Irrigação da Bananeira

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Banana: Produção, Colheita e Pós-colheita Irrigação da Bananeira Édio Luiz da Costa! Paulo Maeno? Paulo Emílio Pereira Albuquerque' Resumo -A bananeira é uma cultura que requer uma grande e permanente disponibilidade de água no solo, aplicada em quan- tidades adequadas. Um desbalanço na aplicação de água reflete em um desequilíbrio na nutrição da cultura. O manejo da irrigação da bananeira é um fator de grande importância para se obter sucesso nessa atividade agrícola, bem como a escolha adequada do método de irrigação, que visa maximizar a eficiência do uso da água, não se esquecendo da sintonia com as outras etapas do sistema produtivo, tais como variedades, densidade de plantio, fertilização, tratos culturais, colheitas e automação. Palavras-chave: Banana; Manejo de Irrigação; Sistema de Irrigação. INTRODUÇÃO A bananeira é uma cultura que requer uma grande e permanente disponibilidade de água no solo. Para obtenção de colheitas economicamente rentáveis, considera-se suficiente uma precipitação entre 100 e 180mmlmês. O crescimento e o rendimento da cultura são afetados inversamente com o déficit hídrico. Segundo Doorenbos & Kassam (1994), o período de estabeleci- mento e a fase inicial do desenvolvimento vegetativo determinam o potencial de crescimento e frutificação, sendo essencial suprimentos adequados de água e nu- trientes. O déficit hídrico nessas fases poderá afetar o desenvolvimento das folhas e, com isto, influir no número de flores, pencas e produção de cachos. O mesmo poderá ocorrer em condições de solo encharcado. A bananeira, apesar de ser formada por 85% de água, não suporta lençol freático alto, que deve ter uma profundidade em torno de 1,2m, e nem inundações superiores a três dias. Esses fatores trazem prejuízos diretos com relação à produção da cultura, bem como gastos excessivos com adubos, em razão de sua lixiviação, e com energia, em bombeamento desnecessário de água. Esse fato agrava- se em regiões áridas e semi-áridas, com baixo índice pluviométrico, alta evaporação, e solos propícios à salinização, em virtude de um manejo incorreto da irrigação. A bananeira é uma cultura altamente sensível à salinidade, e necessita de solos com valor de condutividade elétrica (CE), inferior a 1 dS/m. Portanto, o manejo da irrigação é um fator de grande importância para se obter sucesso nessa atividade agrícola. Ele visa maximizar a eficiência do uso da água, não se esquecendo da sintonia com as outras etapas do sistema produtivo, tais como, variedades, densidade de plantio, fertilização, tratos culturais, colheitas e automação. ASPECTOS INERENTES AO SISTEMA ÁGUA-SOLO- PLANTA-ATMOSFERA A tecnologia de produção vem bus- cando aplicar parâmetros criteriosos na tomada de decisão, para se obter uma pro- dução satisfatória e altos rendimentos. Pa- ra isso, são necessários conhecimentos adequados sobre o efeito da água nos diferentes estádios de crescimento das culturas, bem como sua relação com o solo e clima, e também sobre as características do equipamento de irrigação recomendado. Em regiões onde a água é fator limitante, nas áridas, por exemplo, o planejamento de irrigação deve ser feito em termos de máxima produção por unidade de água aplicada. Em outras condições, pode-se conduzir a irrigação em termos de máxima produção por unidade de área plantada, energia ou mão-de-obra. De forma geral, um programa de irri- gação deve conciliar sempre um bom retorno financeiro com aumento de pro- dução, economia de água, mão-de-obra, nutrientes e sem causar prejuízos na estru- tura do solo. Para tanto, devem-se dar con- dições para que a planta tenha um máximo crescimento vegetativo, mantendo suas atividades fisiológicas na sua capacidade potencial, de acordo com as condições climáticas reinantes. Para que se possa promover uma irri- gação racional, deve-se estar atento às se- guintes questões: como e quando irrigar e 'Engs Agrtcola. M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postall2, CEP 39440-000 Janaúba-M'G. 2Engº Agrícola, M.Sc., Prof UNIMONTES-CCET, Caixa Postal 91, CEP 39440-000 Janaúba-M'G. 'Enge Agricola, Dr., Pesq. EMBRAPA-CNPMS, CEP 35701-970 Sete Lagoas-M'G. Informe Agropecuário, Belo Horizonle, v.20, n.196, p.67-72, jan./fev. 1999 67

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Banana: Produção, Colheita e Pós-colheita

Irrigação da BananeiraÉdio Luiz da Costa!

Paulo Maeno?Paulo Emílio Pereira Albuquerque'

Resumo - A bananeira é uma cultura que requer uma grande epermanente disponibilidade de água no solo, aplicada em quan-tidades adequadas. Um desbalanço na aplicação de água reflete emum desequilíbrio na nutrição da cultura. O manejo da irrigação dabananeira é um fator de grande importância para se obter sucessonessa atividade agrícola, bem como a escolha adequada do métodode irrigação, que visa maximizar a eficiência do uso da água, não seesquecendo da sintonia com as outras etapas do sistema produtivo,tais como variedades, densidade de plantio, fertilização, tratosculturais, colheitas e automação.

Palavras-chave: Banana; Manejo de Irrigação; Sistema de Irrigação.

INTRODUÇÃO

A bananeira é uma cultura que requeruma grande e permanente disponibilidadede água no solo. Para obtenção de colheitaseconomicamente rentáveis, considera-sesuficiente uma precipitação entre 100 e180mmlmês. O crescimento e o rendimentoda cultura são afetados inversamente como déficit hídrico. Segundo Doorenbos &Kassam (1994), o período de estabeleci-mento e a fase inicial do desenvolvimentovegetativo determinam o potencial decrescimento e frutificação, sendo essencialsuprimentos adequados de água e nu-trientes. O déficit hídrico nessas fasespoderá afetar o desenvolvimento dasfolhas e, com isto, influir no número deflores, pencas e produção de cachos. Omesmo poderá ocorrer em condições desolo encharcado. A bananeira, apesar deser formada por 85% de água, não suportalençol freático alto, que deve ter umaprofundidade em torno de 1,2m, e neminundações superiores a três dias. Essesfatores trazem prejuízos diretos com relaçãoà produção da cultura, bem como gastosexcessivos com adubos, em razão de sua

lixiviação, e com energia, em bombeamentodesnecessário de água. Esse fato agrava-se em regiões áridas e semi-áridas, combaixo índice pluviométrico, alta evaporação,e solos propícios à salinização, em virtudede um manejo incorreto da irrigação. Abananeira é uma cultura altamente sensívelà salinidade, e necessita de solos com valorde condutividade elétrica (CE), inferior a1 dS/m. Portanto, o manejo da irrigação éum fator de grande importância para seobter sucesso nessa atividade agrícola. Elevisa maximizar a eficiência do uso da água,não se esquecendo da sintonia com asoutras etapas do sistema produtivo, taiscomo, variedades, densidade de plantio,fertilização, tratos culturais, colheitas eautomação.

ASPECTOS INERENTESAO SISTEMA ÁGUA-SOLO-PLANTA-ATMOSFERA

A tecnologia de produção vem bus-cando aplicar parâmetros criteriosos natomada de decisão, para se obter uma pro-dução satisfatória e altos rendimentos. Pa-ra isso, são necessários conhecimentos

adequados sobre o efeito da água nosdiferentes estádios de crescimento dasculturas, bem como sua relação com o soloe clima, e também sobre as característicasdo equipamento de irrigação recomendado.

Em regiões onde a água é fator limitante,nas áridas, por exemplo, o planejamento deirrigação deve ser feito em termos de máximaprodução por unidade de água aplicada.Em outras condições, pode-se conduzir airrigação em termos de máxima produçãopor unidade de área plantada, energia oumão-de-obra.

De forma geral, um programa de irri-gação deve conciliar sempre um bomretorno financeiro com aumento de pro-dução, economia de água, mão-de-obra,nutrientes e sem causar prejuízos na estru-tura do solo. Para tanto, devem-se dar con-dições para que a planta tenha um máximocrescimento vegetativo, mantendo suasatividades fisiológicas na sua capacidadepotencial, de acordo com as condiçõesclimáticas reinantes.

Para que se possa promover uma irri-gação racional, deve-se estar atento às se-guintes questões: como e quando irrigar e

'Engs Agrtcola. M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postall2, CEP 39440-000 Janaúba-M'G.2EngºAgrícola, M.Sc., Prof UNIMONTES-CCET, Caixa Postal 91, CEP 39440-000 Janaúba-M'G.'Enge Agricola, Dr., Pesq. EMBRAPA-CNPMS, CEP 35701-970 Sete Lagoas-M'G.

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quanto de água aplicar. Para isso, é ne-cessário conhecer alguns fatores envol-vidos no processo, tais como, carac-terísticas e capacidade do sistema deirrigação, características físico-hídricas dosolo e necessidade hídrica da cultura combase em sua fisiologia, o que faz com que aplanta tenha necessidades hídricas dife-renciadas ao longo do período vegetativo.As respostas para essas questões de irriga-ção devem ter como base parâmetros locaisdeterminados pela pesquisa e não gene-ralizar práticas específicas que tiveramsucesso em outras regiões.

A questão de como irrigar é definidapelo método de irrigação proposto noprojeto, devendo-se observar as recomen-dações técnicas, com vistas a um melhoraproveitamento da água, buscando umamaior eficiência.

O quando irrigar e o quanto aplicar deágua são dois aspectos que podem sofrermudanças do que foi previsto no projeto,em conseqüência das condições edafo-climáticas que estiverem prevalecendo naépoca. No tocante aos aspectos climáticos,na fase de projeto, são consideradossempre os valores médios de um longoperíodo, para estimar os requerimentos deágua da cultura nos seus diversos estádiosde desenvolvimento, utilizando-se, nor-malmente, um valor crítico para dimen-sionamento hidráulico do sistema. Já nafase de operação, o estádio de desenvol-vimento da cultura, as condições climáticase as possíveis alterações que as caracte-

. rísticas físico-hídricas do solo podem so-frer, devido ao manejo imposto a ele, irãomodificar a programação das irrigações.

ALGUNS MÉTODOS DEMANEJO DE IRRIGAÇÃO

Os métodos de manejo de irrigação con-sistem, basicamente, em manter a planta

exposta a uma determinada quantidade deágua no solo que seja suficiente para suasatividades fisiológicas. O controle dessaquantidade de água pode ser feito com baseno balanço de água no solo, pelo moni-toramento do clima e da umidade do solo,por tensiometria e pelo método do turnode rega.

Manejo de irriga~ão pelomonitoramento do clima

Existem vários critérios com base emmedidas climáticas que podem ser usadospara avaliação das necessidades hídricasde uma cultura. As variáveis climáticas maiscomumente utilizadas são radiação solar,temperatura, umidade relativa do ar, ve-locidade do vento e evaporação de águado solo. Com estas informações, é possíveldeterminar a evapotranspiração (consumode água em uma área cultivada) de umacultura de referência e, em seguida, atravésde coeficientes apropriados, estimar oconsumo de água de uma dada cultura.Esses métodos variam desde simplesmedidas de evaporação da água de umtanque como o Classe A, até complexasequações empíricas, sendo utilizadas me-didas de radiação solar, umidade relativa,velocidade do vento e temperatura do ar .No entanto, a utilização desses métodospelo produtor, muitas vezes, é limitada, porfalta dos instrumentos necessários para arealização das medidas desejadas.

Em condição de propriedade agrícola,tem-se observado que a estratégia de ma-nejo de água, com base em medidas deevaporação, utilizando-se o tanque ClasseA, pode ser adotada pelo produtor semgrandes dificuldades, pois o instrumentalrequerido é relativamente simples e de baixocusto. Nesse caso, os requerimentos deágua da cultura podem ser obtidos, comcoeficientes apropriados, para transformar

QUADRO 1 - Coeficientes de Cultura (Kc) para Bananeira em Regiões de Clima Tropical

as leituras de evaporação de uma superfícielivre de água do tanque em estimativas deconsumo de água da cultura ao longo deseu ciclo de desenvolvimento, contem-plando tanto a evaporação da água do soloquanto a transpiração das plantas, ou seja,a evapotranspiração. A grande limitaçãodesta metodologia é a precisão das estima-tivas dos coeficientes utilizados.

O consumo de água ou evapotrans-piração da cultura (Etc) pode ser deter-minado pela seguinte equação:

Etc = Kt.Kc.Eca

em que:

Etc = evapotranspiração da cultura,emmmJdia;

Kt = coeficiente de tanque, adimen-sional;

Kc = coeficiente de cultura, adimen-sional;

Eca = evaporação de água do tanqueClasse A, em mmJdia.

A Etc é estabelecida, quando se têmótimas condições de umidade e nutrientesno solo, de modo a possibilitar a produçãopotencial da cultura, nas condições decampo.

O Kc é um valor que varia de culturapara cultura, desde o seu estádio de de-senvolvimento, comprimento do ciclovegetativo até as condições climáticaslocais. Por isso, os valores de Kc devemser determinados preferencialmente paracada região.

Doorenbos & Kassam (1994) apre-sentaram valores de Kc para a bananeiraem regiões de clima tropical (Quadro 1).

O Kt é um valor usado para converter aevaporação da superfície de água dotanque em evapotranspiração de referência.Seu valor é determinado para as condições

Meses apóso plantio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Kc 0.40 0.40 0.45 0.50 0.60 0.70 0.85 1.00 1.10 1.10 0.90 0.80 0.80 0.95 1.00

FONTE: Doorenbos & Kassan (1994).

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meteorológicas da região (umidade relativae velocidade do vento) e para o local emque o tanque está instalado em relação aomeio circundante (solo gramado ou nu).

Doorenbos & Kassan (1994) apresen-taram uma tabela (Quadro 2) para a deter-minação dos valores de Kt.

Os valores de Eca podem ser obtidosnos postos meteorológicos da região, esta-

ções experimentais ou na própria fazenda,através da leitura de altura d'água em umtanque circular de chapa de aço galva-nizado (Fig. 36).

Método de tensão de águano solo

Quando se realiza o manejo com basena tensão de água no solo, a irrigação

QUADRO 2 - Valores do Coeficiente de Tanque (Kt) para o Tanque Classe "A" Circundado porGrama

Posição Umidade Relativa

Vento (kmldia) do Tanque Baixa Média Alta(m)

<40% 40 -70% >70%

1 0,55 0,65 0,75Leve 10 0,65 0,75 0,85

< 175 100 0,70 0,80 0,851000 0,75 0,85 0,85

1 0,50 0,60 0,65

Moderado 10 0,60 0,70 0,75175 - 425 100 0,65 0,75 0,80

1000 0,70 0,80 0,80

1 0,45 0,50 0,60Forte 10 0,55 0,60 0,65

425 -700 100 0,60 0,65 0,751000 0,65 0,70 0,75

1 0,40 0,45 0,50Muito forte 10 0,45 0,55 0,60

>700 100 0,50 0,60 0,651000 0,55 0,60 0,65

~ de 5 a Bem

-j--------- --------- ---- --

~-=p5cm

i

Figura 36 - Tanque U.S.W.B. Classe A em que se mostra a estrutura de suporte

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processa-se toda vez que a tensão chegara um determinado valor crítico, sem que odesempenho da cultura seja afetado.

O controle da tensão é realizado, ge-ralmente, com o auxílio de tensiômetros,que trabalham com valores na faixa de O a0,80 atm. O tensiômetro mede diretamentea tensão com que a água está sendo retidano solo e, indiretamente, com o auxílio dacurva de retenção, pode-se obter a percen-tagem dessa água.

Apesar de ter seu limite de atuação res-trito a 0,80 atm, o tensiômetro é um instru-mento bastante útil no controle da irrigação,pois a maioria dos solos agrícolas tem aágua facilmente disponível (AFD) na faixade tensão em que ele atua (Fig. 37).

O bom desempenho do tensiômetrodepende de cuidados na sua instalação eoperação. Na instalação, deve-se assegurarque o contato do solo com a cápsula poro-sa seja o mais perfeito possível, garantindoque não haja espaços vazios. Na operação,o cuidado é quanto ao limite de leitura, aescorva e acidentes com o mercúrio.

A utilização desse método requer quese faça a transformação do valor da tensãomatricial, utilizado para cada cultura, emconteúdo de água do solo. Isso é obtidoatravés da curva de retenção de água dosolo, em laboratórios ou em campos (Grá-fico 1).

Tendo-se conhecimento de quandoirrigar, dado pelo potencial da água no solo,determinado através do tensiômetro, oquanto aplicar de água fica estabelecido,

Figura 37 - Tensiômetro com vacuômetro

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""

......

--- .. _-----. .•..-----\

potencial- - - - - argila areia

Gráfico 1 - Curva característica de tensão de água no solo

conforme mostra a equação a seguir.

LRN = [ (CC - Vi) / 10 [.da.z

em que:

LRN = lâmina real necessária, em mm;

CC = umidade do solo na capacidadede campo, % em peso;

Di = umidade do solo correspon-dente à tensão crítica para iníciode irrigação, % em peso;

da = densidade do solo, em g / em";

z = profundidade efetiva do siste-ma radicular, em em,

Quanto ao número de tensiômetros aser instalado, toma-se como referência ainstalação do instrumento pelo menos emtrês pontos representati vos da área e faz-se o controle da irrigação pela média dasleituras. A profundidade de instalação deveser de forma que a cápsula porosa fique naregião de maior concentração das raízes,

Este método, no entanto, traz algumascomplicações de ordem operacional, que éa impossibilidade de programar previamentea irrigação, já que requer um equipamentoque cubra toda a área simultaneamente.

Método do turno derega

O turno de rega é o intervalo de diasentre duas irrigações sucessivas, determi-nado na fase de projeto. É função da capa-cidade de armazenamento de água pelosolo, das condições climáticas e da cultura.Para determiná-lo faz-se a seguinte equação.

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TR = [(CC - PM)/lO.ETc] . da. f. z

em que:

T = turno de rega, em dias;

CC = umidade do solo na capacidadede campo, % em peso;

PM =umidade do solo no ponto demurcha permanente, % em peso;

Etc = evapotranspiração da cultura, emmm!dia;

da = densidade do solo, em g/cm':

z = profundidade efetiva do sistemaradicular, em em;

f = fator de disponibilidade de água,adimensional.

A lâmina de água necessária para airrigação pode ser estabelecida pelo acom-panhamento da variação da umidade dosolo, ao fixar um valor mínimo que pode seratingido, sem que cause prejuízos à cultura,e pela evapotranspiração, que deve serestimada a partir de uma série de dadosmensais médios, admitidos, como sendoigualmente distribuídos durante o mês emconsideração.

A lâmina necessária pode ser estabe-lecida de acordo com a equação a seguir.

LRN=TR.ETc

em que:

lRN = lâmina real necessária, em mm;

1R = turno de rega, em dias;

Etc = evapotranspiração da cultura,emmm!dia.

Métodos e sistemas deirrigaCjão

A cultura da bananeira pode ser irrigadapor diversos métodos. Os mais usados sãoos de irrigação por superfície, por aspersãoe, mais recente, o da irrigação localizada,destacando-se, respectivamente, os siste-mas de irrigação por sulcos, por asper-são convencional subcopa e por micro-aspersão.

Irrigação por sulcos

Consiste na condução de água por sul-cos (pequenos canais) abertos paralela-mente às fileiras de plantio, durante o temponecessário para que a água, infiltrada aolongo do sulco, seja suficiente para ume-decer o perfil do solo ocupado pelas raízes.Normalmente, são usados um ou doissulcos, onde a própria fileira de plantioconstitui o sulco de irrigação ou são aber-tos dois sulcos eqüidistantes 30cm dafileira de plantio. Essa distância dependeda textura do solo.

O sistema de irrigação por sulco apre-senta uma série de inconvenientes, taiscomo, baixa uniformidade de distribuiçãoda água infiltrada ao longo do sulco, agra-vada pela interrupção desses canais porrestos culturais, principalmente pseudo-caules e folhas; menor controle da lâminade água aplicada; falta de uma estrutura decanais e comportas para distribuição daágua nas parcelas; maior utilização de mão-de-obra; necessidade de sistematização doterreno e maior dificuldade na adubaçãode cobertura, uma vez que faz parte dopróprio processo o escoamento superficialda água que arrasta parte do adubo e, acar-reta perdas.

Quando as condições topográficas sãopropícias, a água é conduzi da por açãodagravidade, não sendo necessário seu bom-beamento. Dessa forma dispensa-se autilização de motores elétricos ou decombustão interna e o custo de investi-mento inicial torna-se menor.

Aspersão convencional subcopa

A água é aplicada ao solo sob forma dechuva artificial, por meio de fracionamen-to de um jato de água em grande numerode gotas pelo aspersor. Estas gotas se dis-persam no ar e caem sobre a superfície do

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terreno. O método constitui-se de tubula-ções leves e de engate rápido, sobre as quaissão instalados os aspersores. Os asper-sares subcopa são dotados de um menorângulo de emissão do jato de água, fazendocom que não alcance grande àltura, limitan-do sua ação sob as folhas das bananeiras.

O espaçamento entre as tubulaçõesportáteis (linhas laterais) varia normalmenteentre 12 e 24metros, de acordo com raio dealcance dos aspersores utilizados. Em geral,entre duas linhas laterais consecutivas,estão contidas de três a oito fileiras de plan-tio, causando dessa forma a intercepta-ção dos jatos de água, principalmentepelos pseudocaules da bananeira, o quecontribui para a diminuição da uniformi-dade de aplicação da água sobre o solo(Fig. 38, p.56).

Em virtude da necessidade de mudançade posição das linhas laterais, o trânsitode pessoas é grande dentro das áreas como solo úmido. Este fato causa a compacta-ção do solo, o que faz diminuir a infiltraçãoda água nesses locais, gerando problemasde acúmulo (empoçamento) de água nasuperfície do solo. Além disso, tambémpode aumentar a disseminação de doençase os danos nas folhas e brotações.

Microaspersão

A água é aplicada em pequenos jatos,na superfície do solo próximo à planta,em pequenas intensidades, com grandefreqüência e controle da lâmina de águaaplicada. Nesse sistema a água é disponibi-Iizada às raízes de forma localizada, isto é,onde ela é realmente necessária para o bomdesenvolvimento da bananeira.

Os sistemas de irrigação por micro-aspersão normalmente é constituído deestação de bombeamento, cabeçal de con-trole (filtros principais, injeção de fertili-zantes, medição, proteção, comando e con-trole), linha principal de distribuição,válvulas de controle, linhas de derivaçãode água, linhas laterais e microaspersores(Fig.39).

Esse sistema possibilita completa auto-mação, constituindo-se em grandes vanta-gens, como as que permitem irrigar emhorários em que a tarifa de energia elétricaé reduzida; ter um sistema de irrigaçãotrabalhando em maiores períodos por dia;

ter em seu dimensionamento tubulações demenor bitola, menores vazões e, conse-qüentemente, menores motobombas.

Os microaspersores possuem orifícios(bocais) por onde passam os jatos de águacom dimensões reduzidas de até 0,8mm dediâmetro. Há necessidade, portanto, de umsistema de filtragem, para que impurezasna água de irrigação não venham a causarentupimentos.

O sistema de filtragem pode ser com-posto de filtros de areia, hidrociclones,filtros de tela ou disco, dependendo dacomposição da água de irrigação.

Os filtros de areia são usados para reterpartículas maiores e impurezas de origemorgânica, geralmente existentes em águassuperficiais, por isso quando utilizados, sãocolocados na entrada do cabeçal de con-trole. Normalmente, em águas subterrâneas,com bombeamento direto por bomba sub-mersa, seu uso é desnecessário.

Os filtros de tela ou de disco são usadospara reter partículas sólidas, sendo sua ca-pacidade de filtragem determinada pelasdimensões dos orifícios da malha (tela) ou,no caso de filtros de discos, das passagensformadas pela sobreposição de discos ra-nhurados.

Os filtros hidrociclones são usados emáguas que contêm grande quantidade departículas sólidas (areia). A areia é separada

da água pela ação do movimento circula-tório em seu interior. Não são usados commuita freqüência, apenas em alguns casos,principalmente em águas provenientes depoços tubulares.

Os microaspersores mais usados nacultura da bananeira tem vazão entre 50 e120 litros/hora, com pressões de serviçoentre 1,5 e 3,0 bar. Dessa forma, obtém-sealcance dos jatos de água entre 3 e 5m. Agrande variação de raios de alcance e espa-çamento de plantio possibilita diversascomposições de distribuição dos micro-aspersores entre as plantas (Fig. 40). Asbaixas pressões de serviço tomam possívelo uso de estações de bombeamento combaixa potência instalada, propiciando eco-nomia de energia.

No Projeto Gorutuba, localizado naregião Norte de Minas Gerais, a cultura dabananeira é cultivada sob regime de irri-gação em 1791,9ha, sendo que 923,45ha(52%) são irrigados por microaspersão,223,93ha (12%) por aspersão e 644,52ha(36%) por sulcos (Gráfico 2), conformelevantamento feito no ano de 1997 (Perí-metro ..., 1998). Cabe ressaltar que o ProjetoGorutuba foi inicialmente concebido paraser irrigado por sulcos. Portanto, todaestrutura de distribuição de água nasparcelas, assim como a sistematização dosterrenos, já existia, quando os irrigantes

~ ----- '-------'

Linha principal---- Linha de derivação_________ Linha lateral

~ Válvula de controleM.B. - MotobombaCabeçal - Cabeçal de controle

Figura 39 - Representação esquemática dos componentes de um sistema de irrigaçãopor microaspersão

Inlorme Agropecuário, Belo Horizonte, v.20, n.196, p.67-72, jan./lev. 1999 71

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Áreamolhada

Bananeira

M icroaspersor

Figura 40 - Esquema de distribuição típica dos microaspersores na cultura da bananeirairrigada por microaspersão

1000~----923,45-----------------,

800600400

200AspersãoMicroaspersãoo~--~----~---~----~--~

644,52

223,93

Sulcos

Grófico 2 - Sistemas de irrigação utilizados na cultura da bananeira no Projeto Gorutuba

receberam o terreno, o que explica o grandepercentual de áreas ainda irrigadas porsulcos na cultura da bananeira.

Na avaliação dos sistemas de irrigaçãopressurizada realizada no Projeto Gorutu-ba, na cultura da bananeira, obtiveram-seresultados satisfatórios, onde a micro-aspersão aparece como o sistema que apre-

sentou maior uniformidade de distribuição

de água (Mantovani et ai., 1997).Quantificou-se a uniformidade com que

a planta recebeu água e não a uniformidadede aplicação, uma das formas de comparara uniformidade entre sistemas de irrigaçãolocalizada e irrigação não-localizada (Qua-

dro 3).

QUADRO 3 - Valores de Coeficientes de Uniformidade Ajustados

Sistemas Microaspersão Miniaspersão Aspersão subcopa

Uniformidade (%) 87,9 78,5 68,5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOORENBOS, J.; KASSAM, A.H. Efeito daágua no rendimento das culturas. Cam-pina Grande: UFPB,1994. 306p. (FAO.;;:-igação e Drenagem, 33).

MANTOVANI, E.C., ALMEIDA, F.T.;SOARES, A. A.; RAMOS, M. M.;MAENO, P. Irrigação pressurizada na

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cultura da banana no Projeto Gorutuba lI:uniformidade de aplicação. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE ENGENHA-RIA AGRÍCOLA, 26, 1997, CampinaGrande. Anais ... Campina Grande: So-ciedade Brasileira de Engenharia Agrícola,1997. CD-ROM.

PERÍMETRO Irrigado do Gorutuba. MontesClaros: CODEVASF-ATER, 1998. 50p.

>- Situação da bataticultura: produção

e comercialização

>- Tecnologias de propagação da batata

>- Calagem e adubação

>- Plantas daninhas

>- Agrotóxicos: legislação e fiscalização

>- Manejo para obtenção de tubérculos

>- Associativismo na cultura da batata

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