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UNIVERSIDADE DE BRASILIA UnB UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UAB FACULDADE DE EDUCAO FE CURSO DE PEDAGOGIA A DISTNCIA

IRIS PINTO DE FARIA BUENO

PROFESSSORES: OS DESAFIOS DIRIOS DA PROFISSO

ALEXNIA GO FEVEREIRO - 2013

IRIS PINTO DE FARIA BUENO

PROFESSSORES: OS DESAFIOS DIRIOS DA PROFISSO

Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciado em Pedagogia, Comisso Examinadora da Faculdade de Educao da Universidade de Braslia, sob a orientao da professora Doutora Raquel de Almeida Moraes

ALEXNIA GO FEVEREIRO / 2013

IRIS PINTO DE FARIA BUENO

PROFESSSORES: OS DESAFIOS DIRIOS DA PROFISSO

Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciado em Pedagogia, Comisso Examinadora da Faculdade de Educao da Universidade de Braslia, sob a orientao da professora Raquel de Almeida Moraes

Comisso Examinadora:Comisso Examinadora: Prof. Dr. Raquel de Almeida Moraes Faculdade de Educao da Universidade de Braslia Prof. MS. Sonia Freitas Pacheco Pereira Faculdade de Educao da Universidade de Braslia Prof. MS. Andria Mello Lac Faculdade de Educao da Universidade de Braslia

Alexnia Go FEVEREIRO - 2013Dedicatria

Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre foram meus maiores incentivadores. Se cheguei at aqui porque eles confiaram em mim.

AGRADECIMENTOS

A minha famlia por suas demonstraes de amor, incentivos e confiana em minha capacidade. Aos meus amigos por estarem sempre ao meu lado em momentos bons ou ruins. Ao meu esposo e meus filhos por sua pacincia com meus destemperos e minhas ausncias, enquanto estudava, por horas e horas. A todas as instituies de ensino que contriburam para o aprimoramento da minha prtica. A professora Raquel de Almeida Moraes e tutora Andria Mello Lac, por suas orientaes para o desenvolvimento deste trabalho.

Toda ao humana, quer se torne positiva ou negativa, precisa depender de motivao. Dalai Lama

BUENO, Iris Pinto de Faria. Professor: Desafios dirios da profisso, Alexnia-GO, fevereiro de 2013. 57 pginas. Faculdade de Educao FE, Universidade de Braslia UnB. Trabalho de Concluso de Curso de Graduao em Pedagogia.

FE/UnB-UAB

Lista de Grficos

Lista de tabelas

Lista de Figuras

RESUMO

O presente trabalho teve como principal objetivo identificar as causas da falta de motivao da equipe docente da Unidade Escolar de Ensino Fundamental I(nome fictcio), localizada no municpio. O tema surgiu de uma necessidade detectada enquanto realizava o estgio obrigatrio nesta escola. A equipe de professores participante da pesquisa, diante de variadas situaes mostrou aptica, sem motivao e desestimulada. Resolvi ento identificar o que tem causado esse sentimento negativo e propor intervenes. Sendo a profisso docente to desvalorizada, existem muitos motivos que podem estar causando a desmotivao e autoestima baixa. A pesquisa apontou que os motivos que mais tem deixado os professores desmotivados, so salas numerosas, indisciplina dos alunos, falta de interesse dos alunos, baixo salrio, falta de apoio e descaso dos pais. Foi possvel constatar com essa pesquisa que os professores sentem-se pouco valorizados e desmotivados com os desafios que a profisso tem oferecido a eles. Atenta a essa situao a gesto da unidade escolar participante da pesquisa tem buscado formas de atenuar o problema da falta de motivao. Segundo os professores ela est sempre atenta ao problema e na medida do possvel desenvolve aes que atuam sobre essas dificuldades.

Palavras-chave: Motivao desmotivao; baixa-estima, autoestima;

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Sumrio

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APRESENTAO

Este trabalho encontra-se dividido em trs partes. A primeira parte constituda por um relato de minhas experincias educativas formais e no formais. Trata-se de um memorial onde coloco em palavras fatos significativos de minha trajetria at o presente momento. A segunda parte trata da investigao do que tem desmotivado a equipe de Professores da Escola de Ensino fundamental I que fica no municpio de Alexnia-Gois. A terceira e ltima parte diz respeito s minhas expectativas quanto ao futuro. onde fao um relato ou um plano daquilo que pretendo realizar depois que concluir minha graduao em pedagogia.

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PARTE I

MEMORIAL

TRAJETRIA EDUCACIONAL

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I Memorial

Trajetria Pessoal

Sou a primognita de uma famlia de quatro filhos, dois de sangue e dois de corao (adotivos). Meus pais so funcionrios pblicos da Prefeitura de Alexnia. Nasci no ano de 1980, aqui mesmo no municpio de Alexnia/Gois. Casada h 13 anos e tenho dois filhos: o Mateus que completar este ano 15 anos e o Andr Luiz de 8 anos. Venho de uma famlia muito humilde e batalhadora. Meus pais estudaram muito pouco, mas nem por isso deixaram me incentivar a estudar, pelo contrrio queriam que continuasse meus estudos para poder ter uma vida melhor.

Trajetria Escolar

Aos sete anos iniciei meus estudos no Colgio Estadual 13 de maio com a professora Bete Mendes. Porm no conclu o pr-escolar nesta escola. Minha famlia e eu fomos morar na cidade de Patrocnio, no estado de Minas Gerais onde fui matriculada na Escola Estadual Honorato Borges. L estudei at terminar a 4 srie. Era uma escola muito boa e tinha excelentes professores. Tenho lembranas muito boas dessa poca. Aos 11 anos retornamos para a cidade de Alexnia e a segunda fase de meus estudos foi no Colgio Estadual 13 de Maio. Foram anos muitos bons, exceto na 6 srie do ensino fundamental, pois enfrentei dificuldades srias em relao professora de matemtica. No conseguia compreender o que ela tentava ensinar,

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comecei ento a faltar as suas aulas e a consequncia disso foi que ao final do ano letivo fui reprovada. No ano seguinte, estudando com outro professor no tive mais problemas e superei a dificuldade enfrentada no ano anterior. Quando conclui a 8 srie, em 1996 eu fui morar em Braslia, na casa de uma tia. Comecei ento o ensino mdio em Ceilndia Distrito Federal, mas engravidei de meu primeiro filho. E apesar da gravidez no quis me casar, porque achava que aquele no era o momento. Mesmo sendo me aos 17 anos no larguei meus estudos, pois estava determinada a concluir o ensino mdio e cursar uma faculdade. Aqui em Alexnia no tinham muitas opes de estudo, e minha me achou melhor que eu estudasse no Colgio Nova Flrida. O colgio oferecia duas opes de curso tcnico. O curso tcnico de Magistrio e Tcnico em Administrao de Empresas. Optei pelo curso de Magistrio atendendo a um pedido de minha me. No incio no tinha muito interesse por ser professora, mas nem por isso eu desisti, pois sabia da dificuldade de minha me para pagar meus estudos nessa escola. E em 1999 conclui o magistrio. Logo que terminei o ensino mdio me casei, e infelizmente o sonho da faculdade ficou pra depois. Esse sonho ficou adormecido por quase 10 anos.

Trajetria de trabalho

Assim que conclui o magistrio recebi um convite da diretora da escola onde fiz magistrio para trabalhar como professora de alfabetizao. No incio fiquei relutante, mas como precisava trabalhar, resolvi aceitar. E assim comeou a nascer a paixo pela profisso. A diretora estava muito satisfeita com o meu trabalho. E para minha surpresa em 2002 ela me convidou para ser coordenadora numa outra unidade da escola. Como eu gosto de desafios resolvi aceitar. Trabalhei por um ano nesta

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escola como coordenadora Pedaggica, s sai porque a escola, devido a dificuldades financeiras, precisou fechar as portas. Entre 2003 e 2006 trabalhei na prefeitura Municipal de Alexnia, como professora de contrato temporrio no ensino fundamental de 1 ao 5 ano. A partir da no parei mais. Em 2006 fiz um concurso pblico e fui aprovada, e assim deixei de trabalhar como contrato temporrio e me tornei funcionria efetiva da educao. Fui convocada no incio do ano letivo de 2007.

. Fonte: Infocol Informtica e Concursos

Em 2007, lecionei para uma turma de 4 ano do ensino fundamental na Escola Municipal Irenize Laurindo de Souza. Este foi um ano muito difcil, pois a equipe gestora tinha dificuldades em saber ouvir, articular, respeitar e gerenciar a equipe. Dificuldade principalmente em relao coordenadora. Eu buscava fazer meu trabalho da melhor maneira possvel, mas no concordava com as atitudes da coordenadora em relao aos demais professores. E por esse motivo no ano seguinte pedi transferncia para outra escola. Em 2008 fui trabalhar na Escola Municipal Elizabete Bernardes Davi. Foi um ano de muita luta e aprendizado. A equipe era maravilhosa e juntos fomos construindo a escola. Digo construindo, porque a escola foi inaugurada neste ano e no contava com praticamente nenhum recurso pedaggico e a equipe da escola com muita disposio foi criando instrumentos para facilitar nosso trabalho.

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Em 2009, fui convidada para coordenar a Escola Municipal Maria Tereza Lopes de Souza. L trabalhei por 2 anos. Fui uma experincia muito boa e aprendi muito com todos os funcionrios com os quais trabalhei. Nesse perodo enfrentei um enorme desafio. Andava me sentido muito mal e com muitas dores. E ao realizar alguns exames foi diagnosticado um cncer no colo do tero. Foram alguns meses bem difceis de tratamento. Mas sou uma pessoa que sempre enfrenta as dificuldades de cabea erguida e com a doena no foi diferente. No me deixei desanimar e venci mais esse desafio com o poder e a graa de Deus. Em 2011, fui convidada pela Secretaria Municipal de Educao para trabalhar na Escola Municipal Onlia de Oliveira, tambm como coordenadora pedaggica. No incio tive medo de assumir a coordenao desta que a segunda maior escola do municpio, mas mesmo assim resolvi aceitar. E nestes dois anos de trabalho fui conquistando o respeito e a confiana da minha equipe de trabalho e principalmente da minha diretora. O reconhecimento do meu trabalho o melhor presente que poderia receber. E percebo que isto est acontecendo. No sei por quanto tempo ficarei nessa funo, mas tenho certeza que quando sair saberei que correspondi a confiana que em mim foi depositada.

O sonho da Universidade

Cursar uma universidade aqui no municpio era algo muito complicado, pois era necessrio seguir de nibus para uma cidade vizinha. A cidade fica h aproximadamente 70km do municpio de Alexnia, e como eu tinha uma famlia para cuidar e era complicado sair da cidade para estudar. Durante muito tempo esse sonho de fazer um curso superior ficou adormecido. Em 2005 a Universidade Estadual Vale do Acara abriu um polo aqui em Alexnia. O vestibular era para as reas de Licenciatura em Biologia, Letras,

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Qumica e Matemtica. Prestei ento o vestibular para Biologia e passei, mas no cheguei a cursar nem um semestre. Eu estava passando por dificuldades, pois tinha um beb ainda pequeno e meu esposo ficou desempregado o que impossibilitou que eu continuasse a pagar as mensalidades do curso. Porm durante todo esse tempo em que esperei a oportunidade de fazer a faculdade aparecer, no fiquei parada. Fiz diversos cursos dentro da rea educacional. Fiz ainda dois cursos de informtica e muitos outros, inclusive de cabeleireira. Mas em 2007, surgiu uma oportunidade de realizar sonho de finalmente fazer o curso superior. Neste ano foi criado em Alexnia o primeiro Polo da Universidade Aberta do Brasil. E a Universidade de Braslia abriu vagas para os cursos de Pedagogia e Letras. Fiz ento o vestibular e fui aprovada. Foram e ainda esto sendo anos muito difceis, pois estudar a distncia alm de ser um grande desafio, exige muita dedicao e disciplina. Durante este percurso tivemos excelentes tutores e professores, mas como toda regra tem exceo, tiveram tambm professores que pouco contriburam com esse processo de construo do conhecimento. No segundo semestre fiquei muito desestimulada, pois havia uma professora que achava que nos ramos mquinas e no se importava conosco. Esse perodo foi inclusive o que mais houve abandono por parte de colegas da UAB1. Muitos colegas desistiram por no conseguir acompanhar a disciplina. Certos professores se esquecem que apesar da mquina (o computador) ser o instrumento de aprendizagem, eles esto lidando com as pessoas que esto atrs dessas mquinas. E essas pessoas enfrentam dificuldades e certos professores no tinham esse olhar. Muitos colegas que iniciaram o curso foram ficando pelo caminho, pois no receberam o apoio necessrio para dar continuidade aos estudos. As disciplinas com as quais eu mais me identifiquei foram aquelas relacionadas gesto escolar. Acredito que pelo fato de j estar atuando como coordenadora na rea da gesto escolar eu tenha mais facilidade com essa rea.

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Algumas vezes estive a ponto de desistir, mas no me deixei abater e continuei. E estou cursando agora o ltimo semestre, e apesar das dificuldades de estudar a distncia gostei muito. Desde o incio do curso, sempre me dediquei bastante e espero concluir este curso com xito. Pois essa a realizao de um sonho, de um objetivo que esteve adormecido por muitos anos. As dificuldades enfrentadas durante o curso foram muitas. Mas o que mais deixou vrios dos colegas desestimulados foi o fato de serem usados como cobaias. Segundo o dicionrio cobaia significa: objeto de estudo em experincias. E ns por sermos a primeira turma a distncia da Universidade de Braslia pelo sistema da Universidade Aberta, ficamos sujeitos a experincias para se encontrar o melhor mtodo que se adequasse a nossa realidade. Nem todas as experincias deram certo, mas serviram de aprendizado. Quando as coisas se ajeitaram tudo ficou mais fcil. Outro ponto que deixou muitos alunos chateados foi a fato de nosso curso ter se estendido por tanto tempo. Iniciamos o curso em 2007 e j estamos em 2013, ou seja, so mais de 5 anos para concluir um curso de licenciatura. Isso deixa qualquer um desestimulado. Apesar de tudo foi muito bom chegar at aqui. Minha formatura ser a concretizao de um sonho e uma realizao para mim e minha famlia, pois eu serei a primeira pessoa de toda a famlia a concluir um curso superior.

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PARTE II

MONOGRAFIA

PROFESSORES DESAFIOS DIRIOS DA PROFISSO: AS CAUSAS DA FALTA DE MOTIVAO E BAIXAESTIMA

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II - Professores: os desafios dirios da profisso

Introduo

Neste trabalho, so apresentadas experincias concretas de minha vivncia como professora regente de uma escola da rede municipal em AlexniaGois. Diante das necessidades observadas, foi feita a pesquisa sobre o os motivos que tem levado os professores a sentirem-se desmotivados. Para isso os professores responderam a um questionrio no qual relataram sobre quais so esses motivos e expuseram sua opinio sobre esse problema. Se uma escola almeja promover um ensino de qualidade, ela precisa que seus funcionrios tenham motivao para o trabalho. Portanto preciso conhecer o que pode estar desmotivando os professores e provocando inclusive a diminuio da autoestima, sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo principal investigar o que tem deixado os professores da Escola de Ensino Fundamental I desmotivados. O professor um dos mais importantes atores sociais de uma escola. Ele no somente responsvel por transmitir conhecimentos, ele quem torna possvel o desenvolvimento do aluno de forma integral. Atravs de seus ensinamentos o professor leva o aluno a adquirir atitudes, desenvolver habilidades, desenvolver a capacidade de reflexo. Para LCK (2002, p. 28) :O professor a figura central na formao dos educandos. ele quem forma no aluno o gosto ou o desgosto pela escola, a motivao ou no pelos estudos; o entendimento da significncia ou insignificncia das reas e objetos de estudo; a percepo de sua capacidade de aprender, de seu valor como pessoa.

Para que isso seja possvel, preciso que o professor se sinta motivado e com autoestima. Portanto a pesquisa que se apresenta tem por objetivo principal investigar quais as causas da falta de motivao e da baixa autoestima na

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percepo dos professores da Escola de Ensino Fundamental I Centro Alexnia Go. Atravs de um questionrio e da literatura disponvel pretendo compreender as causas da baixa autoestima e falta de motivao dos professores. Apontar a relao entre a teoria e a prtica referente motivao dos professores. Compreender o significado e a utilidade da motivao no trabalho, para a autorrealizao profissional; Identificar segundo o ponto de vista dos professores como o gestor percebe a baixa autoestima e motivao docente. Ao longo do trabalho sero discutidas teorias que apontam dados sobre este problema. Tambm sero apontadas as causas dessa falta de motivao e o que tem sido feito pelo gestor sanar ou amenizar o problema. Este trabalho encontra-se dividido em trs captulos. primeira parte constituda por um relato de minhas experincias educativas formais e no formais. Trata-se de um memorial onde coloco em palavras fatos significativos de minha trajetria at o presente momento. A segunda parte trata da investigao dos motivos que tem desmotivado a equipe de Professores da Escola de Ensino fundamental I(Nome fictcio para preservar a identidade dos participantes da pesquisa) que fica no municpio de Alexnia-Gois. O primeiro captulo refere-se teoria pertinente a motivao docente e consequncias da desmotivao e baixa estima, para carreira do professor. O segundo captulo traz informaes sobre a situao motivacional da equipe de professores da Escola de Ensino fundamental I. No terceiro captulo so abordados os resultados da pesquisa e onde feito o dilogo com os estudos j realizados sobre este tema. A terceira e ltima parte diz respeito s minhas expectativas quanto ao futuro. onde fao um plano daquilo que pretendo realizar depois que concluir minha graduao em pedagogia.

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Captulo I Referencial Terico;

Reflexes sobre a motivao e autoestima dos professores

Sabe-se que uma escola depende muito de seus professores para alcanar seus objetivos, portanto buscarei analisar as causas da desmotivao dos professores, alm de amparar estes estudos na a literatura disponvel. Segundo Fiorelle (2004, p. 118), h a necessidade de uma nova conjetura na gesto das organizaes, onde a democracia e a participao possam desenvolver as competncias, mas tambm atender as necessidades dos seus funcionrios. A motivao importante em todos os setores da sociedade. E, ainda segundo Fiorelle (2004) a motivao dentro de qualquer organizao deve ser percebida a partir de um enfoque humanista, que enxerga seus colaboradores no como mais um recurso dotado de habilidades, capacidades, destrezas e conhecimentos necessrios, mas sim pessoas que tem uma personalidade prpria, seus desejos, suas aspiraes, valores, atitudes, objetivos prprios. E assim podemos concluir que preciso conhecer os motivos que tem levado os professores da Unidade Escolar de Ensino fundamental 1 de Alexnia Gois a se sentirem to desmotivados. De acordo com Ferreira 1999, o termo motivao significa Conjunto de fatores psicolgicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiolgica,

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intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivduo. A satisfao profissional est associada a vrios fatores entre eles bemestar mental, empenho, sucesso e realizao profissional. A existncia de motivao em algum pode ser feita a partir da observao do seu envolvimento em determinada atividade. O envolvimento, geralmente, vem acompanhado de sentimentos de interesse e prazer em se dedicar tarefa em questo. J a falta de motivao inferida pela observao de pouco ou nenhum envolvimento em uma tarefa. Essa relao e essas aes do professor podem fazer toda diferena tanto para o professor quanto para os alunos e a motivao poder fazer com que muitas dessas situaes tornem-se diferentes. A autoestima pode ser definida como o sentimento de valor que cada pessoa elabora acerca de si mesmo. Pode-se dizer ento que a autoestima o conceito que o indivduo tem dele prprio. Esse sentimento de valorao pode fazer com que a pessoa desenvolva suas atividades com dedicao. Geralmente as pessoas motivadas so movidas pelo desejo de alcanar os seus objetivos. A motivao descrita por Spector (2006, p. 98) da seguinte maneira:Ela tem a ver com a direo, intensidade e persistncia de um comportamento ao longo do tempo. A direo refere-se escolha de comportamentos especficos dentro de uma srie de comportamentos possveis; por exemplo, um funcionrio pode decidir ir ao trabalho em um determinado dia, em vez de ligar para a empresa dizendo estar doente e fazer alguma outra coisa, como assistir televiso, fazer compras ou ir visitar um amigo. A intensidade se refere ao esforo que uma pessoa empenha na realizao de uma tarefa. Se a um funcionrio dada a tarefa de varrer o cho, ele pode empenhar um grande esforo varrendo com fora e rapidamente ou no querer se esforar, varrendo vagarosamente. A persistncia diz respeito ao contnuo engajamento em um determinado tipo de comportamento ao longo do tempo. Os funcionrios podem fazer horas extras para concluir tarefas que estejam motivados a completar.

Lambrou (2004) afirma que a profisso docente est entre as trs profisses mais estressantes. Sabendo disso pode-se afirmar que devido a estas e outras dificuldades o professor est sujeito a ficar desmotivado e com a autoestima abalada. E a motivao tem influncia sobre o comportamento das pessoas, ou seja, faz que ela se comporte dessa ou daquela forma.

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Estas situaes podem causar problemas inclusive de sade nos professores. O stress um destes problemas. Segundo Lipp (1996, p. 20):O stress definido como uma reao do organismo, com componentes fsicos e/ou psicolgicos, causado pelas alteraes psicofisiolgicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situao que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faa imensamente feliz.

Esse sentimento desmotivador se deve a problemas reais aos quais os professores esto expostos diariamente. Alm de todos esses problemas a mudana no papel do professor representa tambm um fator que pode deix-lo desmotivado e consequentemente com a autoestima em baixa. Outro problema gerado pela baixa estima a depresso. A depresso um estado emocional de desnimo, cansao e desinteresse e tristeza. Ela capaz de comprometer o humor e os pensamentos de um indivduo e pode ser percebida pelos seus altos e baixos. Davidoff (2001, p. 553) define bem este problema: Todos nos sentimos tristes s vezes. A depresso, porm um estado intenso e persistente. Essa depresso ocorre em reposta aos estmulos negativos aos quais a pessoa esta exposta. Os professores ao serem submetidos a essas rotinas estressantes podem inevitavelmente desenvolver esse sentimento de desmotivao em relao ao trabalho docente. Um fator que tambm pode fazer com que o professor desenvolva o estresse, a depresso e diminuio da motivao o fato dele ter a necessidade de trabalhar praticamente em tempo integral, pois depois dar suas aulas precisa arrumar tempo ainda para preparar suas aulas, corrigir atividades e provas, alm de administrar a famlia, a casa e os afazeres domsticos. O professor que tem baixa estima sente-se desprestigiado por parte dos pais e familiares e at mesmo pela sociedade. E nos ltimos anos isto tem se tornado uma constante. Atualmente o professor est exposto a situaes novas em seu ambiente de trabalho e isso faz com que ele se sinta desiludido, desencantado e desmotivado com a profisso. A cobrana geral, pois sociedade, pais e escola depositaram no professor muitas responsabilidades inclusive a de educar e no s ensinar. Essa insatisfao pode causar problemas muito srios, assim como o faz se sentir

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impotente, com desejo inclusive de abandonar a profisso. Oliveira e Alves (2005) analisam que este mal estar traz srias repercusses na interao do professor com os alunos. Problemas dessa natureza que hoje fazem parte do cotidiano do professor interferem no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, pois entendemos que a satisfao e a motivao do professor para o trabalho tm consequncias diretas na sua produtividade e na qualidade do mesmo. Antes de partir para a anlise dos resultados importante entender a importncia da profisso docente e da questo motivacional. Ser professor exige compromisso, dedicao, responsabilidade, pois o professor responsvel pelo desenvolvimento intelectual do aluno. A profisso docente tem uma funo extremamente importante, pois tem a misso de formar nossos jovens para o futuro. Ser professor revelar o que o ser humano tem de melhor, seus desejos, suas aspiraes e tornando-o capaz de gerenciar ser conhecimento e sua forma de enxergar o mundo. E para que o professor consiga alcanar esse objetivo ele precisa estar motivado. Porm a profisso docente atualmente considerada como uma profisso muito desgastante. Lapo e Bueno (2003) em sua pesquisa constataram que a desmotivao docente causada por baixos salrios, precariedade das condies de trabalho, a insatisfao e o desprestgio profissional. Motivos no faltam para que cada vez mais professores se sintam desmotivados com a profisso. Porm imprescindvel que o professor esteja motivado e satisfeito com a profisso para que ele se sinta bem e principalmente para que o seu trabalho seja desenvolvido com qualidade. A desmotivao docente traz repercusses na interao do professor com os alunos, o que pode prejudicar a qualidade do servio prestado. Essa relao afetiva de motivao no caso do professor, essencial ao exerccio do seu trabalho, e est diretamente ligada ao atingimento de suas metas e objetivos. Percebe-se ento que a motivao do professor extremamente importante para o mesmo posso desenvolver com magnitude o seu trabalho.

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Captulo II - Metodologia

Pesquisa Qualitativa

Para desenvolver o trabalho de pesquisa optei pela abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa tem carter exploratrio e busca estimular seus entrevistados a exporem suas opinies sobre um determinado tema, conceito ou objeto. Segundo Ferreira (1999) essa abordagem tem como objetivo identificar a opinio dos indivduos sem a preocupao de transformar essas informaes em nmeros. Os dados obtidos com a pesquisa qualitativa so muito importantes para poder se entender melhor a ideia que o entrevistado tem sobre determinado assunto. Esse tipo de pesquisa possibilita estudar situaes que envolvem seres humanos e suas relaes sociais. O objeto de pesquisa pode ser mais bem compreendido no seu contexto, a pesquisa qualitativa permite essa compreenso de forma integrada. A abordagem qualitativa permite que o pesquisador tenha uma viso mais ampla do objeto estudado. As perguntas so feitas com o objetivo de chegar mais prximo do que o entrevistado pensa sobre o assunto pesquisado. A presente pesquisa pautou-se na abordagem qualitativa, a fim de conhecer melhor o pblico alvo, seu cotidiano e principalmente identificar as causas da falta de motivao dos professores participantes. Ou seja sua pretenso contribuir para esclarecer e compreender a problemtica levantado no objeto de pesquisa: que no caso a falta de motivao do professores. Na abordagem qualitativa o que se prope privilegiar a informao interpretativa sobre a realidade, que est centrada na construo

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de dados. Atravs dessa metodologia foi possvel aproximar a investigao, do objetivo central da pesquisa.

Procedimento Metodolgico: o questionrio

Um questionrio um conjunto de questes, utilizado para encontrar dados necessrios ao atingimento de objetivos e metas de um projeto ou pesquisa. Apesar disso ele um instrumento que contribui grandemente com a coleta de dados da pesquisa cientfica. Optei por este instrumento para recolher as informaes necessrias a minha investigao, pois atravs dele tive a oportunidade de abranger diversas questes que respondiam aos questionamentos do projeto de pesquisa. Ou seja, atravs dele foi possvel identificar os motivos que esto levando os professores a se sentirem desmotivados com a profisso. Outro fator facilitador que o questionrio no necessita de interao direta com professor envolvido na pesquisa. Alm da facilidade com que se interroga um elevado nmero de pessoas, num espao de tempo relativamente curto. A aplicao do questionrio possibilitou maior facilidade de sistematizao dos resultados, permitindo que pudesse analisar com maior facilidade e rapidez. Com o questionrio o respondente fica mais a vontade e ainda por cima no sofre influncias do pesquisador, podendo o mesmo comentar, explicar e esclarecer pontos significantes quanto ao assunto pesquisado. Sua funo a de obter informaes de maneira informal de uma pessoa ou grupo de pessoas, sobre um determinado fato, situao ou fenmeno. O questionrio uma ferramenta muito importante para o pesquisador, pois com ele possvel conhecer o pblico alvo e obter as informaes desejadas, sobre um determinado problema. As perguntas do questionrio diziam respeito idade, escolaridade e horrio de trabalho dos docentes, e as questes que serviram para investigar as causas de falta de motivao e baixa estima dos professores.

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O grupo de professores participantes da pesquisa composto totalmente por mulheres, com idades entre 30 e 46 anos. A maioria delas tem mais de 10 anos de exerccio do magistrio. A escola tem atualmente 16 professoras, 13 delas so efetivas e 3 so contratos temporrios. Das 16 professores 2 no possuem graduao tendo cursado apenas o magistrio, 12 delas so graduadas em Pedagogia, Educao Fsica, Matemtica, Lngua Portuguesa e 2 possuem ps-graduao em Psicopedagogia e Metodologia de Ensino. Os questionrios foram entregues diretamente a elas, por mim. Assim pude dar algumas instrues quanto ao preenchimento do mesmo. As 16 professoras da unidade escolar se dispuseram em participar da pesquisa. Todos devolveram os questionrios, apesar de alguns terem demorado um pouco mais.

A

utilizao

dos

Artigos

Especializados

(Artigos

Cientficos)

Optei por utilizar os artigos cientficos por que eles apresentam e discutem ideias que puderam amparar a minha pesquisa. Alm do mesmo renovar o conhecimento cientfico de forma mais rpida e eficaz. O artigo cientfico relata resultados de experincias O artigo cientfico um texto feito para com a finalidade de ser publicado em peridicos especializados. Seu principal objetivo comunicar dados de uma pesquisa experimental ou documental. Estes artigos so responsveis pela disseminao e compartilhamento e principalmente pelo aprimoramento do conhecimento cientfico. Estes artigos so fonte importante de conhecimento e podem servir como fonte de pesquisa para trabalhos acadmicos como o trabalho de concluso de curso (TCC) entre outros. Suas principais caractersticas so qualidade, atualidade e principalmente originalidade.

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Captulo III Anlise dos resultados

Iniciando a anlise dos resultados pelo regime de trabalho podemos verificar no grfico abaixo que 81% das professoras desta unidade escolar so funcionrias de com cargo efetivo. Veja:

Grfico 1: Regime de Trabalho

Grfico: - Organizao Iris Bueno 2013

Quanto carga horria pode-se verificar que maioria das professoras trabalha de 30 a 40 horas por semana. E todas elas so profissionais com cargo efetivo que buscam melhorar um pouco a renda mensal. A rea educacional depende do trabalho docente. O trabalho do professor manifestado por conhecimentos, ideias, conceitos, valores, atitudes, smbolos que

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interagem atravs das relaes pedaggicas responsveis por formar os futuros cidados. Porm toda essa carga de trabalho alm de estar prejudicando a questo emocional deste professor, podem ainda trazer prejuzos para a qualidade de vida e do trabalho do mesmo. Ao dedicar tanto tempo ao trabalho esse professor deixa de realizar atividades simples do dia a dia, que podem ser essenciais alm de amenizar o cansao extremo provocado por essa jornada to extensa. Grfico 2: Da formao Profissional

Grfico: . Organizao Iris Bueno 2013

A formao de 44% dos professores na rea de pedagogia e das que ainda no so pedagogas, boa parte demonstrou interesse em fazer uma segunda

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graduao nesta rea. Destas professoras graduadas, pelo ou menos metade j est fazendo ou querendo fazer ps-graduao. A questo da falta de formao acadmica com certeza no o que tem desmotivado essas profissionais. As professoras graduadas no esto satisfeitas com a sua situao de trabalho, principalmente com o retorno salarial. Que inclusive uma das causas apresentadas por elas como fator desmotivador. Dentre as causas apresentadas pelas professoras como desmotivadoras esto:

Tabela 1: Fatores DesmotivadoresFatores desmotivadores Modulao excedente (n de alunos excedentes) Indisciplina dos alunos; Falta de interesse dos alunos; Baixo Salrio Falta de apoio e descaso dos pais; Falta de materiais didticos Falta de apoio equipe de trabalho; Desrespeito dos alunos com os professores; Sobrecarga de atividades no trabalho. Falta de tempo para preparao das aulas; Espao fsico; Violncia Cobranas e Reclamaes de Superiores; Lei de aprovao automtica de alunos das sries iniciais;Tabela : Organizao Iris Bueno 2013

Quantidade vezes em que foi citado 12 11 10 10 9 6 5 4 4 3 2 2 1 1

As maiores queixas dos professores em relao s dificuldades enfrentadas por eles devido profisso so salas numerosas, indisciplina e desinteresse dos alunos, baixo salrio, falta de apoio e descaso dos pais, entre

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outros. O que explicado por Codo (2002) que esclarece que isso acontece em funo de uma presso sofrida pelo professor devido s mudanas no contexto educacional, alm do fato de sentir-se insatisfeito com falta de valorizao e reconhecimento profissional. Os professores foram questionados sobre quais os fatores causam a falta de motivao e baixa-estima. Das causas apresentadas acima as que mais desmotivam as professoras so respectivamente: salas numerosas, Indisciplina dos alunos; falta de interesse, baixo salrio e falta de apoio e descaso dos pais; Esses fatores correspondem a nada menos que 54% dos votos dados s causas enumeradas pelos professores para a falta de motivao. Esses dados foram apresentados espontaneamente pelos professores e enumerados numa escala do que mais desmotiva para o que menos desmotiva. Para as professoras o principal fator desmotivador superlotao das salas de aula. Segundo elas com as salas muito cheias o trabalho fica prejudicado. Na unidade escolar onde foi realizada a pesquisa esse problema enfrentado pela maior parte dos professores. Em salas onde cabem 25 alunos, por exemplo, estudam de 32 a 35 alunos. Como o professor pode desenvolver um bom trabalho numa sala onde ele no pode nem sequer andar por entre as carteiras dos alunos? Com a pratica da democratizao do ensino houve um aumento considervel no nmero de crianas nas escolas, mas a estrutura fsica da escola para receber estes alunos no acompanhou a essa demanda. A indisciplina dos alunos dentro da sala de aula outra dificuldade muito frequente e inquietante, pois est cada vez mais difcil para o professor encontrar uma medida que resolva ou, pelo menos, diminua a indisciplina, o que acaba depreciando a aula que o professor preparou e o andamento do processo de ensino e aprendizagem. Segundo elas a desmotivao em relao ao desinteresse e indisciplina dos alunos se d por que quando estes preparam as suas aulas tem a expectativa de que os alunos se dediquem na realizao das mesmas, mas essa expectativa no se confirma. E assim elas se sentem frustradas achando que seu trabalho est sendo em vo. E como sabemos a autoestima elevada notada nas pessoas que reconhecidamente tem suas aspiraes conquistadas, ou seja, quando percebem que seu trabalho reconhecido e valorizado.

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Os professores ainda enfrentam problemas srios com estudantes que no respeitam os professores, no obedecem a suas ordens, desafiam a sua autoridade, alm de brigarem uns com os outros. Essas so apenas algumas das situaes as quais os professores esto expostos diariamente. Como isso recorrente eles acabam deixando os professores desanimados e estressados. E assim o trabalho do professor acaba deixando de ser prazeroso. Segundo as autoras Oliveira e Alves (2005, p. 228):Os professores vm apresentando atitudes que tm origem na falta de recursos materiais e de condies de trabalho, acmulo de exigncias que levam sobrecarga, o encontro com uma prtica distante dos ideais pedaggicos assimilados durante o perodo de formao; estes so fatores que incidem diretamente sobre a ao docente, gerando tenses em sua prtica cotidiana e que no so apenas questes de cunho pessoal.

Os professores participantes da pesquisa relataram que atualmente tem sido muito complicado agir em relao aos alunos, pois seus deveres ultrapassam o ato de ensinar. Hoje eles esto tendo que educar seus alunos, uma educao que deveria vir de casa antigamente era dos pais a funo de transmitir valores morais, bons hbitos e atitudes as crianas, mas infelizmente no isso o que vem acontecendo. E no s isso, um professor estuda para dar aulas, mas hoje ele se v obrigado muitas vezes a exercer funes diversas, entre elas, assistente social, psiclogo, enfermeiro, pai, me, e muitas outras. Para Oliveira (2004, p.132): Tais exigncias contribuem para um sentimento de desprofissionalizao, de perda de identidade profissional, da constatao de que ensinar s vezes no o mais importante. Quando aluno e professores estabelecem uma relao de cooperao e o aluno assume suas responsabilidades e participa das aulas facilita muito o trabalho do professor, mas como citado pelos professores na pesquisa o desinteresse e indisciplina dos alunos est entre os problemas que mais causam desmotivao. Sendo assim o professor por sua vez fica desestimulado a se esforar buscando novos mtodos e atividades para tornar suas aulas mais atraentes. Ele no se sente estimulado a dar o melhor de si pra ensinar seus alunos.

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Como se no bastasse as dificuldades com os alunos o professor hoje, apesar de ser responsvel pela formao das mais variadas profisses, tem sua profisso desvalorizada. Quando percebe que seu trabalho no est dando resultados se sente desprestigiado e com a autoestima l em baixo. Problema que pode ser agravado pela desvalorizao que a profisso vem sofrendo. Mesmo com tantas responsabilidades e dificuldades os profissionais da educao ainda no tm uma compensao financeira digna e muito menos valorizado pela sociedade. A questo salarial no fator principal para desmotivao dos professores participantes da pesquisa, mas aparece com 10 votos o que corresponde a 62,5% do total de professores. Muitas vezes esse professor se v obrigado a trabalhar dobrado para poder garantir um salrio um pouco melhor. Como vimos mais acima quase metade dos professores da unidade escolar participante da pesquisa trabalha mais de trinta horas semanal. Com isso este professor muitas vezes no tem tempo para se divertir e com a grande carga de trabalho ele se sente cansado e muitas vezes desanimado. O que pode acabar gerando a queda da autoestima. Os professores, assim como outros trabalhadores tem ocupado a maior parte de suas vidas com o trabalho. Geralmente devido a essas grandes jornadas de trabalho, esse professor no tem tempo para descansar, pois muitas vezes depois que ele deixa sua obrigao na sala de aula, precisa dispender tempo para a realizao de atividades como planejamento, elaborao de atividades entre outras atividades, alm de estender sua jornada com os afazeres domsticos. Com tantos afazeres esse professor acaba exigindo muito de si mesmo, que pode fazer com que ele se sinta cansado, estressado, desanimado. O estresse ocupacional ocorre quando h a percepo, por parte do trabalhador, da sua incapacidade para realizar as tarefas solicitadas, o que provoca sofrimento, malestar e um sentimento de incapacidade para enfrent-las. Uma grande maioria dos professores se queixa do trabalho, dizendo que ele cansativo, desvalorizado, frustrante. Alm de ter que trabalhar em jornadas extensas o professor tem hoje uma sobrecarga de atividades em seu trabalho. Cada vez que um problema afeta a sociedade criam-se leis que obrigam o professor a trabalhar tal tema, por exemplo:

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as drogas. Se h incidncia desse problema na cidade o tema levado a sala de aula para que o professor, o santo professor em suas aulas consiga fazer milagres e solucionar esse e muitos outros problemas pelos quais a sociedade vem passando. Ensinar por si s uma atividade muito estressante e aliada aos outros pontos j apresentados como desinteresse dos alunos, indisciplina, salrio baixo ainda tem a questo da superlotao das salas. Lipp (2002), tambm refora que a jornada de trabalho do professor, e extremamente estressante, pois o trabalho docente no se limita ao ambiente escolar, alm do professor ter ainda que realizar outras atividades aps o seu perodo de trabalho na escola. Cada funcionrio da escola deve saber que a equipe est ali, disposta a ajud-lo no que for necessrio. Quando questionados sobre se sentirem motivados em relao a sua atuao como professores mais da metade dos professores demonstrou se sentir pouco motivada ou desmotivada. Observe estes dados no grfico a seguir:

Grfico 3: Motivao quanto a atuao como professor

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Grfico: . Organizao: Iris Bueno 2013

O grfico mostra nmeros bem relevantes sobre a motivao dos professores da unidade escolar pesquisada. Como podemos perceber 62% dos professores esto pouco motivados ou desmotivados. Antes de analisarmos essa situao veremos o conceito de motivao e desmotivao. Quando falamos de motivao pensamos logo em: felicidade, alegria, entusiasmo, paixo, amor pelo que faz, entre outras. Quando uma pessoa motivada geralmente ela mais feliz e realiza suas atividades como mais disposio e alegria. A motivao um fator que implica nas relaes de uma pessoa com outras pessoas, com o trabalho e com ela mesma. Se uma pessoa no se sente motivada ela no procurar reconhecimento pessoal e status. E consequentemente tambm no ir transmitir essa motivao dentro de sala de aula, o que pode comprometer ainda mais o desempenho de seu trabalho. Para LCK (2002, p.46)[...]a motivao o empurro ou a alavanca que estimula as pessoas a agirem e a se superarem. A motivao a chave que abre a porta para o desempenho com qualidade em qualquer situao, tanto no trabalho, como em atividades de lazer e, tambm em atividades pessoais e sociais.

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Davidoff (2001) trago a questo da motivao enquanto necessidade, impulsos e instintos, tudo isso so denominados constructos, ou seja, um tipo de necessidade que nosso corpo, mente tem. Como por exemplo, a sede, no tem como toc-la, ouvi-la, mas sentimos. Quanto aos sintomas fsicos que podem comprometer a sua motivao as causas mais indicadas pelos professores foram dor de cabea, dor nas pernas, cansao, dor nas costas, problemas de garganta, dos nos braos, rouquido, insnia, entre outros. Veja: Grfico 4: Do desconforto Fsico

Grfico: : Organizao Iris Bueno 2013

Esses problemas informados pelos professores so causados pelo grande esforo feito pelos mesmos durantes suas aulas. A dor de cabea, por exemplo, apontada pelos professores como um dos principais problemas fsicos enquanto esto na sala de aula. A justificativa dos mesmos para esse problema que os alunos tem se tornado cada vez mais indisciplinados e tem sido cada vez mais difcil reverter essa situao. Segundo eles

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no existe mais respeito pelo professor, eles vo para escola achando que podem fazer tudo o que quiserem, no h mais limite para as atitudes dos alunos. O cansao, a dor nos braos, costas e pernas, insnia, rouquido, presso alta e outros resultado do grande esforo feito pelos professores para conseguir atender a todas as exigncias feitas pela escola e pelo esforo feito para conseguir cumprir com a sua jornada de trabalho intensa, muitas vezes em jornadas duplas ou triplas de trabalho. No caso da escola em questo os professores alegaram que a estrutura fsica da escola tambm no contribui, pois trabalham em salas bastante quentes e sem praticamente nenhuma ventilao. Relataram que muitas vezes quando terminam as aulas elas esto exaustas. Para verificar se os entrevistados viam sua profisso como uma fonte de desmotivao, eles foram questionados sobre os sintomas emocionais apresentados em relao a sua profisso. Dentre os fatores emocionais indicados pelos professores esto os seguintes: ansiedade, exausto, desgosto frustao, insatisfao, estresse, irritabilidade, desinteresse, desnimo. Veja: Grfico 5: Fatores emocionais desmotivares

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Grfico: . Organizao Iris Bueno, 2013

Quanto aos fatores emocionais apresentados pelos professores diante da profisso a causa mais apresentada foi ansiedade sendo indicada por 87% dos professores, seguida pelo desgosto, desnimo e estresse ambos com 62% das indicaes. Esses dados confirmam que os professores esto se sentindo cada vez mais desmotivados com a profisso. Em resumo pode-se dizer que a realidade atual do ensino no tem dado muitas possibilidades para que o professor se sinta motivado e com autoestima elevada. Fiorelle (2004) ressalta que para o indivduo torna-se motivado para o trabalho suas atividades dirias necessitam ser enriquecidas com um toque de desafio: onde ele possa perceber sua capacidade, reconhecer o produto do seu trabalho e valoriz-lo, perceber que seu trabalho importante tambm para as outras pessoas. Os dados apresentados nessa pesquisa mostram que os professores dessa unidade merecem mais ateno. A escola necessita de professores motivados, pois ele um dos principais responsveis pelo ensino de muitas crianas. Se essa situao no mudar as consequncias para a prtica desse professor na sala de aula podero ser muito srias.

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Para Spector (2002) a motivao um estado interior que induz uma pessoa assumir determinados tipos de comportamentos. Um indivduo motivado demonstra o desejo de estar sempre se superando e buscando desafios, ele sempre est em busca de seus objetivos e metas. No menos importante nesse panorama de desmotivao dos

professores est o gestor. A funo do gestor escolar hoje no se resume em cumprir e se fazer cumprir a legislao educacional. O gestor hoje precisa adotar uma postura democrtica, buscando sempre aes que primem pelo sucesso dos trabalhos desenvolvidos pela escola. Afinal o sucesso de sua instituio escolar depende muito de sua liderana. O gestor deve ser capaz de liderar sua equipe, desenvolvendo aes capazes de lev-los a desenvolver com sucesso todos os projetos desenvolvidos pela escola. Um gestor consciente deve reconhecer que precisa dar ateno a sua equipe. E principalmente buscar formas de mant-los motivados com a profisso. Quando o profissional motivado tornam-se felizes, seguros e capazes de desenvolver da melhor forma o seu trabalho. Fiorelli (2004) afirma que motivao uma fora, uma energia que nos impulsiona na direo de alguma coisa que nasce de nossas necessidades interiores. O gestor pode motivar sua equipe dando credibilidade s suas opinies, valorizando sugestes, observando as atitudes, dando oportunidades de acessibilidade, sendo prestativo sempre que possvel. Essa atitude poder promover uma relao de respeito e consequentemente o profissional se sentir valorizado. O respeito autonomia e dignidade de cada um um imperativo tico e no um favor que podemos ou no conceder uns aos outros. Paulo Freire. O gestor democrtico d oportunidade aos seus professores e tambm aos outros funcionrios de participarem e de serem ouvidos, muitas vezes as situaes de desestmulo e estresse podem ser causados pela falta de relao de respeito em relao gesto escolar. A profisso docente no tem sido nada fcil, ele sufocado por cobranas internas da escola, por cobranas externas. E para amenizar esse clima o gestor

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precisa estar sempre atento s dificuldades que podem estar levando os professores a se sentirem desmotivados. A situao pode ser melhorada se o gestor promover reunies, seminrios de discusso para que os professores possam estar trocando ideias sobre as dificuldades enfrentadas e de como elas podem ser sanadas. Lambrou (2004) diz que estudos realizados sobre a profisso de professor, dizem que a mesma est em terceiro lugar no ranking das profisses estressantes. O gestor deve estar sempre atento ao nvel motivacional de seus professores, pois mostrar que ele est comprometido com eles. Afinal o gestor o responsvel pela sobrevivncia da escola, e ele nada poder fazer se no tiver uma equipe comprometida e motivada. A verdadeira motivao consiste manter o professor inspirado, e disposto a executar da melhor maneira o seu trabalho. Aes simples como elogios, desafios podem fazer toda a diferena na motivao dos docentes, pois faz eles se sentirem valorizados. Segundo Luck (1998 s.p):Em uma escola, a baixa motivao de um professor pode ser consequncia de vrios fatores como por exemplo: da insatisfao com as condies ruins de trabalho; de algum problema pessoal; de uma situao especifica associada ao trabalho, tal como um grupo de estudantes particularmente difcil de lidar; do estresse resultante de muitos anos de trabalho em situaes de muita exigncia; do cansao devido a falta de variedade de novos desafios; da insatisfao com salrios e benefcios; ou ainda, da desmoralizao sofrida pelo fato da escola estar vivendo dificuldades financeiras e desassistida pela sociedade.

importante perceber as necessidades dos professores, pois eles so essenciais para o sucesso ou fracasso da escola. necessrio haver na escola o compromisso da gesto com a situao do professor e dentro de suas possibilidades buscar alternativas para melhorar ou mesmo sanar o problema que pode estar causando a desmotivao dos mesmos. Sabe-se que as dificuldades so muitas, mas no se pode fechar os olhos para essa realidade. Os professores quando questionados sobre a atuao da gestora sobre o problema da falta de motivao, disseram que a gestora tem na medida do possvel buscado realizar aes para amenizar as causas da falta de motivao dos

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docentes. Porm como podemos constatar na pesquisa muitas das causas apresentadas no dependem exclusivamente do gestor. Segundo eles a gestora tem tentado discutir ideias e projetos desenvolvidos pela escola, assim como o projeto poltico pedaggico, regimento escolar, assim como outras decises importantes da escola. E assim que a gestora pode estar criando o hbito de motivar sua equipe. Incentivando a iniciativa, planejando os rumos da escola e assegurando o bom andamento da mesma. Mas no s incentivar o professor, o gestor precisa reconhecer o trabalho desenvolvido pelo seu grupo e esforo de cada um para isso. O reconhecimento pode torn-los profissionais mais felizes e consequentemente mais motivados. A motivao uma fonte de energia, que recarrega nossas foras. um estmulo a motivao. Quando esto motivados os profissionais constroem uma carreira slida e esto sempre dispostos a renovar suas prticas, a se dedicarem aos estudos, a formao continuada. Estes profissionais tambm promovem um ensino de melhor qualidade aos seus alunos. Durante a anlise dos dados encontrados no questionrio, foi possvel perceber, que os professores acham importante que gestor se preocupe com seus colaboradores. Os professores afirmaram que dentro do possvel a gestora busca ajudar a cada um individualmente. Uma das professoras ressaltou ela procura ajudar sim, pois estamos juntos no mesmo barco. Segundo alguns professores a gestora sempre que pode realiza momentos onde eles possam se reunir e conversar sobre as suas dificuldades. Quando o gestor realiza reunies com os seus professores e expe com clareza quais so os objetivos e metas a serem alcanados cria uma relao de confiana que possibilita uma boa chance desses objetivos se concretizem. Na escola o gestor precisa inventar e criar maneiras de valorizar seus colaboradores, pois s assim estes vo perceber que seu trabalho significativo. Atravs desta postura, gestor e professores trabalharo de forma colaborativa. Um fato me chamou a ateno 4 dos 16 professores no quiseram se pronunciar sobre a atuao do gestor. E so justamente os professores que mais se

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apresentaram desmotivados. Mas no geral os docentes tem percebido o esforo da gesto para melhorar a questo da motivao deles. Para Fiorelle (2004) a motivao uma fora, uma energia que nos impulsiona na direo de alguma coisa que nasce de nossas necessidades interiores. Cabe ento a gestor descobrir como tornar sua equipe de professores mais motivada, pois quando esto motivadas tornam-se mais produtivas, alm de transmitir essa motivao para os seus alunos. Mas alm de despertar essa motivao preciso que se encontrem meios tambm de mant-la.

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Consideraes Finais

Quando um professor escolhe permanecer na profisso docente ele realmente ainda acredita no seu trabalho mesmo com problemas como baixos salrios, condies precrias de trabalho, indisciplina e desinteresse dos alunos, falta de motivao, entre outros.

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Sendo a profisso docente to desvalorizada, existem muitos motivos que podem estar causando a desmotivao e autoestima baixa. Foi possvel constatar com essa pesquisa que os professores sentem-se pouco valorizados e desmotivados com os desafios que a profisso tem oferecido a eles. As dificuldades so muito variadas. Porm foi possvel perceber atravs da pesquisa que apesar de apresentarem-se desmotivados poucos professores pensam em deixar a profisso. A maioria deles pretende continuar nas salas de aula. Os professores demonstraram gostar daquilo que fazem, porm fatores como insatisfao salarial, indisciplina do alunado, doenas decorrentes da profisso e carga horria semanal excessiva, so fatores que infelizmente contribui para que eles se sintam desmotivados com a profisso. E para reverter essa falta de motivao e melhorar a autoestima do professor, entra o gestor que precisa encontrar formas de garantir a motivao e melhoria da autoestima de cada um deles. O primeiro passo para que isso ocorra mostrar que confia no trabalho deste professor e respeita sua opinio. Ao construir uma relao de respeito com o professor, o gestor ter mais oportunidade de contornar problemas que surgirem nessa relao de trabalho.

REFERENCIAS:

ANDREWS, Susan. O Stress a seu Favor: como gerenciar sua vida em tempos de crise. So Paulo: Editora gora, 2003.

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BELLO, Jos Luiz de Paiva. Metodologia Cientfica. Rio de Janeiro:Pedagogia em foco,. Disponvel em: < http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm >. Acesso em 21/02/2013 BRAZ, Juliana Silva, FO, Eliana Alves. O Estresse e a profisso do Professor : a avaliao da existncia da sndrome de burnout em professores da Estcio de S de Ourinhos. Disponvel em: