IRMÃOS LEIGOS - franciscanos.org.br fileEspírito Santo: Regional se reúne na Penha.....210 1º...

56
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL | ABRIL - 2015 | ANO LXII • N o 04 | O POVO NAS RUAS ... Por Frei Bruno IRMÃOS LEIGOS ... Por uma Fraternidade de Menores

Transcript of IRMÃOS LEIGOS - franciscanos.org.br fileEspírito Santo: Regional se reúne na Penha.....210 1º...

Província Franciscana da imaculada conceição do Brasil | ABRIL - 2015 | ANO LXII • No 04 |

O POVO NAS RUAS... Por Frei Bruno

IRMÃOS LEIGOS... Por uma Fraternidade de Menores

Província Franciscana da imaculada conceição do BrasilRua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | Caixa Postal 57.073 - 04089-970 | São Paulo - SP

www.franciscanos.org.br | [email protected]

Sumário

Mensagem do Ministro Provincial Por ocasião da Páscoa ............................................................................................................................................................183

FORMAÇÃO PERMANENTE “A ação no social como expressão evangelizadora: A Igreja samaritana”, texto de Frei José Francisco de C. dos Santos ....................................................................................................186

SAV SAV-RJ: Vocacionados fazem encontro fraterno ...............................................................................................189 Ordenação diaconal de Frei Douglas Paulo Machado .................................................................................190 SAV faz a sua Assembleia anual ......................................................................................................................................192 Baixada Fluminense: 1ª Caminhada Franciscana da Juventude...........................................................194

Formação e Estudos ITF: Palestra aborda relação professor-aluno ........................................................................................................196 Cursos de Extensão no ITF .................................................................................................................................................197

FRATERNIDADES 25ª Romaria Frei Bruno: a força do testemunho ...............................................................................................198 Xaxim “troca” de Padroeiro ..................................................................................................................................................204 Festa de Nossa Senhora da Penha ...............................................................................................................................206 Encontro do Regional de Agudos ................................................................................................................................208 Encontro do Regional do Vale do Paraíba ..............................................................................................................209 Encontro do Regional do Vale do Itajaí ....................................................................................................................209 Espírito Santo: Regional se reúne na Penha..........................................................................................................210 1º Encontro do Regional Rio-Baixada ........................................................................................................................211 Paróquia Santo Antônio de Bauru celebra 60 anos ........................................................................................212 Florianópolis: Igreja Santo Antônio ganha novo telhado ..........................................................................214 Encontro de Irmãos Leigos em Agudos: por uma Fraternidade de Menores ...........................215 Quaresma: retiros na Paróquia Santa Clara de Assis .......................................................................................218

CAPÍTULO PROVINCIAL Decreto de abertura do processo de preparação do Capítulo Provincial ....................................220 1º Encontro da Comissão Preparatória do Capítulo .......................................................................................221

EVANGELIZAÇÃO Sefras: solidariedade sem fronteiras ............................................................................................................................222 Notícias do Sefras SP ...............................................................................................................................................................224 Canarinhos: o desafio da popularização da música clássica no Brasil .............................................225

FIMDA África: o início de tudo ...........................................................................................................................................................226 Entrevista com Frei Miguel da Cruz .............................................................................................................................227 Irmãs Clarissas têm nova abadessa .............................................................................................................................230

OFS Conselho Nacional começa a preparar o Jubileu dos 800 anos da OFS .......................................232 Fraternidade Nossa Senhora Aparecida elege novo Conselho.............................................................232

FALECIMENTO Falece Irmã Maria José ...........................................................................................................................................................233 Aos 81 anos, falece Frei Orlando Bernardi ..............................................................................................................234

AGENDA ..................................................................................................................................................................................236

| Comunicações | Abril 2015 | 183

Mensagem

Caríssimos confrades, irmãs e irmãos,Feliz e abençoada Páscoa!

mensagem pascal que compartilho com você, ca-ríssimo leitor e leitora das

nossas ‘Comunicações’, está foca-da na meditação de São Francisco de Assis sobre o mistério da mor-te e ressurreição de Cristo, assim como a encontramos no 6º Salmo que ele compôs para ser recitado na hora Noa do ‘Ofício da Paixão do Senhor’ (OP). Neste e nos de-mais salmos do Ofício da Paixão, Francisco recolhe diversos versí-culos do Livro dos Salmos como se fossem ‘pedras preciosas’ para

recompor um ‘novo’ salmo. E as-sim cada um destes salmos a nós se apresenta na forma de um mo-saico cristológico, reflexo do co-ração daquele que “não era surdo ao Evangelho, antes guardava tudo louvavelmente na memória e tra-tava de executá-lo à risca” (1Cel 22).

Neste 6º Salmo, com ‘brevida-de de palavras’ e frase concisa, o ‘amante de Cristo’ assim visualiza, medita e contempla o mistério da morte e ressurreição do Senhor: “Eu dormi e ressuscitei, e meu Pai santíssimo me recebeu com gló-ria” (Salmo 6,11). É a mesma fé que a tradição da Igreja nos ensi-nou a proclamar: Creio que Jesus

“foi crucificado, morto e sepulta-do. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus”.

Da meditação dos 15 salmos compilados por Francisco de As-sis no ‘Ofício da Paixão do Senhor’, apropriados para as sete horas canônicas e os principais tempos litúrgicos da Igreja, emerge a se-guinte pergunta: Quem é o ‘sujeito orante’ nestes salmos? Com muita evidência se constata que o oran-te de cada salmo não é uma única pessoa, e sim duas pessoas amadas que se fundem numa única prece de súplica e ação de graças. De um lado está o Filho de Deus que ora e clama ao Pai Santíssimo e que se

“Eu dormi e ressuscitei, e meuPai santíssimo me recebeu com glória”

| Comunicações | Abril 2015 |184

faz ouvir pela boca de São Fran-cisco; do outro lado está Francis-co de Assis, totalmente recolhido e compenetrado no coração de Cristo, para ouvir e compartilhar dos mesmos sentimentos de Nos-so Senhor Jesus Cristo.

Esta união entre amante e Amado encontra eco e evidência nas ‘duas graças’ que o Santo de Assis pediu ao Senhor no Monte Alverne, como podemos constatar na narrativa da ‘Terceira Conside-ração sobre os Sacrossantos Estig-mas’: “A primeira graça é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que sinta no meu co-ração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”.

1. “Dormi e ressuscitei” (OP VI, 11.a) - “Posso deitar-me, dormir e despertar, pois o Senhor me ampara” (Sl 3,6).

O ‘mosaico’ do 6º Salmo do Ofício da Paixão do Senhor, em primeiro lugar, focaliza o Cru-cificado no Calvário, totalmen-te abandonado na sua solidão e profunda dor, como podemos constatar nestas expressões: vós que passais pelo caminho, considerai e vede se há dor igual à minha dor; transpassaram-me as mãos e os pés, contaram todos os meus ossos; meu coração tornou-se como cera, a derreter-se nas minhas entranhas; meu vigor ressecou-se como barro queimado; por comida me deram fel e vinagre para matar a minha sede; reduziram-me ao pó da morte.

Assim como o salmista bíbli-

co confia na presença de um Deus salvador que atua em favor do in-defeso, aniquilado e oprimido por aqueles que se baseiam na ausência de Deus (Cf. Sl 3), Francisco de As-sis medita a morte de Cristo como um adormecer, fruto e consequên-cia de uma conspiração humana e da dolorosa experiência de quem se sente abandonado pelo próprio Pai. Porém, se anteriormente (Salmos I-V do OP) o indefeso invocou e clamou pelo auxílio e a salvação do Santíssimo Pai, se diante Dele ex-pôs toda a sua vida, se em cada si-tuação da via dolorosa gritou “vin-de em meu auxílio”, é evidente que o Pai Santíssimo não se ausentaria da vida do Filho que ‘adormeceu’ de paixão e de amor no lenho da cruz redentora. Quão triste e deses-peradora seria a morte se ela fosse a manifestação de um derradeiro adormecer, sem a perspectiva da eternidade do Deus da vida!

Por outro lado, na perspectiva da fé no Cristo Ressuscitado, a ir-mã-morte nada mais é do que um adormecer dentro de uma noite tranquila. A morte de todo o ser-vo/a de Deus se transforma num repouso tranquilo, da forma como clama o orante bíblico: “Se calmo, invocando o Senhor, ele me res-ponde do Monte Santo, posso dei-tar-me, dormir e despertar, pois é o Senhor que me ampara” (Sl 3, 5-6).

2. “E meu Pai santíssimo me recebeu com glória” (OP VI, 11b) - “E no fim me arrebatarás para a glória” (Sl 72,24).

Francisco, nesta rápida passa-gem da morte para a vida (ador-mecer, ressuscitar e ser recebido pelo Pai na glória), contempla a Ressurreição de Cristo a partir da sua meditação e recitação do Sal-mo 72, “salmo que se constitui no

ponto culminante dos conheci-mentos de Israel sobre a vida pós morte” (comentário da Bíblia Vo-zes). E tudo isso faz sentido por-que, anteriormente, o Orante por excelência confiou sua vida nas mãos do Pai santíssimo.

Vejamos em primeiro lugar al-gumas expressões de confiança do salmista bíblico: “Eu sempre estou contigo, tu me seguras pela mão di-reita; Tu me guias segundo os teus desígnios, e no fim me arrebatarás para a glória. Se tu, a quem eu te-nho no céu, estás comigo, nada mais desejo na terra. Embora a car-ne e o coração se extingam, Deus é a rocha do meu coração... Minha felicidade, ó Deus, é estar junto de ti, e fazer de ti, Senhor Deus, meu refúgio, para narrar todos os teus grandes feitos” (c. Sl 72,23-28).

E agora, em segundo lugar, a oração de São Francisco: “Eu dor-mi e ressuscitei, e meu Pai Santís-simo me recebeu com glória. Pai santo, tomastes minha mão direita e em vossa vontade me conduzis-tes e me acolhestes com glória” (OP Sl 6º, 11-12).

Volto-me agora à ilustração inicial desta mensagem pascal, isto é, à parte superior do ícone do Crucifixo de São Damião onde, do alto, a mão direita do Pai abençoa a glória do Filho, já não mais des-pido na Cruz, mas revestido com as novas vestes da ressurreição e acolhido como sacerdote-pastor que tem como cajado (ou cetro) a cruz. E ainda, assim os anjos na noite da encarnação do Filho de Deus cantaram aos pastores nos campos de Belém a “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos ho-mens por ele amados” (Lc 2,14), agora, na ressurreição do Senhor, os mesmos anjos proclamam o triunfo e a glória do Filho amado no encontro com todas as pessoas que ainda choram a morte e as sepulturas frias e vazias: “Por que

Mensagem

procurais entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui! Res-suscitou!”(Lc 24, 5-6).

O Cristo vivo e glorioso, assim como ele foi representado na parte central do grande ícone da Cruz de São Damião, com todas as evidên-cias da paixão e morte, convida-nos a celebrar o Mistério da sua Páscoa: “Erguei os vossos corpos e carregai sua santa cruz e segui seus santís-simos mandamentos até o fim ... e proclamai a todas as nações que o Senhor reinou a partir do lenho da cruz” (cf. OP VII,8-9). E, com São Francisco de Assis, sejamos os anunciadores da Ressurreição, con-vidando o ‘mundo universo’ a pro-clamar este hino pascal:

“Cantai ao Senhor um cântico novo,porque ele fez maravilhas.Sua mão direita e seu santo braçosacrificaram seu dileto filho.O Senhor deu a conhecer a salvação,diante das nações revelou sua justiça.Naquele dia, o Senhor enviou sua misericórdiae de noite o seu cântico.Este é o dia que o Senhor fez,exultemos e alegremo-nos nele” (OP IX, 1-5)

Frei Fidêncio Vanboemmel, OFMMinistro Provincial

Mensagem

PÁSCOA, FESTA DA LUZSe Cristo ressuscitou verdadeiramente:Benditas sejam as trevas da fé!Benditas sejam as cruzes da vida!Benditos sejam os medos da morte!Podem apagar-se todas as luzes,menos a do Círio Pascal que anuncia:CRISTO É A NOSSA LUZ!CRISTO É A LUZ DE DEUS!AMÉM! ALELUIA! PÁSCOA, FESTA DA VIDAEntrai, Homens e Mulheres, crentes ou não, entrai, com alegria, na Igreja! Trocai abraços de vitória, enxugai as lágrimas do luto e deixai-vos iluminar pela luz do Círio Pascal, porque Jesus ressuscitou! Deixai de lado as tristezas e os medos! Batei palmas! Festejai! Jesus está vivo. A vida triunfou. A morte perdeu. O diabo foi amarrado. A mão de Deus é vencedora! É Páscoa, irmãos! É Páscoa de lágrimas e aplausos! De luz e vida! Braços para o alto! Aleluia!

Frei Neylor J. Tonin

| Comunicações | Abril 2015 |186

m nossa primeira apresenta-ção, afirmamos que a Igreja foi mudada de lugar na atual

conjuntura social. Os fenôme-nos sociais que se apresentam em nossos dias provocam uma inten-sa mobilidade e, em muitos casos, uma desconstrução de valores e costumes que chegam a nos deixar perplexos. Para nós, brasileiros, que não geramos no seio de nos-sa sociedade nenhum movimento relevante de impacto social como, por exemplo, as Revoluções Fran-cesa e Industrial, mas apenas rece-

bemos as influências do que acon-teceu além-mar, é mais difícil obter uma compreensão razoável das transformações que nos atingem de forma direta. Esta dificuldade se dá, em partes, pela necessidade de buscar tais razões na história de outros povos. Não se encontram, a partir de nossa própria história, explicações razoáveis. Outra difi-culdade vem do descompasso das gerações. As influências que che-gam aqui são tardias; somos outra geração e os fatos históricos não coincidem com os efeitos vivencia-dos. Um exemplo disso, é a procla-mação da República Brasileira que

aconteceu cem anos após a Revolu-ção Francesa.

Explicações à parte, o que se constata é que estas transforma-ções têm nos forçado a nos desins-talarmos de nossas “estabilidades”. Nestas condições, sem respostas aos tantos porquês que emergem naturalmente, o ser humano tende a se tornar defensivo, pessimista, inclinando-se ao fechamento e à resistência. Ao passo que, na pers-pectiva evangélica, Jesus sempre nos desafia a sermos portadores da esperança. O desafio consiste em acompanharmos os sinais dos tem-pos, estarmos abertos ao diálogo,

A AÇÃO NO SOCIAL COMO EXPRESSÃO EVANGELIZADORA (II):

A IGREJA SAMARITANA

Formação Permanente

FREI JOSÉ F. C. DOS SANTOS

| Comunicações | Abril 2015 | 187

expressando nossas esperanças e acolhendo com humildade as ne-cessidades de redimensionamento de nossas vidas e estruturas. Somos desafiados a passar de uma visão negativa da realidade a um olhar de busca de oportunidades para testemunhar e, quem sabe, anun-ciar a Boa Notícia. Por isso, diante da constatação de que a Igreja foi mudada de lugar e dos novos de-safios que a realidade nos impõe, não cabe perguntar se ainda é rele-vante envolver-se com as questões sociais, mas perguntar afirmativa-mente: onde e como envolver-se?

No que diz respeito à evangeli-zação no campo social, especifica-mente falando a partir da Consti-tuição de 1988, a configuração da sociedade brasileira permitiu e, ao mesmo tempo provocou, uma nova leitura da parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 25-37). Este célebre texto é referencial de todos os que se dedicam ao socorro dos empobrecidos. Aqui se quer fa-zer atenção à pergunta de Jesus: o que está escrito na lei? Como se lê? Esta “nova leitura” tem por objeti-vo compreender, historicamente, quem foi a Igreja, onde ela se en-contra e qual é o seu novo papel no que se refere às questões sociais.

A referida parábola surge num contexto de diálogo entre Jesus e um especialista em leis que dese-ja um discernimento sobre como praticar a lei. No contexto da pa-rábola temos: o homem assaltado e espancado, o sacerdote, o levi-ta, o samaritano, a hospedaria, as moedas de pagamento ao dono da hospedaria, a ordem dada para os cuidados ao homem ferido e, para concluir, o samaritano anuncia que voltará para verificar as condições do hóspede.

Esta ilustração é caracterizada por uma relação individual entre

o homem que socorreu e o homem socorrido. Em nosso cotidiano, os desafios que se apresentam pelas inúmeras pessoas “caídas” à mar-gem do “caminho” tornam insufi-ciente este gesto importante. Pois, quando há incidência da mesma necessidade sobre um grupo de pessoas já se caracteriza uma ques-tão social, não sendo possível tratar de forma individualizada. Além do mais, uma ação que não ataca as causas dos problemas é ineficaz e paliativa. Neste caso, as ações cole-tivas se apresentam como métodos mais viáveis. Por isso, há necessi-dade de se buscar outra forma de compreender e traduzir este sig-nificativo gesto usado pedagogi-camente por Jesus. “Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às suas necessidades reais. Todo o cris-tão é chamado a esta caridade, con-forme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidên-cia na pólis. Este é o caminho ins-titucional — podemos mesmo dizer político — da caridade, não menos qualificado e incisivo do que o é a caridade que vai diretamente ao en-contro do próximo, fora das media-ções institucionais da pólis” (CV nº 07). Neste caso, a aproximação da parábola será um esforço oportuno na perspectiva de transpor a versão personalizada do texto bíblico para uma compreensão política e insti-tucional.

A história da Igreja no Brasil mostra que durante séculos a Igre-ja foi a grande provedora dos em-pobrecidos. Basta citar as santas casas de misericórdia, os orfanatos, os asilos e tantas outras “obras de misericórdia”. Nesta perspectiva, a Igreja se identificou como a “pro-prietária da hospedaria”. Sensibili-zou e suscitou inúmeros carismas a

serviço do Evangelho e deu origem às várias congregações de vida reli-giosa consagrada. No regime social de cristandade foi um modelo que respondeu às necessidades ecle-siais, bem como às sociais.

Nesta “nova sociedade” carac-terizada pelo Estado Democrático de Direito, a responsabilidade e o cuidado social foram confiados ao poder público. Na lógica desta ana-logia, hoje a “hospedaria” passou para a administração do Estado. A Igreja não tem mais a função social que teve até então. É sob este olhar que afirmamos que a Igreja foi mu-dada de lugar. É um processo lento, mas que tem se acentuado. Por ou-tro lado, a Igreja perdeu a “admi-nistração da hospedaria” que não representa o todo, mas pode vir a ser, caso não se redescubram os ca-minhos para a participação nesta nova sociedade. Afinal, ela conti-nua membro da sociedade e dela se espera uma contribuição do que lhe é próprio.

Diante desta configuração, vol-tamos à pergunta inicial: qual é o lugar e o papel da Igreja neste qua-dro social? Esta distinção é muito importante que seja feita, porque com certa frequência encontra-mos organizações da Igreja com presenças e ações muito confusas. Ora comportam-se como extensão do Estado, realizando trabalhos na linha da terceirização, ora apresen-tam-se numa situação de rivalida-de com o Estado, como se estivesse apropriando-se de algo que é da Igreja. Nesta compreensão que se apresenta, cada um tem seu pa-pel definido e claramente distinto, onde as ações são complementares e não conflitivas.

A atual situação provocou na Igreja uma qualificação evangélica. Aqui não se trata de fazer um juízo moral afirmando o valor de uns em

Formação Permanente

| Comunicações | Abril 2015 |

detrimento de outros. Pois, todos os perso-nagens têm seu lugar e importância na com-posição do todo. Tra-ta-se, porém, de bus-car a identificação dos que partem do mesmo referencial. Na com-posição da parábola, a pessoa que Jesus des-tacou foi o persona-gem do Samaritano. O administrador da hospedaria tem papel coadjuvante. Portanto, podemos concluir que a posse da hospedaria pelo Estado “devol-veu” à Igreja de hoje o lugar de samaritana. Neste sentido, à Igre-ja “coube” o que lhe é mais genuíno a partir de nossa fé.

Diante dos gran-des desafios (corrup-ção, desigualdades sociais, violência) que a complexa sociedade de hoje apresenta, a

ninguém. Enquanto toda a socie-dade corre de um lado ao outro com tantas preocupações, o sama-ritano é aquele que percebe onde está o sofrimento. É alguém que se aproxima e acolhe. Segundo: da visibilidade e do compromisso. O gesto de levar em seu próprio cava-lo até a hospedaria significa expor os problemas que estão latentes em nossa sociedade. Esta é a atitude mais importante neste processo de engajamento no trabalho social: o ato de assumir o compromisso com quem vive as realidades de vulne-rabilidade. Esta dimensão nos leva a qualificar o gesto dos primeiros socorros: o azeite nas feridas. Ter-ceiro: da responsabilização dos

papéis. Consiste em provocar quem, por dever, tem as con-dições e a obrigação de desempenhar o cuidado: o Estado. O dono da hospedaria recebeu o pagamento, assim como, o Estado recebe de todos os cidadãos os recursos para prestar este ser-viço. Quarto: da “fis-calização”. Depois de confiar os cuidados do homem ferido ao dono da hospedaria, o samaritano pro-mete voltar. É papel de “fiscalizador”. Es-pera-se do dono da hospedaria, no caso, o Estado, o cumpri-mento adequado de seu papel.

Assim, podemos concluir que a Igre-ja Samaritana tem o seguinte papel: o da sensibilidade e da acolhida; da vi-

Igreja Samaritana tem papel fun-damental. Como o samaritano, ela deve se antecipar às realida-des onde o humano se encontra à margem do caminho da vida. É uma ação de vanguarda. Sob este aspecto, a Ação Evangelizadora no campo social tem papel definido e espaço garantido. É alguém que se interpõe entre os feridos e a hospe-daria, os empobrecidos, e o Estado que tem a responsabilidade de pro-ver as suas necessidades.

Esta ação é intercalada por uma sucessão de gestos significativos: primeiro: da sensibilidade e aco-lhida. O mundo de hoje “produz” uma multidão de invisíveis. Pes-soas que não significam nada para

sibilidade e do compromisso; da responsabilização dos papéis; e da “fiscalização” da prestação dos ser-viços. Somente depois de concluí-da todas estas etapas é que se pode dizer que a Solidariedade Cristã foi completa. Se assim entendemos, resta-nos ainda a conclusão de Je-sus: “Vai e faz o mesmo!”.

Para dar continuidade a westas reflexões sobre a missão evangeli-zadora no campo social, na próxi-ma edição se partilhará ainda mais duas questões: qual a contribuição que o serviço evangelizador tem para a sociedade de hoje e, por fim, quais os desafios que nos interpela a partir da realidade que nos en-contramos.

188

Formação Permanente

| Comunicações | Abril 2015 |

“Esvaziou-se a si mesmo,assumindo a condição de escravo”.

Fl 2,7

PROFISSÃO SOLENE

de

2 de maio de 2015 às 17h

Igreja Nossa Senhora das Graças

Rua Américo Ribeiro, s/n

Porto Velho, São Gonçalo – RJ

Frei Rafael Teixeirado Nascimento, OFM

oi com muita alegria que a turma de vocacionados do Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro em 2014 se encontrou no início de fevereiro para um

momento de confraternização e memória da caminhada feita no ano passado.

Pela manhã, os jovens participaram da Santa Missa, presidida por Frei Anselmo Fracasso, que, na homilia, ressaltou o relacionamento de Deus com os homens, que é de amor e que não se deixa esgotar mesmo que nós o abandonemos. Para o pregador, esse amor brilha como o sol, sobre bons e maus.

Após a Missa, os vocacionados prepararam o almoço na Fraternidade e puderam partilhar mais de perto de toda a caminhada que fizeram durante o ano passado.

Entre os presentes, Frei Raoni Freitas da Silva, que há pouco fizera a sua primeira profissão, Marcelo e Fili-pe, que fizeram caminhada em anos anteriores mas não perderam o vínculo com o Convento; e Mauricio, Jefer-son, Francisco Henrique e Edson Rocha completando o grupo.

Foi um momento de manifestar a alegria pelos aprova-dos no estágio de novembro e que já iniciaram a formação nas Fraternidades de Acolhimento Vocacional na Provín-cia: Edson Rocha, que está na Fraternidade São Benedito, em Amparo (SP), e Francisco Henrique, na FAV de Santo Antônio do Pari, em São Paulo.

O encontro terminou com um passeio pelo centro do Rio de Janeiro para visitar algumas exposições nos Cen-tro Cultural Banco do Brasil e Correios e com uma visita à Casa da França no Brasil.

VOCACIONADOS FAZEM ENCONTRO FRATERNO

SAV DO CONVENTO SANTO ANTôNIO (RJ)

FREI NAzARENO JOSÉ LüDTkE

SAV

189

| Comunicações | Abril 2015 |190

oncórdia (SC) - Na véspera da solenidade da Anunciação do Senhor, foi conferida a Frei

Douglas Paulo Machado, por impo-sição das mãos de Dom Frei Mário Marquez, OFMCap, Bispo da Dio-cese de Joaçaba, a sagrada Ordem do diaconato. A celebração, que teve início às 19 horas, foi realizada na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Concórdia, no Oeste Catarinen-se. Representando o Ministro Pro-vincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o Definidor Frei Evandro Balestrin, que é também pároco e guardião da Fraternidade local, acolheu os con-frades e sacerdotes presentes, em particular, o pároco da Paróquia de origem de Frei Douglas, Pe. Kelvin B. Konz, e vários amigos e familia-

res que vieram de São José (SC) para participar desta solene celebração.

A Igreja Matriz de Concórdia fi-cou cheia para celebrar esse momento tão especial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, que acolhe esse novo diácono. O ordenando, que terminou os estudos da Teologia no final do ano passado, veio em sua pri-meira transferência para Concórdia, há menos de três meses.

Frei Douglas teve ao seu lado sua mãe, Dilma Machado, que per-maneceu com o filho até a liturgia da Palavra, quando iniciou-se o rito de ordenação. Padre Kelvin, que fez as vezes do diácono, o chamou para ser apresentado diante do Bispo. Frei Evandro testemunhou em seu favor, lembrando o parecer dos formadores e das comunidades onde ele fez seus estágios pastorais.

Partindo do Evangelho da Anun-ciação, Dom Mário recordou a to-dos os presentes o sentido do anún-cio do anjo como o olhar da graça de Deus que recobre a todos. O sim que Maria deu nada mais é do que se recobrir da graça que faz maravi-lhas. Ao se dirigir a Frei Douglas, o bispo destacou que o sim da voca-ção deve ser como o da Virgem Ma-ria, sempre disponível ao serviço. O diácono enquanto servidor é sinal expressivo da missão evangélica tal qual na frase que resume nossa mis-são e vocação: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a vossa palavra!” E encerrou sua ho-milia ressaltando o sentido profun-do do lema de ordenação que Frei Douglas escolheu: “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!” Há sempre muitas coisas

FREI DOUGLAS, O NOVO DIÁCONO

SAV

ORDENAÇÃO DIACONAL

JOãO MANOEL zEChINATTO

191| Comunicações | Abril 2015 |

a serem feitas na missão do Reino, mas só as faz com prazer aquele que compreende o desígnio maior que o próprio Altíssimo lhe comunica através de seu Espírito.

Após a homilia, o rito continuou com o propósito do eleito. Em se-guida, foi cantada a Ladainha de To-dos os Santos, quando Frei Douglas prostrou-se, em sinal de sua entrega

total a Deus. Veio, então, o momento central da Ordenação com a imposi-ção das mãos e a Prece de Ordena-ção. Em seguida, a vestição com a dalmática e a estola; e a entrega do Evangeliário. Frei Douglas recebeu em seguida os cumprimentos de Dom Mário, dos confrades e sacer-dotes e, por último, deu o abraço a sua mãe.

No final da celebração, Frei Dou-glas agradeceu a todos que contri-buíram para sua formação religiosa franciscana, em especial à Província Franciscana da Imaculada Concei-ção, que o acolheu em todos esses anos de estudos e formação. Por fim, agradeceu a todos que ajudaram e colaboraram para o bom andamento da celebração.

SAV

| Comunicações | Abril 2015 |192

Assembleia Provincial do Ser-viço de Animação Vocacional aconteceu nos dias 10 e 11 de

março de 2015, no Convento São Boa-ventura, em Rondinha – Campo Largo (PR). O encontro contou com a partici-pação de 32 frades provenientes de to-dos os Regionais da Província, além do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Van-boemmel, e do Secretário para a For-mação e Estudos, Frei César Külkamp.

1) ASSESSORIA DA CNBBDedicada também à formação dos

próprios animadores, a Assembleia foi assessorada pelo Padre Valdecir Fer-reira, que é assessor nacional para a Pastoral Vocacional e Seminários, da Comissão dos Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da CNBB. Sua pre-sença foi muito bem avaliada pela As-sembleia, que sugeriu que se continue trazendo assessores de fora para estes encontros maiores. Apenas sugeriu--se dar maior tempo para a interação e questionamentos.

Da sua explanação sobre a “Reali-dade juvenil e fragilidade vocacional”, destacamos alguns pontos:

DO CONTEXTO SOCIAL Vive-se numa dinâmica de mer-

cado, que absolutiza a eficiência e a produtividade numa espécie de mer-cantilização das relações, inclusive no âmbito pessoal, social e religio-so. Há a busca imediata do prazer, gerando uma substituição da singu-laridade pelo individualismo, quase sempre gerando comportamentos narcisistas e consumistas. Diminui a influência da família, da escola, das igrejas e das instituições nas relações pessoais e sociais. Vivemos num mundo do provisório, do passageiro, do efêmero, sem utopias. A diluição das tradições culturais e religiosas, fruto desta fragmentação ilimitada e de uma cultura líquida e light, gera pessoas frustradas, anciosas e angus-tiadas. Além disso, a realidade em constante mudança se contrapõe aos valores permanentes, que são a base de muitas de nossas opções.

DO CONTEXTO JUVENILVive-se na cultural do imediatis-

mo, da internet, dos relacionamentos virtuais, do descompromisso com a realidade social e eclesial. Há uma ligação ao consumismo (comprar para compensar), fechamento, falta de iniciativas cristãs, falta de valores cristãos, juventude mais informada e menos formada, amadurecimen-to tardio, adolescência prolongada,

atraso na independência. Muitos jovens buscam uma vida como um projeto transitório e o compromis-so a longo prazo é uma carga quase insuportável, preferindo-se mais as sensações à reflexão. Perda do senti-do da vida – jovens sem um projeto pessoal de vida, inconstantes na res-posta a ser dada.

DA FRAGILIDADE VOCACIONALComo a realidade vocacional re-

fere-se à existência na sua totalidade, pois ela não diz respeito apenas à vi-vência e ao desenvolvimento psicoló-gico da pessoa, mas também ao ama-durecimento humano e à vida de fé, aos processos formativos, às relações sociais e eclesiais, ao contexto históri-co e cultural, constatam-se, atualmen-te, algumas fragilidades vocacionais, a saber: desorientação nas opções; busca de experiências sempre novas, sempre na esfera emotiva do “eu sinto” ou do “isso me agrada”; preocupação com o efêmero e a imagem, ressaltando a aparência e o eficientismo; a experiên-cia religiosa como forma de estar bem consigo mesmo e de emoções fortes; incapacidade de decisões definitivas; a vida de fé não motiva o impulso para o futuro e não influi na vida moral; bus-ca de reconhecimentos, afeto, estima, títulos e carreiras ambiciosas; busca da

SAV

SAV FAZ ASSEMBLEIA ANUALFREI DIEGO A. DE MELO

| Comunicações | Abril 2015 | 193

comunidade para preencher os vazios e inseguranças herdados da família, etc. Portanto, neste universo, encon-tram-se motivações vocacionais que podem ser insuficientes, inadequadas ou válidas, cabendo aos animadores vocacionais averiguarem o grau de resposta de cada vocacionado e ajudá--los a descobrirem-se a si mesmos bem como a encaminhá-los, quando neces-sário, a não buscar a vida religiosa.

Por fim, Padre Valdecir destacou que falar da fragilidade significa fa-zer uma leitura parcial da realidade vocacional atual, que, de outro lado, é rica de recursos e possibilidades, correndo-se o risco, com efeito, de se evidenciarem, sobretudo, carências, fraquezas e incapacidades.

2) AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADESSendo o revigoramento da Ani-

mação Vocacional um dos Objetivos Específicos do Plano de Evangelização para o sexênio que está se encerrando, a Assembleia, através da apresentação e avaliação das atividades desenvol-vidas, também pôde constatar avan-ços e desafios que ainda precisam ser superados. Dentre eles, a urgente ne-cessidade de responder aos sinais dos tempos e entender a realidade juvenil atual; a necessidade de reavaliar e ter clareza quanto aos nossos critérios de admissão; a necessidade de sair a cam-po, lançar a semente, e não somente ficar esperando que os vocacionados

nos procurem; a importância de se criar uma mentalidade vocacional em toda a comunidade; não ficar-mos isolados em nosso próprio grupo (Província ou Ordem), mas abrir-se e aproximar-se de outras experiências religiosas que têm atraído os jovens; o seminário menor continua sendo uma opção de Província, embora se sinta que há pouco empenho dos frades em incentivarem essas vocações; urge, ain-da, a elaboração do Plano Orgânico do SAV; com 5 anos de experiência, sente--se que as FAVs já são uma realidade bem aceita em nossa Província; houve boa integração entre o SAV e o PVF; as novas mídias têm sido um grande instrumento de promoção vocacional; o Convento São Francisco, em SP, tem se tornado um ‘celeiro’ vocacional; as iniciativas de trabalho com a juventu-de estão dando maior visibilidade ao nosso carisma e dando um novo vigor para as fraternidades; a diversidade das vocações e dos perfis juvenis, antes de serem necessariamente um problema, são um convite para a abertura e a nos-sa constante atualização.

3) PARTILhA DAS FRATERNIDADES E SEMINÁRIO SÃO FRANCISCOSente-se que há um bom empenho

por parte da maioria dos confrades, embora ainda se viva numa dinâmi-ca de espera e acolhida dos vocacio-nados, e não tanto de ir ao encontro e promover as vocações. A partir de

uma rápida contagem, teríamos hoje uma média de 42 vocacionados, nú-mero bastante preocupante por se tra-tar ainda do início do ano. Há que se promoverem as vocações!

Frei Rodrigo da Silva Santos falou pelo Seminário São Francisco de As-sis, de Ituporanga, que desde o últi-mo ano passou a acolher também os aspirantes vindos das FAVs. A expe-riência foi positiva, sem grandes trau-mas. As adequações na estrutura da casa contribuíram para que houvesse um respeito dos limites e espaços de cada grupo, mas que também geras-se encontro e proximidade. Talvez um dos grandes frutos desta junção tenha sido imprimir uma perspectiva vocacional mais imediata nos semina-ristas de Ensino Médio, uma vez que os aspirantes das FAVs já vêm com certa expectativa e clareza da conti-nuidade da caminhada vocacional.

Preocupa, ainda, o baixo número de seminaristas para o Ensino Médio (atualmente são 21) uma vez que exis-te toda uma estrutura escolar e forma-tiva formada para eles. Há que se in-sistir que as fraternidades continuem motivando e enviando jovens para esta etapa formativa.

4 – AGENDA E PERSPECTIVAS PARA 2015Veja na última página as ordena-

ções, profissões, retiros, estágios, mis-sões e encontros com a juventude.

SAV

| Comunicações | Abril 2015 |194

SAV

1ª Caminhada Franciscana da Juventude na Baixada Flumi-nense começou no sábado, dia

21 de março, bem cedo, com a chega-da dos primeiros peregrinos. Rostos cheios de expectativa começaram a se juntar para o início, onde foi feita uma homenagem às crianças com síndro-me de Down, assistidas pela Superin-tendência da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Nilópolis, que acom-panharam a caminhada até o limite do município, em comemoração ao dia internacional da síndrome de Down.

Os peregrinos passaram pelas ruas de Nilópolis, Mesquita e Nova Iguaçu, sob olhares curiosos das pessoas que “topavam” com o gru-po. Ouviram várias vezes: “vocês são loucos!”, mas o sentimento que tinham em seus corações era que, as-sim como Francisco de Assis, eram loucos, e que a caminhada não era por eles, mas por Deus, que nos cha-ma todos os dias a sermos evangeli-

zadores.Chegando à Catedral de Santo

Antônio, de Nova Iguaçu, foram re-cebidos com música e um lanche pre-parado pelo setor juventude daquela diocese. Ouvimos e vimos uma apre-sentação sobre esperança, onde clipes mostravam que os nossos sonhos

são importantes demais para serem esquecidos, e, em seguida, tivemos uma palestra sobre o Franciscanismo na Baixada, com atenção especial na figura do saudoso Dom Adriano Hi-pólito, e suas lutas por uma Baixada mais justa, solidária e missionária. A visita foi encerrada na cripta e no

1ª CAMINhADA FRANCISCANA DA JUVENTUDEBAIXADA FLUMINENSE

| Comunicações | Abril 2015 | 195

SAV

nicho das âmbulas que foram profa-nadas, após a explosão da bomba na Catedral, durante o regime militar.

DOM LUCIANO BERGAMINA caminhada seguiu até a casa de

oração Frei Jordão Mai, onde almo-çaram com o querido Dom Luciano Bergamin, bispo de Nova Iguaçu, que os abençoou e como sempre acolheu com muito carinho, como um verdadeiro pai e pastor para seu rebanho. Após o almoço e um breve momento de descanso, iniciou-se a Via-sacra pelas ruas. Refletiu-se não só a paixão de Cristo, mas a vida e a relação dos jovens com a Igreja e a sociedade, através dos exemplos de vida de São Francisco. Enquanto ca-minhavam, foram percebendo como o povo de Deus necessita de ajuda e carinho. Foram inúmeros pedidos de oração, que fizeram deste trajeto da caminhada um momento forte de oração e ação. Isso ficou evidente em frente à UPA (Unidade de Pron-to Atendimento), onde uma mulher chegou para dar entrada na unidade de saúde e foi socorrida por jovens da caminhada.

Para Matheus Coelho, de Nilópo-

lis, este foi um dos momentos mais marcantes. “Acho que encontramos Jesus todos os dias pelas ruas, através do cotidiano, por exemplo em uma pessoa que precisa de ajuda, como quando nós paramos para ajudar uma moça na cadeira de rodas”, explicou.

IRMÃS CLARISSAS Na porta do mosteiro foram rece-

bidos pela abadessa das Clarissas.Ali foi lido o Evangelho com a

passagem da parábola do filho pró-digo. A jovem Mariana Rogoski deu o seu testemunho de vida e res-surreição, e mostrou que sempre é tempo de retornar, e que Deus é um pai misericordioso e nos ama e per-doa sempre, não importa o que fa-çamos. Em seguida, o grupo jovem da comunidade Nossa Senhora das Graças, de Nilópolis, fez uma boni-ta apresentação, mostrando alegria da volta e o amor de Deus que nos protege sempre. Frei Diego Melo, co-ordenador do SAV (Serviço de Ani-mação Vocacional), ajudou os parti-cipantes a entenderem o tema “Não perca de vista seu ponto de partida”.

“Não perder de vista o ponto de partida é voltar ao primeiro amor. É

lembrar-se da decisão que tomamos diante da vida. Temos sempre duas opções, o sim e o não, e cabe a nós decidir qual o caminho tomar, mas se a escolha for errada, temos a oportu-nidade de sempre voltar ao ponto de onde começamos”, afirmou o frade. O momento de oração terminou com a bênção de Santa Clara, cantada pelas Irmãs Clarissas do Mosteiro e, em se-guida, voltaram para a casa de oração para a janta e pernoite.

A Caminhada Franciscana da Ju-ventude foi um momento de profun-do encontro com Cristo, buscando-o ele dentro de nós, nos outros e no caminho. Buscá-lo é ir às periferias existenciais para conseguir forças para continuar a caminhada. É con-firmar a nossa vocação de discípulos missionários. É ser igreja em saída, sobretudo sermos evangelizadores!

“Caminhando com os jovens pelas ruas, ouvindo suas histórias, conhecendo um pouco melhor a realidade onde vivem e os desafios que diariamente enfrentam, isso só me fez renovar a convicção de que, como franciscanos, nosso lugar é, de fato, no meio do povo”, definiu Frei Diego, coordenador do SAV.

| Comunicações | Abril 2015 |196

Formação e Estudos

a tarde do dia 11 de março, os professores do Instituto Teológico Franciscano (ITF),

dando continuidade a um projeto de desenvolvimento do docente, foram agraciados com mais uma explanação da Professora Dra. Míriam Heide-mann. Seu prestígio na área da saúde e da educação é notável, e vai além da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP) e da Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FASE), onde leciona e exerce orientação didático-pedagógica.

A professora, com sua simpatia e competência de sempre, falou sobre as últimas gerações que atuam em nos-sa cultura, a saber, “Baby Boomers”, nascidos entre 1945 a 1959; “Geração X”, para os que vieram a este mundo desde 1960 até 1979 e a “Geração Y”, do ano 1980 ao ano 1999. A “Geração Z”, dos nascidos entre 2000 a 2019, foi mencionada, mas não se entrou em detalhes, porque não faz parte de nos-so universo de estudantes e professo-res nesta instituição de ensino.

Portanto, ela começou sua apre-sentação falando sobre as caracte-rísticas de cada geração e os desafios que os conflitos intergeracionais apre-sentam para ambas partes. Os “Baby Boomers” são rigorosos no compor-tamento, com rotinas organizadas e projetos de fidelidade a seus empreen-dimentos profissionais; hoje, ocupam posições de coordenação no ambien-te de trabalho e criaram as tecnolo-gias que encantam a geração seguinte. A “geração X”, por sua vez, viu essa tecnologia entrar em sua casa; viu as expressões de opinião geradas e apre-sentadas de maneira coletiva, como, aqui no Brasil, o ‘Movimento Diretas Já’; adquiriu o medo da Aids; quer ganhar dinheiro para ter qualidade de vida; tem como objetivo melhorar suas condições e não permanecer em

PALESTRA ABORDA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNOFREI FERNANDO DE A. LIMA

alguma delas por simples fidelida-de; trabalha para viver, mas não vive para trabalhar. Por fim, no âmbito de nossos interesses no ensino superior, a professora falou sobre a “geração Y”. Nesta geração, a pessoa é mais volta-da para si, quer uma evolução mais imediata; por isso, muda muito de emprego, por exemplo. Esta geração é inquieta e se apresenta com muita mobilidade em busca da realização de seus sonhos; tem uma atenção difusa e dá conta de se inteirar de vários pon-tos de atenção ao mesmo tempo; por outro lado, faz tudo isso com certa estabilidade na casa dos pais, ao con-trário da “geração X”, que logo queria sair da casa da família nuclear. Essas são algumas características que, en-tre tantas outras, foram consideradas por serem muito pertinentes à relação professor-estudante.

Depois de deixar claro que o pro-fessor, hoje, precisa entender a gera-ção com a qual lida para poder me-lhorar seu relacionamento com os estudantes, a palestrante deu dicas muito importantes para desenvolver bons vínculos. Valorizar a pessoa do estudante, saber seu nome, conhecer suas características é um bom come-

ço. Ser o professor mesmo um fator de motivação para o aprendizado da disciplina, com seu entusiasmo e de-dicação à sua missão é outro fator de qualidade para a interação docente--discente. O diálogo quanto ao méto-do de ensino, técnicas didático-peda-gógicas combinadas, avaliações bem planejadas e bem aplicadas, incluindo a observação contínua do interesse e do desempenho do estudante, além do respeito por parte do professor e não incluir o medo e a ameaça nesse relacionamento, com “provas surpre-sa”, por exemplo, são outras dicas da Professora Miriam. Humilhação pú-blica nunca haja em sala de aula!

Enfim, ficou claro que o relacio-namento deve ter tanto valor na sala de aula que até vale a pena submeter o conteúdo da disciplina a ele, isto é, privilegiar a relação interpessoal pro-fessor-estudante em relação ao conte-údo considerado no programa. Isso não quer dizer que a formação acadê-mica vire apenas relacionamento de amizade, mas quer dizer que se atin-gem melhores metas de aprendizado, quando este ocorre num clima huma-no favorável aos entendimentos de qualidade entre as partes envolvidas.

ITF

| Comunicações | Abril 2015 | 197

Formação e Estudos

A professora Virgínia Ferreira, psicanalista e professora na Facul-dade de Medicina de Petrópolis, da Faculdade Arthur Sá Earp Neto e Instituto Teológico Franciscano falou sobre o tema do curso de ex-tensão “Violência e Humanidade: da ciência à religião”.

ITF - Por certo, é possível afirmar que violência e humanidade estão interligadas; e ciência e religião?

Virgínia – Há uma relação di-reta entre humanidade e violência, até porque a violência habita todo ser humano. Já quanto à ciência e à religião não é possível dizer que há uma relação. São perspectivas diferentes para se interpretar uma mesma realidade e propósitos dife-rentes. A religião pertence à esfera da fé. A ciência pertence à esfera do conhecimento que pode ser posto à prova, pode ser provado. Porém, apesar de não haver uma relação direta, não quer dizer que não pos-sam dialogar.

ITF - A todo o momento ouvimos e vemos pessoas que cometem atos violentos em nome da religião. Como é possível dialogar com elas?

Virgínia – A violência, em nome da religião, é apenas só mais

uma forma de violência dentre muitas outras. Sempre se busca um “argumento moral” para expressar a violência que habita no ser hu-mano, e a violência em nome de uma religião é como se fosse uma violência justificável; portanto, per-doável. Porém, não há justificativa para todo e qualquer tipo de vio-lência.

ITF – Você já lecionou em nossa Faculdade. Qual a sua impressão sobre o Instituto?

Virgínia - O ITF é uma institui-ção religiosa que é constituída tam-bém por uma academia. Contrário ao imaginário social, o ITF é uma instituição que não só está disponí-vel e aberta, como também aceita e respeita os diferentes tipos de co-nhecimentos, tais como: diferentes sistemas de pensamentos filosófi-cos, psicanálise, sociologia, antro-pologia, entre outros. Exemplo re-cente desse respeito é o curso de extensão que estamos ministrando nesse semestre, intitulado: “Violên-cia e Humanidade: da ciência à reli-gião”, curso no qual se aborda desde os atos violentos narrados no texto bíblico até a perspectiva psicanalí-tica da violência. Desta forma, fica evidente que o ITF respeita, valori-za e dialoga com o conhecimento científico, com a ciência.

FREI JULIANO F. FERNANDES

“VIOLêNCIA E hUMANIDADE: DA CIêNCIA À RELIGIÃO”Como já é costumeiro, todos os se-

mestres, no Instituto Teológico Francis-cano (ITF), acontecem Cursos de Exten-são.

Neste ano, o Curso sobre música litúrgica: “A função da música na cele-bração eucarística” abriu o semestre no dia 26 de fevereiro, assessorado por Frei Marcos Antônio de Andrade, teólogo, liturgista e professor no ITF. O curso tem como objetivos: introduzir ao senti-do da música litúrgica, ressaltar a função ministerial da música na celebração eu-carística e oferecer subsídios aos minis-tros da música em função da harmonia da ação litúrgica.

Outro curso oferecido pelo Instituto trata de “Violência e Humanidade: da Ciência à Religião”, e teve início no dia 3 de março. Os assessores: Virgínia da Silva Ferreira ; Eduardo Birman – médi-co psiquiatra e professor na FMP/ITF, e Frei Fernando Lima – teólogo, psicólogo e professor no ITF, objetivam sensibili-zar a consciência humana a respeito da violência em nossa sociedade, sondando suas raízes e sugerindo caminhos para ultrapassá-la.

Também no dia 3 de março, deu--se início ao curso de Latim: da língua à mentalidade latina, assessorado por Frei Ronaldo Fiuza Lima, OFM – professor de Patrologia no ITF. Logo depois, no dia 5 de março, Frei Vitório Mazzuco Filho retomou o Curso sobre Espiritualidade Franciscana: Reconstruir a casa da exis-tência – “Francisco, vai, restaura a minha casa!” (3 Comp 5).

CURSOS DE EXTENSÃO NO ITF

| Comunicações | Abril 2015 |198

Fraternidades

A FORÇA DO TESTEMUNhOO testemunho franciscano e evangélico deixado por Frei Bruno Linden continua muito vivo no Oeste Catarinense. Isso explica a demonstração de fé em 25 anos de Romaria Penitencial.

MOACIR BEGGO

oaçaba (SC) – A presença dos 18 noviços franciscanos da Pro-víncia da Imaculada Conceição

marcou a Romaria Penitencial Frei Bruno, que, no domingo (1/3), levou às ruas de Joaçaba uma multidão de

mais de 50 mil pessoas, segundo a Po-lícia Militar. Essa demonstração de fé do povo brasileiro, especialmente do catarinense, vem crescendo a cada ano e poderia ter sido maior se não fosse o bloqueio dos caminhoneiros, que deixou os postos de muitas cidades da região sem combustível.

Os noviços vieram especialmente da cidade de Rodeio, onde Frei Bru-no viveu muitos anos, para celebrar 25 anos da criação da Romaria. O dia não poderia ter sido mais perfeito: os romeiros ganharam céu azul e uma brisa agradável durante o trajeto de quatro quilômetros da Catedral Santa Terezinha até o Cemitério Frei Edgar.

A concentração começou cedo em frente à Catedral. Antes das 7 horas, o

povo foi chegando, principalmente os romeiros que vieram de cidades dis-tantes, como Rodeio, Gaspar, São José e Xaxim, cidades onde a presença do Servo de Deus Frei Bruno Linden foi muito marcante. Na vizinha Luzerna, outra Romaria deu a partida às 7h30, tendo em vista que a distância até o cemitério de Joaçaba é maior (6 quilô-metros). Às 8h15, a 25ª Romaria tinha início, tendo à frente o bispo diocesa-no Dom Mário Marquez, o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboem-mel, o Vigário Provincial e Vice-pos-tulatador Frei Estêvão Ottenbreit, o Vice-postulador Frei Alex Ciarnoscki, o pároco da Catedral Pe. Paulo Ramos da Silva, frades da Província da Ima-culada, entre eles os noviços, sacerdo-

25ª ROMARIA FREI BRUNO

| Comunicações | Abril 2015 | 199

Fraternidades

A FORÇA DO TESTEMUNhOtes da Diocese, religiosos (as) e semi-naristas.

Ao longo do trajeto, manifestações de fé traduzidas em cartazes, como “Papa Francisco, queremos Frei Bru-no santo”, faixas e fotos. Muitos devo-tos fizeram o percurso de pés descal-ços. Às 10 horas, o povo chegava ao Cemitério Frei Edgar, onde teve início a celebração eucarística.

Segundo Frei Fidêncio, a presença dos noviços tinha um significado pro-fundo e as muitas coincidências nes-ta Romaria só poderia ser uma graça especial de Deus. “A nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição, em 1891, tinha apenas um frei que morava no Rio de Janeiro. Aos pou-cos ela começou a ser restaurada pelos

Senhor Deus, vós nos ensinais na Bíblia Sagrada que sejamos santos porque Vós sois Santo. Aqui estamos, ó Pai, felizes por conhecer a vida e as vir-tudes cristãs do venerável frade fran-ciscano Frei Bruno, humilde servidor, escolhido por Vós como missionário para revelar vossa ternura de Pai.Pelas pregações e testemunho cristão de Frei Bruno, Vós tocastes os cora-ções. Pelos seus conselhos, pacificas-tes casais e famílias. Pelas numerosas cartas que ele respondeu, esclarecestes a fé verdadeira de tantos leitores. Pelos seus pés de mensageiro e missionário, em longas e incansáveis caminhadas por vales e montanhas, dialogando com a mãe-natureza, levastes o con-forto da palavra às pessoas e comuni-dades.

Espírito Santo de Deus, Vós sois a fonte da santidade que enriquece a Igreja com novos santos e bem--aventurados. Por isso vos pedi-mos cheios de confiança: “Dai-nos a alegria de celebrar a beatificação de Frei Bruno, nosso amigo e intercessor”.Senhor Jesus, animados pela vossa palavra “pedi e recebereis”, e firmes na devoção ao venerável Frei Bruno, invocamos, neste momento, a graça de que mais precisamos (PEDIR A GRAÇA). Amém!

Pai Nosso. Ave Maria. Glória ao Pai.

Com aprovação eclesiástica.Dom Frei Mário Marquez, OFMCap

Bispo Diocesano de Joaçaba – SC

ORAÇÃO PELA BEATIFICAÇÃO DE FREI BRUNO

missionários alemães e, entre eles, Frei Bruno. Então, quando celebramos 100 anos dessa restauração, tomamos uma decisão: vamos abraçar, em sinal de gratidão, uma missão na África. Es-colhemos Angola como terra missio-nária. E justamente neste ano, quando aqui nós comemoramos 25 anos de Romaria, a nossa Província também celebra 25 anos de presença missioná-ria em Angola”, contou Frei Fidêncio, lembrando que Frei Bruno também era noviço quando chegou ao Brasil.

D. Mário também lembrou que a Diocese de Joaçaba está celebrando 40 anos de fundação e por isso foi insti-tuído o Ano Missionário, que vai até outubro. “A imagem peregrina de San-

| Comunicações | Abril 2015 |200

Fraternidades

ta Terezinha, padroeira da Diocese, está per-correndo 25 paróquias e 600 comunidades em 31 municípios”, adiantou o bispo. Na sua homilia, citou o exemplo de fé de Abraão na primeira leitura como uma constante na vida de Frei Bruno. “Ele foi exemplo de obediên-cia e fé como missionário franciscano, junto aos seus confrades e ao povo de Deus. Nós tivemos a graça de tê-lo conosco por alguns anos. Homem despojado, dedicou-se à cau-sa do bem. Também nós somos chamados a praticar o bem”, disse.

O bispo, citando o lema da Campanha da Fraternidade – “Eu vim para servir” -, disse que Frei Bruno deixou seu país para servir em terras catarinenses. “Ele veio armar sua ten-da entre nós”, observou, fazendo referência ao Evangelho da Transfiguração do Senhor. Segundo D. Mário, neste também Ano da Vida Consagrada, Frei Bruno é exemplo de religioso.

EXEMPLO PARA OS NOVOS FRADESO mestre dos noviços, Frei Samuel Ferrei-

ra de Lima, participou pela primeira vez da Romaria e ficou impressionado com a “força com que um testemunho” pode tocar o co-ração das pessoas e fazer com que a graça de Deus reúna tantas pessoas em tantos lugares, até de outros credos, em torno de alguém que quis viver o Evangelho de Jesus Cristo com radicalidade, indo ao encontro das necessida-des do povo. “É isso que acontece aqui: o povo sente, no exemplo de Frei Bruno, essa presen-ça de Deus no meio dele”, enfatizou.

“Mesmo diante do cansaço e da distância – cerca de 400 quilômetros de Rodeio a Jo-açaba -, independentemente dos sacrifícios, das dificuldades, as pessoas sentem-se moti-vadas a vivenciar essa experiência de Deus na partilha da oração em torno da pessoa de Frei Bruno”, acredita Frei Samuel.

Para ele, Frei Bruno é um exemplo. “Nós estamos iniciando os estudos das Admoes-tações de São Francisco. Ou seja, Francis-co pede muito para viver a radicalidade do Evangelho com humildade. Nesse sentido, Frei Bruno ensina isso. A gente precisa de simplicidade, de se colocar a serviço de Deus, indo ao encontro das pessoas, de suas neces-

| Comunicações | Abril 2015 | 201

Fraternidades

sidades, dos seus dramas. Isso que Frei Bru-no fez”, ensinou.

Segundo Frei Samuel, esse testemunho verdadeiro permanece para sempre e é isso que acontece em Rodeio. “A lembrança de Frei Bruno está muito viva nas pessoas que o conheceram. Por esses dias, Frei Valdir contou que um senhor, só de pegar no cha-péu de Frei Bruno – que está em poder das Irmãs Franciscanas Catequistas de Rodeio – chorou muito. Para ele é como se estivesse tocando em Frei Bruno, que fazia essa liga-ção do humano com Deus”, observou.

Para Frei Samuel, em nossa sociedade de consumo, falta essa busca intensa de Deus. “Veja bem. Temos aqui uma Romaria muito simples, o trajeto é curto, mas a intensidade de quem vive essa experiência é muito gran-de. Isso é um sinal de Deus. Nesse mundo, onde se prega muito o ter, o prazer, Deus ainda toca o coração das pessoas, reúne o povo em pleno domingo para viver essa experiência de oração, de comunhão, de fraternidade”, acredita o Mestre dos noviços.

Para os noviços, diz Frei Samuel, vai fi-car a lição de que, desde cedo, eles “preci-sam aprender a ser caminhantes, peregrinos junto com o povo. É um aprendizado que nós queremos viver como profissão de vida”.

A CAUSA DE FREI BRUNOFrei Estêvão, o Vice-postulador da Cau-

sa de Frei Bruno, explicou detalhadamente como está o processo diocesano pela bea-tificação de Frei Bruno. “Creio que todos nós estamos muito ansiosos, gostaríamos que, o quanto antes, a Igreja reconhecesse a santidade de Frei Bruno, o que para nós não resta dúvida. Tenho certeza que se o Papa Francisco estivesse aqui participando desta Romaria, dispensaria certamente o milagre vendo a fé deste povo aqui reunido, principalmente conhecendo o testemunho de fé de Frei Bruno como bem destacou D. Mário”.

Segundo o Vice-postulador, não há novidade no processo, que está andando bem. “É claro que nestas causas de beati-ficação, a Igreja é muito exigente. Por isso, temos que dar um passo após outro. Não

| Comunicações | Abril 2015 |202

Fraternidades

podemos apressar nada”, ponderou, adiantando que em outubro, se tudo correr bem, deverá ser concluído o processo diocesano. “Aí toda a do-cumentação será lacrada e levada a Roma, onde então segue os seus passos normais. Simultaneamente, embora não dependa do processo diocesano e do encaminhamento a Roma, gostaríamos já de recolher depoimentos de eventuais milagres que Deus operou através da interces-são de Frei Bruno”, adiantou.

Para fazer isso, foi nomeado um grupo de pessoas nas principais ci-dades onde Frei Bruno viveu: em Jo-açaba, Pe. Paulo, pároco da Catedral, e Dona Alcione Weiss, presidente da Associação Amigos de Frei Bruno; em

Rodeio e Gaspar, Luís Gadotti e Fabie-la Giovanella; e em Xaxim, a Elisabeth Dorina e Michelle Selig. “Essas seis pessoas serão acompanhadas pelo Vi-ce-postulador para a região, Frei Alex Ciarnoski”, explicou Frei Estêvão.

Frei Clarêncio Neotti, presidente da Comissão Histórica, participou da Romaria e autografou o livro de sua autoria “Frei Bruno Linden, tudo para todos”.

Padre Paulo Ramos da Silva, mes-mo se recuperando de uma cirurgia, não parou um segundo durante a Romaria. “Não temos palavras para agradecer a todas as pessoas que aten-deram ao nosso chamado e, mais uma vez, participaram da nossa Romaria Penitencial Frei Bruno”, completou.

Com um sistema de som instalado no trajeto da Romaria, o povo acom-panhou com devoção, rezando os mistérios dolorosos. Dona Roseli Sto-pasolla veio de Ibicaré com a imagem de Frei Bruno. “Eu sempre tive muita devoção por Frei Bruno porque recebi muitas graças”, disse, revelando que a família já participa da romaria há 20 anos.

Marcaram presença também na Romaria Frei Bruno os romeiros da cidade de Gaspar (SC), onde Frei Bruno residiu. A Paróquia São Pedro Apóstolo, que tem como pároco Frei Germano Guesser, enviou um ônibus. Além de Frei Germano, Frei José Ber-toldi, 80 anos, esbanjou saúde na ca-minhada.

| Comunicações | Abril 2015 |

Fraternidades

Após a morte de Frei Bruno Lin-den, o número de romeiros ao túmulo do frade cresceu a cada ano.

Em meio a essa devoção, o depu-tado Iraí Zílio, devoto de Frei Bruno e com problemas de saúde, em 1987 começou a pensar em uma homena-gem ao frade, uma alma “tão bondo-sa”, como ele mesmo dizia. “Depois que Frei Bruno morreu começou-se a se falar nas graças e milagres que eram a ele atribuídos. Isso aumentou minha fé e minha admiração”, conta o deputado. A partir disso, ele começou a pensar que algo precisava ser feito para manter essa memória viva, como uma capela, uma romaria, etc. “Como eu estava hospitalizado em Curitiba, Normélio, meu irmão, me mandou um rádio e o portador desse rádio foi Nico Weiss, marido da dona Alcione, que é atualmente uma das coordena-doras da romaria. Juntamente com esse rádio, recebi alguns fôlderes (no-venas) do Frei Bruno, que me foram mandados por dona Leda Weiss. Era

exatamente o que eu queria, o que eu precisava e foi o grão de mostarda. Evidentemente, eu tinha orações e eu então comecei a refletir: agora vou as-sumir um compromisso e faço uma promessa: quando retornar a Joaçaba, vamos organizar uma romaria todos os anos para Frei Bruno. Observei a data de seu passamento, 25 de feverei-ro, e pensei: em todo último domingo de fevereiro vamos fazer uma romaria para Frei Bruno”, recorda. Seu primo Gilberto Zamoner o apoiou na parte logística, enquanto dona Leda con-tinuava o processo de divulgação da imagem e das obras de Frei Bruno. Dessa forma, com apoio dos amigos, a primeira romaria, que contou com a participação de cerca de 10 mil pesso-as, foi realizada em fevereiro de 1987.

Mas, segundo o deputado, um pro-blema com o vigário da Paróquia de Joaçaba, que achava que a romaria não deveria ser todos os anos, interrompeu a sequência. “Passaram-se dois anos e aconteceu mais uma Romaria. Dona

Leda Weiss continuava distribuindo as novenas de Frei Bruno que mandava fazer com ajuda financeira das amigas e vizinhas. A fé tocou também o cora-ção de seu neto que, numa tarde, con-vidou sua mãe para procurar o novo vigário, Pe. Luís Carlos Bortolozzo, e se colocar à disposição para dar con-tinuidade às romarias, o que foi aceito pelo novo padre. Devoto de Frei Bru-no, Padre Luís Carlos foi um grande incentivador das romarias, deixando a parte da divulgação, organização e ao que se referia a Frei Bruno (túmulo, museu, novenas etc.) aos cuidados da Família Weiss. Com o passar dos anos, foi aumentando o número de devotos voluntários que hoje trabalham in-cansavelmente nas Romarias e outros eventos que se referem a Frei Bruno”, recordou o deputado.

ROMARIA DE 2010: 60 MIL PESSOASDesde então, a Romaria só cresceu.

Para se ter uma ideia, em 2009, de-baixo de muita chuva, mais de 40 mil pessoas participaram da romaria. Em 2010, debaixo de muito sol, a Romaria levou 60 mil pessoas para as ruas de Joaçaba.

O percurso é realizado a pé pela multidão, que vai da Catedral Santa Terezinha ao Cemitério Frei Edgar, onde está sepultado Frei Bruno. Na chegada é celebrada uma Missa.

Milhares de pessoas vindas de luga-res distantes ou da nossa região acom-panham e participam da Romaria Pe-nitencial de Frei Bruno com muita fé, agradecendo graças ou pedindo mi-lagres com muita confiança na inter-cessão de Frei Bruno. A Romaria Pe-nitencial de Frei Bruno acontece todos os anos no mês de fevereiro e faz parte do calendário turístico de Joaçaba.

A peregrinação ao jazigo dos fra-des, onde está sepultado Frei Bruno, é o encerramento da Romaria para mui-tos devotos.

UMA hISTÓRIA DE FÉ

| Comunicações | Abril 2015 |204

Fraternidades

santidade do Servo de Deus Frei Bruno Linden é tão forte no Oeste Catarinense,

especialmente na cidade de Xaxim, que o padroeiro São Luiz Gonzaga - celebrado no dia 21 de junho - per-deu, em parte, o posto para o frade franciscano. A principal festa da Pa-róquia São Luiz Gonza hoje é a de Frei Bruno, que neste ano chegou apenas à terceira edição.

As festividades aconteceram antes do dia 25 de fevereiro, ani-versário da morte de Frei Bruno, mas o dia principal foi o domin-go, 22 de fevereiro, quando o povo lotou a praça da Matriz para participar da Missa campal às 10 horas.

“Mais uma vez o povo católico de Xaxim demonstrou profunda fé e esperança; devoção e confiança; carinho e gratidão por aquele que tanto fez por Xaxim”, disse o páro-

co Frei Alex Ciarnoscki. De 1º a 20 de fevereiro, os missionários e mi-nistros visitaram as famílias reco-lhendo intenções para a festa.

A partir do dia 19, às 7 horas, teve início uma experiência que veio para ficar: o terço devocio-nal Frei Bruno. Rezado em frente à estátua de Frei Bruno, o povo abraçou a devoção e assumiu o compromisso de rezar todos os sábados da Quaresma, no mesmo horário. Na Missa de encerramen-

XAXIM “TROCA” DE PADROEIROVALNEI BRUNETTO

| Comunicações | Abril 2015 | 205

Fraternidades

to, foram distribuídos pacotes do “Chá de Frei Bruno” (chá de pata-de-vaca).

Segundo o pároco, o sucesso da festa se deve aos voluntários que não mediram esforços para tornar este momento celebrativo grandioso. “O que não faltou foi empenho, dedicação e disposição de um grupo significativo de co-laboradores. Muitos, mesmo sem aparecer, permanecendo nos bas-tidores do evento, realizaram um

trabalho fundamental e indispen-sável para o sucesso da festa”, dis-se. Isso pode se ver com mais des-taque no Jantar Italiano, realizado no sábado (21) e na churrascada, no domingo (22).

Foi a primeira festa do novo vigário paroquial Frei Vitalino Piaia, natural de Fernando Ma-chado, em Coronel Freitas. No dia 9 de dezembro, Frei Luiz Iakovacz se despediu da Paróquia para ser missionário em Angola.

XAXIM “TROCA” DE PADROEIRO

| Comunicações | Abril 2015 |206

Fraternidades

odos os anos, no domingo da Páscoa, tem início uma das maiores festas religiosas do

país: a Festa de Nossa Senhora da Penha. Frei Pedro Palácios, antes de passar desta vida para a eternidade, no ano de 1570 ou 1571, aqui iniciou esta festa que se tornou muito popu-lar em nossos dias. A Festa da Penha, como é conhecida, tem origem no-vamente na devoção a Nossa Senho-ra das Alegrias. Uma das alegrias de Maria é a ressurreição de Jesus, por isso, a festa é celebrada na Páscoa. A Festa tem duração de 9 dias, ou seja, inicia no domingo da Páscoa e cul-mina na segunda-feira após a oitava da Páscoa.

A Festa da Padroeira integra todo

o Estado, de Norte a Sul. Caravanas de todas as dioceses se organizam para homenagear a Mãe da Penha. “As ro-marias a cada ano reforçam o caráter extremamente devocional desta festa. É expressivo o número de pessoas que participam das Romarias e diversas missas que compõem a festa. Registro aqui, por exemplo, a Romaria dos ho-mens, criada no ano de 1958 e que a cada ano aumenta mais a participação das pessoas. Estima-se que no último ano mais de 300.000 pessoas tenham participado desta romaria. Outras grandes romarias também aconte-cem, como a das mulheres, reunindo em torno de 60.000 pessoas”, explica Frei Valdecir Schwambach.

A cada ano, o número de fiéis tem

aumentado. Estima-se que ao longo dos 9 dias, aproximadamente 1 mi-lhão de pessoas participam de algum momento da festa: romarias, missas, oitavário ou somente venham ao Convento para prestar sua homena-gem pessoal e familiar à Padroeira.

O último dia da festa, que é o dia da Padroeira, é feriado estadual.

Neste ano, a Festa acontecerá de 05 a 13 de abril e terá como tema: “Maria, mãe da família, santuário da paz”. “Mais uma vez, queremos que esta seja uma festa para todas as pessoas, transmitindo a todos, valo-res tais como a fé, o respeito, a paz, a tolerância, a comunhão, o cuidado com o outro e toda a criação”, espera Frei Valdecir.

FESTA DE NOSSA SENhORA DA PENhAVILA VELhA, ESPíRITO SANTO, 5 A 13 DE ABRIL

| Comunicações | Abril 2015 | 207

Fraternidades

Tema: Maria, Mãe da Fa-mília, Santuário da Paz!

05/04 – DOMINGO DE PÁSCOA – RESSURREIÇÃO DO SENhORMissas na Capela: 5h00, 7h00, 9h00 e 11h0014h30: Abertura do Oita-vário e Missa no Campi-nho (Estacionamento) do ConventoRomaria: Cavaleiros – 8h30, saindo de Cobilândia – Vila VelhaObs: Missa coordenada pela Área de Vila Velha. (Neste dia, não há atendi-mento de confissões).

06/04 – SEGUNDA-FEIRAMissas na Capela: 6h00, 7h00, 8h00 e 9h3014h30: Oitavário e Missa no Campinho do ConventoObs: Missa coordenada pela Área Serra-naConfissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

07/04 – TERÇA-FEIRAMissas na Capela: 6h00, 7h00, 8h00 e 9h3014h30: Oitavário e Missa no CampinhoObs: Missa coordenada pela Área Caria-cica/VianaConfissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

08/04 – QUARTA-FEIRAMissas na Capela: 6h00, 7h00, 8h00 e 9h30Romaria: Militares – saindo 14h00 da Prainha14h30: Oitavário e Missa no CampinhoObs: Missa coordenada pela Área Bene-venteConfissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO

Folder_2015.indd 1 06/03/2015 16:09:05

PROGRAMAÇÃO

09/04 – QUINTA-FEIRAMissas na Capela: 6h00, 7h00, 8h00 e 9h3014h30: Oitavário e Missa no CampinhoObs: Missa coordenada pela Área SerraConfissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

10/04 – SEXTA-FEIRAMissas na Capela: 6h00, 7h00, 8h00 e 9h30 (Missa dos advogados)14h30: Oitavário e Missa no CampinhoObs: Missa coordenada pela Área VitóriaConfissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

11/04 – SÁBADOMissas na Capela: 6h00, 7h30 e 11h008h00: Campinho – Missa da Diocese de São Mateus (Romaria saindo às 7 horas do Portão do Convento)9h00: Prainha – Missa das pessoas com deficiência (Romaria saindo às 8 horas da Praça Dq. de Caxias)14h30: Oitavário e Missa no CampinhoObs: Celebra nesta tarde a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim (Romaria sain-do às 14 horas do Portão do Convento)

23h30: Prainha – Missa de encerramento da Romaria dos Homens (Romaria saindo às 19 horas da Catedral)Confissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.

12/04- DOMINGOMissas na Capela: 5h00, 07h00, 11h00 e 14h009h00: Campinho – Missa da Diocese de Colatina (Romaria saindo às 8 horas do Portão do Convento)15h30: Prainha – Oitavário16h00: Prainha – Missa de encerramento da Romaria das Mulheres (Saindo às 14h30 do Santuário do

Divino Espírito Santo)Procissão: Marítima – saindo 9 horas da Ilha das CaieirasRomaria: Motociclistas – saindo às 10 horas – Praça Costa PereiraObs. Confissões: 8h00 às 11h00 e 14h00 às 16h00.Show na Prainha: Frei Florival e amigos

13/04 – SEGUNDA-FEIRA – DIA DA PADROEIRAMissas na Capela: 0h00 (meia-noite), 2h00, 6h00, 9h00 e 12h007h00: Campinho – Missa da CRB e Seminário Nossa Senhora da PenhaRomaria: Ciclistas – saindo 8h30 de Cobilândia9h00: Bandas de Congo homenageiam a Padroeira no Campinho e recebem a bênção. 10h00: Campinho – Missa das Pastorais16h00: Prainha – Missa de encerra-mento da Festa de Nossa Senhora da PenhaShows na Prainha após a MissaObs: Confissões: 8h00 às 11h00 (Capela da Penitência) e 14h00 às 16h30.Show com Pe. Fábio de Melo após a Missa de encerramento.

| Comunicações | Abril 2015 |

conteceu no dia 16 de março o primeiro encontro do Regio-nal de Agudos na fraternidade

Santo Antônio, em Bauru. Estavam presentes 17 frades, entre eles o Defi-nidor Frei Mário Tagliari e D. Caetano Ferrari, bispo de Bauru. Na primeira

parte da reunião, lemos e refletimos um texto do Papa Francisco sobre a Vida Religiosa. Depois, dedicamos tempo para as fraternidades falarem sobre sua vida e trabalhos nesse iní-cio de ano. Também ouvimos vários comunicados do Definidor sobre a Província, marcamos nossas datas para esse ano e elegemos Frei Gilber-

to Piscitelli como nosso coordenador do Regional, substituindo a Frei Wal-ter Hugo, transferido para Guaratin-guetá. No final do ano, o Regional vai celebrar os 50 anos de vida religiosa de D. Caetano, sempre uma presença fraterna em nossos encontros. Será no dia 30 de novembro, na Paróquia San-to Antônio, em Bauru.

Eu vou viver uma alegria além,Essa paz de um mundo que eu vivo agora,Eu vou gozar o que lá em Belém,Vivi um dia e minha alma não chora!...

Qual essa alegria que eu louco busco,Para ser feliz, nessa minha estrada?Quais as razões, sim, desse lusco – fusco,Por que sofro nessa minha jornada?...

É lei da vida nesse meu lutar,Essa é a verdade que me faz amar,Todas as cruzes que me vêm da vida!

Eu fico, então, a meditar, tristonho,Mas não demito do meu lindo sonho,Viver dessa alegria lá do além...

Frei Walter Hugo de Almeida

ALEGRIA

ENCONTRO DO REGIONAL DE AGUDOSFREI JORGE L. MAOSkI

Fraternidades

| Comunicações | Abril 2015 |

Fraternidades

A primeira reunião de 2015 foi realizada no dia 16 de março em Rodeio. Às 9 horas, o coordenador Frei Roberto Carlos Nunes enca-minhou os confrades para a sala de recreio do Convento. Todos os membros do Regional se fizeram presentes, alguns com atraso por motivo justificado. Frei Abel Sch-neider justificou sua ausência por causa da idade (93 anos). Contudo, se fez presente na refeição ao meio--dia. A oração da manhã foi con-duzida pelo guardião Frei Valdir Laurentino, iniciada com o canto: “Vem, ó Deus da vida...” acompa-nhada com violão, dedilhado por Frei Valdir. Foram inseridos na oração os três objetivos apontados pelo Papa Francisco para a voca-ção da vida consagrada: 1) Olhar para o passado com gratidão, 2) viver o presente com paixão, 3)

abraçar o futuro com esperança. Lida a Ata da reunião de setem-bro de 2014 por Frei José Bertoldi, passamos aos assuntos, propos-tos por Frei Roberto: e Relato dos acontecimentos nas paróquias e fraternidades; Reflexão e estudo do Instrumentum Laboris, em preparação do Capítulo Geral da Ordem e, após o almoço, às 14h, foi passada a palavra ao Definidor Frei Germano Guesser, trazendo notícias do Definitório. O anima-dor Regional do SAV Frei Carlos Ignacia nos relatou o que se tratou na Assembleia do SAV em Rondi-nha nos dias 10 e 11/03 e marca-mos as datas das próximas reuni-ões do Regional: 1º de junho, em Balneário Camboriú; 31 de agosto, em Gaspar; e 30 de novembro, em Blumenau. O vice-Coordenador do Regional, Frei Rafael Spricigo, encerrou o encontro com a bênção de São Francisco.

m espírito acolhedor e fraterno, os frades do Regional do Vale do Paraíba e São Sebastião realizaram seu primeiro Encontro de 2015, no

Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, caracte-rizado por boas notícias.

Dadas as boas-vindas aos frades, pelo Guardião da Casa, Frei João Francisco da Silva, em especial aos novos componentes do Regional - Frei Sérgio Silas Damasceno, Frei Marcelo Romani e Frei Wal-ter Hugo de Almeida - e com a presença de Frei José Francisco C. Santos, Definidor, e depois de outros procedimentos iniciais, passou-se à leitura e refle-xão sobre o texto “Vida Consagrada na Igreja de hoje”, que todos conhecem, abordada na Homilia do Papa Francisco, na Basílica Vaticana, em 2 de fevereiro de 2015. A partilha predominante, de-corrente da reflexão, pode ser resumida em “dois verbos: descer para subir” (Frei Walter Hugo). Ou: “inverter a lógica, passar do ‘cumprir normas’ ao caminho da perfeição”. Ou ainda: “antecipar-se, não ficar esperando ordens superiores, criar oportuni-dades, tomar iniciativas, ser mais ‘pró-positivo’ e ex-pressivo, renovar-se, buscar a docilidade no servir, questionar-se de como se está vivendo a vida con-sagrada”. “É preciso levantar-se sempre de novo da mesa e abaixar-se para o ‘lava-pés’, todos os dias”.

Dando sequência à Reunião, as Fraternidades do Regional partilharam muitas coisas boas, entre elas: a data a ser comemorada dia 12 de dezembro, os 50 Anos da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, no Bairro São Francisco, em São Sebastião; a Orde-nação Diaconal de Frei Sérgio Silas Damasceno, em São Bernardo do Campo, dia 04 de julho; a Admis-são de 14 jovens ao Postulantado, realizada dia 28 de janeiro, agora sob a orientação do novo Mestre, Frei Jorge Lázaro de Souza; o fantástico resultado do trabalho no Projeto “Recuperação de Drogados”, da Fazenda da Esperança; a presença forte, educado-ra e atuante de Frei Walter Hugo de Almeida, nesse Projeto e junto às Irmãs Clarissas.

Caminhando para o final desse Encontro Re-gional, Frei José Francisco lembrou a todos a impor-tância da missão de cada frade: “Deixar que a mis-são ‘fora’ nos provoque a redimensionar a missão ‘dentro’.

ENCONTRO DO REGIONAL DO VALE DO PARAíBAFREI CLAUDINO DAL’MAGO

REGIONAL DO VALE DO ITAJAíFREI JOSÉ BERTOLDI

Frei Jorge, o novo mestre dos postulantes

| Comunicações | Abril 2015 |210

Fraternidades

a s egunda- fe i ra (23/03), o Regional do Espírito Santo

se reuniu no Convento da Penha, em Vila Velha, para celebrar seu primeiro Capí-tulo Regional deste ano.

O Capítulo teve início às 8h30, quando todos os fra-des foram acolhidos com um gostoso café e muita alegria por parte dos frades da fraternidade Nossa Se-nhora da Penha. Logo em seguida, durante a oração da manhã, foram colocados os motivos e intenções para oe Capítulo. E os motivos foram muitos: Jubileu de 60 anos de Vida Religiosa de

nosso coração para encontrarmos a espontaneidade, jovialidade e ale-gria em poder anunciar a graça de Deus. Ainda devemos cuidar para que as funções eclesiásticas que al-guns frades têm não tomem conta da vida franciscana, pois “o frade tem precedência sobre o padre”.

Precisamos ir ao encontro do outro, ser fermento, ser profeta, falar de Deus e a partir Dele, para que nossas ações sejam proféticas e mostrem a realidade e sejam ba-seadas na contemplação. Com um pouco de boa vontade e fé, teremos um coração agradecido pelos be-nefícios que recebemos da gratui-dade de tantas pessoas.

Em seguida, foi visto o “Instru-mento de trabalho” do Capítulo Geral que será estudado nas fra-ternidades, também em vista do Capítulo Provincial que está sendo preparado e ao qual todos os frades já estão convidados a participar.

As três fraternidades partilha-ram seus trabalhos e realizações que são o atendimento aos pere-grinos, os trabalhos apostólicos nas paróquias, os retiros com de-terminadas pastorais durante esta Quaresma, a Festa da Penha que entra na fase final de preparação e, enfim, a certeza de todos os frades buscarem viver da melhor maneira possível sua vida religiosa.

Também foi falado dos encon-tros e reuniões provinciais neste mês, como a Assembleia do SAV, encontros de Jovens franciscanos, caminhadas da juventude e os pre-parativos para a Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, em 2016. Foram marcados os próxi-mos encontros regionais.

Como oração final, foi entoado o canto “Virgem da Penha” e, com a bênção de São Francisco, todos voltaram fortalecidos para suas fra-ternidades.

ESPíRITO SANTO: REGIONAL SE REúNE NA PENhAFREI GILSON kAMMER

Frei Pedro Engel, a despedida de Frei Alberto Eckel Junior e a che-gada de Frei Jeâ Paulo Andrade, os 25 anos da missão em Angola, a chegada dos aspirantes Rodrigo e Ivan, os trabalhos apostólicos nas paróquias, a Festa da Penha, os aniversariantes dos meses de janei-ro, fevereiro e março, e a passagem de Frei Orlando Bernardi e Vicente do Nascimento Viana (pai de Frei Pedro Viana).

Após a oração, foi lido, refletido e partilhado o texto da Carta Após-tolica do Papa Francisco para o Ano da Vida Consagrada e, entre as principais contribuições, os frades afirmaram que a melhor campa-nha vocacional é a presença fecun-da dos religiosos onde a vida está ameaçada. O atendimento às pes-soas que procuram nossas frater-nidades deve mostrar nossa alegria de sermos religiosos franciscanos e devemos examinar diariamente

Na liturgia e na vida,sem máscaras, sem couraças, te sonho.

No som sem mentira da tua voz,sonho ouvir a Música da tua alma livre.

Na harmonia dos teus gestos,sonho sentir a Poesia do teu corpo.

Na sinceridade do teu olhar,sonho tocar as vestes do meu Mestre.

Na serenidade contagiante do teu rosto,sonho perceber que a Vida tem sentido.

No testemunho corajoso da tua fé,sonho escutar a voz vibrante do Profeta.

Na ternura do teu generoso agir,sonho-me conduzido pela voz do bom Pastor.

Na inteireza do teu desprendido ser,sonho-me tocado pelo Eterno.

Nos teus passos pobres junto aos pobres,sonho-me povo solidário,

povo de Deus.Frei José Ariovaldo da Silva 07.03.2015

Fraternidades

o dia 16 de março, nos reuni-mos na Fraternidade Nossa Senhora Aparecida para nos-

so Encontro Regional. Acolhidos pela fraternidade, rezamos, conversamos, refletimos... Acolhemos ainda os dois aspirantes que ficarão esse semestre em nosso Regional, o Guilherme, que é de São Paulo, e o Diego, de Santo Amaro da Imperatriz. Eles têm São João de Meriti como referência, mas devem passar um tempo nas demais casas do Regional. Acolhemos ainda Frei Tadeu Luiz Fernandes, trans-ferido para a Fraternidade que nos acolhia. Também Frei Róger Bruno-rio foi transferido para o Convento Santo Antônio, e deve chegar ainda esse mês. Pudemos refletir bastante,

MENSAGEM AOS SACERDOTES

1º ENCONTRO DO REGIONAL RIO-BAIXADAFREI CLAUzEMIR MAkXIMOVITz

com o olhar em nossa vida de frades, buscando concretamente onde pode-ríamos melhorar nosso testemunho de vida. O subsídio do Capítulo Ge-ral deu o tom da partilha. A troca de experiências e de propostas foi bas-tante rica. Aos poucos, a discussão se tornou mais abrangente, tocando os passos de redimensionamento assu-midos ou em trâmite pela Província,

a situação de diversas fraternidades e de alguns frades. Por fim, marcamos nossos próximos encontros: 18 de maio, no convento Santo Antônio, onde há a possibilidade de se chegar na véspera para um recreio; 14 de se-tembro, em São João de Meriti; e 23 de novembro será o recreativo, em local a ser combinado. Após o almoço, todos retornaram para suas atividades.

| Comunicações | Abril 2015 |

Fraternidades

212

FREI JORGE MAOSkI

Paróquia Santo Antônio de Bauru está se preparando para celebrar seus 60 anos

no dia 21 de abril de 2015. Todos estão muito empenhados nos preparativos: teremos celebrações, jantar, chá beneficente, exposição de fotos (pastorais, comunidades) e outros momentos. Também já fizemos as camisetas em comemoração ao evento e o povo já a está usando com alegria. Muitos frades passaram pela Paróquia Santo Antônio e deixaram aqui suas marcas. Serão nossos convidados especiais para a Missa de Ação de Graças, no dia 21 de abril, às 19h30. Quem puder participar, será muito bem recebido. Pedimos orações de todos para que esta nossa comunidade paroquial continue sendo um sinal forte da presença do Reino pelos trabalhos realizados no passado, no presente e no futuro. Rendemos graças a Deus por todos aqueles que ajudaram a construir essa bela história, frades e leigos. Paz e Bem!

| Comunicações | Abril 2015 | 213

Fraternidades

hISTÓRIAA comunidade católica do Jardim

Bela Vista se mobilizou e, em 1937, mais precisamente no dia 12 de se-tembro, o Pe. João Van de Hubst lan-çou a pedra fundamental da Capela Santo Antônio. No dia 24 de março de 1940, num domingo de Páscoa, o bispo diocesano Dom Luiz de Sant’Ana inaugurou a capela, que re-cebia todas às terças-feiras os padres do Sagrado Coração de Jesus, da Pa-róquia São Benedito, na Vila Falcão, para celebrar a missa em honra a Santo Antônio. Os franciscanos che-garam em 1951 e deram continuida-de a esta celebração.

No dia 19 de março de 1955, festa de São José, mais um sonho se tornou realidade. Dom Henrique Golland Trindade, bispo diocesano de Botu-catu, promulgou o decreto de criação da Paróquia Santo Antônio, que foi desmembrada das paróquias de São Benedito, da Vila Falcão, e de Nossa Senhora Aparecida. No dia 21 de abril de 1955, às 20 horas, Dom Henrique nomeou Frei Elias Hüeppe como primeiro pároco da Paróquia Santo Antônio. Desde 1951, Frei Elias, com seus confrades Frei Benigno, Frei Ber-tino e Frei Roberto Belarmino Lopes, já marcavam, por seus gestos, a evan-gelização na Vila Falcão e Jardim Bela Vista. São lembrados até hoje pelos antigos paroquianos.

No dia 23 de fevereiro de 1958, dia de grande júbilo, foi inaugu-rado o novo prédio da escola paroquial São Francisco de As-sis. As mil crianças da Escola se reuniram no prédio velho, salão paroquial de Santo Antônio, local onde funcionou por dois anos, e, às 2 horas em ponto, saíram, acompanhadas da Banda Musi-cal dos seminaristas, para o novo prédio da escola onde foram rece-bidas pelo bispo diocesano e qua-tro mil pessoas.

CONSTRUÇÃO DA NOVA IGREJAEm 1962 chegou a Bauru Frei

Estêvão Baxmann, o construtor da arquitetônica matriz. No dia 16 de junho de 1963, às 16 horas, Dom Henrique G. Trindade realizou a bênção solene da pedra fundamen-tal da nova Igreja de Santo Antônio, com a presença de muitos paroquia-nos, do clero e de vários confrades de Agudos e de São Paulo. Na época, Frei Paulo Evaristo Arns, na qualida-de de vigário da Província Francisca-na da Imaculada, fez a saudação ao Exmo. Sr. Arcebispo.

No dia 12 de junho de 1968, foi realizada a última missa na Igreja antiga e, na Festa de Santo Antônio, dia 13 de junho do mesmo ano, foi celebrada a primeira missa na nova Igreja. Na semana seguinte, começa-va a demolição da Igreja antiga que fica na memória do povo como parte de suas vidas.

Em abril de 1980, os frades ce-lebraram o primeiro jubileu no Jar-dim Bela Vista: 25 anos de presença franciscana. Em 1995, durante o 8º

centenário de nascimento de Santo Antônio, a Paróquia celebrou 40 anos de evange-lização, período em que tinha 10 comunidades, entre elas a Comunidade São Francisco de Assis, criada em 1982; a Comunidade Santa Clara, em 1989; e a Comunidade São João Batista, em 1995.

Durante todo esse período muito se fez em benefício da Paróquia; a evangelização foi sendo revigorada; novas pas-torais e movimentos foram se estruturando e manifestando seu vigor; a formação, a ora-ção e o trabalho social cami-nharam juntos; a Paróquia foi mostrando a força que tem na unidade da fé e na diversidade de dons e carismas. Igreja antiga

| Comunicações | Abril 2015 |214

Fraternidades

endo o estado de deterioração do telhado da igreja e o risco para a segurança dos fiéis, as-sim como a responsabilidade pela manutenção

constante da Casa de Deus, o pároco Frei Vanderley Grassi e seu conselho consultaram o livro do Tombo da paróquia e não encontraram registro algum de uma reforma do telhado, sendo que esta é uma igreja quase centenária.

Como a paróquia não podia contar simplesmente com as entradas normais para enfrentar uma emprei-tada de tal dimensão, foi necessário lançar a Campa-nha do Telhado, que, com inúmeras iniciativas, como carnê, almoços franciscanos, pastéis de Santo Antônio, rifas etc. – manifestou a grande generosidade dos fiéis e a criatividade de suas lideranças.

A segunda etapa será a captação de recursos para a troca do piso, iluminação e pintura interna da igreja. Que Santo Antônio abençoe e continue sempre a inter-ceder pela edificação de nossa igreja material e, princi-palmente, de nossa igreja espiritual, a grande comuni-dade de fiéis e devotos deste querido santo, tão amado por todo o povo brasileiro.

IGREJA SANTO ANTôNIO GANhA NOVO TELhADO

FLORIANÓPOLIS

| Comunicações | Abril 2015 | 215

Fraternidades

ntre os dias 13 e 15 de março, a Fraternidade Franciscana de Agudos (SP) recebeu 28 frades

para a celebração de mais um Encon-tro dos Irmãos Leigos da Província da Imaculada Conceição do Brasil.

Na celebração eucarística que abriu o Encontro, Frei Estevão Ot-tenbreit, vigário provincial e mode-

rador da Formação Permanente, deu as boas-vindas aos irmãos leigos pre-sentes, ressaltando a importância do evento que acontece em tempo favo-rável: a celebração do Ano da Vida Consagrada e a preparação aos Ca-pítulos Geral e Provincial. A Provín-cia da Imaculada conta hoje com 59 irmãos leigos que marcam presença em todas as cinco frentes de evan-gelização, além de desempenharem

outras atividades relevantes junto às fraternidades, casas de formação e serviços administrativos.

Encontros de irmãos leigos vêm acontecendo na Província desde a dé-cada de 60, ainda que em diferentes formatos e modalidades. Esta memó-ria foi apresentada por Frei Walter de Carvalho Júnior, secretário da Pro-víncia, bem como os temas que fo-ram recorrentes nos encontros desde

ENCONTRO DOS IRMÃOS LEIGOS

POR UMA FRATERNIDADE DE MENORESFREI VAGNER SASSI

| Comunicações | Abril 2015 |216

Fraternidades

2000, a saber, a identidade do irmão leigo, seu itinerário formativo, sua profissionalização e a adequação de suas opções pessoais às necessidades e prioridades da Província e da Or-dem. Abordaram-se também os três encontros promovidos pela CFMB que aconteceram em 2008 (Ribeirão das Neves - MG), 2011 (Petrópolis - RJ) e 2013 (Lagoa Seca - PB).

Alguns momentos do Encontro foram dedicados ao estudo e refle-xão a partir do texto do Instrumen-tum Laboris do Capítulo Geral da Ordem de 2015, intitulado “Frades e Menores em nosso tempo”. Cumpre observar que, ao tratar do tema “Vi-ver como Irmãos”, o documento traz um subtítulo próprio sobre “Os Ir-mãos Leigos”. Diante da provocação do texto, vários frades contribuíram, expressando suas inquietações quan-to à qualidade evangélica das rela-ções fraternas e à nossa identidade religiosa, obscurecida pelo excessivo clericalismo presente na Igreja e na Ordem.

Outros momentos do Encontro foram reservados para o lazer. Na primeira tarde, uma visita às de-pendências da fazenda do Seminá-rio Santo Antônio. Sob orientação de Frei Leonir Ansolin, guardião da fraternidade local, foi possível visitar a sede, a oficina onde se recolhe o mel das abelhas, as criações de ove-lhas e porcos. Alguns aproveitaram a oportunidade para andar a cavalo, enquanto outros caminhavam pelo local. Na segunda tarde, uma visita ao Mosteiro das Irmãs Concepcio-nistas Franciscanas, em Piratininga. Depois de serem acolhidos genero-samente, frades e irmãs se dirigiram à igreja para a oração das Vésperas.

Os momentos de partilha foram bem participados. “Irmãos e me-nores” aponta para o diferencial do modo franciscano de ser fraterno: a minoridade como condição para a

| Comunicações | Abril 2015 | 217

Fraternidades

fraternidade. Vários irmãos manifes-taram suas impressões sobre o estilo de vida excessivamente burguês e acomodado que, por vezes, predomi-na na maioria das fraternidades. Ve-rificou-se que a qualidade minorítica de nosso modo de ser e estar no mun-do geralmente muito deixa a desejar. Fôssemos contentes em sermos mais simples e menos possessivos, somente assim poderíamos ser uma presença profética no mundo de hoje.

A última parte do Encontro foi reservada para trabalhos em grupos, com o objetivo de apontar procedi-mentos que ajudem o Governo Pro-vincial e os frades da Província da Imaculada a valorizarem mais o cará-ter laical da vocação franciscana que nos é comum. As contribuições dos irmãos foram acolhidas em plenário. Entre outras, o modo do acolhimen-to e acompanhamento vocacional e a necessidade de se aclarar o itinerário formativo próprio do frade menor, não identificando-o simplesmente à formação clerical. Observou-se que, dentre as frentes de evangelização as-sumidas como prioridade pela Pro-víncia, temos quatro que não são de caráter pastoral-paroquial e que pos-sibilitam um maior engajamento do irmão leigo.

O próximo encontro está previs-to para a data de 04 a 09 de setem-bro também em Agudos (SP), oca-sião em que a Província acolherá também os irmãos leigos capuchi-nhos, conventuais e da TOR. Após o almoço de domingo, dia 15 de março, retornaram os irmãos para suas fraternidades, renovados pelo Encontro e felizes pela convivência fraterna destes dias. A alegria de rever os confrades e partilhar de-safios e esperanças revigorou em todos o desejo e o propósito de se consagrarem a Deus no serviço e no cuidado dos irmãos. Em louvor de Cristo. Amém!

| Comunicações | Abril 2015 |218

Fraternidades

stamos vivendo o tempo sa-grado da Quaresma que se constitui numa grande graça

de Deus, pois convida-nos à con-versão, à mudança de mentalidade e de atitudes, a fim de que possamos celebrar dignamente os mistérios da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A Quaresma é o grande retiro es-piritual para nós, cristãos. Dentre os tantos trabalhos e afazeres, somos convidados ao silêncio para ouvir a voz de Deus; diante da violência, da agressividade, somos chamados à misericórdia e ao perdão; em meio aos apelos do poder, do prazer, das riquezas, somos convidados à hu-mildade, à sobriedade, ao desapego; vivendo numa sociedade individua-lista, somos chamados à partilha e à fraternidade.

Para vivermos esse grande retiro, o Evangelho nos propõe a prática da oração, da esmola e do jejum. Pela oração, entramos em comunhão íntima com Deus, vivendo plena-mente nossa filiação divina. Através dela estabelecemos um diálogo com o Pai, falamos e ouvimos, revisando nossas atitudes. A oração se mani-festa em nossas preces de louvor e gratidão, de pedidos de graças e de perdão.

Seguindo este preceito, a Paró-quia Santa Clara de Assis se colocou na atitude de silêncio interior para ouvir a Palavra de Deus, numa ati-tude de conversão. No intuito de evangelizar-se e evangelizar, foram oferecidas oportunidades de retiros que se tornaram ocasião privilegia-da para o encontro com Deus.

No primeiro domingo da Qua-

resma (22/02), os Ministros Extra-ordinários da Eucaristia e da Pala-vra se encontraram no Mosteiro Santíssima Trindade para passar um dia de retiro em silêncio e con-templação.

Esse momento foi conduzido pelo bispo emérito da Diocese de Colatina, Dom Décio Sossai Zan-donade, que focou sua reflexão no silêncio interior e exterior para ou-

vir a Palavra de Deus e ter melhores condições de dar um testemunho autêntico e alegre de vida cristã em nossa família e comunidade. Apro-veitou a ocasião para pedir aos mi-nistros que sejam autênticas mora-das de Deus para que todos possam encontrar abrigo seguro, especial-mente por ocasião da visita e oração pelos doentes e acamados.

No segundo domingo da Qua-

Colatina

QUARESMA: RETIROS NA PARÓQUIA SANTA CLARA DE ASSIS

FREI GÍLSON kAMMER

| Comunicações | Abril 2015 | 219

Fraternidades

resma (01/03), a Pastoral da Juven-tude se reuniu em uma chácara na comunidade São Vicente de Paulo para juntos rezar, refletir sua missão, traçar os caminhos e as metas para uma boa vivência de fé e colocar-se a serviço na família, comunidade e sociedade.

O retiro foi conduzido pelo Frei Mário Stein e pela coordenação da juventude que usaram músicas, en-cenações e dinâmicas para mostrar a realidade de tantos jovens no seu dia a dia nos estudos, na convivên-cia familiar, no trabalho, nos encon-tros com os amigos, mas também na violência e nas drogas, enfim, tudo aquilo que hoje faz parte da vida de um jovem, que precisa ser

ajudado a descobrir a graça de Deus em cada momento.

No terceiro domingo da Qua-resma e Dia Internacional da Mu-lher (08/03), os (as) catequistas se reuniram no Colégio Marista da cidade para um dia de retiro, onde puderam ouvir, meditar, refletir e partilhar a Palavra de Deus e sua experiência de fé com as crianças e adultos que fazem sua catequese nas comunidades.

O encontro foi conduzido pelo Padre Malvino Xavier da Silva, que se ateve à espiritualidade da cate-quese que tem seu ponto culminan-te na escuta da Palavra e na troca de experiência de fé.

No quinto domingo da Quaresma

(22/03), tivemos um encontro mui-to bonito com os coroinhas e suas famílias em uma chácara na cidade. Desde manhã as crianças mostraram a alegria de poder servir à Igreja com simplicidade, entusiasmo e carisma. Seguindo o mesmo caminho, os pais destas crianças partilharam a alegria de perceber um crescimento bonito e importante de seus filhos no ambien-te familiar, escolar e principalmente na vivência de sua fé na comunidade.

Esse retiro foi conduzido por Frei Mário Stein e Frei Pedro do Nasci-mento Viana, em conjunto com a Pastoral Familiar. Desta forma, fo-ram vistos os caminhos de formação para as crianças que já são coroinhas e também para aquelas que estão manifestando este mesmo desejo.

Com estes retiros, a Paróquia Santa Clara de Assis buscou se pre-parar da melhor maneira possível para a Semana Santa. Que durante o Tríduo Pascal todos os paroquia-nos possam sentir a mesma emoção de realmente tornar-se Eucaristia, abraçando a cruz a cada dia e, ven-cendo a morte, possam ser sinal de vida nova manifestada na ressurrei-ção de Cristo.

| Comunicações | Abril 2015 |220

Capítulo Provincial 2016

Caros confrades,Paz e Bem!

 O Capítulo é uma instituição da maior importância para a direção da vida e da missão dos irmãos na

Província” (EEGG 165). Assim, seguindo as orientações dos nossos Estatutos Particulares, com este Decre-to convoco todos os Irmãos da Província para juntos nos empenharmos na preparação do nosso próximo Capítulo Provincial Ordinário e eletivo a ser celebrado entre os dias 18 a 26 de janeiro de 2016, no Semi-nário Santo Antônio, de Agudos, SP.

 Caminhando em sintonia com o Capítulo Geral da nossa Ordem dos Frades Menores, também nós, frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, queremos, no nosso Capítulo Provin-cial, deixar-nos conduzir pelo Espírito do Senhor a partir deste tema: “EVANGELIZAR COMO IRMÃOS E MENORES”.

 Como é do conhecimento de todos, na última reunião do Definitório Provincial foi ratificada a Comis-são Preparatória do Capítulo, seguindo as indicações do Artigo 57 dos nossos Estatutos Particulares. Esta Comissão, em sintonia com o nosso Visitador Geral, Frei Valmir Ramos, já se reuniu pela primeira vez nos dias 4 e 5 de março de 2015 e elegeu a Frei César Külkamp para secretário, e a Frei Antônio Michels para coordenador da Comissão Preparatória.

 Ao enviar este Decreto a todos os confrades da Província, e tendo presente a nossa vida provincial do último sexênio, mais do que nunca somos convidados a nos perguntarmos ‘onde’ e ‘como’ desejamos “Evangelizar como Irmãos e Menores” nos tempos de hoje, levando em conta toda a nossa Formação e as cinco Frentes de Evangelização. Que as inquietações da primitiva Fraternidade Minorítica também nos in-terpelem no presente da nossa vida franciscana: “Enquanto caminhavam, conversavam uns com os outros sobre todos os bens que o clementíssimo Deus lhes havia concedido: como foram simpaticamente recebidos pelo vigário de Cristo, o senhor e pai de todo o povo cristão; como poderiam cumprir as obrigações e preceitos dele; como poderiam sinceramente observar e indelevelmente guardar a regra que receberam; como caminhariam em toda a santidade e na Religião diante do Altíssimo; enfim, como a vida e costume deles, pelo incremento das santas virtudes, serviriam de exemplo para o próximo” (1Cel 34).

 Que este ano da Vida Consagrada e ano da celebração do Capítulo Geral abra o nosso coração às in-terpelações do Papa Francisco, para podermos celebrar com gratidão, paixão e esperança o nosso Capítulo Provincial, na perspectiva de sermos sempre mais proféticos na nossa missão evangelizadora, como irmãos e menores.

Que o Espírito Santo de Deus nos ilumine e abençoe!São Paulo, 16 de março de 2015.

 Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM

Ministro Provincial

DECRETO DE ABERTURA DO PROCESSO DE PREPARAÇÃO DO CAPíTULO PROVINCIAL 2016 (EEPP ART. 56)

| Comunicações | Abril 2015 | 221

Capítulo Provincial 2016

O último Capítulo Provincial votou alterações nos Estatutos Particulares da Província quanto à sua própria realização. A mais importante delas é a abertura do Capítulo à participação de todos os frades professos solenes (art. 59). Outra mudan-ça é a da Comissão Preparatória, agora menor e composta pelos Secretários dos Secretariados, Animadores dos Serviços, um frade estudante de profissão solene, além de outros membros nomeados pelo Ministro Provincial (art. 57). Frei Fidên-cio nomeou então para a Comissão os ani-madores de cada Frente de Evangelização e um perito. E ficou assim constituída: Frei Antônio Michels - secretário para a Evangelização;Frei César Külkamp - secretário para a Formação e os Estudos;Frei Diego Atalino de Melo - animador do SAV;Frei Estêvão Ottenbreit - frente da Mis-são e moderador da Form. Permanente;Frei Gustavo W. Medella - frente da Co-municação;Frei João Reinert - perito;Frei José Francisco de Cássia dos Santos - frente da Solidariedade;Frei José Idair Ferreira Augusto - vice--secretário para a Evangelização;Frei Marcos Vinícius Motta Brügger - frade estudante professo solene;Frei Nilo Agostini - frente da Educação;Frei Valdecir Schwambach - frente das Paróquias e dos Santuários.

A primeira reunião foi convocada para os dias 04 e 05 de março, no Convento São Francisco, em São Paulo. O Visitador Geral, Frei Valmir Ramos, ainda não pôde estar presente e Frei Fidêncio conduziu a primeira parte dos trabalhos. Trouxe uma análise da Província, elaborada em con-junto com o Definitório, que aponta as potencialidades, os desafios e as ações ne-cessárias de redimensionamento das nos-sas presenças. Indicou ainda a necessidade de retomar o eixo da Evangelização, como a razão de ser da Ordem, e que a Comis-são tivesse presente o Capítulo Geral com seu tema “Irmãos e Menores no nosso

Tempo”. O instrumento de trabalho já foi enviado às fraternidades para estudo nos Capítulos Locais e Regionais.

Considerando a importância do passo que o último Capítulo Provincial deu ao escolher as cinco frentes de evangelização da Província, o que desembocou numa nova estrutura do próprio secretariado para a Evangelização, a Comissão achou por bem que o próximo Capítulo se ocupe principalmente com a Evangelização na Província, procurando dizer, em forma de projeto, como e onde devem atuar as nossas forças e estruturas em tais frentes.

Assim, o tema escolhido foi: “EVAN-GELIZAR COMO IRMÃOS E MENO-RES”.

Em seguida foram eleitos o coorde-nador e o secretário da Comissão Pre-paratória, respectivamente Frei Antônio Michels e Frei César Külkamp.

Na sequência, a Comissão trabalhou num cronograma para, aos poucos, che-gar ao instrumento de trabalho do Ca-pítulo, envolvendo as bases da Província para que as Fraternidades possam viver o Capítulo desde já como esta “instituição da maior importância para a direção da vida e da missão dos irmãos” (EEGG 165). Tomamos consciência do andamento dos trabalho de elaboração dos anteprojetos das frentes de Evangelização, alguns mais adiantados e outros a caminho. O que ocupou mais a comissão foi a frente das Paróquias e dos Santuários, que envolve o maior número de irmãos da Provín-cia. Conseguimos chegar a um esquema que deve ser seguido por todas as frentes:

1. Breve histórico (por que abraçamos este campo e qual o contexto atual);

2. Riscos e tentações atuais;3. Por que continuarmos nesta frente?4. Como queremos estar nesta frente?

Em seguida repassamos o Plano de Evangelização do último sexênio (2010-2015) e o preparamos com questões para o trabalho em cada fraternidade da Província. Aí será possível rever os nos-sos princípios, a nossa atual estrutura, os apelos da Igreja e da Ordem e che-garmos à elaboração de objetivos gerais e específicos para o próximo sexênio, ou, ao menos, apontar as linhas de ação que devemos traçar como Província. O objetivo é o de chegarmos, com an-tecedência e com a participação de to-dos, a um pré-plano de Evangelização.

O Secretariado para a Formação e os Estudos, compreendendo as etapas da Formação Permanente, Inicial e da Animação Vocacional, também vai ca-minhar nesta dinâmica, reelaborando as diretrizes para a Formação e revendo seus objetivos e estratégias do Plano de Evangelização para melhor atender ao grande desafio de formar o frade menor para a vida evangélica.

Por fim, depois de dois dias de traba-lho bem produtivo, a Comissão agendou as datas das próximas reuniões: 13 e 14 de julho;07 e 08 de setembro;26 e 27 de novembro.

Frei César Külkamp, ofmSecretário da Comissão Preparatória ao CP - 2016

1ª REUNIÃO DA COMISSÃO PREPARATÓRIA DO CAPíTULO PROVINCIAL – 2016

| Comunicações | Abril 2015 |222

Evangelização

uem passa no centro de São Paulo, percebe como aumen-tou o número de imigrantes

na cidade. A chegada de outros ‘her-manos’ latinoamericanos, como já de costume, foi somada à vinda de africanos, sírios e outras tantas nacio-nalidades que deram um sotaque di-ferente ao ‘burburinho’ da região cen-tral. Atento a esta realidade, o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) fez-se sensível e colocou-se na dispo-sição franciscana de acolher e orien-tar quem chega dos lugares distintos, numa tentativa fraterna de garantir sua dignidade, construindo, assim, a solidariedade que desconhece fron-teiras por meio do Crai.

UMA REFERêNCIA PARA O IMIGRANTE

Quem chega ao Centro de Refe-rência e Acolhida para o Imigrante (Crai), localizado no bairro da Bela Vista, em São Paulo, é acolhido e pas-sa por uma triagem. Em seguida, o imigrante é encaminhado ao atendi-

mento na língua materna de seu país. É preenchida uma ficha com informa-ções essenciais sobre a sua situação, como: data de chegada, documenta-ção e situação imigratória. Além dis-so, a pessoa pode ser encaminhada ao setor jurídico para regularizar a sua situação e, se desejar, ao atendimen-to psicológico para obter orientações sobre suas dificuldades emocionais.

“Quando você está em um lugar que não é seu, o primeiro medo que aparece é entrar em contado com as pessoas. Você pensa: ‘Será que ele vai me ajudar? Será que ele vai falar comi-go?’ Mas, quando você chega em um lugar como esse e encontra alguém que fala a sua língua, tem características si-milares ou características que não são daqui, a pessoa tem mais confiança”, afirmou o atendente do Crai, Wibert Rivas, que é boliviano. “Sempre brinco com os imigrantes: ‘este espaço não é um espaço em que você vem procu-rar uma orientação, esta aqui é a sua casa’. Para nós, é muito bom isso, pois, conseguimos identificar a real deman-da que ele tem, porque às vezes vem

procurar uma coisa, mas na verdade, o que ele precisa é outra”, destacou.

SOLUCIONANDO DEMANDASA assessora jurídica do Crai, Cin-

tia Freitas, contou uma das primeiras conquistas da solidariedade com os imigrantes atendidos. Foi o caso de dois africanos, o marido de Uganda e a esposa dele de Angola. Estão no Brasil há quase cinco anos e não pos-suem nenhum documento brasileiro. “Identificando o caso, percebemos que poderia solicitar o refúgio aqui no Brasil e isso era uma informação que ele nunca tinha tido antes”, expôs. Depois de ter conseguido regularizar sua situação e obter o protocolo de refúgio, ele teve que retornar ao Crai, pois não estava conseguindo abrir uma conta bancária. “Providencia-mos documentação, um acordo que foi estabelecido entre a Secretaria de Direitos Humanos da cidade de São Paulo, com o Banco do Brasil e a Cai-xa Econômica Federal, e providencia-mos uma carta para que ele levasse ao banco. Nesta semana, ele me ligou

SEFRAS

SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRASFABIANO VIANA

| Comunicações | Abril 2015 | 223

Evangelização

dizendo que havia conseguido abrir a conta”, comemorou.

A advogada explicou como fun-ciona o atendimento jurídico. “Vamos fazer primeiro um agendamento por-que a demanda aqui é grande e pre-cisamos organizar o fluxo. Segundo, porque preciso tomar conhecimento do caso antes, para que, quando a pes-soa retorne, possamos fazer o enca-minhamento”. Não existe um tempo específico para o atendimento, pois ele varia de caso para caso. De acor-do com Cíntia, a assessoria jurídica não descansa enquanto não resolver o caso. “Tem casos de quando a gente inaugurou em novembro (2014), que

eu ainda atendo. A pessoa continua vindo aqui para ser orientada”, desta-cou. Processo parecido ocorre tam-bém com o atendimento psicológico.

DESAFIOS DA IMIGRAÇÃO NO BRASILSeja no âmbito jurídico, social ou

político, a imigração é um desafio. Para o coordenador do Crai, Cleyton Borges, muito ainda precisa ser feito e discutido coletivamente. “É preci-so fortalecer na sociedade a visão de que o imigrante é autônomo, e que ele pode ser protagonista da sua his-tória. Tem condições por si só de en-frentar os desafios de estar em uma cidade que ele não conhece, em um

país diferente do seu”, considerou. No que tange à área do direito,

a legislação do Brasil apresenta-se arcaica. “Nossa legislação é muito fechada, e um de nossos desafios é quando alguém não é abarcado pela legislação brasileira. Existem algumas convenções internacionais, como por exemplo a convenção internacional de trabalhadores imigrantes. Alguns países já ratificaram e assinaram-na. Entretanto, o Brasil nem signatário é, e essas convenções não têm efeito ju-rídico no país”, explicou Cintia.

A lei de imigração no Brasil data de 1980 e teve sua última atualização em 2005.

De acordo com Cleiton Borges, o trabalho das instituições sociais não é o suficiente. “Não achamos que cabe às organizações sociais continuar fa-zendo este trabalho, mas sim fortale-cer os diversos níveis de governança para que exista uma política nacional de imigração que contemple as rea-lidades dos imigrantes”, afirmou. E acrescentou ainda: “Não podemos ver o imigrante como alguém que preci-sa de documento ou trabalho apenas, mas precisamos entendê-lo como al-guém que precisa alcançar os direitos humanos em plenitude”.

No ano em que o Sefras com-pleta 15 anos da rede franciscana de solidariedade para com os empobre-cidos, o serviço com os imigrantes alarga além-fronteira esta atitude. “Entendemos que a solidariedade atende todo o perfil de pessoas, na-cionalidades e situações, desde aquele que não possui moradia ao que en-frenta preconceito”, concluiu Borges.

O PERFIL DOS ATENDIDOS NO CRAI

A faixa etária dos atendidos no Crai concentra-se entre os 19 e 39 anos, um público jovem e em idade considera-da “produtiva” para o mercado de tra-balho. Em relação à raça/cor, a grande maioria (68%) se declarou “preta”.

No dia 8 de março, a Associação Senegalesa, em parceria com a Co-munidade Mouride, realizou o pro-jeto “Dia Cheikh Ahmadou Bamba Mbacke”, cujo objetivo foi o de fazer conhecer um pouco da história, da cultura, do ensino e os costumes do Cheik fundador da Comunidade Mouride. O evento contou com a presença de cerca de 1500 pessoas de diversas nacionalidades de imi-grantes e descendentes que vivem no Brasil. O Sefras participou deste evento com os imigrantes senegale-ses abrigados no Centro de Acolhi-da do Imigrante, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.

No encontro, o Cheikh refletiu sobre o papel do muçulmano no mundo, que é ‘ser uma pessoa de paz’. De acordo com a coordena-dora do Centro de Acolhida, Car-la Aguilar, “muitos atendidos são muçulmanos e o Sefras motiva a participação deles em espaços da religião, independente da confissão religiosa da instituição”.

No dia 10 de março, o líder sene-galês esteve no Centro de Acolhida do Imigrante e ficou muito feliz com o que encontrou: “Já estive em vários países no mundo, e nunca vi em ne-nhum outro lugar, tantos trabalhos voltados aos imigrantes”, enfatizou.

DIA CULTURAL NA ASSOCIAÇÃO SENEGALESA

| Comunicações | Abril 2015 |224

Evangelização

De acordo com dados ofere-cidos pelo Crai, os imigrantes, oriundos de Angola e do Haiti foram os mais atendidos neste primeiro trimestre de funciona-mento.

Quanto à escolaridade, 44% tem Ensino Médio, 28% tem En-sino Superior, e 19%, Ensino Fun-damental. Entre as formações e atuações profissionais dos imigran-tes destaca-se em primeiro lugar a construção civil, seguida de mecâ-nica e informática. A situação mi-gratória da maioria é de refugiados.

SOBRE O CRAIO Crai é um serviço público,

pioneiro no Brasil, gerido pelo Sefras em parceria com a Secre-taria Municipal de Direitos Hu-manos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. Dispõe de atendi-mento para 120 pessoas/dia com o serviço de regularização de do-cumentação, intermediação de trabalho, prevenção de trabalho escravo, formação (profissional e em idiomas), orientação jurídica, e ainda encaminhamentos de saú-de e apoio psicológico. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Ambos serviços prestam atendimento em seis idiomas (in-glês, espanhol, português, árabe, francês e creole).

DIA INTERNACIONAL DA MULhER ‘Destruindo muros, construindo

pontes’. Para celebrar o Dia Interna-cional da Mulher (comemorado no dia 8 de março), o Sefras organizou, de forma colaborativa com os diferen-tes serviços de São Paulo, uma manhã de convivência e reflexão. Neste ano, ocorreu no dia 11 de março e teve como tema: “Mulheres que fazem a História”. O evento aconteceu no sa-lão do Chá do Padre, no centro de São Paulo e começou por volta das 9 horas com um café da manhã. Em seguida, os serviços apresentaram di-versas personalidades femininas que exemplificam e testemunham a luta da resistência da mulher na sociedade.

REUNIÃO ANUAL DO SEFRASA cada início de ano, a diretoria

do Sefras se reúne para fazer uma avaliação do trabalho durante o ano e avaliar as perspectivas para o novo ano. O encontro fraterno e ad-ministrativo dos frades ocorreu no último dia 12 de março, na sede da instituição, coordenada pelo diretor geral, Frei José Francisco de Cássia dos Santos.

CRISE híDRICA EM SÃO PAULOSão Paulo vive uma crise hídrica

e no Sefras, em São Paulo, a reali-dade não é diferente. Diversas me-didas de economia foram tomadas pelos trabalhadores nos serviços. Entretanto, para resolver o proble-ma não basta economizar, se faz necessário discutir amplamente o assunto, promovendo ações de so-lidariedade.

NOTíCIAS

| Comunicações | Abril 2015 | 225

Evangelização

mbora o mercado nacional ain-da seja restrito para a música clássica, os últimos anos foram

marcados por uma expansão do setor. Festivais, conferências e a abertura de novos espaços, como a Cidade das Ar-tes, no Rio de Janeiro, e a nova sala de concertos da Orquestra Filarmônica de Belo Horizonte, são exemplos con-cretos do trabalho em prol da amplia-ção do acesso ao estilo musical, que também conta com eventos como a Conferência MultiOrquestra, promo-vida pela organização internacional British Council, para refletir e propor novas ideias para a música clássica no Brasil.

“No decorrer do século XX, houve um afastamento entre a arte contem-porânea e a vida cotidiana. No caso da música, ela se tornou mais intelectuali-zada. A linguagem da música moder-na, assim como da arte moderna, não está no dia a dia da grande maioria das pessoas”, afirma o presidente da Fede-ração Nacional dos Meninos Cantores do Brasil, e diretor artístico do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, o ma-estro Marco Aurélio Lischt, que desta-cou a importância de as pessoas terem um ouvido mais amplo para as diver-sas modalidades musicais.

Diversas instituições e profissionais têm trabalhado para manter a chama da música erudita acesa. Segundo o maestro, assim como existe um gran-de movimento de retomada da músi-ca clássica no Brasil, há também um trabalho de resgate da música sacra: “Este é um processo muito incipiente, mas começa a aparecer. Os composi-tores modernos se preocupam em es-crever músicas que possam ilustrar as passagens da missa. No entanto, ainda

principais centros financeiros do país, como a Fundação Orquestra Sinfôni-ca de São Paulo (Osesp) e a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). No entan-to, apenas as orquestras não são sufi-cientes para tornar a música erudita mais popular entre os consumidores de cultura no Brasil. Por isso, diversos grupos transmitem a música clássica para todos os tipos de público, em di-versas partes do Brasil, através de ou-tros meios.

Marco Aurélio Lischt ressalta que, neste ponto, os corais tem grande im-portância para auxiliar na dissemina-ção da música clássica e na formação de novos públicos. O trabalho de-senvolvido no Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, por exemplo, contribui triplamente: na formação de cantores, no acesso à cultura e como meio de divulgação da arte, seja du-rante as apresentações ou por meio de sua discografia.

Para o maestro, quanto antes as pessoas se acostumarem a ouvir ou-tras obras que não as comerciais, me-lhor. A constatação vem do convívio do Instituto dos Meninos Cantores que anualmente recebe dezenas de meninos e meninas interessados em fazer parte dos coros da instituição ou da Escola de Música, onde aprendem violino, violão, baixo, piano, órgão de tubos e regência coral. “Os alunos

passam a ter um gosto mais apurado, buscando aprender e apreciar outras formas de manifestação artística. Além disso, essa formação cultural ajuda a ampliar a visão de mundo destes jovens, que passam a ter maior senso crítico e poder de questionar as coisas”, declarou, lembrando, no en-tanto, que este tipo de trabalho ainda não é desenvolvido em larga escala no Brasil. “As escolas ainda carecem de profissionais da área que possam propiciar uma formação musical de melhor qualidade entre os alunos e consequentemente fomentar um nú-mero maior de estudantes de música no ensino superior”, destacou.

Para o maestro, os desafios ainda são muito grandes: “O Brasil ainda está aquém do que deveria ser uma atividade musical abrangente do pon-to de vista nacional. O que se vê, por exemplo, numa cidade como o Rio de Janeiro, são pouquíssimas produções anuais de ópera e cortes no orçamento das orquestras profissionais, que não são muitas na capital de nosso esta-do”, afirmou, situando o Instituto dos Meninos Cantores como referência na persistência destas atividades mu-sicais. “Trabalhamos há 72 anos para manter esta expressão cultural em um país onde, talvez para muitos, as reali-zações musicais estão comprometidas ou já extintas”, ressaltou.

MúSICA CLÁSSICA NO BRASIL: O DESAFIO DA POPULARIZAÇÃOInstitutos abrem caminhos para o erudito ficar mais perto do grande público

há uma carência muito grande de composito-res para a música sacra funcional, que possa ser usada na liturgia. Como esse processo está no começo, desejamos que esse movimento cresça com o passar do tempo”, comentou.

Hoje, os principais difusores desta arte são as grandes orquestras, que funcionam nos

Canarinhos

| Comunicações | Abril 2015 |226

FIMDA

O continente afri-cano possui 54 pa-íses independentes, sendo 48 continen-tais e 06 insulares. Sua população, se-

gundo estatísticas 2013, é um bilhão e 111 milhões de habitantes.

Desde o século XV, havia colônias europeias, principalmente, da Ingla-terra, Portugal, França, Holanda e outros. A independência aconteceu, em sua maioria, a partir dos últimos 100 anos. Não quero abordar este pro-cesso, nem as guerras civis nas quais a maioria dos países está envolvida, nem a fome, ou o “atraso” econômico e industrial.

No dia 06 de março, eu e mais dois frades embarcamos em São Paulo, fa-zendo escala na África do Sul e uma parada em Luanda, até chegarmos a Malange, cidade onde pretendo atuar como missionário, através do teste-munho e da palavra, com a graça de Deus.

Na minha chegada e desejoso de saber algo sobre este continente, deram-me o livro “História da África Negra”, de Boubacar Keita, para que o lesse e me inteirasse da história e dos costumes africanos. O que me chamou a atenção foi a insistência do autor em sustentar a tese de que o con-tinente africano é o “berço da huma-nidade, tanto na evolução biológica do ser humano, como também das pri-meiras civilizações que a humanidade conheceu” (Boubacar, 2009, p.12).

Em outras palavras, foi na África que aconteceram as várias etapas evo-

O embarque de Frei Luiz, Frei Camilo e Frei Cristiano no dia 6 de março

ÁFRICA: O INíCIO DE TUDO

FREI LUIz IAkOVACz

lutivas das espécies vivas, entre elas, a do ser humano, assim como o temos hoje; e também foi na África que seus habitantes “criaram” verdadeiras civi-lizações culturais.

Esta teoria, embora aceita pela maioria dos cientistas, encontra forte resistência de alguns. Estes “minimi-zam ou até negam a existência de um passado consciente, vivido e lembra-do na memória coletiva dos povos da África” (ibidem, p. 15).

Estou aqui em Angola, país que se declarou independente de Portugal (1975), que, durante muitos anos vi-veu uma guerra civil e que, após o Tra-tado de Paz, nos últimos 13 anos, luta pela reconstrução do povo e da nação.

Quero ser um pequeno sopro de

esperança para que o negro resgate seu primitivo valor e autoestima, as-sim como os cristãos buscam inspi-ração na Igreja Primitiva para fazer, desta mesma Igreja, “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14).

• A Missão Franciscana, em setembro, celebrará 25 anos de fundação. O primeiro grupo de frades (Freis José Zanchet, Pedro Caron e Plínio Gan-de) estabeleceu-se na cidade de Ma-lange (1990), em plena guerra civil. Hoje, a Missão conta com 16 frades, distribuídos em 3 cidades: Luanda, 7 frades em 2 fraternidades; Malange, 6 frades em 2 fraternidades; e Ki-bala, 3 frades em uma fraternidade. Na Missão, já trabalhou número

| Comunicações | Abril 2015 | 227

FIMDA

De férias no Brasil, Frei Miguel da Cruz aguarda na Sede Provincial, em São Paulo, para fazer uma cirurgia antes de retornar ao seu trabalho missionário em Angola, onde iniciou em 2013. Natural de Honório Serpa (PR), Frei Miguel vem de uma família mui-to religiosa. ´É o oitavo filho de uma família de nove irmãos, e desde pequeno foi educa-do no berço da fé. “A fé nos foi dada como um exemplo de vida no cotidiano da nossa família”, conta Frei Miguel. Então, cresci nes-te ambiente “religioso”. Em Mangueirinha, vendo o exemplo dos religiosos (especialmen-te dos padres Rogério de Ridder (Belga) e An-tônio Bartolomeu, ambos do Sagrado Cora-ção de Jesus) e das religiosas de Siessen que lá trabalhavam, decidiu ser religioso. Em 1991, iniciou esse processo vocacional ao fazer um estágio no seminário São Francisco de Assis, de Ituporanga, SC. Em 11 de janeiro de 1996, vestiu o hábito franciscano em Rodeio e foi ordenado presbítero em 1º de julho de 2007. Nesta entrevista, Frei Miguel fala um pou-co de sua experiência em terras angolanas. Acompanhe!

considerável de frades e muitos es-tagiários, especialmente, filósofos e teólogos.

• Malange é a capital da Província e o município conta com aproxi-madamente 223.000 habitantes. Quem visita a cidade se surpreen-de com a quantidade de motos que circulam; seu número é maior do que dos carros. Estes têm que es-tar rigorosamente em dia. Não só a documentação, mas também o motorista (carteira de habilitação angolana, passaporte e uso do cin-to obrigatório). A moto também

tem suas exigências, mas muitas delas são ilegais. Poucos têm habi-litação e a maioria não usa capa-cete. Numa blitz, os policiais são muito rigorosos com os carros e indulgentes com as motos. Muitas vezes, querem “gasosa” (= gorjeta).

• Malange é a sede da arquidiocese, tem 5 paróquias, 3 seminários (es-piritano, diocesano e franciscano) e – pasmem! – 16 casas de religiosas, algumas delas com formandas.

• O dia começa cedo. Já às 05h30, o sino da paróquia toca para as cele-

brações (os seminaristas acordam às 05h00); mas, também, termina cedo, pois a partir das 14h00, o comércio vai paulatinamente fechando as por-tas. À noite, não se costuma ter Mis-sa ou reuniões. Dizem que por cau-sa da segurança e também porque seguidamente falta energia elétrica, especialmente em Luanda.

• A paróquia tem um carro e, até o final do mês, chegará outro, oferta-do (50%) pela instituição austríaca MIVA e os amigos benfeitores de Frei Ricardo Backes (outros 50% ), da Bélgica.

ENTREVISTA – FREI MIGUEL DA CRUZ

“MEU OLhAR PARA A MISSÃO É DE ESPERANÇA”MOACIR BEGGO

| Comunicações | Abril 2015 |228

COMUNICAÇõES - Quais as suas im-pressões da Missão em Angola?

Frei Miguel - Penso que a Missão em Angola é um “achado” da Ordem dos Frades Menores e, consequente-mente, uma “pérola” da nossa Igreja. Uma das minhas impressões quanto à missão é que futuramente, Deus querendo, ela poderá servir de refe-rência para a Província da Imacula-da e, quiçá, para outras entidades da Ordem. Explico: hoje, a Missão cele-bra um grande número de vocacio-nados e frades estudantes. Acredito que sempre poderemos contar com uma força numérica nas atividades específicas da missão e, se necessário for, a Província poderá contar com o auxílio pessoal dos confrades an-golanos. Nos dias atuais, a Fundação Imaculada Mãe de Deus é depen-dente da gestão pessoal e financeira da Província e da “força tarefa” mis-

sionária em território angolano. Te-nho a impressão que a nossa evan-gelização será sempre crescente pelo ardor missionário de cada frade que lá estiver”.

COMUNICAÇõES - Quais são as suas atividades na missão?

Frei Miguel - Durante o tempo vivido em Angola (2013 e 2014), eu tive a oportunidade de somar em vá-rias atividades da Missão. Residia na fraternidade Monte Alverne, semi-nário menor, na cidade capital do es-tado de Malange. Lá exercia as fun-ções de vice-orientador, professor, vigário da casa e assistente espiritual das Clarissas do mosteiro Nossa Se-nhora dos Anjos, da cidade de Ma-lange. Também assistente da frater-nidade da OFS, “Nossa Senhora da Porciúncula” da Paróquia e Missão dos Santos Mártires de Uganda.

E sempre estive disponível na co-laboração dos trabalhos pastorais (celebrativos) da mesma paróquia. No ano passado, fui professor no seminário diocesano, a pedido dos padres que administravam aquele seminário. Sempre que possível dei uma colaboração nas paróquias vi-zinhas (atendimento, missas). Tam-bém ajudei a criar na arquidiocese a pastoral da Imigração e do Itineran-te, levando sempre em conta o nosso serviço de Justiça e Paz.

Portanto, lá estive sempre dispos-to a servir e a testemunhar o Reino de Deus e a sua justiça. Nas horas va-gas, cuidava de uns porquinhos, de uns cachorrinhos e plantava umas mandioquinhas...

COMUNICAÇõES - Como é viver em outro país, com outros hábitos ali-mentares, estilos de vida distintos e fortes diferenças climáticas, longe da família e dos amigos, enfim em uma cultura diferente? Quais os desafios?

Frei Miguel - Pois bem. Angola, em muitos aspectos, é muito pare-cida com o Brasil. Muitos hábitos e costumes semelhantes, porém, uma cultura toda particular. Um exemplo típico é a língua portu-guesa que foi “enriquecida” por muitas expressões e estilos dife-rentes. Existem dezenas de línguas (dialetos) locais. “Os mais velhos” dão maior importância aos diale-tos. Os mais jovens já têm maior preferência pela língua portuguesa. Os laços históricos e culturais que unem o Brasil e Angola remontam há muitos e muitos anos. O imen-so oceano que nos separa serviu também como um importante elo de aproximação, de trocas e de co-municação”. Afinal, o escritor Jor-ge Amado já dizia que “somos tão angolanos como quem mais o seja”. Portanto, outros hábitos alimenta-res, diferenças climáticas, estilos de

FIMDA

| Comunicações | Abril 2015 | 229

vida distintos fazem parte da vida da gente no dia a dia da missão. A distância que separa dos familiares e amigos é superada, no cotidiano, mediante (na medida do possível) o acesso das “mídias sociais”. A ale-gria, a acolhida e a criatividade do povo angolano, que luta e acredita em dias melhores, são sempre as nossas boas vindas de cada dia.

COMUNICAÇõES - Quais as perspec-tivas que você vê para a Missão de Angola?

Frei Miguel - Sou bastante oti-mista quanto à missão. As minhas perspectivas, acredito serem as me-lhores possíveis. Creio que a missão tem tudo para continuar, futura-mente, sendo uma presença eficaz da Ordem. Mediante os muitos de-safios: sociais, políticos e religiosos, a Ordem é convidada a fazer toda a diferença no atual contexto angola-no. Acredito que a missão, acima de tudo, deverá ser sempre um sinal do Reino de Deus. Ela tem consciência disso, quando constrói e administra escolas, igrejas e celebra a liturgia da vida do povo nas cidades e nas aldeias. Também se faz presente no trabalho árduo das famílias agricul-toras. Penso que a Ordem é muito bem-vinda em Angola. A Missão não pode abrir mão de zelar pela confiança e a generosidade do povo. Faz importante recordar que somos irmãos de toda a criatura e que ja-mais poderemos subestimar a razão da nossa presença fraterna como Frades e Menores no contexto da-quele país.

Portanto, o meu olhar para a Missão é de esperança. Os confra-des que lá estão, acredito que todos mereçam o respeito e a confiança de toda a Fraternidade Provincial e também da OFM. Lá não falta es-paço, todos são sempre muito bem- vindos.

COMUNICAÇõES- Você já teve an-tes uma experiência missionária na Terra Santa?

Frei Miguel - Depois de fazer a formação em Agudos (três anos do Ensino Médio), Filosofia, estudei um semestre de Teologia em Pe-trópolis. Após receber a obediência para continuar estudando Teologia na Terra Santa, fui morar e estudar no Seminário São Salvador de Jeru-salém, Israel. Terminados os estu-dos teológicos na “cidade santa”, em 2004, retornei ao Brasil para somar nos serviços do dia a dia da Provín-cia. A formação franciscana foi um grande e eficaz marco na minha vida religiosa. Tive grandes mes-tres de formação (conteúdo) e de vida exemplar que me mostraram o caminho da religião e da vida fran-ciscana. A eles, o meu sincero agra-decimento. Àqueles que já partiram deste mundo, que Deus os recom-pense por tanto bem que em vida fizeram.

COMUNICAÇõES- O que você diria para uma pessoa que ser missioná-ria na África?

o convite: Não tenha medo e nem reservas e deixe-se guiar pelo “Espi-rito do Senhor e o seu Santo modo de operar”. Penso que nos dias de hoje os quatro cantos da terra ne-cessitam, mais do que nunca, da presença e do testemunho evangé-lico dos missionários. No entanto, o continente africano encontra-se de braços abertos para acolher todos aqueles (as) que se sentem chama-dos à missão. Os desafios do conti-nente são muitos. Alguns desafios, também existentes em outros con-tinentes, são mais “recorrentes” na África. Acredito que não precisa ser “predestinado” para ser missionário em Angola ou em outro país africa-no. Com certeza, a diferença está em desejar e ir à luta. Criar e alimentar as motivações e jamais perder o foco da missão.

Somar é a melhor forma de ser missionário na África. Ensinar e aprender. Desapegado de tudo e de todos. Creio que o êxito da missão acontece porque o modelo e o su-cesso do missionário encontram-se única e exclusivamente na pessoa de Jesus.

Frei Miguel - Se-gundo o texto-base da Campanha da Fra-ternidade (2015), “a Igreja recebeu de Je-sus Cristo o mandato missionário: Ide, pois, fazei discípulos todos os povos, batizando--os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado (Mt 28,19-20). Essa é a nossa vocação e a nossa missão”. Levan-do em conta a missão de todos nós, então diria, antes, reforçaria

FIMDA

| Comunicações | Abril 2015 |230

s Irmãs Clarissas do Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda, Angola, viveram

um tempo de graça e festividade de 3 a 5 de março com a visita canôni-ca de Dom Zeferino Zeca Martins e a realização do Capítulo Eletivo do Mosteiro.

Dom Zeca, como é chamado, hospedou-se no mosteiro e iniciou

a visita acompanhado de Frei Sebas-tião Kremer. Segundo os estatutos, todo um ritual foi obedecido durante a visita.

No dia 5, depois da Oração das Laudes, às 6h30, Dom Zeca presi-diu a Santa Missa, votiva do Espírito Santo pelo bom êxito do Capítulo.

Na homilia, o bispo manifestou sua satisfação por esta visita, agrade-ceu a oportunidade e, admirado pela jovialidade e alegria que encontrou

no Mosteiro, admoestou as irmãs com palavras de incentivo para se-guirem adiante, firmes e fiéis ao cha-mado de Deus, mantendo “acesa essa chama da alegria que o Senhor deu a cada uma”.

Depois da oração da Hora Terça e do café da manhã, as irmãs voltaram a se reunir na Capela, desta vez ape-nas com o bispo e Frei sebastião para o início do Capítulo.

A eleição da nova Madre Abades-

IRMÃS CLARISSAS TêM NOVA ABADESSAEleição foi feita durante a visita canônima de D. Zeferino Zeca Martins

FREI MANUEL T. RAMOS

ANGOLA

FIMDA

| Comunicações | Abril 2015 | 231

sa se deu tranquilamente no primei-ro escrutínio. O novo governo ficou assim: Madre Abadessa: Ir. Maria Fa-bíola do Coração de Jesus; Vigária e Primeira discreta: Ir. Maria Anuarite do Espírito Santo; 2ª discreta: Ir. Mi-rian da Igreja; 3ª discreta: Ir. Bakhita

das Chagas de Jesus Crucificado; e 4ª Ir. Maria Imaculada de Jesus.

Terminada a eleição, abriram-se as portas da igreja para as formandas participarem da conclusão do rito, onde o presidente fez a entrega das chaves e do selo do Mosteiro. Can-

tando o Magnificat, as irmãs presta-ram obediência à Madre Abadessa e saudaram as conselheiras. O dia ter-minou em festa ao som do batuque, danças e cantos de ação de graças. A Madre e nova mãe do Mosteiro ga-nhou uma coroa de flores.

FIMDA

| Comunicações | Abril 2015 |232

OFS

A Fraternidade Francis-cana Secular Nossa Senhora Aparecida realizou nos dias 14 e 15, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Ni-lópolis (RJ), o seu Capítulo Eletivo, que foi presidido por Carlos Domingos Lopes Pereira, Coordenador do III Distrito do Regional Sudeste II, e por Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM, um dos

Faleceu no dia 19 de março, às 15 horas, em An-gatuba (SP), a minha mãe Lázara Bernardes Mar-tins. A Missa de 7º dia foi celebrada na Matriz do Sagrado Coração de Jesus de Rondonópolis (MT).

Frei Nelson Bernardes Martins

Professo temporário - Por decisão própria, deixou a Provín-cia João Pedro Inácio Silva de Almeida no dia 8 de março. Ele estava cursando o terceiro ano de Filosofia em Rondinha.

Noviço angolano: Anacleto Morais Francisco Ndala deixou Rodeio no dia 5 de março.

Conselho Nacional já começou a organizar as atividades para a comemoração dos 800 anos da Ordem Franciscana Secular (OFS). O período

comemorativo dos 800 anos será em 2024, mas o Con-selho começa a programar uma grande atividade, com a presença da relíquia e imagem de São Francisco peregri-nando pelos Regionais.

Pensando nesse evento, o Ministro Nacional Antô-nio Bendito solicitou à Ordem dos Frades Conventuais que fosse enviada uma relíquia de São Francisco, pedido que foi prontamente atendido. A imagem de São Fran-

FALECIMENTOEGRESSOS

CONSELhO NACIONAL COMEÇA A PREPARAR O JUBILEU DOS 800 ANOS DA OFS

cisco foi enviada pela Ordem dos Frades Capuchinhos.Agora, o Conselho vai organizar o cronograma e o ro-

teiro das visitas.

FRATERNIDADE N. SENhORA APARECIDA ELEGE NOVO CONSELhOCLÁUDIO SANTOS do como preocupações

a preparação e animação espiritual das reuniões e difundir ânimo e vida na fraternidade com o pró-prio testemunho, suge-rindo meios para que se torne viçosa.

Foram eleitos Adel-son Borges (ministro), João Luiz Léllis da Silva (vice-ministro) e os con-selheiros Márcio Bernar-do de Oliveira Ramos,

e na sequência fez uma breve reflexão sobre aspectos das eleições tal como previsto nas Constituições Gerais da Ordem Franciscana, ressaltando a ne-cessidade de se elegerem irmãos com disponibilidade e responsabilidade para orientar, animar e conduzir a fra-ternidade no triênio 2015-2018, ten-

Maria Lino, Jefferson Eduardo dos Santos Machado, e Helenice Durão.

O novo conselho eleito mescla o vigor da juventude e a experiência de irmãos que sempre foram referen-ciais de dedicação ao carisma fran-ciscano e de perseverança na vida em fraternidade.

assistentes espirituais do Regional Su-deste II. Frei Almir abriu o Capítulo Eletivo invocando o Espírito Santo para guiar e iluminar as mentes e os corações dos irmãos para a eleição do novo conselho local. Em seguida, fez uma breve meditação da Carta de São Paulo aos Efésios (cf. Ef 2, 4-10)

| Comunicações | Abril 2015 | 233

Falecimento

e dois viveu na cozinha do Instituto Sa-grado Coração de Maria, de Agudos e, em 1987, passou a coordenar as cozi-nheiras do Seminário de Agudos, onde ficou por mais de duas décadas. Nesse tempo, os seminaristas que passaram por Agudos conheceram e tinham um carinho especial por esta irmã incan-sável no trabalho, atenciosa, fraterna, exemplo de vida para as irmãs de sua Congregação e para tantos frades e se-minaristas que se formaram ali.

Ao celebrar o jubileu de 60 anos de vida religiosa, em Guaratinguetá, disse que preferia o silêncio do “trabalho es-condido para melhor servir”.

O Ministro Provincial Frei Fidên-cio Vanboemmel, em nome de todos os frades da Província, comunga com as Irmãs de Siessen nessa Páscoa da Ir. Maria José e agradece a Deus pelo cari-nho e preciosa colaboração desta que-rida irmã na animação vocacional dos nossos frades e seminaristas: “Louvo o Senhor da Vida pela vida de Irmã Maria José, pelo seu exemplo de dedicação, en-trega e despojamento, tão característico de uma verdadeira alma franciscana,

beu transferência em 2011 para a Casa Provincial, em Guaratinguetá. Aqui continuou dedicada à comunidade e muito fiel à oração, um belo exemplo para as mais jovens”.

“Irmã Maria José deixa-nos um belo exemplo: no serviço de cozinha, ela ofereceu cada dia o sacrifício ver-dadeiro no qual consumiu suas forças físicas. Fez desse humilde serviço o seu campo missionário. Certamente ela ouvirá do próprio Cristo: tive fome e me destes de comer (…). Vinde bendi-tos de meu Pai (Mt 25). Você veio mes-mo para servir e não ser servida (Mc 10,25). Nós agradecemos às nossas coirmãs, frades, Fazenda da Esperan-ça, funcionárias, familiares, de modo especial sua irmã Luzia, amigos por seu apoio contínuo durante a doença prolongada em seus últimos dias de vida”, completou Ir. Rosa Maria.

Ir. Maria José nasceu no dia 2 de agosto de 1929, em Agudos (SP). In-gressou na Congregação em 2 de agos-to de 1947 e vestiu o hábito em 23 de fevereiro de 1948. Fez a profissão sole-ne no dia 24 de fevereiro de 1949.

FALECE IRMÃ MARIA JOSÉ*02.08.1929 + 12.03.2015

que jamais perdeu de vista o seu ponto de partida”, disse o Ministro Provincial.

Ir. Maria José nasceu na Fazenda Santo Antônio (Fazenda do Seminá-rio dos Franciscanos), Agudos (SP). “Lá morou com seus pais, o irmão, Miguel, e a irmã, Luzia, até a sua adolescência. Viveu uma vida mui-to simples, com poucos recursos e sem oportunidade de estudos. Aos 15 anos foi para o ‘Colégio das irmãs: Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração de Maria’, onde iniciou o trabalho de ajudante de cozinha. Três anos mais tarde pediu para ser acei-ta como candidata à vida religiosa. Assim, com mais três jovens compa-nheiras dava-se o início ao primeiro grupo de formandas brasileiras. São as nossas pioneiras a quem devemos eterna gratidão. Tanto na formação inicial, como após a emissão dos vo-tos religiosos, sua tarefa sempre foi na cozinha. No início como ajudante das madres”, contou a Provincial.

“Com seu jeito simples, dócil e muito dedicada foi aprendendo as mais finas receitas alemãs. Mais tarde

os 85 anos, faleceu em Guaratinguetá Ir. Maria José Rosa Agostinho, da

Congregação das Irmãs Fran-ciscanas de Siessen. Segundo Ir. Rosa Maria Severino, Superiora Provincial, ela já estava com sua saúde bem abalada e, no dia 12 de fevereiro, sofreu um AVC. O seu sofrimento prolongou-se por mais um mês entre quarto e UTI do hospital. Ela veio a falecer no dia 12 de março, às 20h40. Seu corpo foi velado na Capela Ima-culada Conceição da Casa Pro-vincial em Guaratinguetá (SP), onde foi o sepultamento.

Irmã Maria José tinha 65 anos de vida religiosa. Deles, quarenta

tornou-se a responsável como boa mestra de cozinha. Aí em Agudos passou muitos anos de sua vida. Por quase 40 anos ser-viu no Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração onde viviam nossas Irmãs e um grande núme-ro de estudantes internas. A sua primeira transferência foi para o Seminário Santo Antônio (Agu-dos), onde cozinhou para muitos seminaristas e frades por 24 anos. Sempre admirada por sua bonda-de, dedicação e humildade. Mui-tos frades e ex-alunos se lembram com carinho e admiração de Ir. Maria José, como bondosa mãe. Após ter consumido tantos anos em Agudos e já debilitada, rece-

| Comunicações | Abril 2015 |

FREI ORLANDO BERNARDI*14.09.1933 + 13.03.2015

Falecimento

os 81 anos, faleceu na sex-ta-feira (13/03), às 19h15, Frei Orlando Bernardi,

em consequência de um câncer no pâncreas, que foi diagnostica-do em dezembro do ano passado.

Seu corpo foi velado na Igreja da Fraternidade São Boaventura, em Rondinha, e sepultado logo após a celebração eucarística pre-sidida por Frei João Mannnes, com a presença dos confrades do Regional.

Como contou Frei Nelson José Hillesheim em boletins constantes sobre o estado de saúde de Frei Orlando, em dezembro do ano

começou a ter complicações: vômito de sangue e um mal-estar com falta de ar, tendo o quadro se agravado no dia seguinte. Foi internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curiti-ba, onde permaneceu até o seu faleci-mento.

O FRADE MENOR

Doutor em Teologia Sistemática e perito em Franciscanismo, Frei Orlan-do era conhecido por ser um mestre de poucas palavras. Mas, como disse o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, sua sisudez era só apa-rente e “por dentro não passava de

uma pessoa emotiva e carinhosa”.Autor de vários livros, com

destaque para os de pedagogia franciscana, Frei Orlando lançou em fevereiro pela Editora Bom Jesus “Do pensar e agir francisca-namente”.

Segundo Frei Orlando, “o agir franciscanamente tem como tarefa mostrar, sempre e em tudo, que o ser humano e as criaturas são uma constante epifania de um amor e uma bondade sem limites”.

‘Em seu livro “Francisco de As-sis: um caminho para educação” (2002), Frei Orlando Bernardi afir-ma que a grande revelação fran-

passado, ele foi pego de surpresa ao receber o diagnóstico de um tumor maligno no pâncreas. O tratamento com quimioterapia começou ime-diatamente. No início, teve uma boa recuperação, mas a partir de fevereiro começaram as complicações devido à quimioterapia, como no dia 04/02/15, quando teve que ser internado com falta de ar e mal-estar devido a uma trombose pulmonar. “Ficou internado até dia 10 deste mês, quando voltou para casa animado”, como disse Frei Nélson.

Novamente, a doença não deu tré-gua e, no dia 12 de fevereiro à noite,

ciscana, ou seja, a grande pedagogia de Francisco de Assis foi perceber no leproso o caminho que conduz a Deus. Frei Orlando, explicando o encontro de Francisco com o leproso, mostra que o Santo de Assis teve misericórdia e que manifestou o vivo amor que ardia em seu coração. Ele experimenta a mi-sericórdia como uma força misteriosa e surpreendente, que se abriga no cora-ção humano e que transforma o amar-gor em doçura de corpo e alma. Além disso, ela possui a capacidade de revelar a grandeza do humano frente à mais deprimente das situações da vida.

R.I.P.

DADOS PESSOAIS, FORMAÇÃO E ATIVIDADES• Nascimento: 14.09.1933 (81 anos de idade),

em Marau (RS)• Admissão ao Noviciado: 21.12.1955, em

Rodeio, SC• Profissão solene: 22.12.1959• Ordenação Presbiteral: 15.12.1961• 1957-1958 - Curitiba - Estudos de Filosofia• 1959-1962 - Petrópolis - Estudos de Teologia• 1962 - Roma - Anthonianum• 1965 - Petrópolis - Professor de Teologia• 1966 - Curitiba - Professor de Teologia e Discreto

• 1968 - Petrópolis - Professor• 1979 - Niterói - Guardião e pároco• 1982 - Rio de Janeiro/Ipanema - Guardião e

Vigário• 1986 - Rio de Janeiro/Ipanema - Guardião e

Vigário• 1989 - Petrópolis - Diretor comercial da

Editora Vozes• 1992 - São Paulo/Pari - Vigário Paroquial e

Vigário da Casa• 1993 - São Paulo/Pari - Guardião• 1995 - São Paulo/Pari - Vigário da Casa, a

serviço da USF

• 1996 - Bragança Paulista - A serviço da USF• 1997 - Brangança Paulista - Vigário da casa, a

serviço da USF• 2002 - Rondinha-Aldeia - Faculdade de Filoso-

fia São Boaventura• 2003 - Rondinha-Aldeia - Vigário da Casa• 2006 - Bragança Paulista - A serviço do IFAN• 2009 - Rondinha-Aldeia - A serviço do IFAN • 2012 - Rondinha-Aldeia - A serviço do Ifan e

assistente regional da OFS

| Comunicações | Abril 2015 | 235

Falecimento

Frei Orlando aceitou o convite de morar em nosso Convento na inten-ção de ter uma maior atenção, devido ao tamanho e à disponibilidade de nossa Fraternidade. Nos dias em que pôde ficar em casa, era assistido por todos os seus confrades, em especial por Frei Jefferson Max, a quem Frei Orlando chamava de “meu secretário”. Também Frei João Mannes e Frei Nel-son proporcionaram todo o suporte, atenção, carinho e cuidados que o nos-so irmão enfermo precisava.

A doença, porém, em pouco tem-po, tirou a força e a vitalidade do nosso irmão, que, para muitos era conheci-do pelo apelido “Boi”. O nosso amado “Boi” foi aos poucos fazendo a sua en-trega. Não mais com aquele vigor, mas com a docilidade de suas palavras ain-da evangelizava e exprimia que a sua passagem era certa.

No hospital foi amparado por seus familiares, confrades, amigos e funcio-nários da Associação de Ensino Bom Jesus. Sendo assim, atendemos ao seu pedido insistente: “Não quero ficar so-zinho!”.

Após quase um mês no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curi-tiba, conseguimos trazê-lo novamente para o Convento, a fim de proporcio-nar-lhe a dignidade de um filho de São Francisco e oferecer-lhe a possibilida-de de acolher a irmã morte corporal. Mas essa não era a vontade de Deus. Frei Orlando teve que regressar para o hospital no dia 10/03 para fazer uma drenagem, pois retinha muito líquido. Antes de sair do seu leito e ser encami-nhado para a ambulância, conseguiu

receber a bênção do Ministro Provin-cial Frei Fidêncio Vanboemmel, que com alegria, simplicidade e reverência entregou seu irmão ao Sumo Bem.

No hospital, realizaram-se os pro-cedimentos da drenagem e o recebi-mento de sangue. Tudo aparentava estar na cotidianidade do seu quadro clínico; até esperávamos que ganhasse alta na sexta-feira, dia 13. Contudo, na madrugada da sexta-feira, ele passou muito mal, sentindo muitas dores. A alternativa encontrada pela equipe médica foi sedá-lo, afinal até mesmo a morfina não fazia o devido efeito.

Naquele mesmo dia, ao final da tarde, Frei Nelson abençoou Frei Or-lando, que minutos depois partia para junto da fraternidade celestial.

Frei Orlando, numa comemoração dos aniversariantes do mês de janeiro desse ano, no Remanso, antes de partir o bolo fez o seguinte discurso: “O cân-cer em minha vida foi uma bênção; foi uma noite escura onde pude perceber várias estrelas. Estrelas que fizeram com que eu percebesse o sorriso das

aquilo que ele mais buscou, pesquisou, traduziu e lecionou, tornam-se o prê-mio da sua caminhada. Lá no céu, Frei Orlando não mais precisa estudar, pois faz a experiência de estar junto com aqueles que ele muito amou: Jesus, Francisco, Clara, Antônio e muitos ou-tros.

Esse nosso irmão nos ensinou, no final de sua existência, que a vida deve ser consumida por inteira e que mes-mo quando tudo estiver perdido, ainda assim há tempo de se amar e de viver.

“Com sua presença franciscana, pude aprender a caminhar no segui-mento de Jesus Cristo Crucificado: sua vida é um dom do Senhor oferecido a cada um de nós. Agradeço ao Senhor por ter-me dado o privilégio de conhe-cer Frei Orlando, de caminhar com ele pelos jardins do Convento, escutando seus ensinamentos, revelando seu jeito de compreender o mundo e de superar a doença. Frei Orlando é um grande mestre do modo de ser franciscano: uma bênção para todos os irmãos”, completou Frei Jefferson Max.

PEQUENO E PROFUNDO CONVíVIO NO CONVENTO

FREI EDUARDO A. SChIEhLpessoas, reencon-trasse muitos amigos e recebesse ligações de alguns com que já há 20 anos não mais conversava”.

Frei Orlando foi um apaixonado pela espiritualidade fran-ciscana e pela evan-gelização (como re-cordou Frei Nelson, emocionado, no discurso de agrade-cimento), e agora

AGENDA 2015Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil(*) As alterações e acréscimos estão destacados

2016janeiro 05 Primeira Profissão dos Noviços (Rodeio)14 a 17 Missões de Férias da Juventude (Chopinzinho)15 Vestição dos Noviços (Rodeio)18 a 26 Capítulo Provincial

Maio16 a 20 Reunião da UCLAF (Cochabamba, Bolívia)

julho JMJ (Itália e Polônia)

aBril15 a 17 Reunião do Definitório Provincial;18 a 21 Encontro Provincial de Jovens (Guaratinguetá - Fazenda Esperança)27 a 30 Reunião de guardiães e coordenadores e párocos (Rondinha)

Maio 02 Profissão Solene de Frei Rafael Teixeira (São Gonçalo – RJ) 04 Reunião dos Mestres da Formação04 e 05 Encontro do Regional do Leste Catarinense (Angelina)05 e 06 Conselho de Formação e Estudos (S. Paulo - S. Francisco)10 a 07/06 Capítulo Geral (Assis)18 Encontro do Regional de Pato Branco18 Encontro do Regional Rio-Baixada (Convento Santo Antônio

- RJ)21 e 22 Reunião do Conselho Gestor das Entidades da Província (Sede

Provincial)

junho 01 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú)02 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Guaratinguetá -

Fazenda Esperança)12 a 14 Encontro Vocacional (Petrópolis)15 Encontro do Regional de São Paulo (S. Paulo - S. Francisco)16 a 18 Reunião do Definitório Provincial19 a 21 Encontro Vocacional (Ituporanga)22 Encontro do Regional do Espírito Santo (Colatina)22 Encontro do Regional de Curitiba (Aldeia)22 a 26 Assembleia do SIFEM (Bacabal)22 a 26 Retiro Provincial (Rio de Janeiro)26 a 28 Encontro Vocacional (Guaratinguetá)28 a 02/07 Congresso da Comissão Educativa da CFMB (Curitiba, FAE)29 Encontro do Regional de Agudos (Agudos)29 a 11 2ª etapa do curso de formadores -

SERFE - CFMB (Petrópolis)

julho 04 e 05 Ordenação e 1ª Missa de Frei Sérgio Silas (São Bernardo do

Campo) 09 a 12 Encontro Nacional de Jovens da CFMB (Anápolis – GO) 13 e 14 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo Provincial13 a 17 Retiro Provincial (Rondinha)

agosto 06 a 09 Assembleia Ordinária da FFB (São Paulo)09 a 12 Encontro Nacional de Jovens da CFMB (Anápolis, GO)17 a 21 Retiro e reunião do Definitório Provincial24 a 28 Encontro dos Ecônomos da CFMB, (São Luís , MA)31 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião)31 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar)31 a 01 Encontro do Regional do Contestado

seteMBro01 a 04 Assembleia da CFMB (Manaus, AM)04 a 09 Encontro dos Irmãos Leigos OFM, OFMCap e OFMConv (Agudos)5 a 7 Retiro para lideranças Jovens de SC (Rodeio)07 e 08 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo Provincial

14 Reunião dos Mestres da Formação14 Encontro do Regional de Pato Branco14 Encontro do Regional Rio-Baixada (São João de Meriti)14 Encontro do Regional de São Paulo (Amparo)14 e 15 Encontro do Regional do Leste Catarinense (S. Amaro da

Imperatriz)15 e 16 Conselho de Formação e Estudos (Petrópolis)19 Profissão Solene (Petrópolis)21 Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura)21 Encontro do Regional de Agudos (Sorocaba - S. Antônio)26 e 27 Ordenação Presbiteral de Frei Douglas Machado (São José – SC) 27 Celebração dos 25 anos da Missão de Angola28 Encontro do Regional do Espírito Santo (Vila Velha)

outuBro20 a 22 Reunião do Definitório Provincial26 a 30 Curso de Franciscanismo (Rondinha)26 a 30 Retiro Provincial (Agudos)30/10 a 2/11 Estágio Vocacional (Guaratinguetá)30/10 a 2/11 Estágio Vocacional (Ituporanga)

noveMBro09 a 11 Encontro Provincial da Frente de Comunicação da

Evangelização (Rondinha (PR)10 Encontro do Regional do Vale do Paraíba - local a definir16 Encontro do Regional do Espírito Santo - recreativo - local a definir18 e 19 Encontro do Regional de Pato Branco (Recreativo)20 a 22 Retiro para lideranças Jovens do RJ e ES (Rio de Janeiro) 23 Encontro do Regional de São Paulo (Bragança Paulista)23 Encontro do Regional Rio-Baixada - Recreativo - local a

definir23 e 24 Encontro do Regional do Leste Catarinense - Recreativo

(Florianópolis)26 e 27 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo Provincial30 Encontro do Regional de Agudos - Recreativo - 50 anos de

vida religiosa de Dom Caetano (Bauru)30 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau)31 a 01 Encontro do Regional do Contestado

DezeMBro07 Encontro do Regional de Curitiba - Recreativo (Caiobá)07 a 08 Jubileus;14 a 17 Reunião do Definitório Provincial