e

Page 45: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

48 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Henry Barnard (1811-1900), em favor da educação para todos os segmentos da sociedade (FONSECA, 1992).

Assim, os Movimentos pela Biblioteca Pública (Public Li-brary Movements) destacaram-se:

• por um lado, devido à importância de se atingir todos os indivíduos da sociedade, propondo uma reformula-ção do conceito de biblioteca (passando a entendê-las como agentes ativos no processo democrático);

• por outro lado, devido ao surgimento de diversas inova-ções práticas nas bibliotecas para aumentar a acessibi-lidade física e intelectual (priorizando os serviços de re-ferência, adequando os acervos, criando instrumentos mais fáceis para a busca, entre outros).

O salto teórico-conceitual dessa abordagem pelo usuário ocorreu a partir de um grupo de pesquisadores da Graduate Li-brary School da Universidade de Chicago. Nessa instituição foi criado o primeiro programa de doutoramento em Biblioteco-nomia. O grupo de Chicago é considerado fundamental para a passagem de uma Biblioteconomia de orientação meramente profissionalista para uma científica.

Nesta mesma época, no Brasil, ainda estávamos revendo influências e organizando nossos primeiros cursos de graduação.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-panhar a lei que regulamenta a profissão do bibliotecário e re-fletir sobre a trajetória da Biblioteconomia até os dias atuais. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Page 46: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

49© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

2.2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO

Com o entendimento de que as bibliotecas possuem um papel social e que devem mediar a formação do cidadão comum, presenciamos recentemente bibliotecários atuando em múlti-plos contextos. Embora haja consenso de que as bibliotecas se-jam relevantes, hoje temos vários tipos ou ramificações dessa ideia, em espaços que podem ser físicos ou digitais.

Nesse sentido é mais compreensível utilizarmos o termo "unidade de informação" no lugar de biblioteca, pois o biblio-tecário pode aplicar as técnicas da Biblioteconomia em outros espaços, como empresas, livrarias, bancos e assessorias.

Veremos a seguir algumas possibilidades de atuação pro-fissional e algumas das especialidades existentes (bibliotecário de referência, de processamento técnico, de aquisição, periódi-cos etc.), bem como suas competências (Vieira, 2014).

Bibliotecário de referência

O bibliotecário de referência normalmente é encontrado em bibliotecas universitárias ou especializadas. Ele é responsá-vel por ajudar o usuário a encontrar a informação, direcionan-do e orientando sua pesquisa pelo contato direto ou por outros meios, até que seja sanada sua necessidade informacional.

Ele também é responsável por dar suporte ao pesquisa-dor/usuário na normalização de trabalhos científicos de acordo com as normas da ABNT ou outras, como a APA.

O campo de atuação é vasto: pesquisador ou consultor em pesquisas das universidades, empresas públicas ou privadas, centros de documentação etc.

Page 47: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

50 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

São atividades exigidas desta atuação: 1) manter-se informado sobre atualidades gerais e sobre

as novidades do acervo;2) utilizar todos os recursos tecnológicos e mídias na

orientação do usuário; 3) conhecer seu acervo, assim como as melhores fontes

de pesquisa on-line ou por meio do Comut (comutação bibliográfica);

4) manter uma boa comunicação oral e escrita com os usuários, sempre de forma clara;

5) ser agente cultural por meio da promoção de ações e eventos culturais em sua unidade ou pela cidade.

Bibliotecário escolar

Pode ser considerado o maior responsável pela formação do hábito de leitura entre jovens estudantes, sendo um elo entre os jovens e os livros. Esse profissional é responsável por incenti-var a leitura e a pesquisa, e, em muitos casos, apresenta à crian-ça o mundo da pesquisa em seu início de vida cultural.

Na biblioteca escolar, o bibliotecário é um mediador que auxilia as crianças e os jovens a desenvolverem competências necessárias para: aprender, estimular o senso crítico, argumen-tar e instigar a criatividade e o interesse por novos conhecimen-tos. São suas funções:

1) treinar e formar para a utilização dos recursos da bi-blioteca e de tecnologia de informação;

2) formar competências e conhecimento da informação;3) promover programas de leitura e eventos culturais,

como a hora do conto;

Page 48: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

51© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

4) participar de atividades relacionadas à gestão do cur-rículo escolar;

5) participar da preparação, promoção e avaliação de ati-vidades de aprendizagem;

6) preparar e administrar os orçamentos e a formação da equipe;

7) promover políticas para desenvolver os serviços de acordo com as necessidades da comunidade escolar (VIEIRA, 2014).

Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você se infor-mará um pouco mais sobre a Biblioteca Escolar. Antes de pros-seguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Bibliotecário de processamento técnico

O bibliotecário de processamento técnico é responsável por tratar a informação, atuando nos processos de catalogar, classificar e indexar, ou seja, fazer uma descrição e identificação do conteúdo do item, de forma que facilite o acesso do usuário à informação.

É necessário conhecer as atividades da biblioteca e seus instrumentos de trabalho – como códigos e tabelas de cataloga-ção, linguagens documentárias, tesauros e vocabulários contro-lados – necessários para a análise e processamento técnico dos documentos da unidade, que habitualmente são divididos em três etapas:

Page 49: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

52 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Catalogação

Catalogar significa registrar todo material que chega à bi-blioteca utilizando técnicas biblioteconômicas que possibilitem e facilitem o acesso às informações. Os instrumentos utilizados para a catalogação são: o AACR2, utilizado mundialmente para padronizar e descrever os documentos; e algum formato especí-fico (o mais utilizado é o formato MARC 21).

Classificação

Classificar significa reunir coisas, informações etc., no caso do bibliotecário classificador, por grupo e conforme suas carac-terísticas. Para isso, durante o processamento técnico, é neces-sário utilizar um sistema de classificação (CDD, CDU etc.) por meio do qual se reúnam os assuntos pertinentes devidamente codificados.

Indexação

Indexar é incluir o registro de um documento em um índice ou repositório de informações, que deve formar o catálogo de uma bi-blioteca. Os registros são compostos por diversos dados e informa-ções que descrevem o documento, objetivando localizá-lo no acervo.

Na descrição dos documentos é necessário incluir o cabe-çalho (informações básicas) sobre o autor, título, assunto etc. Os índices podem ser encabeçados por assuntos, autores, títulos, editoras etc. No entanto, normalmente, ao buscar o documento, a recuperação dá-se pelo assunto.

Para a boa indexação de um item de qualquer tipo de uni-dade de informação, é de suma importância determinar o assun-to e inclui-lo em um vocabulário controlado. Isso pode evitar o

Page 50: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

53© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

silêncio ou ruído durante a pesquisa, uma vez que toda recupe-ração da informação desejada terá sucesso ou não a partir desse ponto. A indexação consiste em duas fases:

• identificar e representar o conteúdo intelectual do documento;

• traduzir a análise do assunto para a linguagem especifi-ca, utilizando descritores.

É exigido que o profissional mantenha-se bem informado (cultura geral) sobre as atualidades nas diferentes áreas do co-nhecimento humano.

Bibliotecário de aquisição

O profissional é responsável por adquirir obras de relevân-cia, levando em conta as necessidades de seus usuários e as carac-terísticas exigidas. Sempre que for necessário obter novas obras, deve-se solicitar o material, aprovar o pedido, verificar a disponibi-lidade do documento no mercado, comprá-lo, negociar condições de pagamento etc. Durante a aquisição deve-se levar em conta não apenas os aspectos comerciais do negócio, mas também o va-lor informacional que a aquisição trará ao acervo da unidade.

Após adquirir o documento, inicia-se o processamento téc-nico para incorporá-lo ao acervo e disponibilizá-lo.

Por fim, o processo deve ser acompanhado por um bom sistema de Disseminação Seletiva da Informação (DSI), que pro-moverá uma boa divulgação das novidades informacionais. São exigências da função:

1) analisar as sugestões de usuários/ pesquisadores;2) controlar orçamento, ou verificar a possibilidade da

aquisição;

Page 51: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

54 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3) analisar a quantidade a ser adquirida, ou se já faz parte do acervo;

4) gerenciar a licitação ou orçamentos para compra;5) analisar fornecedores, condições de pagamento, prazo etc.

Em grande parte das instituições, o profissional não atua somente na aquisição, acumulando outras funções. Isso ocorre porque a maioria das bibliotecas não necessita ou não tem re-cursos suficientes para o desenvolvimento integral de um profis-sional nessa função.

Bibliotecário de periódicos

Suas principais funções são comprar, receber, avaliar e controlar as coleções de periódicos provenientes de assinatura (compra), doação ou permuta, mantendo atualizadas as infor-mações necessárias às consultas do material pelos usuários.

A rapidez na recuperação e o contato imediato com a in-formação vêm-se tornando fatores determinantes na aquisição de periódicos eletrônicos em ambientes universitários, principal-mente pelo acesso às novidades nas áreas científicas e tecno-lógicas. A assinatura permite o acesso a periódicos por área de atuação e a periódicos de acesso livre.

No Brasil, as FAPs e o CNPQ possibilitam o acesso dos pes-quisadores a portais como Web of Science e Scielo (Scientific Ele-tronic Library).

São exigências da função:1) intermediar contato com fornecedores, editores etc.;2) pesquisar necessidades e orçamentos de aquisição de

periódicos;

Page 52: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

55© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3) catalogar e indexar periódicos e artigos;4) controlar a circulação dos documentos;5) elaborar relatórios e estatísticas.

Em grande parte das instituições, o profissional acumula outras funções. Isso ocorre porque a maioria das bibliotecas não necessita ou não tem recursos suficientes para o desenvolvimen-to integral de um profissional nessa função.

Bibliotecário de sistemas

O bibliotecário de sistemas gerencia, insere e organiza as informações de uma biblioteca de forma a facilitar o acesso do usuário. Deve oferecer a maior gama possível de possibilidades e mecanismos que permitam a recuperação da informação deseja-da. Para isso, é vital uma boa indexação de termos.

Assim, mediante bom treinamento ao usuário quanto à utilização do sistema, é possível dar autonomia a ele, otimizando o tempo e permitindo que ele auxilie outros usuários.

O bibliotecário de sistemas deve possuir senso crítico ao elaborar, indexar e disponibilizar os termos das diferentes áreas do conhecimento. Assim, estabele critérios para organizar e in-terpretar a informação nos suportes existentes na biblioteca, via-bilizando conexões entre assuntos para facilitar a pesquisa.

São exigências da função:1) manter contato constante com colaboradores e utiliza-

dores (usuários) do acervo;2) manter-se informado e buscar novas tecnologias e no-

vidades da área no que se refere a base, banco e estru-

Page 53: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

56 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

tura de dados, sistemas operacionais, programação, novas tecnologias na área de catalogação etc.;

3) participar do planejamento e da seleção dos sistemas (softwares etc.) da unidade;

4) manter um canal de comunicação aberto entre colabo-radores para assuntos técnicos sobre informática;

5) supervisionar o fluxo de informações do sistema para fins estatísticos, dando suporte, manutenção e desen-volvimento do sistema aos setores (VIEIRA, 2014).

Bibliotecário jurídico

Esse bibliotecário deve conhecer a fundo o mundo jurídico e suas informações, nas esferas municipais, estaduais, federais e internacionais.

Deve tornar-se íntimo dos termos e das definições usadas pe-los profissionais da área: lei, decreto, instrução, medida provisória, emenda constitucional, súmula, jurisprudência etc. Por conseguinte, deve conhecer as técnicas de organização utilizadas pela classe jurídi-ca, dispondo melhor seus documentos, facilitando sua pesquisa etc.

Também é importante ao bibliotecário jurídico elaborar sistemas de gerenciamento do conhecimento jurídico, e não apenas organizar seus acervos.

De acordo com a Associação Americana de Bibliotecários Jurídicos, esse profissional deve:

1) ser eficiente na pesquisa em qualquer suporte informacional;

2) ser astucioso quanto às vantagens ou desvantagens de uma ou várias fontes de informação;

Page 54: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

57© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3) ser eficaz na organização da informação, quanto a sua localização e utilização em qualquer suporte;

4) especializar-se na utilização das fontes informacionais (jurídicas ou não);

5) conhecer o sistema legal e a profissão jurídica;6) ter conhecimento biblioteconômico do ciclo documen-

tário em sua totalidade;7) ter liderança e pensamento crítico no que se refere à

administração geral;8) trabalhar em grupo para alcançar objetivos comuns;9) promover e defender a necessidade da biblioteca na

organização (VIEIRA, 2014).

Bibliotecário consultor

O bibliotecário consultor presta consultoria aos gestores ou proprietários de empresas ou acervos nas tomadas de de-cisões relativas à organização e à disseminação da informação. Também opina sobre o impacto dessas informações sobre os re-sultados atuais e futuros.

O foco da consultoria é definir a melhor alternativa na área da Biblioteconomia para agilizar o acesso à informação num am-biente particular ou empresarial, diminuindo incertezas e riscos no processo natural de competição existente.

Os serviços de consultoria normalmente diagnosticam e formulam soluções para determinado assunto (problema) ou especialidade. Tais soluções podem ser em qualquer área do co-nhecimento humano.

Page 55: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

58 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

As consultorias mais comuns são nas áreas jurídica e em-presarial, mas é comum também a organização de acervos de outros tipos: objetos, correspondências, fotografias etc.

Suas habilidades devem estar focadas nos métodos e ins-trumentos utilizados, no compartilhamento de ideias e infor-mações e na gestão dos recursos disponíveis. Esse profissional deve ainda detectar as melhores formas de coletar dados para um posterior diagnóstico, observando políticas e valores da or-ganização. Além disso, deve manter-se alinhado à cultura or-ganizacional e respeitá-la para garantir uma boa relação com a empresa-cliente. Assim, com resultados positivos, poderá ser contratado novamente pela mesma organização ou por outras que venham a conhecer seus bons resultados.

São exigências da função: 1) Conhecimentos específicos em alguma área;2) Habilidade no relacionamento interpessoal;3) Independência;4) Automotivação; 5) Boa comunicação escrita e verbal;6) Capacidade analítica, de autenticidade e ética (VIEIRA,

2014).

Bibliotecário da área da saúde

O bibliotecário especialista na área da saúde é fundamen-tal para difundir informação aos profissionais desse ramo.

Atua em diversos setores da saúde, como indústria farma-cêutica, bibliotecas especializadas e entidades pesquisadoras. Contribui em estudos acadêmicos, no atendimento a pacientes

Page 56: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

59© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

e no desenvolvimento científico, pesquisando fontes tradicio-nais ou eletrônicas, que ajudem a esclarecer o problema, seja na área médica, terapêutica, farmacêutica, veterinária ou de enfermagem.

O profissional dessa área deve buscar atualização constan-te, devido à produção crescente de pesquisas científicas, divul-gadas principalmente em formato eletrônico. As informações levantadas pelo bibliotecário devem ser avaliadas pelos profis-sionais da saúde, quanto à relevância e à necessidade de apro-fundamento bibliográfico.

Nos Estados Unidos há especialização para bibliotecários da área da saúde desde 1939. Já no Brasil esses cursos começa-ram a ser oferecidos na década de 1980, pela Unifesp (Curso de Especialização em Informações em Ciência e Saúde para Biblio-tecários e Documentalistas).

São exigências da função:1) localizar informações impressas ou eletrônicas;2) administrar e criar produtos que facilitem a dissemina-

ção da informação;3) selecionar e comprar livros, periódicos etc., em forma-

to impresso ou eletrônico;4) organizar o uso da informação5) facilitar o acesso à informação.6) treinar usuários e pesquisadores (VIEIRA, 2014).

Bibliotecário da área da música

O bibliotecário especialista em música deve ter amplo co-nhecimento sobre o tema, desde compositores e estilos musi-

Page 57: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

60 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

cais, até músicos e intérpretes nacionais e internacionais, além de, preferencialmente, ter conhecimento sobre partituras.

O campo de atuação vai de bibliotecas especializadas a rá-dios e televisão, e os suportes desse tipo de informação são va-riados: LPs, CDs, DVDs, livros, partituras etc.

O acervo é destinado aos estudiosos, pesquisadores e inte-ressados em música, preocupados em ampliar seus conhecimen-tos ou por simples prazer.

São exigências da função:1) trabalhar para o avanço dos objetivos de sua

organização;2) reconhecer a diversidade de músicas, usuários e fre-

quentadores da biblioteca (equipe, comunidade etc.) e incentivar seus esforços musicais;

3) avaliar continuamente a eficácia e o potencial dos ma-teriais e serviços fornecidos;

4) comunicar-se com eficácia, participando de sua comu-nidade profissional;

5) ler partituras;6) ter formação em nível superior em Música e

Biblioteconomia;7) desenvolver e empregar sistemas de distribuição de in-

formação conforme a necessidade do usuário;8) avaliar constantemente a qualidade das fontes de

informação;9) criar índices, catálogos, instrumentos de pesquisa,

exposições e bibliografias (impressos ou eletrônicos) para melhorar o acesso a coleções.

Page 58: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

61© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Bibliotecário coordenador de bibliotecas/unidades informacionais

O bibliotecário coordenador é o representante da bibliote-ca, e é responsável por gerenciar, liderar, motivar, treinar e orien-tar os colaboradores. É sua obrigação também avaliar, exigir, con-tratar, demitir etc.

Para uma melhor gestão, é necessário estabelecer metas e planejar ações a curto, médio e longo prazos. O plano de ação deve levar em conta o gerenciamento dos recursos disponíveis por certo período. Os recursos podem ser tecnológicos, mate-riais, financeiros, físicos e humanos.

A gestão deve ter múltiplos olhares sobre a unidade, bus-cando identificar:

• pontos positivos: que devem ser destacados, dando o crédito aos responsáveis pela atividade (seja diária ou ligada a uma ação pontual);

• pontos negativos: fazendo mudanças e tomando me-didas que possam sanar o problema, ou melhorar um estágio da ação.

Em geral, o coordenador é o elo entre os colaboradores da unidade e os tomadores de decisões estratégicas. Por esse motivo, deve usar bom senso e discernimento entre os lados envolvidos, colaborando nos resultados e no cumprimento das obrigações diárias.

Para que o gestor não se perca é necessário que tenha cla-ra a missão da instituição a qual pertence. Ele deve implantar um programa de gestão da qualidade que permita acompanhar os resultados e formar uma equipe envolvida em todo o processo e com vistas nos resultados.

Page 59: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

62 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

São exigências da função:1) ser empreendedor, estando ligado às necessidades, às

atualizações e ao planejamento da unidade.2) ser um líder, preocupado com a questão social, procu-

rando ajudar a todos, preocupando-se com as dificul-dades financeiras, não permitindo injustiças;

3) empenhar-se genuinamente na harmonia das relações de trabalho, fator básico para alcançar bons resultados em qualidade e produtividade;

4) monitorar as necessidades da unidade, dos funcioná-rios e dos usuários;

5) ter voz ativa, saber delegar tarefas e resolver eventuais conflitos internos entre funcionários, usuários etc.;

6) avaliar com precisão e constância os colaboradores e suas funções, e, se necessário, trocar funcionários de departamento, e até demitir ou contratar;

7) ser exemplo para os colaboradores, para que se espe-lhem em suas atividades.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 3, você vai conhe-cer mais sobre o Bibliotecário Gestor. Antes de prosseguir para a próxima unidade, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––

Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso

Page 60: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

63© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 2.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen-te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. BIBLIOTECÁRIO

Uma lei federal regula o exercício da profissão de biblio-tecário, é a Lei 4.084 de 1962. Sugerimos que você a leia na ín-tegra. Em seguida, assista ao vídeo Briquet de Lemos – Bibliote-conomia, uma palestra do professor Briquet de Lemos que traz interessantes fatos históricos e reflexões sobre a profissão do bibliotecário na fala. Por fim, leia um texto sobre as condições e a obrigatoriedade do Depósito Legal de publicações para a Bi-blioteca Nacional.

• BRASIL. Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962. Dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercí-cio. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4084.htm>. Acesso em: 31 out. 2017.

• BIBLIOO. Briquet de Lemos – Biblioteconomia: passado e futuro (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7_pOPyLExkA>. Acesso em: 31 out. 2017.

Page 61: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

64 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

• BIBLIOTECA NACIONAL. Depósito legal. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/sobre-bn/deposito-legal>. Acesso em: 31 out. 2017.

3.2. BIBLIOTECA ESCOLAR

A biblioteca escolar normalmente está dentro do ambiente físico de uma escola. Os textos a seguir retratam particularidades desse espaço e da atuação do bibliotecário escolar.

• PINHEIRO, M. I. S. Biblioteca escolar na visão das crianças do ensino fundamental. Revista ACB, v. 22, n. 1, p. 31-37, abr. 2017. Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/1199>. Acesso em: 31 out. 2017.

• CASTRO FILHO, C. M. Editorial. Biblioteca Escolar em Re-vista, v. 5, n. 2. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/berev/article/view/128711>. Acesso em: 31 out. 2017.

• OLIVEIRA, I. R.; CAMPELLO, B. S. Estado da arte sobre pesquisa escolar no Brasil. TransInformação, v. 28, n. 2, p. 181-194, maio/ago. 2016. Disponível em: <http://pe-riodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transin-fo/article/view/2416/2260>. Acesso em: 31 out. 2017.

3.3. BIBLIOTECÁRIO GESTOR

O bibliotecário gestor pode trabalhar em uma grande bi-blioteca, em uma rede de bibliotecas, ou até mesmo em um sis-tema de bibliotecas. Sua atuação exige conhecimentos adminis-trativos e estratégicos. Normalmente realiza os planejamentos e coordena os recursos físicos, financeiros e humanos. Além disso, busca parcerias e financiamentos para novos projetos.

Page 62: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

65© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

• SOUZA, T. L.; OLIVEIRA, R. I. S.; ROSÁRIO, M. H. S. Gestão da informação e do conhecimento: a gestão da qualidade nos serviços da biblioteca. Biblionline, v. 12, n. 1, p. 78-85, 2016. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/28146>. Acesso em: 31 out. 2017.

• FERREIRA, M. C. S. B.; RIBEIRO, R. M. R. (apresentação). Organização e funcionamento de biblioteca. Disponí-vel em: <http://sites.uefs.br/portal/sites/bibuefs/ar-quivos/treinamentos/APRESENTACaO%20FINAL.pdf>. Acesso em: 31 out. 2017.

• SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS (SNBP). Gestão de bibliotecas. Disponível em: <http://snbp.cultura-digital.br/gestao-de-bibliotecas/>. Acesso em: 31 out. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação é uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em respon-der às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-dados para sanar as suas dúvidas.

1) O primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil foi criado em 1911 em qual instituição:a) Prefeitura do Rio de Janeiro.b) Biblioteca Nacional.c) Museu Nacional.d) Prefeitura de São Paulo.e) Faculdade de Ciências Políticas.

2) O bibliotecário que atua com o processamento técnico, normalmente rea-liza quais atividades:a) Catalogação, classificação e indexação.b) Referência, atendimento ao usuário e catalogação.

Page 63: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

66 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

c) Basicamente atendimento ao usuário.d) Catalogação e indexação.e) Aquisição e ação cultural.

3) Os serviços de consultoria normalmente realizam diagnósticos e formu-lam soluções para determinado assunto (problema) ou especialidade. Es-sas soluções podem ser:a) Em qualquer área do conhecimento humano. b) Apenas as relacionadas à Biblioteconomia.c) De áreas das ciências humanas.d) De áreas da saúde.e) De áreas tecnológicas.

4) Confira as afirmativas a seguir, e marque a alternativa correta:I - O bibliotecário especialista na área da saúde é fundamental na difu-

são da informação.II - O bibliotecário especialista na área da saúde é capaz de auxiliar os

profissionais desse ramo. III - Nos Estados Unidos há especialização para bibliotecários da área da

saúde desde 1939.a) Apenas I é verdadeira.b) I e II são verdadeiras.c) I e III são verdadeiras.d) Apenas II é verdadeira.e) I, II e III são verdadeiras.

5) A gestão deve ter múltiplos olhares sobre a unidade de informação, bus-cando identificar pontos positivos:I - Que devem ser destacados, dando o crédito aos responsáveis pela ati-

vidade (seja diária ou ligada a uma ação pontual);II - E os pontos negativos, fazendo mudanças e tomando medidas que

possam sanar o problema, ou melhorar um estágio da ação.III - Pontos negativos não devem ser considerados pelo gestor. a) I e III estão corretas.b) I e II estão corretas.c) Apenas I está correta.

Page 64: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

67© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

d) Apenas II está correta.e) I, II e III estão corretas.

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-toavaliativas propostas:

1) b.

2) a.

3) a.

4) e.

5) b.

5. CONSIDERAÇÕES

Chegamos ao final da segunda unidade, na qual você co-nheceu características da Biblioteconomia como campo científi-co e profissional. Percebemos que há uma forte tendência técni-ca no trabalho do bibliotecário, mas que também devemos nos empenhar na perspectiva humanista.

Vimos algumas possibilidades de atuação profissional e al-gumas das especialidades existentes (bibliotecário de referência, de processamento técnico, de aquisição, de periódicos etc.) e suas competências. Percebemos que a atuação profissional deve acompanhar as demandas e especificidades de cada unidade.

Veja agora o Conteúdo Digital Integrador, que ampliará seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você aprenderá sobre o conceito de "informação", da Ciência da Infor-mação e sua interdisciplinaridade.

Page 65: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

68 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

6. E-REFERÊNCIASCLARETIANO. Biblioteconomia: sobre o curso. 2017. Disponível em: https://claretiano.edu.br/graduacao/biblioteconomia . Acesso em: 15 nov. 2017.

FONSECA, E. Introdução à biblioteconomia. São Paulo: Pioneira, 1992.

OLIVEIRA, I. R.; CAMPELLO, B. S. Estado da arte sobre pesquisa escolar no Brasil. TransInformação, v. 28, n. 2, p. 181-194, maio/ago. 2016. Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/article/view/2416/2260>. Acesso em: 31 out. 2017

PINHEIRO, L.V.R. Campo interdisciplinar da ciência da informação: fronteiras remotas e recentes. In: PINHEIRO, L.V.R. (Org.) Ciência da informação, ciências sociais e interdisciplinaridade. Brasília: IBICT, 1999. p.155-182.

SNBP – SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS. Gestão de bibliotecas. Disponível em: <http://snbp.culturadigital.br/gestao-de-bibliotecas/>. Acesso em: 31 out. 2017.

SOUZA, T. L.; OLIVEIRA, R. I. S.; ROSÁRIO, M. H. S. Gestão da informação e do conhecimento: a gestão da qualidade nos serviços da biblioteca. Biblionline, v. 12, n. 1, p. 78-85, 2016. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/28146>. Acesso em: 31 out. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBUCKLAND, M. K. Information as thing. Journal of the American Society for Information Science, v. 42, n. 5, p. 351-360, jun. 1991.

CASTRO, C. A. História da Biblioteconomia brasileira: perspectiva histórica. Brasília: Thesaurus, 2000.

FONSECA, E. N. A Biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.

NUNES, H. Da biblioteca ao leitor: estudos sobre a leitura pública em Portugal. Braga: Universidade do Minho, 1996.

RUSSO, L. G. M. A Biblioteconomia brasileira, 1915-1965. Rio de Janeiro: INL, 1966.

VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

Page 66: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

69

INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Objetivos• Compreender a evolução e origem da Ciência da Informação.• Conhecer as áreas afins da Biblioteconomia.

Conteúdos • O conceito de informação.• Ciência da Informação e interdisciplinaridade.• Arquivologia e Museologia.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra-dativa dos assuntos para observar a história da informação e da Ciência da Informação.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

UNIDADE 3

Page 67: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 68: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

71© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

A Ciência da Informação é uma área de pesquisa relativa-mente nova, que se relaciona com diversas disciplinas e áreas do conhecimento, com influências que começaram antes mesmo de sua criação na metade do século 20.

Muitas escolas de Ciência da Informação ao redor do mun-do, em diferentes países e contextos sociais, nasceram dos de-partamentos de Biblioteconomia e de Documentação, receben-do, assim, influência de pioneiros como Paul Otlet, Melvil Dewey e Shiyali Ramamrita Ranganathan.

A Ciência da Informação também está notoriamente ligada ao desenvolvimento científico e tecnológico após a Segunda Guerra Mundial, representado por movimentos importantes para o pensa-mento moderno, com disciplinas como a Cibernética e a Computação.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-do Digital Integrador.

2.1. INFORMAÇÃO

Quando usamos o termo informação em Ciência da Infor-mação, devemos ter sempre em mente que informação é o que é informativo para determinada pessoa (Smit, 2012).

O que é informativo depende das necessidades de com-preensão e habilidades do indivíduo, embora essas sejam fre-

Page 69: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

72 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

quentemente compartilhadas dentro da comunidade de discur-so (CAPURRO; HJORLAND, 2007).

Assim, a informação presente nas instituições coletoras de cultura (como as bibliotecas, arquivos e museus) varia de acordo com seus objetivos.

Dessa maneira, não devemos distinguir as instituições pelo tipo de documento por elas mantido. Essa distinção é totalmente ultrapassada. É inútil distinguir as instituições pelo tipo de docu-mento que nelas predomina, por mais que isso continue sendo observado na prática e reiterado pelo senso comum.

O que importa é a função exercida por esse documento nos diferentes ambientes. Por mais que as bibliotecas continuem estocando livros e periódicos, os arquivos acumulem documen-tos administrativos, e os museus, objetos, a distinção pelo ma-terial não se sustenta. A função atribuída a esses documentos determina uma diferenciação mais justificada.

De toda forma, por mais que as instituições tenham obje-tivos e critérios específicos de formação do estoque informacio-nal, nelas predomina um objetivo comum: todas se preocupam com a organização da informação a fim de disponibilizá-la.

A oferta de informação

Atualmente sabemos que simplesmente disponibilizar a informação não garante que ela seja comunicada e gere conhe-cimento. No entanto, se a informação não for disponibilizada, nenhum conhecimento novo será gerado.

Sobre a disponibilização da informação, relembramos Paul Otlet, visionário da Ciência da Informação. Ao assistir à sua biogra-fia no filme O homem que queria classificar o mundo (2002), você

Page 70: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

73© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

irá perceber inclusive que nem tudo que ele vislumbrou foi ainda implantado.

Otlet imaginava que a farta distribuição de informações era condição necessária e suficiente para melhorar a sociedade e a qualidade de vida do cidadão. No entanto, percebemos que apenas divulgar não garante a melhoria da qualidade de vida. Para isso, a informação acessada precisa ser interpretada e apro-priada pelo indivíduo. É preciso internalizar e transformar a in-formação em conhecimento.

Nessa perspectiva, os projetos envolvendo bibliotecas, ar-quivos e museus abertos ao cidadão são importantes para dispo-nibilizar informação. Contudo, são insuficientes para melhorar as condições de vida do cidadão, pois, para isso, é necessária uma maturidade educacional do indivíduo.

Relembrando um antigo provérbio chinês , as instituições coletoras de cultura (bibliotecas, arquivos e museus) podem for-necer o peixe, mas não podem a priori ensinar a pescar, o que é objetivo de outras instituições da sociedade.

Nesse ponto, duas atitudes por parte das instituições cole-toras de cultura são possíveis:

• centrar atenção no sistema informacional optado por elas e educar o usuário para que entenda como a in-formação foi tratada, de acordo com quais princípios, regras e procedimentos, esperando com isso torná-lo apto a usar o sistema informacional;

• ou analisar a questão do ponto de vista do usuário e ade-quar a informação documentária a esse (MORRIS, 1994).

Quando o usuário consegue entender a informação docu-mentária ou o sistema informacional que lhe está sendo trans-

Page 71: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

74 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

mitido, estabelece uma efetiva comunicação com o estoque in-formacional. Assim, pode avaliar a informação disponibilizada e, consequentemente, selecionar o que melhor atende a seus anseios, necessidades ou desejos.

Entre os diversos entendimentos do assunto, duas verten-tes distinguem-se: a informação vista como coisa ou objeto, por exemplo, no caso dos bits e da teoria matemática da comunica-ção (SHANNON, 1948); e a informação entendida como conceito subjetivo, cujo significado, ou conteúdo informacional, depende da interpretação e do contexto (CAPURRO; HJORLAND, 2007).

2.2. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E SEUS PARADIGMAS

Após essa breve reflexão sobre a nossa matéria-prima, a informação, estamos prontos para iniciar os estudos em Ciência da Informação.

Podemos afirmar que a Ciência da Informação é fruto de outras ciências e disciplinas:

Ao visitar escolas de ciência da informação na América do Norte eu tenho sido sempre apresentado aos professores nos seguin-tes termos: "Este é o Dr. A, ele ensina linguística para a ciência da informação. E aqui está o Prof. B, o qual ministra cursos de ciência da computação para cientistas da informação. Dr. C é um estatístico que tem um curso de estatística para a ciência da informação". E isto continua até eu ser compelido a perguntar: "E quem ensina ciência da informação?" A resposta usual é que a ciência da informação é uma mistura peculiar de linguística, comunicação, ciência da computação, estatística e métodos de pesquisa, juntos com algumas técnicas da biblioteconomia, tais como indexação e classificação. Qualquer integração destes elementos tem que ser alcançada, se isto for possível, pelos es-tudantes por si próprios (BROOKES, 1980, p. 128)

Page 72: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

75© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Compreende o que estamos falando? Textos publicados atualmente sobre Ciência da Informação, no Brasil e no mundo, mostram que a situação descrita por Brookes ainda perdura.

Diante dessa complexidade, muitos autores entendem e conceituam a Ciência da Informação como disciplina composta por três paradigmas: físico, cognitivo e social.

Tal divisão não segue uma linha histórica, no sentido de primeiro surgiu este paradigma e depois o outro. Na verdade, esses paradigmas se entrecruzam com diferentes intensidades e em diversos períodos. As datas mencionadas mostram apenas graus de predominância.

Paradigma físico

Data aproximadamente de 1945 até meados da década de 1970. Representado por pesquisadores como Vannevar Bush (1945), que propôs o memex e Michael Buckland (1991), autor da conceituação de informação-como-coisa.

O pós-guerra é considerado o marco inicial da Ciência da Informação, que se implementou em oposição à Bibliotecono-mia. Esta já não conseguia prover o acesso à informação, cada vez mais volumosa e diferenciada para usuários cada vez mais especialistas e exigentes.

A ênfase recaia sobre a informação, o objeto da atividade de produção, sua organização e busca. De acordo com esse para-digma, o conhecimento é objetivo e especializado, e independe do sujeito cognoscitivo. Engenheiros, matemáticos e físicos con-cebem um tratamento da informação mais detalhado, voltado às suas necessidades informacionais. Esse enfoque poderia ser cha-mado "tecnocentrista", uma vez que esse processo de busca da

Page 73: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

76 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

informação é determinista, não dinâmico e tampouco interativo, não sofrendo intervenção de elementos psicológicos e físicos.

A relevância da informação recuperada é objetiva, poden-do ser medida. De acordo com o paradigma físico, a informação é representada por unidades, com características de "objetos" (BUCKLAND, 1991) que podem ser armazenados em algum lugar e transmitidos por canais.

Nesse paradigma, a capacidade de compreensão da infor-mação transmitida não é discutida.

Paradigma cognitivo

O período mais marcante foi de 1980 até meados da déca-da de 1990.

O entendimento do sujeito é resgatado, na condição de agente transformador da informação em conhecimento.

Instaura-se uma epistemologia individualista (o conheci-mento do indivíduo), que trouxe consigo o pensamento de que a realidade do mundo material sempre é uma construção mental. Sendo assim, a produção do conhecimento depende da mente humana, conceito-chave desse momento.

Esse período foi centrado no usuário, mas sempre um usuá-rio individual, isolado, não inserido numa dimensão coletiva.

Nesse paradigma, o sujeito é o produtor de conhecimento que visa seu bem-estar e o desenvolvimento da humanidade, que se torna possível por meio do desenvolvimento dos indivíduos.

O paradigma cognitivo opõe-se ao paradigma físico, mas continua pressupondo a existência de estoques informacionais.

Page 74: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

77© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Trata-se, em suma, de iluminar a outra ponta do contínuo informação produzida, informação estocada e organizada, infor-mação recuperada e utilizada. Se o paradigma cognitivo trouxe novamente o usuário ao centro das atenções, do qual ele estava em grande parte separado no paradigma físico, o momento se-guinte resgata a historicidade desse usuário.

Paradigma social

Ganhou destaque a partir de 1990. O paradigma social tem sua origem na obra de Jesse Shera (década de 1970) e atualmen-te é representado pelas teorias de Rafael Capurro e Søren Brier.

Capurro afirma que a Ciência da Informação tem utilizado diversas ferramentas e práticas das ciências sociais e da filosofia, dentre elas: hermenêutica, análise de discurso, análise de domí-nio e redes sociais. Complementarmente ao paradigma social, como uma vertente mais orientada para a filosofia Capurro tam-bém cita a semiótica, de Charles Sanders Peirce, e a hermenêu-tica, representada por nomes como Wittgenstein, Wersig, Wino-grad e Flores, Aristóteles e Heidegger (CAPURRO, 1991).

A cultura individualista do paradigma anterior gerou o seu antídoto: os movimentos sociais e a busca por um projeto huma-nista alternativo.

O ser humano como sujeito histórico relaciona-se tanto com a natureza como com a sociedade. A excessiva valorização da subjetividade aponta para a necessidade de um conhecimen-to interpretativo (e não mais descritivo), sustentado pela tríade sujeito-objeto-contexto.

Segundo esse paradigma, o usuário relaciona-se com a in-formação de modo contextualizado. Procura entendê-la em fun-

Page 75: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

78 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

ção tanto de suas redes de significados individuais, quanto do contexto no qual vive, dos valores que o movem e da necessida-de informacional determinada por esse contexto.

Torna-se evidente que o indivíduo procura por informa-ções, elaborando perguntas de acordo com aquilo que tanto o contexto social quanto seus conhecimentos individuais permi-tem, determinando um escopo dentro do qual a resposta será considerada útil, ou válida.

Nesse sentido, o modo de formular a pergunta determina a resposta, inserindo a busca de informação, a sua apropriação e seu uso na relatividade contextual da qual decorrem. Nesse mo-mento, a Ciência da Informação apresenta-se, de fato, como uma ciência social influenciada pelas tecnologias da informação e da comunicação (as TICs) e inserida nos propósitos da sociedade da informação.

A compreensão dos contextos de produção e de uso da in-formação (social, organizacional ou profissional) constitui condi-ção necessária para o trabalho com a informação e abre espaço para o papel do poder da informação.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você encon-trará material para aprofundar-se um pouco mais sobre o que é paradigma. Antes de prosseguir para o próximo assunto, re-alize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Page 76: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

79© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

2.3. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

A principal característica da Ciência da Informação é sua interdisciplinaridade, o que favorece a reflexão de problemas de várias áreas.

Para Capurro (2003) a Ciência da Informação teria duas raí-zes: a Biblioteconomia clássica (em termos mais gerais, os estu-dos relacionados com a transmissão de mensagens) e a compu-tação digital. As raízes da Ciência da Informação também estão na separação entre Documentação/Bibliografia e recuperação da informação.

O autor também destaca que o termo "documentação" foi substituído ao longo do tempo por "informação" no nome das entidades profissionais, das escolas de Documentação e Biblio-teconomia e dos estudos produzidos. Tal mudança terminológica trouxe implicações teóricas e práticas, inclusive negativas.

Em síntese, a Ciência da Informação é uma ciência social cujo objeto é a informação, tendo seu início no campo da infor-mação científica e tecnológica, passando a atuar também nos campos educacionais, sociais e culturais. Apresenta interfaces com Biblioteconomia, Ciência da Computação, Ciência Cognitiva, Sociologia da Ciência e Comunicação, entre outras áreas.

Outras abordagens sobre a constituição da Ciência da In-formação incluem ainda áreas do conhecimento como a Admi-nistração, que busca fornecer formas otimizadas para a operação do fluxo da informação registrada, e a Editoração, na produção de documentos impressos e eletrônicos. Também podem ser ci-tadas Linguística, Lógica, Psicologia, Estatística e Economia.

Page 77: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

80 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Os termos information science e information retrieval fo-ram adotados para substituir o antigo termo documentation. Assim entendemos a Ciência da Informação, como a aplicação de áreas especializadas, como arquivos, bibliotecas e serviços de informação corporativa, nas quais as bases teóricas da Bibliote-conomia e da Documentação estão relacionadas às da Ciência da Informação.

Dentre as abordagens mais consistentes sobre Ciência da Informação está a de Saracevic (1996).

Saracevic é um teórico de produção relevante no campo da Comunicação. Ele considera como objeto da Ciência da Infor-mação tanto o comportamento, as propriedades e os efeitos da informação em todas as suas facetas, quanto os vários processos da comunicação que afetam e são afetados pelo homem.

De acordo com ele, a Ciência da Informação estuda:1) a dinâmica e a estática do conhecimento, ou seja, suas

fontes, organização, criação, dispersão, distribuição, utilização, expressão bibliográfica e obsolescência;

2) os aspectos comunicacionais relacionados ao homem enquanto produtor e usuário de informação;

3) os problemas da representação simbólica da informa-ção, como na classificação e indexação;

4) e, por extensão, o funcionamento de sistemas de in-formação como as bibliotecas e os serviços de armaze-nagem, recuperação e processamento de dados.

Para Mendonça (2000), o campo da construção teórica da Ciência da Informação está situado entre o tecnológico e o humano, pois os avanços tecnológicos afetam o conceito e o

Page 78: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

81© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

uso da informação, que por sua vez influem na estruturação do conhecimento.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você encon-trará material para aprofundar-se um pouco mais sobre o que é Ciência da Informação. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.4. MUSEOLOGIA E ARQUIVOLOGIA NO BRASIL

Biblioteca, arquivo e museu são as três principais institui-ções coletoras de cultura. Tais instituições são conhecidas pela expressão "3 Marias" (SMIT, 2012), com a finalidade de chamar a atenção tanto para a irmandade que as une como para os mú-tuos desconhecimentos.

Segundo Smit, as três irmãs ignoram-se em boa parte, o que contribui para sua falta de visibilidade social e retarda ou impede operações colaborativas.

Os desafios que envolvem todas atualmente diante dos documentos audiovisuais e eletrônicos mostram claramente os problemas acarretados pela mútua ignorância.

As novas representações informacionais como sites, blogs, repertórios e bases de dados, quando permeadas de qualidade (e confiabilidade), atualizam a questão, pois geralmente inte-gram escrita, iconografia, som, gráficos e filmes, e não se enqua-dram na clássica distinção entre as três irmãs.

Page 79: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

82 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Museologia

Na Museologia, a informação é o eixo das ações museoló-gicas (BRUNO, 2010) e não necessariamente da Museologia en-quanto disciplina.

Tal distinção é extremamente importante, pois nos ajuda a compreender a diferença entre a abordagem da informação feita pelos profissionais da Museologia e pelos da Ciência da Informação.

Ainda é muito comum encontrarmos publicações que de-finem a Museologia apenas a partir do museu. Esse tipo de de-finição costuma traçar uma espécie de genealogia dos museus e apontar, para cada época, um perfil de museologia (ARAÚJO, 2012). De fato, não se pode separar a experiência histórica dos museus da constituição do campo da Museologia.

No Brasil, um campo mais ou menos homogêneo compon-do o contexto teórico e o prático (de maneira ampla) criou-se a partir da profissionalização da Museologia, que se consolidou pela criação dos cursos de graduação junto a universidades e pe-las leis de regulamentação da profissão.

Confira a seguir uma citação da lei que regulamenta o exer-cício da profissão de museólogo no Brasil, sendo tal exercício privativo:

I – dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em Museologia, por cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministé-rio da Educação e Cultura;

II – dos diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia, por cursos ou escolas devidamente reconhecidos pelo Ministé-rio da Educação e Cultura;

III – dos diplomados em Museologia por escolas estrangei-ras reconhecidas pelas leis do país de origem, cujos títulos

Page 80: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

83© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

tenham sido revalidados no Brasil, na forma da legislação; IV – dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na data desta Lei, contem pelo menos 5 (cinco) anos de exercício de atividades técnicas de Museologia, devidamente comprova-dos. Parágrafo único. A comprovação a que se refere o inciso IV deverá ser feita no prazo de 3 (três) anos a contar da vigência desta Lei, perante os Conselhos Regionais de Museologia, aos quais compete decidir sobre a sua validade (BRASIL, 1984).

Candido (2013) estrutura a Museologia nas seguintes áreas, delimitando-a: Museologia Geral (inclui Teoria Museológi-ca, História dos Museus, Administração de Museus), Museologia Especial (inclui os diversos textos e contextos museológicos) e Museologia Aplicada.

Ao tratar da informação no museu devemos retomar a já citada afirmação: "a informação é o eixo central das ações mu-seológicas" (BRUNO, 2010, p. 171), ou seja, muito do que faz o museu está relacionado à informação.

Dessa maneira, os museus elaboram novas informações com base no estudo de seus acervos, desenvolvem distintos pro-cedimentos técnicos para a preservação, salvaguarda e comuni-cação dos suportes da informação e, partindo de sua historici-dade, geram novos indicadores documentais, que, por sua vez, também se constituem em meios de informação (BRUNO, 2010).

A título de exemplo pode-se observar que a história dos museus é muito influenciada até a década de 1950 pelas ideias de "poder" ou do "belo". Tornavam-se peças de museu objetos relacionados a pessoas ou situações historicamente importantes (caneta empregada na assinatura do tratado de paz, pente utili-zado pela rainha, brinquedo que foi do príncipe, baixela de prata utilizada pelo senhor de engenho etc.).

Page 81: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

84 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Mais recentemente a Museologia inclui outras variáveis: os brinquedos utilizados pelas crianças da classe baixa, os vasos de flor feitos a partir de latas de óleo ou o martelo utilizado pelos operários de determinada fábrica. Assiste-se assim a uma mu-dança de critérios do que é "informacional".

Arquivologia

Na teoria arquivística, todo documento produzido ou rece-bido carrega poder informacional. Atualmente, com o desenvol-vimento da tecnologia da informação, a produção de documen-tos arquivísticos transformou-se por completo.

A partir do final do século 20, o aumento da massa docu-mental e as novas formas de produção de documentos (advindas das tecnologias de informação e que vêm influenciando a Arqui-vística) têm feito os profissionais da área a repensar os conceitos e princípios arquivísticos.

Assim, delineia-se melhor os objetivos e objetos de estu-do da Arquivologia, firmando-se enquanto área. Os primórdios da Arquivologia datam do século 16, quando rotinas da profis-são começam a ser desenvolvidas e regulamentadas (FONSECA, 2005).

Assim, a Ciência da Informação posiciona-se como grande área que abarca as demais, buscando garantir que a informação institucionalizada e registrada tenha condições de ser acessada e disseminada de modo rápido e eficaz.

Nessa conjuntura, a Arquivística tem a finalidade de estudar os processos em que se produz, organiza e utiliza a informação. As outras disciplinas colocam em prática esses procedimentos.

Page 82: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

85© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Para entender melhor os períodos da Arquivística, Schmidt (2012) elaborou o seguinte quadro:

• Arquivologia clássica ou tradicional: a fase de confec-ção de manuais;

• Arquivologia moderna: divide-se em records and archi-ves, records management e sistemas de séries;

• Arquivologia contemporânea: divide-se em records continuum, pós-custodial, arquivística integrada, arqui-vística funcional ou pós-moderna, diplomática arquivís-tica ou contemporânea e estudos sobre tipologia docu-mental e identificação.

A Arquivística pós-custodial tem como principais represen-tantes os portugueses Armando Malheiros da Silva e Fernanda Ribeiro. Eles entendem a Arquivologia como uma disciplina inse-rida em uma ciência maior, a Ciência da Informação, que abrange também outras disciplinas como a Biblioteconomia.

Schmidt (2012) acredita que na perspectiva informacional pós-custodial podemos constituir um paradigma científico para o campo arquivístico. Essa visão contraria as antigas atribuições custodiais, patrimonialistas e tecnicistas, preocupando-se mais com os pontos científicos e com o acesso a informação do que com a custódia ou guarda dos documentos.

Outra questão, bem diferente, diz respeito à ênfase, perce-bida na literatura arquivística, quando esta assume que não há seleção e que todo documento produzido ou recebido por uma instituição deverá ser encaminhado ao arquivo.

A referida afirmação procede para quase todos os casos, mas sempre há documentos que – produzidos ou recebidos – não acabam adquirindo estatuto arquivístico, por exemplo: mala

Page 83: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

86 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

direta recebida; documentos menores; controles internos, que normalmente nem são conhecidos da instituição; minutas de do-cumentos descartados (mas que, caso preservados, permitiriam analisar opiniões divergentes no encaminhamento de determi-nado tema).

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no Tópico 4, você deve realizar as leituras no Tópico 3. 3. Nele você encontrará material para aprofundar-se um pouco mais sobre a Museologia e Arquivologia.

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––

Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 3.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen-te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. PARADIGMA

A compreensão do que é a Ciência da Informação não é consensual. Contudo, a partir de três paradigmas pudemos com-preender melhor suas características. Você sabe o que é um pa-

Page 84: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

87© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

radigma? Os materiais a seguir ajudaram você a entender esse conceito. Sugiro que assista aos dois vídeos primeiro e depois realize a leitura do artigo.

• PIMENTA, M. O que é paradigma: exemplo real com um grupo de macacos. Disponível em: <https://www.you-tube.com/watch?v=WVV7SjgKn1o>. Acesso em: 3 nov. 2017.

• CORTELLA, M. S. Novos paradigmas da educa-ção. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GQPXp7KOYAM>. Acesso em: 3 nov. 2017.

• VIEIRA, D. C.; ARDIGO, J. D. Paradigmas da biblioteco-nomia e ciência da informação: estudo de caso em uma unidade de informação especializada. Revista ACB, v. 20, n. 1, p. 124-137, abr. 2015. Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/993>. Acesso em: 3 nov. 2017.

3.2. CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Uma definição clássica diz que a Ciência da Informação tem como objeto a produção, seleção, organização, interpretação, ar-mazenamento, recuperação, disseminação, transformação e uso da informação (BORKO, 1968). Nas leituras a seguir acompanhe outros entendimentos sobre a Ciência da Informação.

• ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUA-ÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO (ANCIB). Institucio-nal. Disponível em: <http://www.ancib.org.br/front-pa-ge>. Acesso em: 3 nov. 2017.

• SILVA, J. L. C.; FREIRE, G. H. A. Um olhar sobre a ori-gem da ciência da informação: indícios embrionários

Page 85: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

88 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

para sua caracterização identitária. Encontros Bibli: re-vista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Infor-mação, v. 17, n. 33, p. 1-29, jan./abr. 2012. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2012v17n33p1>. Acesso em: 3 nov. 2017.

• SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. In-CID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v.3, n.2, p.84-101, jul./dez. 2012. Disponível em: <www.revistas.usp.br/incid/article/view/48655>. Acesso em: 3 nov. 2017.

3.3. ARQUIVOLOGIA E MUSEOLOGIA

A Museologia e a Arquivologia, juntamente com a Bibliote-conomia compõe no Brasil a grande área denominada Ciência da Informação. São consideradas "As três Marias", uma irmandade que não dialogou muito até agora. Nas leituras a seguir, conheça mais sobre essa interface da Biblioteconomia.

• FINAMOR, M. S.; DE PAULA, C. P. A. Bibliotecário e ar-quivista: contribuições estratégicas nas organizações. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, p. 228-245, jul./dez. 2016. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/infoprof/article/view/20925>. Acesso em: 3 nov. 2017.

• BRASIL. Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984. Dis-põe sobre a regulamentação da profissão de Museó-logo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-vil_03/leis/L7287.htm>. Acesso em: 3 nov. 2017.

Page 86: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

89© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

• BRASIL. Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978. Dispõe so-bre a regulamentação das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6546.htm>. Acesso em: 3 nov. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação é ferramenta importante para você testar seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) No Brasil, dentro da composição das agências de fomento à pesquisa, a Ciência da Informação fica no arcabouço das Ciências Sociais Aplicadas, englobando a:a) Arquivologia e Arquivística.b) Arquivística, Biblioteconomia e Museologia.c) Museus e arquivos.d) Bibliotecas e escolas de Biblioteconomia.e) Escolas de Biblioteconomia.

2) A Ciência da Informação está notoriamente ligada:I - ao desenvolvimento científico e tecnológico.II - ao período pós Segunda Guerra Mundial.III - A disciplinas como a cibernética e a computação.a) I e III estão corretas.b) I, II e III estão incorretas.c) II e III estão corretas.d) I, II e III estão corretas.e) Apenas I está correta.

3) O paradigma social tem suas origens na obra de:a) Jesse Shera.b) Ranganathan.

Page 87: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

90 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

c) Smit.d) Otlet.e) La Fontaine.

4) Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia são as instituições conheci-das como coletoras de cultura. Foram batizadas por Johanna Smit de:a) "Três Marias".b) "Três irmãs".c) "Três áreas".d) "Três coletoras".e) "Marias".

5) Paul Otlet representou a Documentação, que deu início à Ciência da In-formação, mas nem tudo o que ele vislumbrou foi implementado. Qual o nome do filme proposto nesta unidade que conta as ideias e a vida de Paul Otlet?a) A documentação e a classificação do mundob) A documentaçãoc) O homem da classificaçãod) O homem da documentaçãoe) O homem que queria classificar o mundo

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-toavaliativas propostas:

1) b.

2) d.

3) a.

4) a.

5) e.

Page 88: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

91© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

5. CONSIDERAÇÕES

Nesta seção encerramos a terceira unidade. Nela você pôde compreender a relação da Ciência da Informação com a Biblio-teconomia, a Museologia e a Arquivologia. Vimos que uma de-finição clássica da Ciência da Informação é que essa ciência tem como objeto a produção, seleção, organização, interpretação, armazenamento, recuperação, disseminação, transformação e uso da informação. Consideramos que a Ciência da Informação é uma disciplina interdisciplinar, que surgiu após os impactos e ne-cessidades pós Segunda Guerra Mundial, especialmente no que tange as questões informacionais.

Discutimos os paradigmas em Ciência da Informação, e vi-mos que ela vai muito além da Biblioteconomia, sendo inclusive consideradas áreas distintas por muitos pesquisadores.

Percebemos que a Ciência da Informação tem um víncu-lo muito forte com a Biblioteconomia, seja como complemento, substituição, ratificação ou rompimento com ela.

Acompanhe as indicações do Conteúdo Digital Integrador, pois elas ampliarão seu entendimento sobre o assunto. Na próxi-ma unidade, você aprenderá sobre as tendências da Biblioteco-nomia no Brasil e no mundo.

6. E-REFERÊNCIASARAÚJO, C. A. A. Museologia: correntes teóricas e consolidação científica. Museologia e Patrimônio, v. 5, n. 2, p. 31-54, 2012. Disponível em: <http://revistamuseologiaepatrimonio.mast.br/index.php/ppgpmus/article/view/159/199>. Acesso em: 3 nov. 2017.

BARRETO, A. A. A questão da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 8, n. 4, p. 3-8, 1994. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/a-questao-da-informac3a7c3a3o.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.

Page 89: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

92 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

BELLOTTO, H. L. Arquivística: objetos, princípios e rumos. São Paulo: Associação de Arquivistas de São Paulo, 2002. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/arquivc3adstica-objetos-princc3adpios-e-rumos.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.

BRASIL. Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984. Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Museólogo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7287.htm>. Acesso em: 3 nov. 2017.

CAPURRO, R.; HJORLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan./abr. 2007. Disponível

em: <http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/CAPURRO.pdf> . Acesso em: 3 nov. 2017.

CRUZ, C. H. B. Vannevar Bush: uma apresentação. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 14, n. 1, p. 11-13, mar. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142011000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 3 nov. 2017.

MICHELOTTI, D. V.; KONRAD, G. V. R. A teoria do conhecimento em Arquivologia e suas implicações, a partir da identificação de seu (s) objeto (s) de estudo. Ágora, v. 26, n. 53, p. 315-346, jul./dez. 2016. Disponível em: < http://oaji.net/articles/2017/2526-1483694526.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.

ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje. DataGramaZero, v. 11, n. 2, abr/2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/12626>. Acesso em: 3 nov. 2017.

RIBEIRO, E. S. Informação e o profissional da área da museologia: uma discussão epistemológica. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, 2016. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/infoprof/article/view/26583>. Acesso em: 3 nov. 2017.

TOGNOLI, N. A Arquivística e a Ciência da Informação: um diálogo possível?. La Diplomatica, out. 2011. Disponível em: <http://ladiplomatica.blogspot.com.br/2011_10_23_archive.html>. Acesso em: 3 nov. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBORKO, H. Information Science: What is it? American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, jan. 1968.

BROOKES, B. C. The foundation of Information Science. Journal of Information Science, v. 2, p. 125-133, 1980.

Page 90: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

93© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

BRUNO, M. C. O. Informações em museus: alguns argumentos e muitos desafios. In: SEMINÁRIO SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO EM MUSEUS, v. 1, 2010, Anais... São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2010.

BUCKLAND, Michael K. Information as Thing. Journal of the American Society for Information Science, v. 42, n. 5, 1991.

BUSH, V. As we may think. Atlantic Monthly, v. 176, n. 1, p. 101-108, 1945.

CANDIDO, M. M. D. Gestão de Museus, diagnóstico museológico e planejamento: um desafio contemporâneo. Porto Alegre: Medianiz, 2013.

CAPURRO, R. Epistemologia e Ciência da Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB 5. Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2003

FONSECA, M. O. Arquivologia e ciência da informação. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

MENDONÇA, Ercília Severina. A linguística e a ciência da informação: estudos de uma interseção. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 50-70, 2000.

MORRIS, R. C. T. Toward a user-centered information service. Journal of the American Society for Information Science, v. 45, n. 1, p. 20-30, 1994.

SCHMIDT, C. M. S. Arquivologia e a construção do seu objeto científico: concepções, trajetórias, contextualizações (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, 2012.

SHANNON, C. E. A Mathematical theory of communication. The Bell System Technical Journal, v. 27, p. 379-423, jul./out. 1948.

SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 3, n. 2, p. 84-101, jul./dez. 2012.

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.

Page 91: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 92: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

95

PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO

Objetivos• Conhecer os conselhos regionais e Federal.• Analisar as tendências da Biblioteconomia no Brasil e no mundo.• Reconhecer a identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.

Conteúdos

• Conselho Federal e Regional de Biblioteconomia.

• Associações de classe.

• Identidade profissional e os rumos da Biblioteconomia.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apre-sentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o en-gajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra-dativa dos assuntos para observar como a atuação do profissional biblio-tecário transformou-se no panorama brasileiro.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

UNIDADE 4

Page 93: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Page 94: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

97© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

UNIDADE 4 – PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO

1. INTRODUÇÃO

O campo da Ciência da Informação encontra-se em expansão e, fortemente articulado, acadêmica e institucionalmente, às áreas de Biblioteconomia e Documentação.

Ao longo dos anos, todos os programas de pós-graduação sofreram transformações nas suas áreas de concentração e linhas de pesquisa. Em grande medida, por causa da exclusão das denominações Biblioteconomia e Documentação anteriormente utilizadas.

Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES), sobrepõem-se registros dos programas de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os cursos de mestrado em Biblioteconomia (Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal da Paraíba e Universidade de Brasília), implantados na década de 1970, por exemplo, integram o quadro da pós-graduação em Ciência da Informação.

A Ciência da Informação por sua vez nasceu mais próxima do contexto pós-moderno, o que lhe garantiu maior "flexibilidade" e "tolerância" para consolidar-se como ciência.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.

Page 95: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

98 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

2.1. CONSELHOS, ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DA CLASSE

A partir de 1962, desenvolveram-se e regulamentaram-se a profissão do bibliotecário e as instituições com curso de Biblio-teconomia no Brasil.

A Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962 (BRASIL, 1962), de-libera sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício, só sendo permitido:

a) aos Bacharéis em Biblioteconomia, portadores de diplomas expedidos por Escolas de Biblioteconomia de nível superior, ofi-ciais, equiparadas, ou oficialmente reconhecidas;

b) aos Bibliotecários portadores de diplomas de instituições estrangeiras que apresentem os seus diplomas revalidados no Brasil, de acordo com a legislação vigente.

Parágrafo único. Não será permitido o exercício da profissão aos diplomados por escolas ou cursos cujos estudos hajam sido feitos através de correspondência, cursos intensivos, cursos de férias etc.

São atribuições dos bacharéis em Biblioteconomia, a or-ganização, direção e execução dos serviços técnicos de reparti-ções públicas federais, estaduais, municipais e autárquicas e de empresas particulares concernentes às matérias e atividades seguintes:

a) ensino de Biblioteconomia;

b) fiscalização de estabelecimentos de ensino de Bibliotecono-mia reconhecidos, equiparados ou em via de equiparação;

c) administração e direção de bibliotecas;

d) organização e direção dos serviços de documentação;

e) execução dos serviços de classificação e catalogação de ma-nuscritos e de livros raros e preciosos, de mapotecas, de publi-cações oficiais e seriadas, de bibliografia e referência.

Page 96: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

99© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Ainda de acordo com a Lei nº 4.084 são atividades dos ba-charéis em Biblioteconomia os serviços concernentes a:

a) demonstrações práticas e teóricas da técnica biblioteconô-mica em estabelecimentos federais, estaduais, ou municipais;

b) padronização dos serviços técnicos de biblioteconomia;

c) inspeção, sob o ponto de vista de incentivar e orientar os tra-balhos de recenseamento, estatística e cadastro das bibliotecas;

d) publicidade sobre material bibliográfico e atividades da biblioteca;

e) planejamento de difusão cultural, na parte que se refere a serviços de bibliotecas;

f) organização de congresso, seminários, concursos e exposi-ções nacionais ou estrangeiras, relativas a Biblioteconomia e Documentação ou representação oficial em tais certames.

A Lei nº 4.084 também regulamenta as atividades dos con-selhos regionais e Federal de Biblioteconomia.

Art 8º A fiscalização do exercício da Profissão do Bibliotecário será exercida pelo Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos conselhos regionais de Biblioteconomia, criados por esta lei.

Art 9º O Conselho Federal de Biblioteconomia e os conselhos re-gionais de Biblioteconomia são dotados de personalidade jurí-dica de direito público, autonomia administrativa e patrimonial.

Art 10. A sede do Conselho Federal de Biblioteconomia será no Distrito Federal.

Associações em Biblioteconomia

A filiação ao Conselho Federal e Regional é obrigatória para o exercício da profissão de bibliotecário no Brasil. Esses profissio-nais também podem filiar-se a associações de classe.

Page 97: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

100 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Febab

A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (Febab) foi fundada em 26 de julho de 1959. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade de São Paulo, com prazo de duração indeterminado.

É constituída por entidades-membro – associações e sin-dicatos de bibliotecários e cientistas da informação, instituições filiadas e pelos órgãos:

1) deliberativos: Assembleia Geral e Conselho Diretor; 2) executivo: Diretoria Executiva; 3) de fiscalização: Conselho Fiscal; 4) de assessoria: comissões brasileiras e assessorias

especiais.

Desde seu nascimento, a principal missão da Febab é de-fender e incentivar o desenvolvimento da profissão.

A Febab tem como objetivos:1) congregar as entidades para tornarem-se membros e

instituições filiadas;2) coordenar e desenvolver atividades que promovam as

bibliotecas e seus profissionais; 3) apoiar as atividades de seus filiados e dos profissionais

associados; 4) atuar como centro de documentação, memória e in-

formação das atividades de biblioteconomia, ciência da informação e áreas correlatas brasileiras;

5) interagir com as instituições internacionais da área de informação;

Page 98: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

101© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

6) desenvolver e apoiar projetos na área, visando o apri-moramento das bibliotecas e dos profissionais;

7) contribuir para a criação e desenvolvimento dos traba-lhos das comissões e grupos de áreas especializadas de biblioteconomia e ciência da informação.

A Febab surgiu da proposta apresentada por Laura Russo e Rodolfo Rocha Júnior no 2º Congresso de Biblioteconomia e Documentação, em Salvador, sendo fundada em 26 de julho de 1959.

Abecin

A Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Do-cumentação (ABEBD) foi desativada em 2001 e passou a deno-minar-se Associação Brasileira de Educação em Ciência da Infor-mação (Abecin).

A Abecin é uma pessoa jurídica de direito privado, consti-tuída sob a forma de associação sem fins econômicos, fundada em 2 de junho de 2001.

As finalidades da Abecin são:1) fortalecer e integrar a atuação das instituições públi-

cas e privadas e dos profissionais de educação superior que tenham como missão precípua a formação, no ní-vel de graduação, de profissionais capacitados a atuar em Ciência da Informação;

2) contribuir para o aperfeiçoamento do Ensino em Ciên-cia da Informação;

3) promover o intercâmbio de Educadores na área de Ciência da Informação;

Page 99: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

102 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

4) defender os interesses das Instituições que a integram;5) promover cursos, seminários e reuniões periódicas

de educadores responsáveis por atividades de ensino, visando a integração do ensino da área de Ciência da Informação;

6) estimular a elaboração de trabalhos acadêmicos, ten-do em vista o princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão;

7) estimular reuniões regionais de dirigentes de institui-ções de ensino na área de Ciência da Informação;

8) promover, trienalmente, o Encontro Nacional de Edu-cação em Ciência da Informação (Enecin);

9) promover, em sessão paralela ao Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD), o Semi-nário Nacional de Avaliação Curricular (Snac);

10) manter cadastro, serviços e produtos de divulgação so-bre a área de atuação;

11) incentivar a construção da memória da Abecin.

Ancib e Enancib

A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Ancib) é uma sociedade civil, sem fins lu-crativos, fundada em junho de 1989 graças ao esforço de alguns cursos e programas de pós-graduação da área no país. Desde o início, a associação admite sócios institucionais (os programas de pós-graduação em Ciência da Informação) e sócios indivi-duais (professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e profissionais egressos dos programas).

Page 100: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

103© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

As atividades da Ancib estruturam-se em duas frentes: os programas de pós-graduação stricto sensu, que são representa-dos pelos seus coordenadores, e o Encontro Nacional de Pesqui-sa da Ancib (Enancib), fórum de debates e reflexões que reúne pesquisadores interessados em temas especializados da Ciência da Informação, organizados em grupos de trabalho.

Até 2017 já ocorreram 15 edições do Enancib. Os trabalhos enviados para esse encontro podem versar sobre 11 temáticas. A formação dos atuais grupos de trabalho da Ancib é resultado da discussão realizada pelo Fórum dos Coordenadores de Grupos de Trabalho, ocorrida durante o VI Enancib, que teve lugar em Florianópolis, no dia 30 de novembro de 2005. Atualmente os 11 grupos de trabalho são:

1) GT 01 – Estudos Históricos e Epistemológicos da Ciên-cia da Informação;

2) GT 02 – Organização e Representação do Conhecimento;3) GT 03 - Mediação, Circulação e Apropriação da

Informação;4) GT 04 – Gestão da Informação e do Conhecimento;5) GT 05 – Política e Economia da Informação;6) GT 06 – Informação, Educação e Trabalho;7) GT 07 – Produção e Comunicação da Informação em

Ciência, Tecnologia & Inovação;8) GT 08 – Informação e Tecnologia;9) GT 09 – Museu, Patrimônio e Informação;10) GT 10 – Informação e Memória;11) GT 11 – Informação & Saúde.

Page 101: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

104 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

A Ancib também coordena a revista Tendências da Pesqui-sa Brasileira em Ciência da Informação, cujo público-alvo com-preende cursos e programas de pós-graduação da área, bem como professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e profissionais egressos dos programas, além de interessados na temática Ciência da Informação.

Sindicatos

Há praticamente um sindicato em cada estado brasileiro. Vamos apresentar aqui o Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo (SinBiesp).

O SinBiesp é uma organização sem fins lucrativos criada em 22 de agosto 1985, que representa legalmente os bibliotecários atuantes no Estado de São Paulo e apresenta como principais objetivos:

Defender a categoria profissional liberal dos Bibliotecários, composta de profissionais autônomos, servidores públicos, tra-balhadores assalariados e aposentados;

Propor e participar de negociações coletivas; instaurar dissídios coletivos de trabalho;

Amparar a classe através de serviços de assessoria jurídicas e promover apoio às iniciativas que priorizem a educação, o de-senvolvimento e a valorização do profissional no mercado de trabalho (SINBIESP, s.d.).

A missão institucional do SinBiesp é: • representar legalmente os bibliotecários atuantes no

Estado de São Paulo; • defender esses profissionais nos seus interesses junto a

entidades representativas dos setores empregadores e junto a empresas em particular;

Page 102: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

105© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

• promover e apoiar iniciativas que priorizem a educação, o desenvolvimento e a valorização do profissional no mercado de trabalho, com o fim de uma melhor atua-ção do bibliotecário visando o acesso e a democratiza-ção da informação para a sociedade brasileira.

2.2. IDENTIDADE PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO

O Ministério do Trabalho (MTb) elaborou a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). O CBO é ferramenta fundamental para: as estatísticas de emprego-desemprego, o estudo das taxas de natalidade e mortalidade das ocupações, o planejamento das reconversões e requalificações ocupacionais, a elaboração de currículos, o planejamento da educação profissional, o rastreamento de vagas, os serviços de intermediação de mão-de-obra.

Em 1994 foi instituída a Comissão Nacional de Classificações (Concla), organismo interministerial com papel de unificar as classificações usadas no território nacional. A partir daí iniciou-se um trabalho conjunto do MTb e do IBGE no sentido de construir uma classificação única. Veja no Quadro 1 as descrições da ocupação dos profissionais da informação.

Page 103: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

106 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Quadro 1 Descrição das atividades dos profissionais da

Informação

Fonte: Ministério do Trabalho (s.d.)

O CBO estabelece também as características de trabalho dos profissionais da informação, confira no Quadro 2.

Page 104: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

107© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Quadro 2 Características de trabalho dos profissionais da informação

Fonte: Ministério do Trabalho (s.d.)

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-panhar alguns textos na íntegra sobre a profissão de bibliote-cário. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Page 105: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

108 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

2.3. A ÉTICA DO BIBLIOTECÁRIO

O que discutimos até este momento, faz-nos pensar sobre a vocação do bibliotecário. Agora é importante refletir sobre a ética profissional, que fundamenta a profissão.

O Conselho Federal de Biblioteconomia estabelece o Códi-go de Ética do Profissional Bibliotecário. O Código de Ética Profis-sional fixa normas de conduta para as pessoas físicas e jurídicas que exercem atividades profissionais em Biblioteconomia.

Assim, os principais deveres do profissional de Biblioteco-nomia no exercício de suas atividades são:

a) dignificar, por meio dos seus atos, a profissão, ten-do em vista a elevação moral, ética e profissional da classe;

b) observar os ditames da ciência e da técnica, servindo ao poder público, à iniciativa privada e à sociedade em geral;

c) respeitar leis e normas estabelecidas para o exercício da profissão;

d) respeitar as atividades de seus colegas e de outros profissionais;

e) contribuir, como cidadão e como profissional, para o incessante desenvolvimento da sociedade e dos prin-cípios legais que regem o país (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002).

Completando, o Bibliotecário deve, em relação aos usuá-rios e clientes, observar as seguintes condutas:

a) aplicar todo zelo e recursos ao seu alcance no atendimento ao público, não se recusando a prestar assistência profissional, salvo por relevante motivo;

Page 106: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

109© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

b) tratar os usuários e clientes com respeito e urbanidade;

c) orientar a técnica da pesquisa e a normalização do trabalho intelectual de acordo com suas competências (CONSELHO FE-DERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002).

Não se permite ao profissional de Biblioteconomia, no de-sempenho de suas funções:

a) praticar, direta ou indiretamente, atos que comprometam a dignidade e o renome da profissão;

b) nomear ou contribuir para que se nomeiem pessoas sem ha-bilitação profissional para cargos privativos de Bibliotecário, ou indicar nomes de pessoas sem registro nos CRB;

c) expedir, subscrever ou conceder certificados, diplomas ou atestados de capacitação profissional a pessoas que não preen-cham os requisitos indispensáveis ao exercício da profissão;

d) assinar documentos que comprometam a dignidade da Classe;

e) violar o sigilo profissional;

f) utilizar a influência política em benefício próprio;

g) deixar de comunicar aos órgãos competentes as infrações le-gais e éticas que forem de seu conhecimento;

h) deturpar, intencionalmente, a interpretação do conteúdo explícito ou implícito em documentos, obras doutrinárias, leis, acórdãos e outros instrumentos de apoio técnico do exercício da profissão, com intuito de iludir a boa fé de outrem;

i) fazer comentários desabonadores sobre a profissão de Biblio-tecário e de entidades afins à profissão;

j) permitir a utilização de seu nome e de seu registro a qualquer instituição pública ou privada onde não exerça, pessoal ou efe-tivamente, função inerente à profissão;

l) assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por leigos, alheios a sua orientação, su-pervisão e fiscalização;

Page 107: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

110 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

m) exercer a profissão quando impedido por decisão adminis-trativa transitada em julgado;

n) recusar a prestar contas de bens e numerário que lhes sejam confiados em razão de cargo, emprego ou função;

o) deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselho Federal e Regionais, bem como deixar de atender a suas requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado;

p) utilizar a posição hierárquica para obter vantagens pessoais ou cometer atos discriminatórios e abuso de poder;

r) aceitar qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão por sexo, idade, cor, credo, e estado civil (CONSE-LHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2002).

Além de evitar atuação com falta de ética é extremamente importante não estacionar na tão conhecida "zona de conforto”. Aquele estado comportamental em que a pessoa atua numa si-tuação de ansiedade neutra, empregando um conjunto limitado de comportamentos para oferecer um nível estável de desem-penho, geralmente sem a sensação de risco. De acordo com o professor e bibliotecário Briquet de Lemos:

[...] zona de conforto é o lugar, ou a posição na vida, onde en-contramos segurança, paz, tranquilidade, prazer (mesmo que limitado) e aquele reconhecimento social que não implique cobranças ou constante comprovação [...] uma espécie de hedonismo, em que a pessoa está interessada em evitar tudo que lhe possa causar desprazer, como, por exemplo, cumprir o horário de trabalho, prestar contas ao chefe, seguir regras e procedimentos de sua atividade profissional, redigir projetos e relatórios, atender a clientes, ler e estudar (atividades sobre-modo cansativas), fazer cursos (a não ser que contribuam para melhorar o currículo e, por conseguinte, o salário) evitar com-petir, etc. (BRIQUET DE LEMOS, 2015, p. 346).

Page 108: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

111© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você irá se aprofundar sobre a ética no desempenho da profissão de bi-bliotecário. Antes de prosseguir para o próximo assunto, rea-lize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.4. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL E NO MUNDO

A consciência profissional desenvolve-se como uma ferramen-ta, com a qual o indivíduo procura construir o sentido de sua vida em sociedade, e também tornar sua profissão cada vez mais competente e responsável perante essa mesma sociedade (BRIQUET DE LEMOS, 2015, p. 354).

Iniciamos essa subseção citando Briquet de Lemos, pela ne-cessidade de que todos os profissionais, estudantes e professo-res da área no Brasil e no mundo discutam sobre uma consciência profissional. Uma vez que não é inata, ela é construída por meio de experiências e estímulos que acumulamos no transcorrer da vida. Por outro lado, o indivíduo pode encontrar essa consciência antes mesmo de se formar bacharel em Biblioteconomia.

Para o autor, a participação e a existência de associações profissionais, que se colocam em um plano diferente dos sindica-tos, podem ser um indicativo de graus de consciência profissio-nal. Ele ainda ressalta que altos salários e status na profissão não revelam consciência profissional, pois, nesses casos, pelo menos no Brasil, verifica-se certo grau maior de adaptação à já referida zona de conforto.

Page 109: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

112 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Para Briquet de Lemos "talvez a consciência profissional dependa mais de elementos construtivos externos à profissão do que de elementos estritamente técnicos que dão forma à pro-fissão" (2015, p. 349).

Uma alternativa seria construir cursos de graduação com reconhecida vigência social, ou seja, pensar as necessidades so-ciais antes de pensar os currículos, principalmente ao considerar que o mundo, e não só o Brasil, vive em constante mudança. Mudanças que as vezes a própria academia reluta em admitir (BRIQUET DE LEMOS, 2015). O autor ainda alerta que esse não é um problema exclusivo da Biblioteconomia, mas de praticamen-te todas as formações do ensino superior, pois presenciamos um real distanciamento entre a academia e as práticas profissionais.

Para refletirmos sobre um nova Biblioteconomia, vamos acompanhar a opinião do bibliotecário Chico de Paula (PAULA, s.d.), em artigo da revista eletrônica Biblioo:

[...] os pressupostos da Nova Biblioteconomia:

1) O fazer biblioteconômico não diz respeito necessariamente ao bibliotecário, mas a todos os indivíduos que estejam enga-jados com o processo de democratização da informação, espe-cialmente o incentivo à leitura.

2) As exigências legais têm por um lado contribuído com o fazer biblioteconômico, mas por outro têm limitado esse fazer. Um exemplo é o caso da biblioteca escolar em que a lei (12244/10) veio garantir a exigência de bibliotecas e bibliotecários em to-dos os estabelecimentos de ensino do país em um prazo de dez anos, mas limita a participação dos "professores-bibliotecários" nesse processo;

3) A relação entre os profissionais da informação tem de ser estreitada, especialmente com os arquivistas e museólogos, constituindo estas categorias desarraigas politicamente, pois

Page 110: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

113© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

em geral não conta com instituições políticas que os congregue, como um sindicato, por exemplo.

4) O bacharelado em Biblioteconomia como exigência legal para o exercício da profissão de bibliotecário tem sido, em algu-mas situações, um entrave ao processo de democratização do conhecimento. Por isso conclamamos uma discussão ampla em relação à possibilidade de garantir a alguns profissionais, em situações específicas, a possibilidade de se tornar bibliotecário mediante um complemento nos estudos, como acontece em países mais avançados.

5) A Biblioteconomia tem de fazer o caminho inverso de sua trajetória histórica no Brasil, caminhando em direção a humani-zação e se afastando do tecnicismo exacerbado.

É com essas reflexões povoando nossas mentes que construí-mos esse número especial da Biblioo em comemoração ao dia de hoje, o Dia do Bibliotecário. Esperamos que todas as maté-rias e a contribuição de todos os entrevistados e colaboradores possam não só celebrar nossa profissão, mas também promo-ver o debate que é o melhor caminho para crescermos. [...]

Curiosidades

Você sabe qual é o símbolo da Biblioteconomia? Sabe o seu signifi-cado? Veja a Figura 1:

O símbolo de Biblioteconomia é a lâmpada de Aladdin e um livro aberto. O anel de grau do bibliotecário deve ser feito em ouro, com uma pedra preciosa ametista violeta (uma variedade de quartzo encontrada no Brasil, Uruguai, Sibéria e no Ceilão). Na lateral do anel, deve haver a lâmpada de Aladdin e o livro aberto, ambos em platina.

Figura 1 Símbolo da Biblioteconomia.

Page 111: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

114 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Mas o que significa esse simbolismo?

De acordo com o Conselho Regional de Biblioteconomia 14ª Região (CRB – Santa Catarina), a ametista é uma clássica pe-dra que representa a amizade e reforça a memória, preservan-do-a de alucinação e defendendo-a contra a embriaguez. Já a lâmpada de Aladdin há muito tempo simboliza a perene vigília, a atividade intelectual e o trabalho árduo de pesquisa e das in-vestigações lítero-científicas. Por fim, o livro aberto representa a oferta indiscriminada da educação e da cultura.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 3, você irá pensar um pouco mais sobre os rumos da Biblioteconomia. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indica-das, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Indicação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Leia a matéria “A nova Biblioteconomia” na íntegra, que se encontra disponível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/a-nova-biblioteconomia/> Acesso em: 17 jun. 2017. Depois, reflita se você concorda com a opinião do autor.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––

Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 4.

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Page 112: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

115© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen-te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. LEGISLAÇÃO DE BIBLIOTECOMONIA

Nesta unidade vimos a legislação que regula a profissão de bibliotecário. Retome a Lei nº 4.084 e observe as atribuições dos conselhos regionais e Federal. Veja também o que a Lei determina sobre anuidades e taxas. Em seguida leia a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do país. No site do Ministério do Trabalho há um relatório completo para a profissão de bibliotecário. Leia e fique a par de todas as características de sua futura área de atuação.

• BRASIL. Lei nº 4.084/1962, de 30 de junho de 1962. Dis-põe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exer-cício. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 30 jun. 1962. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4084.htm>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• BRASIL. Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Dispõe so-bre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 24 mai. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12244.htm>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• MINISTÉRIO DO TRABALHO. Profissionais da informação. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br>. Buscar por: "Profissionais da Informação". Acesso em: 2 nov. 2017.

Page 113: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

116 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

3.2. ÉTICA PROFISSIONAL

A ética não é exclusividade de uma profissão, ela é essen-cial na ação de qualquer profissional, inclusive enquanto indiví-duo vivendo em sociedade. As leituras abaixo discutem a ética de modo geral e na profissão de bibliotecário.

• CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA. Resolução CFB nº 42 de 11 de janeiro de 2002. Dispõe sobre Código de Éti-ca do Conselho Federal de Biblioteconomia. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/wp-content/uploads/2017/01/Re-solucao_042-02.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• ARANALDE, M. M. A questão ética na atuação do profissio-nal bibliotecário. Em Questão, v. 11, n. 2, p. 337-368, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/124>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• ANGELIN, P. E. Profissionalismo e profissão: teorias so-ciológicas e o processo de profissionalização no Brasil. REDD: Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, v. 3, n. 1, jul/dez. 2010. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/redd/article/viewFile/4390/3895%3E>. Acesso em: 2 nov. 2017.

3.3. RUMOS DA BIBLIOTECONOMIA

Prever algo não é tarefa fácil, mas com base nas modifi-cações já ocorridas e com os novos rumos do desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, podemos sair de nossa zona de conforto e procurar inovar dentro da profissão. Realize as leituras a seguir, e reflita como você pode contribuir.

Page 114: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

117© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

• PAULA, C. A nova biblioteconomia. Biblioo, s.d. Dispo-nível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/a-nova--biblioteconomia/>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• HENN, G. O futuro da biblioteconomia. Bibliotecários Sem Fronteiras, 10 ago. 2015. Disponível em: <https://bsf.org.br/2015/08/10/o-futuro-da-biblioteconomia/>. Acesso em: 2 nov. 2017.

• ZAREMBA, J. Biblioteconomia: tecnologias digitais am-pliam campos de atuação. Extra – Globo. 11 set. 2015. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/edu-cacao/profissoes-de-sucesso/biblioteconomia-tecnolo-gias-digitais-ampliam-campos-de-atuacao-17464659.html>. Acesso em: 2 nov. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação é uma ferramenta importante para você testar oeu desempenho. Se encontrar dificuldades em respon-der às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-dados para sanar as suas dúvidas.

1) Qual lei, de 30 de junho de 1962, delibera sobre a profissão de bibliotecá-rio e regula seu exercício? a) Lei nº 4.084.b) Lei nº 1.244/10.c) Lei nº 4.000.d) Lei nº 1.000.e) Lei de Diretrizes e Bases.

2) O exercício da profissão de bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só será permitido:a) aos profissionais da informação.

Page 115: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

118 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

b) aos profissionais educadores.c) aos bacharéis em Biblioteconomia, portadores de diplomas expedidos

por Escolas de Biblioteconomia de nível superior, oficiais, equiparadas, ou oficialmente reconhecidas.

d) aos profissionais arquivistas.e) aos museólogos.

3) Qual é o símbolo de Biblioteconomia?a) A lâmpada de Aladdin e um anel.b) A lâmpada de Aladdin e um livro aberto. c) Um livro aberto e uma pena.d) Um livro aberto e uma pedra na cor verde.e) Um anel.

4) De acordo com Briquet de Lemos (2016) o que pode ser um indicativo geral de consciência profissional?I - A existência de Associações Profissionais.II - A participação em Associações Profissionais.III - Associações Profissionais que se coloquem em um plano diferente

dos sindicatos.IV - Altos salários e status na profissão.a) Apenas I, II e III estão corretas.b) Apenas I e II estão corretas.c) I, II e IV estão corretas.d) Apenas I e III estão corretas.e) III e IV estão corretas.

5) De acordo com a Lei nº 4.084 a sede do Conselho Federal de Biblioteco-nomia é:a) no Distrito Federal.b) em São Paulo.c) no Rio de Janeiro.d) em Curitiba.e) em Salvador.

Page 116: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

119© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-toavaliativas propostas:

1) A

2) C

3) B

4) A

5) A

5. CONSIDERAÇÕES

Chegamos ao final da última unidade, na qual você conhe-ceu a legislação da área de Biblioteconomia com seus conselhos, associações e sindicatos.

Refletiu sobre as tendências da atuação, bem como a im-portância da ética e da consciência profissional. Consideramos contextos e trouxemos reflexões, algumas com respostas polê-micas outras ainda a serem construídas.

6. E-REFERÊNCIAS

FiguraFigura 1 Símbolo da biblioteconomia. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_kY309L9iZ2k/TDPcHlt-wwI/AAAAAAAAG7E/wwdNFl6PPrM/s1600/image_preview.png>. Acesso em: 2 nov. 2017.

Page 117: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

120 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

Sites PesquisadosANGELIN, P. E. Profissionalismo e profissão: teorias sociológicas e o processo de profissionalização no Brasil. REDD: Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, v. 3, n. 1, jul/dez. 2010. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/redd/article/viewFile/4390/3895%3E>. Acesso em: 2 nov. 2017.

ARANALDE, M. M. A questão ética na atuação do profissional bibliotecário. Em Questão, v. 11, n. 2, p. 337-368, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/124>. Acesso em: 2 nov. 2017.

BARBOSA, M. L.. A sociologia das profissões: em torno da legitimidade de um objeto. BIB, n. 36, p. 3-30, jul./dez. 1993. Disponível em: <http://www.anpocs.com/index.php/edicoes-anteriores/bib-36>. Acesso em: 2 nov. 2017.

BRASIL. Lei nº 4.084/1962, de 30 de junho de 1962. Dispõe sobre a profissão de bibliotecário e regula seu exercício. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 30 jun. 1962. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4084.htm>. Acesso em: 2 nov. 2017.

_____. Fundação Capes. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/>. Acesso em: 2 nov. 2017.

BRITISH LIBRARY, JISC. Informe Ciber: comportamiento informacional del investigador del futuro. Anales de Documentación, nº 11, p.235-258, 2008. Disponível em: <http://revistas.um.es/analesdoc/article/view/24921/24221 >. Acesso em: 2 nov. 2012.

CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA. Resolução CFB nº 42 de 11 de janeiro de 2002. Dispõe sobre Código de Ética do Conselho Federal de Biblioteconomia. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/wp-content/uploads/2017/01/Resolucao_042-02.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2017.

_____. Homepage. Disponível em: <www.cfb.org.br/index.php >. Acesso em: 01 mar. 2017.

MINISTÉRIO DO TRABALHO. Profissionais da informação. s.d. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br>. Buscar por: "Profissionais da Informação". Acesso em: 2 nov. 2017.

PAULA, C. A nova biblioteconomia. Biblioo, s.d. Disponível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/a-nova-biblioteconomia/>. Acesso em: 2 nov. 2017.

SINBIESP. Sobre o SinBiesp. s.d. Disponível em: <http://www.sinbiesp.org.br/index.php/sinbiesp/objetivo>. Acesso em 2 nov. 2017.

ZAREMBA, J. Biblioteconomia: tecnologias digitais ampliam campos de atuação. Extra – Globo. 11 set. 2015. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/educacao/profissoes-de-sucesso/biblioteconomia-tecnologias-digitais-ampliam-campos-de-atuacao-17464659.html>. Acesso em: 2 nov. 2017

Page 118: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

121© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRIQUET DE LEMOS, A. A. De bibliotecas e biblioteconomias: percursos. Brasília: Briquet de Lemos, 2015.

WERSIG, G. Information science: the study of postmodern knowledge usage. Information Processing & Management, v. 29, n. 2, p. 155-166, 1997.

Page 119: INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

122 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

de de profissionais e pontos de vista dificultam a construção de uma identidade.

Esta disciplina não esgota o assunto, mas sim desperta em você um olhar mais amplo sobre a Biblioteconomia, suas origens e relações, para que, como profissional, você identifique as po-tencialidades e necessidades dos espaços de atuação em que trabalhará.

Neste Conteúdo Básico de Referência, você pôde obter as informações básicas necessárias para o desenvolvimento da dis-ciplina, que se efetivaram com o estudo do Conteúdo Digital In-tegrador. Para obter maiores informações sobre a metodologia de ensino e a avaliação, você poderá consultar o Guia Acadêmico do curso.

Por fim, desejamos a você sucesso na continuidade dos es-tudos, uma vez que os ensinamentos aqui adquiridos constituem apenas o primeiro passo de uma carreira bem-sucedida.