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ISSN 2176-9095 Volume 6• Número 2 • maio/ago 2015

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ISSN 2176-9095

Volume 6• Número 2 • maio/ago 2015

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Revista Science in Health/ Universidade Cidade de São Paulo

São Paulo: UNICID, 2010.

v.6, n.2., maio/ago., 2015

Quadrimestral

ISSN 2176-9095

1. Ciências da Saúde. 2. Ciências Médicas. I Universidade Cidade de São Paulo.

CDD 610

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Volume 6 • Número 2 • maio/ago 2015

Sumário/Contents

RELATOS DE PESQUISA/RESEARCH REPORTS

Avaliação da aptidão física de crianças e adolescentes obesosEvaluation of physical fitness in obese children and adolescentsJuliana M. L. Aparecido, Marcelo Marquezi, Daniella O. Sayuri, Marco A Uzunian, Claudia Tozato, Cristiane Kochi ....................... 80

Avaliação bioquímica de ratos tratados com extrato seco de berinjela (solanum melongena l.) e alcachofra (cynara scolymus) submetidos ou não ao exercício físicoBiochemical evaluation of rats treated with dry extract of eggplant (solanum melongena l.) and artichoke (cynara scolymus) submitted or not to physical exerciseEduardo Grecco Matta, Gisele Lima De Sousa, Silvana Ellen Ribeiro, Márcio Georges Jarrouge, Rodrigo Ippolito Bouças ............... 89

Análise da mortalidade hospitalar por câncer de mama no Estado de São Paulo no período de 1999 a 2012Analysis of mortality breast cancer in the state of São Paulo from 1999 to 2012 periodJéssica Gonçalves Passos, Sonia Regina Pereira de Souza ..............................................................................................100

Efeitos do treinamento combinado em crianças e adolescentes obesos: Revisão de literatura Effects of mixed training in obese children and adolescents: Review of literature

Juliana Monique Lino Aparecido, Claudia Tozato .......................................................................................................109

MINI-REVISÕES/MINI REVIEW

Identificação e prevenção de microrganismos presentes nos aparelhos celulares de alunos e funcionários da Universidade Cidade de São PauloIdentification and prevention of microorganisms present in mobile devices of students and employees of Cidade ge São Paulo University Larisssa Araújo Silva, Tangará Jorge Mutran, Rodrigo Ippolito Bouças, Thais Ruegger Jarrouge Bouças ......................................118Instruções aos autores .......................................................................................................................................124

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Science in Health A Science in Health é a revista de saúde da Universidade Cidade de São Paulo com publicação quadrimestral.

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CEP 03071-000 - São Paulo - Brasil

Tel.: (11) 2178-1200/2178-1212 Fax: (11)6941-4848 • E-mail: [email protected]

Reitor

Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral

Pró-Reitora de Graduação

Profa. Dra Amélia Jarmendia Soares

Editor Rodrigo Ippolito Bouças

Assistente Editorial Mary Arlete Payão Pela

Normalização e revisãoClaudia MartinsEdevanete de Jesus de Oliveira

Editoração EletrônicaVinicius Antonio Zanetti [email protected]

Revisão do idioma portuguêsAntônio de Siqueira e [email protected]

Corpo Editorial por Secção1. BiomedicinaEditor Sênior: Márcio Georges Jarrouge [email protected] / [email protected] Associados: Ana Cestari, Marcia Kiyomi Koike, Rodrigo Ippolito Bouças.2. Ciências Biológicas e Meio AmbienteEditor Sênior: Prof. MS Alex Souza da Silva [email protected] Associados: Ana Lúcia Beirão Cabral, Maurício Anaya, Sandra Maria Mota Ortiz3. Ciências Sociais Aplicadas:Editor Sênior: Wagner Pagliato [email protected] Associados: Eduardo Ganymedes, Julio Gomes de Almeida, Marco Antonio Sampaio de Jesus, Rinal-

do Zaina Junior, Roberta de Cássia Suzuki, Wanderley Gonçalves4. Educação FísicaEditor Sênior: Roberto Gimenez [email protected] Associados: Marcelo Luis Marquezi, Maurício Teodoro de Souza5. EnfermagemEditor Sênior: Wana Yeda Paranhos [email protected] Associados: Patricia Fera, Fabiana Augusto Ne-man, Adriano Aparecido Bezerra Chaves6. FisioterapiaEditor Sênior: Profa. Célia Regina Gazoti Debessa [email protected] Associados: Sérgio de Souza Pinto, Fábio Na-varro Cyrillo, Renata Alqualo Costa, Alexandre Dias Lopes7. MedicinaEditor Sênior: Serafim Vincenzo Cricenti , [email protected] Associados: Jaques Waisberg, Sonia Regina P. Souza, Edna Frasson de Souza Montero, Marcelo Augus-to Fontenelle Ribeiro Júnior, Stewart Mennin8. OdontologiaEditor Sênior: Cláudio Fróes de Freitas [email protected] Associados: Eliza Maria Agueda Russo9. Tecnologia em saúdeEditor Sênior: Willi Pendl [email protected] Associados: Waldir Grec, Rodrigo de Maio, Sergio Daré, Aníbal Afonso Mathias Jr

Apoio

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E D I T O R I A L

Estamos felizes pela publicação de mais este número e almejamos cada vez mais a participação e a divulgação de nossos leitores e parceiros da Revista Science in Health, além da comunidade acadêmica em geral, para seguirmos crescendo no cenário da divulgação do conhecimento envolvendo principalmente questões atuais e que envolvam também a realidade brasileira, favorecendo assim a construção de uma comunidade científica com consciência crítica e de forma mais equitativa.

Neste número 2 do volume 6 da Revista Science in Health foram publicados cinco artigos científicos sendo quatro deles relatos de pesquisa e uma mini revisão.

Inicialmente apresentamos o texto de Juliana Aparecido e Claudia Tozato que teve como objetivo revisar os efei-tos do treinamento combinado em crianças e adolescentes obesos. A partir desta revisão sistemática, foi observada a existência de vários estudos na literatura que comprovam os benefícios promovidos pela associação de dietas hipocaló-ricas, exercícios aeróbios e fortalecimento muscular, no mínimo três meses, são capazes de reduzir significantemente a porcentagem de gordura corporal, além de promover um aumento da massa magra em crianças e jovem obesos.

Seguindo o mesmo contexto, Juliana Aparecido e colaboradores apresenta outro trabalho abordando a agora a avaliação da aptidão física de crianças e adolescentes obesos. Este trabalho teve como objetivo mostrar que a aptidão física relacionada à saúde na infância pode favorecer a prevenção, manutenção e melhoria da capacidade funcional, além de reduzir a probabilidade do desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas na vida adulta.

O próximo artigo de Matta, Souza, Ribeiro e colaboradores que apesar de se tratar de uma pesquisa básica en-volvendo animais de laboratório aborda o mesmo tema citado anteriormente: obesidade e atividade física. Um tema de relevância mundial e atual. Neste artigo, os autores realizaram uma avaliação bioquímica de ratos tratados com extrato seco de berinjela e alcachofra submetidos ou não ao exercício físico. A procura na medicina popular por fontes naturais para prevenção e tratamento da obesidade e suas alterações metabólicas, vem sendo cada vez mais intensificada. A importância da inclusão de alimentos que proporcionam uma melhora na tolerância à glicose e re-dução dos níveis lipêmicos tem sido cada vez mais enfatizada. Os resultados deste estudo, porém não evidenciaram nenhuma ação benéfica em relação ao uso do chá de alcachofra e o de berinjela, visto que os níveis de colesterol e peso corporal não apresentaram significância estatística.

O artigo seguinte apresentado por Jéssica Gonçalves Passos e Sonia Regina Pereira de Souza aborda outra doen-ça bastante prevalente e relevante mundialmente e que cada vez mais se comprova sua relação com a obesidade: o câncer de mama. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo de série temporal, sobre a morta-lidade hospitalar de mulheres por câncer de mama residentes no estado de São Paulo. Observa-se um aumento da mortalidade entre mulheres jovens, tornando-se necessário a implementação de políticas públicas que melhorem o acesso ao exame clínico das mamas a todas as mulheres e a realização de mamografia em pacientes com fatores de risco.

Por fim, não menos relevante, Silva e colaboradores apresentam o trabalho sobre a identificação e prevenção de microrganismos presentes nos aparelhos celulares de alunos e funcionários da Universidade Cidade de São Paulo. Os aparelhos celulares, que hoje contam com 164,5 milhões de usuários no Brasil, podem ser vetores de disseminação de patógenos. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que todos os celulares analisados apresentaram contaminação por pelo menos uma espécie de microrganismo, demonstrando o poder disseminativo desses aparelhos. Porém, as espécies detectadas são comumente patógenos oportunistas, oferecendo maior risco a indivíduos imunocomprometidos, não tendo ação nociva a pessoas saudáveis.

Desejamos a todos uma excelente leitura e até a próxima edição.

Revista Science in Health

Rodrigo Ippolito Bouças

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Science in Health maio-ago 2015; 6(2): 80-8

AVAL I AÇ ÃO DA AP T I DÃO F Í S I C A D E C RI AN Ç A S E AD O L E S C E N T E S O B E S O S

E VALU AT I O N O F P HYS I C AL F I T N E S S I N O B E S E C H I L D RE N AN D AD O L E S C E N TS

Juliana M. L. Aparecido1

Marcelo Marquezi2

Daniella O. Sayuri3

Marco A Uzunian4

Claudia Tozato5

Cristiane Kochi6

R E S U M O

Introdução: A investigação da aptidão física relacionada à saúde (AFRS) na infância pode favorecer a prevenção, manutenção e melhoria da capacidade funcional, além de reduzir a probabilidade do desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas na vida adulta. Objetivo: Analisar a AFRS de crianças e adolescentes obesos. Método: A amostra foi constituída por 24 crian-ças e adolescentes, entre 6-18 anos, ambos os gêneros, com diagnóstico de obesidade exógena. Para tanto, os componentes da AFRS foram avaliados mediante a avaliação antropométrica, composição corporal (pregas cutâneas) e testes motores de flexibilidade (sentar e alcançar), de resistência muscular localizada (abdominais, flexão de braço modificada e agachamento, durante 1 minuto) e de força de preensão manual. Para comparar os estágios maturacionais foi utilizada a análise de variância (ANOVA) com post-hoc de Tukey, com p<0,05. Resultados: 79,19% dos pacientes apresentavam obesidade grave, 16,69% obesidade e 4,17% sobrepeso. Em ambos os gêneros, os grupos pós-púberes apresentaram maior Massa Magra (MM) que os grupos pré-púberes (p<0,05). E quando comparados os grupos pré-púbere masculino e pós-púbere feminino, os meninos pós-púberes apresentaram maior força de preensão manual (p<0,05). E 100% dos avaliados apresentaram resultados insatis-fatórios para o teste de abdominal, de acordo com os critérios brasileiros de referência do Projeto Esporte Brasil (PROESP--BR). Conclusão: Os grupos avaliados apresentaram uma alta taxa de inadequação dos testes de aptidão física, reforçando a necessidade de intervenção nesse grupo de pacientes.

Palavras-chave: Obesidade • Aptidão física • Composição corporal • Criança • Adolescente

A B S T R A C T

Introduction: The inquiry of the health-related physical fitness (HRPF) can be favorable to the prevention, maintenance and improvement of functional capacity, as well as decrease the likelihood of developing chronic degenerative in adulthood. Objective: Analyze HRPF of children and adolescents obese. Methods: The sample was composed of 24 children and adolescents, aged 6 to 18 years old, from both genders, diagnosed with exogenous obesity. For this purpose, the HRPF items were evaluated through anthropometry, body composition (skinfold) and evaluation of motor skills: flexibility test (sit-and-reach test), localized muscular resistance test (abdominal, modified push-up and squats in one minute) and hand-grip strength. In order to compare maturation stages the analysis of variance (ANOVA) with tukey’s post-hoc test, with p<0,05. Results: 79,19% of the subjects had severe obesity, 16,69% obesity and 4,17% overweight. In both genders, post pubertal group had higher Lean Mass (LM) than the pre pubertal (p<0,05). When compared the male pre pubertal with

1 Especialista em Fisioterapia Respiratória, pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pós-graduada no Curso de Fisiologia do Exercício pela Universidade Cidade de S. Paulo.2 Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Educação Física e Fisioterapia e Professor da Universidade Cidade de S. Paulo, Doutor em Biologia Funcional e Molecular pela Universidade Estadual de Campinas.3 Especialista em Fisioterapia Respiratória, pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo4 Professor de Educação Física, pós-graduado no Curso de Fisiologia do Exercício pela Universidade Cidade de S. Paulo.5 Supervisora da Especialização em Fisioterapia Respiratória da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.6 Médica assistente da Unidade de Endocrinologia Pediátrica e Professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Doutora em Endocrinologia Pediátrica pela Santa Casa de São Paulo.

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Aparecido JML, Marquezi M, Sayuri DO, Uzunian MA, Tozato C, Kochi C. Avaliação da aptidão física de crianças e adolescentes obesos • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 80-8

female post pubertal group, the post pubertal boys had higher grip strength (p<0,05). 100% of the evaluated subjects had inadequated results in the push-up test, according to the Brazilian criteria with reference of the Brazilian Sport Project (BSP). Conclusion: Both groups showed a high rate of inadequate physical fitness tests, reinforcing the need for intervention in this group of patients.

Key words: Obesity • Physical fitness • Body composition • Child • Adolescent

1. I N T RO D U Ç ÃO

A obesidade é um dos distúrbios mais remotos que acomete a humanidade1. De acordo com Pollo-ck e Willmore, ao longo de sua evolução, o homem vem sofrendo diversas mudanças, principalmente no que diz respeito aos seus hábitos e estilo de vida. A Revolução Industrial foi um marco da moder-nização e deixou evidente a passagem de uma so-ciedade tipicamente rural e fisicamente ativa, para uma população urbana, cujo estilo de vida se baseia no conforto, rapidez, comodidade e facilidade2.

Segundo Freedman, existem mais de meio bi-lhão de pessoas obesas espalhadas por mais de 199 países (3). Uma epidemia mundial, que atinge até mesmo países em desenvolvimento como o Brasil no qual, segundo o Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), metade da população com 20 anos está com excesso de peso3, 4, 5, 6.

Essa situação é ainda mais alarmante entre a po-pulação infantil. Em 2009, por exemplo, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos e um em cada cinco adolescentes estavam acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)3. O que é preocupante, uma vez que a obesidade infan-til está diretamente relacionada com o aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares na vida adulta7, 8, 9.

Embora seja difícil estabelecer suas causas, uma vez que se trata de um fenômeno multifatorial, o tratamento da obesidade requer uma equipe multi-disciplinar, agregando médicos (pediatras e endo-crinologistas), psicólogos, nutricionistas, fisiotera-peutas, professores de educação física e fisiologistas do exercício com o objetivo de orientar e motivar os indivíduos obesos quanto à prática de atividade

física supervisionada, bem como uma dieta balan-ceada10, 11, 12.

Nesse sentido, estudos têm indicado que níveis satisfatórios de aptidão física relacionada à saúde podem favorecer a prevenção, manutenção e me-lhoria da capacidade funcional, além de reduzir a probabilidade de desenvolvimento de doenças crô-nico-degenerativas, tais como obesidade, diabetes, hipertensão arterial sistêmica13, doenças cardio-vasculares, entre outras. Proporcionando, assim, melhores condições de saúde e qualidade de vida à população1, 13, 14.

Portanto, a investigação sobre o comportamento de indicadores da aptidão física relacionada à saúde em crianças e jovens obesos pode fornecer valiosas informações para análise da capacidade funcional desses indivíduos, bem como proporcionar parâ-metros de referência para a elaboração de progra-mas de treinamento físico que possam promover a saúde e o controle de peso desses indivíduos.

2. O B J ET IV O

Analisar a aptidão física relacionada à saúde de crianças e adolescentes obesos.

3. C A S U Í S T I C A E M ÉTO D O S

3.1. Amostra

Foi conduzido um estudo observacional e des-critivo, nos Ambulatórios de Endocrinologia Pedi-átrica da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) e da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), entre os meses de feverei-ro e julho de 2012, quando foram selecionados os prontuários dos pacientes com os seguintes crité-rios de inclusão: diagnóstico de obesidade exógena,

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ambos os gêneros, idade entre 6-16 anos, com score--Z Índice de Massa Corporal (zIMC) ≥ +1 desvio--padrão (DP) de acordo com a OMS15.

Foram excluídos os pacientes que faziam uso crônico de tratamento medicamentoso que pudes-se interferir no controle de peso, limitação para prática de atividade física, participantes de progra-mas sistemáticos de treinamento, doenças crônicas não controladas, síndromes genéticas e alterações hormonais.

Entre os meses de agosto e outubro de 2012, a partir do banco de dados montado, foram agenda-das por telefone 45 avaliações, que ocorreram no Laboratório de Pesquisa em Educação Física e Fi-sioterapia (LAPEFFI), na UNICID. Das avaliações agendadas, houve uma desistência de 21 pacientes (8 recusaram participação e 13 faltaram).

Todos os procedimentos adotados foram previa-mente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ISCMSP. A participação foi voluntária e antes das avaliações os responsáveis e avaliados assina-ram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Termo de Assentimento, respectivamente, para a participação na pesquisa.

3.2. Instrumentos e Procedimentos

3.2.1 Estágio Puberal

A avaliação do estadiamento puberal foi realizada através dos estágios de Tanner, por meio de um exame físico (avaliação direita) realizado em consulta médica nos ambulatórios de endocrinologia pediátrica16.

3.2.2 Antropometria e Composição Corporal

A aferição do peso corporal foi realizada numa balança mecânica (Welmy®, precisão de 100g, ca-pacidade máxima de 150kg), sendo que o avaliado era pesado em pé, com vestimentas leves e descal-ço. Para estatura, foi utilizado estadiômetro fixo na parede (precisão de 1mm), tomando-se como pon-tos de referência o vértex e a região plantar. Após

essas medidas, era calculado o IMC pela fórmula: massa corporal (kg) dividida pela estatura (m) ele-vada ao quadrado.

A composição corporal foi determinada conforme a técnica descrita por Harrison, utilizando-se fita mé-trica e adipômetro17. As medidas das dobras cutâneas (tríceps, subescapular e panturrilha), foram realiza-das sempre do lado direito do corpo, por um mesmo avaliador, capacitado e experiente, que fez as mensu-rações em triplicata em cada local, sendo utilizado o escore com as médias destas. Para a determinação da porcentagem de gordura corporal (%GC) foi utilizada a equação para crianças e adolescentes, brancos e ne-gros, 7-18 anos, proposta por Slaughter18.

3.2.3 Flexibilidade de tronco

Utilizou-se o banco de Well (teste de sentar e alcançar) para avaliação da região lombar e das is-quiotibiais. Nesse teste, o avaliado ficava descalço na posição sentada, com as pernas estendidas e uni-das, a planta dos pés totalmente em contato com o aparelho, o avaliado tentava alcançar lentamen-te a maior distância com a mão dominante sobre a outra, sem flexionar os joelhos. Respeitando um intervalo de descanso de 15 segundos entre cada tentativa. As medidas foram realizadas 3 vezes, adotando-se o maior valor alcançado19.

3.2.4 Força Máxima Manual

Para a avaliação de força de preensão manual foi utilizado um dinamômetro manual (Jamar®, com escala de medida variando de 0 a 100kgf). O teste foi executado 3 vezes, bilateralmente, com o ava-liado na posição em pé, segurando o equipamento com o braço estendido ao lado do corpo, respeitan-do-se um intervalo de repouso de 15 segundos en-tre cada tentativa. Foi adotado o maior valor obtido nas 3 tentativas20.

3.2.5 Resistência Muscular Localizada

Para a avaliação da resistência muscular de tronco, foi realizado o teste de abdominal em um

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Nogueira AA, Cunha-Neto RS, Siliano PR, Análise bacteriológica de Esponjas de Banho em Uso e Métodos de Desinfecção • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 56-60

minuto, em que o avaliado era deitado em decúbi-to dorsal, como os pés apoiados no chão, pernas flexionadas, formando um ângulo de aproximada-mente 90° nos joelhos, apoiando as mãos cruzadas na altura do peito e o avaliador fixava os pés do ava-liado ao solo. Ao sinal, o avaliado iniciava os movi-mentos de flexão de tronco até tocar os cotovelos nas coxas, retornando à posição inicial. E assim, realizava o máximo de repetições em um minuto.

Para a avaliação de resistência de membros su-periores, foi utilizado o teste de flexão de braço modificado, em que o avaliado ficava em seis apoios (as duas mãos, os dois joelhos e os dois pés), corpo em extensão e cotovelos estendidos. E então, rea-lizava a flexão dos cotovelos até que estes ficassem ao nível dos ombros, voltando à posição inicial; re-alizando a extensão dos cotovelos, num total de um minuto, o avaliado era orientado a realizar o máxi-mo de repetições21.

Para a avaliação de resistência em membros in-feriores foi adotado o teste de agachamento par-cial, em que o avaliado era posicionado na frente de uma cadeira ou escadinha hospitalar, com os pés afastados lateralmente na largura do ombro, de costas para o banco. Os braços ficavam estendidos e os ombros flexionados a 90º do corpo. O avalia-do agachava-se flexionando os joelhos até tocar a musculatura glútea levemente na cadeira antes de realizar uma nova extensão de joelhos. A cadeira ou banco tinha sempre a altura necessária para que o avaliado, ao sentar-se, formasse um ângulo reto nas articulações dos joelhos. A sequência de aga-chamentos era feita até que o avaliado entrasse em exaustão ou se tornasse incapaz de realizar o movi-mento com perfeição. O avaliado deveria manter a coluna ereta evitando a flexão do tronco à frente22.

Todos os testes motores tiveram sua cadência padronizada com auxílio de um metrônomo.

3.3. Análise Estatística

Inicialmente a análise dos dados foi realizada de

forma descritiva por meio de valores de média, des-vio-padrão e porcentagem. As variáveis contínuas foram testadas para normalidade através do teste de Brown-Forsythe e comparadas por análise de vari-ância de dois fatores (gênero e estágio maturacio-nal) ou de fator único (estágio maturacional). Para evidenciar as possíveis diferenças entre os estágios e gêneros, utilizou-se análise de variância (ANO-VA one-way) com post-hoc de Tukey. Assumiu-se um nível de significância de p<0,05 para todas as aná-lises. Utilizou-se o software STATISTICA (versão 8.0, StatSoft Inc., 2007. Estados Unidos) para a análise estatística dos dados.

4. RE S U LTAD O S

Foram avaliados 24 pacientes com zIMC mé-dio 5,48 ± 2,52. Sendo que 79,17% com zIMC >+3DP, 16,67% com zIMC entre +2 e +3 DP e 4,17% com zIMC entre +1 e +2 DP.

De acordo com o estágio puberal as meninas fo-ram classificadas em três grupos, cujas caracterís-ticas observadas estão demonstradas na Tabela 1. Já entre os meninos só foram encontradas duas classes (pré e pós-púbere), expostas na Tabela 2.

Quando comparados os grupos femininos, as meninas pós-púberes apresentaram maiores valo-res de peso (p=0,02) e MM (p=0,07) que o gru-po pré-púbere. Em relação aos testes motores não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos femininos.

Entre os meninos, o grupo pós-púbere apresen-tou maior MM (p=0,00), força de preensão manual direita (p = 0,00) e esquerda (p = 0,00).

Quando comparados os gêneros, foi observada diferença estatística apenas entre os grupos pós--púberes, em que os meninos apresentaram maior força de preensão manual direita (p = 0,02).

De acordo com os critérios de referência do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR), os

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Aparecido JML, Marquezi M, Sayuri DO, Uzunian MA, Tozato C, Kochi C. Avaliação da aptidão física de crianças e adolescentes obesos • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 80-8

Tabela 1 – Caracterização das meninas de acordo com a classificação maturacional

VariáveisPré-Púberes

(n=5)

Púberes

(n=3)

Pós-Púberes

(n=8)Idade, anos 8,40 ± 1,14 11,33 ± 1,15 13,25 ± 1,38 a, bPeso, kg 62,46 ± 9,44 85,43 ± 9,61 89,26 ± 15,53 aEstatura, m 1,48 ± 0,08 1,54 ± 0,05 1,61 ± 0,04IMC, kg/m2 28,45 ± 3,19 35,77 ± 1,61 34,28 ± 5,14zIMC 5,04 ± 2,28 7,8 ±3,05 6,10±2,28%GC, % 38,00 ± 1,28 47,46 ± 5,49 44,36 ± 5,41MG, kg 23,78 ± 4,05 40,38 ± 4,59 39,94 ± 10,43MM, kg 38,67 ± 5,51 45,04 ± 8,11 49,32 ± 7,70 aFlexibilidade 28,90 ± 4,94 24,50 ± 7,26 27,97 ± 8,86Força Direita 21,30 ± 5,07 27,00 ± 7,93 25,18 ± 6,39Força Esquerda 19,50 ± 3,77 26,00 ± 5,29 25,00 ± 6,90Abdominal 12,00 ± 8,27 8,00 ± 6,92 14,25 ± 4,86Flexão de Braço 13,40 ± 8,04 9,66 ± 9,50 9,87 ± 7,54Agachamento 20,20 ± 0,44 17,33 ± 2,51 14,25 ±4,86

Kg: quilograma; m: metros; IMC: índice de massa corpórea; kg/m2: quilograma por metro quadrado; %GC: porcentagem de gordura corporal; MG: massa gorda; MM: massa

magra; EP: excesso de peso.

a: diferença estatística entre pré-púbere, ANOVA, p<0,05

b: diferença estatística entre púbere, ANOVA, p<0,05

Tabela 2 – Caracterização dos meninos de acordo com a classificação maturacional

VariáveisPré-Púberes

(n=4)

Pós-Púberes

(n=4)Idade, anos 9,25 ± 1,70 14,25 ± 1,25 a

Peso, kg 49,95 ± 12,59 96,45 ± 18,68 a

Estatura, m 1,39 ± 0,14 1,73 ± 0,11 a

IMC, kg/m225,51 ± 0,75 32,48 ± 8,01

zIMC 4,19±1,98 4,31±2,93%GC, % 43,07 ± 6,16 45,03 ± 13,20MG, kg 21,97 ± 8,17 44,96 ± 20,04MM, kg 27,97 ± 4,78 51,49 ± 6,38 a

Flexibilidade 23,95 ± 5,90 25,45 ± 2,65Força Direita 17,50 ± 7,18 37,25 ± 2,21 a

Força Esquerda 16,25 ± 6,34 34,75 ± 5,50 a

Abdominal 8,50 ± 10,34 21,50 ± 7,93Flexão de Braço 13,75 ± 9,17 17,00 ± 1,41Agachamento 18,75 ± 2,21 17,75 ± 3,94

Kg: quilograma; m: metros; IMC: índice de massa corpórea; kg/m2: quilograma por metro quadrado; %GC: porcentagem de gordura corporal; MG: massa gorda; MM: massa

magra; EP: excesso de peso.

a: diferença estatística entre pré-púbere, ANOVA, p<0,05.

resultados médios, com relação à classificação da flexibilidade, foram equilibrados, cerca de metade dos avaliados (49,99%) apresentaram classificação “excelente”, “muito bom” e “bom”. Quando compa-rados os gêneros, 56% das meninas apresentaram classificação “excelente”, “muito bom” e bom”, de-monstrando melhor desempenho no teste de sentar

e alcançar (Tabela 3).

Ainda na Tabela 3, observando os resultados médios para o teste de abdominal, nota-se que es-tes foram insatisfatórios, para ambos os gêneros, com predomínio das classes “muito fraco”, “fraco” e “razoável” em 100% dos avaliados. Tais dados

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Tabela 3 – Classificação por gênero dos testes motores, de acordo com o Projeto Esporte Brasil.

GênerosMuito Fraco %

Fraco %

Razoável %

Bom %

Muito Bom %

Excelente %

Flexão

De TroncoFeminino 12,5 25 6,25 31 25 0

Masculino 12,5 12,5 37,5 25 12,5 0

AbdominalFeminino 81,25 6,25 12,5 0 0 0Masculino 75 25 0 0 0 0

mostraram-se coerentes com a anamnese coletada, em que 62,5% dos avaliados relataram não realizar nenhuma atividade física fora do ambiente escolar.

Com relação aos testes de preensão manual, fle-xão de braço modificada e agachamento não foram encontrados critérios brasileiros de referência para comparar com os resultados observados.

5. D I S C U S S ÃO

Com base nas informações produzidas pelos in-dicadores de adiposidade utilizados, verificou-se que 79,17% dos pacientes apresentavam obesidade grave, 16,67% obesidade e 4,17% sobrepeso. Da-dos estes preocupantes, pois, segundo Guedes e Guedes¹9 (2006), o aumento no número de adipóci-tos nessa fase, principalmente por hiperplasia, pode ocasionar grande dificuldade para perda de peso ao longo de toda a vida do indivíduo23. O que, para os autores, está relacionado ao estilo de vida ina-dequado, conceito este que corrobora com os re-sultados observados nesta pesquisa em que 62,5% dos avaliados não realizam nenhuma atividade física fora do ambiente escolar.

Ao analisar os resultados de ambos os gêneros com relação à composição corporal foi observado que os grupos pós-púberes apresentaram maior MM que os grupos pré-púberes. Resultados estes que, para Guedes e Guedes ¹9 (2006), estão asso-ciados ao processo de amadurecimento fisiológico, em que variáveis antropométricas e de composição corporal aumentam progressivamente com o avan-ço dos estágios maturacionais(23). Erlandson et al.²4

(2008) completam que tais resultados são decor-rentes do aumento na secreção de hormônios que provocam o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos corporais24.

Quanto à força estática foi observado que o grupo pós-púbere apresentou maior força de pre-ensão manual que o grupo pré-púbere masculino e pós-púbere feminino. Resultados estes que inferem que a força estática tem relação direta com o gênero e a maturação sexual. Tais resultados são semelhan-tes aos encontrados por Freitas et al.25 (2003), que observaram que quanto maior a maturação sexual maiores são os níveis de força estática, e que, quan-do comparados os gêneros, os meninos tendem a ter maior força de preensão manual25. Para Santos et al.26 (2011), esses resultados são acarretados pelo aumento dos níveis hormonais masculinos que ge-ram o desenvolvimento acentuado da massa mus-cular nos estágios maturacionais mais avançados26. Round et al.27 (1999), em um estudo realizado com 100 crianças de 8 a 17 anos, de ambos os gêneros, observaram que, entre os meninos, o desenvolvi-mento da força foi explicado pelo aumento na con-centração de testosterona sanguínea27.

Malina e Bouchard28 (2002) completam que o aumento de força está associado a maior tamanho corporal e massa muscular. Conceito este que vai ao encontro dos resultados apresentados neste es-tudo, em que grupos com desenvolvimento matu-racional mais avançados apresentaram maiores va-lores médios de peso, estatura e MM28.

Entretanto, Guy et al.29 (2001) verificaram que

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em crianças pré-púberes o desenvolvimento da for-ça ocorreu independentemente da mudança do ta-manho ou área muscular29. O que, segundo Santos et al.26(2011), seria explicado pelas alterações neu-rais, que parecem estar associadas ao aumento da ativação muscular, da frequência de disparos das unidades motoras e da coordenação intermuscular e redução da coativação dos músculos antagonistas26.

Quanto ao desempenho insatisfatório apresen-tado em 100% dos avaliados, este pode estar as-sociado tanto ao estado nutricional e alto índices de adiposidade, como à inatividade física. Além disso, as informações deste estudo foram obtidas mediante uma série de medidas e testes, que prova-velmente eram desconhecidas até aquele momento por muitos dos sujeitos investigados, o que, no caso dos testes motores, principalmente, pode repercu-tir desfavoravelmente, uma vez que a familiariza-ção prévia ou a simples repetição da tarefa motora a ser desempenhada pode resultar em melhoria do desempenho motor, devido ao incremento da ca-pacidade do sistema neural em ativar totalmente a musculatura, a melhor coordenação dos músculos sinergistas e antagonistas ou, ainda, a melhoria da coordenação do movimento16.

Os resultados de flexibilidade do presente es-tudo para todos os estágios maturacionais ficaram dentro da classificação estipulada pelo PROESP--BR. Malina e Bouchard²8 (2002) retrataram em seu estudo o aumento da flexibilidade para as me-ninas e, em contrapartida, uma diminuição para os meninos, com o avanço do período pubertário28.

Tais resultados são coerentes com os apresentados neste estudo, em que meninas pós-púberes apre-sentaram melhor desempenho nos testes de sentar e alcançar quando comparadas ao gênero masculi-no. Para Philippaerts et al.30 (2006), essa diminui-ção da flexibilidade entre os meninos pode estar associada ao abrupto crescimento longitudinal, re-corrente de alterações hormonais, podendo levar há um crescimento ósseo mais acelerado do que o crescimento dos tendões e músculos30. O que não pode ser analisado, visto que outra limitação deste estudo foi quanto ao delineamento transversal, que não permitiu estabelecer uma relação de causalida-de entre as variáveis analisadas.

Portanto, estudos prospectivos longitudinais devem ser desenvolvidos para promover melhor entendimento quanto às alterações fisiológicas e sua interação com o estado nutricional, nível de atividade física e fatores hormonais ao longo do de-senvolvimento pubertário, para melhor elucidar a influência e a evolução do desempenho das variá-veis de aptidão física em crianças e jovens obesos.

6. CO N S I D E RAÇÕ E S F I N AI S

Os resultados deste estudo demonstraram que meninos pós-púberes têm maior MM e for-ça de preensão manual. E que essas variáveis têm relação direta com o gênero e desenvolvimento maturacional.

Além disso, a amostra avaliada apresentou uma alta taxa de inadequação dos testes de aptidão física.

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Science in Health maio-ago 2015; 6(2): 89-99

AVAL I AÇ ÃO B I O Q U Í M I C A D E RATO S T RATAD O S CO M EXT RATO S ECO D E B E RI N J E L A (S O L AN U M M E L O N G E N A L.) E ALC AC H O F RA (C Y N ARA S CO LY M U S) S U B M ET I D O S O U

N ÃO AO EX E RC Í C I O F Í S I CO

B I O C H E M I C AL E VALU AT I O N O F RATS T RE AT E D W I T H D RY EXT RAC T O F EG G P L AN T (S O L AN U M M E L O N G E N A L.) AN D ART I C H O K E (C Y N ARA S CO LY M U S) S U B M I T T E D O R

N O T TO P HYS I C AL EX E RC I S E

Eduardo Grecco Matta1

Gisele Lima De Sousa1

Silvana Ellen Ribeiro1

Márcio Georges Jarrouge2

Rodrigo Ippolito Bouças3

R E S U M O

A presença de sobrepeso e obesidade exercem grande influência na elevada morbidade e mortalidade da doença decorrente principalmente do desenvolvimento de síndromes metabólicas caracterizadas por hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia associadas ao processo de aterogênese. Muitos tratamentos efetivos com fármacos foram desenvolvidos para combater essas dislipidemias. Entretanto, esses fármacos apresentam geralmente um custo elevado e efeitos colaterais indesejáveis. Trata-mentos não farmacológicos, coadjuvantes na prevenção primária, como dieta pobre em gorduras saturadas e colesterol e rica em fibras, exercícios físicos e o não tabagismo, que são muito utilizados entre a população como um meio de minimizar os efeitos colaterais e os altos custos do tratamento medicamentoso. Assim, neste estudo, foi realizada uma avaliação bioquímica de sangue de ratos tratados com o extrato seco do fruto de Solanum melongena L. (Berinjela) e Cynara scolymus (Alcachofra) submetidos ou não ao exercício físico com ênfase em verificar se esses compostos são capazes de reduzir os níveis lipídicos, baseando-se, assim, em um tratamento alternativo à dislipidemia. Os experimentos foram realizados com ratos Wistar ma-chos adultos normais que receberam infusão à base de extrato seco de berinjela e/ou alcachofra por um período de 60 dias. Durante esse período, os ratos foram condicionados, em piscina rasa e aquecida, a realizar exercício físico durante 50 minutos 3 vezes por semana. Em nosso trabalho, nos grupos submetidos ao regime à base da infusão do extrato seco de berinjela e/ou alcachofra, não foi observada redução significativa nos níveis de colesterol e triglicérides, mesmo durante a comparação entre ratos sedentários e submetidos ao exercício físico. Pôde-se verificar uma relativa hiperuremia mantendo-se a creatinina em valores normais. Portanto, os resultados deste estudo não evidenciaram nenhuma ação benéfica em relação ao uso do chá de alcachofra e o de berinjela, visto que os níveis de colesterol e peso corporal não apresentaram significância estatística, e um dos dados obtidos foi o aumento da ureia, evidenciando um cuidado na utilização em excesso desses compostos.

Palavras-chave: Solanum melongena • Cynara scolymus • Hipercolesterolemia • Triglicerídeos • Exercício físico.

A B S T R A C T

The presence of overweight and obesity have great influence on high morbidity and mortality mainly due to the develop-ment of metabolic syndromes characterized by hypercholesterolemia and hypertriglyceridemia associated with atherogenesis process. Many effective drug treatments have been developed to combat these dyslipidemia. However, these drugs generally have a high cost and undesirable side effects. Non-pharmacological treatments, supporting primary prevention as diet low

1 Acadêmicos de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).2 Mestre em Ciências (Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro) pela Universidade de São Paulo; Professor pela Medicina da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e da Uni-versidade de Santo Amaro (UNISA).3 Mestre e Doutor em Bioquímica pela UNIFESP-EPM; Professor Adjunto pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Professor pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID); Professor pela Universidade Bandeirante – Anhanguera (UNIBAN) e Professor pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)

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Matta EG, Sousa GL, Ribeiro SE, Jarrouge MG, Bouças RI. Avaliação bioquímica de ratos tratados com extrato seco de berinjela (solanum melongena l.) e alcachofra (cynara scolymus) submetidos ou não ao exercício físico • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 89-99

in saturated fat and cholesterol and high in fiber, exercise and not smoking are widely used among the population as a means to minimize the side effects and high costs of drug treatment. In this study, a biochemical evaluation of blood of rats treated with the dry extract of the fruit of Solanum melongena L. was performed (Eggplant) and Cynara scolymus (Artichoke) submitted or not to exercise emphasizing verify that these compounds are able to reduce lipid and glucose levels, based as well on an alternative treatment for dyslipidemia. The experiments were performed with normal adult male Wistar rats dried extract-based infusion eggplant and / or artichoke for a period of 60 days. During this period, the rats were conditioned in shallow water and heated to carry out physical exercise for 50 minutes 3 times per week. In our work, the groups subject to the system on the basis of infusion of dry extract of eggplant and / or artichoke was not observed significant reduction in cholesterol and triglyceride levels, even during the comparison between seden-tary and submitted to physical exercise. It can be seen relative hyperuremia maintaining the normal creatinine values. Therefore, the results of this study did not show any beneficial effect regarding the use of artichoke tea and eggplant, as cholesterol levels and body weight were not statistically significant, opposite of this as one of the data was increased urea, showing a care in use in excess thereof.

KEY WORDS: Solanum melongena • Cynara scolymus • Hypercholesterolemia • Triglycerides • Physical exercise.

I N T RO D U Ç ÃO

Entre os principais elementos encontrados na dieta e capazes de controlar a obesidade, se ingeri-dos de forma correta, estão os carboidratos, fibras e proteínas. Esses elementos devem estar associados a exercícios físicos com o objetivo da redução do excesso de peso. A ingestão de carboidratos deve ser proveniente principalmente de grãos integrais, frutas, vegetais, legumes e leite desnatado. Já a in-gestão diária de fibras possibilita uma redução do colesterol e diminuição do esvaziamento gástrico e a absorção de glicose. A ingestão de proteínas deve ser controlada, pois dietas hiperproteicas não são indicadas para perda de peso, pois seus efeitos não são conhecidos em longo prazo1.

Entre os benefícios provenientes dos exercícios físicos destacam-se a melhora da capacidade respi-ratória, cardiovascular, diminuição da pressão ar-terial e melhora na tolerância à glicose e na ação da insulina1.

A procura na medicina popular por fontes na-turais para prevenção e tratamento da obesidade e suas alterações metabólicas vem sendo cada vez mais intensificada. A importância da inclusão de alimentos que proporcionam uma melhora na tole-rância à glicose e redução dos níveis lipêmicos tem sido cada vez mais enfatizada. Entre essas fontes

naturais destacam-se a berinjela e a alcachofra.

A Solanum melongena L. (Berinjela), planta da famí-lia Solanaceae, é originária da Índia, sendo seus frutos muito utilizados na alimentação humana. É um ve-getal com alto teor de água, baixo de proteínas, rico em fibras, sais minerais (cálcio, fósforo, potássio e magnésio) vitaminas (A, B1, B2, Niacina e Vitami-na C), saponinas, compostos fenólicos, flavonoides e glicoalcaloides2, 3, cuja comercialização na forma de cápsulas contendo extrato seco da planta tem sido utilizada para a redução do colesterol sérico.

Estudos realizados, principalmente em animais de laboratório4, 5, 6, 7, apontam um papel hipolipe-miante para a Solanum melongena L. Esse aspecto, porém, não é unânime, pois há estudos nos quais não foram observadas melhoras da lipidemia8. Em humanos, poucos são os trabalhos mostrando esse efeito; o primeiro a demonstrá-lo foi Roffo9 (1943), na Argentina. No Brasil, coube a Cruz et al.10 (1998), mostrar que esse vegetal tinha o efeito hipolipemiante, utilizando suco de berinjela com laranja. Discreto efeito hipolipemiante também foi observado por Guimarães et al.2 (2000) após a ad-ministração de infusão do pó do fruto duas vezes ao dia, ao contrário dos achados de Kakuda et al.11 (1997) que utilizaram suco de berinjela e Silva et al.12 (2004) que utilizaram extrato seco, na forma de cápsulas.

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Matta EG, Sousa GL, Ribeiro SE, Jarrouge MG, Bouças RI. Avaliação bioquímica de ratos tratados com extrato seco de berinjela (solanum melongena l.) e alcachofra (cynara scolymus) submetidos ou não ao exercício físico • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 89-99

A alcachofra (Cynara scolymus L.) pertencente à família Asteraceae é hortaliça perene, cujo cultivo realiza-se em locais de clima ameno. Suas folhas têm sido utilizadas tradicionalmente na Europa para melhorar a saúde do trato digestivo e urinário13.

Extratos de folhas de alcachofra são utilizados na Alemanha e Suíça como um remédio para indi-gestão, e estão disponíveis no Reino Unido como suplementos. Estudos clínicos utilizando o extrato seco de alcachofra mostraram eficácia em condi-ções tais como dispepsia14, 15 e síndrome do intes-tino irritável16, 17.

Os constituintes principais ativos da alcachofra são os ácidos cafeoilquínicos (incluindo cinarina e ácido colorogênico), flavonoides, incluindo luteo-lina e derivados, tais como glicosídeos; e lactonas sesquiterpênicas, incluindo cinaropicrina. Ensaios pré-clínicos indicaram que a alcachofra possui, en-tre outras propriedades, um efeito hipocolestero-lêmico e antioxidante18. Essas propriedades ocor-rem devido a uma redução da síntese de colesterol a partir da inibição da HMG-CoA redutase, um aumento na eliminação do colesterol nas secreções biliares e uma inibição da oxidação do LDL.19

A revisão dos dados de 11 estudos clínicos (re-alizados entre 1936 e 1994) sobre os efeitos redu-tores dos níveis lipídicos a partir da utilização de alcachofra mostrou uma redução média em ambos os níveis de colesterol total ou triglicérides de 5% e 45%19, embora os resultados de alguns desses pro-jetos não fossem claros. Dois estudos pós-comer-cialização, que primeiramente trataram dos efeitos da alcachofra sobre os sintomas dispépticos, tam-bém relataram efeitos significativos na redução da lipemia20, 21.

Outros estudos realizados com extratos de al-cachofra demonstraram, ainda, tanto em humanos como em animais, atividades hepatoprotetora, co-lerética, colagoga e antioxidante 22, 23, 24, 25.

Assim, o presente estudo teve como objetivo

avaliar bioquimicamente o sangue de ratos tratados com duas plantas cultivadas no Brasil, que apre-sentam princípios ativos com potencial fitoterápi-co para a diminuição do colesterol: Cynara scolymus Linné, popularmente conhecida como alcachofra e fruto da planta Solanum melongena L., conhecida como berinjela. Além do perfil lipêmico, foram avaliados também outros parâmetros bioquímicos, como os níveis de glicose, proteína, ácido úrico, entre outros.

M AT E RI AL E M ÉTO D O S

Para o desenvolvimento deste estudo foram utili-zados 40 ratos Wistar (Rattus norvegicus albinus, Wis-tar), machos, com peso médio variando entre 250g e 350g e idade aproximada de 3 meses. Os animais, provenientes do Biotério da Universidade de Santo Amaro – UNISA - São Paulo, foram mantidos em gaiolas coletivas à temperatura ambiente controlada de 25°C e foto-período de 12h-claro/12h-escuro (7:00/19:00h), recebendo alimentação específica e água ad libitum. Todos os procedimentos aos quais os animais foram submetidos estão de acordo com as normas para experimentação animal propostas pelo “International Guiding Principles for Biome-dical Research Involving Animals”.

Os animais foram aleatoriamente divididos em quatro grupos experimentais e identificados con-forme a marcação a seguir: Grupo Controle Sedentá-rio (CS) - Os animais permaneceram sem ativida-de física durante todo o período do estudo em sua gaiola; Grupo Controle Natação (CN) – Os animais foram submetidos ao protocolo de exercício físi-co em piscina aquecida; Grupo Alcachofra Sedentário (AS) - Permaneceram sem atividade física durante todo o período do estudo em sua gaiola e recebe-ram infusão à base de extrato seco de alcachofra 5 dias por semana ad libitum; Grupo Alcachofra Na-tação (AN) – Foram submetidos ao protocolo de exercício físico em piscina aquecida e receberam infusão à base de extrato seco de alcachofra 5 dias por semana ad libitum; Grupo Berinjela Sedentário (BS)

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– Permaneceram sem atividade física durante todo o período do estudo em sua gaiola e receberam in-fusão à base de extrato seco de berinjela 5 dias por semana ad libitum; Grupo Berinjela Natação (BN) – Os animais foram submetidos ao protocolo de exercí-cio físico em piscina aquecida receberam infusão à base de extrato seco de berinjela 5 dias por sema-na ad libitum; Grupo Alcachofra/Berinjela Sedentário (ABS) – Permaneceram sem atividade física durante todo o período do estudo em sua gaiola e recebe-ram infusão à base de extrato seco de alcachofra e berinjela 5 dias por semana ad libitum e o Gru-po Alcachofra/Berinjela Natação (ABN) – Os animais foram submetidos ao protocolo de exercício físico em piscina aquecida e receberam infusão às base de extrato seco de alcachofra e berinjela 5 dias por semana ad libitum.

Após 60 dias decorridos do início do experi-mento, os animais de todos os grupos foram euta-nasiados com dose excessiva de anestésico. Foram anestesiados com a administração intraperitoneal composta de quetamina na dosagem de 40mg/kg e de xilazina na dosagem de 5mg/kg de peso cor-poral diluídas em 1ml de solução salina fisiológi-ca26. Logo após a indução anestésica foi iniciada a avaliação bioquímica e posterior remoção do tecido adiposo peritoneal.

As infusões foram preparadas 2 vezes ao dia, no início da manhã e da noite, no período de 60 dias. 250 mg de Solanum melongena L. (berinjela) e/ou 1g Cynara scolymus (alcachofra) foram adicionados em 100ml de água fervente. Após esse procedimento, a solução permaneceu em repouso por aproximada-mente 5 minutos e no final desse período o líquido resultante foi filtrado em papel de filtro. Após a filtração, o chá foi transferido para as garrafas espe-cíficas das gaiolas dos animais em experimentação. Tiveram acesso à água ou às infusões ad libitum du-rante 5 dias por semana.

Em relação ao exercício físico, os animais foram submetidos a um protocolo de natação em piscina

aquecida durante 60 dias. Para tanto, os grupos de cinco animais foram colocados em piscina aquecida durante 3 dias por semana. A piscina, com profun-didade de 60 centímetros, foi aquecida à tempera-tura de 30±2°C. O protocolo de natação iniciou-se com 10 minutos de atividade, aumentando progres-sivamente 10 minutos por dia até que, ao final do 5° dia, o tempo de treinamento chegou a 50 minu-tos, divididos em 2 tempos de 25 minutos, nível de treinamento que permaneceu até o final do estudo. A aferição do peso corpóreo foi realizada uma vez por semana.

Para a avaliação bioquímica do sangue dos ra-tos, o sangue foi coletado por punção cardíaca e o soro foi separado por centrifugação a 3500G du-rante 15 minutos. Após esse procedimento, foram efetuadas as dosagens sorológicas por análise foto-colorimétrica. Todas as determinações bioquímicas foram realizadas em aparelho espectrofotométrico com metodologias analíticas de utilização consoli-dada em análises clínicas, a partir de kits reagentes cedidos pela empresa Labtest® a partir do proje-to Universidade concedida pela própria empresa. Foram avaliados os seguintes parâmetros séricos: colesterol total e suas frações, pelo método de co-lesterol-oxidase/peroxidase27; triglicérides, pelo método da lipase/glicerol-oxidase/peroxidasse28; ácido úrico pelo método da uricase/peroxidase29 e ureia, pelo método do azul de indofenol30.

Após o sacrifício dos animais e coleta do san-gue a partir de punção cardíaca o tecido adiposo peritoneal de cada animal foi removido e coleta-do para posterior pesagem em balança analítica de precisão31.

Para a análise estatística dos resultados foram aplicados testes paramétricos ou testes não para-métricos, dependendo da natureza dos dados. Fo-ram aplicados os seguintes testes: Análise de vari-ância a um critério32 com o objetivo de comparar os grupos de dieta, em separado, para os grupos sedentário ou natação; Teste t de Student32 com a

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finalidade de comparar os grupos de sedentários e de natação, separadamente, para cada tipo de dieta; Análise de variância de KRUSKAL-WALLIS33 com a finalidade de comparar os tipos de dieta entre os elementos do grupo de sedentário e de natação; e Teste de MANN-WHITNEY33 com o objetivo de comparar os grupos de sedentários e de natação em cada um dos seguintes considerados. Em todos os testes fixou-se o nível de significância em 0,05 ou 5%.

RE S U LTAD O S E D I S C U S S ÃO

Foram avaliados 40 animais, sendo que os gru-pos foram divididos randomicamente em sedentá-rio e natação e entre as dietas hídricas (controle, berinjela, alcachofra, alcachofra + berinjela).

Durante o experimento houve uma perda de um animal do grupo controle/natação. O tratamento administrado aos diferentes grupos foi bem aceito e não houve a ocorrência de efeitos colaterais.

No estudo observa-se que os animais tratados

à base de berinjela não tiveram redução significa-tiva de níveis de colesterol e triglicérides, mesmo comparando-se o exercício físico e o sedentarismo (Figuras 1 e 2).

Assim como observado para o tratamento à base de berinjela, os níveis para a alcachofra tam-bém não sofreram modificações significativas, o que também foi demonstrado quando comparado o grupo sedentário à natação (Figuras 1 e 2).

O peso corporal (Figura 3) e a gordura perito-neal (Figura 4) não tiveram redução em nenhum dos grupos estudados.

O único parâmetro que se mostrou alterado foi o nível de ureia (Figura 5).

Em relação ao uso da berinjela no controle dos níveis lipêmicos observa-se uma discrepância em relação aos resultados obtidos por diversos auto-res. Segundo Guimarães e colaboradores, a utiliza-ção da infusão a partir do extrato seco de Solanum melongena L. em humanos demonstra um discreto

Figura 1. Dosagem de colesterol total nos diversos grupos e variação entre os grupos sedentários e natação (SED = SEDENTÁRIO; NAT = RATOS FORAM SUBMETIDOS AO PROTOCOLO DE NATAÇÃO EM PISCINA AQUECIDA)

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Figura 2. Dosagem de triglicerídeos nos diversos grupos e variação entre os grupos sedentários e natação (SED = SEDENTÁRIO; NAT = RATOS FORAM SUBMETIDOS AO PROTOCOLO DE NATAÇÃO EM PISCINA AQUECIDA)

Figura 3. Análise estatística dos pesos corporais nos diferentes grupos submetidos ou não ao exercício físico (SED = SEDENTÁRIO; NAT = RA-TOS FORAM SUBMETIDOS AO PROTOCOLO DE NATAÇÃO EM PISCINA AQUECIDA)

efeito hipolipemiante2. Porém, este estudo possui, como principal limitação, o fato de a berinjela ser empregada em uma forma farmacêutica diferente da usualmente comercializada em nosso país, ou

seja, cápsulas contendo extrato seco produzidas em farmácias de manipulação ou pela indústria de fitoterápicos. Entretanto, estudos realizados por Silva e colaboradores revelam que não há efeito

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hipolipemiante na dieta suplementada pelo extrato seco da berinjela12.

Em nosso trabalho, nos grupos submetidos ao regime à base da infusão do extrato seco de

Figura 4. Análise estatística da Gordura peritoneal nos diferentes grupos submetidos ou não ao exercício físico (SED = SEDENTÁRIO; NAT = RATOS FORAM SUBMETIDOS AO PROTOCOLO DE NATAÇÃO EM PISCINA AQUECIDA)

Figura 5. Dosagem de ureia nos diversos grupos e variação entre os grupos sedentários e natação (SED = SEDENTÁRIO; NAT = RATOS FORAM SUBMETIDOS AO PROTOCOLO DE NATAÇÃO EM PISCINA AQUECIDA)

berinjela não foi observada redução significativa (p<0,05) nos níveis de colesterol e triglicérides, mesmo durante a comparação entre o grupo seden-tário e o grupo natação. Este último grupo, apesar de mostrar as médias dos níveis de colesterol total

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e triglicérides menores em relação ao grupo seden-tário, durante a análise estatística não apresentou significância.

Apesar de os resultados não apresentarem uma diminuição significativa dos níveis lipídicos, há es-tudos em animais que demonstram a ação hipolipi-dêmica dos flavonoides extraídos de frutos de Sola-num melongena L. quando administrados oralmente 5. Além desse fato, alguns estudos demonstram também um efeito protetor sobre o endotélio vas-cular, promovendo a redução do depósito de coles-terol no tecido, no caso em animais induzidos ao estado de hipercolesterolemia6.

Embora os resultados sejam negativos em nossos estudos, são relevantes com o objetivo de oferecer parâmetros aos pesquisadores e à comunidade cien-tífica sobre as propriedades hipolipemiantes desse fruto.

Em relação à Cynara scolymus Linné, o mesmo foi observado em relação aos níveis lipídicos para a Solanum melongena L. Os grupos submetidos ao re-gime baseado na infusão a partir do extrato seco de alcachofra não apresentaram uma redução signi-ficativa (p<0,05) nos níveis de colesterol, mesmo durante a comparação do grupo sedentário em re-lação ao grupo natação. Apesar de o primeiro gru-po apresentar médias dos níveis de colesterol total menores em relação aos demais grupos sedentários, não foi constatada significância para os resultados demonstrados.

Trabalhos anteriores demonstram que a admi-nistração do extrato seco pode reduzir significati-vamente a biossíntese hepática de colesterol de uma maneira favorável, pois a inibição da HMG-CoA redutase ocorre de uma forma indireta o que evi-ta os efeitos adversos causados pela inibição direta da enzima. Além desse mecanismo, a redução do colesterol é favorecida pelo aumento na excreção biliar do lipídeo, portanto os dois mecanismos con-tribuem para a redução da colesterolemia18, 34.

Não foi observada também uma redução signifi-cativa do peso corporal e da gordura peritoneal nos modelos experimentais estudados.

Quanto aos parâmetros bioquímicos analisados, os resultados obtidos não apresentaram alterações entre os grupos estudados, com exceção da dosa-gem sérica de ureia.

Os níveis de ureia podem ser alterados devido ao desequilíbrio da função renal, conteúdo proteico da dieta e teor do catabolismo proteico, estado de hidratação do paciente e sangramento intestinal35.

O aumento das concentrações de ureia plasmá-tica pode ser caracterizado a partir de três tipos: pré-renal, renal e pós-renal35.

As causas pré-renais incluem alterações cardí-acas, hemorragias, desidratação, choque, terapia com corticoides e alterações no metabolismo das proteínas (dieta rica em proteínas, febre, estresse, último trimestre de gestação e na infância). A ure-mia pré-renal é detectada pelo aumento da ureia plasmática sem elevação, concomitante de creati-nina sanguínea. As causas renais incluem as glome-rulonefrites, nefrite intersticial aguda e lesão arte-riolar, deposição intrarrenal ou sedimentos (acido úrico e mieloma). Já as causas pós-renais resultam da obstrução do trato urinário com reabsorção da ureia pela circulação em obstrução ureteral e obs-trução na saída da bexiga 35.

Em nosso trabalho, pode-se verificar uma re-lativa hiperuremia mantendo-se a creatinina em valores normais, o que sugere causas pré-renais. Entre as possíveis causas, destaca-se uma dieta rica em proteínas 35. Uma vez que a própria ração, com a qual os animais foram alimentados, possui o valor de proteínas totais de 220g/Kg, somado a esse valor deve ser considerado o conteúdo pro-teico tanto da alcachofra quanto da berinjela. No caso, de acordo com a tabela nutricional do extrato seco de alcachofra, esta continha 2,4g de proteína em cada 100g; no caso da berinjela, esse valor é

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insignificante.

O elevado consumo de proteínas na dieta impli-ca em um aumento da absorção de aminoácidos pelo trato gastrointestinal e, se o total de aminoácidos excede o requerimento animal, estes compostos são direcionados ao fígado onde serão convertidos em ureia para que os resíduos nitrogenados sejam eliminados do organismo36.

Nesse caso o aumento da produção de ureia ocorre quando há um aumento da degradação pro-teica e geração de maior quantidade de amônia com consequente aumento da síntese de ureia. Normal-mente há uma reserva funcional renal adequada

para que não ocorra azotemia ou uma azotemia dis-creta a partir do aumento na produção de ureia37.

CO N C LU S ÃO

Os resultados deste estudo não evidenciam ne-nhuma ação benéfica em relação ao uso do chá de alcachofra e o de berinjela, visto que os níveis de colesterol e peso corporal não apresentaram signi-ficância estatística, e um dos dados obtidos foi o aumento da ureia. A partir dos resultados obtidos vê-se a necessidade de estudos aprofundados com maior número de cobaias, para assim não haver maiores interferências referentes à perda de ani-mais e à significância estatística dos dados obtidos.

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AN ÁL I S E DA M O RTAL I DAD E H O S P I TAL AR P O R C ÂN C E R D E M AM A N O E S TAD O D E S ÃO PAU L O N O P E RÍ O D O D E 1999 A 2012

AN ALYS I S O F M O RTAL I T Y B RE A S T C AN C E R I N T H E S TAT E O F S ÃO PAU L O F RO M 1999 TO 2012 P E RI O D.

Jéssica Gonçalves Passos1

Sonia Regina Pereira de Souza2

R E S U M O

O câncer de mama é o segundo câncer mais comum no país. Dois estudos publicados em 2008 e 2009 sobre o tempo esti-mado para a confirmação diagnóstica do câncer de mama no Brasil revelaram que a mediana de atraso variou entre 6,5 e 2,5 meses1, 2, dado alarmante, uma vez que 75% dos tumores diagnósticos encontravam-se em estado avançado, de acordo com os dados fornecidos pelo INCA, em 20123. Os estudos demonstram a importância do diagnóstico precoce na redução da morbimortalidade por câncer de mama. Este trabalho objetiva analisar a tendência de mortalidade hospitalar por câncer de mama no estado de São Paulo por grupos de faixa etária entre 1999 e 2012. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo de série temporal, sobre a mortalidade hospitalar de mulheres por câncer de mama residentes no estado de São Paulo. O estudo foi baseado em dados mensais e anuais de internação hospitalar por câncer de mama no estado de São Paulo, coletados do DATASUS. As faixas etárias foram estratificadas em grupos de: 20-39 anos, de 40-59 anos e 60 anos ou mais. Os resultados apontaram o aumento na mortalidade por câncer de mama nos três grupos estudados, entretanto, houve maior crescimento no grupo de mulheres entre 20 e 39 anos. Observa-se que a mortalidade aumentou entre mulheres jovens, tornando-se necessária a implementação de políticas públicas que melhorem o acesso ao exame clínico das mamas para todas as mulheres e a realização de mamografia em pacientes com fatores de risco.

Palavras-chave: Câncer de mama • Políticas Públicas de Saúde • Mortalidade.

A B S T R AT

Breast cancer is the second most common cancer in the country. Two studies published in 2008 and 2009 about the esti-mated time to confirm the diagnosis of breast cancer in Brazil, revealed that the median delay ranged between 6.5 and 2.5 months1, 2, alarming, since 75% of diagnosis tumors are at an advanced stage, according to the data provided by INCA in 20123. This study aims to analyze the importance of early detection in reducing mortality from breast cancer. Analyze the trend of hospital mortality from breast cancer in the state of Sao Paulo by age groups between 1999 and 2012. This is a quan-titative, descriptive and retrospective time series on the mortality rate of women from breast cancer residents in the state of São Paulo. The study was based on monthly and annual data of hospitalization for breast cancer in the state of São Paulo, collected from the DATASUS. The age groups were stratified in groups of: 20-39 years, 40-59 years and of 60 years or more. The results showed an increase in mortality from breast cancer among the three groups, however, there was greater growth in the group of women between 20 and 39 years. We observed that mortality increased among young women, making it necessary to implement public policies to improve access to clinical breast examination for all women and mammography in patients with risk factors.

Key words: Breast cancer • Public Health Policy • Mortality.

1 Atualmente é graduanda da Universidade Cidade de São Paulo do curso de Medicina. Ingressou em 2011. Conclusão em 2016.2 Graduada em física pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987). Doutorado na Universidade de São Paulo (2001) e pós-doutorado em Epidemiologia pela Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professora do Curso de Medicina e líder do Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Cidade de São Paulo.

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I N T RO D U Ç ÃO

O câncer de mama é o segundo câncer mais comum no mundo. O Brasil permanece com a sua incidência elevada até o momento, sendo que nas últimas quatro décadas houve um aumento no nú-mero de casos diagnosticados. Suspeita-se que o processo de urbanização, redução na quantidade de filhos por família e aumento na incidência de obesi-dade sejam alguns dos fatores associados ao aumen-to no número de casos relatados4.

A década de 80 e a década de 90 foram marcadas por alta mortalidade do câncer de mama feminino em todo o Brasil. Entretanto, houve divergências significativas entre as incidências encontradas em cada região. Nas regiões Norte, Nordeste e Cen-tro-oeste do país a quantidade de casos diagnosti-cados foi menor em comparação com as regiões Su-deste e Sul. Algo intrinsecamente associado a essa divergência é a relação entre os hábitos de vida e o comportamento social das mulheres dessas regi-ões, pois nesse período as mulheres que viviam no primeiro grupo tinham maior quantidade de filhos e muitas destas em idades mais precoce que as mu-lheres que viviam no Sul e Sudeste do país. Em par-te, tal comportamento deve-se à própria diferença social e urbanística de cada região. Nota-se que a maternidade precoce e a maior quantidade de perí-odos gravídicos geraram um fator protetor contra o desenvolvimento do câncer de mama no Nordeste, Centro-oeste e Norte do país em comparação com o segundo grupo.

Ensaios clínicos têm enfatizado que o exame de mamografia para o rastreamento do câncer de mama entre mulheres de 40 a 79 anos é capaz de reduzir o índice de mortalidade nessa população, sendo que o grupo de maior mudança ocorre entre mulheres de 50 a 69 anos com redução de 25% na taxa de mortalidade5.

Do ponto de vista clínico, o sinal mais comum apresentado no câncer de mama é o aparecimento

de nódulo indolor, duro e irregular. Embora pos-sam existir tumores com características opostas às citadas. Os fatores causais do câncer de mama não são definidos claramente até o momento, en-tretanto acredita-se que fatores predisponentes como idade acima dos 50 anos, hereditariedade, nuliparidade, hábitos alimentares, reposição hor-monal, menarca precoce e menopausa tardia são características associadas à tumorigênese. O curso clínico da doença é determinado por características relacionadas à velocidade de duplicação do tumor, ao potencial metastatizante e a outras razões rela-cionadas com a condição imunológica, hormonal e nutricional6.

O crescimento tumoral está associado a uma desregulação no processo de crescimento, prolife-ração e apoptose celular. Sendo que o mecanismo de apoptose celular é imprescindível para o con-trole de alterações celulares com a consequente eliminação de células danificadas geneticamente. A patogenia dos tumores malignos de mama está, consequentemente, associada ao desequilíbrio mencionado7.

O câncer invasivo de mama é um tumor epitelial maligno com capacidade para invadir tecidos adja-centes e se metastatizar. Grande parte dos tumores malignos de mama são adenocarcinomas origina-dos no parênquima mamário, ou seja, câncer que se origina em tecido glandular. Os tumores ma-lignos de mama possuem uma grande diversidade histopatológica, de forma que cada tipo apresenta uma evolução e prognóstico distintos8. Entretanto, o prognóstico do câncer de mama é dependente de quatro fatores que são comuns há todos os subtipos de câncer de mama, sendo: o diâmetro do tumor, o nível de acometimento das cadeias linfonodais, o grau histológico e a idade do paciente.

Os tipos de anormalidades proliferativas ductais e lobulares na mama incluem hiperplasia, hiperpla-sia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasi-vo. O carcinoma ductal infiltrante é o tipo mais

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comum do câncer de mama, a isso se deve a im-portância de observar periodicamente a existência de secreção mamária de coloração sanguinolenta, já que esse tipo de câncer se desenvolve nos canais lactíferos. O câncer de mama, embora atinja mais mulheres, raramente também pode se apresentar em homens. Dentre as características que podem estar presentes no tumor maligno de mama, têm--se como as principais alterações o aumento na es-pessura, mudanças no formato da mama acometi-da, enrugamento da pele, retração do mamilo com liberação de secreção, que pode ser transparente, rósea ou avermelhada devido à presença de eritró-citos, com possível aparecimento de nódulos na ca-deia axilar.

Classicamente, o câncer de mama possui três fa-ses em seu período de evolução. A fase de iniciação corresponde ás sucessivas alterações genéticas que irão favorecer a multiplicação celular excessiva e a redução de substâncias que inibem a divisão celu-lar, gerando um solo fértil para o surgimento de neoplasia. A segunda fase é chamada de promoção, corresponde à associação entre células genetica-mente modificadas e a ação de fatores de cresci-mento e de multiplicação celular sobre elas. A úl-tima fase é o período de progressão quando células neoplásicas atravessam a membrana basal dos duc-tos mamários e tornam-se capazes de se disseminar por via linfática e hematogênica9.

A partir do momento em que o tumor de mama se torna palpável, se não houver tratamento ade-quado, o passo seguinte será o surgimento de me-tástases, que ocorrem com maior frequência nos ossos, fígado, vértebras e pulmões; gerando um prognóstico de maior gravidade. Tal fato é compro-vado através de estudos realizados pelo INCA, nos quais foi demonstrado que pacientes com câncer de mama possuem uma sobrevida de 5 anos em 61% dos casos; entretanto, se a paciente estiver com me-tástases à distância, a sobrevida de 5 anos estará presente em apenas 5% dos casos estudados10.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (2004), o câncer de mama está entre as principais causas de morte em mulheres no Brasil, havendo um crescen-te aumento em sua incidência nos últimos anos. A isso se deve a grande importância na realização de exames preventivos, com o objetivo não apenas de evitar a doença, mas, quando presente, direcioná--la a um diagnóstico precoce para um tratamento de maior eficácia.

Dentre os métodos realizados para o diagnós-tico de câncer de mama, a mamografia, ocupa um lugar de destaque, pois é o método recomentado para rastreamento de câncer de mama anualmente em mulheres assintomáticas acima de 40 anos ou a partir dos 35 anos para aquelas que apresentarem casos de neoplasia mamária dentro do grupo fami-liar. Há dois tipos de mamografia, a convencional e a digital. A mamografia digital é preferível em relação à convencional, por necessitar de menor tempo para a realização do exame e por fornecer menor emissão eletromagnética através do exame radiográfico.

A ultrassonografia aumenta a especificidade para o diagnóstico do câncer de mama, entretan-to, não exclui a necessidade de a paciente realizar mamografia anualmente, associada ao exame físico realizado pelo médico. A ultrassonografia de mama comumente é indicada para diferenciar nódulos só-lidos de cistos, avaliar pacientes que possuem alta densidade mamária, analisar o contorno e estru-tura dos nódulos, complementar o resultado do exame de mamografia e acompanhar a evolução de pacientes que já desenvolveram o câncer.

A história natural do câncer de mama é compre-endida como a evolução da doença na ausência de tratamento, possui tanto a fase pré-clínica quanto clínica com tendência a ser mais longa do que em outros tipos de câncer, entretanto, o período evo-lutivo é heterogêneo conforme a idade da pacien-te, receptores hormonais (receptor de estrogênio e receptor de progesterona), o tipo histológico e

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tamanho do tumor, estado dos linfonodos axilares e a presença ou ausência de metástases. Dentre es-ses fatores, o que exerce maior influência sobre a história natural da doença é o tamanho do tumor11. Suspeita-se que o tempo de evolução do câncer de mama, desde o surgimento da primeira célula tumoral até o diagnóstico do cancro com 1cm de diâmetro, leve cerca de 10 anos12. A mamografia ocupa um papel de extrema importância na evolu-ção do câncer de mama, pois é capaz de identificar o tumor mamário ainda em seu estágio pré-clínico, fornecendo melhores condições de tratamento, re-dução dos índices de mortalidade e maior chance de cura para a paciente; dessa forma, é capaz de mudar a história clínica da paciente13.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) possui aproximadamente 7 mamógrafos para cada 100.000 mulheres acima de 35 anos14. Ao analisar o dado tem-se a impressão de que a quantidade de instrumentos para a prevenção do câncer de mama é adequada, considerando-se que a mamografia é um exame que se faz anualmente. Entretanto, há uma disparidade considerável na distribuição dos mamógrafos conforme a região brasileira analisa-da, pois regiões como o Norte e o Nordeste do país possuem numerosas cidades onde o instrumento é ausente. Torna-se necessário, portanto, que haja maior controle na disponibilidade e distribuição de equipamentos usados para rastreamento do câncer de mama no Brasil.

O autoexame de mamas tem sido negligenciado por uma parcela considerável das mulheres, mui-tas vezes por desconhecerem a realização correta do exame ou não compreenderem a real importân-cia desse exame no diagnóstico precoce de câncer de mama. As mulheres que realizam o autoexame tendem a notar alterações no tecido mamário mais precocemente do que aquelas que não o realizam. Tal atitude repercute diretamente na sobrevida de pacientes com neoplasia mamária, de forma que a sobrevida em 5 anos é de 75% entre as mulheres

que aderem à realização do autoexame, com a dife-rença para 57% entre as pacientes que não realizam esse exame15.

Um estudo de base populacional, realizado mundialmente durante a década de 90, analisou adultos diagnosticados com câncer entre 15 e 99 anos de idade, buscando comparar os índices de so-brevida em 5 anos da doença nos cinco continentes. O valor obtido foi de 80% de sobrevida em 5 anos para países como Suécia, Japão, Austrália, Canadá e Estados Unidos; um pouco menos que 60% em países como o Brasil e Eslováquia, e abaixo de 40% de sobrevida para países como a Argélia16. Nota-se através desse estudo que o fator socioeconômico do país exerce forte influência nas condições de saúde locais e na sobrevida do câncer de mama.

A relação entre as diferentes taxas de sobrevi-va e o tipo de assistência prestada, com atenção às unidades de saúde pública e privada e às diferen-tes localizações onde ocorreu o atendimento, é de inestimável importância para indicar possíveis fa-lhas no processo de encaminhamento, diagnóstico e tratamento da doença. De acordo com a literatu-ra revisada, foi encontrada maior taxa de sobrevida em centros de referência, em pacientes com pla-nos de saúde e/ou que residem em áreas de melhor condição socioeconômica17, 18. Diferentemente, as menores taxas de sobrevida para o câncer foram encontradas em unidades com maiores volumes de atendimento19. A partir desses dados, identifica--se uma possível falha no atendimento universal à paciente, que deve ser eficiente independente de seu local de moradia ou assistência mais próxima. Entende-se, portanto, que a melhora na acessibili-dade e rastreamento da paciente, associada a maior agilidade no processo entre o diagnóstico e o enca-minhamento da paciente a um centro de referência será de grande valia na redução da mortalidade.

De acordo com as estatísticas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2002, o diagnóstico precoce do câncer de mama

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juntamente com o tratamento adequado da doença podem resultar na sobrevida de 5 anos em 75% das pacientes20.

Atualmente tem ocorrido uma elevação na in-cidência do câncer de mama a nível mundial, en-tretanto, os índices de mortalidade têm se revela-do distintos entre diferentes países. Países como os Estados Unidos, Canadá, Noruega, Holanda, Reino Unido e Dinamarca apresentaram aumento na incidência acompanhado de redução da mor-talidade do câncer de mama; em contrapartida, o Brasil tem mostrado elevada incidência do câncer de mama associada com elevada mortalidade dessa doença21. Uma possível explicação para a diferença de dados entre países desenvolvidos e o Brasil é a deficiência do sistema de saúde brasileiro em insti-tuir programas de rastreamento e realizar diagnós-tico precoce de forma a reduzir a mortalidade pelo cancro da mama.

Em São Paulo, de acordo com dados obtidos em 2002, a mortalidade por câncer foi considerada a segunda causa mais frequente, sendo menor apenas que os índices de mortalidade por doenças cardio-vasculares; considerou-se também que a incidência de câncer de mama tem se mantido crescente desde a década de 7022. Tal informação mostra a impor-tância de o sistema público estar atento às condi-ções de saúde da população e promover meios de informar as mulheres sobre a importância da reali-zação do autoexame de mamas e da ida às consultas de rotina para a realização do exame clínico com o médico especialista.

O diagnóstico precoce do câncer de mama pos-sui grande influência no prognóstico da paciente, pois leva a um tratamento de maior efetividade e menor agressividade23. Nos Estados Unidos, ao se avaliar a sobrevida de aproximadamente 1,3 mi-lhões de mulheres que tiveram o diagnóstico de câncer de mama no período entre 1985 e 1996, observou-se que 5% a 12% das pacientes que des-cobriram a neoplasia em estágio inicial evoluíram

com óbito, enquanto entre aquelas que tiveram o diagnóstico com o câncer já em estágio avançado, apenas 10% sobreviveram24. Nota-se que há uma relação direta entre a realização de exames preven-tivos anuais, diagnóstico precoce da doença e índi-ce de sobreviva nas pacientes diagnosticadas com câncer de mama.

O B J ET IV O

Analisar a tendência de mortalidade hospitalar por câncer de mama no estado de São Paulo por grupos de faixa etária, entre 1999 e 2012.

M AT E RI AL E M ÉTO D O S

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo de série temporal, sobre a morta-lidade hospitalar de mulheres por câncer de mama residentes no estado de São Paulo. O estudo foi baseado em dados mensais e anuais de internação hospitalar por câncer de mama no estado de São Paulo, coletados do DATASUS. As faixas etárias fo-ram estratificadas em grupos de 20 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais.

O período de levantamento de dados abrange 13 anos consecutivos, compreendidos entre 1999 e 2012 no estado de São Paulo e diferenças em ter-mos de mortalidade por local de internação. A aná-lise proposta abrange mulheres com idade entre 20 e 79 anos. As informações no banco de dados são fornecidas pelas Secretarias Estaduais de Saúde ao Ministério da Saúde. Outras fontes suplementares foram utilizadas com o decorrer do desenvolvi-mento do estudo, conforme houve a necessidade de complementar a pesquisa.

Os dados foram obtidos através do Sistema de Informação sobre Internações Hospitalares (SIH). Esse sistema é alimentado pelas autorizações de in-ternação hospitalar emitidas pelos hospitais conve-niados ao SUS para fins de cobrança de serviços de saúde prestados à população. Foram coletados os

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números de internações referentes ao CID10 C50 – neoplasia maligna de mama, correlacionando as in-ternações por câncer de mama com o CID_MOR-TE e CID_ASSO.

Não foram consideradas pacientes com menos de 20 anos em razão do câncer de mama ser raro antes dessa faixa etária e devido aos diagnósticos serem frequentemente em decorrência de nódu-los mamários benignos. Não foi investigada a faixa etária de mulheres acima de 79 anos em razão da alta frequência de comorbidades nessas pacientes interferir na ocorrência de internações e na taxa de mortalidade.

Os dados obtidos foram tratados em planilhas no programa Microsoft Excel 2007 (Microsoft Corp., Estados Unidos).

A variável dependente neste estudo é o óbito hospitalar por câncer de mama. Como variáveis independentes para análise de possíveis correla-ções foram considerados o município de residên-cia, o hospital de atendimento, idade e tempo de

permanência. Será construído um modelo de re-gressão logística relacionando a variável dependen-te e as independentes.

RE S U LTAD O S

Foram adquiridas informações referentes às 358.756 internações hospitalares relacionadas ao câncer de mama no período de estudo, por meio das Autorizações de Internação Hospitalar. Os da-dos referentes às internações por câncer de mama foram classificados por ano através da união das tabelas mensais. Através dos grupos etários anali-sados separadamente a cada ano, observou-se au-mento da mortalidade na faixa etária de 20 a 39 anos, de 40 a 59 anos e acima de 60, ao longo dos 13 anos analisados.

Embora a faixa etária de 60 anos ou mais te-nha estado mais incidente durante todo o período de estudo, não foi o grupo etário que sofreu maior aumento quando calculada a diferença entre a taxa de mortalidade em 1999 e 2012. Ambas sofreram variações ao longo dos anos, tendo a faixa etária

Tabela 1: Variação do aumento (%) das taxas de mortalidade por câncer de mama para faixas etárias: de 20-39 anos, de 40-59 anos e acima de 60 anos no estado de São Paulo, durante o período de 1999 a 2012.

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entre 20 e 39 aumentado em 2,11% e a faixa etária de 60 anos ou mais aumentado em 1,96% quando comparados o início e o fim do período de estudo.

A taxa de mortalidade da faixa etária de 40 a 59 anos apresentou menor variação quando compa-rada com os outros grupos; apresentou incidência intermediária durante todo o período pesquisado. Quando calculada a diferença entre a incidência no ano de 1999 e no ano de 2012, foi constatada a faixa etária que sofreu menor variância.

Na Tabela 1, estão informadas as variações de porcentagem anuais para cada faixa etária explora-da. Ao comparar a taxa de mortalidade em 1999 e o crescimento desse valor observado em 2012, acrescido o período entre as datas; embora a dife-rença entre o crescimento da taxa de mortalidade em mulheres com até 39 anos tenha pouca variân-cia, em porcentagem, quando comparada com as mulheres acima de 60 anos, devido a amostragem de internações no estudo representar 358.756 in-ternações hospitalares relacionadas ao câncer de mama, décimos percentuais representam diferen-ças importantes na letalidade dessa doença.

D I S C U S S ÃO

A população incluída neste estudo representa a totalidade dos casos cadastrados nos registros hos-pitalares de câncer no Brasil, no período de 1999 a 2012. A base de dados hospitalares é originada de 621 hospitais públicos e particulares. Destes, 75 hospitais são classificados como Centros de Assis-tência de Alta Complexidade em Oncologia (CA-CON), Unidades de Assistência de Alta Complexi-dade em Oncologia (UNACON) e Hospital Geral com Cirurgia Oncológica. Pode-se observar que os centros de assistência com maior especificidade do serviço de saúde estão em quantidade muito reduzi-da quando comparados ao número de hospitais que forneceram os dados de internação, algo sujeito a discussão quando se associa a dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce de câncer de mama, com a

morbimortalidade associada ao período quando foi iniciado o tratamento.

O aumento na incidência do câncer de mama em todas as faixas etárias estudadas pode ter, como um dos motivos, a dificuldade de acesso ao tratamento de pacientes que moram em regiões distantes de centros urbanos. Um segundo motivo, menciona-do em artigos publicados nos últimos anos sobre a mortalidade por câncer de mama, é o aumento do diagnóstico do câncer de mama, que faz com que a incidência aumente não apenas pelo surgimento da doença, mas também pela redução de casos sub-diagnosticados em décadas anteriores.

O diagnóstico do câncer de mama vem sendo ampliado devido ao aumento da informação e do rastreamento do câncer na população, seja através do autoexame das mamas, do exame clínico das mamas ou da mamografia. Entretanto, algo preocu-pante foi o crescimento da mortalidade por câncer de mama no grupo etário de mulheres entre 20 a 39 anos; durante todo o período analisado a incidência desse grupo foi menor, mas quando comparado ao valor de mortalidade em 1999 e 2012 nota-se que faixa etária que apresentou maior crescimento, ao comparar valores por faixa etária individualmente, é a faixa de idade com as mulheres mais jovens.

Sabe-se que a mamografia é indicada para mu-lheres com 40 anos ou mais, e quando apresentam algum fator de risco indica-se a mamografia a par-tir de 35 anos. Em mulheres com idade abaixo de 40 anos a mamografia não é indicada porque perde a sensibilidade, de forma que o exame clínico das mamas é realizado durante as consultas ginecológi-cas e se alteradas indica-se a mamografia. A ultras-sonografia das mamas é um exame complementar para as mulheres que possuem maior densidade mamária.

Considerando as informações citadas e os re-sultados da análise, observa-se uma crescente ne-cessidade de melhorar o alcance das pacientes ao

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atendimento médico e o seguimento das mesmas.

CO N C LU S ÃO

Os dados obtidos por meio desta pesquisa ser-vem de suporte para auxiliar os profissionais de saúde a aprofundarem seus fundamentos sobre o câncer de mama, através da compreensão sobre o perfil de mortalidade causada por essa doença no Brasil.

Uma vez que a mamografia tem faixa etária de início estabelecida, torna-se importante investir em informações à população feminina sobre o au-toexame de mamas e a percepção de alterações na mama, como também de melhorar o exame clíni-co tanto nas pacientes com 40 anos ou mais, que possuem maior incidência de mortalidade, como no grupo representado pelas mulheres mais jovens, que apresentaram maior crescimento da mortalida-de ao longo dos anos.

R E F E R Ê N C I A S

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Science in Health maio-ago 2015; 6(2): 109-17

E F E I TO S D O T RE I N AM E N TO CO M B I N AD O E M C RI AN Ç A S E AD O L E S C E N T E S O B E S O S: RE V I S ÃO D E L I T E RATU RA

E F F EC TS O F M IX E D T RAI N I N G I N O B E S E C H I L D RE N AN D AD O L E S C E N TS: RE V I E W O F L I T E RATU RE

Juliana Monique Lino Aparecido1

Claudia Tozato2

R E S U M O

Introdução: Nos dias atuais a obesidade infantil é um problema de saúde pública e a prática de atividade física um dos seus tratamentos utilizados. Objetivo: Revisar os efeitos do treinamento combinado em crianças e adolescentes obesos. Método: Re-visão sistemática com estudos controlados e randomizados, publicados entre 1997 a 2014, que se utilizaram de treinamento combinado. Resultados: Cinco ensaios clínicos e uma metanálise foram considerados de boa qualidade metodológica pela escala PEDro. Conclusão: O treinamento combinado reduz a porcentagem de gordura corporal e promove aumento da massa magra.

Palavras-chave: Composição corporal • Obesidade • Índice de massa corporal • Exercício.

A B S T R A C T

Introduction: Nowadays, obesity in infancy is a major public health problems, and physical activity is one of the most used treatments. Ob-jective: To review the effects of mixed training in obese children and adolescents. Method: In surch of randomized controlled trials published between 1997 to 2014, whose protocol used mixed training. Results: Five clinical trials and a meta-analysis were considered with good metho-dological quality by the PEDro scale. Conclusion: The mixed training reduces the percentage of body fat and promotes increased lean body mass.

Key words: Body composition • Obesity • Body mass index • Exercise.

1 Especialista em Fisioterapia Respiratória, pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Fisioterapeuta do Time de Resposta Rápida Do Hospital das Clínicas Luzia Pinho Melo (UNIFESP). Pesquisadora Responsável.

2 Supervisora de Especialização em Fisioterapia Respiratória da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Fisioterapeuta, Mestre em Distúrbios

do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Orientadora.

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I N T RO D U Ç ÃO

A obesidade é um dos distúrbios mais remo-tos que acometem a humanidade. De acordo com Pollock e Wilmore1 (1993), ao longo de sua evo-lução, o homem vem sofrendo diversas mudanças, principalmente no que diz respeito aos seus hábi-tos e estilo de vida. E a Revolução Industrial foi o grande marco da modernização e a passagem de uma sociedade tipicamente rural e fisicamente ati-va, para uma população urbana, cujo estilo de vida se baseia no conforto, rapidez, comodidade e facili-dade1. Entretanto, tais padrões são hoje questioná-veis, quando se olha para a situação dos países em desenvolvimento, como o Brasil, nos quais ocorre a transição dos padrões nutricionais, passando de um quadro de desnutrição para um aumento de casos de obesidade2.

Caracterizada como uma doença crônica, a obe-sidade atinge proporções epidêmicas em todas as faixas etárias e grupos socioeconômicos, gerando motivo de preocupação mundial, devido à sua as-sociação com comorbidades atuais e futuras3, 4, 5, 6. Dentre estas, destacam-se as doenças cardiovascu-lares, hiperlipidemia, hipertensão arterial sistêmi-ca, aterosclerose, resistência à insulina, diminuição de hormônios do crescimento, desordens respira-tórias, problemas ortopédicos, alguns tipos de cân-cer, além do sofrimento psicológico e social7, 8.

Embora seja difícil estabelecer suas causas, uma vez que se trata de um fenômeno multifatorial, es-tudos exploram maneiras através das quais se possa aumentar o gasto energético diário a fim de redu-zir e controlar a prevalência dessa doença, princi-palmente entre a população infanto-juvenil, cujo excesso de peso está diretamente relacionado com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta9, 10, 11.

Diante dessas considerações e a partir da revisão bibliográfica realizada, foi observada a existência de vários estudos na literatura que comprovam os

benefícios promovidos pela associação entre dietas hipocalóricas e atividade física12, 13. Muito se fala sobre a diminuição da massa e gordura corporal (GC) promovida pelos treinamentos aeróbios ou de fortalecimento em crianças e jovens obesos. Entre-tanto, pouco se sabe sobre a associação desses dois tipos de treinamento nesses indivíduos14, 15, 16, 17, 18,

19, 20.

Assim, visto que nenhuma revisão sistemática foi conduzida com a finalidade de analisar os es-tudos com treinamento combinado em crianças e adolescentes obesos, e com o intuito de preencher essa lacuna do conhecimento, o objetivo deste es-tudo foi identificar e qualificar estudos abordando os diferentes benefícios do treinamento combinado em crianças e jovens obesos.

M ÉTO D O

Esta revisão sistemática foi conduzida entre Setembro de 2010 e Janeiro de 2014. A busca foi realizada em bases de dados eletrônicas (PEDro, PubMed, MEDLINE, COCHRANE e LILACS). O levantamento foi realizado com a associação dos se-guintes descritores: “adolescent”, “children”, “obe-sity”, “exercise”, “weight loss”, “blood pressure”, “fat mass” e “cholesterol”.

Inicialmente, foram selecionados os estudos com base nos descritores acima, excluindo-se aqueles claramente não relacionados com o tema da revisão. Em seguida, todos os títulos selecionados tiveram seus resumos analisados para identificar aqueles que atendessem aos critérios de inclusão: a) Sujeitos – crianças 5-12 anos e/ou adolescentes 13-18 anos, de ambos os gêneros, diagnosticados com obesidade (IMC maior que o percentil de 95 ou > 30); b) Tipo de estudo – ensaios clínicos con-trolados e randomizados, revisões sistemáticas ou metanálises; c) Idioma – artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola; d) Programa de interven-ção – controle de peso por meio do treinamento combinado; e) Duração da intervenção – mínimo

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de 6 semanas; f) Período de publicação - artigos originais publicados entre os anos de 1997 e 2014. Vale ressaltar que foram excluídos desta pesquisa os artigos duplicados, estudos de caso, coorte, ca-so-controle e de prevalência.

RE S U LTAD O S

Foram encontrados 2239 estudos referentes ao tratamento da obesidade infantil; entretanto, ape-nas 73 resumos foram selecionados como potencial-mente relevantes e lidos na íntegra como mostra a Figura 1. Destes, destacaram-se 06 trabalhos que abordavam o treinamento combinado em crianças e jovens obesos, ilustrados na Tabela 1 e Tabela 2.

Quanto à qualidade metodológica dos estudos, esta foi avaliada com base na escala PEDro21. Para a presente revisão, todos os estudos com pontuação

maior ou igual a cinco foram considerados estudos de alta qualidade metodológica, como mostra a Ta-bela 3. E os que apresentaram uma nota de corte igual ou inferior a três foram excluídos.

D I S C U S S ÃO

A atividade física desempenha um papel essen-cial no aprimoramento da saúde e no controle das doenças, contribui para o equilíbrio dos vários sis-temas, além de promover adaptações fisiológicas favoráveis para uma melhor qualidade de vida22, 23.

Programas que combinam dietas hipocalóricas e exercícios vêm sendo indicados para perda de peso há bastante tempo5,7,8. Entretanto, a elaboração de um protocolo de treinamento para população in-fantil ainda é um desafio, pois estamos diante de

Tabela 1 – Detalhamento dos efeitos do treinamento combinado sobre os parâmetros cineantropométricos de crianças obesas.

Estudo

Ano

Objetivo Grupo

Faixa Etária

(anos)

Dieta

(kcal.

dia -1)

IntervençãoIntensidade do Treinamento

Duração

(meses)

Frequência

Semanal

(dias)

Sessão

12Resultados

Score total PEDro

Lemura et al. 2002 23

Analisar o efeito do TF em crian-ças obesas

- 5-17 NEExercício aeróbico, de força e TM

NE ≥ 0,75 NE NE

TM com exercícios de baixa intensidade e longa duração ↑MM,

↓%MG e ↓IMC

-

Sung et al. 2002 24

Avaliar o efeito TM no perfil lipídico

D (n=41)

D+E (n=41) 8-11 900-1200Circuito com treinamento combinado

- Aeróbico: 60-70% FC

Max

-Força: 75% e 100% de 10RM

1,5 7 75 ↑ MM 5

Martinez et al. 2008 25

Avaliar o impacto TM em crianças obesas

C (n=718)

E (n=691)9-10 -

Jogos, esportes recreacionais e exercícios de força com próprio peso corporal

Moderada NE 6 3 90↓ PC, ↓ apo B e ↑ apo A1

4

TF: Treinamento físico; TM: Treinamento combinado; D: dieta; D+E: dieta mais exercício; E: exercício; C: controle; NE: não especificado; FCMax

: frequência cardíaca máxima; RM: repetição

máxima; IMC: índice de massa corpórea; %MG: porcentagem de massa gorda; MM: massa magra; apo B: apolipoproteína B; apo A1: apolipoproteína A1; PC: pregas cutâneas.

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Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos estudos.

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Tabela 2 – Detalhamento dos efeitos do treinamento combinado sobre os parâmetros cineantropométricos de crianças obesas.

Estudo

AnoObjetivo Grupo

Faixa Etária

(anos)

Dieta

(kcal.

dia -1)

IntervençãoIntensidade do Treinamento

Duração

(meses)

Frequência

Semanal

(dias)

Sessão

12Resultados

Score total PEDro

Yackobovith et al. 2009 26 Avaliar o efeito do

TF e D na QVRS

D (n=46)

E (n=43)

D+E (n=51)

M (n=94)

6-11 1200Exercício

Combinado

Alta intensida-de (exercícios progressivos com 75% FCMax

3 3 90↓IMC e ↓%MG

↑QVRS5

Shalin et al. 2009 27 Avaliar o efeito do

TF e D na QVRS

E (n=52)

D (n=55)

D+E (n=55)

6-11 1200Exercício

CombinadoNE 3 3 90

↓perfil lipídico, ↓PC, ↓%GC

↑QVRS6

Fapour et al. 2009 28 Avaliar o efeito do

TM na PA e MI

C (n=22)

E (n=22)

M (n=22)

6-11 -Exercício Combinado

-Aeróbico: 55-65% da FCMax

-Força: próprio peso e resistên-cia elástica

3 e 6 3 60

↓IMC, ↓%MG, ↑VO2Max,

↑peso corporal (↑MM), ↓PA, além ↓RA estabilidade IMT após 6 meses

8

TF: Treinamento físico; TM: Treinamento combinado; D: dieta; D+E: dieta mais exercício; E: exercício; M: magros; CO: controle; NE: não especificado; FCMax : freqüência cardíaca máxima;

IMC: índice de massa corpórea; %MG: porcentagem de massa gorda; MM: massa magra; QVRS: índice de qualidade de vida relacionado à saúde; PA: pressão arterial; IMT: camada íntima

média; RA: Rigidez arterial; VO2Max : capacidade respiratória máxima; PC: pregas cutâneas.

Tabela 3: Classificação metodológica avaliada pela Escala PEDro (2003).

Autor/ AnoEscala PEDro Score

total01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11

Sung et al. 24 2002 - 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 5

Martinez et al. 25 2008 - 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1 4

Yackobovith

et al.26

2009

- 1 0 1 0 0 0 1 0 1 1 5

Shalin et al. 27 2009 - 1 1 1 0 0 0 1 0 1 1 6

Farpour-Lambert et al. 28

2009- 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 8

um organismo em crescimento e desenvolvimen-to, cujas particularidades variam de acordo com seu gênero e faixa etária22. LeMura e Maziekas23 (2002) em sua revisão sistemática, ao analisarem os

efeitos do treinamento físico em crianças e jovens, verificaram que os exercícios que combinam trei-namento de força e exercícios aeróbios, com baixa carga de intensidade e longa duração, contribuem

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decisivamente na redução do índice de massa cor-pórea (IMC) e GC, além de promover o aumento de massa magra15.

Embora escassos, estudos com treinamento combinado em crianças e jovens vêm demonstran-do resultados significativos na redução do IMC e porcentagem de GC (%GC)24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, como pode ser verificado no presente estudo em 66,66% dos artigos encontrados. Outros estudos, porém, como os de Sung et al.24 (2002) e Martinez et al.25 (2008), observaram um aumento da MM, sem alteração dos valores de IMC pós-treinamento.

O aumento de MM pode ser devido ao incre-mento de exercícios de força nos protocolos de intervenção, o que também poderia justificar essa manutenção do IMC encontrada em alguns estudos, uma vez que o IMC não mede a GC diretamente17.

Para LeMura e Maziekas23 (2002) essas discor-dâncias encontradas nos estudos em relação à redu-ção ou não da composição corporal e do IMC pode estar associada a falta de padronização tanto dos métodos de avaliação de GC quanto dos padrões de distribuição desta ao longo da infância. Necessita--se de outros instrumentos para quantificação da GC, como visto no trabalho de Martinez et al.25 (2008), que observaram a redução da adiposidade pela diminuição das pregas cutâneas (PC) e não pelo IMC.

Escalante et al.12 (2009) completam que, para que haja modificações efetivas na composição cor-poral, é necessário um treinamento mínimo de seis meses, o que não foi observado no estudo de Sung et al.24 (2002), cujo protocolo teve uma duração de 6 semanas apenas. Martinez et al.25 (2008) acres-centam que, em seu trabalho, possa ter ocorrido um viés de avaliação, pois as medidas antropomé-tricas e de PA não foram cegadas para a locação dos grupos.

Quanto à análise dos efeitos do treinamen-to combinado sobre o perfil lipídico, Sung et al.24

(2002) não observaram qualquer alteração, tendo os valores de apolipoproteína A1 (Apo A1) e apoli-poproteína B (Apo B) mantidos inalterados no pós--treinamento. Resultados similares foram obser-vados no estudo de Martinez et al.25 (2008) que, embora a pesquisa não tenha mostrado alterações significantes no perfil lipídico, encontraram uma redução da Apo B e um aumento da Apo A1 signi-ficativos, o que pode estar associado à duração de seu protocolo de treinamento, quando comparado com o de Sung et al 24 (2002).

Já no estudo de Shalin et al. 27 (2009), ao com-pararem o efeito do treinamento combinado em três grupos (dieta isolada, dieta e exercício e exer-cício apenas) a curto prazo (3 meses), observaram uma diminuição do perfil lipídico das crianças in-dependente do grupo de tratamento. O que pode ser justificado, uma vez que a pesquisa não quanti-ficou o consumo de energia nem a carga de trabalho proposta por seus exercícios.

Lazzer et al.32 (2008) em seu estudo, entretanto, mostraram que a associação entre uma dieta mo-derada aliada à atividade física de baixa a modera-da intensidade, num período de 6 meses, pode ter efeitos mais significativos sobre o perfil lipídico de crianças.

Outro aspecto interessante abordado por Sha-litin et al.27 (2009) e Yachobovith et al. 26 (2009) é quanto à avaliação direta da obesidade sobre a qualidade de vida relacionada à saúde, que nos dois estudos foi avaliado por meio de um questionário já validado para população pediátrica, o Pediactric Quality of Life Intentory (PedsQL), que aborda qua-tro pontos relacionados à atividade física, aspecto emocional, social e desenvolvimento escolar. Em ambos os estudos foi observada uma redução dos scores após a intervenção, sem diferença significan-te entre os grupos dieta isoladamente e dieta mais exercício.

Quanto à pressão arterial (PA), sabe-se que ela

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está diretamente relacionada ao IMC e que, em crianças e adolescentes, o aumento do IMC é res-ponsável pela prevalência de 47% a 62% dos casos de hipertensão arterial sistêmica 15. Sabendo-se que o aumento do tônus vascular em indivíduos obesos é justificado desde a ativação do sistema nervoso simpático até a resistência à insulina e à disfunção da musculatura lisa das células endoteliais14, 28, 29.

Na presente revisão, verificou-se que em todos os estudos as crianças obesas já apresentavam sinais de HAS e de aterosclerose, fatores estes primor-diais para o desenvolvimento de doenças cardiovas-culares14,28, 31, 33, 34.

Farpour-Lambert et al. 28 (2009), ao utilizarem o treinamento combinado, observaram em sua pes-quisa uma significativa redução dos valores pressó-ricos dessas crianças após o treinamento físico de curta duração, mesmo sem grandes alterações nos marcadores de aterosclerose. Resultados estes que não corroboram com os encontrados por Sung et al. 24 (2002), Martinez et al. 25 (2008) e Shalilin et al. 27 (2009), cujas pesquisas não evidenciaram redução da PA pós-exercício. Entretanto, tais estudos po-dem ter tidos seus resultados interferidos pela cur-ta duração, baixa intensidade de treinamento que, no caso de Martinez et al. 25 (2008) e Shalitin et al. 27 (2009), não foi especificada, ou ainda por um possível viés de cegamento e locação dos grupos ou de mensuração das variáveis.

Farpour-Lambert et al. 28 (2009) completam que, após um “ follow up” de 6 meses, o treinamento combinado resultou numa estabilidade na espessura

da camada íntima do vaso, com uma redução da ri-gidez arterial e dos valores pressóricos. Entretan-to, os autores ressaltaram que tais dados devem ser analisados com cautela, uma vez que não se teve um controle da dieta da amostra e alterações desta poderiam ser responsáveis por algumas das mudan-ças atribuídas unicamente ao exercício.

Dessa forma, discordâncias encontradas nos estudos expostos podem estar associadas à falta de padronização dos protocolos de treinamentos, quanto à intensidade, duração e frequência de trei-no. E de instrumentos de avaliação tanto da com-posição corporal quanto do perfil lipídico da popu-lação infantil23.

CO N C LU S ÃO

O treinamento combinado, composto por exer-cícios aeróbios e fortalecimento muscular, no mí-nimo três meses, reduz significantemente %GC, além de promover um aumento da MM em crianças e jovem obesos.

Entretanto, são controversos seus efeitos sobre a redução do IMC, perfil lipídico e PA nessa po-pulação e, assim, novas pesquisas devem investigar particularidades do treinamento combinado para evidenciar respostas mais concretas.

AG RAD EC I M E N TO

Agradecemos à Equipe da Especialização em Fi-sioterapia Respiratória da Irmandade da Santa Casa de São Paulo, por todo o suporte prestado à publi-cação deste trabalho.

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ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

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Science in Health maio-ago 2015; 6(2): 118-23

IDENTIFICAÇÃO E PREVENÇÃO DE MICRORGANISMOS PRESENTES NOS APARELHOS CELULARES DE ALUNOS E FUNCIONÁRIOS DA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

I D E N T I F I C AT I O N AN D P RE V E N T I O N O F M I C RO O RG AN I S M S P RE S E N T I N M O B I L E D E V I C E S O F S TU D E N TS AN D E M P L OY E E S O F C I DAD E D E S ÃO PAU L O U N IV E RS I T Y

Larisssa Araújo Silva1

Tangará Jorge Mutran2

Rodrigo Ippolito Bouças3

Thais Ruegger Jarrouge Bouças4

R E S U M O

Os aparelhos celulares, que hoje contam com 164,5 milhões de usuários no Brasil, podem ser vetores de disseminação de patógenos, como Staphylococcus, Streptococcus, Cândida sp. e Escherichia coli, que comumente afetam indivíduos imunocom-prometidos. Portanto, o presente trabalho teve como objetivos a identificação de microrganismos presentes nos aparelhos celulares de funcionários e alunos da Universidade Cidade de São Paulo e a realização de campanhas de conscientização sobre os riscos e cuidados com esses aparelhos móveis. A partir dos resultados obtidos, pôde-se concluir que todos os celulares analisados apresentaram contaminação por, pelo menos, uma espécie de microrganismo, demonstrando o poder dissemina-tivo desses aparelhos. Porém, as espécies detectadas são comumente patógenos oportunistas, oferencendo maior risco a in-divíduos imunocomprometidos, não tendo ação nociva a pessoas saudáveis. Ainda, em teste de assepsia, o álcool isopropílico descontaminou totalmente 65% dos aparelhos e os demais 35% apresentaram um crescimento microbiano muito menor do que verificado antes da assepsia, confirmando sua eficácia. As campanhas de conscientização foram baseadas nos resultados apresentados, mostrando que os aparelhos celulares são vias de disseminação de patógenos e, portanto, devem ser realizadas assepsias periódicas para evitar possíveis contaminações. Essas campanhas tiveram, como público-alvo, funcionários e estu-dantes da Universidade Cidade de São Paulo.

Palavras-chave: Assepsia • Aparelhos celulares contaminação

A B S T R A C T

The mobile devices, which today rely on 164.5 million users in Brazil, can be vectors of dissemination of pathogens such as Staphylococcus, Streptococcus, Candida sp. and Escherichia coli, which commonly affect immunocompromised individuals. Therefore, this study aimed to identify microorganisms present in the mobile handsets of staff and students of the University City of São Paulo and conducting awareness campaigns about the risks and care with these mobile devices. From the results obtained, it can be concluded that all analyzed cell were contaminated by at least one species of microorganism, demonstra-ting the spreading power of these devices. However, the detected species are commonly opportunistic pathogens, offering greater risk to immunocompromised individuals, having no harmful effects to healthy people. Still, the test of sterilization with isopropyl alcohol completely decontaminated 65% of the devices and the remaining 35% showed a much smaller mi-crobial growth than seen before aseptic, confirming its effectiveness. The awareness campaigns were based on the results, showing that cell phones are spreading pathogens routes and therefore periodic asepsis must be taken to avoid possible conta-mination. These campaigns have had as target audience, staff and students of the Universidade Cidade de São Paulo.

Key words: Asepsis • Mobile devices contamination

1 Biomédica formada pela Universidade Cidade de São Paulo – UNICID2 Professor Doutor dos Cursos de Biomedicina e Medicina da Universidade Cidade de São Paulo - UNICID3 Professor Doutor dos Cursos de Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia e Medicina da Universidade Cidade de São Paulo - UNICID4 Professora Mestre dos Cursos de Biomedicina e Medicina da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID

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Silva LA, Mutran TJ, Bouças RI, Bouças TRJ. Identificação e prevenção de microrganismos presentes nos aparelhos celulares de alunos e funcionários da Universidade Cidade de São Paulo • Science in Health • maio-ago 2015; 6(2): 118-23

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ISSN 2176-9095

I N T RO D U Ç ÃO

O uso da telefonia móvel no Brasil teve início no final de 1990, na cidade do Rio de Janeiro, e começou a operar com capacidade para 10 mil ter-minais representando um importante marco para a telefonia brasileira. Logo depois surge o sistema da Telebrasília em 1991, seguida por Campo Grande, Belo Horizonte e Goiânia. Em 1993 houve a inau-guração da Telefonia Móvel Celular em São Paulo e, em novembro desse mesmo ano, a Telesp Celular lança o seu modelo digital1.

A concorrência no mercado, a inovação em ser-viços e aparelhos, a redução das tarifas e crescen-tes investimentos pelas empresas foram fatores que contribuíram para o crescimento e desenvolvimen-to do mercado de telefonia móvel2. Segundo dados da ANATEL, ao final de 2004 já havia mais de 65 milhões de terminais móveis habilitados, superan-do em mais de 25 milhões o total de terminais fixos em operação no país3.

Havia no Brasil, em março de 2011, cerca de 210,5 milhões de telefones celulares em operação, superando em aproximadamente 300% a quantida-de de telefones fixos. O país alcançou a marca de um celular por habitante em 17 estados, universali-zando virtualmente o serviço e atingindo com isso o objetivo central do processo de desestatização do setor iniciado em 19973.

O aparelho celular faz parte do cotidiano de mi-lhares de pessoas e, no Brasil, chega a aproximada-mente 164,5 milhões de usuários. Do total de aces-sos, 82,06% são pré-pagos e 17,94%, pós-pagos. A líder entre as operadoras é a Vivo, seguida por Claro, TIM e Oi3.

Contudo, apesar de todas as conquistas e bene-fícios que os telefones móveis trouxeram, eles tam-bém são um ambiente propício à proliferação de microrganismos e, em específico, de bactérias que se adaptam ao calor gerado pelo aparelho como, por exemplo, as que são normalmente encontrados

na pele, entre elas Staphylococcus, Streptococcus, Es-cherichia coli, sendo o Sthaphylococcus aureus o mais prevalente4, 5.

A pele tem a capacidade de abrigar microrga-nismos e transferi-los de uma superfície para a ou-tra, por contato direto, pele com pele, ou indireto, por meio de objetos. A microbiota normal da pele é dividida em residente e transitória6. A microbiota residente é composta por elementos que estão fre-quentemente aderidos nos extratos mais profundos da camada córnea, formando colônias de microrga-nismos que se multiplicam e se mantêm em equilí-brio com as defesas do organismo, entre eles estão: Stapylococcus sp, Cândida albicans 6.

A microbiota transitória é composta por mi-crorganismos que se depositam na superfície da pele, provenientes de fontes externas, colonizando temporariamente os extratos córneos mais super-ficiais como, por exemplo: Staphylococcus aureus, Streptococcus, Escherichia coli. Muitos desses micror-ganismos possuem patogenia baixa, mas podem se tornar invasivos e causar infecções em indivíduos imunocomprometidos6. As principais patologias as-sociadas a esses microrganismos são: infecções pio-gênicas, intoxicação alimentar, síndrome do choque térmico, endocardites, infecções do trato urinário, faringite estreptocócica, escarlatina, pneumonia, febre, diarreia, vômito, entre outras7, 8.

Assim, o presente estudo procurou verificar a incidência dos principais microrganismos presentes em aparelhos celulares de acadêmicos e funcioná-rios da Universidade Cidade de São Paulo, com in-tuito de conscientizar e propor medidas de higieni-zação para o uso dos celulares.

M ETO D O L O G I A

Foram coletadas amostras de esfregaços de 93 telefones celulares escolhidos ao acaso entre aca-dêmicos e funcionários da Universidade Cidade de São Paulo que permitiram voluntariamente a coleta.

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05

1015202530354045

Staphylococcus sp.

Staphylococcus aureus

Streptococcus sp.

Escherichia coli Outros

freq

uênc

ia (

% )

A coleta das amostras foi realizada com utiliza-ção de swab, sendo colocadas posteriormente em 1mL de solução salina estéril para serem transpor-tados para o laboratório, onde foram semeadas em meio BHI (Brain Heart Infusion) por 24h. A seguir, as amostras foram semeadas em meio Ágar Cled e EMB (Eosin Metilene Blue) por 24h, a 37ºC. Após decorrido o tempo, nas colônias típicas que cres-ceram, foi realizada a identificação presuntiva por meio de esfregaços para coloração de Gram. No caso de Gram positivos seguiu-se, então, para pro-vas de identificação de gênero, sendo realizada a prova da catalase, a partir da colônia crescida no ágar nutriente para evitar interferência na prova da catalase. Sendo catalase positiva, seguiu-se para confirmação com a prova da coagulase9.

Vinte e seis das 93 amostras foram semeadas em Meio Ágar Sabouraud, incubadas em estufa por quatro dias. Após o crescimento foi realizado o mé-todo do tubo germinativo. A seguir, observou-se em microscopia óptica a presença de brotamento que diferencia Cândida albicans de Cândida sp. Fo-ram semeadas 26 amostras de meio EMB em tubos contendo Meio de Rugai com Lisina. Realizou-se coleta de 27 celulares não limpos, sendo semeados em meio Ágar Mueller Hinton e incubados a 37ºC

por 24h. O mesmo procedimento foi realizado após a devida assepsia nos mesmos 27 aparelhos, comparando-se o crescimento microbiano antes e após a limpeza. Os resultados foram tabulados e associados para definir a microbiota presente em aparelhos celulares.

RE S U LTAD O S E D I S C U S S ÃO

No presente estudo, amostras de 93 telefones celulares escolhidos ao acaso entre acadêmicos e funcionários da Universidade Cidade foram utiliza-das para identificação de microrganismos presentes nesses aparelhos. A partir da metodologia utilizada para identificação dos microrganismos citada ante-riormente, todos os aparelhos celulares analisados mostraram contaminação por pelo menos um tipo de microrganismo patogênico. Em relação à fre-quência desses microrganismos, foi observado que Staphylococcus sp apresentou uma frequência de 39% seguido de Staphylococcus aureus (37%), Streptococcus (14%) e Escherichia coli (3%). Outros microrganis-mos encontrados não somaram mais que 6% (Fi-gura 1).

Os Staphylococcus foram considerados por muito tempo como microrganismos saprófitas e

Figura 1: Frequência dos microrganismos encontrados em aparelhos celulares

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raramente patogênicos; entretanto, atualmente, foram identificados como agentes etiológicos em uma série de processos infecciosos, podendo ser isolados de amostras humanas e de animais. São considerados patógenos oportunistas, pois rara-mente causam doenças em hospedeiros hígidos, somente em pacientes imunocomprometidos e em condições de risco associadas a infecções nosoco-miais ocasionadas por permanência prolongada em hospitais, exposição a procedimentos de alto risco e prematuridade.

Os Staphylococcus fazem parte da microbiota da pele e mucosas e, portanto, a pele pode ser um re-servatório para esse microrganismo, inclusive para aquelas espécies resistentes a antimicrobianos. Sen-do assim, diante do exposto é notável a importância clínica desses patógenos diante de uma situação em que tais microrganismos possam alcançar a cor-rente sanguínea, como durante um procedimento cirúrgico, e ocasionar uma sepse ou bacteremia. Outro grande entrave que vem sendo discutido em vários estudos é a capacidade que esses micror-ganismos têm de formação de biofilme, podendo formar biofilmes nos dispositivos médicos implan-tados e, uma vez aderidos ao dispositivo, impedir a ação dos mecanismos de defesa do hospedeiro, além de dificultar também a terapia bacteriana10.

Dentre os cocos Gram positivos, catalase nega-tiva, que foram observados no presente estudo, o gênero Streptococcus spp. engloba os microrganismos com essas características de maior importância na medicina. Estes são integrantes da microbiota nor-mal, porém podem ser tipicamente oportunistas. Os Streptococcus spp. possuem como relevância clíni-ca a frequência com que podem ser isolados de in-fecções do trato respiratório, pele e tecidos moles, endocardite, sepse e meningite10.

Em nossa pesquisa observamos que 100% dos celulares estudados apresentaram algum tipo de microrganismo e algumas amostras apresentaram mais de um tipo de microrganismo. Isso nos leva a

pensar que não há o hábito de proceder à higieniza-ção desses aparelhos.

Já em relação ao teste da assepsia, foi observado que o álcool isopropílico proporcionou uma des-contaminação total de 65% dos aparelhos celula-res e os demais 35% apresentaram um crescimento microbiano muito menor do que verificado antes da assepsia, confirmando sua eficácia (Figura 2).

O álcool isopropílico consiste em um bacte-ricida rápido, eliminando também o bacilo da

65%

35%

Não Contaminados Contaminados

Figura 2: Eficácia da Assepsia em Aparelhos Celulares com Álcool Isopropílico

tuberculose, os fungos e os vírus, não agindo, po-rém, contra os esporos bacterianos. Sua concentra-ção ótima dá-se entre 60 e 90% por volume. Cain-do muito sua atividade com concentração abaixo de 50%. Suas propriedades são atribuídas ao fato de causarem desnaturação das proteínas na presença de água.

Observa-se também ação bacteriostática pela inibição da produção de metabólitos essenciais para a divisão celular rápida. São usados como desinfe-tante de alto nível para alguns materiais semicrí-ticos e para os não críticos. Não se prestam à es-terilização, por não apresentarem atividade contra esporos bacterianos. Os álcoois não devem ser usa-dos em materiais constituídos de borracha e certos tipos de plásticos, podendo danificá-los. Evaporam rapidamente, dificultando exposição prolongada, a não ser por imersão do material a ser desinfetado11.

Foram analisados, também, os hábitos dos

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usuários em relação aos aparelhos celulares. Ob-servou-se que 72% dos usuários alimentam-se com o celular ao seu lado, enquanto apenas 27,9% guar-dam o celular ao se alimentarem. Apenas 31,2% dos usuários mantêm o hábito de limpar o aparelho celular, enquanto que 68,8 não costumam limpá--lo. Ainda, 59,1% dos usuários têm o costume de levar o aparelho celular ao banheiro e 83,8% em-prestam o aparelho para outras pessoas (Tabela I).

CO N C LU S ÃO

detectadas são comumente patógenos oportunistas, oferencendo maior risco a indivíduos imunocom-prometidos, não tendo ação nociva a pessoas sau-dáveis. Em teste de assepsia, o álcool isopropílico descontaminou totalmente 65% dos aparelhos e os demais 35% apresentaram um crescimento mi-crobiano muito menor do que verificado antes da assepsia, confirmando sua eficácia. As campanhas de conscientização foram baseadas nos resultados apresentados, mostrando que os aparelhos celulares são vias de disseminação de patógenos e, portanto, devem ser realizadas assepsias periódicas para evi-tar possíveis contaminações. Essas campanhas tive-ram, como público-alvo, funcionários e estudantes da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID.

O presente estudo fortalece a premissa de que tais microrganismos estão ligados à falta de higiene das mãos e que investimentos em educação higiê-nico-sanitária para a comunidade universitária são altamente recomendados.

Sim % Não %

Comem com o celular ao lado? 67 72,1 26 27,9 Limpa o aparelho? 29 31,2 64 68,8

Leva- o ao banheiro? 55 59,1 38 40,9 Empresta o celular? 78 83,8 15 16,2

Tabela I: Hábitos dos usuários em relação aos aparelhos celulares

Todos os aparelhos celulares analisados apre-sentaram contaminação por, pelo menos, uma es-pécie de microrganismo, demonstrando o poder disseminativo desses aparelhos. Porém, as espécies

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R E V I S TA S C I E N C E I N H E A LT H

Guia de publicação para autores.

ISSN 2176-9095

Universidade Cidade de São Paulo

T I P O S D E P U B L I C A Ç Ã O

R E L A T O D E P E S Q U I S A . São artigos descrevendo dados de pesquisa original, produto de observação experi-mental, clínica ou desenho teórico. Relatos de casos não são considerados como dentro do escopo da revista.

M I N I - R E V I S Õ E S . Tratam-se de pequenas revisões temáticas destinadas a chamar a atenção para as conseqüên-cias, implicações ou avanços de determinados temas na área da saúde e afins.

P O N T O D E V I S T A . Essa sessão é dedicada a ensaios, que podem ser análises e comentários sobre um deter-minado assunto, seja ele observado sob uma nova perspectiva ou quando algum aspecto admite uma nova inter-pretação. Em geral, os textos essa sessão são assinados por convidados da revista; porém autores podem propor assuntos cuja pertinência será avaliada pelo corpo editorial.

R E S E N H A S . Espaço aberto a resenhas de livros que os colaboradores se interessem em divulgar. Devem ser acompanhadas do Título original, autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN.

C A R T A S A O E D I T O R . Esse é um espaço aberto a comentários e réplicas sobre material publicado na revista em edições anteriores.

G U I A D E P U B L I C A Ç Ã O PA R A A U T O R E S .

Submissões para a revista Science in Health e todo o trato até a publicação são feitas on line. As instruções para composição do manuscrito estão em “Instruções aos Autores da Science in Health no site: http://www.unicid.br/new/revista_scienceinhealth/06_set_dez_2011/revista_scienceinhealth_06.html.

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Os artigos devem ser elaborados em língua Portuguesa corrente ou, a critério do(s) autor(es), opcionalmente em língua Inglesa. No caso de manuscritos em Inglês, caberá ao proponente a adequação da grafia e gramática que será objeto de avaliação pelos pareceristas e comitê editorial. No caso de submissões em Português, a editora reserva-se no direito de solicitar ou efetuar (conforme o caso) eventuais modificações para adequação do perfeito léxico. Na elaboração do texto dever estar indicados os locais sugeridos de inserção de figuras e tabelas e as cita-ções (e referências) bibliográficas devem respeitar a convenção-estilo de Vancouver. O texto dever ser digitado em processadores de texto compatíveis com a plataforma Windows, usando preferencialmente as letras em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaçamento duplo, margens padrão (2,5 cm nas quatro dimensões), justificado à esquerda em páginas numeradas a partir do título (página 1). Símbolos devem ser inseridos no texto, no local apropriado, e o uso de caracteres especiais deve ser evitado ao máximo. A confecção do arquivo deve respeitar um dos cinco tipos de publicações aceitas pela revista, que contêm regras próprias.

R E L A T O D E P E S Q U I S A : Sugere-se que o texto principal deva conter entre 3.000 e 5.000 palavras, excluindo referências bibliográficas, e deve ser construído contendo:

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• Página de rosto com o título do artigo em Português e o título em língua Inglesa, nome do(s) autor(es), nome do local e afiliação institucional do(s) autor(es), endereço postal, endereço eletrônico e número do telefone do autor correspondente.

• Um resumo em língua Portuguesa e um outro (abstract) em língua Inglesa, não maior que 250 palavras cada, com uma lista de até cinco palavras-chave em Português e até cinco palavras-chave (keywords) em Inglês.

• Corpo do texto contendo quatro seções principais: Introdução, Material e Métodos, Resultados e Dis-cussão. Figuras e Tabelas devem ser apresentadas após a lista de referências. Numerar figuras e tabelas com algarismos (não utilizar números Romanos).

• Agradecimentos e apoio financeiro, quando houver.

• Referências bibliográficas.

• Legendas de figuras.

M I N I - R E V I S Õ E S . Manuscritos relativamente curtos (preferencialmente entre 4.000 e 10.000 palavras) com a intenção de chamar a atenção para temas específicos incorporando descobertas originais e/ou apontando para novas implicações sobre o assunto. O(s) autor(es) deve(m) apresentar uma retrospectiva histórica e a seguir dis-cutir aspectos controversos oferecendo a visão e criticismo do(s) autor(es) a respeito do assunto. É desejável que se empregue uma linguagem genérica, de modo a ampliar o universo de leitores sobre o tema. A página de rosto, resumos (Inglês e Português, de até 250 palavras), agradecimentos e referências bibliográficas seguem o padrão determinado para Relato de Pesquisa. O corpo do texto deve conter um sumário com o as subdivisões que trata o artigo logo no início sendo seguido pelo desenvolvimento do manuscrito.

P O N T O D E V I S T A . Textos com um limite máximo de 3.000 palavras e um máximo de 15 referências bibliográ-ficas. Compõem-se de uma breve introdução, o desenvolvimento do texto principal e as referências bibliográfi-cas, podendo prescindir das subdivisões Material e Métodos e Resultados, cujo conteúdo de ser diluído ao longo do texto. Ilustrações são limitadas a duas, sejam figuras, tabelas ou sua combinação. Regras para página de rosto e agradecimentos são similares às de Relatos de Pesquisa, porém os resumos em Português e Inglês têm restrição de até 150 palavras, mais até cinco palavras-chave.

R E S E N H A S . São artigos bastante breves (até 1.500 palavras), onde o(s) autor(es) oferecem um resumo e opini-ões sobre a leitura de um livro de interesse para as áreas de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo e do público em geral. Uma ilustração pequena (até meia página) pode ser aceita. Não são necessárias: a página de rosto, as subdivisões tradicionais no corpo do texto e o(s) resumo(s). O texto deve conter, ao final, o Título original e autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN, e passará por processo de avaliação pelos Editores.

C A R T A S A O E D I T O R . A Science in Health está aberta a receber, a qualquer momento, correspondência dos leitores com comentários, críticas e opiniões a respeito do material publicado na própria revista. Parte da cor-respondência será publicada, em especial aquela que aponta e questiona aspectos interessantes e pertinentes sobre artigos divulgados. Os Editores reservam-se o direito de selecionar e condensar partes da correspondência para preservar a natureza científica da revista, de atender aos limites físicos do espaço destinado e ainda facilitar a compreensão dos leitores, mas sem modificar o conteúdo original do(s) autor(es). Quando necessário, serão convidados autor(es) do(s) artigo(s) citados para réplicas ou tréplicas, no sentido de preservar o espaço destinado ao debate científico e assegurar amplo direito a todos.

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E L A B O R A Ç Ã O D A F I G U R A S . Figuras são aceitas em formatos EPS, TIFF, PDF ou JPEG. Importante saber que figuras em JPEG não oferecem a necessária definição e podem comprometer a qualidade do trabalho a ser divulgado. Utilize um mínimo de 300 dpi de resolução para imagens em preto e branco e coloridas e para de-senhos (bitmapped line drawings) um mínimo de 1000 dpi. Combinações de ambos (bitmapped line/half-tone, coloridas ou gradações de cinza) deverão ser construídas a partir de 500 dpi. Quando trabalhar com desenhos vetoriais (EPS), grave os arquivos no modo gráfico. Não trabalhe ou importe imagens usando processadores de texto ou similar. Cada figura deve ser preparada de forma individual e compor um arquivo único em uma página ou meia página impressa (limites máximos de 170mm X 230mm ou 80mm X 230mm, respectivamente). As figuras devem ser referenciadas Figura (abreviatura Fig.) e numeradas sequencialmente em ordem de citação e em números arábicos. As legendas devem ser auto explicativas e permitir a compreensão do material apresentado sem a necessidade de ler o texto principal.

E L A B O R A Ç Ã O D E T A B E L A S . Tabelas devem ser construídas de modo a serem compreendidas sem a leitura do texto, em numeração (arábica) consecutiva de acordo com a ordem de aparecimento e citação. Cada tabela preci-sa conter um título e um cabeçalho e as unidades de medida devem estar claramente indicadas. Colunas e linhas devem ser compostas por grades de tabulação e não por espaçamento. Utilize um guia de construção de tabelas em seu processador de texto. Atente para a não duplicidade de resultados na combinação de tabelas e gráficos.

C O N S I D E R A Ç Õ E S É T I C A S . Artigos submetidos para publicação precisam conter declaração de conduta e, em especial quando tratar de humanos, devem trazer testemunho de que foram aprovados por Comissão de Ética em acordo com a Declaração de Helsinke de1964 (http://www.wma.net). Também deve explicitamente decla-rar que as pessoas foram devidamente esclarecidas e que o(s) autor(es) detêm o consentimento para inclusão no estudo. Detalhes que permitam a identificação dos sujeitos devem ser omitidos. Tratando-se de trabalhos usando modelos animais, estes devem declarar que todo o desenrolar experimental foi feito em acordo com os princípios de conduta para uso e cuidado animal, dentro de leis específicas. O corpo editorial se reserva no direito de rejei-tar manuscritos que não contemplam os requisitos acima mencionados. Autor(es) é(são) responsável(is) por falsas declarações ou malversação dos princípios acima.

R E F E R Ê N C I A S . As referências citadas no texto devem estar presentes na lista de referências (e vice-versa). Resultados não publicados e comunicações pessoais não são aceitos como referências e seu uso não é recomen-dado. Caso seja imprescindível, essas citações devem ser seguidas das expressões (resultados não publicados ou comunicação pessoal, respectivamente) no corpo do texto principal. Citações de trabalhos aceitos, mas ainda não publicados devem ser sucedidos da informação “in press”. Trabalhos em preparação, mas não publicados, não devem ser citados. A revista Science in Health adota o sistema autor-data para citação, em conformidade com o determinado no documento Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals [Inter-national Commitee of Medical Journal Editors, Ann Int Med (126): 36-47, 1997). Assim, as citações no texto devem estar entre parênteses, identificadas pelo sobrenome dos autores e o ano da publicação do documento. Elas necessitam ser pertinentes e, quando mais de uma, devem seguir a ordem cronológica de aparecimento. Tanto as citações quanto a lista de referências devem seguir a recomendação do Estilo de Vancouver. A lista de referências deve ser composta em ordem alfabética e, se necessário, cronológica. Mais de uma referência de um mesmo autor devem ser identificadas com letras minúsculas “a”, “b”, “c”, acrescidas após o ano de publicação

P R O V A S . Quando aceito, será enviado ao autor correspondente um arquivo de prova contendo a forma editada do artigo, que deverá ser revisado e aprovado pelo autor. Quaisquer correções devem ser listadas e apontadas para posterior ajuste. Nessa época não serão aceitas modificações no corpo do texto, apenas equívocos de digitação e acertos menores, sem interferência no conteúdo do manuscrito.

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D I R E I T O S D E C ó P I A . A submissão de um manuscrito à Science in Health implica que o material não foi publi-cado (exceto na forma de resumo em anais de congresso ou como parte de monografia, dissertação, ou tese do autor) e que não está em processo de submissão em outra revista. A submissão ainda implica que o autor corres-pondente obteve anuência de todos os demais co-autores e que obteve tácita autorização dos responsáveis pelos locais onde foi feita a pesquisa. Se aceito o manuscrito, o autor correspondente assinará em nome de todos os co-autores um termo de responsabilidade e ciência de disseminação das informações nele contidas.

T E R M O D E T R A N S F E R Ê N C I A D E D I R E I T O S A U T O R A I S

Eu (nós), autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da Revista Science in Health, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais re-ferentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da Revista Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

No caso de não-aceitação para publicação, essa transferência de direitos autorais será automaticamente re-vogada após a devolução definitiva do citado trabalho por parte da Revista de Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

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