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    (UnB-2/2008)Que rostos mais coalhados, nossos rostos adolescentes em volta daquela mesa: o pai cabeceira, o relgio de parede s suas costas, cada palavra sua ponderada pelo pndulo, e nadanaqueles tempos nos distraindo tanto como os sinos graves marcando as horas: O tempo o maiortesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumvel, o tempo o nosso melhor alimento; semmedida que o conhea, o tempo contudo nosso bem de maior grandeza: no tem comeo, no tem fim; um pomo extico que no pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo;onipresente, o tempo est em tudo; existe tempo, por exemplo, nesta mesa antiga: existiu primeiro uma

    terra propcia, existiu depois uma rvore secular feita de anos sossegados, e existiu finalmente umaprancha nodosa e dura trabalhada pelas mos de um arteso dia aps dia; existe tempo nas cadeiras ondenos sentamos, nos outros mveis da famlia, nas paredes da nossa casa, na gua que bebemos, na terraque fecunda, na semente que germina, nos frutos que colhemos, no po em cima da mesa.

    Raduan Nassar. Lavoura arcaica. So Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 53-4.

    Considerando esse fragmento de texto, extrado da obra Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, julgue osprximos itens.1No h Histria fora do tempo, da mesma forma que ela no existe sem a ao humana.2Na Histria, o tempo breve est vinculado ao fato, ao acontecimento, ao passo que a longa durao, isto, o tempo que corre lentamente, diz respeito s estruturas que sustentam e modelam os sistemas ouformas de organizao de vida das sociedades.

    3H situaes em que os fatos tendem a se acelerar, dando a impresso de que o tempo histrico passamais rapidamente que em outras situaes. o que se pode afirmar, por exemplo, a respeito dos fatosocorridos no Brasil no perodo colonial, em comparao com a lenta modernizao econmica e a expansourbana experimentadas pelo pas a partir dos anos 50 do sculo XX.4 O dinamismo do tempo, no sistema feudal europeu, marcado pelas incessantes inovaes quetransformaram uma agricultura de subsistncia em fornecedora de produtos para o mercado, contrape-se morosidade das mudanas ocorridas na Idade Moderna e nas primeiras dcadas do sculo XIX.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) Ao apresentar a obra A Coleo Tempos, da Editora UnB, o historiador Emanuel Arajoassim escreveu.

    Como categoria fundamental da constituio do sentido da experincia, o tempo ocupa lugar capital

    no pensamento histrico de todas as orientaes. E no apenas entre os historiadores. Filsofos e tericosdos mais diversos campos do saber, da Antropologia aos estudos literrios, nas ltimas dcadas vmcontribuindo decisivamente para a crtica das concepes naturalistas e monolticas do tempo histrico.

    Emanuel Arajo. A coleo tempos. In: Ciro F. Cardoso. Sete olhares sobre a antiguidade.Braslia: Editora UnB, 1994, p. 9 (com adaptaes).

    A partir do texto acima, julgue os itens seguintes, que tratam de aspectos conceituais da Histria.5 Como se pretende que a Histria seja uma cincia, o que a leva a fazer uso de uma metodologia, aconcepo de tempo no pode ser diferente daquela que utilizada pelas demais cincias, como a Fsica,por exemplo.6Quando escritores afirmam, como Jorge Lus Borges, que o tempo a substncia da qual somos feitosou, como Carlos Drummond de Andrade, que o tempo a minha matria, o tempo presente, os homens

    presentes, eles esto negando o queEmanuel Arajo chamou de categoria fundamental da constituiodo sentido da experincia.7No momento em que o pensador Walter Benjamin diz que a Histria objeto de uma construo cujolugar no o tempo homogneo e vazio, mas um tempo saturado de agoras,ele est se opondo ao que otexto chama de concepes naturalistase monolticas do tempo histrico.8O texto permite concluir que o objeto da Histria o estudo do passado, um tempo definido e j vivido,que no pode ser modificado e, muito menos, ser alvo de reinterpretao.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2008)Colonizao, mais do que um conceito, uma categoria histrica, porque diz respeitoa diferentes sociedades e momentos ao longo do tempo. Trata-se de um fenmeno de expanso humanapelo planeta, desenvolvendo a ocupao e o povoamento de novas regies. Em determinadas pocashistricas, a colonizao foi realizada sobre espaos vazios, como o caso das migraes pr-histricas

    que trouxeram a espcie humana ao continente americano. Mas, desde que a humanidade se espalhoupelo mundo, diminuindo significativamente os vazios geogrficos, o tipo de colonizao mais comum temsido mesmo aquele executado sobre reas j habitadas.

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    O processo colonizador movido pela Europa Moderna na Amrica foi realizado em um conjuntoespecfico de relaes de dependncia e de controle poltico e econmico que as metrpoles impuseram asuas colnias, conjunto esse denominado sistema colonial.

    K. V. Silva e M. H. Silva. Dicionrio de conceitos histricos.So Paulo: Contexto, 2005, p. 67-8 (com adaptaes).

    Com relao temtica e a aspectos semnticos e gramaticais do texto acima bem como a informaes arespeito da literatura brasileira, julgue os itens de 9a 15.9A ausncia de unidade poltica, que a fragmentao representada pela polis to bem explicita, impediuque a Grcia, na Antiguidade Clssica, colonizasse reas situadas fora de seu territrio.10De forma sistmica e crescente, Roma ultrapassou a condio de simples cidade-estado, avanou sobrea pennsula italiana e, aps a vitria sobre Cartago (Guerras Pnicas), conquistou a bacia do Mediterrneo,transformando-se em imprio de grandes dimenses.11 Independentemente do estgio em que se encontrava, seja em pleno apogeu, seja em processo dedeclnio, o sistema feudal, por seu carter fechado e avesso ao dinamismo do comrcio, eximiu-se de levara Europa a promover tentativas de expanso.12O sistema colonial a que o texto alude integra o quadro de transformao vivido pela Europa na IdadeModerna, quando se verifica a tendncia de as velhas estruturas feudais serem substitudas por novosprocedimentos e prticas que prepararam o terreno para o advento da economia capitalista.

    13 Tanto no caso de Espanha e Portugal e suas colnias na Amrica quanto no do neocolonialismodecorrente da expanso imperialista iniciada no sculo XIX, as relaes de dominao metropolitana e dedependncia das colnias, referidas no texto, foram idnticas.14Ao transferir-se para o Brasil, h duzentos anos, o Estado portugus obrigou-se a enrijecer o sistemacolonial como forma de manter unido o territrio de sua mais importante colnia e preservar suas boasrelaes com a Inglaterra.15Em razo do papel das cidades na economia exportadora durante o perodo colonial, uma das heranasda colonizao que perduram at hoje, no Brasil, o predomnio da populao urbana em relao rural.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002)A escravido remonta aos primrdios da sociedade humana. Da Antiguidade Orientalaos Tempos Modernos, tem-se registros da utilizao do trabalho compulsrio nas mais diversas situaes,como em edificaes do Estado (a domesticao do rio Nilo e as construes faranicas no Egito), entre os

    gregos e no Imprio Romano, culminando com a explorao do trabalho indgena e, sobretudo, africano emterras americanas, como foi o caso expressivo do Brasil. A propsito, uma srie de reportagens do Jornaldo Brasil, publicada em dezembro de 2001, traando uma radiografia da questo fundiria no Par, apontaa existncia de vrias fazendas na regio que fazem uso do trabalho escravo.

    Acerca da dimenso histrica do escravismo, julgue os itens abaixo.16Dois fatores fizeram a fora da Roma imperial: a permanncia do Senado como organismo regedor dapoltica externa e, especialmente, a transformao do campons, do plebeu urbano e do cristo em mo deobra escrava.17A eliminao do trabalho escravo na Idade Mdia deveu-se, acima de tudo, persistente atuao doscatequizadores que, difundindo os princpios cristos, ameaavam com a excomunho aqueles quetivessem em seus domnios trabalhadores no livres.18 A exemplo dos escravos gregos (hilotas), os escravos africanos nos domnios coloniais americanos,

    como o Brasil, eram propriedade do Estado, que os repassava aos particulares, cobrando-lhes o dzimodevido como imposto.19A escravido nos Estados Unidos da Amrica (EUA) teve uma caracterstica prpria, que a singularizavaem relao s demais regies do continente americano: por meio de uma intensiva produo voltada para omercado externo, os escravos da regio centro-norte desse pas possibilitaram um excedente econmicoque se mostrou decisivo para a edificao do parque industrial sulista.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) Da Antiguidade Clssica greco-romana derivam as bases da chamada CivilizaoOcidental. Pensadores e artistas de ambas as civilizaes, tambm tributrios da cultura oriental,produziram uma obra monumental, cujos pressupostos filosficos e estticos atravessaram os sculos.Relativamente a valores, ideias, crenas e prticas que notabilizaram esse perodo histrico, julgue os itensabaixo.

    20 A partir da mitologia, os gregos explicaram o surgimento do mundo e do homem, acreditando que arazo e a lgica deveriam subordinar-se s determinaes dos deuses, os nicos verdadeiramente sbios.

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    21A civilizao romana no elaborou uma produo filosfica igualvel grega; todavia, em decorrncia daconquista de um vasto imprio, desenvolveu um cdigo jurdico que contribuiu para consolidar as bases dasua dominao em toda a rea do Mediterrneo.22O trabalho compulsrio foi dominante em ambas as civilizaes; a diferena entre elas residia no fato deser facultada ao escravo grego a liberdade, desde que se dispusesse ao recrutamento militar e a pagar otributoper capita cobrado ao cidado.23Em Roma, poca republicana, os embates sociais e polticos ocasionaram uma relativa redefinio na

    estrutura do poder, na medida em que a legislao permitiu aos segmentos sociais plebeus uma certaascenso e a possibilidade de exercerem determinadas magistraturas.______________________________________________________________________________________

    JORNAL DE ROMA

    Peter Morter. In: Andrew Langley e Philip de Souza. Jornal de Roma 800 a.C-400 d.C.Belo Horizonte: Ed. Dimenso Ltda. e Walker Brooks, s/d, p. 12.

    (UnB-1/2010) No mapa acima, esto representadas as longas distncias percorridas pelos homens naAntiguidade, quando viajar era uma atividade extremamente perigosa, tal como se depreende do texto aseguir.

    Viajando por terra ou mar, arriscando suas vidas, os mercadores ficavam longe de suas famliasdurante meses ou at mesmo anos. Piratas emboscados e naufrgios eram apenas alguns dos perigos queesses bravos tinham de enfrentar em nome de todos. Por que os mercadores continuavam a participardaquelas jornadas arriscadas? Bom, no era apenas pelo dinheiro. O alimento vendido por eles ajudava aspessoas a matarem a fome. Eram tantos vivendo nas cidades, que no era possvel cultivar a quantidadesuficiente de alimento para todos. Sem a colheita dos gros do Egito ou sem os carregamentos de vinho daregio que hoje corresponde Frana e o azeite de oliva da regio correspondente Espanha, o que essassociedades fariam?

    Idem, ibidem (com adaptaes).

    Tendo como referncia o mapa e o texto acima bem como os mltiplos aspectos por eles suscitados, julgueos itens de 24 a 29.24Na Antiguidade, as rotas comerciais de longa distncia uniam o Oriente ao Ocidente, como a famosarota da seda, caminho monopolizado pelos teceles chineses.25A localizao da Somlia, na regio conhecida como Chifre da frica, e as guerras civis ali vivenciadascriaram condies para o surgimento, nessa regio, de aes de pirataria, que se desenvolveram com oemprego de tecnologia avanada.26Na Antiguidade, Roma era denominada a cidade eterna e, para manter o seu status de cabea (capital)do imprio, era fundamental que demonstrasse autossuficincia quanto a abastecimento e eliminassequalquer lao de dependncia com outras cidades.27Infere-se do questionamento feito ao final do texto que, naquele contexto, o desequilbrio social causadopelo esvaziamento no campo e pelo acmulo de pessoas na cidade era resultado do comodismo dosromanos, que priorizavam a importao de bens.28 A partir do sculo XIII, as cidades da Europa ocidental passaram a contar com uma cadeia deabastecimento, configurada como uma rede de interaes entre produo local/regional e comrcio delonga distncia.29No sculo XVI, grandes potncias comerciais, como Veneza e Gnova, dada a combinao alcanadaentre capital e transporte, monopolizavam o trfego martimo no Mediterrneo oriental.

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    Figura I Figura II

    Figura III Figura IV

    Figura V

    A riqueza produzida pelas sociedades, no transcurso da histria, deve ser compreendida em suas mltiplasmanifestaes, as quais no se restringem aos aspectos puramente econmicos. Vinculadas denominadacivilizao ocidental, as figuras acima refletem algumas situaes em que a capacidade humana de pensar,de sentir, de agir e de se expressar, ao longo do tempo e nas mais distintas regies do planeta, reveste-sede invulgar dimenso. Considerando os diversos contextos histricos representados nessas figuras, julgueos itens a seguir.30A figura I remete Antiguidade clssica e traduz, na arquitetura, a monumentalidade da cultura helnica,na qual a racionalidade se submete religio e o individualismo no consegue fazer sombra ao esprito

    coletivista dominante na sociedade.31Na figura II, a presena marcante do castelo, smbolo do poder de uma aristocracia fundiria e guerreira,aponta para uma das caractersticas essenciais do feudalismo europeu. Em torno dele, desenvolvia-se uma

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    economia basicamente agrria sustentada pela mo de obra servil, com predomnio ideolgico da IgrejaCatlica.32Na figura III est representada uma das marcas a riqueza artstica da Renascena, amplo movimentocultural que, inspirado nos modelos de vida e na religiosidade medievais, contribuiu para o surgimento, noincio dos tempos modernos, de um novo homem comedido em suas aspiraes de conhecimento e dedescobertas, mas convicto de sua fora na construo da histria.33A figura IV retrata a capacidade criadora e a riqueza cultural da civilizao incaica. A Amrica que os

    europeus encontraram, em fins do sculo XV, extraiu de seus conhecimentos acumulados e de sua culturamilenar a fora para resistir aos invasores, razo pela qual espanhis e portugueses levaram tempo paraprocederem colonizao do Novo Mundo.34A urbanizao, como fenmeno sistemtico e consistente, fruto da Revoluo Industrial. No decorrerdo sculo XIX e, sobretudo, do sculo XX, ela se expandiu e, acompanhando o processo de globalizaoeconmica, tambm se universalizou. A figura V evidencia que projetos urbansticos e concepesarquitetnicas de cidades tambm se transformam com o passar do tempo.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2007)O poema de Hesodo Os Trabalhos e os Dias inicia-se com duas narrativas mticas.O poeta conta a histria de Prometeu e Pandora e, logo em seguida, apresenta a narrativa do mito dasraas. Ambos os mitos mencionam um tempo antigo em que os homens viviam ao abrigo dos sofrimentos,das doenas e da morte; cada um presta contas, sua maneira, dos males que se tornaram, em seguida,

    inseparveis da condio humana. Em relao ao mito de Prometeu, Hesodo limita-se a deixar falar suanarrativa: pela vontade de Zeus, que, a fim de vingar o roubo do fogo, escondeu ao homem a sua vida, isto, o seu alimento, os seres humanos so destinados ao trabalho, a partir de ento; devem aceitar essa duralei divina e no poupar esforo nem fadiga.

    Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 27 (com adaptaes).

    Tendo o texto acima como referncia inicial, julgue os itens seguintes, relativos a aspectos lingusticos,histricos e geogrficos.35Na Antiguidade Clssica, a prevalncia do trabalho escravo reflete a existncia de uma economia debase mercantil. Na Grcia, a escravido foi abolida graas, sobretudo, vigorosa oposio que os filsofosmoveram contra esse tipo de trabalho.

    36 A crise do escravismo insere-se no processo mais amplo de decadncia do Imprio Romano e deruralizao da economia europeia, cenrio propcio ao surgimento da nova realidade histrica, que seria ofeudalismo.37No sistema feudal, o mundo do trabalho dividiu-se igualmente entre servos e escravos, o que demonstraa equivalncia de papis entre a agricultura de subsistncia e o comrcio no conjunto da economia daEuropa medieval.38A importncia do trabalho escravo na Idade Moderna decorre da elevada taxa de lucratividade geradapela explorao dessa mo de obra, ainda que no possibilitasse ganhos expressivos aos que sededicavam sua comercializao, isto , ao trfico.39 A inexistncia de escravido entre os povos da Amrica pr-colombiana explica-se pelo modelocoletivista de organizao social adotado, com pequenas variaes, por maias, astecas e incas.40 A consolidao do capitalismo como sistema econmico dominante, processo impulsionado pelaRevoluo Industrial, tornou anacrnico o trabalho escravo, entre outras razes, por sua dificuldade de

    gerar o mercado consumidor necessrio referida consolidao.41 No contexto histrico do mundo contemporneo, o fim da escravido tornou-se imperativo tico eexigncia moral, mas ainda persistem situaes em que o trabalho compulsrio, no devidamenteremunerado, mantm-se de p.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2006) A arte uma constante na histria da humanidade. Todas asculturas possuem arte, mas sua diversidade torna difcil sua definio. Outra noobastante complexa a de artista. Enquanto para alguns o artista todo aquele quefaz arte, para outros, artista apenas aquele que elabora uma obra de arte comconscincia esttica. Nessa segunda perspectiva, o artista existiria apenas na Grciaclssica e no Ocidente a partir do Renascimento. Em outras culturas e perodos,como no medievo europeu, por exemplo, o artista era um arteso, e a obra de arte

    tinha status semelhante ao de qualquer objeto produzido pelo trabalho manualhumano.Nesse sentido, e mais ainda naquelas sociedades em que a arte tinha um fim

    religioso ou mgico, a maioria das obras era annima, pois pouco importava seu

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    autor. S no Renascimento, em que se retomou uma noo grega clssica, o artista tornou-se um indivduoque se definia como artista, e no como arteso: era o artista-gnio, uma celebridade valorizada justamentepor produzir arte.

    Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva. Dicionrio de conceitos histricos.So Paulo: Contexto, 2005, p. 27-8 (com adaptaes).

    Tendo o texto como referncia inicial e considerando as variadas formas pelas quais o tema por eleabordado se evidencia ao longo da Histria, julgue os itens seguintes.42 Nada pragmtica, a cultura romana ultrapassou os limites cronolgicos da Antiguidade. Graas atualidade dos temas e dos enfoques abordados por seus principais autores de peas de teatro, comosquilo, Sfocles e Aristfanes, essas obras ainda hoje so encenadas em grande estilo.43 Grcia e Roma convergiam sob diversos aspectos. Expansionistas, ambas chegaram a comandargrandes imprios sem abrir mo da originalidade cultural, razo pela qual devotavam relativo desprezopelas manifestaes culturais dos povos conquistados.44 A Europa medieval, cuja sociedade era extremamente ruralizada, vivendo nos estreitos limites dosfeudos e cerceada pelo rgido controle religioso e intelectual imposto pela Igreja Catlica, conseguiuproduzir uma arte com conscincia esttica, como sugere o texto, exibindo padres que seriamconsagrados pela Renascena.45Expresso de um contexto histrico de significativas transformaes, no qual desponta o individualismo,a cultura renascentista exprimenas artes, na literatura, na filosofia e na cincia o sentimento marcantedos Tempos Modernos, qual seja, a valorizao do ser humano a partir do reconhecimento de suaracionalidade e de suas inesgotveis potencialidades.46A sociedade contempornea, marcadamente industrial e urbana, possibilita o surgimento de uma artelivre, desvinculada dos mecanismos de mercado, que, exceo do universo cultural, praticamentecomandam os setores da vida social, incluindo-se os referentes aos esportes e religio.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2008)Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,muda-se o ser, muda-se a confiana:todo o mundo composto de mudana,

    tomando sempre novas qualidades.Continuamente vemos novidades,diferentes em tudo da esprana;do mal ficam as mgoas na lembrana,e do bem, se algum houve, as saudades.

    O tempo cobre o cho de verde manto,que j coberto foi de neve fria,e em mil converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,outra mudana faz de mor espanto1;

    que no se muda j como soa

    2

    .1mormaior2soacostumava

    Lus Vaz de Cames. Antologia escolar portuguesa.Rio de Janeiro: Fename, 1970, p. 319.

    Considerando o texto potico acima, julgue os itens a seguir, relativos a aspectos lingusticos e literrios,histricos e geogrficos.47A conquista da Europa Ocidental pelos rabes, no sculo VIII, correspondeu mudana nos padresculturais vigentes na regio, a comear pelo persistente declnio do cristianismo e pela consequenteexpanso do islamismo.

    48Na histria europeia, um exemplo significativo de mudana de tempos e de vontades verificou-se nossculos XV e XVI, contexto de transformaes e de conquistas de que a Renascena, as GrandesNavegaes e a Reforma religiosa seriam smbolos marcantes.

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    49Mesmo com o fim do Imprio Romano, na Europa, as instituies polticas e as prticas econmicas quecaracterizavam Roma em seu apogeu prevaleceram na Alta Idade Mdia.50 Na hoje denominada Amrica Latina, nas primeiras dcadas do sculo XIX, ocorreram mudanas nocenrio poltico com o surto de independncia de parte expressiva das antigas colnias ibricas, inclusivedo Brasil.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2009) O Stimo Selo (1956), de Ingmar Bergman, trata da volta ao castelo de origem deum cavaleiro e de seu escudeiro que haviam participado do movimento das Cruzadas. O cavaleiro abordado pela morte (personificada em um homem todo vestido de preto) e, antes que ele seja por elalevado, eles disputam uma partida de xadrez. Como o cavaleiro vence, so-lhe permitidos mais alguns diasde vida at uma nova disputa. (...)

    De Mario Monicelli, O Incrvel Exrcito de Brancaleone , em tom de stira, narrativa da crise dofeudalismo europeu, em que, com o aumento do nmero de servos desocupados e nobres sem terra, osvalores cavalheirescos se tornam, nessas circunstncias, anacrnicos e cmicos. (...)

    De Jean Jacques Annaud, O Nome da Rosa, embasado no livro de Umberto Eco, ao focalizar a vidadentro de um mosteiro, revela correntes de pensamento da Igreja medieval e prticas da Inquisio, cenrioem que um monge franciscano representa o intelectual renascentista, humanista e racional.

    Jos Jobson Arruda. Nova histria moderna e contempornea.Bauru: EDUSC; So Paulo: Bandeirantes Grfica, 2004, p. 20 (com adaptaes).

    Tendo esses fragmentos de texto como referncia, julgue os itens a seguir.51A filosofia, na Idade Mdia, foi desenvolvida em escritos em que, a despeito de terem sido produzidospor pensadores cristos, entre os quais se incluam diversos padres da Igreja Catlica, havia a separaoentre os mbitos filosfico e religioso.52 Humanismo e racionalismo, marcas do movimento renascentista, que inaugurou a modernidadeeuropeia, constituam os pilares sobre os quais se assentava a Igreja Catlica medieval, provvel razo desua ascendncia espiritual e temporal naquele contexto histrico.53Presena central no filme de Bergmam citado no primeiro fragmento de texto, as Cruzadas podem serdefinidas como movimento de expanso da Europa feudal em crise e, como tal, desprovidas de motivao

    religiosa e de sentido social.54Na referncia ao filme de Monicelli, o texto sugere que o processo de esgotamento do feudalismo foirelativamente rpido e atingiu, sobremaneira, a massa camponesa servil, mas poupou, ao mximo, anobreza senhorial, com seus valores e suas prticas.55O perodo final da Idade Mdia, aludido no segundo fragmento de texto, foi marcado por fomes, pestes ereligiosidade extremada.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) Entre os sculos VIII e XIV, momento histrico em que a Europa ocidental era aos poucosconvertida nova religio, o catolicismo, os conhecimentos que eram transmitidos oralmente foram,gradativamente, redigidos por clrigos. Para tanto, serviram-se tambm das lendas, modificando-as parafins didticos, ou seja, por meio delas eram transmitidos valores cristos populao. Relativamente Igreja Catlica medieval e do incio da Idade Moderna, julgue os itens seguintes.

    56Durante a Alta Idade Mdia, no houve espao para a presena da doutrina crist no Ocidente europeuem face da difuso hegemnica dos dogmas pagos germnicos e romanos.57A Reforma Gregoriana revitalizou os dogmas cristos e incrementou a vida nos mosteiros, nos quais osmonges introduziram o costume de produzir a prpria sobrevivncia, embora tenha acirrado as contendasentre a Igreja e o Estado.58J no sculo XVI, aps o Conclio de Trento, a Igreja Catlica deixou transparecer a fragilidade de suasestruturas ao reconhecer os postulados reformistas de Martinho Lutero e Calvino e ao resignar-se condio de uma instituio a mais no complexo administrativo do Estado moderno.59A Igreja Catlica, por meio de glosas e provrbios, estendeu a doutrina crist aos povos iletrados e, parasubsidiar a educao da nobreza fundiria, serviu-se das transcries literrias grega e oriental, realizadasnos mosteiros e conventos.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2007)A partir dos contatos estabelecidos pelos homens da esquadra de Cabral com a terrae a gente braslicas, em abril de 1500, divulgaram-se, em Portugal e, subsequentemente, em outrosEstados europeus, notcias sobre o achamento, na regio ocidental do Atlntico Sul, de uma terra firme

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    habitada por gentes desconhecidas, da resultando, na feliz expresso do historiador Capistrano de Abreu,o descobrimentosociolgico do Brasil.

    O surto de expanso quatrocentista e quinhentista lusitano contribuiu decisivamente para oestabelecimento de ligaes martimas e comerciais entre todos os continentes, bem como para osurgimento de profundas mutaes de ordem cultural, designadamente nos campos da geografia, botnicae zoologia, avultando, entre os mais relevantes, a modificao da concepo europeia do mundo.

    Jorge Couto. A gnese do Brasil. In: Carlos Guilherme Mota (org.).Viagem incompleta: a experincia brasileiraFormao: histrias.

    So Paulo: Senac, 2000, p. 47 (com adaptaes).

    Considerando o texto acima, julgue os itens que se seguem.60A expanso europeia dos sculos XV e XVI compe um cenrio de importante transformao histrica,marcado, entre outros aspectos, pelo esgotamento do sistema feudal e pelo renascimento das cidades e docomrcio em escala crescente.61Na Europa medieval, em grande parte assinalada pelo predomnio do feudalismo, o comrcio deixara deexistir em face da ruralizao da economia, bem como haviam desaparecido vestgios de vida urbana,nesse longo perodo de mil anos.62Ao longo da Idade Mdia europeia, a importncia da igreja catlica no se prendia apenas ao aspectoespiritual. A partir dele, contando com uma estrutura hierarquizada e presente nas mais diversas regies, aigreja catlica tambm exerceu inegvel poder temporal.63 O perodo histrico focalizado no texto tambm o do surgimento dos Estados nacionais, processovivido pioneiramente por Portugal, fato que ajudou esse pas ibrico a se lanar aventura da exploraode um Atlntico pouco ou quase nada conhecido.64O achamento da terra que viria a ser o Brasil explica-se pelo interesse portugus em concorrer com aEspanha na explorao do Novo Mundo, estando, pois, desvinculado do processo de conquista do litoralatlntico africano e da busca de contatos comerciais com a sia.65Ao mencionar a modificao da concepo europeia do mundo, no final do 2 pargrafo, o texto sereporta diretamente aos efeitos dos grandes descobrimentos. Essa modificao tambm pode ser entendidacomo decorrente da revoluo cultural representada pelo esprito renascentista no incio da Idade Moderna.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) Na Europa ocidental da Baixa Idade Mdia, a consequncia do desenvolvimentodemogrfico e econmico desde o sculo XII foi, principalmente, a retomada do processo de urbanizao. Acidade o canteiro onde se desenvolve, pela diviso do trabalho, o artesanato numeroso e mltiplo, do qualnasce, nos trs setores em vias de industrializao construo, tecelagem e curtume , um pr-proletariado manipulvel, sem defesa contra a subordinao do justo salrio ao justo preo que apenas o preo de mercado determinado pela oferta e pela procura e contra a dominao dosempregadores.

    A partir das ideias do texto acima, julgue os itens que se seguem.66 Aps o desmembramento do Imprio Carolngio, estabeleceram-se as relaes feudais que, emdecorrncia de sua dinmica e organicidade sociopoltica, impuseram limites expanso das foraseconmicas.67O renascimento das cidades e do comrcio, na medida em que teve o seu sustento nas difusas prticasdo feudalismo, dificultou a edificao das monarquias nacionais que se desdobraram, a seguir, no

    absolutismo.68 O justo salrio e o justo preo foram instrues elaboradas e difundidas pela doutrina catlica; decerta maneira, tais conceitos constrangiam o desenvolvimento enunciado no texto acima.69As trocas monetrias estiveram intimamente relacionadas aos novos segmentos sociais que emergiamno interior das estruturas feudais e que foram se firmando como empregadores no Ocidenteeuropeu.______________________________________________________________________________________

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    Victor Meirelles. A primeira missa no Brasil.

    (UnB-1/2006)A chegada das naus portuguesas pela primeira vez ao Brasil foi acompanhada por umdocumento excepcional. O escrivo da frota, Pero Vaz de Caminha, mandava ao rei de Portugal um relatonarrando, passo a passo, do dia 21 de abril a primeiro de maio de 1500, a aproximao e abordagem dasnovas terras. O carter documental, por si s, conferiria a esta Carta do achamento do Brasil um alto valor.Mas ela adquire um carter mtico de ato fundador do pas a partir de duas qualidades que Caminhapossua largamente: legtimo e elevado talento literrio vinculado capacidade aguda de observao.O cerne do texto concentra-se na cerimnia mais significante: a missa, que congregou navegadores endios. Assim, sob a gide catlica, associam-se, numa cena de elevao espiritual, as duas culturas.Criava-se ali o ato de batismo da nao brasileira. Momento prenhe de significados, que o projeto deconstruo de um passado histrico para o Brasil, ocorrido no sculo XIX, saberia explorar. Ser a pintura aencarregada de fixar e de imprimir nas mentes esse instante inaugural por meio do pincel de VictorMeirelles, ento jovem e promissor talento. Em Paris, em 1859, ele decide pintar A primeira missa noBrasil.

    Jorge Coli. A pintura e o olhar sobre si: Victor Meirelles e a inveno de uma histriavisual no sculo XIX brasileiro. In: Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia

    brasileira em perspectiva. So Paulo: Contexto, 2003, p. 378-80 (com adaptaes).

    Tendo o texto acima como referncia inicial e considerando a temtica por ele abordada e o sentido da telade Victor Meirelles, alm de momentos marcantes da Histria do Brasil, julgue os itens que se seguem.70A chegada das naus portuguesas ao Brasil acontecimento que se inscreve no contexto das grandestransformaes polticas, econmicas, sociais e culturais que, na Europa, assinalam os Tempos Modernos.Um conjunto de fatores, particularmente de ordem interna, explica o pioneirismo portugus noexpansionismo comercial e martimo, que descortina para o nascente capitalismo europeu novas epromissoras reas de explorao.71 A explorao colonial do continente americano subordinou-se aos princpios mercantilistas queconduziam o capitalismo europeu em sua etapa de formao, qual seja, a de base comercial. Apesar disso,houve espao para que as colnias tambm desenvolvessem uma dinmica econmica interna prpria.72 Presentes no texto, expresses como ato fundador, ato de batismo e instante inaugural,simbolicamente representadas por um texto literrio (a carta de Caminha) e por uma tela (pintura de VictorMeirelles), convergem para o propsito de se construir a identidade nacional brasileira aps aIndependncia, ao longo do sculo XIX.73Alm de concretizar a ruptura poltica e econmica, a Independncia do Brasil rompeu com os padreseuropeus presentes na cultura brasileira. A nfase na temtica indianista, to cara ao romantismo caboclodo sculo XIX, alijou as concepes estticas que norteavam a arte acadmica at ento produzida noBrasil.74No perodo de explorao colonial, o sistema produtivo implantado no Brasil gerou espaos geogrficosorganizados em economias regionais desarticuladas.75 Devido necessidade de povoamento da colnia brasileira, a Coroa incentivava a organizao doterritrio por meio da ocupao de espaos para a produo agrcola, como a atividade aucareira, quepromovia uma estrutura social voltada para a expanso de diversos e pequenos ncleos urbanos.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) A definio dos Estados Nacionais modernos ocorreu na sequncia de inmerasarticulaes sociais, econmicas, polticas e ideolgicas que, ao final do sculo XVIII, conferiram aoOcidente europeu novo perfil e novos contedos civilizacionais. Com relao a essas mudanas, julgue ositens a seguir.76 Dos escombros do sistema feudal, emergiu o segmento social que dependia de uma organizaojurdico-poltica capaz de desobstruir as interdies impostas pelos domnios senhoriais e de afixar o padromonetrio vlido para todo o reino.77Desde o sculo XV, a monarquia, que se apresenta centralizada, tendo frente o rei ungido pela benopapal, foi suficiente para sobreviver politicamente sem o concurso da nobreza fundiria, pois bastava-lhe osuporte oferecido pelas populaes urbanas.78A justificao ideolgica dos Estados absolutistas foi construda por fontes laicas, como Jean Bodin eBossuet, j que os letrados e jurisconsultos eclesisticos laboravam teses a favor da supremacia do poderespiritual.79 No conjunto das mudanas, o movimento iluminista foi adquirindo densidade e definindo os seus

    objetivos: apoio s aspiraes polticas dos camponeses e releitura da doutrina crist para efetivar o pactocom a sociedade urbana mercantil.______________________________________________________________________________________

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    (UnB-1/2007)A medievalista francesa Colette Beaune acaba de lanar o livro Joana dArc, umaBiografia. Ela empenhou-se para descobrir quem foi a mrtir da Guerra dos 100 anos, queimada viva aos19 anos, em 1431. Para a autora, mitos e esteretipos da poca ajudam a revelar a personagem trgica quenasceu em uma famlia modesta e analfabeta. Ridicularizada por figures como Shakespeare e Voltaire,Joana tornou-se, por ironia da Histria, padroeira da Frana.

    A historiadora afirma que Joana dArc teve sua imagem utilizada contra os ingleses, que haviamcontribudo para sua morte, e, depois, contra os alemes no sculo XIX. O final do sculo XVIII no foi

    favorvel memria da donzela. Ela s ressurge em meados do sculo XIX. J, ento, duas Joanas secontrapunham, uma monarquista e piedosa a dos historiadores catlicos e da escola privada , a outrapopular e republicana, a dos manuais da escola leiga. No sculo XX, sua memria entra em crise. Joana utilizada pelo governo de Vichy e, em seguida, pela Frente Nacional (a extrema direita de Le Pen), o que fazque a esquerda a abandone. Felizmente, as feministas vm em socorro da herona, que volta a pr emquesto o estatuto das mulheres de seu tempo.

    Gazeta Mercantil. Caderno Fim de Semana, 6-8/10/2006, p. 3 (com adaptaes).

    Considerando o tema abordado no texto e as possveis relaes com outros contextos histricos, julgue ositens seguintes.80 Entre as situaes citadas no texto, relativas valorizao da imagem de Joana dArc na Frana dosculo XX, destaca-se a que se refere ao movimento de resistncia liderado por De Gaulle durante a

    Segunda Guerra Mundial.81A Guerra dos 100 anos, cenrio em que Joana dArc se notabiliza, considerada um dos grandesmarcos da crise do feudalismo, pois contribuiu para o fortalecimento da autoridade real e consequenteafirmao do Estado nacionalsobre a nobreza.82O texto sugere que personagens histricas, como Joana dArc, podem ser percebidas de forma distintaao longo do tempo, sendo sua imagem apropriada aos diversos interesses e pontos de vista de cada poca.83 possvel identificar alguma semelhana entre o caso focalizado no texto e a figura de Tiradentes nahistria do Brasil. Esquecida pelo governo imperial, a imagem do inconfidente de Vila Rica foi recuperadapela Repblica, maneira de um mito representativo de liberdade e do amor ptria.84Infere-se do texto que renascentistas e iluministas se aproximavam no respeito e na profunda admiraoao papel histrico que Joana dArc representou na Europa do sculoXV.85 O sculo XIX, poca em que praticamente desaparece o interesse por Joana dArc na Frana, ,paradoxalmente, perodo de afirmao do nacionalismo, de que seriam exemplos marcantes os processos

    de unificao da Alemanha e da Itlia.86Subentende-se do texto que, apesar de sua importncia e de seus efeitos nas relaes internacionaiseuropeias subsequentes, a Guerra Franco-Prussiana de 1870 no levou os franceses a apelarem ao mitopatritico que envolve Joana dArc.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2007) Este mundo da injustia globalizada, texto apresentado por Jos Saramago nacerimnia de encerramento do Frum Social Mundial, em 2002, conta um fato notvel da vida camponesapassado em uma aldeia dos arredores de Florena h mais de quatrocentos anos.

    Aconteceu que o ganancioso senhor de um lugar (algum conde ou marqus sem escrpulos) andava,desde h tempos, a mudar de stio os marcos das estremas das suas terras, metendo-os para dentro dapequena parcela do campons, mais e mais reduzida a cada avanada. O lesado tinha comeado porprotestar e reclamar, depois implorou compaixo, e finalmente resolveu queixar-se s autoridades e

    acolher-se proteo da justia. Tudo sem resultado, a espoliao continuou.Ento, desesperado, decidiu anunciar (urbi et orbi uma aldeia tem o exato tamanho do mundo paraquem sempre nela viveu) a morte da Justia. Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignaolograria comover e pr a tocar todos os sinos do universo, sem diferena de raas, credos e costumes, quetodos eles, sem exceo, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justia, e no se calariam atque ela fosse ressuscitada. Um clamor tal, voando de casa em casa, de aldeia em aldeia, de cidade emcidade, saltando por cima das fronteiras, lanando pontes sonoras sobre os rios e os mares, por forahaveria de acordar o mundo adormecido...

    No sei o que sucedeu depois, no sei se o brao popular foi ajudar o campons a repor as estremasnos seus stios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justia havia sido declarada defunta, regressaramresignados, de cabea baixa e alma sucumbida, triste vida de todos os dias. bem certo que a Histrianunca nos conta tudo...

    Internet: (com adaptaes).

    Tendo o texto como referncia inicial, julgue os itens seguintes.

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    87Ao fazer uso de palavras como conde e marqus, o texto remete a ttulos de nobreza que, na Europa medieval, se vinculavam propriedade da terra e hierarquia existente no conjunto da nobreza senhorial.88 A despeito de contextos histricos diferentes, a situao vivida pelo campons retratado no textoapresenta alguma similaridade com algum que, no Brasil, da colnia s primeiras dcadas do sculo XX,vivesse da terra sem dela ser proprietrio.89Dos homens bons da colnia aos coronis do perodo republicano, a refletir o poder de vida e de mortedas elites oligrquicas, a histria brasileira foi essencialmente marcada pelo patrimonialismo.

    90 No Brasil, a incorporao do desenvolvimento tecnolgico s atividades rurais permitiu a suamodernizao, que foi acompanhada da eliminao da violao dos direitos do homem do campo, emespecial, da escravido por dvida.91 Depreende-se do texto que justa a sociedade sem diferena de raas e costumes, em que oscidados, para defend-la, so capazes de se unirem para mudar o mundo.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2009) O tempo, como o Mundo, tem dois hemisfrios: um superior e visvel, que opassado, outro inferior e invisvel, que o futuro. No meio de um e outro hemisfrio ficam os horizontes dotempo, que so esses instantes do presente que vamos vivendo, em que o passado se termina e o futurocomea. Desde este ponto, toma seu princpio a nossa Histria, a qual nos ir descobrindo as novasregies e os novos habitadores desse segundo hemisfrio do tempo, que so os antpodas do passado. Oh!que cousas grandes e raras haver que ver nesse novo descobrimento!

    Antonio Vieira. Histria do futuro. Jos Carlos BrandiAleixo (org.). Braslia: UnB, 2005, p. 121.

    Considerando o fragmento de texto acima, de Antonio Vieira, julgue os itens a seguir.92A descoberta da Amrica, com a posterior colonizao das novas terras por portugueses e espanhis,integrou um contexto de transformao histrica que aprofundou a crise do feudalismo e descortinou, para aEuropa, novos horizontes de explorao.93A Histria realiza-se em determinado espao e contingenciada pela passagem do tempo, razo pelaqual o estudo do passado assegura o domnio do conhecimento acerca da direo a ser trilhada pelassociedades, ou seja, ela permite a previsibilidade do futuro.94 Conforme a analogia entre tempo e espao apresentada no texto, o tempo presente pode seradequadamente denominado como uma espcie de linha do Equador do tempo.

    95No texto, padre Vieira intenta uma analogia entre a descoberta do tempo futuro pela Histria e a doNovo Mundo pelos europeus.________________________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2007) O sistema colonial montado pelo capitalismo comercial entrou em crise quando ocapital industrial se tornou preponderante e o Estado absolutista foi posto em xeque pelas novas aspiraesda burguesia, ansiosa por controlar o poder atravs de formas representativas de governo. A partir deento, o sistema de monoplios e privilgios que regulava as relaes entre metrpole e colnia comea aser condenado. Reformula-se a teoria econmica, passa-se do mercantilismo para o livre-cambismo, surgeuma nova noo de colnia e uma nova poltica colonial se esboa. Entram em luta o capitalismo orientadono sentido de possibilidades fiscais e coloniais e os monoplios de Estado e o capitalismo orientado nosentido das possibilidades automticas do mercado, no valor substantivo das realizaes mercantis. Oextraordinrio aumento proporcionado pela mquina produo seria pouco compatvel com a persistncia

    dos mercados fechados e das reas enclausuradas pelos monoplios e privilgios.Emlia Viotti da Costa. Introduo ao estudo da emancipao poltica do Brasil.

    In: Carlos Guilherme Mota (org.). Brasil em perspectiva.So Paulo/Rio de Janeiro: Difel, 1980, p. 68-9 (com adaptaes).

    Tendo o texto acima como referncia inicial, julgue os itens a seguir.96 A colonizao do Brasil deu-se nos quadros do Antigo Regime, ou seja, esteve subordinada sestruturas polticas do Absolutismo e s determinaes da poltica econmica mercantilista.97 Ao contrrio do que ocorria nas reas americanas colonizadas pela Espanha, o modelo colonialportugus adotou o princpio da liberdade de comrcio para sua colnia brasileira, possivelmente paraatender s presses da Inglaterra, pioneira da Revoluo Industrial.98A nova noo de colnia (R.9) envolveu um novo tipo de relacionamento entre as reas centrais docapitalismo e as regies ditas perifricas, fenmeno intimamente ligado ao avano da industrializao aolongo do sculo XIX e consolidao de um capitalismo crescentemente imperialista.

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    99Embora no tenha sido uma das reas enclausuradas pelos monoplios e privilgios (R.16-17), a que otexto se refere, o Brasil foi colonizado com o uso intensivo de mo de obra escrava, o que dificultou suainsero no capitalismo de base industrial.100 Entre os fatores determinantes para a I Guerra Mundial (1914-18), ocupam posio de relevo asdisputas entre as grandes potncias por mercados fornecedores, consumidores e de investimento decapitais.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2007) Camuflados sob os mais variados disfarces, deuses e herisgregos conseguiram, embora a duras penas, atravessar toda a Idade Mdia. NaRenascena, porm, recobertos com sua roupagem de gala, regressaram triunfantes, decorpo inteiro, para no mais se esconder. Salva pelos poetas, artistas, filsofos e peloCristianismo, a herana clssica converteu-se em tesouro cultural: Cames, FernandoPessoa e Carlos Drummond de Andrade, apenas para citar o tringulo maior da poesiaem lngua portuguesa, esto a para prov-lo.

    Junito de Souza Brando. Mitologia grega. Petrpolis: Vozes, 1996, p. 34 (com adaptaes).

    A partir das estruturas do texto, dos conhecimentos acerca do fenmeno literrio e de aspectos histricosdo mundo ocidental, julgue os itens subsequentes.

    101Ainda que considerado inadequado para alguns estudiosos, o termo Renascimento indica a existnciade elo entre o movimento de renovao cultural ocorrido em regies europeias nos sculos XV e XVI e afonte clssica que lhe serviu de inspirao, ou seja, a cultura greco-romana.102Quanto a aspectos culturais, a Europa medieval foi marcada pela viso teocntrica de mundo, a refletirpoderosa presena da igreja catlica no contexto feudal. Antirreligiosa por definio, a Renascenasimbolizou a emergncia de uma cultura simultaneamente desvinculada do cristianismo e da busca deexplicao racional para os fenmenos da vida.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2008)A ideia de Estado-Nao equivale a uma noo muito elaborada. Seu entendimentopressupe o caminhar por uma linha ininterrupta de ideias que, atravs do espao e do tempo, ligam ashordas s grandes potncias. O Estado-Nao constitui o resultado das solues silenciosas e progressivasdas questes que surgiram da convivncia humana. Querer, em um ensaio, estabelecer o preciso momento

    e a melhor via em que ocorreram essas solues buscar o inalcanvel. Entretanto, a forma dessassolues sempre foi a mesma: o pacto. Seja aquele resultante da imposio do mais poderoso, que,portanto, decorre da racionalizao de desvantagens; seja aquele que advm da composio de vontades eque, portanto, resulta da racionalizao de vantagens.

    Internet: (com adaptaes).

    Julgue os seguintes itens, tendo como referncia o texto acima.103Na argumentao do texto, a palavra pactodeve ser entendida como indicadora de solues nefastas,a serem evitadas pelo Estado-Nao.104 Em sua obra Leviat, Thomas Hobbes, um dos principais expoentes do Iluminismo, sugere que oEstado se origina de pacto social, o que explica a tendncia progressiva democratizao.105A ideia de nao francesa, fortalecida a partir da Guerra dos Cem Anos, ao final da Idade Mdia, foi

    impulsionada pela ao considerada herica de Joana dArc.______________________________________________________________________________________

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    (UnB-1/2008)Considerando o mapa acima, que mostra os principais fluxos migratrios interestaduais, em2000, com o saldo migratrio indicado pela espessura e sentido das flechas, julgue os seguintes itens.106Pelo Tratado de Tordesilhas, a Amrica portuguesa ficaria restrita poro ocidental do atual territriobrasileiro, razo pela qual foi essa a rea de maior densidade demogrfica desde o incio da colonizao.107 Ocorrida essencialmente no sculo XVIII, a minerao foi importante para o deslocamento do eixoeconmico e poltico da colnia para o Centro-Sul.

    108 A atividade mineradora estimulou o deslocamento de contingentes populacionais para o interior dacolnia.109Na Era Vargas, a Marcha para o Oeste constituiu-se em poltica pblica voltada para a integrao devastas pores do territrio brasileiro, pouco povoadas, ao esforo de modernizao desenvolvimentista dopas.110Graas s vitrias obtidas em sucessivas guerras, o Acre foi conquistado Bolvia e incorporado aoBrasil no perodo final do Segundo Imprio.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2007) No era apenas para os territrios britnicos que os escravos eram enviados. DoSenegal para a Virgnia, de Serra Leoa para Charleston, do delta do Nger para Cuba, de Angola para oBrasil e em dezenas de rotas seguidas por milhares de embarcaes, o Atlntico era um vasto cinturo detransporte para a morte prematura nos campos de uma imensa fileira de plantaes que se estendiam de

    Baltimore ao Rio de Janeiro e alm.O estudo da frica no matria extica. Ainda que no tenhamos conscincia, o ob do Benin estmais prximo de ns do que os antigos reis da Frana.

    Vozes da frica, n 6. So Paulo: Entre Livros, 2007, p. 33 e 69.

    Considerando o texto acima, julgue os itens que se seguem.111Assalariados, em vez de escravos, compem a totalidade da mo de obra empregada nas atividadesagrcolas do Brasil de hoje.112Diferentemente do passado colonial, a estrutura agrria brasileira atual se caracteriza pela inexistnciade grandes propriedades de terras.113 A utilizao sistemtica da mo de obra escrava nas colnias americanas inscreve-se na lgica docapitalismo de base mercantil e foi importante para que, na Europa, avanasse o processo de acumulao

    de capitais, condio essencial para a futura revoluo industrial.114Ao contrrio do que fazia crer boa parte das elites brasileiras do sculo XIX, cresce, no Brasil de hoje, aconscincia de que a formao histrica do pas fortemente marcada pela presena de povos africanos,indgenas e europeus, acrescida de vrias outras correntes migratrias.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2007)So inmeros os desafios colocados na trajetria a ser trilhada para que se reduzamas desigualdades regionais no Brasil. Alguns decorrem de nossa prpria histria. Nosso territrio, submetidoaos diversos ciclos econmicos e diferentes processos de ocupao, guarda marcas culturais, territoriais,sociais e econmicas expressivas. Outros advm do carter centralizador, concentrador e setorial quemarca as aes pblicas brasileiras, mesmo aquelas que deveriam ter uma maior distribuio no territrio epromover a reduo das desigualdades.

    Ministrio da Integrao Social. Construindo um Brasil de todas as regies.Braslia, set./2006 (com adaptaes).

    Considerando a linguagem e as ideias do texto acima e as relaes sociais e econmicas do Brasil, julgueos itens subsequentes.115A ao dos bandeirantes, entre os sculos XVII e XVIII, coincide com o apogeu econmico da regio deSo Paulo, ao mesmo tempo em que o fracasso da economia aucareira nordestina j se mostravairreversvel.116Movimentos rebeldes, como a Confederao do Equador (1824) e a Revoluo Farroupilha (1835-45),provam que o centralismo adotado pelo Estado brasileiro aps a independncia, aparentementeprivilegiando as elites do Vale do Paraba, encontrava resistncia em diversas provncias.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2006) O desejo de dominao e de fortuna encrava-se, aqui e l, em praias hostis quedevero povoar seu interior. Nos primeiros tempos, cada porto ou praia de desembarque uma ilha cercadade hostilidade e mistrio. preciso, pois, relatar rapidamente a epopeia da instalao do homem branconessas costas africanas e americanas e tentar compreender como a ocupao das terras da Amrica e a

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    utilizao dos portos da frica fazem do Atlntico o imenso mar interior que os navegadores europeusaprendero a cruzar cada vez com maior segurana, para voltar a unir o que o caos pr-cambriano separou,na prtica de um trfico rendoso e sempre mais indispensvel ao desenvolvimento do Novo Mundo. Ohomem branco considerar lucrativo e glorioso instalar-se no Brasil, nas vastides quase desertas, que semostraro fceis de conquistar e prometedoras de riquezas, enquanto a frica dos reinos e das tribosnegras, territrio repleto que ningum ainda pensa em conquistar ecolonizar, aparenta ser relativamentepobre em metais nobres e vai-se deixar dessangrar em sua fora de trabalho, sua grande reserva, o homem

    preto, mercadoria diferente das outras, e tornada, aps o eclipse de outras riquezas naturais ouro,especiarias, marfim, a fortuna essencial do continente negro. Cabedal a transportar para o Novo Mundo, atrazer para as Amricas sangue e fortuna. Estranha aventura que enxerta a frica negra na Amrica brancae vermelha.

    Ktia de Queirs Mattoso. In: Ser escravo no Brasil. So Paulo: Brasiliense, p. 17 (com adaptaes).

    Relativamente ao texto acima e aos temas a ele associados, julgue os itens que se seguem.117A expresso caos pr-cambriano remete ao perodo imediatamente anterior era das grandesnavegaes europeias.118 A principal riqueza explorada pelos colonizadores na frica foi o homem; abolida a escravido edeclarada a independncia das colnias africanas, a ausncia de riquezas naturais relegou o continente pobreza, fome e s epidemias.

    119 Entre as transformaes que marcaram os Tempos Modernos, uma das mais significativas foi odeslocamento do eixo econmico do Mediterrneo para o Atlntico. Nos sculos XV e XVI, o Atlntico setornaria o imenso mar interior que os europeus aprenderiam a dominar, impelidos pela promessa deenriquecimento que lhes acenava a explorao de recursos naturais e de seres humanos.120Entre as colnias ibero-americanas, o Brasil foi o maior importador de escravos africanos. Por mais dequatro sculos, o intenso trfico foi responsvel pelo desembarque, em portos brasileiros, de milhares deafricanos, atividade que chegou ao fim por deciso de D. Pedro I, pouco depois da independncia, porpresso do capitalismo britnico.121Lento e gradativo, o processo de abolio do trabalho escravo, no Brasil, somente foi concludo em finsdo sculo XIX. Embora no tenha garantido aos ex-escravos as condies necessrias sua insero nasociedade, a Lei urea, de 1888, contribuiu para o adensamento da crise que derrubou o Imprio e instituiua Repblica.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2006)A situao dos holandeses tinha alguma coisa de especialque os afastava de outrosEstados e naes na Europa barroca. Essa coisa era a precocidade. A Holanda se tornou um impriomundial em apenas duas geraes; a mais formidvel potncia econmica estendeu-se pelo globo desde aTasmnia at o rtico. Os holandeses, porm, eram circunavegadores claustrofbicos. No final, toda aquelaestupenda riqueza era consumida no espao restrito de uma fervilhante colmeia de menos de 2 milhes dehabitantes.A prodigiosa qualidade de seu sucesso subiu-lhes cabea, mas tambm lhes deu certo fastio.

    Simon Shama. O desconforto da riqueza. So Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19 (com adaptaes).

    Com referncia ao texto acima e a aspectos histrico-geogrficos, julgue os itens que se seguem.122 Refratrios s aventuras martimas e s guerras de conquista, em razo de sua mentalidade

    claustrofbica, os holandeses conseguiram, todavia, acumular extraordinria riqueza depois de persistenteatividade comercial, quando tomaram a indita deciso de no cobrar taxas aduaneiras. Assim, apesar dainexistncia de grandes companhias comerciais, eles chegaram a dominar o comrcio de acar brasileirona Europa e transformaram seu pas, no sculo XVI, na mais formidvel potncia econmica (R.4-5) doOcidente.123A riqueza da Holanda, mencionada no texto, longe de ser exclusividade de um pas, foi decorrncia deuma nova realidade econmica a do nascente capitalismo de base mercantil , que se assentava, entreoutras condies, na explorao monopolista de colnias, tal como ocorreu em terras americanas.124 Impossibilitada de montar poderosa marinha, que lhe proporcionaria condies de vencer aconcorrncia e dominar o comrcio martimo, a Inglaterra teve de esperar at a segunda metade do sculoXVIII para, graas Revoluo Industrial, enriquecer e assumir a posio de liderana no capitalismomundial.125 Tpica expresso de intervencionismo estatal na economia, o sistema colonial respondeu pelo

    enriquecimento de pases europeus que estiveram frente desse empreendimento. Trata-se de iniciativaque se inscreveu nos quadros de desenvolvimento do capitalismo comercial, de expanso do mercadointerno nacional e de consolidao dos Estados nacionais.______________________________________________________________________________________

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    (UnB-2/2006) Adam Smith publicou, em 1776, a obra Uma Investigao Sobre a Natureza e a

    Causa da Riqueza das Naes, em que procurou demonstrar que a riqueza das naes resultava dotrabalho dos indivduos, que, seguindo seus interesses particulares, promoviam, no conjunto, a ordem e oprogresso da nao. Para ele, ao contrrio dos mercantilistas, no havia necessidade de o Estado intervirna economia, pois ela era guiada por uma mo invisvel, isto , pelas leis naturais do mercado. Essas leiseram a livre concorrncia e a competio entre os produtores, as quais determinavam o preo das

    mercadorias e eliminavam os fracos e os ineficientes. Assim, o prprio mercado regulamentava a economia,proporcionando harmonia social, sem a necessidade da interveno da autoridade pblica.Smith ensinava que a produo nacional podia crescer por meio da diviso do trabalho, criando-se

    especializaes capazes de aumentar a produtividade e fazer baixar o preo das mercadorias. Na opiniode Smith, se o trabalho determinava a prosperidade nacional e o valor das mercadorias, ele no serealizava sem o trabalhador, e este no vivia sem o salrio. Como os trabalhadores buscavam ganhar omximo possvel, e os empregadores, pagar o mnimo possvel, o salrio estava condicionado procura e oferta de mo de obra. Os patres levavam vantagem, mas nunca deveriam pagar menos do que fossenecessrio para o trabalhador se manter. Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz sendo a maiorparte de seus membros pobre e miservel.

    Internet: (com adaptaes).

    Com referncia ao texto anterior e considerando o tema a que ele se reporta, julgue os seguintes itens.126 As ideias de Adam Smith apresentadas no texto contrapem-se ao mundo econmico de hoje, hajavista a forte interveno dos estados nacionais, que comandam os fluxos de capitais e de mercadorias,restringindo-os esfera dos blocos econmicos regionais aos quais pertencem.127 Em sua obra clssica, Adam Smith, ao criticar as prticas intervencionistas do Estado na esferaeconmico-social, traduzia as aspiraes industrialistas da nova burguesia em ascenso.128Ao defender a livre concorrncia, a competio entre os produtores e o funcionamento da economiasubordinada s leis naturais do mercado, a denominada mo invisvel,Adam Smith explicita alguns dosprincpios fundamentais do liberalismo, contrapondo-se ao mercantilismo at ento praticado.129A expresso francesa laissez-faire, laissez-passer sintetiza a poltica econmica adotada pelos pasescapitalistas na segunda metade do sculo XVIII. Entretanto, a rigor, apenas a Frana apresentava ascondies exigidas para essa adoo, visto que se encontrava margem dos conflitos europeus, por terintensificado sua produo industrial e fortalecido o poder absolutista do Estado.

    130 A abertura dos portos do Brasil, em 1808, inscreve-se na lgica do liberalismo econmico,especialmente por ter significado rompimento com o princpio do monoplio comercial sobre o qual seassentava o regime colonial portugus.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002)Voltaire foi um defensor engajado do direito, um crtico da superstio e do fanatismo.No pode haver, para ele, pior priso do esprito do que as cadeias das crenas sem fundamento, dosdogmas sufocantes e das culpas sem falta. Em primeira linha escritor filosfico, Voltaire tributrio deLocke, Newton, Shaftesbury e dos destas ingleses. Conquanto ele no possua a pujana de um Descartes,de um Spinoza ou de um Leibniz, Voltaire d ao corpus idearum daqueles autores ingleses uma fora depenetrao, no espao europeu continental, que eles mesmos no alcanariam. Reconhecendo aosfilsofos que se recolheram a seus gabinetes de trabalho terem prestado os melhores servios humanidade, Voltaire considera-se antes um prtico, para cujo sucesso valem os meios literrios tanto

    quanto os filosficos. Afinal, o grande combate de sua vida foi assegurar o direito de se pensar livremente ede agir segundo esse pensar: ou seja, uma finalidade eminentemente prtica.

    Estevo C. de Rezende Martins. Tolerncia e novo mundoVoltaire diante do desconhecido. In: Textos deHistria, 7 (1-2), Braslia, 1999, p. 9(com adaptaes).

    Com referncia ao texto acima, julgue os itens que se seguem, relativos ao lugar de Voltaire no Iluminismo.131Desprezado como um autor menor em seu tempo, apenas recentemente Voltaire passou a ser vistocomo um grande pensador iluminista, a partir de nova leitura da sua contribuio discusso da educaocomo fator de construo da liberdade individual.132O Iluminismo, como um movimento amplo na geografia mltipla da expanso das ideias, teve o mritode aproximar, na obra de Voltaire, os autores liberais ingleses do iderio iluminista francs e europeuocidental.

    133A defesa do direito e do agir segundo o livre pensar, marcas do pensamento iluminista, socontribuies presentes no apenas na obra de Voltaire, mas tambm no conjunto de autores do seutempo.

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    134 Defensor da ideia de uma obra com orientaes prticas,Voltaire dispensou severas crticas aosautores que, produtores de gabinete, desprezavam a contribuio literria ao pensamento filosfico.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2008) Na Histria do Brasil, ocorreram algumas poucas rupturas. A principal delas foi aIndependncia, no por acaso denominada Revoluo pelo historiador Caio Prado Jnior. Ao longo doprocesso de descolonizao, desde a insurreio de 1817 at a Proclamao da Repblica, em 1889,

    plasmaram-se algumas matrizes de pensamento que definiram as pautas pelas quais se regeriam a vidapoltica, econmico-administrativa e a organizao da sociedade ps-colonial.Ideias de Brasil adquiriram nova dimenso histrica, cultural, geogrfica, social e poltica com o

    santista Jos Bonifcio, estadista da independncia, homem da Ilustrao e fundador da poltica externabrasileira. Com ele, mas tambm com oponentes a seu projeto de nao, como Cipriano Barata e o padreDiogo Antonio Feij (ex-deputados em Lisboa), ou o jornalista Evaristo da Veiga, um dos lderes do 7 deabril de 1831, nossa identidade coletiva se delineava.

    Carlos Guilherme Mota. Introduo. In: Carlos Guilherme Mota (org.).Viagem incompletaa experincia brasileira (1500-2000). Formao:

    histrias. So Paulo: SENAC, 2000, p. 22-3 (com adaptaes).

    Tendo o texto acima como referncia inicial, julgue os itens que se seguem.135O carter revolucionrio da Independncia do Brasil, aludido no texto, sustentou-se no fato de o Brasilter rompido com as bases da colonizao e na convergncia de ideias entre as principais lideranasrevolucionrias.136A identidade nacional brasileira, aludida no texto, que antecede o surgimento do Estado nacional, foiforjada nos chamados movimentos emancipacionistas, como a Confederao do Equador (PE) e aRevoluo Farroupilha (RS).137Deduz-se do texto que o jornalista Evaristo da Veiga foi importante personagem na crise que culminouna abdicao de D. Pedro I.138Jos Bonifcio caracterizado no texto por meio do emprego de um adjetivo que precede esse nome ede expresses que o sucedem e exercem funo sinttica de vocativo.139As fronteiras brasileiras que estabeleceram a unidade territorial do pas, tal como hoje reconhecida,foram demarcadas ainda no perodo colonial, anteriormente ao perodo de transio retratado no texto.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2006)

    Dos cavalos da Inconfidncia

    (...)

    Eles eram muitos cavalos,rijos, destemidos, velozes entre Mariana e Serro Frio,Vila Rica e Rio das Mortes.Eles eram muitos cavalos,

    transportando no seu galopecoronis, magistrados, poetas,furriis, alferes, sacerdotes.E ouviam segredos e intrigas,

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    e sonetos e liras e odes:testemunhas sem depoimento,diante de equvocos enormes.

    (...)Eles eram muitos cavalos:e uns viram correntes e algemas,

    outros, o sangue sobre a forca,outros, o crime e as recompensas.Eles eram muitos cavalos:e alguns foram postos venda,outros ficaram nos seus pastos,e houve uns que, depois da sentena,levaram o Alferes cortadoem braos, pernas e cabea.E partiram com sua cargana mais dolorosa inocncia.Eles eram muitos cavalos.

    E morreram por esses montes,

    esses campos, esses abismos,tendo servido a tantos homens.Eles eram muitos cavalos,mas ningum mais sabe os seus nomes,sua pelagem, sua origem...E iam to alto, e iam to longe!E por eles se suspirava,consultando o imenso horizonte!Morreram seus flancos robustos,que pareciam de ouro e bronze.Eles eram muitos cavalos.

    E jazem por a, cados,

    misturados s bravas serras,misturados ao quartzo e ao xisto, frescura aquosa das lapas,ao verdor do trevo florido.E nunca pensaram na morte.E nunca souberam de exlios.Eles eram muitos cavalos,cumprindo seu duro servio.A cinza de seus cavaleirosneles aprendeu tempo e ritmo,e a subir aos picos do mundo...e a rolar pelos precipcios...

    Ceclia Meireles. Romanceiro da Inconfidncia. In: Obra potica. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972, p. 544-6.

    Julgue os itens a seguir, relativos ao trecho de poema de Ceclia Meireles apresentado ao lado e temticahistrica a ele associada.140 No contedo e na forma, a Conjurao Mineira no se distinguiu dos demais movimentosemancipacionistas ocorridos no perodo colonial. O fato de Tiradentes e seus companheiros teremsublevado a capitania de Minas Gerais, com a populao pegando em armas contra a autoridademetropolitana, que faz desse movimento o smbolo da rebeldia nacionalista e patritica, que possibilitou aindependncia.141A Confederao do Equador, de 1824, atesta que o projeto de Brasil independente, formalizado a partirdo 7 de setembro de 1822, no foi consensual entre as elites brasileiras, realidade que se confirma nascrises que marcaram o Primeiro Reinado e que adquiriram dimenso ainda mais explosiva no perodoregencial.

    142 A Revoluo Farroupilha (1835-1845), embora tendo-se iniciado no conturbado perodo regencial,apresentou uma singularidade que a fez nica e distinta das demais revolues daquele contexto histrico:sua razo de ser foi a defesa de um territrio o Rio Grande do Sul , que estava prestes a ser invadidopelos castelhanos, denominao genrica dada pelos insurretos a argentinos e uruguaios.

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    (UnB-2/2006) Ptria do pensador, terra do cantador. Um dos pressupostos ostensivos ou latentes daliteratura latino-americana foi esta contaminao, geralmente eufrica, entre a terra e a ptria,considerando-se que a grandeza da segunda seria uma espcie de desdobramento natural da pujanaatribuda primeira. As nossas literaturas se nutriram das promessas divinas da esperana para citarum verso famoso do Romantismo brasileiro.

    Antonio Candido. Literatura e subdesenvolvimento.So Paulo: tica, 2000, p. 141-2 (com adaptaes).

    Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir.143Aps a independncia do Brasil, o projeto vitorioso quanto forma de governo que seria adotada foi oda monarquia constitucional, centralizada e unitria, defendido especialmente pelas elites polticas do eixoRio-So Paulo-Minas. A consolidao da unidade do Imprio incluiu, entre outras medidas, o investimentona construo de uma histria e de uma literatura nacionais, centradas na exaltao da grandeza da ptria,na pujana da terra, nos grandes feitos e heris do passado.144 Ao se tornarem independentes, as antigas colnias espanholas da Amrica adotaram a formarepublicana de governo, o que lhes assegurou estabilidade poltica. A presena do caudilhismo nessespases foi fundamental para a consolidao da democracia e do sentimento de nacionalidade to bemtraduzido na literatura patritica e ufanista da poca.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2009)Na Constituinte, a despeito de ser um reformista e monarquista constitucional, foi JosBonifcio quem apresentou o projeto mais importante e radical a respeito da abolio do trfico e daescravido, revelando sua grandeza de estadista.

    Muito se poderia dizer tambm do projeto sobre os ndios e sobre sua compacta correspondncia eao diplomticas, que o qualificam como o fundador da poltica exterior brasileira. Homem da Ilustrao,leitor de Rousseau, Dante e Milton, avanado para o seu tempo, foi logo posto fora da Histria, tendo suaimagem quase apagada com o revigoramento da mentalidade atrasada do Segundo Reinado.

    Os principais problemas que levantou ainda aguardam resposta, como o da reforma agrria, o daconstruo da sociedade civil e o da educao.

    Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. Histria do Brasil: umainterpretao. So Paulo: SENAC, 2008, p. 382 (com adaptaes).

    Considerando o texto acima e o processo histrico brasileiro ps-Independncia, julgue os itens de 145a147.145Depreende-se do texto que, relativamente ao delicado tema do fim do trfico negreiro e da escravidono Brasil, as posies defendidas por Jos Bonifcio chocam-se frontalmente com os interesses da maiorpotncia capitalista da poca, a Gr-Bretanha.146Fica confirmada a adeso de Jos Bonifcio Filosofia das Luzes do Sculo XVIII, como afirma o texto,quando se sabe ter sido ele leitor de Dante Alighieri, autor de A Divina Comdia.147 No Segundo Reinado, que foi o tempo de Dom Pedro II, foi ressaltado o papel de Patriarca daIndependncia desempenhado por Jos Bonifcio, que foi consagrado como heri da nacionalidade.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2002) O Brasil assistiu passagem do sculo XIX para o sculo XX por meio dos filtros dasmudanas operadas na histria mundial e a partir das vicissitudes da sua condio de Estado jovem, aindano centenrio, a ensaiar um projeto nacional.

    A respeito de alguns desses condicionantes, julgue os itens subsequentes.148O Brasil viveu, no final do penltimo decnio do sculo XIX, a mudana do regime poltico, inaugurandoo novo sculo com um sistema poltico moderno, capaz de incluir as demandas sociais e polticas maisdiversas e de compor uma democracia formal e de contedo.149 Uma cultura livresca e socialmente seletiva dificultava o acesso de grandes massas iletradas condio cidad, embrenhando-se essas por formas culturais novas e hbridas que articulavam o saberpopular s razes afro-indgenas brasileiras.150 A literatura e o pensamento social brasileiros estiveram pouco articulados s vogas intelectuais da

    moda na Europa, em especial no que se refere introduo de ideias da modernidade e do progresso pormeio do embranquecimento da populao.

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    151A difuso do modelo federalista norte-americano, especialmente depois do apaziguamento interno dopas no perodo ps-Guerra de Secesso, foi um dos fenmenos que mais contriburam para o florescer deum republicanismo forte no seio da elite poltica brasileira na passagem do sculo.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2008) Considera-se que o sistema parlamentarista tenha sido implementado no BrasilImperial em 1847, a partir do decreto de criao do cargo de presidente do Conselho de Ministros (ou

    gabinete), indicado pessoalmente pelo imperador. Inspirado no sistema parlamentarista ingls, no qual oPoder Executivo exercido pelo primeiro-ministro, escolhido e apoiado pelo Parlamento, noparlamentarismo brasileiro instaurado no sculo XIX, o Poder Legislativo, em vez de nomear o Executivo,subordinava-se a ele e ao Poder Moderador. Na prtica, o imperador poderia acionar o Poder Moderadorpara manter seus ministros, dissolvendo a Cmara e convocando novas eleies. Como as eleies eramviciadas, por causa da interferncia do governo, este sempre saa vitorioso.

    Ronaldo Vaifas (direo). Dicionrio do Brasil imperial (18221889).Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 563 (com adaptaes).

    Com relao ao texto e ao tema por ele abordado, julgue os itens subsequentes.152 A consagrada expresso parlamentarismo s avessas condiz com a experincia brasileiraparlamentarista do Segundo Reinado, descrita no texto.153Calcada no modelo norte-americano, a primeira Constituio republicana brasileira instituiu o Executivopresidencialista, cuja tendncia histrica foi a de crescente afirmao em face dos demais poderes,processo que atingiu dimenso mxima com o Estado Novo, de Vargas.154 De curta durao, o sistema parlamentarista no Brasil foi adotado apenas uma vez no regimerepublicano, justamente para superar-se a crise advinda da renncia de Jnio Quadros e de posiescontrrias posse do vice-presidente Joo Goulart.155Promulgada h vinte anos, a Constituio de 1988 ofereceu aos brasileiros a possibilidade de optarpelo parlamentarismo, por meio de plebiscito, cujo resultado foi amplamente favorvel manuteno dopresidencialismo.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2010)Os transportes foram fundamentais para a evoluo do Estado-nao, o que explicaalgumas diferenas da histria britnica com relao a seus vizinhos europeus, bem como a percepo de

    se configurar um caso especfico. Isso ajudou a determinar o pronto sucesso da Inglaterra como entidadepoltica, seus padres de mobilidade social e geogrfica e a forte integrao econmica, o que ajudou afazer da Gr-Bretanha a primeira nao industrial.

    John Cannon. Transport. In: The Oxford companion to british history.Oxford/New York: Oxford University Press, 1997, p. 931-2 (com adaptaes).

    Tendo o texto acima como referncia, julgue os itens 156 e 157.156A Segunda Revoluo Industrial est associada ao domnio tcnico da metalurgia, principalmente doao, elemento fundamental para o desenvolvimento da Gr-Bretanha como potncia.157 Os fatos mencionados no texto reportam-se, sobretudo, ao sculo XIX, quando a Inglaterradesenvolveu um sistema de transportes assentado no domnio dos mares.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2007)Na Repblica Velha, uma lgica paradoxal diferencia e, ao mesmo tempo, relacionaorganicamente esses dois cenrios o da capital federal e o do interior , primeira vista, opostos pelovrtice: o cenrio do progresso montado na cidade que, aps o 15 de novembro, assume foros de capitalfederal, e o cenrio do interior do pas, onde a repblica recm-implantada, aparentemente muda apenas,no cotidiano, os selos que estampilham as cartas que o correio de quando em vez faz chegar, a bandeiranacional hasteada nas festas, as notas e moedas que pouco circulam e algumas das datas ptriasfestejadas com fanfarras e bandeirolas. Aprofundar a relao entre esses dois cenrios, sem deixar deperceber as diferenas entre a modorra da vida no interior e a vida vertiginosa do Rio de Janeiro, premissa fundamental para o entendimento da histria do primeiro perodo republicano no Brasil.

    Margarida de Souza Neves. Os cenrios da Repblica. O Brasil na virada do sculo XIXpara o sculo XX. In: Jorge Ferreira e Luclia de Almeida Neves Delgado.

    O Brasil republicano (I): o tempo do liberalismo excludente.

    Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003, p. 16 (com adaptaes).

    Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir.

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    158 No 1 perodo do texto, ao confrontar os cenrios da capital e do interior do Brasil, o autor poucoinformou sobre o primeiro e se esmerou em detalhes ao tratar do segundo, recurso que permite concluir oquanto este segundo cenrio mudou na transio para a Repblica.159 Uma das preocupaes da Repblica, em suas primeiras dcadas, foi fazer da cidade do Rio deJaneiro o smbolo da modernidade que se pretendia para o pas. A vigorosa interveno urbana na capitalsignificou a abertura de largas avenidas, a destruio de casas populares consideradas insalubres e aimposio de medidas radicais, como a vacinao obrigatria.

    160Ao longo da Primeira Repblica (1889-1930), o cenrio poltico que prevalece o do amplo domniodas oligarquias, sustentado, em ltima anlise, pelo coronelismo, por eleies fraudulentas e pelo voto adescoberto.161 Os anos 20 do sculo passado assinalaram a emergncia de movimentos contestatrios ordemoligrquica vigente, de que seriam exemplos, entre outros, as revoltas tenentistas e a Coluna Prestes, quedesembocam na Revoluo de 1930.162No mesmo contexto histrico mundial que torna possvel o surgimento da Era Vargas no Brasil (1930-45), verifica-se a crise geral do liberalismo com a afirmao dos Estados totalitrios, como ocorreu, entreoutros pases, na Unio Sovitica (stalinismo), na Itlia (fascismo) e na Alemanha (nazismo).163O new deal, implantado pelo governo Roosevelt nos Estados Unidos da Amrica, provou que o Estadoliberal poderia enfrentar uma crise da dimenso da Grande Depresso, sem sofrer qualquer tipo derestrio, o que foi fundamental para a sobrevivncia do capitalismo ultraliberal.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2009)Viver durante mais de oitenta anos no sculo XX foi uma lio natural a respeito damutabilidade do poder poltico, dos imprios e das instituies. Presenciei o desaparecimento total dosimprios coloniais europeus, inclusive o do maior de todos. Vi grandes potncias mundiais relegadas sdivises inferiores, vi o fim de um imprio que pretendia durar mil anos e o de uma potncia revolucionriaque esperava durar para sempre. Provavelmente no verei o fim do sculo americano, mas creio serpossvel apostar que alguns leitores o vero.

    Eric Hobsbawm. Tempos interessantes.So Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 450 (com adaptaes).

    Considerando o texto autobiogrfico acima, escrito por um dos mais respeitados historiadores dacontemporaneidade, julgue os itens seguintes.

    164O desaparecimento dos imprios coloniais europeus, inclusive o britnico, resulta das transformaessuscitadas pela Segunda Guerra Mundial, entre as quais se destacaram a perda de poder da Europa e aemergncia afro-asitica.165 Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), algumas das antigas potncias europeiasdesapareceram ou perderam importncia, a exemplo do que ocorreu com os imprios austro-hngaro eturco.166 No terceiro perodo do texto, o autor alude s pretenses de perenidade do III Reich alemo e doEstado sovitico que veio substituir a antiga Rssia dos czares.167A eleio de Barack Obama confirma a mutabilidade do poder poltico a que o texto se reporta. Almde negro, em um pas historicamente marcado pela segregao racial, Obama chega Casa Branca semcontar com o aval do sistema poltico norte-americano e sem receber as doaes que tradicionalmentefinanciam os candidatos presidncia daquele pas.168O ano de 2009 se inicia com mais uma conflagrao no historicamente tenso Oriente Mdio, desta feita

    fazendo da regio de Gaza o cenrio trgico do confronto entre Israel e o grupo palestino Hamas.169Em termos histricos, o sculo XX pode ser definido como um tempo contraditrio de luz e de trevas,em que o avano da democracia, do conhecimento e da prpria cidadania convive com guerras emprofuso, prticas de genocdio e regimes totalitrios.______________________________________________________________________________________

    (UnB-2/2009)O mundo conheceu a Amrica atravs do cinema e, para muitos, a Amrica foi apenaso cinema. Em uma sala escura dedicada narrao de um longo sonho, o cowboy, o mocinho, o cidadohonesto e a moa pobre sempre venciam o ndio, o bandido, o desonesto e a moa rica. Hollywood criouessa Amrica, onde o bem derrotava o mal, o amor se realizava e as pessoas de vida pequena sonhavamcom a grande vida. E, quando essa mquina de fabricar mitos se voltou contra o Eixo, foram mobilizadosmilhes de almas simples contra os novos viles da histria.

    Nosso Sculo. v.3, So Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 243 (com adaptaes).

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    Para o marxismo moderno, em sua filosofia poltica, todas as aes esto perpassadas por ideologia, noexistindo ao ideologicamente neutra. Tendo essa afirmao e o texto apresentado como referncias,julgue os itens que se seguem.170 A copiosa produo cinematogrfica hollywoodiana desempenhou importante papel poltico nadivulgao de valores e costumes que caracterizariam o modo de vida americano, contribuindo para a entocrescente afirmao do prestgio internacional dos Estados Unidos da Amrica (EUA).171 Infere-se do texto que, a despeito da enorme carga emocional suscitada por um conflito como a

    Segunda Guerra Mundial, a indstria cinematogrfica norte-americana eximiu-se de fazer juzo de valor emrelao aos inimigos, provavelmente para no perder futuros mercados exibidores de seus filmes.172A figura do cowboy remete colonizao inglesa da Amrica do Norte, marcada pela conquista integraldo territrio e pela similitude com o processo de colonizao da Amrica ibrica.173 Na perspectiva do fundamento marxista mencionado, toda realizao cinematogrfica estnecessariamente vinculada a determinada ideologia. Nessa tica, propositadamente ou no, uma obracinematogrfica sempre, entre outras coisas, uma propaganda, ideia que corroborada no texto, nameno ao cinema de Hollywood.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2007)Antes de constituir uma poltica, o fascismo uma mitologia. Impe mais um estilo doque prope um programa. Tem o sentido do espetculo, da multido, do cenrio, dos grandes smbolos. Ofascismo e o nacional-socialismo defendem o primado do irracional. Mussolini e Hitler reencontram a

    concepo do mito que abala as multides e as faz vibrar em um unssono impulso. Ns criamos o nosso mito, exclama Mussolini em 1922, o nosso mito a nao,a grandeza da nao.

    Jean Touchard (direo). Histria das ideias polticas (v.7).Lisboa: Europa-Amrica, 1970, p. 113-5 (com adaptaes).

    Considerando o texto acima, julgue os itens subsequentes.174Como regime poltico e modelo de organizao do Estado, o nazifascismo desaparece ao trmino daSegunda Guerra Mundial. As ideias fascistas, todavia, no morreram e, nos dias de hoje, podem seridentificadas em lideranas, partidos e grupos polticos atuantes em muitos pases.175O nazifascismo, que obteve grande xito entre a dcada de 20 e a Segunda Guerra Mundial, ope-seao tipo de poltica que o sculo XX viu triunfar, marcada pela racionalidade e pelo desprezo s atitudes demanipulao da opinio pblica.

    176 possvel estabelecer um paralelo entre o nazifascismo e o socialismo sovitico. Hitler, Mussolini eTrotsky mitificavam a fora da nao, ao contrrio de Stalin, para quem o importante era universalizarrapidamente o esprito revolucionrio socialista.177Morto em dezembro de 2006, Augusto Pinochet comandou sangrento golpe de Estado que ps fim aogoverno do socialista Salvador Allende. Ao impor ao Chile um regime autoritrio e violento, comcaractersticas que o aproximam do modelo fascista, Pinochet isolou seu pas e foi ostensivamentecombatido pelos vizinhos do Cone Sul.178 Malgrado suas diferenas, h pontos de convergncia entre o trabalhismo getulista e o justicialismoperonista, entre os quais se incluem: o apelo direto s massas, seguindo a trilha iniciada pelo nazifascismo,e a construo da imagem quase mtica de pai dos pobres e de defensor dos descamisados.179O regime militar instaurado no Brasil em 1964 aproxima-se nitidamente do nazifascismo por ter mantidofechado o Congresso Nacional, adotado o monopartidarismo e imposto permanente censura imprensa es manifestaes artstico-culturais.

    180 No auge do prestgio do regime militar, o governo Mdici procurou, mediante poderosa estruturapublicitria, identificar ptria e governo, sugerindo no haver lugar no pas para os adversrios ao fazer usode slogans como Brasil: ame-o ou deixe-o.______________________________________________________________________________________

    (UnB-1/2006) A questo da possvel conexo entre msica epoltica comeou a sobrelevar-se nos momentos posteriores RevoluoRussa de 1917, quando muitos artistas, intelectuais, escritores ecompositores postularam a ideia da arte como um fator de transformaopoltica e social. Na Unio Sovitica, recuperando-se o projeto nacionalistano campo musical, iniciado pelos romnticos durante o sculo XIX,procurou-se estabelecer diretrizes da arte, de modo que esta fosse capazde refletir os anseios do povo e de preservar a cultura popular. Por outro

    lado, os regimes totalitrios, percebendo a importncia da arte como umaarma de propaganda de ideais polticos, criaram rgos especficos paracontrolar e censurar as mais diversas atividades artsticas. O Estadototalitrio, diante do carter polissmico e coletivista da msica,

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    considerava que ela poderia transformar a multido em massa perturbadora da ordem.Nos anos 20 e 30 do sculo XX, alguns governos procuraram estabelecer projetos oficiais no campo

    da cultura, em um momento em que se ampliava significativamente a msica popular, por meio do rdio edos discos. Na Alemanha, sob Goebbels, procurou-se estabelecer uma srie de normas a fim deregulamentar um tipo de msica como sendo a mais verdadeira, ou seja, a mais rigorosamente germnica.A esse regime interessavam obras de conotaes nacional-populares, embasadas nos textos medievais ounas canes romnticas do sculo XIX.

    Arnaldo Daraya Contier. Arte e Estado: msica e poder na Alemanha dos anos 30. In: Revista Brasileira deHistria. So Paulo: ANPUH/Marco Zero, vol. 8, n 15, 1987, p. 107-13 (com adaptaes).

    Tendo o texto como referncia inicial e considerando as mltiplas implicaes, no transcurso da Histria, dotema que ele focaliza, julgue os prximos itens.181Alm dos aspectos mencionados no texto, o totalitarismo nazista apostava nas grandes manifestaespblicas, particularmente nas de cunho militar, para obter e manter a coeso popular em torno de seuprojeto poltico. Imagens cinematogrficas cuidadosamente produzidas eram utilizadas, com frequncia,nesse esforo para difundir a grandeza germnica, sob a liderana de Hitler.182 No Brasil, durante a Era Vargas (1930-1945), fez-se intenso uso daquilo que o texto classifica deprojetos oficiais no campo da cultura, de modo que esta se adequasse ao projeto de modernizaoautoritria posto em marcha no pas. Pelas mais diversas motivaes, intelectuais e artistas foram atradospelo Estado e tiveram condies de produzir importante obra, do que exemplo a produo do msicoHeitor Villa-Lobos.183 Um trao comum aos regimes ditatoriais e totalitrios, aos quais o texto se reporta, o controleexercido pelo Estado sobre as manifestaes artstico-culturais. No Estado Novo de Vargas, por exemplo, oDepartamento de Imprensa e Propaganda (DIP) esmerava-se em incensar a imagem do ditadorparalelamente ao da censura, que impedia a divulgao de obras que pudessem opor-se aos donos dopoder.184 Ainda que vivendo situaes de crise, as instituies liberais e democrticas norte-americanas notiveram a solidez abalada ao longo de sua histria. Mesmo no auge da Guerra Fria, quando o confrontoideolgico entre o comunismo e o chamado mundo livre mais se evidenciou, as manifestaes artsticas eos prprios artistas mantiveram-se imunes ao cerceadora dos agentes do Estado.185O regime militar brasileiro (1964-1985) percebeu a ampliao do papel da msica popular, por meio dordio e dos discos, tal como lembrado no texto para uma outra situao. Por isso, fez uso explcito da obra

    de autores como Geraldo