Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de...

35
-

Transcript of Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de...

Page 1: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

-

Page 2: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Introdução

Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o

domínio de alguns princípios que às vezes não são levados a sério por alguns cristãos: os

princípios da Hermenêutica. Está familiarizado com esses princípios é de vital importância para

evitar que a Bíblia seja interpretada subjetivamente, erroneamente e, consequentemente, criar

heresias.

Para algumas pessoas ler, interpretar e explicar a Bíblia são coisas difíceis. Somente os

especialistas nas ciências da interpretação podem fazer isso. Essa concepção tem afastado muitos

cristãos da leitura da Bíblia. Outros se limitam apenas em ler as notas explicativas das Bíblias de

Estudo, não omitindo nenhuma opinião. O que não bom, pois as notas explicativas das Bíblias de

Estudo, na maioria das vezes são subjetivas, correspondem aos interesses de determinado autor ou

grupo. Portanto, se faz necessário que cada cristão, especialmente aquele que lidera, tenha

autonomia para ler, interpretar e explicar a Bíblia coerentemente; para isso, ele precisa ter certo

domínio dos princípios da Hermenêutica. Pois “os manuais de hermenêutica existem para que as

pessoas possam crescer no processo de leitura e compreensão do texto bíblico. Entre outras

coisas, a hermenêutica ensina a ler e trabalhar com método” (Scholz, 2006, p. 4).

O cristão não pode pensar que ler, interpretar e explicar a Bíblia seja uma tarefa impossível,

ou limitada apenas a especialistas. As Escrituras Sagradas são claras, foram escritas para que todos

pudessem ler e entender.

“Na verdade, interpretação bíblica não é, e nem deveria ser, tarefa acessível apenas a

especialistas. A Bíblia é um livro claro. E não é de hoje que se diz isso; a própria Bíblia já

o afirma (1 Co 2.11; 1Jo 2.27). A Escritura Sagrada, por si só, é clara e compreensível

também às pessoas simples. Em vista disso, os antigos diziam que não se deveria

pressupor a necessidade absoluta da hermenêutica. Ou seja, estudar princípios de

interpretação não é condição necessária para entender a Bíblia. A rigor, tudo que se tem a

fazer é ler o texto e dar atenção ao contexto”. (Scholz, 2006, p. 4).

Ler o texto é o primeiro passo na interpretação. Ler significa decodificar, interpretar e

reinterpretar. Por tanto, o leitor ao se deparar com o texto sagrado deve observar cuidadosamente o

seu contexto; procurar entender as palavras dentro do conjunto da frase. Além disso, é necessário

dar atenção às várias formas literárias da Bíblia: narrativas, parábolas, poesia, epístolas, textos

proféticos, provérbios e outros tipos de figuras de linguagem.

Ler, interpretar a Bíblia não é uma obrigação do cristão, mas um privilégio. E explicá-la é

um motivo de muita alegria. Alguns cristãos pensam que ler a Bíblia é uma obrigação. Se não ler

Deus fica triste, ou não nos abençoa. É como se se tivesse que fazer uma prova e para passar

precisa estudar, não porque gosta, mas porque é obrigado fazer isso. Também não podemos ler a

Bíblia pensando que seremos salvos por fazer isso. A leitura dela não é um pré-requisito para

alguém ser salvo. Segundo Hoyer, não devemos esperar uma benção especial de Deus só pelo fato

de ter lido a Bíblia. “Ler a Bíblia não aumenta o amor de Deus por você, e deixar de fazê-lo não

vai fazer com que Ele o ame menos” (Robert Hoyer –APUD- Scholz, 2006, p.20). Temos que

entender que a leitura bíblica é para o proveito pessoal, para a edificação e crescimento espiritual e

não para Deus. Ninguém ler a Bíblia para Deus.

Page 3: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Devemos ler a Bíblia com fé, ou seja, saber que o Espírito Santo nos dar a iluminação para

entendê-la: “Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei” (Sl 119.18; veja

também Jo 14.26; 1Co 2.9-16; 2Co 3.13-16; Mt 11.25,26). Mas isso não quer dizer que o leitor

não deva buscar nenhum recurso hermenêutico para interpretar a Bíblia.

“Iluminação do Espírito não dispensa trabalho, nem está em conflito com transpiração, isto é, com esforço pessoal. Leitura e interpretação é trabalho árduo. A iluminação do Espírito se dá no ato de leitura, não antes dele nem em lugar dele” (Scholz, 2006, p.20).

DEFINIÇÃO

A palavra hermenêutica vem do verbo grego hermeneuo e do substantivo hermeneia, e

significa interpretar. Esses termos estão relacionados a Hermes (deus da mitologia grega). Cabia

a ele transformar o que estava além do entendimento humano em algo que a inteligência humana

pudesse assimilar. Segundo a mitologia, ele era o mensageiro ou intérprete dos deuses,

principalmente do pai, Zeus. Em seu significado técnico, a hermenêutica pode ser definida como a

ciência e arte de interpretação Bíblica. Considera-a como ciência porque ela tem normas ou regras,

e essas podem ser classificadas num sistema ordenado. É considerado como arte porque a

comunicação é flexível (VIRKLER, 1999, p. 9). Portanto, interpretar inclui esclarecer e tornar

inteligível o que era obscuro ou desconhecido.

“Na qualidade de ciência, enucia princípios, investiga as leis do pensamento e da

linguagem e classifica seus fatos e resultados. Como arte, ensina como esses princípios

devem ser aplicados e comprova a validade deles, mostrando o valor prático que tem na

elucidação das passagens mais difíceis” (Milton Terry).

A hermenêutica é uma ciência por ter os seus próprios métodos de investigação e um objeto a

ser estudado. A arte está relacionada à forma de explicação e transmissão do objeto estudado.

A hermenêutica pode ser dividida em duas subcategorias: a geral e especial. A hermenêutica

geral é o estudo das regras que regem a interpretação do texto Bíblico inteiro. Inclui os tópicos das

análises histórico-cultural, léxico-sintática, contextual e teológica. Hermenêutica especial é o

estudo das regras que se aplica a gêneros específicos, como parábolas, alegorias, tipos, e profecias,

etc. (VIRKLER, 1999, p. 10).

HERMENÊUTICA E EXEGESE

O significado de exegese é interpretar, ou seja, uma minuciosa interpretação. O prefixo ex

significa “fora de, para fora” – a idéia é de que o interprete procura extrair o entendimento do

texto. Em outras palavras, é procurar descobrir o sentido original do texto. O que é contrário à

eixegese que significa “para dentro”, ou seja, inserir no texto um significado diferente. Exegese

pode também ser definida como a verificação do sentido do texto bíblico dentro de seu contexto

histórico,literário e gramatical. Para Wegner, a exegese é o “trabalho de explicação e interpretação

de um ou mais textos bíblicos” (2001, p. 11).

A hermenêutica também significa interpretação, porém, há diferença entre ela e a exegese. A

hermenêutica bíblia designa mais precisamente os princípios que norteiam as interpretações dos

Page 4: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

textos; enquanto que a exegese descreve mais especificamente as etapas ou os passos que cabe dar

em sua interpretação (Ibid). A exegese é a interpretação propriamente do texto bíblico, ao passo

que a hermenêutica consiste nos princípios pelos quais se verifica o sentido do texto. A

hermenêutica é como um livro de receitas de bolo. A exegese é o preparo e o cozimento do bolo

(ZUCK, 1994, p. 21).

EXEGESE E EXPOSIÇÃO

Enquanto a exegese se preocupa com a interpretação do texto, a exposição se preocupa com a

transmissão do significado do texto e sua aplicabilidade na vida do ouvinte. Dessa forma a

exposição se relaciona á Homilética que é a ciência (princípios) e a arte (tarefa) de transmitir o

significado e a importância do texto bíblico em forma de pregação.

A exegese se consiste no estudo individual, na sala de estudo, enquanto a exposição na

apresentação ao público, ou no púlpito. Portanto, um bom expositor é também um bom interprete

das Escrituras, ou seja, é alguém que domina ou está familiarizado com os princípios da

Hermenêutica. A exegese precede a exposição. Assim como não se serve um bolo antes de ser

preparado e cozido, também não se faz uma exposição do texto bíblico sem que antes seja feito

uma boa exegese. A exegese é, portanto, um meio que visa um fim; é um passo rumo à exposição

(ZUCK, 1994, p. 22).

“Uma das primeiras ciências que o pregador deve conhecer é certamente a hermenêutica.

Porém, quantos pregadores há que nem de nome a conhecem! O apóstolo Pedro admite,

falando das Escrituras, que entre as do Novo Testamento "há certas cousas difíceis de

entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais

Escrituras [as do Antigo], para a própria destruição deles". E para maior desgraça e

calamidade, quando estes ignorantes nos conhecimentos hermenêuticos se apresentam

como doutos, torcendo as Escrituras para provar seus erros, arrastam consigo multidões à

perdição. Tais ignorantes, pretensos doutos, sempre se têm constituído em falsos, desde os

falsos profetas da antiguidade até os papistas da era cristã, e os russelitas de hoje. E

qualquer pregador que ignora esta importante ciência se encontrará muitas vezes

perplexo, e cairá facilmente no erro de Balaão e na contradição de Coré. A arma principal

do soldado de Cristo é a Escritura, e se desconhece seu valor e ignora seu uso legítimo,

que soldado será? Esta dádiva do céu não nos veio para que cada qual a use a seu próprio

gosto, mutilando-a, tergiversando ou torcendo-a para nossa perdição”. (LUND, 2001, p.

7).

Nas palavras de Lund podemos observar que um dos maiores problemas que afetam a igreja

dos nossos dias são os pregadores que ignoram essa ciência, interpretam o texto bíblico

subjetivamente não dando nenhuma importância ao seu sentido original. Usam e deturpam as

Escrituras objetivando a manipulação da massa, trazendo assim grande prejuízo para a igreja de

Cristo. Nós que ministramos a Palavra de Cristo devemos ter o cuidado estudá-la cuidadosamente,

procurar entender o seu sentido original para depois fazer a aplicação na vida das pessoas. Sobre

isso diz Bruce: “Para ser válida, a exposição deve ser firmemente baseada na exegese. O

significado do texto para os ouvintes de hoje deve estar relacionado com o seu significado para os

ouvintes aos quais foi originalmente dirigido” (F.F. BRUCE –APUD – ZOCK, p. 23).

Page 5: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

OBSERVE A TABELA

DEFINIÇÕES DE HERMENÊUTICA E TERMOS CORRELATOS

HERMENÊUTICA Ciência (princípios) a arte (tarefa) de apurar o sentido do texto bíblico.

EXESEGE Verificação do sentido do texto dentro de seus contextos histórico e literário.

EXPOSIÇÃO Transmissão do significado do texto e de sua aplicabilidade ao ouvinte moderno.

HOMILÉTICA Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e a importância do texto

bíblico sob forma de pregação.

PEDAGOGIA Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e aplicabilidade do texto

bíblico sob forma de ensino. Relaciona-se à educação cristã.

Observe o quadro abaixo, todo o processo de interpretação das Sagradas Escrituras tem

como objetivo a edificação. Ele começa com a observação de um texto, em seguida aplicam-se os

princípios da Hermenêutica para entendê-lo e explicá-lo (exegese). Somente depois de uma boa

exegese é que se faz a aplicação individual (é necessário aplicar em nossas vidas antes de aplicar

na dos ouvintes), e assim fazer a exposição. Resultado: A edificação do Corpo.

EDIFICAÇÃO

EXPOSIÇÃO

HOMILÉTICA

Page 6: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Correlação

Teológica

Aplicação Individual

EXEGESE

Compreensão do conteúdo

Observação Hermenêutica

(sondagem do conteúdo) (Princípios de interpretação)

A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA

Há vários bloqueios que nos impede de entender a Bíblia. Esses bloqueios não são furados

com uma simples leitura. Para ultrapassá-los precisamos de algumas ferramentas ou recursos.

Aqui percebemos o quanto a Hermenêutica é necessária para estudarmos as Escrituras. Sua

relevância está em oferecer ao leitor (intérprete) ferramentas para compreender o sentido original

das Escrituras. Vejamos alguns bloqueios:

1. O bloqueio histórico. Há um grande abismo histórico entre os leitores de hoje e os

escritores bíblicos. Esse abismo trás algumas dificuldades para entender determinados

textos. Ler, como já falamos implica em decodificar, interpretar. Decodificar um texto

mais recente, como um jornal, revista ou até mesmo um livro não tão simples assim.

Quanto mais um texto que foi escrito a dois ou três mil anos atrás. Como entender o

fato de Abraão ter tido um filho com a escrava? O fato harém de Salomão? O fato de

Deus mandar matar todos os cananitas? “A distância temporal, num mundo em

constantes mudanças, faz com que a maneira de encarar o mundo, os aspectos

culturais e lingüísticos dos escritores da Bíblia se percam no passado distante.

Portanto, como qualquer documento antigo, a Bíblia precisa ser lida levando-se isto

em conta. Os princípios de interpretação da Bíblia procuram condições de transpor este abismo temporal”. (A. Nicodemus Lopes. Princípios de interpretação da bíblia – monergismo).

2. O bloqueio cultural. Há muitas diferenças de nossa cultura e a dos antigos hebreus.

Para entendermos com clareza um determinado texto precisamos está familiarizados

com a cultura da época: vestimentas, comida, a questão do namoro, do casamento, que

diferem muito dos costumes atuais.

3. O bloqueio lingüístico. A Bíblia foi escrita em três idiomas: O hebraico, aramaico e o

grego. Três línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentes

da nossa própria língua (VIRKLER, 1999, p. 12). Muitas expressões que aparecem em

nossas versões da Bíblia não são traduções, mas sim transliteração, por exemplo:

batismo, pentecostes, presbítero, etc. Palavras com essas e muita outras não foram

Page 7: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

traduzidas para o português, por isso é necessário consultarmos um bom dicionário

bíblico, teológico ou mesmo de hebraico e grego. “As línguas em que a Bíblia foi

escrita também já não existem. Não se fala mais o hebraico, o grego e o aramaico

bíblicos nos dias de hoje, mesmo nos países onde a Bíblia foi escrita. Como cada

língua tem seu jeito próprio de comunicar conceitos (apesar de uma estrutura comum

a todas), princípios de interpretação da Bíblia devem levar em conta estas

peculiaridades. O conhecimento do paralelismo hebraico certamente nos ajuda a

entender os Salmos melhor, bem como os profeta” (Nicodemos – monergismo).

4. O bloqueio filosófico. A visão de mundo que temos hoje é bem diferente daquela dos

escritores sagrados. Eles escreveram de acordo a concepção de mundo que eles tinham.

As opiniões acerca da vida, do universo, da morte, da natureza diferem entre as várias

culturas. “Para transmitir validamente uma mensagem de uma cultura para outra, o

tradutor ou leitor deve estar ciente tanto das similaridades como dos contrastes das

cosmovisões” (Ibid p. 13). Para entendermos o livro de Gênesis, por exemplo, se faz

necessário entender a cosmovisão das pessoas da época, esse mesmo processo se aplica

aos salmos, provérbios, etc.

5. O bloqueio do distanciamento entre escritor e leitor. A distância entre o leitor e o

escritor é de fato um bloqueio no entendimento de sua mensagem. Cada escritor

escreveu suas respectivas mensagens visando atingir um determinado objetivo. Por isso

usou de expressões que os seus primeiros leitores não teriam nenhuma dificuldade para

entender, que é o contrário do leitor de hoje. De acordo com o Prof, Augusto

Nicodemos “devemos ainda reconhecer que teríamos uma compreensão mais exata da

mensagem de alguns textos bíblicos reconhecidamente obscuros se os seus autores

estivessem vivos. Poderíamos perguntar a eles acerca destas passagens complicadas

que escreveram e que continuam até hoje dividindo os melhores intérpretes quanto ao

seu significado. Por exemplo, Pedro poderia nos esclarecer o que ele quis dizer com

"Cristo foi e pregou aos espíritos em prisão". Ou ainda, Paulo poderia nos dizer o que

ele quis dizer com "o que farão os que se batizam pelos mortos?". Mateus poderia

finalmente tirar a dúvida sobre o sentido da frase de Jesus "não terminarão de

percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do Homem". Daniel poderia nos

esclarecer a quem ele se referia por Ciro (de quem não temos registro fora da Bíblia) e

porque considerava Belsazar filho de Nabucodonosor, quando era filho de Nabonido.

Não endossamos o que alguns estudiosos afirmam, que com a morte do autor perdeu-

se a possibilidade de recuperar-se a intenção dos mesmos. A razão é que a intenção

deles sobrevive no que escreveram. Mas certamente a ausência do autor faz com que a

interpretação de textos obscuros seja necessária. Princípios de interpretação devem

levar em conta o distanciamento autorial, e buscar meios de recuperar a intenção deles nos próprios textos que escreveram”.

CARACTERÍSTICAS DO INTÉRPRETE DAS ESCRITURAS

Page 8: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

O intérprete das Escrituras precisa ter algumas qualidades especiais, pois do contrário não terá êxito em seu trabalho. O fato de alguns estudiosos das Escrituras não demonstrarem nenhuma qualidade espiritual ou respeito pela Palavra tem trazido várias conseqüências para a igreja. Porque muitos deles têm lido a Bíblia como se fosse qualquer livro, sem nenhuma reverência, isso levou ao liberalismo teológico.

“Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura. Como poderá uma pessoa irreverente, inconstante, impaciente e imprudente, estudar e interpretar devidamente um livro tão profundo e altamente espiritual como a Bíblia? Necessariamente, tal pessoa julgará o seu conteúdo como o cego as cores”. (Lund, 2001, p. 13).

1. É necessário ter respeito pela Palavra. Se uma pessoa não tem respeito pela Palavra de Deus,

que interesse terá em estudá-la? Caso leia, estará disposto aplicá-la em sua vida? Vemos na Bíblia

que os cristãos primitivos tinham um respeito muito grande pela Palavra de Deus, eles a levavam a

sério. "Outra razão ainda temos nós – diz Paulo – para incessantemente dar graças a Deus: é

que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como

palavras de homens, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está

operando eficazmente em vós, as que credes." Receba-se assim a Escritura, com todo o respeito.

E como diz o Senhor: "O homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito, e que

treme da minha palavra". Estude-se em tal sentimento de humildade e reverência, e se descobrirão, como disse o Salmista, "as maravilhas da tua lei". (I Tes. 2:13; Isa. 66:2; Salmo 119:18.)

2. Ter um espírito dócil. Para um estudo proveitoso e uma compreensão reta da Escritura, pois, que se aprenderá em qualquer estudo se falta a docilidade? A pessoa obstinada e teimosa que intenta estudar a Bíblia, lhe acontecerá o que disse Paulo do "homem natural". "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14). Abandone as preocupações, as opiniões preconcebidas e idéias favoritas e empreenda-se o estudo no espírito de dócil discípulo e tome-se por Mestre a Cristo. Sempre deve ter-se presente que a obscuridade e aparente contradição que se passam encontrar não residem no Mestre, nem em seu infalível livro de texto, mas no pouco alcance do discípulo. "Mas, se o nosso evangelho – diz o apóstolo ainda está encoberta, é para as que se perdem que está encoberto, nos quais a deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos" (2 Co 4.3-4). Porém o discípulo humilde e dócil que abandona a este mestre que cega os entendimentos, adota a Cristo por Mestre, verá e entenderá a verdade, parque Deus promete "guiar as humildes na justiça, e ensinar aos mansos a seu caminha" (Sl 25.9). (Lund, 2001. P. 15).

3. Compromissado com a verdade. Ele deve amar a verdade, por que como estudar

diligentemente algo que não julga ser verdadeiro? Ou que não tem nenhum valor para a sua vida?

O intérprete das Escrituras precisa está disposto a ouvir as verdades bíblicas e aplicá-las em sua

vida. "A luz veio ao mundo, – disse Jesus de si mesmo – e os homens amaram mais as trevas do

que a luz." Ainda mais, disse ele mesma que a "aborreceram" (Jo 3.19,20), e eis aqui por que em

sua crescente cegueira passam do aborrecimento é perseguição e da perseguição à crucificação do

Mestre. "Despojando-vos, portanto, de toda maldade..." – disse Pedro – "desejai ardentemente,

como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dada

crescimento para salvação" (1 Pe 2.1,2). O que com este desejo a busca, esquadrinhando as

Escrituras, também a achará. Parque ao tal "a Pai da glória, vos concede espírito de sabedoria e de

revelação no pleno conhecimento dele" (Ef. 1.17).

Page 9: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

4. Ter paciência. Nem sempre você compreenderá um determinado texto rapidamente ou com

uma simples leitura. Às vezes, se gasta muito tempo para entender apenas uma única palavra. É

necessário ler o texto várias vezes, consultar comentários, dicionários, etc. Disse Jesus:

"Examinai as Escrituras". Podemos comparar o estudo da Bíblia com o garimpar. O garimpeiro

é aquele que cava e revolve a terra diligentemente em busca do ouro. Nem sempre é encontrado

com facilidade, é necessário cavar mais fundo. Assim também o intérprete deve cada vez mais se

aprofundar nos estudos das Escrituras buscando a preciosidade de seu sentido original. Esse labor

requer paciência. "Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha

boca... Admiráveis são os teus testemunhos . . . Alegra-me nas tuas promessas, como quem acha

grandes despojos . . . Ama as teus mandamentos mais que o oura, mais da que a prata refinada" (Sl 119.103, 129, 162, 127).

QUALIFICAÇÕES DO INTÉRPRETE DA BÍBLIA.

1. Qualificação Intelectual – Inerente à alma. Mente sadia, bem equilibrada. Percepção clara e rápida

que se tem dos fatos. Agudeza de intelecto. Discernir imediatamente a conexão de pensamento e a associação de idéias. Ser competente para analisar, examinar e comparar. Ter imaginação precisa, porém, controlada, isto é, a capacidade para reviver cenas antigas sem incorrer em falsas interpretações.

2. Qualificação Educacional – Com que precisa se relacionar o intérprete? Além de uma mente

equilibrada, senso discreto e agudeza de intelecto, o intérprete das Escrituras Sagradas precisa relacionar-se minuciosamente com a:

2.1 – Geografia – Geografia da Palestina e regiões adjacentes. Entender o caráter físico do

mundo bíblico. 2.2 – História – As inscrições decifradas do Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, etc, tem lançado

muita luz nas narrativas bíblicas. 2.3 – Cronologia – A divisão das grandes eras. O alvo das tábuas genealógicas.

2.4 – Antiguidades – Hábitos, costumes e artes dos antigos. (qualquer povo). 2.5 – Política – Incluindo a lei internacional, várias teorias e sistemas do governo civil, ajudará

ao exegeta a apreciar melhor a lei mosaica e grandes princípios civil estabelecido no Novo Testamento.

2.6 – Ciência Natural – Geologia, astronomia, foram frequentemente mencionados ou feitas

alusões pelos escritores sacros. 2.7 – Filosofia – O mesmo pode ser dito da história e sistema de pensamentos especulativos.

As várias escolas de filosofia e psicologia. 2.8 – Línguas Sacras Hebraico e grego) – Ninguém poderá ser mestre na exposição bíblica

sem tal conhecimento. 2.9 – Filologia Comparativa – Especialmente o siríaco, árabe e outras línguas semíticas. O

conhecimento do sânscrito, latim e línguas indo-européias. 2.10 – Literatura em Geral.

3. Qualificação Espiritual – Esta qualidade é um Dom, e é parcialmente adquirida. Desejar o conhecimento da verdade. Não somente atingi-la, mas aceitá-la uma vez atingida.

Afeição branda – Amar os irmãos e a verdade. Entusiasmo pela palavra – muitos sentem pelos poemas de Homero, pensamentos de

Demóstenes, Shakespeare, Milton, etc... Reverência a Deus – Comunhão com o Espírito Santo.

SÍNTESE DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Page 10: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Quando se fala em Hermenêutica algumas pessoas pensam que isso é invenção moderna.

Alguns a olha com certa desconfiança pensando ser mais uma criação do racionalismo. Na

verdade, desde que a Bíblia foi revelada e escrita ela vem sido lida e interpretada. E, ao longo da

história não foram poucos os métodos de interpretação criados com o objetivo de entendê-la com

clareza e precisão. Alguns métodos ainda são usados até os dias de hoje, outros, tornaram-se

obsoletos. Também ouve grandes homens que contribuíram com suas interpretações da Bíblia,

bem como as suas produções literárias, entre eles podemos citar: Tertuliano, Agostinho, Lutero,

Calvino, Wesley, e muitos outros, que deixam as suas contribuições para a interpretação bíblica.

Portanto, quando falamos de Hermenêutica, não estamos falando de uma inovação ou de um novo

método de ler a Bíblia, mas sim, daquilo que foi desenvolvido e aplicado por diversos cristãos ao

longo da história cristã.

“Não se pode simplesmente saltar por cima de, no mínimo, dois mil anos de interpretação

bíblica e fazer de conta que a hermenêutica começou no dia em que nós nascemos ou nossa

igreja foi fundada. Essa história da interpretação, quer queiramos, quer não, influencia o

intérprete de hoje, direta ou indiretamente” (KAISER e SILVA – APUD – SCHOLZ , p. 37).

A interpretação da Bíblia começou dentro dela mesma. Ao lermos os profetas percebemos que eles interpretavam e aplicavam a Lei à vida das pessoas. Quando o povo de Israel se afastava do Senhor, eles o chamava a renovar a aliança que havia sido estabelecida no Sinai. “Algo semelhante acontece nos Salmos. Por exemplo, um texto como Sl 16.5-6, "o SENHOR é a porção da minha herança e o meu cálice", faz sentido à luz de Nm 18.20, no qual Deus fala do sustento dos sacerdotes: Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel”.

Isso também acontece no Novo Testamento, pois uma boa parte dele consiste em citações

do Antigo Testamento. Além disso, o Novo Testamento afirma que em Jesus de Nazaré, se

cumpriu a grande expectativa messiânica do Antigo Testamento. E dizer "isto cumpre aquilo" já é

uma interpretação. “A relação entre os dois testamentos pode ser constatada, antes de tudo, na

maciça presença do AT no NT. Uma décima parte do texto do NT vem do AT são 295 citações

diretas e mais de 4.000 alusões ou referências indiretas. Alguns livros do NT estão saturados de

AT . O NT depende do AT, e não poderá ser interpretado adequadamente sem referência ao

mesmo” (SCHOLZ, 2006 p. 38).

A Hermenêutica dos escritores do Novo Testamento

Os escritores do Novo Testamento lêem o Antigo Testamento à luz de certos pressupostos.

Dois deles são de fundamental importância:

1) Cristo é o ponto alto da história da salvação. Se o Antigo Testamento é, em grande parte, história, esta história é a história da salvação, a história da promessa da vinda do Messias, a história do povo que recebeu a promessa: Abraão e sua descendência (Lc 1.55). O ponto alto e cumprimento dessa história é Jesus Cristo.

2) O Antigo Testamento é lido de forma tipológica. Segundo Leonhard Goppelt, na obra Typos , os escritores do Novo Testamento lêem o Antigo Testamento com óculos de tipologia. Em outras palavras, a interpretação tipológica expressa a postura básica dos primeiros cristãos ante o Antigo Testamento. Isso significa que pessoas, acontecimentos ou coisas (objetos ou instituições) do AT - não textos como tais! - são prefigurações ou protótipos de pessoas, acontecimentos ou

Page 11: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

instituições do Novo Testamento. Adão, por exemplo, é tipo de Cristo (Rm 5.14). O êxodo e a marcha para a terra prometida tipificam o batismo e a ceia (1Co 10.1-6). Melquisedeque é tipo de Cristo (Hb 7), o Templo é tipo de Cristo (Mt 12.6), etc.

Entre tipo (AT) e antítipo (NT) existe correspondência histórica (semelhança) e ao mesmo

tempo intensificação, no sentido de que o antítipo ultrapassa o tipo, ou seja, no cumprimento

existe um "mais do que" ou "maior que". Romanos 5.12-21 ilustra isso muito bem. Aqui, Paulo faz

uma comparação tipológica invertida, por assim dizer, entre Adão e Cristo. Ambos, além de

serem um, são cabeças da humanidade. Nisso reside a semelhança. Mas existe uma grande

diferença, um "muito mais", como Paulo explica num parêntese, em Rm 5.15-17. Somente depois

de deixar bem clara essa diferença é que Paulo finalmente faz a comparação, nos vs. 18-21.

(SCHOLZ , 2006, p. 38).

Exegese Judaica antiga

Alguns estudiosos defendem que a história da interpretação começou de fato com a obra de Esdras. Após o exílio babilônico Esdras passou a ensinar o povo a Lei de Deus: “Leram no livro,

na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia” (Ne

8.8). Aqui podemos ver que Esdras interpretava e ensinava as Escrituras para o povo que por setenta anos ficou no cativeiro e agora estava de volta a sua terra e necessotava ser instruido

segundo a Lei do Senhor. No tempo de Cristo, a exegese judaica podia classificar-se em 4 tipos:

1. Método Literal – referido como peshat (despir, depenar). Não se procurava um sentido além da

passagem bíblica.

2. Interpretação Midráshica. O midrash, que literalmente significa "pesquisa", pois se deriva do

verbo hebraico darash, designa uma exegese um tanto quanto expandida de textos ou

acontecimentos. O rabi Hillel é considerado como o elaborador das normas basicas da exegese

rabínica que que acentuava a comparação de ideias palavras ou frases encontradas em mais de um

texto, a relação de principios com situações particulares, e a importância do contexto na

interpretação. Porém, esse método nao foi levado a sério, pois eles seguiram uma interpretação

fantasiosa das Escrituras, perdendo, assim, a visão do texto.

3. Interpretação Pesher. Pésher, um termo que quer dizer "interpretação". É o método do "isto é

aquilo" ou "isto cumpre tal passagem". Esse metodo foi desenvolvido dentro das comunidades de

Qumran e enfatizava a escatologia. Acreditavam que tudo o que os profetas falaram e escreveram tinha significado profético velado que deveria ser cumprido por uma comunidade do pacto.

Segundo Virkler, esse metodo de interpretação fazia uso da frase “este é aquela”, para indicar que determinado acontecimento é o cumprimento de uma antiga profecia. (VIRKLER, 1999, p. 38).

4. Exegese Alegórica. É a abordagem que atribui uma interpretação mais-que-literal ao conteúdo

de um texto. Segundo esse método o verdadeiro sentido jaz sob o significado literal das Escrituras.

O alegorismo foi desenvolvido pelos gregos. Os rabinos usavam às vezes peshat, outras vezes, midrash.

Filo (c. 20 a.C. – c. 50 d.C.) Acreditava que o significado literal era para os imaturos e o

alegórico para os maduros. Filo considerava a história de Adão e Eva uma fábula. E outras passagens como mito.

Concuindo, podemos dizer que durante o primeiro século da era cristã os rabinos

(intérpretes judaicos) concordavam de que a Escritura de fato representava a Palavra de Deus, e

Page 12: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

que essa palavra está cheias significados. Nas áreas de interesses judiciais e práticos, aplicaram a

interpretação literal do texto. Mas em outras, aplicavam a exegese alegórica (VIRKLER, 1999, p.

39).

A interpretação da Bíblia no período patrístico (100-600 d.C.)

Os princípios hermenêuticos deste período prendem-se a três escolas.

(a) A Escola de Alexandria. Existiu no princípio do terceiro século teve como principais representantes: Clemente de

Alexandria e Orígenes. Alexandria era o mais importante centro de estudos e foi aí que a religião judaica e a filosofia grega se encontraram exercendo grande influência.

Clemente e Orígenes criam na Bíblia como palavra inspirada de Deus e que seria

necessário elaborar regras especiais para a interpretação destes escritos. Clemente afirmava que as escrituras deveriam ser entendidas alegoricamente e que o estudo literal conduzia apenas para uma

fé elementar. O verdadeiro conhecimento emanava da interpretação alegórica. Orígenes, discípulo de Clemente, seguiu as pisadas de seu mestre, ultrapassando-o inclusive. Dizia que tudo o que o

Espírito Santo dava era simples, claro e digno de Deus e o que parece obscuro, imoral e

inconveniente na Bíblia serve como um incentivo para ultrapassar o sentido literal.

(b) A Escola de Antioquia. Segundo o historiador Farrar, foi fundada por Diodoro, primeiro presbítero de Alexandria.

Este escreveu um tratado sobre princípios de interpretações, mas a sua principal fama reside no nome de seus dois discípulos: Teodoro Mopsuéstia e João Crisóstomo.

Teodoro não cria na inspiração da Bíblia e produziu uma exegese intelectual e dogmática. Crisóstomo cria nesta inspiração e produziu uma obra mais espiritual e prática e distinguiu-se

como um dos maiores oradores de sua época. Os dois rejeitaram a interpretação alegórica e

defenderam a Histórico-Gramatical.

(c) Exegese Ocidental. Fruto da escola de Alexandria e de princípios da escola Síria. O aspecto mais característico

desta foi o de ter acrescentado à autoridade da tradição e da igreja na interpretação. Os nomes que mais se destacaram nesta fase foram: Hilário, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho.

Jerônimo se destacou mais pelo fato de ter traduzido e ainda ter dado notas lingüísticas, históricas e arqueológicas.

Agostinho era conhecedor fraco do grego e hebraico, mas foi famoso na sistematização de verdades bíblicas. A sua exegese não era boa. Deu ênfase ao sentido literal da Bíblia, dizendo que nela deveria fundamentar alegórica. Fez uso muito livre das alegorias bíblicas. Adotou um quádruplo sentido das Escrituras: Histórico, etiológica, analógica e alegórica.

2. Idade Média.

Neste período a ignorância da Bíblia era total e os clérigos pensavam que a mesma só

poderia ser entendida misticamente. Criam no quádruplo sentido da Bíblia: literal, tropológica, alegórica e analógica. Qualquer interpretação deveria ter o apoio da tradição e da doutrina da igreja. Sábio era aquele que conhecia os ensinos dos Pais da Igreja e descobria na Bíblia o ensino da igreja. Nas predicas, liam um texto bíblico e depois faziam uma explicação dos pais. A Idade

Page 13: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Média, não possuía uma exegese, e, sim, uma dogmática. Alguém teria em primeiro lugar que descobrir no que deveria crer e depois descobrir na Bíblia a confirmação. Deste período destacam-se: Pedro Lombardo, Procópio de Gaza, Tomás de Aquino, Walafrid, Strabo, Hugo de São Vitor, São Benedito, etc...

3. Período da Reforma.

Abandonou-se o sentido quádruplo afirmando só o sentido das Escrituras. Substituiu a infalibilidade da Palavra. Através de Reuchlin e Erasmo, voltou-se para os originais da Bíblia. O

Primeiro adotou um dicionário e uma gramática da língua hebraica e o segundo fez uma edição crítica do Novo Testamento grego. Afirmavam que eram as escrituras que deviam determinar o

que a igreja deve ensinar e não o contrário. A Escritura deve ser interpretada de acordo com o seu

contexto histórico-gramatical. . Três foram os nomes de maior destaque:

Lutero – traduziu a Bíblia para o alemão. Só reconhecia o sentido literal e via Jesus em

todas as partes das escrituras.

Melanchthon - Afirmou que em primeiro lugar se deve conhecer a Bíblia gramaticalmente

e só depois teologicamente e que as escrituras possuíam apenas um simples e determinado sentido.

Calvino – Foi o maior exegeta da Reforma. Seguiu Lutero e Melanchthon, superando-os.

Comentou quase toda a Bíblia. Discordava de Lutero que Jesus poderia ser encontrado em

qualquer parte da Bíblia. Ele também acreditava que a iluminação espiritual é necessária, e

considerava a interpretação alegórica como artimanha de Satanás para obscurecer o sentido da

Escritura. Para a “a Escritura interpreta a Escritura”; e com isso, enfatizava a importância de

consultar o contexto, a gramática e as passagens paralelas, em lugar de trazer para o texto o

significado do próprio intérprete. Calvino dizia que: “a primeira tarefa de um intérprete é deixar

que o autor diga o que ele de fato diz, em vez de atribuir-lhe o que pensa que Le deva dizer”. Neste período, os católicos Romanos continuavam firmados na tradição e não produziram

nenhuma obra exegética.

1. O Período Histórico – (CRÍTICO).

Os representantes deste período negam a inspiração verba l e a infalibilidade das Escrituras. Alguns adotaram o pensamento de “Le Clerk” de que a inspiração variava em graus nas diferentes partes da Bíblia e admitia erros históricos e geográficos nas suas páginas. Havia outro grupo que aceitava a inspiração, mas somente nas porções de fé e da moral.

Scheiermacher negava o caráter sobrenatural da inspiração. Era apenas o fruto da iluminação do cristão; Wegscheider e Parker foram mais longe dizendo referir-se ao poder natural do homem.

Exigia-se que o exegeta fosse livre dos padrões dogmáticos e que a Bíblia teria que ser interpretada como um livro comum e a conseqüência disto foi o surgimento de duas escolas opostas: A Gramatical e a Histórica.

1.1. – A Escola Gramatical.

Fundada por Ernesti, reunia quatro princípios de interpretação.

(a) O princípio múltiplo devia ser registrado.

Page 14: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

(b) As interpretações alegóricas também deviam ser abandonadas, exceto quanto o autor indica o fim, harmonizando-se com o sentido literal.

(c) A Bíblia só tem um sentido gramatical comum a todos os livros.

(d) O sentido literal não pode ser determinado por dogmatismo algum.

1.2. – A Escola Histórica.

Origina Semler. Filho de pietista, tornou-se o pai do racionalismo. Para ele, o cânon estava

historicamente condicionado. Não tem valor normativo para todos os povos em todos os tempos. Seus principais discípulos foram: Paulus – professor de Hildelberg, especializou-se na

interpretação dos milagres. Cria que tudo foi verdade, porém, sem o elemento sobrenatural. Strauss, ridicularizou Paulus e influenciado por Hegel, defendia a interpretação mística do Novo

Testamento. F.C. Baur, ridicularizou Strauss e defendeu o princípio hegeliano de tese, antítese e síntese.

1. A Escola de Conciliação.

Aquelas se seguiam com Schleiermacher que quis levantar um movimento reacionário com o fim de derrubar o racionalismo apenas de seguir as mesmas pisadas deste. Nisto, foi seguido de “De Wette, Bleek, Genesius e Ewald”. Como seguidores mais evangélicos e que não ocuparam linha tão dura, citamos: Tholuck, Riehm, Weiss, Luecke, Neander, etc...

2. A Escola de Hengstenberg.

Esta também não serviu para deter os passos do racionalismo. Possuía uma posição melhor que a escola anterior. Cria na inspiração plenária e na infalibilidade da Bíblia e firmou-se nos padrões confessionais dos luteranos. Dos seus discípulos citamos: Keil, Havernick e Kurtz.

3. Tentativa de se ir além do Sentido Histórico-Gramatical.

Este é representado por manuais de hermenêutica como Keil, Davidson, Fairbairn, Immer e Terry. Eles procuraram complementar as interpretações Histórico-Gramatical.

PRINCÍPIOS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO

(Primeiro Princípio) Determinar o sentido comum e usual das palavras empregadas, interpretar

gramaticalmente o texto. Mas isto não significa interpretar literalmente sempre. Em Gênesis 6:12 – carne – pessoa e caminho significa costume, modo de proceder, religião. Salmo 8 – bois e ovelhas não significam os crentes como os demais animais, não significam os ímpios.

Faz-se necessário o auxílio de gramáticas, dicionários, línguas – cognatas (mesma raiz), versões, intérpretes antigos e outros meios. Ainda: A luz provinda do contexto, o uso do termo em outros lugares e passagens paralelas, etc. Exemplo: João 1:1 – logos aqui é diferente do logos de Hebreus 4:12; Estatura em Lucas 19:3 é igual a altura em Hebreus 11:11, significa: curso da vida, idade. E qual o sentido de Mateus 6:27? Há termos técnicos.

Eklésia - comumente significa Igreja_______ não era um encontro de massa, era um

número selecionado tirado da massa comum. _____________ Legalmente chamada – Atos 19:39. No hebraico _____________ Congregação do povo de Israel, Atos 7:38. ___________

Page 15: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

- Chamados para serdes santos. ___________ - Cobrir, esconder de vista. A arca – Gênesis 6:14 – Gênesis 6:20. TRANSIÇÃO: Expiação – Levítico 17:11 – daí o substantivo ____________ que significa resgate, satisfação – Êxodo 30:12 e o plural Êxodo 30:10 – Levítico 23:27-28.

Cuidados a tomar: Pode ser que o termo apareça em um único lugar e pode ser que tenha um ou mais significados.

1. Particularidades Idiomáticas. Devem ser compreendidas não segundo a nossa língua mas segundo o hebraico. 1.1 – Pensamento Qualitativo – dado através de um segundo nome. I Tessalonicenses 1:3.

Vossa obra fiel, vosso trabalho caridoso, esperançosa paciência. É ao mesmo tempo uma forma enfática.

1.2 – Chamar a pessoa de FILHO de uma qualidade ou de um mal que possua. I Samuel 2:12 – filhos de Eli são chamados de filhos de Belial, - VILEZA. Lucas 10:6 – filhos da

paz, isto é, dócil, atento, pronto para receber o evangelho – Efésios 5:6-8 – Filhos desobedientes e filhos da luz, isto é, desobedientes e esclarecidos.

1.3 – Comparação – Lucas 14:26, deve ser entendido à luz de Mateus 10:37.

Comparação pelo uso de advérbio de negação.

Gênesis 45:8 – Foi antes Deus do que vós.

Marcos 9:37 – Não somente a mim, mas àquele que me enviou. 1.4 – Nomes no Plural – Para significar com isto, naturalmente, que há mais de um, ainda

que a referência é feita apenas a um. Gênesis 8:4 – Montanhas do Ararat; Gênesis 19:29 – Ao

tempo em que destruías as cidades da campina; Mateus 24:1 – Discípulos, Vestes João 13:4. Marcos 13:1. Discípulos significa um deles e vestidos: um deles, isto é, o que está por cima.

1.5 – Os nomes de pais ou de antepassados são usados para significar a sua posteridade. Gênesis 9:25 – Maldito seja Canaã, isto é, a sua posteridade. Esta maldição não

atingiu a Melquisedeque, Abimeleque e à mulher cuja filha foi curada por Cristo por terem sido justos (Gênesis 14:18-20; 20:6; Mateus 15:22-28). Jacó e Israel muitas vezes são usados no lugar do termo israelita.

1.6 – O termo “filho” é empregado também no lugar de descendente. Os “sacerdotes”

são chamados de filhos de Levi. Em II Samuel 19:24 – se diz ser Mefibosete filho de Saul, quando

na verdade era filho de Jonathas. II Reis 8:26 chama Atalia de filha de Onri e no verso 18, filha de Acabe; quando na verdade era filha de Acabe e neta de Onri. Jesus é chamado de filho de Davi,

isto é, descendente direto através da mãe e do pai adotivo. Assim, da mesma forma, o termo “Pai” pode representar algum dos antepassados: I

Crônicas 1:17; como também “irmão” pode representar um parente colateral: Gênesis 14:16 refere-se a Ló como sobrinho de Abraão e no capítulo 13:8 são chamados irmãos.

SEMI-HEBRAISMOS.

Dentre os Semi-Hebraismos encontrados na Bíblia, podemos destacar os seguintes: 1. Expressões Naturais – Destas, algumas expressões são números indefinidos. O número “10”

tanto pode representar ele mesmo (Gênesis 31:7) como diversos (Daniel 1:20). “40” significa

muitos. Persépolis: a cidade das quarenta torres. Embora tivesse muito mais. Que dizer de II Reis 8:9? “7 e 70” significa um grande número – Provérbios 26:16,25 – Salmo 119:164 e Levítico

26:24. “70 x 7” tem o sentido de: Quantas vezes forem necessário, referindo-se ao perdão. 2. As Escrituras usam às vezes um número redondo em vez de especificação exata. O número

de mortos pela praga em I Crônicas 10:8 é de 23.000 e em Números 25:9 é de 24.000.

Page 16: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

3. Alguns verbos que exprimem “estado” ou “ação” são usados para mostrar que a coisa é de fato assim, ou está realmente assim feita. Isto significa dizer que uma pessoa faz uma coisa

quando na verdade apenas a declarou feita. Manda fazer uma coisa, quando apenas se permite que se faça; Quando profetiza que se fará, supõe-se que se fará ou considera feita.

Exemplo: Em Levítico 13:13, limpar o leproso, significa declará-lo limpo. Em João 4:1,2 – Jesus batizava, isto é, permitia que seus discípulos batizassem. Assim, entendemos o coração duro de Faraó – Êxodo 8:15; 9:12, em comparação com Romanos 9:17; e também a situação do povo em Isaías 6:10.

4. Nomes Próprios de Pessoas e Lugares. Os nomes próprios de pessoas e lugares nas Escrituras Sagradas exigem um cuidado muito

especial do estudante para corrigir algumas aparentes discrepâncias.

5. Diferentes Pessoas e Lugares têm o Mesmo Nome. FARAÓ – Era um título dado aos reis do Egito desde Abraão até a invasão do Egito pelos persas, depois disto passou-se o título para Ptolomeu.

ABIMELEQUE – Título comum dos reis dos filisteus.

BEN-HADADE – Rei dos sírios. CÉSAR – Dos imperadores romanos. O César da crucificação de Jesus foi Tibério. O César para o

qual Paulo apelou foi Nero (Atos 25:21).

CESARÉIA – É o nome de duas cidades. Cesaréia de Felipe na Galiléia e Cesaréia, um ponto do

Mediterrâneo que aparece em Atos. ANTIOQUIA DA SÍRIA – Foi o lugar onde Paulo e Barnabé começaram os seus trabalhos e os

discípulos foram chamados de cristãos. ANTIOQUIA DA PISÍDIA – Registrada em Atos 13:14; II Tm. 3:11, na Frigia.

MIZPÁ – No monte Gileade, residência de Jefté e lugar do pacto de Labão com Jacó.

MIZPE DE MOABE – Talvez a mesma Mizpá.

MIZPE DE GINEÁ – Lugar onde Samuel viveu e Saul foi escolhido rei.

MIZPE DA TRIBO DE JUDÁ – Juízes 15:38.

6. Diferentes nomes dados às mesmas pessoas. Silvano e Silas é a mesma pessoa. Tadeu, Labeu e Judas; Tomé e Dídimo; Abiel em I

Samuel 9:1 é Ner em I Crônicas 9:39; Isvi em I Samuel 14:49 é Abinadabe no capítulo 31:2 e I Crônicas 9:39.

7. Diferentes nomes dados aos mesmos lugares. Gênesis 31:47 – Jegar-Saaduta (aramaico) Galeede (Hebraico) é o mesmo lugar.

Deuteronômio 3:7 – Siriom (pelos sidônios) Senir (pelos amoritas) e em Deuteronômio 4:48 – Sion. O Lago de Genezaré chamava-se antigamente o Mar de Chinerete, depois recebeu o nome de Mar da Galiléia ou mar de Tiberíades.

8. Uma pessoa e um lugar, podem ter o mesmo nome. Magogue – Era um filho de Jafé. Magogue – era também a terra de Gogue, provavelmente

os citas, hoje chamados de tártaros.

9. Os nomes de uma pessoa ou de um lugar às vezes são escritos de maneira diferentes. Isto às vezes se dá por causa da semelhança existente entre algumas letras do alfabeto

hebraico, levando alguns a fazer cópias erradas por falta de atenção. Dodanim – Gênesis 10:4. Rodanim – I Crônicas 1:7.

Page 17: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Rifa – Gênesis 10:3. Difate – I Crônicas 1:6. Nabucodonozor em Daniel é Nebuchadrezar em Ezequiel e Jeremias. Uzias é também

chamado Azarias em II Reis 15:13-23. Jeocaz é chamado Joenã e Salum em II Reis 23:30; I Crônicas 3:15 e Jeremias 22:11.

SEGUNDO PRINCÍPIO.

Interpretar o texto em conformidade com o contexto. Isto pelo fato da significação de

uma palavra ser, muitas vezes, modificada segundo o contexto. Temos que determinar em que sentido a palavra está sendo usada. Se num sentido geral, ou

particular, literal ou figurada. Estes significados obscuros são esclarecidos pelo contexto. O

contexto determina o “usos Loquendi”, isto é, o uso corrente das palavras. Isto em razão das

palavras mudarem de sentido. A palavra “sincero” vem do latim “sine” – sem e “cera”, que

significa: apurar, filtrar o mel, tirar toda a cera. No uso corrente, o seu significado é outro.

Perguntamos: Qual o “usos Loquendi” dos escritores da Bíblia?_______________ - perfeito,

completo; em II Crônicas 3:17, é explicado pelo que se segue. Em Efésios 3:4 – “mistério” – é

explicado pelos – versículos anteriores e posteriores, significando: a participação dos gentios nos

benefícios do evangelho. Em Gálatas 4:3, 9-11 “rudemente” – é explicado pelo que se segue,

como sendo as práticas dos costumes judaicos.

Na lei contextual o estudante precisa saber que: 1. A linguagem da escritura deve ser interpretada de acordo com a sua importância

gramatical. (Este método difere do primeiro princípio porque lá interessa o sentido etimológico

das palavras ao passo que aqui, o sentido correto das palavras). O sentido de qualquer expressão, proposição ou declaração, deve ser determinado pelas palavras empregadas.

Os racionalistas desprezam este método quando transformam a história da queda em mito.

O estudante deve tomar cuidado em saber com qual sentido o autor fez uso da palavra e não entendê-las simplesmente dentro da própria experiência. Exemplo: “Pai” – para o autor pode

significar: amor e respeito; ao passo que para o leitor pode ter o sentido de: medo e ódio. Experiências diferentes. Em João 3:16 – “porque Deus amou o mundo”..., e em II João 2:15 –

“não ameis o mundo”, qual o sentido que as palavras imprimem ao termo “mundo”? 2. Uma palavra só pode ter uma significação no contexto em que ocorre. Por exemplo: o

termo “sarks” tem vários sentidos: (a) Parte sólida do corpo, exceto os ossos (I Coríntios 15:39 e Lucas 24:39). (b) Toda a substância do corpo quando o termo equivale a SOMA (Atos 2:26 e Efésios

2:15).

(c) A natureza animal (sensual) do homem (João 1:13; Romanos 10:18). (d) A natureza humana dominada pelo pecado, sede e veículo, de desejos pecaminosos

(Romanos 7:25; 8:4-9; Gálatas 5:16,17). Se aplicarmos tudo isto em João 6:53, estaremos atribuindo o pecado, num sentido ético a Cristo. O que seria um grande absurdo.

A palavra hebraica _________ (nakar) significa:

(a) Não saber, ser ignorante.

(b) Contemplar, olhar para alguma coisa com estranheza, ou como algo pouco conhecido.

(c) Conhecer, se familiar com. Os itens “a” e “c” são opostos em si. Se aplicarmos os dois termos em Gênesis 42:8, incorreremos numa boa discrepância. 3. é possível reunir vários significados de uma palavra, resultando numa unidade maior.

Isto é possível em três aspectos:

Page 18: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

1) Palavras usadas em um sentido geral que permitem incluir um significado particular. – João 20:21 – Paz seja convosco. Podemos entender aqui: Paz com Deus, paz com o próximo e paz com a consciência, isto é, paz consigo mesmo. Uma palavra com sentido geral, incluindo um sentido particular.

2) O uso especial de uma palavra pode incluir outro sentido desde que não entre em conflito com o propósito e o contexto. Aqui, é perfeitamente legítimo unir as idéias. – João 1:29 – Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O termo grego _____________ significa: (a) erguer.

(b) Levar.

Os dois sentidos dão força à idéia, entendendo que para levar é necessário erguer. 3) O autor pode fazer emprego de termo num sentido mais abundante, indicando mais do que a

palavra em si mesma expressa. – Mateus 6:11 – O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. “Pão”, representa aqui, tudo o que for necessário à vida. – Mateus 5:21 – não matarás. Este mandamento proíbe não apenas homicídio mas também à ira, o ódio e a crueldade. Interpretação dada pelo próprio Jesus. Nestas combinações, devemos ser cautelosos para não fazermos combinações arbitrárias e devemos preferir, segundo Muencher, a que revelar sentido mais fértil e pleno.

4) Se uma palavra for usada mais de uma vez dentro da mesma conexão, a suposição natural é

que tem sempre o mesmo sentido. Um autor não pode fazer uso de uma palavra no mesmo texto com mais de uma significação, porque a matéria ficaria confusa e a sua mensagem não

seria entendida. Mas apesar disto, há exceções. Por exemplo: Mateus 8:22 – deixa os mortos sepultar os seus mortos; Romanos 9:6 – nem todos os que são de Israel são israelitas; II

Crônicas 5:21 – Aquele que não conheceu pecado o fez pecado por nós. 5) A significação é também, muitas vezes, determinada pelo raciocínio geral ou pelas referências

do contexto. Mostram estas que as palavras devem ser tomadas num sentido restrito. Salmo 7:8 – julga-me,

Senhor, conforme a minha “justiça”, isto é, conforme a sua inocência diante das calúnias de

Cuxe, o benjamita, A palavra “justo” ou mais justo, aplica-se até mesmo a homens maus. I

Reis 2:32 – o caso de Joabe por ter matado Abner e Amasa. II Samuel 4:11 – Is-bosete,

inimigo de Davi, é chamado justo. Ezequiel 16:52 – Sodoma e Samaria, mais justa do que

Jerusalém. Em Lucas 16 o mordomo infiel é chamado de prudente. Em João 9:3 – lê-se: nem

este pecou nem seus pais. A cura de Tiago 5:14, é para o corpo e não para a alma, sendo falha

a doutrina da extrema unção. (b) O contexto ou disposição geral de uma passagem pode mesmo exigir que as palavras

sejam compreendidas num sentido verdadeiramente oposto ao natural, (é a frase irônica). I Reis 22:15 – Micaias sendo consultado pelo rei quanto á guerra. I Reis 18:27 – Elias

zombando dos profetas de baal. Juízes 10:14 – Deus zombando dos filhos idólatras de Israel.

Marcos 7:9 – Jesus zombando da tradição dos judeus. I Crônicas 4:8 – Paulo zombando da

jactância dos corintianos. Por força contextual, a questão do profeta Balaão em Números

22:20 deve ser entendida como uma ironia – veja os versos 22 e 32, capítulo 24:1. Josué

13:22. (c) Parênteses e particulares. O intérprete das escrituras não podem negligenciar o uso de

parênteses e particularidades feito pelos seus escritores. O parêntese é a interrupção do

raciocínio. É como se tirasse o raciocínio de linha reta. Quando encontramos em um texto um

parêntese curto, naturalmente não haverá dificuldade, como em Atos 1:15 e Filipenses 3:8. O

mesmo, porém, não acontece com o parênteses visto em Efésios 3:2 e 4:1 e Filipenses 1:27-

2:16. Quando o parêntese for curto, praticamente inexiste a interrupção do raciocínio. As

partículas aperfeiçoam e completam a construção gramatical da frase. Todos os tempos da

frase são postos numa mesma relação conjunta. Temos várias partículas, tais como: pois,

porquanto, porque (indicando, algumas vezes, que o discurso foi interrompido e que agora o

Page 19: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

fio do discurso foi retomado). Mateus 7:21,24 e Marcos 3:21,31. As vezes a partícula “porque” funciona como um parêntese – Romanos 12:11-16; II Coríntios 6:2 e Efésios 2:14-18.

“Agora”, nem sempre exprime tempo. Como por exemplo em João 18:36, aqui, equivale a dizer: “desta maneira”. Em tudo isso percebemos que há uma necessidade muito grande do

estudante conhecer as partículas gregas e hebraicas, podendo, facilmente identificá-las no texto

sacro.

TERCEIRO PRINCÍPIO. O segundo princípio com o terceiro aqui representado, constitui um estudo mais profundo

do sentido Histórico-Gramatical. A enumeração do terceiro princípio é: Considerar o “escopo” ou o “plano” do próprio livro. O “escopo” é a alma do livro. Uma vez alcançado este, pode-se aclarar os pontos obscuros, como também explicar certos textos aparentemente contraditórios.

Exemplo: Romanos 14:5 – é permitido aos judeus a observância dos dias. Gálatas 4:10 – proíbe os gentios a mesma observância. Qual seria a explicação.

Em Romanos, Paulo escreve aos judeus que haviam recebido recomendações da lei para fazerem esta observação e tinham dificuldade para deixá-la de lado; em Gálatas, Paulo escreve aos

gentios que estavam recebendo a influência dos judaizastes sobre a necessidade de observar os dias para receber a salvação.

Como explicaríamos a aparente discrepância entre Paulo e Tiago? Paulo fala da justificação pela fé e Tiago fala da justificação pelas obras. O Alvo de Paulo é mostrar a justificação do homem diante de Deus; e o alvo de Tiago é mostrar que diante dos homens, o homem é justificado unicamente pelas obras.

O “escopo” – “plano” do livro pode ser dividido da seguinte maneira:

Geral – o todo do livro.

Especial – o desígnio nas diversas partes do livro. I Coríntios 7:1.

Considerando o plano dos escritores, devemos observar que:

1. Às vezes este escopo é mencionado em certas partes do livro.

(a) O alvo de toda a Bíblia é visto em Romanos 15:4 e II Tm. 3:16,17.

(b) O alvo dos evangelhos em João 20:31.

(c) O fim de provérbios vê-se em 1:1-6.

(d) O fim de I João vê-se em 2:1.

(e) O fim de II Pedro vê-se em 3:2.

(f) O fim de Judas vê-se nos versos 3 e 4.

(g) O fim de Romanos vê-se em 3:28.

(1) Doutrinária: Os gentios não são estranhos à promessa 2:11,12. (2) Prática: Os judeus e os gentios são exortados a alcançarem o veículo da paz – 4:1-3. E pode-se

ver outras também através das expressões pois, portanto, pelo que – 3:13; 4:17; 4:25; 5:1, 5:7, 6:13-14.

2. O desígnio de algumas partes da Bíblia depende da ocasião em que foram escritas. O salmo 90 é

uma oração de Moisés feita quando o povo na peregrinação pelo deserto errou o caminho e estava

voltando. Teremos um entendimento melhor dos salmos 3, 18, 34 e 51, considerando os pontos

esclarecidos no epígrafe. Os salmos 120 à 134 são conhecidos como “o cântico dos degraus”, e

eram cantados pelos judeus por ocasião da viagem que anualmente faziam a cidade de Jerusalém.

O alvo dos Colossenses, Efésios e Gálatas é esclarecer certas doutrinas do evangelho, em tempos

de erro dos judaizantes. Estes livros estão relacionados com Atos 15, onde tais pontos são

discutidos.

Page 20: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

4. Para descobrir o escopo de um livro é necessário fazer um estudo repetido e contínuo do próprio livro. Considerando as palavras de Cristo em Mateus 19:17 “se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”. Estaria Jesus ensinando a salvação pelas obras? Naturalmente que o alvo de Cristo era humilhar e censurar o suposto praticante da lei.

4. Algumas vezes é difícil dizer se deve ser considerado o escopo imediato ou da passagem ou geral do livro.

Conseguiremos o alvo do livro de Gênesis através de um estudo diligente. Ele consiste de

dez seções que se iniciam com o título: “são estas gerações”, sendo precedida pela história da

criação no texto compreendido entre os versos 1:1; 2:3. Aqui, o plano de Gênesis parece ser a

criação miraculosa da terra e do céu, seguida do desenvolvimento da história humana. Em Lucas

15, encontramos três parábolas dirigidas aos fariseus que censuravam Jesus por receber os

pecadores. Com respeito à parábola do filho pródigo, quem representava o filho novo e quem

representava o filho mais velho? No escopo imediato, o filho mais velho representa os fariseus e o

mais novo os pecadores; no escopo geral do evangelho o filho mais velho representa os judeus, e o

mais novo os gentios. O descanso visto em Hebreus 4, refere-se ao Sábado, ao céu, ou a paz que nos traz o

evangelho? Aqui, há necessidade de conhecer o argumento geral da epístola.

QUARTO PRINCÍPIO.

É necessário consultar as passagens paralelas, isto é, aquelas que estão relacionadas com outras, tratando, assim por dizer, do mesmo assunto. O grande valor deste princípio reside no fato de compararmos a escritura com a própria escritura. Este princípio ajuda no aclaramento de doutrinas obscuras, determinando conhecimentos bíblicos exatos a respeito de doutrina e práticas cristãs, fixando o ensino geral quanto a fé e conduta.

Temos vários tipos de paralelos: Paralelos de idéias, palavras, pensamentos e ensinos gerais. Paralelos Verbais ou de Palavras. Em I Samuel 13:14 e Atos 13:22 – mostra Davi como sendo um homem que possuía o coração segundo Deus, consultando o paralelo de I Samuel 2:35, mostra que ele possuía este coração quanto aos seus deveres de rei. Cumpria com rigor a vontade de Deus na vida pública o oficial.

Em Gálatas 3:27 diz: “todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”. O que significa estar revestido de Cristo? Consultando os paralelos de Romanos 13:13,14 e Colossenses 3:10 vemos que “revestir” tem o sentido de “o oposto de andar segundo a carne” e “renovação de conhecimento”. Números 22:32 e 24:1 – mostra Balaão como profeta, mas examinando as passagens paralelas de II Pedro 2:15,16; Judas verso 11 e Apocalipse 2:14, chegamos a conclusão de que ele foi um pretenso profeta levado pela cobiça e paixão.

1. Temos três tipos de paralelos verbais. (a) que diz as mesmas coisas pelas mesmas palavras: Exemplo – Êxodo 20:2-17 – Deuteronômio

5:6-21 – Salmo 14 e 53 – Isaías 2:2-4 e Miquéias 4:1-3. Aqui uma passagem provada a exatidão da outra.

(b) Os mesmos fatos são narrados com as mesmas palavras. Exemplo: Os fatos narrados em Levítico e Deuteronômio; Samuel, Reis e Crônicas. Aqui as expressões mais claras esclarece as mais difíceis e uma passagem pode até mesmo explicar ou modificar outra. Mateus 2:1 e Lucas 2:1-4.

(c) Palavras e frases empregadas em sentido diferente, embora sejam semelhantes. João 1:21 e Mateus 11:14; João 5:31 e 8:14; Atos 9:7 e 22:9; Lucas 1:33 e I Coríntios 15:24. Os paralelos verbais exigem do estudante a observação das seguintes regras:

Page 21: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

1. Verificar o sentido que a palavra tem em outros lugares do mesmo escritor. Em Atos 9:7 diz que: “ouviram a voz do Senhor” e em Atos 22:9 diz que: “não ouviram a voz”. Entre os gregos, ouvir tem o sentido de “entender”. Ouvir e “não ouvir”, isto é, ouvir e não entender.

2. Verificar o sentido que a palavra tem noutros escritos do mesmo tempo. João 1:1 “verbo” ou “palavra” não poder ser explicado à luz de II Timóteo 4:2 – onde aparece o mesmo termo. Em João significa: SABEDORIA, CRISTO; e em Timóteo – EVANGELHO.

3. Verificar o sentido que a palavra tem através da Bíblia. “Obras” em Romanos e Gálatas = isoladamente, é oposto à fé e em Tiago é fruto da fé.

2. Paralelismo de Idéias. O paralelismo de idéias vai além do paralelismo de palavras. No de idéias comparamos

fatos ou doutrinas (ensinos) das Escrituras para adquirir uma idéia completa da verdade bíblica. Deve-se fazer uso dos paralelos mais claros. Mateus 26:27 – Bebei dele todos. Estes todos, aplica-se apenas aos ministros, aos apóstolos? Em I Coríntios 11:28 – a expressão está generalizada para homem. Examine-se pois o homem. Assim, a ceia não é apenas para os apóstolos ou ministros.

Estaria Cristo constituindo à Pedro como fundador da Igreja em Mateus 16:18? – pequena pedra – pedra. Comparando com os ensinos de Mateus 21:42-44; João 6:51; I Coríntios 3:10-11; Gálatas 1:16; Efésios 2:20; I Pedro 2:4,8; I João 3:23; 4:2,3 – veremos que o fundamento da Igreja é Cristo e não Pedro. Em João 10:8 Cristo diz: “todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores”. Mas Ele honrou a Moisés, Abraão e os profetas como verdadeiros chefes e mestres do povo de Deus (8:39,40,56; 5:45-47). Fazendo o paralelo de 8:41,44 – percebemos que Ele falava acerca dos escribas e fariseus.

3. Paralelismo de Ensinos Gerais. O princípio estabelecido aqui é este: Numa passagem na qual a idéia esteja resumida,

explica-se por aquela em que esteja completamente revelada; e as expressões difíceis e figuradas pelas de sentido próprio e claras. A doutrina da “justificação pela fé” está resumidamente em

Filipenses 3:9, e amplamente em Romanos. Em Gálatas 6:15 – “nova criatura” – é uma expressão figurativa que é explicada em 5:6 e II Coríntios 5:17.

Provérbios 16:4 – Deus criou até o perverso para o dia da calamidade” – analisada à luz de Salmo 145:9; Ezequiel 18:23;II Pedro 3:9, chegamos a conclusão de que o Criador de todas as coisas, no dia mau, saberá valer-se, inclusive do ímpio para levar a cabo seus adoráveis desígnios.

4. Paralelos de Pensamentos. Temos três tipos de Paralelos de Pensamentos:

(a) SINONÍMICO – onde a segunda linha repete o pensamento expresso na primeira. Salmo 83:14.

(b) ANTITÉTICO – os pensamentos são contrastados. Primeiro expressa a idéia

positivamente e depois negativamente – Provérbios 1:29 – Salmo 90:6, Romanos 6:23 e João 3:36.

(c) SINTÉTICO – a segunda linha estende o pensamento expresso na primeira – Salmo

1:1 e 2:3.

5. Paralelos Aplicados à Linguagem Figurada. Além dos paralelos expostos acima, é necessário aplicar este para saber se uma passagem

deve ser interpretada ao pé da letra, ou num sentido figurado. Os discípulos são chamados “ovelhas”, mas, isto não significa que eles possuem todas as qualidades de ovelhas. Assim como, ao ser Jesus chamado de “cordeiro”, significa que Ele possua o seu caráter manso e destino sacrificial.

Page 22: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

INTERPRETAÇÃO DE TIPOS E SÍMBOLOS.

Os tipos não são, propriamente falando, figuras de conversação mas é amplamente usado nas Escrituras Sagradas. C r a b b – define o tipo como um emblema pelo qual uma verdade representa outra misticamente. O tipo é empregado simplesmente na matéria religiosa. Particularmente à vinda, ofício e morte de Jesus. O oferecimento de Isaque é um tipo da oferta de Cristo como sacrifício expiatório.

O símbolo é um emblema que se converte em um sinal entre o homens. A “oliveira” é símbolo de paz, isto é, reconhecido tanto entre os bárbaros quanto entre às nações iluminadas.

Os “símbolos” da Bíblia estão acima dos sinais convencionais entre os homens, especialmente os símbolos do Apocalipse. O “símbolo” difere do “tipo” pelo fato de ser um sinal sugestivo e não uma imagem do que pretende representar. O “símbolo” representa alguma coisa no passado, presente e futuro. O “tipo” representa essencialmente no futuro. A coisa prefigurada chama-se antítipo. A seguir, exemplos de Tipos e Símbolos. - Adão – no seu caráter representativo em relação à raça humana, é um tipo de Cristo –

Romanos 5:14. - O Arco – é um símbolo da misericórdia e fidelidade de Deus – Gênesis 9:13-16; Ezequiel 1:28

e Apocalipse 4:3. - O Pão e o Vinho – na ceia do Senhor são símbolos do Corpo e do Sangue de Cristo – Mateus

26:26-28. - A Passagem pelo Mar Vermelho – é típica em I Coríntios 10:1-11.

- O rasgar dos vestidos de Aías é uma ação simbólica – I Reis 11:29-31.

O tipo é empregado simplesmente na matéria religiosa ao passo que o símbolo é empregado na filosofia, medicina e outras ciências e artes. Para que alguém ou alguma coisa seja de fato um tipo, terá que satisfazer três pontos importantes: (1) Deve haver alguma notável semelhança e analogia. O antitipo sempre será mais alto e mais

nobre. Adão na liderança da raça humana é um tipo de Cristo – Romanos 5:14-20; I Coríntios 15:45-49.

(2) Deve haver evidência que o tipo foi apontado e designado por Deus para representar a coisa tipificada. Exemplo perfeito disso são os sacrifícios e os ministérios sacerdotais e proféticos.

(3) Deve prefigurar alguma coisa no futuro – Colossenses 2:17; Hebreus 10:1. Os caracteres, ofícios, instituições e eventos de Velho Testamento, tudo foi esboço profético da igreja e do reino de Cristo.

1. ENCONTRAMOS CINCO CLASSES DE TIPO NAS ESCRITURAS SAGRADAS.

Adão, Enoque, Moisés, Josué, Davi e Melquisedeque, entram na tipologia por causa do caráter ou relação com a história da redenção. Abraão – quanto a fé – é um tipo de todos os crentes que foram justificados pela fé – Gênesis 15:6 e Romanos 3:28.

1.2. Instituições Típicas. Sacrifícios de cordeiros e outros animais tipificam o sangue da expiação – Levítico 17:11 e

I Pedro 1:19. Sábado – tipifica o repouso eterno do crente – Hebreus 4:9. As cidades de refúgio – tipificam a provisão do evangelho para o escape do pecador –

Números 35:9-34.

Page 23: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

1.3. Ofícios Típicos. Os profetas como meio de revelação divina, tipificam Cristo. Os sacerdotes, especialmente o Sumo sacerdote era um tipo de Cristo – Hebreus 4:14; 9:12. 1.4. Eventos Típicos. O dilúvio, o êxodo do Egito, a peregrinação pelo deserto, o maná, a água

que fluiu da rocha, a serpente levantada no deserto, a conquista de Canaã, a restauração do cativeiro babilônico, etc; são exemplos de eventos típicos – I Coríntios 10:11. 1.5. Ações Típicas. O andar nu de Isaías – Isaías 20:2-4. O profeta Jeremias escondeu o cinto à

margem do Rio Eufrates – Jeremias 13:1-11.

2. PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS A SEREM OBSERVADOS NA

INTERPRETAÇÃO DOS TIPOS.

2.1 – Real semelhança entre tipo e antítipo. O caráter e a posição de Melquisedeque tipifica perfeitamente a Cristo – Por exemplo:

- Melquisedeque era rei e sacerdote – assim também Cristo. - Não teve princípio, nem parente, genealogia ou morte – é uma figura da perpetuidade do

sacerdócio de Cristo. - A superioridade de Melquisedeque sobre Abraão e os sacerdotes levíticos – sugere a dignidade

exaltada de Cristo. - O sacerdócio de Melquisedeque não foi como o Levítico, constituído por decreto formal e

legal, foi sem sucessão e sem limitações de tribo e raça – assim Cristo – sacerdote universal e independente.

2.2 – Os pontos diferentes devem ser notados pelo intérprete. O tipo na sua própria natureza tem que ser inferior ao antítipo. Números 12:7 e Hebreus

3:1-6, ressalta a fidelidade de Moisés e revela Cristo como superior a Moisés. Moisés foi fiel

como servo e Cristo como FILHO. Os tipos do Antigo Testamento só poderão alcançar

interpretação completa à luz do evangelho.

3. INTERPRETAÇÃO DE SÍMBOLOS. Refere-se a uma das matérias mais difíceis para o intérprete. Verdades espirituais, oráculos

proféticos, coisas eternas e invisíveis são representadas enigmaticamente através dos símbolos sacros que estão muitas vezes fora do alcance dos nossos convencionais. - Jeremias 1:11 – a vara de amendoeira – Vigilância ativa com a qual Jeová executa a sua

palavra.

- Jeremias 1:13 – panela ao fogo – Judá invadido pelo norte. - Ezequiel 37:1-14 – ressurreição dos ossos secos (11,12,14) a promessa da restauração era, na

realidade, como dar vida aos mortos. - Os sete castiçais dourados simbolizam as sete igrejas.

- Daniel 2 – a grande imagem de Nabucodonozor. Vv. 31-35 – sucessão de poderes mundiais; Vv. 37,38 – cabeça de ouro – o próprio Nabucodonozor, representante da monarquia.

Outras partes de metais – outros reinos que se haveriam de levantar; verso 40 – Pernas de ferro – a grande força do quarto reino; Vv. 41-43 – Os pés e dedos, parte de ferro e parte de barro – indica força e fraqueza misturada deste reino no seu último período; Vv. 44-45 – A pedra que esmagou a imagem – é um símbolo profético do reino de Deus.

Os exemplos acima mostram ao estudante o peso da questão do simbolismo dentro das Escrituras, levando-nos a determinar princípios gerais do simbolismo.

Page 24: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

4. Princípios Fundamentais do Simbolismo.

1. Os nomes dos símbolos devem ser entendidos literalmente. Nomes como: árvores, figos, ossos, castiçais, chifres, cavalos, etc; são assim tomados, mas são símbolos de, alguma coisa.

2. Os símbolos sempre denotam alguma coisa, essencialmente diferente deles. Assim como na metonímia se diz uma coisa por outra e na ironia se diz uma coisa e entende-se outra, assim também o simbolismo.

3. Alguma semelhança mais ou menos pequena é vista entre o símbolo e a coisa simbolizada. Ações típicas simbólicas. Ezequiel 4 e 5, onde o profeta é encontrado deitado 390 dias do lado direito e 40 dias do lado esquerdo.

NÚMERO – NOMES – E CORES SIMBÓLICAS.

1. Números. (1) Ponto de partida. O Pai, a fonte de todos os números. É um número representativo da unidade

– Deuteronômio 6:4; compare com Marcos 12:29-32; I Coríntios 8:4; Efésios 4:4-6.

(3) Sugere especialmente a plenitude da divindade de Cristo. Sentido místico do número 3:

passado, presente e futuro; início, meio e fim. Uso bíblico: Gênesis 18:2 – três anjos visitaram

Abraão; Êxodo 3:6 – três patriarcas; Êxodo 20:11 – três partes constituem o Universo – céu, terra e mar. Número 6:24-16 – tríplice bênção repetida. Mateus 28:19 – fórmula batismal. II Coríntios

13:14 – bênção apostólica. Isaías 6:3 – o trisagion: santo, santo, santo. Três títulos divinos - Senhor, Deus Todo-Poderoso; acompanhado no que era, que é e que será. É o número de Deus.

(4) É o número do mundo. Os quatro ventos dos céus – Mateus 24:31; Apocalipse 7:1. Os quatro pontos cardeais – Salmo 107:3; Lucas 13:19. As quatro estações do ano. As quatro extremidades da Terra – Isaías 11:12; Apocalipse 7:1. As quatro criaturas viventes – Ezequiel 1:5, cada qual com 4 faces, 4 asas, 4 mãos e em 4 rodas.

(6) É o número do homem. 666.

(7) 3 + 4. Simboliza alguma união mística de Deus com o mundo. Está sempre relacionado com a criação – Gênesis 2:2,3. Nas Escrituras é um número ligado ao ritualismo. O filho era circuncidado após sete dias – Gênesis 17:12. A comemoração da Páscoa durante sete dias – Êxodo 12:15. O sangue aspergido sete vezes – Levítico 4:6. Purificação do leproso – sete vezes aspergido – Levítico 14:7,8,51. Purificação em face do contato com os mortos – durante sete dias – Números 1:11; Levítico 15:13,24. Fatos relacionados com Jericó – 7 dias, 7 sacerdotes, no sétimo dia a cidade foi rodeada sete vezes – Josué 6:13-16. Sete igrejas, 7 trombetas, 7 selos, 7 trovões, 7 últimas pragas – o número sete tem em Apocalipse um sentido místico.

(10) Considerado como um número de plenitude completa, responsabilidade. A idéia da raiz é de: Conjunção, união, associação. Esta idéia geral é sustentada pelo uso do número. “Decálogo” – a

totalidade e substância do Torá. Número amplamente aplicado na Bíblia: Os Dez Mandamentos – Êxodo 34:28,

Deuteronômio 4:13. Os dez anciãos constituindo a corte dos israelitas – Rute 4:2. Dez príncipes representando as dez tribos de Israel – Josué 24:14. As dez virgens indo ao encontro do noivo – Mateus 25:1. As dez dracmas – Lucas 15:8. Num sentido mais geral – o número dez pode significa. Muitas vezes. A mudança do salário de Jacó – Gênesis 31:7,41; Jó 19:3 – dez vezes me

Page 25: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

envergonhastes; Levítico 26:26 – as dez mulheres; Eclesiastes 7:19 – a sabedoria é melhor do que dez governadores.

(12) O uso simbólico do número 12 nas Escrituras parece ter uma alusão fundamental como as doze tribos de Israel. Êxodo 24:4 – Os doze monumentos construídos por Moisés; Números 7:87 –

a oferta dos príncipes. Doze bois, doze carneiros, doze cordeiros, doze bodes; doze mil de cada tribo, doze apóstolos; doze portas na nova Jerusalém, trazendo o nome das doze tribos e guardadas

por doze anjos – Apocalipse 21:12. Sua muralha tem doze fundamentos – Apocalipse 21:14. O número doze (12) pode ser chamado com propriedade de: O número místico do povo escolhido

por Deus.

(40) Designa em muitos lugares a duração de um julgamento. Seja 40 dias ou 40 anos – Gênesis

7:4,12,17 – O dilúvio. Número 14:34 – os 40 anos de peregrinação no deserto; Deuteronômio 25:3 – disciplina o criminoso com 40 açoites. Ezequiel 29:11,12 – os 40 anos de desolação egípcia. Ainda, o jejum feito por Moisés, Elias e Jesus – Êxodo 23:28; I Reis 19:8; Mateus 4:2. Mas isto não significa que este número não possa ser tomado em seu sentido literal.

(70) É notável por ser o número dos filhos de Jacó – Êxodo 1:5 e dos anciãos de Israel – Êxodo 24:1,9 – Israel foi condenada a estar setenta anos sob o cativeiro babilônico – Jeremias 25:11,12. Setenta semanas distinguem uma das mais importantes profecias de Daniel – Daniel 9:24; Jesus apontou outros setenta discípulos ao lado dos doze – Lucas 10:1.

AUBERLEN – o número setenta é 10 x 7. O humano moldado pelo divino. Por esta razão,

os setenta anos de cativeiro é um sinal profético do tempo, durante o qual, o poder do mundo deveria de acordo com a vontade divina, triunfar sobre Israel, enquanto o julgamento divino caia

sobre o seu povo.

2. Nomes Simbólicos. Jerusalém? Roma? Apocalipse 11:8 – espiritualmente chama-se Sodoma e Egito. A Grande

Babilônia é evidentemente um nome simbólico – Apocalipse 14:8 – 16:19. O Egito é simbolicamente em Oséias 8:13, e, provavelmente tornou-se a terra do cativeiro – Êxodo 20:2. Moisés sempre ameaçava este retorno em suas mensagens e admoestações - Deuteronômio 28:68.

Davi e Elias – são usados de maneira simbólica para designar profeticamente o Príncipe e João Batista – Ezequiel 34:23,24 – 37:24; Oséias 3:5, não podem ser entendidos literalmente, mas mostra Davi como símbolo de Cristo. O texto de Malaquias 4:5 – cumpre-se com João Batista – Mt. 11:14 e 17:10-13.

Ariel – em Isaías 29:1,2,7 – é bastante incerto quanto ao seu conteúdo místico. Genesius – comenta a significação do termo, denotando – leão de Deus, ou altar de Deus.

Leviatã – um poder mundial opressivo e hostil é designado em Isaías 27:1, como leviatã, serpente veloz, serpente tortuosa e dragão do mar. Egito, Assíria, Babilônia, Média, Pérsia e Roma, tem sido designados como sendo este leviatã. Refere-se a um opositor e opressor ímpio do povo de Deus.

3. Simbolismo de Cores. As cores do arco – Gênesis 9:8-17, possivelmente esteja associado com a idéia de graça

celestial. As cores predominantes do tabernáculo (azul, púrpura, escarlate e branco) Êxodo 24:4; 26:1,31 – são vistas não somente sob o aspecto de beleza e variedade, mas também para sugerir a excelência e glória celestial.

Percebe-se claramente nas Escrituras que o relacionamento das cores é feito com aquilo que elas realmente parecem.

Page 26: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

AZUL – cor do céu, isto é, aquilo que é celestial, santo, divino. Êxodo 28:31; 39:22 –

Exemplo: As laçadas das cortinas – Êxodo 26:4 – as bordas dos vestidos dos filhos de Israel – Números 15:37-41.

PURPURA E ESCARLATE – Mencionada frequentemente em conexão com os vestidos

dos reis como símbolo de realeza e majestade – Juízes 8:26; e Ester 8:15. Estas cores somadas ao azul, separavam o Santo dos santos – Êxodo 26:31.

BRANCO -pureza e justiça – Êxodo 26:1,31,36; 28:5,6,8,15,39. Na transfiguração - é a

cor que fica em destaque – Mateus 28:3; veja as vestes brancas dos crentes glorificados – Apocalipse 7:9. O linho fino branco, significando os atos justos dos santos – Apocalipse 19:8.

PRETO – associa-se com o que é mal. Com luto, peste e fome.

VERMELHO – com o derramar de sangue nas guerras.

4. Símbolos dos Metais. A importância simbólica dos metais é vista amplamente na aplicação que os metais tiveram

no Antigo Testamento. Exemplo: O “ouro” que cobria a arca, os querubins, o altar de incenso, a mesa dos pães da proposição e castiçais, simbolizava com propriedade, o esplendor da presença de Deus que habita em seu Santo templo – Êxodo cap. 25.

Bronze – todos os utensílios do altar, as colunas e bases do holocausto, tudo era coberto de

bronze – Êxodo 27:2,10. Prata – as bases para as tábuas do tabernáculo eram totalmente de prata – Êxodo 26:19. A diferença vista na aplicação dos metais é relativa ao valor de cada um. O ouro é o mais

caro. Era usado nos lugares mais interiores do tabernáculo – “o santíssimo”. A prata – com o valor entre o ouro e o bronze, ocupava o lugar intermediário no tabernáculo. O sonho de Nabucodonozor – neste sonho encontramos a combinação do ouro, prata, bronze, ferro e barro. Cabeça de ouro, peito de prata; ventre e coxas de cobre; pernas e pés de ferro e barro misturados.

A importância dos reinos simbolizados nesta visão é vista na descrição do material.

PARÁBOLAS.

Entre as formas figurativas de conversação, a parábola ocupa um lugar de preeminência nas Escrituras Sagradas. Nos dias do Antigo Testamento os judeus primavam por esta forma de pensamento e este foi um dos métodos mais usados por Jesus Cristo, e que frequentemente era usado pelos rabinos, aparecendo com certa freqüência no Talmud e outros livros judaicos.

O termo é derivado do grego _________________ com a idéia de “colocar de lado”, isto é, colocar uma coisa ao lado da outra para efeito de comparação. Representa a palavra hebraica ______________ usada para designar “provérbios”, tipos e símbolos. Mas a parábola estritamente falando, pertence a uma classe figurativa de conversação propriamente sua. Essencialmente é comparação ou símile, se bem que nem toda símile seja uma parábola.

1. Fatos a Serem Considerados. (a) Jesus ensinou por parábolas e sem parábola não lhes falava. Marcos 4:34 – este verso

demonstra a importância que Cristo atribuía às parábolas. Forma histórica, verossimilhança, naturalidade de narrativa, correspondência com os objetos e verdades espirituais. Outras, quase chegam a confundir com metáforas e provérbios – Mateus 15:14,15 e Lucas 4:23. Devemos ter o cuidado para não confundirmos parábolas com alegorias, fábulas ou provérbios.

(b) O intuito de Jesus foi duplo ao fazer o uso de parábolas. (1) Despertar nos discípulos maior atenção e maior desejo de compreender – Marcos 4:10 – Interrogaram-no acerca da parábola.

(2) Ocultar a verdade aos indiferentes incrédulos.

Page 27: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

(c) Jesus nos deu em dois casos, o modelo de interpretação. Marcos 4:13 – Não percebeis esta parábola? Como entendereis todas as parábolas? Assim, esta parábola com a sua interpretação é um modelo para as demais:

(d) Jesus interpretou os detalhes: (1) Semente: A Palavra de Deus. (2) As aves – Satanás. (3) A pedra coberta com pouca terra ocasionando nascimento e morte da nova planta: Recebimento da doutrina sem afetar o coração. (4) O ardor do Sol: provação e tribulação. (5) Os espinhos: Possuem quatro significados: (a) os cuidados deste mundo; (b) o engano das riquezas; (c) os prazeres da vida; (d) ambição de outras coisas. (6) Êxito em boa terra: receber, entender, e

conservar a boa Palavra de Deus. (7) Semeador: Não diz quem é ele. Temos dois grandes motivos porque Jesus não deu a sua interpretação aqui: (a) para significar todos os que pregam o evangelho e (b) para que maior ênfase seja dada na semente e não no semeador.

2. Regras de Interpretação. À luz dos fatos acima analisados podemos concluir o estudo de parábolas com o

estabelecimento de pelo menos oito (8) princípios de interpretação. (a) Todos os termos da parábola devem ser interpretados. Uns mais importantes, recebem

maior atenção; outros menos essenciais ocupam lugar secundário na interpretação. (b) Devemos procurar o ponto central da parábola, isto é, o “escopo” que será achado através

do contexto ou das passagens paralelas. Achando-o, os outros pontos da parábola serão colocados em torno dele. Algumas vezes, Jesus mencionava este ponto central – Mateus 22:14, outras vezes, os próprios discípulos – Lucas 18:1.

(c) Devemos prestar atenção ao prólogo e epílogo. Os dois são chaves na interpretação pelo fato do “escopo” estar no princípio – Lucas 19:11, ou no fim, Mateus 25:13. Pode, ainda, estar no princípio e no fim simultaneamente – Lucas 12:15-21.

(d) Os mesmos princípios de interpretação dos símbolos aplicam-se às parábolas. Em Lucas 12:1, Jesus recomenda: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus”. O fermento é um símbolo mal em atividade e já possuía a sua tradução, significando: O mundanismo político de Herodes, o formalismo religioso dos fariseus; o racionalismo incrédulo dos fariseus e a jactância pecaminosa dos Coríntios.

(e) Devemos interpretar as parábolas segundo a analogia da fé. Não se deve tirar conclusões que não se harmoniza com o ensino geral. A nenhum texto se deve dar interpretação contrária ao ensino geral das Escrituras. Os textos obscuros interpretam-se pelos mais claros. Os de linguagem simbólica, pelos de linguagem explícita.

Exemplos: Analisando a parábola do rico avarento suplicando a Abraão que lhe enviasse Lázaro para amenizar-lhe o sofrimento; concluímos que seria lícito fazermos orações aos mortos, e concluirmos na parábola dos servos fiéis e do filho pródigo que Deus perdoa sem sacrifícios ou intercessão (doutrina do Pelagianismo). Compare com João 8:24 e Hebreus 10. O justo de Lucas 15:7 seja o fariseu que não necessita de arrependimento. Aceitamos a afirmativa em Lucas 15:29 – que o irmão mais velho de fato nunca transgrediu as ordens do pai. – Afirmamos que a desonestidade de Lucas 16:8 – seja sinônimo da verdadeira sabedoria. Como se vê, nenhuma das interpretações acima se harmoniza com os ensinos gerais das Escrituras e seria uma aberração esposarmos tais ensinos. Todos eles são

(f)

contraditórios com o contexto bíblico.

Os termos explicados em uma parábola não podem ter sentido oposto de outra. Por exemplo: Na parábola do Joio a Semente, as Plantas e o Campo, significam simultaneamente a Palavra, os Filhos do Reino e o Mundo. Em qualquer outra parábola estas figuras teriam sempre o mesmo significado. Quem é o comprador na parábola do

Page 28: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Tesouro perdido? Cristo. Mateus 13:44. O mesmo entendimento deveremos ter com respeito à parábola da Pérola e da Rede, no mesmo texto.

(g) Em certos casos, um termo mantendo a unidade fundamental, pode ter várias aplicações. Como exemplo: citamos o Semeador e os espinhos na parábola do Semeador.

(h) Não podemos formular doutrinas baseados exclusivamente nas representações das parábolas. – Dizemos que o Mordomo Infiel de Lucas 16:1-12 seja: A apostasia de Satanás.

Concluímos categoricamente que na parábola das dez virgens o ensino de Cristo seria que a metade se salvará e exatamente a outra metade dos que estão na igreja se perderá. Isto seria um absurdo! Da mesma forma seria dizermos da ovelha perdida que em cada cem, um se perderá; ou na dracma perdida que em cada dez, um se perderá. Os ensinos das parábolas não servem de fundamentos para certa e determinada doutrina.

XI – PROFECIAS. Em linhas gerais toda a Bíblia é profética. No Antigo Testamento também quer esta tome a

forma da lei, história, salmos ou sabedoria. O termo vem do grego _____________ tendo o seu

correspondente hebraico ___________ (nabhi), significando: “alguém que fala em lugar de outro”. Aqui, encontramos os mais difíceis problemas de interpretação.

Os profetas eram homens pregadores da Justiça que falavam também a homens de seu tempo, falavam de sua própria geração e a sua mensagem profética era entrelaçada de fatos históricos. A mensagem era sempre adaptada às condições morais e físicas.

1. Três pontos a serem observados.

1. BUTLER – Profecia não é nada mais que a história de acontecimentos antes de sua realização. Isto, equivaleria a dizer que a profecia deva ser estudada como história sagrada.

2. RACIONALISTAS – Profecia é o futuro de uma instituição como as que tem os grandes estadistas.

3. EXTERMISTAS – Vaticina Post Eventum. Predições depois do acontecimento.

DEFINIÇÃO – Definimos profecia como sendo a proclamação daquilo que Deus revelou pelo

Espírito Santo a respeito do futuro no interesse do Reino de Deus. SEU VALOR – “Consolai-vos, povo meu, diz o vosso Deus”. Este é um dos valores mais altos da

profecia. Ela explica o passado; elucida o presente e revela o futuro.

2. Considerações Especiais da Profecia.

2.1. Suas Características:

(a) A profecia como um todo tem caráter orgânico. Não se trata de coleção de aforismos. Ela é semelhante a um botão que vai crescendo e se desenvolvendo até se transformar em uma linda flor.

(b) A profecia se relaciona inteiramente com a história. Ela deve ser vista no seu contexto histórico. Imediatamente, era dirigida aos contemporâneos do profeta. Os profetas viviam em contato com a realidade de seu tempo.

(c) A profecia tem a sua própria perspectiva. O elemento não tem problema para os profetas. Eles poderiam antever grandes eventos num breve tempo, e também, poderia, não compreender todos os elementos de sua mensagem, relacionando um ponto com outro. O futuro para os profetas é como uma cadeia de montanhas à distância para o cavaleiro. Imagina-se que o topo

Page 29: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

da montanha seja bem perto do outro quando na verdade estão separados por uma distância bem considerável. A exemplo disto citamos: O dia do Senhor, às duas vindas de Cristo, etc...

(d) As profecias podem ser consideradas. O cumprimento das profecias em alguns casos será determinado pelo comportamento do homem, isto é, depende de suas ações contingentes. E

isto, quando elas se referirem a um futuro próximo. A profecia de Jonas à Nínive (3:4-10) deixou de ser cumprida em face ao arrependimento dos ninivitas. A profecia de Miquéias

contra Jerusalém – Jeremias 26:17-19. A profecia de Elias contra Acabe por ter este matado Nabote, tomando posse de sua vinha – I Reis 21:17-29.

(e) É errado considerar a linguagem do profeta inteiramente simbólica. É certo que eles não inventaram nenhum alfabeto simbólico, e não seria incorreto interpretá-los exclusivamente desta forma.

Notemos a diferença de FAIRBAIRN PARA O DAVIDSON:

FAIRBAIRN:

Nações: reinos mundanos. Estrelas: Poderes governantes.

Mares agitados: Tumulto das nações.

Árvores: Graus mais altos na sociedade.

Grama: Camada inferior. Correnteza e regato: A vida e o rejuvenescimento. – Isto, tanto no Antigo Testamento como no livro de Apocalipse.

DAVIDSON: Locustas, sol, lua e estrelas, é isto mesmo e não outra coisa. E quando o profeta Joel diz: “Como geme as bestas”, é besta mesmo. Já o Hengstanberg afirma que esta figura refere-se as nações do mundo pagão, por não pertencerem ao concerto.

Quando os profetas usam uma linguagem simbólica, esta é vista claramente pelo texto. O formalismo dos sacerdotes (Malaquias 1:11), transpõe os horizontes e revela novo concerto a ser firmado por Deus com o seu povo num grande e eficaz nome. É o alargamento do horizonte profético.

Alguns profetas revelaram a Palavra do Senhor em ações proféticas. Isaías andou nu e descalço nas ruas de Jerusalém. Jeremias correu às margens do Rio Eufrates para esconder ali o seu cinto. Ezequiel permaneceu 390 dias do seu lado esquerdo e 40 dias do seu lado direito, suportando a iniqüidade do seu povo. Oséias desposou uma mulher prostituta. Alguns estudiosos das Escrituras Sagradas crêem que estes fatos não foram reais, mas ocorreram em visões.

3. INTERPRETAÇÕES DAS PROFECIAS.

À luz dos fatos acima analisados poderemos chegar pelo menos as seguintes conclusões.

(1) As palavras dos profetas devem ser tomadas em sentido literal, a não ser que o contexto ou maneira de seu cumprimento mostrar claramente uma significação simbólica. Este princípio é desrespeitado por Hengstanberg e Henderson que interpretam, por exemplo, as Locustas na profecia de Joel como se referindo as nações pagãs.

(2) No estudo das descrições figurativas encontradas nos profetas, o intérprete deve ter como alvo, descobrir as idéias fundamentais mais que a expressão. No profeta Isaías nós encontramos a descrição poética dos animais domésticos e selvagens vivendo em paz e sendo dirigido até mesmo por uma criança. Qual a idéia fundamental desta mensagem? Sem dúvida, refere-se a “Paz que reinará sobre a terra no futuro”.

Page 30: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

OUTRAS CONSIDERAÇÕES.

1. Profecias que se referem a um futuro próximo. Estas profecias tem caráter específico e um único cumprimento. Às vezes, profecias deste

tipo tinha como alvo a confirmação e a garantia de uma mais remota, ou mesmo o fim de corroborar um ato divino – I Samuel 10:2-7. Dentre as profecias que se referiam a este futuro próximo, citamos: - A profecia do dilúvio de Noé.

- A da escravidão da posteridade de Abraão em terra estranha.

- Os sonhos de Faraó com respeito a futura fome no Egito.

- As palavras de José anunciando a futura saída de Israel do Egito.

- O sinal dado a Moisés como prova de que Deus de fato o estava enviando – Êxodo 3:2.

- A condenação da casa de Eli e o sinal dado.

2. Profecias com respeito “aos últimos tempos”. Os “últimos tempos” são característicos do Messias e de seu Reino, aqui, podemos incluir

a consumação de todas as coisas. Nestas profecias não devemos esperar pormenorização de todos os detalhes. O alvo dela é apenas conceder uma visão panorâmica de conflitos e triunfos sem

descer as questões menores. Geralmente os pormenores em uma mensagem profética está sempre

relacionado com o Messias. O livro de Salmos, de Isaías, Miquéias e Zacarias são os que fornecem maiores detalhes sobre o Messias – Salmo 22:18 – 69:21 – Miquéias 5:2,3 – Isaías 9:6 – Zacarias

9:9 – 11:13. Termos que no Antigo Testamento são sinônimos de “últimos tempos” – “Eis que vem

dias” – Jeremias 31:31; “E acontecerá depois” – Joel 2:28; “Naquele dia” – Isaías 4:2.

Encontramos aqui dois tipos de profecia:

(1) A que fala sobre a ordem dos acontecimentos. No capítulo dois de Daniel encontramos a grande imagem do sonho de Nabucodonozor

interpretado por Daniel que se referia a quatro grandes monarquias que iriam dominar o mundo. Estes governos estão em uma ordem cronológica. A mesma visão é repetida no capítulo sete, onde

o profeta contempla quatro animais que subiam do mar. Destas monarquias, a quarta pertence aos “últimos dias”. Este é indicativo do Império Romano, primeiramente na sua forma pagã e depois

papal. (2) Profecias que dão apenas Vistas Gerais. É difícil às vezes localizar certas profecias como Isaías 3:1-3,25,26 – 4:2. Sozinhas, elas

ficariam perdidas. A porta se abre quando aparece o elemento da identificação – Naquele dia o Renovo. Assim, houve uma transição para a promessa relacionada com o tempo do Messias, tornando-a clara.

3. O Sentido Duplo das Profecias. A profecia está revestida de dois sentidos: O Sentido Literal que diz respeito aos fatos da

época do profeta e que serve de base para o mais importante - que é o sentido típico ou escatológico.

Oséias 2:11 – “Do Egito chamei o meu Filho”. Esta profecia refere-se tanto a libertação de Israel do Egito; como também a Cristo, depois que José recebeu a ordem de Deus para deixar aqueles termos. O mesmo se dirá de Melquisedeque trazendo pão e vinho, isto é, os mesmos símbolos usados para representar a crucificação de Cristo.

Page 31: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

Os Salmos normalmente encobrem o elemento típico ressaltando mais o literal. Os salmos 2, 45, 72 e 110 mostram a figura do rei poderoso alcançando vitória e domínio universal. Foi

estabelecido por Jeová e reinará para sempre. Neste salmo está claro o elemento típico, pois só poderá tal governo ser aplicado a Cristo. Em outras passagens, as circunstâncias do escritor ficam

bem claras. A exemplo citamos o Salmo 40:12 e 69:5, em que o escritor confessa seus pecados à

Deus. Isto, jamais poderia ser aplicado ao Messias. Em outros Salmos fica quase desaparecido o elemento literal. Eles descrevem com clareza

as aflições e o livramento do Servo (Messias) Sofredor – Exemplo: Salmo 22, 40, 69 e 110.

4. Sentido Literal Figurado. Muitos fatos da História de Israel assumem um uso representativo. Perguntamos: Qual o

sentido típico dos seguintes acontecimentos? - A peregrinação pelo deserto da Arábia.

- O afastamento das águas do Mar Vermelho – (Isaías 11:11,12,15).

- A coluna de nuvem – (Isaías 4:5).

- A água que se emanava da rocha – (Isaías 35:6).

Análise e comparação de profecias similares.

Diferentes profecias empregam os mesmos símbolos e figuras. Assim, muitas profecias são

semelhantes em suas formas e aparências. Isaías 2:1-4 é idêntica a Miquéias 4:1-3. Pergunta-se: Um copiou do outro? Os dois copiaram de um profeta que é desconhecido? Ou

independentemente de qualquer fonte entregaram a mesma profecia? Seja o que for, a profecia é uma só. A profecia de Jeremias 49:7-22, contra Edom, é a mesma mensagem ampliada por

Obadias. O livro de Judas e II Pedro capítulo 2, são similares.

5. Profecias Duplas. Prendendo-se nos sonhos de José e de Faraó, percebemos que o significado é um só, mas a

duplicação dos símbolos tem o mesmo sentido, diferente foi o método de Deus agir para intensificar a impressão e identificar a certeza das coisas reveladas (41:32). Estudarmos as

analogias vistas nas porções apocalípticas é tomarmos o caminho seguro e livrar-nos de embaraços.

Os “serafins” de Isaías 6:1-8, as “criaturas” viventes de Ezequiel 1 e 10 e a “visão do trono nos céus” – em Apocalipse, estão intimamente relacionados. O mesmo entendimento tem-se das profecias de Daniel e Apocalipse.

6. Profecias Messiânicas. O alvo da profecia messiânica é o estabelecimento do Reino Glorioso de Deus entre os

homens, quando o mal será dominado e haverá a exaltação daqueles que verdadeiramente amam a Deus.

A profecia messiânica aparece sob duas formas:

Primeiro – A vinda de um Reino em poder e justiça no qual a humanidade alcançará o seu mais alto bem.

Segundo – O anúncio de uma pessoa, o Ungido, em quem o triunfo e a glória estão sempre presente.

Esta profecia aparece no Antigo Testamento com uma série progressiva de revelações especiais, e ela é reconhecida:

Page 32: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

- No proto-evangelho de Gênesis 3:15.

- Nas promessas de Abraão – Gênesis 12:3 – 17:6 – 18:18 – 22:18.

- Nas palavras proféticas de Jacó – Gênesis 49:10.

- Na promessa de um profeta como Moisés – Deuteronômio 18:15-18.

- Assume a forma das palavras de Natan à Davi – II Samuel 7:12-16.

- E torna-se proeminente nos Salmos e profetas.

7. Escolas Extremas.

Na interpretação destas profecias temos duas que se chocam frontalmente: A primeira

insiste na interpretação literal de todas as passagens. Reconhece a restauração temporal e futura dos judeus em Jerusalém, e reconstrução do templo e a renovação do ritual e culto hebraico. Esta

corrente é estritamente literal. A segunda espiritualiza todos os ensinamentos proféticos. Contudo, uma exposição fiel nos levará a distinguir o que deve ser tomado literalmente e o que deve ser

entendido num sentido figurado. Analise, por exemplo, as cinco profecias messiânicas encontradas nos doze primeiros capítulos do profeta Isaías.

1. O monte da casa de Jeová – Isaías 2:2-4.

2. O ramo de Jeová- Isaías 4:2-6.

3. Emanuel – Isaías 7:14-16.

4. O rei galileu – Isaías 9:10-7.

5. A raiz de Jessé – Isaías 11 e 12.

8. A Interpretação dos Salmos. Os Salmos podem receber duas classificações básicas: A Didática e a Lírica. Na Didática,

Deus instrui através de poetas; na Lírica, Deus se revela através das emoções e experiências destes poetas.

Aqui, ele reúne tudo: As suas alegrias e tristezas; esperanças e temores, expectação e desapontamento, confiança e gratidão. Não podemos ignorar que nestes Salmos líricos os poetas contam suas circunstâncias históricas e experiências pessoais. É possível perceber isto nos próprios títulos dos Salmos. Citamos por exemplo os Salmos 3, 6, 18 e 30, e o conteúdo deles não é diferente. Apesar disto, tais Salmos são também representativos, isto é, eles traduzem não apenas a experiência do salmista como também a nossa própria; ora nos levando aos abismos, ora às alturas, onde encontramos refúgio e descanso em Deus.

A maioria dos Salmos compõe-se deste título lírico e é com ele que nos ocuparemos no estudo desta interpretação. Os Salmos em certo sentido são universais e transcendem o histórico e o pessoal. Esta é a conclusão das verdades acima analisadas.

REGRAS.

5. Alguns salmos deixam transparecer algumas circunstâncias históricas na sua composição, exigindo estudo mais cuidadoso – Exemplos – salmo 3, 32, 51, e 63.

6. Analise o elemento psicológico dos salmos. O intérprete precisa avaliar o caráter do poeta e o estudo psicológico em que compõe o seu cântico. Assim, quanto mais compreendermos a Davi e as circunstâncias em que escreveu, tanto melhor será o entendimento de seus salmos.

7. Entender que mensagem os salmos revelam quanto à vontade do Senhor. Estes salmos são uma expressão do coração regenerado do crente e de uma vida que procede de Deus. Assim, eles revelam sempre uma mensagem acerca da vontade de Deus para o seu povo.

8. Com respeito aos Salmos messiânicos devemos distinguir aqueles ou porções, que são diretamente messiânicos e aqueles que são apenas indiretamente. Os salmos 2, 22, 45 e 110

Page 33: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

são diretamente messiânicos, ao passo que os salmos 72 e 89 são indiretamente. Aplica-se em primeiro plano ao escritor e em segundo, à Cristo. Os Salmos como o 16 e o 40 são denominados “misticamente messiânicos” pelo fato de não se enquadrarem em nenhum dos dois tipos acima e ser interpretado não de acordo com o tipo; mas segundo a união mística de Cristo com a igreja. Examine-se o cumprimento destes Salmos no Novo Testamento.

HISTÓRIA DOS PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS. Os judeus não eram um grupo homogêneo. Estavam divididos em várias classes. As

principais eram: 1. Judeus Palestinos.

Criam na Bíblia como palavra infalível de Deus. Criam que até as letras eram sagradas e admitiam que a lei era superior aos profetas e a qualquer outro escrito sagrado. Faziam distinção entre: Pashat – O mero significado literal da Bíblia e Midrash – Exposição exegética das Escrituras que

por sua vez se subdividia em:

H a l a k h a h – que diz respeito unicamente a interpretação da lei, e

H a g g a d a h – interpretação livre e edificante das outras partes das Escrituras. Esta classe de judeus valorizava mais a lei oral do que a lei escrita. Segundo eles, a lei

escrita teria que ser vista de acordo com a lei oral. Um homem chamado Hillel – foi um dos maiores intérpretes destes judeus.

2. Judeus Alexandrinos. Suas interpretações eram feitas pela escola que havia na cidade de Alexandria. Usavam

toda a sua filosofia. Adotavam o princípio fundamental de Platão que só devem crer naquilo que for digno de Deus. Assim, quando encontramos alguma coisa no Antigo Testamento que ofendia este princípio, recorriam a interpretação alegórica. Só aceitavam o sentido literal das escrituras quando este concordava com a sua filosofia. Defendiam os seguintes princípios:

Negativamente – O sentido literal deve ser excluído se a afirmação foi indigna de Deus, isto é, se houver contradição.

Positivamente – O texto deve ser alegorizado se houver ambigüidade, palavras supérfluas, repetições de fatos conhecidos, etc.

Filo – foi um dos grandes mestres desta escola.

3. Os Caraitas. Apelidados por Farrar como “os Protestantes do Judaísmo”, esta seita foi fundada no ano

800 por Anan Bem David. Era um protesto contra os rabinos influenciados pelo maometismo.

Adotavam o princípio fundamental que as Escrituras eram a única autoridade em matéria de fé. Isto representava um desprezo a tradição oral e a interpretação rabínica. Os rabinos levantaram-se

contra esta seita, saindo como fruto deste conflito, o texto massorético. A exegese dos Caraitas era mais correta que a dos judeus Palestinos e Alexandrinos.

4. Os Cabalistas. Representavam uma redução dos absurdos da interpretação adotadas pelos Palestinos e

Alexandrinos; se bem que usavam muito o método alegórico dos judeus alexandrinos e admitiam o “Massorh”, versos, palavras, letras. Vogais e acentos, foram entregues à Moisés no Monte Sinai.

5. Os Judeus Espanhóis. Surgiram no Século XII e XV, quando o conhecimento do hebraico estava quase perdido e

a exegese da igreja cristã encontrava-se em um estado periclitante. A situação foi salva através

Page 34: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios

destes judeus instruídos da Península Pirenaica. Os mais renomados: Abraão Aben-Ezra, Salomão Issak Jarchi, David Kimchi, Issak Aberbanel e Elias Levita.

Bibliografia. Terry, S. Milton – Biblical Hermeneutics. A Treatise na the Interpretation ofe de Old New Testaments. Zondervan Publishing. House Evanston, 1961.

Berkorf, Louis, Princípios de Interpretação Bíblica, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista (JUERP) 1965.

Viertel, E. Weldon. A Interpretação Bíblica. Estudos Tecnológicos Programados. Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista (JUERP) 1975.

Barrows, E. P. A New Introduction to the Sudy of the Bible. Publish ed by Religious Tract Society. London - Rio de Janeiro, Casa Publicadora Evangélica 1962.

Almeida, Antônio – Manual de Hermenêutica Sagrada. São Paulo – Casa Publicadora Presbiteriana, 1957.

Lund, E. Nelson, P. C. – Hermenêutica. Miami, Flórida. Editora Vida – 1968.

Mackay, Juan A Yo os Digo. Bueno Aires, Montevidéu – 1927.

Apostila de Hermenêutica – Seminário Batista do Sul.

Apostila de Hermenêutica – ESTEBAPE – Escola Superior de Teologia Batista Peniel – cidade de Guaíra – PR. Pequena Enciclopédia Bíblica. O. S. Boyer, Editora Vida – São Paulo – SP 1995.

Bíblia de Estudo Pentecostal – Traduzida em Português, por: João Ferreira de Almeida - com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida – Edição de 1995 – CPAD. SCHOLZ, Vilson. Princípios de interpretação bíblica. Editora Ulbra.

WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. Editora Sinodal.

VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. Editora Vida.

Zuck, Roy B. (1994). A interpretação bíblica: Meios de descobrir a verdade da Bíblia. São Paulo: Vida Nova

Page 35: Introdução - Igreja de Nosso Senhor Jesus CristoIntrodução Ler a Bíblia com o propósito de entendê-la e explicá-la requer tempo, dedicação e o domínio de alguns princípios