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A evolução constante na área das telecomunicações traz novas exigências e novos desafios. O ITED, em conjunto com a ITUR, procura ir de encontro aos actuais e futuros desafios. Por: Justino Lourenço* e Sérgio Santos** Fotos: Ojo Fotos OS NOVOS DESAFIOS DA NORMALIZAÇÃO DAS INFRA-ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES E O SEU IMPACTO O novo regime do ITUR 42 MOBILE Tecnologia

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Instalação das infra-estruturas de telecomunicações em urbanizações (ITUR)

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A evolução constante na área das telecomunicações traz novas exigências e novos desafios. O ITED, em conjunto com a ITUR, procura ir de encontro aos actuais e futuros desafios.Por: Justino Lourenço* e Sérgio Santos** Fotos: Ojo Fotos

Os nOvOs desAFiOs dA nOrmAlizAçãO dAs inFrA-estruturAs de telecOmunicAções e O seu imPActO

O novo regime do ITUR

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Este artigo vem na sequência das recen-tes mudanças que ocorreram ao nível do ITED e ITUR. Tendo o ITED já

sido tratado num artigo prévio, este procura salientar a evolução que foi o aparecimen-to da ITUR e os seus impactos ao nível da oferta de serviços de banda larga.

A evolução esperadaAs redes de telecomunicações introduzem novas funcionalidades, permitem o apare-cimento de novos desafios e a descoberta de serviços inovadores. O perfil do actual cliente de serviços de telecomunicações foi-se alterando, havendo actualmente mais exi-gências em termos de critérios de qualidade, facilidade de acesso e parâmetros da comu-nicação. A necessidade de uma constante normalização é uma questão cada vez mais importante, estando o acesso com qualidade e a universalidade de acesso fortemente de-pendentes de uma adequada normalização. A preocupação com a ITUR (Infra-estru-turas de telecomunicações em Loteamen-tos, Urbanizações e Conjunto de Edifícios) resulta dessa necessidade de uma forma recorrente de normalização, permitindo assim uma maior fiabilidade/serventia es-trutural das redes de comunicação (par de

cobre, coaxial e fibra óptica). Estas podem ser segmentadas em duas tipo-logias distintas: as ITUR públicas (localiza-das no domínio publico) e as ITUR privadas (localizadas no domínio privado). O propósi-to de ambas é o alojamento de espaços e redes de tubagem adequadas à instalação das redes de cabos e outros dispositivos afectos às res-pectivas redes de comunicações electrónicas. Organizadas fisicamente recorrendo a uma

tubagem de acesso, redes de tubagem prin-cipal e redes de tubagem de distribuição, constituídas por tubos e acessórios, câmaras de visita, salas técnicas, galerias, armários e bastidores, foram pensadas para permitir uma exploração adequada e organizada da tecnologia emergente sobre a fibra óptica. A massificação da instalação da fibra óptica irá permitir a difusão de serviços de qualidade. O potencial da largura de banda associado

às suas características, que permitem uma inferior atenuação e uma maior imunidade a ruídos e interferências, transformam esta solução num canal de superior qualidade aos das restantes soluções. É expectável o aparecimento e o crescimento de novos serviços, servindo como um suporte ade-quado para a implantação das Redes de Nova Geração (RNG). Um dos focus na concepção das ITUR é a procura do desempenho com elevada efi-ciência, permitindo o acesso universal dos vários clientes a serviços tecnologicamente inovadores, não descurando as condições de segurança exigíveis. Com o cuidado presente em futuras necessidades de upgrade e dada a sua relativa facilidade de instalação, apresen-ta vantagens, pois não só evita a necessida-de de intervenções intensivas (obras subse-quentes), como também privilegia a estética na instalação. Permite e facilita o acesso dos diversos operadores à mesma rede de comu-nicações, o que proporciona uma real e efec-tiva universalidade dos acessos por parte dos operadores e clientes finais. Permite um fácil acesso para manutenção dos equipamentos activos existentes e intervenções necessárias na rede, diminuindo a necessidade de visitas técnicas aos edifícios da urbanização.

Um DOS FOcUS DO ITUR é A pROcURA DO DESEmpEnhO

cOm EFIcIêncIA, pERmITInDO O AcESSO UnIvERSAL A SERvIçOS InOvADORES

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As condicionantes presentes na avaliação dos requisitos funcionais das ITUR estão rela-cionados com: a classe ambiental associada à utilização dos materiais e equipamentos, viabilidade técnica, custos dos materiais e da execução. As questões a ter em conta para a implementação num dado local estão rela-cionadas com a tecnologia disponibilizada, protecção (Segurança), durabilidade, rastrea-bilidade, existência de obstáculos no subsolo, tempo e facilidade de execução, posiciona-mento (rede principal e rede de distribuição) e restantes restrições regulamentares. Na componente ambiental existe uma par-ticular preocupação nos cenários de solos sulfurosos, especializando-se na aplicação de materiais específicos que apresentem resistân-cia a este tipo de ambientes. A rede de tuba-gem deve ser subterrânea, procurando sempre evitar a construção de tubagens em zonas de nível freático elevado. Com alguns cuidados presentes ainda na fase de projecto, tais como o levantamento topográfico e características do terreno, tipos de edifícios e respectivas uti-lizações, necessidades e carências, localização

da urbanização e possíveis zonas de expansão, planta com arruamentos e acessibilidades, é possível prêver/antecipar alguns contratempos e reduzir custos na execução das ITUR. É necessário, ainda, efectuar uma análise de fundo que permita definir estrategicamen-te os melhores pontos de acesso às redes de telecomunicações, assim como recorrer aos critérios de avaliação, estabelecer os pontos de saída com um acordo protocolar com os operadores, no sentido de ajustar o dimen-sionamento dos tubos e cabos de entrada para os diversos tipos de edifícios constituintes da urbanização. Através de linhas orientadoras cria-se uma disciplina da Rede de Tubagem Principal, comunicando esta com pontos cuidadosa-mente estudados, criando elos de ligação entre as redes de distribuição, conforme a topologia mais apropriada para cada caso (em função do número de entradas/saídas necessárias à utilidade da dimensão do lo-teamento), existindo para o efeito os se-guintes tipos de estruturas: “I“(empregada quando a rede de tubagem principal é cons-

tituída unicamente por um ponto de entrada/saída),“L”(utilizada onde se identificam dois pontos),“Y”(aplicam-se a urbanizações onde se identificam 3 pontos) ,“X”(dedicada a ur-banizações onde se identificam 4 pontos) e “Q”(colocada apenas em urbanizações de di-mensão superior às anteriormente descritas). Após a conclusão das ITUR estas deverão ser georeferenciadas (de acordo com o Decreto Lei nº123/2009), com o intuito claro de serem agregadas ao Sistema de Informação Centra-lizado (SIC), onde é permitida a consulta do traçado das redes às entidades que pretendam utilizar essas mesmas para alojar os seus equi-pamentos de telecomunicações. De igual for-ma, as entidades da área pública e as empre-sas de serviços de comunicações, ficam com o dever de elaborar registos das infra-estruturas que possuam, com o propósito de alojar as re-des de comunicações electrónicas.

EquipamentosAs diversas constituintes das ITUR (rede coaxial; rede pares de cobre; rede de fibra óptica; e rede de tubagem) são dotadas dos mais variados equipamentos concebidos para cada tecnologia e com o claro objectivo de obter o maior rendimento, fiabilidade, dura-bilidade e segurança. Na rede de CATV torna-se indispensável a

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utilização de equipamentos como: centrais de amplificação, amplificadores/regenerado-res de linha (apropriado para quando existe a necessidade de regenerar os sinais devido a perdas provocadas pelos elementos passivos da rede de distribuição), derivadores (utiliza-dos na derivação do sinal em redes coaxiais), repartidores (concebidos para repartir o sinal nas redes coaxiais de banda larga), acopla-dores e cabo coaxial (Condutor CU+Malha CU). Os blocos cravação tipo Krone ou equivalente, cabo do tipo T1EG1HE, jun-tas termo retráctil para cabo T1EG1HE e identificadores (material utilizado para iden-tificação dos cabos), são constituintes da rede de Pares e Cobre. No cenário da utilização da fibra óptica temos: cabos de fibras ópticas monomodo (de exterior), repartidores de fi-bra óptica (RG-FO), juntas de fusão óptica, conectores e alinhadores de fibra. Relativamente às redes de tubagem, temos os seguintes elementos constituintes: as câ-maras de visita de variadas dimensões con-forme a carência/utilização (CVC0, CVC1, CVR1a, CVR1b, CVR2, CVR3, CVI0, CVI1, CVL1 e CVT1), sendo pré-fabrica-das de betão armado com tampa, ou consti-tuídas por outros materiais salvaguardando as características técnicas, nomeadamente as cargas de tráfego previstas no ponto 2.1.2.1 do Manual ITUR. Por último, temos o tu-bo corrugado com interior Liso PEAD cujo diâmetro é definido consoante a necessidade da passagem de cabos no respectivo tubo e tritubo. No mercado português existem variadíssi-mas marcas de equipamentos homologados e normalizados de forma a dar satisfação à legislação vigente. Cabelte, Cavan, Televés e Teka são algumas das marcas fornecedoras dos diversos equipamentos nos mais varia-dos campos utilizados nas ITUR. conclusõesO ITUR procura ir de encontro aos novos desafios nas telecomunicações cabladas. Este esforço de normalização irá permitir dotar o país de uma infra-estrutura adequada e ino-vadora que permitirá, no curto-prazo, a con-solidação da oferta de serviços inovadores no domínio privado e público. A preocupação numa normalização que não sirva como constrangimento na evolução das redes de telecomunicações, mas sim que procure, de uma forma ordenada, potenciar as suas vantagens foi uma das preocupações, sendo igualmente de referir que o cuidado na universalidade do acesso e o registo ge-orreferenciado das infra-estruturas permite uma evolução harmoniosa da instalação.

*professor e investigador do Instituto Superior

politécnico gaya. consultor na área das

Telecomunicações. [email protected]

**consultor na área do projecto e

instalação de redes de Telecomunicações.

[email protected]

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