IX Curso de Especialização em Geoprocessamento 2006

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Juan María Mateos Mateos Estudo do potencial turístico do Vale do Minho, entre Portugal e Espanha, com o apoio do geoprocessamento UFMG Instituto de Geociências Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha Belo Horizonte [email protected] IX Curso de Especialização em Geoprocessamento 2006

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Juan María Mateos Mateos

Estudo do potencial turístico do Vale do Minho, entre Portugal e Espanha, com o apoio do geoprocessamento

UFMG Instituto de Geociências

Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha

Belo Horizonte [email protected]

IX Curso de Especialização em Geoprocessamento 2006

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Agradecimentos Gostaria de agredecer a ajuda prestada por todos os professores do curso de

especialização. Aos meus companheiros de sala pela sua compreenssão e

amizade e finalmente à coordenadora do curso e também orientadora da minha

monografia, Ana Clara, pois sem ela nao teria sido possivel meu aprendizado, a

elaboração desta monografia.

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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Estudo do potencial turístico do Vale do Minho, entre Portugal e Espanha, com o apoio do geoprocessamento.

Monografia do Curso de PósGraduação em Especialiazação em Geoprocessamento, Departamento de Cartografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Profa. Ana Clara Mourão Moura Belo Horizonte 2006

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RESUMO..................................................................................................................5

INTRODUÇÃO..........................................................................................................6

CAPÍTULO 1 – O BAIXO MINHO: PATRIMÔMIO CULTURAL................................7

CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESPACIAL..............................11

2.1 Área de estudo.......................................................................................12

2.2 Organização das Bases de Dados.........................................................12

2.3 Elaboração de Mapas Temáticos...........................................................14

2.4 Análises Espacial...................................................................................19

2.4.1 Análise de Variabilidade Espacial ............................................20

2.4.2 Análise Espacial de Densidade de Kernel................................22

2.4.3 Análise de Multicritérios............................................................24

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS………........................................…...…26

3.1 Paisagem…..............................................................……..................….26

3.2 Visitações.....................................................................……...................27

3.3 Infra-estruturas...........................................................…….....................27

3.4 Multicritério…...............................................................................………28

CAPÍTULO 4 – CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO.............................................30

CONCLUSEÕS….........................................................................................……...32

BIBLIOGRAFIA….....................................................................…..........…….…….34

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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Índice de Figuras:

Figura 1 – Vista do Rio Minho...................................................................................7

Figura 2 – Forte de Insua..........................................................................................8

Figura 3 – Valença do Minho.....................................................................................8

Figura 4 – Parque Natural Aloia................................................................................9

Figura 5 – Estuário do Rio Minho..............................................................................9

Figura 6 – Catredral Santa Maria (Tui)......................................................................9

Figura 7 – Torre de Tebra (Tominho)........................................................................9

Figura 8 – Igreja San Telmo (Tui)............................................................................10

Figura 9 – Mosteiro Santa Maria (Oia)....................................................................10

Figura 10 – Área de estudo O Baixo Minho.............................................................12

Figura 11 – Mapa de Paisagem.............................................................................15

Figura 12 – Mapa de Visitações..............................................................................16

Figura 13 – Mapa de Infra-estruturas......................................................................17

Figura 14 – Detalhe do Mapa de Infra-estrutura......................................................17

Figura 15 – Mapa de Paisagem (Raster).................................................................21

Figura 16 – Mapa de Paisagem (Variabilidade)......................................................22

Figura 17 – Mapa de Visitações (Densidade Kernel).............................................23

Figura 18 – Mapa de Infra-estrutura (Densidade Kernel)........................................24

Figura 19 – Árvore de Decisões..............................................................................25

Figura 20 – Mapa de Análise Multicritério...............................................................25

Figura 21 – Mapa de Diversidade da Paisagem....................................................26

Figura 22 – Mapa de Densidade das Visitações.....................................................27

Figura 23 – Mapa de Densidade das Infra-estrutura...............................................28

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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Figura 24 – Mapa de Áreas Turísticas...................................................................29

Figura 25 – Mapa de Turismo e Conservação do Patrimônio................................31

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo o estudo do potencial turístico do Vale do

Minho, região divisória entre Portugal e Espanha. O estudo propõe a medição do

grau de concentração de três variáveis espaciais: as diferentes unidades que

configuram a paisagem, os elementos com interesse turístico e as infra-estruturas

que apóiam este turismo potencial. A metodologia de trabalho está baseada em

distintas ferramentas de geoprocessamento destinadas ao tratamento da base de

dados e construção de análises espaciais, executadas nesta monografia com os

softwares ARCVIEW e SPRING. Como conclusões são gerados três mapas de

concentração de paisagens, pontos de visitações turísticas e infra-estruturas de

apoio ao turismo sobre a área, e promovida uma síntese final da combinação das

três variáveis, visando o reconhecimento de áreas bem atendidas por todo o

conjunto de dados, o que reflete a potencialidade turística. O trabalho pretende

também comparar os mapas gerados, com o objetivo de analisar a interação que

existe entre as distintas variáveis.

Palavras chaves: - Geoprocessamento.

- Patrimônio.

- Turismo.

- Potencialidades.

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INTRODUÇÃO

Na atualidade o geoprocessamento disponibiliza uma série de ferramentas que

tornam possível o conhecimento espacial em todas as suas dimensões e, no

estudo desenvolvido, permitiu a análise da concentração de variáveis espaciais e

a interação entre elas, objetivando gerar uma cartografia temática que subsidie o

conhecimento e a compreensão do potencial turístico.

Nesta monografia vamos usar as ferramentas fornecidas pelo

geoprocessamento para estudar uma área de grande potencial turístico no

noroeste da Espanha, na fronteira com o norte de Portugal. Uma área denominada

como o Baixo Minho.

O Baixo Minho apresenta uma grande variedade de elementos de interesse

turístico, que concentra desde um patrimônio ambiental configurado por áreas

protegidas como parques naturais, praias, florestas, montes, margens e um

patrimônio histórico configurado ao longo da historia, que vai desde os primeiros

assentamentos humanos conhecidos, já época pré-romana, passando pelo

medieval e indo até nossa atualidade.

O passagem do homem e seus cotidianos ao longo da historia no Baixo

Minho configurou um patrimônio arquitetônico espetacular e que tem criado uma

paisagem inconfundível, criando cidades e aldeias com um rico acervo histórico

com suas igrejas românicas, medievais, renascentistas e barrocas, além de

inúmeros mosteiros, castelos, etc.

Mas sem duvida alguma os castelos e fortalezas, que serviram de proteção

aos povos durante séculos nessa área de fronteira são os elementos mais

singulares da paisagem. Nesse sentido, o presente trabalho perfaz um caminho de

análise desse grande espaço configurado ao longo da história organizando-o

através do geoprocessamento e enfatizando, no entanto, seu potencial turístico.

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CAPÍTULO 1 - O BAIXO MINHO: HISTÓRIA E PATRIMÔNIO

O Baixo Minho deve seu nome, sua paisagem e a sua personalidade à

presença do rio Minho, o mais importante dos cursos fluviais da Galícia, localizada

na porção noroeste da Espanha e norte de Portugal, sendo a fronteira desses dois

países. Nesta zona, localizada no extremo sudoeste da província de Pontevedra

existem de forma harmoniosa três tipos de paisagem: a litorânea, o monte e o rio

(figura 1).

Figura 1: Vista do Rio Minho.

Esta zona tem um considerável acervo arquitetônico medieval, românico,

gótico e barroco, além de restos arqueológicos do mundo Celta. Trata-se uma

zona de junção de duas culturas arquitetônicas e de dois idiomas. Uma arquitetura

que revela a união desses dois países, imbuída do espírito medieval, expresso na

severidade e simplicidade das suas formas, nas composições retilíneas, nos

volumes compactos, nas plantas concentradas de base quadrangular, nos

espaços unitários, nas fortalezas de delicado traço. É também este o espírito que

aparece, inicialmente, na imagem das fortalezas, ao privilegiar os efeitos visuais

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originados a partir da estrutura construtiva ou do plano compositivo próprios de

suas formas e fachadas (figura 2).

Figura 2: Forte Insua Figura 3: Valença do Minho

A costa desta zona combina também praias com pontos de topografia

acidentada, como o Cabo Silleiro. De cima do Monte de Santa Tegra se pode

percorrer com a vista a linha de costa, começando ao norte, com a Ria de Vigo e

as Ilhas Cíes, e finalizando com a desembocadura do Minho, já em Portugal, em

direção ao sul. Outro monte, o Aloia, é talvez o lugar mais valioso do Baixo Minho,

se visto desde a perspectiva do meio ambiente, sem esquecer, claro, o estuário do

Minho. Suas ladeiras são habitat de inúmeras espécies animais e vegetais.

Também o Monte de Santa Tegra, como o Alioia, ambos situados

estrategicamente, constituem belvederes importantes para o percurso turístico

(figura 4).

O Rio Minho é a fronteira sul da Galícia, ao mesmo tempo em que é seu

elemento central. Em seu último percurso, após deixar atrás as terras interiores de

Galícia, o rio adota um percurso mais pausado, como se estivesse se preparando

para se unir ao Oceano Atlântico (figura 5).

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Figura 4: Parque Natural Aloia Figura 5: Estuário do Rio Minho..

Mas os elementos mais singulares do Minho são as fortalezas como a do

Monte de Santa Negra. Embora o povoado tenha mais de 2000 anos, esta zona

poderia estar povoada há uns 8000 anos, segundo levantamentos arqueológicos

recentes. Próximo a essas fortalezas podem ser encontradas igrejas tombadas

pelo Patrimônio Histórico, em sua maioria românicas. Também é importante

destacar a cidade de Tui, que é uma jóia cultural, repleta de obras excepcionais,

entre as quais se destaca a Catedral de Santa Maria (figura 6). Outras localidades

que merecem atenção são: Baiona, Tominho e a Guarda (figuras 7 e 8), cada uma

por motivos próprios e diferentes.

Figura 6: Catredral Santa Maria (Tui) Figura 7: Torre de Tebra (Tominho)

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Figura 8: Igreja San Telmo (Tui) Figura 9: Mosteiro Santa Maria (Oia)

Na cidade de Oia se pode encontrar um grande mosteiro medieval que tem

sido fonte de progresso material e espiritual para a comarca através dos séculos

(figura 9). Às comunidades monacais que o ocuparam se devem, por exemplo, os

Molinos de Folón e Picón. Também se dedicaram os monges de Oia ao cultivo de

videiras em Roal.

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CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESPACIAL

1. Delimitação da área de estudo.

2. Organização e categorização da base de dados.

3. Elaboração de mapas temáticos que recolham a informação relevante ao

paisagem, visitações e infra-estruturas.

4. Tratamento de dados vetoriais e raster dependendo das necessidades das

análises espaciais definidas (análises de variabilidade ou densidade de

Kernel)

5. Sínteses através do procedimento de Análise de Multicritérios, dando

diferentes pesos aos elementos que configuram o estudo, e resultando no

mapa de distribuição do potencial turístico na área.

6. Análise da inter-relação existente entre as três variáveis espaciais do ponto

de vista turístico.

7. Comparação da análise de multicritérios com o mapa de estado de

conservação e preservação do patrimônio cultural.

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2.1 Área de estudo

Foi definido um retângulo envolvente para poder delimitar nossa área de

estudo com as seguintes coordenadas UTM: Fuso 29 N, Datum WGS 84,

4678000N, 509400E, 4635000N, 569400E (figura 10).

Figura 10: Área de estudo O Baixo Minho

Este retângulo delimita uma área 60 x 43 km, abrangendo um total de 2580

km2 na sua totalidade.

2.2 Organização da Base de Dados

Num primeiro momento, os dados cartográficos e alfanuméricos utilizados

neste trabalho foram fornecidos por um SIG organizado com o software

ARCVIEW: “O Plano Director das Fortalezas Transfronterizas do Baixo Minho”. No

entanto, a base de dados e o SIG mencionado foram elaborados com objetivos

concretos e distintos aos do nosso estudo. Esses objetivos foram os seguintes:

1. Recapitular e melhorar o conhecimento sobre os conjuntos fortificados do

Baixo Minho

2. Definir o alcance e classificar as patologias e processos que afetam aos

elementos e conjuntos.

3. Avaliar as necessidades de restauração, reabilitação, proteção e

conservação.

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4. Relacionar as fortalezas com o contexto territorial e socioeconômico do

Baixo Minho.

5. Analisar as condições de acessibilidade.

6. Elaborar uma estratégia conjunta e propor usos e propostas viáveis.

Diante do exposto, constituiu tarefa importante do presente estudo a seleção

dos dados contidos no complexo conjunto de informações existentes, assim como

o tratamento das bases de dados cartográficos e alfanuméricos, com a finalidade

de selecionar aqueles relevantes para o objetivo de estudo do fenômeno turístico.

Um segundo passo, foram trabalhadas as variáveis espaciais consideradas

relevantes para o turismo, quais sejam:

- As diversas unidades que formam a paisagem e configuram a diversidade

paisagística (montes, áreas de montanha, cidades, monumentos, parques

naturais, etc);

- Os elementos com potencialidades e atrativos turísticos com objetivo de

visitação (monumentos, parques, museus, caminhos naturais, etc);

- Os equipamentos e Infra-estruturas que suportam e ajudam este turismo

(abastecimento de água potável, parques, áreas de descanso, portos, vias de

comunicação, cidades, etc)

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2.3 Elaboração de Mapas Temáticos

Uma vez selecionados e reorganizados por categorias os elementos

espaciais, foram elaborados diferentes mapas temáticos visando representar a

distribuição de cada um desses elementos no espaço.

O primeiro mapa organizado foi o de Diversidade da Paisagem (figura 11).

Nele foram representados os elementos paisagísticos mais importantes da área:

- Montes

- Fortalezas

- Pontes

- Ilhas

- Rios

- Áreas de Montanha

- Mar

- Parques Naturais

- Espaços Naturais Protegidos

- Etc...

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O segundo mapa organizado foi o de Locais de Visitações Turísticas (figura

12), onde foram destacados os elementos tais como:

- Parques Naturais

- Áreas verdes protegidas

- Monumentos históricos

- Igrejas, ermitãs, paróquias, Mosteiros, Conventos, etc

- Áreas de caminhos naturais

- Áreas recreativas

- Etc.

Figura 11: Mapa de Paisagem

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O terceiro e último mapa relacionou a Infra-Estrutura de apoio ao fenômeno

turístico (figuras 13 e 14), destacando elementos tais como:

- Redes viárias de aceso

- Portos, Rodoviárias, Cais, Estações de trem, etc...

- Balneários, Fontes, Parques, Áreas de descanso

- Centros culturais, Pontos de Informação

- Cidades

- Camping, Balneários

- Redes de abastecimento de água potável.

- Etc.

Figura 12: Mapa de Visitações

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Figura 13: Mapa de Infra-estruturas

Figura 14: Detalhe do mapa de Infra-estruturas

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Os dados em seus formatos originais tinham sido digitalizados de diferentes

maneiras, usando diversas shapes e representados por pontos, poli linhas e

polígonos, o que não possibilitava a aplicação de modelos de análise espacial

segundo os procedimentos metodológicos definidos.

Os procedimentos metodológicos se baseariam na contagem do número de

ocorrências ou na contagem de tipos diferentes de elementos por unidade

espacial de análise. Assim, todos os elementos foram convertidos em shapes

representadas por polígonos. No caso de elementos pontuais ou lineares, eles

foram trabalhados na forma de buffers ou áreas de influência. Dependendo do

caráter do elemento e da zona de influência que gera o elemento no seu entorno

foram definidos diferentes valores de buffers:

1. Buffers de 30 m para vias de acesso, rios, redes de abastecimento de água

potável; para os elementos que faziam referência a visitações e infra-

estruturas.

2. Buffers de 50 metros (monumentos históricos, centros culturais, pontos de

informação, estações de trem e rodoviárias, etc... );

3. Buffers de 2500 metros para destacar a presença de montanhas.

Na elaboração dos mapas foram necessários recortes metodológicos e

definição de parâmetros em função do comportamento de determinados

elementos no espaço. Os tratamentos gráficos promovidos foram os seguintes:

• No caso do mapa de Visitações Turísticas havia uma série de monumentos

históricos como as fortalezas próximas à área, mas que se encontravam em

território português. Considerou-se que o turista que visita o Baixo Minho,

estaria disposto a deslocar-se poucos quilômetros a mais para visitar estes

monumentos. De porte dessa informação e com a ajuda de um mapa de

estradas portuguesas e espanholas, “transportamos” esses elementos

turísticos para dentro da nossa área de estudo e os colocamos naqueles

lugares do Baixo Minho mais próximos à localização original. Deste modo,

presume-se que o turista que visita os elementos de interesse na área

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espanhola estaria disposto a atravessar a fronteira portuguesa e visitar

estes monumentos, devido a fácil acesso. Assim, agregou-se à área de

estudo alguns elementos significativos ao potencial turístico.

• No caso do mapa de Diversidade da Paisagem, um dos elementos de

importância na caracterização desta variável é a topografia. Esta

informação não existia na base original, e foi obtida através de uma imagem

de satélite SRTM (Shutle Radar Topography Mission), o que permitiu a

construção de um Modelo Digital de Elevação e, a partir dele, a definição

das áreas de montanhas, elementos importantes na diversidade da

paisagem. O procedimento foi realizado com a aplicação do software

ARCVIEW, através da construção de um modelo de triangulação e

fatiamento das áreas com altitude destacada.

Uma vez alcançado o propósito de ter os elementos espaciais em formato

shape e na forma de polígonos, o próximo passo foi a colocação dos elementos,

por categoria de análise, em uma mesma layer, para poder prosseguir com a

análise espacial.

Como resultados desta etapa, foram obtidos três mapas temáticos. A partir

destes mapas é possível visualizar, a grosso modo, a sobreposição espacial dos

elementos, o que começava a confirmar a concentração espacial de elementos em

algumas áreas.

2.4 Análises Espaciais

Os modelos adotados para as análises espaciais de concentração de

fenômenos foram três:

1. Análise de Variabilidade Espacial.

2. Densidade de Kernel.

3. Análise de Multicritérios.

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2.4.1 Análise de Variabilidade Espacial

Este tipo de análise é uma ferramenta disponível no software ARCVIEW,

considerada como uma análise espacial de estatística de vizinhança. Em outras

palavras, ela indica a concentração de diferentes elementos por unidade espacial

definida.

Tendo em consideração que o objetivo final do trabalho é avaliar a

motivação do turista para se deslocar para visitar um lugar, resolvemos trabalhar

com unidades espaciais de 2500m por 2500m, o que resulta em superfícies de

6,25 km2 quadrados, isso supondo que um turista estaria disposto a percorrer

essa distância em uma visita. Isto significa discretizar a área de trabalho, para

contagem do grau de diversidade, em unidades de 6,25 km2.

A fonte para a análise era o mapa temático da paisagem em formato

vetorial, o qual foi convertido em formato raster para aplicação da ferramenta de

análise espacial de variabilidade. A análise de variabilidade mediu o grau de

concentração de pixels de tipologias diferentes pela unidade de área definida.

Optou-se pela resolução de pixel de 50 metros para a análise, o que daria maior

detalhe e precisão, e garantiria que nenhum dos elementos relevantes do estudo

se perderia na conversão de vetorial para raster.

Uma vez aplicada a ferramenta de variabilidade, foi obtido um mapa raster

onde os diferentes elementos são classificados segundo o número de

sobreposições. A legenda com a cor vermelha mostra a máxima concentração de

elementos numa mesma área, que corresponde a três elementos característicos

da paisagem na mesma zona (figura 15).

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Para representação da diversidade de elementos foi aplicada a ferramenta

de contagem de variabilidade e foi obtido um resultado conforme demonstrado na

figura 16. A legenda mostra de uma concentração baixa até chegar a alta

indicando uma diversidade da paisagem maior.

Figura 15: Mapa de Paisagem (raster)

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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2.4.2 Análise espacial de Densidade de Kernel

Esta análise consiste em uma estatística de vizinhança, pois reflete o

número de elementos encontrados em uma unidade de área determinada.

Este tipo de análise foi aplicado ás seguintes variáveis:

1. Elementos de visitações turísticas

2. Infra-estruturas de apoio ao turismo

Conforme já mencionado, uma vez organizadas a base de dados e

elaborados os mapas temáticos por categoria, foram compostas bases com

elementos em formato de shapes poligonais, sendo uma layer por cada mapa

temático. No entanto, o software ArcView não disponibiliza análises de densidades

de kernel para polígonos, mas apenas para pontos e linhas, o que resultou na

Figura 16: Mapa de Paisagem (Variabilidade)

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necessidade de adoção de outro software. Foi utilizado o software SPRING, que

permite a aplicação das análises sobre polígonos.

Tendo em consideração que na análise espacial anterior as unidades

espaciais de integração eram de 2500 metros por 2500 metros (6,25 km2),

também nesta análise foram utilizadas as mesmas medidas espaciais para avaliar

o grau de concentração dos elementos em raios de 2500 metros. A figura 17

demonstra o grau de concentração de elementos de visitação e a figura 18 o grau

de concentração de infra-estrutura de apoio ao turismo.

Figura 17: Mapa de Visitações (Densidade Kernel)

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2.4.3 Análise de Multicritérios

As análises espaciais até agora desenvolvidas permitem ver claramente e

individualmente a distribuição dos elementos no espaço da paisagem, das

visitações e as infra-estruturas.

Contudo, constitui fator relevante a combinação destas três variáveis no

espaço. Essa última análise espacial foi realizada com o software ARCVIEW e

constituiu em cruzar estes três mapas e observar o comportamento destes

elementos no espaço. Para poder realizar esta união tivemos que ver a relevância

e repercussão destes elementos no turismo.

Para realizar o cruzamento ou síntese dos três mapas, era necessário

atribuir pesos a cada mapa, dependendo da importância com que cada variável

afeta o turismo. A soma das variáveis deve resultar em 100%. Os pesos atribuídos

Figura 18: Mapa de Infra-estruturas (Densidade Kernel)

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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para cada variável estão demonstrados na figura 19 e o mapa resultante na figura

20:

Figura 19: Árvore de decisões

Fenômeno Turístico

40% Variabilidade da Paisagem

40% Densidade das Visitações

20% Densidade das Infra-estruturas

Figura 20: Mapa de Análise de Multicritérios

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CAPITULO 3 – RESULTADOS OBTIDOS

3.1 Paisagem

A partir da análise da distribuição da diversidade de paisagem observa-se

que se encontra uma faixa na parte inferior do mapa, na margem do rio Minho,

onde a diversidade é bastante alta com relação ao resto da área de estudo.

Destacam-se dentro desta faixa vários focos onde o grau de diversificação da

paisagem é mais elevado. Também se encontra uma localidade de alto grau fora

desta faixa, que corresponde ao parque natural que existe no norte do Baixo

Minho (figura 21).

Figura 21: Mapa de diversidade da paisagem

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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3.2 Visitações

Sobre o mapa de visitações é possível fazer a seguinte análise: há alguns

focos de concentração de visitações dispersos no território do Baixo Minho. É

importante observar que esses focos se encontram ao redor do rio, onde a

densidade é mais alta, ou seja, as áreas demarcadas com tonalidades mais

escuras. Essas concentrações vão se dispersando à medida que se desloca para

o interior, até chegar a uma densidade menor. Resumindo, as concentrações mais

altas são claramente localizadas no sul do Baixo Minho, sendo o norte destituído

destas ocorrências (figura 22).

3.3 Infra-estrutura

Analisando o mapa resultante da concentração de infra-estruturas para o

turismo no Baixo Minho, observam-se vários focos de concentração de elementos,

sem deixar de mencionar que são mais numerosos e parecem ter uma distribuição

Figura 22: Mapa de densidade das visistações

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mais regular dentro da área. Pode-se destacar também quatro focos com uma

grande concentração e outros com uma menor densidade que, por sua vez, estão

dispersos por todo o território (figura 23).

3.4 Análise de Multicritérios

Este mapa é possível ver as variáveis que afetam o turismo. Observando a

legenda de densidades, pode-se destacar que toda a área do Baixo Minho tem

uma grande relevância para o turismo, pois nenhuma área mostra uma densidade

baixa. Pode-se observar também que as áreas que foram previamente

identificadas como focos de alta densidade (tanto paisagística, como de visitações

e de infra-estrutura) se mantêm ao redor do rio Minho, marcando uma densidade

mais elevada: Média Alta. Dentro de esta concentração de elementos existem

duas áreas dignas de destaque por sua máxima densidade: uma delas se

Figura 23: Mapa de densidade das infra-estruturas

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encontra na fronteira de duas unidades administrativas; Tominho e Rosal e a outra

zona está inteiramente dentro da unidade adminstrativa de Tui (figura 24).

Figura 24: Mapa de Áreas Turísticas

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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CAPÍTULO 4 - CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO

Neste capítulo faremos um breve comentário sobre o estado de

conservação do patrimônio cultural da área do Vale do Minho. Temos que

mencionar que a informação que dispomos a respeito tem sido, como toda nossa

base de dados, fornecidas pelo SIG “Plano Diretor das Fortalezas Trasfronterizas

do Baixo Minho”.

A informação relevante que concerne ao estado de conservação do

patrimônio é bastante limitada, já que levamos em consideração que o objetivo do

SIG eram as fortalezas que possuem o Baixo Minho, portanto, só contávamos com

pequenos comentários sobre o estado destas construções defensivas. Estes

comentários às vezes chegam a ser pouco indicativos do estado do prédio, já que

se limitam a versar sobre aspectos pouco relevantes para o nosso estudo, como

por exemplo, que as muralhas apresentam elementos biológicos adversos, etc

Considerando esta falta de informação, tentamos selecionar alguns dos

detalhes descritos no plano para podermos delimitar aquelas fortalezas que

apresentavam pior estado de conservação ou que tinham menor interesse para o

turista por seu difícil aceso.

Uma vez recapitulada esta informação sobre o estado de conservação das

fortalezas localizamos algumas fortalezas que estavam mais degradadas, desse

modo podemos ver sua distribuição espacial. Um segundo passo foi a análise

comparativa com o mapa resultante do estudo da monografia (mapa de

potencialidades turísticas) para poder ver se existia algum tipo de relação entre

eles.

Na seguinte imagem (figura 25) temos a combinação das duas informações

no mesmo mapa temático, as áreas de interesse turístico e aquelas fortalezas que

apresentam problemas de conservação. A legenda que concerne ao estado das

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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fortalezas do Baixo Minho tem sido agrupada nos seguintes termos, dependendo

dos maiores problemas que estas fortalezas possuem:

- Zonas Arrasadas

- Zonas Destruídas

- Restos de Muralha

- Acesso Deficitário

Figura 24: Mapa Turismo e Conservação do Patrimônio

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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CONCLUSÕES

Foi promovida a análise de cada variável individualmente, para caracterizar o

comportamento destas na zona do Baixo Minho. Como resultado, foram gerados

três mapas temáticos indicando o grau de concentração e dispersão destas

variáveis na área de estudo.

O eixo norteador para o objetivo final de construção da análise de distribuição

do potencial turístico foi o procedimento de análise de multicritérios. Nesse método

de cruzamento de dados, cada variável tem seu peso em relação ao conjunto, já

que se considera que as três são indispensáveis para o turismo e se relacionam

com ele de uma maneira determinada, o que vai nos permitir identificar as

interfaces que existem entre estas áreas.

Uma análise individual de cada mapa gerado ao longo do trabalho leva à

seguinte conclusão: os três variáveis objetos de estudo têm um comportamento

distinto nas diferentes unidades administrativas que constituem o Baixo Minho. Há

áreas onde a concentração das variáveis é bastante escassa, como acontece

especialmente no Leste do Baixo Minho: Salceda de Caselas, Salvaterra de

Minho, Arbor, As Neves e Crescente. Há outras áreas no Oeste onde esta

concentração é maior: A Guarda, Rosal, Tominho e Tui.

A combinação das três variáveis no mesmo mapa altera esta percepção

anterior, pois ao combinar as distintas variáveis pode-se ver que o Baixo Minho

em geral tem um grande potencial turístico. Ele é uma área que oferece ao turista

grandes possibilidades de lazer por seus altos graus de diversidade paisagística,

elementos potenciais de visitação e infra-estruturas que suportam este fenômeno

turístico.

Porém, é necessário destacar que dentro do Baixo Minho, como já

conferido desde o principio, as áreas mais destacadas se localizam no Oeste na

margem do rio Minho, com as densidades mais altas de todas as variáveis. Em

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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concreto há dois focos: um dentro do Tui, e outro na fronteira do Tominho com

Rosal.

Por outro lado, tendo em consideração que o Plano Diretor que gerou

inicialmente a base de dados por nós utilizados, a nossa contribuição constitui um

olhar adicional à questão. O referido plano tinha como uma das suas finalidades

avaliar as necessidades de restauração, reabilitação e conservação do Patrimônio

Cultural. O estudo aqui apresentado pode responder se existe alguma relação

entre a potencialidade turística e o estado de proteção e conservação do

patrimônio, o que dá apoio para medidas de recuperação da área.

Com respeito a relação do estado do patrimônio arquitetônico com as áreas

de maior potencial turístico, constatamos que não existe uma vinculação muito

direta entre mal estado de conservação e áreas com baixo interesse para o

turismo. Observamos também que aquelas fortalezas que possuem difícil acesso,

ou estão destruídas se localizam fora das áreas de maior potencialidade turística,

porém não estão afastadas de uma maneira significativa das áreas com grande

interesse turístico.

O trabalho permitiu confirmar que o geoprocessamento é uma ferramenta

de análise espacial imprescindível para a localização, representação e inter-

relação das distintas variáveis espaciais. Estas análises espaciais podem ajudar

as Instituições públicas e privadas na hora de tomar diferentes medidas de

intervenção sobre o Baixo Minho com a finalidade de potencializar seus atrativos

turísticos. Tendo um conhecimento exaustivo da área, de suas potencialidades e

deficiências poderão ser tomadas as decisões pertinentes para sua melhora.

Temos que destacar que neste estudo cada variável está configurada por

vários elementos, os quais têm sido considerados com o mesmo peso, não temos

dado mais importância a um elemento sobre outro. Talvez em estudos posteriores

e com um conhecimento mais profundo dos interesses turísticos poderar-se-á

fazer uma análise espacial onde serão feitas essas diferenças entre os distintos

elementos para poder ter um estudo mais detalhado.

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IX Curso de Especializaçao em Geoprocessamento

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BIBLIOGRAFIA

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