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CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07701
SOLUÇÃO NUMÉRICA PARA O PROBLEMA DE DIFUSÃO TRANSIENTE EM
SÓLIDOS PARALELEPÍPEDOS.
J. J. S. Nascimento1,2; A. G. B. de Lima2; F. A. Belo1;1Universidade Federal da Paraíba, Centro de Tecnologia, Departamento de Tecnologia
Mecânica, Cep 58059900, João Pessoa, PB, Brasil. E-mail: [email protected] Federal da Paraíba, Centro de Ciências e Tecnologia, Departamento de
Engenharia Mecânica, 58109-970, Campina Grande, PB, Brasil. E-mail: [email protected].
RESUMO
Soluções analíticas e numéricas para o problema de difusão transiente (calor e/ou
massa) para várias geometrias tem sido reportada na literatura, contudo são escassos os
trabalhos relacionados a problemas tridimensionais, particularmente aqueles relacionados a
materiais cerâmicos. Neste contexto, este trabalho apresenta uma modelagem matemática para
predizer o fenômeno de difusão transiente em sólidos paralelepípedos. A solução numérica da
equação de difusão, utilizando-se do método de volumes finitos, considerando as propriedades
termo-físicas e condições de contorno na superfície do sólido constantes, é apresentada e
discutida. Como aplicação o modelo foi utilizado para descrever a transferência de calor no
interior de um tijolo cerâmico e resultados da distribuição de temperatura ao longo do
processo são mostrados e analisados. O conhecimento do perfil de temperatura dentro do
material permite verificar regiões mais propícias a tensões térmicas, que podem ocasionar
trincas e deformações, e conseqüentemente diminuir a qualidade do produto no final do
processo.
Palavras-chave: Difusão, Massa, Calor, Volumes finitos, Numérica, Cerâmica.
ABSTRACT
Analytical and numerical solutions for the transient diffusion problem ( for example
heat and/or mass transfer) for several geometries have been reported in the literature.
However few articles are related with three-dimensional problems, particularly those related
to ceramic materials. In this context, this work presents a mathematical modeling to predict
the transient three-dimensional diffusion phenomenon applied to parallelepiped solids. The
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07702
numerical solution of the diffusion equation using the finite-volume method, considering
termo-physical properties and boundary condition constants is presented. As application the
model was used to describe the heat transfer inside a ceramic brick and results of the
temperature distribution along the process are shown and analyzed. The knowledge of the
temperature profile inside of the material its very important to verify more favorable areas to
thermal stresses, that may cause cracks and deformations, and consequently to decrease the
quality of the product in the end process.
Key-words: Diffusion, Mass, Heat, Finite-volume, Numerical, Ceramic.
1. INTRODUÇÃO
A secagem é um processo físico que ocorre com transferência de calor e massa e com
deformações acopladas, no interior dos materiais. Deformação e falhas de peças cerâmicas
durante a secagem são os grandes problemas no processo produtivo, particularmente de tijolos
cerâmicos. O conhecimento dos gradientes de temperatura e umidade, das taxas de secagem, e
da influência da forma do produto na cinética de secagem, permitem estabelecer as condições
de secagem, que visam minimizar o consumo de energia, e uma melhor qualidade do produto
final pós-secagem. De acordo com Velthius et al. (1992); se a secagem de tijolos de argila for
realizada severamente, por exemplo, secagem a altas temperaturas e baixas umidade relativa,
têm-se o aparecimento de trincas no interior do material devido a elevados gradientes de
temperatura e umidade, que comprometem a resistência e a qualidade do produto final.
Os tijolos de argila ainda são largamente empregados na industria da construção civil.
No entanto segundo Santos et al. (1995a), há carência de informações tecnológicas na
produção destes materiais. Normalmente, têm-se os usos de procedimentos artesanais e
equipamentos obsoletos no processo produtivos, contribuindo para que a maioria dos tijolos
produzidos apresentem trincas, quebras e superfícies irregulares, no final do processo,
comprometendo sua qualidade. Pelo exposto, existem muitos problemas a serem resolvidos
cientifica e tecnologicamente na produção e secagem de produtos cerâmicos.
Durante a secagem, transferência de calor, massa e deformações ocorrem
simultaneamente, sendo que os fluxos de calor e massa ocorrem em sentidos contrários. A
medida que a umidade do produto diminui, a temperatura do produto aumenta. Além disso,
quanto maior a diminuição do volume do corpo devido a perda de umidade, maior será a
tensão resultante no interior do produto. Isto ocorre devido à contração das camadas nas
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07703
proximidades da superfície do material. De acordo com Fricke (1981), os poros do material
cerâmico se contraem nessa região, restringindo a saída de água, gerando, portanto, tensões de
sentido contrário entre a camada exterior e interior. Hasatani e Itaya (1992), estudando a
secagem de materiais cerâmicos com a forma de um paralelepípedo, usando a técnica dos
elementos finitos, concluíram que as tensões compressivas se situam na superfície do material
e as tensões trativas no centro, e que estas tensões aumentam com o aumento transferência de
calor no interior do material, devido a desuniformidade nos gradientes de temperatura e
umidade. Um estudo analítico do fenômeno de transferência de calor em materiais cerâmicos
com forma de paralelepípedo também foi realizado por Nascimento et al (2000). De acordo
com os autores, altos gradientes de temperatura ocorrem na superfície do material sendo
seco, particularmente nas proximidades dos vértices.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma solução numérica para o fenômeno de
difusão transiente em sólidos paralelepípedos, considerando propriedades termo-físicas e
condições de contorno constantes. Procurando situar o avanço atual desta pesquisa, constatou-
se a existência de vários trabalhos na literatura sobre transferência de calor em materiais
cerâmicos, Santos e Baldo (1995b), Nishikawa et al (1995), Pereira et al (1995), contudo
apenas um, a conhecimento dos autores refere-se a problemas tridimensionais, Hasatani e
Itaya (1992).
2- MODELAGEM MATEMÁTICA
Para descrever a transferência de calor e/ou massa no sólido com forma paralelepípedo,
as seguintes considerações são adotadas, no modelo matemático:
• as Propriedades termo-físicas são constantes, durante todo o processo de difusão;
• a geração de energia interna é desprezível;
• o sólido é homogêneo e isotrópico;
• a distribuição da temperatura é uniforme no inicio do processo;
• existe simetria no centro do sólido(o que ocorre em 1/8 do paralelepípedo, ocorre nas
outras partes);
• a condição de contorno é de equilíbrio com o meio exterior.
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07704
R2
y
x
z
R2
R1
R3
R3
R1
O
Figura 1-Configuração geométrica do problema físico
A Figura 1 ilustra um sólido paralelepípedo de dimensões 2R1x 2R2x2R3. Para este
caso,a equação diferencial geral que descreve o fenômeno de difusão é da forma:
''').(t
)( Φ+Φ∇ΦΓ∇=∂Φξ∂
(1)
onde na equação (1) têm-se: para transferência de calor, pcρ=ξ ; T=Φ e k=ΓΦ , onde cp, T
e k são o calor específico, temperatura e condutividade térmica do sólido, respectivamente,
enquanto que, para transferência de massa, ρ=ξ ; M=Φ ; Dρ=ΓΦ ; onde ρ , M e D são a
densidade, teor de umidade e coeficiente de difusão do sólido, respectivamente.
Devido a simetria existente no sólido, particularmente nos planos (x=0,y,z), (x,y=0,z),
(x,y,z=0) considera-se como volume de trabalho, apenas 1/8 do volume do sólido.
As condições inicial, de simetria e de contorno para o problema são as seguintes:
θ Condição inicial:
o)0t,z,y,x( Φ==Φ (2)
θ Condições de simetria:
0z
)t,0z,y,x(
y
)t,z,0y,x(
x
)t,z,y,0x(=
∂=Φ∂
=∂=Φ∂
=∂
=Φ∂, t>0 (3)
θ Condições de contorno na superfície:
etRzyxtzRyxtzyRx Φ==Φ==Φ==Φ ),,,(),,,(),,,( 321 , t>0 (4)
Para adimensionalisar, as equações (1), (2), (3) e (4), considere as seguintes variáveis
adimensionais:
eo
e* )t,z,y,x(
Φ−ΦΦ−Φ
=Φ , R
xx* = ,
R
yy* = ,
R
zz* = ,
2*
R
tt
α= , 3
*
R
VV = (5)
com 23
22
21 RRRR ++= e α= ΦΓ / ξ .
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Derivando-se estas equações e substituindo na equação (1), obtém-se a equação geral
tridimensional transiente na forma adimensional, dada por:
*2t*m
*Φ∇=
∂Φ∂ (6)
Adimensionalmente, as condições inicial, de simetria e de contorno, são:
1)0,*z,*y,*x(* =Φ (7)
0)*t,R3R
,*y,*x(*)*t,*z,R2R
,*x(*)*t,*z,*y,R1R
(* =Φ=Φ=Φ (8)
0*z
)*t,0,*y,*x(*y
)*t,*z,0,*x(*x
)*t,*z,*y,0( =∂
∗Φ∂=∂
∗Φ∂=∂
∗Φ∂ (9)
Vários métodos numéricos tem sido usados para resolver o problema de difusão
transiente, como os métodos de elementos de fronteira, elementos finitos, diferenças finitas e
volumes finitos. Em particular neste trabalho, o método usado é o método dos volumes
finitos. A Figura 2 representa um volume infinitesimal do domínio físico considerado (Figura
1), onde os pontos nodais (W, E, N, S, F, T), bem como o tamanho deste volume e as
distâncias entre eles são apresentadas.
W
N
E
F
∆y
T
∆z
S
P
δxe
∆x
δxw
δyn
δys
ew
n
sf
t
δzf
δzt
W
N
E
F
∆y
T
∆z
S
P
δxe
∆x
δxw
δyn
δys
ew
n
sf
t
δzf
δzt
Figura 2-Configuração geométrica do problema físico usado na solução numérica.
Assumindo uma formulação totalmente implícita, onde os termos são estimados nos
tempos tt ** ∆+ , Maliska (1995), a equação (6) foi integrada no volume de controle da Figura
2, e no tempo. Desta forma obtêm-se a equação (6) na forma discretizada, que pode ser escrita
de forma linear segundo (Patankar, 1980 e Maliska, 1995), de acordo com a equação (10),
abaixo:
BAAAAAAA FFTTSSNNWWEEPP +Φ+Φ+Φ+Φ+Φ+Φ=Φ ∗∗∗∗∗∗∗ (10)
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onde:
*e
**
Ex
zyA
δ∆∆=
*w
**
Wx
zyA
δ∆∆=
*n
**
Ey
xyA
δ∆∆=
*s
**
Sy
xyA
δ∆∆=
*t
**
Tz
yxA
δ∆∆=
*f
**
Fz
yxA
δ∆∆=
*
***oP
t
zyxA
∆∆∆∆=
o*P
oPAB Φ=
oPFTSNWEp AAAAAAAA ++++++=
Os coeficientes AK, K≠P, refletem as contribuições do transporte difusivo de Φ , que
vem dos nodos vizinhos em direção ao nodo P. O coeficiente oPA refere-se aos efeitos da
variável Φ no tempo anterior. Logicamente seus efeitos decrescem no tempo ao longo do
processo e será igual a zero no final do processo, se o regime permanente for alcançado. O
conjunto de equações provenientes da equação (10), foi resolvido iterativamente, pelo método
Gauss-Seidel. Os cálculos foram iniciados com as condições iniciais dadas e terminou quando
o critério de convergência apresentado na equação (11) foi satisfeito, em cada ponto do
domínio computacional.
8110|| −∗+∗ ≤Φ−Φ nn
. (11)
Onde n representa a n-ésima iteração em cada instante de tempo. Este critério do ponto de
vista físico e numérico é suficientemente preciso para garantir o realismo físico das respostas
obtidas.
Como aplicação, o método foi usado para descrever a transferência de calor num tijolo
refratário com dimensões (R1 x R3 x R2) 0,100 x 0,045 x 0,025m3. A Norma Técnica EB-19
estabelece dois padrões: 2R1 x 2R2 x 2R3 para tijolo cheio ou maciço: (0,240+5) x(0,115+2)x
(0,052+2)m3 e (0,200+5) x (0,045+ 2) x (0,053+ 2)m3, mas nem sempre é obedecida pelas
olarias (Bauer, 1992). As propriedades do material estudado forma as seguintes (Pereira et al,
1995): ρ=2100 (kg/m3 ); k=1,13 (W/mK) a 100ºC e cp=1064 (J/kgK)
Para obtenção dos resultados, foi implementado um programa computacional,
considerando uma malha numérica de 20 x 20 x 20 pontos nodais e um st 1=∆ (estes
parâmetros foram obtidos depois que um refino de malha e de tempo foi realizado). As
Figuras 3-8, apresentam a distribuição de temperatura adimensional ( Φ *) no interior do
sólido, nos planos x*=0,000, x*=0,420 ( 2R1≅ ), y*=0,000, y*=0,105 ( 2
R 2≅ ), z*=0,000,
z*=0,189 ( 2R3≅ ) para os instantes t*=0,0004, 0,0008, 0,002, respectivamente.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise das figuras evidencia as linhas isotérmicas, a frente de aquecimento e a
existência de altos gradientes de temperatura na região próxima ao vértice do sólido em todos
os casos ilustrados, com a propriedade adimensional apresentando os maiores resultados no
centro do mesmo em qualquer tempo de secagem. Além disso, percebe-se o decréscimo da
temperatura adimensional ao longo do tempo, em qualquer posição, conseqüentemente a
propriedade no interior do sólido aproxima-se da propriedade do meio externo. Verifica-se em
t*=0,002 que existe uma maior diferença da temperatura adimensional entre o centro e o
vértice, e os maiores gradientes da temperatura adimensional *Φ são observados em qualquer
destes três tempos nos planos x*=0,420, y*=0,105, z*=0,189, que correspondem aos pontos
medianos do sólido.
0.00
00.
050
0.10
00.
150
0.20
00.
250
0.30
00.
350
0.40
00.
450
0.50
00.
525
0.55
00.
600
0.65
00.
700
0.75
00.
800
0.85
00.
900
0.95
01.
000
0 .011 0 .389
z /R
0 .006
0 .216
y/R
(a)
0 .01 1 0 .3 8 9
z /R
0 .0 0 6
0 .2 1 6
y/R
(b)
0 .0 1 1 0 .3 8 9
z/R
0 .0 0 6
0 .2 1 6
y/R
(c)
Figura 3 Distribuição de temperatura adimensional no plano x*=0,000 nos tempos:
a) t*=0,0004 b) t*=0,.0008, c) t*=0,002.
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07708
Os resultados evidenciam que as regiões nas proximidades dos vértices de um sólido
paralelepípedo como um tijolo cerâmico, são mais susceptíveis ao aparecimento de trincas e
deformações, devido a gradientes de temperatura e umidade, em concordância com os
resultados apresentados por Keey (1992), Nascimento et al. (2000), Hasatani e Itaya (1992).
Vale salientar que os resultados apresentados são adimensionais, podendo representar
fenômenos de difusão transiente tais como: secagem, umidificação, aquecimento ou
resfriamento.
0 . 0 0 0 0 . 4 0 0z / R
0 . 0 0 0
0 . 2 2 2y/
R
(a)
0.0 00 0 .4 00
z / R
0 .0 00
0 .2 22
y/R
(b)
0 .0 0 0 0 .4 0 0
z /R
0 .0 0 0
0 .2 2 2
y/R
(c)
Figura 4 Distribuição de temperatura adimensional no plano x*=0,419857 nos tempos:
a) t*=0,0004, b) t*= 0,0008, c) t*=0,002.
Ao se analisar o problema sob o ponto de vista da transferência de massa devido a
secagem, as regiões de maior aquecimento, representam áreas de maior perda de água, e,
portanto mais secas. Pelos resultados expostos, durante o processo de secagem, a camada
externa da peça (principalmente os vértices) aquece mais rápido do que o centro, região essa
que se contrai primeiro (não levada em consideração neste modelo), produzindo uma redução
nas dimensões do corpo, tal redução de volume, corresponde a perda de água evaporada do
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mesmo, o que dificulta a difusão de água, para fora do corpo, gerando tensões de sentidos
contrários entre a camada externa e interna. Quanto maior a taxa de perda de água do produto,
maior será a tensão resultante no mesmo, Fricke (1981).
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 1 2
0 .3 8 8
z/R
(a)
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 1 2
0 .3 8 8
z/R
(b)
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 1 1
0 .3 8 8
z/R
(c)
Figura 5 Distribuição de temperatura adimensional no plano y*=0,000 nos tempos:
a) t*=0,0004, b) t*= 0,0008 c) t*=0,002.
O tijolo comum (cerâmica vermelha estrutural), por exemplo, conserva cerca de 1 kg de
água após a moldagem. Se a argila for levada ainda úmida para a queima, a umidade interior
ficará retida pela crosta externa, gerando tensões internas e trincas, de acordo com Bauer
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(1994). Neste sentido, a água, presente nas etapas de conformação devem então ser
eliminadas antes da queima, de forma lenta e cuidadosa, impedindo fraturas e trincas nas
peças, que possam diminuir a sua qualidade ao final do processo, (Fernandes, 1998). Uma
discussão detalhada dos defeitos em materiais cerâmicos oriundos do processo de secagem
pode ser encontrada na literatura recente (Sanchez e Barba, 1998).
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .4 0 0
z/R
(a)
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .4 0 0
z/R
(b)
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .4 0 0
z/R
(c)
Figura 6 Distribuição de temperatura adimensional no plano y*=0,104964 nos tempos:
a) t*=0,0004 b) t*= 0,0008 c) t*=0,002.
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07711
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 0 6
0 .2 1 6
y/R
(a)
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 0 6
0 .2 1 6
y/R
(b)
0 .0 2 5 0 .8 6 4
x /R
0 .0 0 6
0 .2 1 6
y/R
(c)Figura 7 Distribuição de temperatura adimensional no plano z*=0,0000 nos tempos:
a) t*=0,0004 b) t*= 0,0008 c) t*=0,002.
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .2 2 2
y/R
(a)
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .2 2 2
y/R
(b)
0 .0 0 0 0 .8 8 9
x /R
0 .0 0 0
0 .2 2 2
y/R
(c)Figura 8 Distribuição de temperatura adimensional no plano z*=0,188936 nos tempos:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 07712
a) t*=0,0004 b) t*= 0,0008 c) t*=0,002.
Uma secagem prévia, controlada, é de grande importância. Se a secagem não for
uniforme, aparecerão distorções nas peças, mas, se for muito lenta, a produção tornar-se-á
antieconômica. Para se ter uma secagem uniforme (gradientes de temperatura e umidade
minimizados) é importante moderar adequadamente a intensidade da secagem, pelo controle
das velocidade, umidade relativa e temperatura, do ar de secagem, forma do corpo,
particularmente a relação área/volume e a porosidade do material (Keteraals et al., 1992;
Nishikawa et al., 1994; Santos et al., 1995b, Lima, 1999; Lima e Nebra, 1999 e Lima e Nebra,
2000).
4. CONCLUSÕES
Dos resultados apresentados neste estudo algumas conclusões podem ser feitas:
⇒ Quanto maior o tempo adimensional maior será a temperatura do sólido e
menor será o seu teor de umidade, em qualquer ponto no interior do mesmo.
⇒ Os maiores valores das temperaturas adimensionais num sólido paralelepípedo,
se situam no centro do mesmo, em qualquer tempo
⇒ As regiões nas proximidades dos vértices do paralelepípedo apresentam as
maiores taxas de transferência de calor e/ou massa, por isso são mais susceptíveis a
choques térmicos, trincas, deformações e até mesmo a fratura total do material.
⇒ A formulação utilizada, sendo adimensional pode ser usada em problemas de
aquecimento, resfriamento, secagem e umidificação.
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Parte B.