INVESTIGAÇÃO DE SURTO - INTERRUPÇÃO DE SURTO DE INFECÇÃO POR VRE

download INVESTIGAÇÃO DE SURTO - INTERRUPÇÃO DE SURTO DE INFECÇÃO POR VRE

of 8

Transcript of INVESTIGAÇÃO DE SURTO - INTERRUPÇÃO DE SURTO DE INFECÇÃO POR VRE

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    1/8

    AGNCIA NACIONAL DEVIGILNCIA SANITRIA

    INFORME TCNICO No 05/07

    Surto de Enterococo Resistente vancomicina emEstabelecimentos de Assistncia Sade

    Fundamentos e esclarecimentos gerais

    Gerencia de Investigao e Preveno das Infeces e dos Eventos AdversosGerncia Geral de Tecnologia em Servios de Sade

    Fevereiro de 2008

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    2/8

    AGNCIA NACIONAL DEVIGILNCIA SANITRIA

    Diretor-PresidenteDirceu Raposo de Mello

    DiretoresCludio Maierovitch Pessanha Henriques

    Maria Ceclia Martins Brito

    Gerncia Geral de Tecnologia em Servios de SadeFlvia Freitas de Paula Lopes

    Gerencia de Investigao e Preveno das Infeces e dos Eventos AdversosLeandro Queiroz Santi

    Equipe tcnica:Suzie Marie Gomes

    Mariana Verotti

    Carolina Palhares LimaCntia Faical ParentiHeiko Thereza SantanaFabiana Cristina de SousaMateus Menezes de Jesus

    Elaborao:GOMES, Suzie Marie; FLOSI, Fernando.

    Participao especial e Reviso do texto:Cludia Santiago, Elizabete Chaves, Heiko Santanna, Cintia Faical, Lia Galvo (CCIH-HGB).

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    3/8

    Pgina 3 de 8

    Informe 05/07

    Esclarecimento sobre surto por VRE

    O que um surto?

    o aumento na ocorrncia de um agravo sade acima dos nveis esperados. Emgeral, nos servios de sade, os surtos esto relacionados a:

    Quebras nas rotinas tcnicas,

    Utilizao de produtos com desvio de qualidade e

    Introduo de novas tecnologias.

    Essas situaes aumentam a morbidade e a mortalidade entre os pacientesenvolvidos e elevam os custos assistenciais, com grande impacto no sistema desade.

    O controle de situaes de surto em servios de sade demanda aes rpidas ebem direcionadas, com o objetivo principal de reduzir a gravidade dos casos e onmero de pessoas afetadas. A investigao dos possveis fatores de risco, fontes ecausas dos surtos contribuem para o entendimento da dinmica de ocorrnciadesses eventos, orientando mudanas nas prticas assistenciais e regulamentaes.

    O que VRE?

    a sigla de Vancomycin-resistence enterococcus (VRE), que pode ser traduzidapara o portugus como sendo enterococo resistente a vancomicina (ERV). OGnero Enterococcus representado por nove espcies, sendo as duas espciesprincipais e que causam a maioria das infeces relacionadas assistncia sade:E. faecalis (mais freqente no Brasil 90%) e E. faecium com 5% a 10%.

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/reniss/manual%20_controle_bacterias.pdf

    A prevalncia de Enterococcus spp resistentes vancomicina (VRE) emergenteem hospitais ao redor do mundo, e as unidades que mais freqentementeapresentam pacientes infectados ou colonizados por VRE so as unidades detransplante, unidades oncolgicas e principalmente, as unidades e centros deterapia intensiva (UTI).

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    4/8

    Pgina 4 de 8

    Infeco diferente de colonizao?

    Quando o ser humano nasce inicia-se a colonizao no intestino e, medida que o recm nascido vai se desenvolvendo, essa composiovai sendo alterada naturalmente, tornado-se um fator de proteo. Noentanto, do desequilbrio dessa microflora podem sobrevir alguns

    malefcios.

    O enterococo est presente na flora do trato gastrintestinal dohomem, podendo tambm ser encontrado na mucosa oral e vaginal ena pele (Fonte: Trabulsi, Microbiologia). Alm disso, habita o solo, osalimentos,e cresce em solues salinas e em detergentes. So grampositivos aerbios e facultativos anaerbios.

    No paciente colonizado, o VREest presente no trato gastrointestinal(observa-se crescimento do microrganismo na cultura de swabretal), no entanto, a bactria neste momento no est causandoinfeco. Esta ocorre quando a bactria translocada para rgos oulocais sensveis, como trato urinrio, feridas cirrgicas e correntesangunea. Desta forma, a colonizao considerada uma das fontesde disseminao do microrganismo.

    Uma parte dos pacientes colonizados, dependendo da gravidade dassuas condies clnicas, poder desenvolver um processo infeccioso. Aocorrncia de um nmero elevado de casos de infeco podecaracterizar um surto. A infeco confirmada com o crescimento da

    bactria em amostras clnicas onde esta no deveria estar presente(ex.: sangue, lquidos cerebrais e peritoneais) e se o pacienteapresentar sintomas de infeco.

    Ou seja, o colonizado aquele que portador da bactria, mas que no desenvolvea doena infecciosa e pode representar agente de disseminao da bactria. Oinfectado aquele que tem o processo infeccioso pelo ERV.

    As infeces geralmente ocorrem em doentes mais graves. So situaes de risco

    para infeco ou colonizao por VRE:Uso prvio de antimicrobianos de amplo espectro;

    Longa permanncia hospitalar;

    Internao em UTI ou unidade de queimados;

    Ter infeco de stio cirrgico;

    Leito prximo ao de um paciente colonizado ou infectado por VRE;

    Insuficincia renal;

    Cateterismo vesical e cateterismo vascular.

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    5/8

    Pgina 5 de 8

    Outro reservatrio importante que contribui para a disseminao do microrganismoem ambientes hospitalares a falta de higiene. Seja pelo contato direto das mosdo colonizado, ou por meio do contato indireto com superfcies ou equipamentos

    contaminados (como o aparelho de presso e os termmetros).

    A principal fonte de disseminao e reintroduo do VRE nos hospitais so as mos:

    mos dos prprios pacientes que esto internados,

    mos dos profissionais de sade que trabalham nos hospitais,

    mos dos visitantes e acompanhantes, que entram e saem dosestabelecimentos de sade e que ajudam a equipe de sade nos cuidados e

    manuseio com o paciente.

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/reniss/material_arquivos/precaucoes_contato.pdf

    Sendo assim, a medida mais importante a higienizao das mos para evitar atransmisso cruzada de infeces relacionadas assistncia sade. H evidnciasde que a bactria sobreviva por uma semana em superfcies e objetos e sendo

    assim, o simples ato de higienizar as mos antes e aps a assistncia ao pacientepode evitar estas infeces.

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/index.htm

    Considerando o modo de transmisso descrito acima, os cuidados para evitar adisseminao deste microrganismo devem ser adotados tanto para pacientescolonizados, quanto para pacientes infectados. Isso no significa que o portador doenterococo esteja doente ou que tenha a infeco. A diferena que o pacienteinfectado necessita de tratamento com antimicrobianos, e o colonizado no.

    Ou seja, devem ser adotadas as medidas de precauo de contato, de modosemelhante ao que feito nos casos de surto de infeco por outrosmicrorganismos multirresistentes, sendo indicado o isolamento dos pacientescolonizados e infectados para evitar a disseminao do VRE a outras pessoas.

    Os profissionais, acompanhantes e visitantes tm papel fundamental para evitar adisseminao da bactria e devem observar as seguintes orientaes:

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    6/8

    Pgina 6 de 8

    No hospital:

    Os pacientes colonizados devem ser mantidos em precauo de contato.

    O paciente que tem o VRE no trato intestinal ou infectado deve ter o leito

    claramente identificado, por exemplo, com uma placa de cor diferente oualgum sinal que o diferencie dos outros. Esse procedimento no estranhoou indica gravidade, apenas indica que os cuidados de precao de contatodevem ser utilizados.

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/reniss/material_arquivos/precaucoes_contato.pdf

    Verifique se instrumentais, como termmetros e estetoscpio, foramdesinfetados com lcool 70% antes de ser usado no familiar hospitalizado;

    Examine se durante a limpeza de superfcies (como o leito) e outrosmobilirios do hospital, banheiro e lavatrios utilizada soluodesinfetante;

    Verifique se os profissionais de sade lavam as mos com gua esabonete ou com preparaes alcolicas para as mos (gel ousoluo) antes e aps tocar no familiar infectado com a bactria, ou aopassar da ateno de um paciente para o outro, e ainda, se trocam as luvas

    entre os contatos com os pacientes. Veja a tcnica de higienizao das mos.

    http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizacao_maos/index.htm

    Como o VRE transmitido pelas mos, se for ajudar no cuidado do pacientecolonizado: lave as mos com gua e sabonete lquido antes e aps ocontato; utilize luvas de procedimento (por exemplo: ao dar banho, mudarde posio ou trocar fralda) quando for manipular o paciente; evite ajudaroutros pacientes sem os mesmos cuidados que devem ter os profissionais.

    Sempre lave as suas mos com gua e sabonete lquido,antes, durante e aps a visita.

    Evite tocar nos objetos existentes no hospital ou de uso dopaciente (por exemplo: copos, roupas, aparelhos de presso,cmodas e outros).

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    7/8

    Pgina 7 de 8

    A coleta rotineira de culturas ambientais ou de profissionais de sade no indicada. As culturas de vigilncia podem ser utilizadas em situaesespecficas objetivando o conhecimento do perfil epidemiolgico e formas depreveno de transmisso.

    Quando a endemicidade baixa ou ausente podem ser realizadasem reas de risco para colonizao por ERV (UTI, unidades detransplantes e onco-hematolgicas), na qual cadaestabelecimento de assistncia sade deve determinar afreqncia de coleta de swab retal, de acordo com o tamanho dapopulao de risco e das unidades de internao envolvidas.

    Na confirmao da infeco (isolamento de VRE em amostras com significadoclnico como sangue, urina, lquor, lquido asctico), todos os pacientes quecompartilharam quarto/enfermaria com paciente devem ser submetidos,

    quando possvel, coleta de swab retal e continuar sob precauo de contatoat a definio das culturas.

    Tantos os pacientes colonizados, quanto os infectados podem sercolocados em outra unidade separada e os profissionais devemsempre utilizar luvas e avental. Esta medida serve para evitar atransmisso pelo contato durante o perodo de hospitalizao oude reinternao. Deve-se individualizar dentro do possvel osequipamentos mdicos, como termmetros, estetoscpios.

    Ao acompanhante/visitante: jamais sente no leito do doente! E,se estiver sabidamente colonizado, evite ir ao hospital visitar ofamiliar ou amigo.

    Quando no houver disponibilidade de quarto individual, o servio de sadepode manter os pacientes colonizados/infectados em uma mesma enfermaria(coorte), observando as precaues de contato.

    O uso racional dos antimicrobianos no hospital e na comunidade uma das

    principais medidas para a reduo da resistncia microbiana.

    Em casa:

    Os utenslios domsticos, como pratos e talheres, as roupas do portador, asroupas de cama devem ser lavados rotineiramente com gua e sabo de usodomstico.

  • 8/4/2019 INVESTIGAO DE SURTO - INTERRUPO DE SURTO DE INFECO POR VRE

    8/8

    Pgina 8 de 8

    A possibilidade de as pessoas da famlia contrarem a infeco, em casa, apenas porcuidar do colonizado pequeno, mas as medidas de higiene citadas acima soimprescindveis.

    Resumindo:

    Colonizao no a mesma coisa que infeco;

    A bactria transmitida de forma direta (mos) ou indireta (superfcies) e propagada pelas pessoas;

    Acompanhantes, visitantes e profissionais de sade tm papel fundamentalpara conter a disseminao do evento;

    A higienizao das mos uma das medidas mais eficazes para conter asinfeces (e colonizaes) relacionadas assistncia sade.

    Saiba mais:http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/reniss/manual%20_controle_bacterias.pdf

    ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ih/NT07_IHENTERO.pdf

    http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/00039349.htm

    http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/ar/MDROGuideline2006.pdf

    http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/gl_isolation.html