Ir. Paul- Hélène Saint- Raymond Petites Soeurs de L’Assomption · acordo com o FMI e o BIRD...

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“Você tem que começar a lutar contra a própria violência” Ir. Paul- Hélène Saint- Raymond Petites Soeurs de L’Assomption «Procurar a Glória de Deus pela Salvação dos pobres e dos pequenos, segundo o caminho de Encarnação seguido por Jesus, o Servo, o Enviado do Pai, que dá a vida para salvar os homens e para os congrega-los num povo.» (R.V.5) A irmã Paul- Hélène Saint- Raymond, nasceu em Paris no dia 24 de janeiro de 1927 em uma família profundamente cristã. Era a oitava de dez filhos. Após os seus estudos na Universidade da Sorbonne e uma breve experiência profissional (Bacharel em física e seu trabalho como engenheira em um laboratório de pesquisa industrial), entrou para a Congregação das Irmãzinhas da Assunção e fez profissão em 29 de Julho de 1954. Durante os seus primeiros anos de vida religiosa consagrada, foi sucessivamente enviada para a região parisiense em Creil, para a casa de formação na rua Morère, a fim de efetuar estudos de enfermeira, depois para o 11° bairro em Saint Ambroise e para a região de Rouen, em Petit Quevilly. Em 1963 nas Sources que Argel a recebe, permanecendo até o ano de 1973. Após uma curta estada em Tunes em 1974, recebeu seu envio missionário para Marrocos em 1975, em Casablanca. No ano de 1984 em Ksar el Boukhari e novamente para a Argélia no ano de 1988 em Argel (Belcourt). Nessa época, deu-se início ao trabalho missionário na biblioteca de Ben Cheneb na Casbah. Paul- Hélène, uma mulher portadora de Deus e através de gestos simples de serviço, amou com o coração livre e aberto, do qual consagrou sua vida, o SIM para sempre. Ela Anunciou a Vida, Missão, Morte e Ressureição de Jesus, Servo e Salvador na cultura mulçumana, no meio dos não cristãos. Corajosamente revelou a face amorosa de Deus Pai e Mãe em uma nação com intenso conflito de diferentes níveis e cenários. O pais da Argélia vivia em plena guerra civil, podemos perceber em fragmentos de cartas enviadas da irmã Paul- Hélène para sua família e ao Conselho geral da Congregação... «Deveis perguntar-vos, sem dúvida, o que vivemos aqui, e como o vivemos... ou melhor que podemos, sem dúvida? ... Os graves problemas são estes: ° Atentados, sabotagens nas cidades, constituição de verdadeiros grupos de resistência nas zonas montanhosas; parece que os grupos são distintos e autónomos... Mas a violência da repressão oposta à violência do terrorismo produzem rancores e ódios profundos que deixarão traços durante muito tempo.

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“Você tem que começar a lutar contra a própria violência” Ir. Paul- Hélène Saint- Raymond Petites Soeurs de L’Assomption «Procurar a Glória de Deus pela Salvação dos pobres e dos

pequenos, segundo o caminho de Encarnação seguido por Jesus, o Servo, o Enviado do Pai, que dá a vida para salvar os homens e para os congrega-los num povo.» (R.V.5)

A irmã Paul- Hélène Saint- Raymond, nasceu em Paris no dia 24 de janeiro de 1927 em uma família profundamente cristã. Era a oitava de dez filhos. Após os seus estudos na Universidade da Sorbonne e uma breve experiência profissional (Bacharel em física e seu trabalho como engenheira em um laboratório de pesquisa industrial), entrou para a Congregação das Irmãzinhas da Assunção e fez profissão em 29 de Julho de 1954. Durante os seus primeiros anos de vida religiosa consagrada, foi sucessivamente enviada para a região parisiense em Creil, para a casa de formação na rua Morère, a fim de efetuar estudos de enfermeira, depois para o 11° bairro em Saint Ambroise e para a região de Rouen, em Petit Quevilly. Em 1963 nas Sources que Argel a recebe, permanecendo até o ano de 1973. Após uma curta estada em Tunes em 1974, recebeu seu envio missionário para Marrocos em 1975, em Casablanca. No ano de 1984 em Ksar el Boukhari e novamente para a Argélia no ano de 1988 em Argel (Belcourt). Nessa época, deu-se início ao trabalho missionário na biblioteca de Ben Cheneb na Casbah. Paul- Hélène, uma mulher portadora de Deus e através de gestos simples de serviço, amou com o coração livre e aberto, do qual consagrou sua vida, o SIM para sempre. Ela Anunciou a Vida, Missão, Morte e Ressureição de Jesus, Servo e Salvador na cultura mulçumana, no meio dos não cristãos. Corajosamente revelou a face amorosa de Deus Pai e Mãe em uma nação com intenso conflito de diferentes níveis e cenários. O pais da Argélia vivia em plena guerra civil, podemos perceber em fragmentos de cartas enviadas da irmã Paul- Hélène para sua família e ao Conselho geral da Congregação... «Deveis perguntar-vos, sem dúvida, o que vivemos aqui, e como o vivemos... ou melhor que podemos, sem dúvida? ... Os graves problemas são estes: ° Atentados, sabotagens nas cidades, constituição de verdadeiros grupos de resistência nas zonas montanhosas; parece que os grupos são distintos e autónomos... Mas a violência da repressão oposta à violência do terrorismo produzem rancores e ódios profundos que deixarão traços durante muito tempo.

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° O clientelismo e a corrupção que originaram fortunas durante o regime precedente parecem intocáveis (um ministro da justiça, reputado competente e íntegro, que tinha tentado fazer algo durante o governo de Abdesselem, foi rapidamente destituído). Isto alimenta o terrorismo por reação... ou por alianças ocultas? (Quem está por detrás do assassinato de Boudiaf ? Dos economistas Liabès e Boukhobza, encarregados dum programa de análise e de prospectivas económicas...?) ° A situação económica e social não cessa de se deteriorar: inflação superior a 30%, salários bloqueados, desemprego que alastra, empresas completamente paradas (quando não são incendiadas): a política económica de Abdesselem (verão de 92 a verão de 93) era: austeridade-redução das importações; mas sem matérias primas nem peças de substituição, como «sanear» a gestão das empresas? Redha Melek tenta desde então reatar os contatos com as instâncias internacionais e as empresas estrangeiras. Mas, sempre «iminente», o acordo com o FMI e o BIRD parece que ainda não foi assinado: receio de explosão social? Receio de impopularidade em vésperas duma consulta política? Reticências por parte do FMI?... A baixa do preço do petróleo faz com que as entradas de divisas poderiam apenas cobrir o serviço da dívida... ° Quanto às empresas estrangeiras, o novo código dos investimentos pretendia ser «atrativo», mas a situação de segurança é o menos; a estratégia é clara: no Egito, os islamistas procuram «desestabilizar o governo» atacando-se aos turistas (o turismo é uma fonte de receitas capital); aqui, é preciso evitar que os países estrangeiros, e particularmente a Europa, coloquem o seu peso económico na batalha. As recentes medidas contra a imigração, a não-renovação dos títulos de residência aos militantes do FIS na Europa, têm também a ver, sem dúvida, com os ataques contra os estrangeiros... Quanto às estrangeiras casadas com Argelinos, elas também são visadas... Para compreender, reler Esdras e Neemias! E duma outra carta, escrita pouco antes da Páscoa: «... a situação não cessa de piorar. Se no verão passado falávamos de «guerra civil latente», atualmente devemos dizer «estamos em plena guerra civil». Os grupos de resistência nas regiões montanhosas, controlam as aldeias e os lugares da sua zona e impõem a sua lei, impiedosa e feroz; nas cidades, multiplicam-se os assassinatos, as extorsões, e as sabotagens atacam não importa onde, não importa quando, não importa o quê inclusive mulheres, velhos, adolescentes, as vezes crianças.

Vidas pelo Reino da Vida Paul-Hélène residia em Argel Belcourt, um bairro também popular, mas menos exposto que a Casbah, onde moravam as três irmãs da comunidade. “Chamados a viver nesta casa do Islã, estamos conscientes da precariedade de nossa missão e, portanto, da riqueza do dom de Deus para nós.” Ir. Paul-Hélène Na manhã do dia 8 de Maio 1994 ela saiu de casa normalmente; estava combinado que, caso houvesse agitação, ela dormiria na Casbah; desde há vários meses, para evitar demasiadas idas e vindas, Paul-Hélène trabalhava durante todo o dia de Domingo (num país onde a religião muçulmana é predominante o Domingo é um dia normal, ao passo que a Sexta-feira é dia feriado), e almoçava na Casbah (a 10 minutos da biblioteca Ben Cheneb). Foi, portanto o que

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ela fez naquele Domingo 8 de Maio; saiu da casa da Casbah cerca das 13:30, para ir abrir a biblioteca e ficar no pátio da entrada para receber os/as estudantes de liceu. Num canto tinha a sua mesinha e, numa outra mesa, as caixas de fichas à disposição dos alunos. Surgiram três homens e disseram: «Polícia!». Como devem ter pedido para ver o responsável, Paul-Hélène conduziu-os até ao escritório de Henri. Um dos homens sacou o seu revólver e apontou na nuca de Paul-Hélène que tombou para trás, fulminada. Quando chegaram ao local, as irmãs da comunidade «encontraram-na estendida no solo, os braços quase em cruz, muito serena, um ligeiro sorriso nos lábios», disse uma delas. Ouviu-se um segundo disparo, e Henri ficou prostrado. Muito provavelmente Henri voltou a levantar-se, foi abatido e caiu de bruços sobre a sua escrivaninha. A bala atravessou a cara a nível da maçã do rosto e foi alojar-se na parede. Um tal disparo só podia ser obra dum atirador experiente. Mensagem enviada por diferentes órgãos em solidariedade a triste notícia de assassinato de dois religiosos apaixonados pelo Reino de Deus e amor ao próximo: Comunicado da União das Organizações Islâmicas de França «Dois religiosos franceses foram assassinados por desconhecidos em Argel, no mesmo dia da manifestação que apelava ao diálogo e à reconciliação nacional. Este assassinato, que atingiu inocentes, é contrário a todos os princípios e constitui um grave ataque à imagem da Argélia. A União das Organizações Islâmicas de França (UOIF) condena vigorosamente este crime odioso, bem como todos os atos de violência cometidos em Argélia, e apela todos os beligerantes a terminar com esta onda de sangue que só arrasta o país até ao caos.»

Momento orante: Pai nosso, dos pobres marginalizados.

Pai nosso, dos mártires, dos torturados. Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida

Evangelho: João 20,19-31

Preces da comunidade: Em Cristo somos todos irmãos (Mt. 23,8)

Ó Deus de bondade, olhai para nosso mundo ferido que cai em seu próprio egoísmo e nos ajudai a reergues os fragilizados e esquecidos dessa terra. (Rezemos) Te clamamos, ajuda-nos a crescer no diálogo e no amor inter-religioso, que sejamos promotores da cultura de paz e do cuidado com vida. (Rezemos) Senhor despertai, vocações para a Congregação das Irmãzinhas da Assunção para que a exemplo de Paul-Hélène, sejam portadoras de vida e de esperança neste mundo sedento de Paz e Justiça. (Rezemos) “A paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.” Papa Francisco

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Irmã Paul-Hélène, Presente!

Prière Seigneur Dieu, notre Père, nous te louons pour la passion, la mort Et la résurreiction de ton Fils Jésus, Lui, le martyr par excellence, De qui vient le salut. Tu as voulu faire partager son martyre À nos frères et soeurs de l’Eglise d’Algérie: Henri et Paul-Hèlene, Caridad et Esther, Jean, Charles, Alain et Christian, Angèle-Marie et Bibiane, Odette, Christian, Luc, Christophe, Michel, Bruno, Célestin et Paul, Et ton évêque Pierre. Nous te prions, Père, pour que, Par leur intercession, Se renforcent le dialogue, le respect et l’amour Entre tes enfants chrétiens et musulmans. Bénis l’Algérie et son peuple, et nous rendrons gloire, dans la paix. Père, nous invoquons nos martyrs pour... (préciser la grâce à demander) Et toi, Marie, que tous ont aimée Et qui es vénérée dans la maison de l’Islam, Écoute notre prière et intercède auprès de ton Fils, Jésus, notre Seigneur. Amen.