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I WORKSHOP SOBRESEMENTES DE FORRAGElRAS

Sete Lagoas, MG, 10 e 11 de março de 1999

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PROCI-1999.00117SOU1999SP-1999.00117

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Comissão Organizadora

João Marcos da Cunha - PresidentePedra Abel Vieira Júnior - Vice-PresidenteHugo Villas Boas - Preso Comitê TécnicoTânia Mara Assunção Barbosa - Secretária Executiva e

Arranjos LocaisMarcelo Dressler - Arranjos LocaisG.N. Vilela - Captação de RecursosJosé Heitor Vasconcellos - ComunicaçãoMônica A. de Castro - Relações Públicas

Tiragem: 500 exemplares

Revisão: Dilermando Lúcio de OliveiraEditoração Eletrônica: Tânia Mara Assunção BarbosaRevisão bibliográfica: Maria Tereza Rocha Ferreira

WORKSHOP SOBRE SEMENTES DEFORRAGEIRAS, 1, 1999, Sete Lagoas,MG. Anais... Sete Lagoas: Embrapa

Negócios Tecnológicos/Escritório de Negóciosde Sete Lagoas, 2000. 151 p.

1. Planta forrageira - Semente.I. Título

CDD 632.2.

INTRODUÇÃSISTEMA DE

NO BRASManoelOlímPRODUÇÃO

DA INICIJAlberto TektPRODUÇÃO

DA INICIIJosé PereiraPASTAGEN~Geraldo FerrA SEMENTEPedro Abel 'FORRAGEIR.

DE PRODIRENOVAÇ

Camilo PtéctAMEAÇAS J

DE SEMEIDE DOENI

Celso DomeFernande

POSSIBILlDJPRODUÇDISSEMII

Emesto EugCONTRIBUI!

ESPÉCIE!Sérgio JoséCONTRIBUI!

ESPÉCIE!Francisco H

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CONTRIBUiÇÕES DA PESQUISA À PRODUÇÃO DESEMENTES DE ESPÉCIES FORRAGEIRAS

Embrapa Gado de Corte

Francisco H. Dübbern de Souza 1

INTRODUÇÃO

A história tem mostrado que a ampla disponibilidade de se-mentes de forrageiras é essencial e condicionante da sustentabilidadede sistemas de exploração pecuária baseados em pastagens cultiva-das. Isto significa que o desenvolvimento da indústria de sementesde plantas forrageiras é de especial importância para países como oBrasil, que tem a pecuária bovina fundamentada exclusivamente empastagens. Essa indústria desenvolveu-se no Brasil a partir de mea-dos dos anos 70 e atualmente apresenta tamanho grau de desenvol-vimento que lhe permite exportar para mais de 20 países e movimen-tar anualmente uma soma estimada em mais de US $ 200 milhões.

Nesses últimos anos, entretanto, a cadeia produtiva das se-mentes de forrageiras tem buscado adaptar-se a uma série de novosparadigmas. Dentre eles estão o aumento da competição entre pro-dutores especializados face à diminuição da participação no mercadodo produtor eventual, não tecnificado, a gradual transferência dospólos de produção de sementes do Estado de São Paulo para outrasregiões, principalmente Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, MinasGerais e Goiás, o aumento da demanda por sementes de boa qualida-de e o aumento da mecanização das várias etapas da produção e dobeneficiamento.

Em quase todos os cenários prováveis para o setor, destaca-se uma importante característica do mercado de sementes de plan-tas forrageiras, que é o fato de ele envolver produtos pouco diferen-ciados do ponto de vista mercadológico. Em conseqüência, verifica-se, entre os produtores de sementes, uma tendência em direcionar

'Engo.Agro., Dr., Pesquisador do Centro N'acional de Pesquisa de Gado de Corte(CNPGC), da Embrapa, Caixa Postal 154, 79002-970 Campo Grande (MS). e-mail: [email protected]

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grandes esforços na profissionalização de seus negócios e na buscasistemática de alternativas para a redução de custos de produção,como forma de manterem-se competitivos. Em razão desses fatos,os sistemas de produção comercial de sementes de plantas forrageirastropicais no Brasil têm se especializado cada vez mais e um aumentoda demanda por tecnologias tem sido conseqüente.

Neste trabalho, buscar-se-á caracterizar a importância e osprincipais limitantes da pesquisa no desenvolvimento de tecnologiaspara a indústria de sementes de forrageiras tropicais no Brasil.

CARACTERíSTICAS DAS PLANTAS FORRAGEIRAS TROPICAIS ESUBTROPICAIS ASSOCIADAS À PRODUÇÃO DE SEMENTES

1A produção comercial de sementes de plantas forrageiras é

uma atividade de alto risco biológico e comercial, mas que constituiboa oportunidade de lucros para os produtores que reconhecem seusriscos inerentes e que dominam a tecnologia necessária (Seré, 1985).A questão do alto risco inerente é bem ilustrada pelo exemplo daBrachiaria humidicola na Austrália. Naquele país, apesar de produti-vidades superiores a 400 kg/ha de sementes puras serem algumasvezes obtidas, a média da produtividade de 20 lavourascriteriosamente monitoradas foi de 140 kg/ha; entretanto, adicional-mente, foi caracterizado um risco de 30% de perda total da colheita(Hopkinson et alii, 1996). Outro exemplo é representado pela perdados dados experimentais, em dois anos consecutivos (1980 e 1981 ),que não puderam ser coletados, devido a condições climáticas des-favoráveis, no período de colheita das sementes, em experimentoinstalado em 1979, para avaliar os efeitos de manejo das plantassobre a produção de sementes por Setaria sphacelata cv. Kazungula,em Campo Grande, MS (Souza et aI. 1999, dados não publicados).

O grupo das plantas forrageiras tropicais inclui um vasto nú-mero de espécies e cultivares cujas características morfológicas,anatômicas, fisiológicas e/ou reprodutivas variam largamente, inclu-sive entre cultivares de uma mesma espécie. As diferençasmorfológicas que caracterizam as cultivares' Aruana' e 'Tobiatã', dePanicum maximum, são exemplos desse fato. As diferenças nas ca-racterísticas de produção e de qualidade de sementes verificadasentre a B. humidicola cv. 'comum' e a var. dictyoneura (cv. 'Llanero')

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constituem outro bom exemplo. Tais variações indicam a necessida-de de pesquisas específicas para cada cultivar.

No passado, muitas vezes foi possível utilizar no Brasil osresultados das experiências comerciais e de pesquisas realizadas emoutros países, principalmente da Austrália, Em anos recentes, noentanto, algumas espécies e cultivares revelaram-se de grande im-portância para o Brasil, mas de pouca ou nenhuma importância paraoutros países. A 8rachiaria brizantha, por exemplo, tão importantepara a pecuária nacional nos últimos dez anos, não tem nenhumaexpressão na Austrália, onde é pequena a região sujeita a precipita-ções pluviais superiores a 1.000 mm, requeridas por essa espécie.Assim sendo, a responsabilidade de angariar conhecimentos etecnologia sobre a produção de sementes dessas plantas recaiu ex-clusivamente sobre os brasileiros.

Comparativamente às espécies forrageiras de clima tempera-do, as de clima tropical foram pouco estudadas sob o ponto de vistada produção comercial de sementes. Essas plantas apresentam umahistória apenas recente de manipulação genética e agronômica. Alémdisso, as cultivares disponíveis foram, invariavelmente, selecionadaspelos seus potenciais de produção de forragem e não o de sementes;a 8. humidicola varo dictyoneura cv. 'L1anero' constitui uma das ra-ras exceções a esse fato (Hopkinson et alii, 1996). Vale lembrar queesses dois processos, até certo ponto, são mutuamente competiti-vos em termos fisiológicos. Sabe-se, também, que não raramente omaior potencial de produção de sementes dessas plantas se expres-sa em região outra que não aquela na qual ela apresenta maior poten-cial de produção de forragem. Um exemplo marcante é a baixa pro-dução de sementes apresentada pela 8. brizantha em latitudes infe-riores a 10° S, onde, por outro lado, essa espécie mostra grandepotencial de produção de forragem (Hopkinson et alii., 1996). Outrasimportantes limitações à produção de sementes pelas forrageiras tro-picais são a pequena proporção de sementes que se forma, que éuma característica comum à maioria das gramíneas forrageiras tropi-cais, e a degrana (queda) das sementes (ou a deiscência das vagens,no caso das leguminosas), que limita tanto a eficiência quanto asopções de métodos de colheita (Humphreys & Riveros, 1986).

Todos esses aspectos permitem caracterizar as plantasforrageiras tropicais como um grupo muito interessante do ponto de

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vista científico, complicado do ponto de vista da produção comercialde sementes e para o qual a pesquisa pode dar grandes contribuiçõesao desenvolvimento de sistemas de produção de sementes.

LIMITAÇÕES À CONTRIBUiÇÃO DA PESQUISA AO DESENVOLVI-MENTO DE TECNOLOGIAS PARA SEMENTES DE FORRAGEIRASTROPICAIS NO BRASIL

É provável que as características biológicas da produção desementes pelas forrageiras tropicais anteriormente mencionadas se-jam determinantes, em grande parte, do grau de contribuição que apesquisa tem dado aos sistemas de produção e comércio de semen-tes no Brasil.

Os sistemas de financiamento e de gerenciamento de pesqui-sa trabalham de acordo com cronogramas relativamente rígidos, aosquais as plantas forrageiras nem sempre se adequam; é muito fácil"perder um ano" em se tratando da produção de sementes dessasplantas. Esta noção faz com que os estudantes de pós-graduação eseus orientadores, por exemplo, vejam projetos de pesquisa comsementes de forrageiras como arriscados demais para serem condu-zidos como projeto de tese. O resultado disso é o pequeno númerode pesquisadores envolvidos com o tema, a reduzida quantidade detrabalhos de campo e a prevalência de trabalhos conduzidos em la-boratório.

As instituições públicas, historicamente, têm-se caracteriza-do pela rigidez burocrática e sérias deficiências de recursos humanose materiais, problemas que só têm se agravado nos anos recentes.Essa situação contrasta com a versatilidade característica da maioriadas empresas privadas e o grande número de produtores de semen-tes sempre prontos a buscar alternativas de redução de custos daprodução. Dessa forma, a contribuição das instituições públicas aodesenvolvimento de tecnologias sempre será comparativamente menorque aquela dos produtores comerciais.

Além dessas, pesquisas com sementes de forrageiras sãosubmetidas a outras limitações, comuns às demais atividades depesquisa agropecuária no Brasil. Por exemplo, ao mesmo tempo emque se vêem aumentadas as fontes de financiamento para pesquisasconsideradas "de ponta", muitas delas de natureza biotecnológica,

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verifica-se uma gradual diminuição das alternativas de financiamentopara as pesquisas aplicadas, nas quais se enquadram as pesquisasfitotécnicas, ainda tão necessárias às plantas forrageiras.

Por essas e outras razões, não é surpreendente verificar, naprática, que a grande maioria das tecnologias utilizadas nos sistemascomerciais de produção de sementes de forrageiras no Brasil resul-tam não da pesquisa científica formal mas, sim, do acúmulo de co-nhecimentos práticos obtidos a partir de observações feitas, princi-palmente, por produtores progressistas em áreas comerciais de pro-dução de sementes.

Nem por isso, entretanto, as instituições públicas de pesquisatêm deixado de desempenhar um papel valioso no Brasil, no quetange aos sistemas comerciais de produção de sementes deforrageiras. Muitos produtores têm buscado essas instituições comopontos de referência, onde, apesar de nem sempre obterem soluçõespara problemas específicos, eles muitas vezes obtêm explicaçõespara determinadas observações práticas, sugestões sobre como eonde encontrar as soluções necessárias, idéias de como aperfeiçoardeterminados processos e alertas sobre problemas e ameaças poten-ciais. Nessas mesmas instituições, os produtores conseguem tam-bém informações básicas sobre as características reprodutivas e deprodução de sementes das forrageiras recém-liberadas para uso co-mercial, ou seja, aquelas sobre as quais ainda não existe um corpode conhecimento prático acumulado. Dessa forma, os pesquisadorestêm atuado, com freqüência, como suporte aos produtores, sugerin-do alternativas, ajudando a avaliar os progressos resultantes de de-terminadas práticas, explicando seus efeitos e sugerindo direções.Nesse aspecto, a situação no Brasil não difere, por exemplo, daquelada Austrália (Loch & Souza, 1999).

Nos sistemas especialistas de produção de sementes desen-volvidos em anos recentes, os produtores participantes caracteri-zam-se também pela engenhosidade, motivados que são pela cons-tante busca da redução de custos através do uso de recursos locais,já disponíveis. Assim, com freqüência, encontram-se adaptações demáquinas e equipamentos em plena utilização comercial, obtidasapós inúmeras tentativas e erros. Da mesma forma, observa-se queesse grupo, provavelmente em freqüência maior do que o de outrosprodutores, estão sempre testando novas práticas fitotécnicas, como,

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por exemplo, tipos e quantidades de adubos, manejo de plantas,espaçamentos etc. Através do sistema oficial de pesquisa, a realiza-ção de número idêntico de tentativas - sob o enfoque da metodologiacientífica - na melhor das hipóteses, seria improvável. A experiênciaacumulada na Embrapa Gado de Corte mostra que, no contato compesquisadores, muitas vezes esses produtores adquirem conhecimen-tos de princípios de métodos utilizados com outras espécies ou emoutros países, do fundamento da ação de determinados produtos oupráticas ou mesmo do comportamento das plantas sob determina-das condições. Tal conhecimento muitas vezes Ihes possibilita dimi-nuir o número de tentativas e mais rapidamente alcançar êxito.

Finalmente, há que se considerar que a contribuição das insti-tuições públicas de pesquisa tem sido também drasticamente limita-da por uma deficiência crônica no que tange à sua capacidade dedifundir tecnologias, resultante da insuficiência de meios materiais e,principalmente, de pessoal treinado. Resta então, ao pesquisador,atuar também como difusor de tecnologia, um papel para o qual amaioria deles não foi preparado.

AS PESQUISAS BRASILEIRAS COM SEMENTES DE PLANTASFORRAGEIRAS TROPICAIS E SUBTROPICAIS

o número de trabalhos de pesquisa publicados em revistas téc-nicas especializadas pode oferecer uma idéia - embora apenas parci-al - dos esforços investidos em determinado tema. Um levantamentoque incluiu 11 revistas técnicas brasileiras e apenas trabalhos com-pletos, i.e., não foram considerados resumos publicados em anais decongressos e simpósios, revelou que, desde 1974, foram publicados117 trabalhos científicos, 97 dos quais sobre sementes de gramíneasforrageiras tropicais e subtropicais. Destes, 15 foram publicados nosanos 70, 50 nos anos 80 e 30 entre 1990 e 1998. Das 14 espéciesde gramíneas estudadas, 29,5% dos trabalhos encontrados tiveramcomo objeto de estudo as sementes de Panicum maximum, 10,5%as sementes de Brachiaria decumbens, 9,0% as sementes de Setariasphacelata, 8,0% as sementes de B. humidicola e 7,5% as semen-tes de Andropogon gayanus; trabalhos com as demais espécies(Paspalum guenoarum, P. notatum, B. brizantha, Cenchrus ciliaris,Melinis minutiflora, Hyparrhenia rufa, Pennisetum americanum, P.

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g/aucum e B. p/antaginea) representaram 35,5% do total. Trabalhoscom leguminosas forrageiras, por sua vez, foram encontrados emmenor número; apenas 22 trabalhos foram encontrados nesse mes-mo período, dos quais 32,0% referem-se a sementes de Leucaena/eucocepha/a e 18,0% a Cajanus éajan; outras seis espécies foramtambém objeto de estudos, representando 50,0% dos trabalhos pu-blicados com sementes de espécies leguminosas. Observa-se, por-tanto, que, tanto no caso das gramíneas quanto das leguminosas, aspesquisas têm sido concentradas em um número relativamente pe-queno de espécies e, curiosamente, entre elas não se encontram asespécies e variedades de maior participação no mercado de semen-tes; os poucos trabalhos com B. brizantha talvez sejam o exemplomais notório.

Cerca de 33,0% do total dos temas estudados (com sementesde gramíneas e de leguminosas) referem-se à avaliação da qualidadedas sementes (principalmente dormência e técnicas laboratoriais deanálise); 24,5% deles a estudos sobre maturação e colheita de se-mentes; 17,0% a técnicas agronômicas de manejo visando a produ-ção de sementes (adubação, épocas de corte ou diferimento, porexemplo); 16,0%, sobre armazenamento e embalagem. Os demaistemas estudados (técnicas de estabelecimento, secagem,beneficiamento, estudos básicos de reprodução das plantas) repre-sentam 25,5% dos trabalhos publicados. É interessante notar que,apesar de os estudos de avaliação de qualidade de sementes teremsido tema da maior parte dos trabalhos publicados, a análiselaboratorial ainda permanece como uma das áreas mais problemáti-cas no que tange às sementes de forrageiras.

Aproximadamente 94,0% dos trabalhos foram encontradosem cinco periódicos nacionais: Revista Brasileira de Sementes(42,0%), Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia (25,0%), Bo-letim da Indústria Animal (11,0%), Pesquisa Agropecuária Brasileira(8,0%) e Revista Científica (8,0%). O número total de trabalhos pu-blicados corresponde a uma média anual de (aproximadamente) cin-co trabalhos por ano, uma média baixa, se considerado o número deespécies envolvidas, os problemas associados à produção dessassementes e a importância econômica e social que essa atividaderepresenta para o País.

Vale notar, entretanto, que o número de trabalhos encontra-

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dos em revistas científicas não permite estimar satisfatoriamente amagnitude do esforço despendido no país com pesquisas em semen-tes de forrageiras ou qualquer outro produto. Isso porque, lamenta-velmente, grande parte dos trabalhos apresentados em congressos edas teses de pós-graduação não são publicados em tais revistas.Fossem eles publicados de forma completa, chegar-se-ia à conclu-são de que, na realidade, esse esforço é um pouco maior do queparece. Esse fato é um convite à reflexão sobre os objetivos da rea-lização de pesquisas: que valor têm dados e informações técnicas ecientíficas quando não disponibilizadas de forma acessível aos princi-pais interessados?

Outro problema é o fato de que, em que pese o caráter práti-co, diretamente aplicável dos dados, conforme sugere o título demuitos dos trabalhos publicados, constata-se que, mais comumente,os resultados obtidos a custas (via de regra) de escassos recursos,pouco contribuíram para resolver os problemas do produtor. É prová-vel que isto seja conseqüência de quatro razões principais: 1} asprioridades dos temas de pesquisa muitas vezes não são bem carac-terizadas; 2} os resultados obtidos não chegam até o produtor; 3) osresultados obtidos não são aplicáveis pelo produtor; 4} uma interaçãoentre essas três razões anteriores.

A probabilidade de uma correta estimativa da prioridade dotema a ser pesquisado seguramente é menor se o pesquisador nãotrabalhar de forma interativa com o produtor. Tal interação é dupla-mente valiosa: ao mesmo tempo em que possibilita ao pesquisador aaplicação apropriada dos recursos no desenvolvimento de pesquisasvoltadas à efetiva solução de problemas reais, ela permite ao produ-tor angariar os benefícios dos conhecimentos tão logo os resultadossão obtidos. Assim, o valor do trabalho de pesquisa é tanto melhorquanto maior for a 'vivência de produto' do pesquisador, e de quantomaior for sua compreensão do impacto provável dos resultados na'cadeia produtiva'.

O fato de os resultados dos trabalhos de pesquisafreqüentemente não alcançarem os produtores em grande parte éconseqüência da sua não disponibilização em formatos acessíveis.Sabe-se que a publicação dos dados como trabalhos científicos nãoconstitui forma suficiente, ou apropriada, para a divulgação dos re-sultados entre os produtores. Assim, diante da carência crônica de

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serviços e de profissionais especialistas na difusão de tecnologia,recai sobre o pesquisador a responsabilidade de buscar formas alter-nativas para a divulgação apropriada dos resultados, se é que o obje-tivo final da pesquisa é resolver os problemas desses produtores.Essa ação é limitada pelo fato de a maioria dos pesquisadores nãoserem treinados para esse tipo de atividade, que requer capacitação,além de algum talento.

o FUTURO & CONCLUSÕES

A produção de sementes de plantas forrageiras constitui umaatividade econômica de grande importância econômica e social noBrasil. O gradual aumento da sofisticação da demanda, a partir deanos recentes, tem levado os sistemas comerciais de produção a seespecializarem cada vez mais, através da adoção de novas tecnologias.Isso, por sua vez, tem resultado em maior demanda por pesquisas. Épossível que uma forma de aumentar e de melhorar a contribuiçãodas instituições oficiais de pesquisa a esse setor seja uma maiorinteração dos pesquisadores com os produtores. Essa interação con-tribuiria para a caracterização apropriada do grau de prioridade dostemas a serem pesquisados, facilitaria a divulgação dos resultadosobtidos e provavelmente atenuaria os gargalos que têm dificultadoos trabalhos nessas instituições, entre os quais estão a inconstânciana disponibilidade e o pequeno volume de recursos para custeio,Nesse contexto, é provável que a agregação dos produtores em as-sociações ou cooperativas facilitaria sobremaneira esse relaciona-mento e permitiria que as instituições oficiais de pesquisa contribuís-sem de forma mais significativa, direta e dinâmica ao desenvolvi-mento desse importante setor do agronegócio brasileiro.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao Acadêmico de Zootecnia Joel Fernandes Peixo-to a colaboração no levantamento da bibliografia nacional sobre se-mentes de forrageiras.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SERÉ, C. Aspectos económicos de Ia producción de semilla deplantas forrajeras en el trópico latinoamericano. PasturasTropicales, Calí, v.7, n.3, p20-23, 1985.

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