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ÍÍIOV&T OTM MrOYtXt^CLl Nas universidades portuguesas nasceram ou estão a surgir tecnologias capazes de conquistar o interesse de todo o mundo. Das criações que salvam vidas, como tecnologias celulares, às que as facilitam, como um automóvel inteligente ou roupa interior reutilizável para incontinentes, passando por meios de reutilizar excedentes da agricultura como combustíveis ou testes deADNà uva do vinho, o DNfoi conhecer um pouco do que alguns dos mais promissores investigadores do País têm vindo a criar DoADN do vinho às células que salvam vidas PEDRO SOUSA TAVARES Um projeto académico que venceu a morte Final de 2007, no Instituto Português de On- cologia (IPO) de Lisboa. Os médicos equa- cionam deixar regressar a casa uma mulher de 55 anos que não responde aos trata- mentos. Sofre de uma forma aguda da "doença do enxerto contra o hospedeiro", uma complicação em que células imunes da medula transplantada para um doente rea- gem ao organismo, começando a atacá-10. Uma última esperança adia a decisão. No Instituto Superior Técnico (IST), fruto de uma parceria com IPO e o Centro de Histo- compatibilidade do Sul, alunos de doutora- mento trabalham meses numa possível terapia injetável, a partir de células mesen- quimais, derivadas da medula óssea. A mu- lher aceita ser voluntária. A Comissão de Éti- ca do hospital aprova. "Na altura era o neces- sário para avançar ", recorda Francisco Santos, um dos investigadores. "Não havia sequer legislação em Portugal que cobrisse esta área terapêutica." "Nem na Europa", completa David Malta, outro dos inventores. Duas semanas depois, os médicos do IPO mandam mesmo a mulher para casa. Mas

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ÍÍIOV&T OTM MrOYtXt^CLl Nas universidades portuguesas nasceram ou estão a surgirtecnologias capazes de conquistar o interesse de todo o mundo. Das criações que salvam vidas,como tecnologias celulares, às que as facilitam, como um automóvel inteligente ou roupa interiorreutilizável para incontinentes, passando por meios de reutilizar excedentes da agriculturacomo combustíveis ou testes deADNà uva do vinho, o DNfoi conhecer um pouco do que algunsdos mais promissores investigadores do País têm vindo a criar

DoADNdo vinho àscélulas quesalvam vidasPEDRO SOUSA TAVARES

Um projeto académicoque já venceu a morteFinal de 2007, no Instituto Português de On-cologia (IPO) de Lisboa. Os médicos equa-cionam deixar regressar a casa uma mulherde 55 anos que já não responde aos trata-mentos. Sofre de uma forma aguda da"doença do enxerto contra o hospedeiro",uma complicação em que células imunes damedula transplantada para um doente rea-

gem ao organismo, começando a atacá-10.Uma última esperança adia a decisão. No

Instituto Superior Técnico (IST), fruto de

uma parceria com IPO e o Centro de Histo-compatibilidade do Sul, alunos de doutora-mento trabalham há meses numa possívelterapia injetável, a partir de células mesen-quimais, derivadas da medula óssea. A mu-lher aceita ser voluntária. A Comissão de Éti-ca do hospital aprova. "Na altura era o neces-sário para avançar ", recorda FranciscoSantos, um dos investigadores. "Não haviasequer legislação em Portugal que cobrisseesta área terapêutica." "Nem na Europa",completa David Malta, outro dos inventores.

Duas semanas depois, os médicos do IPOmandam mesmo a mulher para casa. Mas

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porque teve alta, depois de a doença ter en-trado em remissão completa. Entre 2007e 2009, outros cinco voluntários com amesma doença são aparentemente curados.

Cinco anos depois, os voluntários conti-

nuam todos de boa saúde. O trabalho deFrancisco, David, Pedro Andrade e DanielaCouto deu origem a uma pequena empresa,a Cell2B, e a terapia, patenteada, foi batiza-da de Immunesafe. O seu segredo? Potendaro que já ocorre na natureza. "Não modifica-mos as células. São as mesmas que qualquerum de nós tem no nosso organismo", expli-ca Francisco. "Retiramo-las da medula óssea

e expandimos. O que acontece é que temosum número muito reduzido destas células e,

como com qualquer fármaco, sem a dosecerta não se tem resultados." Uma vez nocorpo, estas "têm a capacidade de migrar atéà zona onde está localizada a reação imuno -

lógica e controlam-na".Dito assim parece simples. Mas não é. O

terreno onde se movem está na fronteira daciência e há várias etap as a vencer. David,enquanto doutorando, criou uma tecnolo-gia única no mundo que permite cultivar es-tas células sem usar componentes animais,substituídas por proteínas sintéticas. E só

esse facto despertou a curiosidade de mui-tas empresas da área, porque elimina os ris-cos de transmissão de doenças.

A empresa, fundada no final de 2010" à frente de um hambúrguer e de uma cer-veja", não foi um fim em si mas um meio paracontinuar a tratar doentes. Isto porque, em2009, a Agência Europeia do Medicamentoemitiu diretivas para regular este tipo de te-

rapia, obrigando nomeadamente a fazer en-saios clínicos. "Para o podermos fazer, tínha-mos de dar o passo em frente", diz David.

Com o apoio logístico do IST, que lhes ce-

deu espaço e equipamento adequado e cer-ca de um milhão de euros de investidores,estão prontos a avançar em 2014 com os en-saios clínicos em 20 doentes, seguindo-seoutros 120 no ano seguinte. Daniela Coutonão participou na conversa com o DN porestar nos Estados Unidos, onde "vendeu" -com assinalável sucesso - o conceito a po-tenciais investidores que poderão alimentaro sonho - avaliado em dez milhões de eurosde ter um produto no mercado em 20 16. Afase seguinte será testá-lo noutras patolo-gias, como a doença de Crohn.

Entretanto, Pedro Andrade desenvolveuuma nova tecnologia para a empresa, aCordsafe, que permite também reproduzircom eficácia as células hemotopéticas docordão umbilical, com potencial para tratardoenças como leucemias. "Normalmente,as células colhidas no cordão umbilical per-mitem apenas tratar uma criança até cercade 30 anos. Multiplicando-as, será possíveltratar adultos", diz. O futuro - que já não é

apenas o destes quatro investigadores sub--30 - está cheio de promessas.

Alcatrão termossensívele roupa interior inteligenteUm pouco por todo o País, há outras pro-messas nascidas nas universidades que vãodando passos até ao mercado. Na Universi-dade do Minho, o Grupo de Investigação emMateriais Fibrosos, que agrega as competên-cias do Departamento de Engenharia Civil edo Centro de Ciência em Tecnologia Têxtilde Guimarães, há projetos de dois milhõesde euros em parceriais com empresas.

O caso de sucesso mais recente dé o Pro-

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techDry. Ao fim de dois anos de investigação,esta roupa interior para incontinentes ligei-ros, patenteada pela universidade e pela em-presa Impetus, já está no mercado.

O desafio foi lançado por aquela empresatêxtil, de Esposende, confrontada com a fal-ta de ofertano mercado. "Tínhamos um pro-blema para resolver. Os produtos disponí-veis baseavam-se todos em modelos descar-

táveis, como pensos e fraldas. Com impactosao nível do ambiente e de desconforto, mastambém na autoestima de quem os usa", re-corda Raul Fanqueiro, coordenador deste

grupo.A inovação, que envolveu três investiga-

dores e custou meio de milhão de euros adesenvolver, baseia-se numa fibra especialque permite absorver a libertação, elimi-nando o cheiro da urina -neutralizando o

efeito da amónia-, e com capacidade anti-bacteriana. "O resultado é uma roupa inte-rior que dá sensação de conforto, de estar

sempre seca mesmo com libertação de uri-na, podendo ser lavada e reutilizada, nor-malmente."

Também na Universidade do Minho foidesenvolvido um pavimento que muda decor quando se forma gelo na sua superfície.Segundo Joaquim Carneiro, do Centro de Fí-sica da Escola de Ciências da UMinho e líderdo projeto, quando a temperatura atinge o

ponto de congelação da água- de 0 grauscentígrados - é produzida uma reação queleva o asfalto a adquirir a cor vermelha. Uma"inovação mundial" concretizada com a in-trodução de nanocompósitos àbase de óxi-dos nos pavimentos tradicionais. "Os con-dutores conseguem, assim, visualizar as zo-nas encarnadas em que se formam as placasde gelo e tomam as devidas precauções", dis-

se ainda. O interesse na implementação donovo piso já chegou da Finlândia e até do Ca-nadá. "Será uma realidade a médio prazo."

Um carro que guia por sie um comando sem pilhaUm carro que anda sozinho, deteta peões,alerta para situações de perigo. O Atlascaréum dos muitos projetos que tiveram comoberço a Universidade de Aveiro (UA). O úni-co automóvel em Portugal com atuação e

perceção que permite condução autónomanasceu em 201 1 , no Departamento de Enge-nharia Mecânica, e encontra-se, atualmen-te, em manutenção, estacionado nas gara-gens da Universidade de Aveiro.

O grande objetivo da sua criação é a assis-tência à condução, dando segurança e apoio

ao condutor, ao detetar situações de perigo."Funciona como um GPS, mas mais inteli-gente. Ao invés de avisar de uma curva, diz,

por exemplo, 'cuidado, olhe o peão'", indicao investigador Vítor Santos, coordenador do

projeto. Mas pode fazer muito mais, "comotravar antecipadamente".

O Atlastar é um carro normal, mas foiadaptado para suportar um conjunto de tec-nologias. Se do lado de fora da garagem daUAnão passa despercebido, muito menosna estrada. O veículo suporta sensores (ra-dares, lasers), computadores e atuadoresque permitem a investigação na conduçãoautónoma ou "dar informação adicional ao

condutor, alertando-o para os perigos, comoum peão a atravessar a passadeira".

Pode ser conduzido a partir do exterior,com um comando, como se de um brinque-do se tratasse, ou simultaneamente por umapessoa e um computador. É, portanto, ummisto de condução assistida com autóno-ma. Para já, é, ainda, um protótipo - "labora-tório móvel" -, mas poderá chegar às estra-das e ajudar a evitar acidentes. "Uma coisa é

certa: dará sempre para formar pessoas e

publicitar a universidade, visto que em 2011foi o projeto mais falado da instituição. Háum reconhecimento do trabalho que vemsendo desenvolvido", diz Vítor Santos.

Muitos outros projetos estão a ser desen-volvidos na UA, como uma "pele" artificial(revestimento inteligente) que protegeaviões Airbus, coroas dentárias mais baratas,resistentes e fácies de produzir, um métodode produção cerâmica apenas a partir de re-síduos, entre dezenas de outros.

No Instituto de Telecomunicações (IT) daUA nasceu, recentemente, um projeto úni-co no País, que também está a dar que falar:um comando de televisão que não precisade pilhas nem bateria para funcionar. O te-lecomando foi desenvolvido por Alírio Boa-

ventura, no âmbito do doutoramento, e sur-

ge, segundo o investigador Nuno Borges de

Carvalho, coordenador do projeto, da ideiade "criar uma aplicação interessante do pon-to de vista social, na área da transmissão de

energia sem fios, neste caso tirando as bate-rias de um telecomando de televisão, mas

que pode ser aplicado a qualquer outro lá de

casa, como alarmes, sensores, MP3"."O telecomando vai buscar energia a um

sinal de rádio que é transmitido da televisão.A energia vem do ar, do sinal de radiofre-quência. O interesse maior nem é consumirmais ou menos energia, é acabar com as pi-lhas, que são poluição", explica Nuno Carva-

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lho.O DN visitou o laboratório de radiofre-

quência do IT, mas o comando não se en-contrava 1á. . . Está em testes em casa do Alí-rio. O próximo passo é tornar o protótipomais bonito. "A UA tem retorno com os arti-

gos científicos que têm sido publicados, como facto de estar associada à investigação nossistemas de transmissão de energia sem fios ?

? e, com isso, já ter conseguido ganhar outros

projetos, e entretanto fizemos o pedido de

registo dapatente, onde aUApoderá ir bus-car verbas", indica o investigador.

Chegar aos autistas coma ajuda do computadorNo Porto Interactive Center, à primeira vis-

ta, pode parecer que apenas se estão a criarbonecos para jogos de computador, mas o

que ali se faz vai mais longe e pode mesmomarcar uma mais-valia no acompanhamen-to e comunicação com crianças autistas.

Life is Game é o nome de um dos três pro-jetos de ponta que os investigadores estão adesenvolver e que procura ajudar as crian-

ças com transtorno de espectro autista a re-conhecer expressões faciais através da inter-ação com bonecos no computador. Veróni-ca Orvalho, diretora do PIC, explica que "o

objetivo é ajudar estas crianças a reconhecer

expressões faciais, para, desta forma, melho-rar a sua comunicação".

Para já, o programa será disponibilizadogratuitamente, numa versão resumida, naApple Store jáno próximo dia 1 1 de junho.Mas o objetivo da equipa é, mais tarde, "dis-

ponibilizá-lo para associações, hospitais,organizações que trabalhem nesta área".

O PIC foi idealizado em 2008 pela investi-

gadora argentina radicada no Porto, mas só

arrancou em 20 10, depois de depois anos de

procura de apoios e contratação de estudan-tes de doutoramento, entre outros. O centrofunciona nas instalações da Faculdade deCiências da Universidade do Porto, que ce-deu o espaço, e tem parcerias estabelecidascom várias organizações, entre as quais oInstituto das Telecomunicações.

Além deste projeto, o PIC tem ainda emcurso dois outros trabalhos. Um deles, o Go-lem, está diretamente vocacionado para a

animação cinematográfica. "Este programavisa a criação de personagens para cinema",explica Bruno Oliveira, líder do projeto. Este

responsável adianta que o trabalho permiti-rá não só criar bonecos animados, mas tam-

bém criaturas não humanas.O outro projeto, o Vere, quer ser uma

mais-valia para pessoas com mobilidade re-duzida, criando avatares que a pessoa con-trola, podendo interagir com outras perso-

nagens num mundo virtual. "Abre portas à

possibilidade de as pessoas poderem fazeralgo que, na vida real, não podem fazer devi-do à sua limitação física", explica Bruno Oli-veira. Verónica Orvalho salienta que todos os

projetos estão a ser desenvolvidos no âmbi-to de financiamentos nacionais e europeuse que o objetivo final passa, naturalmente,pela comercialização dos mesmos. "Mas nãoé fácil para nós tratar de todo o processo dedesenvolvimento dos projetos e ainda pro-curar clientes e eventuais interessados nasua comercialização, já com uma boa cartei-

ra de clientes", diz. De qualquer modo, ga-rante, "o desafio maior é criar uma linha de

montagem única na criação de animação".

8010 -rei sem açúcare ADN da uva de vinhoNa Universidade de Trás os Montes e AltoDouto (UTAD), o sector agro-alimentaréuma das principais apostas para a criaçãode conhecimento com potencial comercial.Em particular no Régia-Douro Park- Par-

que de Ciência e Tecnologia que envolveainda as câmaras de Vila Real e Bragança, o

Politécnico de Bragança e a Portuspar.Fernando Nunes, 40 anos, doutorado

em Química, desenvolveu uma fórmulapara confitar as frutas que decoram o bolorei sem adição de açúcar. "Conservam-sedurante muito tempo e tem o sabor da fru-ta e não do açúcar", descreve. A pedido da

empresa que patrocinou o investimento, aDouromel, desenvolveu também um pro-cesso que retira à própria massa do bolo, amaioria do açúcar "sem lhe retirar o sabortradicional". "O método poderá ser aplica-do nível industrial noutros tipo de bolos e

compotas", conta. "Temos já contactoscom industriais de França e Estados Uni-dos que se mostraram interessados nesteprocesso."

Mas no departamento de Ciências Agro-alimentares da UTAD não faltam outros in-vestigadores com boas ideias. É o caso dePaula Lopes, 41 anos, doutorada em Gené-tica, que desenvolveu um processo quepermite a extracção do ADN da uva para

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análise: "Com este método poderemos cer-tificar se as castas constantes nos rótulosdas garrafas de vinho com origem no Dou-ro são efetivamente aquelas com que o

mesmo foi elaborado. Poderemos igual-mente certificar se o vinho foi produzidocom uvas da Região Demarcada do Douroou se foram misturadas uvas de outrasregiões", explica. Sogrape e Real Compa-

nhia Velha são as parceiras empresariais.Outro grande projeto, commaisde 1,1

milhões de euros de apoios comunitários,visa reaproveitar as águas ruças dos lagaresde azeite, que são uma fonte de risco am-biental: "Têm um poder poluidor 200 a 400vezes superior a esgoto humano", contaJoão Claro, 47 anos, doutorado em Quími-ca e líder do projeto, uma parceria com a

Cooperativa Agrícolas de Olivicultores de

Murça. João Claro está confiante de breve-mente poder também transformar em bio-massa o engaço da uva, casca da castanhaou outros produtos similares que poderãofornecer energia mais barata e limpa, com

PAULO JULIÃO, JOANACAPUCHO, HÉLDERROBA-

LOeJOSÉANTÓNIO CARDOSO

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Ganhardinheiro cominvestigaçãonão é fáciluniversidades Custo do desenvolvi-mento e manutenção de patentestorna difícil tirar proveitos da tecno-logia. Mas há quem defenda queo lucro é possível e desejávelPode uma universidade financiar-se com as

ideias e as patentes geradas pela investiga-ção que produzem? O tema não é consen-sual entre os responsáveis das instituições.Há quem diga que estas apostas não são efi-cazes como forma de financiamento e de-fenda que a sua mais-valia vem da notorie-dade conseguida e do "devolver à sociedade"

o investimento que nelas é feito. Mas háquem não tenha dúvidas de que passa poraqui o caminho para a sustentabilidade dosector.

"Quase todas as universidades perdem di-nheiro com as patentes. Os custos de man-ter este portefólio de patentes são muito ele-

vados", explica Caldas de Oliveira, especia-lista em empreendedorismo, inovação e

transferência de tecnologia do Instituto Su-

perior Técnico, situando averba em tornodos 70 mil euros por instituição. "De vez emquando há um jackpof, admite, dando o

exemplo da Universidade doWisconsin, querecebeu da Google 300 milhões de eurospelo algoritmo page rarcfcutilizado nos seus

motores de busca.E os os custos aumentam exponencial-

mente na área da biotecnologia, de que é

exemplo a empresa Cell2B, criada por umgrupo de antigos estudantes de doutora-mento do IST (ver artigo no início desta re-

portagem). "A biotecnologia é a eletrónica doséculo XXI. O mundo inteiro está a investirna área. Mas enquanto uma spin off- em-presa gerada a partir de uma universidade -pode lançar-se "com algumas dezenas demilhares de euros caso trabalhe na área dainformática, na biotecnologia o investimen-to inicial é da ordem do milhão de euros".

No geral, defende, "o papel das universi-dades é posicionarem-se numa fase embrio-nária do desenvolvimento da tecnologiapara depois as empresas a desenvolverem".Isto, diz, permite algum retorno para as ins-

tituições. Mas o principal ganho está na sua"visibilidade" e na "retribuição à sociedade".

Já na Universidade de Aveiro, por exem-plo, a investigação é encarada como algo quepode e deve dar retorno financeiro: "A uni-versidade tem de ter sustentabilidade", dizManuel António Assunção, reitor da UA. Se

háprojetos, como oAtlascare o comandosem pilhas, que ainda não têm retorno fi-nanceiro "mas em que há essencialmenteum aprofundamento do conhecimento,funcionando como projetos-bandeira, háoutros em que o retorno é substancial e hámais-valias financeiras". O reitor da UAadianta que "10% do orçamento da univer-sidade de Aveiro, aproximadamente dez mi-lhões de euros, provém diretamente da con-tratação por empresas de serviços, licencia-mentos, transferências de tecnologias,investigação aplicada". P.S.T.ej.c.

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