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INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS Microbacia: RIO LEÃO Município: ERVAL VELHO (Versão Preliminar)

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INVENTÁRIO DAS TERRAS EM

MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

Microbacia: RIO LEÃO Município: ERVAL VELHO

(Versão Preliminar)

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EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE SANTA CATARINA - S.A. GERÊNCIA DE

RECURSOS NATURAIS - GRN UNIDADE CENTRAL DE LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO

DE SOLOS - UCLMS

INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS MICROBACIA: RIO LEÃO MUNICÍPIO : ERVAL VELHO

Florianópolis, Junho de 1995.

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"Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra." (Texto do chefe índio Seatle, 1854)

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Microbacia: Rio Leão Município : Erval Velho

Responsáveis Técnico: eng. agr. José Augusto Laus Neto

eng. agr. M.Sc Álvaro Afonso Simon

Interpretação de Fotos Aéreas e Elaboração de Mapas: eng. agr. José Augusto Laus Neto

Fisiografia, Solos, Aptidão de Uso, Uso da Terra:

eng. agr. José Augusto Laus Neto

Sócio-Economia: eng. agr. M.Sc Afonso Simon

Hidrografia:

Eng. agr. M.Sc Álvaro Afonso Simon

Execução dos Trabalhos de Campo: eng. agr. José Augusto Laus Neto

eng. agr. Álvaro Afonso Simon eng. agr. Darci Severino Galio

Climatologia:

eng. agr. Augusto Carlos Pola

Revisores: eng. agr. M.Sc Alberto Toschi Maciel

eng. agr. Ivan Luiz Z. Bacic

Apoio Operacional: Enio Silva da Costa

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SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 8 2 - SITUAÇÃO REGIONAL 9 2.1. - OCUPAÇÃO TERRITORIAL 9 2.2. - ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS 9 2.3. - ESTRUTURA ECONÔMICA 9 3 - MATERIAIS E MÉTODOS 14 3.1. - PREPARO, INTERPRETAÇÃO DE DADOS E PRODUÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS 14 3.1.1 Mapa fisiográfico 14 3.1.2 - Mapa planialtimétrico 14 3.1.3. - Mapa hidrográfico e rodoviário 14 3.1.4. - Mapa de uso das terras 15 3.1.5. - Mapa de aptidão de uso das terras 15 3.1.6. - Mapa de identificação dos conflitos de uso das terras 16 3.1.7 - Etapas desenvolvidos 16 3.2. - CLIMA E HIDROLOGIA 17 3.2.1 - Parâmetros climatológicos básicos 17 3.2.2 Parâmetros relacionados como potencial hídrico da região 18 3.2.3 Relação Terra-Sol 18 3.2.4 APTIDÃO AGROCLIMÁTICA 18 3.3. - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA MICROBACIA 18 3.3.1. - Área de drenagem 18 3.3.2. Forma da microbacia 18 3.3.4. - Características do relevo 21 3.3.5. - Tempo de concentração 21 4 - DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA 22 4.1. – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA 22 4.2. - ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS 22 4.2.1. - Aspectos ambientais 23 4.2.2 Aspectos socioeconômicos 24 4.3. - CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA, FÍSICA E HIDROLÓGICA 24 4.3.1 Dados bioclimáticos 24 4.3.2. –Características físicas da microbacia 32 5 - FISIOGRAFIA, SOLOS E APTIDÃO DE USO 34 5.1. - PROVÍNCIA CLIMÁTICA E VEGETAÇÃO ORIGINAL 34 5.2. - GRANDE PAISAGEM (GEOMORFOLOGIA) 35 5.3. - PAISAGEM (GEOLOGIA) 35 5.3.1 - Cumes Erosionais Subarredondado com Largura de 50 a 300m 36 5.3.2- Encostas Erosionais com larguras de 30 a 200m – Ee 37 5.3.3 - Encostas Erosionais e coluviais com larguras de 150 a 500m – Eec 38 5.3.4 - Encostas Coluviais e Erosionais, com larguras de 100 a 300 m – Eec 39 5.3.5 - Fundo de Vale Coluvial-erosionais com larguras de 30 a 300 m – FV 39

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6. CONCLUSÕES 41 7. ANEXOS. 42 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

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APRESENTAÇÃO

A Gerência de Recursos Naturais/GRN, por meio da Unidade Central de Levantamento e Mapeamento de Solos (UCLMS), com o propósito de dar continuidade ao compromisso firmado entre a Secretaria da Agricultura e Abastecimento/Projeto Microbacias/BIRD e EPAGRI, apresenta o Inventário das Terras na Microbacia Hidrográfica Rio Leão, do município de Erva Velho/SC.

Os agentes da Assistência Técnica e Extensão Rural certamente terão neste documento um importante auxílio para o planejamento das atividades a serem desenvolvidas na microbacia em questão, permitindo a racionalização no uso dos recursos na busca do incremento sustentável da produção, produtividade e da qualidade de vida das famílias que vivem nesta área. Hugo José Braga Gerente de Recursos Naturais

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1 - INTRODUÇÃO

O planejamento e execução de ações em busca de um desenvolvimento sustentado só são factíveis mediante a disponibilidade de informações que fundamentem tomadas de decisão que se façam necessárias. É portanto indispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista sócio-econômico como dos recursos naturais disponíveis, na área em que se pretende atuar.

Neste documento técnico (relatório descritivo e mapas temáticos) estão contidas informações referentes à área hidrográfica denominada Microbacia Rio Leão, localizada no município de Erva] Velho, integrada na microrregião homogênea do Meio Oeste de Santa Catarina.

Este trabalho foi realizado primeiramente por meio do levantamento de dados primários e secundários de maneira a estabelecer uma caracterização dos aspectos físicos, bioclimáticos e sócioeconomicos da área estudada. Posteriormente, a análise destas informações permitiu fazer-se conclusões com relação à utilização dos recursos naturais identificados e algumas sugestões, de forma generalizada, de possíveis ações a serem adotadas.

O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios técnicos aos profissionais e autoridades envolvidas no planejamento e execução de ações na área, de maneira a orientar o uso racional d terra, num programa de incremento da produtividade agrícola e manutenção da capacidade produtiva de suas terras.

O estudo está constituído de 7 pontos: uma breve introdução; uma exposição sobre as relações regionais enfocando principalmente os dados municipais; materiais e métodos; descrição geral da microbacia; fisiografia, solos e aptidão de uso; conclusões e, por último, as considerações finais.

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2 - SITUAÇÃO REGIONAL 2.1. - Ocupação territorial

A colonização do município de Erval Velho teve início por volta de 1870, com a chegada dos senhores Honorato Vieira, Zeferino Cândido Bittencurt e Sátiro Bittencurt e as famílias Bello e Pires, que vieram do Estado do Rio Grande do Sul. Logo que chegaram, os colonos construíram uma capela em honra a São Sebastião (PIDSE, 1990)

Devido à grande quantidade de ervais e a capela de São Sebastião, o primeiro nome que o povoado recebeu foi São Sebastião do Erval e posteriormente Arco, verde.

Em 1881, foi elevado à categoria de Distrito de Campos Novos com o nome de Erval Velho.

Com o passar dos anos foram surgindo mais casas, fundaram indústrias, casas comerciais, criaram escolas, que propiciaram um aumento do povoado.

Em 18 de junho de 1963, com a Lei n° 889, o Distrito de Erval Velho, passa à categoria de município, tendo sido instalado em 27 de julho de 1963, sendo, seu primeiro prefeito, Sr. José Zeferino Pedrozo, nomeado pelo Governador Iro Silveira (PIDSE, 1990).

Devido à localização geográfica e à origem dos primeiros colonos, o município teve sua economia voltada para a agropecuária. 2.2. - Aspectos físicos e geográficos

O município de Erval Velho possui uma área de 242 km2 e está localizado no Meio Oeste Catarinense a uma latitude de 27°16'32" S, uma longitude de 51° 26'31" W de GREENWICH e uma altitude de 674m.

O relevo é constituído de um planalto de superfícies planas, onduladas e montanhosas, fortemente dissecadas, de formação basáltica. As características de solo e clima são abordadas especificamente nos capítulos posteriores deste trabalho.

Quanto à hidrografia , é banhado pela Bacia do Rio do Peixe, sendo este seu principal rio e apresenta, como afluentes, os rios Leão, Erval e Lajeado do Veado.

O município tem como limites territoriais (segundo PIDSE, 1990): - ao norte, os municípios de Herval D’Oeste e Tangará; - ao sul, o município de Campos Novos; - a leste, os municípios de Campos Novos; e Tangará; e - a oeste, os municípios

de Lacerdópolis e Joaçaba. Para efeito de planejamento estadual, Erval Velho integra a Microrregião do Meio

Oeste Catarinense, composta de 14 municípios, cujo Centro Polarizador e Joaçaba, e pertence à AMMOC- Associação dos Municípios do Meio Oeste Catarinense. 2.3 - Análise da Mobilidade Ocupacional

As transformações ocorridas na estrutura da população brasileira, nas décadas de 1970180, foram impulsionadas pelas políticas do governo federal, que privilegiaram o desenvolvimento industrial e as lavouras de exportação em detrimento da economia de subsistência.

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Os reflexos destas políticas ficaram registrados pelos movimentos migratórios campo - cidade, com o deslocamento da população rural rumo aos centros urbanos. Estes movimentos acentuaram-se nos anos 90 devido principalmente às políticas agrícolas desfavoráveis aos agricultores.

Em Erval Velho, onde a economia está baseada na exploração das atividades primárias(agriculturas e pecuária), a população do meio rural foi reduzida em' cerca de 984, pessoas no período de 1970180, as quais foram absorvidas nas atividades da indústria, comércio e prestação de serviço, que apresentaram crescimento significativo no município, conforme demonstra a Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição da População Municipal de Erval Velho.

ANO POPULAÇÃO

1970 %. 1980 % 1989 % TAXA MÉDIA

GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL %

URBANA 1.543 26.72 1.703 34.40 2.778 36.69 0.99 5.58

RURAL 4.231 73.28 3.247 65.60 4.222 60.31 -2.61 2.96

TOTAL 5.774 100.00 4.950 100.00 7.000 100.00 -1.53 3.92

FONTE: FUNDAÇÃO IBGE, Censo Demográfico de SC - 1970 e 1980. (1) Prefeitura Municipal.

O crescimento da população ervalense, nos últimos anos, deve-se

principalmente ao incremento das atividades agropecuárias, estimulado pelo desenvolvimento das unidades agro-industriais instaladas na região.

Outro fator que também contribuiu foi o incremento de atividades urbanas no município, indústria, comércio e prestação de serviços oportunizaram novos empregos. Contudo, deve-se observar que parte dos trabalhadores exercem sua atividade profissional nos municípios vizinhos. 2.4. - Estrutura econômica 2.4.1 - Setor Primário

A estrutura fundiária de Erval Velho caracteriza-se por minifúndio, onde 84% dos estabelecimentos possuem área inferior a 50 ha; ver Tabela 2. A área média não ultrapasse os 18 ha por propriedade, onde predomina o trabalho familiar (PIDSE, 1990).

Tabela 2 - Estrutura Fundiária de Erval Velho

GRUPO DE ÁREA ha.

N DE 1970

1980 ESTABELECI-

MENTOS 1985

1970 A TOTAL .. 1980 1985

ATE 20 327 253 270 3.934 2.603 2.563

20 a 50 211 187 175 6.452 5.780 5.449

50 a 100 54 58 55 3.793 3.851 3.923

100 a 500 15 27 28 2.744 5.360 4.648

500 ou mais 02 04 1.583 2.945

TOTAL 607 527 532 16.923 19.177 19.528

FONTE: FUNDAÇÃO IBGE, Censo Demográfico de SC - 1970 e 1980. Sinopse Preliminar do Censo Agropecuário de SC de 1985.

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A área reduzida das propriedades rurais é explicada pela concentração da área total do município, onde apenas 16% dos estabelecimento detêm cerca de 59% da área agricultável de Erval velho, ou seja, mais de 11.516 hectares dos 19.528 existentes.

No município de Erval Velho a produção de milho esta associada à pecuária, notadamente na produção de aves e suínos, impulsionada pelas agroindústrias da região. Grande parte das pequenas propriedades, entretanto, produzem fumo onde as grandes companhias oferecem a garantia de compra da produção, além da assistência técnica.

Deve-se destacar também a produção de trigo e soja, principalmente nas grandes propriedades do município. As demais lavouras estão direcionadas ao auto consumo, sendo comercializado somente o excedente.

A representatividade do setor primário do município em relação à sua microrregião é relativamente boa, como mostra a tabela 3.

Tabela 3 - Produção Agrícola Municipal mais Representativa de Erval Velho

PRODUTOS UNIDADE QUANTIDADE TOTAL DA

MICRORREGIÃO % P TI AÇÃO.

MICRORREGIÃO COLOCAÇÃO NA MICRORREGIÃO

Alfafa t 549 11.439 3a

Arroz t 570 5.232 4a

Aveia t 40 5.763 _ 4a

Batata-inglesa

t 120 6.780 loa

Cebola t 100 1.444 6a

Feijão t 613 15.701 4s

Fumo t 40 2.690 8a

Milho t 13.248 206.782 - 7a

Soa t 1.260 46.177 4a 4a

Trio t 410 25940 - 3a

Uva t 110 13.332 As

FONTE: Fundação IBGE, Produção Agrícola Municipal de SC - 1987.

A pecuária está dirigida principalmente à produção de aves e suínos, geralmente através de sistema integrado, onde a agroindústria fornece os insumos e garantia de compra da produção, A tabela 4 mostra os produtos pecuários mais representativos do município de Erval Velho.

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Tabela 4 - Principais Produtos Pecuários de Erval Velho -1

PRODUTO UNIDADE QUANTIDADE

PRODUZIDA OU EFETIVO TOTAL

TOTAL DA MICRORREGIÃO

PARTICIPAÇÃO % NA MICRORREGIÃO

COLOCAÇÃO. NA

MICRORREGIÃO:

Bovinos Cab 9.185 261.142 3.52 10a.

Leite 1 1.134.830 58.028.890 1.96 12a.

Suínos cab 12.236 2583692 4.73 9a

Caprinos cab 320 4.606 6.95 4a

Coelhos Cab 250 2.680 9.33 6A

Eqüinos Cab 390 7.291 6.35 5A

Muares Cab 30 2.157 1.39 10a

Ovinos Cab 700 368.914 0.19 8A

Aves Cab 218.200 6.887.960 3.17 10a

ovos Dz 51.010 6.273544 0.81 11a

Mel 4.220 177.192 2.42 7a

Cera de abelha

Kg 470 13.139 35 5A

FONTE: FONTE: Fundação IBGE, Produção da Pecuária Municipal de SC - 1987

Além da produção de aves, suínos e leite, destaca - se também o incremento da piscicultura e da apicultura como fontes de renda alternativas aos agricultores de Erval velho. ", 2.4.2 - Setor Secundário

O setor industrial de Erval Velho participa com 9% na formação da renda gerada na economia local e emprega 18% da população economicamente ativa. (PIDSE, 1990)

Atualmente o setor está formado por 5 gêneros da indústria de transformação., De acordo com o contigente ocupado, a maioria dos estabelecimentos existentes no município é caracterizadas como microempresas.

Uma série de fatores dificulta a industrialização Erval Velho; entre eles a procedência dos colonizadores que se dedicavam mais a agricultura e não tinham vocação para trabalho em indústria; outro fator é a pouca distância entre centros maiores, como Joaçaba. 2.4.3 - Setor Terciário

O setor terciário, por suas próprias características, desempenha um importante papel na economia, pois, além de gerar um significativo número de empregos, participa de inúmeras operações integradas entre a produção e a distribuição final dos bens e serviços (PIDSE, 1990).

Em Erval Velho, pelas características de sua economia (baseada na agropecuária com 60% da renda do município gerada nessa atividade), os setores de comércio e de serviços têm convivido com fases sazonais.

Alguns fatores, como o baixo poder aquisitivo da população, proximidade de centros maiores e outros, impõem dificuldades ao setor terciário do município.

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Entretanto, numa avaliação das alterações estruturais ocorridas nas duas últimas décadas verifica-se que os setores de comércio e serviços apresentam um incremento significativo no número de estabelecimentos e pessoal ocupado.

A análise de sua estrutura indica que o setor terciário de Erval Velho apresenta-se pouco diversificado, observando-se ainda uma tímida iniciativa na utilização de técnicas de vendas como juros e promoções. Tal fato tem levado boa parte da população local a realizar suas compras nos municípios vizinhos.

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3 - MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. - Preparo, interpretação de dados e produção de mapas temáticos

Utilizou-se neste trabalho a pesquisa histórica sobre a ocupação territorial da região onde a microbacia se encontra inserida, procurando estudar, ainda, as inter-relações das ações humanas traduzidas pelas atividades políticas, econômicas e culturais com a natureza.

O exame do contexto não se trata,. conforme Santos citado por Simon, 1993, de uma paisagem arqueológica que seja, em si mesma, finalidade, mas trata-se de um meio". A compreensão desta citação nos permite entender o processo e, com isso, detectar as tendências que poderão vislumbrar o futuro possível, seus conflitos, forças dominantes e a compreensão dos novos acontecimentos. Considerando-se, também que as variáveis mudam de valor à medida que o tempo passa, a análise, por sua vez, torna-te mais exigente em relação à periodização histórica, sob pena de errarmos em nosso esforço interpretativo.

Desta forma, a metodologia de pesquisa leva em consideração o processo histórico evolutivo. Procura um meio de não apenas descrever os fatos, mas de analisar suas relações ao longo do tempo, avaliando as transformações espaciais ocorridas.

No desenvolvimento do trabalho utilizou-se como material básico aerofotos pancromáticas em preto e branco com escala aproximada de 1:25.000 (vôo realizado pela Cruzeiro do Sul Levantamentos Aerofotogramétricos, período 197711979).

Como base cartográfica utilizou-se a folha: Videira SG-22-Y-D-III confeccionada pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República, através do IBGE - Diretoria da Geodesia e Cartografia, na escala 1:100.000 . Esta folha foi ampliada pelo processo gráfico de fototransferência.

Na análise fisiográfica da microbacia, visando o estudo das unidades de solos, utilizou-se a metodologia proposta por Botero, 1983. 3.1.1. - Mapa fisiográfico

Foi elaborado a partir dos dados que determinam a aparência e as características de uma paisagem, levando em conta os aspectos físicos da terra. Pode-se dizer que este mapa representa, segundo informações pessoais de Botero em 1993, "as características externas de unta paisagem e as influências que elas exercem sobre as características pedológicas". 3.1.2. - Mapa planialtimétrico

Foi obtido por compilação da carta topográfica do IBGE utilizada neste trabalho, com a escala de 1:100.000, a partir da ampliação por processo de fototransferência para a escala 1:25.000, servindo como base cartográfica para o presente trabalho. 3.1.3. - Mapa hidrográfico e rodoviário

A base cartográfica foi atualizada em termos de estradas, caminhos e rede de drenagem, a partir de um estudo mais acurado de fotointerpretação e trabalho de campo. Na produção deste mapa os elementos cartográficos foram detalhados para a escala 1:25.000.

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3.1.4. - Mapa de uso das terras

Representa a distribuição espacial do uso das terras da microbacia. Visa dar uma noção global da forma como a microbacia está sendo trabalhada

no momento do trabalho de campo. Convém salientar que esse uso foi identificado em fotos aéreas produzidas em 197711979 e tendo sido atualizado durante os trabalhos de campo. Dessa forma, as linhas que delineiam as manchas não podem ser tomadas como totalmente precisas, uma vez que as mudanças ocorridas durante este período de aproximadamente 15 anos dificulta o enquadramento dessas manchas, principalmente quanto à separação exata entre culturas anuais, campos e capoeiras (áreas de pousio).

Portanto, nestes casos, as manchas separadas visam dar, principalmente, o aspecto de dominância do uso atual. De qualquer forma, pode ser considerado como um documento aproximado e que permite uma visão generalizada do uso das terras na microbacia.

Para a determinação das classes de uso utilizou-se o Manual Técnico para desenho de Mapas de Microbacias Hidrográficas elaborado por Panichi et al, 1993. 3.1.5. - Mapa de aptidão de uso das terras

Representa a distribuição espacial das classes de aptidão de uso das terras existentes na microbacia hidrográfica.

Na determinação das classes de aptidão de uso foi utilizada a Metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa Catarina (UBERTI et al, 1991).

A Tabela n° 5, é usada como guia para a avaliação da aptidão de uso das terras.

Tabela n° 5 - Guia para avaliação de aptidão de uso das terras

CLASSE DE

DECLIVIDADE

PROFUNDIDADE

PEDREGOSIDADE SUSCETIBILI FERTILIDA

DE DRENAGEM.

APTIDÃO % (d) EFETIVA (em) (pr)

(p) DADE (t/há/cal) (h)

EROSÃO e) P•

Classe 1a/ 0-8 > 100 não pedregosa nula a ligeira 0-6 bem drenada

Classe 2 8-20 50-100 moderada moderada 6-12 bem a

Imperfeitamente

Drenada

Classe 3b/ 20-45 < 50 pedregosa a forte > 12 Qualquer

muito

risa

Classe 4c/ 45-75 qualquer muito muito forte qualquer Qualquer

pedregosa

Classe 5 > 75 qualquer extremamente qualquer qualquer Qualquer

pedregosa

FONTE: UBERTI et al, 1991.

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Observações:

a/ Para o cultivo de arroz irrigado, apesar de pouca profundidade efetiva e da má drenagem, podem enquadrar-se na classe 1 os solos com horizonte Glei (hidromórficos) e parte dos Solos Orgânicos, desde que satisfaçam os demais critérios da classe e que sejam observadas as práticas adequadas de manejo do lençol freático. Nestes casos sua representação será 1g (Glei) e 1o (Orgânico).

b/ Nesta classe estão incluídas as Areias Quartzosas de granulação muito fina, com horizonte A Moderado e horizonte C de coloração vermelho-amarela e de média fertilidade natural. Neste caso sua representação será 3a.

c/ Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação fina e média, com horizonte A Fraco, horizonte C cinza-claro e baixa fertilidade natural e as Areias Quartzosas Hidromórficas. Neste caso sua representação será 4a.

Esta classificação das terras de acordo com sua aptidão agrícola é dinâmica.

Desta forma, uma vez corrigido o fator limitante, as terras poderão ser enquadradas numa classe superior (por exemplo, por meio da calagem) ou inferior caso passe a ter limitações maiores. 3.1.6. - Mapa de identificação dos conflitos de uso das terras

O mapa foi obtido pelo cruzamento dos mapas de aptidão de uso e uso atual das terras. Mostra a distribuição espacial aproximada do uso das terras relacionada com a aptidão natural dessas.

Para determinação das classes existentes na microbacia utilizou-se o Manual Técnico para desenho de Mapas de Microbacias Hidrográficas elaborado por Panichi et aí, 1993. 3.1.7. - Etapas desenvolvidas

As etapas desenvolvidas foram as seguintes:

a) Revisão bibliográfica em termos de geologia, geomorfologia, solos, vegetação, uso da terra e clima.

b) Delimitação da microbacia na carta topográfica. c) Ampliação da carta cartográfica para 1:25.000 e cálculo da área da

microbacia. d) Seleção das aerofotos, delimitação da área da microbacia, fotoleitura e

fotoanálise. e) Fotointerpretação preliminar e confecção da legenda, estabelecendo-se

preliminarmente o estudo fisiográfico da área e as classes de aptidão de uso e uso das terras.

f) Obtenção de mapas preliminares por meio da transferência das informações dos "overlays" para a base cartográfica.

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g) Trabalhos de campo - durante estes trabalhos executados por caminhamento (reambulação) foram efetuadas: - checagem da fisiografia; - atualização do uso das terras; - correção das manchas - com uso de um clinômetro aferiu-se as classes de declividade delimitadas pela fotointerpretação, procedendo-se aos ajustes necessários para a correção das manchas do mapa de aptidão de uso, bem como do mapa de uso atual pela atualização de uso dás terras e fisiografia; - coleta de amostras de solo - durante a reambulação em locais preestabelecidos e representativos de cada paisagem, foram selecionados os pontos de amostragem. Os procedimentos para a escolha dos pontos de amostragem e coleta de amostras foram os seguintes: coleta de amostras de solos representativos de cada subpaisagem nos horizonte A, B e C.

h) Análises laboratoriais: em nível de laboratório foram analisados os parâmetros conforme a metodologia empregada pela rede oficial dos laboratórios de análise de solos - RS/SC (ROLAS).

i) Com o objetivo básico de determinar o grau de limitação por fertilidade e da necessidade de calagem determinou-se: pH-água; IND-SMP; P(ppm); K(ppm); M.O(%); AI trocável (me/dl): CA+Mg trocáveis (me/dl); H+AI.

j) Interpretação de dados: após a interpretação dos resultados das análises de solo foi feita a fotointerpretação definitiva, efetuando-se as correções de linhas fisiográficas e das manchas de aptidão de uso e uso atual das terras. 3.2. - Clima e hidrologia 3.2.1 Parâmetros climatológicos básicos

Para a caracterização climática da microbacia "Rio Leão" foram utilizados dados da estação meteorológica de Videira ( Lat. = 270 00' S; Long. = 510 09' W. Grw.; Alt. = 779 metros) de 1970 a 1992 constantes dos arquivos da EPAGRI. Os dados de horas de frio referem-se a valores estimados por BRAGA & STECKERT (1987) para Campos Novos.

Os dados meteorológicos utilizados foram os seguintes (totais e médias mensais e anuais): - temperatura média; - temperatura máxima absoluta; - temperatura mínima absoluta; - média das temperaturas máximas; - média das temperaturas mínimas; - precipitação total ; - precipitação máxima em 24 horas ; - dias de chuva; - umidade relativa do ar; - velocidade do vento; - número de dias com geada; - insolação; - horas de filo abaixo de 7,2 °C.

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3.2.2 Parâmetros relacionados com o potencial hídrico da região

Os dados de precipitação ( precipitação total, precipitação máxima em 24 horas e número de dias com chuva) são provenientes do posto pluviométrico do DNAEE (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica), localizado em Joaçaba, dos anos de 1944 a 1985.

As probabilidades (P) de ocorrência de estiagens em um determinado mês foram calculadas por P = n/m, onde n = número de meses em que ocorreram estiagens e m = número total de meses considerados. As probabilidades de ocorrência de geadas foram calculadas da mesma forma, considerando como geada a ocorrência de temperatura do ar, no abrigo meteorológico, abaixo de 00c.

A evapotranspiração potencial foi estimada pelo método de Penmam (OMETTO, 1981), considerando as precipitações mensais coletadas no posto pluviométrico de Joaçaba. 3.2.3 Relação Terra-Sol

É apresentada graficamente a insolação (número médio mensal de horas de brilho solar) para a região. Foram também determinados os totais de radiação solar máxima possível para o 150 dia de cada mês, incidentes em terrenos horizontais e em terrenos com declividade de 18 % voltados para o norte e para o sul, de acordo com SILVA & BRAGA (1987). Estes valores foram convertidos em percentuais, tendo como referência a radiação incidente no dia 15 de dezembro. 3.2.4 Aptidão agroclimática

No delineamento de aptidão agroclimática foram consultados o Zoneamento Agroclimático do Estado de Santa Catarina (EMPASC, 1978 e IDE et al, 1980, a Recomendação de Cultivares para Plantios Florestais no Estado de Santa Catarina( EPAGRI, 1994) e o Zoneamento para plantios florestais no Estado de Santa Catarina (EMBRAPA, 1988). 3.3. - Caracterização física da microbacia

Para a medição dos atributos dos elementos pertencentes à microbacia em foco, que determinam o comportamento do seu regime hidrológico, foram adotados os parâmetros utilizados por VILLELA & MATTOS (1975) e CHRISTOFOLETTI (1981). 3.3.1. - Área de drenagem

É a área plana (projeção horizontal) limitada pelos divisores topográficos. É calculada por planimetragem a partir da base cartográfica ampliada para a escala 1:25.000. A área da microbacia é um elemento básico para o cálculo de outras características físicas. 3.3.2. Forma da microbacia

Está relacionada com o tempo de concentração, isto é, o tempo necessário que a chuva que cai nos limites da microbacia leva para chegar à sua foz. A forma da microbacia pode ser determinada por vários índices; neste estudo utilizou-se somente dois:

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a) Coeficiente de compacidade (kc): relaciona o perímetro da microbacia com a forma de um círculo de igual área. Quanto mais irregular for a microbacia maior será o coeficiente de compacidade. Um kc igual à unidade corresponde a uma microbacia circular, por conseguinte, com grande tendência a sofrer enchentes.

KcP

A 0 28,

P = perímetro (km) A = área de drenagem (km2)

b) Fator de forma (kf): é a relação entre a largura média e o comprimento da microbacia. Constitui outro índice indicativo da maior ou menor tendência a enchentes. Uma microbacia com kf baixo é menos sujeita a enchentes do que outra do mesmo tamanho mas com kf maior. É calculado pela seguinte fórmula:

KfA

La

2

L = comprimento axial da bacia (km) 3.3.3.1. - Ordem dos cursos d'água

Reflete o grau de ramificações entre os canais existentes em uma microbacia. São consideradas de 1º ordem as correntes que não possuem tributários; de 2º ordem as correntes formadas por dois canais de primeira ordem e assim sucessivamente. 3.3.3.2. - Densidade de drenagem

A densidade de drenagem é um indicativo da litologia e tipos de solos que ocorrem na microbacia. É a relação entre o comprimento total dos cursos d'água (km) e a sua área.

A densidade de drenagem varia inversamente com a extensão dos canais, portanto, fornece uma indicação de eficiência da drenagem da microbacia. Estudos demonstram que este índice varia de 0,5km/km2, para microbacias com drenagens pobres e 3,5 ou mais, para microbacias bem drenadas. Conforme VILLELA & MATTOS (1975), o índice de densidade de drenagem (Dd) é obtido pela relação:

Dd = L / A L = comprimento total dos cursos d'água (km) A = área de drenagem da microbacia (km2)

O comprimento total dos cursos d'água é obtido com o auxílio do curvímetro a partir do mapa base ampliado para a escala 1:25.000. 3.3.3.3. - Extensão média do escoamento superficial

É a distância média que a água da chuva teria que escoar sobre o terreno de uma microbacia, caso seu deslocamento se desse em linha reta desde onde a chuva cai até o ponto mais próximo do leito de um curso d'água qualquer da microbacia. Este índice é representado pela seguinte fórmula:

20

lA

Lt

4

A = área da microbacia(km) L = comprimento total dos cursos d'água (km) 3.3.3.4. - Sinuosidade do curso d'água (Sin)

É a relação entre o comprimento do rio principal (L) e a distância mais curta entre a cabeceira e a foz. Dá uma noção da homogeneidade do embasamento rochoso e do grau de resistência das rochas. Pode-se ter uma idéia geral do nível de equilíbrio erosão-deposição. MANSIKKANIEMI citado por CHRISTOFOLETTI (1981), com base em valores percentuais, estabeleceu 5 classes quanto à sinuosidade.

Sin = (Cc – Cv) . 100 / Cc Cc = comprimento do canal principal Cv = distância mais curta em linha reta entre a nascente e a desembocadura

1 - muito reto < 20,0%

II – reto 20,0 - 29,9% [II – divagante 29,9 - 39,9% IV – sinuoso 40,0 - 49,9% V - muito sinuoso > 50%

21

3.3.4. - Características do relevo

O relevo de uma microbacia tem grande influência sobre os fatores meteorológicos e hidrológicos, pois a velocidade do escoamento superficial é determinada pela declividade do terreno, enquanto que a temperatura, a precipitação, a evaporação etc., são funções da altitude da microbacia. 3.3.4.1. - Declividade da microbacia

A declividade da microbacia influi diretamente na velocidade de escoamento superficial, por conseqüência, no tempo de concentração, enchentes e na maior ou menor infiltração.

Com o auxílio do curvímetro e do planímetro, determina-se a área entre as curvas de nível e o comprimento de suas projeções, na base cartográfica 1:25.000, por meio das seguintes fórmulas:

pa

L L

2

1 2

DN

p 100

D = declividade da área considerada P = projeção horizontal do comprimento da rampa A = área entre curvas de nível N = diferença de nível (eqüidistância) L1= comprimento da curva de nível superior L2 =comprimento da curva de nível inferior. 3.3.4.2. - Hipsometria

É o estudo das medidas altimétricas da microbacia. A curva hipsométrica exprime a distribuição do volume rochoso situado abaixo da superfície topográfica, desde a base até o topo (CHRISTOFOLETTI, 1981). Determina-se a área entre curvas de nível com o planímetro ou com a grade de ponto, esta última utilizada neste trabalho sobre a planta planialtimétrica na escala 1:25.000, obtida da ampliação da carta topográfica do IBGE. 3.3.5. - Tempo de concentração

É o tempo que a água da chuva, que cai em uma determinada secção ou em toda área da microbacia, leva para escoar completamente. É obtido pela seguinte fórmula:

TcA Lw

Hm Ho

4 15

0 8

,

,

S = área da microbacia (km2) L = comprimento do Talvegue Hm = altitude média Ho = altitude do final do trecho.

22

4 - DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA 4.1. - Localização geográfica

A Microbacia Rio Leão se constitui, mais propriamente, num complexo hidrográfico onde podemos constatar várias microbacias, localizadas no lado direito do Rio Leão com sentido norte-sul(Figura 2)

Figura 1 - Localização geográfica da Microbacia Rio Leão - Erval velho

O total da área mapeada é de 21,65 Km2 equivalente a 2.165 hectares. Sua

localização é dada pelas coordenadas geográficas 27°18' e 27°11' S, 51°22' e 51°29' W.

A. microbacia Rio Leão dista 3 km da sede do município Erval Velho, que por sua vez , dista 400 da capital do estado, tendo como acesso principal a BR 282.

A microbacia em estudo é a 2' a ser trabalhada no município, sua priorização se deu em função do relevo bastante dissecado e a utilização da água superficial para abastecimento urbano.

4.2. - Aspectos socioeconômicos e ambientais 4.2.1. - Aspectos ambientais

A microbacia em estudo é formada pelo Lajeado Erval e diversas pequenas drenagens que nascem na encosta norte do Rio Leão. Para efeito de estudo e execução dos trabalhos do Projeto Microbacia/BIRD tomou-se o Rio Leão como foz das drenagens, que se localizam no município de Erval Velho na margem direita do Rio Leão.

A mata nativa desta região, segundo Santa Catarina 1986, era formada originalmente pela Mata Ombrófila Mista onde observamos grandes quantidades de Grancóvia .Atualmente o que domina na microbacia são capoeirões onde é possível observar algumas espécies como: a canela, angico cedros e outras espécies de menor importância econômica.

Em função da vegetação existente na microbacia Rio Leão, observa-se uma fauna pobre em diversificação, onde os animais que são vistos com mais freqüência são: os; gambás, cobras, ouriços, graxaim, lontras, capivaras, ratos e algumas espécies de aves e peixes.

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Principalmente a fauna aquática sofre muito com a falta de tratamento do lixo doméstico e o uso indiscriminado de agrotóxico. Observa-se também alguns focos de poluição por dejetos humanos que são jogados diretamente nas drenagens.

Os maiores problemas ambientais ficam por conta do desmatamento, manejo de agrotóxicos e de suas embalagens vazias e a falta de tratamento do esterco principalmente nos estábulos. 4.2.2. - Aspectos socioeconômicos

Vivem na microbacia 130 famílias, sendo que 110 possuem terras próprias e 20 arrendam para fazer suas lavouras. O tamanho médio das 150 propriedades ali existentes é de 50 hectares.

Constata-se na microbacia em foco que a maioria dos pequenos agricultores são de etnia italiana, e encontram-se descapitalizados, fator que junto com a falta de perspectiva para os jovens resulta em abandono da atividade rural cada vez mais difícil nos anos 90.

Gradativamente as pequenas propriedades vão sendo adquiridas por médios e grandes produtores principalmente pecuaristas que transformam as lavouras em pastagens.

Observa se poucas máquinas e tratores nas propriedades. As casas, em sua maioria precisam de reformas e poucos agricultores da microbacia possuem os recursos necessários para esse fim.

A produção está baseada principalmente em lavouras de ciclo curto destacando-se o milho e o feijão (ver tabela 6). O nível tecnológico utilizado é médio a baixo de acordo com a visão tecnicista e produtivista. As formas de produção talvez necessitem de maiores discussões para se acharem soluções economicamente viáveis e ecologicamente sustentáveis.

Tabela 6 - Principais culturas da microbacia Rio Leão

CULTURA ÁREA PRODUTIVIDADE PRODUÇÃO

t

Milho 1.200 4.200 5.040

Feijão 300 1.800 540

Soja 50 1500 75

Trigo 80 1.800 144

Pêssego 1.0 20.000 20

Laranja 1.0 - -

Fonte: EPAGRI, 1995.

A aquisição de insuetos e a comercialização da produção é feita nas cooperativas. Alguns produtores fazem armazenagem de parte da produção na propriedade, resultando em grandes perdas pela precariedade da conservação.

A produção pecuária na microbacia é relativamente diversificada destacando-se a criação de suínos e aves, conforme tabela n° 7. Ao contrário das criações de suínos e aves, os bovinos de corte e leite são tratados com tecnologias tão avançadas

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Tabela 7 - Principais criações na Microbacia Rio Leão

Criações N° Cabeças N° Produtores Produção

Ovinos 50 10 -

Suínos 4.000 15 400 cara ano)

Bovino/Leite 500 60 750.000

Bovino/corte 3.500 80 300 carne/ano

Fonte EPAGRI, 1995.

Grande parte dos agricultores da microbacia são sindicalizados e fazem parte de cooperativas. Não se observa outra forma de associativismo como condomínios de grupos para compra de maquinaria.

A grande maioria dos agricultores utilizam tração animal somente 10% possuem tratores e menos de 3% possuem colheitadeiras ou máquinas similares.

A mão-de-obra é excencialmente familiar e está ficando escassa nas épocas de maior demanda, devido ao êxodo dos jovens que preferem trabalhos nas cidades.

Em relação à educação há escola suficiente e transporte coletivo que levam séries mais avançadas aos núcleos escolares. os alunos de séries mais avançadas aos núcleos escolares

As estradas estão em condições regulares porém o município tem dificuldade em mante-las com boa trafegabilidade. De qualquer forma fica difícil para os cofres públicos manter os 31 km de estrada sem uma metodologia que as conservem sem necessitar de manutenção periódica.

Praticamente todas as moradias têm energia elétrica, rádio e televisão. Os produtores têm acesso relativamente fácil a periódicos como revistas e jornais, ressentindo entretanto de telejornais locais, uma vez que, o sinal da televisão é captado pelas parabólicas. 4.3. - Caracterização climática, Física e hidrológica. 4.3.1 Dados bioclimáticos

A classificação climática do município de Erval Velho, segundo a metodologia proposta por Köeppen, é Cfb (clima temperado úmido). É classificado como temperado, em razão da temperatura média do mês mais quente ser inferior a 22 0C. Em alguns pontos menos elevados pode ser considerado como clima Cfa

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FIGURA 2 - Temperaturas máximas absolutas, mínimas absolutas, temperatura

média e média das temperaturas máximas e mínimas (°C) na região de Erval Velho.

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A temperatura máxima diária ocorre em torno das 14-15 horas e a mínima quando do nascer do sol. Entretanto, ocasionalmente podem ocorrer temperaturas mínimas e máximas diárias fora destes horários.

A geada é comumente definida como a ocorrência de temperatura do ar abaixo de 0º C. De acordo com o seu efeito visual é denominada de geada branca ou negra. As geadas mais comuns na região são as geadas de irradiação, que se formam em noites frias, com ar calmo e o céu descoberto.

Existem muitos métodos de proteção (controle) contra as geadas, podendo-se citar a utilização de diversos materiais em cobertura, como o plástico, e o uso da irrigação por aspersão, aquecedores e nebulizadores. Na grande maioria dos casos tais técnicas apresentam-se inviáveis economicamente. Existem para algumas situações a utilização de métodos preventivos, como plantar em encostas orientadas para o norte (recebem, desta forma, uma maior quantidade de radiação solar), evitar o cultivo em baixadas (o ar frio tende a se concentrar em locais mais baixos), utilização de quebra-ventos, além do planejamento da época de plantio para culturas anuais. A EPAGRI fornece previsões de curto prazo (72 horas ) para a ocorrência de geadas em Santa Catarina.

Na região, o período com maior probabilidade de ocorrência de geadas é de maio a setembro, com 55 %, 91 %, 83 %, 65 % e 52 %, respectivamente. O número médio mensal de ocorrência de geadas na região é apresentado na FIGURA 4.

27

Figura 3 – Aspectos relacionados ao frio da região de Erval Velho

4.3.1.2 Parâmetros relacionados ao potencial hídrico da região

A precipitação total anual média da região é de 1607 mm, com a seguinte distribuição: 27,0% no verão (dez-jan-fev), 21,0 % no outono (mar-abr-mai), 23,0 % no inverno (jun jul ago) e 29,0 % na primavera (set-out-nov) (Tabela 8). Ocasionalmente ocorrem meses secos com prejuízos para a produção, mas de maneira geral a precipitação é bem distribuída durante o ano na região (FIGURA 5).

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Para verificar quais os meses com maior freqüência de ocorrência de estiagens, avaliou-se a série histórica de precipitação na região, comparando a precipitação (PRE) mensal com a evapotranspiração potencial (ETP) média mensal da região. Considerou-se mês seco aquele com ETP > PRE. Na Figura 5 são apresentadas as freqüências mensais de ocorrência de estiagens na região. Ocorrem mais meses secos no trimestre nov dez jan.

FIGURA 4 - Umidade relativa do ar (%), freqüência de ocorrência de estiagens,

precipitação (mm) e evapotranspiração (mm) na região de Erval Velho.

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Segundo Veiga et al. (1992), na região o mês que apresenta maior índice de erosividade é ou seguido por fevereiro e janeiro. Nessa região, no mês de outubro, grande parte do soro encontra-se descoberto, por estar sendo preparado para a semeadura das culturas anuais de verão, 22 ou as culturas estão em fase inicial de crescimento, o que resulta em grande risco de erosão. Portanto, devem ser tomados cuidados com o manejo do solo principalmente nesta época. Entretanto, em qualquer mês podem ocorrer chuvas fortes. De maneira geral, o correto manejo da cobertura do solo é a prática mais eficiente para reduzir os riscos de erosão. Sistemas conservacionistas de cultivo como o plantio direto, preparo reduzido (com o uso de escarificador, por exemplo) e o cultivo mínimo, que mantém grande parte dos resíduos na superfície, reduzem os riscos de erosão. Outra prática que reduz a erosão é o uso de espécies vegetais para a proteção do solo quando não são plantadas culturas comerciais (VEIGA et al., 1992).

A média anual da umidade relativa da microbacia é de 77 %. Os maiores valores ocorrem à noite, quando se aproxima de 100 % e os menores em torno das 14:00 horas (Figura 5). 4.3.1.3 Relações Terra-Sol

Radiação solar é a energia recebida pela Terra, na forma de ondas eletromagnéticas, provenientes do Sol. Radiação solar global (RSG) é o conjunto da radiação solar direta mais a difusa que atinge uma superfície. A RSG é dependente da insolação ocorrente em um determinado período.

Entretanto, superfícies com orientações e inclinações diferentes recebem quantidades diferentes de RSG, em comparação com uma superfície horizontal, em uma mesma localidade e época do ano. A importância deste fato é que a produção de matéria vegetal é condicionada pela disponibilidade de energia solar. Na figura 6 é apresentada a relação entre a energia em uma superfície horizontal com aquela incidente em encostas norte e sul com inclinação de 18 %.

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FIGURA 5 - Radiação solar (%) e insolação (horas) incidentes na região de Erva]

Velho. Assim, para o aproveitamento máximo da radiação solar é importante a

orientação e inclinação da superfície coletora, como por exemplo, para a orientação de telhados. Assim, em junho e julho uma inclinação norte de aproximadamente 600 permitiria o máximo aproveitamento de energia solar, enquanto que em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro as superfícies horizontais ( 00 ) receberiam mais energia.

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Superfícies com orientação norte e com inclinação 01 podem ser consideradas como se fossem horizontais e estivessem a graus de latitude mais ao norte. As superfícies norte recebem porcentualmente mais RSG nos meses de inverno. Por outro lado, superfícies sul recebem menos RSG, sendo o efeito diretamente proporcional ao aumento da inclinação da superfície e mais pronunciado no inverno (TUBELIS & NASCIMENTO, 1981).

Superfícies que possuem orientações leste ou oeste terão menores durações diárias da insolação, devido a um adiantamento do momento do pôr-do-sol para terrenos leste e atraso do nascer do sol para terrenos oeste. A RSG será a mesma para ambas as orientações na mesma inclinação. Nas superfícies de orientação leste e oeste, inclinações menores que 200 não influenciam muito o total de RSG ao longo de todo o ano. No verão os efeitos são pouco pronunciados, mas no inverno as inclinações superiores a 200 afetam sensivelmente o recebimento de energia solar. 4.3.1.4 Aptidão agroclimática - Alho - Aveia branca - Feijão - Milho - Morango - Pêssego - Soja - Sorgo sacarino - Trigo - Triticale - Olerícolas diversas - Espécies florestais Pinus taeda Pinus elhottii var elhottii Eucalyptus viminalis Espécies exóticas recomendadas para reflorestamento: Acacia longifolia (acácia-trinervis) Acacia mearnsii (acácia-negra) Casuarina equisetifolia (casuarina) Cryptomeria japonica Cunninghamia lanceolata (pinheiro-chinês) Cupressus lusitanica (cipreste, cedrinho) Taxodium distichum (pinheiro-do-brejo) Espécies nativas recomendadas para reflorestamento: Araucária angustifolia (pinheiro-do-Paraná) Ilex paraguariensis (erva-mate) Mimosa scabrella (bracatinga)

32

4.3.2. - Características físicas da microbacia

Utilizamos neste capítulo alguns parâmetros que identificam o comportamento hidrológico da microbacia e os processos erosivos. Além da dinâmica da microbacia são estudados a forma e o tamanho.

A tabela n° 9 contém os dados dos atributos dos elementos pertencentes à microbacia em estudo sobre as quais são feitas algumas inferências posteriores.

Tabela 9 - Características físicas da Microbacia Rio Leão

Área de Drena em 21.65 Km'

Perímetro da Microbacia 46.9 Km

Oratório 58Cm

Coeficiente de Com idade 0.6

Densidade de Drenagem 2.6 Km/Km'

Extensão Média do Escoamento Superficial 115M

Ordem do canal maior 2a ordem

Altitude máxima 866 m

Altitude mínima 650 m

Comprimento total das estradas internas 31 Km

4.3.2.1. - Inferências sobre o comportamento hidrológico da microbacia Rio Leão

A Microbacia Rio Leão consiste na realidade em um complexo hidrológico formado por pequenas drenagens que deságuam no Rio Leão. A denominação de microbacia permanece neste estudo para efeito de planejamento e trabalho de extensão rural que a EPAGRI desenvolverá na área.

Alguns cálculos como a sinuosidade do rio, declividade da microbacia, curva hipsométrica etc, não serão possíveis de se fazer, porque a área em estudo se caracteriza mais como um complexo hidrológico, isto e, várias microbacias e não uma.

De acordo com a figura n° 7 a microbacia em estudo apresenta forma de um triângulo com seu eixo mais longo que acompanha o Rio Leão que é tido como foz neste estudo.

Figura 6 - Forma da Microbacia Rio Leão.

33

Todas as drenagens da microbacia têm suas nascentes no norte e sua foz ao sul, desaguando na margem direita do Rio Leão. É uma área relativamente bem drenada, o que diminui a distância do escoamento superficial da água da chuva que segundo a Figura 7 é de 115 m em média.

A maior drenagem da área é de 2a ordem, denotando uma fraca ramificação, porém, é compensada pela característica que o complexo hidrológico apresenta com diversas drenagens independentes, uma próximo à outra (Figura 8).

FIGURA 7 - Ordem da Microbacia Rio Leão

O coeficiente de compacidade forma triangular da microbacia e das microbacias

isoladamente, indicam que é pouco sujeita a enchentes. O sistema de drenagem é uniforme em toda unidade geomorfológica, apresentando rios com cursos sinuosos fortemente controlados pela estrutura rochosa que a região possui. As drenagens apresentam retilinização de segmentos do rio, pelos cotovelos e pela grande ocorrência de lageados, corredeiras, saltos, quedas e ilhas.

34

5 - FISIOGRAFIA, SOLOS E APTIDÃO DE USO

A Fisiografia estuda os fenômenos que determinam a aparência e as características de uma paisagem, levando em conta os aspectos físicos da terra (Tabela n° 10). Pode ser entendida como sendo a geografia de solos, porque enfoca os estudos das características externas de uma paisagem e as influências que elas exercem sobre as características pedológicas (Botero, 1983).

Para uma análise fisiográfica aplicada ao estudo de solos, delimita-se, classifica-se e correlaciona-se as diferentes formas de relevo, de acordo com as características geomorfológicas, geológicas e uso da terra, podendo-se a partir daí aprofundar o estudo da aptidão de uso das terras.

Tabela 10 - Relação entre as categorias de análise fisiográfica e os fatores de formação dos solos.

CATEGORIA DE ANÁLISES FISIOGRÁFICAS

FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS

REGIÃO CLIMÁTICA Clima < > Organismos

GRANDE PAISAGEM Processos geomorfológicos que

determinam relevo e material de origem

PAISAGEM Material de origem, tempo e

formas de relevo

SUBPAISAGEM Grau e forma das pendentes;

erosão e condições de drenagem

ELEMENTO DA PAISAGEM Influência humana

5.1. - Província climática e vegetação original

A região climática onde está inserida a microbacia Rio Leão, de acordo com a classificação de THORNTHWAITE citado por Santa Catarina (1986), é definida como sendo um clima Mesotérmico Super úmido do tipo AB'3 ra' sem estação seca definida e com precipitações médias anuais em torno de 2.100mm.

De acordo com Koeppen citado por Vianello & Alves (1991), o clima é tipo Cfa com verões quentes e sem estação seca definida

A vegetação original pertence à Região da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Pinheiros), na maior parte da área mapeada. De acordo com GAPLAN (Atlas de Santa Catarina, 1986), caracteriza-se por gregarismo como sucede com o pinheiro-do-paraná (Araucária angustifolia) no estrato emergente, imprimido assim à floresta um aspecto de floresta de coníferas.

Esta árvore dominante é acompanhada no estrato arbóreo dominante pela imbuía (Ocotea porosa), a canela- lajeada (Ocotea pulchala) e a canela-amarela entre as lauráceas; a camboatã-branco (Matayba elaeagnides) e a camboatã-vermelha (Cupania vernalis) entre as sapindáceas; a bracatinga (Mimosa scabrella), o rabo-de-mico (Lanchocarpus lencanthus) e o angico-vermelho (Parapiptadenia rígida) entre as leguminosas, bem como, outras representantes das famílias das Mirtáceas, Compostas, Meliáceas e outras.

No estrato das árvores predomina em grandes áreas o mate ou erva-mate (Ilex paraguariensis).

35

5.2. - Grande paisagem (geomorfologia)

A microbacia pertence à unidade geomorfológica Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai.

Pertencente à região Geomorfológica Planalto das Araucárias, esta unidade apresenta descontinuidade espacial devido à sua ocorrência dentro da Unidade Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais (Santa Catarina, 1986).

É caracterizada por um relevo muito dissecado, com vales profundos e encostas em patamares.

Os principais rios desta unidade são: o rio Uruguai e seus afluentes de margem direita, entre os quais se destacam: Canoas, Peixe, Jacutinga, Irani, Chapecó, Antas e Peperiguaçu.

A drenagem apresenta características semelhantes em toda a unidade, uma vez que se acha fortemente controlada pela estrutura. São rios com cursos sinuosos e vales encaixados, com patamares nas vertentes. O controle estrutural é evidenciado pela retilinização de segmentos do rio, pelos cotovelos e pela grande ocorrência de lajeados, corredeiras, saltos, quedas e ilhas (Santa Catarina, 1986). 5.3. - Paisagem (geologia)

A litologia da microbacia pertence na sua totalidade à Unidade Litoestratigráfica Grupo São Bento e Formação Serra Geral. De acordo com Silva & Bortoluzzi (1987), constitui-se por rochas vulcânicas em derrames basálticos de textura afanítica (rochas de granulação fina, cujos constituintes individuais não são visíveis a olho nu), amigdaloidal no topo dos derrames, coloração cinza escuro à negra, com intercalação de arenitos intertrapeanos.

As rochas da Formação Serra Geral são da idade Cretácea Inferior, época que constitui a fase principal de atividade vulcânica (Santa Catarina, 1975).

Os derrames apresentam normalmente um zoneamento que é explicado pelas condições de resfriamento do magma, formando-se da base do topo do derrame, a saber:

• zona vítrea: apresenta basalto não cristalizado (textura vítrea), o que facilita a alteração a minerais argilosos.

• zona de fraturamento horizontal: apresenta textura microcristalina e intenso fraturamento horizontal;

• zona de fraturamento vertical: é a mais espessa, representa o centro do derrame, com textura mais grosseira e intenso fraturamento vertical, resultando em boa permeabilidade da rocha com infiltração.

• zona amigdalóide: é a parte superior do derrame, onde gases represados deram origem a cavidades, normalmente preenchidas por minerais como zeolitas, calcedônea, calcita e quartzo, entre outros.

Este zoneamento explica a morfologia em degraus (TRAPP) nos vales formados sobre basalto (Santa Catarina, 1975).

Os basaltos são essencialmente constituídos por plagioclásios cálcicos e piroxênios, minerais com estabilidade bastante baixa, por este motivo alteram-se quase que totalmente a minerais argilosos com liberação de grande quantidade de óxidos, especialmente de ferro, dando origem a solos argilosos (caulinita ou montmorilonita), dependente da drenagem. (Santa Catarina, 1975).

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Uma característica marcante do basalto é a relativa facilidade de intemperização que, dependendo de outros fatores de formação do solo (principalmente relevo), dá origem a solos profundos a muito profundos. A parte superior do derrame (zona vesicular ou amigdalóide) é particularmente importante para formação dos solos. Quando essas cavidades são preenchidas com calcita, formam-se solos ricos em cálcio.

Esta paisagem foi subdividida em 5 subpaisagens: • Cumes Erosionais Subarredondados com larguras de 50 a 300m • Encostas Erosionais com larguras de 30 a 200 m • Encostas Erosionais e Coluviais com larguras de 150 a 750 m • Encostas Coluviais Erosionais com larguras de 100 a 300 m • Fundo de vales Colúvio-Erosionais com larguras de 30 a 300 m 5.3.1 - Cumes Erosionais Subarredondado com Largura de 50 a 300m

Representam as áreas de maiores altitudes e menores declividades ai microbacia. São de forma subarredondada, base estreita e média e se caracterizam, principalmente, por apresentarem estabilidade de relevo.

Estão localizadas nos divisores d'água da microbacia e, em alguns casos, funcionam como divisores orográficos separando as drenagens internas, no interior da microbacia.

Por não apresentarem contribuição coluvial, se comportam como áreas tipicamente erosionais, com perda de material para as áreas de menores altitudes (encostas e fundos de vale). Nas condições atuais, essas perdas não são significativas, podendo ser comprovado através das características dos solos presentes na área, em termos de desenvolvimento do horizonte A e profundidade efetiva.

O relevo dominante é o suave ondulado, com algumas áreas de relevo plano. A maiores limitações a um uso intensivo são representados pela presença de pedregosidade e profundidade do solo aliado à falta de acesso o que tem mantido a preservação da vegetação natural nessas áreas.

Representam 122 ha correspondentes a 5,64 % da área total da microbacia (Vide anexo Os solos presentes nesta subpaisagem são representados por Cambissolos, via de regra, Eutróficos, porém, podendo ocorrer perfis distróficos.

A aptidão de uso dominante é 2p (2 por pedregosidade), com inclusões de classe 2d, portanto, com aptidão regular para uso com culturas anuais, apresentando limitações moderadas para uso com essas culturas com riscos moderados de degradação, porém, podendo ser cultivados desde que aplicadas práticas adequadas de manejo e conservação do solo. (Uberti et al, 1992).

O uso preferencial nestas áreas é com florestas capoeiras e campo. Não se constatou uso com culturas anuais, uma vez que o difícil acesso tem sido responsável pela preservação nessa subpaisagem Não foram constatados conflitos de uso na área. A pedregosidade e o difícil acesso reforçam a preservação dessas áreas, mantendo-as como nicho ecológico e fonte de madeira para uso na propriedade.

O difícil acesso impossibilita a retirada de amostras de solo, sendo que as conclusões aqui descritas foram baseadas nas informações contidas no levantamento em nível exploratório realizado pelo Projeto RADAM BRASIL, citado por Santa Catarina 1986.

37

5.3.2 - Encostas Erosionais com larguras de 30 a 200m - Ee

Representam as áreas de: maiores declividades da microbacia, em relevo forte ondulado e montanhoso com declividades que se situam entre 30 e 60%.

Possuem forma convexa, com rampas curtas e médias e se localizam logo abaixo dos cumes. Seu comportamento físico é tipicamente erosional (perda de material) e com 29 susceptibilidade forte à erosão, em função das fortes declividades presentes na área, tipo de solos e profundidade efetiva.

O material ao ser removido por força da erosão, é transportado e depositado nas áreas de menores declividades (pedimentos e fundos de vale), propiciando a ocorrência de solos rasos e pedregosos. Isso faz com que o uso agrícola intensivo seja praticamente inviabilizado nessas áreas.

Representam 263 ha, correspondentes a 12.16% da área total da microbacia (VIDE ANEXO 3).

Os solos presentes são representados, principalmente, por Cambissolos e Solos Litólicos. Apesar de não apresentarem limitações quanto à fertilidade (eutróficos), o uso é fortemente limitado pela declividade, pedregosidade e profundidade do solo.

Face a esses fatores, a aptidão de uso nessas áreas é altamente restritiva ao uso intensivo, tendo a classe 4 prp como aptidão dominante, portanto, com restrições para fruticultura e aptidão regular para pastagens e reflorestamentos. São terras que apresentam riscos de degradação e/ou limitações permanentemente severas (Ubero et al, 1992).

O uso preferencial nessas áreas tem sido com floresta e pastagens permanentes, o que tem ocorrido para uma melhor preservação dessas áreas. Pequenas parcelas, entretanto têm sido utilizadas com culturas anuais, evidenciando, conflito de uso.

As recomendações mais importantes se resumem à manutenção dessas áreas com cobertura vegetal permanente(florestas e pastagens)

O uso com culturas anuais não deve ser incentivado, sob pena de ocorrência de perdas irreversíveis de solo. As áreas utilizadas com esse uso devem ser abandonadas e reflorestadas, se possível.

O difícil acesso impossibilita a coleta de amostras de solo e as considerações aqui apresentadas são as constantes no Levantamento Exploratório de Solos elaborados pelo Projeto RADAM, citado por Santa catarina 1986. 5.3.3 - Encostas Erosionais e coluviais com larguras de 150 a 500m - Eec

Localizam-se em uma faixa intermediária, entre as Encostas Erosionais e os

Fundos de Vales ou Encostas Coluviais Erosionais. Constituem-se em áreas de perda (erosionais) e de acúmulo (coluviais) de material, portanto, face á esses fenômenos, apresentam rampas e declividades muito variáveis, dependendo da posição no relevo. As áreas convexas, possuem declividades normalmente fortes (20-30%) sendo mais íngremes e mais sujeitas à erosão que as áreas côncavas (acúmulos), com declividades inferiores a 20%, tendo como limite inferior mais ou menos 10%.

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É comum encontrar patamares nessas áreas, normalmente, localizadas nos terços médios das encostas, com declividades mais amenas e uso mais intensivo. As rampas desta subpaisagem são médias (150 a 500m) e se prolongam até o início do Fundo dos Vales. O sentido das pendentes nem sempre é uniforme, variando de área para área em função da declividade, estruturação da rocha matriz e sentido das drenagens.

Este é um aspecto importante a ser considerado quando do planejamento das prioridades, na medida em que a alternância de áreas com maiores e menores declividades interferem diretamente na aptidão de uso das terras, no que diz respeito à suscetibilidade à erosão.

As maiores limitações nessas áreas se traduzem pela declividade, pedregosidade e profundidade dos solos. A mecanização é prejudicada, sendo o uso de tração animal a alternativa mais viável. Representam 1183 ha, correspondente a 54,69% da área total da microbacia (VIDE ANEXO 3).

Os solos dominantes são representados pelos Cambissolos e Terras Estruturadas, com inclusão de Brunizém Avermelhado. Os Cambissolos normalmente se situam nas áreas de maiores declividades (áreas erosionais).

As Terras Estruturadas, dominantemente, situam-se nos patamares formados nas encostas e nos pedimentos. Os Brunizéns Avermelhados são inclusões nas áreas de dominância dos Cambissolos.

Via de regra, os Cambissolos e Terras Estruturadas são eutróficos, evidenciado pela alta saturação de bases, soma de bases e CTC. O íon dominante é o Ca++, seguindo do Mg++ e do K+.

Os valores de pH são altos, necessitando, no entanto de pequenas quantidades de calcáreo/ha nos casos de pH abaixo de 5,5. O Alumínio apresenta-se com teores baixos a muito baixos no horizonte A, não representando problemas de toxidez paga as plantas.

Na maioria das amostragens de solo realizadas, o Horizonte A se caracterizou como Chernozêmico. Se, por um lado, sua característica de alta fertilidade possibilita boa produtividade sem grandes investimentos em fertilizantes, por outro lado, o manejo inadequado pode reduzir drasticamente a espessura desses horizontes, uma vez que a suscetibilidade à erosão é forte.

A aptidão dominante é 3dp (3 por declividade e pedregosidade) nas áreas erosionais, onde dominam os Cambissolos e Brunizéns Avermelhados. Ambos os solos são altamente suscetíveis à erosão, principalmente em declividades fortes.

Nos patamares naturais das encostas, a classe de uso dominante é 2dp (2 por declividade e pedregosidade). As menores declividades nessas áreas não se constituem em ausência de riscos de erosão, uma vez que os solos presentes são representados por Terras Estruturadas, consequentemente com presença de horizontes B textural e, no caso, com gradientes texturais normalmente altos, o que reforça a suscetibilidade alta à erosão desses solos. 5.3.4 - Encostas Coluviais e Erosionais, com larguras de 100 a 300 m -

Constituem-se nas áreas de maior potencial agrícola da microbacia. São de localização restrita a pequenas áreas localizadas entre as encostas erosionais e coluviais e o inicio do fundo de vale do rio Leão. São áreas enriquecidas por material coluvial transportado das encostas erosionais e coluviais, vindo a se depositarem nas áreas ocupadas por esta subpaisagem, por força da erosão pluvial.

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O relevo dominante é plano, com inclusões de relevo suave ondulado que, aliado a ausência de limitações por fertilidade, pedregosidade, profundidade efetiva e suscetibilidade à erosão, possibilitam que essas áreas possuam ter uso intensivo sem grandes riscos de degradação. Representam 74 ha, correspondentes a 3,42 % da área total da microbacia.

A sedimentação coluvial responsável pela configuração dessa subpaisagem propiciou a formação de solos jovens medianamente profundos representados por Cambissolos.

São solos eutróficos, com valores altos de Soma de Bases e CTC e apresentando Saturação de Bases (V%) superior a 89% em todos os horizontes do perfil, portanto, com alta fertilidade natural. O horizonte A dos perfis analisados se caracterizam como chernozêmico, com valores altos de matéria orgânica, cálcio e magnésio e pH acima de 6.0. As necessidades de calcário são praticamente nulas, porém, necessitam adição de fósforo uma vez que a disponibilidade desse nutriente é baixa nesse solo.

Face ao relevo plano e ausência de limitações para uso intensivo, essas áreas foram enquadradas em classe l, portanto, com aptidão boa para culturas anuais. São terras que apresentam nenhuma ou muito pequenas limitações é/ou riscos de degradação.

O uso da terra que vem sendo adotado nessas áreas é com culturas anuais, face ao alto potencial agrícola que apresentam.

Não foram detectados conflitos de uso na subpaisagem. Recomenda-se a manutenção do uso atual, tendo-se alguns cuidados quanto

à erosão laminar face ao uso intensivo que movimenta constantemente a porção superior do solo. 5.3.5 - Fundo de Vale Coluvial-erosional com larguras de 30 a 300 m - FV

Representam as áreas de menores altitudes da microbacia e eqüivalem às porções que compõem a calha do Rio Leão e alguns de seus afluentes e suas áreas de influência.

A forma é irregular, alternando áreas de relevo plano e suave ondulado e larguras variáveis, dependendo do comportamento do rio que lhe deu formação.

Do ponto de vista fisiográfico possuem forma de "V' aberto, porém, em alguns locais a área de influência do rio é mais extensa, propiciando a formação de pequenos terraços coluviais-aluviais em relevo plano.

Na maioria da área abrangida pela subpaisagem, o comportamento é erosional-coluvial, alternando áreas de perda e acúmulo de material transportado das áreas mais altas (Encostas).

Nos locais onde a contribuição coluvial é mais representativa, os solos são profundos e com ausência de pedregosidade. São áreas com grande potencial para uso intensivo (culturas anuais).

Algumas pequenas áreas de maior sedimentação aluvial e em relevo abaciado há ocorrência de solos hidromórficos (Gleys), porém de pouca representação na subpaisagem. Em função do tamanho reduzido das manchas, não foi possível separá-las nesta escala (1:25.000).

Representam 521 ha, correspondentes a 24,09 % da área total da microbacia. Os solos presentes nesta subpaisagem, nada ou pouco diferem dos ocorrentes

nas Encostas coluviais Erosionais, com excessão da presença de pedregosidade em alguns locais mais dissecados.

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A maior limitação para uso intensivo se restringe à pedregosidade. Dessa forma essas terras foram enquadradas em classe 2p, portanto, com aptidão regular para culturas anuais. Apresentam limitações moderadas para utilização com essas culturas e/ou com riscos moderados de degradação. Podem ser utilizadas desde que aplicadas práticas de manejo e conservação do solo.

O uso da terra é diversificado, sendo utilizado com culturas anuais, pastagem e algumas áreas de capoeira. Não foi identificado conflito de uso na área. Sob o ponto de vista conservacionista, as áreas de campo e capoeira se encontram subutilizadas.

As recomendações sugerem uso intensivo com culturas anuaís sem grandes riscos de degradação. As pastagens devem ser melhoradas pela introdução de cultivares mais nutritivos e com maior suporte para pastoreio.

A tabela 13 mostra a descrição morfológica e os dados analíticos do ponto P5, coletado na subpaisagem fundo de vale.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De maneira geral, os solos presentes na microbacia apresentam alta fertilidade natural, evidenciada pelos valores de Soma de Base, valor V% e CTC altos;

As maiores limitações a uso mais intensivo em algumas áreas é decorrência da declividade, pedregosidade e profundidade efetiva do solo;

Nota-se um decréscimo significativo da atividade agrícola na microbacia, devido um êxodo rural significativo;

Grande parte das propriedades foram vendidas para utilização como sítios de lazer da comunidade urbana;

Nota-se, que o uso atual da terra se comparado com o uso evidenciado nas observações efetivadas nas aerofotos de 1978179, modificou-se substancialmente, indicando um aumento significativo das áreas de pastagens e capoeirões em detrimento das culturas anuais.

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ANEXO

APTIDÃO DE USO

1 Área na

71 % - 3.3

- 2 d

582 26.9

2 72 3.3

3 71 3.3

3d 1.119 51.73

4d 248 11.47

TAL -2.163 100

USO ATUAL

Cam 1.108 51.23

F 399 18.45

C o 328 15.16

Ca 257 11.88

Fr 71 3.28

TOTAL - 2.163 100

FISIOGRAFIA

Área ha %

Eec 1.183 54.69

Fv 521 24.09

Ee 263 12.16

Ce 122 5.64

- Ece

74 3.42

TOTAL 2.1631 100

DEMONSTRATIVO DE ÁREA a % DE OCUPAÇÃO

43

LEGENDA FISIOGRÁFICA

44

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRAGA, H.J. & STECKERT, R. Estimativa de horas de frio abaixo de 7,2"C e 13"C

para 10 localidades do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, EMPASC, 1987 (Documentos n. 90).

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Zoneamento Ecológico

para Plantios Florestais no Estado de Santa Catarina EMBRAPA, Curitiba, 1988. 113 p. (Documentos, 21).

EMPRESA CATARINENSE DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMPASC).

Zoneamento Agroclimático do Estado de Santa Catarina. Porto Alegre, 1978. EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA

AGRÍCOLA DE SANTA CATARINA (EPAGRI). Recomendação de cultivares para o Estado de Santa Catarina 1995-1996. Florianópolis, EPAGRI, 1995. (Boletim Técnico, 72).

IDE, B.Y.; ALTHOFF, D.A.; THOME, V.M.R.; VIZZOTO,V.J. Zoneamento

Agroclimático do Estado de Santa Catarina - 2a. etapa . Florianópolis, EMPASC, 1980.

OMETTO, J.C. Bioclimatologia Vegetal. São Paulo, Ceres, 1981. 440 p. SILVA, L. M. & BRAGA, H. J. SISAGRO- Sistema agrometeorológico para

microcomputador. In: Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, 5., Belém, PA. Coletânea de trabalhos. Belém: SBA, 1987. P. 405-406.

TUBELIS, A. & NASCIMENTO, F.J.L. Meteorologia Descritiva - Fundamentos e

Aplicações Brasileiras. São Paulo, Livraria Nobel, 1984. 374 p. VEIGA, M.; MASSIGNAM, A.M. & WILDNER, L.P. Potencial erosivo das chuvas no

Estado de Santa Catarina. Agropecuária Catarinense , Florianópolis, v. 5, n. 2, p. 17-19, 1992.

BOTERO, PEDRO JOSÉ, 1983. Interpretacion de imagens para estudios de suelos:

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CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia Fluvial. São Paulo, Editora Edgard Bleicher

Ltda., 1981. 313p. MANUAL DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO DE SOLOS E ÁGUA. PROJETO

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N.F.; VIEIRA, H.J. Metodologia para o inventário das terras em microbacias hidrográficas. Florianópolis: EPAGRI, 1994. 50p.

45

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UBERTI, A.A.A.; BACIC, I.L.Z.; PANICHI, J. de A.V.; LAUS NETO, J.A.; MOSER,

J.M.; PUNDEK, M.; CARRIÃO, S.L. Metodologia para classificação da aptidão de uso das terras do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: EMPASC/ACARESC, 1991. 19p. (EMPASC. Documentos, 119).

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo, MC Graw - Hill do

Brasil, 1975. 245p. SANTA CATARINA 1990 Programa Integrado de Desenvolvimento Econômico.

Diagnóstico Municipal de Itá- Florianópolis.