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PLANO DE PESQUISAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO DE UM
NOVO NAVIO OCEANOGRÁFICO
Introdução
A falta de navios oceanográficos, que são os laboratórios flutuantes da
pesquisa oceanográfica, é um problema crônico no Brasil, que se arrasta há
mais de 30 anos. Apesar da costa brasileira ser extensa, com cerca de 8000
Km, o Brasil conta com reduzido número de navios oceanográficos, o que
está dificultando a realização de investigações em âmbito nacional
(Programa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva – REVIZEE) e
internacional (Programa Global Change e Programa Antártico).
O navio oceanográfico “Prof. W. Besnard” da Universidade de São
Paulo vem contribuindo para realização das pesquisas oceanográficas
brasileiras, participando intensamente nos programas nacionais e
internacionais, e realizando importante missão na obtenção de informações
científicas para o país. Construído, em 1967, especialmente para atender às
necessidades de pesquisa em oceanografia, ele apresentou altos índices de
rendimento de trabalho no mar, em seus primeiros quinze anos de utilização.
Encargos de manutenção de alta monta vêm, atualmente, prejudicando sua
utilização e restringindo sua autonomia no mar por motivos de segurança.
Esta realidade tem causado a suspensão de missões importantes,
prejudicando os compromissos nacionais e internacionais na área de
Oceanografia.
Nesse sentido, é oportuno considerar a construção de uma nova
plataforma de pesquisa oceanográfica, que representará uma evolução nos
estudos sobre a dinâmica e estrutura de ecossistemas costeiros e
oceânicos. Considerando o longo período necessário para construção de um
novo navio, o Instituto Oceanográfico iniciou, em 1998, em conjunto com a
Escola Politécnica e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o projeto de
um novo navio oceanográfico, visando atender às necessidades de pesquisa.
Os dispositivos operacionais de uma plataforma oceanográfica moderna
partem de um princípio hidrodinâmico adequado à um casco de estrutura
reforçada, que permite a navegação em condições adversas do mar, sendo
sua forma um pré-requisito para garantir manobras ágeis e eficientes.
Tanques de compensação e redução de movimentos derivados do estado do
mar, associados à transmissão motriz de passo ajustável, são exigidos para
que o convés seja mantido em posição adequada, quer em estações de
lançamento e recolhimento de instrumentos, quer em transectos de
velocidade calibrada. Lançamentos de popa em rampa, com guinchos
hidráulicos, são ideais para o trabalho de aparelhos pesados de coleta e
registro contínuo de parâmetros oceanográficos, fundamentais para o
conhecimento integrado dos ecossistemas marinhos, sendo necessários,
para tal, estabilidade e espaços adequados à essas atividades.
Para determinação da posição, um sistema de navegação por satélite
é indispensável na Oceanografia moderna, como também sonares de alta
resolução para batimetria e estudos sobre a topografia do fundo do mar.
Uma ponte de comando com o controle simultâneo de vídeo e fonias, ligados
do convés principal, e a instalação de uma rede de informática para
armazenamento e visualização dos parâmetros oceanográficos medidos, são
fundamentais para a otimização dos trabalhos a bordo.
De um modo geral, um navio oceanográfico do porte desejado, deve
estar preparado para uma autonomia de trabalho no mar, no mínimo, de 30
dias, mantendo conforto adequado para sua tripulação e equipe científica,
garantindo o rendimento do serviço e o nível psicológico necessário ao bom
desempenho e sociabilidade entre seus componentes.
Durante as reuniões realizadas nos últimos anos por pesquisadores
de três unidades da USP (Instituto Oceanográfico, Escola Politécnica, e
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), o conceito da estrutura básica de
um novo navio oceanográfico já foi definido. A partir de agora, é necessário
realizar uma série de atividades de pesquisa que viabilize o projeto final de
construção.
TRABALHOS REALIZADOS
1. Escola PolitécnicaDepto de Engenharia Naval
Um navio oceanográfico é uma plataforma flutuante de trabalho onde
os pesquisadores devem encontrar não só instalações funcionais e propícias
para o desenvolvimento das suas tarefas, mas também acomodações e
ambientes adequados para garantir um mínimo de conforto, de modo a
reduzir os efeitos da sobrecarga de trabalho que ocorre durante as
expedições. Naturalmente, o navio além de atender a estes requisitos, deve
também satisfazer às especificações operacionais e respeitar as normas de
segurança nacionais e internacionais.
Em vistas destas considerações o desenvolvimento do novo navio
oceanográfico na USP está sendo executado envolvendo esforços não só da
Escola Politécnica, através do Departamento de Engenharia Naval e
Oceânica, mas também da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, através
do Departamento de Projeto, para que este defina o arranjo interior de modo
a tornar o navio um espaço agradável de trabalho e de convívio para os
pesquisadores e tripulantes.
Fig. 1 – A ESPIRAL DE PROJETO
Devido à sua complexidade, o projeto de um navio é desenvolvido em
ciclos denominado de espiral de projeto conforme é mostrado na Fig. 1. Até
o presente momento a EP e a FAU já completaram o primeiro ciclo do
projeto. Isto significa que a primeira versão do navio já foi concluída e os
seguintes itens já foram preliminarmente analisados:
a) Requisitos do armador
b) Dimensões principais
c) Plano de linhas
d) Arranjo Geral
e) Sistema Propulsor
f) Seleção do hélice e dos motores
g) Arranjo Estrutural
h) Sistemas Auxiliares
i) Pesos e Centros
j) Estabilidade
k) Comportamento no mar
l) Custos
Na Tab. 1, abaixo, são apresentadas as principais características do
navio; e na Fig. 2 é mostrado o arranjo geral do navio. Cumpre ressaltar que
todo este desenvolvimento foi efetuado envolvendo os 2 docentes e 5
estagiários.
Tabela 1 - Características Principais do Navio Oceanográfico
Velocidade do navioVelocidade de cruzeiro:___________________ 12 nós;Velocidade de pesquisa: __________________ 2 a 4 nós;
Número total de pessoaspesquisadores: _________________________ 16 pessoastripulantes: ____________________________ 16 pessoas (6 oficiais)
Autonomia: _____________________________ 20 diasComprimento total: ______________________ 50,0 mComprimento entre perpendiculares:________ 48,5 mBoca:__________________________________ 10,0 mCalado: ________________________________ 3,5 mPontal:_________________________________ 5,0 mDeslocamento___________________________ 839 ton.Rotação do hélice: _______________________ 300 rpmDiâmetro do hélice: ______________________ 2,0 mPotência dos motores:____________________ 285 KW (cada motor)Rotação dos motores: ____________________ 1800 rpm
2. Faculdade de Arquitetura e UrbanismoDepto. de Projeto - GDDI/ LabNav
Projeto dos Arranjos
A participação dos arquitetos no projeto de embarcações é relativa à
formulação de propostas de Arranjo Geral, de Arranjo dos Espaços
Habitáveis e de Arranjo do Conjunto Formal. Entendido como arranjo
geral, a definição da distribuição básica dos vários tipos de acomodações e
espaços nos diversos conveses, segundo critérios específicos de cada tipo
de embarcação. O arranjo dos espaços habitáveis trata de organizar os
espaços destinados à realização das quatro funções básicas das pessoas na
embarcação, quais sejam: Circular, Trabalhar, Habitar e desfrutar do Lazer. O
arranjo do conjunto formal é a busca de definir linhas e formas que
possibilitem localizar de maneira adequada os equipamentos necessários ao
funcionamento e segurança da embarcação, de modo a torná-los parte
integrante de um conjunto harmônico de formas no perfil da embarcação, é
também a definição destas formas, buscando dar-lhe linhas adequadas à
sua tipologia, à função a desempenhar e ao ambiente onde esta vai operar.
Arranjo Geral
O arranjo dos espaços das embarcações consiste em dispor de
maneira adequada às suas funções, as áreas destinadas ao uso privativo, ao
uso comum e à realização de trabalhos, bem como na distribuição coerente
das circulações que lhes dão acesso, e ainda na correta disposição do
mobiliário e equipamento nessas utilizados. O arranjo é diretamente
responsável por duas questões fundamentais da embarcação, a estabilidade
e a flutuabilidade da mesma.
Um bom projeto de arranjo geral depende de uma correta distribuição
dos eixos de circulações verticais e horizontais e de uma distribuição
adequada dos espaços habitáveis da embarcação. As circulações devem ser
dimensionadas de modo a atender suas funções, porém sem desperdiçar
espaço, uma vez que é crucial usá-lo de modo racional e com parcimônia.
O projeto de arranjo geral foi elaborado com base nos seguintes
princípios:
1. A definição do dimensionamento e do posicionamento das
circulações horizontais e verticais, de modo a facilitar a leitura e a
maneira de circular, além de procurar diminuir os trajetos
necessários durante a realização das atividades a serem
desempenhadas no navio.
2. A elaboração de um zoneamento das diversas áreas
destinadas às atividades a que a embarcação se propõe, levando
em conta a necessidade de distribuição homogênea das cargas
geradas pelo arranjo e a otimização dos trajetos entre as mesmas,
levando assim a uma distribuição simétrica dos espaços.
Arranjo Geral
Outra preocupação nesta fase do projeto foi a modulação do
elemento de maior complexidade dentro deste arranjo, que é o banheiro,
utilizando em toda a embarcação um único módulo, o que permite a
racionalizar a construção desta.
Componentes dos módulos de banheiro:
Peça 1 Peça 2B Peça 2A
Os dois modos de composições destes módulos:
Os Lavabos Os Banheiros(Peças 1+2B) (Peças 1+2A)
TRABALHOS FUTUROS
1. Escola Politécnica
Até o presente momento o desenvolvimento do projeto foi baseado em
procedimentos analíticos sugeridos na literatura especializada para efetuar o
projeto preliminar do navio. No segundo ciclo, que ora está se iniciando, é
necessário aprofundar em determinados itens que são de fundamental
importância para o projeto deste tipo de navio por ser não convencional. No
entanto, com os atuais recursos humanos e técnicos da Universidade de São
Paulo, não será possível, ao longo do segundo ciclo, desenvolver o projeto
com a acuidade necessária. Os itens que requerem um estudo mais
específico e demandam uma fonte de financiamento devido aos custos
envolvidos são:
a) Definição das linhas do casco
Ao definir as linhas do casco deve-se avaliar, concomitantemente, a
resistência ao avanço e o comportamento do navio no mar. O procedimento
convencional é efetuar, inicialmente, estudos teóricos-computacionais e,
posteriormente, efetuar ensaios em tanque de provas com um modelo
reduzido do navio. As principais etapas para projetar as linhas do casco são:
a.1) Análise da resistência ao avanço
O cálculo da resistência ao avanço foi efetuado utilizando-se séries
sistemáticas. No entanto, este procedimento, pela sua generalidade, não
permite analisar de modo mais detalhado as modificações eventualmente
introduzidas nas linhas do casco. Para avaliar estes efeitos pode-se utilizar
programas de computador específicos que permitem observar a diferença
entre um casco e outro através da formação de ondas e do campo de
pressão ao longo do navio. O Departamento de Engenharia Naval e
Oceânica possui licença do programa Shipflow para efetuar estas análises.
No entanto, a utilização deste programa exige um certo tempo não só para a
obtenção dos resultados mas também para a sua análise. A vantagem
deste estudo é que ter-se-ia o projeto de um casco ótimo sob o ponto de
vista hidrodinâmico. Cumpre ressaltar, no entanto, que a determinação
efetiva só será possível com ensaio de reboque em um tanque de provas,
conforme detalhado na etapa c.
a.2) Análise do comportamento do navio no mar.
Uma vez definido o casco em função das suas características
hidrodinâmicas no item anterior será analisado o comportamento do navio
no mar utilizando-se um programa de computador baseado no método das
faixas. Uma das maneiras de melhorar o comportamento no mar é através
de alteração nas linhas do casco mas isto afeta a resistência à propulsão.
Desta forma este aspecto e a resistência à propulsão devem ser analisados
conjuntamente. A predição do comportamento do navio no mar através dos
métodos teóricos deve ser também verificado através de um ensaio com
modelos em um tanque de provas, conforme indicado no item c.
b) Redução do jogo do navio
Por melhor que sejam as linhas do casco o jogo do navio será
inevitável e este movimento é desconfortável tanto para os pesquisadores
como para a tripulação. Para reduzir o jogo será utilizado um tanque anti-
jogo, que deve ser estudado com mais esmero, verificando as influências da
sua posição ao longo do navio e das suas dimensões bem como confrontar a
solução passiva com a ativa. A solução passiva decorre da movimentação do
líquido devido somente à gravidade e a solução ativa envolve a instalação de
uma bomba comandada por um sistema de controle.
c) Ensaio em tanque de provas
Por mais sofisticado que sejam os programas de computador eles
não dispensam os ensaios com um modelo em um tanque de provas. Os
ensaios necessários são:
c.1) Resistência ao avanço;
c.2) Comportamento de navio no mar.
Estes dois ensaios podem ser realizados no tanque de provas do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas.
d) Otimização do Arranjo Estrutural
O projeto preliminar do arranjo estrutural foi efetuado utilizando-se
regras da sociedade classificadora que, normalmente, adota critérios
conservadores. No entanto, é possível, mediante o uso de método de
projetos racionais, reduzir as dimensões dos reforços estruturais e assim
diminuir não só o peso do navio mas também o seu custo de construção
e) Ar Condicionado e Refrigeração
No projeto de sistema de ar condicionado em embarcações existem
especificações diferenciadas devido às condições de operação e uso. Some-
se a esse fato que a embarcação em estudo terá perfis de ocupação
especiais pois o seu uso é voltado a atividades de pesquisa.
Dessa forma, a avaliação das capacidades dos equipamentos de
refrigeração e ventilação devem ser dimensionados levando-se em
consideração os aspectos apresentados anteriormente. Isto demanda um
levantamento do estado da arte em sistemas de condicionamento de ar para
embarcações bem como uma avaliação junto à empresas dos equipamentos
mais apropriados para a aplicação em questão. Além disso, um estudo
criterioso dos equipamentos de refrigeração e ventilação deve ser feito
devido às restrições de espaço e peso impostos pelo projeto.
2. Faculdade de Arquitetura e UrbanismoDepto. de Projeto – GDDI/ LabNav
Arranjo dos espaços habitáveis e do conjunto formal
O arranjo dos espaços habitáveis de uma embarcação trata da
definição, do dimensionamento e do uso dos espaços do navio destinados
ao desempenho das atividades humanas na embarcação. Trata ainda da
distribuição e localização dos equipamento e mesmo do desenho do
mobiliário contido nestes espaços. A definição e o dimensionamento
preliminares destes espaços foram estabelecidos no projeto de arranjo geral,
onde se procurou otimizar sua distribuição pelos diversos conveses, e seu
dimensionamento e localização em função das atividades a serem neles
desempenhadas.
Para a adequada definição e dimensionamento destes espaços, no
âmbito dos usuários, são levados em consideração os padrões de
habitabilidade dos ambientes (conforto e ergonomia), as normas, os padrões
de acessos e das circulações horizontais e verticais. Em relação concepção
geral do navio, são levadas em consideração o dimensionamento e a
modulação do cavernamento estrutural, e a compartimentagem da
embarcação, entre outras definições do projeto da engenharia naval.
Por se tratar de um navio de pesquisas, os laboratórios e
equipamentos de pesquisa exercem grande influência no conjunto formal da
embarcação, e em conjunto com o dimensionamento e o posicionamento
dos espaços habitáveis definem um conjunto de formas que compõem o
perfil da embarcação que deve ser adequado às funções, à tipologia e ao
ambiente em que esta vai operar.
A definição dos espaços internos da embarcação com maior
precisão é caracterizada pelo ajuste nas posições e dimensões pretendidas,
dentro do espaço à eles destinados no arranjo geral. A execução deste
projeto deverá levar em consideração que a disposição do arranjo está
intimamente ligada aos problemas de infra-estrutura. A definição de parte
substancial dos sistemas de infra-estrutura dependem de uma adequada
disposição, principalmente dos alojamentos ou camarotes destinados aos
passageiros, no que se refere às redes de águas potáveis e servidas, bem
como às redes de energia elétrica e ao sistema de climatização. Neste
passo do trabalho serão executadas diversas propostas até que se chegue à
uma solução aceitável e coerente abrangendo todas as variáveis em jogo.
Modelo tridimensional de apresentação
Para a execução de uma avaliação consistente dos resultados
obtidos, a construção de modelos tridimensionais é de fundamental
importância. A construção de um modelo de apresentação representando o
arranjo do conjunto formal da embarcação permite efetuar uma verificação
de como as alterações no arranjo dos espaços habitáveis comprometem ou
não as definições estabelecidas anteriormente, no programa e no partido
adotado. Este modelo também permite transmitir e comunicar idéias sobre o
projeto que está sendo desenvolvido, a terceiros leigos ou não, sendo de
especial importância nesta fase do projeto.
É também necessária a construção de modelos completos do arranjo
dos espaços habitáveis, ou ainda de modelos parciais desses espaços,
detalhando setores onde a representação bidimensional seria insuficiente
para avaliar o detalhe do projeto.
Disciplinas envolvidas
As embarcações destinadas a fins especiais, são sistemas
complexos, e em virtude desta complexidade, é imprescindível a participação
no projeto de profissionais habilitados a solucionar problemas específicos.
No caso dos arquitetos, as áreas de conhecimento específico que estão
diretamente ligadas à esta questão são a ergonomia, a iluminação, o
conforto térmico e acústico, e a programação visual.
Ergonomia Aplicada ao Navio Oceanográfico
O trabalho em navios de pesquisa é caracterizado por uma
permanência média de 20 dias de mar. Durante este período os
pesquisadores não conhecem horários de trabalho nem condições
adequadas de mar. Os serviços de coleta de amostras necessitam ser
realizados nas mais variadas horas do dia e, muitas vezes, sob condições
adversas de mar. Estas questões, associadas à disponibilidade de espaços
reduzidos, tanto para repouso como para trabalho, apontam para a
importância da correta adequação destes espaços para a criação de
condições de trabalho, repouso e convívio eficientes, seguras e confortáveis.
A ergonomia, surgida de forma estruturada e sistemática após a
Segunda Guerra Mundial, tem contribuído desde então no equacionamento
destas questões, tanto em equipamentos militares quanto em instalações
industriais civis.
A intenção de incluir a abordagem ergonômica no projeto deste novo
navio oceanográfico é a de, através deste campo do conhecimento, alcançar
níveis de eficiência operacional, de segurança e de conforto compatíveis com
a importância da missão desta embarcação, tanto para a USP quanto para o
país.
Áreas de intervenção
Serão objetos da intervenção da ergonomia todas as áreas e
instalações da embarcação onde a presença humana seja significativa, quer
devido às suas atividades de trabalho, de repouso, de comunicação e de
convívio. Assim, do ponto de vista físico, a ergonomia deverá formular
parâmetros e recomendações, desenvolver e testar soluções para as áreas
de cabinas e camarotes, laboratórios, postos de comando, postos de
manutenção, áreas de alimentação e estar, assim como para aquelas áreas
de apoio e logística, incluindo os depósitos, cozinhas, etc.
Método
O primeiro passo da intervenção ergonômica é dado na direção do
conhecimento da natureza das atividades desenvolvidas. Assim, uma precisa
definição de cada uma das atividades e tarefas, seus conteúdos,
instrumentos de trabalho relacionados, rotinas, ritmos, jornada e turno, tanto
em condições normais quanto emergenciais, é peça fundamental da
intervenção ergonômica.
Numa segunda etapa, tão logo sejam concluídas as descrições e
análises das atividades, faz-se necessário o estabelecimento das
características da população de usuários da embarcação, quanto aos seus
perfis individuais, tais como idade, sexo, características corpóreas, e quanto
às suas características coletivas, tais como organização funcional e
hierárquica, grau de instrução, necessidades e preferência de recolhimento
ou convívio, entre outros dados.
Estes parâmetros serão as fundações sobre as quais serão erguidas
as recomendações, os parâmetros e as concepções de solução para os
espaços de trabalho, de convívio e de repouso, individuais ou coletivos.
Para o bom desenvolvimento do projeto de ergonomia é fundamental
a participação e envolvimento dos usuários no seu desenvolvimento, quer
fornecendo dados, definindo preferências, avaliando propostas de concepção
e validando soluções.
Para esta finalidade, um instrumento de comprovada eficiência é a
construção de mockups (modelos) de teste e de apresentação. As
concepções dos ambientes, tão logo sejam materializadas na forma de
desenhos e esquemas deverão sofrer avaliações e validações das soluções,
por parte dos interessados e usuários, através de testes realizados em
mockups.
Esta prática é já largamente difundida e, mesmo o mais simples dos
mockups, construído em materiais alternativos, tem servido ao propósito de
avaliar concepções e validar soluções, mesmo em organismos sofisticados
como a NASA.
Fig. 1 Fig 2
Fig. 1: Analisador do espaço de trabalho (cortesia da Space Division, RockwellInternational Corporation) 1
Fig. 2: Mockup em foam-core de uma proposta de cockpit para o ônibus espacial(cortesia da Space Division, Rockwell International Corporation) 1
1 Roebuck, J.A.; Kroemer, K.H.E.; Thomson, W.G. Engineering Anthropometry Methods -John Wiley & Sons, New York, 1975
3. Faculdade de Arquitetura e UrbanismoDepto. de Projeto – GDPV/ LabIm
Comunicação Visual aplicada ao Navio Oceanográfico
Um sistema complexo de Comunicação Visual suscita olhares
diversos. Um diz respeito à imagem externa, identificação; outro, à
ambientação de espaços internos, vestes e utensílios.
1. Imagem
Trata-se aqui da possibilidade de identificação de uma embarcação
com o uso de formas e cores. Esta identificação pauta-se no fato de que o
projeto deste navio dá-se em processo único: numa Universidade para um
Instituto. Diferencia-se de qualquer outro, destinado ao mesmo fim, pela
peculiaridade dos modos de projetá-lo. Sua imagem não permite confundi-lo
com embarcações comerciais de mesma categoria ou finalidade.
Estas premissas conduzem à necessidade de levantamento do uso
da cor em navios com os mesmos, e outros, fins. Realização de provas de
identificação cromática através de desenhos e no modelo tridimensional de
apresentação. Finalmente, executa-se projeto que identifique e diferencie
esta embarcação tantos nos portos que atracará, em alto mar, fotos, vídeos.
Enfim, imagem que garanta sua natureza e unicidade.
Esta imagem inicial envolve:
- nominar com tipografia adequada;
- definir padrão cromático;
- criar logomarca;
- aplicar logomarca e padrão cromático em bandeiras, vestes e
utensílios.
2. Ambientação
O uso da cor na ambientação interna desta embarcação parte da
premissa da presença de profissionais que não estão somente a prestar
serviços mas também a criar conhecimentos.
A cor deve integrar-se à função dos ambientes que atendem à rotina
e à emergência; ao trabalho e ao repouso. Além, é claro, de sinalizar,
facilitando a locomoção e identificar sistemas elétricos, hidráulicos e de
segurança.
3. Procedimentos técnicos
Quando se trata da imagem trabalha-se em desenho e maquete. A
ambientação se vale dos modelos realizados pela equipe de Ergonomia para
a realização de testes.
Pré-projeto, projeto e projeto executivo detalhado são os produtos
gerados por esta equipe para nortear a execução final.