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ITEMAo mesmo tempo em que se fala da gestão das águas e do seu

uso competitivo, com a procura permanente pela maior

eficiência na irrigação e na fertirrigação, considerar a

quantidade e o valor da produção/m3 de água utilizado em

cultivos protegidos é uma auspiciosa constatação. Essa capa

é inspiradora e provocativa de reflexões sobre os agronegócios

na agricultura irrigada, incluindo-se aí muitas vertentes do

desenvolvimento científico e tecnológico, com amplas

oportunidades de agregações de valores a produtos ao longo

das cadeias produtivas. (Fotos: Leonardo Costa da Fonte)

O agrO agrO agrO agrO agronegócio da agronegócio da agronegócio da agronegócio da agronegócio da agriculturiculturiculturiculturiculturaaaaairrirrirrirrirrigada em cultivigada em cultivigada em cultivigada em cultivigada em cultivos pros pros pros pros protototototegidosegidosegidosegidosegidos

podendo-se multiplicar por várias vezes o que se pro-duz a céu aberto. Trata-se de um negócio promissor,que exige capacitação e segura inserção no mercado,além de um diferenciado conhecimento de irrigação,de fertirrigação, de controle de pragas e doenças e decomo montar uma infra-estrutura, para manter o mi-croclima que se deseja para cada espécie de planta.

Exige, ainda, capital, mas é um investimento quepode diminuir o que há de mais perverso, que é o riscoagrícola. Ao conjugar essa possibilidade com o melhorordenamento da oferta dos produtos, abre-se a perspec-tiva de implementação de políticas voltadas para essesetor, com nítidas vantagens de alocações de recursosem financiamentos compatíveis com cada exploração.

Assim, esta edição da revista ITEM inclui doisnúmeros acumulados. Trata da irrigação e cultivosprotegidos, da fertirrigação em hortaliças, dos coefici-entes de cultivos e do arcabouço institucional de MinasGerais para tratar da água e das bacias hidrográficas.

Dessa forma, interagindo-se com diversos segmen-tos, trouxe à baila mais subsídios e alternativas para aracional utilização da água, e buscou exemplos, traba-lhos técnico-científicos, experiências práticas, discu-tindo-os em reportagens com diversos colaboradores,que enriqueceram essa edição com referências e bali-zamentos para esse fórum constituído pela ABID, queprecisa ser fortalecido e ampliado pelas ações de cadaum de nós. Assim, não há como terminar sem lembrardo XII Conird e agendar Uberlândia, de 9 a 13 desetembro de 2002.

Helvecio Mattana Saturnino

EDITOR

E-MAIL: [email protected]

eja fazendo florescer belas flores na aridez deIsrael, para faturar no rico poder aquisitivo daEuropa, seja na produção de hortaliças no fan-

tástico trabalho desenvolvido pelos espanhóis na re-gião de Almeria, há um invejável cumprimento decronogramas na entrega de produtos, atendendo acontratos firmados antes dos plantios. Um profissiona-lismo e uma organização que precisam ser perseguidospara que haja melhores condições de vida para osprodutores brasileiros.

No vastíssimo campo dos agronegócios da agricul-tura irrigada, desde as chamadas biofábricas, para aprodução de mudas de alta qualidade com avançadosrecursos da biotecnologia, até a viabilização da produ-ção comercial de hortaliças, contornando-se as condi-ções desfavoráveis, ao longo do ano, os cultivos prote-gidos configuram-se como solução.

No Brasil, já existem trabalhos competentes, dereconhecido sucesso do uso da água, com organizaçõesde importantes clusters, a exemplo dos das regiões deHolambra, de Mogi das Cruzes e de Atibaia, em SãoPaulo, talvez os mais consolidados. Há, também, umasérie de iniciativas em andamento, com pioneirismo,sucessos, mas também frustrações.

Nesse sistema produtivo, há uma ampla perspecti-va de transformar pequenos mananciais hídricos emgrandes negócios, incluindo-se aí o aproveitamento dainfra-estrutura de proteção das plantas, para captaçãode água das chuvas. Entre esses negócios está o dahortaliça fresca, com qualidade, com boa apresentaçãoe higiene, com maior aproveitamento e facilidade demanuseio na cozinha, com a possibilidade de estardisponível no mercado ao longo do ano. Uma saudávelaspiração de qualquer comunidade.

Os setores científico e tecnológico têm importantepapel a desempenhar no desenvolvimento equilibradodos cultivos protegidos no Brasil. Não há nada maislógico do que a produção ordenada, em série, favore-cendo os cronogramas de mercado, os controles deprodução e o melhor aproveitamento dos insumos,

S

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CONSELHO EDITORIAL:ALBERTO DUQUE PORTUGAL

EDSON ZORZIN

ESTEVES PEDRO COLNAGO

FERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINO

JORGE KHOURY

JOSÉ CARLOS CARVALHO

LUIZ CARLOS HEINZE

SALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO:ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; FRANCISCO DE

SOUZA; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO MATTANA SATURNINO; PAULO

ROBERTO COELHO LOPES

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO E-MAIL:[email protected] OU [email protected].

JORNALISTA RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS (MTB MG 01630JP). E-MAIL: [email protected]

ENTREVISTAS E REPORTAGENS: GENOVEVA RUISDIAS E GLÓRIA VARELA

(MTB MG 2111 JP)COLABORADORES: ROSÂNGELA MARIA MOTA ENNES, VIRGÍNIA CALAES

ARBEX (SUPORTE TÉCNICO).AUTORIA DOS ARTIGOS TÉCNICOS: ADERSON SOARES DE ANDRADE

JÚNIOR, ALBERTO CARLOS DE QUEIROZ PINTO, CÍCERO LEITE, FLÁVIO

B. ARRUDA, FRANCISCO DE SOUZA, GILBERTO COAKU SEDIYAMA, JOSÉRENATO CORTEZ BEZERRA, LUÍS FERNANDO STONE, MARCELO B.CAMARGO, MARCOS ANTÔNIO MACHADO, NEVILLE VIANNA BARBOSA

DOS REIS, NOZOMU MAKISHIMA, O. BRUNINI, PAULO EMÍLIO, P. DEALBUQUERQUE, PEDRO MARQUES DA SILVEIRA, R.C.M. PIRES,ROBERTO TESTEZLAF, SÉRGIO OLIVEIRA PINTO DE QUEIROZ, WALDIR

A. MAROUELLI, WASHINGTON L. C. SILVA.ENTREVISTAS TÉCNICAS: AGUINALDO JOSÉ DE LIMA, CARLOS ALBERTO

SANTOS OLIVEIRA, CÉLIA MARIA BRANDÃO FRÓES, DEMETRIOS

CHRISTOFIDIS, EDILSON DE PAULA, GABRIEL BARTHOLO, ISRAELROSALIN, JOÃO RICARDO FERRI, JOSÉ CISINO MENEZES LOPES,LEONARDO COSTA DA FONTE, LÚCIO TELES DA SILVA, LUÍZA DEMARILLAC CAMARGOS, MARIA DE FÁTIMA CHAGAS DIAS COELHO,MAURÍCIO SEVERINO DE REZENDE, NEVILLE VIANNA BARBOSA DOSREIS, OSMAR CARRIJO, OSMAR YONAMINE, PAULO ROBERTO CAIXETA

NASCENTE, REINALDO CAETANO, SÉRGIO ZAGO, WILLER HUDSON PÓS.INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO: POLYSACK E SERRANA FERTILIZANTES.REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE E ROSELY A. R. BATTISTA

FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS DO CEIVAP, DA EMBRAPA , CÍCERO LEITE,GENOVEVA RUISDIAS, HELVECIO MATTANA SATURNINO, LEONARDO

COSTA DA FONTE, MAURÍCIO ALMEIDA, NEVILLE V. B. REIS, ROBERTO

TESTEZLAF, WASHINGTON L. C. SILVA.PUBLICIDADE: ABID, PELO E-MAIL: [email protected] OU PELO FAX

(61) 274-7245.PROGRAMAÇÃO VISUAL, ARTE E EDITORAÇÃO GRÁFICA: DESIGN GRÁFICO

COMUNICAÇÃO (RUA CÔNEGO JOÃO PIO, 150, BAIRRO MANGABEIRAS, BELO

HORIZONTE, MG, FONE: (31) 3284-0712 E FONE-FAX: (31) 3225-5065.TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DEIRRIGAÇÃO E DRENAGEM (ABID)

SCLRN 712, BLOCO C - 18, BRASÍLIA, DF, CEP: 70760-533.FONE: (61) 273-2154 OU (61) 272-3191; FAX: (61)274-7245 E E-MAILS: [email protected] E [email protected]

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 6,00 (SEIS REAIS).OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DESEUS AUTORES, NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DAABID. A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUECITADA A FONTE. AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUS RESPONSÁ-VEIS PODEM OU NÃO SER PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUE SERESERVA O DIREITO DE EDITÁ-LAS, BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR EPRESERVAR A IDÉIA GERAL DO TEXTO. ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOUGRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS PROFISSIONAIS E COM O APOIO DEINSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

IRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNAITEMITEM

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO E

DRENAGEM – ABID

Nº 52 - 4ºTRIMESTRE DE 2001

ISSN 0101-115X.

LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:

Cartas – Página 6

Publicações – Página 8

Cultivo protegido, uma tecnologia queviabiliza alta eficiência da irrigação é aplicável

em qualquer região brasileira

O agrometeorologista Neville Vianna Barbosa dosReis, da Embrapa, considera que o cultivo

protegido é uma técnica de plantio que ainda estáengatinhando no Brasil, mas pode ser utilizadaem qualquer parte do país, desde que adequada

às condições locais. Página 10

Uma visão geral sobre as oportunidades comos cultivos protegidos diante das condições

climáticas do Brasil, de Neville Vianna Barbosados Reis e Nozomu Makishima. Página 13

Uso da irrigação em ambientes protegidos:cuidados e atenções, de Roberto Testezlaf.

Página 18

Produção de mudas em cultivo protegidoviabiliza melhor o fluxo de matéria-prima

para a indústria e a maior rentabilidade do usoda água

Em Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba,MG, a indústria Unilever Bestfoods Brasil conta

com a parceria do cultivo protegido para agarantia de produção de mudas sadias de tomate

industrial. Página 23

A revolução dos tubetes

Profissionais da empresa Valoriza SoluçõesAgrícolas mostram como o uso de tubetes

contribuiu para uma reviravolta na produção demudas de café. O pesquisador Gabriel Bartholo

considera ser esta uma tendência da cafeiculturamoderna. Página 29

As lições de economia do cultivo protegidoO Núcleo Rural de Taquara, a 75 km de Brasília,tem tradição em horticultura. Maurício Severinode Rezende, presidente da Cooperativa Agrícola

da Região de Planaltina e um pioneiro do cultivoprotegido na região, mostra em números porque

adotou esta técnica. Página 32

Informe Técnico Publicitário da PolysackTecnologia israelense de controle do clima ajuda

o Brasil a aumentar a produtividade e aeconomizar água. Página 35

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Perigo da salinização em ambientes protegidos, de RobertoTestezlaf e Sérgio Oliveira Pinto de Queiroz. Página 38

Uma provocação de Campo Grande, no Mato Grosso do SulO produtor Lúcio Teles da Silva mostra como conseguiueconomizar para montar uma infra-estrutura de cinco túneis para ocultivo protegido para a produção de olerícolas. Página 40

Um supermercado de informações sobre a manga, um cultivo100% irrigadoInformações sobre o VII Simpósio Internacional sobre a Manga, emsetembro, no Recife/PE. Página 42

Fertirrigação de hortaliças, de Waldir A. Marouelli e

Washington L. C. Silva. Página 45

Alguns conselhos importantes para a fertirrigação, de OsmarCarrijo. Página 48

Coeficientes de cultivo das principais culturas anuaisO primeiro documento com os coeficientes de cultivo das principaisculturas anuais foi apresentado durante XI Conird, realizado em2001, em Fortaleza, CE. Um dos compromissos assumidos nesteencontro foi o de uma constante atualização desses dados, queserão levados para debate no XII Conird, em setembro deste ano,em Uberlândia, MG. Esse trabalho está sendo coordenado pelopesquisador Paulo Emílio Pereira de Albuquerque, com acolaboração de vários pesquisadores. Página 49

Estudos de consumo de água e coeficientes de cultura, de FlávioB. Arruda, M.B. Camargo, O. Brunini e R.C.M. Pires. Página 58

O que falta para Minas Gerais dar início ao processo de cobrançapelo uso da água?Conheça a atual situação do processo de cobrança pelo uso da águano estado de Minas Gerais. Através de um panorama sobre apolítica estadual de recursos hídricos, os interessados terãoinformações sobre a concessão de outorgas, bem como a postura devários usuários. Página 64

Um custo diferenciado pelo uso da água para a irrigação

Uma entrevista com o presidente do Instituto Mineiro de Gestãodas Águas (Igam), Willer Hudson Pós. Página 72

Bacia do Paraíba do Sul começa a cobrar pelo uso da águaO secretário executivo do Comitê para a Integração da Bacia do RioParaíba do Sul (Ceivap), Edilson de Paula Andrade, fala sobre comoe quando dará início à cobrança. Página 75

Agricultura irrigada em númerosO especialista Demetrios Christofidis mostra, em entrevista, osnúmeros do último levantamento sobre a agricultura irrigada nopaís. Página 76

Navegando pela Internet – Página 78

Classificados – Página 78

Mesmo quede forma

diferenciada,o produtorrural vaipagar pelouso da água.O presidentedo Igam,Willer Pós,fala sobre oassunto.

As altas e ordenadas produções no camposão decorrentes da qualidade das mudase do escalonamento das entregasproporcionados pelos cultivos protegidos,em um ciclo produtivo que requerconhecimentos profundos sobrefertirrigação e coeficientes de cultivo.

A produçãode mudas emcontainer,especialmenteas de café,passou porumaverdadeirareviravoltacom o uso dostubetes.

Além de propiciar maior eficiência dairrigação, o cultivo em ambientesprotegidos viabiliza a coleta das chuvas.

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CARTASleitores

A revista ITEM tem recebido

mensagens eletrônicas de

vários pontos do país, com

sugestões enviadas por

profissionais da área,

interessados em divulgar seus

trabalhos, cursos e publicações

e acham importante contar com

um periódico como este.

Está aí um intercâmbio que

precisa ser implementado, para

que a Abid tenha-os também

como assíduos parceiros nessa

ingente tarefa de ganhar

espaços e cooperadores em

todos os sentidos.

Aqui vão alguns exemplos:

IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHAIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHAIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHAIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHAIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA“Gostaríamos de solicitar a divulgação, narevista ITEM, do nosso livro “Irrigação poraspersão em malha”, recém-lançado duran-te a Fenagro 2001, em Salvador, BA. A pro-cura pela publicação está sendo muito boa,principalmente depois que este sistema foiapresentado na seção Cartas, do programaGlobo Rural, edição de domingo.” – Profes-sores ANDRÉ FERNANDESANDRÉ FERNANDESANDRÉ FERNANDESANDRÉ FERNANDESANDRÉ FERNANDES e LUÍS CÉSAR DIASLUÍS CÉSAR DIASLUÍS CÉSAR DIASLUÍS CÉSAR DIASLUÍS CÉSAR DIASD R U M O N DD R U M O N DD R U M O N DD R U M O N DD R U M O N D (da Universidade de Uberaba, MG).

COLEÇÃO DE ESTUDOSCOLEÇÃO DE ESTUDOSCOLEÇÃO DE ESTUDOSCOLEÇÃO DE ESTUDOSCOLEÇÃO DE ESTUDOS“Informamos que se encontram disponibili-zados, na biblioteca da Rede do Agronegócio

da Irrigação, os livros da série “Políticas eestratégias para um novo modelo de irriga-ção”, tanto para impressão como paradownload. A rede pode ser acessada no ende-reço www.banconordeste.gov.br/irriga.” –FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRAN-FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRAN-FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRAN-FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRAN-FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRAN-Ç AÇ AÇ AÇ AÇ A (coordenador do acordo “Estudos para umnovo modelo de irrigação” e gerente do Am-biente de Políticas de Desenvolvimento doBanco do Nordeste).

IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EMIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EMIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EMIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EMIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EMHORTALIÇASHORTALIÇASHORTALIÇASHORTALIÇASHORTALIÇAS“As regiões dos cerrados de Minas Gerais,Goiás e Distrito Federal cultivam, atualmen-te, cerca de 80% do tomate para processa-mento industrial no Brasil, o que dá, aproxi-madamente, 1 milhão de toneladas. A irriga-ção predominante da cultura é por aspersão,principalmente pivô central. O gotejamento,entretanto, vem-se tornando uma grandepossibilidade, tendo em vista suas vantagensde redução de custo e de economia de águae energia. Na Embrapa Hortaliças, publica-mos recentemente um documento, em formade folder (de autoria dos pesquisadores Wal-dir Marouelli, Washington Silva e CelsoMoretti), com instruções básicas para o ma-nejo da cultura irrigada por gotejo, inclusivevalores de Kc apropriados para a região doDF e parâmetros de fertirrigação. Publica-mos também (Waldir Marouelli, WashingtonSilva e Henoque Silva) um livro sobre irriga-ção por aspersão em hortaliças, que enfatizaaspectos de qualidade da água, engenhariade sistemas e um método prático de manejopara evitar o uso de equipamentos e/ou cál-culos complicados. Maiores informações nahome page: www.cnph.embrapa.br.” – W A -W A -W A -W A -W A -SHINGTON L.C. SILVASHINGTON L.C. SILVASHINGTON L.C. SILVASHINGTON L.C. SILVASHINGTON L.C. SILVA (Embrapa Hortaliças,Brasília, DF).

SUGESTÃO PARA IMPLEMENTAR ASUGESTÃO PARA IMPLEMENTAR ASUGESTÃO PARA IMPLEMENTAR ASUGESTÃO PARA IMPLEMENTAR ASUGESTÃO PARA IMPLEMENTAR ADISCUSSÃO SOBRE KCDISCUSSÃO SOBRE KCDISCUSSÃO SOBRE KCDISCUSSÃO SOBRE KCDISCUSSÃO SOBRE KC“Considero excelente a idéia de divulgar,através da revista ITEM e do grupo de dis-cussão, os coeficientes de cultivo (Kc) paraas diferentes culturas, trabalhos para a siste-matização dos valores de Kc obtidos pelapesquisa. Observo que muitas dissertaçõesde Mestrado e teses de Doutorado nas áreasde Irrigação e Drenagem, como também deAgrometeorologia, trabalharam com a de-

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terminação de Kc e essas informações (quesão de domínio público) nem sempre sãodivulgadas de maneira extensiva. Gostariade sugerir que se reunissem voluntários, nasprincipais universidades, com cursos de pós-graduação em Irrigação e Agrometeorolo-gia, para compilarem nas bibliotecas dessasuniversidades os valores de Kc contidos nasdissertações e teses, para divulgação, com adevida citação da origem dos dados, na revis-ta ITEM. Mas necessita-se de voluntários emuniversidades como a UFV, Ufla, UFPB, UFC,entre outras. O trabalho pode parecer exaus-tivo, mas, se for feito gradativamente, empouco tempo poderemos ter um excelentebanco de informações.” – ANDERSON SOA-ANDERSON SOA-ANDERSON SOA-ANDERSON SOA-ANDERSON SOA-RES PEREIRARES PEREIRARES PEREIRARES PEREIRARES PEREIRA (engenheiro agrônomo, M.Sc. eDr., Piracicapa, SP).

EM SETEMBRO, O VII SIMPÓSIOEM SETEMBRO, O VII SIMPÓSIOEM SETEMBRO, O VII SIMPÓSIOEM SETEMBRO, O VII SIMPÓSIOEM SETEMBRO, O VII SIMPÓSIOINTERNACIONAL DE MANGAINTERNACIONAL DE MANGAINTERNACIONAL DE MANGAINTERNACIONAL DE MANGAINTERNACIONAL DE MANGA“Com o objetivo de divulgar as inovaçõestecnológicas sobre a cultura da manga, serárealizado no Centro de Convenções de Reci-fe, PE, de 22 a 29 de setembro de 2002, o VIISimpósio Internacional de Manga. Os inte-ressados deverão procurar informações coma promotora do evento, a Embrapa Semi-Árido, pelos telefones (87) 3862.1711, pelofax (87) 3862.1744 ou e-mail emenezes@cpatsa. embrapa.br.” – ALBERTO CARLOS DEALBERTO CARLOS DEALBERTO CARLOS DEALBERTO CARLOS DEALBERTO CARLOS DEQUEIROZ PINTOQUEIROZ PINTOQUEIROZ PINTOQUEIROZ PINTOQUEIROZ PINTO (Embrapa Cerrados, Brasília,DF).

CURSO SOBRE CULTIVO PROTEGIDOCURSO SOBRE CULTIVO PROTEGIDOCURSO SOBRE CULTIVO PROTEGIDOCURSO SOBRE CULTIVO PROTEGIDOCURSO SOBRE CULTIVO PROTEGIDO“Foi realizado, em 23 de março, na Faculda-de de Engenharia Agrícola da Unicamp, umcurso sobre cultivo protegido destinado aprodutores, viveiristas, empresários rurais,agrônomos, engenheiros e técnicos agríco-las. Seu objetivo foi divulgar conceitos deutilização do cultivo protegido para culturasde hortaliças, flores e mudas (citros, café,essências florestais e ornamentais), visandoo controle adequado de fatores ambientaiscomo luz, temperatura, umidade, vento eventilação, água, nutrientes e substrato. Tam-bém foram abordados aspectos de estruturasespecíficas como viveiro/telado, estufa, casade vegetação, quebra-vento etc. Este curso éoferecido regularmente para interessados.Maiores informações poderão ser obtidaspelo telefone (19) 3788.1088, ou pelos e-

mails [email protected] e [email protected]” – Professor ANTÔNIO BLISKAANTÔNIO BLISKAANTÔNIO BLISKAANTÔNIO BLISKAANTÔNIO BLISKAJ Ú N I O RJ Ú N I O RJ Ú N I O RJ Ú N I O RJ Ú N I O R (presidente do Comitê Brasileiro deAplicação do Plástico na Agricultura, daUnicamp, Campinas, SP).

A Embrapa Hortaliças também realiza cur-sos periódicos sobre cultivos protegidos.Maiores informações poderão ser obtidasatravés do site www.cnph.embrapa.br.

USO DA ÁGUA NÃO PODE VIRAR MAIS UMUSO DA ÁGUA NÃO PODE VIRAR MAIS UMUSO DA ÁGUA NÃO PODE VIRAR MAIS UMUSO DA ÁGUA NÃO PODE VIRAR MAIS UMUSO DA ÁGUA NÃO PODE VIRAR MAIS UMIMPOSTOIMPOSTOIMPOSTOIMPOSTOIMPOSTO“Os irrigantes da Bahia foram surpreendi-dos com a publicação no Diário Oficial doEstado, do dia 21/1/2002, da Lei 8.194 quecria o Conselho Estadual dos Recursos Hí-dricos do Estado, dando-lhe autonomia paraefetivar a cobrança pelo uso da água. Emnenhum momento foi permitido que os usu-ários participassem das discussões, contra-riando flagrantemente a legislação federal.Ao dar um caráter estadual à gestão dosrecursos hídricos, o Estado acaba de criarum imposto para a irrigação. Com isso per-mite, por exemplo, que os recursos oriundosda cobrança pelo uso da água na regiãoOeste, com 72% de todas as outorgas esta-duais, poderão ser aplicados no esgotamentosanitário de Salvador, deixando as baciascontribuintes com seus eternos problemasambientais. Qualquer valor arbitrário atri-buído a essa cobrança, tornar-se-á uma san-gria significativa, podendo inclusiveinviabilizar a agricultura irrigada.” – J O S ÉJ O S ÉJ O S ÉJ O S ÉJ O S ÉCISINO MENEZES LOPESCISINO MENEZES LOPESCISINO MENEZES LOPESCISINO MENEZES LOPESCISINO MENEZES LOPES (diretor de Meio Am-biente da Associação dos Agricultores eIrrigantes do Oeste da Bahia – Aiba).

REINSCRIÇÃOREINSCRIÇÃOREINSCRIÇÃOREINSCRIÇÃOREINSCRIÇÃO“Fui sócio da ABID durante muitos anos,ainda na época do Dirceu Alkmin Cunha,quando eu alertava sobre a necessidade de aentidade contar com um orçamento próprioe aprender a andar com suas próprias per-nas. A sugestão, no entanto, foi ignorada,culminando na sua paralisação. Foi comalegria que, durante a Fenagri, fiquei saben-do da volta da atuação da ABID, para a qualjá solicitei o envio de minha ficha de inscri-ção. Coloco-me à disposição para ajudar noque for preciso.” – RODRIGO RIBEIRO FRANCORODRIGO RIBEIRO FRANCORODRIGO RIBEIRO FRANCORODRIGO RIBEIRO FRANCORODRIGO RIBEIRO FRANCOV I E I R AV I E I R AV I E I R AV I E I R AV I E I R A (engenheiro agrônomo, Codevasf).

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8 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

IRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMM A L H AM A L H AM A L H AM A L H AM A L H A

Dois professores da Univer-

sidade de Uberaba (MG) são

os autores do livro “Irriga-

ção por aspersão em ma-

lha”, recentemente publica-

do. Esse sistema tratado no

livro e já enfocado em artigo publicado pela revista

ITEM no 48, pode ser usado para irrigação de várias

culturas e nas mais diversas situações.

Principais vantagens desse sistema:

• utilização de tubos PVC de baixo diâmetro, que

constituem as linhas laterais que, ao contrário

da aspersão convencional, são interligadas em

malha;

• baixo consumo de energia, em torno de 0,60 a

1,30 CV/ha;

• adaptação a qualquer tipo de terreno;

• possibilidade de divisão da área em várias

subáreas;

• facilidade de operação e manutenção;

• possibilidade de fertirrigação;

• possibilidade de aplicação de dejetos;

• baixo custo de instalação (R$ 700,00 a R$

1.300,00/ha) e manutenção.

O preço da publicação é R$20,00 (vinte reais) e os

pedidos podem ser encaminhados para a Universi-

dade de Uberaba (Campus II, Bloco T), avenida

Nenê Sabino, 1.801, Uberaba/MG, CEP: 38055-500,

ou pelo telefone/fax: (34)3319.8964. Contatos com

os autores poderão ser feitos via e-mail: André Luís

T. Fernandes ([email protected]) e Luís

César Dias Drumond ([email protected]).

IRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORIRRIGAÇÃO PORASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMASPERSÃO EMH O RH O RH O RH O RH O RTTTTTALIÇASALIÇASALIÇASALIÇASALIÇAS

A irrigação é uma das práti-ca agrícolas mais importan-

tes para o sucesso dahorticultura. Ao contrário

do que possa parecer, ques-tões sobre como e quando

irrigar e o quanto de água aplicar para suprir asnecessidades hídricas das plantas não são de sim-

ples respostas. Embora existam inúmerasmetodologias para o manejo racional da irrigação,

a grande maioria dos produtores irriga de formaempírica e, muitas vezes, inadequadamente. O bai-

xo índice de adoção de tecnologias apropriadasdeve-se, sobretudo, ao fato de os irrigantes acredi-

tarem que estas são caras, complicadas, trabalho-sas e que a sua adoção não proporciona ganhos

econômicos compensadores.Para mudar este cenário, é necessário disponibili-

zar tecnologias simplificadas e de fácil assimilação,que possam ser efetivamente utilizadas. Neste sen-

tido, a Embrapa Hortaliças, em conjunto com aEmbrapa Informação Tecnológica, publicou, re-

centemente, o livro “Irrigação por aspersão emhortaliças: qualidade da água, aspectos do sistema

e método prático de manejo”, de autoria dos pesqui-sadores Waldir A. Marouelli, Washington L. C.

Silva e Henoque R. Silva.Destinado principalmente a produtores e técnicos

da área de produção de hortaliças, este livro apre-senta aspectos relevantes da qualidade da água e de

sistemas de irrigação por aspersão e, sobretudo,uma metodologia que permite ao usuário manejar

a água de irrigação de forma prática e simples, sema necessidade de recorrer a equipamentos e cálcu-

los complicados. O preço do exemplar é R$16,00 epode ser adquirido através do site: www.cnph.

embrapa.br/public/lançamen.htm.

PUBLICAÇÕESNNNNNooooovvvvvas publicas publicas publicas publicas publicaçõesaçõesaçõesaçõesações

de intde intde intde intde inte re re re re resse daesse daesse daesse daesse da

agragragragragriculturiculturiculturiculturicultura irra irra irra irra irrigadaigadaigadaigadaigada

estão sendo lançadasestão sendo lançadasestão sendo lançadasestão sendo lançadasestão sendo lançadas,,,,,

algumas delas àalgumas delas àalgumas delas àalgumas delas àalgumas delas à

dispdispdispdispdisposição viaosição viaosição viaosição viaosição via

intintintintinterneterneterneterneternet

8 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 9

N ON ON ON ON OVVVVV O MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO DE IRRIGAÇÃOO DE IRRIGAÇÃOO DE IRRIGAÇÃOO DE IRRIGAÇÃOO DE IRRIGAÇÃOPPPPPA RA RA RA RA RA O NORDESTEA O NORDESTEA O NORDESTEA O NORDESTEA O NORDESTE

Quem quiser conhecer as cin-

co publicações que deram

origem ao novo modelo de

irrigação para o Nordeste,

não pode deixar de visitar o

site www.banconordeste.

gov.br/irriga. Lá, o interes-

sado poderá acessar a biblio-

teca da Rede do Agronegócio

da Irrigação e encontrar os

livros da série “Políticas e

estratégias para um novo mo-

delo de irrigação”, para

download.

Elaborado a partir de um

acordo de cooperação entre

o Banco do Nordeste, Banco

Interamericano de Desenvol-

vimento (BID) e Ministério

da Integração Nacional, esse

trabalho (em cinco volumes)

contou com a contribuição

de mais de 1.500 especialis-

tas nacionais e internacio-

nais em agronegócio da irri-

gação. Através de seu site, o

Banco do Nordeste traz a pú-

blico esse conjunto de estu-

dos, como forma de dissemi-

nar, junto aos agentes públi-

cos e privados, as novas es-

tratégias que irão dinamizar

o agronegócio da irrigação

na região.

Os cinco volumes da série

são os seguintes:

1. A Importância do Agrone-

gócio da Irrigação para o

Desenvolvimento do Nor-

deste;

2. Estado da Arte Nacional e

Internacional do Agrone-

gócio da Irrigação 2000;

3. Modelo Geral para Otimi-

zação e Promoção do

Agronegócio da Irrigação

do Nordeste;

4. Modelo Específico para

Otimização e Promoção

do Projeto de Irrigação Sa-

litre – Juazeiro/BA;

5. Políticas e Estratégias

para um Novo Modelo de

Irrigação.

EM CDEM CDEM CDEM CDEM CD,,,,, A A A A A TESE DE UMTESE DE UMTESE DE UMTESE DE UMTESE DE UME S PE S PE S PE S PE S PECIALISTECIALISTECIALISTECIALISTECIALISTAAAAA EM ÁGU EM ÁGU EM ÁGU EM ÁGU EM ÁGUA SA SA SA SA S

O professor e especialista Demetrios Christofidis

escolheu um tema interessante e atual para a sua

tese de doutorado em Meio Ambiente e Desenvol-

vimento, “Olhares sobre a política de recursos

hídricos no Brasil: o caso da Bacia do rio São

Francisco”, defendida, recentemente, na Univer-

sidade de Brasília. Neste estudo, ele aponta três

pontos-de-vista sobre a política nacional de recur-

sos hídricos e enfoca, especialmente, a bacia hi-

drográfica do rio São Francisco. Pela sua expe-

riência e dedicação ao tema, há mais de 20 anos,

o autor tem, certamente, muito a transmitir aos

interessados, para que possam ser implantadas

na prática a teoria e a filosofia ditadas pela legis-

lação da política nacional de recursos hídricos. Os

interessados poderão solicitar o CD da tese junto

ao autor, através do e-mail: demetrios. christofidis

@integracao.gov.br.

IRRIGAÇÃO DOIRRIGAÇÃO DOIRRIGAÇÃO DOIRRIGAÇÃO DOIRRIGAÇÃO DOCAFEEIRCAFEEIRCAFEEIRCAFEEIRCAFEEIROOOOO

Lançado pela EmbrapaCafé, o videocurso “Irri-

gação do Cafeeiro”, com-posto por um filme e um

manual, é uma importan-te orientação sobre irri-

gação utilizada na cafei-cultura, já que o emprego

dessa tecnologia permite a redução dos riscos e oaumento da produtividade. Nele são abordados os

seguintes assuntos:• a importância da irrigação do cafeeiro;

• parâmetros técnicos (umidade do solo, dispo-nibilidade de água, evapotranspiração, densi-

dade do solo, profundidade efetiva, lâminasliqüida e bruta de irrigação).

• irrigação por aspersão;• sistemas de irrigação localizada;

• manejo de irrigação.Resultado do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e

Desenvolvimento do Café, este videocurso foi co-ordenado tecnicamente pela Universidade Fede-

ral de Viçosa. Está sendo comercializado porR$60,00 pela Embrapa Informação Tecnológica e

pode ser adquirido, acessando a unidade atravésdo endereço eletrônico da Embrapa (www.

embrapa.br) ou de contato com o Centro de Pro-duções Técnicas da Embrapa Informação Tecno-

lógica (CPT), Parque Estação Biológica (PqEB),S/N, Edifício Sede, CEP: 70770-901, Brasília DF,

fone (61) 448-4236, fax: (61) 340-2753.

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 9

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10 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

recomenda cuidados especiais com obolso do produtor. O primeiro deles éassegurar a rentabilidade da cultura, que

depende do controle de microambiente, do ma-terial genético utilizado, da experiência do pro-dutor, do trato cultural. “A pesquisa está bemdesenvolvida e o problema não é de ordemtécnica. O importante é saber se o cultivo éeconomicamente viável, se a relação custo-be-nefício é vantajosa para o produtor”, afirmaNeville, que é pesquisador da Embrapa Hortali-ças.

Com mestrado e doutorado na área de Agro-meteorologia, ele insiste na análise de viabilida-de comercial do empreendimento. A proximida-de de um mercado consumidor é fundamentalpara o sucesso do cultivo protegido. A expansãose dá porque a tecnologia pode ser usada porgrandes empreendedores e também em peque-nos projetos de agricultura familiar. Das estufasmais sofisticadas a um simples túnel sobre can-teiros, a atividade adapta-se a usos múltiplos.

O país tem uma indústria de plástico bemdesenvolvida e não é necessário importar oproduto. E para montar a estrutura, o produtorpode usar o material existente na própria re-

O cultivo protegido ainda engatinha no

Brasil, mas está-se expandindo

rapidamente. Essa é a opinião do

agrometeorologista Neville V. B. dos Reis:

a tecnologia pode ser empregada em

qualquer região do país, desde que

adequada às condições locais.

“O plástico funciona como filtro da

radiação solar. Ao inclinar o telhado da

casa de vegetação, pode-se reduzir o

impacto da luz solar sobre a cultura.

Já o túnel semicircular, no mesmo sentido

que o movimento do sol, a radiação será

intensa ao longo de todo o dia.

Ou seja, não basta entender a planta,

é fundamental conhecer e respeitar

as características de cada lugar para se

definir o modelo de estufa a ser

adotado”, afirma.

E

FOTO LEONARDO COSTA DA FONTE

10 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

CULTIVO PROTEGIDOuma tecnologia que viabiliza alta eficiência da

irrigação é aplicável em qualquer região brasileira

CULTIVO PROTEGIDOuma tecnologia que viabiliza alta eficiência da

irrigação é aplicável em qualquer região brasileira

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 11

gião, madeira ou ferro. Tem facilidades tambémde mão-de-obra. Por exemplo, o serralheiropode ser o mesmo que fez a grade da casa.

Sempre tomando o cuidado de não generali-zar, o pesquisador destaca alguns aspectos docultivo protegido em várias regiões do país.

AmazôniaSeguindo a estrutura de análise recomenda-

da por Neville Reis, o primeiro aspecto quechama a atenção na Amazônia é o fato de ter ummercado carente de hortaliças do dia-a-dia: to-mate, pimentão, alface, beringela. Tecnicamen-te, o problema é controlar o calor, a umidade ea circulação atmosférica, a baixa velocidade dovento.

Região tropical de intensa radiação solar, aAmazônia tem seus dias de “apagão” natural.“Às vezes, a radiação não chega à superfície daterra por causa da camada atmosférica muitoalta”, explica Neville. Quando isso acontece, énecessário acender as luzes dentro da estufa.

O ponto central do cultivo protegido na Ama-zônia é fazer a troca atmosférica de dentro daestufa com o meio ambiente. A umidade, que éboa para a floresta, é um problema a ser resol-vido nas casas de vegetação. A baixa velocidadedo vento agrava a situação. Foi para intensificara troca atmosférica que a pesquisa adaptou acobertura da casa de vegetação, criando umaabertura entre as duas partes do telhado, o tetoconvectivo. É preciso conhecer a direção dovento para definir a posição da abertura. Oobjetivo é gerar uma turbulência nesse ponto,circular o vento, e retirar a massa e o calor dedentro da estufa. Assim é possível alterar o mi-croclima – abaixar a temperatura e a umidade, deacordo com a necessidade de cada cultura.

Outras regiõesO Nordeste é uma região privilegiada para o

plantio de hortaliças em cultivo protegido. Cen-tros urbanos com grande potencial de consumoe ambiente seco, onde é mais fácil controlar aincidência de doenças. Região de baixa umida-de, o problema é a quantidade de energia con-centrada dentro da estufa . É necessário, então,diminuir a quantidade de radiação para contro-lar a temperatura.

O meio a meio da região Centro-Oeste –clima meio quente, meio úmido e um regimebalanceado de chuvas, com seis meses secos – éa combinação ideal para a atividade agrícola.Neville exagera: “O Brasil Central é onde Deusconstruiu a casa dele”. A circulação atmosférica

também é boa, e o importante é controlar achuva no período primavera-verão. Algumasculturas, como a do pepino, terão uma ligeiradificuldade na época do frio, no outono-inverno,quando é necessário aumentar a temperaturanoturna com o chamado efeito estufa.

Além do mercado consumidor, Neville Reisressalta outro aspecto do cultivo protegido noCentro-Oeste. Ele considera o material genéticodisponível no mercado de boa qualidade.

No Sul, a tecnologia é usada em culturas queprecisam de calor na época do outono-inverno,quando a temperatura é baixa e a umidade éelevada. O modelo de estufa tem que ser escolhi-do com muito critério, principalmente nos ca-sos em que fazer suprimento de calor tornaria acultura economicamente inviável. A situação e omodelo mudam no verão, quando o Sul apresen-ta 14 ou 15 horas de dia claro, três ou quatrohoras a mais do que em outras regiões.

Na opinião de Neville, tudo isso comprovaque a pesquisa em cultivo protegido tem quecontinuar. Além disso, a indústria está semprelançando materiais no mercado, que exigemnovos estudos e adaptações.

Para escolher o plásticoO cultivo protegido foi introduzido no Brasil

pelos holandeses, na década de 50, na produçãode flores. Para hortaliças, o processo era consi-derado antieconômico. Os primeiros experimen-tos da Embrapa com hortaliças em cultivo pro-tegido foram feitos em 1980. De lá para cá,muito se mudou. Já é comum o uso de plásticoaditivado com substâncias químicas para que aplanta só receba a radiação que ela precisa. Háuma série de produtos que permitem o controlede microambiente: plástico polietileno de baixadensidade, plástico de PVC, policarbonato.Atualmente, o mais adequado às condições eco-nômicas do Brasil é o polietileno de baixa

Para o pesquisadorPara o pesquisadorPara o pesquisadorPara o pesquisadorPara o pesquisadorNeville Reis, o cultivoNeville Reis, o cultivoNeville Reis, o cultivoNeville Reis, o cultivoNeville Reis, o cultivoprotegido é umaprotegido é umaprotegido é umaprotegido é umaprotegido é umatecnologiatecnologiatecnologiatecnologiatecnologiaeconomicamenteeconomicamenteeconomicamenteeconomicamenteeconomicamenteviável para pequenosviável para pequenosviável para pequenosviável para pequenosviável para pequenose grandese grandese grandese grandese grandese m p r e e n d e d o r e se m p r e e n d e d o r e se m p r e e n d e d o r e se m p r e e n d e d o r e se m p r e e n d e d o r e s

FOTO HELVECIO MATTANA SATURNINO

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 11

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densidade, aditivado contra radiação ultravio-leta para ficar mais resistente.

Ao adquirir o produto, devem-se considerartrês medidas – a espessura, a largura e o compri-mento. Com relação à espessura, há plásticos de75, 100, 120 e 150 micra (cada mícroncorresponde à milésima parte do milímetro). Nalargura, há faixas de um, dois e 12 metros. E nocomprimento, a bobina vai de 100 metros, amais procurada, até 500 metros. Em váriospaíses do mundo, e também no Brasil, existemcomitês para controle de qualidade das propri-edades físicas do plástico colocado no mercado– elasticidade, permeabilidade (a gás), proprie-dades térmicas.

TreinamentoSegundo Neville Reis, tem aumentado o nú-

mero de consultas que chegam à Embrapa Hor-taliças sobre cultivo protegido. E a empresatreina empresários, agrônomos, professores deescolas técnicas e de universidades. Periodica-mente, técnicos de países da África e da AméricaLatina fazem cursos sobre a atividade.

Em dezembro do ano passado, enquanto umgrupo de nicaraguenses era treinado, técnicos eprodutores de vários Estados do Brasil faziam ocurso sobre gotejamento, fertirrigação e cultivoprotegido de hortaliças. Gilberto Capelesso veiode Phoenix, a 60km de Palmas, Tocantins, ondejá produz soja e milho e vai entrar agora comfruticultura e cultivo protegido de hortaliças.Ele vai montar também cinco estufas dehidroponia, para produzir almeirão, alface ecebolinha pelo sistema flooting.

Capelesso trouxe junto com ele o agrônomoque orienta seu projeto de expansão, o chilenoCarlos Aparício, que tem na bagagem 20 anos deexperiência em Israel, Chile, Itália e Argentina.

Eles pretendem começar com 20 estufas, demil metros quadrados cada uma, até chegar a100 estufas. Está entrando na atividade de peitoaberto porque tem certeza da comercialização.Ele conta que as hortaliças vendidas em Palmasvêm de São Paulo e de Goiânia. Um produto demá qualidade, agravado pelos problemas dadistância e do transporte. Apenas um supermer-cado da cidade compra 5 mil pés de alface porsemana.

Outro fator que pesou na decisão é a possibi-lidade de produção contínua, durante todo oano, e a produtividade do cultivo protegido,segundo ele, cinco vezes maior que a de campo.

As agrônomas Edilene Cambraia Soares eSilvia Petillo vieram de Manaus. São ligadas aoInstituto de Desenvolvimento Agropecuário doEstado do Amazonas (Idam), órgão de assistên-cia técnica e extensão rural. Em Iranduba,Edilene trabalha com 84 produtores de pimen-tão. E Silvia presta assistência técnica em Pre-sidente Figueiredo, o maior produtor de açúcarda região e que está começando a implantarpimentão, alface e cheiro-verde em cultivo pro-tegido.

Até há pouco tempo, a região recebia deoutros Estados toda a hortaliça que consumia.Ainda não é auto-suficiente, mas a relação dedependência começa a mudar. Segundo elas, ocultivo protegido, mesmo com a interrupção daatividade quando há inundação das várzeas,está dando certo na Amazônia. �

Várias instituiçõesVárias instituiçõesVárias instituiçõesVárias instituiçõesVárias instituiçõesestão envolvidas emestão envolvidas emestão envolvidas emestão envolvidas emestão envolvidas em

programas deprogramas deprogramas deprogramas deprogramas detreinamento comtreinamento comtreinamento comtreinamento comtreinamento com

cultivos protegidos.cultivos protegidos.cultivos protegidos.cultivos protegidos.cultivos protegidos.A Embrapa HortaliçasA Embrapa HortaliçasA Embrapa HortaliçasA Embrapa HortaliçasA Embrapa Hortaliçasé uma delas, atraindoé uma delas, atraindoé uma delas, atraindoé uma delas, atraindoé uma delas, atraindointeressados do Brasilinteressados do Brasilinteressados do Brasilinteressados do Brasilinteressados do Brasil

e do exteriore do exteriore do exteriore do exteriore do exterior

Edilene Soares eEdilene Soares eEdilene Soares eEdilene Soares eEdilene Soares eSilvia PetilloSilvia PetilloSilvia PetilloSilvia PetilloSilvia Petillovieram devieram devieram devieram devieram deManaus paraManaus paraManaus paraManaus paraManaus paraconhecer osconhecer osconhecer osconhecer osconhecer ossegredos dosegredos dosegredos dosegredos dosegredos docultivo protegidocultivo protegidocultivo protegidocultivo protegidocultivo protegido

FOTOS WASHINGTON L.C. SILVA

12 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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clima é a síntese dos elementos meteoro-lógicos contabilizados no tempo passado.Os elementos meteorológicos são: precipi-

tação (chuva), temperaturas (do ar e do solo), umi-dade (do ar e do solo), evaporação (do ar e do solo),evapotranspiração, vento (direção e velocidade),hidrometeoros (neve e granizo) e radiação solar(direta, difusa, global, líquida e fotossinteticamenteativa).

Radiação SolarDe todos os elementos meteorológicos, a radia-

ção solar é a mais importante. É oriunda demicroexplosões atômicas que ocorrem na periferiado sol e são transmitidas para o planeta Terra peloprocesso físico de radiação. Esse transporte daradiação é feito através de uma onda eletromagné-tica, de comprimento determinado, contendo emsua composição características físicas que determi-nam a sobrevivência na superfície da terra.

Comprimento de OndaComprimento de onda: é definido como o espaço

compreendido entre duas semisenóides (figura 1).

milésima parte do milímetro, 10-3mm; o nanôme-tro, correspondente à milionésima parte do milíme-tro, 10-6mm e o angstron, décima milionésima partedo milímetro, 10-7mm. A onda eletromagnética édividida em frações conhecidas como faixas deondas.

Quantitativamente, uma onda eletromagnética temum fluxo energético de 2 cal cm-2 min no topo daatmosfera terrestre, conhecida como constante solar.

Fatores que influenciam ocultivo protegido

Para alcançar os objetivos do cultivo protegidoe minimizar os efeitos negativos dos diferentesfatores que influem no desenvolvimento das plan-tas são necessários os seguintes questionamentos:• por que proteger as plantas?• proteger contra que fatores?• o que fazer para proteger?

O cultivo protegido, no caso das hortaliças comoum exemplo, tem por objetivo produzir em épocasou locais, onde as condições climáticas, principal-mente baixas temperaturas e chuvas, são desfavo-ráveis às plantas.

No manejo, para evitar as baixas temperaturas,as casas de vegetação têm a função estufa, ou seja,a temperatura interna mais elevada do que a exter-na. É por isso que é comum o uso da expressão“plantio em estufa”, que se diga de passagem não émuito adequada.

Por outro lado, a casa de vegetação terá funçãode guarda-chuva, quando o objetivo é proteger asplantas contra as chuvas.

Assim é que, nas Regiões Sul e Sudeste, as casasde vegetação, no inverno, têm função estufa e, noverão, função guarda-chuva. Nas demais regiões doBrasil, as casas de vegetação para o cultivo dehortaliças têm função guarda-chuva.

Para se alcançar tais objetivos, a escolha demodelo e a definição das dimensões (largura, com-primento e altura do pé-direito), do tipo do filme ouda tela devem-se basear nas condições climáticasdo local e nas exigências das espécies a seremcultivadas.

Uma visão geral sobre asoportunidades com os cultivos

protegidos diante dascondições climáticas do Brasil

NNNNNEVILLEEVILLEEVILLEEVILLEEVILLE V V V V VIANNAIANNAIANNAIANNAIANNA B B B B BARBOSAARBOSAARBOSAARBOSAARBOSA DOSDOSDOSDOSDOS R R R R REISEISEISEISEIS

NNNNNOZOMUOZOMUOZOMUOZOMUOZOMU M M M M MAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMAAKISHIMA

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O

As unidades físicas adotadas universalmentepara expressarem o comprimento de onda são omícron (plural = micra), que corresponde à

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – – – – – Comprimento de uma onda eletromagnéticaComprimento de uma onda eletromagnéticaComprimento de uma onda eletromagnéticaComprimento de uma onda eletromagnéticaComprimento de uma onda eletromagnética

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 13

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14 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

A má-definição desses parâmetros pode propici-ar condições contrárias às desejadas. Assim, é co-mum observar a temperatura interna das casas devegetação alcançar índices muito acima do deseja-do, influenciando negativamente no desenvolvi-mento das plantas e provocando estiolamento,fototropismo, má-floração, abortamento das flores,má-frutificação, frutos deformados, deficiênciasnutricionais ou até a salinização do solo.

Outros fatores climáticos que influenciam omicroclima interno da casa de vegetação são: adireção e a velocidade dos ventos e a incidênciada radiação solar. Para minimizar esses proble-mas, é necessário fazer a escolha adequada dolocal e da posição do eixo longitudinal da casa devegetação.

A poeira que se acumula sobre o filme de plás-tico influi na transmissão da radiação solar e naintensidade luminosa, afetando negativamente nodesenvolvimento das plantas. Esse problema podeser resolvido com a lavagem ou substituição dofilme.

A escolha dos artifícios depende do estudo dascondições locais, o que permite dizer que “cadacaso é um caso” na forma de fazer a proteção.

No cultivo protegido, também pode-se econo-mizar insumos como fertilizantes, água, energia eagrotóxicos, manejando adequadamente o ambien-te e as plantas. Ao trabalhar em um ambiente maisagradável, o operário também apresenta maior pro-dutividade.

Sistemas de produção emcultivo protegido

De modo geral, os fatores adversos que podeminfluir no cultivo das hortaliças são as baixas tem-peraturas, chuvas e ocorrência de pragas e doen-ças.

Para esses problemas recorre-se ao cultivo emcasas de vegetação com teto, laterais, frente e fundode filme de plástico, inadequadamente conhecidocomo “plantio em estufa de plástico”

Quando plantado no solo, este serve para fixa-ção da planta e de fonte de água e nutrientes.

O plantio sem solo pode ser feito com ou semsubstrato.

No cultivo sem solo e com substrato, este écolocado em contentores de diferentes formas etamanhos, onde são também plantadas as mudas.

No cultivo sem solo e sem substrato, as plantassão colocadas nos contentores da água ou da solu-ção nutritiva. Estes contentores podem ser canais,calhas, tubos ou piscina. Sobre estes contentorescolocam-se placas de isopor ou filme plástico comfuros, onde serão colocadas as mudas. Os furosdevem ser feitos no espaçamento adequado para aespécie a ser cultivada.

A hidroponia é um sistema de cultivo em am-biente protegido.

Implantação das culturas nascasas de vegetação1 .1 .1 .1 .1 . CULTIVO NO SOLOCULTIVO NO SOLOCULTIVO NO SOLOCULTIVO NO SOLOCULTIVO NO SOLO

a) Devido ao uso intensivo do solo, verificar sehá necessidade de descompactação,dessalinização ou de desinfecção;

b) qualquer que seja a cultura a ser implanta-da, o preparo do solo deve ser feito comaração, gradagem e construção de cantei-ros;

c) fazer a correção da fertilidade com base naanálise do solo. A distribuição do corretivo,da matéria orgânica e de fertilizantes deveser feita a lanço e incorporada;

d) qualquer que seja a espécie a ser cultivada,a implantação deve ser por transplantio demudas; o espaçamento entrelinhas e na li-nha também deve ser de acordo com a espé-cie a ser cultivada;

e) irrigação recomendável é a localizada (goteja-mento), com possibilidade para fertirrigação;

f) para as espécies que necessitam detutoramento, fazê-lo na vertical;

g) mesmo na casa de vegetação, pode-se fazer,com vantagens, a cobertura do solo comfilme plástico preto ou de dupla face;

h) o manejo das pragas deve ser feito commonitoramento constante das plantas;

l) o manejo do solo para reduzir riscos decompactação, salinização e infecção.

2 .2 .2 .2 .2 . CULTIVO SEM SOLO COM SUBSTRATOCULTIVO SEM SOLO COM SUBSTRATOCULTIVO SEM SOLO COM SUBSTRATOCULTIVO SEM SOLO COM SUBSTRATOCULTIVO SEM SOLO COM SUBSTRATONo cultivo por este sistema, os principais pontosa serem observados são:– qualidade do substrato;– quantidade do substrato;– forma e capacidade dos contentores do subs-trato.

O substrato pode ser inerte ou enriquecido. Osubstrato enriquecido pode ser adquirido oupreparado na propriedade. Neste caso, faz-seuma mistura de uma porção de esterco de gado,composto ou húmus com duas porções de terra.Para que esta mistura mantenha uma boa estru-tura, adiciona-se casca de arroz carbonizada naproporção de 20% a 30% do volume. É recomen-dável também a adição de 2,0 a 2,5kg de umadubo fosfatado por metro cúbico da mistura.

Esse substrato deve ter boa porosidade, altacapacidade de retenção de umidade, baixa den-sidade, não estar contaminado com sementesou outros organismos, ser de baixo custo, per-mitir desinfecção, reciclagem ou reutilização.

O substrato é colocado em contentores de diver-sas formas e tamanhos, como canais, calhas,tubos, vasos, sacos plásticos e devem ter dimen-sões adequadas de acordo com o tipo e volumedo sistema radicular da planta a ser cultivada.

14 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 15

No caso de utilizar um substrato inerte, o forne-cimento de água e de nutrientes é feito porirrigação e fertirrigação ou pela aplicação desolução nutritiva. Este caso confunde-se com osistema da hidroponia.

O plantio e a condução da cultura são semelhan-tes aos de outros sistemas de produção. O ho-mem pode ter mais controle do ambiente eprogramar melhor as atividades, com maiorracionalidade na utilização dos fatores de pro-dução.

3 .3 .3 .3 .3 . HIDROPONIAHIDROPONIAHIDROPONIAHIDROPONIAHIDROPONIAA hidroponia consiste em cultivar plantas semsolo, em ambiente protegido, onde o forneci-mento de água e de nutrientes é feito através dacirculação de uma solução nutritiva completa.

A solução nutritiva é forçada a circular de umreservatório para os contentores, onde estão asplantas, para manter suas raízes constantemen-te molhadas.

De modo geral, a hidroponia é feita sem substra-to, mas pode ser conduzida com ele e, nestecaso, o substrato deve ser completamente iner-te, para não intervir na composição da soluçãonutritiva.

Os contentores das plantas podem ser canais ousulcos no solo e revestidos, para não haverinfiltração da solução nutritiva, ou calhas, tu-bos, piscinas ou montados em bancada.

Quando a solução nutritiva é bombeada do re-servatório para os contentores e não retorna aoreservatório, o sistema é chamado aberto. Quan-do a solução nutritiva é bombeada para oscontentores e após circular entre as raízes dasplantas retorna para o reservatório, o sistema échamado fechado.

Em geral, a condução das plantas cultivadaspelo sistema de hidroponia é bastante seme-lhante aos outros sistemas.

Balanço de radiação nointerior da casa de vegetação

A radiação solar ao atingir o telhado da casa devegetação sofre vários desvios, conforme indicadopelas setas da Figura 2:a) aproximadamente, 30 % da radiação solar direta

é refletida pelo plástico que cobre a casa devegetação na forma de radiação de ondas curtas;

b) da radiação transmitida na direção do interiorda casa de vegetação, aproximadamente entre5% e 30% (dependendo do material utilizado nacobertura) são absorvidos pela cobertura daestufa na forma de ondas curtas, convertendo-as, posteriormente, em ondas longas e transmi-tindo-as para o interior da casa de vegetação,constituindo a chamada radiação difusa;

c) outra parte da radiação solar, que penetra naestufa na forma de radiação de ondas curtas, éconhecida como radiação direta;

d) a soma da radiação solar direta mais a radiaçãosolar difusa constitui a radiação global;

e) a radiação global de dentro da estufa tem por-ções utilizadas no processo de aquecimento desolo, constituindo a componente de solo;

f) parte deste componente de solo é refletida naforma de ondas longas para o interior da estufa,constituindo a componente do calor sensível,utilizado no processo de aquecimento internoda estufa e das plantas;

g) outra parte da radiação global (mais de 90%) éutilizada no processo da evaporação das águas dosolo da estufa e das águas transpiradas da super-fície das folhas das plantas (evapotranspiração),constituindo a componente de calor latente;

h) o vapor d’água do interior da casa de vegetação,em contato com a face interna do material decobertura desta estufa, é resfriado e condensa,voltando ao estado líquido, liberando calor;

i) todo o calor gerado durante as horas mais quen-tes do dia, durante a noite, quando em contatocom a face interna do material de cobertura,que geralmente tem diferencial de temperaturamaior do que a sua face externa, é transmitidopara o exterior por condução;

j) os percentuais de radiação envolvidos no balan-ço de radiação interna de uma casa de vegetaçãoocorrem em função de uma série de fatores, entreos quais destaca-se o tipo de material utilizado nacobertura, o modelo, altura do pé-direito, o tipode efeito utilizado (estufa ou guarda-chuva),o formato do telhado, a orientação cardeal damontagem (direção da estufa em relação aospontos cardeais), vento (velocidade e direção),estação sazonal do ano, do tipo de cultura olerícolae do uso ou não de quebra-vento.

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – – – – – Balanço de radiação no interior da casa de vegetaçãoBalanço de radiação no interior da casa de vegetaçãoBalanço de radiação no interior da casa de vegetaçãoBalanço de radiação no interior da casa de vegetaçãoBalanço de radiação no interior da casa de vegetação

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 15

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16 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

A onda eletromagnética é dotada de característicasquantitativas e qualitativas. Define-se como caraterísti-cas quantitativas o total do fluxo luminoso e energéticocontido em toda a extensão da onda eletromagnética,independentemente da faixa de onda. Característicasqualitativas são aquelas existentes tanto com relaçãoao fluxo luminoso quanto ao valor energético distribu-ído por faixas de onda.

Quantitativamente, uma onda eletromagnética tem umfluxo energético de 2 cal cm- 2 min no topo da atmosferaterrestre, conhecida como constante solar.

Qualitativamente, a onda eletromagnética é caracteri-zada em função das qualidades inerentes a cada faixade onda. Observa-se, pela Figura 3 que a faixa de ondaentre 0 e 360 nm é a faixa da radiação ultravioleta,inefetiva ao processo fotossintético da planta; a faixade 360 a 390 nm é dominado pelo violeta, utilizável na

destruição de alguns tipos de fungos; a faixa de 420 a490 nm é a do azul, área de intenso fototropismo e defotossíntese; entre 490 e 535 nm domina a faixa doverde, totalmente inefectivo no processo defotossíntese; entre 535 e 586 nm é a faixa do amarelo,área de reação fotoperiódica (incremento na germina-ção de sementes); de 586 a 647 nm é a faixa do laranja,incremento de 25% no processo de fotossíntese; de647 a 760 nm encontra-se a faixa do vermelho, incre-mento de até 90% no processo de germinação desementes e pique de eficiência relativa de fotossíntesede 75%; entre 760 a 810 nm é a faixa do infravermelho,faixa de temperaturas que prejudicam a germinaçãodas sementes. A radiação entre 0 e 3.500 nm é a chama-da radiação de ondas curtas. A radiação entre 360 e760 nm é conhecida como radiação fotossinteticamen-te ativa (RFA) , onde o fluxo luminoso é conhecidocomo luz do visível.

Casas de vegetaçãoO instrumento de proteção ambiental para

produção de plantas como hortaliças, flores ououtros produtos congêneres é a casa de vegetação(greenhouse), que, por definição, é a estruturaconstruída a partir de diversos materiais comomadeiras, concreto, ferro doce, ferro galvanizado,duralumínio etc., cobertos com materiais transpa-rentes que permitam a passagem da luz solar paracrescimento e desenvolvimento das plantas.

A utilização desta estrutura pode ser de cará-ter parcial, como, por exemplo, só a cobertura, aoque se dá o nome de guarda-chuva, ou, então, detodo o potencial que a estrutura oferece paraproteção das plantas contra a presença de parâ-metros meteorológicos, como a precipitação e ascortinas laterais para geração e aprisionamentodo calor. Neste caso, utiliza-se o efeito estufadesta estrutura, sendo esta a justificativa, emnível nacional, para o termo estufa, mesmo quan-do restrita à proteção das culturas ou ao efeitoguarda-chuva da estrutura.

16 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

QUALIDADEDA LUZ

As casas de vegetação podem ser classificadas,com relação ao controle dos parâmetros meteoro-lógicos, em climatizadas, semiclimatizadas e não-climatizadas. As climatizadas são aquelas quepossuem mecanismos elétricos, eletrônicos e me-cânicos de acionamento automático para controlede temperatura, umidade relativa e luz e fazemuso de energia transformada em suas atividadesnormais. Seu emprego depende de uma explora-ção economicamente rentável e elevada e este tipode estufa para produção de hortaliças é, até apresente fase de nosso desenvolvimento econômi-co, inviável sendo sua utilização restrita a institui-ções de pesquisas ou a países de economia extre-mamente estável, como o Japão por exemplo.

As semiclimatizadas são estufas dotadas decerto grau de automação, quanto ao controle detemperatura, umidade e luz, também inviáveis,economicamente, para produção comercial dehortaliças.

As não-climatizadas são as que reúnem viabi-lidade econômica e podem ser utilizadas em pro-cesso de exploração comercial para produção de

FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3 – – – – –

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 17

Casa de vegetação modelo CAPELACasa de vegetação modelo CAPELACasa de vegetação modelo CAPELACasa de vegetação modelo CAPELACasa de vegetação modelo CAPELA

Casa de vegetação modelo TETO EM ARCOCasa de vegetação modelo TETO EM ARCOCasa de vegetação modelo TETO EM ARCOCasa de vegetação modelo TETO EM ARCOCasa de vegetação modelo TETO EM ARCO

Casa de vegetação modelo TÚNEL FORÇADOCasa de vegetação modelo TÚNEL FORÇADOCasa de vegetação modelo TÚNEL FORÇADOCasa de vegetação modelo TÚNEL FORÇADOCasa de vegetação modelo TÚNEL FORÇADO

Casa de vegetação modelo TETO CONVECTIVOCasa de vegetação modelo TETO CONVECTIVOCasa de vegetação modelo TETO CONVECTIVOCasa de vegetação modelo TETO CONVECTIVOCasa de vegetação modelo TETO CONVECTIVO

FOTOS NEVILLE V. B. REIS

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 17

hortaliças e flores; não possui nenhum tipo deequipamento que utilize energia transformadaestá condicionada à aplicação de transformaçãode fatores físicos da própria natureza do ambiente.

Com relação ao formato das estruturas, elassão classificadas em diferentes modelos, sendodescritos a seguir aqueles mais utilizados no país:1. Modelo Capela2. Modelo Teto em Arco3. Modelo Londrina, de Uma Só Água ou Lean-to4. Modelo Dente-de-serra5. Modelo Túnel Forçado6. Modelo Túnel Alto7. Modelo de Convecção Forçado �

Casa de vegetação modelo DENTE-DE-SERRACasa de vegetação modelo DENTE-DE-SERRACasa de vegetação modelo DENTE-DE-SERRACasa de vegetação modelo DENTE-DE-SERRACasa de vegetação modelo DENTE-DE-SERRA

Casa de vegetação modelo LONDRINACasa de vegetação modelo LONDRINACasa de vegetação modelo LONDRINACasa de vegetação modelo LONDRINACasa de vegetação modelo LONDRINA

Casa de vegetação modelo TÚNEL ALTOCasa de vegetação modelo TÚNEL ALTOCasa de vegetação modelo TÚNEL ALTOCasa de vegetação modelo TÚNEL ALTOCasa de vegetação modelo TÚNEL ALTO

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18 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

s plantas dentro de ambientes fechadosbeneficiam-se das condições ideais ofe-recidas por esse tipo de ambiente, para

ter um melhor desenvolvimento e maior produ-ção. Com isso, a aplicação de água e fertilizantestorna-se um fator determinante para que o pro-dutor obtenha sucesso em seu empreendimento.Se culturas que são exploradas em campo abertoe estão sujeitas a chuvas necessitam de irrigaçãode forma complementar, é óbvio que culturasexploradas nestes tipos de ambientes vão exigir ouso obrigatório da irrigação. Plantas cultivadasem ambientes fechados estão em um estado mui-to delicado e dessa forma a margem de lucropode ser rapidamente perdida, se operações demanejo forem mal realizadas. A mão-de-obrautilizada em sistemas de irrigação com operaçãomanual e a mortandade de plantas, por excessoou falta d’água, podem-se transformar em custoelevado para o agricultor. O sucesso na utilizaçãode um sistema de irrigação para ambientes fe-chados, que tenha durabilidade e confiabilidade,depende não só da qualidade do projeto, mastambém do manejo apropriado das operações deirrigação.

Sendo a irrigação uma atividade obrigatória eintensiva em ambientes protegidos e quase sem-pre acontecendo diariamente, é necessário que oagricultor tenha algumas precauções no planeja-mento do uso da técnica e cuidados durante a suaoperação, para que o retorno financeiro espera-do seja alcançado com sucesso. Neste texto serãoabordados alguns aspectos considerados impor-tantes na irrigação realizada em ambientes pro-tegidos, os quais devem ser uma preocupaçãopara aqueles que desejam explorar esse tipo deatividade agrícola.

Uso e manejoda água de irrigação

Pode-se definir manejo de irrigação como aarte de saber ligar o equipamento de irrigação nomomento certo, evitando que a planta sofra porfalta d’água, deixando-o em operação por umtempo suficiente que não prejudique a culturacom excesso de água. Pode-se dizer que manejocorreto de irrigação é colocar a quantidade deágua requerida pela planta no momento em queela precisa.

Uso da irrigação emambientes protegidos:

cuidados e atenções

RRRRROBERTOOBERTOOBERTOOBERTOOBERTO T T T T TESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAF

ENGENHEIRO AGRÍCOLA, PH.D. EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, PROFESSOR TITULAR DA FEAGRI/UNICAMP

CP 6011, CEP 13083-970, CAMPINAS SP - FONE: (019) 3788-1024, FAX: (019)3788-1010 - EMAIL: [email protected]

A práticA práticA práticA práticA prática da agra da agra da agra da agra da agriculturiculturiculturiculturicultura em ambienta em ambienta em ambienta em ambienta em ambienteseseseses

prprprprprotototototegidos ou fegidos ou fegidos ou fegidos ou fegidos ou fechados techados techados techados techados tornou-se umaornou-se umaornou-se umaornou-se umaornou-se uma

altaltaltaltalternativernativernativernativernativa de pra de pra de pra de pra de prooooodução de fácil acdução de fácil acdução de fácil acdução de fácil acdução de fácil aceitaçãoeitaçãoeitaçãoeitaçãoeitação

pppppelos agrelos agrelos agrelos agrelos agriculticulticulticulticultorororororeseseseses,,,,, p p p p por demonstror demonstror demonstror demonstror demonstrararararar

prprprprprincipalmentincipalmentincipalmentincipalmentincipalmente viabilidade ece viabilidade ece viabilidade ece viabilidade ece viabilidade econômiconômiconômiconômiconômica,a,a,a,a,

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qualidadequalidadequalidadequalidadequalidade,,,,, uso r uso r uso r uso r uso racional de pacional de pacional de pacional de pacional de pequenas árequenas árequenas árequenas árequenas áreaseaseaseaseas,,,,,

baixa demanda hídrbaixa demanda hídrbaixa demanda hídrbaixa demanda hídrbaixa demanda hídricicicicica,a,a,a,a, melhor c melhor c melhor c melhor c melhor colooloolooloolocccccação doação doação doação doação do

prprprprprooooodutdutdutdutduto no mero no mero no mero no mero no mercccccadoadoadoadoado,,,,, entr entr entr entr entre outre outre outre outre outras vas vas vas vas vantagensantagensantagensantagensantagens.....

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FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – – – – – Esquema de perdas de água queEsquema de perdas de água queEsquema de perdas de água queEsquema de perdas de água queEsquema de perdas de água queocorrem no processo de irrigaçãoocorrem no processo de irrigaçãoocorrem no processo de irrigaçãoocorrem no processo de irrigaçãoocorrem no processo de irrigação

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 19

Uma instalação típica de floricultura em estu-fas utiliza aproximadamente 4 mil m3 de água porhectare11111, por ano, enquanto a produção de horta-liças usa quase o dobro disto, ou seja, entre 7 mile 8 mil m3 de água por hectare, por ano. As perdasde água devido à drenagem ou lixiviação podemsignificar de 10% até 40% do total de água apli-cada, a depender do tipo de sistema de irrigaçãoutilizado.

A Figura 1 mostra um esquema representati-vo das principais perdas de água que podemocorrer na irrigação de ambientes fechados. Oexcesso de água aplicado pela irrigação deixa azona radicular saturada, prejudicando o cresci-mento das plantas sensíveis à falta de aeração. E,com isso, o volume excedente se perde porpercolação carregando consigo os nutrientesaplicados. Quando a precipitação dos emissoresultrapassa a capacidade de infiltração do solo,acontece o escoamento superficial e, conseqüen-temente, a saturação da superfície do solo e oaparecimento de algas e liquens.

Existem opções tecnológicas para se reduzirou otimizar o consumo de água dentro de estufas.A melhor delas seria utilizar um manejo de irri-gação sensível aos requerimentos de água dacultura, mas isto seria inútil se o agricultor nãocontar com um sistema de irrigação bem projeta-do e com uma aplicação precisa da água.

Por exemplo, um controle automático de irri-gação por microprocessadores na irrigação porgotejamento pode reduzir substancialmente aaplicação excessiva de água e a lixiviação quepossa ocorrer. A Figura 2 mostra uma válvulahidráulica acionada por válvula solenóide, que éligada eletricamente a um controlador. Existetambém a possibilidade de realizar o manejo combase em parâmetros climáticos medidos por esta-ções meteorológicas, instalados dentro das estu-fas, ou pela evaporação diária que ocorre emtanques construídos para esse fim. O custo adici-onal desses sistemas é, na maioria das vezes,compensado pela economia de mão-de-obra, pelamelhor definição da freqüência de irrigação epela melhoria da eficiência do uso da água.

Algumas dessas perdas podem ser reduzidasatravés da instalação de um sistema de coleta deáguas escoadas ou percoladas no processo, que,posteriormente, recircularão de volta ao sistema.Um dos problemas na adoção desta técnica dereaproveitamento de águas é que agentespatogênicos e/ou produtos químicos tambémpoderão recircular pelo sistema, trazendo prejuí-zos à cultura. Nesse caso, o tratamento da água aser reutilizada poderá ser uma solução. A viabi-lidade do uso desses sistemas de reciclagem deveser avaliada em função de controlar a águalixiviada, aumentar a eficiência da adubação emelhorar o planejamento total do manejo daágua. Dessa forma, o monitoramento da qualida-de de água deve ser mais cuidadoso.

No caso de propriedades com baixa disponibi-lidade hídrica ou com necessidade de redução dademanda de águas superficiais ou subterrâneas, épossível usar a água de chuva como uma fontealternativa para irrigação de suas estufas. Paraisso, é necessário um reservatório com capacida-de de armazenar chuvas intensas, característicasda região aonde está localizada a propriedade.

Devido à criação de leis ambientais com séri-as punições, o agricultor não deve planejar autilização de nenhuma fonte de água para irriga-ção, se não tiver o direito legal de retirar o volumede água necessário para o cultivo. É precisoentrar em contato com a empresa ambiental doEstado e procurar informações de como obter odireito de outorga da água.

“Não adianta o agricultor possuir“Não adianta o agricultor possuir“Não adianta o agricultor possuir“Não adianta o agricultor possuir“Não adianta o agricultor possuir

um equipamento de irrigaçãoum equipamento de irrigaçãoum equipamento de irrigaçãoum equipamento de irrigaçãoum equipamento de irrigação

com tecnologias avançadas,com tecnologias avançadas,com tecnologias avançadas,com tecnologias avançadas,com tecnologias avançadas,

se ele não souber ligar e desligarse ele não souber ligar e desligarse ele não souber ligar e desligarse ele não souber ligar e desligarse ele não souber ligar e desligar

o sistema na hora certa”o sistema na hora certa”o sistema na hora certa”o sistema na hora certa”o sistema na hora certa”

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – – – – – Válvula automática que permite o controle paraVálvula automática que permite o controle paraVálvula automática que permite o controle paraVálvula automática que permite o controle paraVálvula automática que permite o controle paradiferentes setores na estufadiferentes setores na estufadiferentes setores na estufadiferentes setores na estufadiferentes setores na estufa

11111 4.000 m3/ha/ano significa 400 L/m2/ano ou 400 mm/ano

FOTO ROBERTO TESTEZLAF

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20 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Problemas ambientaisde contaminação

Como em cultivo protegido a existência deperdas de água pode ser significativa, assimtambém pode ocorrer a contaminação do meioambiente. Para determinar se existem problemasde contaminação através da água proveniente doescoamento superficial ou de lixiviação, avalia-ções temporárias devem ser realizadas. Análiseslaboratoriais de amostras coletadas das soluçõeslixiviadas e da água drenada de chuvas da áreadevem ser comparadas com a lista dos produtosquímicos utilizados na produção. A ResoluçãoConama no 20/1986 modificada pela Resoluçãono 274/2000, pode servir como padrão para de-terminar se as concentrações de contaminantespresentes na água de escoamento podem estaracima do limite permitido com potencial paracriar algum tipo de problema ambiental. EssaResolução dispõe sobre os limites estabelecidosda presença de diferentes contaminantes naságuas destinadas ao consumo humano, uso naagricultura, lazer e recreação (Conama, 2002).Devem-se tomar as providências cabíveis para seeliminar a presença destes contaminantes, sealgum problema sério for detectado.

Uma das possíveis formas de contaminação éo uso da quimigação (Fig. 3), que é definida comoo processo de injeção de produtos químicos atra-vés da água de irrigação. Esta técnica representaum risco elevado para as fontes de água, devidoao seu alto potencial de contaminação no caso deoperações incorretas ou de falhas no seu funcio-namento ou do sistema de irrigação, fazendo comque o líquido que deveria ser injetado pelo siste-ma retorne a sua fonte. Para evitar qualquerpossibilidade de contaminação pelo uso de qui-migação, sistemas de prevenção de retorno de

água devem ser utilizados no sistema de bombea-mento, como por exemplo: válvulas de retenção.

A utilização de técnicas para redução doconsumo de água pelo sistema de produção éuma das formas para diminuir a produção deprodutos lixiviados ou escoados e de evitar ocontato desses materiais com as fontes de água dapropriedade. Se forem usados pisos de concretoou qualquer outro material impermeável (Fig. 4)na estufa, será necessário utilizar um sistema decoleta da solução percolada e armazená-la emum reservatório específico. A água provenientedas calhas de drenagem das coberturas deve serarmazenada em separado evitando a contamina-ção por combustíveis, fertilizantes e outros pro-dutos químicos (pesticidas, fungicidas etc.). Asfontes de contaminação primária mais importan-tes são os sólidos, pesticidas, nitratos, amônia efósforo.

“Pesticidas, herbicidas, fungicidas e“Pesticidas, herbicidas, fungicidas e“Pesticidas, herbicidas, fungicidas e“Pesticidas, herbicidas, fungicidas e“Pesticidas, herbicidas, fungicidas e

inseticidas não podem ser aplicados atravésinseticidas não podem ser aplicados atravésinseticidas não podem ser aplicados atravésinseticidas não podem ser aplicados atravésinseticidas não podem ser aplicados através

da irrigação a não ser que o fabricanteda irrigação a não ser que o fabricanteda irrigação a não ser que o fabricanteda irrigação a não ser que o fabricanteda irrigação a não ser que o fabricante

tenha a aprovação dos organismos oficiaistenha a aprovação dos organismos oficiaistenha a aprovação dos organismos oficiaistenha a aprovação dos organismos oficiaistenha a aprovação dos organismos oficiais

para este tipo de aplicação”para este tipo de aplicação”para este tipo de aplicação”para este tipo de aplicação”para este tipo de aplicação”

FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3 – – – – – Sistema de fertirrigação com bombaSistema de fertirrigação com bombaSistema de fertirrigação com bombaSistema de fertirrigação com bombaSistema de fertirrigação com bombainjetora tipo pistãoinjetora tipo pistãoinjetora tipo pistãoinjetora tipo pistãoinjetora tipo pistão

FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4FIGURA 4 – – – – – Utilização de mantas deUtilização de mantas deUtilização de mantas deUtilização de mantas deUtilização de mantas deimpermeabilização em cultivo emimpermeabilização em cultivo emimpermeabilização em cultivo emimpermeabilização em cultivo emimpermeabilização em cultivo emvasos, para evitar a percolação devasos, para evitar a percolação devasos, para evitar a percolação devasos, para evitar a percolação devasos, para evitar a percolação deágua com produtos químicoságua com produtos químicoságua com produtos químicoságua com produtos químicoságua com produtos químicos

A contaminação do lençol freático pode ocor-rer por percolação, particularmente quando aestufa está localizada sobre solos permeáveis. Amaior preocupação é com os riscos causados àsaúde humana principalmente no que se refere àpresença de pesticidas e de nitratos na águapotável. A contaminação do lençol freático poroperação de estufas é inaceitável. O produtor

FOTOS ROBERTO TESTEZLAF

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 21

pode evitar esta contaminação selecionandocriteriosamente um local que contenha solosimpermeáveis. Quando uma análise textural dosolo indicar que o conteúdo médio de argilaexcede 15%, é possível afirmar que existem con-dições iniciais para utilizar este solo, evitando-sea contaminação do lençol freático. Tecnicamen-te, para assegurar que não vai ocorrer contami-nação do lençol, o solo deve ser impermeável(argilas homogêneas e compactadas).

A adoção de técnicas de manejo de irrigaçãoe de sistemas que minimizam a produção dasolução lixiviada pode reduzir os riscos de conta-minação do lençol. A reciclagem do produtolixiviado e percolado do sistema pode ser umaalternativa tecnológica para a solução desse pro-blema. A redução efetiva do volume lixiviadopode ser atingida com os seguintes procedimen-tos: aplicação da água de forma precisa e correta(duração e volume), escolha correta do substratoe aplicação dos fertilizantes em função da de-manda da cultura. O acompanhamento do pH eda condutividade elétrica da água de irrigação eda solução do solo possibilita a indicação dadisponibilidade de nutrientes à planta.

Plantas cultivadas em mesa que utilizam desubstratos adequados nos vasos podem fazer usode sistemas de mantas com ascensão capilar. Acriação de um meio saturado em mantas sintéti-cas ou naturais sobre a mesa permite que a águamovimente-se para o recipiente acima por ascen-são capilar (Fig. 6).

“A questão ambiental não pode ser“A questão ambiental não pode ser“A questão ambiental não pode ser“A questão ambiental não pode ser“A questão ambiental não pode seresquecida ou negligenciada peloesquecida ou negligenciada peloesquecida ou negligenciada peloesquecida ou negligenciada peloesquecida ou negligenciada peloagricultor, pois pode implicar emagricultor, pois pode implicar emagricultor, pois pode implicar emagricultor, pois pode implicar emagricultor, pois pode implicar em

um custo elevado no balanço final”um custo elevado no balanço final”um custo elevado no balanço final”um custo elevado no balanço final”um custo elevado no balanço final”

Equipamentos de IrrigaçãoA determinação da quantidade de água a ser

aplicada pela irrigação depende dos requeri-mentos de água das culturas a serem exploradasdentro dos ambientes protegidos. Se diferentesculturas forem rotacionadas dentro de um am-biente, ou se múltiplas culturas forem exploradassimultaneamente, o sistema de irrigação deve serprojetado para atender às necessidades hídricasde cada planta ou de uma cultura em diferentesestádios de desenvolvimento.

Vários tipos de equipamentos de distribuiçãode água estão disponíveis no mercado, contudosempre haverá um equipamento ótimo para cadasituação. Por exemplo, para o cultivo de vasospendurados, o sistema de gotejamento com umsistema de auto-compensação e baixa suscetibili-dade ao entupimento sempre trará excelentesresultados. Plantas cultivadas em canteiros po-der-se-ão beneficiar da irrigação por microspray(Fig. 5), aspersão convencional, irrigação porgotejamento e outros.

FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5FIGURA 5 – – – – – Utilização de irrigação por gotejamento em vasosUtilização de irrigação por gotejamento em vasosUtilização de irrigação por gotejamento em vasosUtilização de irrigação por gotejamento em vasosUtilização de irrigação por gotejamento em vasoscultivados em mesacultivados em mesacultivados em mesacultivados em mesacultivados em mesa

FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6FIGURA 6 – – – – – Sistema de irrigação por gotejamentoSistema de irrigação por gotejamentoSistema de irrigação por gotejamentoSistema de irrigação por gotejamentoSistema de irrigação por gotejamentoalimentando mantas de ascensãoalimentando mantas de ascensãoalimentando mantas de ascensãoalimentando mantas de ascensãoalimentando mantas de ascensãocapilarescapilarescapilarescapilarescapilares

Em muitas estufas aonde se faz propagaçãode mudas por enraizamento ou estaqueamento,tem-se usado com sucesso o sistema denebulização (Fig. 7). Este sistema mantém aumidade relativa próxima de 100% e permite oresfriamento evaporativo do ambiente e dasculturas.

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22 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Custos dos sistemas de irrigaçãoO Quadro 1 apresenta os custos comparativos

médios entre sistemas de irrigação utilizados emambientes fechados. São apresentados somenteos custos iniciais de investimento.

de aplicação obtidos nesse experimento. Um va-lor elevado da eficiência indica que pouca águafoi desperdiçada, enquanto um baixo valor mos-tra que o volume excessivo de água foi perdidoatravés da zona radicular, lavando e carregandoos nutrientes para fora do sistema.

Como se pode observar, a aspersão foi ométodo que apresentou a menor eficência, prin-cipalmente em razão do espaçamento adotadoentre os vasos, da superposição de lâminas dossprays, da restrição da folhagem das plantas àpenetração da água nos vasos e da percolação daágua através deles. Já o sistema de mesas inunda-das utilizou um método de coleta da água perco-lada de forma que podia reaproveitá-la nas irri-gações seguintes, apresentando, com isso, a maioreficiência (78%). Por outro lado, tanto a irrigaçãopor gotejamento como a irrigação por mantasapresentaram uma eficiência próxima de 50%.Isto significa que 50% da água foi perdida e nãoesteve disponível à planta.

FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7FIGURA 7 – – – – – O uso da nebulização favorece aO uso da nebulização favorece aO uso da nebulização favorece aO uso da nebulização favorece aO uso da nebulização favorece apropagação de mudas por enraizamento oupropagação de mudas por enraizamento oupropagação de mudas por enraizamento oupropagação de mudas por enraizamento oupropagação de mudas por enraizamento ouestaqueamentoestaqueamentoestaqueamentoestaqueamentoestaqueamento

Entretanto, é preciso saber que os sistemaspossuem também diferentes custos anuais deoperação e de manutenção, em função exatamen-te de suas características. Na prática, os custosreais de investimento poder-se-ão diferir dosvalores médios aqui apresentados, em função daárea a ser irrigada e dos valores locais de equipa-mentos e de acessórios.

A opção por sistemas de irrigação muito carose que trazem o potencial para automação domanejo não é garantia de sucesso econômico noempreendimento. O planejamento do uso dessessistemas deve ser muito bem realizado, princi-palmente na escolha do tipo de cultura que seráexplorado e dos riscos de obter o retorno finan-ceiro esperado dentro do investimento. Não sepode esquecer que quanto maior a complexidadedesses sistemas maior será a dependência pormão-de-obra especializada e treinada no uso de-les, em sua assistência técnica e na importação depeças de reposição.

CulturasCulturasCulturasCulturasCulturas Sistema de irrigaçãoSistema de irrigaçãoSistema de irrigaçãoSistema de irrigaçãoSistema de irrigação Custos iniciaisCustos iniciaisCustos iniciaisCustos iniciaisCustos iniciais

Flores (vasos) Gotejamento R$ 32,00/m2

Flores (canteiros) Microaspersão R$ 15,00/m2

Viveiros Nebulização R$ 64,00/m2

QUADRO 1 –QUADRO 1 –QUADRO 1 –QUADRO 1 –QUADRO 1 – Custos iniciais de investimento de sistemas deCustos iniciais de investimento de sistemas deCustos iniciais de investimento de sistemas deCustos iniciais de investimento de sistemas deCustos iniciais de investimento de sistemas deirrigação utilizados em ambientes fechadosirrigação utilizados em ambientes fechadosirrigação utilizados em ambientes fechadosirrigação utilizados em ambientes fechadosirrigação utilizados em ambientes fechados

Esse experimento comprova que, apesar daspropagandas de alguns fabricantes de equipamen-tos de irrigação, somente o sistema de irrigaçãonão é garantia de boas eficiências e de lucrativida-de para o agricultor. É preciso conhecimento eaplicação de tecnologias, para que uma atividadetão intensiva como o cultivo protegido ofereça osucesso econômico pretendido pelo produtor. �

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução no 20,

18 de junho de 1986. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/index.html. Acesso em 4 de março de 2002.

CLARK, G.A., C.D. STANLEY, e A.G. SMAJSTRLA. 1988.Microirrigation on Mulched Bed Systems: Components,System Capacities, and Management. Univ. of Fla., IFASBul. 245 Gainesville. 19 p.

CLARK, G.A., B. K. HARBAUGH, e C.D. STANLEY. 1994.Irrigation of container and field grown ornamentals: systemsand management guidelines. Univ. of Fla., IFAS Circular808. Gainesville.

NEAL, C. A., R. W. HENLEY, e F.S. ZAZUETA. 1995. Energyefficiency and water use of four greenhouse irrigation systems.Extension fact sheet (EES-118), IFAS, University of Florida,Gainesville, FL. 32611.

TESTEZLAF, R. Irrigação em Ambientes Protegidos. In: Encon-tro de Aplicação do Plástico na Agricultura, II, Campinas,1997. Resumos. Campinas: Faculdade de Engenharia Agrí-cola/UNICAMP, 1997. 100p. p.19-31.

FIGURA 8FIGURA 8FIGURA 8FIGURA 8FIGURA 8 – – – – – Eficiência nos sistemas de irrigaçãoEficiência nos sistemas de irrigaçãoEficiência nos sistemas de irrigaçãoEficiência nos sistemas de irrigaçãoEficiência nos sistemas de irrigaçãoutilizados em cultivos em vasosutilizados em cultivos em vasosutilizados em cultivos em vasosutilizados em cultivos em vasosutilizados em cultivos em vasos

8 08 08 08 08 07 07 07 07 07 06 06 06 06 06 05 05 05 05 05 04 04 04 04 04 03 03 03 03 03 02 02 02 02 02 01 01 01 01 01 0

00000

Eficiência (%)Eficiência (%)Eficiência (%)Eficiência (%)Eficiência (%)

Sistemas de irrigaçãoSistemas de irrigaçãoSistemas de irrigaçãoSistemas de irrigaçãoSistemas de irrigação

Aspersão

Gotejamento

Manta Capilar

MesasInundadas

Eficiência de aplicaçãoUm estudo realizado pela Universidade da

Florida (NEAL et al., 1995) comparou, experi-mentalmente, a utilização dos métodos de irriga-ção por gotejamento, mantas capilares, aspersãoe mesas inundadas, no cultivo de plantas emvasos. A Figura 8 mostra os valores de eficiência

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á pouco mais de três anos, os produtoresde tomate para indústria de Patos deMinas (MG), na região do Alto Paranaíba,

atingiam a média de 60 t/ha. Em 2001, espera-vam colher entre 80 e 82 toneladas. O resultadosuperou a expectativa, ou seja, a produção médiafoi de 91 t/ha.

O tomate tem destino certo, a UnileverBestfoods Brasil, indústria que opera na cidadedesde o início da década de 90. Para o gerente depesquisa da empresa, engenheiro agrônomo Leo-nardo Costa da Fonte, os bons resultados podemser creditados ao incremento da tecnologia.

A primeira mudança a ter impacto mais signi-ficativo foi a adoção de novas variedades. “Testa-mos híbridos de Israel e da Europa, mas pratica-mente 100% das variedades que usamos vêm daCalifórnia”, sintetiza Leonardo. Ele explica omotivo da importação. Enquanto o Brasil demo-ra mais de cinco anos para lançar uma variedade,países com tradição em tomate conseguem lan-çar por ano uma centena no mercado. A chancede conseguir um material de melhor qualidade éconseqüentemente muito maior.

Outro aspecto que dinamizou a atividade foi aseleção de produtores. A Unilever trabalha hojecom produtores que se adaptaram ao cultivo detomate. No geral, têm bom nível tecnológico etrabalham áreas grandes, média de 100 hectaresplantados/produtor, com a produção mecaniza-da do plantio à colheita. Mas foi a utilização demudas produzidas em cultivo protegido que trou-

xe vantagens adicionais para o sistema.O grande limite para a introdução de varieda-

des importadas – híbridos produzidos manual-mente – é o preço. A semeadura direta, processousado anteriormente, tornou-se arriscada. “Gas-tava-se muita semente com esse método, emtorno de 300 a 500 g/ha, a um custo de 400dólares”, informa Leonardo. “O risco era muitogrande. Se errassem na irrigação, ou se caísseuma chuva pesada, perdia-se tudo.”

Com a muda produzida em cultivo protegido,dependendo 100% da irrigação, puderam redu-zir a quantidade de sementes, passando a usarentre 120 e 150 g/ha. Houve ganhos também coma menor aplicação de defensivos, pois a mudaproduzida nesse sistema apresenta melhores con-dições fitossanitárias. Sem falar na economia deágua. “No período de 30 dias que a muda passa noviveiro, a redução é muito grande. Se estivessemusando a semeadura direta, os produtores preci-sariam irrigar 100% da área praticamente todosos dias, pelo menos na primeira semana, fase deemergência da planta”, explica o gerente de pes-quisa da Unilever.

Ele faz um cálculo rápido: durante uma sema-na, na fase de emergência da planta, cada pivô vaifazer no mínimo cinco irrigações, de 5mm cadauma. Para completar o primeiro mês, período emque a muda estaria no viveiro, seria necessárioirrigar mais 10mm ou 15mm. A soma chega a40mm de água, um exagero, quando comparadoscom o que se gasta no viveiro, em cultivo protegido.

HEm Patos de Minas,Em Patos de Minas,Em Patos de Minas,Em Patos de Minas,Em Patos de Minas,a produção dea produção dea produção dea produção dea produção demudas de tomate,mudas de tomate,mudas de tomate,mudas de tomate,mudas de tomate,100% irrigada em100% irrigada em100% irrigada em100% irrigada em100% irrigada emcultivos protegidos,cultivos protegidos,cultivos protegidos,cultivos protegidos,cultivos protegidos,possibilitou reduçãopossibilitou reduçãopossibilitou reduçãopossibilitou reduçãopossibilitou reduçãona quantidade dena quantidade dena quantidade dena quantidade dena quantidade desementes esementes esementes esementes esementes edefensivos, alémdefensivos, alémdefensivos, alémdefensivos, alémdefensivos, alémde economizar águade economizar águade economizar águade economizar águade economizar água

PRODUÇÃO DE MUDAS EMCULTIVO PROTEGIDO

viabiliza melhor o fluxo de matéria-prima para aindústria e a maior rentabilidade do uso da água

PRODUÇÃO DE MUDAS EMCULTIVO PROTEGIDO

viabiliza melhor o fluxo de matéria-prima para aindústria e a maior rentabilidade do uso da água

FOTO LEONARDO COSTA DA FONTE

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Ele cita mais uma vantagem: mudas sadiaspossibilitam um stand mais uniforme, difícil deobter com a semeadura direta. Segundo Leonar-do da Fonte, as mudas produzidas em Patos deMinas são bastante competitivas, quando compa-radas com as de outros países. Ele destaca que agrande contribuição das mudas foi viabilizar ouso do híbrido e que, só por isso, já justificaria asua adoção.

A muda em cultivo protegido também colabo-rou para que a indústria organizasse um cronogra-ma de plantio e de colheita, otimizando a absorçãode tomate pela fábrica. Com a temperatura contro-lada das estufas, pode-se uniformizar mais a se-qüência de plantio e o processo industrial.

Para manter o controle de todo o sistema, aempresa coordena a produção de mudas entre-gues aos produtores como insumo. “Nós compra-mos do viveirista e repassamos para o produtor”,explica Leonardo. Ele conta que, no início, aUnilever deu um grande apoio aos viveiristas,financiando parte dos custos de implantação dasestufas.

São quatro viveiros na região, o suficientepara atender à demanda. Têm infra-estruturasdiferentes, mas usam basicamente a mesma tec-nologia. Os três maiores produtores de tomateindustrial – Décio Bruxel, Airton Magni e InácioCarlos Urban – todos com áreas acima de 200hectares plantados, mantêm seus próprios vivei-ros. Na Agrotécnica Patense (Valoriza), PauloRoberto Caixeta Nascente e Israel Rosalin fazemmudas para os outros produtores.

Os números justificam o controle por parte daindústria. Com um stand de 30 mil mudas porhectare e uma área de 3.200 hectares, a empresaprecisa de pelo menos 96 milhões de mudas,escalonando a semeadura no viveiro e o trans-plantio. E deve estar preparada para emergênci-as. Se, por exemplo, um produtor não conseguepreparar a sua área, por causa de chuvas fortes,as mudas têm que ser transferidas para outroprodutor que esteja com a terra preparada oumesmo para uma área reserva. “O viveiro, emcultivos protegidos, nos permite coordenar issosem erros”, explica Leonardo da Fonte.

E ele aponta a vantagem final do uso demudas produzidas em cultivo protegido. Antes,com a semeadura direta, o plantio ia de março aofinal de maio. Com as mudas, puderam ampliaro ciclo em cerca de 30 dias. Agora plantam noinício de fevereiro, sem os riscos do excesso dechuva dessa época, até meados de junho. E fazema colheita no período seco do Cerrado, de junhoa setembro e parte de outubro.

“A estrutura industrial não pode trabalharcom capacidade ociosa. É preciso planejar asafra e organizar o plantio, para que os produto-

res entreguem o tomate na semana exata que aindústria precisa do produto, de acordo com acapacidade de processamento da fábrica”, pon-dera Leonardo.

Na linha do gotejamentoO Brasil é um dos poucos países onde a

irrigação por aspersão com pivô central é domi-nante na cultura do tomate. No início da décadade 90, logo que se instalou em Patos de Minas, aempresa começou a pesquisar o gotejo para ascondições da região. A tendência mundial dotomate para indústria é usar irrigação por sulcoou gotejamento. São sistemas capazes de criarum microclima mais adequado para a cultura,favorecendo o controle de doenças.

Os primeiros resultados com gotejamento, jáem 1994, foram animadores. Em áreas cultiva-das experimentalmente conseguiram produzirde 130 a 140 t/ha. Na época, a produção comer-cial, em áreas com irrigação por aspersão, compivô central, não passava de 70 t/ha. O potencialde aumento da produtividade era muito alto eprecisavam refinar os trabalhos comparandomelhor os sistemas de irrigação. O estado fitossa-nitário da cultura também agradou a direção daempresa. “Tínhamos uma incidência muito me-nor de doenças e, conseqüentemente, a possibili-dade de reduzir em cerca de 50% o uso dedefensivos – de inseticidas e principalmente defungicidas”, conta Leonardo da Fonte.

Mas tinha um obstáculo: o custo de implanta-ção do gotejo era praticamente o dobro do valor dopivô central. Como negócio, não fazia muito sen-tido para o produtor, e a empresa achou que nãovalia a pena investir em um processo tão caro.

Depois, redirecionou a linha de trabalho ecomeçou a fomentar o gotejo entre os produtores,chegando a implantar o sistema em 300 hectares.Comprava o equipamento e o repassava ao pro-dutor. O pagamento era em tomate. Mas o prazoprevisto de dois anos foi insuficiente e a maioriados produtores que aderiram ao projeto precisoude mais um ano para quitar o investimento.

“Na época, nós apenas substituímos o tipo deirrigação. As técnicas e os parâmetros utilizadoseram basicamente os mesmos. E quando passa-mos para a escala comercial, foi necessário entrarcom fertirrigação e um manejo de água maisadequado”, lembra Leonardo Costa da Fonte. Emum curto tempo, pouco mais de dois anos, elesconseguiram ajustar o sistema de produção detomates por gotejamento. E, atualmente, conse-guem produzir, em cultivos experimentais, de 160a 170 t/ha. “Mas já tivemos caso de até 190 t/ha.Isso nos faz refletir muito, quando deparamos comresultados de trabalhos experimentais do Brasil,

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onde os melhores tratamentos estão com produ-ções da ordem de 90 t/ha”, observa Leonardo.

Os resultados são bons também nas áreas deprodução comercial, chegando à faixa entre 130e 140 t/ha. Para o gerente de pesquisa da Unilever,com o gotejamento e os ajustes nos espaçamentospode-se obter em torno de 10 t/ha a mais do quenas áreas irrigadas por aspersão.

O próximo salto tecnológicoAs inovações tecnológicas implantadas em

Patos de Minas – uso de híbridos, mecanizaçãodo plantio e da colheita, redução do uso dedefensivos – possibilitaram ganhos de produtivi-dade e qualidade do tomate absorvido pela indús-tria. Leonardo da Fonte considera que a melhoriano manejo de água será a chave para o próximosalto tecnológico.

Ele lembra o início das pesquisas com goteja-mento na região. Para abaixar o custo de aquisiçãodo equipamento, a empresa começou a trabalharcom o SISTEMA DE RUAS DUPLAS – uma cintagotejadora entre duas linhas de plantas. São 5.500mde cintas gotejadoras por hectare. Mas os técnicosconstataram que era necessário ampliar o bulboformado pela água para atingir o sistema radicu-lar nas duas linhas. E isso exigia mais tempo deirrigação e maior quantidade de água (Fig. 1).

A partir deste ano, decidiram experimentar oSISTEMA DE RUAS SIMPLES, com um inter-valo de 1,40m entrelinhas, ampliando o númerode plantas por linha para manter o mesmo stand.O novo padrão de plantio possibilita uma irriga-ção localizada próxima à planta. São necessários6 ou 7 mil metros de tubos por hectare, o queencarece o custo de implantação do sistema.Mas, com isso, evita-se a perda de água porpercolação. Leonardo projeta uma economia de25% em relação ao consumo atual (Fig. 2).

Uma das preocupações da empresa desde quecomeçou a trabalhar com gotejamento era anecessidade de reduzir o uso de defensivos. Leo-nardo acredita que muita coisa ainda precisa serfeita nesse sentido e o caminho é a otimização douso da água.

Sem grandes sofisticações, o produtor já con-segue tecnificar um pouco mais o controle daágua. Usando um tensiômetro e um tanque Clas-se A, produtores da região já conseguiram ointervalo de irrigação de sete para dez dias.Segundo Leonardo da Fonte, isso significa umaeconomia de três ou quatro irrigações durante ociclo do tomate. E como as atividades são conju-gadas, conseqüentemente serão três ou quatropulverizações a menos.

Ele lembra que, no caso do tomate, a reduçãodo uso de defensivos é importante para diminuiros riscos para a saúde dos produtores e para

melhorar a qualidade do produto final. Se usarmenor quantidade de água, o produtor vai redu-zir a incidência de frutos mofados e aumentar oteor de açúcar do tomate (brix). Quanto maior obrix da matéria-prima, melhor para o produtor,que recebe prêmios, e melhor para a indústria,que melhora seu rendimento.

Leonardo Costa da Fonte acha necessáriomais pesquisas também na parte de fertirrigação.Até agora, nas áreas experimentais da UnileverBestfoods Brasil, em Patos de Minas, têm conse-guido boa produtividade com fertilizantes bási-cos como ácido fosfórico, nitrato de amônia ecloreto de potássio. É que ele só considera viávelo uso de fertilizantes caros em culturas de maiorvalor agregado. Segundo ele, no tomate paraindústria isso é inviável. “Nossos dados são empí-ricos; mesmo assim, não conheço ninguém quetenha conseguido a produtividade que alcança-mos aqui”, comenta. �

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• Irrigação mais localizada: bulbo menor• Uma cinta para cada linha, com intervalos de 1,40m;• Maior número de plantas na linha, para manter o mesmo stand: 30 mil/ha.

• O bulbo a ser irrigado prescisa ser maior;• Perde-se muita água por percolação;• Distância entre cintas gotejadoras: 1,80m.

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Quem fornece assementes importadas,de híbridos de tomate,é a Unilever BestfoodsBrasil, com uma desuas unidades indus-triais de polpa de to-mate, que absorve amatéria-prima de3.200 hectares daque-

la região. O contrato do viveiro com a empresafoi assinado em 1999. É uma parceria que temtrazido bons resultados para todos os segmen-tos envolvidos. A semeadura obedece a umalinha de produção, com equipamento importa-do da Itália, que é um país com tradição nestecultivo. Um dos sócios do viveiro, o agrônomoPaulo Roberto Caixeta, fez questão de visitar econhecer de perto este cultivo, antes de investirnele. Instalada em um ventilado galpão, juntoàs estufas, estão a manipulação e o controle dosmais importantes insumos. Trata-se de um tra-balho em que os princípios de qualidade totaldevem ser observados com o máximo rigor. Asbandejas de isopor previamente higienizadas eisentas de contaminações, entram nessa linhade montagem de forma mecanizada, uma emseguida da outra, recebendo o substrato, asemente, a cobertura e a primeira irrigação,copiosa, para serem empilhadas, manualmen-te, no mesmo galpão, por um período médio detrês dias, para a pré-germinação. Só aí sãolevadas para as estufas.

Dez dias após esse plantio, a germinaçãoestá concretizada. A irrigação, nesse período, éfeita normalmente de hora em hora, por mi-croaspersão. Em dias quentes, faz-se uma re-posição a cada meia hora. O intervalo de irriga-ção aumenta gradativamente depois da germi-nação, visando ao fortalecimento das raízes.No 20º dia, o corte é radical e a água volta a seraplicada cinco dias depois, já preparando amuda para o transplantio. Um trilho foi monta-do nos corredores das estufas, por onde deslizaum carrinho adaptado pelos próprios empre-endedores para fertirrigação, adubação foliare pulverização com defensivos.

Nesta atividade, a água é fundamental. Apropriedade tem uma pequena nascente e umpoço artesiano, insuficientes para atender àdemanda. O problema é agravado pela outorgade uso, bem abaixo da necessidade. O quetornou o empreendimento possível foi a capta-ção da água de chuva, feita em 16 das 32estufas. A água é armazenada em um fosso de2 mil m3 e possibilita a irrigação dos viveirosgeralmente até meados de maio. A nascente sóé usada durante três meses ao ano.

Se aprofundassem o fosso, Paulo Caixeta eo sócio, Israel Rosalin, poderiam aumentar acapacidade de armazenamento. Mas eles recei-am um possível desenvolvimento de algas emum período mais longo, o que tornaria a águainadequada para a irrigação. Eles ainda nãoquerem se preocupar agora em fazer aeraçãoou aplicar algicidas. A solução mais imediata é

MUDAS DE TOMATE EM CULTIVO PROTEGIDOa parceria que deu certo

São 32 estufas – um total de 14 mil m2, para produção demudas de tomate. A Agrotécnica Patense, a Valoriza, atende a20 produtores de tomate para indústria, que cobrem umaárea de 1.500 hectares em Patos de Minas (MG). Em númerosredondos, são 13.824 milheiros a cada 25 dias. A semeaduracomeça em 15 de janeiro e vai até o fim de maio. Ao todo, são69 milhões de mudas em cultivo protegido. O outrosignificativo ramo de negócios é o da produção de mudas decafé, em tubetes, inclusive com a enxertia.

O manejo daO manejo daO manejo daO manejo daO manejo dairrigação éirrigação éirrigação éirrigação éirrigação é

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FOTOS LEONARDOCOSTA DA FONTE

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construir um outro fosso, maior que o atual ecom tecnologia mais avançada.

As atividades do viveiro ultrapassam oslimites do cultivo de tomate para indústria.Através de outra razão social, os viveiristas daValoriza produzem mudas de hortaliças para ocinturão verde de Patos de Minas e outrascidades da região, como São Gotardo,Guimarânia, Lagoa Formosa, Paracatu e Presi-dente Olegário. Atendem a aproximadamente15 produtores, fornecendo mudas de váriasespécies e cultivares, como alface, agrião, re-polho, couve-flor, chicória, pimentão, jiló, qui-abo, almeirão, acelga.

Para o produtor dessas hortaliças, a tercei-rização dessa etapa proporciona benefícios ob-tidos com a escala e a especialização. Ele podecontar com mudas que têm condições paraserem melhores e mais baratas, abrindo-seespaço para um melhor gerenciamento dasetapas subseqüentes de produção e comercia-lização. “As instalações adequadas e a expe-riência contam pontos a nosso favor”, contaPaulo Caixeta. Para os viveiristas, a atividade,embora complementar, também é vantajosa,

apoio para prevenção à saúde, exames periódi-cos de audiometria e para detectar uma possí-vel contaminação por defensivos. Existe tam-bém um projeto preventivo de lesões por esfor-ço repetitivo (LER), com grande repercussãoentre os trabalhadores. Em horários previa-mente marcados, todos param e fazem ginásti-ca, coordenados por um profissional contrata-do especificamente para o projeto.

Os planos para o futuro são de expansão, éclaro. E aí entra mais uma vantagem do cultivoprotegido. Primeiro, a possibilidade de ampli-ar a variedade de mudas, o que já está aconte-cendo, segundo, abastecer o mercado regional.Já produzem mudas de essências florestais,nativas do Cerrado, ornamentais, eucalipto efruteiras, como coco e banana. Estão em per-manente procura por novas opções de plantaspara multiplicar nos viveiros, explorando-se osnichos de mercado. Nesse aspecto vale a penaconversar com o Geraldo, um dedicado e ob-servador gerente do viveiro, que se orgulha demostrar produtos provenientes de estratégicasobservações de plantas nas mais diversas situ-ações da cidade e redondezas.

“E depois, se não quisermos fazer mudas,podemos usar as estufas para produzir hortali-ças. Em um raio de 400 km, distância viávelpara transporte, podem-se abastecer os merca-dos de Belo Horizonte, Montes Claros e Brasília,além das grandes cidades do Triângulo Minei-ro, Uberaba e Uberlândia”, explica PauloCaixeta. E se por acaso a Unilever Bestfoodsinstalar-se em outra região? A resposta vemacompanhada por um largo sorriso: a estrutu-ra das estufas pode ser desmontada e instaladaem qualquer outro lugar, onde tiver mercado.

ocupando uma estratégica janela no fluxo decaixa da empresa. Fazem mudas de tomateintensivamente de janeiro a junho e de café, desetembro a dezembro. Em pequena quantida-de, as mudas de hortaliças ocupam a estruturado viveiro durante todo o ano. Ajudam a cobriros custos fixos da empresa, que emprega 28funcionários permanentes e aumenta o quadronos períodos de maior demanda, podendo che-gar a 40 empregados.

O trabalho contínuo beneficia também osempregados. Eles contam com programas de

Muda de alface de altaMuda de alface de altaMuda de alface de altaMuda de alface de altaMuda de alface de altaqualidade produzidaqualidade produzidaqualidade produzidaqualidade produzidaqualidade produzidaem cultivo protegidoem cultivo protegidoem cultivo protegidoem cultivo protegidoem cultivo protegido

Os viveiristas da Valoriza produzem mudas de hortaliças para o cinturão verde de Patos de MinasOs viveiristas da Valoriza produzem mudas de hortaliças para o cinturão verde de Patos de MinasOs viveiristas da Valoriza produzem mudas de hortaliças para o cinturão verde de Patos de MinasOs viveiristas da Valoriza produzem mudas de hortaliças para o cinturão verde de Patos de MinasOs viveiristas da Valoriza produzem mudas de hortaliças para o cinturão verde de Patos de Minas

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Seja qual for o equipamento utilizado – pivôcentral ou irrigação localizada, equipamentonovo ou com mais tempo de uso – o importanteé que ele tenha uma uniformidade elevada.Quem faz esse destaque é o engenheiro agríco-la Sérgio Zago, atuante nos negócios da irriga-ção em Patos de Minas. “Muitas vezes o produ-tor não dá a devida atenção à manutenção doequipamento, os dispositivos de aplicação deágua vão envelhecendo, perdem a sua caracte-rística técnica inicial e acabam com a uniformi-dade prejudicada”, argumenta Sérgio Zago.

Ele ressalta também a importância de ummanejo de irrigação adequado. E a presença deprofissionais qualificados para a sua implanta-ção. Ele acha que, por serem complexos, osmétodos de irrigação ainda exigem a participa-ção de pessoal especializado. E que, de modogeral, o agricultor não está habilitado a fazerisso sem acompanhamento de técnicos. Nãodominam os fundamentos básicos de movi-mento de água no solo, de relação solo/água/planta.

Mas reconhece que os produtores estãoincorporando tecnologia rapidamente e que oquadro vai mudar. “Planta-se hoje com umaprecisão muito maior do que se plantava nopassado. Em relação, por exemplo, ao espaça-mento de plantio e à qualidade da semente.Também pulveriza-se com uma precisão muitomaior. Já se usa equipamento de GPS acopladoao avião, para pulverizar uniformemente, e à

colheitadeira. O domínio da tecnologia vai che-gar também à irrigação”.

Esse estádio vai ser atingido na proporçãoem que aumentar o número de profissionais deagricultura – técnicos e engenheiros – no cam-po. Na opinião de Zago, as ferramentas para omanejo racional de irrigação estão disponíveise as pessoas têm que buscar a técnica. Eleacredita que fabricantes e vendedores de equi-pamento têm pouca interferência nesse cami-nho. “Não vai ser em um dia de campo que oagricultor vai aprender manejo de irrigação,daí a importância dos profissionais de agricul-tura fixos nas fazendas”, diz ele. “Porque otécnico agrícola, o engenheiro, eles têm consci-ência da necessidade do manejo racional e vãoprocurar os meios para executá-lo”.

Os produtores que fornecem tomate para aUnilever Bestfoods Brasil têm liberdade de esco-lha de equipamentos e fornecedores. Segundo ogerente de pesquisa agrícola da empresa, Leo-nardo Costa da Fonte, o agricultor recebe umalista com indicações de fornecedores reconheci-damente idôneos e discutem diretamente comeles o seu projeto. Mas a empresa eventualmentepresta assessoria nesta área, indicando o projetomais adequado para cada situação. “Há tubospara durar 15 anos e outros para serem usadosapenas durante uma safra”, justifica Leonardo.“Como o custo econômico é alto, tudo tem de sermuito bem estudado. A quantidade de variáveisanalisadas para se chegar ao custo final de umprojeto de irrigação é grande”.

Ele vê com bons olhos a qualidade do equi-pamento à venda no Brasil. As marcas disponí-veis no mercado nacional têm diferenças, massão equivalentes e têm o mesmo nível que as deoutros países. O que distingue, então, o produ-tor brasileiro é a dependência em relação aofornecedor, na fase de projeto e instalação.

Segundo Leonardo, lá fora o produtor sabeprojetar, sabe o que quer. Diversifica os forne-cedores – compra o filtro de uma empresa, ogotejador de outra – e monta o próprio projeto.A responsabilidade pelo projeto é dele. No Bra-sil, compra-se o projeto como um todo e quemse responsabiliza pelo pacote geralmente é avendedora do tubo gotejador. E quando surgequalquer problema, ela é cobrada pelo produ-tor e nem sempre está em condições de dar umaresposta positiva. Não se responsabiliza, porexemplo, por um filtro que não produziu.

Leonardo pondera que, quando dominar amontagem do projeto, o produtor brasileiroterá mais condições de executar um manejoracional de irrigação.

MANUTENÇÃO DOEQUIPAMENTO

um detalhe essencial

O domínio da montagem de um projeto dá ao produtor melhoresO domínio da montagem de um projeto dá ao produtor melhoresO domínio da montagem de um projeto dá ao produtor melhoresO domínio da montagem de um projeto dá ao produtor melhoresO domínio da montagem de um projeto dá ao produtor melhorescondições para um manejo racional da irrigaçãocondições para um manejo racional da irrigaçãocondições para um manejo racional da irrigaçãocondições para um manejo racional da irrigaçãocondições para um manejo racional da irrigação

FOTO WASHINGTON L. C. SILVA

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reviravolta na produção de mudas emcontainer começou em Marília, no interiorde São Paulo, em 1984. Agrônomos da Co-

operativa dos Cafeicultores da Região de Marília(Coopemar) buscavam uma forma de não utilizarterra na produção de mudas. O objetivo era evitar acontaminação, principalmente por nematóides.

No início, tentaram produzir mudas à seme-lhança de eucalipto em substrato, utilizando bande-jas de isopor. A evolução para os tubetes aconteceudois anos depois, quando adaptaram o sistema paraprodução de mudas de café. Em função das neces-sidades da muda enxertada, com período de cinco aseis meses no viveiro, bem mais longo que a doeucalipto, a Coopemar passou a usar tubetes maio-res, de 120ml, e a diversificar os substratos, procu-rando os mais adequados.

Foram muitos os desafios. O maior, talvez, foi oequacionamento da fertilização dos substratos. Ogrande salto foi dado em 1994, com a utilização doosmocote, um fertilizante granulado de liberaçãolenta e controlada, importado dos Estados Unidoscom a formulação 15 -10 -10 + zinco. O osmocotelibera os nutrientes de forma balanceada, de acordocom a umidade e temperatura do recipiente. Issofaz com que a planta tenha disponibilidade denutrientes em todos as etapas de desenvolvimento,ganhando forças para enfrentar o impacto doestresse nutricional quando é levada para o campo.

Quem introduziu em Minas Gerais a produçãode mudas de café em tubetes foi a Valoriza SoluçõesAgrícolas, empresa do agrônomo Paulo RobertoCaixeta Nascente e do técnico agrícola IsraelRosalin, atuando em Patos de Minas (MG) desde1988. Segundo eles, o uso de substrato agrícola econtainer em cultivo protegido visa a melhoria daplanta, em termos de vigor e sanidade, e também ouso racional de água.

Atualmente, os substratos utilizados têm altacapacidade de retenção de água. A Valoriza usa acasca de pinus, produzida pela Eucatex, e umacobertura de isolantes térmicos vermiculita e perlita,exatamente para aumentar a capacidade de reten-ção. A combinação diminui a perda de água pelaevaporação e a variação da umidade, possibilitandomaior proteção para a semente. E a empresa come-ça a implantar a fibra de coco, da Socôco, com adiçãode turfa tratada. Segundo Rosalin, a fibra de cocotem mostrado no campo, em nível experimental, umbom desempenho em termos de retenção de água.

As mudas em substrato têm um volume quatroou cinco vezes menor que o sistema tradicional desaquinho, com o uso de terra pura. Acondicionadas

em bandejas, proporcionam grande flexibilidadeno manejo dentro da casa de vegetação e no trans-porte para o campo.

O sistema de tubetes exigiu uma adaptação detodo o processo. A semente fica durante 90 dias emum pré-germinador de areia, montado em estrutu-ra de alvenaria, até atingir o estádio de “orelha deonça”. Até aí, o grande volume de plantas concen-trado numa pequena área facilita a irrigação. Parase ter uma idéia da densidade, em média, os pré-germinadores têm um litro e meio de sementes – ocorrespondente a 2 mil sementes – por metro qua-drado. Depois de selecionadas, as plântulas sãoimplantadas em tubetes e levadas às casas de vege-tação. O aproveitamento médio é de 60%.

Com a experiência de quem já domina o siste-ma, Israel Rosalin destaca que, em termos de mão-de-obra, os métodos convencional e o de tubeteacabam se equivalendo. Na metodologia padrão,encher os saquinhos, semear – duas sementes porsaquinho – e desbastar são tarefas manuais. Mesmocom uma etapa a mais, o transplantio, o sistema detubetes acaba compensando, pois os containers sãoenchidos de forma mecanizada e não há necessida-de de desbaste posterior, como acontece no métodotradicional. Outra vantagem do transplantio é aseleção imediata de plântulas, o que permite umamelhor qualidade de muda, em termos de vigor esistema radicular.

Até ficar pronta para ir para o campo, o ciclo damuda de café em saquinhos, da semeadura aosurgimento do quarto par de folhas, é de 180 dias,

A revoluçãodos tubetes

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Mudas de caféMudas de caféMudas de caféMudas de caféMudas de caféem tubetesem tubetesem tubetesem tubetesem tubetesproporcionamproporcionamproporcionamproporcionamproporcionamflexibilidade noflexibilidade noflexibilidade noflexibilidade noflexibilidade nomanejo dentro damanejo dentro damanejo dentro damanejo dentro damanejo dentro dacasa de vegetaçãocasa de vegetaçãocasa de vegetaçãocasa de vegetaçãocasa de vegetaçãoe no transportee no transportee no transportee no transportee no transportepara o campopara o campopara o campopara o campopara o campo

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sob irrigação no viveiro. Com o método dos tubetes,a muda fica sob irrigação intensa apenas por 90dias, na fase de pré-germinação. De pronto, umaeconomia de 50% de água, intensificada pelas pe-quenas dimensões do pré-germinador. E, conse-qüentemente, uma redução no consumo de energia.

Rosalin não cai na armadilha da simplificação.Desvendar a produção em substrato é resultado deestudo e muita dedicação. “O tipo de substrato, otamanho do container, a quantidade de água aplica-da, o nível de insolação, tudo interfere na qualidadeda muda”, garante o técnico. Ele lembra que jáexistem substratos estabilizados e específicos paracafé, horticultura, ornamentais ou flores. Os fabri-cantes conseguiram avançar em relação à conduti-vidade elétrica, ao pH e à capacidade de retençãohídrica. Só a Eucatex oferece ao mercado cerca de30 classificações de substratos, próprios para dife-rentes tipos de cultura.

No cômputo final, a unidade da muda de tubetesai 50% mais cara para o produtor que a tradicional.Mas as vantagens de ordem técnica, as facilidadesno campo em termos de transporte, manejo e plan-tio, fazem com que a relação custo/benefício torne-se pelo menos igual à da muda de saquinho.

Quem procura as mudas da Valoriza são, decerta forma, produtores especiais, com consciênciatécnica, que procuram facilidades de manejo naimplantação da muda e ganhos relacionados com ovigor e o desenvolvimento da muda – cafeicultorestradicionais que detectaram o potencial das mudaspor tubete. Segundo Israel Rosalin, a Valoriza pre-tende se consolidar no patamar de, no máximo, 1,5milhão de mudas de café por tubete anualmente. Aprodução do viveiro começa a ganhar o mundo. Asmudas já são enviadas para São Sebastião do Para-íso e Alfenas, em Minas Gerais, e para a região daMogiana, em São Paulo, redutos tradicionais decafeicultura. Abastecem também produtores deBebedouro, Monte Azul, Colina, Severínia, Leme,Araras e Ourinhos, e os que se dedicam à cafeicul-tura irrigada, no Alto Paranaíba.

CUIDADOS FUNDAMENTAIS – Os sócios daValoriza destacam: “todas as etapas do processosão importantes”. A escolha do substrato mais ade-quado, o controle da umidade, a aeração e a nutri-ção certa para cada tipo de cultivo. Mas a peçafundamental é mesmo o rígido controle da qualida-de e da quantidade de água.

A água usada nos viveiros da Valoriza passa porfreqüentes análises de laboratório e segue padrõesestabelecidos para não alterar o pH do substrato.Ela não pode ter, por exemplo, excesso de carbona-to de cálcio ou alta condutividade elétrica. Em casode excesso de nutrientes no substrato, é necessáriolixiviar o produto.

Também para a fertirrigação, a Valoriza tem ocuidado de selecionar os melhores fornecedores. Aempresa optou por produtos importados, própriospara cultivo em container. �

A principal vantagem da produção de mudasem tubetes sobre o sistema convencional é evitaruma série de mazelas que podem ser transmitidaspara a cultura no campo. O substrato usado éinerte, isento de doenças, e pode impedir a ocor-rência de pragas de solo, como nematóides, edeficiências nutricionais. Em 1984, quando inicia-ram as pesquisas com tubetes, os agrônomos daregião de Marília, em São Paulo, lutavam exata-mente contra a infestação de nematóides.

O engenheiro agrônomo Caetano Motta, relataque o trabalho da equipe da Coopemar teve inícioem 1984, com o objetivo de não utilizar terra naprodução de mudas, evitando-se contaminações,principalmente de nematóides. Eles começaramessa produção de mudas com substratos destina-dos à produção de mudas de eucalipto, utilizandobandejas de isopor. Perseguindo maior praticida-de, evoluíram para os tubetes, inicialmente copian-do o sistema de produção de mudas de eucalipto,a partir de 1986. Em função das necessidades dasmudas enxertadas de café, com período no viveirode 5 a 6 meses, bem mais longo que do eucalipto,evoluíram para tubetes maiores, de 120 ml, e parasubstratos mais adequados Um dos grandes desa-fios que tiveram que enfrentar foi o do equaciona-mento da fertilização desses substratos. Em 1994,lograram um grande salto com a utilização do“osmocote” com a formulação 15-10-10 + zinco,um produto importado dos Estados Unidos.

A Coopemar produz mudas em cultivos prote-gidos em área de 11.000 m2 e já atingiu a marca 1milhão de mudas de café enxertadas por ano. Airrigação por micro-aspersão, no maior pique deprodução, consumiu 43m3 de água por dia. Águaproveniente de dois poços profundos que aten-dem a todas as necessidades da cooperativa.

Hoje, dada a desfavorável situação do merca-do do café, estão praticamente paralizados nessaprodução de mudas, com instalações ociosas.

Quase 20 anos depois, o sistema demonstraoutros pontos positivos. O Consórcio Brasileiro dePesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café),sob a coordenação da Embrapa Café e envolvendotodas as instituições e profissionais dedicados àP&D desse agronegócio no Brasil, vem dandoatenção especial ao desenvolvimento de trabalhosvoltados a produção de mudas em tubetes. EmMinas Gerais, a Empresa de Pesquisa Agropecuá-ria de Minas Gerais (Epamig) e a UniversidadeFederal de Lavras (Ufla) estudam diversas combi-

PESQUISA EDESENVOLVIMENTODO SISTEMA DETUBETES NAPRODUÇÃO DEMUDAS DE CAFÉ

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nações de substratos e adubações racionais visando principal-mente a redução do custo de formação dessas mudas.

Graças ao apoio dessas consorciadas, o sistema começa a seconsolidar em algumas regiões. Além da Valoriza, empresa dePatos de Minas, a Cooxupe, que congrega os produtores deGuaxupé, no Sul do Estado, também está produzindo mudas nosistema de tubetes. Em Manhuaçu, na Zona da Mata mineira, umprodutor já iniciou a produção de mudas com o novo método. Pelaprópria origem, o sistema é bastante difundido em São Paulo. Éempregado pelas cooperativas de Garça e Marília e pela Coocapec,na região de Franca.

liberado em 30, 60 ou 90 dias. Isso evita as pulverizações quinze-nais normalmente usadas na produção de mudas em saquinho.

A utilização de sombrites com 50% de luminosidade impede aentrada de insetos e diminui o risco de pragas. Sendo totalmenteprotegido, o sistema mantém uma temperatura adequada e evitao excesso de evaporação. A irrigação mais racional acaba sendoum dos pontos de maior destaque do processo. Com os tubetes orateio dos investimentos é muito menor por cada muda produzi-da, quando comparado com os tradicionais saquinhos.

Os substratos utilizados apresentam alta capacidade de reten-ção hídrica. Os pioneiros de Marília usaram o Plantimax, fabrica-do pela Eucatex, com aparas de pinus e uma mistura de turfa.Novos substratos foram desenvolvidos pelos fabricantes visandointensificar essa característica. O resíduo da fibra de coco extraídapara a indústria automotiva está sendo comercializado pela SoCocoe começa a ganhar mercado.

O produtor de mudas, Israel Rosalin, usa os dois substratosem Patos de Minas, acompanhado por pesquisadores da Epamigque realizam medições como altura da planta, diâmetro de copae vigor vegetativo. “Estamos acompanhando a tecnologia que eleusa e definindo algumas correções que se mostraram necessá-rias”, informa Gabriel Bartholo.

Outro aspecto que está sendo pesquisado em Patos de Minasé o tamanho dos tubetes. Os primeiros tinham capacidade para90ml de substrato. Foram ampliados para 100ml e atualmente osque apresentam melhores resultados são os de 120ml. GabrielBartholo confirma: “A quantidade maior de substrato permite ummelhor desenvolvimento do sistema radicular, o que vai garantirum bom percentual de pegamento no plantio”. Com o sistemaradicular bem desenvolvido, as mudas se tornam mais resistentes,adaptadas para enfrentar situações climáticas adversas, princi-palmente com relação à falta de chuva.

Economia é a palavra de ordem neste processo de produção:de água, energia, espaço e mão-de-obra. No viveiro convencional,são colocados 120 saquinhos por metro quadrado. No mesmoespaço são colocados de 250 a 300 tubetes.

Devido ao sistema protegido e com o substrato retendo umalto teor de umidade, a irrigação é menor que nos viveirostradicionais. Gasta-se também menos energia, fazendo-se a irriga-ção por microaspersão, em dois turnos de três a cinco minutoscada, um pela manhã e outro à tarde.

Na comparação da mão-de-obra utilizada, os tubetes tambémsaem ganhando. O viveiro tradicional emprega de três a quatro 4viveiristas para a produção de 100 mil mudas. Com os tubetes,apenas um empregado pode se encarregar dessa mesma quantida-de de mudas.

Na economicidade do transporte, no final do processo, o novosistema se destaca e muito. O caminhão que transporta em tornode quatro mil mudas em saquinhos, poderia levar até 120 mil miltubetes porque as mudas são acondicionadas deitadas, com gran-de ganho de espaço.

São muitos os argumentos que re-forçam a tendência de difusão do pro-cesso de tubetes. Há desvantagens?

O custo de produção elevado seriaum obstáculo, já que a muda é cerca de50% mais cara que a convencional. Se-gundo o pesquisador Gabriel Bartholo,as vantagens técnicas acabam compen-sando o investimento. “Mudas de altasanidade, bem aclimatadas, com reser-vatório de água no substrato são garan-tia de um bom pegamento no campo”,diz ele. Com menos riscos, as possibili-dades de retorno econômico são maio-res.

A propagação do sistema é gradativa e desde 1994, crescente.O engenheiro agrônomo Gabriel Ferreira Bartholo, secretárioexecutivo do programa de pesquisa em cafeicultura da Epamig,considera que esta é uma tendência da cafeicultura moderna. EmMinas Gerais, por exemplo, que responde por 52% da produçãonacional de café, atualmente cerca de dois por cento das mudas jásão produzidas em tubetes. Este ano, isso significa nada menosque 400 mil mudas da espécie Arábica. As principais cultivaresexploradas nesse sistema são: Catuaí, Mundo Novo, Rubi, Topázio,Acaiá Cerrado, Tupi, Obatã e Oeiras.

A pesquisa está voltada também para as variedades de Conillon.O Instituto de Pesquisa Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural(Incaper) trabalha junto com produtores de São Gabriel da Palha,no norte do Estado, que estão apostando no novo método e nosistema de estaquia, ou seja, de variedades clonais.

PONTOS DE ATRAÇÃO – Uma combinação de vantagens deordem técnica e econômica proporciona melhores rendimentosna cadeia produtiva e atrai os produtores. A segurança fitossanitáriado processo garante mudas de melhor qualidade, menos suscetí-veis a doenças, principalmente à cercospoliose. As plantas apre-sentam um bom desenvolvimento inicial e formam um stand maisuniforme, reduzindo a necessidade de replantio.

O uso de adubos granulados de liberação lenta permite maiorcontrole sobre a atividade. Pelo padrão estabelecido, os produto-res usam o osmocote, que dependendo da formulação pode ser

Até chegar ao campo, há o pré-condicionamento com o manejo da irrigação nasAté chegar ao campo, há o pré-condicionamento com o manejo da irrigação nasAté chegar ao campo, há o pré-condicionamento com o manejo da irrigação nasAté chegar ao campo, há o pré-condicionamento com o manejo da irrigação nasAté chegar ao campo, há o pré-condicionamento com o manejo da irrigação nasdiversas etapas de desenvolvimento das mudas de cafédiversas etapas de desenvolvimento das mudas de cafédiversas etapas de desenvolvimento das mudas de cafédiversas etapas de desenvolvimento das mudas de cafédiversas etapas de desenvolvimento das mudas de café

Gabriel BartholoGabriel BartholoGabriel BartholoGabriel BartholoGabriel Bartholo

FOTO LEONARDOCOSTA DA FONTE

FOTO HELVECIO M. SATURNINO

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Núcleo Rural da Taquara, a 75km deBrasília (DF), foi formado em uma re-gião onde os produtores já tinham tradi-

ção em horticultura. A área média das chácaras,entre 20 e 25 hectares, fortalece essa tendência.E quem pensar que abastece apenas a capitalfederal está enganado. O Núcleo é um dos gran-des fornecedores do mercado de Manaus, princi-palmente de pimentão.

O nome oficial do Núcleo é Cooperativa Agrí-cola da Região de Planaltina, mas os produtoresdecidiram adotar o nome do ribeirão que abaste-ce o núcleo e a entidade é conhecida comoCootaquara. São 22 cooperados e todos têm algu-ma parcela de cultivo protegido, mas a maiorparte da produção é em céu aberto. Usam siste-mas de produção diferenciados, ou seja, semen-teira em bandeja para a produção no campo emuda para o cultivo protegido.

O pioneiro em cultivo protegido na Taquarafoi Maurício Severino de Rezende, um dos funda-dores e o atual presidente da Cooperativa. Aocontrário dos outros produtores, trabalha quaseque exclusivamente com cultivo protegido.

De um modo ou de outro, ele sempre esteveligado à atividade agrícola. Filho de produtores,trabalhou durante muitos anos como técnicoagrícola na antiga Fundação Zoobotânica, absor-vida pela Secretaria de Agricultura do DistritoFederal. Atuava no setor de fiscalização de ter-ras, mas produzia grãos em pequena escala, emum sítio da família em Orizona, Goiás, próximoao Distrito Federal.

Passou a produzir profissionalmente em 1980,já voltado para hortaliças. Aderiu ao cultivo pro-tegido em 1992, motivado pela produtividadealcançada por Roberto Hoffman, em Formosa,município de Goiás perto da Taquara. “Ele con-seguia na estufa cinco vezes mais do que seconseguia no campo”, lembra Maurício. Come-çou timidamente com duas estufas. Com a aceita-ção do produto, ampliou rapidamente a áreaprotegida. No final do primeiro ano, já tinhacinco estufas. Atualmente, tem 55, com 350m2

cada. Quase dois hectares só de pimentão. O forteda chácara é o pimentão verde, mas tambémproduz o amarelo e o vermelho. O destino é

Goiânia, Manaus, Imperatriz, no Maranhão, Pal-mas, no Tocantins e Mato Grosso.

As estufas são conjugadas em módulos, de1.050 ou 2.100m2, para melhor aproveitamentode área. Maurício investiu também em tecnolo-gia, principalmente para resolver o problema deacesso à água, que nunca faltou, mas já foi maislivre na região. A captação da água de chuvadiminuiu a dependência em relação aos manan-ciais da chácara, nascente ou córrego, um ganhosignificativo no consumo de água e energia.

Alerta ao mercado, sintonizado com inova-ções tecnológicas, Maurício arregaçou as man-gas para construir uma história de sucesso. Umatrajetória que em alguns momentos exigiu cora-gem para arriscar.

“Eu já mandava pimentão de campo paraManaus, de avião. Quando entrei nesse mercadocom o pimentão de estufa, eles não me pagavama mais. Fiquei um tempo mostrando que o produ-to tinha mais qualidade, aguentava melhor otransporte e o preço era o mesmo. Mas valeu apena. Daí a pouco, eles só queriam o de estufa ecomecei a aumentar a produção”, conta Maurício.

Como o mercado não aceitava mais a produ-ção de campo, ele teve que enfrentar, primeiro, abronca dos outros produtores e, depois, a concor-rência, pois todos aderiram ao cultivo protegido.A Viamar, empresa especializada em comerciali-zação de safras, intermediava as operações. Se-gundo Maurício, no ano passado, só para Manaus,a Viamar despachava 2.500 caixas de 10kg cada,por semana. Esses embarques fizeram a fama doNúcleo da Taquara.

As liçõesde economia do

cultivo protegido

Pioneiro em cultivo protegido na região, Maurício Rezende abastece osPioneiro em cultivo protegido na região, Maurício Rezende abastece osPioneiro em cultivo protegido na região, Maurício Rezende abastece osPioneiro em cultivo protegido na região, Maurício Rezende abastece osPioneiro em cultivo protegido na região, Maurício Rezende abastece osmercados do Distrito Federal e de Manaus com os pimentõesmercados do Distrito Federal e de Manaus com os pimentõesmercados do Distrito Federal e de Manaus com os pimentõesmercados do Distrito Federal e de Manaus com os pimentõesmercados do Distrito Federal e de Manaus com os pimentões

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Uso racional de águaSão 55 mil pés de pimentão e cada um recebe de um

litro a um litro e meio de água por dia. O consumodiário varia de 110 a 120m3. O produtor diz que essa éa quantidade que o solo da região pede. A irrigação étoda por gotejamento, o que lhe dá alguma economiaem comparação à produção de campo, que usa mi-croaspersão.

Buscando um manejo mais racional, MaurícioRezende montou em alguns módulos de estufas umsistema de calhas para captação de água de chuva,canalizada para um reservatório de 95m3 e depois paraa central de distribuição. A meta é construir um reserva-tório com capacidade para 500m3. O atual não absorveo potencial de coleta da propriedade. Quando chove, porexemplo, 15 ou 20mm, não se aproveita nem um terço,é preciso escorrer parte da água captada para o córrego.

De 80% a 90% da produção concentra-se no períodochuvoso. A colheita chega a 1.500 caixas por semana,contra 200 semanais, no resto do ano. Com a chuva,Maurício pode ficar até dez dias sem bombear água damina para o tanque de distribuição. Um reservatóriomaior de água de chuva possibilitaria aumentar esseintervalo, e reduzir bem o consumo de energia, pois parabombear água da nascente ou do córrego, uma bombade 4 CV fica ligada durante 10 ou 12 horas por dia.

Ele faz as contas de cabeça e calcula o potencial decoleta caso recolhesse a água de chuva em todas asestufas. E conclui: teoricamente, poderia evoluir paraum estádio em que o ciclo hidrológico sustente aprodução. �

O custo médio de produçãode pimentão em cultivo prote-gido é de 5 reais/caixa de 10kg,já contando a depreciação detodos os investimentos. Dada aoscilação de preço do pimen-tão verde, Maurício Rezendepercebeu que precisaria de ummelhor controle de custos. Sãodois meses de preço bom, mar-ço e abril, média de 10 ou 11reais a caixa. Em julho/agosto,pode-se obter de 4 a 5 reais/caixa. Nos outros meses, caipara 3 ou 4 reais. No ano 2000,o mês de menor preço foi de-zembro. Em 2001, foi setem-bro.

Entre os planos do produ-tor, está a utilização de umsoftware para controle dos mí-nimos detalhes da produção.Ele explica que o cultivo prote-gido garante a oferta de produ-ção – a média do campo é de220 caixas por mil pés, enquan-to na estufa, alcança 1.200 cai-xas. Mas o preço acaba sendodefinido pelo que acontece nocampo. “Este ano está bom, achuva chegou mais cedo, oplantio de campo acabou mui-to rápido. No ano passado qua-se não choveu, a média de pre-ço foi péssima”, compara o pro-dutor.

O investimento justifica tan-ta cautela. Atualmente, umaestufa de 350m – estrutura eequipamento de irrigação – temum custo médio de 5 mil reais.A expectativa de vida útil doplástico, comprado diretamen-te, via cooperativa, do fornece-dor em São Paulo, é de trêsanos. “Mas a durabilidade fogeao controle, nunca se sabe. Re-centemente, um rodamoinhodestruiu estufas que tinham

Exercício de cálculo do potencial de coletaExercício de cálculo do potencial de coletaExercício de cálculo do potencial de coletaExercício de cálculo do potencial de coletaExercício de cálculo do potencial de coleta

Com uma área coberta de 2 hectares, e 2 mil mm de chuva porano, média da região, o produtor poderá captar 40 mil m3. Comum índice pluviométrico de 1.500 mm, a coleta será de 30 mil m3.Se tiver estrutura de armazenamento, o produtor pode obtertoda a água necessária ao empreendimento. Com a captação, ocultivo protegido tem potencial para a auto-sustentação.

Água, um dos insumos poupados no cultivo protegido com a captação das chuvasÁgua, um dos insumos poupados no cultivo protegido com a captação das chuvasÁgua, um dos insumos poupados no cultivo protegido com a captação das chuvasÁgua, um dos insumos poupados no cultivo protegido com a captação das chuvasÁgua, um dos insumos poupados no cultivo protegido com a captação das chuvas

E por falar emcálculos... R$ ???

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acabado de ser construídas”,lamenta. Ele começou complástico de 75 micra e usa ago-ra o de 150 micra.

As estufas também forammodificadas ao longo do tem-po, passando a exigir mais re-cursos. No início, tinham 2mde pé-direito. Passaram para2,20m e agora para 3m, paraabaixar a temperatura ambien-te. Maurício agregou uma aber-tura na parte superior da estru-tura, o que possibilita melhorcirculação de ar.

MANEJO RACIONALMANEJO RACIONALMANEJO RACIONALMANEJO RACIONALMANEJO RACIONALMaurício Rezende conta

que, no início, o controle dairrigação era manual. Os gan-hos foram significativos depoisque automatizou a atividade.Melhorou a economia no con-sumo de água e energia. E tam-bém ajudou no combate às pra-gas.

Um tensiômetro e medido-res de leitura direta de pH equantidade de água dão supor-te para o manejo. Com um sor-riso, ele confessa: “depois detantos anos, a experiência e oolho clínico do produtor con-tam pontos”. Ele mantém equi-pamentos de nebulização em12 estufas e quer avaliar se valea pena implantar o sistema nasoutras. Ao melhorar a umida-de relativa, pode-se controlarinfestações de oídio, comunsem cultivos de pimentão emépoca de baixa umidade e altatemperatura.

Esse levantamento ia serfeito no ano passado, mas aca-bou não acontecendo, devidoao racionamento de energia.Para cumprir a quota, que aca-bou sendo ampliada, os equi-pamentos não foram usadoscom a freqüência necessária. Osistema liga automaticamente,quando a umidade cai abaixode 50%. O que acontece sem-

pre em Brasília, em vários me-ses do ano. Por enquanto, só foipossível observar que a produ-ção melhorou nas estufas emque a nebulização foi feita. Origoroso acompanhamento des-sa automatização deverá serfeito ainda este ano.

Na fertirrigação, onde aopção pelos custos/benefíciospor produtos nacionais édeterminante, há necessidadede muito desenvolvimento.

RISCO X CAUTELARISCO X CAUTELARISCO X CAUTELARISCO X CAUTELARISCO X CAUTELAUma experiência prova que

o produtor Maurício Rezendenão tem medo de arriscar. En-tusiasmado com a tela alumini-zada, ele incorporou uma novaárea e abrigou 10 mil pés depimentão em meio hectare co-berto com Aluminet. Segundoele, a tela está resolvendo umdos grandes problemas da cul-tura, que é a queima do fruto. Oproduto não é recomendadopara períodos de chuva, masele insiste na empreitada. “Atela é mais para criar um micro-clima, ela não protege contra aentrada de insetos. Mas esta-mos conseguindo quase a mes-ma produtividade da estufa, comum custo muito menor, exata-mente para poder competir como pessoal de campo”, explica.

Fez os canteiros com trator,aumentou o espaçamento, alte-rou o gotejamento para 20cm eprojetou os números: quatrocolheitas de 100 caixas por milpés, total de 4 mil caixas. Apro-veitando os bons preços de mar-ço e abril, ele vai receber 40 milreais, em dois meses. Se consi-derar que a média de colheita éde nove a dez meses durante oano, com o suporte do conheci-mento adquirido ao longo deanos, vale a pena arriscar. Elemostra os canteiros com satis-fação e comenta que quem plan-tou a céu aberto, em plena chu-

va de fevereiro, já havia encer-rado com a lavoura.

Já a opção de formar a coo-perativa que preside atualmen-te é um indicador de que eletem os pés bem firmes no chão.A associação, que congregavaos produtores ,era representa-tiva em termos políticos, masnão se desenvolveu na parte decomercialização. Criaram en-tão uma cooperativa voltadaespecificamente para aquisiçãode insumos e comercializaçãode safra. E mais: entre as con-tratações previstas para a coo-perativa estão a de ex-funcio-nários da empresa Viamar, cujasociedade foi desfeita no anopassado. Aquela que atuava nosmercados da Amazônia, onde aCootaquara se projetou com opimentão.

Aliás, quando ficou saben-do que produtores da região deManaus passaram a se dedicarao cultivo de pimentão, foi lápara ver de perto o que estavaacontecendo.

E, como cautela às vezes ésinal de bom senso, ele resol-veu diversificar sua produção.Está entrando este ano comprodução a céu aberto – couve-flor, repolho, maxixe, jiló eberingela. Mas garante que opimentão continuará a ser ocarro-chefe da chácara.

A organização dos produto-res em uma cooperativa tor-nou-se um facilitador para quecada um pudesse gerenciarmelhor a produção. Passarama contar com um mecanismopermanente para realizar osmelhores negócios de comprae venda, lançando mão da esca-la, do escalonamento das pro-duções, das possibilidades dediversificação, do melhor apro-veitamento dos serviços da pes-quisa e da assistência técnica e,principalmente, de acompa-nhamento do mercado.

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ENGENHEIRO AGRÔNOMO, MSC, DOUTORANDO PELA UNICAMP-FEAGRI,ESPECIALISTA EM CULTIVO PROTEGIDO, GERENTE DE PESQUISA E

DESENVOLVIMENTO DA POLYSACK – E-MAIL: [email protected]

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Tecnologia israelense decontrole de clima ajuda o Brasil

a aumentar produtividade ea economizar água

as regiões tradicionalmente pro-dutoras de flores, o emprego deAluminet é comum, pois os benefí-cios dessa malha nessas culturasmais sensíveis são muito grandes.

O produtor leva de 2 meses a 1 ano para recupe-rar o investimento nesta nova tecnologia de con-trole de microclima.

A produção de mudas de pinos e eucaliptotambém tem empregado Aluminet, o que melho-ra muito o volume de raízes, devido à diminuiçãode temperatura do solo durante as estações quen-tes. Além disso, as grandes empresas produtorasde mudas de eucalipto apontam o melhor rendi-mento dos funcionários como uma grande vanta-gem gerada pela melhoria no microclima, propi-ciada pela Aluminet.

No caso de citros, os produtores estão fazen-do mudas em ambiente protegido há apenas 5anos, devido aos problemas fitossanitários doestado de São Paulo. Dessa forma, esse tipo deprodutor ainda está começando em cultivo pro-tegido, mas os que usaram Aluminet já estãopercebendo em média, de 5 a 7 graus a menos emsuas estufas, o que ajuda muito a diminuir airrigação e a melhorar o rendimento operacio-nal, como o de enxertia, por exemplo.

A malha termorrefletora Aluminet, portanto,tem ajudado produtores de flores, hortaliças,mudas de citros, café e eucalipto a resolver umdos problemas mais sérios do cultivo protegidoem países de clima quente como o nosso, ou seja,o excesso de temperatura. O calor excessivo temsido apontado por diversos técnicos como umdos fatores que mais levam produtores e empre-sários rurais a desistir da plasticultura no Brasil.

A tecnologia do Aluminet e a qualidade do pimentão produzidoA tecnologia do Aluminet e a qualidade do pimentão produzidoA tecnologia do Aluminet e a qualidade do pimentão produzidoA tecnologia do Aluminet e a qualidade do pimentão produzidoA tecnologia do Aluminet e a qualidade do pimentão produzido

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36 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Aluminet tem resolvido o problema de formamuito segura, por atuar no calor de radiação,principal fator responsável pelo superaqueci-mento de nossas estufas. Ele reflete as ondas decalor, reduzindo a carga térmica no ambienteprotegido e, assim, mais do que diminuir a tem-peratura, reduz o consumo de água, e, conse-qüentemente o problema de fitopatógenos.

O consumo de água é diminuído de duasformas:

• a PRIMEIRA delas deve-se à redução daevapotranspiração. Aluminet reduz a carga tér-mica no solo ou substrato, fazendo com que aevaporação diminua drasticamente;

• a SEGUNDA, é através da melhoria dascondições de temperatura da planta, do solo, daumidade e luminosidade difusas, que fazem comque a planta transpire regularmente ao mesmotempo que absorve gás carbônico, fixando-o emforma de açúcar através da fotossíntese. O consu-mo desse açúcar pelo excesso de respiração étambém menor. A planta produz mais com amaior fotossíntese e desperdiça menos com oexcesso de respiração. Isto faz com que haja umagrande quantidade a mais de fotossíntese líquida,o que normalmente implica em precocidade(Medina et al., 2001). Em outras palavras, paracada mililitro de água absorvida pela planta,mais gás carbônico é fixado. Conseqüentemente,com precocidade, menos turnos de irrigação sãonecessários.

Outro uso bastante proeminente da malhatermorrefletora Aluminet é em telados para hor-taliças. Sempre se cogitou o uso de telas desombreamento para o cultivo de hortaliças folhosae de frutos. No entanto, devido às altas exigênciaslumínicas dessas culturas, não houve sucesso,pois os materiais à disposição no mercado, telaspretas e telas brancas, cortavam muito a luz e nãoresolviam o problema da temperatura do solo eda planta.

Com o aperfeiçoamento do Aluminet out side,foi possível aplicá-lo em estruturas de madeiraou metal extremamente econômicas, utilizandopostes a cada 8m. Estas estruturas teladas cus-tam de 1/4 a 1/3 do valor de uma estufa conven-cional. O telado de Aluminet pode proteger dogranizo, dos ventos e do impacto mecânico dachuva. Além disso o alumínio apresenta a propri-edade de repelência a insetos como trips, pulgõese moscas-brancas. O consumo de água verificadofoi, em média, 20% menor que a pleno sol emteste realizado na propriedade do Sr. JorgeMorikawa, em Cotia, SP, em uma área telada decerca de 5000m2.

MELHORIAMELHORIAMELHORIAMELHORIAMELHORIA das c das c das c das c das condições deondições deondições deondições deondições dettttte m pe m pe m pe m pe m pe re re re re raturaturaturaturatura da planta,a da planta,a da planta,a da planta,a da planta, do solo do solo do solo do solo do solo,,,,,da umidade e luminosidade difusasda umidade e luminosidade difusasda umidade e luminosidade difusasda umidade e luminosidade difusasda umidade e luminosidade difusas

Volume de irrigação(mm/dia) aplicadopara produção deporta-enxertos delimão-cravo evolkameriano emcasa de vegetaçãocom e sem ALUMINET,em Matão-SP

REDUÇÃOREDUÇÃOREDUÇÃOREDUÇÃOREDUÇÃO da e da e da e da e da evvvvva pa pa pa pa potrotrotrotrotranspiranspiranspiranspiranspiraçãoaçãoaçãoaçãoação

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25

30

35

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEDINA, C.L.; MACHADO, E.C.; SOUZA, R.P.; RIBEIRO, R.V. 2001.Seasonal responses of photosynthesis and chlorophyll fluorescenceof citrus seedlings grown in greenhouse with reflective shadenet..In 6th International Congress of Citrus Nurserymen. Program& Abstracts. Ribeirão Preto. p. 71,1991.

No cinturão verde de Brasília e de Goiânia, ou seja,em clima típico da região de cerrados, os resultadossurpreenderam as expectativas.

Em teste feito em Brasília no núcleo rural deTaquara, comparando-se telado de Aluminet, com es-tufa e campo, o tratamento com Aluminet obteve me-lhor relação custo/benefício. O consumo de água foi emmédia 15% menor que a campo aberto.

Uma eficiência ainda maior em economia de águafoi alcançada, quando utilizou-se o cultivo em caixascontendo substrato, como no caso do produtor NestorGrehs, de Goiânia.

As caixas utilizadas propiciaram melhores condi-ções fitossanitárias e maior econo-mia de água, poiseliminaram a perda por percolação no solo.

O telado também tem sido empregado por produto-res de morangos nas regiões de Atibaia-SP, Sul deMinas Gerais, Curitiba e Serra Gaúcha. O telado deAluminet diminui a temperatura do solo, fazendo comque o morangueiro emita flores mesmo nas estaçõesmais quentes, proporcionando produções fora de épo-ca e melhores preços agrícolas. Em locais frios como aSerra Gaúcha, Aluminet evitou geadas de inversãotérmica de até -5 graus.

Por fim, a utilização da malha termorrefletoraAluminet veio para ficar, para controlar a temperaturatanto em estufas, como em telados para hortaliças emorangos. �

A alface, que éA alface, que éA alface, que éA alface, que éA alface, que émais resistente aomais resistente aomais resistente aomais resistente aomais resistente aocalor estava muitocalor estava muitocalor estava muitocalor estava muitocalor estava muitoruim no campo.ruim no campo.ruim no campo.ruim no campo.ruim no campo.A chicória frise,A chicória frise,A chicória frise,A chicória frise,A chicória frise,o agrião e a rúculao agrião e a rúculao agrião e a rúculao agrião e a rúculao agrião e a rúculaque são muitoque são muitoque são muitoque são muitoque são muitodelicadas e não sedelicadas e não sedelicadas e não sedelicadas e não sedelicadas e não sepode produzi-laspode produzi-laspode produzi-laspode produzi-laspode produzi-lasna época verão,na época verão,na época verão,na época verão,na época verão,estavam comestavam comestavam comestavam comestavam comextrema qualidadeextrema qualidadeextrema qualidadeextrema qualidadeextrema qualidadesob Aluminetsob Aluminetsob Aluminetsob Aluminetsob Aluminet

Telado de Aluminet para pimentãoTelado de Aluminet para pimentãoTelado de Aluminet para pimentãoTelado de Aluminet para pimentãoTelado de Aluminet para pimentão

P RP RP RP RP RODUTIVIDADEODUTIVIDADEODUTIVIDADEODUTIVIDADEODUTIVIDADE do P do P do P do P do Pimentãoimentãoimentãoimentãoimentão(Total e Extra AA)(Total e Extra AA)(Total e Extra AA)(Total e Extra AA)(Total e Extra AA)

Plantio de 15 de fevereiro de 2001

Alface sem AluminetAlface sem AluminetAlface sem AluminetAlface sem AluminetAlface sem Aluminet Rúcula com AluminetRúcula com AluminetRúcula com AluminetRúcula com AluminetRúcula com Aluminet Tomate com AluminetTomate com AluminetTomate com AluminetTomate com AluminetTomate com Aluminet

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

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600

500

400

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Aluminetmulchgotejo

Estufamulchgotejo

Caixas/350mCaixas/350mCaixas/350mCaixas/350mCaixas/350m22222

TotalExtra AA

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38 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Salinidade e ambienteprotegido

prática da agricultura em ambientesprotegidos tem-se destacado pela acei-tabilidade entre os agricultores, permi-

tindo a racionalização no uso de pequenas árease mananciais com baixa disponibilidade hídri-ca, associando elevadas produtividades à quali-dade e à perspectiva de obtenção de maioreslucratividades pela sua produção.

O impedimento à entrada da água das chu-vas nesses ambientes torna a irrigação impres-cindível e o uso conjunto da fertirrigação, uma

ferramenta que possibilita redução de custos eotimização da aplicação de água e fertilizantes.Todavia, o uso intensivo e indiscriminado des-sas técnicas associa ao potencial natural desalinização da água aquele inerente aos fertili-zantes, podendo levar, assim, à rápida saliniza-ção dos solos, reduzindo a produção das cultu-ras. Um exemplo do início do processo de sali-nização é mostrado na Figura 1, onde está evi-dente o aparecimento de franjas salinas na pro-dução de pepino em um experimento realizadocom irrigação por gotejamento.

Em condições de ambiente protegido, a ocor-rência do acúmulo de sais nos solos pode tercomo origem:– uso de águas subterrâneas de qualidade infe-

rior (ricas em cloretos, sódio, cálcio,magnésio, carbonatos e bicarbonatos);

– adição de fertilizantes com elevados índicessalinos em quantidades superiores àrequerida para a nutrição das plantas.Como a água captada para uso de irrigação

provém, na sua maioria, de águas superficiaisde rios e córregos, sem conteúdos limitantes desais, a falta de um manejo adequado da fertirri-gação passa a ser o fator principal e decisivopara a ocorrência destes processos, sob condi-ções de ambiente protegido.

O processo de acumulação de sais ocorre,quando a quantidade de sais adicionada viaágua de irrigação é maior que a sua retiradapelo sistema radicular da planta, associada àfalta de drenagem do perfil do solo. Este fenô-meno vem sendo observado em diversos paísescomo Espanha e Portugal (Rosa, 1997) e, maisrecentemente, no Brasil, em especial no estadode São Paulo (Silva et al., 1999), podendo tor-nar-se em pouco tempo em um sério fator decomprometimento do potencial produtivo dosolo e inibidor da produção vegetal.

Monitoramento, prevençãoe recuperação

O monitoramento freqüente dos níveis desais solúveis nos solos ou substratos e nas fontesde água é de extrema importância para preveniro aparecimento de processos de salinização.Esse monitoramento, realizado pela medida da

Perigo da salinização emambientes protegidos

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – Salinização em cultivo de pepino sob ambiente protegido – Salinização em cultivo de pepino sob ambiente protegido – Salinização em cultivo de pepino sob ambiente protegido – Salinização em cultivo de pepino sob ambiente protegido – Salinização em cultivo de pepino sob ambiente protegido

FONTE: FONSECA - 1998

RRRRROBERTOOBERTOOBERTOOBERTOOBERTO T T T T TESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAF

ENG. AGRÍCOLA, PH.D. EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, PROFESSOR TITULAR DA FEAGRI/UNICAMP, CIDADE

UNIVERSITÁRIA ZEFERINO VAZ, C. POSTAL 6011, CAMPINAS, SP, CEP: 13083-970. FONE: (019)3788-1029 E FAX: (019) 3788-1010 – E-MAIL: [email protected]

SSSSSÉRGIOÉRGIOÉRGIOÉRGIOÉRGIO O O O O OLIVEIRALIVEIRALIVEIRALIVEIRALIVEIRA P P P P PINTOINTOINTOINTOINTO DEDEDEDEDE Q Q Q Q QUEIROZUEIROZUEIROZUEIROZUEIROZ & R & R & R & R & ROBERTOOBERTOOBERTOOBERTOOBERTO T T T T TESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAFESTEZLAF

ENG. AGRÔNOMO, MSC. EM IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, DOUTORANDO DA FEAGRI/UNICAMP, CIDADE

UNIVERSITÁRIA ZEFERINO VAZ, C. POSTAL 6011, CAMPINAS, SP, CEP: 13083-970. FONE: (019)3788-1029 E FAX: (019) 3788-1010 – E-MAIL: [email protected]

A

38 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

AcúmuloAcúmuloAcúmuloAcúmuloAcúmulosuperficialsuperficialsuperficialsuperficialsuperficialde saisde saisde saisde saisde sais

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 39

condutividade elétrica, deve analisar os limitesaceitáveis recomendados pela pesquisa paradiferentes culturas.

Recomenda-se também que a condutividadeelétrica seja monitorada em todos os pontos deaplicação de água, desde a fonte de água, pas-sando pela solução de fertirrigação a serfornecida às plantas, até no solo, próximo à zonaradicular das plantas. O Quadro 1 apresentaníveis gerais de risco das águas de irrigação quepodem comprometer a produção das culturas.

Outros parâmetros básicos para avaliaçãoda qualidade de água para irrigação devem serconsiderados, quando se pensa em produtivida-de e qualidade, são eles: acidez (pH), cálcio,magnésio, sódio, potássio, sulfato, cloreto, car-bonato e bicarbonato (mmol

c.L-1), nitrogênio

(mg.L-1); total de sólidos dissolvidos (mg.L-1) e

Quando o processo de salinização é detecta-do, surgem, como alternativas, o uso de culturase cultivares mais tolerantes aos sais ou a deter-minação de lâminas requeridas de lixiviação,permitindo a lavagem dos sais através de drena-gem. Contudo, práticas de lixiviação podemlevar à eutrofização das águas e facilitar o de-senvolvimento de algas e microrganismos, com-prometendo o desenvolvimento sustentável.

Considerações econômicas eambientais

Considerando o aspecto econômico, a salini-zação de solos em ambientes protegidos tem umforte impacto negativo, pois ocorre em áreasque receberam elevados investimentos finan-ceiros. Dentro da perspectiva da produção sus-tentável em ambientes protegidos, torna-se es-sencial aliar o monitoramento da condutividadeelétrica da solução do solo ao manejo da fertir-rigação, garantindo a qualidade e a otimizaçãoda produção, sem o comprometimento dos re-cursos naturais. �

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURGUEÑO, H. La fertirrigación en cultivos hortícolas comalcochado plástico. Culiacan: BURSAR, 1996. v. 1, 45 p.

FONSECA, I. C. B. Efeito de cores de plástico para coberturade solo e da enxertia em alguns parâmetros fisiológicosdo pepino japonês, 103 p. Tese (Doutorado em Botânica),Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Esta-dual Paulista, Botucatu, São Paulo, 1998.

ROSA, E. A. S. Salinização em ambiente protegido, In: ForoInternacional de Cultivo Protegido, Botucatu, São Pau-lo, Anais..., p.: 226 - 262, 1997.

SILVA, E. E. F., DUARTE, S. N., COELHO, R. D. Salinizaçãodos solos cultivados sob ambientes protegidos no estadode São Paulo, In: Fertirrigação - citros, flores, hortali-ças, Piracicaba, São Paulo, Ed. Agropecuária, p.:267-278, 1999.

PIZARRO, F. Riegos Localizados de Alta Frecuencia, 3aedición, Ed. Mundi-Prensa, madrid, 1996. 511p.

relação de sódio trocável corrigida (mmolc.L-1).

Para Burgueño (1996), o monitoramento daocorrência desses processos surge como umaalternativa mais racional, podendo ser adotadoem conjunto com o manejo da irrigação, pelouso de métodos de laboratório ou de campo paraa determinação da condutividade elétrica.

Os métodos laboratoriais, como o do extratode saturação, são mais precisos, mas apresen-tam o inconveniente de demandarem mais tem-po para a obtenção de resultados e exigireminfra-estrutura laboratorial. Entre os métodosde campo destacam-se os extratores de soluçãodo solo e aqueles que se baseiam em determina-ções eletromagnéticas (TDR e FDR). Estes últi-mos vêm sendo estudados em condições delaboratório e campo por diferentes instituiçõesde pesquisa. A Faculdade de Engenharia Agrí-cola da Unicamp (SP) é uma das que tem avali-ado as limitações e aplicabilidades dessa técni-ca para as condições brasileiras. A Figura 2destaca o equipamento de marca Delta, modeloSigma Probe, que vem sendo utilizado em expe-rimentos em vasos.

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – – – – – Equipamentos eletromagnéticos (Sigma Probe e TDR)Equipamentos eletromagnéticos (Sigma Probe e TDR)Equipamentos eletromagnéticos (Sigma Probe e TDR)Equipamentos eletromagnéticos (Sigma Probe e TDR)Equipamentos eletromagnéticos (Sigma Probe e TDR)utilizados em experimentos em vasosutilizados em experimentos em vasosutilizados em experimentos em vasosutilizados em experimentos em vasosutilizados em experimentos em vasos

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1 – Classificação da água de irrigação – Classificação da água de irrigação – Classificação da água de irrigação – Classificação da água de irrigação – Classificação da água de irrigaçãoquanto ao risco de salinidadequanto ao risco de salinidadequanto ao risco de salinidadequanto ao risco de salinidadequanto ao risco de salinidade

Classe deClasse deClasse deClasse deClasse de Faixas de CEa Faixas de CEa Faixas de CEa Faixas de CEa Faixas de CEa (UCCC (UCCC (UCCC (UCCC (UCCC *****))))) Risco deRisco deRisco deRisco deRisco desalinidadesalinidadesalinidadesalinidadesalinidade (dS. m(dS. m(dS. m(dS. m(dS. m- 1- 1- 1- 1- 1))))) salinidadesalinidadesalinidadesalinidadesalinidade

1 < 0,75 Baixo

2 0,75 - 1,50 Médio

3 1,50 - 3,00 Alto

4 > 3,00 Muito alto

(*) UCCC - University of Califórnia Commitee of ConsultantesFonte: Pizarro - 1996

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 39

Page 40: Item 52 - 53

40 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

úcio Teles da Sil-

va, 40 anos, um

engenheiro ele-

trônico, formado em

1984 pela Universidade

do Desenvolvimento Re-

gional do Pantanal, pro-

tagonista dessa façanha,

começou a vida profis-

sional paralelamente às

atividades que exercia

com o pai, na fazenda.

Iniciou seus negócios como representante de

componentes eletrônicos e, sem perder o vínculo

com o meio rural, não tardou a optar pela repre-

sentação do criativo e competitivo mundo dos

suplementos minerais para atender à florescente

pecuária bovina de Mato Grosso do Sul.

Afeito ao comércio, Lúcio percebeu também o

alcance de trabalhar com a irrigação em cultivos

protegidos, logrando-se rápidos giros de capital.

Segundo ele, os custos de fazer essas instalações

seriam da ordem de R$1.200,00/túnel, em aqui-

sições de pacotes no mercado. Mas, com base em

uma experiência anterior, quando já havia perdi-

do casas de vegetação de 10mx40m, com 2,5m de

pé direito e altura central de 3,5m, devido a

problemas de ventos, optou pelos túneis mais

baixos e resistentes. Ao considerar os prós e os

contras nessa estrutura fechada, Lúcio sentia-se

mais confiante nas improvisações, seja para ajus-

tar a temperatura com a circulação de ar, seja

para conduzir as plantas. E, não perdeu muito

tempo em questionamentos, para se convencer

que o próximo conjunto já iria ter um metro de

telas nas laterais.

Em 1995, ele teve a oportunidade de começar

o negócio com cultivos protegidos, plantando

alface e tomate, diretamente no solo, assumindo

as instalações, com 160 casas de vegetação, de

um produtor que havia desistido de tocar cultivos

protegidos de melão, em uma chácara distante

70 km de Campo Grande. Viu que o negócio era

produzir com qualidade e ofertar produtos na

época de escassez, conseguindo bons canais de

comercialização. Iniciou com uma área coberta

de 2.500m2 e optou por concentrar-se mais na

alface americana. Com os preços de venda da

ordem de R$0,70/pé, no verão, e de R$0,25, no

inverno, caindo para até R$0,05/pé nessa época,

verificou o ônus de manter-se no mercado diante

dessa sazonalidade, com períodos de preços abai-

xo do custo de produção. Com sua experiência

anterior, constatou também que, no verão, só

conseguia colher com qualidade cerca de 70%

daquilo que plantava, pois o período favorecia o

apodrecimento.

Tendo o pepino como a principal cultura,

Lúcio estima que o custo da alface seja da ordem

de R$0,08/pé. Uma forma bastante peculiar de

apropriação de custos que, certamente, é um

transtorno para os concorrentes. Ele imputa a

amortização dos investimentos somente na cul-

tura do pepino. Considera que a alface entra

providencialmente na rotação de culturas, como

uma cunha, aproveitando a adubação residual e

períodos de ociosidade da mão-de-obra, cujos

custos já estão computados na cultura do pepino.

Este quadro geral é uma referência e um

alerta para se calcularem as possíveis margens

médias de lucro, com peculiares nuances de

mercado. São diversos os óbices a serem supera-

dos, para que qualquer empreendedor possa

auferir uma remuneração compensatória. Lúcio

já chegou a produzir 15 mil pés de alface por dia,

com as implicações de colher, lavar, empacotar e

Uma provocação de CampoGrande, no Mato Grosso do SulCom uma equipe de cinco pessoas conseguir montar

cinco túneis de 15mx6m em um dia, a um custo de

R$400,00/túnel, incluindo-se mão-de-obra, material e

sistema de irrigação, com tubos gotejadores de

0,3m a 0,3m ao longo de cada canteiro, em novas

instalações na periferia de Campo Grande, Mato

Grosso do Sul. Um desafio ou uma missão impossível?

Com muita simplicidade, iniciava-se a mudança de

local de cultivos protegidos, tendo-se um poço de

uma polegada, com 20m de profundidade, para

atender à irrigação, em área de 10,5 ha, em contrato

de cinco anos, com opção de comprá-la no futuro.

LFOTOS HELVECIO M. SATURNINO

40 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Desafio cumprido:Desafio cumprido:Desafio cumprido:Desafio cumprido:Desafio cumprido:a construção dea construção dea construção dea construção dea construção de

cinco casas decinco casas decinco casas decinco casas decinco casas devegetação emvegetação emvegetação emvegetação emvegetação em

túneis, a um custotúneis, a um custotúneis, a um custotúneis, a um custotúneis, a um custo3 vezes menor e3 vezes menor e3 vezes menor e3 vezes menor e3 vezes menor eem apenas 1 diaem apenas 1 diaem apenas 1 diaem apenas 1 diaem apenas 1 dia

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 41

dos pontos-chave desse negócio.

Quanto à irrigação, Lúcio tem como parâmetro

uma necessidade do pepino da ordem de 2 litros

de água/m2/dia, estimando-se cerca de 200L/

túnel/dia.

O plano de rotação de culturas nessa nova

área iniciada com pepino inclui a alface como a

primeira alternativa, aliando-se a experiência

acumulada na comercialização e produção com

os requerimentos agronômicos. Pinçar trabalhos

como o de Lúcio e trazê-los à consideração dos

leitores é uma forma de provocar e enriquecer o

debate em torno das oportunidades de negócios

da irrigação em cultivos protegidos.

Para Osmar Yonamine, engenheiro agrôno-

mo da Coopgrande, uma cooperativa com mais

de 95% dos cooperados dedicados à horticultura,

o negócio não tem sido fácil para os produtores,

havendo muito desestímulo no setor. O mercado

já aliciou muita gente a entrar nos cultivos prote-

gidos, mas nem 1% dos cooperados está nesse

negócio. De fato, só dois produtores da região

estão com produções comerciais de hortaliças.

Outros poucos estão com cultivos protegidos na

produção de mudas. A distância de Campo Gran-

de aos centros fornecedores de insumos e equipa-

mentos é outra limitação ao desenvolvimento dos

cultivos protegidos.

Para ter sucesso, é muito importante um rigo-

roso programa de produção e comercialização.

Não cabe meio termo no manejo. Precisa-se de

rotação de culturas, de desinfecções do solo e de

rigoroso controle de pragas e doenças, de contro-

le do ambiente, principalmente da temperatura.

Afinal, precisa-se de pessoas com capacidade de

gerenciar bem, de ter um mínimo de capacidade

de alavancar recursos para bons investimentos

iniciais. “Esse é um dos impasses, que tem resul-

tado na grande dependência de Campo Grande e

outras cidades do Mato Grosso do Sul de impor-

tações de hortaliças de outros Estados”, afirma

Osmar, com mais de 20 anos de experiência na

região. �

entregar na hora certa. Tudo exigindo muito

trabalho e dedicação pessoal para fazer funcio-

nar essa linha de produção. Esse é um dos pontos

cruciais do negócio, onde imperam as restrições

de capital e a necessidade de uma determinada

escala. Para o pepino, verificou ser mais vantajo-

so terceirizar o trabalho de colocá-lo em bande-

jas para a comercialização.

Foi em agosto de 2000, que Lúcio iniciou a

produção de pepino japonês, com a experiência

de mercado e de cultivo das outras culturas,

explorando seus canais de comercialização. Já

havia sofrido com ventos e concluído que a estru-

tura mais alta e os plásticos não estavam resistin-

do bem às condições da região. Avaliou e optou

por túneis com 2,5m de altura no centro, arque-

ando tubos de 1 e ¼ de polegada, colocando-os de

3m em 3m de distância e utilizando-se bobina de

plástico de 100mx9m para cobrir os módulos de

15mx6m, enterrando cerca de 0,5m de lona em

cada lado, mantendo-a perfeitamente esticada e

firme. Com portas de 2,2m de altura, por 2m de

largura nos dois extremos, estes túneis abrigam

cinco canteiros de 15mx0,5m, com 90 plantas de

pepino por canteiro. A colheita começou com 28

dias após o transplante, colhendo-se cerca de 25

caixas por túnel de 15mx6m, durante cerca de 40

dias. Considerando-se oito a dez dias para ter as

bandejas de mudas prontas, poder-se-ia projetar

quatro giros/ano/túnel, com um ciclo de 80 dias.

Com a assessoria do engenheiro agrônomo

João Ricardo Ferri, dono de uma casa comercial,

estava seguindo um programa de fertirrigação

adaptado do Chile, com produtos para as fases

iniciais de desenvolvimento e de produção do

pepino. Segundo João Ricardo, é mais seguro

vender as fórmulas prontas, sem abri-las para o

produtor. Assim, não há improvisações e, se o

programa for bem seguido, o produtor poderá

responder por ele. Com experiência de oito anos

nesse mercado, João Ricardo considera que há um

amplo espaço para ampliação desses negócios em

Campo Grande, mercado abastecido por mais de

60% das olerícolas que vêm de outros Estados.

Nos aspectos agronômicos, o produtor evita

usar esterco e cama de animais, com receio da

contaminação por fungos e bactérias. Prefere

usar 3kg de solomax/m2. No teto, corresponden-

do a cada um dos cinco canteiros, estica um

arame. Faz o espaldeiramento vertical, ligando

um fio de nylon branco, o chamado fitilho, desse

arame ao pé da planta ou ao tubo gotejador.

As correções e adubações são feitas com base

na análise dos solos e o controle de pragas e

doenças obedece a um acompanhamento diário,

com muita observação. Este é considerado um

FFFFFoi em agostoi em agostoi em agostoi em agostoi em agosto de 2000,o de 2000,o de 2000,o de 2000,o de 2000,que Lúcio que Lúcio que Lúcio que Lúcio que Lúcio TTTTTeles iniciou aeles iniciou aeles iniciou aeles iniciou aeles iniciou ap rp rp rp rp rooooo dução de pdução de pdução de pdução de pdução de pepino japepino japepino japepino japepino japo n ê so n ê so n ê so n ê so n ê s,,,,,cccccom a eom a eom a eom a eom a ex px px px px pe re re re re riência de meriência de meriência de meriência de meriência de merccccca d oa d oa d oa d oa d oe de cultive de cultive de cultive de cultive de cultivo das outro das outro das outro das outro das outra sa sa sa sa sculturculturculturculturcultura sa sa sa sa s,,,,, e e e e ex p l o rx p l o rx p l o rx p l o rx p l o rando seusando seusando seusando seusando seuscccccanais de canais de canais de canais de canais de co m e ro m e ro m e ro m e ro m e rcializaçãocializaçãocializaçãocializaçãocialização

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 41

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Brasil ocupa o 9o lugar na produção mundial demanga, com uma área cultivada de 69 mil hectarese uma produção aproximada de 970 mil tonela-

das. O Nordeste representa 60% dessa área explorada(cerca de 41 mil hectares) e 50% da produção nacional(485 mil toneladas), sendo a região de maior importânciana exportação de manga brasileira para os Estados Uni-dos e Europa. Somente na região do Médio São Francis-co, já se encontram instalados, aproximadamente, 20 milhectares de manga, dos quais 70% são irrigados.

A irrigação e, principalmente, a fertirrigação são umadas tecnologias responsáveis pelas grandes respostas desucesso na quantidade e qualidade da manga produzida.Para citar como exemplo, um hectare de manga TommyAtkins adulta na densidade convencional (100 plantas/ha),cultivada em sequeiro, produz cerca de 9 toneladas defrutas por hectare. A mesma variedade, quando irrigada, enas mesmas condições de idade e densidade, produzirá de18 a 20 t/ha, o que representa o dobro da produção desequeiro. Porém, o mais importante no uso da irrigação efertirrigação está na qualidade da fruta ofertada no merca-do. O aporte de nutrientes, como cálcio para resolver oproblema do colapso interno da polpa e o potássio parapromover maior doçura da fruta, é extremamente favore-cido pela fertirrigação. A produção na entressafra, com usode reguladores de crescimento (paclobutrazol), somente éconseguida com o uso da irrigação.

Com tantas vantagens no uso dessa importante tecno-logia, o comitê organizador do VII Simpósio Internacionalde Manga não poderia deixar de incluir essa fruta noprograma técnico do evento, com um workshop específicosobre irrigação/fertirrigação. Outros 13 importantes te-mas, como melhoramento, fisiologia, biotecnologia,marketing etc., serão também discutidos em conferência eworkshops durante o simpósio. O evento será realizado emRecife-PE, de 22 a 27 de setembro de 2002, no Centro deConvenções do Mar Hotel. Aguardam-se cerca de 500participantes, sendo quase a metade formada por cientis-tas de 25 países que produzem e exportam manga. Noscinco dias do simpósio, é esperada a transferência de maisde 2 mil informações dos quase 250 trabalhos a seremapresentados e cer-ca de 200 novastecnologias pode-rão ser adiciona-das ao sistema deprodução da man-ga brasileira.

Informações so-bre o simpósio peloe-mail: [email protected]. �

Um supermercado deinformações sobre a

manga, um cultivo100% irrigado

MMMMMARCOSARCOSARCOSARCOSARCOS A A A A ANTONIONTONIONTONIONTONIONTONIO M M M M MACHADOACHADOACHADOACHADOACHADO

CENTRO DE CITRICULTURA SYLVIO MOREIRA/IAC

citricultura no Brasil é uma das mais importantes agroin-dústrias, respondendo por um faturamento anual da ordemde 1,5 bilhão de dólares, com exportações de suco concen-

trado e subprodutos da laranja (pectina, óleo, ração). O estado deSão Paulo é responsável por 82% da produção nacional, ocupandouma área de 881 mil ha (91% de laranja doce e 9% com tangerinase outras variedades), com 214,1 milhões de plantas em produçãoe 31,3 milhões de plantas novas, e uma taxa anual de renovação daordem de 15%. Os dados do ano 2000 demonstram que o Estadoproduziu 422 milhões de caixas (40,8 kg), sendo 71% destinados àindústria de suco concentrado, 28%, ao mercado interno e 1%, àexportação de fruta fresca. Essa agroindústria gera cerca de 400mil empregos diretos e indiretos, envolvendo 20 mil produtores,em 204 municípios de São Paulo. A produção anual de sucoconcentrado é da ordem de 1.300 mil toneladas e envolve 15fábricas e 926 extratoras. A produtividade média é de 22 t/ha econsiderada muito baixa, quando comparada com a da Flórida.

O advento de doenças com alta taxa de transmissão por vetoresalados induziu o setor a estabelecer um sistema de produção demudas sob proteção, que, a partir de 2001, passou a ser lei em todoo estado de São Paulo. Com uma produção avaliada em 15 milhõesde porta-enxertos por ano, o setor citrícola tem, atualmente, cercade 30% das mudas em sistema de proteção. Nessas condições,existe uma demanda real para sistemas eficientes de irrigação,quando não de fertirrigação, uma vez que toda a produção éconduzida em sistema de containers (vasos) com a utilização desubstratos definidos. Existe desse modo, uma crescente demandapor sistemas eficientes de irrigação, assim como por informaçõessobre condução e manejo desse novo sistema de produção demudas de citros. Muitas das experiências utilizadas baseiam-se emsistemas análogos de plantas anuais, especialmente ornamentais.

A Semana da Citricultura, que acontece na primeira semana dejunho no Centro de Citricultura (Rod. Anhanguera km 158, emCordeirópolis) é um bom fórum para apresentação de propostas ediscussão sobre o tema “Irrigação de citros em sistema de produ-ção de mudas sob proteção”, ampliando-se as bases dos trabalhosa serem desenvolvidos no XII Conird, de 9 a 13 de setembro, emUberlândia, MG. �

O

FOTO HELVECIO M. SATURNINO

Citricultura e aprodução de mudas emambiente protegido

A

Citricultura e aprodução de mudas emambiente protegido

O pesquisador Marcos A. Machado, ligado ao Centro deO pesquisador Marcos A. Machado, ligado ao Centro deO pesquisador Marcos A. Machado, ligado ao Centro deO pesquisador Marcos A. Machado, ligado ao Centro deO pesquisador Marcos A. Machado, ligado ao Centro deCitricultura Sylvio Moreira, do Instituto AgronômicoCitricultura Sylvio Moreira, do Instituto AgronômicoCitricultura Sylvio Moreira, do Instituto AgronômicoCitricultura Sylvio Moreira, do Instituto AgronômicoCitricultura Sylvio Moreira, do Instituto Agronômicode Campinas (de Campinas (de Campinas (de Campinas (de Campinas (www.centrodecitricultura.brwww.centrodecitricultura.brwww.centrodecitricultura.brwww.centrodecitricultura.brwww.centrodecitricultura.br) é um dos) é um dos) é um dos) é um dos) é um doscientistas envolvidos em estratégicos trabalhos vol-cientistas envolvidos em estratégicos trabalhos vol-cientistas envolvidos em estratégicos trabalhos vol-cientistas envolvidos em estratégicos trabalhos vol-cientistas envolvidos em estratégicos trabalhos vol-tados para o genoma e da biotecnologia aplicada aotados para o genoma e da biotecnologia aplicada aotados para o genoma e da biotecnologia aplicada aotados para o genoma e da biotecnologia aplicada aotados para o genoma e da biotecnologia aplicada aodesenvolvimento da citricultura. Para ele, a irrigaçãodesenvolvimento da citricultura. Para ele, a irrigaçãodesenvolvimento da citricultura. Para ele, a irrigaçãodesenvolvimento da citricultura. Para ele, a irrigaçãodesenvolvimento da citricultura. Para ele, a irrigaçãoé a base para os cultivos protegidos que, por sua vez,é a base para os cultivos protegidos que, por sua vez,é a base para os cultivos protegidos que, por sua vez,é a base para os cultivos protegidos que, por sua vez,é a base para os cultivos protegidos que, por sua vez,está viabilizando a rápida e segura multiplicação dosestá viabilizando a rápida e segura multiplicação dosestá viabilizando a rápida e segura multiplicação dosestá viabilizando a rápida e segura multiplicação dosestá viabilizando a rápida e segura multiplicação dosavanços da biotecnologia, com esses ambientes alta-avanços da biotecnologia, com esses ambientes alta-avanços da biotecnologia, com esses ambientes alta-avanços da biotecnologia, com esses ambientes alta-avanços da biotecnologia, com esses ambientes alta-mente controlados, garantindo-se mudas de qualida-mente controlados, garantindo-se mudas de qualida-mente controlados, garantindo-se mudas de qualida-mente controlados, garantindo-se mudas de qualida-mente controlados, garantindo-se mudas de qualida-de na competitiva cadeia produtiva da citricultura.de na competitiva cadeia produtiva da citricultura.de na competitiva cadeia produtiva da citricultura.de na competitiva cadeia produtiva da citricultura.de na competitiva cadeia produtiva da citricultura.

FOTO MAURÍCIO ALMEIDA

42 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

FOTO HELVECIO M. SATURNINO

Alberto CarlosAlberto CarlosAlberto CarlosAlberto CarlosAlberto Carlosde Queirozde Queirozde Queirozde Queirozde QueirozPinto,Pinto,Pinto,Pinto,Pinto,pesquisadorpesquisadorpesquisadorpesquisadorpesquisadorda Embrapada Embrapada Embrapada Embrapada EmbrapaCerrados,Cerrados,Cerrados,Cerrados,Cerrados,é um dosé um dosé um dosé um dosé um dosorganizadoresorganizadoresorganizadoresorganizadoresorganizadoresdo VII Simpósiodo VII Simpósiodo VII Simpósiodo VII Simpósiodo VII SimpósioInternacionalInternacionalInternacionalInternacionalInternacionalde Mangade Mangade Mangade Mangade Manga

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Page 45: Item 52 - 53

WWWWWASHINGTONASHINGTONASHINGTONASHINGTONASHINGTON L. C. S L. C. S L. C. S L. C. S L. C. SILVAILVAILVAILVAILVA

PH.D., EMBRAPA HORTALIÇAS - BRASÍLIA DFE-MAIL: wsilva@cnph. embrapa.br

WWWWWALDIRALDIRALDIRALDIRALDIR A. M A. M A. M A. M A. MAROUELLIAROUELLIAROUELLIAROUELLIAROUELLI

PH.D., EMBRAPA HORTALIÇAS – BRASÍLIA DFE-MAIL: [email protected]

Introduçãoertirrigação é o processo de aplicação de fer-tilizantes às plantas, via água de irrigação.Com a expansão do uso dos sistemas de mi-

croirrigação (gotejamento e microaspersão), tantoem condições de campo, quanto em cultivo protegi-do, tornou-se imperativo utilizá-los também para aaplicação de fertilizantes, pois eles têm caracterís-ticas estruturais e operacionais extremamente fa-voráveis a esta prática.

As principais vantagens da fertirrigação são:maior eficiência no uso de fertilizantes, aplicaçãoda dosagem correta na profundidade e ocasiãoadequadas, maior facilidade no processo de aplica-ção, possibilidade de automação e uso em pratica-mente qualquer tipo de solo ou substrato. Existem,entretanto, riscos de salinização do solo, entupi-mentos de emissores e de contaminação ambientalassociados à fertirrigação.

Tipos e fontes de nutrientesTanto macro como micronutrientes podem ser

aplicados via fertirrigação. Os macronutrientes maisusados são: nitrogênio, potássio e fósforo, nestaordem. O potássio e, principalmente, o nitrogêniosão largamente utilizados por serem elementosessenciais, de alta mobilidade no solo e, conseqüen-temente, mais sujeitos a perdas por lixiviação. Oparcelamento de sais de nitrogênio e potássio émuito apropriado para a utilização em fertirriga-ção, devido à alta solubilidade desses produtos.

Como principais e mais utilizadas fontes denitrogênio têm-se: uréia (45% de N), sulfato deamônio (20%), nitrato de amônio (32%), nitrato decálcio (15%), nitrato de potássio (14%), MAP (12%)e DAP (21%). Os fatores determinantes para a esco-lha de um ou de outro produto geralmente são ocusto e a disponibilidade no mercado. Outros fato-res também devem ser levados em conta. O sulfatode amônio e a uréia, por exemplo, tendem a acidificaro solo. A amônia anidra (83%) pode ser utilizada,mas deve ser manejada com muito cuidado por serum produto muito volátil e tóxico. O sulfuran (20%)é outro produto que traz benefício adicional porconter, aproximadamente, 4% de enxofre. Quando

existem condições muito alcalinas, tanto da águaquanto do solo, é possível utilizar o ácido nítricodiluído com fonte de N, que também serve paralimpeza do sistema, mas isso tudo requer cuidadosespeciais. Finalmente, devem-se considerar ainda asolubilidade dos produtos e a compatibilidade comoutros fertilizantes no caso de misturas.

O produto mais barato e possivelmente maisempregado como fonte de potássio é o cloreto depotássio, que contém 60% de K

2O. O nitrato de

potássio é mais caro, mas também é bastante usado,pois contém 44% de K

2O e 14% de N. Também são

usados o hidróxido de potássio (70%), o sulfato depotássio (50%) e o fosfato monopotássico-MKP(23%). O potássio exerce importante papel na nutri-ção de hortaliças, além de melhorar o teor desólidos solúveis de frutos como melão e tomate.Ions acompanhantes, como cloreto e sulfato, po-dem causar toxicidade às plantas, quando aplica-dos em excesso.

O fósforo, por sua vez, por ser um elementopouco móvel no solo, não é muito indicado paraaplicação via água de irrigação. Os produtos fosfa-tados também são muito sujeitos à precipitação, oque contribui para o entupimento de gotejadores,principalmente quando a água é rica em cálcio emagnésio. Em solos muito arenosos e com baixo teorde matéria orgânica, a aplicação de fósforo via águade irrigação pode ser vantajosa.

As principais fontes de fósforo utilizadas emfertirrigação são as várias formas de ácido fosfórico(30% a 80% de P

2O

5). Os ácidos são menos sujeitos a

reações químicas que formariam outros compostosque poderiam precipitar e causar entupimentos. Aaplicação de ácido fosfórico tem ainda a vantagem dereduzir o pH da água e, conseqüentemente, reduziro risco de precipitação de carbonatos e entupimen-tos de emissores, além de ser indicado para o uso emgotejamento subterrâneo, evitando entrada de raízesnos gotejadores.

Existem outras fontes de fósforo que são utiliza-das em fertirrigação como MKP (28% de P

2O

5),

MAP (60%) e DAP (53%). Aplicações de produtosfosfatados, entretanto, devem ser feitas com muitocuidado para evitar problemas de precipitação eentupimentos. Estes cuidados dizem respeito, prin-cipalmente, ao pH alto e à presença de cálcio emagnésio em excesso na água de irrigação.

Em geral, o cálcio, o magnésio e o enxofre nãosão aplicados via água de irrigação e sim fornecidosao solo na forma de calagem ou adubação de pré-plantio. Parte das necessidades de cálcio, entretan-to, tem sido suprida na forma de nitrato de cálcio,que é bastante solúvel e também importante fontede nitrogênio. O enxofre também é aplicado comoutros nutrientes na forma de sulfatos. Os micro-

Fertirrigação de hortaliças

F

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Cada um dos métodos apresenta vantagens edesvantagens comparativas. O tanque é relativa-mente barato, mas tem a desvantagem de aplicar oproduto de forma não-uniforme, em relação aotempo de aplicação. É recomendável para aplica-ções mais demoradas ou pouco freqüentes. As bom-bas injetoras usadas atualmente vêm acopladas amotores elétricos, mas as dosadoras modernas tra-balham com a pressão da própria água de irrigação.Todas são, geralmente, bastante precisas, porém decusto relativamente elevado. O injetor venturi temconstrução simples, é de boa precisão e de baixocusto. A perda de carga causada no sistema deve serprevista no dimensionamento, para não compro-meter a eficiência da aplicação. Existem no merca-do vários tipos e tamanhos de venturi, para qual-quer tipo de aplicação. Para sistemas maiores érecomendado o uso de uma pequena bomba centrí-fuga, como booster, para contrabalançar perdas decarga acarretadas pelo venturi.

nutrientes como zinco, boro, molibdênio, manganês,ferro e cobre também podem ser aplicados viafertirrigação, entretanto, devem-se observar a com-patibilidade, a solubilidade e outras característicasdos solos e dos fertilizantes que contêm estes ele-mentos.

Os quelatos são compostos orgânicos solúveisem água que podem ser utilizados em fertirrigação.Estes produtos são muito eficientes para aplicaçõesde cobre, ferro e zinco, mas têm custo relativamen-te elevado para serem utilizados largamente. Naverdade, são mais empregados em soluções nutriti-vas para cultivos hidropônicos.

Existem no mercado soluções fertilizantes, ge-ralmente misturas de N e K, que podem ser usadasem fertirrigação, mas estas devem ser avaliadascom cuidado, pois nem sempre atendem às necessi-dades específicas de cada caso. O ideal é o produtorpreparar sua própria mistura com base nas reaisnecessidades e características de cada situação.Além de melhor adequação agronômica, geralmen-te este procedimento faz com que os custos sejamreduzidos.

No preparo das misturas, devem ser observadasa solubilidade, a compatibilidade e a concentraçãodos produtos, além do requerimento das plantas.Em geral, soluções mais concentradas são maisindicadas, porque reduzem o tempo para a injeçãodos fertilizantes no sistema. Nessas situações, fato-res como a temperatura de armazenamento dasmisturas devem também ser observados, pois po-dem alterar a estabilidade das soluções.

Métodos e equipamentos deaplicação

Basicamente existem três métodos para aplica-ção de fertilizantes, os quais empregam diferentesprincípios e equipamentos:

� o tanque de injeção é um cilindro hermetica-mente fechado onde o fertilizante, previamentesolubilizado, é colocado. Por esse cilindro passaparte da água, no mínimo quatro vezes o volumedo tanque, que se destina às plantas, por dife-rença de pressão, transportando o produto atéos emissores;

� a bomba injetora/dosadora é um equipamen-to que retira o produto a ser aplicado de umreservatório e o injeta diretamente no sistemade irrigação. As bombas de pistão e o diafragmasão os tipos mais utilizados. A bomba de pistãoé mais indicada para trabalhar em sistemas dealta pressão ou sujeitos a variações de pressãocomo o pivô central;

� o venturi é um injetor que se baseia no prin-cípio hidráulico de Venturi e que consiste de umestrangulamento de uma tubulação, causandouma sucção, devido à mudança na velocidade defluxo.

Pequena instalação de fertirrigação utilizando injetor VenturiPequena instalação de fertirrigação utilizando injetor VenturiPequena instalação de fertirrigação utilizando injetor VenturiPequena instalação de fertirrigação utilizando injetor VenturiPequena instalação de fertirrigação utilizando injetor Venturi

Instalação de injeção de fertilizantes com bombas injetoras e filtrosInstalação de injeção de fertilizantes com bombas injetoras e filtrosInstalação de injeção de fertilizantes com bombas injetoras e filtrosInstalação de injeção de fertilizantes com bombas injetoras e filtrosInstalação de injeção de fertilizantes com bombas injetoras e filtros

Sistema de injeção de fertilizantes automatizado, com solução estoqueSistema de injeção de fertilizantes automatizado, com solução estoqueSistema de injeção de fertilizantes automatizado, com solução estoqueSistema de injeção de fertilizantes automatizado, com solução estoqueSistema de injeção de fertilizantes automatizado, com solução estoque

FOTOS WASHINGTON L. C. SILVA

46 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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Manejo da fertirrigaçãoAs quantidades aplicadas de cada nutriente de-

vem ser sempre determinadas com base na análisedo solo e no requerimento de cada cultura. Aplica-ções deficitárias prejudicam o desempenho da cul-tura, enquanto aplicações excessivas favorecem osdesperdícios, a salinização do solo, a contaminaçãodo meio ambiente e podem interferir na absorçãode outros nutrientes.

Na produção de hortaliças, o suprimento denutrientes pode ser feito de duas maneiras:1) uma aplicação de todos os produtos (N, P, K +micronutrientes) via fertirrigação; ou 2) uma apli-cação de pré-plantio, por meio convencional, eoutra, do restante dos produtos, via água de irriga-ção. No primeiro caso, imediatamente após o plan-tio ou transplante, deve ser iniciado o processo defertirrigação. No segundo, geralmente todo o fósfo-ro, que pode ser na forma de superfosfato duplo outriplo, os micronutrientes necessários, mais 10-20% de nitrogênio e potássio são aplicados. Osrestantes de N e K são aplicados por meio da águade irrigação, podendo ter seu início uma ou duassemanas após o plantio ou transplante.

Em termos de freqüência de aplicação, estapode ser feita todas as vezes em que forem realiza-das as irrigações ou a intervalos maiores. A fre-qüência depende de fatores como a capacidade dosistema, mão-de-obra disponível, tipo de solo, tipode cultura ou mesmo da preferência do produtor.No caso de sistemas automáticos, controlados porcomputador, as aplicações podem ser realizadastantas vezes quanto fisicamente possível.

Aplicações de fertilizantes em regime de altafreqüência e em pequenas quantidades têm a vanta-gem de reduzir a lixiviação dos nutrientes, devido aeventuais chuvas ou mesmo irrigações excessivas,e também manter o nível de fertilidade próximo doótimo. Em condições normais de clima e em solosde textura média e fina, aplicações semanais podemser satisfatórias para a maioria das hortaliças.

Quanto ao parcelamento de nutrientes, este émais complicado, porque envolve o processo decrescimento e de reprodução das plantas. Nessecaso, o que parece ser mais adequado, principal-mente para o caso do nitrogênio, seria seguir acurva de crescimento das plantas até sua maturida-de. Geralmente, o requerimento de nutrientes pelasplantas depende da sua taxa de acúmulo de matériaseca. Em hortaliças como tomate e pimentão, porexemplo, esta taxa geralmente é baixa nas primei-ras três a quatro semanas após o transplante, há umintenso acréscimo nas cinco a seis semanas subse-qüentes, para depois manter-se, aproximadamen-te, constante durante grande parte da frutificação ediminuir gradativamente durante a maturação defrutos.

Não havendo informações seguras, o parcela-mento de nutrientes pode ser feito de forma quetodo o requerimento seja suprido eqüitativamente

durante todo o ciclo produtivo da cultura. Nutrien-tes aplicados em excesso, caso não haja problemade lixiviação, poderão permanecer disponíveis nosolo para serem utilizados na época de maior de-manda pelas plantas. De qualquer forma, devehaver um acompanhamento contínuo do desenvol-vimento das plantas. Atualmente, isso pode serrealizado por meio de testes rápidos, em condiçõesde campo. A detecção de sintomas de deficiêncianutricional precocemente faz com que medidasremediadoras possam ter mais chances de sucesso.

O manejo da fertirrigação deve também levarem conta o antagonismo e o sinergismo que podemhaver entre os nutrientes aplicados e entre estes e afase de desenvolvimento das plantas. Tem sidoobservado, por exemplo, que algumas fontes denitrogênio, quando aplicadas em excesso, podeminterferir na absorção de cálcio pelas plantas. Ou-tro exemplo diz respeito a um possível abortamentodas flores femininas de algumas hortaliças, devidoa aplicações excessivas de nitrogênio durante oflorescimento.

O manejo da fertirrigação, quanto à aplicaçãodos fertilizantes via água, de forma geral, pode serdividido em três etapas: a primeira, refere-se àaplicação da água; a segunda, à aplicação de ferti-lizantes mais água; e a terceira, à aplicação de águanovamente para lavar o sistema e colocar os nutri-entes na zona radicular das plantas. O início desteprocesso, entretanto, deve ser considerado somen-te após a completa pressurização do sistema.

O tempo correspondente a cada uma das etapasmencionadas depende principalmente da capaci-dade do equipamento de injeção e da lâmina deágua a ser aplicada por irrigação. Mesmo em irriga-ções de alta freqüência, quando geralmente a quan-tidade de água a aplicar é pequena, deve-se sempreprocurar seguir à risca as três etapas do processo,para se obter uma aplicação uniforme.

Como em qualquer processo de manipulação deprodutos químicos, em fertirrigação existe o perigode contaminação ambiental. Pode ocorrer a inter-rupção do bombeamento de água por falha elétricaou mecânica, enquanto o sistema de injeção conti-nua operando; também a bomba injetora pode dei-xar de funcionar e o sistema de irrigação continuaroperando. No primeiro caso, a solução fertilizantepode retornar e contaminar a fonte de água, alémde ocasionar a perda do produto. No segundo caso,a água de irrigação pode retornar ao reservatóriode fertilizantes, e causar extravasamento da solu-ção, ou, em muitos casos, retornar à fonte de água,causando poluição ambiental.

Duas medidas são importantes para a preven-ção desses possíveis acidentes. A primeira é a aqui-sição de equipamentos de prevenção de retorno,como válvulas de retenção com solenóide. A segun-da é a interconexão dos equipamentos com coman-do elétrico para o fechamento rápido de válvulas deprevenção de retorno. �

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48 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

1 .1 .1 .1 .1 . Utilizar a fertirrigação em qualquer sistema deirrigação. O ideal é manter o nível ótimo de nutrien-tes na rizosfera da planta, utilizando-se de altasfreqüências de aplicações, pequena quantidade defertilizantes, para diminuir perdas e proteger oambiente.

2 .2 .2 .2 .2 . Usar água pura em todo o processo e gastar ¼do tempo total de trabalho para pressurizar o siste-ma, 2/4 para fazer a fertirrigação e ¼ para a lava-gem do sistema.

3 .3 .3 .3 .3 . Fazer sempre uma fertirrigação balanceada,para que haja problemas de antagonismo entreprodutos. Por exemplo, o íon amônio causa a dimi-nuição da absorção de magnésio, cálcio, molibdênioe potássio. Se optar pelo sulfato de amônio, nitratode amônio, até a uréia, que vai virar amônio depois,consulte antes a tabela de compatibilidades. Isso éuma regra básica para todos que vão fazer fertirri-gação, formulando-a no próprio local.

4 .4 .4 .4 .4 . Aplicar todos os nutrientes via fertirrigação.Uns são menos, outros mais recomendáveis. Nitro-gênio e potássio podem ser totalmente aplicados nafertirrigação. Recomenda-se aplicar cerca de 25%do N em pré-plantio. O K deve ser aplicado em pré-plantio, conforme a análise de solo e a curva deabsorção. Para o fósforo, a maioria dos autoresrecomenda não aplicá-lo assim, preferindo fazê-lototalmente em pré-plantio. Há o uso estratégico dofósforo via água de irrigação.

5 .5 .5 .5 .5 . Usar ácido nítrico, ácido fosfórico ou ácidosulfúrico, para fazer a limpeza do sistema, tiraralgas e produtos que estão precipitados. É maisprático fazer a aplicação de ácido fosfórico, nãopassando de 20% a 40% do total de utilização paraa cultura, com base na análise do solo. Por quê?Porque a curva de absorção do fósforo e a quantida-de de fósforo que a planta precisa são muito peque-nas e a quantidade a aplicar é muito grande emdecorrência de sua fixação nas condições dos solostropicais.

6 .6 .6 .6 .6 . Na água pesada, o fósforo vai fazer a precipita-ção do cálcio e do magnésio. O pH da água écorrigido com ácido, que é aplicado para matar osmicroorganismos. O íon acompanhante do cloretode potássio é o mais utilizado. Apesar de não serrecomendado, continua sendo usado, porque o KClé a fonte mais barata de potássio. Na análise de águade irrigação, quando a condutividade elétrica émaior que um dc/m, já pode causar problema. Paraprecauções com íons acompanhantes, a exemplo docloro, recomenda-se utilizar o nitrato de potássio.

7 .7 .7 .7 .7 . Firmas que prestam assessoria nesse negóciode fertirrigação têm suas recomendações e guar-dam-nas secretamente. Usar as formulações já pron-tas é prático e, em alguns casos, pode ser interes-sante economicamente. Recomendar a preparaçãoda solução no local pode ser uma ótima alternativatécnica e econômica, mas que exige conhecimento.

8 .8 .8 .8 .8 . Não se pode esquecer da eficiência de aplicação,que a taxa de absorção é variável com as condiçõesclimáticas, mas, principalmente, que a curva deabsorção de nutrientes pela cultura precisa estarassociada com a produção obtida, quando de suaelaboração, com a análise física e química do solo.Sem essas informações, a curva de absorção é umprecário subsídio para um bom trabalho.

9 .9 .9 .9 .9 . A metodologia do Papadopoulos leva em consi-deração a manutenção da fertilidade do solo. As-sim, calcular a massa solo, com a área a irrigar poruma profundidade de raízes, multiplicada pela den-sidade do solo é um pressuposto básico. Essa den-sidade do solo também denominada densidade apa-rente ou densidade global procura retratar o tododesse complexo que é o solo, é variável conformesua textura e estrutura e, para o Cerrado, está emtorno de 1 e 1.1, podendo ser maior em solos maisargilosos e variar em outras áreas. Na fórmula paraesse cálculo, usa-se a densidade em tonelada/m3,mas que é igual a g/cm3. Calculam-se a massa desolo e a quantidade de nutrientes existentes nele.Nutrientes disponíveis, como indicado na análisedesse solo. Daí, calcula-se a necessidade de nutrien-te para aplicação em fertirrigação, com base emsuas exigências, para um determinado rendimento,ou com base na recomendação advinda da análisedo solo. No trabalho da quinta aproximação deMinas Gerais, recomenda-se aplicar o nutriente,conforme o nível de segurança que se quer manterno solo, olhando-se as classes de interpretação defósforo e potássio, por exemplo. Ao escolhê-lo, deve-se manter um bom nível de fertilidade, calcular aquantidade de nitrogênio, fósforo e potássio para orendimento esperado.

10.10.10.10.10. Fertirrigação malfeita pode contaminar o am-biente e acarretar problemas de várias ordens.Assim, trata-se de uma prática e racional operacio-nalização de várias atividades, com substanciaisoportunidades de diminuir custos de produção,exigindo-se um criterioso acompanhamento técni-co e gerencial. �

Alguns conselhosimportantes para

a fertirrigação

O pesquisador Osmar Carrijo, com 25 anos deO pesquisador Osmar Carrijo, com 25 anos deO pesquisador Osmar Carrijo, com 25 anos deO pesquisador Osmar Carrijo, com 25 anos deO pesquisador Osmar Carrijo, com 25 anos detrabalhos na Embrapa Hortaliças, proporcionoutrabalhos na Embrapa Hortaliças, proporcionoutrabalhos na Embrapa Hortaliças, proporcionoutrabalhos na Embrapa Hortaliças, proporcionoutrabalhos na Embrapa Hortaliças, proporcionou

esta edição de dez conselhos sobre fertirrigação,esta edição de dez conselhos sobre fertirrigação,esta edição de dez conselhos sobre fertirrigação,esta edição de dez conselhos sobre fertirrigação,esta edição de dez conselhos sobre fertirrigação,quando proferia uma aula sobre o assunto:quando proferia uma aula sobre o assunto:quando proferia uma aula sobre o assunto:quando proferia uma aula sobre o assunto:quando proferia uma aula sobre o assunto:

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 49

COORDENAÇÃO:COORDENAÇÃO:COORDENAÇÃO:COORDENAÇÃO:COORDENAÇÃO:PPPPPAULOAULOAULOAULOAULO E E E E EMÍLIOMÍLIOMÍLIOMÍLIOMÍLIO P P P P PEREIRAEREIRAEREIRAEREIRAEREIRA DEDEDEDEDE A A A A ALBUQUERQUELBUQUERQUELBUQUERQUELBUQUERQUELBUQUERQUE

EMBRAPA MILHO E SORGO – CX. POSTAL 151 – SETE LAGOAS, MG – CEP:35701-970 – TEL.: (31) 3779-1237

COLABORAÇÃO:COLABORAÇÃO:COLABORAÇÃO:COLABORAÇÃO:COLABORAÇÃO:AAAAADERSONDERSONDERSONDERSONDERSON S S S S SOARESOARESOARESOARESOARES DEDEDEDEDE A A A A ANDRADENDRADENDRADENDRADENDRADE J J J J JUNIORUNIORUNIORUNIORUNIOR

EMBRAPA MEIO-NORTE

FFFFFRANCISCORANCISCORANCISCORANCISCORANCISCO DEDEDEDEDE S S S S SOUZAOUZAOUZAOUZAOUZA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

GGGGGILBERTOILBERTOILBERTOILBERTOILBERTO C C C C CHOAKUHOAKUHOAKUHOAKUHOAKU S S S S SEDIYAMAEDIYAMAEDIYAMAEDIYAMAEDIYAMA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

JJJJJOSÉOSÉOSÉOSÉOSÉ R R R R RENATOENATOENATOENATOENATO C C C C CORTEZORTEZORTEZORTEZORTEZ B B B B BEZERRAEZERRAEZERRAEZERRAEZERRA

EMBRAPA ALGODÃO

LLLLLUISUISUISUISUIS F F F F FERNANDOERNANDOERNANDOERNANDOERNANDO S S S S STONETONETONETONETONE EEEEE P P P P PEDROEDROEDROEDROEDRO M M M M MARQUESARQUESARQUESARQUESARQUES DADADADADA S S S S SILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRA

EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO

ApresentaçãoEste documento foi apresentado durante as

Reuniões Técnicas sobre os “Coeficientes de Cul-tivo (Kc) e Fertirrigação” no XI Conird, realizadoem Fortaleza, CE. Doravante, este estudo serácontinuamente atualizado, preferencialmente porocasião de cada Conird a ser realizado, com o

objetivo de aprimorar as recomendações dos Kcpara as condições brasileiras. Portanto, mostra-se aqui, de forma ainda incompleta, aquilo queantecede uma “Primeira Aproximação”, que deveser levada para debate no XII Conird, a serrealizado em Uberlândia, MG.

Contribuições poderão ser enviadas para oorganizador ([email protected]) ou parao endereço eletrônico de discussão sobre o assun-to (irrigacao-l(@cnptia.embrapa.br).

IntroduçãoA evaporação da água do solo e a transpiração

das plantas são processos, denominados evapo-transpiração (ET), os quais ocorrem simultanea-mente, não sendo nítida a distinção entre ambos.

A quantidade de água requerida para com-pensar as perdas por evapotranspiração da cultu-ra (ETc) é definida como requerimento de água dacultura. Embora os valores da Etc e do requeri-mento de água da cultura sejam idênticos, esteúltimo refere-se à quantidade de água a ser supri-da, enquanto a ETc refere-se à quantidade deágua que é perdida através da evapotranspira-ção. O requerimento de água de irrigação (lâmi-na bruta) basicamente representa a diferença

Coeficientes de cultivo dasprincipais culturas anuais

O manejo ouO manejo ouO manejo ouO manejo ouO manejo oua programaçãoa programaçãoa programaçãoa programaçãoa programaçãode irrigação dade irrigação dade irrigação dade irrigação dade irrigação dacultura significacultura significacultura significacultura significacultura significasaber osaber osaber osaber osaber omomento demomento demomento demomento demomento deirrigar e airrigar e airrigar e airrigar e airrigar e aquantidade dequantidade dequantidade dequantidade dequantidade deágua a serágua a serágua a serágua a serágua a seraplicadaaplicadaaplicadaaplicadaaplicada

FOTO HELVECIO M. SATURNINO

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 49

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50 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

entre o requerimento de água da cultura e aprecipitação efetiva. Também inclui água adicio-nal para lixiviar os sais e compensar a desunifor-midade da aplicação da água.

Fatores que afetam aevapotranspiração

Os fatores que afetam a ET podem ser dividi-dos em três grandes grupos:– climatológicos;– culturais;– manejo e condições ambientais.

CLIMATOLÓGICOSOs principais parâmetros climatológicos que

afetam a ET são: radiação solar, temperatura doar, umidade do ar e velocidade do vento. Váriosprocedimentos foram desenvolvidos para se obtera taxa de ET a partir desses parâmetros. A deman-da evaporativa da atmosfera é expressa pela eva-potranspiração da cultura de referência (ETo) queé a ET de uma superfície vegetada padrão.

CULTURAISO tipo de cultura, variedade e estádio de

desenvolvimento devem ser considerados para oacompanhamento da ET de grandes áreas culti-vadas e bem manejadas. Diferenças de caracte-rísticas culturais quanto à resistência, à transpi-ração, à altura, à rugosidade, à reflexão, à cober-tura do solo e ao sistema radicular resultam emdiferentes níveis de ET para diferentes tipos decultura sob condições ambientais idênticas. AETc sob condição padrão refere-se à demandaevaporativa de culturas que se desenvolvem emcampos sob condições ótimas de umidade do soloe ambientais e de excelente manejo (livre oumínima infestação de pragas, doenças e plantasdaninhas), além de obter plena produção sobdeterminadas condições climáticas.

MANEJO E CONDIÇÕES AMBIENTAISFatores tais como salinidade do solo, baixa

fertilidade, aplicações limitadas de fertilizantes,presença de camada dura ou impenetrável nohorizonte do solo, ausência do controle de pragase doenças e manejo inadequado do solo podemlimitar o desenvolvimento da cultura e reduzir aET. Outros fatores considerados para o acompa-nhamento da ET são: desenvolvimento da cultu-ra, densidade de plantas e conteúdo de água nosolo. O efeito do conteúdo de água no solo sobrea ET é condicionado basicamente pela magnitu-de do déficit hídrico e pelo tipo de solo. Por outrolado, excesso de água poderá resultar em inunda-ção, o que causará falta de oxigenação do sistemaradicular e limitará a absorção de água por inibira respiração.

Evapotranspiração dereferência

Atualmente, o conceito de evapotranspiraçãode referência (Eto) considera como superfície dereferência uma cultura hipotética de grama comcaracterísticas específicas. O uso de outras deno-minações como evapotranspiração potencial édesaconselhado, devido às ambigüidades na suadefinição. O conceito de ETo foi introduzido paraestudar a demanda evaporativa da atmosferaindependentemente do tipo de cultura, estádiode desenvolvimento e práticas de manejo. Quan-do a água é fartamente disponível para a culturade referência, o solo não afetará a ETo. Os valoresde ETo medidos ou calculados em diferenteslocalidades e épocas são comparáveis, quando sereferem à ET da mesma superfície de referência.

Os únicos fatores que afetam a ETo são osparâmetros climáticos. Conseqüentemente a EToé um parâmetro climático que pode ser calculadoa partir de dados de clima. Ela expressa a deman-da evaporativa da atmosfera de um local especí-fico, numa época do ano e não considera ascaracterísticas de cultura e fatores do solo. Ométodo de Penman-Monteith/FAO é recomenda-do como o padrão para determinar a ETo. Estemétodo foi selecionado porque é o que mais seaproxima da ETo da grama no local avaliado, temembasamento físico e incorpora explicitamentetanto os parâmetros fisiológicos, quanto os aero-dinâmicos.

Evapotranspiração da culturasob condição padrão

A evapotranspiração da cultura (Etc) sob con-dição padrão, é a ET de uma cultura livre depragas, doenças e plantas daninhas, bem fertili-zada, que se desenvolve numa área ampla, comótimo suprimento de água no solo e que alcançaplena produção sob determinadas condições cli-máticas.

A ETc pode ser calculada a partir de dadosclimáticos e integrar diretamente os fatores refe-rentes à resistência da cultura, ao albedo e àresistência do ar no método de Penman-Monteith.Como ainda há falta considerável de informaçãopara as diferentes culturas, o método de Penman-Monteith é usado para estimar a evapotranspira-ção da cultura de referência, ou seja, a ETo. Asrelações determinadas experimentalmente deETc/ETo, chamadas coeficientes de cultivo (Kc)são usadas para relacionar ETc com ETo ou ETc= Kc.ETo.

Diferenças na anatomia foliar, característicasdos estômatos, propriedades aerodinâmicas emesmo o albedo determinam as diferenças da

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Etc, em relação à ETo sob as mesmas condiçõesclimáticas. Devido às variações nas característi-cas da cultura ao longo do seu ciclo de desenvol-vimento, o Kc de uma certa cultura varia desde asemeadura até a colheita.

Evapotranspiração da culturasob condição não-padrão

A evapotranspiração de cultura sob condiçãonão-padrão (ETc-aj) é a ET proveniente da cultu-ra, que se desenvolve sob condições de manejo eambientais diferentes da condição padrão. Quan-do se conduz uma cultura no campo, pode ser quea ET real seja diferente da Etc, porque ocorremdesvios da condição ótima, tais como a presençade pragas e doenças, salinidade do solo, solo combaixa fertilidade, déficit hídrico ou encharca-mento. Tudo isso pode resultar em mau cresci-mento da planta, baixa densidade de plantas etambém pode reduzir a taxa da ET abaixo da ETc.

A ETc-aj é calculada usando–se um coeficien-te de estresse hídrico Ks e/ou por ajustar o Kcpara os outros tipos de estresses e restriçõesambientais sobre a ETc.

Coeficiente de cultivo sobcondição padrão

As diferenças na evaporação e transpiraçãoentre campos de cultura e da grama como refe-rência podem ser integrados em apenas um coe-ficiente de cultivo (Kc) ou separado em doiscoeficientes: um coeficiente basal (Kcb) e umcoeficiente da evaporação da água do solo (Ke),isto é, Kc = Kcb + Ke.

O Kc único é mais utilizado para planejamen-to, projeto e manejo de irrigação. Os coeficientesduplos são relevantes nos cálculos em que reque-rem estimativas detalhadas da evaporação daágua do solo, como, por exemplo, na programa-ção da irrigação em tempo real, modelagem daqualidade da água e em atividades de pesquisa.

A fórmula utilizada no método para determi-nar Etc onde se usa o Kc é:

ETc = Kc.ETo (1)

em que:

ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia);Kc = coeficiente de cultura (adimensional);ETo = evapotranspiração de referência (mm/dia).

Muitos dos efeitos das várias condições climá-ticas são incorporados na estimativa da ETo.Entretanto, a ETo representa um índice da de-manda evaporativa, o Kc varia predominante-mente com as características de uma culturaespecífica e somente numa dimensão limitadacom o clima. Isso facilita a transferência de

valores padrão de Kc entre localidades e entreclimas, o que tem sido a razão básica para aaceitação global e a utilidade do método do Kc jádesenvolvido em estudos passados.

Coeficientes de cultivo paraalgumas culturas anuais(grãos e outras)

No Quadro 1 estão listados valores típicos dosKc em três fases do ciclo de desenvolvimento dasculturas (Kc

ini, Kc

med e Kc

fim). Os coeficientes

integram os efeitos tanto da transpiração quantoda evaporação no tempo ao longo do ciclo. Osefeitos da integração no tempo representam umafreqüência média de umedecimento para uma

AlturaAlturaAlturaAlturaAlturamáxima damáxima damáxima damáxima damáxima da

CulturaCulturaCulturaCulturaCultura KKKKKc inic inic inic inic ini KKKKK

c medc medc medc medc med KKKKKc fimc fimc fimc fimc fim cultura (h) (m) cultura (h) (m) cultura (h) (m) cultura (h) (m) cultura (h) (m)

LeguminosasLeguminosasLeguminosasLeguminosasLeguminosas 0,400,400,400,400,40 1,151,151,151,151,15 0,550,550,550,550,55

Amendoim 1,15 0,60 0,4

Ervilha 1,15(2) 1,10-0,30(1) 0,5

Feijão 0,40 1,05-1,15(1) 0,90-0,35(1) 0,4

Feijão Caupi 1,05 0,60-0,35(1) 0,4

Grão-de-bico 1,00 0,35 0,4

Lentilha 1,10 0,30 0,5

Soja 1,15 0,50 0,5 – 1,0

FibrasFibrasFibrasFibrasFibras 0,350,350,350,350,35

Algodão 1,15-1,20 0,70-0,50 1,2 – 1,5

OleaginosasOleaginosasOleaginosasOleaginosasOleaginosas 0,350,350,350,350,35 1,151,151,151,151,15 0,350,350,350,350,35

Canola 1,0-1,15(3) 0,35 0,6

Girassol 1,0-1,15(3) 0,35 2,0

Mamona 1,15 0,55 0,3 (?)

CereaisCereaisCereaisCereaisCereais 0,300,300,300,300,30 1,151,151,151,151,15 0,400,400,400,400,40

Arroz 1,05 1,20 0,90-0,60 1,0

Aveia 1,15 0,25 1,0

Cevada 1,15 0,25 1,0

Milheto 1,00 0,30 1,5

Milho 1,20 0,6-0,35(4) 2,0

Sorgo 1,00-1,10 0,55 1,0-2,0

Trigo 1,15 0,25-0,4(5) 1,0

Cana-de-AcúcarCana-de-AcúcarCana-de-AcúcarCana-de-AcúcarCana-de-Acúcar 0,400,400,400,400,40 1,251,251,251,251,25 0,750,750,750,750,75 3 , 03 , 03 , 03 , 03 , 0

(1) O primeiro valor é para colheita fresca e o segundo para colheita de grãos secos.(2) Algumas vezes são utilizadas estacas com 1,5 a 2,0m de altura, assim o valor de

Kcmed

pode atingir 1,20m.(3) Os valores mais baixos referem-se a condições chuvosas com menor densidade

populacional.(4) O primeiro valor para Kc

fim é para colheita com alta umidade nos grãos. O segundo

valor para Kcfim

é para cultura colhida após o grão estar seco (cerca de 18% deumidade à base de peso úmido).

(5) O valor mais alto é para colheita manual.

FONTE: Allen et al. (1998).

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1Coeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias deCoeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias deCoeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias deCoeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias deCoeficientes de cultivo único, Kc, e alturas máximas médias deplantas, para cultivos sob condição padrão (culturas bem maneja-plantas, para cultivos sob condição padrão (culturas bem maneja-plantas, para cultivos sob condição padrão (culturas bem maneja-plantas, para cultivos sob condição padrão (culturas bem maneja-plantas, para cultivos sob condição padrão (culturas bem maneja-das, não estressadas), em clima subúmido (URdas, não estressadas), em clima subúmido (URdas, não estressadas), em clima subúmido (URdas, não estressadas), em clima subúmido (URdas, não estressadas), em clima subúmido (UR

minminminminmin 45%, u45%, u45%, u45%, u45%, u22222 2 m/s)2 m/s)2 m/s)2 m/s)2 m/s)~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 51

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52 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

cultura padrão, sob condições típicas de desen-volvimento numa área irrigada. Os valores de Kcdurante o estádio inicial de desenvolvimento(Kc

ini) estão sujeitos aos efeitos das variações das

freqüências de umedecimento. Portanto, refina-mentos dos valores usados para o Kc

ini deveriam

ser sempre utilizados. Para umedecimentos fre-qüentes, tais como irrigação por aspersão ouchuva de alta freqüência, os valores do Kc

ini

podem aumentar substancialmente.Segundo Allen et al. (1998), as fontes princi-

pais para obtenção do Quadro 1 foram: para Kcini

(Doorenbos e Kassam, 1979), para Kcmed

e Kcfim

(Doorenbos e Pruitt, 1977; Pruitt, 1986; Wright,1981, 1982; Snyder et al., 1989).

Os valores para o Kcmed

e Kcfim

do Quadro 1representam, para a condição de clima sub-úmi-do com umidade relativa mínima (UR

min), média

diária de cerca de 45% e com velocidades médiasde vento moderado em torno de 2m/s. Para con-dições mais úmidas ou áridas, ou para maioresou menores velocidades de vento, os Kc para ametade do ciclo e para o fim do ciclo devem sermodificados. Ainda esses valores são para cultu-ras não estressadas sob excelentes condiçõesagronômicas e de manejo de água, e que alcan-çam a máxima produção (condição padrão).

Evolução do coeficiente decultivo das culturas anuais deacordo com o ciclo dedesenvolvimento (curva do Kc)

Somente três valores de Coeficiente de Culti-vo (Kc) são necessários para descrever e cons-truir a curva do Kc, como mostra a Figura 1,

levando-se em conta os seguintes passos:1. divisão do ciclo da cultura em quatro estádios

(ou fases) que descrevem a fenologia da cultu-ra ou a fase de desenvolvimento (inicial, cres-cimento vegetativo, reprodutivo e de matura-ção). Determinação da duração de cada umadas quatro fases e identificação dos três valo-res de Kc correspondentes ao Kc

ini, Kc

med e

Kcfim

, conforme o Quadro 1;2. ajustar os valores de Kc à freqüência de ume-

decimento do solo e/ou condições climáticasque ocorrem em cada fase;

3. construir a curva conectando os três valoresdo Kc. A fase 1 tem o valor constante Kc

ini; a

fase 2 tem o valor crescente do Kc entre Kcini

e Kcmed

; a fase 3 tem o valor constante Kcmed

ea fase 4 tem o valor decrescente de Kc entreKc

med e Kc

fim (Fig. 1).

Determinação da duraçãototal e das respectivas fasesdo ciclo da cultura

De acordo com a adaptação realizada porAlbuquerque (2000), com dados médios obtidosem diferentes localidades por Doorenbos e Pruitt(1977), obteve-se o Quadro 2, no qual são mostra-dos a faixa de duração total do ciclo de algumasculturas anuais e o percentual de duração decada uma das quatro fases do ciclo fenológico.

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1Curva do coeficiente de cultivo (kc) para culturas anuais, deCurva do coeficiente de cultivo (kc) para culturas anuais, deCurva do coeficiente de cultivo (kc) para culturas anuais, deCurva do coeficiente de cultivo (kc) para culturas anuais, deCurva do coeficiente de cultivo (kc) para culturas anuais, deacordo com o estádio de desenvolvimentoacordo com o estádio de desenvolvimentoacordo com o estádio de desenvolvimentoacordo com o estádio de desenvolvimentoacordo com o estádio de desenvolvimento

FONTE: Allen et al. (1998), adaptado por Albuquerque (2000).

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2Faixas de duração total do ciclo (em dias) eFaixas de duração total do ciclo (em dias) eFaixas de duração total do ciclo (em dias) eFaixas de duração total do ciclo (em dias) eFaixas de duração total do ciclo (em dias) eduração de cada uma das quatro fases (emduração de cada uma das quatro fases (emduração de cada uma das quatro fases (emduração de cada uma das quatro fases (emduração de cada uma das quatro fases (empercentagem do total) de algumas culturas depercentagem do total) de algumas culturas depercentagem do total) de algumas culturas depercentagem do total) de algumas culturas depercentagem do total) de algumas culturas deciclo curtociclo curtociclo curtociclo curtociclo curto

Percentual* dePercentual* dePercentual* dePercentual* dePercentual* deDuraçãoDuraçãoDuraçãoDuraçãoDuração duração de cadaduração de cadaduração de cadaduração de cadaduração de cadatotal dototal dototal dototal dototal do uma das quatrouma das quatrouma das quatrouma das quatrouma das quatro

CulturaCulturaCulturaCulturaCultura ciclo (dias)ciclo (dias)ciclo (dias)ciclo (dias)ciclo (dias) fases (1-2-3-4)fases (1-2-3-4)fases (1-2-3-4)fases (1-2-3-4)fases (1-2-3-4)

Algodão 180 a 195 (16-27-31-26)Amendoim 130 a 140 (22-26-34-18)Feijão-vagem 75 a 90 (21-34-33-12)Feijão seco 95 a 110 (16-25-40-19)girassol 125 a 130 (17-27-36-20)milho (doce) 80 a 110 (23-29-37-11)milho (grãos) 125 a 180 (17-28-33-22)trigo 120 a 150 (13-20-43-24)

(*) percentual de duração em relação ao tempo de duraçãototal (Exemplo: uma cultura com duração total de 120 dias,que possui 20% de duração para a fase 1fase 1fase 1fase 1fase 1; 35% para a fase 2fase 2fase 2fase 2fase 2;25% para a fase 3fase 3fase 3fase 3fase 3 e 20% para a fase 4fase 4fase 4fase 4fase 4 corresponde, respecti-vamente, a uma duração de 24, 42, 30 e 24 dias. Isso significaque a fase 1fase 1fase 1fase 1fase 1 inicia-se com 0% e termina com 20% – 0 a 24 dias– do ciclo total; a fase 2fase 2fase 2fase 2fase 2 inicia-se com 20% e termina com 55%– 25 a 66 dias – do ciclo total; a fase 3fase 3fase 3fase 3fase 3 inicia-se com 55% etermina com 80% – 67 a 96 dias – do ciclo total e a fase 4fase 4fase 4fase 4fase 4 iniciacom 80% e termina com 100% – 97 a 120 dias – do ciclo total).

FONTE: Dados obtidos e adaptados por Albuquerque (2000) dealgumas regiões do mundo (Doorenbos e Pruitt, 1977).

52 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 53

Para as condições de algumas localidades doNordeste brasileiro, Souza et al. (2001) obtive-ram o Quadro 3 referente à duração total e porfase para algumas culturas.

– Demanda evaporativa da atmosfera – o valordo Kc

ini é afetado por essa demanda, ou seja,

pela ETo. Demanda mais elevada fará comque o solo seque mais rápido entre eventos deaplicação de água e o valor do Kc será menornum período específico

– Magnitude do evento de umedecimento – comoa quantidade de água disponível na camadasuperior do solo, que é evaporada, e o tempopara esse solo secar são funções da magnitudedo evento de umedecimento, então o Kc

ini será

menor na ocorrência de eventos mais brandose maior com eventos mais pesados.

Dependendo do intervalo de tempo entre even-tos de umedecimento do solo, da magnitude doevento e da demanda evaporativa da atmosfera, oKc

ini pode variar entre 0,10 e 1,15.

KCINI

PARA ARROZ IRRIGADOPOR INUNDAÇÃO:

Para arroz cultivado em áreas inundadas,com uma lâmina de água na superfície entre 0,10e 0,20m, a ETc durante o estádio inicial princi-palmente, consiste na evaporação da água livre.O Kc

ini apresentado no Quadro 1 é 1,05, para

condições de clima subúmido e vento calmo amoderado. O Kc

ini deve ser ajustado para as

condições climáticas locais como está indicadono Quadro 4.

Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Q U A D R O 3Duração aproximada dos estádios de desenvolvi-Duração aproximada dos estádios de desenvolvi-Duração aproximada dos estádios de desenvolvi-Duração aproximada dos estádios de desenvolvi-Duração aproximada dos estádios de desenvolvi-mento para diferentes culturas em alguns locaismento para diferentes culturas em alguns locaismento para diferentes culturas em alguns locaismento para diferentes culturas em alguns locaismento para diferentes culturas em alguns locaisdo Nordeste do Brasildo Nordeste do Brasildo Nordeste do Brasildo Nordeste do Brasildo Nordeste do Brasil

CulturaCulturaCulturaCulturaCultura InicialInicialInicialInicialInicial CrescimentoCrescimentoCrescimentoCrescimentoCrescimento MédioMédioMédioMédioMédio FinalFinalFinalFinalFinal TotalTotalTotalTotalTotal(1)(1)(1)(1)(1) (2)(2)(2)(2)(2) (3)(3)(3)(3)(3) (4)(4)(4)(4)(4)

Algodão 25 20 30 25 100-12030 24 36 30

Feijão 10 21 12 9 52-80Caupi 15 32 19 14

Feijão de 10 15 22 13 60-110sequeiro 19 27 40 24

Feijão 9 15 15 6 45-60verde 12 20 20 8

Milho 5 35 15 14 69-12011 60 22 27

Sorgo 21 28 24 17 90-11025 35 30 20

Fonte: Souza et al. (2001)

Determinação do Kcini

Segundo Allen et al. (1998), o coeficiente decultura para a fase inicial (Kc

ini) é função do

intervalo médio de eventos (chuva ou irrigação),que promovem o umedecimento da superfície dosolo e também da demanda evaporativa da at-mosfera (que pode ser mensurada pela ETo),além da significância desse evento de umedeci-mento.

Portanto, os valores de Kcini

no Quadro 1 sãosomente aproximações e deveriam ser usadosapenas para estimar a ETc em estudos prelimina-res ou de planejamentos. Para os vários gruposde cultura, somente um valor é relacionado, oqual é considerado ser representativo do grupo.Estimativas mais exatas do Kc

ini podem ser obti-

das ao considerar:– O intervalo de tempo entre eventos (chuva ou

irrigação) de umedecimento do solo – a ETdurante o estádio inicial para culturas anuaisé predominantemente na forma de evapora-ção. No entanto, melhores estimativas do Kc

ini

podem ser obtidas, quando é levada em contaa freqüência com que a superfície do solo éumedecida durante o período inicial. Quandoo solo é freqüentemente molhado pela irriga-ção ou chuva, a evaporação da sua superfíciepode ser considerável e o Kc

ini ser muito

maior. Por outro lado, quando o solo estáseco, a evaporação torna-se restrita e o Kc

ini

será menor.

Uma simplificação para obter o Kcini

foi reali-zada por Albuquerque (2000), através de umaequação de ajuste para a família de curvas, mos-trada por Doorenbos e Pruitt (1977):

Kcini

= 1,41704 – 0,092412.ETo – 0,11001.IE +0,0042672.ETo2 + 0,0033743.IE2 +0,00028724.ETo.IE (R2 = 0,981) (2)

em que:

Kcini

= coeficiente de cultura para fase 1 dociclo de culturas anuais;

ETo = evapotranspiração de referência nafase 1 (mm/dia);

IE = intervalo entre eventos de umedecimento do solo (chuva ou irrigação) (dias);

R2 = coeficiente de determinação do ajuste.

QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4KcKcKcKcKc

ini ini ini ini ini para arroz sob várias condições climáticas para arroz sob várias condições climáticas para arroz sob várias condições climáticas para arroz sob várias condições climáticas para arroz sob várias condições climáticas

Velocidade do ventoVelocidade do ventoVelocidade do ventoVelocidade do ventoVelocidade do vento

ClimaClimaClimaClimaClima BrandoBrandoBrandoBrandoBrando ModeradoModeradoModeradoModeradoModerado ForteForteForteForteForte

Árido - semi-áridoÁrido - semi-áridoÁrido - semi-áridoÁrido - semi-áridoÁrido - semi-árido 1,10 1,15 1,20

Subúmido – úmidoSubúmido – úmidoSubúmido – úmidoSubúmido – úmidoSubúmido – úmido 1,05 1,10 1,15

Muito úmidoMuito úmidoMuito úmidoMuito úmidoMuito úmido 1,00 1,05 1,10

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 53

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54 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Determinação do Kcmed

Os efeitos da diferença das propriedades ae-rodinâmicas entre a grama como cultura de refe-rência e as culturas agrícolas não são apenasintrínsecas à planta em si, mas também variamcom as condições climáticas e a altura da cultura.Climas mais áridos e condições de velocidades devento maiores originarão valores maiores para oKc

med, ao passo que em climas mais úmidos e

condições de velocidades de vento mais baixas osvalores de Kc

med serão menores.

Segundo Allen et al. (1998), para fazer ajustesno Kc

med apresentado no Quadro 1, quando a

umidade relativa mínima (URmin

) for diferente de45% ou a velocidade do vento (u

2) for maior ou

menor do que 2m/s, é necessária a seguinteequação:

Kcmed

= Kcmed

(tab) + [0,04.(u2 – 2) –

0,004.(URmin

– 45)].(h/3)0,3 (3)

em que:

Kcmed

(tab)= valor do Kcmed

apresentado noQuadro 1;

u2

= valor médio da velocidade do ventodiário a 2m de altura acima da grama,durante a fase 3 (m/s);

URmin

= valor médio da umidade relativamímima diária durante a fase 3 (%);

h = altura média da planta durante afase 3 (m).

AJUSTE DO KCMED

, SEGUNDO

A FREQÜÊNCIA DE UMEDECIMENTO:

O Kcmed

é menos afetado pela freqüência deumedecimento do solo em relação ao Kc

ini, por-

que a vegetação durante esse estádio geralmenteaproxima-se da cobertura total do solo, portanto,os efeitos da evaporação superficial são menores.Em culturas irrigadas com maiores freqüências(em intervalos menores que três dias) e quando ovalor do Kc

med, do Quadro 1, for menor do que

1,0, um novo valor deverá ser adotado (entre 1,1e 1,3) para quantificar os efeitos combinados dosolo continuamente úmido, a evaporação, devidoà interceptação (irrigação por aspersão), e arugosidade da vegetação, especialmente no casodo sistema de irrigação molhar acima de 30% dasuperfície do solo.

Determinação do Kcfim

Os valores tabelados de Kcfim

refletem as prá-ticas de manejo de água e de cultura adotadas emcada caso específico. Se a cultura é irrigadafreqüentemente até a sua colheita na forma fres-ca, a camada superficial do solo permanece úmi-

da e o valor de Kcfim

será relativamente alto. Poroutro lado, culturas que são conduzidas até asenescência e secas antes da colheita e recebemmenos ou nenhuma irrigação durante toda a fasede maturação, conseqüentemente, tanto a super-fície do solo quanto a vegetação estarão secas e ovalor do Kc

fim será relativamente baixo.

Da mesma forma realizada para o Kcmed

, se-gundo Allen et al. (1998), para se fazerem ajustesno Kc

fim apresentado no Quadro 1, quando a

umidade relativa mínima (URmin

) for diferente de45% ou a velocidade do vento (u

2) for maior ou

menor do que 2m/s, é necessária a seguinteequação:

Kcfim

= Kcfim

(tab) + [0,04.(u2 – 2) –

0,004.(URmin

– 45)].(h/3)0,3 (4)

em que:

Kcfim

(tab) = valor do Kcfim

apresentado noQuadro 1;

u2

= valor médio da velocidade do ventodiário a 2m de altura acima da grama,durante a fase 4 (m/s);

URmin

= valor médio da umidade relativa mínimadiária durante a fase 4 (%);

h = altura média da planta durante afase 4 (m).

Os valores de Kc determinados com as equa-ções 3 e 4 são ajustes médios para a fasereprodutiva e de maturação, respectivamente.Os valores para os parâmetros u

2 e UR

min devem

ser tomados como os médios para aqueles perío-dos. Os limites impostos para os parâmetros u

2,

URmin

e h devem ser observados.A equação 4 deve ser aplicada somente quan-

do os valores tabulados do Kcfim

excederem 0,45.A equação reduz o valor de Kc

fim com o aumento

da URmin

. Essa redução é característica de cultu-ras que são colhidas verdes, ou antes que setornem completamente secas (ou seja, Kc

fim ³ 0,45).

Nenhum ajuste é necessário, quando Kcfim

(tab)< 0,45 (isto é, Kc

fim = Kc

fim(tab)). Quando as

culturas são deixadas a senescer e secar no cam-po (como evidenciado por Kc

fim < 0,45), u

2 e

URmin

têm menos efeito sobre o Kcfim

e o ajuste édesnecessário. Realmente, o Kc

fim pode diminuir

com o decréscimo de URmin

para culturas queestão maduras e secas na época da colheita,quando a umidade relativa mais baixa acelera oprocesso de secagem.

Comentários e sugestõesDiante das necessidades de recomendar valo-

res de Kc aos produtores irrigantes brasileiros,que seja de forma prática, mas que não se percao embasamento técnico-científico na sua obten-

54 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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ção, sugere-se o seguinte:– Divisão do território brasileiro em Unidades

Climáticas semelhantes ou em Zonas Agroe-cológicas, ou ainda em Unidades da Federa-ção ou Regiões Políticas;

– Obtenção das isolinhas para umidade relativamínima e velocidade do vento, em médiasmensais, ou períodos menores (quinzenais,decendiais etc.);

– De posse desses dados, tabelar os valores deKc

med e Kc

fim para cada cultura (conforme as

equações propostas pela FAO, segundo Allenet al., 1998), para cada divisão ou isolinhadefinida em cada mês (ou período menor) doano;

– Definição do Kcini

, segundo o turno de umede-cimento do solo e demanda evaporativa (ETo)e/ou tipo de sistema de irrigação utilizado;

– Também não se devem perder de vista os es-forços dos vários pesquisadores na obtençãodos Kc, entretanto, como são geralmente decunho muito pontual, devem-se considerar asrestrições impostas às suas extrapolações. �

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 55

BUNGE FERTILIZANTES SA – Av. Maria Coelho Aguiar, 215, bloco D, 5º andar - Jardim São Paulo/SP – Cep 05805-000

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56 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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WWWWWALDIRALDIRALDIRALDIRALDIR A. M A. M A. M A. M A. MAROUELLIAROUELLIAROUELLIAROUELLIAROUELLI EEEEE W W W W WASHINGTONASHINGTONASHINGTONASHINGTONASHINGTON L. C. S L. C. S L. C. S L. C. S L. C. SILVAILVAILVAILVAILVA

PESQUISADORES DA EMBRAPA HORTALIÇAS – E-MAILS: [email protected] E

[email protected]

COEFICIENTES DECULTURA (Kc)PARA HORTALIÇASSOB SISTEMACONVENCIONALDE CULTIVO EIRRIGADAS PORASPERSÃO,AJUSTADOS PELAEMBRAPA HORTALIÇAS

Estádio de desenvolvimentoEstádio de desenvolvimentoEstádio de desenvolvimentoEstádio de desenvolvimentoEstádio de desenvolvimento

11111 22222 33333 44444HORTALIÇAHORTALIÇAHORTALIÇAHORTALIÇAHORTALIÇA inicialinicialinicialinicialinicial vegetativovegetativovegetativovegetativovegetativo produçãoproduçãoproduçãoproduçãoprodução maturaçãomaturaçãomaturaçãomaturaçãomaturação

Abóbora-seca 0,50 0,75 1,00 0,80Abobrinha 0,50 0,75 1,00 0,80Alface 0,70 0,85 1,00 0,95Alho 0,70 0,85 1,05 0,75Batata 0,45 0,75 1,15 0,75Batata-doce 0,50 0,80 1,15 0,65Berinjela 0,60 0,85 1,15 0,80Beterraba 0,50 0,80 1,05 0,95Brócolos 0,70 0,85 1,05 0,95Cebola 0,70 0,85 1,05 0,75Cenoura 0,70 0,85 1,05 0,95Couve-flor 0,70 0,85 1,05 0,95Ervilha-seca 0,40 0,70 0,85 0,30Ervilha-verde 0,45 0,80 1,10 1,00Feijão-vagem 0,70 0,85 1,05 0,95Grão-de-bico 0,40 0,70 0,85 0,30Lentilha 0,40 0,70 0,85 0,30Mandioquinha-salsa 0,50 0,75 1,00 0,80Melancia 0,40 0,70 1,00 0,75Melão 0,50 0,75 0,95 0,70Milho-doce 0,40 0,80 1,15 1,05Morango 0,40 0,65 0,85 0,75Pepino 0,60 0,80 1,00 0,75Pimentão 0,55 0,80 1,05 0,90Repolho 0,70 0,85 1,05 0,95Tomate indústria 0,45 0,65 0,85 0,60Tomate de mesa 0,60 0,85 1,15 0,90

FONTE: Adaptado de Marouelli et al. (1996), Allen et al. (1998) eMarouelli et al. (2001a).

OBS. Tomate industrial irrigado por gotejo nos cerrados: 0,45; 0,40;95 e 0,70 (Marouelli et al. 2001b)

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que Classe A no controle da irrigação

do arroz de terras altas. Santo Antôniode Goiás: Embrapa Arroz e Feijão,1999a, 2p. (Embrapa Arroz e Feijão.Pesquisa em Foco, 28).

56 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

FOTO

MA

URÍ

CIO

ALM

EID

A

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 57

VVVVValoraloraloraloralores de Kc pares de Kc pares de Kc pares de Kc pares de Kc para algumas cultura algumas cultura algumas cultura algumas cultura algumas culturas anuais em algumasas anuais em algumasas anuais em algumasas anuais em algumasas anuais em algumasrrrrregiões do Begiões do Begiões do Begiões do Begiões do Brrrrrasilasilasilasilasil (estimativa e resultados de pesquisa)

Fase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósa semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)ou após aou após aou após aou após aou após a

U FU FU FU FU F emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE) Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Referência Referência Referência Referência Referência

MILHOMILHOMILHOMILHOMILHO

P IP IP IP IP I Fase 1 0,26 Lima et al.Fase 2 0,76 (1992)Fase 3 0,88Fase 4 0,94

P IP IP IP IP I Fase 1 0,50 AndradeFase 2 0,80 - 0,90 JúniorFase 3 0,90 - 1,11 - 1,20 et al., 1998)Fase 4 0,70

BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil Fase 1 0,20 - 0,40 Fancelli &(recomendação) Fase 3 0,95 - 1,20 do Neto

Fase 5 0,30 - 0,50 (2000)BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil Fase 1 0,15 - 1,00 Resende et al.(recomendação) (2000) e

Fase 3 1,05 - 1,20 Albuquerque &Fase 5 0,55 - 0,60 Andarade (2000)

R SR SR SR SR S** 0 – Emergência 0,40 - 0,40 - 0,47 Matzenauer &Emerg. – 30 DAE 0,55 - 0,54 - 0,70 Porto (2001)30 DAE – Pend. 0,88 - 0,93 - 0,93Pend. – Mat. Leit. 0,97 - 1,05 - 0,96Mat. Leit. – Mat. Fis. 0,70 - 0,78 - 0,73

R SR SR SR SR S** 0 – Emergência 0,40 - 0,37 - 0,41* Matzenauer &Emerg. – 30 DAE 0,51 - 0,52 - 0,60* Porto (2001)30 DAE – Pend. 0,78 - 0,83 - 0,81*Pend. – Mat. Leit. 0,81 - 0,92 - 0,81*Mat. Leit. – Mat. Fis. 0,63 - 0,66 - 0,64*

ALGODÃOALGODÃOALGODÃOALGODÃOALGODÃO

P BP BP BP BP B 8 – 14 DAS 0,48 Azevedo et al.15 – 21 DAS 0,63 (1993)22 – 28 DAS 0,7529 – 35 DAS 0,8136 – 42 DAS 0,8943 – 49 DAS 0,9250 – 56 DAS 0,9657 – 63 DAS 0,9664 – 70 DAS 1,0871 – 77 DAS 1,0978 – 84 DAS 0,8885 – 91 DAS 0,8492 – 98 DAS 0,70

P BP BP BP BP B 8 – 14 DAS 0,41* Azevedo et al.15 – 21 DAS 0,54* (1993)22 – 28 DAS 0,66*29 – 35 DAS 0,73*36 – 42 DAS 0,79*43 – 49 DAS 0,82*50 – 56 DAS 0,84*57 – 63 DAS 0,86*64 – 70 DAS 0,94*71 – 77 DAS 0,90*78 – 84 DAS 0,78*85 – 91 DAS 0,73*92 – 98 DAS 0,62*

M E L Ã OM E L Ã OM E L Ã OM E L Ã OM E L Ã O

P IP IP IP IP I I – (192,5)*** 0,52 Andrade(1996) II – (441,6) 0,87 Júnior

III – (678,6) 1,14 (2001)IV – (951,4) 0,91 (no prelo)

P IP IP IP IP I I – (192,4)*** 0,61 Andrade(1997) II – (438,6) 0,93 Júnior

III – (680,5) 1,17 (2001)IV – (970,1) 0,89 (no prelo)

Fase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósFase ou dias apósa semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)a semeadura (DAS)ou após aou após aou após aou após aou após a

U FU FU FU FU F emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE)emergência (DAE) Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Valor de Kc Referência Referência Referência Referência Referência

FEIJÃOFEIJÃOFEIJÃOFEIJÃOFEIJÃO

G OG OG OG OG O Fase 1 (35 dias) 0,69 SteinmetzFase 2 (25 dias) 1,28 (1984,1997)Fase 3 (20 dias) 1,04

S PS PS PS PS P Fase 1 (11 dias) 0,58 BergamaschiFase 2 (20 dias) 0,68 et al. (1989)Fase 3 (21 dias) 0,94Fase 4 (10 dias) 1,26Fase 5 (11 dias) 1,41Fase 6 (22 dias) 1,22

M GM GM GM GM G 30 – 50 DAS 0,70 - 0,90 Albuquerque51 – 55 DAS 0,90 - 1,24 (1997)55 – 75 DAS 1,2475 – 80 DAS 1,24 - 1,00

S PS PS PS PS P Fase 1 (11 dias) 0,48* Bergamaschi etFase 2 (20 dias) 0,56* al. (1989)Fase 3 (21 dias) 0,77*Fase 4 (10 dias) 1,02*Fase 5 (11 dias) 1,07*Fase 6 (22 dias) 0,92*

G OG OG OG OG O 0 –14 DAE 0,49 Stone & Silva(plantio direto) 15 – 24 DAE 0,69 (1999a)

25 – 34 DAE 0,77 Silveira & Stone35 – 44 DAE 0,90 (2001)45 – 54 DAE 1,0655 – 64 DAE 0,8965 – 74 DAE 0,7475 – 84 DAE 0,4885 – 94 DAE 0,27

M GM GM GM GM G Fase 1 (15 dias) 0,79 AlbuquerqueFase 2 (24 dias) 0,79 - 1,10 (2000)Fase 3 (38 dias) 1,10Fase 4 (18 dias) 1,10 - 0,30

FEIJÃO CAUPIFEIJÃO CAUPIFEIJÃO CAUPIFEIJÃO CAUPIFEIJÃO CAUPI

P IP IP IP IP I 0 – 15 DAS 0,70 (Andrade et al.,(Parnaíba) 16 – 44 DAS 0,75 - 1,12 1993)

45 – 57 DAS 1,12 - 0,8058 – 65 DAS 0,70

P IP IP IP IP I 0 – 15 DAS 0,50 (Andrade(Teresina) 16 – 44 DAS 0,80 Júnior

45 – 57 DAS 1,05 et al., 2000)58 – 65 DAS 0,75

TRIGOTRIGOTRIGOTRIGOTRIGO

P R , S P , M S ,P R , S P , M S ,P R , S P , M S ,P R , S P , M S ,P R , S P , M S , 0 – 10 DAE 0,32 - 0,40* (Reunião...,M G , D F , G O ,M G , D F , G O ,M G , D F , G O ,M G , D F , G O ,M G , D F , G O , 11 – 24 DAE 0,40 - 0,76* 1988;B A , M TB A , M TB A , M TB A , M TB A , M T 25 – 47 DAE 0,76 - 0,93* Reunião...,

48 – 63 DAE 0,93 - 0,98* 1999;64 – 98 DAE 0,98 - 0,72* Instituto,99 – 115 DAE 0,72 - 0,52* 2000)

ARROZ ARROZ ARROZ ARROZ ARROZ (terras altas)(terras altas)(terras altas)(terras altas)(terras altas)

G OG OG OG OG O 0 – 47 DAE 0,58 Stone & Silva48 – 59 DAE 0,85 (1999b)60 – 69 DAE 1,1070 – 84 DAE 1,5385 – 92 DAE 1,9693 – 99 DAE 1,83100 – 109 DAE 1,04110 – 135 DAE 0,67

G OG OG OG OG O 8 – 18 DAS 0,70* Steinmetz18 –40 DAS 0,90* (1986)40 – 110 DAS 1,24*110 – 130 DAS 0,90*

* Valores do produto do coeficiente do tanque Classe A pelo coeficiente da cultura (Kt x Kc).** Valores para três épocas de semeadura, respectivamente: setembro, outubro e novembro.*** Valores de graus-dias acumulados des-de a emergência até o ponto médio do estádio de desenvolvimento.

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Na pesquisa contemporânea brasileira, tal-vez o primeiro avanço significativo na área deconsumo de água pelas culturas tenha sido dadopelo Dr. Angelo Pais de Camargo, do IAC, apósseu treinamento em 1956 com o Dr. CharlesThornthwaite em Centerton, NJ, Estados Unidos.Camargo (1960) foi quem primeiro popularizouo conceito de evapotranspiração potencial (ETP)no Brasil. Aproveitando a grande variabilidadeclimática existente no estado de São Paulo,Camargo (1962) desenvolveu um significativo

Estudos de Consumo de Água eCoeficiente de Cultura

F.B. AF.B. AF.B. AF.B. AF.B. ARRUDARRUDARRUDARRUDARRUDA

PESQUISADOR CIENTÍFICO, MS E DR. DO INSTITUTO AGRONÔMICO (IAC),CENTRO DE ECOFISIOLOGIA E BIOFÍSICA, C.P. 28, CAMPINAS, SP, 13001-

970. E-MAIL: [email protected]

R.C.M. PR.C.M. PR.C.M. PR.C.M. PR.C.M. PIRESIRESIRESIRESIRES

[email protected]

M.B. CM.B. CM.B. CM.B. CM.B. CAMARGOAMARGOAMARGOAMARGOAMARGO

[email protected]

O. BO. BO. BO. BO. BRUNINIRUNINIRUNINIRUNINIRUNINI

[email protected]

O consumo de água pelas plantas

tem sido preocupação e alvo de

atenção desde que a agricultura

passou a receber um enfoque

científico. No presente trabalho é

realizado uma discussão sobre as

realizações mais interessantes no

que se refere ao tema uso de água

pelas culturas aplicadas ao manejo

de irrigação, principalmente as

realizadas no IAC pela maior

familiaridade dos autores. Porém

grandes contribuições tem sido

geradas em várias outras instituições,

em especial a partir dos anos 80.

Para o produtor,Para o produtor,Para o produtor,Para o produtor,Para o produtor,é importanteé importanteé importanteé importanteé importante

conhecer a estimativaconhecer a estimativaconhecer a estimativaconhecer a estimativaconhecer a estimativado Kc (coeficiente dedo Kc (coeficiente dedo Kc (coeficiente dedo Kc (coeficiente dedo Kc (coeficiente de

cultura ou de cultivo)cultura ou de cultivo)cultura ou de cultivo)cultura ou de cultivo)cultura ou de cultivo)indicado para asindicado para asindicado para asindicado para asindicado para as

diversas fases da suadiversas fases da suadiversas fases da suadiversas fases da suadiversas fases da suacultura e regiãocultura e regiãocultura e regiãocultura e regiãocultura e região

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estudo de determinações da evapotranspiraçãopotencial medindo o consumo de água em gra-mado em vários locais. Utilizou-se de evapo-transpirômetros construídos a partir de caixasd’água enterradas em que controlava a entrada ea saída de água do sistema (Figura 1). Esseinstrumento permitiu a Camargo realizar a com-paração de algumas das principais equações deestimativa da evapotranspiração.

A partir desse estudo básico foram realizadosos balanços hídricos das várias regiões de SãoPaulo (Camargo, 1960). A mudança no métodode Thornthwaite (1948) para o de Thornthwaite& Matter (1955) representou também um signifi-cativo avanço. Na metodologia de 1948 a água nosolo era considerada igualmente disponível paraas plantas até o seu esgotamento; no de 1955passou a incluir uma redução de ETP com adeficiência de água no solo na estimativa daevapotranspiração real (ETR). Na época, aindanão se falava em coeficiente de cultura (1 )1 )1 )1 )1 ) (Kc) e,embora a modificação tenha sido feita com aintrodução de um expoente no termo Água Dis-ponível, teve o efeito similar ao uso de Kc. Poste-riormente, tais informações deram base à váriosestudo de caráter ecológico, zoneamento agríco-la, estimativa da melhor época de plantio (Alfonsiet al., 1995 e 1998) e muitos outros, inclusiveplanilhas de controle de irrigação, em especialpara a cultura do cafeeiro (por exemplo Camargoe Pereira, 1990).

Deve-se também dar destaque ao conjunto delisímetros de blocos monolíticos (não deforma-dos) de alguns dos principais solos de São Paulo,instalados no início dos anos 60 em Campinas,para estudos do ciclo hidrológico e consumo deágua das culturas (Bertoni e Barreto, 1966 e 1968).

Ao longo dos anos, vários trabalhos se segui-

ram na determinação do consumo de água pelasculturas, nas áreas de irrigação e de agrometeo-rologia, principalmente no IAC. Por exemplo,com cana-de-açúcar (Tosello et al., 1966), café(Tosello et al., 1961; Barreto et al., 1972), feijão(Sakai, 1993; Medeiros et al., 2001), hortícolas(Demattê et al., 1971; Mello e Arruda, 1996;Pires, 1998) e outros. Tais estudos, como muitosoutros, tem importante valor histórico mas aoserem utilizados dificilmente repetem as condi-ções originais em que foram medidos.

Os estudos de micrometeorologia na determi-nação do balanço de energia das culturas é quepermitiu conhecer a partição da energia em dife-rentes culturas. Dessa forma, os termos compo-nentes desse balanço são conhecidos ao longo dodia: aquecimento do ar, fluxo de calor para o soloe a evapotranspiração ao longo do dia, em cultu-ras como a da soja (Nova et al., 1975), do arroz(Pedro Jr. et al., 1981), feijão (Sakai et al., 1993)e outras. O passo seguinte é entender como é ocomportamento biológico da planta e a suainteração com o meio. Nesse sentido é que muitostrabalhos sobre a fisiologia do controle estomáticodas plantas estão ocorrendo atualmente, comoem Machado et al. (1999).

Um aspecto interessante que tem sido adota-do é a relação ETR/ETP, que por definição é o Kc.Essa relação tem sido empregada como um indi-cador climatológico para expressar o efeito doestresse hídrico nas culturas. A razão para isso éque a redução em ETR está relacionada a abertu-ra dos estômatos e a relação existente entretranspiração e fotossíntese. Boas correlações fo-ram encontradas com o “índice ETR/ETP” e aprodução final de diversas culturas, tais comocitros (Iaffe et al., 1999; Camargo et. al., 1995),café (Picini, 1999; Weill et al., 1999).

(1)(1)(1)(1)(1) Define-se coeficiente de cultura como a relação Kc = (ETR/ETP).

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – Esquema dos evapotranspirômetros de Thornthwaite modificado, instalado nas E.E. de Campinas,Pindorama e Ribeirão Preto, IAC, para estudos de consumo de água. Conforme o original de Camargo (1962)

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McvL / Clim.Agr.-CIAMcvL / Clim.Agr.-CIAMcvL / Clim.Agr.-CIAMcvL / Clim.Agr.-CIAMcvL / Clim.Agr.-CIA

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A existência de uma relação entre Kc e adeficiência hídrica e a demanda evaporativa foiinicialmente documentada por Denmed & Shaw(1962) para com o milho em Iowa. Similar rela-ção foi obtida no IAC para com a cultura do arroz(Figura 2) e do milho em Campinas, por Bruniniet al. (1981 e 1995). Tais relações tem sido poucoestudadas ou agregadas à prática da irrigação,apesar da grande influência que ela apresenta natranspiração e na produtividade das culturas.

O interesse por Kc como objeto de estudo,conforme hoje utilizado em irrigação, só recebeumaior atenção após a publicação do Boletim 24da FAO (Doorenbos e Pruitt, 1975). Tambémtornou importante a demanda por informações ocrescimento da irrigação no país com o aporte derecursos pelos grandes programas nacionais deexpansão da irrigação e aproveitamento de vár-zeas, nos anos 80.

Mais recentemente, Arruda (1989) chama aatenção para o desmembramento de Kc (2 )2 )2 )2 )2 ) emcoeficiente de cultura basal (Kcb) e seus termoscoadjuvantes para a evaporação direta da super-fície do solo (Ka) e da componente de estressehídrico (Ks). As equações de estimativa da parti-

ção de Kc foram divulgadas nos vários cursos epalestras ministradas pelo grupo de irrigação doIAC, e sempre enfatizada a possibilidade de sequantificar o uso da água a partir do histórico dasirrigações e da condução da cultura (Arruda etal., 1997; Pires et al., 2000 ).

Posteriormente, foi demonstrada a estreitarelação existente entre o índice de área foliar(IAF) e Kc nas culturas de ervilha (Mello e Arru-da, 1996), feijão (Medeiros e Arruda, 1996c;Medeiros et al., 2001) e com fortes indicações nasculturas de citros (Iaffe e Arruda, 1997) e de café(Arruda et al., 2000b e 2001). Para a transferên-cia da informação de Kc para as condições decampo deu-se ênfase no uso da porcentagem decobertura vegetal (%CVeg.) ao invés do IAF ou dacontagem de grau-dias (Medeiros et al., 2000),pela grande facilidade de estimativa do primeironas condições de campo e pelos resultados decorrelação com Kc similares ao do IAF. A idéiapor trás dessa relação Kcb vs. %CVeg. seria aestimativa em tempo real de Kc em lavourascomerciais a partir do levantamento do grau decobertura vegetal e do histórico de molhamentoda superfície do solo. Tal possibilidade foi mos-trada ser viável, pela comparação dos resultadosda relação obtida em evapotranspirômetros ecomparada ao desempenho do feijoeiro nas con-dições de campo (Medeiros et al., 2001).

A técnica de determinação de Kcb em evapo-transpirômetros de nível constante foi aperfeiço-ada e detalhes simples, mas de extrema impor-tância, foram evidenciados (Medeiros e Arruda,1996a). A utilização de uma leve camada sub-superficial (a 5cm) de areia impedia o molha-mento da superfície do solo pela mudança nacondutividade hidráulica, mas possibilitava amanutenção do lençol freático elevado (até 40cm)para o pleno suprimento de água ao feijoeiro,conforme requer as condições estabelecidas porWright (1982) para Kcb (plena transpiração sem aevaporação direta da água do solo). Outra modifi-cação interessante foi o uso da média móvel nocálculo do valor da evapotranspiração da culturaobtida diariamente nos evapotranspirômetros(Medeiros e Arruda, 1996b). Desnecessário dizerda importância de se ter excelentes bordaduras ede se evitar que as plantas tenham um “aspecto debuque”, muito diferente das plantas ao lado, peloaumento do consumo de água que isso acarreta.

Estudos realizados com base no desmembra-mento do coeficiente de cultura estão permitindomelhor conhecer e explicar o comportamento datranspiração da planta e a variação da água no

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – Razão entre a evapotranspiração real e a evapotranspiraçãopotencial (E/Ep) em função da porcentagem de água disponível no solo,para dois cultivares de arroz em duas densidades de plantio. Conforme ooriginal de Brunini et al. (1981)

( 2 )( 2 )( 2 )( 2 )( 2 ) A partição é a seguinte: Kc = Kcb*Ks + Ka conforme primeiro proposto por Jensen (1969) e por Wright (1982). Kcb é o coeficientede cultura basal e representa o Kc sem evaporação da água da superfície do solo e sem restrição na transpiração. Ks é umcomponente relacionado ao estresse hídrico e Ka ao molhamento da superfície do solo.

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solo em ensaios de longa duração em que foramrealizadas o monitoramento da umidade do solopara o acompanhamento de irrigações em citrose café. Num estudo em Pindorama verificou-seque ao se calcular o Kc desses balanços hídricosde campo, alguns períodos longos entre amostra-gens mostravam valores inconsistentes e muitoelevados. Trabalhando essa informação, Arrudaet al. (1999) obtiveram a seguinte equação:

Kc = 0,2068 (P-ETP) + 1,09

A precipitação menos a evapotranspiração(P-ETP), em mm/dia, explicavam (r2 = 0.97) queos erros eram principalmente advindos das ele-vadas precipitações ocorridas nos períodos entreamostragens de umidade no perfil de solo (0-100cm). Acredita-se que o efeito da advecção tenhaafetado um pouco as determinações (elevandoKc de 0,83 para até 1,09) tendo em vista a fortelinearidade dos resultados de Kc versus (P-ETP)a partir de valores de Kc>1,09.

No caso da cultura do cafeeiro irrigado, aFAO (Allen et al., 1998) admite um valor de Kcinicial de 0,9 e o valor de 0,95 para as outrasfases. As pesquisas obtidas em vários locais indi-cam que o coeficiente de cultura do cafeeiroapresenta maior faixa de variação, principal-mente em função da idade da planta e por elaestar relacionada ao porte da planta, área foliare porcentagem de cobertura vegetal (Arruda etal., 2001). Arruda et al. (2000a) observaramainda, que o Kc do cafeeiro adulto (7 e 8 anos deidade) estava fortemente relacionado (r2=0,95)ao défice (D, em mm) de água no solo abaixo dacapacidade de campo, num perfil de solo nacamada 0-100 cm, conforme a seguinte relação:

Kc = – 0,000001D3 +0,00003D2 + 0,0024D + 0,825

Uma estimativa mais generalizada obtida nes-se mesmo ensaio, com os resultados de váriosanos e, portanto, com plantas de café em desen-volvimento (de 2 a 8 anos de idade), produziuuma relação de menor correlação, com r2=0,61(Arruda et al., 1999). Iaffe et al. (2000) utilizandoessa informação mais geral de Kc pode simular adeficiência diária de água no solo. A estimativaresultou numa boa concordância com os valoresexistentes produzindo uma interpolação confiáveldos dados. Esses resultados indicam que para asimulação da marcha anual de variação da umi-dade no solo, há uma relativa insensibilidadequanto ao valor absoluto de Kc e que fatoresconsiderados na simulação, como o efeito domolhamento do solo e da redução da transpira-ção por seca, são muito mais dinâmicos do queKcb e por isso importantes.

A incerteza e a variação do clima em SãoPaulo mais a ocorrência variável da precipitaçãofaz com que se reflita sobre a necessidade de

melhor adaptar conceitos de regiões semi-áridaspara às condições de irrigação suplementar. Anecessidade de se incluir valores de maior ocor-rência do que a média da evapotranspiração foiobservada por Arruda e Barroso (1984). O passoseguinte foi elaborado por Pires e Arruda (1995),em que, para o dimensionamento da irrigação,sugere a simulação de irrigações para váriaslâminas de reposição de água no solo gerandotabelas com o intervalo entre regas em função daescolha do grau de probabilidade de sucesso doprojeto (por exemplo, atendimento de 80% dasirrigações necessárias), da lâmina de água facil-mente disponível no solo e do coeficiente decultura do mês em análise. Os bons resultadosobtidos estimulou a continuação dos estudos paraas diferentes regiões de São Paulo (por exemplo,Pires et al., 1998 e 1999).

Muito ainda há que se fazer nos estudos deconsumo de água. Porém, a modelagem (mesmoque empírica) e uso de Kc aliado a correta deter-minação e uso da evapotranspiração potencialsão imperativos ao correto manejo da irrigação.Diferentes equações de estimativa de evapotrans-piração resultam em valores diferentes de Kc.Valores obtidos de medições de consumo de águaem gramado podem trazer dois tipos de erro quefortemente prejudicam a estimativa de Kc: regassemanais podem não ser suficientes para mantera plena transpiração do gramado; e o enfolha-mento insuficiente ou desigual, não atendem aospadrões para uso como evapotranspiração po-tencial (aqui também denominada evapotranspi-ração de referência, ETo). Em ambos os casos, aETo será subestimada e resultarão em valores deKc superestimados e maiores do que a unidade(ETc>ETo). A tendência para resolver esse pro-blema é adotar a equação de Penman-Monteithcomo referência e seguir atentamente as reco-mendações da FAO em Allen et al. (1998). Ajustese simplificações são possíveis se baseadas emestudos regionais.

Outro erro freqüente nas determinações deKc são os erros induzidos pela sub-estimativa dadrenagem profunda. Períodos muito úmidos de-vem ser acompanhados de monitoramento fre-qüente da umidade e dos gradientes de potencialde água no solo para a correta estimativa doscomponentes do balanço hídrico de campo. Casocontrário, é melhor desprezar esses períodos devalores incertos, muitas vezes produzindo valo-res de Kc>1,6. Estimar ou adotar valores obtidosa partir de outras datas podem ser mais reais doque induzir ao leitor a usar valores sabidamentecom erros.

Há, ainda, muito o que explicar para se enten-der a razão de valores da ETR>ETo. O efeito daadvecção nem sempre é contabilizada nas esti-

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FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3FIGURA 3 – Produção de morango em cultivo protegido em hidroponiahorizontal (esquerda) e hidroponia vertical (direita)

mativas de ETo, bem como não é estimado o seuefeito nas áreas irrigadas. Também há necessida-de de adaptar e desenvolver trabalhos incluindoos novos conceitos de coeficiente de cultura,conforme foram revisados (Allen et al., 1994 e1998) e apresentados no Boletim 56 da FAO, daSérie Irrigação e Drenagem (http://www.fao.org/docrep/x0490e/x0490e00.htm). Possivelmente,bons programas computacionais poderão auxili-ar na simplificação do emprego dos novos crité-rios de estimativa de Kc e tomada de decisão deirrigação. Uma revisão sobre o assunto em línguaportuguesa é apresentada em Pires et. al. (2001).

Um dos novos desafios ao estudo de consumode água está nos novos sistemas de cultivo prote-gido. Apesar da grande tecnificação existente nosistema de produção, há muitas modalidades decultivo (Figura 3), e há ainda as dificuldade depadronização das medições para controle do usoda água. As discussões em torno do tema sãoainda iniciais e pouco pragmáticas. De um modogeral, o consumo de água em condições de culti-vo protegido é cerca de 60% a 80% daqueleverificado em condições de campo aberto(Montero et al., 1985; Rosenberg et al., 1989).

O uso pleno de Kc e da estimativa do consumode água das culturas irrigadas na agriculturacomercial só será possíveis ao uso em largaescala se mais atenção for dada na formação,consolidação e manutenção de redes de estaçõesmeteorológicas automáticas. A disponibilizaçãodos dados meteorológicos ao público, em temporeal ou em informes agrometeorológicos como asenviadas pelo CIIAgro (Brunini et al., 1998;http://www.iac.br/~ciiagro), são as ferramentasviáveis como instrumentos para racionalizaçãodos recursos hídricos. �

FOTO FLÁVIO B. ARRUDA

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 63

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Dos 17 comitês de baciaestruturados e dos oitos em

implementação no estado deMinas Gerais, alguns são

considerados quase prontos parainiciar a cobrança pelo uso da

água, um dos principaisinstrumentos previstos na política

nacional de recursos hídricos.A primeira experiência nesse

sentido, envolvendo Minas, vai serpraticada por um comitê de

formação nacional que atingemais de um Estado, o da Bacia do

Rio Paraíba do Sul, a partir dopróximo mês de junho.

Considerado um dos rios maispoluídos do país, o Paraíba do Sule seus afluentes abastecem cinco

milhões de pessoas em MinasGerais, São Paulo e Rio de Janeiro,

região responsável por 10% do PIBnacional. A estimativa é que esta

cobrança pelo uso da água renda30 milhões de reais ao ano, com aparticipação de todos os usuários

no processo.

om a aplicação do conceito de commoditypara a água, o setor da agricultura irriga-da do estado de Minas, responsável por

cerca de 70% das outorgas concedidas pelo po-der público, terá um tratamento diferenciado dosdemais usuários, mas também pagará pelo uso.“O Brasil é perdulário com a água, afirma odiretor-presidente do Instituto Mineiro de Ges-tão das Águas (Igam), Willer Hudson Pós. Paraele, a maioria dos produtores pratica o “molha-mento” ou o “aguamento”, o que gera impactosno meio ambiente.

Minas Gerais é conhecida como a maior “caixad’água” do Brasil. Cerca de 8,3% dos rios e lagosnaturais e artificiais do país estão em solo mineiro,ocupando uma superfície eqüivalente a 4.586 km2

dos 55.457 km2 existentes no Brasil, segundodados do Instituto de Desenvolvimento Industrialde Minas Gerais (Indi). A segunda maior baciahidrográfica do mundo em volume de água, a doParaná, é formada em Minas pelos rios Grande eParanaíba. Em terras mineiras nasce o São Fran-cisco, o chamado rio da integração nacional, alémde mais 16 bacias hidrográficas que dão origem amais de 10 mil cursos de água, com uma capacida-de de vazão de 6.290m3 por segundo.

Com tanta fartura em recursos hídricos équase impossível acreditar que ali possam existirconflitos pelo uso da água. Mas, eles existem,especialmente em regiões, onde a irrigação ébase da atividade agrícola. Recentemente, o Igamcontornou uma situação difícil em Campos Altos,no Triângulo Mineiro. Um grupo de 23 produto-res rurais iniciou uma disputa pelas águas do rioAraguari, criando um clima de guerra no local. Oassunto foi resolvido entre os próprios interessa-dos, a promotoria local e o órgão gestor daságuas, com uma outorga coletiva, a primeira deMinas Gerais. Os produtores passaram a utilizara água em comum acordo e instalaram um verte-douro para controlar a vazão referência adotadano Estado.

O que falta para Minas Geraisdar início ao processo de

cobrança pelo uso da água?

C

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Esse fato ilustra a prática da teoria de ummodelo de gestões descentralizada e participativa.E, também, deverá ser a solução adotada paraoutro conflito na mesma região e bacia, em rela-ção ao córrego Amanhece, cujas águas estãosendo disputadas por cerca de 100 produtoresrurais. Eles já se uniram para discutir seus con-flitos e formaram uma associação, a dos Usuáriosda Água do Amanhece. A Agência Nacional deÁguas (ANA) gostou tanto da idéia, que pensa emadotá-la para resolver problemas semelhantesem outras regiões do país.

Além das disputas, outro sinal óbvio de confli-to está refletido no número de indeferimentospraticados pela instituição das outorgas, garan-tia que a instituição dá ao usuário de que elepoderá contar com a água, tanto em época dechuva quanto de seca. As outorgas indeferidas járepresentam 10,7% das 5.925 concedidas atéfevereiro deste ano. Esses indeferimentos ocor-reram principalmente nas regiões mais críticasdo Estado, onde ocorrem conflitos constantespelo uso da água.

E, indiscutivelmente, o setor da agriculturairrigada ocupa o primeiro lugar nas solicitações.Cerca de 70% das outorgas concedidas em MinasGerais são destinadas à irrigação, 26% para oconsumo humano e o restante para o setor indus-trial e outros usos.

Maior demandaMaior demandaMaior demandaMaior demandaMaior demandaO Triângulo Mineiro, grande produtor de café

com a utilização da irrigação, é uma das regiõesque mais demanda pelas outorgas. Além dessa, oNoroeste do Estado, devido à produção de grãos,batata e cenoura, e o Norte de Minas, pela fruti-cultura e pelo café, são duas outras regiões ondeos conflitos pelo uso da água são comuns.

“Dificilmente, somos procurados esponta-neamente pelos produtores”, afirma a enge-nheira química e advogada, Célia Maria BrandãoFróes, chefe da Divisão de Cadastramento eOutorgas do Igam, que conta apenas com 15funcionários para analisar uma média de 150 a200 processos de outorgas por mês que chegamà instituição.

Através de um convênio com a Emater-MG, oIgam vem contando com o apoio da extensãorural nas orientações para o preenchimento dosrequerimentos, o que tem aumentado o volumede processos de pedidos de outorga junto à insti-tuição.

Além de situações de conflito e o convêniocom a extensão rural, outra motivação que fez ademanda pelas outorgas subir em Minas foi aatuação dos órgãos financiadores, que só conce-dem recursos financeiros para a irrigação paraquem possui outorga.

DúvidasDúvidasDúvidasDúvidasDúvidasMesmo com a demanda crescente nos pedi-

dos de outorga junto ao órgão responsável, sãomuitas as dúvidas existentes entre os chamadosusuários da água, quanto à implantação da polí-tica de recursos hídricos e, especialmente, emrelação ao início da cobrança pelo uso da água.

Um desses usuários, o segmento industrialrepresentado pela Federação das Indústrias doEstado de Minas Gerais (Fiemg), levantou, recen-temente, uma série de questionamentos. Princi-palmente em relação à regulamentação da co-brança pelo uso da água, durante a cerimôniaocorrida, em 26 de fevereiro último, para o lan-çamento de uma cartilha elaborada pelo Igamem conjunto com a Fiemg, sobre a Política Nacio-nal e Estadual de Recursos Hídricos.

Mesmo estando representada no ConselhoEstadual de Recursos Hídricos e nas câmarastécnicas do Conselho Nacional de Recursos Hí-dricos, a Fiemg achou importante defender suaposição junto ao segmento. Aproveitou a oportu-nidade e distribuiu um outro documento com oposicionamento oficial da entidade sobre a Co-brança pelo Uso da Água e o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos.

CríticasCríticasCríticasCríticasCríticasO principal alvo da Fiemg está direcionado pa-

ra a cobrança pelo uso da água. A entidade apontaque ambos os conselhos, o Nacional e o Estadualde Recursos Hídricos de Minas ainda não edita-ram nenhuma deliberação normativa com asregras gerais sobre o funcionamento do sistemae a implantação dos instrumentos sobre cobran-ça, lembrando que a Lei 9.433, conhecida comoa Lei das Águas, ainda não foi regulamentada.

Essa posição adotada pela Fiemg acontecelogo depois das primeiras notícias sobre o iníciodo processo de cobrança pelo uso das águas,marcado para junho próximo, pelo comitê daBacia do Paraíba do Sul, um dos mais antigos doBrasil e de formação federal (envolve três Esta-dos da Federação).

Para a entidade, faltam muitas definições,como por exemplo: quem vai pagar, quem vaicobrar, onde depositar. Considera que a cobran-ça deve ser “universal”, e não apenas recair sobresetores mais organizados (como a indústria),mais fáceis de ser taxados. “A conta a ser pagapelo uso de recursos hídricos deverá recair sobretodos os usuários, no caso, as indústrias, osirrigantes, os setores de saneamento e energéti-co”, determina o documento.

E entre outros pontos para reflexão, a Fiemgconsidera que o pagamento a ser feito pelo setorindustrial mineiro não poderá representar maisum imposto que o coloque em desvantagem em

Célia Maria Brandão FróesCélia Maria Brandão FróesCélia Maria Brandão FróesCélia Maria Brandão FróesCélia Maria Brandão Fróes

Reinaldo CaetanoReinaldo CaetanoReinaldo CaetanoReinaldo CaetanoReinaldo Caetano

Aguinaldo José de LimaAguinaldo José de LimaAguinaldo José de LimaAguinaldo José de LimaAguinaldo José de Lima

Luíza de Marillac CamargosLuíza de Marillac CamargosLuíza de Marillac CamargosLuíza de Marillac CamargosLuíza de Marillac Camargos

FOTOS GENOVEVA RUIS DIAS

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relação à indústria de outros Estados e países,nos quais essa conta não exista ou nem vá existir.

Segundo a secretária executiva do ConselhoEstadual de Recursos Hídricos, Fátima ChagasDias Coelho, o posicionamento da Fiemg mostraque o setor está organizado e disposto a discutir.“Foi apresentada uma série de questionamentosque nós, do Poder Público, temos que responder”,afirma ela, considerando ser esta a postura departicipação desejada do usuário da água no mo-delo proposto para a política de recursos hídricos.

O que pensam as lideranças ruraisO que pensam as lideranças ruraisO que pensam as lideranças ruraisO que pensam as lideranças ruraisO que pensam as lideranças ruraisNo entendimento de Aguinaldo José de Lima,

presidente da Associação dos Cafeicultores daRegião de Patrocínio, MG, a agricultura sempreé penalizada por uma série de taxas e tributaçõesque acabam por dificultar a competitividade dosetor. “Além do que, a atividade agrícola sempretem seus riscos, embora menos factíveis com ouso da irrigação”, esclarece ele.

Ele defende que essa taxa não deve onerar aatividade, que o produtor seja compensado emqualquer outro tributo e que os recursos arrecada-dos tenham a sua aplicabilidade assegurada porlei, com a utilização destinada exclusivamente narecuperação e na manutenção da própria água.

O presidente da Associação dos Cafeicultoresde Araguari, Reinaldo Caetano, considera que osetor agrícola deveria ser o último a participar doprocesso de pagamento. Para ele, a cada dia, osprodutores estão-se conscientizando mais sobrea importância da outorga. “A irrigação hoje éfundamental, principalmente em municípios comoAraguari, Indianópolis, Cascalho Rico, Monte

Carmelo, Coromandel, onde o déficit hídrico émaior. É praticamente inviável termos uma lavou-ra de café sem irrigação”, afirma ele, lembrandoque a associação tem orientado constantemente osprodutores no sentido de usarem sistemas deirrigação que racionalizem o uso da água.

A Federação da Agricultura do Estado deMinas Gerais (Faemg), que representa cerca de400 sindicatos rurais mineiros e também temassento junto ao Conselho Estadual de RecursosHídricos, é clara na sua posição: a cobrança pelouso da água está definida em lei e a entidade nãoquestiona isso. O que a Faemg reivindica e enfatiza(ver matéria no boxe) é a transparência e oscritérios do processo de cobrança, o destino dosrecursos arrecadados e a participação nas deci-sões dos órgãos públicos de como a legislaçãoserá implementada.

Considera que nessa discussão deve ser levadoem conta o critério de “produção de águas” ineren-te ao setor agropecuário. Além disso, a entidadetem uma série de críticas quanto à capacidade deatuação do Igam, devido à sua frágil estrutura e aoatual estádio de formação da maioria dos comitêsde bacia do Estado, responsáveis pela constituiçãode agências de água e implementação dos planosde recursos hídricos de cada bacia.

O Igam é o responsável pelo planejamento eadministração de todas as ações voltadas para apreservação da quantidade e qualidade das águas.É a instituição que concede a outorga para agestão dos recursos hídricos de Minas Gerais,cuidando para que as águas estaduais sejamutilizadas de forma descentralizada e participativapor toda a comunidade.

A situação dos vários comitês estaduais de baciaPara o diretor presidente do Igam, Willer Pós,

cada um dos 17 comitês estaduais implementa-dos em Minas Gerais tem características diferen-tes. Os considerados mais estruturados são oscomitês de bacia do Rio das Velhas, essencial-mente mineral, siderúrgico e industrial, o doPará e do Paraopeba, seguido pelo de Araguari,de formação quase totalmente agrícola e o deParacatu, considerado misto, com participaçãodos setores mineral e agrícola.

O da Bacia do Rio Doce é constituído especi-almente pelo setor siderúrgico. O comitê estadu-al mais antigo é o do Rio das Velhas, que possuiplano diretor e um estudo preliminar para acobrança de tarifas. Além disso, é um comitê quejá está deliberando sobre processos de outorgascom previsão legal, depois de analisados peloIgam. O mais recente comitê é o de Mogi Guaçu-

Pardo, instalado em Poços de Caldas, em 2001,que, brevemente, deverá estar estruturado paraparticipar dessa questão de outorgas.

Mas nem todos os setores estão preparadospara participar dos comitês, na opinião do dire-tor presidente do Igam. “Considero o setor agrí-cola o menos preparado e com menor represen-tação nos comitês de bacia, apesar de ser o maiorusuário da água”, afirma Willer Pós. Ele atribuio fato às características de formação do setor,que conta com a participação de grupos familia-res, com baixa produção, descapitalizado, dedifícil sustentabilidade e com pouco acesso àinformação.

Alguns comitês, com forte representação agrí-cola, como o de Araguari, que já foi considerado“a menina dos olhos do Igam”, não conseguemdeslanchar. Na opinião dos técnicos da área,

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faltam-lhes subsídios importantes como um in-ventário ou um plano para a bacia hidrográfica,o que lhes dariam mais suporte e o empurrãonecessário para uma atuação mais ampla.

Já a engenheira sanitarista, Luíza de MarillacCamargos, chefe da Divisão de Ordenamento deBacias, acredita que os comitês irão realmentefuncionar e mostrar resultados quando surgiremas agências de água. E, para haver as agências, épreciso que haja a cobrança pelo uso da água. Elaacredita que a participação do setor agrícola está

em ritmo crescente e a possibilidade do início doprocesso de cobrança está despertando preocu-pação e um maior interesse na participação.

Ela considera importante o estabelecimentode parcerias regionais para o fortalecimento doscomitês de bacia. “Os comitês sofrem hoje asdificuldades de qualquer organização pioneira,funcionam dentro de sedes de associações, deprefeituras municipais, de universidades. Mas oEstado tem feito todo o esforço para fortalecê-los”, completa ela.

Diferentes metodologias adotadas pelas váriasunidades da Federação

O trabalho de inserção de Minas Gerais napolítica nacional de recursos hídricos está prati-camente nos seus primórdios, mas vai bem, naopinião de técnicos da área. O Ceará é o estadoconsiderado dos mais avançados neste setor,seguido por Pernambuco. Mas as característicasdesses dois Estados são diferentes das demais

unidades da Federação, pois neles se praticaprincipalmente a gestão de açudes.

Na Região Sudeste, os Estados consideradosmais avançados nesse setor são Minas Gerais eSão Paulo, que adotam metodologias diferentesna concessão de outorgas. Ambos utilizam umavazão padrão para outorga superficial, conheci-

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FONTE: Base GeoMINAS 1998 e Cartas do IBGE – Mapa do IGA – Comitês: Luiza Marillac – Assessoria de Planejamento e Coordenação - APC –Geoprocessamento – fevereiro/2002

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da como Q7-10, só que enquanto São Paulo adotavazões com percentuais maiores e variáveis deacordo com cada região, Minas Gerais liberaapenas 30% da vazão para uso da outorga. “Te-mos consciência de que a adoção da Q7-10, com30% de vazão liberada para todo o Estado, érestritiva”, considera Célia Fróes, chefe da Divi-são de Cadastramento e Outorgas do Igam.

E completa, dizendo que existem estudos paraadoção da Q90, a exemplo da Bahia, mas essamudança depende de outras instâncias. A regula-mentação da Lei Estadual de Recursos Hídricosdetermina que cabe aos comitês, através de seusplanos diretores, apresentarem propostas de no-vos critérios de avaliação, justificados tecnica-mente, para aprovação do Conselho Estadual deRecursos Hídricos.

Mesmo firmando parcerias com outras insti-tuições menos centralizadas e com maior repre-sentatividade no Estado como a Emater, o Igamtem uma administração considerada bastantecentralizada. Recentemente, ele abriu um escri-tório no município de Araguari, uma região con-siderada problemática, por causa dos conflitos.Mesmo com essa representação no TriânguloMineiro, considerada fundamental pela Associa-ção dos Cafeicultores local, todo o trabalho deanálise para a concessão de outorgas é feito emBelo Horizonte. A instituição tem também umnúmero pequeno de funcionários para atender atodo o Estado (apenas 100), apesar de lançar mãodo trabalho de consultorias.

Já São Paulo encontra-se num estádio consi-derado mais avançado na aplicação da política derecursos hídricos, através do Departamento de

Águas e Energia (DAE). Este departamento émais descentralizado, conta com oito regionais ecerca de 600 funcionários.

InformatizaçãoInformatizaçãoInformatizaçãoInformatizaçãoInformatizaçãoO trabalho para cadastramento e concessão

de outorgas em Minas está totalmente informati-zado. Em termos de águas superficiais, o Igamutiliza um estudo encomendado pela Copasa,denominado “Deflúvios Superficiais do Estadode Minas Gerais”, realizado em 1993, que fez aregionalização de todas as vazões específicas dosrios estaduais, usando dados coletados de 50anos de chuvas. Esse trabalho utiliza, também, oMap Info, um software que pode ser facilmenteencontrado no mercado, além de uma basedigitalizada de mapas do sistema Geominas.

“Estamos tentando disponibilizar esses siste-mas no nosso site para atender melhor aos inte-resses de técnicos da área e agilizar os processos,mas isso depende de contatos junto à Comig e àCopasa, com quem firmamos convênios para autilização desses recursos”, explica Célia Fróes.

Quanto ao conhecimento relativo às águassubterrâneas do Estado, Célia destaca a necessi-dade de conhecer melhor a disponibilidade hídri-ca. Daí a importância do balanço hídrico do Esta-do que deverá ficar pronto em meados deste ano.

O presidente da Associação dos Cafeicultoresda Região de Patrocínio, MG, Aguinaldo José deLima, considera clara a necessidade do Igammodernizar-se ainda mais nas informações econtrole de dados de monitoramento do potenci-al hídrico do Estado, tornando-se mais ágil nafiscalização e na emissão de outorgas.

Como obter a outorga para o uso da água em MGA outorga é um instrumento legal que assegu-

ra ao usuário o direito de utilizar os recursoshídricos. Esta propriedade de domínio públicoda água foi assegurada pela Constituição de 1988,sendo necessário que o Poder Público estabele-cesse um instrumento, com o qual pudesse con-trolar o direito de uso da água, como forma degarantir o acesso de todos.

Com este instrumento, o Estado ou a União,através de seus agentes outorgantes, assegura ocontrole quantitativo e qualitativo do uso da água,especificando o local, a fonte, a vazão e a finalida-de de seu uso em um determinado período.

Essa outorga não dá ao usuário a propriedadede água, ou sua alienação, mas o simples direitode seu uso. Portanto, a outorga poderá sersuspensa, parcial ou totalmente, em casos extre-mos de escassez ou de não-cumprimento, pelo

outorgado, dos termos previstos nas regulamen-tações, ou por necessidade premente e se atende-rem usos prioritários e de interesse coletivo.

O agente outorgante deve considerar as prio-ridades de uso deliberadas pelos comitês de ba-cia e preservar os usos múltiplos dos recursoshídricos. Deve-se pedir a outorga, antes da im-plantação de qualquer empreendimento, cujouso venha a alterar o regime, a quantidade docorpo d´água, incluindo, além das captações,acumulações e derivações, os lançamentos deefluentes. E são isentos de outorga as derivações,captações, acumulações de volumes de água elançamentos considerados insignificantes.

As outorgas em águas de domínio do estado deMinas Gerais são emitidas pelo Igam pela Lei13.199/99. Já aquelas em águas de domínio daUnião são emitidas pela ANA pela Lei 9.984/2000.

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 69

O que está sujeito à outorgaO que está sujeito à outorgaO que está sujeito à outorgaO que está sujeito à outorgaO que está sujeito à outorga

� captação ou derivação de água deum corpo d´água;

� exploração de água subterrânea;� construção de barramento ou

açude;� construção de dique ou desvio em

corpo d´água;� construção de estrutura de

recreação nas margens;� construção de estrutura de

transposição de nível;� construção de travessia

rodoferroviária;� dragagem, desassoreamento e

limpeza de corpo d´água;� lançamento de efluentes em

corpo d´água;� transposição de bacias;� retificação, canalização ou obras

de drenagem;� outras modificações do curso,

leito ou margens de corposd´água.

Documentação necessáriaDocumentação necessáriaDocumentação necessáriaDocumentação necessáriaDocumentação necessária

� requerimento assinado pelorequerente ou procurador,juntamente com a procuração;

� formulários fornecidos pelo Igam;� relatório técnico, modelo

fornecido pelo Igam;� comprovante de recolhimento dos

valores relativos aos custos deanálise e publicações;

� cópias do CPF/CNPJ e da carteirade identidade do requerente ouprocurador;

� cópia do registro do imóvel ou deposse do local, onde será efetuadaa captação, com a atualizaçãomínima de 60 dias;

� anotação de responsabilidadetécnica (ART) expedida pelo Crea;

� documento de concessão ouautorização fornecidos pela Aneel,em caso de hidrelétrica outermelétrica;

� documento emitido pelo comitê debacias, contendo as prioridades deuso, caso existente.

As informações acima foram retiradas dacartilha sobre Política Nacional e Estadual deRecursos Hídricos da Fiemg/Igam, lançada nodia 26/02/2002.

FONTE: Igam

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 69

PROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSINDEFERIDOSINDEFERIDOSINDEFERIDOSINDEFERIDOSINDEFERIDOS

636 processos

PROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSPROCESSOSEM TRAMITAÇÃOEM TRAMITAÇÃOEM TRAMITAÇÃOEM TRAMITAÇÃOEM TRAMITAÇÃO

261 processos

OUTORGASOUTORGASOUTORGASOUTORGASOUTORGASCONCEDIDASCONCEDIDASCONCEDIDASCONCEDIDASCONCEDIDAS

Água superficial3.670 outorgas

Água subterrânea2.255 outorgas

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70 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Os representantes do Comitê da Bacia do Rio Paraíba do

Sul continuam discutindo a formação da agência, que terá

como principais funções arrecadar dos usuários os recursos

originários da taxa de cobrança pelo uso das águas e

implementar o plano de investimentos da bacia. Segundo

decisão do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

(CNRH), em reunião do último dia 14 de março, a partir do

próximo mês de junho, as 189 cidades e as 7 mil indústrias

localizadas ao longo dos 1,1 mil quilômetros do Paraíba do

Sul irão começar a pagar pelo uso de suas águas.

PrazosPrazosPrazosPrazosPrazos

Todos os modelos de formulários para a ob-tenção de outorgas em corpos d´água no Estado,além dos passos necessários para a formação decomitês de bacia, podem ser encontrados viainternet, através do site: www.igam.mg.gov.br

Em Minas Gerais, é adotada a modalidade deautorização e concessão. A primeira é destinadaa particulares, como os produtores rurais e apraxe é que tenha uma duração de até cinco anos.Já a concessão é de utilidade pública e o prazo éde até 20 anos. Existem casos de permissão deuso, com prazo de três anos, quando a vazãoutilizada é pequena, como no caso de cisternas.Mesmo nesses casos, o usuário deve ser cadastra-do e é emitida uma certidão.

Segundo Célia Fróes, chefe da Divisão deCadastramento e Outorgas do Igam, os processosque dão entrada na instituição seguem rigorosa-

mente a ordem cronológica de entrada para se-rem examinados. “Aqui não se passa processo nafrente”, garante ela, que só faz uma ressalva paraos processos de interesse social ou de utilidadepública.

Ela explica que os tipos de outorga, subterrâ-nea ou superficial, são diferentes. No caso deperfuração de poços, por resolução do Crea,antes o proprietário deve pedir autorização juntoao Igam, acompanhada de um relatório feito porum geólogo ou engenheiro de Minas, que é oprofissional gabaritado para dar um parecer so-bre águas subterrâneas.

Se o poço é antigo na propriedade, perfura-do antes da vigência da lei, é necessário legalizá-lo, através do preenchimento de um formuláriopróprio, com dados sobre profundidade, vazão,coordenadas geográficas, dados do empreendi-

Comitês e agências de bacias, umagestação preocupante

Segundo orientação da Agência Nacional deÁguas (ANA), os recursos originários dessa arreca-dação farão parte dos orçamentos da União e dosEstados, mas serão aplicados na bacia hidrográficade origem. Existem questões cruciais que permane-cem indefinidas, ou seja, se cada comitê de baciaterá uma agência, qual será o modelo ideal paraessa instituição? Outra preocupação está voltadapara o grau de representatividade e capilaridadedos comitês de bacia e o estabelecimento de méto-dos concretos para aferir os resultados do modelode gestão descentralizado proposto pela política derecursos hídricos.

Para Fátima Chagas Dias Coelho, secretária-adjunta da Secretaria de Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), aformação de agências é um assunto que preocupatanto o governo estadual quanto o federal. O RioSão Francisco, por exemplo, exige a existência detrês ou mais comitês. O número de agências teriaque corresponder ao de comitês? Como secretáriaexecutiva do Conselho Estadual de Recursos Hídri-cos (CERH), Fátima mostra a legislação e conside-ra que deveria haver uma só agência para trêscomitês, juntando-se o do Paraopeba, o do Pará e odas Velhas, por questões técnicas e econômicas. “Ocomitê é o coração do sistema descentralizado degestão; aquele que define o projeto de investimen-tos e a pauta da agência”, considera ela.

Fátima: “a formação de agências é um assunto que preocupa tanto oFátima: “a formação de agências é um assunto que preocupa tanto oFátima: “a formação de agências é um assunto que preocupa tanto oFátima: “a formação de agências é um assunto que preocupa tanto oFátima: “a formação de agências é um assunto que preocupa tanto ogoverno federal quanto o estadual”governo federal quanto o estadual”governo federal quanto o estadual”governo federal quanto o estadual”governo federal quanto o estadual”

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Garantia do uso dos recursos para a baciaGarantia do uso dos recursos para a baciaGarantia do uso dos recursos para a baciaGarantia do uso dos recursos para a baciaGarantia do uso dos recursos para a bacia“A nossa lei estadual é clara (Lei no 1.399):

os recursos arrecadados com a bacia serão reverti-dos para ela”, considera Fátima, mostrando que aLei federal no 9.433 (Lei das Águas), utiliza o termo“prioritariamente”, quando se refere à origem e àaplicação dos recursos na própria bacia. Esse ter-mo, que pode provocar outras interpretações, vemtentando ser alterado na regulamentação da lei,ainda sob exame. O deputado federal relator, Fer-nando Gabeira, apresentou um substitutivo PL1.616, de regulamentação da Lei 9.433, durante areunião do dia 13 de março do CNRH. Nessesubstitutivo, o relator reforça que os recursos oriun-dos da bacia sejam aplicados na mesma unidade.

O Conselho de Recursos Hídricos de MinasGerais ainda não deliberou sobre a cobrança dataxa pelo uso da água dos rios estaduais, mas suasreuniões estão cada vez mais freqüentes e, breve-mente, começará a contar com a atuação de comi-tês técnicos. Entre seus feitos, o CERH contabilizao decreto de regulamentação da Lei 1.399, sobre apolítica estadual de recursos hídricos, a aprovaçãoda divisão do Estado em unidades de planejamentoe gestão, além da deliberação para a formação doscomitês de bacia. O plano estadual de recursoshídricos, considerado prioritário, está passandopelo crivo do CERH e deve ser licitado ainda esteano pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas(Igam), contando com o apoio de um programa doBanco Mundial.

“Minas é um Estado interior, em que as baciassão compartilhadas com a União. Temos que tercuidado no trato das nossas águas e do nosso terri-tório”, considera Fátima, referindo-se especialmente

EVOLUÇÃO DAS OUTORGAS CONCEDIDASEVOLUÇÃO DAS OUTORGAS CONCEDIDASEVOLUÇÃO DAS OUTORGAS CONCEDIDASEVOLUÇÃO DAS OUTORGAS CONCEDIDASEVOLUÇÃO DAS OUTORGAS CONCEDIDAS

mento, tipo de bomba e sistema de irrigaçãoutilizados.

No caso de uma captação superficial, comconstrução de barragem, o pedido tem que viracompanhado de um estudo hidrológico. Atual-mente, com exceção das outorgas subterrâneasque, por exigência do Crea, devem contar com aparticipação de um profissional com formaçãoespecífica, os demais processos podem ser con-duzidos por outros profissionais ou empresasjurídicas, que não precisam de credenciamentoespecial junto ao Igam. Os extensionistas daEmater-MG dispõem de todas as informaçõespara montar o processo para o produtor. O prazopara a expedição da outorga junto ao Igam é emmédia de 45 a 60 dias, quando o processo éentregue completo, com todas as informaçõessolicitadas. �

às bacias dos Rios São Francisco e Doce e à forma-ção de seus comitês. O próprio secretário de MeioAmbiente de Minas Gerais, Celso Castilho, é opresidente da diretoria provisória do Rio Doce e fazparte da diretoria provisória do Comitê de Integra-ção do São Francisco.

Representatividade dos comitêsRepresentatividade dos comitêsRepresentatividade dos comitêsRepresentatividade dos comitêsRepresentatividade dos comitêsUma das atuais preocupações da Semad está

voltada para a representatividade e a capilaridadedos comitês de bacia existentes no Estado. Algunsdeles são extremamente dinâmicos, como o dasVelhas, do Pará, do Paraopeba, do Caratinga e o doAraguari. “O comitê das Velhas está discutindo acobrança e uma forma de criar uma unidade tran-sitória que se transformará numa agência de ba-cia”, comenta ela.

Como determina a legislação, esses comitês têmuma formação paritária entre o poder público (es-tadual e municipal) e a sociedade civil organizada eusuária, com o objetivo de constituir fóruns demo-cráticos, onde os interesses existentes dentro dabacia são discutidos e tirado um consumo ou não.Na falta desse consenso, o assunto passa para outrainstância, ou seja, o CERH.

“O poder público e as pessoas envolvidas naimplementação prática do sistema de gestão derecursos hídricos têm que buscar, rapidamente,mecanismos para aferir a eficiência do sistema queestá sendo colocado em prática através da Lei1.399. São necessários indicadores e métodos con-cretos, que saiam da subjetividade, para verificar seestão sendo atendidos os níveis de representativida-de e de capilaridade dos principais interessados”,defende a secretária executiva da Semad.

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E N T R EWWWWWILLERILLERILLERILLERILLER P P P P PÓSÓSÓSÓSÓS

Item – O que será levado emconsideração para a cobran-ça pelo uso da água pelo setoragrícola?Willer Pós – Para entender ochamado preço da água, foicriado dentro do Igam umgrupo de trabalho para pro-por mecanismos de integra-ção de todo o sistema. Naformação do chamado preçoda água, tem-se o preço pú-blico unitário (PPU), compos-to por vários ks, dos quais umdeles é o k da commodity agrí-cola. Esse k reflete o valormínimo que o produto plan-tado deve atingir para come-çar a pagar pelo uso da água.Do contrário, esse valor seráigual a zero. Por exemplo,para um produtor de feijão, asaca de 60 quilos tem quechegar a um determinadovalor, para que ele pague pelaágua que vai usar.

Item – Isso significa que osetor agrícola dificilmente irápagar pelo uso da água?Willer Pós – Mesmo com umtratamento diferenciado, oprodutor irá pagar. Mas vaihaver diferenciação de trata-mento entre o setor agrícola eoutros setores como, porexemplo, o industrial. Porisso, o k agrícola é importan-te, pois ele vai estar refletidona commodity. E, nunca iráocorrer o fato de o produtorperder sua safra e ainda pa-gar pelo uso da água. Acommodity tem que ser ummecanismo de estímulo parao produtor produzir cada vezmais, procurar novas tecno-logias e nunca ser uma formade inviabilizar projetos.

Item – A partir de quando,será iniciada essa cobrança?

Um custo diferenciadopelo uso da água para

a irrigaçãoResponsáveis por cerca de 70% do número deResponsáveis por cerca de 70% do número deResponsáveis por cerca de 70% do número deResponsáveis por cerca de 70% do número deResponsáveis por cerca de 70% do número de

outorgas já concedidas no estado de Minas Gerais,outorgas já concedidas no estado de Minas Gerais,outorgas já concedidas no estado de Minas Gerais,outorgas já concedidas no estado de Minas Gerais,outorgas já concedidas no estado de Minas Gerais,os agricultores mineiros, especialmente aqueles queos agricultores mineiros, especialmente aqueles queos agricultores mineiros, especialmente aqueles queos agricultores mineiros, especialmente aqueles queos agricultores mineiros, especialmente aqueles queutilizam a irrigação, aguardam, com um certo temor,utilizam a irrigação, aguardam, com um certo temor,utilizam a irrigação, aguardam, com um certo temor,utilizam a irrigação, aguardam, com um certo temor,utilizam a irrigação, aguardam, com um certo temor,

pela cobrança do uso da água.pela cobrança do uso da água.pela cobrança do uso da água.pela cobrança do uso da água.pela cobrança do uso da água.Mas mesmo entendendo que o setor já se encontraMas mesmo entendendo que o setor já se encontraMas mesmo entendendo que o setor já se encontraMas mesmo entendendo que o setor já se encontraMas mesmo entendendo que o setor já se encontra

penalizado, o diretor presidente do Igam, Willerpenalizado, o diretor presidente do Igam, Willerpenalizado, o diretor presidente do Igam, Willerpenalizado, o diretor presidente do Igam, Willerpenalizado, o diretor presidente do Igam, WillerHudson Pós, defende que, mesmo de formaHudson Pós, defende que, mesmo de formaHudson Pós, defende que, mesmo de formaHudson Pós, defende que, mesmo de formaHudson Pós, defende que, mesmo de forma

diferenciada, o agricultor irá pagar pelo uso da água.diferenciada, o agricultor irá pagar pelo uso da água.diferenciada, o agricultor irá pagar pelo uso da água.diferenciada, o agricultor irá pagar pelo uso da água.diferenciada, o agricultor irá pagar pelo uso da água.Segundo ele, essa cobrança jamais poderá ser motivoSegundo ele, essa cobrança jamais poderá ser motivoSegundo ele, essa cobrança jamais poderá ser motivoSegundo ele, essa cobrança jamais poderá ser motivoSegundo ele, essa cobrança jamais poderá ser motivo

de impedimento para a realização de projetos,de impedimento para a realização de projetos,de impedimento para a realização de projetos,de impedimento para a realização de projetos,de impedimento para a realização de projetos,a partir da conceituação da água como a partir da conceituação da água como a partir da conceituação da água como a partir da conceituação da água como a partir da conceituação da água como commoditycommoditycommoditycommoditycommodity.....

“Essa cobrança está definida constitucionalmente e,“Essa cobrança está definida constitucionalmente e,“Essa cobrança está definida constitucionalmente e,“Essa cobrança está definida constitucionalmente e,“Essa cobrança está definida constitucionalmente e,em Minas Gerais, ela será implementada, quando osem Minas Gerais, ela será implementada, quando osem Minas Gerais, ela será implementada, quando osem Minas Gerais, ela será implementada, quando osem Minas Gerais, ela será implementada, quando os

comitês de bacia sentirem-se bastante estruturados”,comitês de bacia sentirem-se bastante estruturados”,comitês de bacia sentirem-se bastante estruturados”,comitês de bacia sentirem-se bastante estruturados”,comitês de bacia sentirem-se bastante estruturados”,completa ele. Numa entrevista exclusiva para a ITEM,completa ele. Numa entrevista exclusiva para a ITEM,completa ele. Numa entrevista exclusiva para a ITEM,completa ele. Numa entrevista exclusiva para a ITEM,completa ele. Numa entrevista exclusiva para a ITEM,ele fala sobre diretrizes e estudos sobre o assunto e aele fala sobre diretrizes e estudos sobre o assunto e aele fala sobre diretrizes e estudos sobre o assunto e aele fala sobre diretrizes e estudos sobre o assunto e aele fala sobre diretrizes e estudos sobre o assunto e a

atuação do Igam no Estado.atuação do Igam no Estado.atuação do Igam no Estado.atuação do Igam no Estado.atuação do Igam no Estado.

Willer garanteWiller garanteWiller garanteWiller garanteWiller garanteque a cobrançaque a cobrançaque a cobrançaque a cobrançaque a cobrança

pela água jamaispela água jamaispela água jamaispela água jamaispela água jamaisinviabilizará ainviabilizará ainviabilizará ainviabilizará ainviabilizará a

realização derealização derealização derealização derealização deprojetos emprojetos emprojetos emprojetos emprojetos em

Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas Gerais

FOTO GENOVEVA RUIS DIAS

72 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 73

V I S T A

Willer Pós – Quando os comi-tês de bacia sentirem-se bas-tante estruturados para isso.O comitê do Paraíba do Sulvai implementar a cobrançaa partir desse ano. Eu per-gunto se vai haver problemas?E respondo: vai, mas achoque temos que garantir cer-tos cuidados. O primeiro de-les é que os recursos arreca-dados sejam aplicados na ba-cia de origem e que exista umplanejamento. Esses recursosnão podem ir para o “caixa”do governo, seja municipal,estadual ou federal. Devem ir

diretamente para a agênciade água daquela bacia que iráexecutar o plano de investi-mento traçado.

Item – E essa agência, comodeverá ser?Willer Pós – Penso que essaagência deva ter a formaçãode uma fundação, ter um se-cretário executivo, ser aber-ta, com os membros do comi-tê integrando a gestão, comprestação de contas dos re-cursos na ponta do lápis, eparticipação pública atravésde auditorias, sob a vigilân-

As reservas deágua do AqüíferoGuarani

O Aqüífero Guarani é a principal

reserva subterrânea de água doce da

América do Sul e um dos maiores

sistemas aqüíferos do mundo, ocu-

pando uma área total de 1,2 milhão

de quilômetros quadrados da Bacia

do Paraná e parte da Bacia Chaco-

Paraná. Estende-se pelo Brasil (640

mil km2), Paraguai (58.500 km2),

Uruguai (58.500 km2) e Argentina

(255 mil km2). Sua maior ocorrência

se dá em território brasileiro, com

dois terços de sua área total, abran-

gendo os estados de Goiás, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, São

Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul.

Denominado pelo geólogo uru-

guaio Danilo Anton, em homenagem

a um povo indígena da região, o

Aqüífero Guarani tem uma área de

recarga de 150 mil km2 e constitui-se

em uma importante reserva estraté-

gica para o abastecimento da popu-

lação, para o desenvolvimento de

atividades econômicas e de lazer.

Sua recarga natural ao ano, princi-

palmente pelas chuvas, é de 160 km3/

ano. As águas, em geral, são de boa

qualidade para o abastecimento pú-

blico e outros usos.

No estado de São Paulo, o Guarani

é explorado por mais de mil poços.

Em Minas, ele localiza-se na região

do Triângulo Mineiro, com uma área

de 51.300 km2, que correspondem a

6,1% da porção brasileira.

cia do Tribunal de Contas.Alguns membros de comitêsem Minas Gerais queremmontar fundações de direitoprivado. E por quê? Porqueuma fundação de direito pri-vado não faz prestação decontas, não segue a lei delicitações e isso acaba se trans-formando num “saco sem fun-do”. Por isso, considero es-sencial o controle rígido, paraque esses recursos não sejamdesviados.

Item – Como está o trabalhodo Igam no Estado?Willer Pós – Ainda éincipiente, pois Minas Geraisé um desafio. Somos umagrande “caixa d’água”, masnão sabemos exatamente oquanto entra e o quanto sai deágua. O Igam está fazendo omapeamento, o balanço hí-drico do Estado, que deveráestar pronto no meio desteano. Para isso, ele conta comuma verba de R$ 2 milhões.Em sua atuação, o Igam é oórgão gestor e, às vezes, faz opapel de comitê de bacia, aon-de ele não existe, ajudando aresolver conflitos em relaçãoa águas superficiais e subter-râneas. Além de Araguari, ummunicípio com sérios proble-mas de conflitos, o municípiode Uberaba também está so-frendo com a escassez deágua. Temos incentivado se-tores da região do TriânguloMineiro, como o industrial, afazer uso da água do AqüíferoGuarani, de altíssima quali-dade e a uma profundidadede 700m. O município deItuiutaba transformar-se-áem modelo piloto para a ins-talação do primeiro poço pro-fundo, atingindo a área doaqüífero. �

“““““ SSSSS omos uma gromos uma gromos uma gromos uma gromos uma gra n d ea n d ea n d ea n d ea n d e'c'c'c'c'caixa daixa daixa daixa daixa d’água',’água',’água',’água',’água', mas mas mas mas mas

não sabnão sabnão sabnão sabnão sabe m o se m o se m o se m o se m o seeeee xatamentxatamentxatamentxatamentxatamente o quante o quante o quante o quante o quantooooo

e n t re n t re n t re n t re n t ra e o quanta e o quanta e o quanta e o quanta e o quanto saio saio saio saio saide água. O Igamde água. O Igamde água. O Igamde água. O Igamde água. O Igamestá fazestá fazestá fazestá fazestá fazendo oendo oendo oendo oendo o

m a pm a pm a pm a pm a peamenteamenteamenteamenteamentooooo,,,,, o o o o obalanço hídrbalanço hídrbalanço hídrbalanço hídrbalanço hídri ci ci ci ci co doo doo doo doo doEEEEE stadostadostadostadostado,,,,, que de que de que de que de que devvvvv e r áe r áe r áe r áe r á

estar prestar prestar prestar prestar pro n to n to n to n to n to noo noo noo noo nomeio destmeio destmeio destmeio destmeio deste anoe anoe anoe anoe ano”””””

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 73

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74 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

No Paraná, o setor agropecuário ficou isento da co-brança pela captação das águas, mas não se livrou dacobrança pelo lançamento de efluentes, pelo qual deverápagar no futuro. Nesse Estado, a intenção da administra-ção estadual era dar início a esse processo no final desteprimeiro semestre, mas a lentidão de sua operacionaliza-ção transferiu a medida para 2003, já sob o respaldo de umnovo governo. Lá, o papel que cabe às agências de baciaserá desempenhado pelas associações de usuários. A pri-meira delas e considerada prioritária é a Associação dosUsuários da Bacia do Alto Iguaçu/Alto Ribeira (regiãometropolitana de Curitiba), que está em formação. Doponto de vista legal, os paranaenses já dispõem de instru-mentos legais necessários à implementação do processo,ou seja, a lei estadual que define o Sistema Estadual deGestão de Recursos Hídricos e o decreto de cobrança,assinado em 26 de fevereiro de 2002.

Já os irrigantes baianos estão em pé de guerra desde apublicação, no Diário Oficial do Estado, da Lei 8.194, de21/1/2002, que cria o Conselho Estadual de RecursosHídricos, dando-lhe autonomia para efetivar a cobrançapelo uso da água. Isso, segundo José Cisino MenezesLopes, diretor de Meio Ambiente da Associação dos Agri-cultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba), sem aparticipação do setor produtivo e sequer a formação decomitês estaduais de bacia. “E o Oeste da Bahia representacerca de 72% das outorgas concedidas no Estado”, reclamaele, e chama de “um novo imposto” para a agricultura ovalor a ser pago pelo uso da água na irrigação, pois osrecursos arrecadados poderão ter outra aplicação, deixan-do as bacias contribuintes com seus eternos problemas.

Em Minas Gerais, a constitucionalidade da taxa a serpaga pelo uso da água não é questionada pelo setoragrícola. “O que se cobra é a transparência de todoprocesso que envolve a cobrança”, afirma Carlos AlbertoSantos Oliveira, chefe da Assessoria de Meio Ambiente daFederação da Agricultura do Estado de Minas Gerais(Faemg), referindo-se especialmente à formação dos co-mitês de bacias, aos levantamentos da situação de cadabacia hidrográfica e ao destino dos recursos arrecadadoscom a cobrança da taxa.

CRITÉRIOS PARA A COBRANÇA – Segundo o repre-sentante da Faemg, o problema é que fala-se muito emcobrança, sem discutir outros aspectos que não podem serdissociados. “Em primeiro lugar, não se fez a menordiscussão sobre os critérios de cobrança. Como vão serfeitos os cálculos, o que pode ser fator de diminuição ouaumento do valor cobrado”, considera Carlos Alberto.

E antes da cobrança, a Faemg quer conhecer o planeja-mento dos investimentos a serem executados em cadabacia hidrográfica. “É como fazer a reforma de um prédioe estabelecer um valor da taxa a ser cobrada dos condôminos,sem ninguém saber o que vai ser feito”, compara ele.

Outro ponto diz respeito aos valores arrecadados, poisnão se tem a garantia que os mesmos irão permanecer nabacia para resolver os problemas, correndo-se o riscodesses recursos serem direcionados para a Agência Na-cional de Águas (ANA), “o que subverteria totalmente afilosofia básica dos comitês”, segundo entende a Faemg.

COMITÊS DAS BACIAS – Outra séria crítica daFaemg está dirigida ao processo de formação dos comitêsde bacia. “Antes de discutir a cobrança, é necessário quese tenha bem configurado os principais problemas dasbacias e as soluções previstas, sem o que, sem o que ficadifícil estabelecer os critérios de cobrança. E mais, comose vai conhecer os problemas e as soluções das bacias, sea maioria dos comitês somente está se formando agora?

Carlos Alberto considera que também deve ser levadoem conta o que os técnicos e pesquisadores estão chaman-do de “produção de águas”. As nascentes, os rios e riachosas áreas de recarga dos mananciais localizam-se naspropriedades. Neste sentido o produtor rural se configuraem colaborador do ciclo hidrológico, transformando-seno chamado “produtor de água”, o que o diferencia daindústria, por exemplo, dentro do conceito de cobrança.

O representante da Faemg considera ainda que asestruturas administrativas do Estado, de um modo geral,estão bastante fragilizadas, devido à falta de recursos. “OIgam, depois de sete anos de sua criação, conta com umquadro pequeno de funcionários. E, é responsável portoda a estrutura de controle e acompanhamento doscomitês, além da outorga, o que não é simples deoperacionalizar. Com um quadro de servidores assim tãoreduzido, além das carências na área de recursos mate-riais, fica difícil desenvolver um trabalho da forma que seespera”, considera ele.

Mesmo com o apoio da Emater, através de convênio,Carlos Alberto considera que deficiências irão ocorrer,especialmente na parte de fiscalização, porque a entidadeconveniada desviar-se-á de sua função principal, que é aextensão rural.

A falta de uniformidadepara a cobrança da águanos Estados

Carlos Alberto Santos Oliveira, da FaemgCarlos Alberto Santos Oliveira, da FaemgCarlos Alberto Santos Oliveira, da FaemgCarlos Alberto Santos Oliveira, da FaemgCarlos Alberto Santos Oliveira, da Faemg José Cisino Menezes Lopes, da AibaJosé Cisino Menezes Lopes, da AibaJosé Cisino Menezes Lopes, da AibaJosé Cisino Menezes Lopes, da AibaJosé Cisino Menezes Lopes, da Aiba

FOTO GENOVEVA RUIS DIAS FOTO HELVECIO M. SATURNINI

74 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 75

esmo com vários pontos a serem acer-tados, o Comitê para a Integração daBacia do Rio Paraíba do Sul (Ceivap)

deverá começar, efetivamente, a partir de junhodeste ano, o gerenciamento dos recursos hídricosdo rio e dos seus afluentes, com a instituição de umaassociação civil, que cumprirá o papel da Agênciade Águas do Rio Paraíba do Sul e o processo decobrança pelo uso da água.

Está estabelecido o preço público unitário (PPU),no valor de R$ 0,02 por metro cúbico de água. Parase chegar ao valor a ser pago pelo usuário, seráaplicada uma fórmula que pondera três variáveis:volume de água captada, volume consumido e nívelde tratamento dos efluentes lançados. A metodolo-gia da cobrança foi elaborada pelo Laboratório deHidrologia da Coppe/UFRJ.

A princípio, apenas os setores de saneamento ede indústria darão início ao processo de pagamentopelo uso da água nessa bacia, de acordo com defini-ção do Conselho Nacional de Recursos Hídricos,em sua última reunião de 15 de março. A cobrançado setor de agricultura irrigada, das pequenas hi-drelétricas e da transposição das águas do rio Paraíbado Sul para o rio Guandu, deverão ter critériosdiferenciados daqueles definidos para o setor daindústria e do saneamento. “O laboratório da Coppeestá elaborando os critérios que serão discutidoscom o setor agrícola”, afirma Edilson de Paula,secretário executivo do Ceivap.

Mesmo sabendo das inúmeras barreiras queterá que vencer, Edilson de Paula deposita muitasesperanças no pioneirismo do Ceivap: “Entendoque esse processo é fundamental para a implemen-tação da Lei 9.433 (Lei das Águas) e para a Bacia doParaíba do Sul”, completa ele.

Apontado como o primeiro a introduzir a co-brança pelo uso da água, o Ceivap vai servir comoreferência para todo o país. Esse comitê é conside-rado o mais antigo, e foi criado com o caráterdeliberativo em 1996, mas já existia em caráterconsultivo desde a década de 70. Com rios e afluen-tes localizados nos estados de Minas Gerais, SãoPaulo e Rio de Janeiro, a Bacia está entre as trêsmais importantes, junto com as Bacias dos Rios SãoFrancisco e Paraná. Suas águas abastecem 5 mi-lhões de pessoas localizadas numa região responsá-vel por 10% do PIB nacional. Em território mineiro,são abastecidos os centros urbanos de Juiz de Fora,Muriaé, Ubá, Cataguazes, Leopoldina e SantosDumont.

CRITÉRIOS PARA A IRRIGAÇÃO – Mesmodependendo de discussões com o segmento, Edilsonde Paula tem delineado os objetivos que a cobrançapelo uso da água buscará atingir junto ao setor deirrigação. Essa cobrança induzirá o irrigante a ado-tar medidas de preservação do manancial, de dimi-nuição do uso de agrotóxicos e de economia de águana irrigação, através da adoção de novas tecnologias.

A discussão dos critérios de cobrança deverá serconduzida com o setor até o mês de junho deste anoe, segundo Edilson de Paula, a formulação finaldeverá representar um valor compatível com omomento vivido pela agricultura.

O Ceivap adotará um sistema autodeclaratóriode cobrança, isto é, o valor a ser pago pelo usuárioserá calculado sobre o volume de sua captaçãomensal declarado por ele. A fiscalização ficará acargo da Agência Nacional de Águas (ANA).

AGÊNCIA – Inicialmente, o Ceivap propôs oformato de uma fundação de direito privado para aentidade que desempenharia as funções da Agênciade Águas do Rio Paraíba do Sul. A idéia acabousendo abandonada e substituída pela idéia de cria-ção de uma associação civil, sem fins lucrativos,com o formato de uma organização social.

Já o plano de recursos hídricos a ser desenvolvi-do na Bacia do Rio Paraíba do Sul está passandopelo crivo técnico do laboratório da Coppe. “Mastodas essas dificuldades a serem ainda transpostasnão irão impedir o início do processo de cobrança”,esclarece Edilson de Paula.

TRANSPOSIÇÃO – A expectativa do secretárioexecutivo do Ceivap é de que a cobrança pelo uso daágua do Paraíba do Sul gere uma arrecadação emtorno de 30 milhões de reais ao ano. Isto contandocom a participação dos irrigantes e das indústriasque utilizam as águas do Rio Guandu. No municípiode Barra do Piraí, cerca de dois terços da vazão doParaíba do Sul são bombeados para o Rio Guandudo alto da Serra das Araras, num processo decaptação de 160 mil litros por segundo.

O Ceivap deve iniciar a discussão com os seg-mentos que utilizam dessa água, especialmente aLight, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio deJaneiro (Cedae), além de várias indústrias.

Os recursos arrecadados serão investidos notratamento de esgoto doméstico, recuperação deflorestas nativas e em projetos para minimizar aescassez de água em alguns pontos da região. �

Bacia do Paraíba do Sul começaa cobrar pelo uso da água

M

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76 ITEM • Nº 52/53 • 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002

Agriculturairrigada em

números

Item – Atualmente, no Brasil, naárea da agricultura irrigada, exis-tem dificuldades para que tenha-mos estatísticas confiáveis sobre oassunto?Demetrios – Os levantamentos fei-tos nos Estados pela entidade res-ponsável pela irrigação no Brasiltêm sido acompanhados nas duasúltimas décadas por um trabalhode técnicos, que verificam a consis-tência dos dados enviados. É claroque existe uma certa dificuldade,porque ocorrem muitas mudançasnas instituições estaduais e no âm-bito do Ministério. Tenho acompa-nhado isso há cerca de 20 anos etentado manter a continuidade ecoerência a esses elementos. Osdados apresentados (“Os recursoshídricos e a prática da irrigação noBrasil e no mundo”, artigo publi-cado pela revista ITEM, nº 49) es-tão sendo coerentes com os levan-tamentos que estão sendo concluí-dos este ano pelo Departamento deDesenvolvimento Hidroagrícola doMinistério. Os valores recém-rece-bidos dos Estados, com data basede 2000, estão confirmando os pu-blicados e demonstrando um cres-cimento da ordem de 12% em rela-ção aos de 1998.

Item – Esse trabalho de acompa-nhamento estatístico do setor jáocorre há muito tempo?Demetrios – Iniciamos esse traba-lho ainda na época do Ministériodo Interior, na década de 80, inclu-sive com a participação da Sudene,no caso do Nordeste. Esse traba-lho foi absorvido pelo então Minis-tro da Irrigação, Vicente Fialho,que contava com uma equipe quefazia esse levantamento periódico.Daí, com as alterações de comandodo poder na esfera federal e mu-danças nas secretarias estaduais,houve maior dificuldade e demoranos levantamentos. Mas, nos últi-mos oito anos, esse trabalho foiretomado. Dessa forma, não vejodeficiência de estatísticas nessecampo, pelo menos quanto às áreastotais irrigadas e métodos de irri-gação utilizados. Há dificuldades,quando se tenta obter os cultivosirrigados, especialmente devido a

uma constante substituição doschamados cultivos temporários,devido a uma rotação apropriadade alguns ou de condições de mer-cado para outros, o que leva o pro-dutor a alterar os cultivos do perío-do anterior e dificulta um trabalhopreciso na definição dos principaiscultivos irrigados.

Item – Como o senhor vê o processode expansão da irrigação no Brasil?Demetrios – Esse levantamento emfase de conclusão está indicandoque temos cerca de 3,2 milhões dehectares irrigados no Brasil. Mes-mo faltando ainda o levantamentode cinco Estados, já alcançamos acifra de 3,17 milhões de hectares. Airrigação tem crescido a uma taxade 80 mil hectares/ano e a área atualbrasileira representa 10% do po-tencial. Temos, portanto, uma ca-pacidade de crescimento na ordemde 26 milhões de hectares, númeroeste que, se alcançado, representa-ria cerca de 10% da área irrigada domundo, o que exige uma política deirrigação firme e valorizada pelosdemais setores envolvidos com aagricultura irrigada que é uma ati-vidade de alta necessidade de inte-gração por ser complexa.Há uma expectativa mundial deque o Brasil passe a assimilar atecnologia de irrigação em maiorintensidade e, com isso, abra a pos-sibilidade de utilizar de forma sus-tentável as áreas aptas no país,uma vez que em outros países ossolos estão sendo retirados de pro-dução pelas ocupações urbanas eindustriais, e também pela degra-dação deles e pela deficiência deágua. No âmbito mundial, estima-se atingir uma área total de irriga-ção de cerca de 470 milhões dehectares, portanto serão adiciona-dos 200 milhões de hectares aosatuais 270 milhões de hectares deárea irrigada. Desse total, o Brasildeve participar com algo em tornode 29 milhões de hectares, que é olimite que podemos utilizar de for-ma sustentável, protegendo o meioambiente e fazendo uma irrigaçãoque não cause danos a outros usu-ários da água, aos solos, à vegeta-ção e aos ecossistemas.

“Olhares sobre a Política de Recursos Hídricos do

Brasil” é o título da tese de doutorado em Meio

Ambiente e Desenvolvimento defendida,

recentemente, pelo especialista Demetrios

Christofidis, consultor em Planejamento da Irrigação

do Instituto Interamericano para Cooperação para

Agricultura (IIICA), no Ministério da Integração

Nacional/Secretaria de Infra-estrutura Hídrica e

professor do Departamento de Engenharia Civil e

Ambiental da Universidade de Brasília.

Nascido em Atenas, Grécia, e naturalizado brasileiro,

o professor, dentre outras questões, considera

essencial conhecer com profundidade o perfil da

agricultura irrigada no Brasil, o que permitirá uma

política de irrigação mais condigna ao nosso

potencial e às necessidades ambientais e sociais do

país. Christofidis afirma que assimilou, desde cedo,

que a água era o fator insubstituível na maioria das

atividades o que o levou a dedicar-se ao assunto.

“E hoje, ela não é só importante. É essencial à vida

de todos os seres”, afirma ele. E completa:

“Na disputa da água temos que pensar, em primeiro

lugar, na manutenção dos ecossistemas e no

abastecimento humano e, em segundo, na produção

de alimentos. Os outros usos são decorrentes

da saúde do ambiente e do ser humano”.

E N T R EDDDDDEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOSEMÉTRIOS

CCCCCHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDIS

Em sua tese de doutorado, o professor DemetriosEm sua tese de doutorado, o professor DemetriosEm sua tese de doutorado, o professor DemetriosEm sua tese de doutorado, o professor DemetriosEm sua tese de doutorado, o professor DemetriosChristofidis expõe sua experiência de 20Christofidis expõe sua experiência de 20Christofidis expõe sua experiência de 20Christofidis expõe sua experiência de 20Christofidis expõe sua experiência de 20

anos dedicados aos recursos hídricos no Brasilanos dedicados aos recursos hídricos no Brasilanos dedicados aos recursos hídricos no Brasilanos dedicados aos recursos hídricos no Brasilanos dedicados aos recursos hídricos no Brasil

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4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 77

Item – Como o senhor vê o atualperfil do irrigante brasileiro?Demetrios – Esse levantamento estámostrando que a irrigação locali-zada, que tem recebido maioraporte de tecnologia e reduzidocustos de equipamentos, está-seexpandindo cada vez mais. Primei-ramente, porque é um método maiseconômico, do ponto de vista deutilização da água, que é um dosfatores escassos atualmente. A ten-dência é de que, predominantemen-te, as novas áreas sejam irrigadaspelo método de irrigação localiza-da (gotejamento, microaspersão ealguns similares). Também deveráocorrer a reconversão de outrosmétodos de irrigação que utilizammuita água e que serão substituí-dos pela irrigação localizada. Essesistema ocupa (dados do ano 2000)uma faixa de 6,7% da irrigaçãopraticada no Brasil, em 1998. Jáem levantamento recente, deveráatingir a um índice da ordem de 8%por cento do total brasileiro, cercade 250 mil hectares, mostrandoque há uma tendência de cresci-mento maior que os demais méto-dos. Até porque, a partir de agora,em algumas bacias críticas seráadotado o instrumento de gestãode recursos hídricos, que é a co-brança pelo uso da água. Esse ins-trumento é um incentivador dapoupança da água e, por si só, seráum fator gerador de uma alteraçãodos hábitos atuais de desperdíciode água (as perdas atuais são supe-riores a 50%) e de uma procura poruma tecnologia mais avançada ede maior controle, o que ocupará aagenda de todos os usuários.

Item – Qual é a sua opinião quantoà agricultura irrigada pagar pelouso da água?Demetrios – O pagamento pelo usoda água na irrigação, de certa for-ma, é de difícil implementação econtrole. Até porque a agriculturagera uma série de arrecadaçõessubseqüentes em cascata. A cobran-ça pelo uso da água, em nível deuma bacia hidrográfica, leva a umasensibilização no relativo ao valorda água. A maioria das propostasde cobrança até agora, por justos

motivos, não incluem a irrigação,mas os demais usuários, em geral,que são os maiores poluidores eafetam a qualidade da água e tor-nam-na indisponível para os de-mais. A proposta que está sendolevada para análise ao ConselhoNacional de Recursos é a de co-brança pela água na Bacia do RioParaíba do Sul. Essa cobrança iráincidir sobre os sistemas de abaste-cimento das cidades de maior por-te, com população acima de 5 milhabitantes, e as 40 principais in-dústrias poluidoras dos três Esta-dos, Minas Gerais, São Paulo e Riode Janeiro. Nessa fase inicial deimplantação, a orientação foi deenvolver aqueles que seriam osusuários mais representativos parauma cobrança, observando-se os

problemas da bacia e a sua voca-ção e a irrigação não foi incluída.Considero este fato muito justo,porque o agricultor brasileiro dian-te do estrangeiro, tem sido muitosacrificado, entretanto, de umaoutra forma, tem gerado retornosacima da expectativa ao país.

Item – O senhor não acha quediferentes posicionamentos esta-duais poderão provocar uma novaguerra fiscal para o setor agrícola?Demetrios – Há muitas dificulda-des em se cobrar pelo uso da águana produção de alimentos e issoocorre quase que no mundo intei-ro. Mas isso não impede que hajauma conscientização sobre o valorda água e um avanço no sentido de

adoção de cuidados para a redu-ção, tanto do consumo como dolançamento de resíduos pela agri-cultura e pecuária.Na gestão dos recursos hídricos,deve ser seguido o que cada comitêde bacia e agência de águas indicarcomo mais adequado. Cada bacia eaqüífero tem uma característica evocação diferente, diante de cadauso que se pretende dar à água.Uma das formas de gestão, hoje, éincentivar que haja desocupaçãode certas áreas críticas e ocupaçãode outras, onde a água não é fatorescasso. A cobrança, pelo uso daágua, pode ser um instrumentopara fazer essa mudança. Isso fa-talmente irá ocorrer numa evolu-ção natural. Existem Estados queestão receptivos a investimentos ecom água suficiente, enquanto exis-tem outros com dificuldades, devi-do à escassez de oferta de água.Dentro de um mesmo Estado, po-dem ocorrer movimentações deuma bacia para outra, bem comotransposição de água de uma baciapara outra, dependendo das parti-cularidades dos empreendimentose da região, movem-se os usuáriosou transfere-se a água. Natural-mente, vão ocorrer custos diferen-ciados, de acordo com as necessi-dades de investimento de cada ba-cia. Se existe água da Bacia do RioParaíba do Sul, por exemplo, semdisputa pela quantidade, mas dete-riorada, temos que torná-la de me-lhor qualidade. Por exemplo, umafamília que paga atualmenteR$20,00 por sua conta de água,está sendo sobrecarregada por umtratamento adicional na estação,devido aos poluentes. Se passo acobrar um centavo por metro cúbi-co, essa família vai pagar R$0,30 amais, por mês. Esses centavos amais vão-se reverter à bacia, e aestação de tratamento da água nãovai precisar de tantos produtosquímicos, insumos e investimentoscomo hoje. A tarifa da água acaba-rá caindo para R$18,00. Uma situ-ação futura com melhoria na qua-lidade e na oferta de água em quan-tidade, com melhores condições desaúde e a um custo menor do que oda situação atual. �

V I S T ADDDDDEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOS

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para fazer essapara fazer essapara fazer essapara fazer essapara fazer essamudança”mudança”mudança”mudança”mudança”

4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 77

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www.www.Navegando nainternet

Como o assunto principal desta ediçãoda revista ITEM é o uso da água naagricultura e a melhor maneira defazê-lo, a internet continua sendo umaferramenta importante, como fonte deinformações sobre novas tecnologias,atualidades, pesquisas, publicações elegislação envolvendo temas relativos àpolítica dos setores de recursos hídricose meio ambiente. Nossas dicas de sites eportais de interesse são:

.agricultura.gov.brPortal do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, onde se obtêm informaçõessobre a estrutura da instituição governamental,legislação, recursos humanos, qualidade e notí-cias atualizadas diariamente. Através dele, po-dem-se chegar aos sites de quaisquer órgãosligados ao Ministério e às informações que elestrazem. São eles: Embrapa, Instituto Nacionalde Meteorologia (Inmet), Ceagesp, Agrofit,Proagro, Secretaria de Apoio Rural e Cooperati-vismo (Sarc) e Serviço Nacional de Proteção deCultivares (SNPC) etc.

.ana.gov.br

.Site da Agência Nacional de Águas, com infor-mações atualizadas sobre a política de recursoshídricos, informações para os produtores ruraisem relação à legislação vigente.

.banconordeste.gov.br/irrigaSite do Banco do Nordeste, que divulga a redede irrigação, criada no âmbito do estudo que

subsidiou o projeto do Novo Modelo de Irriga-ção do programa Brasil em Ação. Traz os cincovolumes resultantes desse trabalho.

.cafédocerrado.orgSite que traz informações sobre o XI Semináriodo Café do Cerrado, a ser realizado de 14 a 17 demaio, em Patrocínio/MG. Informações podemser obtidas na Acarpa, fone: (34) 3831-8080 oupelo e-mail: [email protected].

.cemig.com.brSite da Companhia Energética de Minas Gerais,que traz informações sobre bacias hidrográficasdo Brasil, por regiões.

.codevasf.gov.brSite da Companhia de Desenvolvimento do ValeSão Francisco e do Paranaíba, que traz os progra-mas de irrigação da Codevasf, além de informa-ções sobre agricultura irrigada, barragens etc.

.cprm.gov.brSite sobre o Serviço Geológico do Brasil, ligado àSecretaria de Minas e Metalurgia do Ministériode Minas e Energia, abrangendo as águas super-ficiais e subterrâneas, levantamentos e estudossobre recursos hídricos desenvolvidos nas di-versas sedes regionais.

.embrapa.gov.brSite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária, onde poder-se-ão acessar diretamenteinformações sobre qualquer uma das unidadesda empresa.

.hrac-br.com.brSite da Associação Brasileira de ação à Resistên-cia de Plantas aos Herbicidas, reconhecida comoorganismo consultor pela Organização da Agri-cultura e Alimentação (FAO) e Organização Mun-

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RAIN BIRDDO BRASILR. Piauí, 740 - Uberlândia MGCep. 38402-020Tel: (34) 3212-8484Fax: (34) 3212-5469E-mail: rainbirdbrasil@

attglobal.netSite: www.rainbird.com

dial de Saúde (WHO) das Nações Unidas.

.icid.orgSite da International Commission on Irrigationand Drainage (em inglês). Traz informações so-bre a organização, temas estratégicos, eventos,notícias, publicações, catálogo de serviços etc.

.igam.mg.gov.brSite do Instituto Mineiro de Gestão de Águas,com informações sobre bacias hidrográficas deMinas Gerais, portarias, legislação e formuláriospara a obtenção de outorgas no Estado etc.

.funarbe.org.brSite da Fundação Arthur Bernardes, sediada naUniversidade Federal de Viçosa, uma das orga-nizações que vêm dando apoio à constituiçãode empresas incubadas na área de agropecuária.

.integracao.gov.brSite do Ministério da Integração Nacional, onde,através dele, podem-se chegar às informaçõesda Codevasf (ou através do site codevasf.gov.br), além de também poder acessar publica-ções como o Frutiséries, cuja edição está sob aresponsabilidade do Departamento de Proje-tos Especiais da Secretaria de Infra-EstruturaHídrica.

.mma.gov.brSite do Ministério do Meio Ambiente, onde sepodem obter informações institucionais e so-bre as políticas de desenvolvimento, educaçãoambiental, Agenda 21, Fundação Nacional doMeio Ambiente, Ibama e ANA. Por este site, po-dem-se chegar a informações interessantes so-bre as principais bacias hidrográficas brasileiras(Amazônica, São Francisco, Araguaia/Tocantins,do Atlântico Sul e do Araguaia), acompanhadaspor mapas.

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uflanet.com.brw w w . p i v o t v a l l e y . c o m . b r

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2002A REVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEM tem como objetivo principal o inter-câmbio técnico, o associativismo, o maior conheci-mento do que está acontecendo na irrigação brasilei-ra e no mundo, exercitando-se uma permanente inte-gração tecnológica, comercial, econômica, ambientale política, para o fortalecimento da ABID que, emsíntese, precisa dar suporte para fazer florescer, cadavez mais, o agronegócio da agricultura irrigada, embenefício de todos.

A organização da ABID é compreendida pela seguintesCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOS:SóciosSóciosSóciosSóciosSócios PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I eeeee II I I I I I I I I – Pessoas físicas e

pessoas jurídicas interessadas em apoiar osobjetivos, a manutenção, e o desenvolvimentoda ABID. O sócio patrocinador I pode eleger oueleger-se para membro do Conselho Diretor.Para ser sócio patrocinador, favor entrar emcontato direto com a ABID ou encaminhar e-mail para [email protected].

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios TITULARESTITULARESTITULARESTITULARESTITULARES – Profissionais de nível superior,interessados em irrigação, drenagem e áreasconexas.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios IRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTES – Agricultores, pecuaristas de es-colaridade até o nível médio, que atuem naárea de irrigação e drenagem.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios JUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORES – Técnicos de grau médio e alunosde escolas superiores interessados no desen-volvimento da irrigação e drenagem.

VALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADE da ABID, incluindo aassinatura da revista Item: Sócio Titular – R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00 Sócio Irrigante e Júnior – R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00

A A S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S A da revista Item será deR$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00, cobrada a partir de 01/01/2002.

Para ASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABID e manter seu cadastro emdia, encaminhe seus dados e o comprovante de depó-sito para ABID, SCLRN 712, bloco C, nº 18, Cep 70760-533, Brasília/DF ou pelo fax (61) 274-7245. Depósito ouDOC para: ABID/APDC CNPJ 37880192/0001-88, bancoItaú 341, agência 1584, conta 10.323-6.

NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-TE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAIL. COLABORECOM OS CONTROLES DE SUA ASSOCIAÇÃO.

ENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATO com a ABID pelo e-mail [email protected] e [email protected], ou pelo ende-reço SCRLN 712, bloco C, nº18, CEP 70760-533, Brasília/DF, fone (61) 273-2154 ou 272-3191 e fax (61) 274-7245.

ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE

IRRIGAÇÃO EDRENAGEMÉ O COMITÊNACIONAL

BRASILEIRO DA

ICID-CIIDICID-CIIDICID-CIIDICID-CIIDICID-CIID

A Revista ITEM 48,4o trimestre de 2000,marca sua retomada,com mais uma especialmotivação paraassociar-se à ABID.

A Revista ITEM 54,2º trimestre 2002,já está no prelo.

Helvecio Mattana [email protected] nome da equipe da ABID-APDC

Sua contribuição émuito importante,participando. Está aí oanúncio para o X I IX I IX I IX I IX I IC O N I R DC O N I R DC O N I R DC O N I R DC O N I R D, que serárealizado de 9 a 13 desetembro de 2002, emUberlândia,obedecendo-se àdecisão de fazê-lo dedois em dois anos noNordeste e, nos anosalternados, em outrasregiões do Brasil.

A arte gráfica dessamensagem procuraevidenciar as ediçõesda revista ITEM, arealização em 2001 doXI CONIRD e 4th IRCEW,com a edição dosAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do Congresso ede um livro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglês,e as parcerias e ainserção internacionalda ABID.